Já imaginava que minha iniciação na Maçonaria seria um dos
momentos mais marcantes, seria como nascer de novo, um renascimento para uma nova vida, uma vida justa, de luz, uma vida de “Fraternidade e Evolução”. Minha primeira impressão se deu início na data de 26 de setembro, quando fui convidado pelo meu padrinho irmão Anselmo, á fazer “uma bela massa”(o AGAPE) junto com outro candidato Irmão Toni, foi quando tive o primeiro contato com meus futuros irmãos, me transmitindo tranquilidade, carisma, seriedade e respeito. Tinha certeza de que isto seria apenas uma amostra dos sentimentos que encontraria em minha futura família, porém será que seria aceito e recebido como Aprendiz Maçom? Passados alguns dias, mais precisamente no dia 23 de outubro, o irmão Leandro Ely me enviou uma mensagem dizendo que fui aprovado, minha ficha tinha saído no boletim do GOB-RS, agora sim um misto de euforia e alegria me tomou, passados mais alguns dias recebo a informação de que alguns irmãos iriam entrar em contato, fazer uma entrevista, tirar algumas dúvidas e passar algumas informações, só aumentou minha ansiedade, pois depois desta entrevista é feita uma assembleia, para ai sim ser decidido se vou ser aceito realmente, feita assembleia foi me passado a data do grande dia, SESSÃO MAGNA DE INICIAÇÃO. Como pode um homem querer fazer parte de algo que não lhe é apresentado, o que motiva um homem em um mundo cheio de vícios e preconceitos, aceitar um convite para fazer parte de algo desconhecido, a resposta para tantas perguntas não é tarefa fácil, talvez o desconhecido intimida ao mesmo tempo que fascina, talvez esse seja o segredo. Então o grande dia chegou, tive uma noite de sono um pouco interrompida, fruto da ansiedade, trabalhei das 7h30 até umas 16h00, chovia no dia, aquela chuva molha bobo, então por volta das 16h00 fui para casa me preparar para então ir para loja, sempre mentalizando o que tinha em meus bolsos, sabendo que seria realizado um RITUAL DE INICIAÇÃO e não tendo ideia do que constava, a apreensão e ansiedade sentida aumentou de forma proporcional conforme os minutos passavam. Tentei saber o que seria o RITUAL mas nada encontrei li, que apenas mencionavam a existência desse RITUAL, sem mais explicações. Chegado a hora da INICIAÇÃO, sentia-me bastante receoso e após uma pequena espera no lado de fora da loja, conversei um pouco com o irmão Ariel, que também estaria iniciando no mesmo dia que eu trocamos algumas palavras conversamos um pouco, então o irmão Ricardo, me buscou para dar início ao RITUAL, antes de ser vendado pediu que olhasse bem no fundo de seus olhos e então me falou CONFIA. (palavra essa que escutei bastante nesse processo todo de iniciação). Então fui vendado, retirado todos meus pertences, fui rodopiado, aberto minha camisa, tirado manga esquerda, sapato e meia do pé direito, remangado a calça do lado direito, e a pressão psicológica aumentando, com algumas ordens e palavras proferidas pelos irmãos que ali estavam presentes o que aumentou a minha confusão. Fui deixado numa sala, úmida, abafada, com cheiro de mofo vendado, até que então um dos irmãos entrou e retirou a venda, e me orientou a observar somente as frases que em minha frente estava e ler as, inevitável observei por instantes tudo que ali estava utilizando as velas acesas como luz. Tudo o que estava escrito naquelas paredes apenas significava para mim que me tentavam levar a abandonar o meu propósito de ser admitido, assustando me com todas aquelas ações e frases. Fiquei com a sensação de agonia, sufocado, então depois de mais algum tempo foi me entregue um questionário, li com bastante atenção e assinei pois concordei com as clausula que ali estava. Horas minutos se passaram, até que fui retirado daquela sala, fiquei agitado, não sabia o que aconteceria em seguida e não conseguia enxergar pois estava vendado. Confesso que era muito difícil prestar atenção, até mesmo entender a mensagem por trás da leitura. Depois de um diálogo sou conduzido ao interior do templo. Neste momento, faço três viagens simbólicas percorri caminhos diferentes, a vivencia dessas viagens me fascinaram, me fizeram prestar atenção, tudo isso vendado, imaginando, sentido vivenciando o que estava acontecendo ao meu redor, a primeira viagem no meu ver a mais difícil, parecia estar num caos, levanta, abaixa, rasteja, corre, direita, esquerda, pula parecia um perigo total. Segunda viagem, um pouco menos conturbada, mas com alguns barulhos, me parecia ter algum perigo ainda, bem menor que a primeira, mas ainda possuindo perigo. Terceira última viagem, calma, e tranquila. Não consigo me recordar em qual momento foi amarrado algo no meu pescoço simbolizando uma forca, fazendo eu subir uma escada de quatro degraus e fazendo com que eu pulasse, mesmo sabendo que era simbólico a pressão os gritos de pula, pula, me bateu um desespero, mas aquela palavra que me foi dita lá no inicio permaneceu durante toda sessão, CONFIA. Seguiu o ritual, muita informação e emoção ao mesmo tempo, lembro também que passei por três portas e fui deixado entrar com o meu consentimento do que poderia acontecer. Ao longo do processo fui movido pelos mais variados sentimentos, alegria, receio, confiança, preocupação, medo, ansiedade, mas nenhum assusta mais do que o medo do desconhecido. Entre todas as etapas nenhuma é mais gratificante ao mesmo tempo em que aterrorizante do que as provas de iniciação. A escuridão não só o deixa cego para o mundo como também leva a pensamentos reflexivos. A cada passagem, sentimentos, medos e dúvidas afloram, frutos de uma encenação quase dramática. É inevitável não ter medo, pois, o desconhecido assusta. Tomado de uma pressão psicológica, completamente desorientado um misto de emoções, fruto, de tudo que estava passando naquele momento ainda precisei terminar, sendo submetido ao juramento onde assumi como compromisso de honra aceitar e respeitar as regras, usos e costumes da maçonaria. Orgulhoso da honra que me foi concedida em um primeiro momento, muito cedo descobri que é só o começo de uma longa jornada, rumo ao belo, ao justo, ao perfeito e que, para tanto, muito trabalho tenho à minha frente. E talvez seja esta a impressão que mais me chama a atenção. CONFIA.