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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95
GABINETE DA REITORIA
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (UNEAD)
Criação e Implantação Resolução CONSU nº 1.051/2014. DOU 20/05/14
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CURSO: LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
POLO: FEIRA DE SANTANA-BA
PROFESSOR(A): ÉRICA NOGUEIRA MACÊDO
COMPONENTE CURRICULAR: ANÁLISE REAL
ALUNOS: DANILO DAMASCENO ESTRELA CONCEIÇÃO
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FÓRUM AVALIATIVO – UNIDADE 1

1) Compare a infinitude dos conjuntos naturais (ℕ) e reais (ℝ)

O infinito, sobretudo, é um conceito matemático e não um número, como muitos


pensam. Isso significa que ele não se finda, pois quando se divide o infinito pela
metade ele continua sendo infinito, o mesmo acontece quando se multiplica este pelo
fator 3, por exemplo, e ele não deixa de ser infinito. O mesmo ocorre com a adição e
subtração, no caso da subtrair o infinito do próprio infinito não é zero, mas uma
indeterminação. Quando falamos do infinito, pensa-se que há possibilidade de um
infinito ser maior que o outro?
Inicialmente, é preciso recordar o conceito conjuntos numéricos. Os números
naturais (ℕ ) são números inteiros não-negativos (ℤ_ ). Esse conjunto é considerado o
mais simples em relação aos conjuntos subsequentes, porque pode-se usar para
contagem. Mas, a tentativa de contagem dos números naturais, torna-se inalcançável
terminar essa contagem, porque os naturais são infinitos. Há os números reais (ℝ)
também são infinitos e reúnam todos os números positivos e negativos, inteiros e
fracionários.
Como os dois conjuntos são infinitos, temos o conjunto dos reais maior que o
dos naturais. Listando os dois conjuntos para fins comparativos e para cada número
natural existir um número real, então eles têm o mesmo tamanho. Supondo que seja
verdade, temos:
𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 1 2 3 4
𝑅𝑒𝑎𝑙 3,14 5,815162342 274,12 44

Na tabela acima não tem nada demais, porém eles são infinitos e para listá-los
necessita de um de tempo interminável, o que infelizmente não existe. Precisa-se
arriscar uma abordagem diferente: ao oposto de usar todos os reais, pode-se usar o
intervalo que compreende aqueles números que estão entre 0 e 1. Veja:

𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 1 2 3 4
𝑅𝑒𝑎𝑙 0,123456789 … 0,5318008 … 0,03022020 … 0,8121991 …

Para que os dois tenham infinitos iguais, todos os números reais entre 0 e 1 precisam
permanecer listados, nesse caso eles não estão dispostos dessa forma. É possível
conseguir encontrar um número real que não esteja? Simples, basta admitir um
número cuja enésima casa decimal seja diferente da correspondente no enésimo
número real listado. Usando os mesmo quatro exemplos que foram usados acima.
Para escolher o número, que será diferente de todos os listados, é preciso garantir
que para cada número listado, o número tenha uma casa decimal diferente dele:

𝑁𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 1 2 3 4
𝑅𝑒𝑎𝑙 0,123456789 … 0,5318008 … 0,03022020 … 0,8121991 …

O número 1 da lista é 0, 𝟏23456789 … e para garantir que o número seja diferente


dele, a escolha começar com 0,2. O número 2 é 0,5318008…, então escolhe-se um
4, assim tem-se com 0,24. O número 3 é 0,03𝟎22020 … e o número 4 é 0,812𝟏991 …,
assim escolhe-se 1 e 2, respectivamente, ficando com 0,2412. Para o número n da
lista, escolhe-se um valor para a enésima casa decimal do nosso número que seja
diferente da enésima casa decimal do enésimo número. Para o primeiro da lista, a
primeira casa decimal tem um 1, por isso escolheu-se um 2, porque não implica qual
seja o restante do nosso número, ele já é dessemelhante do primeiro da lista. Mesmo
com a lista com tamanho igual à quantidade de números naturais (infinita), sempre
será possível encontrar um número real entre 0 e 1 que não está nela seguindo esse
procedimento. Dessa forma, ilustrou-se que o infinito do conjunto dos reais é maior
que o infinito do conjunto dos naturais.
2) Relacione a sua comparação com o conceito de “conjuntos enumeráveis” e
“conjuntos não enumeráveis”.

Segundo Lima (2006), um número 𝑋 é considerado enumerável quando ele é finito ou


quando existe uma bijeção 𝑓: ℕ ⟶ 𝑋. Isto significa que 𝑓 se chama uma enumeração
dos elementos de 𝑋. Escrevendo 𝑓(1) = 𝑥1 , 𝑓(2) = 𝑥2 , … , 𝑓(𝑛) = 𝑥𝑛 , … têm-se então
𝑋 = {𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 , … }.

Já para Ávila (2001), o conjunto enumerável é aquele que todo conjunto é equivalente
a ℕ. Isso significa que há um fato que os conjuntos infinitos têm possibilidade de haver
equivalência entre um conjunto e seu subconjunto próprio. Um dos exemplos é fazer
a correspondência 𝑛 → 2𝑛, isto é, os elementos do conjunto dos naturais tem a mesma
cardinalidade do conjunto dos números naturais pares positivos, sendo que os
números pares positivos é um subconjunto dos naturais, ou seja, 2𝑛 ⊆ ℕ. Veja:

𝑛 1 2 3 4 5
𝑓(𝑛) = 2𝑛 2 4 6 8 10

Em relação aos conjuntos dos não enumeráveis, Lima (2006) faz a demonstração
para provar que o conjunto dos números reais não é enumerável. O referido autor
mostra que nenhuma função 𝑓: ℕ → ℝ pode ser sobrejetiva.

Supondo que 𝑓 dada, constrói-se uma sequência decrescente 𝐼1 ⊃ 𝐼2 ⊃ ⋯ ⊃


𝑖𝑛 ⊃ ⋯ de intervalos limitados e fechados tais que 𝑓(𝑛) ∉ 𝐼𝑛 . Então, se 𝑐 é um número
real pertencente a todos os 𝐼𝑛 , nenhum valor de 𝑓(𝑛) pode ser igual a 𝑐, logo 𝑓 não é
sobrejetiva. Para a obtenção dos intervalos, começa-se a tomar 𝐼1 = [𝑎1 , 𝑏1 ] tal que
𝑓(1) < 𝑎1e, supondo obtidos 𝐼1 ⊃ 𝐼2 ⊃ ⋯ ⊃ 𝐼𝑛 tais que 𝑓(𝑗) ∉ 𝐼𝑗 , se olharmos para 𝐼𝑛 =
[𝑎𝑛 , 𝑏𝑛 ]. Se 𝑓(𝑛 + 1) ∉ 𝐼𝑛 , podemos simplesmente tomar 𝐼𝑛+1 = 𝐼𝑛 . Se, porém 𝑓(𝑛) ∈
𝐼𝑛 , pelo menos um dos extremos digamos 𝑎𝑛 , é diferente de 𝑓(𝑛 + 1), isto é, 𝑎𝑛 <
𝑓(𝑛 + 1). Nesse caso tomamos 𝐼𝑛+1 = [𝑎𝑛+1 , 𝑏𝑛+1 ], com 𝑎𝑛+1 = 𝑎𝑛 e 𝑏(𝑛+1) =
[𝑎𝑛 +𝑓(𝑛+1)]
. Com queríamos demonstrar.
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Lima (2006), demonstrou através do rigor matemático que o conjunto dos reais
é não inumerável, o que antes acreditava-se que conjuntos infinitos fossem
numeráveis. Quem provou isso foi Gregor Cantor em 1874, surpreendendo a
comunidade matemática com uma descoberta relevante sobre os conjuntos, que os
números reais não é numerável, porque não tem a mesma cardinalidade do
conjunto dos números naturais. (ÁVILA, 2001).

De acordo com o autor supracitado, a prova consiste em trabalhar números


reais com intervalos de [0, 1], tendo cardinalidade da reta toda. Usando a
representação decimal, observou-se que alguns números têm mais de uma
representação, como por exemplo 0,4 e 0,3999... Fazendo com que isso aconteça,
adota-se, para cada números, sua representação decimal infinita.

Na demonstração proposta por Dávila (2001), supõe-se que fosse possível


estabelecer uma correspondência biunívoca dos números do intervalo (0,1) com
números naturais. Isto significa supor que os números desse intervalo sejam os
elementos de uma sequência 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , …Escritos em representações decimais. Tais
números seriam:

𝑥1 = 0, 𝑎11 𝑎12 𝑎13 … 𝑎1𝑛 …


𝑥2 = 0, 𝑎21 𝑎22 𝑎23 … 𝑎2𝑛 …
𝑥3 = 0, 𝑎31 𝑎32 𝑎33 … 𝑎3𝑛 …
.................................................................
𝑥𝑛 = 0, 𝑎𝑛1 𝑎𝑛2 𝑎𝑛3 … 𝑎𝑛𝑛 …
........................................................................

Em que 𝑎𝑖𝑗 são algarismos de 0 a 9.

A próxima etapa, que leva a uma contradição, consiste em produzir um número no


intervalo (0,1) que não esteja na lista. Cantor chamou esse processo de diagonal,
utilizando-se de muitas outras situações. Construindo um número que seja diferente
de 𝑥1 na primeira casa decimal, diferente de 𝑥2 na segunda casa, diferente de 𝑥3 na
terceira casa, e assim sucessivamente, sendo que esse número não poderá coincidir
com nenhum outro número da lista supracitada. Para se ter uma regra particular , seja
𝑥 = 0, 𝑎1 𝑎2 𝑎3 … o número desejado, onde 𝑎𝑖 = 6 se 𝑎𝑖𝑖 = 5 e 𝑎𝑖 = 5 se 𝑎𝑖𝑖 ≠ 5. Como
esse número 𝑥 não está na lista acima, chegamos a um absurdo, o que leva a
conclusão de que o conjunto dos reais não é enumerável. (ÁVILA, 2001)

Como queríamos demonstrar.

REFERÊNCIAS

ÁVILA, Geraldo Severo de Souza. Análise Matemática para Licenciatura. 1. ed.


São Paulo: Edgard Blüncher, 2001.

LIMA, Elon Lages. Análise Real volume 1: funções de uma variável. 8.ed. Rio de
Janeiro: IMPA, 2006.

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