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CREDENCIAMENTO

DO CONCEITO À OPERACIONALIZAÇÃO
NAS COMPRAS PÚBLICAS
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA
LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT

Jair Santana
Prefácio

CREDENCIAMENTO
DO CONCEITO À OPERACIONALIZAÇÃO
NAS COMPRAS PÚBLICAS

Belo Horizonte

2022
© 2022 Editora Fórum Ltda.

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B238c Barbosa, Felipe José Ansaloni

Credenciamento: do conceito à operacionalização nas compras públicas / Felipe


José Ansaloni Barbosa, Leonardo de Oliveira Thebit. - Belo Horizonte : Fórum, 2022.
139p. ; 14,5cm x 21,5cm.
ISBN: 978-65-5518-403-7

1. Direito. 2. Direito Administrativo. 3. Direito Municipal. 4. Direito


Constitucional. 5. Direito Público. I. Thebit, Leonardo de Oliveira. II. Título.

CDD 341.3
2022-1413 CDU 342.9

Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410


Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR 6023:2018 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT):

BARBOSA, Felipe José Ansaloni; THEBIT, Leonardo de Oliveira. Credenciamento: do conceito


à operacionalização nas compras públicas. Belo Horizonte: Fórum, 2022. 139p. ISBN 978-65-
5518-403-7.
Àqueles que trabalham diariamente para construirmos
um País melhor por meio das compras públicas.
Agradeço aos meus pais, José e Andrea, por todo o apoio, carinho
e companheirismo na minha jornada. À minha companheira, Lívia, pela
paciência e por todo o amor, sempre. Aos amigos queridos com quem
divido meu lar, Débora e Gabriel, pelo suporte, pela companhia e pelo
convívio afetuoso e sensível. À equipe da 11E Licitações, pela amizade
e pelo suporte inestimáveis no nosso trabalho. Ao Professor Ricardo
Sontag, por ter me ensinado o significado de ser docente e pesquisador
em uma universidade pública, e por ser um exemplo e inspiração de
excelência profissional e acadêmica.
Leonardo Thebit

Agradeço ao meu pai, Mazinha e Ana, mas, em especial, ao


Murilo, pelos dias de alegria e paciência. Agradeço à seleção da 11E
Licitações, pelo aprendizado e evolução profissional. E agradeço ainda
ao Professor Jair Santana, grande tutor.
Felipe Ansaloni
PREFÁCIO

Antes de qualquer coisa, um registro indispensável.


Foi com satisfação que recebi o convite para prefaciar a obra
escrita pelos doutores Felipe Ansaloni e Leonardo Thebit. Envaidecido
e honrado, tive a oportunidade singular de ser um dos primeiros a ler
o que ora é dado ao público.
O ato de suprir determinadas demandas envolve – é intuitivo
imaginar – um extenso ciclo e uma grandiosa série de providências que
objetivam conectar o mercado (mais especificamente o produto, o bem,
o material, o serviço, o artefato, etc.) ao consumidor, que é o detentor
(real e final) da demanda.
Assim visto o fenômeno de suprir demandas, pode parecer ao leigo
algo muito simples e ligado tão somente à produção e à logística, cujos
estudos são relativamente recentes no mundo.
Ocorre que a questão se potencializa sobremodo se o confronto
entre demandar e suprir envolver atores e protagonistas adjetivados de
“público ou governamental”.
Se o simples SCM (Supply Chain Management) já se assemelha ao
cosmo em termos de complexidade, como então resumir as atividades
que ele contempla quando adjetivamos os suprimentos de “públicos”
(Supply Chain Management in Public Sector Procurement)?
Suprir demandas governamentais sempre despertará imenso
fascínio em todas as partes do planeta, porque (todos sabemos) o poder
público – de regra – é um gigante em suas demandas, e estas (quase
sempre se esquecem disso) pertencem aos cidadãos, pessoas que ao
fim de tudo são os que patrocinam todo o aparato que for envolvido
nessas relações.
Mas as demandas governamentais – não importa de que natureza
e essência sejam – estão sempre oprimidas pelos fatores “tempo”,
“qualidade” e “valor”, e os respectivos suprimentos são embalados
por inúmeras funções, a depender da regulação normativa a que se
submetam.
Fato é que há diversos métodos de suprimentos governamentais em
nossa ordem legal (e agora já me refiro ao sistema do Direito positivo
vigente no Brasil). E – de minha parte – provavelmente não me cansarei
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
14 CREDENCIAMENTO

de reclamar pela adoção de visão que homenageie o todo1, em detrimento


de abordagens monoculares e reducionistas que desservem àquilo que
realmente importa quando o tema central é suprimento governamental.
O credenciamento, se visto enquanto instituto auxiliar ou ferra-
menta para os suprimentos públicos, é uma realidade virtuosa em nosso
marco regulatório. Pouco explorada, é certo, se considerarmos as suas
grandes potencialidades.
Os autores pátrios pouco ou quase nada se dedicam ao enfren-
tamento desse tema. E nisso eu também me penitencio, ciente de tudo
(ou quase tudo) o que o credenciamento possui para auxiliar nas compras
governamentais.
Ansaloni e Thebit, de maneira pioneira e inovadora, produziram
a presente obra para esmiuçar o tema credenciamento, assunto que agora
é fruto de recepção normativa expressa (pela Lei nº 14.133, de 1º de abril
de 2021, a denominada Nova Lei de Licitações).
O credenciamento não é novidade, como sabemos todos; mas
sobre tal instituto havia significativa opacidade. Com a Nova Lei de
Licitações, o estudo dos autores Ansaloni e Thebit traz grande conforto
ao Setor e, o que mais importa, é poder descortinar as potenciais
possibilidades práticas do credenciamento para as situações às quais
ele se destina.
Como a “demanda é o problema” e “o suprimento é a solução”
(frase que não cansamos de repetir), a inteligência do negócio está
exatamente em utilizar o ferramental correto para que “o problema
seja solucionado” da melhor maneira possível.
Em tempos de dificuldades cada vez maiores de utilização dos
denominados métodos tradicionais de suprimentos públicos, o credenciamento
(como fênix2) reaparece com todo o seu esplendor.
Excelente o momento em que a obra vem ao público. Ela faz todos
os recortes necessários para delimitar o estudo central, de modo que o
leitor não incorra no vitando equívoco de confundir o credenciamento
com institutos afins.
E – é óbvio – uma vez que haja identificação da demanda (com
a sua instrumentalização), surge o credenciamento para dar cabo do
suprimento correlato, nos casos possíveis.

1
XVII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración
Pública. Pensamentos linear‐cartesiano, sistêmico e complexo aplicados à governança pública: as
aquisições governamentais. 2012. (Congresso).
2
Faço alusão ao pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em autocombustão
e, depois algum tempo, ressurgia das próprias cinzas.
PREFÁCIO 15

Certo é que os autores não se esqueceram de recolher toda a


evolução do credenciamento ou tampouco deixaram de lançar notas
acerca do tratamento jurisprudencial da matéria.
A leitura da obra de Ansaloni e Thebit é, por isso, indispensável
a todos que transitam no Setor dos Suprimentos Públicos, já que eles
deixam ensinamentos tanto sobre a teoria quanto à prática.

Novembro/2021.

Jair Santana
Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Advogado, parecerista
e professor. Presta consultoria e assessoramento técnico
para entidades públicas e privadas. Conferencista e
palestrante atuante em todos os Estados brasileiros e no
Exterior, sempre tratando de temas ligados ao Direito
Público e à Governança.
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O crescimento das demandas sociais e a busca por um Estado cada


vez menor traz aos administradores públicos um desafio: a efetivação de
garantias constitucionais e a prestação de serviços públicos de qualidade
à população da forma mais eficiente possível. Sendo já reconhecidas as
grandes dificuldades relacionadas à centralização na figura do Estado
de todos os serviços essenciais para a manutenção salutar da sociedade
civil, é cada vez mais comum a delegação de serviços públicos a entes
particulares por meio das contratações públicas.
Nesse contexto, as compras públicas tornam-se um dos principais
espaços onde as escolhas do gestor público repercutem na realidade
social, sendo instrumento para a efetivação dos interesses públicos. A
atuação do gestor, contudo, deve ser desenvolvida em consonância
aos princípios e diretrizes constitucionais e infraconstitucionais, em
fiel obediência à lei. Trata-se do conhecido princípio da legalidade1.
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Melo:

[...] ao contrário dos particulares, os quais podem fazer tudo o que a lei
não proíbe, a Administração só pode fazer o que a lei antecipadamente
autorize. Donde, administrar é prover aos interesses públicos, assim
caracterizados em lei, fazendo-o na conformidade dos meios e formas
nela estabelecidos ou particularizados segundo suas disposições.
Segue-se que a atividade administrativa consiste na produção de decisões

1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Princípio da legalidade. Enciclopédia jurídica da PUC-SP.
Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coord.).
Tomo: Direito Administrativo e Constitucional. Vidal Serrano Nunes Jr., Maurício Zockun,
Carolina Zancaner Zockun, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.
pucsp.br/verbete/86/edicao-1/principio-da-legalidade. Acesso em: 30 mar. 2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
18 CREDENCIAMENTO

e comportamentos que, na formação escalonada do Direito, agregam


níveis maiores de concreção ao que já se contém abstratamente nas leis2.

A obediência ao princípio da legalidade é uma baliza de todo


Estado Democrático de Direito, cumprindo função central na garantia
e defesa das liberdades individuais. Em matéria de compras públicas,
porém, por vezes a realização de uma licitação pode resultar em um
procedimento moroso, ineficiente e que aumenta o ônus a cargo da
Administração Pública. Nesse sentido, é papel principal do administrador
público a escolha, dentre os instrumentos lícitos de contratação (dispensa,
inexigibilidade, adesão a atas de registro de preços, credenciamento
etc.), daqueles institutos que maximizem e potencializam os interesses
da Administração Pública com seus gastos, e minimizem os riscos.
Assim, cada vez mais observa-se o surgimento de novas estratégias
e modelagens de contratações, com práticas de gestão modernas e mais
adequadas aos desafios de um mercado em constante evolução, sempre
em fiel observância ao regime jurídico administrativo.
Nesse diapasão, uma das respostas encontradas na realidade
prática da Administração Pública tem sido o emprego do credencia-
mento como ferramenta para se alcançar maior eficiência, celeridade
e praticidade na efetivação das compras públicas. Oferecendo maior
facilidade e menores custos à celebração de contratos públicos, e
conferindo escalabilidade e amplitude de oferta à prestação de serviços
públicos essenciais, o credenciamento apresenta-se hoje como uma
resposta moderna e apta a atender às demandas de objetos inovadores
na solução de problemas enfrentados pela sociedade.
Por ser um método de contratação mais flexível, simples e
arrojado, o credenciamento vem ocupando um espaço cada vez maior
na atuação dos gestores públicos, possibilitando o compartilhamento
de riscos com os particulares, a implementação de projetos inovadores
e, até mesmo, revolucionários, a custos relativamente reduzidos.
Jorge Ulisses Jacoby Fernandes afirma que, embora tratado de
forma superficial na Lei Federal nº 8.666/93, o instituto do credencia-
mento é, na prática, “[...] uma solução para grandes problemas nos quais
a licitação se mostra inadequada”3. Contudo, o administrador hoje se
depara com um problema: dentro de um regime de direito público,

2
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo:
Malheiros, 2015. p. 108.
3
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação direta sem licitação. 8. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2009. p. 540.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
19

norteado pelos princípios da legalidade e da isonomia, a figura do


credenciamento carece de satisfatória previsão e regulamentação legal,
gerando um quadro de grande insegurança jurídica a respeito de sua
licitude nos casos práticos.
Na ausência de regime jurídico bem definido, surgem muitas
dúvidas: quando é possível contratar mediante o credenciamento? Quais
requisitos essenciais devem ser observados para que o credenciamento
não contenha vícios e ilicitudes? Dúvidas cujas respostas podem
representar a diferença entre uma compra pública que atende ou não
atende aos princípios basilares do Direito Administrativo.
Essas são algumas das questões, demandas e desafios que a
presente obra se propõe a enfrentar. Na busca por uma Máquina
Pública mais eficaz, sanar os problemas da insegurança jurídica
relacionados ao credenciamento é essencial para a modernização das
compras públicas. Neste trabalho, discutiremos com profundidade
problemáticas relacionadas ao princípio da isonomia, da legalidade e
à ausência de regulamentação suficiente do referido instituto, inclusive
na recém-aprovada Lei Federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021, Nova
Lei de Licitações e Contratos.
Com o objeto de fornecer ao operador de licitações e contratos
públicos um guia de boas práticas no credenciamento, trataremos de
delinear, passo a passo, como operacionalizar um credenciamento,
qual seu substrato legal, quais as dificuldades comuns encontradas
no cotidiano da gestão pública e como se precaver em relação à dita
insegurança jurídica.
Como um manual, o enfoque da redação será essencialmente
prático, partindo sempre de demandas presentes hoje na realidade da
Administração e fazendo extenso uso de exemplos e análise de casos
reais na abordagem dos tópicos. Será fornecido material de cunho
jurisprudencial, reunindo de forma simples e objetiva em uma só fonte
as principais decisões de cortes superiores a respeito do credenciamento.
Para isso, o credenciamento será abordado, primeiramente, a
partir de dois enfoques: teórico-doutrinário e jurisprudencial, a fim
de esclarecer as raízes e fundamentos do instituto. Após isso, faremos
um estudo minucioso das especificidades do instituto em três regimes
jurídicos diversos, a partir de estudos de casos: 1) o quadro geral das
contratações públicas, fornecido pela Lei Federal nº 8.666/93 e pela Lei
Federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021 (Nova Lei de Licitações); 2) no
âmbito da Lei Federal nº 13.303/2016, que trata do estatuto jurídico da
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
20 CREDENCIAMENTO

(Lei das Estatais); e 3) dentro do chamado Sistema S, conjunto de nove


instituições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas
pela Constituição, onde o credenciamento sujeita-se a regulamentos
específicos a cada serviço social. Além disso, serão estudados outros
normativos de credenciamento de relevância atual, como leis estaduais,
decretos estaduais e regulamentos de estatais e entidades do Sistema S.
CAPÍTULO 2

CONCEITO

As contratações da Administração Pública com terceiros sujei-


tam-se ao dever de realizar licitação, imposto na forma do art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal de 1988. É com base na referida
previsão Constitucional que a Lei Federal nº 8.666/93 institui as normas
para licitações e contratos da Administração Pública, bem como traz
algumas hipóteses excepcionais em que o procedimento licitatório não
é necessário. São elas: a licitação dispensada, dispensável e inexigível.
As licitações dispensadas se referem àquelas relativas à alienação
de bens móveis e imóveis da União (hipóteses previstas nos incisos I e
II do art. 17 da Lei Federal nº 8.666/93). As licitações dispensáveis são
casos em que o procedimento licitatório é possível, mas não necessário,
e são regulamentadas pelo art. 24 da referida lei. Por último, chegamos
aos casos de licitação inexigível, que se configuram em hipótese de
inviabilidade de competição, segundo redação do art. 25 do referido
diploma:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de com-


petição, em especial:
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam
ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial
exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação
de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de
registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta
Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
e divulgação;
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
22 CREDENCIAMENTO

III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico,


diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado
pela crítica especializada ou pela opinião pública.
§1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa
cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se
comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano
causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e
o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais
cabíveis.

Da análise do caput do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, é possível


retirar uma conclusão de grande utilidade para o gestor público: a
locução “em especial” ao fim da redação do caput inequivocamente torna
o rol dos incisos do artigo meramente exemplificativo. É uma distinção
fundamental, uma vez que, se fosse um rol taxativo, a Administração
Pública, por força do princípio da legalidade, ficaria restrita única e
exclusivamente às hipóteses previstas e descritas nesse dispositivo legal.
É precisamente a partir dessa conclusão que, apoiando-se em
cuidadosas construções doutrinárias, a inexigibilidade de licitação
prevista no art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93 se torna aplicável a outras
situações encontradas no cotidiano das contratações públicas e não
previstas expressamente no rol elencado pelo referido dispositivo
legal. Garante-se, portanto, maior flexibilidade sem quebra dos deveres
vinculados ao princípio da legalidade, e é nesse contexto que surge o
nosso objeto de estudo: o credenciamento.
Importante ressaltar a diferença conceitual entre uma licitação
inexigível e uma licitação dispensada. A dispensa de licitação é sempre
precedida de expressa autorização legal, ao passo que a inexigibilidade
de licitação advém de um quadro fático, um conjunto de circunstâncias
do caso prático que impossibilita a competição no certame licitatório4.
Feita a ressalva, passemos ao conceito de credenciamento.
Presentemente, o credenciamento é objeto de esparsa regulamen-
tação em nível federal. A Instrução Normativa nº 5, de 26 de maio de
2016, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que

4
NIEBUHR, Joel de Menezes. Dispensa e inexigibilidade de licitação pública. 2. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2008. p. 388-369.
CAPÍTULO 2
CONCEITO
23

regulamenta o procedimento de contratação de serviços sob o regime


de execução indireta no âmbito da Administração Pública federal
direta, autárquica e fundacional, apresenta um conceito próprio de
credenciamento nos seguintes termos:

ANEXO I
DEFINIÇÕES
(...)
IV – CREDENCIAMENTO: ato administrativo de chamamento público
destinado à pré-qualificação de todos os interessados que preencham
os requisitos previamente determinados no ato convocatório, visando
futura contratação, pelo preço definido pela Administração.

Ademais, a IN supracitada um regulamento simplificado para


o instituto, no item 3 de seu Anexo VII-B:

3. Do credenciamento:

3.1. Para a contratação de prestação de serviços, os órgãos e entidades


poderão utilizar o sistema de credenciamento, desde que atendidas às
seguintes diretrizes:
a) justificar a inviabilidade de competição pela natureza da contratação
do serviço a ser prestado;
b) comprovar que o interesse da Administração será melhor atendido
mediante a contratação de um maior número de prestadores de serviço;
c) promover o chamamento público por meio do ato convocatório
que definirá o objeto a ser executado, os requisitos de habilitação, as
especificações técnicas indispensáveis, a fixação previa de preços e os
critérios para convocação dos credenciados;
d) garantir a igualdade de condições entre todos os interessados hábeis
a contratar com a Administração, pelo preço por ela definido;
e) contratar todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as condições
fixadas pela Administração.

3.2. O Sistema de Credenciamento ficará aberto pelo prazo estipulado


no ato convocatório, renováveis por iguais e sucessivos períodos, para
inscrição de novos interessados, desde que atendam aos requisitos do
chamamento.

Assim, o credenciamento é um processo administrativo por


meio do qual se viabiliza a contratação dos interessados em prestar
determinados tipos de serviços ou fornecer bens para a Administração
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
24 CREDENCIAMENTO

Pública, conforme regra de habilitação e de remuneração previamente


definidas em edital de chamamento público.

2.1 O Credenciamento na doutrina e na Nova Lei de


Licitações
Segundo a melhor doutrina, o credenciamento pode ser entendido
como a permissão de execução de serviços para complementar a
prestação insuficiente de serviços públicos, ou suplementar aqueles
ainda inexistentes, apresentando as características de unilateralidade,
discricionariedade vinculada e precariedade na sua formatação5. Luciano
Ferraz apresenta a seguinte definição de credenciamento:

O processo administrativo pelo qual a Administração convoca interes-


sados para, segundo condições previamente definidas e divulgadas,
credenciarem-se como prestadores de serviços ou beneficiários de
um negócio futuro a ser ofertado, quando a pluralidade de serviços
prestados for indispensável à adequada satisfação do interesse coletivo
ou, ainda, quando a quantidade de potenciais interessados for superior
à do objeto a ser ofertado e por razões de interesse público a licitação
não for recomendada6.

Dallari, um dos primeiros autores a debater o tema, descreve-o


como “uma outorga ou atribuição. O credenciado recebe do Poder
Público uma qualificação, uma situação jurídica ou uma prerrogativa
que sem isso não lhe assistiria. O resultado do credenciamento é um
acréscimo; o enriquecimento do patrimônio jurídico de alguém, pessoa
física ou jurídica”7, sendo tal prerrogativa atribuída ao outorgado a
habilitação para o desempenho de um serviço para a Administração
Pública. Importante ressaltar que possui sempre caráter oneroso.
Na Nova Lei de Licitações, o credenciamento é definido no
art. 6º, XLIII, como o “[...] processo administrativo de chamamento

5
FRANÇA, Ludimila de Oliveira. O Sistema de Credenciamento no âmbito da Administração
Pública como hipótese de inexigibilidade de licitação: Ausência de previsão expressa, Aplicação da
Lei 8.666/93 e Implicações práticas nas contratações. Artigo Científico apresentado à Escola
da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, como exigência para obtenção do título de
Pós-Graduação. Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
6
FERRAZ, Luciano. Licitações, estudos e práticas. 2. ed. Rio de Janeiro: Esplanada, 2002.
7
DALLARI, Adilson Abreu. Credenciamento. Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador,
Instituto de Direito Público da Bahia, n. 5, p. 14, jan./mar. 2006. Disponível em: http://www.
direitodoestado.com.br. Acesso em: 10 out. 2014.
CAPÍTULO 2
CONCEITO
25

público em que a Administração Pública convoca interessados em


prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos
necessários, credenciem-se no órgão ou na entidade para executar o
objeto quando convocados”.
O recente conceito trazido pela norma alinha-se à doutrina aqui
analisada e fornece um novo quadro legal para a aplicação do instituto.
A nova legislação não apresenta, porém, descrição pormenorizada do
funcionamento e requisitos legais do instituto, deixando seu detalha-
mento em aberto, a ser realizado em regulamento futuro8.
O credenciamento pressupõe, portanto, uma pluralidade de
interessados, a impossibilidade de se definir o número exato de
contratados necessários e a contratação de todos aqueles que cumprirem
os requisitos para atender ao objeto pretendido na contratação. Esse
conjunto de fatores cria um quadro de impossibilidade ou inviabilidade
de competição. Tendo-se que a competitividade é um dos elementos
indispensáveis para a observância ao dever de licitar e em obediência
ao mencionado caput do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, chega-se à
conclusão de que o substrato legal para a prática do credenciamento é
justamente a inexigibilidade de licitação.
Segundo Marçal Justen Filho:

Nas hipóteses em que não se verifica a excludência entre as contratações


públicas, a solução será o credenciamento. A Administração deverá
editar um ato de cunho regulamentar, fundado no reconhecimento da
ausência de excludência de contratação de um número indeterminado
de particulares para atendimento a certas necessidades, no qual serão
estabelecidas as condições, os requisitos e os limites não apenas para as
futuras contratações como também para que os particulares obtenham o
credenciamento – ato formal por meio do qual o particular é reconhecido
como em condições de contratação9.

Contudo, com a Nova Lei de Licitações, o enquadramento legal


do credenciamento será o art. 79 da Lei Federal nº 14.133/2021, que
estudaremos adiante.

8
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses de contratação:
(...)
Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão definidos em regulamento
[...]
9
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 15. ed. São
Paulo: Dialética, 2008.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
26 CREDENCIAMENTO

2.2 Substrato fático


A situação fática que dá cabo à prática do credenciamento é a
contratação na qual inexistem razões para que a Administração Pública
restrinja o número de contratados, uma vez que mais participantes
credenciados ensejam maior eficiência e eficácia para o alcance do
objeto sem maiores ônus para a Administração. Exemplos comuns na
prática administrativa são o credenciamento de laboratórios para a
realização de exames de saúde para a população e o credenciamento de
clínicas para realização de exames psicotécnicos pelos Departamentos
Estaduais de Trânsito.
Atualmente, o credenciamento é um mecanismo usado para
suplementar a estrutura básica de serviços públicos essenciais, confe-
rindo-os escalabilidade, ampliando sua oferta e promovendo maior
padrão de qualidade em sua prestação, com foco no interesse público
relativo ao objeto da contratação.
Como diferenciação temática, é possível dizer que o creden-
ciamento pode atender 2 (duas) categorias diversas de tomador de
serviços: o tomador externo, cidadão da sociedade civil, ou o tomador
interno, ente integrante da administração pública. Quando o tomador é
externo, a contratação pública tem como objetivo encontrar particulares
que prestem, com autorização estatal, serviços de natureza pública à
população. Neste caso, os credenciados ofertam em pé de igualdade
seus serviços para a coletividade, ficando à escolha do cidadão seu
fornecedor de preferência. A título de exemplo, pode-se citar os comuns
editais de credenciamento de laboratórios para a realização de exames
clínicos e demais serviços para os municípios.
Na segunda hipótese, o objeto da contratação se resume em
serviços cujo tomador é o próprio ente público, ficando, portanto, a
escolha do prestador a cargo da Administração, respeitados os critérios
estabelecidos no instrumento convocatório. Como exemplo, vale registrar
os processos de credenciamento de tradutores juramentados para
atender às demandas internas de órgãos dos Tribunais, como o Edital
de Credenciamento nº 1, de 2020 do Tribunal de Contas da União, que
estudaremos a seguir.
Em ambas as hipóteses estão presentes requisitos e cuidados a
serem observados para que a contratação pública esteja de acordo com
os princípios da Isonomia e Impessoalidade.
CAPÍTULO 2
CONCEITO
27

2.3 O credenciamento na jurisprudência e pareceres


Dada a carência de regulamentação normativa federal mais
detalhada, as decisões dos Tribunais de Contas ganham enorme
relevância no estabelecimento de critérios e requisitos para o creden-
ciamento. Nesse sentido, é de especial relevo a decisão contida no
Acórdão nº 351/2010 do Tribunal de Contas da União, em que houve a
admissão expressa do credenciamento como hipótese de inexigibilidade
de licitação. Na ocasião, decidiu-se que

[...] embora não esteja previsto nos incisos do art. 25 da Lei nº 8.666/1993,
o credenciamento tem sido admitido pela doutrina e pela jurisprudência
como hipótese de inexigibilidade inserida no caput do referido dispositivo
legal, porquanto a inviabilidade de competição configura-se pelo fato de
a Administração dispor-se a contratar todos os que tiverem interesse e
que satisfaçam as condições por ela estabelecidas, não havendo, portanto,
relação de exclusão10.

No Boletim de Jurisprudência nº 067 (Sessões 9 e 10 de dezembro


de 2014) do TCU, a referência ao Acórdão 3567/2014 – Plenário identificou
o credenciamento como “hipótese de inviabilidade de competição
não expressamente mencionada no art. 25 da Lei Federal 8.666/93
(cujos incisos são meramente exemplificativos)”, informando ainda
que “Adota-se o credenciamento quando a Administração tem por
objetivo dispor da maior rede possível de prestadores de serviços.
Nessa situação, a inviabilidade de competição não decorre da ausência
de possibilidade de competição, mas sim da ausência de interesse da
Administração em restringir o número de contratados”11, oferecendo,
portanto, leitura semelhante à aqui apresentada no que diz respeito
aos substratos legal e fático do instituto.
A Advocacia-Geral da União, no Parecer nº 07/2013/CPLC/
DEPCONSU/PGF/AGU, define o instituto como “[...] um conjunto de
procedimentos por meio dos quais a Administração credencia, mediante

10
BRASIL, Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 351/2010, TC- 029.112/2009-
9. Plenário. Relator: Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, Sessão de 03/03/2010.
Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/*/
NUMACORDAO%253A351%2520ANOACORDAO%253A2010/DTRELEVANCIA%
2520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520. Acesso em: 30 abr. 2021.
11
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 3567/2014. Plenário. Relator: Ministro
José Múcio Monteiro. Sessão de 09/12//2014. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.
br/#/redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-1328478%22. Acesso em:
14 out. 2020.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
28 CREDENCIAMENTO

edital, todos os prestadores aptos e interessados em realizar determinado


objeto, quando o interesse público for melhor atendido com a contratação
do maior número possível de prestadores simultâneos”12, entendendo ser
seu enquadramento legal uma hipótese de inexigibilidade de licitação13.
No parecer, encontram-se, ainda, 10 diretrizes a serem seguidas na
prática do credenciamento:

a. Haja possibilidade de contratação de quaisquer dos interessados que


satisfaçam às condições exigidas
b. O preço de mercado seja razoavelmente uniforme e que a fixação
prévia de valores seja mais vantajosa para a Administração, devendo
ficar demonstrada nos autos a vantagem ou igualdade dos valores
definidos em relação aos preços de mercado.
c. Seja dada ampla divulgação, mediante aviso publicado no Diário
Oficial da União e em jornal de grande circulação local, sem prejuízo do
uso adicional de outros meios que se revelem mais adequados ao caso.
d. Sejam fixados os critérios e exigências mínimas para que os interessados
possam credenciar-se.
e. Seja fixada, de forma criteriosa, a tabela de preços que remunerará
os diversos itens de serviços.
f. Sejam estabelecidas as hipóteses de descredenciamento.
g. Seja prevista a possibilidade de denúncia do ajuste, a qualquer
tempo, pelo credenciado, bastando notificar a Administração, com a
antecedência fixada no termo.
h. A possibilidade de credenciar-se fique aberta durante todo o período
em que a Administração precisar dos serviços, conforme fixado em
Edital, cuja minuta deve ser analisada pela respectiva assessoria jurídica.
i. A possibilidade de os usuários ou administrados denunciarem qualquer
irregularidade verificada na prestação de serviços.
j. Sejam fixados critérios objetivos de distribuição da demanda, por
exemplo, sorteio público, excluindo-se os sorteados anteriormente,
escolha pelo próprio usuário interessado, etc.14

Em decisão recente, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná


conceituou o credenciamento nos seguintes termos:

12
BRASIL. Advocacia-Geral da União. Parecer nº 07/2013/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU.
Disponível em: https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/procuradoria-geral-federal-1/
arquivos/PARECERN072013CPLCDEPCONSUPGFAGU.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021. p. 4.
13
Ibid., p. 7.
14
Ibid., p. 6.
CAPÍTULO 2
CONCEITO
29

Com base no acima exposto, autorizado se encontra o ingresso nos


elementos básicos do credenciamento – figura central da consulta
em apreço –, o qual, por traduzir inviabilidade de competição entre
interessados diversos, deve ser compreendido como uma hipótese de
inexigibilidade de licitação, e, na ânsia de melhor conceituá-lo, tomo
a liberdade de transcrever o que prevê o artigo 6º, inciso XLIII, da Lei
nº 14.133/21, cujo conteúdo aponta para um processo administrativo
de chamamento público em que a Administração Pública convoca
interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos
os requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para
executar o objeto quando convocados.
(…)
Dito isso, vislumbra-se que o credenciamento integra o ordenamento
jurídico como hipótese típica de inexigibilidade, em situações em que
a Administração tem por objetivo dispor da maior rede possível de
prestadores de serviços. Nessa situação, a inviabilidade de competição
não decorre da ausência de possibilidade de competição, mas sim da
ausência de interesse da Administração em restringir o número de
contratados15.

Na mesma ocasião, decidiu pela possibilidade de terceirização de


mão de obra por meio de chamamento público para o credenciamento.
Respondeu-se, ainda, às seguintes indagações de consulta formulada
pelo Município de Nova Tebas:

(a) Há a possibilidade de contratação dos serviços de operador de


máquinas leves e pesadas através de credenciamento/chamamento
público, adotando como critérios mínimos de contratação, tais como
experiência profissional e capacitação técnica?
Sim, desde que observados os preceitos legais, jurisprudenciais e
doutrinários condizentes com a hipótese de inexigibilidade denomi-
nada credenciamento , devendo os critérios mínimos de qualificação
técnica serem exigidos apenas no limite necessário para resguardar
pleno atendimento ao interesse público almejado, de modo a prio-
rizar inteiramente os princípios da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público,
da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da
vinculação ao edital, do julgamento objetivo , da segurança jurídica, da

15
PARANÁ. Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Acórdão 1605/2021 do Tribunal Pleno.
Tribunal Pleno, Relator: José Durval Mattos do Amaral; Sessão de 05/07/2021. Disponível
em: https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2021/7/pdf/00358229.pdf. Acesso em: 25 ago.
2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
30 CREDENCIAMENTO

razoabilidade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade


e do desenvolvimento nacional sustentável.
(...)
Em resumo, deve a administração limitar suas contratações à satisfação
de necessidades existentes num determinado período de tempo,
dependendo a sua concretização do preenchimento de pressupostos
mínimos pelos interessados, mostrando-se fundamental, para pleno
atingimento dos objetivos, a delimitação prévia de condições mínimas
de cadastramento que lhe assegure a obtenção de prestação dotadas da
qualidade adequada.
(b) Se a resposta for afirmativa, o edital poderia prever a possibilidade
de contratação de pessoas físicas e jurídicas para prestar esses serviços?
O caso concreto deverá guiar o gestor, dentro de necessidade adminis-
trativa proeminente, a determinar-se pela contratação de pessoa física
ou jurídica, não existindo vedação legal específica, tendo, inclusive,
esta C. Corte autorizado a terceirização dos serviços de operador de
máquinas leves e pesadas, sem especificação quanto ao direcionamento
a pessoas físicas ou jurídicas.
(c) Qual seria a metodologia correta na formação do preço? A utilização
conforme preceitua a instrução normativa, utilizando- se de todos os
meios disponíveis para obtenção de cesta de preços, com a inclusão do
cômputo dos custos com um servidor efetivo para o cargo? Ou somente
com base no custo do servidor para o município?
No credenciamento, ainda dentro do que vem bem colocado por Marçal
Justen Filho, prevalecem os mecanismos da lei da oferta e da procura
próprios do mercado, o que me leva a concluir que a respectiva formação
do preço deve tomar por base o valor de mercado para o tipo de objeto
contratado, geralmente considerado, para os serviços mencionados na
presente consulta, na proporção valor/hora.
Acerca do tema, ressalto que este Tribunal já fixou diretrizes para a
metodologia ora indagada, sendo devidamente abordada em consulta
respondida com força normativa, consubstanciada no v. Acórdão
1108/20-STP.
CAPÍTULO 3

DIFERENÇAS ENTRE O
CREDENCIAMENTO E OUTROS
PROCEDIMENTOS AUXILIARES
DAS LICITAÇÕES

Importante destacar que na Nova Lei de Licitações, o credencia-


mento está inserido em uma categoria jurídica própria: os Procedimentos
Auxiliares das Licitações. Esse posicionamento é extremamente salutar,
pois fortalece e confere ao instituto do credenciamento um imprescin-
dível substrato legal claro e coerente.
Isto posto, é importante diferenciar o credenciamento dos
demais procedimentos auxiliares16 das contratações públicas previstos
na Nova Lei que, em primeiro momento, aparentam ter semelhanças,
embora essencialmente diversos: a Pré-qualificação, o Procedimento de
Manifestação de Interesse, o Sistema de Registro de Preços e o Registro
Cadastral.

3.1 Pré-qualificação
A pré-qualificação encontra respaldo no artigo 114 da Lei Federal
nº 8.666/93, nos artigos 63 e 64 da Lei Federal nº 13.303/16 – Lei das
Estatais (pré-qualificação permanente), e artigo 80 da Nova Lei de
Licitações. Na realidade, não configura uma forma de contratação
pública, mas sim uma fase anterior ao procedimento licitatório. A
pré-qualificação consiste em uma identificação prévia de possíveis

16
O art. 78 da Nova Lei de Licitações define como procedimentos auxiliares das contratações
públicas: I – credenciamento; II – pré-qualificação; III – procedimento de manifestação de
interesse; IV – sistema de registro de preços; V – registro cadastral.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
32 CREDENCIAMENTO

fornecedores habilitados para os objetos licitáveis e, no caso de contratos


cujo objeto compreenda o fornecimento de bens à Administração, a
identificação prévia de objetos que atendam às exigências técnicas
relativas à eventual contratação.
Assim, em muito se difere do credenciamento, pois não é um
procedimento cujo objeto visa concluir uma contratação pública, mas
sim um ato administrativo declaratório do preenchimento de requisitos
determinados de qualificação técnica, visando auxiliar as atividades
decisórias no âmbito de um número indeterminado de licitações e
contratações administrativas17.

3.2 Procedimento de Manifestação de Interesse


O Procedimento de Manifestação de Interesse objetiva estabelecer
uma relação colaborativa entre a Administração Pública e particulares
dotados de expertise que possam contribuir para questões de relevância
pública. Está previsto no art. 81 da Nova Lei de Licitações, e consiste
em uma solicitação, por parte da Administração à iniciativa privada,
da realização de estudos, investigações, levantamentos, projetos que
possam ser úteis ao Poder Público.
O instituto é oriundo da lei das PPPs (Lei Federal nº 11.079, de 30
de dezembro de 2004), e veio a ser regulamentado em âmbito federal
pelo Decreto nº 8.428/2015. Posteriormente, foi incluído na Lei das
Estatais (Lei Federal nº 13.303/2016) em seu artigo 31.

3.3 Sistema de Registro de Preços


O Sistema de Registro de Preços (SRP) está previsto no art. 15
da Lei Federal nº 8.666/93 e arts. 82 a 86 da Nova Lei de Licitações, e se
trata de um procedimento especial de licitação, ou seja, não se enquadra
como exceção ao dever de licitar, como é o caso do credenciamento.
Segundo Di Pietro, o SRP foi previsto no art. 15, II, da Lei Federal nº
8.666/93, como “[...] procedimento a ser utilizado preferencialmente
para as compras efetuadas pela Administração Pública” 18. Ainda

17
JUSTEN FILHO, Marçal. A pré-qualificação como procedimento auxiliar das licitações do
RDC (Lei 12.462/11). Informativo Justen, Pereira, Oliveira e Talamini, Curitiba, n. 56, outubro
de 2011. Disponível em: http://justen.com.br/informativo. Acesso em: 30 abr. 2020.
18
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017. p. 525.
CAPÍTULO 3
DIFERENÇAS ENTRE O CREDENCIAMENTO E OUTROS PROCEDIMENTOS AUXILIARES DAS LICITAÇÕES
33

segundo a doutrinadora, seu objetivo é “[...] facilitar as contratações


futuras, evitando que, a cada vez, seja realizado novo procedimento
de licitação”19.
O procedimento ocorre por meio de uma concorrência ou pregão,
sendo selecionada a proposta mais vantajosa, com observância do
princípio da isonomia, para eventual e futura contratação pela Adminis-
tração20. Em muito se diferencia do credenciamento, uma vez que
configura procedimento licitatório, com restrito número de propostas
selecionadas e competição entre interessados.

3.4 Registro cadastral


O registro cadastral é um sistema de registro eletrônico de
fornecedores unificado, disponível no Portal Nacional de Compras
Públicas. Encontra-se previsto e disciplinado nos arts. 87 e 88 da Nova
Lei de Licitações, e seu propósito é reunir no PNCP um banco de dados
que documentem a situação jurídica, fiscal, técnica e financeira dos
licitantes. O licitante regularmente cadastrado recebe um Certificado de
Registro Cadastral, que dispensa para todos os fins a documentação já
disponibilizada no registro, desde que esteja dentro do prazo de validade.
A inscrição no registro deverá estar permanentemente aberta aos
interessados, sendo obrigatória a realização de chamamento público pela
internet, no mínimo anualmente, para atualização dos registros existentes
e para ingresso de novos licitantes. Não configura um procedimento
direcionado a algum certame licitatório específico, mas sim um cadastro
genérico para a verificação facilitada da documentação dos licitantes, que
podem ainda precisar apresentar documentos adicionais, a depender
das especificidades da licitação pretendida.
Assim, simplifica-se a prática licitatória para a administração
e confere-se maior celeridade e economicidade às compras públicas,
além de garantir maior segurança jurídica aos licitantes com relação à
aprovação de sua documentação e habilitação nos certames.
Isto posto, passemos aos requisitos e passo a passo da realização
de um procedimento de credenciamento.

19
Ibid., p. 525.
20
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e eletrônico.
2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2006.
CAPÍTULO 4

REQUISITOS LEGAIS

Como a atuação do gestor deve ser desenvolvida em consonância


aos princípios e diretrizes constitucionais e infraconstitucionais, em
fiel obediência à lei, o substrato legal para a contratação mediante
credenciamento é o ponto de partida para qualquer análise acerca de
sua legalidade.

4.1 Inexigibilidade de licitação


Como visto, o mecanismo legal que permite a prática do credencia-
mento é a inexigibilidade de licitação. Este é, porém, apenas o primeiro
passo para se avaliar a licitude deste, uma vez que, após reconhecer-se no
caso concreto um quadro de inviabilidade de competição, existem ainda
requisitos a serem observados para a realização de um credenciamento.
Sobre isso, no Acórdão 5178/2013 – Plenário21, o Tribunal de
Contas da União elenca os seguintes requisitos: a) a contratação de
todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as condições fixadas
pela Administração, não havendo relação de exclusão; b) a garantia da
igualdade de condições entre todos os interessados hábeis a contratar
com a Administração, pelo preço por ela definido; c) a demonstração
inequívoca de que as necessidades da Administração somente poderão
ser atendidas dessa forma, cabendo a devida observância das exigências
do art. 26 da Lei Federal nº 8.666/93, principalmente no que concerne
à justificativa de preços.

21
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 5178/2013. Plenário. Relator: Ministro
Augusto Sherman. Sessão de 30/07/2013. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/
redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-1279341%22. Acesso em: 14
out. 2020.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
36 CREDENCIAMENTO

Em decisão mais recente (Acórdão 2504/2017)22, o TCU entendeu


que o credenciamento pode ser considerado como hipótese de inviabi-
lidade de competição quando observados os 3 (três) seguintes requisitos:
a) contratação de todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as
condições fixadas pela Administração, não havendo relação de exclusão;
b) garantia de igualdade de condições entre todos os interessados
hábeis a contratar com a Administração, pelo preço por ela definido;
c) demonstração inequívoca de que as necessidades da Administração
somente poderão ser atendidas dessa forma.
Entendimento semelhante é ecoado pela melhor doutrina.
Segundo Jacoby, o credenciamento é um caso amparado no caput
do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, configurando inviabilidade de
competição por contratação de todos, com 4 (quatro) requisitos: a) que
todos satisfaçam às condições exigidas; b) que a definição da demanda
por contratado seja impessoal em relação à Administração Pública; c)
que o objeto seja satisfeito na forma do edital; d) que haja uniformidade
razoável nos preços do mercado23.
Sobre isso, escreve Marçal Justen Filho:

[...] o credenciamento é cabível nas hipóteses em que, respeitados


padrões mínimos de idoneidade e de aceitabilidade, é indiferente para
a Administração a identidade do sujeito a ser contratado (...), visto
que inexiste variação no tocante à remuneração em virtude da atuação
subjetiva do contratado e qualquer sujeito se encontra em condições
de executar a prestação, desde que atenda aos padrões de qualidade
mínima exigidos24.

Joel de Menezes Niebuhr diz ainda que o credenciamento


pressupõe a contratação em igualdade de condições de todos os
interessados hábeis, sendo necessário que o edital de credenciamento
regulamente quais as atividades a serem prestadas pelo credenciado, as
condições para o credenciamento, o regime de execução do contrato e o

22
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2504/2017. Plenário. Relator: Ministro
Augusto Sherman. Sessão de 02/05/2017. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/
redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-1717842%22. Acesso em: 14
out. 2020.
23
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação direta sem licitação. 8. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2009.
24
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratações Administrativas: Lei
14.133/2021. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021. p. 1130.
CAPÍTULO 4
REQUISITOS LEGAIS
37

valor da contraprestação por parte da Administração Pública25. Quanto à


remuneração, importante destacar que não é requisito do credenciamento
que os credenciados aufiram a mesma remuneração no contexto da
contratação26, uma vez que é essencial que seja excluída a vontade da
Administração na determinação da demanda pelos credenciados27, em
decorrência do princípio da impessoalidade28.

4.2 Nova Lei de Licitações


A partir da Nova Lei de Licitações, o principal substrato legal
para o credenciamento será o art. 79 desta norma:

Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses


de contratação:

I – paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa para a


Administração a realização de contratações simultâneas em condições
padronizadas;
II – com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do contratado
está a cargo do beneficiário direto da prestação;
III – em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor
da prestação e das condições de contratação inviabiliza a seleção de
agente por meio de processo de licitação.
Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão definidos
em regulamento, observadas as seguintes regras:
I – a Administração deverá divulgar e manter à disposição do público,
em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de interessados, de
modo a permitir o cadastramento permanente de novos interessados;
II – na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto não
permitir a contratação imediata e simultânea de todos os credenciados,
deverão ser adotados critérios objetivos de distribuição da demanda;
III – o edital de chamamento de interessados deverá prever as condições
padronizadas de contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II do caput
deste artigo, deverá definir o valor da contratação;

25
NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação pública e contrato administrativo. 2. ed. rev. e ampl.
Belo Horizonte: Fórum, 2011. passim.
26
Ibid., passim.
27
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação direta sem licitação. 8. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2009.
28
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
p. 68.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
38 CREDENCIAMENTO

IV – na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração deverá


registrar as cotações de mercado vigentes no momento da contratação;
V – não será permitido o cometimento a terceiros do objeto contratado
sem autorização expressa da Administração;
VI – será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos
fixados no edital.

Note que o caput do art. 79 deixa claro que rol das hipóteses
de credenciamento é taxativo, não se admitindo a criação de outras
(numerus clausus), diferentemente do que ocorre com a hipóteses de
inexigibilidade, em que a lista é exemplificativa (caput, do art. 74).
Ademais, merece destaque o parágrafo único do art. 79, que
deixa a cargo dos regulamentos a serem editados pelos entes públicos o
detalhamento da operacionalização do credenciamento, observando-se
as regras insertas nos incisos I a VI do mesmo artigo.
Percebe-se que os incisos I a VI do artigo 79 são balizas obriga-
tórias que deverão ser respeitadas por todos os regulamentos a
serem editados sobre o credenciamento. Por isso, acredita-se que,
ao regulamentarem o credenciamento, os entes públicos largarão do
mesmo ponto de partida, porém, terão a oportunidade de chegar a
resultados e soluções diferentes. Certamente, algumas mais sofisticadas
e interessantes do que outras. Mas o fundamental, sem dúvida, será a
efetividade de cada regulamento e a satisfação do interesse público de
cada Administração.
Lado outro, a Nova Lei trata ainda do credenciamento no inciso
IV do art. 74, ao disciplinar a inexigibilidade:

Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em


especial nos casos de:
I – aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação
de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivos;
II – contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio
de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada
ou pela opinião pública;
III – contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de
natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos exe-
cutivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
CAPÍTULO 4
REQUISITOS LEGAIS
39

c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou


tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros
específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia
que se enquadrem no disposto neste inciso;
IV – objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento;
V – aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações
e de localização tornem necessária sua escolha.
(Grifos nossos)

E ainda apresenta seu enquadramento legal no inciso I do art. 78:

Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações


regidas por esta Lei:
I – credenciamento;
II – pré-qualificação;
III – procedimento de manifestação de interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
(Grifos nossos)

A interpretação combinada dos dispositivos supracitados com


o art. 6º, XLIII da mesma lei, que conceitua o credenciamento como
“processo administrativo de chamamento público”, nos permite
concluir que seu enquadramento legal na Nova Lei de Licitações é de
procedimento auxiliar das licitações por definição legal expressa (art.
78, I), sendo que os objetos passíveis de contratação por credenciamento
configuram hipótese de inexigibilidade de licitação (art. 74, IV),
operacionalizada mediante procedimento auxiliar de chamamento
público, devendo esse ser considerado seu substrato legal para as
contratações realizadas sob a égide da Nova Lei de Licitações.
Outra alteração relevante promovida pela Nova Lei de Licitações é
a inclusão, no rol taxativo de hipóteses onde o credenciamento pode ser
utilizado, dos casos de mercados fluidos (art. 79, inciso III). Trata-se de
grande inovação do legislador, uma vez que inexiste, presentemente, na
lei ou ordenamento jurídico brasileiro, qualquer definição de “mercados
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
40 CREDENCIAMENTO

fluidos”, o que, certamente, deverá ser conceituado nos regulamentos


vindouros.
Ronny Charles L. de Torres e Marcos Nóbrega enxergam as
possibilidades abertas pelo inciso supracitado com otimismo. Segundo
os autores, “[...] a utilização do credenciamento para ‘mercados fluidos’
permite que a contratação decorrente deste procedimento auxiliar se
dê sem a prévia definição de preços, o que induz a aceitação de ‘preços
dinâmicos’ pela Administração”29. Assim, o credenciamento poderia
servir de base para a implementação de um e-marketplace para as compras
públicas, uma vez adaptado para uso em ambiente virtual. Sobre isso,
escrevem os autores:

Enquanto na vida real as pessoas e as empresas realizam suas contratações


rotineiras em poucos cliques, através do computador ou mesmo smart-
phone, com pesquisa imediata de preços e “ranking” de fornecedores,
de acordo com seu histórico positivo ou negativo (signaling) mesmo para
a aquisição de bens simples, exige um claudicante e custoso processo
de planejamento e definição da pretensão contratual, publicação de
edital e a realização de uma sessão para apresentação de propostas.
Enquanto as corporações, nas licitações a escolha do fornecedor, e os
governos debatem a evolução de smart contracts, com execução através
de blockchain e redução de custos transacionais que facilitem as trocas,
nosso regime contratual exige um instrumento formal, assinado, com
cláusulas necessárias e prerrogativas “extraordinárias”, mesmo quando
se quer contratar o “ordinário”30.
(...)
Em síntese, podem ser indicadas vantagens como: redução dos custos de
transação, maior celeridade no atendimento da demanda administrativa,
ampla competitividade, melhor conformidade e padronização das
compras, maior controle sobre os gastos, menor burocracia e redução
de custos processuais repetitivos31.

A proposta, porém, depende de um conceito de “mercados


fluidos” ainda incerto, cuja pormenorização se dará, provavelmente,
em posterior regulamento, com a finalidade de delimitar de forma

29
NÓBREGA, Marcos; TORRES, Ronny Charles Lopes de. A Nova Lei de Licitações, Credenciamento
e E-marketplace: o turning point da inovação nas compras públicas. 2021. p. 21. Disponível
em: https://ronnycharles.com.br/wp-content/uploads/2021/01/A-nova-lei-de-licitacoes-
credenciamento-e-e-marketplace-o-turning-point-da-inovacao-nas-compras-publicas.pdf.
Acesso em: 27 abr. 2021.
30
Ibid., p. 8.
31
Ibid., p. 11.
CAPÍTULO 4
REQUISITOS LEGAIS
41

precisa os contornos e limites de aplicação do credenciamento em seu


novo regime jurídico:

Contudo, uma dúvida resta pendente, não foi respondida pelo legislador,
será definida pelo regulamento e pode ser crucial para que possamos
responder à provocação suscitada pelo título deste escrito: o que seria
um mercado fluido, para fins de aplicação do credenciamento?
Caso a interpretação de mercado fluido, dada pelo regulamento, seja
ampliativa, e este instrumento seja adaptado ao ambiente virtual,
podemos ter a utilização do credenciamento para variadas pretensões
contratuais. O potencial é enorme e significativo, criando bases para
que possamos ter a implantação de e-marketplace para o atendimento
de demandas em que este formato se demonstrará muito mais eficiente
que a modelagem licitatória tradicional32.

Outra inovação da novel Lei Federal nº 14.133/2021 é a possi-


bilidade de se utilizar o credenciamento para o fornecimento de bens,
conforme conceito do artigo 6º, XLIII.
Em verdade, nos últimos anos, a jurisprudência já examinou e
decidiu de maneira favorável à possibilidade de credenciamento de
empresas de aviação para o fornecimento de passagens aéreas (bens),
sem o intermédio de agências de viagens e turismo (prestadoras de
serviços):

“ADMINISTRATIVO. CREDENCIAMENTO DE EMPRESAS DE


AVIAÇÃO PARA FORNECIMENTO DE PASSAGENS AÉREAS À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SEM O INTERMÉDIO DE AGÊNCIAS
DE VIAGENS E TURISMO. INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO. INE-
XIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO”. (TRF4, AC 5013222-35.2014.404.7202,
TERCEIRA TURMA, Relator p/ Acórdão FERNANDO QUADROS DA
SILVA, juntado aos autos em 15/04/2016)33.

“EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÕES E CONTRA-


TOS. INEXIGIBILIDADE. CREDENCIAMENTO DE EMPRESAS DE
AVIAÇÃO PARA O FORNECIMENTO DE PASSAGENS AÉREAS À AD-
MINISTRAÇÃO SEM O INTERMÉDIO DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS

32
Ibid., p. 23.
33
BRASIL. TRF4. AC 5013222-35.2014.404.7202, TERCEIRA TURMA, Relator p/ Acórdão
Fernando Quadros da Silva, juntado aos autos em 15/04/2016. Disponível em: https://
jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=8183413. Acesso
em: 23 ago. 2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
42 CREDENCIAMENTO

E TURISMO. POSSIBILIDADE”. (TRF1, AC 0015571-06.2015.4.01.3400,


Relator Desembargador Federal SOUZA PRUDENTE)34.

As vantagens do credenciamento (aquisição direta) em comparação


com o agenciamento para a Administração Pública foram destacadas
no relatório de avaliação da política de emissão de passagens aéreas
da administração direta, autárquica e fundacional do poder executivo
federal elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU)35. Nesse
relatório foi feita a comparação entre a aquisição pelos modelos de
agenciamento e pelo credenciamento 1/2014, tendo aquele órgão de
controle interno concluído:

[...] o atual modelo de aquisição de passagens aéreas não é vantajoso,


que a Administração deixa de obter descontos e benefícios por não
possuir acordos corporativos celebrados com as companhias aéreas e
que adquire passagens com pouca antecedência e por preços superiores
aos praticados no mercado. Além disso, evidenciou-se que o fluxo
administrativo do processo de aquisição de passagens é ineficiente36.
[...]
Por outro lado, o modelo de compra direta proporciona maior celeridade
nas compras pelo encurtamento do prazo de emissão de passagens
e pela adoção de rotinas automatizadas, maior economia aos cofres
públicos, maior transparência ao gasto devido ao uso do CPGF como
meio de pagamento e à utilização de sistema de selfbooking próprio
(autoagenciamento) para cotação e emissão de passagens, estando,
portanto, mais aderente às condições de aquisição praticadas no setor
privado (inciso III do art. 15 da Lei nº 8.666/93)37.

Mais recentemente, o Plenário do TCU, no Acórdão 1094/2021,


relatado Ministro-Substituto Weder de Oliveira, ratificou o mesmo
entendimento ao examinar denúncia contra o edital de credenciamento

34
BRASIL. TRF1. AC 0015571-06.2015.4.01.3400, Desembargador Federal Souza Prudente,
juntado aos autos em 15/04/2016. Disponível em: https://juristas.com.br/wp-content/
uploads/2018/03/Acórdão-passagens-aéreas.pdf. Acesso em: 23 ago. 2021.
35
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Secretaria Federal de Controle Interno. Relatório de
Avaliação – Avaliação da Política de Emissão de Passagens Aéreas adotada pelos órgãos e entidades
da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo Federal. Brasília: 2020.
36
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Secretaria Federal de Controle Interno. Relatório de
Avaliação – Avaliação da Política de Emissão de Passagens Aéreas adotada pelos órgãos e entidades
da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo Federal. Brasília: 2020. p. 4.
37
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Secretaria Federal de Controle Interno. Relatório de
Avaliação – Avaliação da Política de Emissão de Passagens Aéreas adotada pelos órgãos e entidades
da Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo Federal. Brasília: 2020. p. 16.
CAPÍTULO 4
REQUISITOS LEGAIS
43

1/2020, conduzido pela Central de Compras do Ministério da Economia,


que teve por objeto o credenciamento das empresas de transporte aéreo
regular para a contratação de transporte aéreo em voos regulares domés-
ticos nos afastamentos de servidores, empregados ou colaboradores
eventuais em viagens a serviço dos órgãos e entidades da administração
pública federal direta, autárquica e fundacional38.
O relator frisou que, nas licitações para contratação de agências
de viagens, não ocorre disputa de preço pelo bilhete aéreo, mas sim
disputa em função do preço do serviço de agenciamento, impondo-se
ali a necessidade de licitação, pois há competição exclusivamente entre
as agências de viagem.
Para o relator, o credenciamento refletiria o exercício pela
Administração Pública da opção legítima por adquirir passagens das
companhias aéreas, que podem comercializá-las sem restrições, sem
a intermediação das agências, em procedimento idêntico ao utilizado
por particulares, pessoas físicas ou jurídicas, em consonância com o art.
15, inciso III, da Lei Federal nº 8.666/1993, segundo o qual as compras
realizadas pela Administração Pública devem, sempre que possível,
submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às
do setor privado.
O relator concluiu também não haver irregularidade na contra-
tação das agências, em caráter complementar à compra direta de bilhetes,
contemplando a emissão que o usuário, sozinho, manuseando o sistema
de compra direta, ou quando este não estiver disponível, não é capaz
de realizar, ou seja, quando necessita de serviços de agenciamento, de
intermediação para a compra de bilhetes regionais e internacionais e
para a solução de determinados problemas enfrentados pelos usuários
fora do horário comercial.
Diante desses precedentes já enfrentados pela jurisprudência,
acreditamos que os regulamentos a serem editados para o creden-
ciamento deverão delimitar com clareza e precisão as hipóteses de
cabimento de fornecimento por meio desse instituto, sob pena de se
violar a regra das modalidades licitatórias, priorizando-se as medidas
excepcionais da contratação direta.

38
BRASIL, Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1094/2021, Processo 000.530/2021-
2. Plenário. Relator: Min-Subst. Weder de Oliveira, Sessão de 12/05/2021. Disponível
em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/1094/%2520/
DTRELEVANCIA%2520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/2/%2520. Acesso
em: 30 jul. 2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
44 CREDENCIAMENTO

Em conclusão, importante ressaltar que, ao delegar a particulares


a oferta de serviços de natureza pública, o Estado toma para si o papel
de fiscal e gestor de contratos. A redução de prestação direta de serviços
por parte da Administração Pública amplia, consequentemente, sua
função fiscalizatória, que possui ampla previsão legal. São exemplos de
dispositivos normativos que impõem essa responsabilidade ao Estado
o artigo 58, inciso III e o artigo 67, §1º e 2º da Lei Federal nº 8.666/93, e
o artigo 117 da Nova Lei de Licitações.
Segundo Dallari, os atos praticados pelo particular credenciado,
investido da outorga estatal para a execução de determinados serviços,
são “[...] tidos ou havidos pelo credenciante como verdadeiros, corretos,
confiáveis, salvo prova em contrário, da mesma forma pela qual os atos
administrativos são beneficiados pela presunção de veracidade”39. Assim,
os atos praticados pelos credenciados, até prova em contrário, gozam
de presunção de veracidade, legalidade e legitimidade (presunção
“iuris tantum”).
As repercussões desse fenômeno na ordem jurídica tornam
evidente que o serviço performado pelo credenciado esteja sempre sujeito
à fiscalização do Poder Público credenciante, podendo ser fulminada
a outorga em hipótese de descumprimento dos parâmetros definidos
no edital40. Nesse contexto, a fiscalização dos atos dos credenciados
ganha enorme relevância.

4.3 Requisitos principais


Isto posto, podemos resumir aqui 6 (seis) requisitos principais
para a legalidade da contratação por credenciamento:
a) devem ser credenciados todos os interessados hábeis a cumprir
o objeto da contratação, com a fixação de critérios claros e objetivos para
operacionalizar a prestação dos serviços, ainda que não simultâneos,
sem que isso importe em restrição indevida ao credenciamento;
b) a contratação deve respeitar critérios que a permitam cumprir
com os requisitos impostos pelo princípio da impessoalidade: a distri-
buição da demanda pelos serviços entre os credenciados não pode

39
DALLARI, Adilson Abreu. Credenciamento. Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador,
Instituto de Direito Público da Bahia, n. 5, p. 14, jan./mar. 2006. Disponível em: http://www.
direitodoestado.com.br. Acesso em: 10 out. 2014.
40
Ibid., p. 14-15.
CAPÍTULO 4
REQUISITOS LEGAIS
45

conter qualquer ato de vontade da Administração Pública, seja ela


quem figurará como tomador dos serviços ou não;
c) o edital deverá estabelecer igualdade de condições entre os
interessados hábeis a executar o objeto contratado, com remuneração
padronizada a partir de preço definido pela Administração, vedadas
formas injustificadas de remuneração diferenciada;
d) deve o preço de mercado ser padronizado, uniforme e a
fixado previamente com base em métricas e unidades de medida usuais
no mercado, de forma a evidenciar a vantajosidade dessa forma de
contratação pela Administração.
e) a Administração deve demonstrar que as suas necessidades
serão atendidas de forma mais vantajosa, por meio deste procedimento;
f) a Administração deve demonstrar de forma clara e inequívoca
que as especificidades do objeto a ser contratado inviabilizam a
competição e, portanto, afastam o dever de licitar.
Feitas essas considerações, apresentamos um roteiro prático para
a realização de um procedimento de credenciamento.
CAPÍTULO 5

PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?

5.1 Oficialização da demanda


A requisição da contratação pretendida representa o início da fase
de planejamento da aquisição. Segundo Jacoby Fernandes, o primeiro
passo de qualquer procedimento de contratação pública é a formalização
da demanda, sendo sempre a partir da necessidade, manifestada por
agente público, que a Administração inicia o processo com vistas à
futura contratação.41 O documento adequado para explicitar a motivação
da contratação, demonstrando os resultados almejados com a solução
pretendida, é o Documento de Oficialização da Demanda (DOD) ou
Documento de Formalização da Demanda (DFD).
Nesse documento, o gestor deve identificar a demanda, justificar
a necessidade de contratação (levando em consideração os seus objetivos
estratégicos) e determinar um integrante representante que participará
do planejamento da contratação, caso necessário. A título de benchmark,
recomenda-se consultar o Anexo II da Instrução Normativa 05/2017 do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão42.

41
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e eletrônico.
2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2006. p. 503.
42
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Instrução Normativa nº 05
de 26 de maio de 2017. Dispõe sobre as regras e diretrizes do procedimento de contratação de
serviços sob o regime de execução indireta no âmbito da Administração Pública federal direta,
autárquica e fundacional. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/
Kujrw0TZC2Mb/content/id/20239255/do1-2017-05-26-instrucao-normativa-n-5-de-26-de-
maio-de-2017-20237783 . Acesso em: 30 abr. 2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
48 CREDENCIAMENTO

5.2 Planejamento da Contratação


O Planejamento da Contratação é uma fase que, partindo da
demanda previamente identificada e oficializada, gera como saída
um Edital de Credenciamento completo, apto a fornecer uma solução
adequada à necessidade da Administração em questão43. Consiste,
principalmente, em três etapas: 1) a realização de um Estudo Técnico-
-Preliminar, que aborda a viabilidade da contratação e a inviabilidade
de competição na situação concreta; 2) a elaboração de um Termo de
Referência, que caracteriza o objeto do credenciamento; e 3) a finalização
de um Edital de Credenciamento, incluindo todos os anexos necessários
à contratação.

5.2.1 Estudo técnico-preliminar de inviabilidade de


competição
Como vimos, o substrato legal inicial para a realização de um
procedimento de credenciamento parte de uma situação em que não é
exigível um certame licitatório devido à inviabilidade da competição no
caso concreto. A identificação, descrição e justificação de uma situação
como essa deve ser, portanto, o próximo passo para a realização de um
credenciamento.
Uma vez identificada e oficializada a demanda mediante elabo-
ração e aprovação de um DOD, é necessário, partindo do problema a
ser resolvido, apontar a melhor solução dentre as possíveis e avaliar a
viabilidade técnica da contratação. O instrumento apto a determinar a
viabilidade de uma contratação pública é o estudo técnico-preliminar
(ETP), definido legalmente como o “[...] documento constitutivo da
primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza
determinada necessidade, descreve as análises realizadas em termos
de requisitos, alternativas, escolhas, resultados pretendidos e demais
características, dando base ao anteprojeto, ao termo de referência ou
ao projeto básico, caso se conclua pela viabilidade da contratação”44.

43
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Riscos e controles nas aquisições (RCA). Brasília, DF:
TCU, 2014. Disponível em: http://www.tcu.gov.br/arquivosrca/ManualOnLine.htm. Acesso
em: 14 dez. 2020.
44
BRASIL., Ministério da Economia. Instrução Normativa 40/2020. Art. 1, parágrafo único.
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-40-de-22-de-
maio-de-2020-258465807. Acesso em: 30 abr. 2021.
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
49

Um ETP se presta, portanto, a identificar e analisar os cenários


para o atendimento da demanda em questão considerando o problema a
ser resolvido sob a ótica do interesse público, descrevendo os parâmetros
para escolha e implementação da solução e demonstrando a viabilidade
e justificativa técnica e econômica da contratação pretendida45. Os
ETPs devem ser elaborados conjuntamente por servidores da equipe
de planejamento da contratação, podendo fazer uso do Sistema ETP
Digital46, para aqueles entes públicos que utilizam o Portal de Compras
do Governo Federal.
A elaboração dos estudos técnicos preliminares é obrigatória
para os casos previstos no art. 7º da Instrução Normativa – IN 40/2020
do Ministério da Economia, e defende-se também sua obrigatoriedade
para todas as contratações mediante credenciamento, devendo conter
os seguintes elementos:

1) descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a


ser resolvido sob a perspectiva do interesse público;
2) descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relaciona-
das à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso, acompanhada
das justificativas técnica e econômica da escolha do tipo de solução;
3) estimativa das quantidades a serem contratadas, acompanhada das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, considerando
a interdependência com outras contratações, de modo a possibilitar
economia de escala;
4) estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários
referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão
suporte, que poderão constar de anexo classificado, se a administração
optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação;
5) justificativas para o parcelamento ou não da solução, se aplicável;
6) demonstração do alinhamento entre a contratação e o planejamento
do órgão ou entidade, identificando a previsão no Plano Anual de
Contratações ou, se for o caso, justificando a ausência de previsão;
7) posicionamento conclusivo sobre a viabilidade e razoabilidade da
contratação.

Já os seguintes requisitos são de natureza facultativa, nos termos


do §2º do art. 7º da IN 40/2020, devendo sua omissão ou ausência ser
justificada no próprio documento que materializa o ETP:

45
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Riscos e controles nas aquisições (RCA). Brasília, DF:
TCU, 2014. Disponível em: http://www.tcu.gov.br/arquivosrca/ManualOnLine.htm. Acesso
em: 14 dez. 2020.
46
Cf. https://www.gov.br/compras/pt-br/centrais-de-conteudo/manuais/manual-etp-digital.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
50 CREDENCIAMENTO

1) contratações correlatas e/ou interdependentes;


2) resultados pretendidos, em termos de efetividade e de desenvolvi-
mento nacional sustentável;
3) providências a serem adotadas pela administração previamente à
celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servidores
ou de empregados para fiscalização e gestão contratual ou adequação
do ambiente da organização;
4) possíveis impactos ambientais e respectivas medidas de tratamento;
5) descrição dos requisitos necessários e suficientes à escolha da solução,
prevendo critérios e práticas de sustentabilidade;
6) levantamento de mercado, que consiste na prospecção e análise das
alternativas possíveis de soluções, podendo, entre outras opções:
a) ser consideradas contratações similares feitas por outros órgãos e
entidades, com objetivo de identificar a existência de novas metodo-
logias, tecnologias ou inovações que melhor atendam às necessidades
da administração; e
b) ser realizada consulta, audiência pública ou diálogo transparente
com potenciais contratadas, para coleta de contribuições.

Em suma, é necessário que no ETP esteja descrita a solução


como um todo, devendo o nível de detalhamento do documento ser
compatível ao risco da aquisição pretendida47.
Caso a conclusão do ETP seja pela realização do credenciamento
como a melhor solução entre as disponíveis, passar-se-á à elaboração
do Termo de Referência.

5.2.2 Termo de Referência


Uma vez definida a solução pretendida e atestada sua viabilidade
técnica, é necessário revertê-la e caracterizá-la como um objeto de
contratação. O Termo de Referência é o instrumento que, elaborado
a partir do ETP e apenas após sua aprovação, contém os elementos
essenciais para a caracterização do objeto do credenciamento.
Sua elaboração é, por natureza, multissetorial48, e trata-se da
matriz e espinha dorsal de todo o procedimento de credenciamento,

47
COSTA, Antonio França da; BRAGA, Carlos Renato Araujo; ANDRIOLO, Luiz Gustavo
Gomes. Estudo técnicos preliminares: o calcanhar de Aquiles das aquisições públicas. Revista
do TCU, ano 49, n. 139, p. 38-51, 2017.
48
MINAS GERAIS. Tribunal de Contas do Estado. Como elaborar Termo de Referência ou Projeto
Básico. Disponível em: https://www.tce.mg.gov.br/img/2017/Cartilha-Como-Elaborar-Termo-
de-Referencia-ou-Projeto-Basico2.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
51

servindo de referência tanto para os particulares interessados como


para a futura seleção dos participantes. Entende-se e defende-se que a
elaboração do Termo de Referência é obrigatória para o credenciamento.
Seus elementos constitutivos, segundo o art. 6, XXIII da Nova Lei
de Licitações, são: a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os
quantitativos, o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de
sua prorrogação; b) fundamentação da contratação; c) descrição da
solução como um todo, considerado todo o ciclo de vida do objeto; d)
requisitos da contratação; e) modelo de execução do objeto; f) modelo
de gestão do contrato; g) critérios de medição e de pagamento; h)
forma e critérios de seleção do fornecedor; i) estimativas do valor da
contratação, acompanhadas dos preços unitários referenciais, das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, com os
parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para os respectivos
cálculos, que devem constar de documento separado e classificado; e
j) adequação orçamentária.

5.2.2.1 Fundamentação da contratação


O primeiro elemento do Termo de Referência é a justificativa da
contratação. Trata-se do conjunto de fatores, elementos e dados que,
juntos, embasam o credenciamento fática e legalmente. Aqui, é comum
elencar todas as informações que embasam a avaliação do custo pela
Administração Pública, a partir dos padrões de desempenho e qualidade
estabelecidos e das condições de entrega do objeto, além de dados
pertinentes à fundamentação da contratação, como, a título de exemplo:
estudos e pesquisas realizados para a elaboração do ETP, demanda
oficializada no DOD, alinhamento da contratação com os planos e
diretrizes do órgão contratante, relação direta entre a solução proposta
e a demanda suscitada, levantamentos de mercado, argumentação
a respeito da escolha do credenciamento, dentre outros métodos de
contratação, resultados pretendidos, viabilidade da contratação etc.
O objetivo é, de forma clara e objetiva, delimitar todas as infor-
mações aptas a embasar e fundamentar a realização do credenciamento à
luz do interesse público e condições reais do órgão contratante. Segundo
o Decreto Federal nº 10.024/2019, seus elementos essenciais são:
- A definição do objeto contratual e dos métodos para a sua
execução, vedadas especificações excessivas, irrelevantes ou
desnecessárias, que limitem ou frustrem a competição ou a
realização do certame;
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
52 CREDENCIAMENTO

- O valor estimado do objeto da licitação demonstrado em


planilhas, de acordo com o preço de mercado; e
- O cronograma físico-financeiro, se necessário;
A definição do objeto busca definir o que a Administração
deseja contratar da forma mais completa possível. Sua redação deve
ser concisa, clara e suficiente para a compreensão plena da contratação.
Deve conter todos os elementos fundamentais para a determinação do
objeto pretendido, como: natureza do objeto ou serviço a ser prestado,
quantitativos, prazo, valores, regime de execução, normas técnicas
pertinentes etc. A especificação do objeto pode se dar também mediante
negativas: por vezes será também oportuno descrever o objeto cuja
aquisição não atende à demanda.
A precisão e determinação do objeto influenciará diretamente
no sucesso e êxito da contratação. É vedada, porém, toda e qualquer
especificação exagerada que acarrete em um direcionamento do
certame a credenciantes específicos, prática contrária ao princípio da
impessoalidade.
Já o valor estimado do objeto e, caso necessário, o cronograma
físico-financeiro devem ser embasados em estudos de mercado e
pesquisas, como realizadas para a elaboração do ETP.

5.2.2.2 Critérios de aceitação do objeto


Os critérios de aceitação do objeto são os parâmetros que os
credenciantes deverão preencher para que sejam considerados aptos
a atender à necessidade que deu causa ao credenciamento. Incluem
todas as premissas técnicas e de qualidade relativas à execução do
objeto e prestação dos serviços, e devem impedir a possibilidade de
contratação de uma solução ou particular incapaz de atender à demanda
da Administração.
No credenciamento, esses requisitos devem ser aqueles indis-
pensáveis à execução do contrato, uma vez que todos os interessados
considerados aptos serão credenciados, sem diferenciação.
É vedada a inclusão de requisitos demasiadamente específicos
que direcionem ou restrinjam a contratação a interessados específicos,
sob pena de violação ao princípio da impessoalidade.
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
53

5.2.2.3 Os deveres do contratado e do contratante


A criação de obrigações para a Administração e para os particu-
lares credenciados é o principal efeito de um credenciamento, logo, é
essencial que se definam com precisão as responsabilidades, deveres e
prestações de cada contratante com relação ao objeto do credenciamento.
São obrigações comuns da Administração: a fiscalização e gestão
do contrato, a comunicação em prazo determinado de quaisquer
alterações unilaterais que não afetem o equilíbrio econômico-financeiro
da contratação, a aplicação de penalidades, dar apoio e condições
adequadas e necessárias de trabalho para os credenciados, estimular
o aumento da qualidade dos serviços prestados e práticas de sustenta-
bilidade na execução do contrato, proceder à extinção do contrato nos
casos previstos em lei ou no Termo de Referência.
São obrigações comuns dos particulares credenciados: responsa-
bilizar-se pelas despesas necessárias ao objeto do contrato e encargos
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução
dos serviços, prestar serviço adequado ao tomador final dos serviços,
responsabilizar-se por danos causados à Administração e/ou usuários e
terceiros decorrentes de culpa ou dolo, prestar informações necessárias à
Administração, cooperar com a Administração em tudo que diz respeito
à fiscalização e gestão da contratação, indicar representante(s) legal(is),
responsabilizar-se pela fiel observação a normas de segurança do
trabalho durante a execução dos serviços, manter todas as condições de
habilitação jurídica e qualificação técnica exigidas pelo credenciamento
durante toda a execução do contrato, prestar contas à Administração
na forma e prazos definidos no Termo de Referência.
As obrigações específicas da Administração e dos Credenciados
são cláusulas essenciais que customizam o credenciamento para que se
atendam da melhor forma possível às particularidades de cada objeto,
devendo essas variar de acordo com as demandas e especificidades
do caso concreto.
A definição de obrigações para as partes é um ponto central para
todo procedimento de credenciamento, devendo os efeitos do contrato
serem modulados e aprimorados com o objetivo de minimizar o ônus
e os riscos tomados pela Administração, atender de forma completa à
demanda identificada e oferecer ótimas oportunidades de negócio para
os particulares interessados.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
54 CREDENCIAMENTO

5.2.2.4 Documentação para qualificação técnica e


econômico-financeira
Aqui, deve-se estabelecer o padrão a ser utilizado para realizar a
avaliação da qualificação técnica e econômico-financeira dos parâmetros
para a aceitação do objeto previamente definidos, delimitando a relação
mínima e essencial dos documentos à verificação da qualificação técnica
e saúde econômico-financeira dos credenciados, caso necessária.
Como exemplo, pode-se citar a exigência de atestados de
capacidade técnica, documentos específicos de conhecimento relativos
ao objeto do contrato, registro ou inscrição em órgãos de classe etc.
Importante ressaltar que a documentação técnica e econômico-fi-
nanceira são variáveis a depender do objeto e das especificidades do caso
concreto, não fazendo parte do núcleo básico e essencial de exigências
comuns a qualquer procedimento de credenciamento (regularidade
fiscal e trabalhista, e habilitação jurídica).

5.2.2.5 Fiscalização e gestão do contrato


O Termo de Referência deve definir o papel da Administração
na gestão e fiscalização do contrato, possibilitando que se estabeleçam
de forma clara as obrigações da Administração e que os particulares
interessados tenham ciência de todos os termos e procedimentos de
fiscalização. O papel de gestão e fiscalização são, por natureza, incom-
patíveis, principalmente no que diz respeito à prática de certas funções
e a posterior avaliação dessas mesmas funções, logo, ambos os papéis
devem ser segregados. Nesse sentido, o Acórdão nº 3.031/2008-TCU-1ª
Câmara ressalta a impossibilidade de se permitir que um mesmo servidor
execute todas as etapas da despesa, ou seja, as funções de autorização,
aprovação de operações, execução, controle e contabilização49.
A figura do gestor é obrigatória, e suas atribuições devem ser
elencadas no Termo de Referência. No que diz respeito à fiscalização, é
recomendado que se incluam aqui todos os critérios para recebimento
e avaliação provisória e definitiva da prestação de serviços e objeto do
contrato. Como a fiscalização por vezes depende de conhecimentos
específicos relativos ao objeto da prestação de serviços, é permitida

49
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão de Relação nº 3.031/2008. 1ª Câmara. Relator:
Min. Guilherme Palmeira, 23/09/2008. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/
redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-129961%220. Acesso em: 30
abr. 2021
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
55

a terceirização para assistir o servidor designado na fiscalização,


fornecendo informações técnicas e especializadas.

5.2.2.6 Prazos
O termo de referência deve definir todos os prazos relevantes
para a contratação, sendo particularmente importante o prazo para
execução do contrato, que deve ser compatível com o cronograma
físico-financeiro. Outros prazos importantes são: prazo de pagamento,
prazos de garantia e validade de bens envolvidos na contratação, prazo
para início da execução dos serviços, e, quando for o caso, prazo das
entregas parceladas.

5.2.2.7 Sanções
As sanções contratuais devem ser definidas de forma objetiva,
suficiente e clara pela Administração no Termo de Referência. Este item
deve definir as condutas típicas com suas respectivas consequências
negativas, nos contornos do princípio da proporcionalidade, ou seja,
deve-se levar em consideração a gravidade da conduta do infrator e o
dano causado à Administração, com o objetivo de definir uma sanção
compatível e adequada para cada conduta típica.
Antes da aplicação de qualquer sanção, deve a Administração
promover um processo administrativo que garanta ao particular o
contraditório e ampla defesa, com prazos razoáveis para manifestação
e eventuais recursos.
São sanções comuns em contratos administrativos:
a) Advertência
A advertência é uma das sanções mais leves em contratos
administrativos, apropriada para infrações de menor relevância, ou seja,
em falhas que não resultam em prejuízo significativo para a execução
do contrato. Suas principais funções são preventiva e educativa, no
sentido de advertir o particular para prevenir que sua conduta cause
maior impacto negativo na prestação.
b) Multas
A multa é uma sanção de natureza pecuniária que atinge o
patrimônio do particular contratado, geralmente estabelecida em função
de uma porcentagem do valor da contratação. Pode possuir natureza
moratória ou compensatória, podendo ambas as modalidades serem
cumuladas. Quando moratória, sua incidência se dá devido ao não
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
56 CREDENCIAMENTO

cumprimento parcial ou total, por parte do particular, de suas obrigações


contratuais dentro dos prazos estabelecidos. Possui previsão legal no
art. 86 da Lei nº 8.666/93.
Quando compensatória, possui caráter indenizatório para o
Poder Público, tendo como finalidade compensar a Administração por
eventuais prejuízos sofridos devido ao inadimplemento do particular.
Possui previsão legal no art. 87 da Lei nº 8.666/93. Em ambas as hipóteses,
o valor devido a título de multa pode ser descontado de eventual
garantia contratual.
c) Suspensão do Direito de Participar de Licitação com o órgão
credenciante
Sanção de grande relevância que pode ser aplicada contra o
particular em hipóteses de falta grave por parte do contratado, trata-se
da suspensão temporária do exercício do direito de participar de licitação
com o órgão credenciante. Em face de sua gravidade, quando aplicada
é normal que o contrato seja também extinto unilateralmente.
No credenciamento, uma sanção de considerável gravidade é o
descredenciamento. Essa sanção remove o particular do rol de pessoas
credenciadas, aptas a contratar com a Administração dentro do escopo
do procedimento de credenciamento.

5.2.2.8 Nova Lei de Licitações


A Nova Lei de Licitações traz, ainda, em seu art. 6º, XXIII, os
seguintes requisitos adicionais para o Termo de Referência:
- definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos,
o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua
prorrogação;
- descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo
de vida do objeto;
- modelo de execução do objeto, que consiste na definição de
como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos
desde o seu início até o seu encerramento;
- critérios de medição e de pagamento;
- estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos
preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos
documentos que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados
para a obtenção dos preços e para os respectivos cálculos, que
devem constar de documento – separado e classificado;
- adequação orçamentária.
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
57

5.2.3 Edital de credenciamento


O edital de credenciamento é o ato público convocatório que, uma
vez publicado, dá início à fase externa do procedimento de credencia-
mento. Possui como público-alvo todos os particulares potencialmente
interessados em se credenciar com o Poder Público e, em obediência
ao princípio da publicidade, consubstancia todos os elementos neces-
sários para o funcionamento e execução do credenciamento, desde os
documentos de habilitação e requisitos para a contratação até condições
de pagamento e execução, prazos e sanções.
Ao redigir o edital de credenciamento, é importante se atentar
a todos os termos e disposições que possam ser relevantes para o bom
funcionamento do credenciamento pretendido, uma vez que, após sua
publicação, a Administração fica sujeita ao princípio da vinculação ao
edital (art. 5º da Nova Lei de Licitações).
São três os requisitos legais específicos para o edital de credencia-
mento previstos na Nova Lei de Licitações: i) é dever da Administração
manter o edital à disposição do público, em sítio eletrônico oficial,
objetivando permitir o cadastro permanente de novos interessados (art.
79, parágrafo único, I); ii) quando a contratação se der na modalidade
paralela e não excludente, mas a demanda for insuficiente para a
contratação imediata de todos os credenciados, o edital deve prever
critérios claros e impessoais para a distribuição da demanda entre os
particulares (art. 79, parágrafo único, II); iii) o edital deve prever as
condições padronizadas de contratação, e, em todos os casos exceto
aqueles de mercados fluidos (art. 79, parágrafo único, III), o valor da
contratação (art. 79, parágrafo único, III); iv) a denúncia será admitida
por qualquer das partes, em prazos definidos no edital (art. 79, parágrafo
único, VI).
Além disso, é importante que o edital contenha, por exemplo:
1) descrição sucinta e clara do objeto do credenciamento; 2) prazos;
3) detalhamento das sanções aplicáveis; 4) requisitos para habilitação
jurídica, regularidade fiscal e qualificação técnica e econômico-financeira;
5) formas e meios para comunicação e requisição de informações e
esclarecimentos relativos ao credenciamento; 6) critérios de reajuste
de preços e valores; 7) instruções para recursos e impugnação; 8)
anexos, como, por exemplo, termo de referência e minuta de contrato;
9) documentação necessária.
No edital, deve-se, ainda, definir e incentivar o compartilhamento
de riscos entre particulares credenciados e o Poder Público. Nesse
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
58 CREDENCIAMENTO

momento, cabe à Administração decidir a respeito da alocação de riscos


no contrato, buscando sempre atender ao melhor interesse público.
Uma vez publicado o edital, importante ressaltar que cabe à
Administração o atendimento aos interessados, oferecendo orientações,
prestando esclarecimentos e instruindo os particulares.

5.3 Seleção dos interessados


Uma vez publicado o edital e iniciado o processo de chamamento
público para o credenciamento, a seleção dos interessados se dá de
forma simples: atendidos os requisitos jurídicos e técnicos, o particular
interessado será credenciado e considerado “apto” a firmar o contrato
com a Administração.
Esse processo, regra geral, se dá em três etapas: 1) inscrição; 2)
cadastro das empresas e entidades privadas interessadas; e 3) habilitação
jurídica, regularidade fiscal, qualificação técnica e econômico-finan-
ceira. Após isso, os particulares interessados se tornam credenciados,
assinando um Termo de Adesão ao Credenciamento, e se tornam então
aptos a celebrar o contrato pretendido com a Administração.
A inscrição é o recebimento das informações e documentação
básica indicada no edital como necessária para o credenciamento.
Da análise dos documentos, depreender-se-á se a inscrição é válida,
completa, ou se está eivada de algum vício. Caso completa, a Adminis-
tração deve devolver eventuais documentos desnecessários e realizar
o cadastro do particular para fins de habilitação. Caso incompleta, a
Administração deve informar ao particular as falhas em sua inscrição,
dando-lhe oportunidade de sanar os erros cometidos, de acordo com
os procedimentos estabelecidos no edital.
A habilitação depende da regularidade fiscal e trabalhista do
particular, além de elementos relativos à qualificação técnica definidos
em edital. Caso sejam necessárias visitas técnicas, neste momento serão
realizadas, a fim de comprovar a capacidade técnica do particular para
atender ao objeto do credenciamento.
Findo este processo, em prazos definidos no edital, a Adminis-
tração deverá divulgar o resultado, indicando os motivos para eventual
inabilitação dos interessados. Caso habilitado, o particular deve assinar
Termo de Adesão ao Credenciamento.
Um credenciamento para serviços de saúde, por exemplo, pode
exigir registro no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
(CNES), alvará de licença de localização atualizado, alvará sanitário
CAPÍTULO 5
PRÁTICA – QUANDO FAZER? COMO FAZER?
59

atualizado, certidões de regularidade fiscal municipal, estadual e federal,


contrato social e declaração de que o dirigente ou administrador não
ocupa cargo no Sistema Único de Saúde, dentre outros. Na falta de
qualquer desses requisitos, o particular interessado será considerado
inapto a contratar com a Administração no âmbito desse credenciamento.

5.4 Gestão e fiscalização da contratação


Uma vez celebrado o contrato, passa-se à fase de gestão e
fiscalização da contratação. O pressuposto, neste momento, é o início
da execução dos serviços, que deve ser fiel aos termos do contrato,
nos termos do art. 66 da Lei nº 8.666/93 e art. 114 da Nova Lei de
Licitações. Importante diferenciar a gestão da fiscalização dos contratos
administrativos. A gestão concerne a todos os assuntos administrativos
e estratégicos relativos à execução do contrato, como pagamentos,
incidentes, aplicação de sanções etc. Já a fiscalização atua no plano
tático e operacional. É a atividade de acompanhamento da execução,
garantindo que o objeto do contrato seja cumprido dentro dos padrões
previamente estabelecidos.
A fiscalização é uma das prerrogativas da Administração em
todos os Contratos Administrativos, assim prevista no art. 103, III da
Nova Lei de Licitações, e deve ser realizada em fiel observância a todas
as determinações legais e segundo o disposto no Termo de Referência e
no edital de credenciamento. Pode também ser realizada pelo usuário
do serviço público, o cidadão tomador final dos serviços.
A Nova Lei de Licitações traz a seguinte disposição a respeito do
acompanhamento da execução dos contratos administrativos:

Art. 116. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada


por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da Administração
especialmente designados conforme requisitos estabelecidos no art. 7o
desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de
terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a
essa atribuição.
§1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências
relacionadas à execução do contrato, determinando o que for necessário
para a regularização das faltas ou dos defeitos observados.
§2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para
a adoção das medidas convenientes, a situação que demandar decisão
ou providência que ultrapasse sua competência.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
60 CREDENCIAMENTO

§3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento


jurídico e de controle interno da Administração, que deverão dirimir
dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para prevenir riscos
na execução contratual.
§4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste artigo,
deverão ser observadas as seguintes regras:
I – a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade
civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas,
firmará termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer
atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato;
II – a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do
contrato, nos limites das informações recebidas do terceiro contratado.

O monitoramento da execução do contrato é uma das mais


importantes ferramentas da Administração para garantir que a demanda
seja plenamente atendida pelo prestador contratado no credenciamento.
É importante anotar que, segundo decisão do Supremo Tribunal
Federal na ADC nº16/2010, na ausência de fiscalização ou em hipótese
de comprovada falha no acompanhamento, a Administração pode
responder solidariamente por danos causados, ressaltando a necessidade
de uma fiscalização regular, precisa e eficiente.
CAPÍTULO 6

ESTUDOS DE CASOS

Finda a descrição da realização de um procedimento de credencia-


mento, passemos à análise de casos práticos. Serão analisados três casos,
objetivando ilustrar a realidade do instituto no dia a dia das contratações,
sob a égide de diferentes regimes jurídicos: 1) Edital de Credenciamento
nº 1/2020 do Tribunal de Contas da União; 2) Chamamento Público
nº 02/2018 da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte
S/A – BHTrans; e 3) Credenciamento SEBRAE/PE – Edital 01/2019.
Os estudos de casos aqui realizados não têm o objetivo de esgotar
a análise dos editais selecionados, mas tão somente destacar aqueles
que foram considerados os principais pontos e boas práticas de cada
instrumento convocatório. Análises mais detalhadas podem e devem
ser feitas, a fim de se aprimorar os passos iniciais aqui dados.
A escolha dos casos se justifica nos seguintes termos: o Edital
de Credenciamento nº 1/2020 do Tribunal de Contas da União é um
exemplo de credenciamento realizado no regime jurídico da Lei
Federal nº 8.666/93, por um órgão federal, constituindo um exemplo
da atual regra geral de Direito Administrativo para a realização de
um procedimento de credenciamento. O Chamamento Público nº
02/2018 da BHTrans, por outro lado, se deu no âmbito da Lei Federal
nº 13.303/2016 – Lei das Estatais, dotada de suas especificidades e
para atender às demandas de uma empresa municipal. Por último, o
edital escolhido do SEBRAE Pernambuco representa um exemplo de
credenciamento realizado segundo regras de regulamento próprio de
licitações e contratos específico ao Sistema SEBRAE (Sistema S) e de
abrangência estadual.
Dessa forma, realizamos uma análise empírica do instituto do
credenciamento sobre as premissas de três regimes jurídicos distintos.
Metodologicamente, não foram analisadas exatamente as mesmas
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
62 CREDENCIAMENTO

cláusulas de cada edital. Para comentar, selecionamos as cláusulas que, a


nosso sentir, são consideradas as mais relevantes para cada objeto e que
oferecem soluções, insights e pontos aproveitáveis em cada um deles,
sem deixar de respeitar as particularidades de cada sistema jurídico.
Para facilitar a consulta à íntegra dos editais estudados e melhorar
a experiência do leitor, inserimos um link em QR Code para acesso a
cada instrumento convocatório em formato digital.
Reforçamos que o intuito deste manual é divulgar e fomentar
a ampla adoção do instituto do credenciamento, e não fazer críticas
formalistas e meramente acadêmicas. Elogiamos os esforços dos gestores
que se preocupam em criar soluções inovadoras para os desafios do
dia a dia da Administração Pública. Acreditamos muito que o interesse
público deve andar lado a lado com uma visão prática e eficiente da
gestão, que tenha a capacidade de “tirar projetos e soluções do papel”,
fazendo-os chegar ao cidadão e ao próprio órgão, tomador dos serviços.

6.1 Edital de Credenciamento nº 1/2020 – Tribunal de


Contas da União

Primeiramente, procederemos à análise do Edital de Creden-


ciamento nº 1/2020 do Tribunal de Contas da União, com o objetivo
de credenciar tradutores juramentados para o órgão. Por se tratar de
um procedimento de credenciamento realizado por um Tribunal que
é referência em disseminar boas práticas de compras públicas e por
ser uma contratação cujo regime jurídico segue os princípios gerais da
Lei Federal nº 8.666/93, este edital pode servir como uma espécie de
“modelo” ou “paradigma” de credenciamento para diversos outros
órgãos, que poderão aperfeiçoá-lo de acordo com as suas peculiaridades.
O estudo deste edital de credenciamento foi estruturado em oito
tópicos, que não coincidem com as seções do instrumento convocatório:
1) Seção I – Do Objeto; 2) Seção IV – Do Local e Prazo de Entrega das
Propostas; 3) Seção V – Do Requerimento do Credenciamento; 4) Seção
VI – Do Descredenciamento; 5) Seção VII – Da Execução dos Serviços;
6) Seção VIII – Das Obrigações do Credenciado; 7) Seção IX – Das
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
63

Obrigações do Credenciante; e 8) Seção XVIII – Do Reajuste dos Preços


Unitários.

6.1.1 Seção I – Do objeto


O objeto do edital é definido pela cláusula 1, nos seguintes termos:

SEÇÃO I – DO OBJETO
1. O presente Edital tem por objeto o credenciamento de pessoas físicas e
jurídicas para a prestação de serviços de tradução de textos do português
para os idiomas inglês, espanhol, francês, alemão e árabe, e versão
desses idiomas estrangeiros para português, bem como tradução de
qualquer dos idiomas estrangeiros listados para outro também listado,
conforme demanda.

A definição acima apresentada é um exemplo de descrição,


clara, objetiva e completa do objeto de um edital de credenciamento,
estabelecendo quem pode se credenciar (pessoas físicas e jurídicas), qual
a natureza do contrato a ser celebrado entre eventuais credenciados e
credenciante (prestação de serviços), e, com o nível de detalhe adequado,
quais serviços deverão ser prestados (serviços de tradução juramentada
entre idiomas específicos, conforme demanda).

6.1.2 Seção IV – Do recebimento das propostas

SEÇÃO IV – DO LOCAL E PRAZO DE ENTREGA DAS PROPOSTAS


5. As propostas de credenciamento serão recebidas pelos endereços de
e-mail cpl@tcu.gov.br, nathaliabb@tcu.gov.br e serint.traducoes@tcu.
gov.br, a partir do dia 30/03/2020, até o dia 14/04/2020, das 10 h às 18 h.
Encaminhem para as três caixas de e-mail.

A cláusula 5 do edital estabelece o prazo, a forma de entrega das


propostas de credenciamento, os canais e horários para isso. É importante
que os procedimentos de inscrição sejam estabelecidos de forma clara
no instrumento convocatório, de modo a facilitar a participação do
maior número possível de interessados.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
64 CREDENCIAMENTO

6.1.3 Seção V – Do requerimento do candidato


O edital descreve em uma única seção a forma de inscrição
(digitado), conteúdo (toda a documentação necessária para a habilitação
jurídica e qualificação técnica) e consequências jurídicas (vinculação do
particular às condições do edital de credenciamento). Ao disciplinar
o conteúdo necessário para a efetivação da inscrição, o pressuposto
trazido pelo instrumento convocatório é que, estando a inscrição livre
de falhas e vícios, será credenciado o particular.
Esta forma de organização condensa, em um só ponto do edital, o
método de inscrição, a habilitação jurídica e fiscal, a qualificação técnica
e os critérios de seleção dos interessados. Parece-nos uma forma eficaz
e simplificada de organização e modelagem de diferentes elementos
necessários de um edital de credenciamento, sendo uma opção adequada
para certames cujo objeto é de baixa ou média complexidade.

SEÇÃO V – DO REQUERIMENTO DE CREDENCIAMENTO


6. O requerimento de credenciamento deverá ser digitado, sem emendas,
rasuras, entrelinhas, ou ambiguidade, acompanhado da documentação
solicitada neste Edital, preferencialmente em papel timbrado próprio
do proponente, conforme modelos constantes do Anexo III e IV, em
que constará:
Pessoa física:
Requerimento para credenciamento, conforme modelo constante no
Anexo III;
Identificação do interessado, referência a este credenciamento, número de
telefone fixo, celular, endereço residencial e comercial, dados bancários,
indicação de endereço eletrônico (e-mail);
Indicação do(s) par(es) de idioma(s) a que se credencia;
Cópia da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF;
Cópia do documento de identidade;
Cópia da inscrição de contribuinte como profissional autônomo ou
inscrição do Regime Geral da Previdência Social – INSS e do cadastro
de contribuintes do Imposto sobre Serviços – ISS;
Curriculum vitae do proponente, demonstrando experiência como
tradutor no(s) par(es) de língua(s) para o(s) qual(is) está solicitando
credenciamento;
Atestado de capacidade técnica fornecido por pessoa jurídica de direito
público ou privado, que comprove a execução de serviço(s) de tradução
e/ou versão declarado(s) no currículo mencionado na alínea “g”;
h.1) O(s) atestado(s) deverá(ão) conter:
A identificação, endereço, telefone e e-mail da pessoa jurídica atestante;
Uma síntese do(s) serviço(s) prestado(s) ao atestante;
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
65

Manifestação acerca da qualidade do(s) serviço(s);


Local, data e assinatura do atestante.
Prova de inscrição no cadastro de contribuintes municipal e, quando
couber, estadual, relativo ao domicílio ou sede do interessado, pertinente
ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto do credenciamento;
Prova de regularidade trabalhista (inexistência de débitos inadimplidos
perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943);
Certidão Conjunta Negativa de Débitos Relativos a Tributos Federais e
à Dívida Ativa da União, expedida pela Secretaria da Receita Federal.
Pessoa jurídica:
Requerimento para credenciamento, conforme modelo constante no
Anexo IV;
Endereço, telefone do local onde mantém sede ou representação, bem
como e-mail para contato com o responsável pelo credenciamento;
Indicação dos dias e horários de funcionamento;
Data e assinatura do representante legal;
Ato constitutivo (estatuto ou contrato social em vigor) devidamente
registrado;
Inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades simples, acompa-
nhada de prova da diretoria em exercício;
Prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ;
Prova de inscrição no cadastro de contribuintes municipal e, quando
couber, estadual, relativo ao domicílio ou sede do interessado, pertinente
ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto do credenciamento;
Prova de regularidade relativa à Seguridade Social – CND;
Prova de regularidade com o recolhimento do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço – CRF;
Prova de regularidade trabalhista (inexistência de débitos inadimplidos
perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943);
Declaração de cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
Constituição Federal, de acordo com o previsto no inciso V do art. 27
da Lei 8.666/1993;
Certidão Conjunta Negativa de Débitos Relativos a Tributos Federais e
à Dívida Ativa da União, expedida pela Secretaria da Receita Federal;
Alvará de funcionamento;
Histórico dos principais trabalhos de tradução e versão realizados pela
empresa, demonstrando experiência com traduções no(s) par(es) de
língua(s) para o(s) qual(is) está solicitando credenciamento;
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
66 CREDENCIAMENTO

Atestado de capacidade técnica fornecido por pessoa jurídica de direito


público ou privado, que comprove a execução de serviço(s) de tradução
e/ou versão declarado(s) no histórico mencionado na alínea “o” ;
p.1) O(s) atestado(s) deverá(ão) conter:
A identificação, endereço, telefone e e-mail da pessoa jurídica atestante;
Uma síntese do(s) serviço(s) prestado(s) ao atestante;
Manifestação acerca da qualidade do(s) serviço(s);
Local, data e assinatura do atestante.
8. O requerimento apresentado de forma incompleta, rasurado ou em
desacordo com o estabelecido neste Edital será considerado inepto,
podendo o interessado apresentar novo requerimento escoimado das
causas que ensejaram sua inépcia.
9. O requerimento vincula o proponente, sujeitando-o, integralmente,
às condições deste credenciamento.
11. Os pedidos de credenciamento serão analisados pelo Pregoeiro, com
vistas à homologação ou não pelo Secretário de Licitações, Contratos e
Patrimônio do Tribunal de Contas da União.
(grifos nossos).

A designação de Pregoeiro para análise das inscrições tem dois


resultados práticos de grande utilidade para o processo de credencia-
mento: 1) Atribui a função a um profissional capacitado e especializado
da Administração Pública; e 2) Facilita o processamento dos pedidos
de esclarecimentos, impugnações e recursos, uma vez que esses serão
tratados por um servidor já habituado em lidar com tais tarefas.
Pode-se discutir que essas atribuições seriam mais bem exercidas
por uma Comissão Especial de Credenciamento, especialmente designada
para esta atividade. A nosso ver, esta alternativa também é possível e
provavelmente mais adequada tecnicamente. No entanto, reconhecemos
a valia da solução adotada pelo TCU em designar o pregoeiro para esta
função, uma vez que parece ser uma medida de eficiência, agilidade
e desburocratização.

6.1.4 Seção VI – Do descredenciamento


A única penalidade escolhida pelo edital foi o descredenciamento
do particular. Por se tratar de sanção gravosa, as condutas típicas
elencadas todas dizem respeito ao controle de qualidade dos serviços
prestados e ao inadimplemento injustificado da prestação requisitada.

SEÇÃO VI – DO DESCREDENCIAMENTO
14. A Administração pode, a qualquer momento, solicitar um descre-
denciamento se:
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
67

14.1. O mesmo documento for considerado “não satisfatório” pela


segunda vez pela equipe da Serint, não sendo mais objeto de revisão
da parte do tradutor;
14.2. Caso a tradução/versão refeita seja ainda considerada não satis-
fatória, o serviço será recusado e proceder-se-á ao descredenciamento
do tradutor, conforme disposto no Edital;
14.3. Após haver confirmado o recebimento da mensagem da Secretaria
de Relações Internacionais do TCU solicitando a execução de um
serviço e ter afirmado sua execução, o CREDENCIADO deixar de
executá-lo;
14.4. O CREDENCIADO se recusar, por 3 (três) vezes, a realizar um
serviço de tradução e/ou versão.
O instrumento convocatório traz ainda uma cláusula muito
genérica relativa ao descredenciamento, abrindo a possibilidade
de aplicação da penalidade em hipótese de descumprimento “das
disposições do edital”. Neste caso, para que sejam evitados abusos em
caso de sanção, é importante que sejam respeitados os princípios da
proporcionalidade e da lesividade na aplicação da penalidade, além de
garantido o contraditório e a ampla defesa do particular.

15. O não-cumprimento das disposições mencionadas neste Edital


poderá acarretar o descredenciamento do CREDENCIADO, garantindo
o contraditório e a ampla defesa.
15.1. Fica facultada a defesa prévia do credenciado, a ser apresentada
no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados do recebimento da
notificação de descredenciamento.

A seção cobre, ainda, o descredenciamento voluntário, que é


facultado ao credenciado a qualquer momento, respeitado o prazo de
30 dias para sua efetivação após solicitação.

12. O presente credenciamento tem caráter precário, podendo o CRE-


DENCIADO, a qualquer momento, solicitar o descredenciamento, caso
não tenha mais interesse em permanecer credenciado.
12.1. O CREDENCIADO que desejar seu descredenciamento deverá
solicitá-lo mediante aviso, por escrito, encaminhado à Secretaria de
Relações Internacionais do TCU.
12.2. O descredenciamento ocorrerá no prazo de até 30 (trinta) dias, a
contar da data do recebimento do aviso de solicitação, mantendo-se,
durante este prazo, a condição de CREDENCIADO e as obrigações
dela decorrente, nos termos deste Edital.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
68 CREDENCIAMENTO

6.1.5 Seção VII – Da execução dos serviços


Esta seção esclarece os parâmetros utilizados para definir,
distribuir, quantificar, avaliar e remunerar os serviços executados.
Tratando-se de um edital cujo objetivo é a contratação de profissionais
para suprir a demanda do Tribunal para os serviços de tradução
juramentada, passemos à análise das cláusulas:

SEÇÃO VII – DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS


16. Os serviços devem compreender a realização de tradução e versão
de textos disponibilizados pela Secretaria de Relações Internacionais
do TCU, observando-se as seguintes premissas:
16.1. Os serviços serão cobrados por laudas, considerando-se uma
lauda 1.000 (mil) caracteres contados eletronicamente pelo processador
de texto Microsoft Word, descontados os espaços em branco.
16.2. Para efeito de pagamento, o cálculo da quantidade de laudas
considerará os seguintes critérios:
16.2.1. Quantidade de caracteres (descontados os espaços em
branco) dividido por 1.000 (mil);
16.2.2. Caso a divisão resulte em um número fracionado, serão
consideradas as duas casas decimais dessa fração.
16.3. Considera-se que as funções de tradução e/ou versão de textos são
atendidas em regime normal quando o serviço for executado à proporção
de 10 (dez) laudas por dia útil.
16.4. Considera-se que as funções de tradução e/ou versão de textos
são atendidas em regime de urgência, quando o serviço for executado
à proporção de 11 (onze) a 20 (vinte) laudas por dia útil.
16.5. Considera-se que as funções de tradução e/ou versão de textos
são atendidas em regime de extrema urgência, quando for executado
à proporção de 21 (vinte e uma) a 30 (trinta) laudas por dia útil. (grifos
nossos)

A cláusula 16 do edital, nos itens 16.1 a 16.5, estabelece o conteúdo


dos serviços prestados, o critério de quantificação para fins de pagamento
e os diversos regimes de atendimento das demandas, que influenciarão
na remuneração dos credenciados.
Já o item 16.6 estabelece o método de distribuição das demandas,
uma vez que o presente edital não resulta na contratação imediata e
simultânea de todos os credenciados:

16.6 A convocação dos CREDENCIADOS para prestação dos serviços


será realizada em sistema de rodízio.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
69

16.6.1 Homologado o credenciamento, será divulgada, por meio de


planilha publicada no Portal do TCU, a lista de CREDENCIADOS,
classificados em ordem alfabética.
16.6.2 Para o caso de pessoas jurídicas, considerar-se-á o nome fantasia
utilizado no ato constitutivo da empresa.
16.6.3 Para o caso de pessoas jurídicas que têm o nome iniciado por um
algarismo, considerar-se-á a ordem numérica crescente antes da ordem
alfabética, sendo o número 0 precedido do número 1.
16.6.4 O primeiro classificado na lista será convocado para a realização
do primeiro serviço e assim sucessivamente, durante a vigência do
CREDENCIAMENTO.
16.6.5 A cada serviço solicitado, a Secretaria de Relações Internacionais
atualizará a sequência de CREDENCIADOS, passando para o final da
lista o CREDENCIADO que recebeu a última solicitação.
16.7 Considerando o sistema de rodízio para encaminhamento dos textos
a serem traduzidos, não há garantia quanto ao volume de serviço que
será solicitado a cada CREDENCIADO.

A opção por sistema de rodízio a partir de ordem alfabética é


um método possível, mas a nosso entender falho para a distribuição de
uma demanda limitada entre um número indefinido de credenciados
em consonância ao princípio da impessoalidade. Entendemos que a
realização de um sorteio público para a definição da primeira ordem
de classificação dos credenciados seria uma medida mais adequada,
isonômica e transparente.
Importante também destacar a cláusula 16.7, que deixa claro não
haver garantia de volume mínimo de serviço, nem de periodicidade de
contratação para os credenciados.
Em último lugar, a presente seção também estabelece a forma de
avaliação, controle de qualidade e fiscalização dos serviços executados:

16.12 A Secretaria de Relações Internacionais do TCU manifestar-se-á


quanto à aprovação ou desaprovação dos serviços executados, de acordo
com o controle de qualidade constante do Anexo I.
16.13 O serviço de tradução ou versão considerado não satisfatório será
reenviado ao CREDENCIADO para ser refeito.
16.13.1. Iniciado o procedimento de descredenciamento, o serviço será
repassado ao próximo CREDENCIADO da lista para execução, ainda
que esteja em andamento o processo de descredenciamento, inclusive
na fase de apresentação de contraditório.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
70 CREDENCIAMENTO

ANEXO I – CONTROLE DE QUALIDADE DOS TEXTOS TRADU-


ZIDOS/VERTIDOS
1. Cada texto traduzido receberá o conceito “satisfatório” ou “não
satisfatório”.

2. Será considerado “não satisfatório” se incluir, em qualquer de suas


laudas:
a) Quatro ou mais erros básicos; ou
b) Dois erros básicos e mais de cinco erros complementares; ou
c) Nenhum básico e oito ou mais erros complementares.

3. Será considerado “satisfatório” caso o número de erros seja inferior


aos limites acima.

4. Serão considerados erros básicos:


a) Erro de conjugação verbal;
b) Erro de regência verbal
c) Erro de regência nominal;
d) Erro de concordância nominal;
e) Erro de concordância verbal;
f) Erro no uso de pronomes;
g) Uso de falsos cognatos;
h) Uso de palavra e/ou expressão e/ou estrutura gramatical inexistente
na norma culta de acordo com a literatura especializada (e.g., dicionários,
gramáticas e obras de uso de língua reconhecidas pelas instituições
pertinentes, como: Real Academia Espanhola, Academia Brasileira de
Letras, Oxford English Dictionary);
i) Erro de ortografia;
j) Falta de clareza na frase ou ambiguidade (se o sentido estiver claro
no texto original, mas ambíguo na tradução ou versão, isso constituirá
um erro);
k) Tradução excessivamente literal (palavra por palavra) ou aquela que
não respeitar a estrutura gramatical;
l) Tradução ou versão comprovadamente retirada de alguma ferramenta
de tradução da internet (exemplo: fragmento de texto com tradução do
Google Translator);
m) Uso de palavra e/ou frase de sentido diferente da usada no texto
original;
n) Erro de sintaxe (a ordem das palavras e outros elementos de uma
frase devem respeitar as regras gramaticais da língua para a qual se
está traduzindo);
o) Falta de tradução ou versão de parte substancial do texto original,
títulos, frases;
p) Escolha incorreta de conjunções.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
71

5. São considerados erros complementares, se não forem também erros


básicos:
a) Erro de pontuação;
b) Erro de combinação de palavras (erro de “collocation”);
c) Erro no uso de preposições ou omissão de preposição;
d) Erro no uso de artigos ou omissão de artigo;
e) Escolha de classe morfológica incorreta entre um grupo de palavras
de mesma raiz (a raiz da palavra está correta, mas a classe morfológica
escolhida está errada, e.g., “safe” no lugar de “safety” ou “economy”
no lugar de “economic”);
f) Erro no uso de maiúsculas e/ou minúsculas;
g) Adição de texto e/ou palavras não claramente incluídos no original nos
casos em que isso não seja necessário para transmissão da ideia original;
h) Uso de termo inadequado no contexto, de acordo com as convenções
da língua alvo;
i) Ausência de paralelismo.

O controle de qualidade aqui serve, ao mesmo tempo, como


ferramenta para aprovação dos serviços e indicador para aplicação da
penalidade de descredenciamento, justificando a necessidade de serem
empregados parâmetros claros e objetivos para a avaliação dos textos.

6.1.6 Seção VIII – Das obrigações do credenciado


As obrigações do credenciado vão além daquelas relativas aos
serviços prestados de forma direta e devem englobar também formas
de se garantir que a prestação seja realizada em tempo hábil e que, em
caso de falhas, faltas ou intempestividade, seja minimizado o dano
causado à Administração.

SEÇÃO VIII – DAS OBRIGAÇÕES DO CREDENCIADO


17. Ao CREDENCIADO cabe:
17.1. Executar o serviço, conforme as condições estipuladas neste Edital,
o requerimento de credenciamento e a nota de empenho;
17.2. Prestar serviços dentro dos parâmetros e rotinas estabelecidos,
com observância às recomendações de boa técnica, normas e legislação;
17.3. Cumprir os prazos previstos na solicitação de serviços, respeitan-
do-se as condições deste Edital;
17.4. Dar ciência ao CREDENCIANTE, com antecedência mínima de
metade do prazo previsto para a entrega, dos motivos de ordem técnica
que impossibilitem a execução dos serviços dentro do prazo previsto
na solicitação de serviços;
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
72 CREDENCIAMENTO

17.5. Comunicar ao CREDENCIANTE, por escrito, quando verificar


condições inadequadas ou iminência de fatos que possam prejudicar a
perfeita prestação dos serviços;
17.6. Emitir recibo de prestação dos serviços de acordo com a Tabela de
Preços constante do Anexo II;
17.7. Responsabilizar-se integralmente pelo fiel cumprimento dos
serviços contratados;
17.8. Responsabilizar-se pelo bom funcionamento do seu correio
eletrônico bem como pelo recebimento e entrega dos documentos a
serem traduzidos;
17.9. Executar os serviços no prazo correspondente ao regime de execução
solicitado pelo CREDENCIANTE;
17.10. Responsabilizar-se pela fidedignidade dos textos traduzidos, sem
alterar o significado do texto original;
17.11. Criar um glossário específico com os termos usados nos textos
enviados pelo Tribunal;
17.12. Executar diretamente os serviços contratados, sem transferência
de responsabilidade ou subcontratação;
17.12.1. No caso de o CREDENCIADO ser pessoa física, as traduções
ou versões devem ser assinadas pelo próprio;
17.12.2. No caso de o CREDENCIADO ser pessoa jurídica, as
traduções ou versões devem ser assinadas pelo profissional que
realizou a tradução ou versão.
17.13. Adotar medidas de segurança adequadas, no âmbito das ativi-
dades sob seu controle, para a manutenção do sigilo relativo ao objeto
contratado;
17.14. Manter sigilo, sob pena de responsabilidade civil, penal e adminis-
trativa, sobre qualquer assunto de interesse do CREDENCIANTE ou de
terceiros de que tomar conhecimento em razão da execução dos serviços;
17.15. Prestar prontamente todos os esclarecimentos que forem solicitados
pelo CREDENCIANTE, cujas reclamações se obriga a atender;
17.16. Fornecer a qualquer momento, se solicitada pelo CREDENCIANTE,
e manter atualizada a documentação exigida neste Edital. (grifos nossos)

A opção do edital por cláusulas que obrigam o credenciado a


comunicar ou dar ciência à Administração de qualquer fato ou fator
que possa influenciar na qualidade ou tempestividade dos serviços, e a
responsabilização do credenciado “pelo fiel cumprimento dos serviços
contratados”, tem como objetivo reduzir os riscos da Administração na
contratação, resultando em um mecanismo pragmático de gerenciamento
de riscos.
A vedação à subcontratação é importante, uma vez que apenas
o credenciado está investido da outorga pública para realização dos
serviços que constituem o objeto deste procedimento de credenciamento.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
73

6.1.7 Seção IX – Das obrigações do credenciante


A cláusula 18 estabelece as obrigações do credenciante:

18. Ao CREDENCIANTE cabe:


18.1. Emitir a Nota de Empenho observando-se a Tabela de Preços
definida no Anexo II deste Edital;
18.2. Colocar à disposição do CREDENCIADO todas as informações
necessárias à execução dos serviços;
18.3. Promover o acompanhamento e a fiscalização da prestação dos
serviços, com vistas ao seu perfeito cumprimento, sob os aspectos
quantitativo e qualitativo, anotando em registro próprio as falhas
detectadas e comunicando ao CREDENCIADO as ocorrências de
quaisquer fatos que exijam medidas corretivas;
18.4. Atestar a execução do objeto por meio de servidor(es) especifica-
mente designado(s) para esse fim;
18.5. Efetuar o pagamento dos serviços realizados pelo CREDENCIADO
de acordo com as condições estabelecidas neste Edital, especialmente a
Tabela constante do Anexo II, e na legislação vigente.

A modelagem do edital estabeleceu obrigações mínimas à


Administração, cobrindo apenas as tarefas estritamente necessárias,
tais como: o fornecimento de informações e esclarecimentos necessários
à execução do contrato, a fiscalização da prestação dos serviços, a
emissão de quitação das obrigações cumpridas pelos credenciados
e a contraprestação pecuniária, ou seja, o pagamento pelos serviços
prestados.
Entendemos que o edital poderia ser mais rico e detalhista ao
dispor sobre as obrigações do órgão credenciante, de modo a delimitar
melhor as responsabilidades do contratante, evidenciar o princípio da
segregação de funções e responsabilidades de cada parte.
Recomenda-se que, para objetos de maior complexidade,
a Administração seja mais específica em relação às suas próprias
obrigações contratuais, a fim de que o contrato público possa ter maior
segurança jurídica.
No que diz respeito à remuneração pelos serviços, o uso de tabela
de preços é uma forma clara, precisa e objetiva de tornar públicos os
valores oferecidos pelos serviços prestados. O presente edital conta com
três regimes diversos de remuneração relativos à urgência da prestação,
ou seja, ofertando valores maiores para situações de prazos menores
para o credenciado:
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
74 CREDENCIAMENTO

ANEXO II – TABELA DE PREÇOS


Tradução

Serviços de tradução de texto Valor Unitário


Item
Regime normal (Lauda)

01 Inglês x Português R$42,00

02 Espanhol x Português R$42,00

03 Francês x Português R$42,00

04 Alemão x Português R$42,00

05 Árabe x Português R$70,00

06 Língua estrangeira x Língua estrangeira R$80,00

Serviços de tradução de texto Valor Unitário


Item
Regime de urgência (Lauda)

01 Inglês x Português R$66,00

02 Espanhol x Português R$66,00

03 Francês x Português R$66,00

04 Alemão x Português R$66,00

05 Árabe x Português R$80,00

06 Língua estrangeira x Língua estrangeira R$90,00

Serviços de tradução de texto Valor Unitário


Item
Regime de extrema urgência (Lauda)

01 Inglês x Português R$80,00

02 Espanhol x Português R$80,00

03 Francês x Português R$80,00

04 Alemão x Português R$80,00

05 Árabe x Português R$90,00

06 Língua estrangeira x Língua estrangeira R$100,00


CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
75

Versão

Serviços de versão de texto Valor Unitário


Item
Regime normal (Lauda)

01 Português x Inglês R$42,00

02 Português x Espanhol R$42,00

03 Português x Francês R$42,00

04 Português x Alemão R$42,00

05 Português x Árabe R$70,00

Serviços de versão de texto Valor Unitário


Item
Regime de urgência (Lauda)

01 Português x Inglês R$66,00

02 Português x Espanhol R$66,00

03 Português x Francês R$66,00

04 Português x Alemão R$66,00

05 Português x Árabe R$80,00

Serviços de versão de texto Valor Unitário


Item
Regime de extrema urgência (Lauda)

01 Português x Inglês R$80,00

02 Português x Espanhol R$80,00

03 Português x Francês R$80,00

04 Português x Alemão R$80,00

05 Português x Árabe R$90,00

6.1.8 Seção XVIII – Do reajuste dos preços unitários


Por último, a seção XVIII do edital disciplina a possibilidade
e critérios de reajuste de preços pela Administração, estabelecendo
parâmetros para que os valores sejam atualizados.
Estas cláusulas são importantes para que os preços dos serviços
preservem valores adequados e garantam a vantajosidade de contratação
para credenciados e credenciante.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
76 CREDENCIAMENTO

SEÇÃO XVIII – DO REAJUSTE DOS PREÇOS UNITÁRIOS


48. Os preços unitários dos serviços objeto deste Edital, desde que
observado o interregno mínimo de 30 (trinta) meses, da data limite para
apresentação da proposta no Credenciamento n.º 01/2020, fixada no
preâmbulo deste Edital, poderão ser reajustados utilizando-se a variação
do IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, mantido
pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acumulado
em 30 (trinta) meses, adotando-se a seguinte fórmula:
Pr = P + (P x V)
Onde:
Pr = preço reajustado, ou preço novo;
P = preço atual (antes do reajuste);
V = variação percentual obtida na forma do item 1 desta cláusula,
de modo que (P x V) significa o acréscimo ou decréscimo de preço
decorrente do reajuste.
49. O reajuste terá seus efeitos financeiros iniciados a partir da data de
aquisição do direito dos CREDENCIADOS, nos termos da condição
anterior.
50. O percentual final do reajuste não poderá ultrapassar o percentual
limite de crescimento da despesa pública para o exercício, fixado nos
termos do novo regime fiscal instituído pela Emenda Constitucional
nº 95, de 15/12/2016. (grifos nossos)

6.2 Chamamento Público nº02/2018 – Empresa de


Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A –
BHTrans

O Chamamento Público nº 02/2018 da Empresa de Transportes


e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) teve o objetivo de credenciar
empresas para o desenvolvimento de um aplicativo de venda e distri-
buição de rotativo digital aos usuários do sistema de estacionamento
rotativo nas vias e logradouros públicos do município de Belo Horizonte.
A BHTrans foi estruturada por meio da Lei Ordinária Municipal
nº 5.953, de 31 de Julho de 1991, que organizou a estatal como uma
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
77

sociedade de economia mista50 sob a forma de sociedade anônima, com


personalidade jurídica de direito privado. Logo, seu regime jurídico é
aquele estabelecido pela Lei Federal nº 13.303/2016, a Lei das Estatais.
A Lei das Estatais não aborda o instituto do credenciamento
de forma direta. Optou, porém, por impor um número reduzido de
restrições às estatais no que diz respeito à capacidade de regulamentar
suas próprias licitações. Sobre isso escrevem Ronny Charles e Dawilson
Barcelos:

A Lei nº 13.303/2016 parece ter optado, em nossa opinião, de maneira


correta, por conferir maior liberdade às estatais para regulamentar as
disposições gerais de licitações às suas especificidades. Nesse prumo, a
referida Lei permite (determina) que as empresas públicas e as sociedades
de economia mista publiquem e mantenham atualizado regulamento
interno de licitações e contratos compatíveis com aquilo por ela disposto.
Ao definir que o regulamento seja compatível com a disciplina legal, a
lei admite que ele, desde que respeitando as bases estabelecidas pela lei
e seus princípios básicos, possa adequar-se às necessidades da estatal.
Essa liberdade se amplia, quando compreendido que o regime licitatório
da Lei das estatais estabeleceu um modelo (ou modalidade) flexível e
não possui formato tão detalhista como a Lei nº 8.666/199351.

Isto posto, seguimos o entendimento que o art. 40 da Lei das


Estatais faculta às empresas a regulamentação do instituto do creden-
ciamento em seus respectivos estatutos, o que, desde já, recomendamos
seja feito.
Nessa linha, o inciso XVI do art. 26 do Estatuto Social da
BHTrans52 estabelece a competência do presidente para emitir portarias
e atos normativos, e, no uso desta atribuição estatutária, foi editada a
PORTARIA BHTRANS DPR Nº 101, DE 24 DE JULHO DE 2018, que
publica o Regulamento Interno de Licitações e Contratos da BHTrans. Em
seu Capítulo IV, o regulamento trata dos “procedimentos de contratação

50
O Município de Belo Horizonte, nos termos do art. 4º da referida norma municipal, deverá
subscrever ao menos 51% das ações com direito a voto, possuindo no ano de 2020 participação
acionária de 98,68%.
51
BARCELOS Dawilson; TORRES, Ronny Charles L. de. Licitações e contratos nas empresas
estatais: regime licitatório e contratual da Lei 13.303/2016. Salvador: Jus Podivm, 2018. p. 267.
52
EMPRESA DE TRANSPORTES E TRÂNSITO DE BELO HORIZONTE S/A – BHTRANS.
Estatuto Social. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-
governo/bhtrans/2020/estatuto-social-aprovado-assembleia-geral-21_05_20_0.pdf. Acesso
em: 30 abr. 2021.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
78 CREDENCIAMENTO

direta”, incluindo uma seção sobre o credenciamento, estabelecendo


as seguintes regras:

Do Credenciamento
Art. 106. O credenciamento, hipótese de contratação em razão da invia-
bilidade de competição, realizado por meio de chamamento público, será
o instrumento adequado quando, no caso concreto, houver pluralidade
de interessados e, ao mesmo tempo, indeterminação do número de
fornecedores suficientes para o pleno e satisfatório atendimento das
necessidades da BHTRANS.
Art. 107. A condução dos procedimentos do chamamento público
compete à Comissão de Licitação.
Art. 108. O credenciamento seguirá, no que couber, o procedimento
interno previsto no Capítulo II deste Regulamento.
Parágrafo único. O edital de chamamento público de credenciamento
conterá, no mínimo:
I. explicitação do objeto a ser contratado;
II. fixação de critérios e exigências mínimas à participação dos inte-
ressados;
III. possibilidade de credenciamento a qualquer tempo pelo interessado,
pessoa física ou jurídica, caso haja interesse da BHTRANS;
IV. manutenção de tabela de preços dos diversos serviços a serem
prestados, dos critérios de reajustamento e das condições e prazos para
o pagamento dos serviços;
V. estabelecimento das hipóteses de descredenciamento, assegurados,
previamente, o contraditório e a ampla defesa;
VI. possibilidade de descredenciamento pelo credenciado, a qualquer
tempo, mediante notificação à BHTRANS com a antecedência fixada
no termo;
VII. previsão de os usuários denunciarem irregularidades na prestação
dos serviços.
Art. 109. Após a publicação do aviso contendo o resumo do edital de
chamamento público no Diário Oficial do Município – DOM o mesmo
será disponibilizado no site da BHTRANS.

Feita a análise do regime jurídico aplicável ao caso, passemos


à análise do edital do Chamamento Público nº 02/2018 da BHTrans.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
79

6.2.1 Capítulo 2 – Objeto


O edital define o objeto nos seguintes termos:

CAPÍTULO 2 OBJETO
2.1 – OBJETO
2.1.1 – Credenciamento de empresa(s) para a distribuição do Rotativo
Digital, na modalidade aplicativo (APP) aos usuários do sistema de
estacionamento rotativo nas vias, logradouros e áreas públicas do
município de Belo Horizonte, utilizando tecnologia digital.
2.1.1.1 – As especificações e detalhamentos das condições de prestação
dos serviços estão descritos no Termo de Referência – Anexo I e nos
demais anexos deste Edital.

O recurso de utilizar o Termo de Referência e demais anexos


do instrumento convocatório para o detalhamento dos elementos e
parâmetros da contratação é a melhor forma possível, a nosso sentir,
para otimizar, organizar e tornar mais objetivo o edital.
Importante notar que o objeto deste certame deixa claro que
o tomador dos serviços credenciados (usuário final) será o cidadão,
e não um órgão (ou estatal) demandante, como ocorreu no edital de
tradutores juramentados do TCU.

6.2.2 Capítulo 3 – Condições de participação

CAPÍTULO 3 CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO


3.1 – PODERÃO PARTICIPAR DO PRESENTE CHAMAMENTO
PÚBLICO
3.1.1 – Poderão participar do presente Chamamento Público as pessoas
jurídicas, legalmente constituídas, isoladamente ou em forma de
consórcio, desde que satisfaçam as exigências deste Edital e seus Anexos.
3.2 – IMPEDIMENTOS À PARTICIPAÇÃO
3.2.1 – A participação neste procedimento estará impedida às pessoas
físicas, bem como às jurídicas que, na data prevista neste Edital para a
entrega do envelope, encontrarem-se em qualquer uma das seguintes
situações:
a) Com falência decretada;
b) Declaradas inidôneas por qualquer Órgão Público;
c) Em suspensão temporária e impedidas de contratar com a Adminis-
tração Municipal e/ou suas Unidades descentralizadas ou vinculadas.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
80 CREDENCIAMENTO

3.2.1 – A observância das vedações do subitem 3.2.1 é de inteira respon-


sabilidade da PROPONENTE que, pelo descumprimento, sujeitar-se-á
às penalidades cabíveis.

Como um dos pressupostos do credenciamento é a habilitação


de todos os interessados aptos a satisfazer a demanda pretendida pela
Administração, o direcionamento do edital a um público-alvo específico
já constitui uma forma de caracterização de quais interessados podem,
potencialmente, atender à contratação. O presente edital optou por
restringir a participação apenas a pessoas jurídicas ou consórcios,
vedada a participação daquelas que se enquadrem na cláusula 3.2.1,
inclusive pessoas físicas, o que é mais um ponto de diferenciação em
relação ao edital do TCU.

6.2.3 Capítulo 4 – Documentos para habilitação


Em relação aos documentos de habilitação jurídica, regularidade
fiscal e trabalhista, o edital exigiu os documentos de praxe em contra-
tações públicas. Merece destaque e elogios, a expressa previsão da
participação de consórcios, uma vez que tende a aumentar o universo
de possíveis interessados e também a oferta de prestadores de serviços
ao cidadão.

CAPÍTULO 4 DOCUMENTOS PARA HABILITAÇÃO


O envelope de documentação deverá conter os seguintes documentos
obrigatórios, com os prazos de validade em vigor:

4.1 – HABILITAÇÃO JURÍDICA


4.1.1 – Registro comercial, no caso de empresa individual.
4.1.2 – Ato constitutivo, Estatuto ou Contrato Social em vigor, devida-
mente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso
de sociedades por ações, acompanhados de documentos de eleição de
seus administradores.
4.1.2.1 – Os documentos relacionados no subitem 4.1.2 poderão ser
substituídos apenas pela última alteração, caso seja consolidada.
4.1.3 – Inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,
acompanhada de prova de diretoria em exercício.
4.1.4 – Decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade
estrangeira em funcionamento no país e ato de registro ou autorização
para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade
assim o exigir.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
81

4.1.5 – CONSÓRCIOS: As PROPONENTES que optarem pela participação


em forma de Consórcio deverão apresentar, além dos documentos
exigidos de todas as empresas participantes, o seguinte:
4.1.5.1 – Compromisso público ou particular de constituição de Consórcio,
subscrito pelas consorciadas, com indicação da empresa líder responsável
pelo Consórcio e da proporção da participação de cada uma, observadas
as seguintes normas:
a) a liderança do Consórcio caberá, obrigatoriamente, à empresa nacional;
b) a líder do Consórcio deverá ser a empresa que, proporcionalmente,
tiver maior atribuição de responsabilidade na prestação do serviço
objeto desta contratação;
c) é solidária a responsabilidade dos integrantes pelos atos praticados em
Consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do Contrato;
d) Cada Consórcio poderá contar com, no máximo, 3 (três) integrantes.
e) a empresa PROPONENTE consorciada não poderá participar neste
Chamamento Público em mais de um Consórcio ou isoladamente, nos
termos da Lei

4.2 – REGULARIDADE FISCAL E TRABALHISTA


4.2.1 – Prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal do domicílio ou sede da PROPONENTE.
4.2.2 – Comprovante de Regularidade perante o INSS.
4.2.3 – Comprovante de Regularidade perante o FGTS.
4.2.4 – Prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça
do Trabalho, mediante a apresentação de Certidão Negativa de Débitos
Trabalhistas.
4.2.5 – Para fins de comprovação de regularidade para com a Fazenda
Federal (subitem 4.2.1) e Regularidade perante o INSS (subitem 4.2.2),
deverá ser apresentada a Certidão Conjunta Negativa de Débitos
relativos aos Tributos Federais e à Dívida Ativa da União, fornecida
pelo Ministério da Fazenda/Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

No que diz respeito à qualificação técnica, foram três os meios


escolhidos para a comprovação de que o interessado está apto a
performar o objeto do contrato pretendido pela Administração: a)
formação de equipe técnica mínima; b) atestados de capacidade técnica
profissional com, no mínimo, 3 anos de experiência para os cargos
exigidos na equipe mínima; c) comprovantes de graduação em nível
superior em cursos na área de tecnologia da informação.
Importante notar que o edital não exigiu atestados de capacidade
técnica operacional, o que, a nosso sentir, é salutar e elogiável. Perceba
que o objeto contratado é o desenvolvimento e operação de aplicativos,
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
82 CREDENCIAMENTO

que podem ser muito bem providos por startups recém-constituídas e


de estrutura administrativa enxuta. Nessa senda, acertou o edital ao
desvincular a capacidade técnica profissional, que deve sim ser mais
robusta, da capacidade técnica operacional. Mais um ponto de elogio e
que favorece a ampliação da competição, é a possibilidade de somatório
dos atestados, para que seja atingido o prazo de 3 anos de experiência.
Como sugestão, entende-se que o comprovante da exigência de
graduação em área de tecnologia da informação poderia ser ampliado,
de modo a se aceitar também comprovantes de pós-graduação. Isso
porque, em um mercado dinâmico como o dos aplicativos, é muito
comum que graduados em outras áreas de conhecimento – como
Administração, Economia, Contabilidade e Direito, por exemplo –
tenham feito pós-graduação em áreas de tecnologia, o que, em nosso
entendimento, deveria também ser aceito pelo edital.

4.3 – CAPACITAÇÃO E IDONEIDADE TÉCNICA


4.3.1 – Declaração de constituição e indicação de equipe técnica, conforme
modelo do Anexo VI, firmada pelo(s) representante(s) legal(ais) da
PROPONENTE, comprometendo-se a constituir equipe técnica formada
por no mínimo 1(um) Gerente e 1 (um) Consultor Técnico.
4.3.2 – Atestado Técnico Profissional, emitido(s) por pessoa jurídica
de direito público ou privado, de que o profissional indicado como
Gerente na equipe técnica possui experiência mínima de 3 (três) anos
como Gerente. Para a contagem do tempo deste item é permitido a
somatória de atestados.
4.3.3 – Comprovante de graduação de nível superior em um dos cursos da
área da computação, abrangendo os cursos de bacharelado em Ciências
da Computação, Sistemas de Informação, Engenharia de Computação e
Engenharia de Software e de licenciatura em Computação, reconhecido
pelo MEC, do profissional indicado como Consultor Técnico da equipe
técnica.
4.3.4 – Atestado Técnico Profissional, emitido(s) por pessoa jurídica de
direito público ou privado, de que o profissional indicado como Consultor
Técnico na equipe técnica possui experiência mínima de 3 (três) anos na
prestação de serviços ligados à ciência da computação. Para a contagem
do tempo deste item é permitido a somatória de atestados.
4.3.5 – Para os atestados exigido nos subitens 4.3.2 e 4.3.4 deste item não
serão aceitos atestados emitidos pelo próprio profissional.
4.3.6 – Os atestados deverão conter informações que permitam a
identificação do emitente.
4.3.7 – Não é necessária a comprovação de vínculo permanente entre
a PROPONENTE e os profissionais indicados a constituir a equipe
técnica no momento da apresentação do envelope de habilitação,
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
83

admitindo-se, por hora, declaração (modelo Anexo VII) por parte do(s)
profissional(is) de que integrará(ão) o quadro da PROPONENTE em
eventual credenciamento. Deverá ser apresentado uma declaração para
cada profissional indicado.
4.3.8 – Caso o(s) profissional(is) indicado(s) para integrar(em) a equipe
técnica tenha(m) vínculo com a PROPONENTE, deverá(ão) ser com-
provado(s) por meio de:
4.3.8.1 – Caso o profissional indicado seja proprietário/sócio da
PROPONENTE, deverá comprovar o vínculo por meio de “Certidão
Simplificada”, emitida pela Junta Comercial do Estado, Cartório ou
órgão competente, ou, ainda, por contrato social ou alteração contratual
em vigor.
4.3.8.2 – Caso o profissional indicado não seja proprietário/sócio da
PROPONENTE, deverá comprovar o vínculo por meio do registro na
Carteira de Trabalho (CTPS), consistindo na apresentação das partes
referentes à identificação do profissional e do contrato de trabalho; ou
contrato de prestação de serviços firmado com a PROPONENTE, pessoa
física ou jurídica de que o profissional (gerente ou consultor técnico)
seja parte integrante.
4.3.9 – Nos termos do §10 do art. 30 da Lei nº 8.666/93, os profissionais
indicados pela PROPONENTE para fins de comprovação da capacita-
ção técnico-profissional deverão participar dos serviços objeto deste
Chamamento Público, admitindo-se a substituição por profissionais de
experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela BHTRANS.
4.3.10 – Caso a PROPONENTE seja consórcio os documentos exigidos
no item 4.3 e seus subitens poderão ser apresentados por qualquer uma
de suas integrantes.

Ademais, o edital acrescentou requisitos de qualificação econômico


e financeira à habilitação, como forma de avaliar a saúde financeira das
empresas contratadas que precisarão realizar investimentos próprios
para o desenvolvimento do produto:

4.4 – QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO FINANCEIRA


4.4.1 – Certidão Negativa de Falência expedida pelo distribuidor da
sede da empresa PROPONENTE.
4.4.2 – Balanço Patrimonial e demais demonstrações contábeis do
último exercício social, já exigíveis e apresentadas na forma da lei,
que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua
substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser
atualizados por meio de índices oficiais, quando encerrado há mais de
3 (três) meses da data de apresentação da proposta. Serão considerados
aceitos, na forma da lei, o balanço patrimonial e as demonstrações
contábeis assim apresentados:
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
84 CREDENCIAMENTO

a) Sociedades Anônimas: publicação do balanço em Diário Oficial ou


jornal de grande circulação da sede da PROPONENTE;
b) Empresas com mais de 1 (um) ano de existência: balanço patrimonial e a
demonstração do resultado do último exercício social, com os respectivos
termos de abertura e encerramento registrados na Junta Comercial ou
Cartório da sede ou domicílio da PROPONENTE;
c) Empresas com menos de 1 (um) ano de existência: balanço de abertura,
devidamente registrado na Junta Comercial ou Cartório da sede ou
domicílio da PROPONENTE;
d) Empresas sujeitas ou optantes pela Escrituração Contábil Digital –
ECD, também chamada de SPED-Contábil: balanço patrimonial e a
demonstração do resultado do último exercício social, com o respectivo
recibo de entrega de livro digital.
4.4.2.1 – O balanço patrimonial e as demonstrações contábeis deverão
conter assinatura do responsável da empresa e do profissional de
contabilidade habilitado.
4.4.2.2 – Ocorrendo a atualização prevista no subitem 4.4.2, deverá ser
apresentado o memorial de cálculo correspondente anexado ao balanço.
4.4.3 – Para a qualificação econômico-financeira da PROPONENTE, os
índices de LC, LG e SG, apurados no Anexo VIII – Análise Contábil e
Financeira, deverão apresentar resultados iguais ou maiores que 1 (um).
4.4.3.1 – A PROPONENTE que apresentar resultado menor que 1 (um)
em qualquer dos índices referidos no subitem 4.4.3 deverá comprovar
patrimônio líquido ou capital social mínimo de 10% (dez por cento) do
valor fixado correspondente para aquisição dos 25.000 (vinte e cinco
mil) Rotativos Digitais, devendo a comprovação ser feita através do
balanço patrimonial exigido no subitem 4.4.2.
4.4.4 – Em caso de participação de empresas em Consórcio, admite-se,
para efeito de qualificação econômico-financeira exigida nos subitens
4.4.3 e/ou 4.4.3.1, o somatório dos valores de cada consorciado, na
proporção de sua respectiva participação.

Note que o edital foi feliz ao sopesar as mínimas exigências de


qualificação econômico-financeiras das pessoas jurídicas, cumulati-
vamente com a qualificação técnica profissional de especialistas no
segmento de tecnologia, abrindo mão das exigências de qualificação
técnica operacional.

6.2.4 Capítulo 6 – Do teste de conformidade


Este procedimento de credenciamento difere dos demais aqui
estudados, pois após a aprovação de toda a documentação relacionada
à habilitação e qualificação dos interessados, a BHTrans optou por
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
85

realizar, ainda, um teste de conformidade da solução ofertada pelos


particulares, com o objetivo de verificar se as funcionalidades do
aplicativo desenvolvido atendem aos requisitos mínimos do instrumento
convocatório, prática também conhecida como Prova de Conceito (POC)
ou, ainda, Exame de Amostra.
Uma vez aprovada a documentação do particular, foi realizado
teste de conformidade nos seguintes termos:

CAPÍTULO 6
DO TESTE DE CONFORMIDADE
6.1 – Obedecendo a ordem cronológica do protocolo de entrega da
documentação técnica (manual com as instruções de utilização das
funcionalidades do aplicativo), prevista no item 5.5 deste Edital, a
Comissão procederá à análise desta documentação.
6.2 – Aprovada a documentação técnica do aplicativo da(s) PROPONEN-
TE(S) será(ão) publicado(s) no Diário Oficial do Município (DOM) ato(s)
no(s) qual(is) constará(am): i) aprovação da documentação técnica e; ii)
data para a apresentação/disponibilização do aplicativo e realização do
Teste de Conformidade.
6.3 – Reprovada a documentação técnica do aplicativo da PROPONENTE
será concedido prazo de 10 (dez) dias úteis para que a PROPONENTE
proceda a sua regularização e submeta a nova avaliação da Comissão.
6.4 – A análise da documentação técnica do aplicativo da PROPONENTE e
o Teste de Conformidade serão realizados conjuntamente pela BHTRANS
e PRODABEL, por meio de Comissão instituída especificamente para
este fim.
6.5 – O aplicativo fornecido para o teste de conformidade deverá ser
idêntico ao que consta da documentação técnica apresentada.
6.6 – É de responsabilidade da PROPONENTE fornecer os elementos
necessários para os testes, incluindo conectividade.
6.7 – É de responsabilidade da PRODABEL disponibilizar o acesso ao
Sistema de Gestão do Rotativo Digital para execução dos testes.
6.8 – As condições e descrições quanto ao Teste de Conformidade
encontram-se descritos no ANEXO IV deste edital, bem como no Termo
de Referência (Anexo I).
6.9 – Caso a PROPONENTE seja reprovada no Teste de Conformidade,
será concedido prazo de 15 (quinze) dias úteis para que a PROPONENTE
proceda a sua regularização e submeta a nova avaliação da Comissão.
6.10 – A divulgação do resultado do Teste de Conformidade será feita
mediante publicação do Diário Oficial do Município (DOM).

Importante destacar que a realização de Prova de Conceito é


lícita e recomendada apenas quando realizada após a habilitação dos
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
86 CREDENCIAMENTO

participantes, sendo ilícita sua prática quando constitui etapa integrante


do procedimento de qualificação dos particulares, sob pena de restrição
à competição53.
Merece elogios a cláusula 6.3, uma vez que oportuniza aos
credenciantes o prazo de 10 dias úteis para que sejam sanadas pendências
na documentação apresentada. Isso demonstra o interesse da estatal em
credenciar o maior número possível de prestadores de serviços em prol
da ampla oferta de serviços à população. Ao mesmo tempo, é medida
prática em direção ao princípio do formalismo moderado54.
Em observância ao princípio da publicidade, toda a metodologia
e parâmetros de avaliação utilizados durante o teste de conformidade
foram descritos no Anexo IV do edital:

ANEXO IV
PROCEDIMENTOS DO TESTE DE CONFORMIDADE

1 – DIRETRIZES GERAIS
1.1 – Durante a realização do Teste de Conformidade a BHTRANS irá
verificar as funcionalidades do aplicativo bem como validar as transações
trocadas entre a avaliada e o Sistema de Gestão do Estacionamento
Rotativo Digital.
1.2 – Todos os testes da prova de conceito serão registrados em formulário
próprio, apresentado no item 3 deste Anexo.
1.3 – A BHTRANS poderá revisar ou rever o formulário durante a
execução do teste.
1.4 – A avaliação deverá verificar se a documentação técnica da proposta
e o seu uso atendem aos requisitos apresentados no Termo de Referência.
1.5 – No final da avaliação, caso pelo menos um item não atenda o
requisito, será devidamente registrado no formulário e concedido à
avaliada única oportunidade para que seja providenciada, em até 15
(quinze) dias úteis, a correção da(s) pendência(s). A BHTRANS irá realizar
novamente a avaliação na íntegra e não apenas nos itens pendentes.
1.6 – Mesmo sendo um aplicativo funcionalmente igual, os procedimentos
serão realizados para cada Sistema Operacional (Android e iOS).

53
Cf. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2763/2013. Plenário. Relator: Ministro Weder
de Oliveira. Sessão de 09/10/2013. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/docu-
mento/acordao-completo/*/NUMACORDAO%253A2763%2520ANOACORDAO%253A2013/
DTRELEVANCIA%2520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520. Acesso
em: 14 out. 2020.
54
Sobre isso, Cf. BARCELOS, Dawison; TORRES, Ronny Charles Lopes; Licitações e contratos
nas empresas estatais: regime licitatório e contratual da Lei 13.303/2016. Salvador: JusPodivm,
2018. p. 368-369.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
87

1.7 – Todas as transações de aquisição, ativação e cancelamento executa-


das no sistema da avaliada deverão ser autenticadas e verificadas através
do Sistema de Gestão do Estacionamento Rotativo Digital.
1.8 – No final de cada procedimento de avaliação será emitido um
relatório assinado pela equipe de avaliação composta por técnicos da
BHTRANS e PRODABEL.

2 – AVALIAÇÃO
2.1 – Os seguintes processos serão testados no aplicativo e no portal
web da avaliada (quando aplicável):
2.1.1 – Cadastramento do usuário: avaliação das telas de cadastramento
e validação das informações, bem como a consulta e alteração desse
cadastro. Verificação de que o armazenamento dos dados foi realizado
em sistema central.
2.1.2 – Cadastramento de veículos (placas) e verificação da possibilidade
de exclusão de veículos.
2.1.3 – Transação de Compra: avaliação do processo de aquisição do
Rotativo Digital pelo usuário final, desde o pedido feito pelo usuário
até a sua efetivação com o recebimento das informações no APP,
inclusive a autenticação da transação fornecida pelo Sistema de Gestão
do Estacionamento Rotativo Digital.
2.1.4 – Consultas de saldo e extratos de movimentações, avaliação
da disponibilização ao usuário final das informações financeiras das
transações.
2.1.5 – Transação de Ativação: avaliação do processo de ativação do
Rotativo Digital pelo usuário final, desde o pedido feito pelo usuário
até a sua efetivação com o recebimento das informações no APP,
inclusive a autenticação da transação fornecida pelo Sistema de Gestão
do Estacionamento Rotativo Digital.
2.1.6 – Transação de Ativação (Bônus): avaliação do processo de ativação
do bônus pelo usuário final, desde o pedido feito pelo usuário até a
sua efetivação com o recebimento das informações no APP, inclusive
a autenticação da transação fornecida pelo Sistema de Gestão do
Estacionamento Rotativo Digital.
2.1.7 – Consultas de saldo e extratos de movimentações; avaliação da
disponibilização ao usuário final as informações relacionadas à ativação
de Rotativo Digital e ativação de bônus.
2.1.8 – Processo de cancelamento: cancelamento de transação de aquisição
de Rotativo Digital pelo usuário final que deverá ser registrada no
Sistema de Gestão do Estacionamento Rotativo Digital e que após
autorização da BHTRANS deverá ser concluída pela empresa avaliada
e comunicado ao usuário final.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
88 CREDENCIAMENTO

A inclusão de um procedimento de avaliação da solução ofertada


pelos interessados como elemento ou fase do processo seletivo do
credenciamento é uma estratégia possível para maximizar as chances
de que as demandas da Administração sejam atendidas pelo particular
interessado aprovado e credenciado.
Por fim, digno de aplausos e registro de boa prática mencionar
que a cláusula 1.8 do edital vincula os técnicos de duas empresas estatais
do município de Belo Horizonte (BHTrans e PRODABEL55) que, neste
certame, uniram know-how específico e multidisciplinar com o objetivo
de refinar a seleção das propostas e produtos mais vantajosos para a
Administração.

6.2.5 Capítulo 8 – Procedimentos para a contratação


O presente edital, ao seu fim, resultou na contratação imediata e
simultânea de todos os particulares considerados aptos a se credenciarem
com a Administração, mediante a apresentação de documentação
específica:

CAPÍTULO 8 PROCEDIMENTOS PARA A CONTRATAÇÃO


8.1 – Após a publicação da(s) empresa(s) apta(s) a se credenciar(em), a(s)
mesma(s) será(ão) convocada(s) pela Gerência de Compras, Contratos
e Licitações – GECOL da BHTRANS para assinatura do Termo de
Credenciamento (Anexo XIV) no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis
contados da convocação, sob pena de decair o direito ao credenciamento,
sem prejuízo das sanções previstas neste Edital.
8.2 – A assinatura do Termo de Credenciamento ficará condicionada à
apresentação, pela(s) PROPONENTE(S), dos seguintes documentos à
BHTRANS:
a) Cópia autenticada do Estatuto ou Contrato Social da empresa e
eventuais alterações, documentos estes que poderão ser substituídos
apenas pela última alteração, caso seja consolidada;
a.1) Caso a PROPONENTE seja um Consórcio, esta ficará obrigado a
comprovar, antes da celebração do Contrato, a constituição e o registro
do Consórcio, nos termos do compromisso assumido;
b) Instrumento Público ou Particular de Mandato, este último com
firma reconhecida, outorgando poderes ao signatário da contratação,

55
A PRODABEL – Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte
S.A. é a companhia de processamento de dados da prefeitura de Belo Horizonte, criada pela
Lei nº 2.273/74, de 10 de janeiro de 1974. Seu core business é o desenvolvimento de soluções
de tecnologia da informação para o município.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
89

quando não se tratar de sócio ou diretor autorizado através do estatuto


ou Contrato Social;
c) Comprovação do CADASTRO com situação regular junto ao SUCAF,
no código 03.83 – Informática em Geral;
d) ) comprovação do vínculo dos profissionais indicados para equipe
técnica (Gerente e Consultor Técnico), nos termos do subitem 4.3.1 e 4.3.7.

O prazo de 10 dias úteis para a assinatura do termo de credencia-


mento é suficiente para a finalização desta etapa do credenciamento no
caso de empresas credenciadas isoladamente. Porém, parece-nos que
este prazo é reduzido quando os credenciados tenham se apresentado
no formato de consórcio, que exige mais trâmites burocráticos para a
formalização.
Ademais, a intempestividade injustificada possui como conse-
quência a aplicação de multa, avaliada em face do valor relacionado
ao objeto da contratação:

8.3 – O prazo previsto no item 8.1 poderá ser prorrogado, por igual
período, se solicitado durante o seu transcurso pela PROPONENTE e
desde que decorra de motivo justificado, aceito pela BHTRANS.
8.4 – A convocação para assinatura do Termo de Credenciamento obede-
cerá à ordem cronológica da(s) publicação(ões) da(s) PROPONENTE(S).
8.5 – A recusa injustificada em assinar o Termo de Credenciamento dentro
do prazo previsto no item 8.1, sujeitará a PROPONENTE à penalidade
de multa, no percentual de 20% (vinte por cento) do valor equivalente
à de aquisição de 25.000 (vinte e cinco mil) Rotativos Digitais, sem
prejuízo das demais sanções legalmente estabelecidas, em observância
ao disposto no art. 81 da Lei nº 8.666/93.

6.2.6 Capítulo 12 – Remuneração do credenciado


Uma vez desenvolvido e aprovado o aplicativo, é necessário
garantir ao particular uma forma justa e permanentemente atualizada
de remuneração, a fim de preservar o equilíbrio econômico-financeiro
da contratação. A escolha da BHTrans foi no sentido de oferecer às
empresas credenciadas uma porcentagem da receita auferida pela
venda de rotativos digitais, cujo preço é controlado e reajustado pela
Administração:
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
90 CREDENCIAMENTO

CAPÍTULO 12 REMUNERAÇÃO DO CREDENCIADO


12.1. A remuneração do credenciado se dará pelo desconto de 15%
(quinze por cento) concedido no ato da compra do Rotativo Digital,
calculado sobre o valor do montante de Rotativo Digital adquirido.
Para fins de aplicação do desconto na aquisição dos Rotativos Digitais
pela(s) DISTRIBUIDORA(S) sempre considerar-se-á seu preço público
fixado por meio de Portaria editada pela BHTRANS.
12.2. O valor do Rotativo Digital será correspondente ao valor da folha
unitária do estacionamento rotativo de Belo Horizonte, atualmente R$4,40
(quatro reais e quarenta centavos), nos termos da Portaria BHTRANS
DSV Nº 013/2017 de 20 de junho de 2017.
12.3. O valor máximo de comercialização do Rotativo Digital ao usuário
final será àquele do preço público fixado em portaria editada anualmente
pela BHTRANS.

6.3 Credenciamento SEBRAE/PE – Edital 01/2019

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Brasileiras


(SEBRAE), fundado em 1972, é integrante do chamado Sistema S: um
conjunto de instituições de interesse de categorias sociais criadas com
fulcro no art. 149 da Constituição Federal da República.
O referido dispositivo constitucional permite a arrecadação,
mediante contribuições sociais, de receitas que são repassadas a
entidades criadas com o intuito de promover ações de apoio voltadas
a determinadas categorias sociais. Cada entidade depende de previsão
legal para sua criação, sendo o SEBRAE criado pelo Decreto Federal
nº 99.570, de 9 de outubro de 1990, e possui regime jurídico próprio.
No caso em pauta, todas as licitações e contratações do SEBRAE são
regidas pelo Regulamento de Licitações e de Contratos do Sistema
SEBRAE e outras Normas Pertinentes56.

56
SEBRAE. Resolução CDN nº 361/2021, de 11 de fevereiro de 2021. Diário Oficial da União, de
19 de fevereiro de 2021. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
91

O regulamento em questão traz um dispositivo relativo à contra-


tação mediante credenciamento, seu artigo 43, que autoriza a realização
deste instituto para implantação de serviços quando houver pluralidade
de interessados:

Art. 43 – Para a implantação de serviços próprios de suas finalidades


institucionais, quando houver pluralidade de prestadores interessados, o
Sistema SEBRAE poderá proceder às contratações mediante a utilização
do procedimento de cadastramento e credenciamento de pessoas físicas
ou jurídicas, observados os princípios da publicidade e da igualdade,
bem como prescrever o respectivo regulamento.

O presente estudo de caso analisará o Edital 01/2019 de Creden-


ciamento do SEBRAE/PE, com o objetivo de destacar os motivos que
levaram o credenciamento a ser escolhido e implementado como
estratégia de contratação neste caso, bem como destrinchar os elementos
de maior relevância para a compreensão da realidade prática do instituto,
promovendo, assim, uma análise ampla, do início ao fim, da condução
de um procedimento de credenciamento realizado por uma instituição
de renome nacional.
Por se tratar de um credenciamento realizado sob a égide de
regime jurídico próprio e específico para licitações e contratos do
SEBRAE, o presente edital apresenta um diferencial de particular
importância: sua realização se deu com prazos fatais para a participação,
não sendo observado o requisito geral de que o procedimento de
credenciamento deve ser mantido permanentemente em aberto para
o cadastro de novos particulares interessados.
Em outras palavras, o edital estabeleceu um cronograma de fases
evolutivas e com prazos que organizam a gestão e operacionalização
do credenciamento. Entendemos que essa solução encontra amparo
legal mais amplo no princípio da eficiência, uma vez que o processo
de credenciamento realizado pela instituição é abrangente e minucioso
e requer grande mobilização de funcionários e empresas interessadas
para o seu processamento.
Por isso, faz todo o sentido, a nosso sentir, que haja limitações de
prazo para que os interessados cumpram os requisitos estabelecidos pelo
edital em cada fase e que, em seguida, a equipe técnica do SEBRAE tenha
tempo hábil para processar e analisar toda a documentação enviada.

Anexos/Resolução_CDN_Nº_361-2021_-_Regulamento_de_Licitações_e_de_Contratos_
do_Sistema_SEBRAE.pdf. Acesso em: 02 jun. 2022.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
92 CREDENCIAMENTO

Ademais, caso o interessado não seja aprovado no presente


edital, além de recorrer (princípio do contraditório), poderá sanar
as pendências identificadas para um próximo credenciamento, uma
vez que o SEBRAE costuma reabrir o atualizar o seu processo de
credenciamento anualmente.
Dito isso, o Credenciamento nº 001/SEBRAE-PE/18 teve como
objetivo a adição de pessoas jurídicas no “Cadastro de Prestadores de
Serviços de Consultoria e Instrutoria do SEBRAE/PE”, constituindo
um rol de particulares aptos a atender às demandas da entidade.
São seis as seções do edital de relevância para a presente análise: 1)
Objeto; 2) Condições para Credenciamento; 3) Etapas do Processo
de Credenciamento; 4) Contratação para Prestação de Serviços; 5)
Acompanhamento e Avaliação da Prestação de Serviços; e 6) Suspensão
e Descredenciamento.

6.3.1 Objeto
O Edital define o objeto do credenciamento nos seguintes termos:

1. OBJETO
Este Edital tem como objeto o Credenciamento de Pessoas Jurídicas
para integrar o Cadastro de Pessoas Jurídicas Prestadoras de Serviços
de Consultoria e Instrutoria do SEBRAE, que poderão ser chamadas
para prestar serviços quando houver demanda, em regime de não
exclusividade. O credenciamento não gera para as pessoas jurídicas
qualquer direito de contratação. (grifos nossos)

Aqui, é importante ressaltar um dos elementos cruciais do creden-


ciamento: o resultado final de um procedimento de credenciamento não
necessariamente é a formação de um contrato, mas sim a atribuição ao
particular da condição de “apto” a contratar com a entidade dentro do
escopo definido pelo edital. No presente caso, o escopo é a prestação
de serviços próprios das finalidades institucionais do SEBRAE, quando
houver demanda.

6.3.2 Condições para o credenciamento


Esta cláusula estabelece quem é o público-alvo do presente
credenciamento, ou seja, quem pode ser credenciado para prestar os
serviços definidos na cláusula 1. Trata-se de definição importante, uma
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
93

vez que clarifica o escopo do certame e torna públicos os requisitos


básicos e eventuais impedimentos para a participação no chamamento
público. Aqui, podemos dividir a análise em duas partes: requisitos
mínimos para participação e impedimentos de natureza pessoal e/ou
legal.
Os requisitos mínimos definidos foram:

2. CONDIÇÕES PARA CREDENCIAMENTO


2.1 Poderão ser credenciadas, para prestar serviços ao SEBRAE/PE
sociedades empresárias, sociedades simples (incluindo cooperativas) e
EIRELI – empresa individual de responsabilidade limitada, operando
nos termos da legislação vigente, legalmente constituídas e que atendam
aos seguintes requisitos:
a) CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) ou Objeto
Social que contemple a realização de serviços de consultoria e/ou instru-
toria ou atividades semelhantes (de acordo com as opções de atuação
escolhidas pela pessoa jurídica no ato da inscrição), nas áreas e subáreas
de conhecimento de interesse.
b) Capital social compatível com o número de empregados, observando-se
os seguintes parâmetros:
I. Pessoas jurídicas com até dez empregados – capital mínimo de R$
10.000,00 (dez mil reais).
II. Pessoas jurídicas com mais de dez e até vinte empregados – capital
mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
III. Pessoas jurídicas com mais de vinte e até cinquenta empregados –
capital mínimo de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais).
IV. Pessoas jurídicas com mais de cinquenta e até cem empregados –
capital mínimo de R$ 100.000,00 (cem mil reais) e
V. Pessoas jurídicas com mais de cem empregados – capital mínimo de
R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).
c) Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
d) Registro na Junta Comercial.
e) Para sociedades de advogados, o registro na Junta Comercial poderá ser
substituído pela comprovação de registro junto à Ordem dos Advogados
do Brasil.
(grifos nossos)

A restrição de CNAE se explica pelo substrato legal nacional para


a realização de credenciamentos do SEBRAE, o já mencionado art. 43
da Resolução CDN nº 361/2021, de 11 de fevereiro de 2021, que torna
lícita a contratação mediante credenciamento para a implantação de
serviços próprios das finalidades institucionais do SEBRAE, principalmente
o atendimento a micro e pequenas empresas.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
94 CREDENCIAMENTO

Os demais requisitos mínimos dizem respeito à licitude da prática


empresarial de cada particular interessado, objetivando garantir o
credenciamento de pessoas jurídicas idôneas.
Já os impedimentos elencados no edital representam bons
exemplos de restrições de natureza legal e pessoal:

2.2. Poderão ser credenciadas para prestar serviços ao SEBRAE/PE


pessoas jurídicas que possuam em seu quadro de empregados ou quadro
societário, ex-empregados ou ex-
dirigentes do Sistema SEBRAE, observado o prazo mínimo de carência
de 18 (dezoito) meses, contados da data de desligamento ou do término
do mandato.
2.3. Poderão participar do processo de credenciamento pessoas jurídicas
e profissionais vinculados que atuem em conformidade ao contido no
artigo 299 do Código Penal, não praticando ou aceitando a exploração
de trabalho escravo ou degradante, a exploração sexual de menores e
a exploração de mão de obra infantil e adolescente.
2.4. É vedada a participação de pessoas jurídicas que:
a) Estejam cumprindo a penalidade de suspensão do direito de licitar
e/ou de contratar com o Sistema SEBRAE, enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição;
b) Estiverem sob decretação de falência, dissolução ou liquidação;
c) Possuam algum dirigente, sócio ou empregado que seja conselheiro,
diretor ou empregado do Sistema SEBRAE;
d) Possuam em seu quadro societário ou de empregados, cônjuge/
companheiro, pais/filhos, sogro/sogra, enteados/enteadas, genros/noras,
cunhados/cunhadas, avôs/netos (inclusive do cônjuge/companheiro) ou
irmãos de conselheiro, diretor ou empregado do SEBRAE contratante;
e) Tenham sido descredenciadas por iniciativa de alguma unidade do
Sistema SEBRAE, enquanto durar o prazo do descredenciamento; e
f) Sejam credenciadas por outro SEBRAE/UF, salvo o disposto no
subitem 4.6. deste Edital;
g) Possuam sócios ou empregados que aderiram ao PDI (Programa de
Demissão Incentivada), por 36 (trinta e seis) meses, a contar da data do
término da vigência do contrato de trabalho com o SEBRAE;
h) Possuam restrições de qualquer natureza resultantes de contratos/
parcerias firmados anteriormente com o sistema SEBRAE.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
95

As cláusulas citadas visam eliminar eventuais conflitos de


interesse nas contratações futuras, além de, novamente, impor critérios
que objetivam a contratação de pessoas jurídicas idôneas, com funcio-
namento dentro dos limites legais, razoáveis e conforme a melhor ética
profissional.

6.3.3 Etapas do processo de credenciamento


A cláusula nº 3 do edital estabelece exatamente as mesmas etapas
estudadas na seção 5.3 da presente obra, quais sejam a Inscrição, a
Habilitação Jurídica e a Qualificação Técnica, aqui organizadas em
apenas duas etapas: 1) Inscrição; e 2) Habilitação Jurídica/Fiscal e
Qualificação Técnica.

3. ETAPAS DO PROCESSO DE CREDENCIAMENTO


3.1. O processo de credenciamento de pessoas jurídicas para integrar o
Cadastro de Pessoas Jurídicas Prestadoras de Serviços de Consultoria
e Instrutoria do SEBRAE, será composto de duas etapas, de caráter
eliminatório:
a) Etapa 1 – Inscrição
- Preenchimento completo dos dados cadastrais da pessoa jurídica, relato
de experiência e natureza da prestação dos serviços, se consultoria e/ou
instrutoria, no cadastro eletrônico (formulário de inscrição SEBRAE).
- Envio de toda a documentação exigida neste Edital, por meio físico,
no prazo estipulado.
b) Etapa 2 – Habilitação Jurídica/ Fiscal e Qualificação Técnica
- Análise das informações/dados e dos documentos enviados em meio
físico, para habilitação jurídica e fiscal.
- Análise das informações/dados e dos documentos enviados em meio
físico, para qualificação técnica da empresa.

A Inscrição é o momento em que se recebe do particular a


manifestação de vontade em participar do edital de credenciamento,
devendo enviar à entidade a documentação requisitada e dados pessoais
pertinentes. É importante que a instituição estabeleça os canais e
procedimentos adequados para esse processo de forma clara e precisa,
sendo uma boa prática a disponibilização de uma ficha padronizada de
inscrição anexa ao edital, elencando toda a documentação e informações
necessárias, endereço para envio e/ou canal para inscrição digital.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
96 CREDENCIAMENTO

Aqui, é de interesse também acrescentar uma cláusula limitando


a responsabilização da entidade pelo recebimento intempestivo ou
extravio de quaisquer documentos exigidos durante a etapa de inscrição,
como, por exemplo:

4.8. O SEBRAE/PE e a EGAION Consultoria não se responsabilizarão


por inscrição não recebida no prazo por motivos de ordem técnica de
computadores, falhas de comunicação, congestionamento das linhas de
comunicação, bem como por quaisquer outros fatores que impossibilitem
a transferência de dados.
5.6. O comprovante da data de envio dos documentos será o carimbo
dos Correios (Via SEDEX ou Carta Registrada) ou da respectiva empresa
de transporte/ entrega no envelope:
a) A EGAION Consultoria Ltda não se responsabilizará por extravio ou
por atrasos durante o processo de envio dos documentos
b) Documentos apresentados fora do prazo definido neste Edital,
implicarão na reprovação da pessoa jurídica candidata.

Note que as supracitadas cláusulas evidenciam que o SEBRAE/


PE optou por contratar uma empresa de consultoria especializada para
auxiliar no processamento operacional do credenciamento. Esta solução
nos parece absolutamente lícita e possível, uma vez que se trata de
um serviço temporário e com escopo de atividades e resultados bem
delimitados.
Já a Habilitação Jurídica/Fiscal e Qualificação Técnica consistiram,
no presente caso, na análise da documentação enviada a partir de critérios
objetivos definidos no edital, consistindo em etapa eliminatória da
seleção de interessados. O rol de documentos para Habilitação Jurídica/
Fiscal foi definido por uma tabela de 4 colunas: 1) Item, separando a
documentação em campos individuais; 2) Documento, descrevendo o que
está sendo exigido; 3) Tipo, esclarecendo quaisquer exigências adicionais
a respeito da natureza da documentação, como, por exemplo, se se
exige o envio do documento original, se bastam cópias simples etc.; e
4) Observações, para adição de eventuais informações complementares
necessárias, caso a caso. Exemplo:
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
97

QUADRO 1
ITEM DOCUMENTO TIPO OBSERVAÇÕES
Documento original,
O documento estará
impresso após o
disponível após a conclusão
preenchimento
da inscrição no Sistema, por
Comprovante de completo do
B. meio do botão Visualizar,
inscrição cadastro no sistema
no campo “Impressão dos
do SEBRAE, até
dados cadastrais e relato de
a data final de
experiência da empresa”
inscrição
O objeto social da pessoa
Ato constitutivo, jurídica deve ser compatível
estatuto ou contrato com o foco de atuação
social e respectivas escolhido no momento do
alterações ou conso- cadastro (área / subárea de
lidação contratual, conhecimento (Anexo 1)
C. Cópia simples
inscrito ou registrado e natureza da prestação de
no órgão competente serviços, se consultoria e/ou
na Junta Comercial instrutoria).
ou no Conselho Não será aceito extrato do
Seccional da OAB. contrato social (certidão de
breve relato ou simplificada).

Já a Qualificação Técnica, realizada única e exclusivamente a


partir da análise de documentos recebidos, foi processada de forma
semelhante, a partir de atestados de capacidade técnica, comprovantes
de formação acadêmica e atestados de experiência profissional de sócios
e/ou empregados e comprovantes de vínculo da equipe técnica com
pessoa jurídica candidata ao credenciamento.
Como o presente edital contempla diversas áreas com diferentes
especificações técnicas, o credenciamento foi dividido por áreas e
subáreas de conhecimento:

4.2. O credenciamento será realizado nas áreas e suas respectivas subáreas


de conhecimento e natureza da prestação de serviços, se consultoria
e/ou instrutoria, conforme definido no Anexo I, de acordo com o seu
objeto social e/ou CNAE.

Com isso, surge a necessidade de especificar as diversas exigências


e critérios de qualificação técnica para cada subárea de conhecimento à
qual os particulares poderão se credenciar. Cada área de conhecimento
elencada conta com um número determinado de subáreas, que devem
ser escolhidas pelos interessados. Cada subárea possui seus requisitos
específicos que devem ser atendidos pelo potencial credenciado:
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
98 CREDENCIAMENTO

QUADRO 2
Edital de credenciamento de pessoas jurídicas prestadoras
de serviços de consultoria e instrutoria - SEBRAE-PE

ÁREA E SUBÁREAS DE CONHECIMENTO


REQUISITOS
1. RECURSOS HUMANOS
● Vínculo formal de sócio ou empregado
1.1. Recrutamento e Seleção: definição com a pessoa jurídica
de perfil, recrutamento e seleção, ferra- ● Formação escolar: nível superior
mentas e instrumentos de mapeamento completo
de perfil. ● Domínio dos conteúdos listados na
subárea
1.2. Carreira, Remuneração, Acompa-
nhamento e Avaliação de Desempenho
e de Resultados: sistemas de gestão de
● Vínculo formal de sócio ou empregado
carreira, métodos de acompanhamento,
com a pessoa jurídica
métodos de avaliação, preparação para
● Formação escolar: nível superior
aposentadoria, remuneração fixa, tabela
completo
salarial, remuneração variável, reconheci-
● Domínio dos conteúdos listados na
mento não financeiro, benefícios, sistemas
subárea
de gestão do desempenho, técnicas de
elaboração de metas, indicadores de
desempenho.
● Vínculo formal de sócio ou empregado
1.3. Desenvolvimento e Treinamento de
com a pessoa jurídica
Pessoas: levantamento de necessidades,
● Formação escolar: nível superior
programas de treinamento, educação e
completo
desenvolvimento profissional, indicadores,
● Domínio dos conteúdos listados na
soluções de treinamento.
subárea

Ademais, o edital contempla a possibilidade de serem realizadas


diligências, a fim de oportunizar aos interessados o saneamento de
falhas e a complementação da instrução do processo, o que nos parece
uma medida muito salutar com o intuito de ampliar o espectro de
credenciados e que coloca em prática os princípios do formalismo
moderado e busca da proposta mais vantajosa:

5.7. Sempre que necessário, o SEBRAE/PE e a EGaion Consultoria, em


qualquer fase do processo de credenciamento, promoverão diligências
destinadas a esclarecer ou a complementar a instrução do processo
de credenciamento da pessoa jurídica, podendo inclusive, solicitar às
pessoas jurídicas candidatas cópias de contratos e/ou notas fiscais que
comprovem a realização dos serviços informados no relato de experiência
e/ou atestados de capacidade técnica apresentados.
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
99

5.8. Durante a análise documental, se constatada alguma irregularidade, a


EGaion Consultoria notificará a pessoa jurídica, através de publicação de
listagem no site www.egaion.com.br – link “Seleções – Credenciamento
SEBRAE/PE – 01/2019”, concedendo prazo para sua regularização.
5.9. Os documentos que fizerem parte deste processo de credenciamento
não serão devolvidos às pessoas jurídicas participantes.

6.3.4 Contratação para prestação de serviços


Como o presente edital não resulta na celebração imediata de
contrato de prestação de serviços com todos os particulares credenciados,
foi necessário estabelecer critérios para definir quando, como e quais
credenciados serão contratados. No caso em tela, o critério de distribuição
de demanda foi o rodízio de credenciados, partindo de critérios objetivos
relativos ao objeto da demanda específica e, posteriormente, uma ordem
aleatória no banco de pessoas jurídicas credenciadas:

9. CONTRATAÇÃO PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


9.1. Quando houver demanda, a pessoa jurídica credenciada será
consultada por intermédio de seu representante legal, sobre o interesse
e disponibilidade para prestação dos serviços.
9.2. A solicitação para contratação de serviços da pessoa jurídica
credenciada obedecerá ao critério de rodízio, que é o meio pelo qual
se estabelece a forma de seleção, observando-se as seguintes regras:
a. Área/subárea de conhecimento e natureza da prestação de serviços,
se consultoria e/ou instrutoria;
b. Produto/solução (quando houver);
c. Manutenção da regularidade fiscal válida da pessoa jurídica;
d. Proximidade do local de execução dos serviços em relação ao domicílio
da pessoa jurídica credenciada; no raio de distância de até 50 km, não
haverá distinção para o critério de proximidade entre as pessoas jurídicas
credenciadas no rodízio;
[...]
9.5. Havendo mais de uma pessoa jurídica que cumpra todos os critérios,
a ordem de classificação nas respectivas filas de distribuição dos serviços
será feita por sistema informatizado, no modo randômico, ou seja, acesso
aleatório ao banco de pessoas jurídicas credenciadas. (grifos nossos)

O uso de sistema informatizado em modo randômico para


distribuição de demandas em que o objeto não permite a contratação
imediata e simultânea de todos os interessados é uma possível saída
para a lícita contratação dos credenciados, uma vez que respeita os
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
100 CREDENCIAMENTO

princípios da igualdade e da impessoalidade. É também de interesse


estabelecer, no edital, hipóteses que levem o credenciado a retornar ao
final da fila de distribuição de serviços no rodízio. Exemplos:

9.10.A pessoa jurídica com prioridade no rodízio, ao recusar a consulta


para a prestação do serviço ou deixar o prazo do aceite da contratação
expirar, será realocada ao final da respectiva fila de distribuição dos
serviços.
9.12. A pessoa jurídica com prioridade no rodízio, que deixar o prazo
da contratação expirar será realocada ao final da respectiva fila de
distribuição dos serviços.

6.3.5 Acompanhamento e avaliação da prestação de


serviços
Como vimos anteriormente, o edital deve prever critérios e
métodos para acompanhamento e fiscalização da qualidade dos serviços
prestados. Esse acompanhamento pode ser realizado por fiscal membro
da Administração, terceiro contratado com essa finalidade, ou tomador
final dos serviços (cliente). A avaliação no presente edital foi dividida
entre dois métodos: o acompanhamento pelo gestor do contrato e a
avaliação pelo cliente final, sendo ambos utilizados para a obtenção
de uma nota final atribuída à pessoa jurídica prestadora dos serviços:

10. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS
10.1. O SEBRAE/PE acompanhará a prestação de serviços das pessoas
jurídicas credenciadas.
[...]
10.3. A avaliação da prestação de serviço será contemplada de duas
formas:
a) Pelo cliente (quando houver), e
b) Pela unidade contratante.
10.3.1. A pessoa jurídica deverá atingir uma nota final na prestação
de serviço igual ou superior a 70% (setenta por cento) dos critérios
avaliados, de acordo com o padrão estabelecido pelo SEBRAE.
10.3.2. O processo de acompanhamento da prestação de serviços
contemplará, até duas formas de avaliação que comporão a nota final
da pessoa jurídica credenciada:
I – Avaliação do gestor do contrato: acompanhará a realização do
serviço prestado e o avaliará, registrando desvios e necessidade
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
101

de ajustes. Esta avaliação é obrigatória e corresponderá a 40%


(quarenta por cento) da nota final da pessoa jurídica credenciada;
II – Avaliação do cliente atendido: avaliará a qualidade do serviço
prestado. Esta avaliação é recomendada e corresponde a 60%
(sessenta por cento) da nota final da pessoa jurídica credenciada;
sendo que nos casos de serviços de instrutoria a avaliação poderá
ser realizada por amostragem;
10.3.3. O gestor do contrato deverá, obrigatoriamente, disponibilizar
ao cliente atendido o(s) instrumento(s) para a avaliação do serviço
prestado, devendo incentivar a sua realização. Em caso de recusa
do cliente, ou no caso de o serviço ser prestado para atendimento
das necessidades internas do SEBRAE/PE, a avaliação do gestor
do contrato corresponderá a 100% (cem por cento) da nota final da
pessoa jurídica credenciada.

O envolvimento do cliente final no processo de monitoramento,


avaliação e fiscalização dos serviços é uma ferramenta útil para a
entidade, quando for possível sua implementação. Na prática, obtém-se
uma avaliação plural e imparcial dos serviços prestados com baixo
custo para a instituição. O uso de critérios de amostragem para análise
dos dados obtidos a partir da avaliação realizada por clientes, pode
colaborar para que essa avaliação de qualidade seja eficiente e efetiva.
Com relação aos critérios, o presente edital define quatro pontos
centrais para a avaliação da qualidade dos serviços prestados:

10.2. O acompanhamento da prestação dos serviços contemplará os


seguintes aspectos:
a) Análise se o atendimento é satisfatório, se a equipe técnica está
qualificada e se há monitoramento do contrato pelo representante legal
da contratada;
b) Análise se houve falhas no atendimento, e, acaso existentes, se foram
prontamente corrigidas pela contratada sem prejuízo ao SEBRAE/PE;
c) Análise acerca da qualidade e satisfação com relação às entregas
previstas no contrato e se houve recusas ou aplicação de penalidades
contratuais;
d) Análise se as entregas previstas no contrato ocorreram dentro do
prazo pactuado.

O atendimento a prazos, aplicação de questionários de satisfação


a clientes e registro de ocorrências de falhas durante a prestação e/ou
aplicação de sanções são ferramentas úteis para o monitoramento da
contratação.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
102 CREDENCIAMENTO

6.3.6 Pagamento da prestação de serviços e despesas com


viagens
O edital não apresenta tabela de valores para os serviços prestados.
A razão para essa escolha se encontra nas práticas de contratação
utilizadas pelo SEBRAE, e pelo fato de que as demandas distribuídas
no âmbito do presente credenciamento são variáveis, podendo englobar
escopos e tarefas diversas.
A definição, então, se limita a dizer que as condições de pagamento
e valores seguirão as regras definidas no contrato a ser celebrado e nas
normas internas do SEBRAE/PE:

11. PAGAMENTO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E DESPESAS COM


VIAGENS
11.1. O pagamento pelos serviços prestados será efetuado de acordo com
as regras definidas no contrato de prestação de serviços e nas normas
internas do SEBRAE/PE, sobre valores de consultoria e instrutoria.

Esse formato dá ao SEBRAE maior flexibilidade de gestão e


permite que a instituição utilize a mesma estratégia de contratação em
nível nacional, adaptada às especificidades da realidade econômica de
cada região ou estado em que está instalada.
A operacionalização da contratação ocorre da seguinte forma: uma
vez credenciada a empresa, chegado o seu momento de ser contratada
segundo os parâmetros do rodízio, o gestor demandante do SEBRAE
elabora uma solicitação de serviço, em que definirá a estimativa de
horas técnicas necessárias para o atendimento da demanda, com valor
atribuído à hora técnica segundo tabela de preços da unidade estadual
do SEBRAE.
A estratégia torna possível e regular o valor da prestação dos
serviços, a partir da capacidade econômica de cada unidade estadual
do SEBRAE, adaptado também aos mais diversos preços de mercado de
cada unidade federativa. Nessa senda, entendemos que é absolutamente
plausível e justificável que serviços similares tenham valores de mercado
distintos por estado ou região, uma vez que os custos de vida desses
profissionais podem oscilar muito a depender do local de prestação
dos serviços. Assim, recomendamos que cada entidade realize uma
minuciosa e ampla pesquisa prévia de mercado, a fim de formar uma
cesta de preços adequada, inclusive consultando Conselhos Profissionais
e de classe. Por fim, a entidade deve formar e atualizar permanentemente
CAPÍTULO 6
ESTUDOS DE CASOS
103

a sua tabela de honorários, de modo a torná-la atrativa aos particulares


e condizente com a própria realidade local.

6.3.7 Suspensão e descredenciamento


As sanções definidas pelo SEBRAE neste edital de credenciamento
foram duas: a suspensão temporária e o descredenciamento. Uma vez
que o interesse maior dos particulares na participação neste edital é
justamente o direito de receber parte da demanda por serviços a ser
distribuída futuramente entre as entidades credenciadas, o simples
impedimento, temporário ou permanente, de celebrar contratos com o
SEBRAE pode ser visto como eficaz dissuasor de práticas prejudiciais
ao SEBRAE e seus interesses com o presente edital.
A suspensão é utilizada como resposta para as seguintes condutas
típicas:

12. SUSPENSÃO E DESCREDENCIAMENTO


12.1. A pessoa jurídica será suspensa, pelo período de 6 (seis) meses
quando:
a) Receber 2 (duas) avaliações, com nota final inferior a 70% (setenta
por cento);
b) Não comparecer ao local da realização das atividades contratadas
com antecedência para garantir a sua plena execução;
c) Não se manifestar, formalmente, sobre o aceite ou recusa da proposta
(consulta) de prestação de serviços ao SEBRAE/PE por 3 (três) vezes;
d) Deixar de entregar quaisquer documentos solicitados pelo SEBRAE/
PE no prazo estipulado;
e) Desistir de realizar os serviços após o aceite da proposta e antes de
firmado o contrato, exceto em casos justificados e aceitos pelo SEBRAE/
PE.
(grifo nosso)

O uso de sanções aliadas aos dados colhidos durante o monito-


ramento e avaliação da contratação é uma forma de aliar ambos os
institutos com o objetivo de aprimorar a qualidade das contratações. O
edital optou por ter a suspensão como sanção menos gravosa possível,
não adotando qualquer forma de advertência ou simples multa como
dissuasores.
A sanção mais grave escolhida foi o descredenciamento, ato
jurídico que exclui o credenciado do rol de empresas aptas a contratar
no âmbito do procedimento de credenciamento realizado. O prazo
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
104 CREDENCIAMENTO

estabelecido para a medida foi de 24 meses, uma vez que é vedada a


sua aplicação por tempo indefinido. As condutas típicas elencadas,
evidentemente mais graves que aquelas presentes na cláusula 12.1,
foram as seguintes:

12.2 A pessoa jurídica será descredenciada quando:


a) Descumprir ou violar, no todo ou em parte, as normas contidas neste
Edital de
Credenciamento ou no instrumento de contratação da prestação de
serviços;
b) Apresentar, a qualquer tempo, na vigência do respectivo instrumento
contratual, documentos que contenham informações inverídicas;
c) Não mantiver sigilo sobre as informações decorrentes das contratações;
d) Entregar e/ou divulgar material promocional de sua pessoa jurídica e/
ou de seus serviços, durante os contatos mantidos em nome do Sistema
SEBRAE;
e) Utilizar qualquer material desenvolvido pelo Sistema SEBRAE para
seus produtos e seus programas sem prévia autorização;
f) Cobrar qualquer honorário profissional, complementar ou não,
relativos aos trabalhos executados no âmbito do contrato de prestação
de serviços firmado com o SEBRAE /PE;
g) Comercializar qualquer produto/serviço do Sistema SEBRAE sem
sua prévia autorização;
h) Afastar-se da prestação de serviço, mesmo temporariamente, sem
razão fundamentada ou notificação prévia;
i) Designar outra pessoa jurídica, credenciada ou não, para executar
o serviço pelo qual foi contratada pelo SEBRAE/PE, seja no todo, seja
em parte;
j) Utilizar o nome ou a logomarca do SEBRAE como referência para a
realização de serviços não contratados em assinaturas, cartões de visita,
portais/sites corporativos, redes sociais e outros canais sem autorização
prévia da Instituição;
k) Articular parcerias em nome do SEBRAE/PE;
l) Pressionar, desabonar, ofender, seja por qualquer motivo, qualquer
cliente, parceiro, empregado ou representante legal do SEBRAE/PE.
m) Atuar em desacordo com os princípios do respeito e da moral
individual, social e profissional;
n) Recusar-se a entregar o “Termo de Cessão de Direitos Autorais
Patrimoniais”, caso o resultado da execução do contrato seja produto
ou obra sujeito ao regime de propriedade intelectual;
o) Alterar seu objeto social de modo que a torne incompatível com a
prestação de serviços de consultoria/instrutoria;
p) Encerrar as suas atividades, ou seja, a pessoa jurídica estar inativa
e/ou com baixa na junta comercial, cartório, Receita Federal do Brasil,
dentre outros;
q) Receber 3 (três) avaliações com nota inferior a 70% (setenta por cento);
12.3. A pessoa jurídica descredenciada pelos motivos acima fica impedida
de participar de novo processo de credenciamento do Sistema SEBRAE
pelo prazo de 24 (vinte e quatro) meses, a partir da data de comunicação
do descredenciamento.

Em observância aos requisitos legais de ampla defesa e contra-


ditório na aplicação de sanções, a possibilidade de defesa prévia para
os credenciados foi definida mediante processo administrativo nos
seguintes termos:

12.4. A pessoa jurídica credenciada terá 5 (cinco) dias úteis para apresentar
defesa prévia, contados a partir da notificação formal de suspensão ou
descredenciamento.
12.5. O SEBRAE/PE analisará a defesa prévia apresentada pela pessoa
jurídica credenciada e a alçada competente designada para este fim pelo
SEBRAE/PE decidirá sobre a aplicação da penalidade.
CAPÍTULO 7

ANÁLISE DE NORMATIVOS
DE CREDENCIAMENTO

O estudo final realizado no âmbito desta obra é a análise crítica de


legislações, regulamentos de empresas estatais e de entidades integrantes
do Sistema S a respeito do instituto do credenciamento, com o objetivo
de trazer alguns exemplos de como a matéria foi regulamentada em
diferentes campos normativos, para diferentes aplicações práticas.
Para isso, serão analisadas os seguintes normativos: 1) Decreto
Estadual nº 4.507, de 1º de abril de 2009 do Estado do Paraná; 2) Decreto
Estadual nº 37.769, de 5 de abril de 2017 do Estado do Amazonas; 3) Lei
Estadual nº 9.090, de 24 de dezembro de 2008 do Estado do Espírito Santo;
4) Resolução Consad nº 037, de 13 de novembro de 2018 (Regulamento
de Licitações e Contratos da CONAB); 5) Regulamento Interno de
Licitações e Contratos da CEMIG; 6) Regulamentos de Licitações e
Contratos das entidades do Sistema S.

7.1 Decreto Estadual nº 4.507/2009 do Estado do Paraná


O Decreto Estadual nº 4.507, de 1º de abril de 2009 do Estado do
Paraná, dispõe sobre o regulamento do instituto do credenciamento
em nível estadual, definindo características, condições, normas e
competências para o credenciamento de pessoas físicas ou jurídicas.
É o ato normativo mais completo identificado até a publicação da
presente obra, tratando do instituto em todas as suas etapas (aqui,
são elas: 1- pré-qualificação para o credenciamento; 2- concessão do
credenciamento; 3- manutenção do credenciamento; 4- distribuição
das demandas; 5- contratação; 6- execução do contrato; 7- avaliação de
desempenho e controle de qualidade) e regulamentando ainda diversos
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
108 CREDENCIAMENTO

aspectos práticos da execução de um procedimento de credenciamento,


como, por exemplo, a realização de sorteios para distribuição das
demandas, apresentação de garantia, sanções e condições de pagamento.

7.1.1 Capítulos I e II – Objetivo do Regulamento e


fundamento legal
Capítulo I
DO OBJETIVO DO REGULAMENTO
Art. 1º Este Regulamento tem por objetivo definir características,
condições, normas e competências para o credenciamento de pessoas
físicas ou jurídicas nas situações em que o objeto a ser contratado pelo
Estado do Paraná, através de seus órgãos e entidades, possa ser realizado
simultaneamente por diversos contratados.
§1º O credenciamento não tem caráter exclusivo, podendo o órgão ou
entidade contratante convocar, em igualdade de condições, todos os
credenciados ao mesmo tempo ou, mediante sorteio ou rodízio, um ou
mais de um credenciado para a realização do mesmo serviço, situação
essa contemplada no artigo 24 da Lei Estadual nº 15.608/2007, observadas
as peculiaridades do serviço e do credenciado.
§2º As atividades a serem atendidas pelo credenciamento necessitam
de grande agilidade de execução e apresentam elevado grau de impre-
visibilidade, abrangência, volume e complexidade, fatores estes que
favorecem a utilização da presente modalidade de contratação.

Capítulo II
DO FUNDAMENTO LEGAL
Art. 2º O credenciamento é justificado nos casos em que o interesse
público possa ser melhor atendido através da contratação prevista no
§1º do artigo anterior, podendo ser por região ou não.
Art. 3º O credenciamento obedecerá aos princípios da isonomia, da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
cidade, da probidade administrativa, da economicidade, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e da celeridade.
(Grifos nossos)

Os primeiros dois capítulos tratam do substrato legal para a


prática do credenciamento no Estado do Paraná. É importante ressaltar
que o fundamento legal apresentado pelo art. 2º se alinha apenas
parcialmente ao apresentado pela Nova Lei de Licitações em seu art.
79, não contemplando de forma clara a possibilidade de distribuição
da demanda entre os credenciados por terceiros e deixando também
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
109

de mencionar a possibilidade de contratar mediante credenciamento


em “mercados fluidos”, hipótese criada pela novel legislação. Aqui,
entendemos que a regulamentação ideal do instituto por decreto
deve buscar contemplar e pormenorizar todas as hipóteses possíveis
de aplicação do instituto na prática, já em face do paradigma na Lei
Federal nº 14.133/2021.
O §2º, do art. 1º do Decreto Estadual, por sua vez, é uma adição
positiva, uma vez que retrata com clareza o quadro que caracteriza as
demandas que seriam mais bem atendidas pelo credenciamento como
método e procedimento para a contratação.

7.1.2 Capítulo III – Etapas do credenciamento


CAPÍTULO III
DAS ETAPAS DO CREDENCIAMENTO
Art. 4º O credenciamento é um processo por meio da pré-qualificação,
permanentemente aberto a todos os interessados, pessoa física e jurídicas,
que atendam os requisitos estabelecidos no Edital e durante a vigência
deste, que terá a sua duração de acordo com as disposições do artigo
103 da Lei Estadual nº 15.608/2007.
(Redação dada pelo Decreto 2823 de 27/09/2011)

No que diz respeito ao art. 4º, é importante destacar que, com o


advento da Nova Lei de Licitações, o termo “pré-qualificação” passa a
se referir a um procedimento auxiliar das licitações com previsão legal
expressa em seu art. 80, não sendo recomendado o uso deste vocábulo
para se referir a uma etapa do procedimento de credenciamento.

Seção I
Da pré-qualificação para o credenciamento
Art. 5º O Edital de credenciamento conterá objeto específico, exigências
de habilitação, em conformidade com o art. 73 da Lei Estadual nº
15.608/07, exigências específicas de qualificação técnica (condições e
requisitos mínimos de prestação para cada tipo de serviço), regras da
contratação, valores fixados para remuneração por categoria de atuação,
minuta de termo contratual e modelos de declarações.
Parágrafo único. O certificado de registro cadastral emitido por órgão ou
entidade pública, substitui os documentos enumerados nos arts. 75 a 77
da Lei Estadual nº 15.608/07 quanto às informações disponibilizadas em
sistema informatizado de consulta direta do órgão ou ente contratante,
desde que essa possibilidade esteja prevista no Edital de Credenciamento.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
110 CREDENCIAMENTO

Art. 6º O Edital de credenciamento permanecerá disponível, durante


toda sua vigência, em sítio eletrônico oficial e na sede do órgão ou da
entidade contratante.
Art. 7º A pré-qualificação de interessados será iniciada com o lançamento
de Edital de Credenciamento, mediante aviso público no Diário Oficial
do Estado, em jornal de circulação estadual, em sítio eletrônico oficial,
podendo, ainda, ser veiculado em rádio ou televisão, a critério do órgão
ou entidade contratante.
Art. 8º O interessado deverá apresentar a documentação para avaliação
pela Comissão de Credenciamento, segundo as regras descritas no Edital.
Art. 9º Serão admitidos, a critério do órgão ou da entidade contratante,
documentos entregues por via postal.
Art. 10. Na análise da documentação relativa à habilitação, pela Comissão
de Credenciamento, exigir-se-á a estrita observância de todos os requisitos
de pré-qualificação previstos no Edital.
Art. 11. Caso necessário, serão solicitados esclarecimentos, retificações
e complementações da documentação ao interessado.
Art. 12. A documentação será analisada no prazo de até 30 (trinta) dias
corridos, contados a partir da entrega da documentação no órgão ou
entidade contratante.
§1º Será acrescido ao prazo de análise o número de dias úteis oferecido
ao interessado para esclarecimentos, retificações, complementações da
documentação.
§2º Se o prazo não for suficiente para a referida avaliação, deverá
ser formalizado pedido à autoridade máxima do órgão ou entidade
contratante, devidamente justificado, o qual poderá aprovar, após
análise do requerimento, um prazo extra de até 45 (quarenta e cinco)
dias corridos para a análise.
§3º Decorridos os prazos concedidos, caso o julgamento do pedido de
credenciamento não tenha sido concluído, a Comissão de Credenciamento
terá o prazo de 02 (dois) dias úteis para decidir.
(Grifo nosso)

A definição em regulamento estadual do conteúdo mínimo


necessário ao edital de credenciamento é de interesse para a Adminis-
tração, uma vez que confere à contratação por credenciamento maior
segurança jurídica e fornece aos órgãos demandantes parâmetros claros
a serem seguidos durante a elaboração de seus respectivos instrumentos
convocatórios para as mais específicas demandas.
A redação do regulamento deve ser suficientemente precisa para
garantir segurança jurídica e previsibilidade às contratações públicas,
mas não restritiva e específica a ponto de inibir a liberdade dos diversos
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
111

entes da Administração para adaptar os editais às suas necessidades


específicas ao caso concreto.

7.1.3 Capítulo IV – Da distribuição das demandas


Como vimos, a distribuição da demanda entre credenciados é
um ponto do credenciamento merecedor de maior atenção por parte
do órgão credenciante, uma vez que não há um “processo seletivo”
propriamente dito dos melhores ou mais adequados interessados, é
necessário que a Administração discipline certos requisitos para que o
procedimento de credenciamento respeite o princípio da impessoalidade,
principalmente nos casos em que a demanda não permita a contratação
imediata e simultânea de todos os credenciados.

CAPÍTULO IV
DA DISTRIBUIÇÃO DAS DEMANDAS
Seção I
Da definição das necessidades de contratação – As demandas
Art. 23. A demanda ou a quantidade estimada de trabalho a ser contratada
pelo órgão ou entidade contratante poderá variar de acordo com o tipo
de serviço a ser contratado ou a localidade onde será executado o serviço.
Art. 24. A área técnica do órgão ou entidade contratante deverá emitir
documento que apresente, para cada demanda específica, pelo menos:
I – descrição da demanda;
II – razões para a contratação;
III – tempo e valores estimados de contratação, incluindo os elementos
técnicos sobre os quais estiverem apoiados e o Memorial de Cálculo;
IV – número de credenciados necessários para a realização do serviço;
V – cronograma de atividades, com previsão das datas de início e de
conclusão dos trabalhos;
VI – localidade/região em que será realizada a execução do serviço.
Parágrafo único. As demandas deverão seguir, necessariamente, os
parâmetros de serviços e exigências de qualificação definidos pelo Edital
de Credenciamento às quais se referem.
Seção II
Da alocação das demandas
Art. 25. Caso não se pretenda a convocação, ao mesmo tempo, de todos
os credenciados para a realização do serviço, ocasião em que se realizará
uma convocação geral dos credenciados, será realizado sorteio para se
alocar cada demanda, distribuída por padrões estritamente impessoais
e aleatórios, observando-se sempre o critério de rotatividade.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
112 CREDENCIAMENTO

Parágrafo único. O órgão ou entidade contratante observará, quando da


alocação da demanda, as condições técnicas dos credenciados e do serviço,
bem como a localidade ou região onde serão executados os trabalhos.
(...)
Art. 28. O conjunto de sorteios das demandas alimentará um quadro
de sorteios.
Art. 29. A observância ao quadro de sorteios, garantirá uma distribuição
equitativa dos serviços entre os credenciados, de forma que os ganhadores
iniciais, após receberem demandas, aguardem novamente sua vez de
serem sorteados até que todos os outros credenciados, nas mesmas
condições, tenham recebido demandas.
Art. 30. Os novos credenciados, ao ingressarem no credenciamento, serão
posicionados, no placar dos sorteios, logo após o(s) credenciado(s) com
menor número de demandas. Essa mesma situação ocorrerá quando for
realizada uma convocação geral de todos os credenciados.
Art. 31. O sorteio não poderá apresentar exigências de qualificação não
previstas no Edital.
(Grifos nossos)

O objetivo principal da metodologia adotada pelo decreto se


encontra bem resumido no art. 29: garantir uma distribuição equitativa
entre todos os credenciados. Os sorteios e demais ferramentas de alocação
aleatória de demandas são boas práticas para alcançar esse objetivo, e
a dedicação de uma seção do regulamento à pormenorização dessas
práticas é salutar e recomendada.
Outro ponto positivo do decreto é a previsão de um documento
descritivo da demanda específico para o credenciamento, uma vez que
organiza e garante maior eficiência ao procedimento como um todo,
principalmente à distribuição dos serviços.

7.1.4 Capítulo V – Da contratação

CAPÍTULO V
Da contratação
Art. 43. Expedido o Termo de Homologação emitido pelo órgão ou enti-
dade contratante ou após a convocação geral de todos os credenciados,
dar-se-á início ao processo de contratação através da emissão da ordem
de serviço ou instrumento contratual equivalente.
Art. 44. O fato do credenciado ter sido sorteado na sessão pública de
sorteio ou convocado para o atendimento de demanda não garante sua
efetiva contratação pelo órgão ou entidade interessada na contratação.
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
113

Art. 45. A contratação do credenciado somente poderá ocorrer por


vontade do órgão ou entidade contratante e desde que esteja em situação
regular perante as exigências habilitatórias para o credenciamento.
(Grifos nossos)

Uma ressalva importante e útil para a Administração é a dispo-


sição, mediante decreto, de que o procedimento de credenciamento
em momento algum gera, para o particular credenciado, o direito
subjetivo à celebração de um contrato, mesmo que o credenciado tenha
recebido, mediante sorteio ou outro método de alocação, uma demanda
específica. Como bem estabelecido nos arts. 44 e 45 do decreto ora
analisado, a contratação será realizada apenas por ato de vontade do
órgão demandante, não cabendo ao particular exigir da Administração
a formação de um contrato. Assim, resguarda-se a posição jurídica do
órgão demandante e preserva-se a lógica do credenciamento como
ferramenta de contratação.

7.1.5 Capítulo VI – Da execução do contrato


Neste capítulo foram pormenorizados dois aspectos importantes
da contratação: as obrigações e sanções. Dispôs-se também a respeito
do procedimento adequado para a formalização da contratação e
assinatura do contrato:

Art. 53. Os contratos terão sua execução iniciada mediante a emissão


da Ordem de Serviço ou outro instrumento contratual congênere,
devendo os trabalhos serem desenvolvidos na forma estabelecida no
Edital, observadas também as regras pertinentes da Lei nº 8.666/93, da
Lei Estadual nº 15.608/07 e deste Regulamento.
Art. 54. A Ordem de Serviço descreverá, no mínimo, a demanda específica
a ser executada, relacionando:
I – descrição da demanda;
II – tempo, horas ou fração e valores de contratação;
III – credenciados e/ou serviços necessários;
IV – cronograma de atividade, com indicação das datas de início e
conclusão dos trabalhos;
V – localidade/região em que será realizado o serviço.
Art. 55. O objeto do contrato deverá ter como limite de gastos o tempo,
horas ou fração e o prazo definido na demanda e a localidade para a
qual o credenciado foi sorteado, para cada tipo de serviço especificado.
§1º O contratado deve apresentar, logo após a assinatura ou retirada do
instrumento contratual, e a critério do órgão ou entidade contratante,
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
114 CREDENCIAMENTO

planejamento dos trabalhos para confirmar a utilização da estimativa


do tempo e do serviço contratado.
§2º É vedado expressamente o cometimento a terceiros (subcontratação)
de execução dos serviços objeto do credenciamento.
(Grifo nosso)

Aqui, a previsão de um documento padronizado com os elementos


centrais descritivos do serviço a ser prestado pelo particular credenciado
promove maior organização e minimiza os riscos desnecessários à
contratação.
Isto posto, passemos à análise das obrigações do credenciado e
do órgão credenciante segundo o Decreto Estadual nº 4.507, de 1º de
abril de 2009 do Estado do Paraná:

Seção I
Das obrigações
Art. 58. São obrigações do credenciado contratado:
I – executar os termos do instrumento contratual ou da ordem de serviço
em conformidade com as especificações básicas constantes do Edital;
II – ser responsável, em relação aos seus técnicos e ao serviço, por
todas as despesas decorrentes da execução dos instrumentos contra-
tuais, tais como: salários, encargos sociais, taxas, impostos, seguros,
seguro de acidente de trabalho, transporte, hospedagem, alimentação
e outros que venham a incidir sobre o objeto do contrato decorrente do
credenciamento;
III – responder por quaisquer prejuízos que seus empregados ou pre-
postos vierem a causar ao patrimônio do órgão ou entidade contratante
ou a terceiros, decorrentes de ação ou omissão culposa ou dolosa,
procedendo imediatamente aos reparos ou indenizações cabíveis e
assumindo o ônus decorrente;
IV – manter, durante o período de vigência do credenciamento e do
contrato de prestação de serviço, todas as condições que ensejaram
o Credenciamento, em especial no que tange à regularidade fiscal e
capacidade técnico-operacional;
V – justificar ao órgão ou entidade contratante eventuais motivos de
força maior que impeçam a realização dos serviços, objeto do contrato,
apresentando novo cronograma para a assinatura de eventual Termo
Aditivo para alteração do prazo de execução;
VI – responsabilizar-se integralmente pela execução do contrato, nos
termos da legislação vigente, sendo-lhe expressamente proibida a
subcontratação da prestação do serviço;
VII – manter disciplina nos locais dos serviços, retirando no pra-
zo máximo de 24 (vinte e quatro) horas após notificação, qualquer
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
115

empregado considerado com conduta inconveniente pelo órgão ou


entidade contratante;
VIII – cumprir ou elaborar em conjunto com o órgão ou entidade
contratante o planejamento e a programação do trabalho a ser realizado,
bem como a definição do cronograma de execução das tarefas;
IX – conduzir os trabalhos em harmonia com as atividades do órgão ou
entidade contratante, de modo a não causar transtornos ao andamento
normal de seus serviços;
X – apresentar, quando solicitado pelo órgão ou entidade contratante,
relação completa dos profissionais, indicando os cargos, funções e
respectivos nomes completos, bem como, o demonstrativo do tempo
alocado e cronograma respectivo;
XI – manter as informações e dados do órgão ou entidade contratante
em caráter de absoluta confidencialidade e sigilo, ficando expressa-
mente proibida a sua divulgação para terceiros, por qualquer meio,
obrigando-se, ainda, a efetuar a entrega para a contratante de todos os
documentos envolvidos, em ato simultâneo à entrega do relatório final
ou do trabalho contratado. O descumprimento da obrigação prevista
neste inciso sujeitará o credenciado à sanção prevista no inciso IV do
Art. 150 da Lei Estadual nº 15.608/07;
XII – observar o estrito atendimento dos valores e os compromissos
morais que devem nortear as ações do contratado e a conduta de seus
funcionários no exercício das atividades previstas no contrato.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que as obrigações


estabelecidas em nível de regulamento desse instituto serão aplicáveis
a todos os procedimentos de credenciamento realizados pelos órgãos
alcançados pela regulamentação.
Assim, recomenda-se que quando da regulamentação a ser
realizada por um ente público, prevejam-se apenas as obrigações
de caráter geral, que não se relacionam às especificidades do objeto
eventualmente contratado ou da demanda em questão, que devem ser
tratadas nos editais de cada chamamento público.
Busca-se, por meio disso, resguardar a posição jurídica da
Administração, minimizando seus riscos e garantindo que as contra-
tações realizadas por credenciamento possuirão maiores chances de
atender ao melhor interesse público sem eventuais contratempos.
A obrigação prevista no inciso II do art. 58 é de especial interesse
para a Administração, uma vez que assegura que em todas as contra-
tações realizadas por credenciamento, o credenciado deverá arcar
com os custos e encargos decorrentes da execução dos serviços. Da
mesma forma, o inciso III do mesmo artigo altera o regime jurídico
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
116 CREDENCIAMENTO

da responsabilidade civil no âmbito das contratações regidas por esse


regulamento, responsabilizando subjetivamente o credenciado pelos
danos a que der causa à Administração no âmbito da execução do
contrato, mesmo se forem causados por empregados ou prepostos.
Outra obrigação cuja previsão em regulamento é recomendada
se encontra no inciso IV. Uma vez que as condições de habilitação
jurídica e qualificação técnica e/ou econômico-financeira são o cerne
da contratação mediante credenciamento, é natural que se exija a
manutenção destas durante toda a execução do contrato e no âmbito
de qualquer credenciamento, sob pena de eventual descredenciamento,
após processo administrativo que respeite o contraditório e ampla defesa.
Por fim, no que diz respeito às obrigações do contratado, é
de interesse da Administração também estabelecer no regulamento
a obrigação de confidencialidade e sigilo relativamente a dados e
informações do órgão credenciante, como previsto no inciso XI do
artigo ora analisado.
As obrigações da entidade contratante devem seguir a mesma
lógica, limitando-se no regulamento àquelas aplicáveis a todo e qualquer
procedimento de credenciamento, norteadas pela efetivação de maior
segurança jurídica e otimização dos interesses da Administração nas
contratações:

Art. 59. São obrigações da Contratante:


I – exercer a fiscalização da execução do contrato por meio do Gestor
do Contrato, servidor especialmente designado, na forma prevista nos
artigos 118 da Lei Estadual nº 15.608/07;
II – proporcionar todas as condições necessárias, para que o credenciado
contratado possa cumprir o estabelecido no contrato;
III – prestar todas as informações e esclarecimentos necessários para
a fiel execução contratual, que venham a ser solicitados pelos técnicos
do contratado;
IV – fornecer os meios necessários à execução, pelo contratado, dos
serviços objeto do contrato;
V – garantir o acesso e a permanência dos técnicos do contratado nas
dependências dos órgãos ou entidades contratantes, quando necessário
para a execução dos serviços, objeto do contrato.

O inciso I do art. 59 é interessante não pela obrigação em si, uma


vez que, como vimos, a fiscalização da execução do objeto do contrato é
dever da Administração em suas contratações, mas sim por já estabelecer
no regulamento um direcionamento para como essa fiscalização deve
ser realizada.
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
117

Já os incisos III e IV do mesmo artigo vão ao encontro do interesse


da Administração em ver a sua demanda satisfeita da melhor forma
possível, e dizem respeito ao seu papel na colaboração com o particular
para garantir a boa execução do contrato.
No que diz respeito às sanções, os pontos mais importantes
do Decreto ora analisado são aqueles que esclarecem as normas e
estabelecem os procedimentos para a aplicação das penalidades, como,
por exemplo, o procedimento para cobrança e aplicação de multas
em geral. A previsão de um rol taxativo de sanções e dosimetria da
penalidade em regulamento não é recomendada, uma vez que tal
disciplina, a nosso sentir, pode ser mais bem disciplinada de acordo
com as particularidades de cada objeto, no edital de credenciamento
de cada contratação:

Seção II
Das sanções
Art. 60. O não cumprimento de quaisquer das cláusulas e condições
pactuadas no instrumento contratual ou documento congênere ou a sua
inexecução parcial ou total, poderá ensejar na aplicação de penalidade
financeira e rescisão contratual, independentemente de interpelação
judicial ou extrajudicial, conforme dispõe os artigos 128 a 131 da Lei
Estadual nº 15.608/07.
§1º O credenciado contratado ficará sujeito, no caso de atraso injustificado,
assim considerado pelo órgão ou entidade contratante, execução parcial
ou inexecução da obrigação, sem prejuízo das responsabilidades civil e
criminal, assegurada a prévia e ampla defesa, às seguintes penalidades:
a) advertência;
b) multa moratória e/ou indenizatória, de acordo com os valores ou
percentuais incidentes sobre o valor do serviço, conforme previsão no
Edital;
c) suspensão temporária do direito de participar de licitação e impedi-
mento de contratar com o Estado do Paraná, através de seus órgãos e
entes, pelo prazo de até dois anos;
d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Admi-
nistração Pública.
§2º O valor da multa, aplicada após o regular processo administrativo,
será descontado da garantia acaso exigida no Edital, momento em que
deverá ser reposta na conformidade do artigo 52 deste Regulamento,
ou, caso não tenha sido exigido, do pagamento eventualmente devido
pelo órgão ou entidade contratante ao credenciado/prestador do serviço
ou, ainda, cobrado judicialmente através de executivo fiscal.
§3º As sanções previstas nas alíneas “a”, “c” e “d” do §1º deste artigo
podem ser aplicadas, cumulativamente ou não, à pena de multa.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
118 CREDENCIAMENTO

§4º As penalidades previstas nas alíneas “c” e “d” do §1º deste artigo
também poderão ser aplicadas ao credenciado/prestador do serviço,
conforme o caso, que tenha sofrido condenação definitiva por fraudar
recolhimento de tributos, praticar ato ilícito visando frustrar os objetivos
da licitação ou demonstrar não possuir idoneidade para contratar com
o Estado do Paraná, através de seus órgãos ou entes.
§5º A aplicação das penalidades acima enumeradas não afasta a possi-
bilidade de órgão ou entidade contratante encaminhar representação ao
Ministério Público Estadual para a adoção das providências criminais
competentes contra o credenciado.
Art. 61. As penalidades previstas em instrumento contratual ou edi-
talício são independentes entre si, podendo ser aplicadas isoladas ou
cumulativamente, sem prejuízo de outras medidas cabíveis, garantida
a ampla defesa e o contraditório.
Art. 62. Além dos motivos previstos em lei poderão ensejar a rescisão
do contrato de prestação de serviço:
I – alteração social, contratual ou modificação de finalidade ou estrutura
que, a juízo da contratante, prejudique o cumprimento do contrato;
II – envolvimento do contratado, por qualquer meio, em protesto de
títulos, execução fiscal e emissão de cheques sem a suficiente provisão
de fundos ou qualquer outro fato que desabonem ou comprometam a
sua capacidade econômico-financeira ou caracterize a sua insolvência;
III – não repor a garantia utilizada no prazo previsto no artigo 52 deste
Regulamento;
IV – violar o sigilo das informações recebidas para a realização dos
serviços;
V – utilizar, em benefício próprio ou de terceiros, informações não divul-
gadas ao público e às quais tenha acesso, por força de suas atribuições
contratuais e outras que contrariarem as condições estabelecidas pelo
órgão ou entidade contratante;
VI – venha a ser declarado inidôneo ou punido com proibição de licitar
com qualquer órgão da Administração Pública, direta ou indireta,
Federal, Estadual, Municipal ou do Distrito Federal;
VII – na hipótese de ser anulado o credenciamento, a adjudicação e a
contratação, em virtude de ferimento a qualquer dispositivo legal ou
normativo ou ainda por força de decisão judicial;
VIII – o desempenho insatisfatório na execução do serviço contratado.
Art. 63. Caberá pedido de reconsideração, no prazo de 5 (cinco) dias
úteis, a contar da data da intimação do ato de rescisão do contrato, à
autoridade máxima do órgão ou entidade contratante, salvo quando
for decorrente de cumprimento de ordem judicial.
(Grifos nossos)
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
119

O art. 60 traz três questões de interesse: 1) a previsão geral de


que o não cumprimento por parte do particular de suas obrigações
contratuais poderá resultar na aplicação de penalidades (caput); 2) a
conceituação de “atraso injustificado” para fins de sujeição a sanções no
âmbito dos contratos resultantes de procedimentos de credenciamento,
em seu §1º; e 3) o procedimento para a aplicação e cobrança de multas,
objetivando a melhor forma de satisfazer os interesses da Administração
na aplicação desta medida punitiva, em seu §2º.
A previsão contida no art. 61, por sua vez, diz respeito à interde-
pendência das diferentes modalidades de sanções previstas nesta seção,
estabelecendo que nada obsta à aplicação isolada ou cumulativa de
medidas penalizadoras, e que sua aplicação não importará em prejuízo
de outras medidas cabíveis.
Entendemos que esta seção poderia também ter regulamentado
outros prazos de recursos e pedidos de reconsideração além daquele
previsto no art. 63, objetivando fornecer um quadro geral para aplicação
de sanções em contratos regulamentados por este Decreto.

7.1.6 Capítulo VII – Da avaliação de desempenho e


controle de qualidade

CAPÍTULO VII
DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E CONTROLE DE QUALIDADE
Art. 64. Os credenciados contratados deverão executar os serviços com a
devida diligência e observação dos padrões de qualidade exigidos, cum-
prindo prazos e acordos de confidencialidade de dados e informações.
Art. 65. O órgão ou entidade contratante poderá, a seu critério, proceder
à avaliação do desempenho dos credenciados, que serão dela informados.
Art. 66. Verificado o desempenho insatisfatório, o credenciado contratado
será notificado e deverá apresentar justificativa formal no prazo de 2
(dois) dias úteis.
Art. 67. O desempenho insatisfatório na avaliação poderá implicar na
restrição ou alteração do pagamento do serviço realizado, assim como
na rescisão do contrato e aplicação das penalidades previstas no art. 60
e 62 deste Regulamento.
(Grifos nossos)

A fiscalização da contratação é dever da Administração, uma


vez que, ao credenciar um particular para a prestação de um serviço
público, esta fará as vezes da própria Administração, seja perante o
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
120 CREDENCIAMENTO

cidadão (usuário), seja perante o próprio órgão contratante. Isto posto,


entendemos ser insuficiente para fins de regulamento a redação deste
capítulo, uma vez que o Decreto não apresenta formas, ou um rol
exemplificativo de medidas gerais para a avaliação do desempenho
do contratado.
Como vimos nos estudos de caso, é certo que as especificidades
do objeto credenciado devem ditar a melhor forma de fiscalizar a
contratação e, portanto, devem estar pormenorizadas em cada edital.
No entanto, algumas boas práticas podem ser citadas como: a instituição
de sistemas de pontuação com base em parâmetros objetivamente
aferíveis no caso concreto, a inclusão do usuário final no processo de
avaliação do desempenho do particular credenciado, a designação de
servidor específico para a gestão dos procedimentos de fiscalização etc.
Dito isto, a previsão contida nos arts. 66 e 67 é importante, uma
vez que oferece previsão normativa para a restrição da obrigação
pecuniária da Administração em hipótese de desempenho insuficiente,
além da resolução do contrato por inadimplemento total ou parcial.

7.2 Decreto Estadual nº 37.769, de 5 de abril de 2017 do


Estado do Amazonas
A segunda norma analisada é o Decreto Estadual nº 37.769,
de 5 de Abril de 2017 do Estado do Amazonas. Embora seja um
regulamento relativamente atual, sua redação é sucinta, limitando-se
a: 1) pormenorizar das hipóteses de realização do credenciamento; 2)
conceituar o credenciamento; 3) estabelecer a documentação básica para
a realização de um procedimento de credenciamento; 4) estabelecer
os requisitos essenciais do edital de credenciamento; 5) disciplinar as
condições de pagamento; 6) estabelecer prazos e 7) regulamentar as
hipóteses de descredenciamento, dentre outros aspectos operacionais
do credenciamento:

(...)
Art. 2º – A Administração Pública Estadual pode adotar o instituto do
credenciamento para as contratações em que o objeto possa ser realizado
simultaneamente por diversos contratados e cuja execução seja mais
bem atendidas por meio do maior número possível de fornecedores/
prestadores de serviço.
§1º Para fins deste Decreto, entende-se por credenciamento a forma
de contratação direta de todos os interessados, fundamentada no
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
121

art. 25, caput, da Lei nº 8.666, de 21 de Junho de 1993, obedecidos os


procedimentos requisitos disciplinados neste decreto.
§2º Na realização do credenciamento, a Administração deve obedecer
aos seguintes princípios constitucionais: isonomia, legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade, economicidade e transparência do
procedimento.
§3º O credenciamento deve ser realizado na modalidade aberto, de modo
a permitir a inclusão de interessados a qualquer tempo.
4º Se necessário, em estrito atendimento ao interesse público, poderá ser
publicado novo instrumento convocatório no mesmo ano.
(grifo nosso)

Em primeiro lugar, cumpre destacar que a definição apresentada


pelo §1º do art. 2º do Decreto, embora coerente com o quadro normativo
instituído pela Lei Federal nº 8.666/93, se tornará obsoleta com a
revogação definitiva dessa legislação, em face das disposições da Nova
Lei de Licitações.
Lado outro, a previsão no caput do mesmo artigo da possibilidade
de se contratar mediante credenciamento nas contratações em que “o
objeto possa ser realizado simultaneamente por diversos contratados
e cuja execução seja mais bem atendida por meio do maior número
possível de fornecedores/prestadores de serviço” é coerente com a
natureza do instituto.
Além disso, o decreto trouxe também os requisitos mínimos
para a instrução do processo de credenciamento e para o edital do
chamamento público:

Art. 3º – O processo de credenciamento deve ser instruído com os


seguintes documentos:
I – projeto básico ou termo de referência;
II – edital de credenciamento e respectiva publicação em sítio eletrônico
de compras do Governo do Estado do Amazonas (e-compras.am) e no
Diário Oficial do Estado do Amazonas;
III – justificativa apropriada pela autoridade competente;
IV – portaria de inexigibilidade aprovada pela Comissão Geral de
Licitação.
Art. 4º – São requisitos do edital de credenciamento, no mínimo:
I – descrição pormenorizada do objeto a ser contratado;
II – critérios de escolha entre os credenciados, obedecendo ao estabe-
lecimento neste Decreto;
III – documentação de habilitação, de acordo com os artigos 27 a 31 da
Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, com indicação de respectivo prazo
para apresentação;
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
122 CREDENCIAMENTO

IV – regras da execução contratual;


V – condições e prazo de pagamento, tabela de preços e critérios de
reajustes;
VI – vedação expressa de cobrança de qualquer sobretaxa em relação à
tabela de preços adotada;
VII – hipóteses de descredenciamento, após regular processo admi-
nistrativo;
VIII – hipótese de rescisão contratual;
IX – aplicação de penalidade;
X – possibilidade de denúncia à Administração por parte dos usuários
do serviço, quando cabível.
§1º O edital e seus anexos devem permanecer disponíveis, durante sua
vigência, no portal do Sistema de Compras Eletrônicas do Amazonas
(e-compras.am).
§2º A escolha do credenciado poderá ser feita pelo usuário, por sorteio ou
por rodízio, este com observância à rotatividade entre os credenciados.
§3º O critério de escolha do credenciado será definido no edital em
conformidade com a natureza do objeto.
(Grifos nossos)

No que diz respeito ao art. 3º, entendemos que a busca por maior
eficácia, segurança e eficiência nas contratações públicas mediante o
credenciamento demanda alguns elementos adicionais para a instrução
do procedimento, tais como a elaboração do DOD, do ETP e da Matriz
de Riscos, conforme estudado no capítulo 5 da presente obra.
O art. 4º, por sua vez, apresenta um excelente rol de elementos
necessários ao edital de credenciamento. Entendemos que a definição
precisa e suficiente de requisitos para o edital em regulamento é
salutar para as contratações públicas, uma vez que minimiza os riscos
relacionados a lacunas e imprecisões no instrumento convocatório.
Outro ponto de destaque é o §2º do mesmo artigo, que apresenta
previsão normativa expressa de três métodos diversos para a distribuição
da demanda entre os credenciados. Como vimos nos estudos de caso,
os três métodos aqui apresentados vêm sendo empregados com sucesso
nas contratações de entidades de referência, consistindo em formas
simples, eficientes e eficazes para a escolha de credenciados para os
casos em que não for possível a contratação imediata e simultânea de
todos os particulares aprovados.
O Decreto traz ainda outras disposições que merecem destaque:
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
123

Art. 5º – O prazo para entrega de documentação será, no mínimo, de


08 (oito) dias, e o de análise e aprovação da documentação não poderá
ser superior a 30 (trinta) dias.
(...)
Art. 8º – O pagamento aos credenciados deve ser realizado de acordo com
a demanda, com base no valor previamente definido pela Administração.
Art. 9º – Os interessados que atenderem aos requisitos estabelecidos no
edital serão credenciados para execução do objeto a que se candidatou.
§1º O resultado do credenciamento será publicado no Diário Oficial do
Estado do Amazonas e divulgado no sódio eletrônico do Sistema de
Compras Eletrônicas do Amazonas (e-compras.am).
§2º O credenciamento não obriga o órgão gerenciador ou outro respon-
sável a efetivar a contratação do objeto.
(...)
Art. 11. – Durante a vigência do credenciamento, o órgão gerenciador ou
o responsável, pode convocar os credenciados a apresentar documentação
com o fim de verificar a manutenção das condições de habilitação
exigidas no edital.
§1º Os prazos de apresentação da documentação e da análise serão
aqueles previstos no edital de credenciamento.
§2º O credenciado que não apresentar a documentação solicitada, no
prazo estipulado, poderá ser descredenciado, após processo adminis-
trativo, em que lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa.
(...)
Art. 13. – O credenciado poderá solicitar seu descredenciamento a
qualquer tempo, mediante o envio de solicitação escrita ao órgão
gerenciador, com antecedência de 30 (trinta) dias.
Parágrafo único. A solicitação de descredenciamento não exime o
credenciado do cumprimento de eventuais obrigações assumidas em
contrato firmado anteriormente, até a data de seu efetivo cumprimento.
(Grifos nossos).

Dentre esses artigos, a inovação de maior interesse se encontra


no parágrafo único do art. 13, que clarifica a situação jurídica dos
contratantes após pedido de descredenciamento pelo particular: até a
extinção do contrato por qualquer motivo (seja ele o adimplemento,
resolução contratual, ou demais causas extintivas), seguem com plena
eficácia todas as disposições contratuais, não podendo o credenciado
se eximir do total cumprimento de suas obrigações usando como
justificativa seu pedido de descredenciamento. Essa disposição garante
maior segurança jurídica para a Administração em suas contratações, e
resguarda o princípio da obrigatoriedade do direito contratual.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
124 CREDENCIAMENTO

7.3 Lei Estadual nº 9.090 do Estado do Espírito Santo


A Lei Estadual nº 9.090, de 23 de dezembro de 2008 do Estado
do Espírito Santo, apresenta, também, redação sucinta ao dispor sobre
o credenciamento, estruturando a regulamentação em: 1) conceito de
credenciamento; 2) hipóteses de aplicação do instituto; e 3) requisitos
para o edital de credenciamento:

Art. 2º Credenciamento é ato administrativo de chamamento público,


processado por edital, destinado à contratação de serviços junto àqueles
que satisfaçam os requisitos definidos pela Administração, observado
o prazo de publicidade de, no mínimo, 15 (quinze) dias.
Art. 3º A Administração Pública Estadual poderá adotar o credenciamento
sempre que for conveniente e oportuno a prestação do serviço por meio
de vários contratados.
Art. 4º O procedimento de credenciamento só será iniciado depois de
autorizado pela autoridade competente.
Art. 5º O edital de credenciamento, que será elaborado pelo setor
responsável pelas aquisições de bens e serviços do órgão, deverá
especificar o objeto a ser contratado, e fixará claramente os critérios
e exigências mínimas à participação dos interessados, respeitado o
princípio da impessoalidade.
Art. 6º O edital de credenciamento, que deverá permitir a possibilidade
de credenciamento a qualquer tempo pelo interessado, pessoa física ou
jurídica, ainda conterá:
I – manutenção de tabela de preços dos diversos serviços a serem
prestados, dos critérios de reajustamento e das condições e prazos para
o pagamento dos serviços;
II – vedação expressa de pagamento de qualquer sobretaxa em relação
à tabela adotada;
III – estabelecimento das hipóteses de descredenciamento, assegurados
o contraditório e a ampla defesa;
IV – possibilidade de rescisão do ajuste, pelo credenciado, a qualquer
tempo, mediante notificação à Administração com a antecedência fixada
no termo;
V – previsão de os usuários denunciarem irregularidade na prestação
dos serviços e/ou no faturamento;
VI – rotatividade entre todos os credenciados, sempre excluída a vontade
da Administração na determinação da demanda por credenciado.
Art. 7º No credenciamento, a convocação dos interessados deverá ser
feita mediante publicação na imprensa oficial do Estado, em site oficial
do órgão e em jornal de grande circulação.
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
125

Aqui, é importante destacar que o art. 2º foi explícito em delimitar


apenas a prestação de serviços como objeto possível para a contratação
por credenciamento. Entendemos pela possibilidade de se utilizar
também o credenciamento para compra de bens, como aliás já é previsto
no art. 6º, XLIII da Nova Lei de Licitações.
O art. 6º da Lei Estadual nº 9.090/2008, por sua vez, possibilita
o credenciamento de pessoas físicas e pessoas jurídicas, não impondo
qualquer restrição relativa à personalidade jurídica do particular
interessado.
A estipulação de prazos mínimos, como se observa no caput do
art. 2º, reserva à Administração a possibilidade de estabelecer, no caso
concreto, prazos superiores aos previstos no regulamento, mas jamais
inferiores.

7.4 Resolução Consad nº 037 de 13/11/2018


(Regulamento de Licitações e Contratos da CONAB)
A CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento, é uma
empresa pública de direito privado, de capital fechado, criada pela
fusão da Companhia de Financiamento da Produção, da Companhia
Brasileira de Alimentos e da Companhia Brasileira de Armazenamento,
nos termos do inciso II do art. 18 da Lei Federal nº 8.029/90. Seu regime
jurídico, portanto, é aquele da Lei Federal nº 13.303/16 – Lei das Estatais.
Como vimos anteriormente, a Lei das Estatais não aborda o
instituto do credenciamento de forma direta. A escolha do legislador
foi por impor um número reduzido de restrições às estatais no que
diz respeito à capacidade de regulamentar suas próprias licitações, e,
por isso, entendemos que seu art. 40, IV, autoriza as estatais a dispor,
em regulamento, a respeito do instituto do credenciamento em suas
contratações.
O Regulamento de Licitações e Contratos da CONAB (Resolução
Consad nº 037, de 13/11/2018) conta com um capítulo a respeito do
credenciamento, disciplinado como uma modalidade de inexigibilidade
de licitação. O regulamento apresenta normas claras, objetivas e salutares
para a contratação mediante credenciamento:

Capítulo IV
DO CREDENCIAMENTO
Art. 425 O Credenciamento na inexigibilidade de licitação é o pro-
cedimento administrativo por meio do qual a Conab credenciará,
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
126 CREDENCIAMENTO

mediante chamamento público, todos os prestadores aptos e interessados


em proporcionar determinados serviços, quando, no contexto da
inviabilidade de licitação, o interesse público for melhor atendido com
a contratação do maior número possível de prestadores.
Parágrafo Único. A Conab procederá ao Credenciamento de todos os
interessados que atendem às condições de habilitação e remuneração
previamente definidas no instrumento convocatório de chamamento
público.
Art. 426 O procedimento de Credenciamento será iniciado com a abertura
do processo administrativo, observando as regras previstas no Título
que trata de contratações diretas, contendo a respectiva autorização, a
indicação do objeto e do recurso próprio para a despesa, devendo ser
instruído com:
I – Edital de chamamento público;
II – Termo de Referência ou Projeto Básico;
III – propostas e documentos pertinentes;
IV – justificativa para a inexigibilidade e a adoção do sistema de
Credenciamento;
V – valor de referência dos serviços e estimativa da demanda, inclusive
por Unidades Federativas;
VI – critérios objetivos de alocação de demanda aos contratados, inclusive
especificando se por escolha ou sorteio;
VII – rol de prestadores credenciados;
VIII – termos de Contratos e respectivas publicações oficiais; e ato de
designação dos fiscais dos Contratos.
Art. 427 A Conab elaborará Edital específico para cada Credenciamento,
o qual obedecerá, dentre outros, aos princípios da isonomia, legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e economicidade.
Art. 428 O pagamento dos credenciados será realizado de acordo com a
demanda, tendo por base o valor pré-definido pela Conab, a qual pode
utilizar-se de tabelas de referência.
Art. 429 Os prestadores serão contratados conforme demanda, sendo
preferencial a rotatividade entre os credenciados.
Art. 430 Edital de Credenciamento deverá prever:
I – o período de inscrição;
II – o prazo mínimo de 30 (trinta) dias úteis, entre a publicação do Edital
e a apresentação da documentação;
III – o Termo de Referência ou Projeto Básico, definindo o objeto;
IV – Os critérios de habilitação a serem avaliados;
V – a fixação das regras a serem observadas pelos credenciados na
prestação do serviço;
VI – a previsão das condições e prazos para pagamento dos serviços;
VII – a vedação expressa de pagamento de qualquer sobretaxa em
relação a tabela adotada;
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
127

VIII – a previsão de critérios de reajuste;


IX – a possibilidade de descredenciamento a qualquer tempo do
credenciado, mediante notificação da Conab, com a antecedência
mínima de 30 (trinta) dias úteis, respeitados os Contratos firmados e
assegurados o contraditório e a ampla defesa;
X – a previsão dos usuarios denunciarem irregularidade na prestação
dos serviços ou no faturamento;
XI – a aplicação das regras pertinentes à impugnação do instrumento
convocatório;
XII – a validade do Credenciamento de até 1 (um) ano, admitida a
prorrogação, por interesse da Conab.
Parágrafo Único. A vigência dos Contratos decorrentes do Credencia-
mento não estarão vinculados ao prazo de vigência do Credenciamento.
Art. 431 O período de inscrição poderá permanecer aberto ou fechado
em determinado prazo, mediante justificativa, desde que seja reaberto
em até 1 (um) ano, se for do interesse da Conab.
Art. 432 Nas contratações através de credenciamento, a declaração
de inexigibilidade será proferida pelo Superintendente Regional ou
da Matriz, e ratificada pelo respectivo Diretor, sendo permitida a
subdelegação pela Diretoria específica por ato ou expediente próprio.
(Grifos nossos)

O conceito apresentado pelo art. 425 é adequado à natureza do


instituto. Já o rol de requisitos mínimos para a instrução do procedimento
de credenciamento presente no art. 426 contém elementos de grande
importância e um roteiro para um credenciamento bem-sucedido.
O art. 428 deixa claro que o pagamento dos credenciados está
condicionado à demanda e aos serviços efetivamente prestados, sendo
de interesse da entidade a previsão, em regulamento, da possibilidade
de uso de tabelas de preço em editais de credenciamento, uma vez que
são um método comum, simples e eficiente para estabelecer o valor da
remuneração dos credenciados e critérios de cálculo para o pagamento
no curso da contratação.
O art. 430 traz três questões que merecem destaque. Primei-
ramente, o prazo mínimo de 30 dias úteis a ser observado entre a
publicação do edital e a apresentação da documentação pode ser
demasiadamente longo, a depender das demandas e necessidades
da entidade contratante, o que irá requerer especial planejamento da
entidade. Em segundo lugar, definir em regulamento a necessidade de
se prever em todos os editais de credenciamento a possibilidade de que
os usuários finais denunciem eventuais irregularidades na prestação
de serviços é bastante interessante. Assim, a entidade contratante cria
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
128 CREDENCIAMENTO

um mecanismo que envolve os usuários na fiscalização do contrato,


gerando um grau adicional de acompanhamento sem qualquer custo.
Por fim, o parágrafo único traz uma disposição que remete à
natureza jurídica distinta do credenciamento como procedimento de
contratação e dos contratos celebrados no âmbito de um procedimento de
credenciamento como negócios jurídicos independentes: suas vigências,
durações, existências e eficácias são completamente independentes.

7.5 Regulamento Interno de Licitações e Contratos da


CEMIG
A Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) foi constituída
em 22 de maio de 1952 como uma sociedade por ações de economia
mista. Teve sua criação autorizada pela Lei Estadual nº 828, de 14 de
dezembro 1951, e seu nome alterado pela Lei Estadual nº 8.655, de 18 de
setembro de 1984, ambas as leis afirmam sua personalidade jurídica de
direito privado. Seu regime jurídico é, portanto, o da Lei das Estatais.
De forma semelhante à CONAB, o regulamento interno de
licitações e contratos da CEMIG dispõe sobre todas as formas de
contratação empregáveis pela empresa, dentre elas o credenciamento,
regulamentado pela seção V do Capítulo IV:

SEÇÃO V. DO CREDENCIAMENTO
Art. 39. O Credenciamento é procedimento adotado com base no art.
30, da Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, quando:
I. o interesse público for melhor atendido com a contratação do maior
número possível de prestadores simultâneos, devidamente justificado
pela autoridade competente;
II. for possível a contratação de todos os interessados que atendam
aos requisitos técnicos exigidos para a execução do contrato, mediante
critério isonômico, sem exclusão;
III. a capacidade de fornecimento de todos os eventuais interessados na
contratação for inferior à demanda.
Art. 40. O Credenciamento será realizado por meio da publicação de
edital, destinado a disciplinar a contratação junto àqueles que satisfaçam
previamente os requisitos exigidos, precedido de ampla divulgação,
mediante aviso publicado no Diário Oficial e no Portal Eletrônico de
Compras.
Parágrafo único. O processo de Credenciamento conterá os preços ou
percentuais de remuneração fixos e previamente definidos, consideradas
as peculiaridades de mercado e as pesquisas preliminares da fase interna.
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
129

Art. 41. Durante a vigência do Credenciamento, é obrigatório que os


credenciados mantenham regulares todas as condições de credenciamento
e que informem alterações referentes à habilitação e às condições exigidas.
Art. 42. O processamento e o julgamento do Credenciamento serão
realizados em sessões in- ternas, por meio de Comissão de Licitação,
composta por, no mínimo, três membros, sendo admitida a realização
de vistoria externa, devidamente registrada, para fins de aferição das
exigências específicas de requisitos técnicos indispensáveis à execução
do objeto contratual.
Art. 43. A inscrição para Credenciamento poderá estar permanentemente
aberta aos potenciais interessados, nos termos do edital.
Parágrafo único. Nos Credenciamentos permanentemente abertos, é
permitido o ingresso, a qualquer tempo, de interessado que preencha
as condições mínimas exigidas.

Aqui, são de interesse as disposições encontradas no inciso


II do art. 39 e no art. 42. A opção por se estabelecer no regulamento
uma previsão genérica de “critério isonômico” para distribuição
das demandas onde não é possível contratar todos os credenciados
simultaneamente confere maior liberdade à empresa para modular cada
edital de credenciamento de acordo com as peculiaridades do objeto
e da demanda. Já o art. 42 fornece previsão expressa da possibilidade
de realização de vistoria externa para fins de avaliação dos candidatos
no que diz respeito aos requisitos técnicos da contratação.
A realização de vistorias técnicas, embora superficiais em muitas
contratações, pode ser essencial em editais cujo objeto atenda a demandas
de maior complexidade e que envolvam elevado grau de conhecimento
técnico por parte dos particulares, especialmente em empresas estatais.
A possibilidade de sua prática, quando necessária, é salutar para
conferir maior segurança e previsibilidade às contratações mediante
credenciamento.

7.6 O credenciamento no Sistema S


As entidades do Sistema S não se sujeitam diretamente ao regime
jurídico da Lei 8.666/93 ou da Nova Lei de Licitações, devendo cada
órgão do Sistema S aprovar seu próprio regulamento, que definirá o
regime jurídico de suas licitações:

Decisão 461/98 – Plenário – Ata 28/98 – TCU


Assunto: Minuta de Regulamento de Licitações e Contratos dos Órgãos
do Sistema “S”.
FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
130 CREDENCIAMENTO

Sumário: Minuta de Regulamento de Licitações e Contratos dos Órgãos


integrantes do Sistema “S” encaminhada pela Confederação Nacional da
Indústria. Cumprimento de decisão do TCU que determinou a apreciação
do referido documento por Grupo de Trabalho, com vistas a que os órgãos
daquele Sistema obtivessem pelo TCU tratamento compatível com suas
características próprias, em razão de os Serviços Sociais Autônomos não
estarem sujeitos à Lei 8.666/93. Alterações propostas pelo Grupo aceitas
pela CNI. Recebimento. Arquivamento.

Decisão:
O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:
1 – receber a presente minuta de Regulamento de Licitações e Contratos
das entidades integrantes do Sistema “S”, mencionadas no item 4 supra,
tendo em vista a Decisão Plenária/TCU nº 907/97, prolatada na Sessão
de 11/12/97, que concluiu que os Serviços Sociais Autônomos não estão
sujeitos à observância aos estritos procedimentos estabelecidos na Lei nº
8.666/93, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente publicados,
consubstanciados nos princípios gerais do processo licitatório;
2 – informar à Confederação Nacional da Indústria que:
2.1 – cabe aos próprios órgãos do Sistema “S” aprovar os regulamentos
internos de suas unidades;57

Isto posto, a maior parte dos Serviços Sociais do Sistema S


adota minutas de regulamento de licitações e contratos que muito se
assemelham, de modo a facilitar a integração entre as contratações de
cada entidade e promover maior segurança jurídica às licitações do
Sistema, com pequenas variações.
Os regulamentos do Senar (Regulamento de Licitações e Contratos
do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Senat (Ato PRE/CN/
SENAT/Nº 003/12), Senai (Regulamento de Licitações e Contratos do
Senai com as modificações da resolução nº 473/2011), Sesc (Resolução
nº 1.252/2012 – SESC), Sescoop (Resolução nº 850/2012 – Conselho
Nacional do Sescoop), Senac (Resolução SENAC nº 1144/2020), Sesi
(Regulamento de Licitações e Contratos do Sesi com as modificações
da resolução nº 21/2001), e do Sest (Ato PRE/CN/SEST/Nº 003/12) são
omissos no que diz respeito ao credenciamento. O único dispositivo
que regulamenta o instituto no âmbito do Sistema S se encontra no

57
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão 461/98. Plenário – Ata 28/98. Processo nº
TC 001.620/98-3. Relator Min. Lincoln Magalhães da Rocha. Disponível em: http://www.
tcu.gov.br/Consultas/Juris/Docs/judoc%5CDec%5C19991007%5CGERADO_TC-19430.pdf.
Acesso em: 30 abr. 2021.
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DE NORMATIVOS DE CREDENCIAMENTO
131

Regulamento de Licitações e Contratos do SEBRAE (Resolução CDN


nº 361/2021, de 11 de fevereiro de 2021), in verbis:

Art. 43 Para a implantação de serviços próprios de suas finalidades


institucionais, quando houver pluralidade de prestadores interessados, o
Sistema SEBRAE poderá proceder às contratações mediante a utilização
do procedimento de cadastramento e credenciamento de pessoas físicas
ou jurídicas, observados os princípios da publicidade e da igualdade,
bem como prescrever o respectivo regulamento.
CAPÍTULO 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Feita a análise teórica, legislativa e prática do credenciamento em


seus três principais regimes jurídicos, e, principalmente, feito o estudo de
casos concretos de modo a destrinchar a realidade do instituto na prática
administrativa, ficam evidenciadas não apenas as razões que levam à
sua aplicação nos mais diversos contextos das compras públicas, mas
também seus atuais desafios, limitações e pontos de possível conflito
e insegurança jurídica.
O credenciamento é uma ferramenta promissora para a solução
de problemas atuais e modernos na gestão da coisa pública, mas, como
vimos, está longe de ser uma panaceia e carece ainda de estudos e
pormenorização suficientemente detalhada em regulamentos e atos
normativos para que se torne efetivamente segura e certa a sua aplicação.
O quadro atual é de otimismo: com conceituação normativa
expressa e enquadramento jurídico mais claro na Nova Lei de Licitações,
a tendência é que cada vez mais se precise o conjunto de normas
aplicáveis ao instituto, de modo a clarificar os contornos de seu regime
jurídico central e, com o tempo, também o de seus regimes jurídicos
encontrados em legislação especial.
A proposta da presente obra não é a exaustão dos debates teóricos
e práticos acerca do credenciamento, mas sim o preparo de um trabalho
inicial ainda não realizado, com foco no mapeamento e na descrição
da atual situação do instituto nos campos teórico, legislativo e prático.
Esperamos que, assim, outros autores encontrem um quadro mais
favorável à realização de estudos sobre este tema, além de fornecer
aos profissionais das mais diversas áreas um necessário norte para a
aplicação e regulamentação do credenciamento, especialmente diante
do quadro geral da Nova Lei de Licitações.
REFERÊNCIAS

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sistemas.sefaz.am.gov.br/legislacao-ccgov/mnt/mntNorma.do?method=Download&field
(idNorma)=68&q=arquivo. Acesso em: 30 abr. 2021.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
BARCELOS Dawilson; TORRES, Ronny Charles L. de. Licitações e contratos nas empresas
estatais: regime licitatório e contratual da Lei 13.303/2016. Salvador: JusPodivm, 2018.
BELO HORIZONTE. Lei nº 2.273/74, de 10 de janeiro de 1974. Disponível em: https://
cm-belo-horizonte.jusbrasil.com.br/legislacao/238168/lei-2273-74. Acesso em: 30 abr. 2021.
BELO HORIZONTE. Lei Ordinária Municipal nº 5.953, de 31 de julho de 1991. Disponível
em: https://leismunicipais.com.br/a/mg/b/belo-horizonte/lei-ordinaria/1991/595/5953/
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em: http://www.
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão 461/98. Plenário - Ata 28/98. Processo nº
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 241.201.
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FELIPE JOSÉ ANSALONI BARBOSA, LEONARDO DE OLIVEIRA THEBIT
136 CREDENCIAMENTO

BRASIL. Advocacia-Geral da União. Parecer nº 07/2013/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, 2013.


Disponível em: https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/procuradoria-geral-federal-1/
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