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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95
GABINETE DA REITORIA
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (UNEAD)
Criação e Implantação Resolução CONSU nº 1.051/2014. DOU 20/05/14

Fórum Temática Atividade Avaliativa I


Unidade I

‘’Em 1874 cantor surpreendeu o mundo matemático com uma de suas primeiras
descobertas importantes sobre conjuntos, a de que o conjunto dos números reais não é
enumerável, ou seja, tem cardinalidade diferente da do conjunto dos números ℕ dos
números naturais.’’ (ÁVILA, 2001, pág 16).
Definição: Um conjunto 𝑥 é enumerável caso ele seja finito, ou então se 𝑥 puder ser
colocado em correspondência biunívoca com o conjunto dos naturais ℕ.
Exemplo: O conjunto dos números naturais é um conjunto enumerável. Basta toma a
função Identidade 𝑓: ℕ → ℕ com a regra 𝑓(𝑛) = 𝑛 para realizar a bijeção.

𝑓(1) = 1
𝑓(2) = 2
𝑓(3) = 3
𝑓(4) = 4 … 𝑓(𝑛) = 𝑛, ….

O conjunto dos números pares é enumerável. Consideramos a bijeção 𝑓: ℕ → ℕ𝑝 dada


por 𝑓(𝑛) = 2𝑛
Logo,
𝑓(1) = 2.1 = 2
𝑓(2) = 2.2 = 4
𝑓(3) = 2.3 = 6
𝑓(4) = 2.4 = 8 … 𝑓(𝑛) = 𝑛, …

O conjunto dos números reais não é enumerável.


Demonstração: vamos demonstrar que o conjunto (0,1), formado pelos números reais
maiores do que zero e menores que 1, é não enumerável.

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Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95
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Criação e Implantação Resolução CONSU nº 1.051/2014. DOU 20/05/14

Observamos que alguns números têm mais de uma representação, como 0,4 e 0,3999 ...
Para que isso não aconteça, adotaremos, para cada número, sua representação decimal
infinita.
Assim, 0,437 = 0,436999... 0,052=0, 0,51999 ... etc. E com esse procedimento cada
número terá uma única representação decimal infinita.
Suponhamos que fosse possível estabelecer uma correspondência biunívoca dos números
do intervalo (0,1) com os números naturais. Isto é o mesmo que supor que os números
desse intervalo sejam os elementos de uma sequencia 𝑥1 , 𝑥2 𝑥3 … Escritos em suas
representações decimais, esses números seriam,

𝑥1 = 0, 𝑎11 𝑎12 , 𝑎13 … 𝑎1 𝑛 …

𝑥2 = 0, 𝑎21 𝑎22 , 𝑎23 … 𝑎2 𝑛 …

𝑥3 = 0, 𝑎31 𝑎32 , 𝑎33 … 𝑎3 𝑛 …

𝑥𝑛 = 0, 𝑎𝑛1 𝑎𝑛2 𝑎𝑛3 … 𝑎𝑛𝑛 …


Onde os 𝑎𝑖𝑗 são algarismos de zero a 9.
O último passo, que nos levará a uma contradição consiste em produzir um número do
intervalo (0,1) que não esteja nessa lista. Isso é feito pelo chamado processo diagonal de
Cantor, usado em muitas outras situações. Seja um número diferente de 𝑥1 na primeira
casa decimal, diferente de 𝑥2 na segunda casa decimal, diferente de 𝑥3 na terceira casa
decimal, supondo que esse número não coincidirá com nenhum da demonstração acima.
Logo, temos uma regra especifica, seja 𝑥 = 0, 𝑎1 𝑎2 𝑎3 … o número desejado, onde 𝑎𝑖 =
6 𝑠𝑒 𝑎𝑖𝑖 = 5 𝑒 𝑎𝑖 = 5 𝑠𝑒 𝑎𝑖𝑖 ≠ 5. Como esse número 𝑥 não está na demonstração acima,
chegamos a um absurdo, o que nos leva a concluir que o conjunto dos números reais não
enumerável.
Com essas duas demonstrações, podemos notar que o conjunto dos números naturais é
enumerável e que o conjunto dos números reais é não-enumerável. Isto estabelece uma
diferença entre ℕ 𝑒 ℝ como conjuntos.

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Referências

CARVALHO, Wagner Wilson Pereira de et al. Números transcendentes. 2018. Acesso


em 25 de Mar. De 2024.

ÁVILA, Geraldo. Análise matemática para licenciatura. Editora Blucher, 2006.

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