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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE JORNALISMO

Av. João Naves de Ávila, 2121 - Campus Santa Mônica, Bloco 1G -Uberlândia-MG

LUISA SANTOS NIELSEN

RELATO PESSOAL SOBRE O PROJETO “ANGOLEIRINHAS E


ANGOLEIRINHOS DA MALTA: AS VOZES DAS E DOS JOVENS DO GRUPO
DE CAPOEIRA ANGOLA MALTA NAGOA”

Uberlândia
2023
O início do desenvolvimento do nosso PIC foi rápido: já sabíamos qual
comunidade procurar, entramos em contato e, logo, o primeiro encontro estava
marcado. Por razões pessoais, não pude participar da maioria dos eventos.

Minha primeira vez com o Malta Nagoa foi numa terça feira. Tivemos a aula
com as próprias crianças. Elas estavam muito tímidas e, no início, não nos olhavam nos
olhos. No entanto, com o passar do tempo, elas nos ensinaram não só a ginga, mas
também a tocar os instrumentos. Em particular, aprendi a manusear o reco reco e o
berimbau.

Meu segundo encontro foi na roda que aconteceu no Mercado Municipal. Que
encontro! É até difícil, para mim, entender tudo o que senti. Eu nunca havia participado
ou assistido a uma roda de capoeira. Assim, não sabia a diferença entre capoeira Angola
e Regional, e descobri que a Angola é mais fechada, o que me surpreendeu. Quando a
primeira mestra da roda começou a cantar a ladainha, senti coisas completamente
desconhecidas. Quando, então, as pessoas ali começaram a cantar junto, eu tinha certeza
que nunca mais seria a mesma. Não consigo explicar o porquê, mas eu tive certeza de
aquele lugar era onde eu deveria estar. Eu deveria escutar aquelas músicas, eu deveria
assistir aquela dança. Depois que a roda terminou, o pessoal fez uma roda de samba e eu
continuei completamente alucinada por aquele momento. Voltei para casa em êxtase, e
tive a certeza de que aquela não seria a minha última vez em uma roda de capoeira.

Por fim, fui, juntamente com o grupo, à Escola Estadual Novo Horizonte, em um
projeto que a Malta Nagoa faz com a coordenação. Nesses encontros, que acontecem
semanalmente, os mestres fazem uma roda com os alunos e os ensinam a ginga e a tocar
os instrumentos.

Foi muito pesaroso, para mim, não ter um contato maior com a Malta Nagoa. No
dia da roda do Mercado, a Roberta (a quem chamamos de Rob) disse que viu o quanto
fiquei envolvida naquele momento e falou, ainda, que tinha certeza que a capoeira teria
uma nova integrante. Eu realmente espero que ela esteja certa. Nunca tinha
experimentado nada parecido, nunca me senti tão completa ao assistir a uma dança e ao
escutar uma música. No último ano, minha vida mudou muito, de maneiras que eu nem
imaginava possíveis. Esse projeto me marcou, me deu novas perspectivas e me mostrou
um pouquinho de mim. Processos de autoconhecimento nem sempre são fáceis, mas a
Malta trouxe leveza, história, cultura e amor.

Por fim, o meu desejo é, um dia, poder fazer parte disso, de maneira completa.
Acima de tudo, espero que o nosso projeto impacte as Angoleirinhas e os Angoleirinhos
da maneira que eles me impactaram. Espero que a Malta Nagoa continue realizando o
trabalho maravilhoso que faz na vida desses jovens, e que eles alcancem os seus sonhos.
Espero vê-los pelos corredores da UFU, futuramente.

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