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CECÍLIA

MEIRELES
POESIA E MORTE
VIDA E OBRA
- Nascida em 7 de novembro de 1901;

- Perdeu seus pais antes de ter três anos de idade;

- Foi criada pela avó e guarda lembranças vívidas de sua

infância: dos objetos, da natureza, dos animais, dos cenários;

“Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos


contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde
pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi
essas relações entre o Efêmero e o Eterno”
VIDA E OBRA

- Tinha fascinação pelo saber e desde pequena escrevia

versos;

- Em 1919 lança seu primeiro livro de poemas “Espectros”;

- Em 1938 é reconhecida pela Academia Brasileira de Letras,


recebendo o Prêmio de Poesia por seu livro “Viagem”;

- Morre aos 63 anos (1964), em plena atividade literária;


VIDA E OBRA
- Sua poesia é escrita tanto com versos regulares quanto

versos livres domínio da palavra, arte do bem escrever;

- Temas: impressões do mundo, efemeridade da vida, evasão para o


sonho, natureza, o Eterno.

- Percepção da realidade pelos sentidos;

- Poesia intimista;
CRÍTICAS
- Miguel Sanches Neto: A ausência dos pais marcou profundamente o espírito da poetisa,
fazendo-a conhecer a morte e a falência das coisas desde muito cedo; “a orfandade é o
motor-mestre da poesia ceciliana”.

- Miguel Sanches Neto: Desde o início, e ao longo de toda sua carreira, Cecília Meireles foi
marcada por uma sensação profunda de deslocamento e de orfandade, sentimento
configurador de uma obra que aposta, por um lado, na recusa de toda e qualquer
identificação pacífica com o imediato, visto como limitador e, por outro lado, num projeto
de reunificação, pela palavra, de tempos e espaços, criando uma mitopoética que garante
um temporalidade livre das amarras cronológicas.
CRÍTICAS
- Menotti Del Picchia: A poesia de Cecília Meireles se situa na linha demarcatória
entre consciente objetivo e subconsciente lírico, místico e imaterial, dando
margem a uma ausência de explicações lógicas;

- Moreira da Fonseca: através do trabalho sonoro, Cecília Meireles dilui o poema


numa atmosfera que provoca uma contínua mescla entre imagens, ideias e
pensamentos, amalgamando-os numa “fluência quase inconsútil”;
ORFANDADE
A menina de preto ficou morando atrás do tempo,
sentada no banco, debaixo da árvore,
recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

Alguém passou de manso, com grandes nuvens no


[vestido,
e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse,
murmurou: "A MAMÃE MORREU".

Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.


O olhar caiu dos seus olhos, e está no chão, com as
[outras pedras,
escutando na terra aquele dia que não dorme
com as três palavras que ficaram por ali.
ALVA Caminhei tantos caminhos,
tanto tempo e não sabia
como era fácil a morte
Deixei meus olhos sozinhos pela seta do silêncio
nos degraus da sua porta. no sangue de uma alegria.
Minha boca anda cantando,
Seus olhos andam cobertos
mas todo o mundo está vendo de cores da primavera.
que a minha vida está morta. Pelos muros de seu peito,
durante inúteis vigílias,
Seu rosto nasceu das ondas desenhei meus sonhos de hera.
e em sua boca há uma estrela. Desenho, apenas, do tempo,
Minha mão viveu mil vidas cada dia mais profundo,
para uma noite encontrá-la roteiro do pensamento,
e noutra noite perdê-la. saudade das esperanças
quando se acabar o mundo…
DESVENTURA
Tu és como o rosto das rosas:
diferente em cada pétala.

Onde estava o teu perfume? Ninguém soube.


Teu lábio sorriu para todos os ventos
e o mundo inteiro ficou feliz.

Eu, só eu, encontrei a gota de orvalho que te


[alimentava,
como um segredo que cai do sonho.

Depois, abri as mãos, - e perdeu-se.

Agora, creio que vou morrer.

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