Você está na página 1de 12

Sumário

1. Introdução ............................................................................... 02
2. Procedimento experimental .................................................... 03
3. Análise de dados ..................................................................... 05
4. Conclusões ............................................................................. 10
5. Referências Bibliográficas ....................................................... 10
2

 1. Introdução
1.1. Campo eletrostático
O campo eletrostático é aquele gerado por cargas em repouso e tem como
principal característica o fato de ser conservativo. Fisicamente essa característica se
manifesta pelo fato de que o trabalho para uma força transportar uma carga entre
dois pontos depende somente desses pontos e não da sua trajetória, ocasionando
em trabalho nulo se a trajetória for fechada. Pelo lado matemático temos (para uma
carga não nula e pelo teorema de stokes):
❑ ⇒ ❑ ⇒
( Eq . 1.1 )∮ ⃗
F . d ⃗r =0 ❑∮ ⃗
E . d r⃗ =0❑ ⃗
∇x⃗ ⃗
E =O
l l

1.2. Potencial eletrostático


O potencial eletrostático é consequência da conclusão da equação 1.1.
Sempre que o rotacional de um campo vetorial é nulo ele pode ser representado
como o gradiente de uma função escalar. No caso do campo eletrostático, essa
função é o oposto do potencial eletrostático.
E =−⃗
( Eq . 1.2 ) ⃗ ∇V

r1 ⃗
r1 ⃗
r1

( Eq . 1.3 )∫ ⃗ E . d r⃗ =−q ∫ ⃗
F . d r⃗ =q ∫ ⃗ ∇ V . d r⃗ =q [V (⃗
r 0)−V (⃗
r 1 )]

ro ⃗
ro ⃗
ro

Assim é possível calcular o trabalho de uma força que desloca uma carga
dentro do campo elétrico apenas pelos pontos inicial e final como dito no item 1.1.

1.3. Curvas de nível de uma função escalar e seu gradiente


A derivada direcional de uma função f representa a taxa de variação da
função em uma determinada direção dada por um vetor unitário u⃗ :
df ⃗
( Eq .1.4 ) = ∇ f . ⃗u
d u⃗
Em uma curva de nível da função, por definição ela não varia. Portanto sendo
u⃗ um vetor unitário tangente à uma curva de nível a derivada direcional com respeito
a esse vetor deve ser nula, levando à conclusão de que o gradiente “fura” as curvas
de nível de forma perpendicular, conforme demonstrado na equação 1.4.
df ⃗
( Eq .1.5 ) =∇ f . u⃗ =0❑ ⃗
∇ f ⊥ u⃗
d ⃗u ⇔
3

 2. Procedimento experimental
2.1. Materiais utilizados
 Gerador de Van de Graaff
 Fonte de tensão (0 a 50 V)
 Bandeja circular não graduada
 Óleo
 Farinha de mandioca
 Eletrodos planos
 Eletrodos retos
 Eletrodos puntiformes
 Sondas metálicas
 Voltímetro analógico (DC)
 Cabos

2.2. Descrição da experiência


2.2.1. Visualização de linhas de força de distribuições usuais
O gerador de Van de Graaff foi utilizado para separar cargas elétricas por
meio de atrito. A parte superior (esfera) era carregada com cargas de um sinal e a
inferior (terminal terra) com cargas de sinal oposto. Foram feitas diferentes conexões
combinando as duas partes do gerador e os eletrodos disponíveis dentro de uma
bandeja circular cheia de óleo, onde era polvilhada farinha de mandioca. As
combinações foram as seguintes:
2.2.1.1. Um eletrodo puntiforme no centro da bandeja foi ligado à esfera do
gerador.
2.2.1.2. Dois eletrodos puntiformes a 5 cm de distância foram ligados à esfera
do gerador.
2.2.1.3. Dois eletrodos puntiformes a 5 cm de distância foram ligados a partes
distintas do gerador (esfera e terminal terra).
2.2.1.3. Dois eletrodos planos foram ligados a partes distintas do gerador
(esfera e terminal terra).
4

2.2.2. Determinação das linhas equipotenciais


Em uma bandeja cheia de água foram posicionados dois eletrodos planos
paralelos, distanciados de 18,0 cm e submetidos a uma tensão de 24,0 V da fonte
de tensão, a qual foi conferida pelo voltímetro. O referencial adotado para as
coordenadas e tensões é de acordo com a figura 2.1.
24,0 V
x
18,0 cm
13,0 cm

y
0,0 V
26,0 cm

Figura 2.1: Referencial adotado


Sobre o eixo x (no centro) foram coletados valores do potencial elétrico em
intervalos de 1,0 cm.
Na tabela 2.1, todas as medidas de deslocamento tem erro de 0,5 cm e as
medidas de tensão tem erro de 0,5 V, todos devido à falta de precisão na
observação da escala analógica.

Tabela 2.1: Potencial a diferentes distâncias entre os eletrodos ao longo da linha


longitudinal.
x(cm) 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0
∆x(cm
) 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
V(V) 0,0 2,0 2,5 3,0 4,0 5,0 6,5 8,5 10,0
∆V(V) 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

x(cm) 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0
∆x(cm
) 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
V(V) 12,5 15,0 16,5 18,0 19,5 20,5 22,0 23,0 23,5 24,0
∆V(V) 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

Posteriormente foi feito o levantamento de linhas equipotenciais a 3,0; 6,0;


9,0; 12,0; 15,0; 18,0 e 21,0 volts, por meio de coordenadas x e y.
5

Na tabela 2.2, o erro na tensão continua sendo 0,5 V e o erro no


deslocamento, agora devido ao maior cuidado na leitura e o uso do papel
milimetrado é de 0,1 cm.
6

Tabela 2.2: Coordenadas dos pontos de mesmo potencial (coordenadas em cm)


V(V
) x1 y1 x2 y2 x3 y3 x4 y4 x5 y5 x6 y6 x7 y7
3,0 2,5 0,0 2,5 4,5 2,4 7,9 2,7 -3,4 2,9 -6,0 2,2 -9,2 1,7 -11,5
6,0 5,3 5,6 5,7 2,7 5,8 -0,1 5,8 -2,0 5,6 -6,2 5,1 -9,6 4,5 -10,7
9,0 7,1 8,6 7,3 4,6 7,4 2,2 7,4 -0,4 7,1 -2,8 7,1 -7,3 6,5 -10,8
12,0 8,9 13,7 8,8 6,0 8,8 2,4 8,9 -0,3 8,7 -2,6 8,7 -5,8 8,5 -11,0
15,0 10,7 7,5 10,5 4,4 10,4 2,4 10,3 -0,6 10,3 -4,8 10,4 -8,7 10,5 -11,3
18,0 12,5 7,4 12,4 5,3 12,1 1,3 12,0 -0,5 12,0 -4,0 12,1 -7,4 12,5 -11,5
21,0 14,8 7,3 14,6 5,7 14,4 3,3 14,2 -1,0 14,3 -5,2 14,8 -10,0 15,2 -12,0

 3. Análise de dados
3.1. Análise das linhas de força visualizadas
3.1.1. Eletrodo puntiforme, ligado à esfera, no centro da bandeja
Notaram-se linhas radiais traçadas pelos grãos de farinha com centro no
eletrodo, lembrando o campo elétrico de uma carga pontual, como na figura 3.1(a).
O sinal da carga é desconhecido porém o desenho das linhas é tal como na
figura. Se a carga fosse negativa, haveria apenas uma inversão no sentido das
setas.
3.2.2. Dois eletrodos puntiformes ligados à esfera
Dessa vez as linhas “traçadas” pelos grãos se distorceram mais, principalmente
na região média entre os eletrodos, formando um vazio de linhas, lembrando o
campo elétrico gerado por duas cargas pontuais de sinais iguais, como na figura
3.1(c).
O sinal das cargas é desconhecido porém o desenho das linhas é tal como na
figura. se as cargas fossem negativas, haveria apenas uma inversão no sentido das
setas.
3.2.3. Um eletrodo puntiforme ligado à esfera, outro ao terminal terra
Ao invés de um vazio como no item anterior, houve linhas de conexões entre os
eletrodos, lembrando o campo elétrico resultante da interação de duas cargas de
sinal trocado, conforme figura 3.1(b).
3.2.4. Um eletrodo plano ligado à esfera, outro ao terminal terra
As linhas formadas pela farinha ficam bem paralelas no centro da placa e
começam a se distorcer na medida que se caminha para as extremidades,
lembrando o campo elétrico de um capacitor de placas paralelas, como a figura 3.2
representa.
7

Figura 3.1: Campos elétricos de cargas pontuais


(linhas de campo = linhas tracejadas)
Disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000002619/md.0000032879.jpg.
Acesso em 17/09/2012

Figura 3.2: Linhas de campo elétrico de um capacitor de placas paralelas


Disponível em http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig55.gif
Acesso em 17/09/2012

3.2. Relações entre linhas equipotenciais e campo elétrico


De acordo com a tabela 2.2, foi possível estabelecer linhas equipotenciais para
diferentes potenciais e por meio delas traçar as linhas de campo elétrico. As linhas
de campo elétrico foram traçadas conforme fundamentação teórica do item 1.3, com
suas linhas atravessando perpendicularmente as linhas equipotenciais elétricas.
As linhas equipotenciais são paralelas às placas.
8

Gráfico 3.1: Relação entre linhas de campo (em preto) e linhas equipotenciais
As posições x das linhas equipotenciais foram dadas por ajuste polinomial de
grau 0 (função constante) no software MatLab, o próprio software já mostra o erro
associado a cada processo de interpolação conforme tabela 3.1.
Tabela 3.1. Posição das linhas equipotenciais, considerando um campo elétrico
uniforme
V (V) ∆V (V) x(cm) ∆x(cm)
3,0 0,5 2,4 0,9
6,0 0,5 5,4 0,9
9,0 0,5 7,1 0,8
12,0 0,5 8,8 0,3
15,0 0,5 10,4 0,3
18,0 0,5 12,2 0,6
21,0 0,5 14,6 0,9

3.3. Valores para o campo elétrico


3.3.1. Região do eixo central
Considerando V =V (x) temos que ⃗
E =E(x ) ^x , usando a equação 1.2.
Recorremos então à equação 1.2 para o desenvolvimento do cálculo da
intensidade do campo elétrico, com base na tabela 2.1.
9

( Eq .3 .1 ) E=|dVdx |
Esse estudo foi feito por meio de um ajuste linear da função V(x) obtendo o
coeficiente angular como módulo do campo elétrico.

Gráfico 3.2: Potencial elétrico


Sendo assim, o campo elétrico calculado pela linearização é de intensidade
1,4 V/cm com erro de 0,7 V/cm (dado pela linearização do Matlab), sendo assim
temos que o campo elétrico médio na região entre as placas paralelas é:

⃗ V
E =(1 , 4 ± 0 , 7) x^
cm
Numericamente é possível ver como o erro é grande e isso se mostra no
gráfico pela distância dos pontos coletados em laboratório até a função de
linearização.
Ainda considerando a relação linear, podemos verificar a qualidade do valor
obtido para o campo elétrico recalculando-o em módulo pela razão E=V / x ,
aproveitando os dados da tabela 3.1.
O erro (por derivada parcial) será dado pela expressão:

√( )( )
∆V 2 ∆ x 2
∆ E=E +
V x
10

Calculando os valores obtemos uma atualização da tabela 3.1.


Tabela 3.2. Atualização da tabela 3.1, com a inclusão do módulo do campo
elétrico
V (V) ∆V (V) x(cm) ∆x(cm E(V/cm) ∆E(V/cm)
)
3,0 0,5 2,4 0,9 1,3 0,5
6,0 0,5 5,4 0,9 1,1 0,2
9,0 0,5 7,1 0,8 1,3 0,2
12,0 0,5 8,8 0,3 1,37 0,07
15,0 0,5 10,4 0,3 1,44 0,07
18,0 0,5 12,2 0,6 1,48 0,08
21,0 0,5 14,6 0,9 1,4 0,1
Comparando os valores da tabela com o valor obtido pela linearização é possível
perceber que o campo elétrico não é muito bem uniforme, mas pode se considerar
uma aproximação razoável.

3.3.2. Região entre linhas equipotenciais


Pelo fato de o campo ser aproximadamente uniforme nesse intervalo, podendo
se notar isso pelas próprias linhas equipotenciais retas, é possível aproximar a
função potencial como uma reta que depende somente da posição x, por
consequência o vetor campo elétrico também terá somente componente x.
Assim, de acordo com a tabela 3.1, podemos obter o valor de campo elétrico
na região entre 9,0 V e 12,0 V:

( Eq .3 .2 ) ⃗
E =−
( V 1−V 2
x1−x 2)x^

Temos então o erro (calculado pelo método da derivada parcial) associado ao


módulo desse campo elétrico dado por:

√( )( )( )( )
2 2 2 2
∂E ∂E ∂E ∂E
( Eq .3 .3 ) ∆ E= ∆V1 + ∆V2 + ∆ x1 + ∆ x2
∂V 1 ∂V 2 ∂ x1 ∂ x2

Simplificando e sabendo que erro dos deslocamentos são iguais entre si e o


mesmo vale para o erro dos potenciais (tabela 3.1):

√( ∆V 2
)( )
2
∆x
( Eq .3 .4 ) ∆ E=√ 2 E +
V 1−V 2 x1− x2
11

Assim pode se chegar num resultado final para a região estudada:

⃗ V
E =−( 1 ,8 ± 0 , 8 ) x^
cm


E

Gráfico 3.4: Representação do campo elétrico entre duas linhas equipotenciais

 4. Conclusões
Ficou muito nítido nessa experiência o nível e a qualidade de aproximações, na
identificação qualitativa de campos elétricos clássicos e sempre abordados: um
eletrodo fino com pequeno diâmetro pode ser bem aceito como representante de
uma carga pontual, as placas planas também deram boa visualização das linhas de
campo em um capacitor de placas paralelas, mas já desmascaravam a aproximação
de plano infinito pelas distorções nas extremidades..
Outro ponto muito positivo no experimento foi a relação a todo momento entre o
campo eletrostático e o potencial eletrostático, sendo possível perceber que
podemos sempre conhecer um sabendo a respeito do outro.

 5. Referências Bibliográficas
GUIDORIZZI, Hamilton L., Um curso de cálculo, Volume 3, 5ª edição, São Paulo:
LTC.
12

SADIKU, Matthew N. O, Elementos de Eletromagnetismo, 3ª edição, Porto Alegre:


Bookman, 2004.

Você também pode gostar