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COLUNA ABPP

PROTEÇÃO
PASSIVA CONTRA
INCÊNDIOS

A
s medidas de proteção passiva contra incên- As medidas de proteção passiva elevam o tempo de resis-
dios são essenciais para edificações. Dentre os tência ao fogo, reduzem a propagação de chamas e emissão de
objetivos da Associação Brasileira de Prote- fumaça nos materiais de acabamento e revestimento e assegu-
ção Passiva Contra Incêndios (ABPP) estão a ram a compartimentação vertical e horizontal, confinando o fogo
promoção das melhores práticas de mercado, em um determinado ambiente. Essas diligências limitam os riscos
fornecimento de diretrizes para emprego de de chamas, fumaças, gases quentes e radiação térmica, além de
sistemas de proteção e disseminação de conhecimentos a insti- prevenirem colapsos estruturais precoces.
tuições de ensino, projetistas, arquitetos, engenheiros e órgãos Os cursos de arquitetura e de engenharia, infelizmente, não se
fiscalizadores e reguladores do mercado. aprofundam na questão da Segurança Contra Incêndio (SCI). Os
Um dos nossos principais objetivos é promover o debate en- recém-formados têm uma breve noção de quais medidas devem
tre empresas e órgãos do setor, além de criar cursos técnicos e especificar em uma edificação. A ABPP vem para complementar
centros de capacitação e formação de o que as universidades não conseguem
profissionais. A proteção passiva é um fazer de uma hora para outra. Para
segmento muito amplo, que envolve criar cursos de graduação, pós-gradu-
diversos produtos e serviços, como re- ação ou especialização, é necessário
vestimento intumescente e argamassa tempo, por isso, queremos ajudar nes-
projetada para segurança estrutural em te sentido. Em relação aos desafios, o
situação de incêndio, tintas, vernizes, principal é a criação de uma consciência
aditivos e soluções retardantes para de que proteção passiva existe e é tão
controle de materiais de acabamento importante quanto a ativa.
e revestimento. Além das cortinas e Se 100 pessoas forem questionadas
portas corta-fogo, vidros resistentes ao fogo, selagem corta-fogo sobre a funcionalidade de um extintor, provavelmente 100% sa-
(firestop) que compõem o conceito de compartimentação de berá responder corretamente. Caso a mesma pergunta seja feita
ambientes, saídas de emergência e sinalização. em relação a um colar intumescente para a selagem corta-fogo,

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provavelmente, menos de 1% saberá dizer para que serve ou Na imagem da esquerta: cocktail de lançamento da ABPP em São Paulo, na da direita, Rogerio Lin,
diretor-presidente da ABPP em discurso
como funciona.
A Associação está implantando comitês técnicos para discutir distribuídos por segmento e terão coordenadores e grupos de
determinados assuntos relevantes para os associados e para a associados especialistas em determinados assuntos. Além de
SCI como um todo. A ideia é que haja troca de experiências, in- promover debates entre os interessados, estes grupos também
clusive com profissionais e especialistas nacionais e internacionais, poderão criar propostas de melhorias de normas e legislações.
sobre assuntos relevantes ao mercado e à sociedade. Já estão Existe uma série de normativas vigentes no Brasil, algumas
confirmados quatro comitês técnicos: delas estão sendo revisadas pelas Comissões de Estudos do
◗ Segurança estrutural em situação de incêndio; Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (CB-24) da
◗ Compartimentação de ambientes (exceto Firestop); Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e trazem
◗ Selagem corta-fogo (Firestop); algumas novidades, inclusive a de portas corta-fogo e vidros
◗ Controle de materiais de acabamento resistentes ao fogo, entre outras.
e revestimento (CMAR). A NBR16626 de 11/2017 (Classificação da reação ao fogo de
produtos de construção), recentemente publicada e a ser ado-
No comitê técnico de Firestop, por exemplo, serão discutidos tada pela NBR15.575 (Norma de Desempenho de Edificações
assuntos como selagem corta-fogo em edifícios residenciais de Habitacionais), é um dos exemplos de avanço que ocorrem no
mais de 30 metros de altura. Este é um assunto visto como um segmento de proteção passiva contra incêndio. O uso adequado
grande risco para a sociedade, porque é difícil encontrar uma de normas e práticas por quem projeta e constrói será melho-
selagem corta-fogo adequada nestes locais. Um exemplo é o rado cada vez mais no cenário nacional. A ABPP surge neste
colar intumescente que não é empregado no sistema hidráulico sentido, para agregar valor às empresas associadas que desejam
para as tubulações de PVC. Se não houver um colar intumes- elevar o nível técnico do mercado, de forma a garantir a disse-
cente instalado, que fechará o vão em menos de dois minutos, minação de conhecimentos e ser referência quando desafios
estas tubulações derretem e o fogo, a fumaça e os gases quentes técnicos surgirem para projetistas e construtoras.
passam para outros compartimentos. Estamos de portas abertas a todas empresas e entidades,
O comitê de Controle de Materiais de Acabamento e Reves- acreditando sempre que podemos melhorar e ampliar a segu-
timento (CMAR), trará bastante elucidação em casos como o rança contra incêndio das edificações construídas Brasil afora. ■
do incêndio na boate Kiss, na qual uma série de fatores causa-
ram a tragédia. Porém, o material utilizado no forro foi um dos Rogerio Lin, diretor-presidente da Associação Brasileira
grandes responsáveis pela tragédia. Ou seja, os comitês serão de Proteção Passiva Contra Incêndio (ABPP).

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