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A.R.L.S.

Aliança Universitária Nº 4437


JURISDICIONADA AO GRANDE ORIENTE DO
BRASIL - PARANÁ
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
Endereço Rua Alcides Pan n° 221 - CEP: 85902-410
Oriente de Toledo - PR
Rito de York (Emulação)
V. M. Thiago Bana Schuba

ANDRÉ LUIZ DE OLIVEIRA MARTINEZ


APRENDIZ MAÇOM

IMPRESSÕES SOBRE A INICIAÇÃO

TOLEDO
Fevereiro – 2023
O primeiro contato

Minhas primeiras impressões com a Maçonaria iniciaram-se ainda no Rio de


Janeiro, durante minha adolescência por meio de meu padrasto. Sempre muito
bem-vestido e extremamente correto, era uma pessoa bem esclarecida e tinha
conhecimento vasto sobre diversos assuntos. O terno fazia parte de seu traje de
trabalho, então nunca imaginei que pudesse participar de uma sociedade discreta.
Até começar a perceber que uma vez por semana ele não jantava conosco, mas
sim na Loja com os irmãos. Na época achava que de fato ele e os irmãos tinham
um negócio, mas nunca perguntei a respeito. No final do ano fomos ao jantar de
confraternização da Loja, foi quando de fato entendi que aqueles homens de terno
preto e profissões distintas não eram irmãos de sangue ou colegas de profissão,
na verdade eram homens comuns em busca de uma sociedade mais justa e
igualitária. Desde então procurei saber mais sobre a Maçonaria e seus feitos,
queria me tornar um membro, só que meu padrasto me disse que só o tempo e
minhas atitudes poderiam me levar a Maçonaria.

O convite

Os anos se passaram, construí minha linda família e me encontrei


profissionalmente ajudando famílias financeiramente por meio do seguro de vida.
Porém, com a chegada inesperada da pandemia resolvemos nos mudar de
cidade em busca de uma melhor qualidade de vida para a criação do nosso filho
recém-nascido e o destino seria Toledo, cidade natal da minha esposa. Aos
poucos criei relacionamentos, fui desenvolvendo meu trabalho na cidade e por
meio de indicações acabei conhecendo alguns Maçons que se tornaram clientes e
amigos. Um deles foi o Ir. Maurício Gugelmin, que ao longo de muitas conversas
me fez relembrar o sentimento e a vontade de me tornar Maçom. Ele tinha muito
apresso pelo Ven. Ir. Sérgio Sória Vieira e sua família e fez questão que os
apresentasse meu trabalho.
A princípio não conseguimos conversar a respeito, de qualquer forma, precisava
de um médico oftalmologista e acabamos iniciando uma relação profissional. Com
o passar do tempo houve o interesse em conhecer mais sobre meu trabalho e ao
final de nossa reunião, para minha grata surpresa, veio o convite formal para
ingressar na Maçonaria. Conversamos muito a respeito, o que foi possível e
permitido que eu soubesse sobre a Maçonaria foi me passado, antes de tudo ser
formalizado. Naquele momento percebi que ele havia visto em mim qualidades e
a possibilidade de me tornar um homem melhor. Aceitei o convite com um prazer
enorme e o mais rápido possível dividi a informação com a minha família, afinal a
aceitação dela seria imprescindível para o ingresso na Maçonaria.

A sindicância

Como informado pelo Ven. Ir. Sérgio Sória Vieira em nossa conversa após o
convite, o processo poderia ser longo e moroso. Afinal são preenchidos alguns
documentos e entregues certidões que comprovam sua idoneidade, além de três
encontros com Iir. de Loja. Meu primeiro contato foi com o Ir. Jefferson Jovelino
Amaral dos Santos, que efetuava a maioria das perguntas com seu sorriso
fraterno. A partir daí contei com a presença da minha esposa, quando
conhecemos o Ver. Ir. Domingos Vida Costa Filho que através do seu semblante
nos transmitiu seriedade e respeito. Por fim, o Ir. Carlos Rocha Jr. que com muita
tranquilidade nos tirou algumas dúvidas que ainda pairavam sobre o tema.

O café da manhã

O grande dia chegou, no vigésimo oitavo dia do mês de janeiro do ano dois mil e
vinte e três acordei sabendo que a partir daquele momento minha vida tomaria um
novo rumo. Fui convidado pelo meu padrinho Ven. Ir. Sérgio Sória Vieira, para um
café da manhã informal no Belo Hotel, onde conheceria o V.M. Thiago Bana
Schuba, meu irmão gêmeo Rodrigo Manoel Hames, e outros Iir. da Loja. O
encontro foi de extrema importância para que ficasse mais tranquilo e confortável
em relação aos próximos passos do dia. Ao longo do café da manhã percebi que
cada homem ali presente tinha sua particularidade e perfil comportamental, porém
todos com um objetivo em comum, nos recepcionar da melhor forma possível e
deixar o ambiente descontraído e agradável. Fui informado que não haveria
nenhum tipo de trote e que confiasse cegamente nos Iir. que me buscariam em
casa no horário marcado e os demais que me acompanhariam ao longo de toda a
cerimônia de iniciação.
A cerimônia de iniciação

Ansioso pelo momento que se aproximava, fiquei um tempo sozinho refletindo


sobre minha escolha e como seriam os próximos momentos a serem vivenciados.
Procurei me deixar levar por sentimentos positivos e lembrar das palavras ditas
por minha mãe na noite anterior, “Você fez a escolha certa meu filho, fique
tranquilo que Deus e seu anjo da guarda vão guiar e proteger seu caminho”.
Me despi de todos os metais e itens de valor, coloquei o terno preto e no horário
combinado os Iir. que me conduziriam para a cerimônia chegaram. Ao entrar no
carro conheci o Ir. José Augusto Carvalho e o Ir. Alisson Fraporti, comentei sobre
a ansiedade e me deixaram bem à vontade passando bastante tranquilidade. Me
conduziram até o cemitério e pediram que por alguns minutos refletisse sobre a
vida, a morte e o legado que deixamos. Essa reflexão pode parecer complexa,
mas além de trabalhar e conversar sobre isso quase que todos os dias, tinha
acabado de perder meu tio, que foi como um pai para mim. Então pensei, ainda
tenho tanto para realizar, não construí legado algum, será que vou deixar boas
lembranças? Quando falo de legado, não estou falando de dinheiro ou patrimônio.
Afinal, meu tio se foi sem deixar patrimônio, porém deixou o maior legado que
existe. A união e os melhores momentos de nossa família estão eternizados em
nossas memórias resultantes das suas atitudes em vida.
Chegou o momento de seguir, a música clássica que tocava no carro ficou mais
alta e a partir daquele momento tive os olhos vendados. O ser humano é visual,
quando você é subtraído de um dos sentidos, é natural que os demais se agucem
então você fica atento e alerta a tudo ao seu redor.
Ao chegar ao destino, reconheci a voz do meu padrinho Ven. Ir. Sérgio Sória
Vieira, que me conduziria a partir daquele momento. Fui levado até um local
diferente e orientado a sentar, relaxar e continuar a minha reflexão. Por alguns
instantes não conseguia pensar em mais nada, meu batimento e respiração
ficaram cadenciados, meus ouvidos mais aguçados e o olfato mais intenso. A
música era diferente, o local parecia escuro e húmido, pensei estar um uma
cabana ao relento. Sentia um cheiro forte, parecido com enxofre, percebi que
tinha fogo próximo e algum tipo de fumaça, acredito que um turibulo conduzido
por alguém que me rodeava. Tinha tudo para estar nervoso e ansioso, porém
estava calmo e confiante com o que acontecia ao meu redor. Foi quando
consegui votar a refletir sobre a vida pregressa e como seria minha nova vida.
Após um certo tempo eu e o Ir. Rodrigo Manoel Hames, fomos conduzidos para
outro ambiente, parecia um local iluminado, sem música ou qualquer tipo de ação
externa. Nesse momento fomos preparados para a cerimônia de iniciação, ainda
vendados, fomos orientados a dobrar a manga do braço direito acima do cotovelo,
dobrar a calça da perna esquerda acima do joelho, descalçar o pé direito para
utilizar um chinelo, desnudar o peito esquerdo e colocar um nó de corda no
pescoço. Essas coisas me deixaram um pouco desconfortável e apreensivo sobre
o que estava por vir, mas a confiança nos Iir. falava mais alto.
Chegado o momento, escuto três pancadas espaçadas na porta e inicia-se o
ritual, há um diálogo, mas não consigo identificar as pessoas ali presentes, sinto
um instrumento pontiagudo no peito desnudo e sou conduzido a entrar no
Templo. Nesse momento passo a ser guiado e orientado a todo momento pelo Ir.
Jimmy Cajuhy Carlesso que me passa confiança e tranquilidade para seguir
adiante. Damos uma volta pelo Templo, sempre iniciando com pé esquerdo,
pareço estar sendo apresentado a todos ali presentes, respondo algumas
perguntas e sou autorizado pelo Primeiro e Segundo Vigilantes a seguir a diante.
Nesse momento, sou orientado a colocar os pés em esquadria e iniciar uma
caminhada de três passos do Oeste para o Leste, o primeiro curto, o segundo um
pouco mais longo e o terceiro mais longo ainda. Nesse momento me ajoelho com
o joelho esquerdo, coloco a mão sobre o livro, esquadro e compasso e repetindo
as palavras do V.M. Thiago Bana Schuba faço o juramento em não revelar os
segredos da ordem, ouço uma saudação geral e peço a luz. Só nesse instante a
venda é retirada, o efeito é desorientador, é uma espécie de parto. Como se
tivesse recebido a luz do conhecimento que modificariam minha vida para
sempre, seria ali a morte do homem profano e a nova vida após a luz da
Maçonaria. Depois desse momento ímpar em minha vida, fomos conduzidos para
fora da sala onde podemos nos recompor, recebemos o avental branco e
retornarmos como Aprendiz Maçom. A partir desse momento é como se o mundo
se abrisse, recebemos algumas recomendações, forma de agir, aprendemos
gestos e aperto de mão. Nesse momento, já mais confortável e ambientado ao
Templo, percebo alguns rostos familiares como o Ir. Maurício Gugelmin e o Ven.
Ir. João Carlos Poletto que foram prestigiar minha iniciação.
Ágape com recepção das cunhadas

Já fora do Templo e passado o turbilhão de sensações e emoções que somos


submetidos durante a iniciação, fui surpreendido com o abraço apertado do meu
filho e um beijo de minha esposa que me aguardavam junto das demais
cunhadas. Elas tinham preparado um jantar incrível para deixar a noite ainda mais
especial, foi um excelente momento para conhecer melhor cada membro de
minha nova família.
Para fechar a noite e encerrar com chave de ouro um dia que ficará marcado em
minha vida, recebi um presente em nome de toda a Loja, representados pelo V.M.
Thiago Bana Schuba e meu padrinho Ven. Ir. Sérgio Sória Vieira.
Ao chegar em casa e colocar a cabeça no travesseiro, percebi que a definição de
família que eu conhecia estava errada. Ter o mesmo sangue não lhe torna família.
O sangue lhe torna parente. Lealdade, confiança, respeito e amor, isso sim lhe
torna família!

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