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RESUMO
O presente artigo relata sobre a utilização do critério menor preço nas licitações com ênfase na
compra de fios de sutura para a área da saúde no Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, adotou-
se como questão norteadora a seguinte: como ocorre a utilização do critério menor preço para
fios de sutura por meio do pregão eletrônico no estado do Rio de Janeiro? Posto isso, o objetivo
geral propõe identificar o emprego de parâmetros técnicos nos procedimentos licitatórios na
modalidade pregão pelo critério de julgamento no “menor preço” no processo de compra de
fios de sutura no Rio de Janeiro. Ressalta-se, nesse contexto, a importância de buscar uma
melhor aquisição em termos de qualidade, mesmo que em um primeiro momento este fato não
represente a oferta mais barata em termos monetários, mas que a longo prazo irá trazer maior
economicidade aos cofres públicos, seja por evitar desperdício de materiais ou melhorar a
qualidade do serviço prestado à população. Logo, para corroborar com esta ideia foi utilizado,
como exemplo, informações sobre as aquisições de fios de sutura para hospitais públicos do
Estado do Rio de Janeiro, com as quais pode-se constatar que é possível fazer aquisições com
eficiência e eficácia, observando além do menor preço, critérios técnicos e de desempenho.
Constatou-se que a análise unicamente baseada no preço traz resultados insatisfatórios quanto
à qualidade dos fios adquiridos, enquanto a aplicação de critérios técnicos resulta em qualidade
e eficiência para a Administração.
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para o bom andamento do processo licitatório deve-se aderir aos princípios específicos das
licitações. Nesse sentido, estes princípios estão vinculados ao instrumento de convocação que
pode ser feito por meio de anúncio ou carta convite, conforme o caso. O método de lance
selecionado diz respeito ao princípio que vincula todos os participantes aos eventos, inclusive
da administração pública, uma vez que a proclamação é considerada uma "lei licitação"
(AMORIM, 2017).
O julgamento objetivo refere-se ao que deve ser incluído na norma de licitações,
relacionadas a contratos e padrões, o qual norteará o julgamento sobre a proposta apresentada.
Dessa forma, o prêmio obrigatório é o princípio que garante ao vencedor a celebração de
contrato com a administração pública, sendo este um instrumento declarativo onde o licitante
vencedor tem o direito de exigir a assinatura do contrato, proibindo o governo de lançar uma
nova licitação para atingir o mesmo objetivo enquanto a validade da partida anterior ainda se
faz vigente (SPITZCOVSKY, 2015).
Nesse contexto, as propostas são mantidas em sigilo, o qual também representa um
princípio de licitação que garante um processo licitatório tranquilo. Assim, como os licitantes
geralmente oferecem lances lacrados para que não haja desvantagens sobre os outros
concorrentes, o que insta salientar que a violação desse ato é considerada crime de improbidade
administrativa por proposta fraudulenta secreta. Porém, de acordo com o artigo 22.º, n.º 5 da
Lei 8.666/93, esse princípio não se aplica ao modelo de leilão (CORREIA, 2015).
Posto esse contexto, de forma mais abrangente, de acordo com o artigo 37 da
Constituição Federal de 1988, os princípios norteadores dos processos de licitação são:
Posto isso, é importante notar que todos os princípios acima devem ser intrinsecamente
ligados ao ágio. De modo que, as administrações públicas deverão considerar, ainda, a
integridade dos bens e serviços licitados (CORREIRA, 2015).
A Administração ao pretender adquirir bens ou serviços deve cumprir
impreterivelmente ritos previstos na Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, balizando nos
princípios das licitações que vão reger a relação entre o poder público e o privado.
Nesse contexto, nos termos de Mello (2008), a licitação é um processo baseado na
ideia de competição entre interessados em participar do certame, desde que atendam aos
atributos e requisitos exigidos na legislação, e que cumpram as obrigações previstas. As
propostas, portanto, são avaliadas em igualdade de condições, sendo escolhida aquela que
apresentar mais vantajosidade à Administração Pública.
Diante disso, destaca-se que a modalidade pregão só foi criada com a Lei 10.520 de
17 de julho de 2002, sendo instituída para a aquisição de bens e serviços comuns. Assim, para
não haver divergência no conceito de “uso comum”, a própria lei define qual tipo de objeto é
considerado comum:
Segundo o parágrafo único do artigo 1° da Lei 10.520 de 17 de julho de 2002,
consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos padrões de desempenho
e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado.
Já o art. 4º, inciso X, da Lei 10.520 de 17 de julho de 2020 versa: “X - Para
julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor
preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital”
(MELLO, 2008, p. 15).
Nesse contexto, destaca-se que essa modalidade trouxe como inovações: a inversão de
fases; a possibilidade de se adquirir bens e serviços comuns que são os itens que podem ser
facilmente descritos através de termo de referência; e a inexistência de um valor limite para
contratações através desta modalidade. Todavia, o pregão também possui como critério de
julgamento das propostas o menor preço (COSTA, 2019).
A interpretação legal correta gera contratações responsáveis que, por sua vez,
implicam em vantagens a médio e longo prazo para a Administração Pública, afastando ou
diminuindo sensivelmente as chances de padecer com produtos de baixa qualidade e
contratações precárias que, num curto espaço de tempo, oneram o erário com novas licitações
do mesmo objeto, implementadas pelo simples insucesso das anteriores (STOEVER E
ZAMBARDA, 2007).
Considerando a proposta de se utilizar como exemplo as licitações de saúde, ressalta-
se que em 2017 os gastos com o setor no Brasil correspondiam a 9,2% do Produto Interno Bruto
– PIB, fazendo com que a pressão para redução dos gastos e os constantes cortes no orçamento
exercessem pressão nos gestores de saúde (CAMPOS, 2019)
O que se pretende não é modificar a lei, nem tão pouco desconsiderar a importância
do critério de julgamento pelo menor preço, visto a necessidade relatada anteriormente de se
otimizar os recursos utilizados na saúde pública e com isso reduzir os gastos para este setor. O
problema a ser enfrentado resulta da análise que só o preço é condicionante para que se realize
o contrato, quando a lei deixa clara a necessidade de se estabelecer parâmetros técnicos e de
qualidade desde que não restrinjam ou direcionem a licitação, evitando aquisições e serviços de
má qualidade, o que aumenta ainda mais a crença de que o que é público não funciona ou
funciona precariamente, principalmente no que se refere às questões relacionadas à área da
saúde (COSTA, 2019).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Vergara (2019), esta pesquisa se classifica, quanto aos meios, como uma
pesquisa bibliográfica e com abordagem qualitativa-exploratória, uma vez que foi feita uma
análise dos materiais relacionados à temática.
Dessa forma, o desenvolvimento desta revisão bibliográfica foi fundamentado
conforme as seis etapas propostas por Gil (2018), sendo elas: 1. Identificação do tema e
formulação da questão norteadora; 2. Definição dos critérios de inclusão e exclusão; 3.
Definição das informações que serão extraídas dos estudos; 4. Avaliação dos estudos; 5.
Interpretação dos resultados; 6. Apresentação da revisão do conhecimento.
Nesse contexto, esta etapa foi representada pelo estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura. Para a busca dos artigos
foram utilizadas as bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO) e CAPES.
Como critérios de inclusão, foram considerados todos os artigos publicados nas bases
de dados informadas, dentro da temporariedade de 2002 a 2020, com textos completos,
disponíveis e publicados em revistas indexadas e no idioma português e inglês, o marco inicial
de 2002 se deu em virtude do início da vigência da Lei de Pregão 10.520/2002, utilizando como
limite o ano de 2020 quando iniciou-se a pesquisa. Como critérios de exclusão, foram excluídos
os artigos não relacionados ao tema; artigos de opinião; relatórios; editoriais; enfim, literatura
cinzenta; artigos publicados fora do tempo estabelecido e/ou que não contenha o texto na íntegra
e artigos duplicados nos bancos de dados, sendo considerado uma única versão para a análise.
Nessa etapa, é importante que a busca nas bases de dados seja ampla e diversificada.
O ideal é que todos os artigos encontrados sejam utilizados e os critérios de amostragem
precisam garantir a representatividade da amostra, sendo importantes indicadores da
confiabilidade e da fidedignidade dos resultados (GIL, 2018).
Depois de conferir se as publicações estavam em conformidade com o objeto de
pesquisa definido na etapa anterior, é o momento de partir para a discussão dos principais
resultados na pesquisa convencional. Realizando a comparação com o conhecimento teórico e
a identificação das conclusões e implicações resultantes da revisão, enfatizando as diferenças e
similaridades entre os estudos. Se houver lacunas de conhecimento será possível apontar e
sugerir novas pesquisas.
Avaliando os dados obtidos, foi possível perceber que houve inabilitação de empresas
com justificativas técnicas referentes a qualidade dos fios apresentados durante o processo de
análise das amostras. Com isso, as empresas adjudicadas para os itens 1, 6 e 7 não foram aquelas
que ofertaram o menor preço inicialmente, porém, garantiu-se que o produto adquirido possui
maior qualidade, atendendo ao princípio da eficiência e do menor preço, visto que foram
observados a ordem de classificação das propostas, obtendo como resultado o melhor menor
preço.
Com a discussão anterior a respeito das aquisições dos fios de sutura se observou a
viabilidade da utilização do critério menor preço sem descartar a qualidade, utilizando para isso
critérios técnicos de mensuração da excelência dos produtos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Acórdãos n º S 1216 a 1251, 1254 a 1267, 1269 a 1275, 1277 a 1291 e 1306.
Tribunal de Contas da União, 2007. Disponível em:
https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A14D7BBDF2014
D8B62A74275C3. Acesso em: 18 de mai. de 2022.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: abril de 2021.
CORREIA, L. R. Manual de direito administrativo. 2015 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 784
p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MELLO, C. A. B. De. Curso de direito administrativo. 30 ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2008.
MOTTA, C. P. C. Eficácia nas licitações e contratos. 25. ed. Malheiros, 2008. 1074 p.