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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Metodologias de Pesquisa da Educação

Thayane Moreira Reis


RA 11202230236

O Racismo no Processo Educacional de Crianças Neurodiversas

Santo André
2023

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Resumo

A falta de consideração do autismo em pessoas negras, tanto devido ao racismo


estrutural quanto à criação de estigmas em relação aos negros, a precariedade de acesso
à saúde enfrentada pelos negros, assim como a violência simbólica sofrida por eles,
acontece devido a influência do colonialismo e do racismo científico na percepção
social das raças branca e negra. É necessário fazer uma reflexão interseccional sobre
como o capacitismo e o racismo se cruzam e também, apontar a dificuldade da ciência
ocidental em lidar com a complexidade dessas questões e criticar a epistemologia
eurocêntrica. As vivências de autistas negros destacam a importância do entendimento e
reconhecimento dos mesmos como sujeitos de direitos. Além disso, nas últimas
décadas, tem havido um aumento significativo na conscientização sobre o autismo. No
entanto, as pesquisas e discursos sobre autismo negligenciam as questões relacionadas à
raça e à etnia, o que pode levar a disparidades na identificação e no diagnóstico de
autismo em diferentes grupos populacionais. Apesar do aumento das pesquisas sobre o
autismo, ainda existem lacunas na academia científica devido à estrutura que perpetua o
racismo. O contexto histórico de opressão e racismo tem impacto direto na forma como
as condições médicas são diagnosticadas e tratadas em comunidades negras. Uma
compreensão aprofundada das experiências dessas pessoas é essencial para identificar as
barreiras enfrentadas e desenvolver abordagens mais inclusivas e culturalmente
sensíveis para o diagnóstico e tratamento do autismo.

Palavras-chave
Autismo, racismo, educação e neurodiversidade.

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Sumário

1. Introdução ………………………………………………..............………. 4

1.1 Considerações iniciais ….……………………………….….….... 4

1.2 Objetivos ………………………………………………….….…. 4

2. Revisão da literatura e referenciais teóricos …………….……….………. 5

3. Metodologias ……………………………………………………….……. 6

4. Resultados esperados ……………………………………………….……. 7

5. Orçamento ……………………………………………………….….……. 8

6. Cronograma ………………………………………………….…………… 9

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1. Introdução
1.1. Considerações iniciais
Tema
O Racismo no Processo Educacional de Crianças Neurodiversas.
Justificativa
A escolha do tema se dá pela necessidade de preencher a lacuna existente na literatura
científica e nas práticas clínicas relacionadas ao autismo. A compreensão das
consequências do racismo no diagnóstico de autismo é fundamental para garantir a
igualdade de acesso a serviços de saúde mental para todas as pessoas,
independentemente de sua etnia. Essa pesquisa busca contribuir para a defesa dos
direitos humanos e combater o racismo estrutural presente nas práticas médicas, a fim
de promover uma sociedade mais inclusiva e justa.
Questões de pesquisa
O racismo é um termo pouco discutido em sala de aula, principalmente no ensino
básico, isso segrega as pessoas negras, impedindo seu acesso aos espaços sociais, o
direito à saúde de qualidade, distanciando-as de psicólogos e psiquiatras que possam
observar o histórico da criança e do acesso ao diagnóstico de transtornos como o
autismo, existe no meio clínico dificuldades em relacionar comportamentos de crianças
negras neurodiversas, devido ao racismo estrutural, pois os médicos inviabilizam o
desenvolvimento dos mesmos, tornando tardio o processo de inclusão educacional
delas.
1.2. Objetivos

Investigar as relações entre o racismo e o diagnóstico de autismo em pessoas negras,


buscando compreender as barreiras enfrentadas por essa população e desenvolver
abordagens mais inclusivas e culturalmente sensíveis para a identificação e o tratamento
do autismo.
Para alcançar essa proposta é importante, analisar a literatura científica existente sobre o
diagnóstico de autismo e a interseção com o racismo em pessoas negras, investigando as
influências do racismo no processo de identificação e diagnóstico do autismo em
pessoas negras, para assim avaliar as consequências do racismo no acesso a serviços de
saúde mental adequados e nas intervenções para pessoas negras com autismo.
Com a identificação das percepções e experiências de pessoas negras com diagnóstico
de autismo, aborda-se as barreiras e desafios enfrentados em meio às desigualdades
raciais e explora-se as práticas clínicas e estratégias de diagnóstico culturalmente
sensíveis para pessoas negras com autismo.
E finalmente, propor recomendações para políticas públicas, diretrizes clínicas e
treinamento profissional, para assim, obter um entendimento mais aprofundado das
implicações do racismo no diagnóstico de autismo em pessoas negras, contribuindo para
uma sociedade mais igualitária e proporcionando melhores cuidados de saúde para essa
população.

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2. Revisão da literatura e referenciais teóricos

GARCIA, V. R. e LUCAS, P. J. Capacitismo e racismo: uma abordagem interseccional. ANAIS DO


VIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS: NOVOS
ATIVISMOS E PROTAGONISTAS NA REINVENÇÃO DA SOLIDARIEDADE SOCIAL PORTO ALEGRE-
RS – UNISINOS, 2022.

Este artigo investiga as intersecções dos estudos sobre o autismo, utilizando o relato de
uma mulher negra autista. O objetivo é compreender suas vivências e percepções antes
do diagnóstico, a influência do racismo na busca por respostas e os desafios enfrentados
no dia a dia. O estudo utiliza uma abordagem qualitativa biográfica, considerando as
trajetórias e contribuições dos autores. É ressaltado que os estudos sobre autismo em
adultos no Brasil são escassos, e as mulheres estão em uma posição de subdiagnóstico
devido aos estereótipos de que o autismo é mais comum em meninos. Adicionar a
questão da raça torna o desafio ainda mais complexo, devido à vulnerabilidade da
população negra e ao racismo institucional na área da saúde.

O processo de diagnóstico do autismo no Brasil é longo e dispendioso, mesmo com o


Sistema Único de Saúde (SUS). O sistema de saúde não está preparado para atender à
demanda e estima-se que muitos autistas no Brasil não possuam diagnóstico. As
mulheres autistas tendem a camuflar suas características em ambientes sociais,
reproduzindo comportamentos neurotípicos para se adequar ao meio. Isso dificulta
ainda mais o diagnóstico, pois os profissionais podem não perceber os sinais. A falta de
diagnóstico afeta todos os aspectos da vida diária da mulher autista, tanto no meio social
quanto na percepção de si mesma.

Além disso, o racismo também influencia nas dificuldades enfrentadas pelas mulheres
autistas. O racismo se manifesta na saúde pública, afetando os diagnósticos e
atendimentos oferecidos à população negra. A medicina, como uma área racializada,
perpetua estereótipos e preconceitos, resultando em um atendimento pior e até mesmo
na negação de direitos. O racismo se baseia tanto em argumentos biológicos quanto
culturais, justificando hierarquias sociais e promovendo divisões por raça.

É fundamental compreender a construção da identidade negra e reconhecer as relações


de poder que sustentam o racismo. A epistemologia europeia precisa ser criticada, pois
perpetua estruturas de opressão e desconhece a realidade complexa do racismo e do
capacitismo. A falta de estudos sobre o autismo em uma perspectiva interseccional
contribui para a manutenção dessas estruturas, enquanto a inclusão de novos atores e
perspectivas pode ajudar a ampliar o debate e promover a mudança.

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3. Metodologias

A metodologia da pesquisa terá como abordagem realizar entrevistas em profundidade


com pais e familiares de crianças negras com autismo, líderes comunitários,
organizações afrodescendentes e membros da comunidade negra envolvidos no
diagnóstico de autismo. As entrevistas devem ser conduzidas de forma aberta e
exploratória, permitindo que os participantes compartilhem suas experiências,
percepções, preocupações e opiniões em relação ao diagnóstico de autismo e possíveis
manifestações de racismo no processo, promovendo discussões coletivas e a troca de
ideias entre os participantes, fornecendo diferentes perspectivas sobre o assunto.
E juntamente, entrevistar os profissionais de saúde e educadores envolvidos no
diagnóstico de autismo para obter uma visão sobre suas percepções, conhecimentos e
investigar como o racismo pode influenciar o processo de diagnóstico, incluindo
possíveis disparidades no acesso aos serviços, avaliações inadequadas ou estereotipadas
e as práticas que possuem em relação à interseção entre racismo e autismo. Dessa
maneira, essas abordagens podem ajudar a identificar possíveis desigualdades e
diferenças na prevalência do racismo e fornecerá insights detalhados e qualitativos
sobre as experiências e implicações.
Coletar e analisar dados quantitativos relacionados ao diagnóstico de autismo em
crianças negras, como dados demográficos, comparações de diferentes regiões
geográficas, registros médicos, níveis de acesso a serviços de saúde, contexto social e
político. Dentro desses dados, realizar, inclusive, estudos de caso detalhados,
examinando indivíduos ou famílias específicas que enfrentaram situações de racismo no
diagnóstico de autismo.
Para realizar essa investigação, a pesquisa será feita em locais e ambientes que podem
proporcionar acesso e uma ampla compreensão da realidade vivida por essas pessoas,
como em escolas inclusivas, escolas comunitárias e ambientes de trabalho em diversas
localizações, que podem oferecer perspectivas sobre como o racismo afeta os negros
autistas em diferentes fases da vida, em locais que dê para analisar como o racismo
institucional pode afetar o diagnóstico, tratamento e apoio, por exemplo, em hospitais,
clínicas, centros de atendimento psicológico e serviços de saúde mental. Se possível,
efetuar pesquisas em universidades e centros de pesquisa que desenvolvem estudos
sobre o autismo e/ou o racismo visto que, são locais onde é possível encontrar
pesquisadores e acadêmicos que se dedicam a esse tema, entrevistar especialistas e
revisar estudos já realizados pode fornecer uma base teórica para a investigação e por
fim, em comunidades e redes sociais online, participar desses espaços digitais, realizar
entrevistas virtuais e analisar o conteúdo compartilhado nessas plataformas pode
fornecer informações significativas sobre as experiências e desafios enfrentados pelos
negros autistas em relação ao racismo.
Ao realizar a investigação, é importante ter ética na pesquisa, obtendo o consentimento,
protegendo a identidade, a privacidade e a confidencialidade dos participantes. Além
disso, estar aberto ao diálogo, sensível às experiências compartilhadas e buscar uma
representação justa e precisa das vozes da comunidade negra autista.

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4. Resultados esperados
Os resultados esperados com essa pesquisa são a revelação de evidências das
disparidades raciais no diagnóstico de autismo, mostrando que crianças negras podem
estar em desvantagem em relação ao acesso a avaliações e diagnósticos precisos.
Através das entrevistas qualitativas e estudos de caso, espera-se que seja exposta as
experiências de racismo enfrentadas por pais de crianças negras com autismo e pelos
próprios indivíduos diagnosticados. Isso pode incluir relatos de estereótipos racistas ou
preconceitos que afetam o processo de diagnóstico.
A pesquisa pode contribuir para identificar as possíveis causas do racismo no
diagnóstico de autismo em pessoas negras, podendo incluir fatores como viés racial no
sistema de saúde, falta de conscientização e treinamento culturalmente competente dos
profissionais de saúde, contribuir também, para o corpo de conhecimento existente
sobre o racismo no diagnóstico de autismo em pessoas negras, irá fornecer novas formas
de compreender a natureza interna com evidências empíricas e perspectivas que podem
enriquecer o entendimento sobre essa questão e ajudar a impulsionar mudanças
positivas na forma como o autismo é diagnosticado e abordado em diferentes
comunidades.
Com base nos resultados da pesquisa, espera-se que sejam sugeridas intervenções e
melhorias para lidar com o racismo no diagnóstico de autismo. Isso pode incluir
recomendações para programas de treinamento e conscientização, de políticas de
inclusão, trazer apoio aos pais e indivíduos afetados.
Em suma, espera-se que a pesquisa sobre racismo no diagnóstico de autismo em pessoas
negras traga respostas sobre a existência de disparidades, exponha experiências de
racismo, identifique causas, sugira intervenções, contribua para o conhecimento
científico e social sobre esse assunto, conscientize sobre as experiências únicas
enfrentadas pelas pessoas negras autistas, fornecer uma base sólida de evidências que
documentam a existência e a extensão do racismo no diagnóstico de autismo em pessoas
negras e por fim, trazer recomendações práticas direcionadas aos profissionais de saúde,
educadores, legisladores e outros envolvidos na prestação de serviços, para promover
mudanças institucionais, políticas e sociais.

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5. Orçamento
Os custos envolvidos na realização desse projeto de pesquisa podem variar dependendo
de vários fatores, como a localização, instituição de pesquisa, disponibilidade de
recursos e financiamento, o recomendado é buscar financiamento adequado por meio de
agências de fomento, parcerias com instituições ou outras fontes de recursos disponíveis
para cobrir esses custos. No entanto, a seguir, alguns custos provavelmente envolvidos,
considerando um cenário geral:

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6. Cronograma

O cronograma será mensal e organizado com as seguintes etapas:

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É importante ressaltar que esse é apenas um exemplo de cronograma e que os prazos
podem variar de acordo com a complexidade da pesquisa, disponibilidade de recursos e
outros fatores individuais.

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Referências Bibliográficas

ALMEIDA, B. C. UNIFESP. Sobrecarga materna: um olhar para as cuidadoras das


pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). repositorio.unifesp.br, 18 jul.
2023.

GARCIA, V. R. e LUCAS, P. J. Capacitismo e racismo: uma abordagem


interseccional. ANAIS DO VIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES,
DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS: NOVOS ATIVISMOS E PROTAGONISTAS
NA REINVENÇÃO DA SOLIDARIEDADE SOCIAL PORTO ALEGRE-RS –
UNISINOS, 2022.

GUEDES, G. O autismo e a situação dos autistas negros no Brasil. Blog Mundo


Autista, 2021.

‌LEITÃO, A. B. Autismo e metáforas multimodais: um estudo discursivo crítico e


sociointeracional. www.rlbea.unb.br, 25 ago. 2021.

Mitos e verdades sobre o autismo na programação da VideoSaúde. Disponível em:


<https://portal.fiocruz.br/noticia/mitos-e-verdades-sobre-o-autismo-na-programacao-da-
videosaude>. Acesso em: 22 ago. 2023.

PEREIRA, A. B. AUTISMO E MATERNIDADE MIGRANTE:


PSICOPATOLOGIZANDO RELAÇÕES EM MOBILIDADE. Vivência: Revista de
Antropologia, v. 1, n. 56, 24 dez. 2020.

RIBEIRO, A. Reflexões sobre Autismo e Negritude. Disponível em:


<https://comportese.com/2022/11/24/reflexoes-sobre-autismo-e-negritude/>. Acesso
em: 22 ago. 2023.

SALAZAR, G. P.; RODRÍGUEZ, C. R. H. Expresiones de racismo y discriminación


en grupos autistas en Facebook. Comparative Cultural Studies - European and Latin
American Perspectives, v. 2, n. 4, p. 21–33, 2017.

‌ IEGAS, L. Capacitismo e racismo: “um menino preto e autista não oralizado”.


V
Blog Canal Autista, 2020.

Anexos

Entrevista para o projeto

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