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Geologia Regional da Cordilheira Andina

Subdivisão Fisiográfica:
A Cordilheira Andina, na porção sul do Peru e norte do Chile, apresenta uma subdivisão
fisiográfica clara, compreendendo a Cordilheira Ocidental/Altiplano e a Cordilheira
Oriental, que caracterizam a Inflexão de Arica, também conhecida como Oroclino da
Bolívia.
Domínio de Arco Vulcânico:
Baseado na natureza das assembleias petroquímicas das rochas ígneas, Clark et al.
distinguem o domínio de arco vulcânico, um dos mais significativos eventos
magmáticos pós-paleozoicos dos Andes Centrais.
Cordilheira dos Andes:
Situada na borda do Pacífico oriental, a Cordilheira dos Andes é uma cordilheira
intracontinental, com um substrato siálico essencial em sua estrutura tectônica e
magmática. Este substrato siálico corresponde a terrenos metamórficos do Proterozoico
Tardio.
Embasamento Cristalino Pré-Cambriano:
O embasamento cristalino do território peruano é formado por rochas de idade pré-
cambriana, incluindo complexos de rochas metamórficas e ígneas. Estes complexos se
agrupam em duas séries, sendo a mais antiga localizada na Cordilheira da Costa (600-
2000 Ma) e a mais jovem na Cordilheira Oriental (600-640 Ma).
Maciço de Arequipa:
O Maciço de Arequipa é composto por rochas metamórficas que receberam vários
nomes ao longo do tempo. É constituído por gnaisses migmatíticos, xistos, filitos,
anfibolitos e quartzitos, além de diques pegmatíticos.
Desenvolvimento do Ciclo Andino:
Durante o Mesozoico e Cenozoico, ocorreu o desenvolvimento do Ciclo Andino,
marcado por deposição em ambiente geossinclinal e grandes soerguimentos intercalados
por períodos de sedimentação e deformação.
Intrusões Ígneas do Arco Sul Peruano:
As rochas ígneas intrusivas do Arco Sul Peruano foram colocadas durante o Mesozoico
e Cenozoico, com alguns intervalos de calmaria. O Arco experimentou uma migração
para o continente durante o Triássico Inferior - Paleoceno, enquanto houve uma
migração para leste na porção norte do Chile no Jurássico Inferior.
Migração do Arco Principal:
A migração em grande escala do Arco Principal no sudeste peruano ocorreu no
Oligoceno tardio. O maior deslocamento do Arco foi registrado há cerca de 28.5 Ma,
resultado da justaposição dos litotipos ígneos do Arco no segmento peruano da
Cordilheira Oriental.
Grupo Toquepala:
O Grupo Toquepala é um conjunto de rochas vulcânicas com intercalações de clásticos
grosseiros que se estende ao longo da margem andina desde o Cerro da Caldera
(Arequipa) até a fronteira com o Chile. Dividido nas formações Toquepala, Ignonoya,
Paralaque e Quellaveco, apresenta uma sequência complexa de derrames, brechas de
fluxo e piroclásticos dacíticos, andesíticos e riolíticos. As rochas vulcânicas, conhecidas
como Vulcanito Quellaveco, têm 12 km de largura. A espessura média desta sequência
vulcânica é de quase 2000 m.
Geologia Local
O Grupo Toquepala, conforme descrito por Bellido (1963), é um conjunto de rochas
vulcânicas com intercalações de clásticos grosseiros que se estende ao longo da margem
andina, desde o Cerro da Caldera (Arequipa) até a fronteira com o Chile. Este grupo é
representativo na área de estudo, com unidades superiores presentes nas minas de
Toquepala, Cuajone e Quellaveco.
Divisão do Grupo Toquepala:
Richard & Courtright (1958) e Lacy (1958) dividiram o Grupo Toquepala em várias
formações distintas: Formações Toquepala, Ignonoya, Paralaque e Quellaveco.
Formação Toquepala:
Na base do grupo, encontramos a Formação Toquepala, caracterizada por uma
sequência de derrames, brechas de fluxo e piroclásticos de composição dacítica,
andesítica e riolítica.
Esta formação é discordantemente sobreposta pelos conglomerados e arenitos da
Formação Ignonoya.
Formação Paralaque:
Logo após a Formação Ignonoya, encontramos a sequência de derrames de dacitos,
andesitos e piroclásticos conglomeríticos do Vulcanico Paralaque, com
aproximadamente 2000 m de espessura.
Vulcânico Quellaveco:
Na porção superior do Grupo Toquepala, há a presença de um conjunto de rochas
vulcânicas denominadas Vulcanito Quellaveco ou Quartzo-Pórfiro de Quellaveco, com
cerca de 12 km de largura.
Sequência Vulcânica:
A sequência vulcânica do Vulcanito Quellaveco é subdividida em várias unidades:
Porfiro Quellaveco, Série Toquepala, Série Alta, Rio lito Yarito e Rio lito Tinajones.
Formação Moquegua:
A Formação Moquegua compreende duas unidades distintas: Inferior e Superior. A
Inferior é composta principalmente por arenitos a arcóseos e tufos, intercalados com
arenitos e argilas, com espessuras médias de 350 m. Apresenta camadas e veios de
gipso. Já a Superior é constituída por arenitos e arenitos conglomeráticos,
secundariamente intercalados a arenitos tufaceos e argilas, atingindo espessura média de
300 m. Estas unidades afloram na margem ocidental do país e norte do Chile,
sobrepondo as minas de Cuajone, Quellaveco e Toquepala. Sua idade é atribuída ao
Mioceno-Plioceno, e a sequência é datada por diferentes métodos.

Rochas Vulcânicas Continentais:


As rochas vulcânicas continentais incluem andesitos, traquitos e traquiandesitos, que
conformam a Cordilheira do Barroso, uma sequência de cones vulcânicos. Ocorrem na
porção nordeste da folha de Moquegua, paralela à margem andina e à costa do Pacífico.
Estas rochas, com características subaéreas, são atribuídas a idades que variam do
Terciário Superior ao Quaternário.
Depósitos Quaternários:
Os depósitos quaternários são representados por morenas aluviais e coluviais de
diferentes composições e tamanhos, encontrados nas cabeceiras dos rios, vales
inclinados e nas proximidades dos cones vulcânicos.
Atividade Vulcânica e Magmatismo:
A atividade vulcânica e o magmatismo na região mostram uma migração ao longo do
tempo. No final do Paleozoico, o magmatismo migrou para o oeste, estabelecendo-se
durante o Mesozoico na Cordilheira Ocidental. Desde então, a atividade vulcânica tem
sido contínua, associada frequentemente ao plutonismo no núcleo do arco vulcânico
marginal.
Batólito da Costa:
O Batólito da Costa é uma intrusão múltipla de quase 1000 plútons interligados,
ocupando o núcleo da Cordilheira Ocidental. Estende-se desde o Equador até o Chile,
com uma extensão total de 2400 km. Dividido em cinco grandes segmentos, tem
litologia similar e sua idade é atribuída ao Eoceno Inferior.
Depósitos de Cuajone:
Os depósitos de Cuajone são caracterizados por corpos intrusivos de composição
diorítica. Estes corpos estão intensamente alterados e são atribuídos a pulsos
magmáticos distintos, com idades variando de 52 a 57 Ma (Eoceno Inferior).
Características dos Depósitos de Cobre Porfirítico:
Os depósitos de cobre porfirítico em Cuajone, Quellaveco e Toquepala compartilham
características geológicas similares, mas variam em termos de mineralização e reservas
de minério. Uma análise comparativa das principais características geológicas,
mineralização e reservas de minério destes depósitos é apresentada na Tabela 2.2.
A partir do processamento digital de imagens multiespectrais Landsat/TM e dos dados
aeromagnéticos, foi possível caracterizar o arcabouço estrutural da área de estudo,
incluindo o controle das jazidas de cobre porfírio de Quellaveco, Cuajone e Toquepala.
Esse controle é exercido por uma estrutura regional conhecida como Sistema de Falhas
Incapuquio-Atacama, ou Zona de Cisalhamento de Incapuquio, que atravessa toda a
região e continua em direção sul, adentrando a região norte do Chile (ver Figura 2.5).

Natureza e Características do Sistema de Falhas:

O Sistema de Falhas Incapuquio-Atacama é uma estrutura transcorrente de caráter


sinistral, com direção geral NNW, paralela à margem ocidental da Cordilheira Andina.
Apresenta zonas de dilatação, ou fraturas de distensão internas, que representam áreas
de fraqueza estrutural.
Essas zonas são consideradas condutos prováveis para a ascensão do magma,
manifestado na forma de corpos porfíricos intrusivos, associados às mineralizações.
Correlação entre Dados Estruturais e Geofísicos:
Uma análise integrada dos dados estruturais da Figura 2.5 com os dados aerogeofísicos
regionais revela uma correlação espacial entre áreas de baixos valores magnéticos e
zonas de alteração hidrotermal identificadas a partir das imagens Landsat-TM.
Observa-se também uma correlação entre as feições estruturais de subsuperfície,
reveladas pela magnetometria, e os lineamentos interpretados a partir das imagens TM
(PC 1).
Impacto nas Jazidas de Cobre Porfírio:
O Sistema de Falhas Incapuquio-Atacama exerce influência direta no controle das
jazidas de cobre porfírio de Quellaveco, Cuajone e Toquepala.
A presença de zonas de fraqueza estrutural ao longo dessa zona favorece a ascensão do
magma e a formação das mineralizações associadas.

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