Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Ecletismo
Victor Crousin:
“Distinguir entre o verdadeiro e o falso nas diferentes doutrinas e, após um processo de depuração e separação pela análise e
dialética, reunir as verdades de cada uma em um todo legítimo para obter uma doutrina melhor e mais ampla”.
(BRASIL, 2009, p.5).
[...] O Ecletismo não se interpreta mais como uma posição de incerteza, mas como um propósito
deliberado de não encerrar-se em nenhuma formulação unilateral, de julgar caso por caso, objetiva e
imparcialmente. (BENÉVOLO apud REIS FILHO, 2004, p.183).
• Estilo Arquitetônico surgido na Europa
• Característico do século XIX
• Sucede o Neoclassicismo (+/-)
• Motivado pela Revolução Industrial e inovações
Tecnológicas
• Sensação negativa da cidade industrial >
Nostalgia pelo passado > Higienização das cidades
• Reforma urbana para reduzir a insalubridade.
• Ex.: Reforma Urbana de Pereira Passos no Rio - 1902
• Chegou ao Brasil através da Capital - Rio de Janeiro
(Corte Portuguesa no Brasil)
• Abertura dos portos
• Estilo modelo nas capitais do país - Estilo inovador do século XIX
• Segundo Luciano Patetta, era considerado pelo modernismo como
um inimigo a ser derrotado
• Estilo renegado por muitos anos, até surgir o interesse em
preservar
• Ressurge o interesse pelo ecletismo > motivação:
- Ampliam-se as discussões sobre a proteção e
restauração do patrimônio histórico edificado
do século XIX;
- Crise do urbanismo do Movimento Moderno
• Apogeu - Decadência
Crise da antiga tradição clássica
Teatro Deodoro
Palácio Floriano Peixoto
Estação Central
Museu Théo Brandão
Seus interiores
... Um “quê” de Clássico, Gótico, Renascentista,
Barroco, Art Nouveau ...
(Neoclássico, Neogótico, Neobarroco)
Imagem: Salão Nobre do Palácio Floriano Peixoto
antes.
Fonte: www.panoramio.com , s.d.
Imagem: Salão Nobre do Palácio Floriano Peixoto
hoje. Fonte: www.panoramio.com
Mobiliário:
No Brasil, ascendência nos estilos Luís
Felipe e Napoleão III
Estilo Luís Felipe (1852-1870)
• Considerado pesado,
• Pede emprestado a todos os séculos,
• Capitonnées, pernas Cabriolet e muitas curvas.
Fonte: antiques.about.com
Cadeira com
Tetê-a-Tetê encosto de Uso do veludo +
palha Passanamarias
“Essa arquitetura, buscando diferenciar-se das construções coloniais, tidas
como ‘ultrapassadas’, utilizava cores em suas fachadas, contrariando a
brancura das casas caiadas , e recebiam, em alguns casos, pinturas
decorativas internas a têmpera, em salas e dormitórios.”
(DONADIO, 2008, p.21).
A Pintura Mural
Pintura:
“Em arquitetura, a côr que se aplica à parede, por vários modos e de várias espécies, para
contemplação decorativa do espaço arquitetônico” (CORONA; LEMOS, 1972, p.375).
Pintura Mural:
- “Pintura mural ou parietal é a pintura executada sobre uma parede, seja
diretamente na sua superfície, como num afresco ou mosaico, ou numa pintura
decorativa ou artística realizada como uma película, e são intimamente ligadas à
arquitetura (...)” (DONADIO, 2008, p.52).
- Cultivada nas civilizações Grega e Romana > restou pouco desse legado > Pompéia e Herculano
- Impulsionadas no século XVIII - Renascimento (Oitocentos) por nomes como Giotto
- No Renascimento ganhou reconhecimento, principalmente, nas obras de Michelângelo
- Foi retomada após o Barroco e o Renascimento, pelo Romantismo do século XIX
- Raízes no Oitocentos (Séc. XVIII) na França e Alemanha
- Em 1870 dissemina-se pela Europa
- Populariza-se no Brasil com a Primeira República
- Tendência na qual arquitetura, pintura e escultura encontravam-se fortemente associadas
- Inicialmente era uma “arte oficial” que virou tendência nos edifícios públicos (principalmente do Rio
de Janeiro)
- Posteriormente tornou-se gosto nas decorações de particulares
- Na República era denominada “Pintura Decorativa”
- Formalmente havia a premissa de que eram concebidas apenas para “decorar o muro/parede”
X
Oposição ao princípio das pinturas ilusionistas dos séculos XVII e XVIII (Barroco) – autonomia,
perda da noção de limites no espaço da pintura
Mas o que era entendido por “Pintura Decorativa” naquele período ?
- Na maioria das vezes foi conceituada apenas considerando-se sua intenção de uso
“(...), ou seja, como toda pintura concebida para tomar o seu lugar definitivo contra uma parede e se substituir a ela –
decorativa e mural são, nessa acepção, adjetivos quase intercambiáveis”. (VALLE, 2010).
- Essa definição abarcava: afrescos, marouflage, pinturas montadas em cavalete e encaixadas em lambris;
Imagem: Afresco
Capela Sistina – A
criação de Adão
Fonte:
http://mv.vatican.va/
3_EN/pages/CSN/CS
N_Storia.html.
• Estêncil Imagem: Processo do Estêncil
nos dias atuais.
- Moldes vazados em papel vegetal Fonte: http://funny-
pictures.picphotos.net/moldes-
- Aplicação da tinta sobre os moldes adesivo-de-parede-natureza-
rvore-flore-e-borboletas-
- Figuras se repetem em um padrão picture/.
- “Certo tipo de pintura, ou de tinta, em que os pigmentos coloridos são dissolvidos em água onde
foi adicionada cola, goma, clara de ôvo, etc.”
(CORONA; LEMOS, 1972, p. 448).
Imagem: Madonna in
trono con Bambino –
Técnica: Têmpera.
Fonte:
http://www.cir.campania.b
eniculturali.it/.
• Trompe L’oeil
- Do francês: enganar os olhos
- Efeitos de perspectiva e sombreamento dão a impressão de tridimensionalidade
Depois
Depois
Imagens: Prédio sede do SEBRAE em Penedo (lote 180 da Rua Barão de Rio Branco). Fonte: Mariana Barbosa, 2014.
Imagens: Pintura artística retratando paisagem e pintura decorativa (lote 180 da Rua Barão de Rio Branco). Fonte: Mariana Barbosa, 2014.
Residência dos Peixoto Galvão
Imagem: Pintura de paisagem, mesclada com falso relevo, marmorização e pintura decorativa, encontradas na residência de Dona Irma – Lote 23. Fonte: Mariana Barbosa,
2014.
Imagem: Pinturas encontradas em um dos aposentos da casa de Dona Irma – Lote 23. Fonte: Celso Brandão, S.d.
Residência dos Lôbo
Imagem: Secretaria de Obras e Infraestrutura (lote 106 da Rua Nilo Peçanha). Fonte: Arquivo IPHAN, 2014.
Sede da Secretaria de Obras e Infraestrutura
(Palácio Episcopal)
Imagem: Antigo Palácio Episcopal(lote 106 da Rua Nilo Peçanha). Fonte: MISA, 1920.
Imagens: Pinturas artísticas na Secretaria de Obras e Infraestrutura (lote 106 da Rua Nilo Peçanha).
Fonte: Mariana Barbosa, 2014.
Círculo Operário
Imagem: Pintura de paisagem do lote 161 da Rua João Pessoa – Detalhe dos elementos Imagem: Pintura de paisagem do lote 161 da Rua João Pessoa – Detalhe do homem sobre um
arquitetônicos. Fonte: Suel Damasceno, S.d. câmelo. Fonte: Suel Damasceno, S.d.
Casa do Patrimônio de Penedo
Atualmente
Bens Móveis Bens Imóveis
Bens Integrados
“Reunindo nesta nova categoria todos aqueles que de tal modo se acham
vinculados à superfície construída - interna ou externa - que dela só podem
ser destacados, com sucesso, mediante esforço planejado e cuidadoso, assim
mesmo deixando em seu lugar a marca da violência sofrida.”
(COSTA, 1992, p. 47, in.: Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados).
Parte do Processo de Tombamento de Penedo
Nenhuma das edificações estudadas possui tombamento individual – que proteja efetivamente as
pinturas enquanto bem integrado ao interior da obra arquitetônica !!!
Referências
• ALBERNAZ, Maria Paula; LIMA,Cecília Modesto. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. São Paulo: ProEditores, 1997-1998.
• ALVES, Fábio Gali; SANTOS, Carlos Alberto Ávila. As decorações murais dos ambientes internos dos prédios Ecléticos de
Pelotas / RS. In.: XXXIV Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2014, Uberlândia.
• ALVES, Fábio Gali. Termos e modos de fazer relacionados ao Estuque denominado Escaiola nos revestimentos de paredes
no século XIX. Monografia (Graduação) – Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro da Universidade Federal de
Pelotas, 2011.
• BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade. 3 ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.
• BRASIL, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Urbanismo. Guia de Arquitetura Eclética no Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.
• BROCOS, Modesto. A Retórica dos Pintores. Rio de Janeiro: TYP. D’Industria do Livro, 1993, p.129.
• BURDEN, Ernest. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. 2 ed. – Porto Alegre: Bookman, 2006.
• CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos. Dicionário da Arquitetura Brasileira. São Paulo: EDART, 1972.
• COSTA, Lygia Martins. Bens Integrados: Conceituação e exemplos. Manual de Preenchumento da Ficha do Inventário
Nacional de Bens Móveis e Integrados. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Departamento
de Identificação e Documentação, 2000.
• DEL BRENNA, Giovana Rosso. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Annateresa (org.); Ecletismo na
Arquitetura Brasileira. São Paulo: Nobel; Edusp, 1987.
• DONADIO, Fábio. Cadernos Oficios – Pintura. Ouro Preto: FAOP, 2008. 72p.
• FERRARE, Josemary; GUIMARÃES, Adriana. Projeto de Restauro do Chalé dos Loureiros. Maceió, 2009.
• GURGEL, Miriam. Projetando Espaços: Design de Interiores. 4.ed. São Paulo: Editora SENAC, 2011
• LEMOS, Carlos A. C. Ecletismo em São Paulo. In. FABRIS, Annateresa (org.); Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São
Paulo: Nobel; Edusp, 1987.
• MASCARENHAS, Alexandre. Ornatos: Restauração e Conservação. Rio de Janeiro: In-Folio, 2008. 108p. (Coleção Artes e
Ofícios)
• NUNES, Marta Regina Pereira. Escaiola versus Marmorino: estudo comparativo na Capela da Santa Casa Eliseu Maciel –
Pelotas, RS / Marta Regina Pereira Nunes; orientadora Rosilena Martins Peres. – Pelotas, 2013. 118f.: il.
• PATETTA, Luciano. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Annateresa (org.); Ecletismo na Arquitetura
Brasileira. São Paulo: Nobel; Edusp, 1987.
• Processo de Tombamento Federal da cidade de Penedo.
• REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro de Arquitetura no Brasil. 10.ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004
• VALLE, Arthur. Relações entre Pintura decorativa e Decoração de Interiores na arte brasileira da Primeira República. In.:
Oitocentos – Arte Brasileira do Império à República – Tomo 2. Rio de Janeiro: EDUR-UFRRJ / Dezenovevinte, 2010.
• http://laurabelem.com.br/ObrasWorks
• http://www.revistaturismoenegocios.com/materia.php?c=38
• http://www.maceio.al.gov.br/turismo/museus/
mariana.abp@hotmail.com
mariana.pereira@iphan.gov.br
Fim