Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARANAVAÍ
2021
VICTÓRIA NAVARRO MIRANDA
A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS ADEQUADOS DE
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NA ATIVIDADE JURÍDICA
PÓS PANDEMIA DO COVID-19
PARANAVAÍ
2021
Autora:
Professor Orientador:
RESUMO
The main objective of this paper is to analyze the importance of applying alternative
means in solving conflicts and the difficulties of expanding this multi-port system in
family law, facing the current situation in the country in the circumstances of the
COVID-19 pandemic. Changes in society imply transformations in the legal scenario,
especially in Family Law, which gradually transforms the content of its elementary
concepts, which adapt to the emergence of new realities, which with it bring new
conflicts, in addition to those already known. Recently, the world is experiencing a
complex phenomenon, caused by the COVID 19 pandemic, which has generated
serious economic, social, legal and emotional consequences. Are the traditional forms
of conflict resolution by the Judiciary sufficient and satisfactory to meet this new
reality experienced in the family perspective?
Keywords: covid-19, conflict resolution, self-composition methods, conflict
management, pandemic.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO 05
2. O DIREITO DE FAMÍLIA 06
2.1. O conceito de direito de família 06
2.2. Novos arranjos familiares e seus conflitos 08
3. O PODER JUDICIÁRIO NA RESOLUÇÃO DE CONFLITO 11
3.1. Entre a Judicialização e a pacificação 12
3.2. A crise no poder judiciário 14
3.3. Um sistema multiportas para a solução de Conflitos 15
3.4. Métodos auto compositivos 17
4. IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS ADEQUADOS DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS NA ATIVIDADE JURÍDICA PÓS PANDEMIA DO COVID-19 18
4.1. As vantagens da ampliação do uso dos meios alternativos de resolução de 19
conflitos
4.2. Desafios a ampliação do uso dos meios alternativos de resolução de conflitos
20
4.3. A pandemia do COVID-19 e a influência sobre a resolução de conflitos
21
4.4. Aumento de conflitos familiares durante a pandemia e como resolve-los 22
4.5. A importância da consideração da “gestão do conflito” pelos profissionais do
Direito 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 26
6. REFERÊNCIAS 28
5
1. INTRODUÇÃO
A pandemia da covid-19 instalada em escala global impactou diretamente na
vida e cotidiano das pessoas. O impacto atingiu as diferentes formas em que o
comportamento humano se estabelece de forma individual ou coletiva. De igual forma,
as relações familiares acabaram sendo afetadas, sobretudo em razão do alto risco de
contágio e pelas recomendações de isolamento ou distanciamento social.
O presente estudo tem como objetivos: apresentar as soluções buscadas para
resolver a questão; como foram implementadas em diferentes países; quais as
perspectivas de soluções dos conflitos, principalmente com foco na mediação; e qual o
papel do advogado dentro nesse novo paradigma. Relatando de forma mais específica
a questão da guarda compartilhada e a possível suspensão do regime de convivência,
em razão das imposições circunstanciais impostas em tempos de anormalidade, como
a vivenciada pela pandemia da Covid19.
Pois as pessoas, a sociedade em geral, espera que sejam resolvidos de forma
satisfatória e rápido. Surgiu novos modelos de família, incluindo as famílias
pluriparentais e família eudemonista, não se olivando das polemicas, quando se trata
de família homoafetiva e poliafetivas. Os avanços tecnológicos proporcionaram
melhorias na comunicação e na disseminação do conhecimento, agilidade está em
foco, em contrapartida, o Sistema Judiciário se arrasta.
Considerando a dicotomia, existente entre o que a sociedade busca e o que o
Direito oferece pode ser compreendida através de uma perspectiva, aonde a lei e o
Direito se concretizam através de leis e códigos. Relembrando que ordenamento
jurídico brasileiro passou por uma profunda transformação no ano de 2015. Foi
sancionada a lei 13.105/2015, o novo Código de Processo Civil. Dentre muitas
novidades, o novo Código trouxe um sentimento, um princípio de valorização da
Justiça, em seu sentido mais amplo.
Atualmente não se pode imaginar somente o Poder Judiciário como único ente
dotado de capacidade de solucionar os conflitos sociais. A crise na prestação
jurisdicional pelo Judiciário e o anseio por acesso à Justiça evidenciam a necessidade
da busca por novas formas de resolução de conflitos, por meio de mecanismos mais
céleres e menos onerosos que atendem às exigências do Estado, de modo a permitir
6
que o cidadão obtenha a solução do seu conflito sem passar, obrigatoriamente, pelo
Judiciário.
2. DIREITO DE FAMILIA
Direito de Família é a área do direito que estabelece e regula as normas da
convivência familiar, tratando as relações familiares e dos direitos e obrigações que
surgem com a mesma. Entretanto antes de mais nada, é preciso contendo normas que
abrangem organização, estrutura e proteção da família. Também cabe ao Direito de
Família tratar das relações familiares e dos direitos e obrigações que surgem com as
mesmas. Como adverte Maria Clara Bomtempo Beraldo , o Direito de Família não se
encontrava suficientemente preparado para lidar com questões excepcionais tal como a
apresentada pela pandemia da Covid-19.
Considerando que desde do surgimento do homem, observa-se a constituição
de grupos vivendo em sociedade, conclui-se: Muito antes de existir a sociedade,
muito antes de existir o Direito, as famílias já existiam. O ser humano é um ser
gregário por natureza. Isto porque, como no reino animal, bem como, nos humanos
sempre houve o acasalamento, em decorrência do intuito de perpetuação de espécie,
ou seja, aversão que a maioria das pessoas tem a solidão. Tanto é que se considera
natural a ideia de que a felicidade só poderá ser encontrada a dois, acreditando que o
sujeito sozinho não terá acesso a felicidade. Através dessa percepção de felicidade,
surgiu a busca cessante por família ou vida em sociedade, baseada de diversas formas
a composição familiar, as quais muitas pessoas dedicam suas vidas para proporcionar
o bem-estar do que estão a sua volta, baseados em relação de afeto e companheirismo.
Neste sentido, nos deparamos com o posicionamento de Maria Berenice Dias,
a qual esclarece que:
A própria organização da sociedade dá-se em torno da estrutura familiar, e não em
torno de grupos outros ou de indivíduos em si mesmos. A sociedade, em determinado
momento histórico, institui o casamento como regra de conduta. Essa foi a forma
encontrada para impor limites ao homem, ser desejante que, na busca do prazer, tende
a fazer do outro um objeto”. (2009,p. 27)
A propósito, a Constituição Federal de 1988, reconhece a família como base da
sociedade e considera como entidade familiar não somente aquela formada pelo
casamento, como também a resultante de união estável entre homem e mulher (art
226,§3º) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Sendo
7
(2005, p. 23)
adequada aos julgados, a crescente demanda que se impõe a cada dia frente ao Poder
Judiciário e entre outras ocorrências que preocupam a todos. Reiterando que nosso
sistema judiciário é considerado por muitos como um sistema moroso, ou seja, uma
estrutura que não consegue atender às demandas da justiça dentro do ritmo necessário
e um número limitado de funcionários são importantes características do cenário atual
do sistema judiciário, esses são dois fatores que explicam a situação caótica que
estamos vivendo no momento. Acrescentando que a insatisfação está presente em boa
parte dos setores sociais, do mais simples cidadão a grandes empresários, a sociedade
que se sente prejudicada pelas dificuldades do nosso processo legal.
A preocupação com a morosidade do sistema judicial não existe apenas do
Brasil. Diversos outros países no mundo enfrentam o mesmo problema e têm
procurado soluções para resolver ou ao menos atenuar a situação. Ainda assim, o
cenário no Brasil é bastante crítico.
Primeiramente, precisamos entender quais são os principais fatores
responsáveis pela morosidade da justiça brasileira. A duração de um processo
submetido ao sistema judicial depende de inúmeros fatores, os quais são o tipo de
procedimento e complexidade do caso, tempo gasto na coleta de provas, prazos para
prática de atos processuais, desempenho dos profissionais na condução do caso,
cultura institucional, entre outros.
O excesso de demandas, é gerado por ações que obrigatoriamente são de
responsabilidade do judiciário. Muitas vezes sobrecarregando um Juiz, devido a
inúmeras citações e intimações de testemunhas em um mesmo processo.
Na verdade, a sociedade não está satisfeita com o serviço prestado pelo
judiciário, pois este não supre adequadamente suas necessidades, em nenhuma das
áreas civil, penal, empresarial ou qualquer outro. Mas o problema, quando não é a
ausência de justiça ou a sua morosidade, é a ineficácia de suas decisões. Sabe-se para
resolver esse problema é um desafio que enfrenta o Poder Judiciário há anos, e a
sociedade vem passando fortes transformações. Consequentemente junto com essas
transformações, vem a grande diversidade de problemas e daí a existência de mais
conflitos. Mas isso, não se faz referência apenas à quantidade, mas também aos
diferentes tipos de problemas enfrentados.
Neste sentido, o Código de Processo Civil (Lei n° 13.105/2015), em seu art. 6°,
determinou que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Assim, os sujeitos do
16
processo têm o dever de cooperarem entre si, a fim de obterem, em tempo razoável,
uma decisão de mérito justa e efetiva. ” (Buarque, 2016 p.112/123).
3.3. Um sistema multiportas para a de solução de Conflitos
Ao falamos do sistema multiportas, trata-se de é um modelo alternativo para
solução de conflitos que prevê a integração de diversas formas de resolução dos
litígios, sendo judiciais ou extrajudiciais. Através dele o Estado conduz os litigantes
para a melhor opção de resolver o conflito. Estes métodos se caracterizam,
basicamente, por serem autocompositivos, ou seja, não se busca num terceiro a
solução do conflito, ao contrário, devolve-se as partes o diálogo e o poder de
negociação, através do estímulo e do auxílio dos mediadores e conciliadores,
profissionais dotados de neutralidade e capacitados para favorecer a busca do
consenso. Oposto da arbitragem, que é outro método alternativo, mas assim como a
jurisdição estatal, é heterocompositivo, onde as partes elegem um terceiro para
"julgar" o conflito, favorecendo à mesma política implantada há séculos, quando o
Estado passou a intervir nos conflitos de modo impositivo, surgindo o processo
judicial.
Existe uma outra maneira aonde os conflitos sejam pacificados, se dará através
da mediação e da conciliação, é que surge no art. 167 do novo CPC a grande novidade,
através da criação de câmaras privadas de mediação e conciliação, empresas
devidamente capacitadas e habilitadas que, juntamente com os mediadores e
conciliadores, poderão atuar na pacificação dos conflitos em caráter judicial e
extrajudicial, refere-se a demandas já instauradas perante o Poder Judiciário, bem
como em caráter preventivo, evitando a instauração de novos processos, colaborando
com o enxugamento da máquina judiciária que poderá se dedicar com mais afinco e
qualidade, em tempo mais razoável, aos conflitos que realmente precisam ser julgados,
que exigem produção de prova ou que são relativos a direitos intransigíveis.
Segundo Bobbio, estes métodos de resilir um conflito, dependem da vontade e
da atividade de uma ou de ambas as partes envolvidas no caso concreto, se faz com a
evolução da sociedade; entendido no sentido de um tipo de ordenamento normativo,
que constitui um sistema completo, coerente e uno de normas com eficácia garantida
por meio da força, a autodefesa, como se viu, deixa de ser a regra e se torna a exceção
como forma de solução de conflitos. (Bobbio, 1995 p.86)
O Brasil, desde o ano de 1988, quando foi promulgada a constituição da
República de 1988, tornou se um País Democrático de Direito, este é um conceito
17
onde o Estado que “se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o
respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais através do
estabelecimento de uma proteção jurídica”. O sistema judiciário, teve um grande
número de aumento e gastos, devido ao congestionamento dentro do judiciário. ( Di
Pietro, 1996, p. 70)
Conforme Sadek; “o total de processos que entram é bem maior do que a
quantidade que sai, mas as causas da morosidade são diversas”. O Poder Judiciário
brasileiro enfrenta problemas como a enorme quantidade de processos em tramitação,
“para cada dois habitantes há um processo”. Com o aumento do número de processos
os gastos do Governo tornam-se ainda mais alto. O congestionamento dentro do
sistema judiciário é alto e segundo Sadek “o total de processos que entram é bem
maior do que a quantidade que sai. As causas da morosidade são diversas”. (Sadek,
2010, p.20)
3.4. Métodos autocompositivos
No Brasil, especificamente no que tange aos métodos autocompositivos, é
direcionado a conciliação, a qual é amplamente difundido, proporcionando um
significativo acréscimo na resolução de conflitos, ainda que não reduza o número de
processos e o congestionamento do Poder Judiciário. Cabe ressaltar, a implementação
dos Juizados Especiais Cíveis, posteriormente, os Federais e os da Fazenda Pública, os
quais acabam buscando solução para os conflitos de forma ágil, e não inovaram
somente na questão da audiência de conciliação. Surgiram de fato para aumentar
exponencialmente o acesso à Justiça, possibilitando ao cidadão que, ordinariamente,
sequer consideraria buscar o Poder Judiciário, resolver problemas de baixa
complexidade de maneira eficaz, relativamente rápida e, na maioria das vezes, sem
custo.
Ocorre que a sociedade vem de forma crescente, cada vez mais estimulando
relações de consumo, criando desta forma os conflitos, os quais são inevitáveis. Mas a
criação dos juizados especial, não foi como intuito de resolver conflitos em massa,
mas sim questão simples de caráter individual. Mas houve um aumento exponencial de
ações, principalmente das que tratam de direito de consumo. Por conta dessa demanda,
inexplicável tem ocorrido o esvaziamento das Conciliações em prol da litigiosidade.
Nota-se que audiência de Conciliação, nos Juizados Especiais tornou-se na realidade
um obstáculo a ser superado antes da prolação da sentença, subvertendo assim o
intuito originário da legislação.
18
mundial, bem como, os conflitos. Nos primeiros 45 dias de quarentena, já prenuncia que
poderá sofrer uma das piores recessões econômicas da sua história.
Considerando que a falta de um Judiciário inteiramente virtual para pratica
hodierna de atos processuais corriqueiros (apesar da evolução com o processo eletrônico
e utilização de videoconferência para oitiva de testemunhas) a mediação online se torna
o meio mais eficaz para solução de conflitos. Nunca se viu tamanha crise,
institucionalizada em todas as esferas e camadas sociais, que sinaliza uma enxurrada de
conflitos gerada pelos desequilíbrios contratuais que surgirão daqui por diante.
Os tribunais brasileiros também começaram a atuar de forma virtual, o Supremo
Tribunal Federal aprovou emenda ao seu Regimento Interno para ampliar as hipóteses
de julgamentos a serem realizados por meio eletrônico com a possibilidade de
sustentação oral de advogado de forma virtual. Aonde os advogados começaram a
encaminhar as respectivas sustentações orais por meio eletrônico, após a publicação da
pauta e até 48 (quarenta e oito) horas antes de iniciado o julgamento em ambiente
virtual.
As vantagens da utilização da tecnologia na mediação são notórias: conveniência
para as partes; acesso a mediadores experientes que não estão disponíveis localmente; a
comunicação mais lenta permite ao mediador que aplique com mais eficácia suas
técnicas, principalmente se for assíncrona.
Após a decretação de pandemia pela Organização Mundial de Saúde, de forma a
preservar a segurança e a saúde de seus funcionários e clientes, determinou seu
funcionamento remoto, funcionários davam início ao trabalho em regime de home-
office, mas atendimento online completamente preservado.
À medida que a resolução de disputas on-line se torna mais popular e mais
mediadores obtêm habilidades especializadas em como conduzir mediações on-line, as
limitações que antes eram percebidas do uso de plataformas on-line para resolução de
disputas estão sendo desmascaradas. Muitas plataformas de resolução de disputas on-
line possuem recursos em que o mediador pode facilitar reuniões individuais em tempo
real. O mediador também pode controlar o áudio dos participantes e, se eles se tornarem
inadequados, poderão ser silenciados. O mediador também tem uma quantidade incrível
de poder na criação e manutenção de um espaço seguro. No mundo da resolução virtual
de disputas, o mediador pode encerrar imediatamente uma mediação se a situação
evolui de forma a se tornar inadequada ou insegura para continuar com o processo.
Cada participante pode manter um local anônimo usando uma resolução de disputas
22
online, o que também pode aumentar a segurança. Quem sabe a crise auxilie ainda mais
na disseminação da cultura das soluções de conflitos extrajudiciais.
4.3. Aumento de conflitos familiares durante a pandemia e como resolve-
los
Novas dificuldades interpessoais podem ter se apresentado nesse momento, mas
a verdade é que a maioria delas já existiam e foram apenas potencializadas pelo
convívio intenso. Esse período de pandemia e distanciamento social nos impõe diversas
mudanças e adaptações, além de trazer muitas incertezas e preocupações, pois de
repente nossa vida mudou: isolamento, home office, crianças sem escola, distância da
família, orçamento apertado, cuidados redobrados com a saúde física e mental. A
pandemia da Covid-19 mexeu com a rotina, exigiu novos hábitos e intensificou a
relação entre casais, filhos e irmãos.
Entenda que todo conflito começa dentro de nós. Precisamos ter consciência que
será vários indivíduos, ocupando o mesmo espaço, houve uma procura em massa por
psicólogos e terapeutas, ambos para muitas vezes solucionar conflitos internos, antes
não apresentados externamente. A psicóloga do IFPB campus João Pessoa Anna Paola
Silva, ressalta que precisamos lembrar: “ todos precisam de um momento sozinhos ou
para realizar atividades individualmente. Saber respeitar o espaço do outro, pode
contribuir para que os atritos minimizem” (Silva, 2017)
Antes de ser manifestado em palavras ríspidas, elevação do tom de voz ou
comportamentos agressivos, o conflito se inicia com um desconforto interno,
sinalizando que alguma necessidade nossa não está sendo atendida naquela situação. A
pessoa, ao sentir-se desrespeitada, pode atacar de volta e assim ter início uma briga
desnecessária. A crise atual obrigou a maioria das pessoas a desacelerar o ritmo de
vida, o que pode ser encarado como oportunidade para dedicarmos mais tempo a olhar
para dentro de nós. Autoconhecimento e autoconsciência nos ajudarão a avaliar
melhor a situação, entendermos nossa responsabilidade e frear comportamentos
prejudiciais à nossa vida e que enfraquecem/desgastam as relações.
Considerando que muitas vezes, precisamos ir além de nós mesmos, quando
existe menores envolvidos, nesse conflito. Em tempos de isolamento social, casais que
convivem com a guarda compartilhada de seus filhos enfrentam um novo desafio. O
distanciamento social decorrente das medidas de prevenção adotada na Pandemia de
COVID-19 pode vir a acarretar a prática da Alienação Parental, que pode ocorrer
disfarçada de excesso de zelo com o contágio e propagação do corona vírus. A
23
perfeição do trabalho e sua adequação técnica aos fins visados pela Administração,
para o que se avaliam os resultados, confrontam-se os desempenhos e se aperfeiçoa o
pessoal através de seleção e treinamento. Assim, a verificação da eficiência atinge os
aspectos quantitativo e qualitativo do serviço, para aquilatar do seu rendimento efetivo,
do seu custo operacional e da sua real utilidade para os administrados e para a
Administração. Tal controle desenvolve-se, portanto, na tríplice linha administrativa,
econômica e técnica.
Desta forma, acaba se extraindo a divisão da gestão de conflitos em técnicas de
resolução de conflitos e técnicas de estimulação de conflitos. Pois a técnica está além
da gestão de conflitos pois busca uma melhor compreensão e eventual transformação
de seus mecanismos sócio emocionais, a técnica compreende a articulação de outros
métodos e técnicas de facilitação da comunicação, da negociação e da tomada de
decisões, busca transformar pelo empoderamento, autonomia, resiliência, escuta
empática, comunicação não violenta, negociação eficiente e constelação do conflito
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tempos de Corona Vírus e fechamento dos Tribunais a proibição de
procedimentos de solução de litígios (judiciais e extrajudiciais) face-to-face fez-se
necessária como uma medida emergencial contra um inimigo invisível em comum.
De fato. O isolamento social compulsório, acarretado pela atual pandemia, em
ordem de conduzir a humanidade aos confinamentos de quarentenas, colocou,
efetivamente, a família em um reaprendizado de suas próprias relações. O princípio
jurídico da solidariedade migra para as relações familiares, com notável presença
dentro da crise. Ainda nos dias atuais, existem muitas perguntas e poucas respostas,
tratando dos direitos da família, frente a pandemia, em 31 de dezembro de 2019. Aos
poucos os problemas do dia a dia estão batendo às portas do Judiciário que, também
numa velocidade ímpar, tem tido que se reinventar. O tempo e as demandas de outrora
não atende mais a vida pandêmica. Aumentam as aflições causadas pela insegurança e
incerteza são de proporções tão colossais quanto as consequências da crise que
atravessamos.
Assim, excepcionalmente, em casos em que o contato físico seja arriscado, o
regime de convivência presencial foi suspenso. Com isso, genitores que estejam
expostos ao vírus de forma mais frequente (profissionais de saúde que estejam na linha
de frente do combate à pandemia) podem ter, ao menos neste momento mais agudo da
crise, restrição ao seu direito de conviver com o filho.
27
6. REFERÊNCIAS
1- BERALDO, Maria Clara Bomtempo. Filiação socioafetiva e
multiparentalidade: efeitos jurídicos quanto ao direito de guarda e visitas. Dissertação
(Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá,
2020. pg. 105
2- SATURNINO, Clarissa Saraiva. In: Revista Consulex. Ano IX, n. 102, v. 9.
pg. 55-59. Brasília: Consulex, set. 2010.
3- DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2009,pg 27
4- Código civil, art 1.5112.
5- LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado – Direito de Família. Vol.
5. São Paulo; Editora Revista dos Tribunais, 2005.2005, pg. 23
6- DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. pg133
7- DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 4ª ed., 2007, pg. 38
8- DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Família. 9 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2013,pg 48.
29
34- PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários Acerca da Lei da Alienação Parental
(Lei 12.318/2010). In: DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 41-67)
35- HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro, Ed. Objetiva, 2011 pg 187
36- ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. Tradução técnica
Reynaldo Marcondes. 11ª edição. São Paulo: Pearson Precentice Hall, 2005. Pg 325
37- BURBRIDGE, R. Marc; BURBRIDGE, Anna. Gestão de Conflitos: desafio do
mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.pg 28
38- MAIA NETO, Francisco. Manual de Mediação de Conflitos para Advogados.
Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2014. Pg7
39- MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 2002. Pg 94