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JUL-DEZ
2020
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Camila Binhardi Natal
2
Marcia Helena Alvim
Resumo
Neste artigo serão desenvolvidas reflexões teóricas acerca das possíveis relações entre a
História Cultural das Ciências e a Divulgação Científica. Para fundamentá-las, serão
discutidos conceitos e noções relativos a historiografia, ciência, cultura e divulgação
científica, a partir de breve revisão bibliográfica. O objetivo do artigo é analisar,
teoricamente, as referidas relações, considerando-se a premissa de que podem contribuir
para a circulação social da cultura científica de modo mais democrático, contextualizado
e significativo. Como resultado, consideramos que a divulgação científica, ao abordar a
ciência devidamente historicizada, eleva ainda mais o seu potencial de contribuir para a
ampliação da consciência reflexiva e crítica da sociedade, que nela dispõe de um
importante instrumento de educação não formal, referente não apenas à educação
científica, mas cidadã.
1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática,
Universidade Federal do ABC, Santo André, São Paulo, Brasil. E-mail: camila.natal@ufabc.edu.br.
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Docente Permanente no Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da
Matemática, Universidade Federal do ABC, Santo André, São Paulo, Brasil. E-mail:
marcia.alvim@ufabc.edu.br.
nº20
JUL-DEZ
2020
Abstract
A historiografia das ciências foi permeada por essa mesma perspectiva até
meados dos anos 1980, quando conheceu uma profunda renovação, comparável à
registrada, nos anos 1930, na História Geral (PESTRE, 1996). A referida renovação é
apresentada pelo autor como a realização de historiadores e sociólogos que recusavam
uma concepção racionalista ou positivista das ciências. O movimento fora semeado,
porém, com décadas de antecedência:
De acordo com Matos (2010, p. 123), a ‘Nova História Cultural’ surgiu nos anos
1980, a partir de uma crise vivida pela terceira geração dos Annales, e assim
denominou-se para diferenciar-se da História Cultural acadêmica, dedicada às
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manifestações oficiais da cultura .
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Neste artigo, adotaremos a expressão ‘História Cultural’, e não a mencionada ‘Nova História Cultural’.
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das Ciências, trata-se de uma das três tradições dominantes na História das Ciências, a
partir dos sciences studies – as outras seriam a tradição historiográfica clássica e a
tradição epistemológica e filosófica, afeitas aos debates internos das ciências (VIEIRA,
2012, p. 267-268).
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Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
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como o mais democrático, uma vez que, de acordo com suas premissas, o cientista deve
dialogar com o público, por meio de fóruns, debates e, atualmente, das novas
tecnologias de informação e comunicação.
A divulgação científica, por sua vez, não veicula apenas conteúdos científicos,
mas sim, cultura científica. Segundo Vogt (2003), a cultura científica contém, em seu
escopo:
Ainda segundo Vogt (2003, p. V), a dinâmica da cultura científica poderia ser
mais bem compreendida se visualizada na forma de uma espiral:
Assim, para que possa contribuir, de fato, para a circulação social da ciência
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Considerações Finais
Ilustração 1: http://agendapesquisa.com.br/wp-content/uploads/2016/02/ciencia.jpg
Ilustração 2: VOGT, Carlos. A espiral da cultura científica. Revista ComCiência,
SBPC/Labjor, n. 45, jul.2003.
Ilustração 3: Elaborada pelas autoras.
Referências bibliográficas
BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução: Sergio Goes de Paula. 2. ed. rev. e
ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
CHIBENI, Silvio Seno. O que é ciência? (texto didático). Campinas: Unicamp, 2001.
Disponível em: http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf. Acesso
em: 13/06/2018.
MATOS, Júlia Silveira. Tendências e debates: da Escola dos Annales à História Nova.
Historiae. Rio Grande: FURG, v. 1 (1), 2010, p. 113-130.
PESTRE, Dominique. Por uma nova história social e cultural das ciências: novas
definições, novos objetos, novas abordagens. Cadernos IG-Unicamp. Campinas:
Unicamp, v.6, n.1, 1996, p. 3-56.