jornalista, professora e pintora, considerada uma das mais importantes poetisas do Brasil. Sua obra de caráter intimista possui forte influência da psicanálise com foco na temática social. Sobre sua vida Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, dia 7 de novembro de 1901. Foi criada pela sua avó católica e portuguesa da ilha dos Açores. Isso porque seu pai havia morrido três meses antes de seu nascimento e sua mãe quando tinha apenas 3 anos. Em 1919, com apenas 18 anos, publicou sua primeira obra de caráter simbolista, “Espectros”. Com 21 anos, casa-se com o pintor português Fernando Correa Dias que sofria de depressão e suicidou-se em 1935. Casa-se novamente com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, cinco anos depois da morte de seu primeiro marido e com quem teve três filhas. Vida e obra Cecília ficou reconhecida mundialmente, uma vez que suas obras foram traduzidas para muitas línguas. Pelo trabalho realizado na literatura ela recebeu diversos prêmios, dos quais se destacam: Prêmio de Poesia Olavo Bilac Prêmio Jabuti Prêmio Machado de Assis Além disso, realizou palestras e conferências sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, em diversos países do mundo. Cecília falece ao entardecer na sua cidade natal, dia 9 de novembro de 1964, com 63 anos, vítima de câncer. Seus poemas, extremamente musicais, não estavam filiados a nenhum movimento literário específico, embora a maioria dos críticos rotule a escritora como pertencendo à segunda geração do modernismo brasileiro. Entre os seus temas mais frequentes estão o isolamento, a solidão, a passagem do tempo, a efemeridade da vida, a identidade, o abandono e a perda. Canteiros Quando penso em você Fecho os olhos de saudade Tenho tido muita coisa Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento Nem aquilo a que me entrego Já me dá contentamento CECÍLIA MEIRESLES Pode ser até manhã Sendo claro, feito o dia Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria Eu só queria ter do mato Um gosto de framboesa Pra correr entre os canteiros E esconder minha tristeza E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ... E deixemos de coisa, cuidemos da vida Pois se não chega a morte Ou coisa parecida E nos arrasta moço Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol São as águas de março fechando o verão É promessa de vida em nosso coração Motivo EU CANTO PORQUE O INSTANTE EXISTE E A MINHA VIDA ESTÁ COMPLETA. NÃO SOU ALEGRE NEM SOU TRISTE: SOU POETA. IRMÃO DAS COISAS FUGIDIAS, NÃO SINTO GOZO NEM TORMENTO. ATRAVESSO NOITES E DIAS NO VENTO. SE DESMORONO OU SE EDIFICO, SE PERMANEÇO OU ME DESFAÇO, — NÃO SEI, NÃO SEI. NÃO SEI SE FICO OU PASSO. SEI QUE CANTO. E A CANÇÃO É TUDO. TEM SANGUE ETERNO A ASA RITMADA. E UM DIA SEI QUE ESTAREI MUDO: — MAIS NADA. Motivo EU CANTO PORQUE O INSTANTE EXISTE E A MINHA VIDA ESTÁ COMPLETA. NÃO SOU ALEGRE NEM SOU TRISTE: SOU POETA. IRMÃO DAS COISAS FUGIDIAS, NÃO SINTO GOZO NEM TORMENTO. ATRAVESSO NOITES E DIAS NO VENTO. SE DESMORONO OU SE EDIFICO, SE PERMANEÇO OU ME DESFAÇO, — NÃO SEI, NÃO SEI. NÃO SEI SE FICO OU PASSO. SEI QUE CANTO. E A CANÇÃO É TUDO. TEM SANGUE ETERNO A ASA RITMADA. E UM DIA SEI QUE ESTAREI MUDO: — MAIS NADA.