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A.R.L.

S ARQUITETOS DO VALE

A.M.:Jefferson Edemar Voigtlaender

“As Impressões da Iniciação”

24/05/2023

V.˙.M.˙.,
Ir.˙.1º Vig

Ir.˙.2º Vig

Queridos Ir.˙.,

Muito me honra a oportunidade de estar aqui diante desse


seleto grupo, apresentando o presente trabalho, haja vista
todo o caminho percorrido até culminar na Sessão de
Iniciação do último sábado 20/05/2023.

Inicialmente se faz necessário o resgate de onde teve


início esse novo capítulo em minha vida. Há muito, já havia
participado de conversas acerca da maçonaria, todas elas
sem nenhum tipo de pretensão nem cunho iniciático, com
diversos amigos, hoje irmãos, pertencentes a outras lojas.

Contudo, apenas no final de 2022,após uma reunião de


trabalho, fui abordado e questionado acerca de meu
conhecimento e entendimento sobre a Maçonaria, pelo até
então eterno mestre acadêmico, hoje V.˙.M.˙.Rubens Emílio
Stenger, ocasião onde deixamos agendada uma reunião para
conversar sobre o tema.

Após uma boa conversa, recebi a ficha de intenção para


preenchimento e encaminhamentos de costume. Desse dia em
diante muitos foram os questionamentos e dúvida internas,
porém sempre despido de qualquer tipo de preconceito ou pré
julgamento, mesmo porque nunca os tive antes mesmo te ter
qualquer tipo de contato ou conhecimento raso acerca da
maçonaria.

Passados alguns meses, encaminhei ao V.˙.M.˙.Rubens Emílio


Stenger “que apenas fui saber que era o venerável 2 semanas
antes da iniciação”, a documentação de costume, ficando
então à disposição para continuidade do processo, tendo
transcorrido de forma “relativamente” tranquila até a data
de 20/05/2023.

A semana que antecedeu a iniciação não foi muito tranquila,


pois além de vários compromissos pessoais e profissionais,
a incerteza e a apreensão acerca de que como se daria o
rito me consumiam, contudo as orientações foram sendo
encaminhadas cada qual ao seu tempo, as dúvidas menores aos
poucos sanadas, até que os itens, o traje e as demais
necessidades foram sendo encaminhadas, e preparadas para o
esperado dia.
A manhã do dia 20/05 não foi das mais fáceis, pois a essa
altura o nervosismo, a apreensão e a incerteza acerca do
que estava por vir já tomavam conta da mente, o que só
aumentou com a mensagem que dizia “esteja pronto, com suas
coisas as 11:33 em ponto em frente a sua casa”.

Chegava a hora, conforme combinado fui apanhado e levado ao


templo. A caminhada do portão até a primeira porta à
direita parecia uma eternidade. Três batidas, porta aberta,
fala alta, espada em riste, enfim, começava ali a minha
iniciação.

Em pouco tempo,olhos vendados, e os minutos que se seguiram


foram uma mistura de torpência e apreensão, porém com
entrega ,confiança e certeza daquilo que havia escolhido
como caminho.

Confesso que a privação de um dos nossos principais


sentidos foi algo novo pra mim, pois detesto ficar no
escuro, ou em locais mal iluminados; não por medo, mas por
entender que é na luz nosso refúgio, seja ela qual for.

Lá estava eu, sentado, segurando uma corda, privado da


visão e debaixo do ar condicionado, tentando compreender
algumas estrofes do hino que tocava incessantemente e em
bom tom ao meu lado.

Ali me deparei com uma situação em que não gosto e não


costumo estar; a de vulnerabilidade, de submissão, onde as
ordens me eram dadas, com toda a educação e cordialidade,
porém em uma situação totalmente desfavorável para mim,
pois não fazia idéia com quem, com quantos e onde estava.

Aos poucos a apreensão foi dando lugar à inquietação e a


agonia, pois realmente a privação da visão já estavam me
incomodando, fato esse que me levaram a começar a refletir
acerca do motivo, e qual a ligação com o que estava por
vir.

Imaginei que tivesse algo relacionado ao segredo que


envolve o rito, aos mistérios maçônicos, teoria essa que
logo em seguida descobri estar equivocada.

Essa certeza veio, após ser conduzido para o que aparentava


ser um quarto, com forte cheiro de vela, abafado, onde
finalmente tive a permissão para tirar a venda, e para
minha surpresa, estava diante de uma espécie de altar,
cheio de caveiras, olhei pra cima, e ainda com a visão
turvada, vi o que pareciam ser raízes; estava eu em uma
espécie de túmulo?

Nesse momento preenchi o que me foi ordenado, e me após


finalizar, me demorei um pouco para tocar a sineta,
justamente para tentar uma conexão do que estava
acontecendo, do porque daquele local, porém apenas consegui
imaginar que se tratava da minha morte, a morte simbólica
do Jefferson antes da Maçonaria, ou algo assim, uma espécie
de divisor de águas, mas, ainda muito confuso, toquei a
sineta e fui reconduzido a outro local.

Contudo ainda martelava em minha mente o local onde estive,


o porque daquele ambiente. Aos poucos percebi que aumentava
a movimentação ao meu redor, mais pessoas caminhavam,
passos mais apressados, o que me levava a crer que logo
seria desvendado e teria algum tipo de rito, comigo já
recomposto e as claras.

Ledo engano, fui guiado para outro local, onde conseguia


ouvir fala distantes da sessão ocorrendo, sendo na
sequência anunciado ao salão a minha presença e para minha
surpresa, de mais um candidato, hoje meu irmão gêmeo
Robson.

Procedidos os protocolos de apresentação e entrada ao


local, o que vivenciei foi uma das maiores e mais
diferentes experiências da minha vida. Aos poucos fui me
acalmando e tentando entender o que de fato aconteceria, e
devagar, fui compreendendo que se tratava do rito
propriamente dito, onde ainda seríamos submetidos a algumas
provas, devidamente guiados e orientados, mas ainda
vendados.

Já dentro do salão, nos foram informados os principais


deveres do Maçom, sendo-nos questionado acerca da vontade
de prosseguir com a iniciação, ao responder sim, fomos
alertados acerca do juramento de honra sobre a Taça
Sagrada.

Particularmente ao ouvir as palavras do Venerável, acerca


do juramento, fui tomado por um sentimento de total
desprendimento e convicção acerca do ato, que trazia em seu
contexto algo relacionado à sinceridade e falsidade.

Ao Proceder com o juramento, e ouvir as palavras de ordem a


serem repetidas, e ao tomar o liquido da Taça, inicialmente
doce e posteriormente amargo, a cabeça embaralha ao ser
encaminhado para fora do salão, onde temos a opção de
seguir em frente em busca da luz, ou desistir naquele
momento, me mantendo firme e focado em seguir em frente.

Retornando, nos foi anunciado que tínhamos mais desafios


pela frente, 3 viagens a serem feitas envolvendo os 4
elementos, “fogo, ar, terra e água”.

Um a um fomos conduzidos pelos desafios e pelas “viagens”,


às cegas, cansado, desorientado, porém sempre com pessoas
ao meu lado me orientando, me guiando e acalmando, o que no
começo parecia difícil, aos poucos foi se tornando natural,
e assim fui trilhando os caminhos, passando por cada
“viagem”, cada obstáculo, sem hesitar em momento algum.

A primeira viagem remetia ao elemento AR, o som de vento,


mau tempo, tempestades, algo que me remeteu aos dias
turbulentos eu enfrentamos em nossa vida cotidiana, fui
conduzido pelo que me parecia ser uma espécie de rampa e
orientado apenas a seguir em frente, enquanto o som dos
ventos turvava meus ouvidos, estava concluída a primeira
viagem.

A segunda viagem, ao elemento ÁGUA, possuía um caminho


menos brusco, mais plano, porém irregular, com um tilintar
de espadas que abafava os ouvidos, parecia estar diante de
um combate.

Ficando claro em minha mente algo relacionado à batalhas a


serem travadas, só não conseguia ainda compreender ao certo
que tipo e onde. Ao final após a conclusão da viagem ao
elemento água, tive as mãos mergulhadas em um recipiente de
água, o que me remeteu a limpeza, batismo, ou algo do
gênero, vindo a compreender melhor ao final da viagem com a
complementação do V.˙.M.˙.

Na minha mente apenas pensava, faltam duas, Terra e Fogo.

Na viagem ao fogo, ouvi poucos barulhos, um caminho com


menos obstáculos, onde tive as mãos purificadas na chama,
tendo remetido tal procedimento à queima de qualquer
impureza restante, o clamor, o ímpeto e a impetuosidade que
devemos ter em nossas decisões.

Para minha surpresa finalizamos as viagens aos 4 elementos,


mas na minha mente faltava a terra, porém rapidamente me
lembrei do pequeno quarto, cheio de caveiras e raízes, onde
imaginei a morte do antigo EU, de fato era praticamente
isso, se não me engano um “quarto de reflexões”, ou câmara
como descobri mais tarde. E meu pensamento estava em partes
certo, era um momento de entendimento sobre a morte do
Jefferson Profano e o nascimento de um novo Jefferson à luz
da Maçonaria.

Eis que fora anunciado que passamos por todos os desafios


tendo sido purificados pela água e pelo fogo.

Na sequência, com o coração leve e em paz, fomos


encaminhados ao lado de fora, para que pudéssemos nos
recompor com as vestimentas, e posterior retorno ao salão
para o juramento. Ao retornar, foi procedido o juramento.

Enfim, juramento feito, e finalmente após todos os caminhos


e ritos percorridos, recebemos a graça da LUZ.

Ao final da terceira batida, finalmente fui desvendado, e a


Luz voltou a brilhar após incontáveis horas em total
escuridão e penumbra.

Ato contínuo, procedido com os ritos complementares, foi


feito o Ato de Proclamação como Aprendiz Maçom, título que
muito me orgulha, onde batalharei para honrá-lo a cada dia
imbuído de muito desprendimento e trabalho em prol da
sociedade e da maçonaria.

Em apertada síntese irmãos, esses foram os Aspectos e


Impressões que cercaram minha iniciação, ladeado pelo meu
irmão Robson.

Quero exaltar aqui que foram momentos inexplicáveis,


únicos, que me permitiram mergulhar a um nível de reflexão
que geralmente não nos permitimos no dia a dia.

O passo a passo de cada etapa foi vivido com determinação,


confiança e paz, certo de que estava o tempo todo cercado
de amigos, sendo instruído e amparado. Ao final de tudo,
tive a nítida certeza de que havia renascido, um sentimento
que remetia à purificação do corpo de da alma, e que me
preparava para algo novo.

Hoje passados apenas 4 dias da iniciação, percebo que a


ficha ainda está caindo, mas me sentindo cada vez mais
pronto para enfrentar os desafios que estão por vir, a
lapidação necessária, o espírito de cooperação e de poder
aproveitar essa nova chance de evoluir como ser humano.

Esse é o sentimento que venho nutrindo desde o último


sábado, com a certeza, da fé, da esperança e do amor
renovados.
T.F.A

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