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Nunca é demais lembrar que mesmo um pequeno recipiente, quando colocado no porão de uma aeronave e
submetido às variações de pressão devido à altitude dos voos, pode ser responsável por uma catástrofe
inominável. Isso é a essência da preocupação em regulamentar o transporte aéreo de substâncias perigosas.
Artigos corretamente preparados e manuseados em conformidade com as especificações da ICAO, ANAC e
IATA, dificilmente causarão problemas à aeronave ou ao pessoal envolvido em seu manuseio.
Até a década de 1950, somente alguns países permitiam que o transporte de artigos perigosos (então
chamados de artigos restritos) fosse feito por via aérea, mas com o grande crescimento ocorrido na indústria
da aviação e, por conseguinte, no transporte de carga aérea, aumentou também a quantidade de artigos e
substâncias contendo propriedades perigosas capazes de afetar a segurança das operações aéreas e que
necessitavam ser transportadas por esse modal de transporte.
Percebendo a necessidade de desenvolver uma regulamentação específica para o transporte aéreo deste
tipo de produto, a IATA publicou, em 1956, um manual contendo a regulamentação para o transporte aéreo
de artigos perigosos. Esse Manual, até hoje em uso, encontra-se em sua Edição 63. Paralelamente, a ICAO
estabeleceu um grupo de estudo com a finalidade de regulamentar o transporte de Artigos Perigosos e
recomendar normas para todos os países membros.
É relevante destacar que o Anexo 18 da Convenção de Chicago (1944) e a edição 2021-2022 de suas
Instruções Técnicas para o Transporte Seguro de Mercadorias Perigosas por Via Aérea (Doc. 9284-AN/905)
são as duas únicas fontes legais a disciplinar o transporte aéreo de artigos perigosos. O Manual de Artigos
Perigosos da IATA é uma publicação anual baseada nas Resoluções 618 e 619 do Comitê de Artigos
Perigosos da IATA e constitui-se em publicação a ser seguida por todas as empresas aéreas membros da
IATA. Entretanto, nenhum documento adicional publicado pela IATA faz parte do texto original – não tendo
dessa forma, a mesma força legal. Porém, ao publicar a regulamentação sobre o embarque de artigos
perigosos por via aérea, a IATA buscou oferecer ao mercado uma publicação de fácil compreensão e
manuseio, que estabelecesse procedimentos tanto para o embarcador quanto para o transportador –
garantindo assim, a segurança da aviação comercial.
No Brasil, o DIPAA3, órgão do antigo DAC4, também preocupado com os índices de incidentes com artigos
perigosos em território nacional criou, em 1996, o Subprograma de Artigos Perigosos, para frear a
tendência de aumento dos mesmos. Por sua vez, o DAC criou normas e regulamentos para tornar mais
efetivo o controle do transporte de Artigos Perigosos em aeronaves brasileiras.
Atualmente, a autoridade aeronáutica brasileira responsável por legislar sobre embarques de artigos
perigosos em aeronaves civis e por fiscalizar a correta aplicação da legislação é a ANAC 5. O Regulamento
Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 175* (aprovado pela Resolução nº 462, de 25/01/2018 [Emenda
nº 01] é o documento publicado pela ANAC para estabelecer os requisitos aplicáveis ao transporte aéreo de
artigos perigosos em aeronaves civis registradas ou não no Brasil. Adicionalmente, encontra-se em vigor as
Instruções Suplementares IS175-000, IS175-001, IS175-002, IS175-003, IS175-004, IS175-
005, IS175-006, IS175-007, IS175-008, IS175-009, IS175-010, IS175-011, IS175-012 e IS175-
013 (também publicadas pela ANAC) com orientações a serem seguidas para a formação profissional e com
as condições para o transporte de artigos perigosos em aeronaves civis.
Nunca é demais destacar que qualquer dano provocado por artigos perigosos constitui-se crime contra a
segurança da aviação. Por isso, tanto o CBAer11 quanto o Código Penal Brasileiro legislam sobre as
responsabilidades de quem oferece e de quem transporta artigos perigosos:
1
International Civil Aviation Organization
2
International Air Transport Association
3
Divisão de Investigação e Pesquisa de Acidentes Aeronáuticos
4
Departamento de Aviação Civil
5
Agência Nacional de Aviação Civil
(*) Ver orientações a RBAC 175, IS175-000, IS 175-001, IS 175-002, IS 175-003, IS 175-004, IS 175-005, IS 175-006, IS 175-007, IS 175-008,
IS 175-009, IS 175-010, IS 175-011, IS175-012 e IS175-013 nas últimas páginas desta apostila.
4
• O CBAer, entre outros pontos, diz que “sem prejuízo da responsabilidade penal, o expedidor
responde pela exatidão das indicações e declarações constantes do conhecimento aéreo e pelo dano
que, em consequência de suas declarações ou indicações irregulares, inexatas ou incompletas, vier a
sofrer o transportador ou qualquer outra pessoa”.
• Já o Artigo 261 do Código Penal, que trata dos Crimes contra a segurança dos meios de
comunicação e transporte e outros serviços públicos, determina reclusão de 2 a 5 anos, por expor a
perigo aeronave ou de 4 a 12 anos se do fato resultar na queda ou destruição da aeronave. Havendo
vítimas fatais, a pena poderá ser dobrada.
1.2.3.4.5 = Seção 1
Subseção 2 (1.2)
Parágrafo 3 (1.2.3)
Subparágrafo 4 (1.2.3.4)
Sub-subparágrafo 5 (1.2.3.4.5)
† As palavras acompanhadas desse símbolo possuem uma descrição no Apêndice A, explicando seu
significado à luz da regulamentação.
Indica obrigatoriedade de informar o nome técnico (entre parênteses), após o Nome Próprio para
Transporte.
O fato de estarem habituadas a lidar com esses artigos ou substâncias no seu dia-a-dia, aliado ao
desconhecimento das condições que normalmente são encontradas no transporte aéreo, faz com
que as pessoas ofereçam para transporte (seja como bagagem ou como carga) materiais capazes de reagir
de forma perigosa, vindo a causar incidentes ou mesmo acidentes durante o manuseio ou o transporte em
aeronaves. Por isso, é primordial conhecer em profundidade todos os aspectos da regulamentação, para
garantir que a mesma seja respeitada integralmente.
11
Código Brasileiro de Aeronáutica - LEI Nº 7.565, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1986.
Artigo 302
k) transportar, ciente do conteúdo real, carga ou material perigoso ou proibido, ou em desacordo com as normas que regulam o trânsito de
materiais sujeitos a restrições;
Devemos ter em mente que durante o transporte aéreo (mesmo em aeronaves de grande porte), tudo o que
é embarcado fica sujeito a variações de temperatura, variações de pressão e a trepidações:
• Durante o voo, a temperatura oscila desde os 40 °C positivos no pátio dos aeroportos a 50 °C negativos
durante o percurso do voo;
• A pressão atmosférica pode ir de 100 kPa ao nível do mar a 68 kPa em condições extremas;
• Além disso, tudo a bordo de uma aeronave está exposto a vibrações que vão de 5 mm de amplitude a 7 Hz
(correspondendo à aceleração de 1 G) a 0,05 mm de amplitude a 200 Hz (correspondendo a aceleração de
8 G).
Essas condições, normalmente encontradas durante o transporte aéreo, exercem influência direta sobre a
carga e sua embalagem (e também sobre as bagagens).
Considerando-se que estamos lidando com condições normalmente adversas, que podem potencializar o risco
de alguns artigos e substâncias, como pode essa carga ser transportada de forma segura?
• A correta classificação do material a ser transportado dentro de uma das nove classes de risco indicadas
pela ICAO;
• Determinar se o material, por suas características, pode ser transportado por via aérea. Determinadas
substâncias são proibidas ou têm restrições importantes para o transporte aéreo;
• Identificar o material a ser transportado com um número de referência das Nações Unidas e com um
Nome Próprio para Transporte;
• Preparar a embalagem respeitando os limites por embalagem e o tipo de embalagem permitido para
aquela substância, levando-se ainda em consideração o tipo de aeronave que irá transportar o material;
• Colocar na embalagem todas as marcas e etiquetas que identifiquem de forma apropriada o material que
está sendo transportado; os riscos associados a ele e, se existirem, as exigências de manuseio;
• Preparar a documentação específica - Declaração do Expedidor de Artigos Perigosos (Shipper’s Declaration
for Dangerous Goods12), Certificado de Conformidade original da embalagem homologada, quando
aplicada - que acompanhará a carga até o seu destino final.
A partir desse momento, a carga estará em condições de ser entregue ao Transportador – que, por sua vez,
deverá verificar se todos os requisitos foram cumpridos, se não existem avarias ou vazamentos na carga,
além de tomar todas as providências para armazenar e carregar aquela carga respeitando as regras de
segurança e notificando o piloto em comando da aeronave sobre a existência de cargas especiais a bordo.
Considera-se perigoso para o modal aéreo todo artigo ou substância que, quando submetido às condições
normalmente encontradas nas várias fases de um voo, possa oferecer risco ao meio-ambiente, à saúde, à
segurança e à propriedade – e que estejam catalogadas como perigosas pela IATA ou pela ICAO – ou ainda
que atendam aos critérios de uma das 9 classes de risco definidas pela regulamentação.
12
Formulário padronizado para o transporte de cargas contendo artigos perigosos por via aérea.
6
(a) É obrigação do expedidor de carga aérea ou de qualquer pessoa que atue como intermediário entre o
expedidor e o operador transporte aéreo, assegurar que todos os requisitos aplicáveis ao transporte aéreo
sejam cumpridos, entre eles, certificar-se de que o artigo perigoso oferecido para o transporte aéreo:
(2) está adequadamente identificado, classificado, embalado, marcado, etiquetado e documentado de acordo
com as Partes 1, 2, 3, 4, 5 e Anexos do DOC. 9284-AN/905 e da IS 175-001.
(b) O expedidor responde pela exatidão das indicações e declarações constantes do conhecimento aéreo e
pelos danos que, em consequência de suas declarações irregulares, inexatas ou incompletas, vier a causar ao
transportador ou a terceiros.
(c) Caso, devido à natureza de seu conteúdo precedente, as embalagens vazias que não tenham sido limpas
possam conter algum risco, elas serão hermeticamente fechadas e tratadas de acordo com o risco que
contenham.
(d) O expedidor deve providenciar o transporte terrestre do artigo perigoso, em conformidade com as
Resoluções da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT – pertinentes.
(1) cumprir com o conjunto de requisitos de embalagem adequado ao tipo que será utilizado; e
(2) assegurar-se de invalidar todas as etiquetas e marcas de artigos perigosos não apropriados antes de
voltar a utilizar a embalagem ou sobre-embalagem autorizada.
Além disso, embarques consolidados estão sujeitos às mesmas exigências de marcas e etiquetas impostas a
qualquer carga perigosa. O embarcador deve cumprir com todas as exigências apresentadas na
regulamentação.
7
(b) São obrigações do operador de transporte aéreo ou de qualquer pessoa que execute atividades
relacionadas à aceitação, manuseio, carga e descarga de artigo perigoso:
(1) informar à ANAC qualquer diferença mais restritiva relacionada ao DOC. 9284-AN/905;
(2) possuir e utilizar exemplar físico ou eletrônico atualizado do DOC. 9284-AN/905 ou regulamentação
equivalente;
(3) somente aceitar os artigos perigosos mediante aprovação por meio de uma lista de verificação – Check-
List – e dentro das especificações previstas na Parte 7 do DOC. 9284-AN/905;
(4) armazenar os artigos perigosos em área pré-definida e delimitada, incluindo os dizeres “ARTIGOS
PERIGOSOS”. Esta área deve conter um quadro com as etiquetas de risco e de manuseio e a tabela de
segregação de artigos perigosos – TABELA 7-1 do DOC. 9284-NA/905 – atualizados e em dimensões
adequadas para visualização;
(6) inspecionar os carregamentos e descarregamentos nas aeronaves e nos Terminais de Carga Aérea;
(7) responder às emergências necessárias no caso de incidentes/acidentes com artigos perigosos, tanto em
voo quanto em solo, como dentro do Terminal de Carga Aérea;
(10) exigir do expedidor a entrega de no mínimo duas vias da Declaração do Expedidor para Artigos Perigosos
em português, para embarque doméstico ou da Declaração do Expedidor para Artigos Perigosos em inglês,
para embarque internacional, devidamente preenchidas conforme modelo definido pela ANAC – IS175-011,
Apêndices A a D, Apêndice E a G formas de preenchimento;
(11) exigir do expedidor ou realizar, a pedido deste, o preenchimento do conhecimento aéreo, de acordo com
o regulamento da ANAC;
(12) visando a preservar a segurança da aeronave, dos tripulantes e dos passageiros, o operador de
transporte aéreo deve garantir que nenhum passageiro embarque junto ao seu corpo ou em sua bagagem de
mão e/ou bagagem despachada artigos perigosos proibidos para o transporte aéreo;
(13) garantir que nenhuma carga contendo artigo perigoso seja embarcada sem o conhecimento da
tripulação, por meio da Notificação ao Comandante – NOTOC – conforme modelo definido pela ANAC;
(14) arquivar os documentos previstos para o embarque de artigos perigosos pelo período mínimo estipulado
pela ANAC. Estes documentos devem estar disponíveis assim que solicitados pela ANAC;
(15) assegurar que os passageiros sejam notificados, no momento da aquisição do bilhete de transporte
aéreo, por qualquer meio, e no momento do procedimento de embarque, de forma verbal e visual, sobre os
artigos proibidos de serem levados na bagagem de mão, despachada ou desacompanhada.
(i) as informações visuais devem ser legíveis e ser redigidas na língua portuguesa e traduzidas, no mínimo,
para o idioma inglês.
(c) O proprietário ou explorador da aeronave que transportar artigos perigosos sem a documentação
necessária ficará sujeito às penalidades previstas na Lei, podendo ter a aeronave interditada.
(d) A autorização para embarque não exime o operador de transporte aéreo da corresponsabilidade de
verificar se o artigo perigoso pode ser transportado por via aérea. Presume-se que, ao aceitar a carga, o
operador de transporte aéreo estará cumprindo fielmente estas instruções.
8
(e) Os embalados e as sobreembalagens que contenham artigos perigosos serão carregados e movimentados
à aeronave em conformidade com as disposições do Doc. 9284-NA/905 e demais requisitos estabelecidos pela
ANAC. No caso dos contêineres de carga que contenham material radioativo, deverão ser observadas,
adicionalmente, as normas nacionais emitidas pela CNEN.
(f) O responsável do operador de transporte aéreo pelo despacho deve incluir no Manifesto de Voo o tipo de
carga a ser transportada e qual a sua posição na aeronave.
(g) No caso de transporte aéreo internacional, o operador de transporte aéreo deve cumprir a
regulamentação específica de cada país que irá sobrevoar e/ou pousar, devendo observar o previsto no Doc.
9284-NA/905.
Além do operador de transporte aéreo, toda organização ou empresa (como agentes de viagens) que
participe do transporte aéreo de passageiros, deve proporcionar a estes, informações sobre os tipos de
artigos perigosos que estão proibidos a bordo de aeronaves. Esta notificação deve ser, no mínimo, de forma
verbal e visual13 (folders, painéis, cartazes), em lugares onde haja movimento de passageiros. Fica a cargo do
operador de transporte aéreo ser mais restritivo do que qualquer limite descrito neste capítulo, devendo a
restrição ser submetida à ANAC para adoção das medidas cabíveis.
(1) possuir e utilizar exemplar físico ou eletrônico atualizado do DOC. 9284-AN/905 ou regulamentação
equivalente;
(i) caso o terminal seja fisicamente segregado, como no caso existência de terminal de importação e de
exportação, deve-se garantir a disponibilidade de exemplar em cada uma das áreas.
(2) possuir área especial para o armazenamento de artigos perigosos, de modo a facilitar o isolamento da
área e a fácil remoção dos produtos, em local com livre acesso para as viaturas do Serviço de Salvamento e
Contra Incêndio, em caso de sinistro;
(3) possuir, nas áreas de recebimento e liberação de cargas e na área para armazenagem de artigos
perigosos, em local visível, quadro demonstrativo das etiquetas de risco e de manuseio de artigos perigosos,
bem como a tabela de segregação de artigos perigosos– APÊNDICE A DO RBAC 175 – TABELA 7-1 do DOC.
9284-NA/905 –, atualizados e em dimensões adequadas para visualização;
(5) possuir fonte d’água apropriada para neutralizar eventual contaminação a uma pessoa;
(6) garantir que todos os funcionários que lidam com carga aérea estejam capacitados e certificados com o
curso de Transporte Aéreo de Artigos Perigosos, atualizado;
(7) garantir que a área destinada ao armazenamento de artigos perigosos do terminal de carga aérea possua
canal de escoamento de líquidos, tendo como destino uma caixa retentora no lado externo do terminal, para
evitar contaminação do solo em caso de sinistro;
(8) garantir que a parte elétrica do terminal de carga aérea seja resistente a curto-circuito;
13
Desde 31/12/2009 é mandatório que as empresas usem exemplos visuais expostos.
(9) garantir que a área destinada ao armazenamento de artigos perigosos do terminal de carga aérea possua
ventilação suficiente para que não haja retenção de gases nocivos;
9
(10) manter em local visível, em dimensões adequadas para visualização, o telefone 24 horas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN;
(11) exigir do operador de transporte aéreo, se for o caso, a Declaração de Expedidor para Artigos Perigosos
e o Conhecimento Aéreo para aceitação do artigo perigoso, no transporte doméstico e internacional, tanto na
importação quanto na exportação, devendo este ser arquivado pelo período mínimo estipulado pela ANAC.
Estes documentos devem estar disponíveis assim que solicitados pela ANAC;
(b) Os operadores de Terminais de Carga Aérea que forem depositários de mercadorias sob controle
aduaneiro devem garantir que, nos setores de recebimento, armazenamento e liberação de cargas, todos os
funcionários sejam treinados em identificação de artigos perigosos, de modo a evitar acidente ou incidente
com pessoas.
Treinamento é um elemento essencial para a garantia da segurança do transporte de artigos perigosos por
via aérea, sendo necessário a todo o quadro de pessoal envolvido na preparação e no transporte de artigos
perigosos, bem como todos os envolvidos na cadeia do transporte aéreo, em geral.
O Capítulo X do Anexo 18 da ICAO, que trata do Transporte Seguro de Artigos Perigosos por via Aérea,
estabelece que os países signatários tenham um programa de treinamento em artigos perigosos e que o
mesmo seja posto em prática conforme o Doc. 9284-AN/90514 (esse documento determina que o treinamento
básico seja periodicamente revisado, para garantir que as normas regulatórias sejam sempre seguidas).
Também no Manual de Artigos Perigosos da IATA encontramos várias referências ao treinamento dos
envolvidos no transporte de artigos perigosos, para que os mesmos estejam cientes de suas
responsabilidades individuais: “Treinamento inicial deve ser providenciado para todos os funcionários que
ocupem funções que envolvam o transporte de artigos perigosos. Esse treinamento deve ser reciclado a cada
período de 24 meses; e um teste deve ser aplicado, para certificar-se de que a regulamentação foi assimilada
pelo funcionário, habilitando-o ao manuseio de artigos perigosos. Um certificado deve ser emitido,
confirmando que o treinamento foi concluído satisfatoriamente” (DGR, 1.5.0).
No Brasil, a Legislação que trata da formação e treinamento do pessoal envolvido no transporte aéreo de
artigos perigosos é o RBAC 175. As orientações para a formação e treinamento desse pessoal é orientada
pela IS 175-002, que por sua vez está fundamentada em:
1. Anexo 18 ao Convênio sobre Aviação Civil Internacional: Transporte Seguro de Artigos Perigosos – The
Safe Transport of Dangerous Goods by Air.
2. Documento 9284-AN/905 da OACI: Instruções Técnicas para o Transporte Seguro de Artigos Perigosos
pelo Modal Aéreo – Technical Instructions for Safe Transport of Dangerous Goods by Air14.
Todos devem ser submetidos ao treinamento que seja mais apropriado ao trabalho que executa, e para isso,
os currículos estão separados em categorias, conforme a extensão do treinamento que devam receber:
14
Instruções Técnicas para o Transporte Seguro de Artigos Perigosos por via aérea
10
11
Vários artigos/substâncias são considerados como potenciais instrumentos para interferências ilícitas. Há no
subparágrafo 1.6.3 uma lista de artigos perigosos que oferecem risco potencialmente alto e que demandam
cuidados especiais quanto à origem da carga e quanto ao embarcador. Todos os envolvidos no transporte
dessas substâncias devem possuir um Plano de Segurança e treinar seus funcionários e outras pessoas
diretamente envolvidas no transporte de forma a assegurar que todos tenham conhecimentos de suas
obrigações.
As discrepâncias a serem relatadas nos termos do parágrafo anterior são aquelas envolvendo produtos
impropriamente identificados, classificados, etiquetados, marcados ou embalados, de tal forma que não seja
permitida sua verificação para aceitação, incluindo embalagem ou bagagem oferecida e aceita para embarque
como se não contivesse artigo perigoso, mas que está sob suspeita de conter tais produtos.
O operador de transporte aéreo e o operador do terminal de carga aérea onde ocorrer incidente ou
acidente devem encaminhar à ANAC imediatamente, ou no prazo máximo de 12 horas após o ocorrido, a
notificação de ocorrências - incidente/acidente com artigo perigoso (NOAP), no caso de Notificação de
Condições Latentes com Artigos Perigosos, utilizar o formulário (NOCLAP).
O operador de transporte aéreo deve informar sobre os acidentes/incidentes com artigos perigosos às
autoridades apropriadas do Estado do operador e do Estado no qual o acidente/incidente tenha acontecido de
acordo com os requisitos e informações previstos pelas autoridades de cada Estado.
10
Doc. 8973 – Restricted
12
Por outro lado, existem artigos/substâncias que, apesar de normalmente proibidos, podem ser transportados
desde que se obtenha a autorização apropriada da autoridade competente8 – a quem caberá determinar
formalmente quais as condições para que esse transporte seja realizado. Essa informação é apresentada na
Subseção 4.2 do manual DGR9, sob as provisões especiais A1 e A2:
A1: Cobre especificamente os casos em que a carga é originalmente proibida em aeronaves de passageiros,
porém permita em cargueiros. Todavia, ela poderá ser enviada em aeronave de passageiros, caso o
embarcador consiga autorização prévia das autoridades competentes do país de origem da carga e do
país de origem da empresa aérea.
A2: Indica que, apesar de ser um embarque originalmente proibido tanto em aeronaves de passageiros
quanto em cargueiros, a carga poderá ser transportada em aeronaves exclusivamente cargueiras,
caso o expedidor obtenha autorização prévia das autoridades competentes do país de origem da carga
e do país de origem da empresa aérea.
O pessoal de recepção/aceite de carga e o pessoal de check-in deve ser adequadamente treinado para assistir
o embarcador/passageiro e identificar artigos/substâncias que, tendo sido apresentados com descrições
genéricas, possam ocultar riscos para o transporte aéreo.
Exemplos de artigos com riscos ocultos: Partes e peças de automóveis podem conter líquidos corrosivos,
gases comprimidos, explosivos, etc; amostras destinadas a análises clínicas podem conter substâncias
infecciosas ou gelo seco; vacinas e alimentos congelados geralmente são preservados em gelo seco.10
Nota: Artigos/substâncias não classificados como artigos perigosos, mas que, em caso de vazamento sejam
de difícil remoção (limpeza) ou que corroam o alumínio em um período mais longo de tempo (tais como
salmoura, corantes e alimentos em conserva) devem ser adequadamente embalados de forma a
prevenir vazamento.
7 Certas substâncias, da forma que são apresentadas para o transporte aéreo, são passíveis de explosão; de reações químicas muito perigosas; de produzir
chamas ou calor muito intenso; ou de emitir gases ou vapores tóxicos, corrosivos ou inflamáveis de forma intensa e perigosa, quando submetidas às
condições normalmente encontradas durante as várias fases de um voo.
8 No Brasil a ANAC, como autoridade de aviação civil, é a responsável por analisar e determinar as condições em que o transporte poderá ser efetuado.
9
Coluna “M”da Lista de Artigos Perigosos, (Special Provisions ou Provisões Especiais)
10
Mais exemplos podem ser encontrados no subparágrafo 2.2 da regulamentação
13
Além da Nota Fiscal, outros documentos podem auxiliar na identificação de artigos perigosos a serem
oferecidos para o transporte aéreo, através do departamento de cargas, tais como:
FISPQ – Ficha de
Informação de
Segurança
Nem sempre está claro para o passageiro ou tripulante o que pode ou não ser transportado em sua bagagem
ou nos bolsos de sua vestimenta, e o que é considerado perigoso para o transporte aéreo. O pessoal de
atendimento ao passageiro (check-in) deve atuar, portanto, como filtro de segurança para identificar possíveis
problemas. De uma forma geral, artigos perigosos estão proibidos como bagagem despachada ou bagagem de
mão dos passageiros e membros da tripulação ou com a própria pessoa (em suas vestimentas), com exceção
dos itens regulamentados e nas quantidades especificadas:
A Tabela 2.3.A do Manual IATA DGR traz um esquema de referência rápida para localizar quais os itens que
são permitidos na bagagem de mão, despachada ou que podem ser transportados pela própria pessoa,
apresentando ainda quais os itens necessitam de aprovação prévia do operador ou que necessitam ser
reportadas ao comandante, para conhecimento de sua localização à bordo.
15
A Convenção Postal Universal, concluída em Viena, em 10 de Julho de 1964, em seu Artigo 25, lista os
objetos que não são permitidos em encomendas postais, entre eles:
Artigo 25º
Objetos não admitidos. Proibições:
1 — Os objetos que não preencham as condições requeridas pela Convenção e pelos regulamentos não são
admitidos.
2 — Salvo as exceções previstas nos regulamentos, a inserção dos objetos mencionados a seguir é proibida
em todas as categorias de objetos:
2.1 — Os estupefacientes e as substâncias psicotrópicas;
2.2 — As matérias explosivas, inflamáveis ou outras matérias perigosas, assim como as matérias radioativas;
2.2.1 — Não se enquadram nesta proibição:
2.2.1.1 — As matérias biológicas expedidas nos objetos de correspondência indicados no artigo 44º
2.2.1.2 — As matérias radioativas expedidas nos objetos de correspondência e nas encomendas postais
indicados no artigo 26º.
No Brasil, o serviço postal é regulado pela Lei Nº 6.538 de 22 de Junho de 1978, e em seu Artigo
13º, inciso II, lista os artigos que são proibidos em encomendas postais:
A Regulamentação de Artigos Perigosos pelo Manual IATA, lista alguns artigos classificados
como perigosos que poderão ser oferecidos para o transporte, através dos correios:
O operador poderá transportar determinados artigos ou substâncias perigosas de sua propriedade, destinadas
à manutenção das aeronaves e que estejam identificados como necessários em seu certificado de
aeronavegabilidade. Não estão sujeitos à regulamentação:
▪ Substâncias que, embora sejam classificadas como perigosas pela regulamentação, sejam necessárias à
operação normal da aeronave.
▪ Artigos para consumo: Aerossóis, bebidas, perfumes, colônias, fósforos de segurança e isqueiros contendo
gás liquefeito, destinados ao comércio a bordo das aeronaves.
▪ Gelo seco para conservação dos itens destinados ao serviço de bordo.
• Equipamentos eletrônicos, tais como dispositivos de entretenimento pessoal e máquinas leitoras de cartão
de crédito (os manuais técnicos das aeronaves devem estipular as condições para o transporte e
utilização de tais equipamentos).
• Partes e peças de reposição ou que tenham sido removidas para conserto ou manutenção devem ser
transportadas de acordo com as normas regulamentares.
Quantidades muito pequenas de determinadas substâncias podem ser transportadas sem que seja necessário
cumprir com todos os requerimentos impostos pela regulamentação.
As embalagens para tais artigos/substâncias devem ser compostas de embalagem interna, uma embalagem
intermediária para cada embalagem interna e uma embalagem externa.
Os detalhes sobre material permitido, forma de embalar e outros requisitos podem ser encontrados no
subparágrafo 2.6.5 da regulamentação.
Deverão ser observadas as exigências de segregação desses embarques para armazenagem e carregamento
a bordo de uma aeronave. A Tabela 9.3.A indica quais classes/divisões precisam ser segregadas. Esses
embarques são isentos das exigências de marcação, etiquetagem e documentação (a única identificação
exigida para esses embarques é a etiqueta reproduzida ao lado).
As substâncias permitidas estão indicadas na subseção 4.2, Coluna F, sob o título E.Q. (Excepted Quantity).
Essa codificação determina as quantidades permitidas para cada tipo de substância, conforme especificações
da Tabela 2.6.A da regulamentação (reproduzida abaixo).
Nota: Quantidades excetuadas de artigos perigosos são proibidas em bagagens de mão, bagagens
despachadas e no correio aéreo.
18
Determinados artigos perigosos podem ser transportados de forma segura, se forem acondicionados em
embalagens de boa qualidade. Essas embalagens devem ser capazes de resistir às condições normalmente
encontradas no transporte aéreo, além dos rigores encontrados no manuseio regular de cargas – seja no
armazém, no transporte ou na rampa, durante o carregamento ou descarregamento da aeronave.
A boa qualidade é única e exclusivamente responsabilidade do embarcador, sem que seja possível qualquer
tipo de verificação de que ela foi submetida a testes que, apesar de estarem indicados na regulamentação, no
parágrafo 2.7.6, comprovem essa qualidade. Elas devem trazer uma marcação com dimensões mínimas de
100 mm x 100 mm, com uma letra “Y”, indicando que a embalagem e as quantidades embarcadas estão em
conformidade com a regulamentação.
As instruções de embalagem estão identificadas na Coluna G da lista de artigos perigosos (Subseção 4.2) com
o prefixo Y antecedendo o número da instrução e estão limitadas às quantidades líquidas indicadas na Coluna
H, sendo que o PESO BRUTO MÁXIMO de cada embalagem nunca poderá ultrapassar 30 kg.
Alguns operadores, por entenderem que há uma indústria de embalagens homologadas para o transporte de
cargas perigosas, com plenas condições de atender a demanda do mercado consumidor, já não aceitam o
transporte de cargas perigosas em embalagens de quantidade limitada.
Obs.: Dentre os operadores que voam para o Brasil, a Lufthansa (LH) e a Swiss Air Lines (LX) não aceitam
esse tipo de embalagem.
Superfície Aéreo
Tanto os Governos quanto os Operadores do modal aéreo podem impor restrições adicionais àquelas
existentes na regulamentação (elas são denominadas variações). Tais variações são normalmente mais
restritivas do que o originalmente publicado pela ICAO/IATA. Eventualmente, um determinado país pode ser
menos restritivo que o indicado pela ICAO. Todavia, esse relaxamento na regulamentação somente será
aplicável dentro do seu território e para operadores daquele país. Já os operadores não podem ser menos
restritivos em hipótese alguma.
As Variações Governamentais são aplicáveis a toda carga transportada de, para ou através do país que impôs
a variação sendo aplicável ainda aos operadores de bandeira daquele país. Na regulamentação da IATA as
variações de Estados (ou Governos) estão listadas no parágrafo 2.8.2 e são identificadas por uma seqüência
de três letras e dois números: Duas letras identificando o país, seguidas pela letra “G” (em referência à
palavra “Governamental”) e dois dígitos em ordem numérica crescente (Exemplo: USG-01 = 1ª variação
governamental publicada pelos Estados Unidos).
BRG-01: A autoridade aeronáutica brasileira para o Anexo 18 e para tratar da regulamentação brasileira de
artigos perigosos é a ANAC.
BRG-02: O transporte de artigos perigosos em território nacional está sujeito a esta Regulamentação
(IATA) e à regulamentação brasileira (RBAC 175, IS175-000, IS 175-001, IS 175-002, IS 175-003, IS 175-
004, IS 175-005, IS 175-006, IS 175-007, IS 175-008, IS 175-009, IS 175-010, IS 175-011, IS 175-012, IS
175-013 e demais documentos publicados pela ANAC).
BRG-03: As empresas aéreas que transportam artigos perigosos devem enviar, mensalmente, uma planilha
para ANAC, detalhando todos os artigos perigosos embarcados.
BRG-04: Artigos perigosos que requeiram isenção ou aprovação, de acordo com esta Regulamentação
(IATA), somente podem ser transportados com a aprovação da ANAC. Essas aprovações devem ser
solicitadas com 15 dias de antecedência, e as isenções com 60 dias de antecedência.
BRG-05: Para o transporte de artigos perigosos em território brasileiro, deve-se utilizar o Formulário
reproduzido na IS175-001.
BRG-06: Para o transporte aéreo doméstico de artigos perigosos o idioma português poderá ser utilizado
em todas as marcações e documentos relacionados ao embarque, com exceção do Nome Próprio para
Embarque, que deverá estar em Inglês.
BRG-07: A legislação brasileira (IS175-002) explica, de forma detalhada, todos os requisitos de qualificação
aos quais os funcionários que trabalhem em território brasileiro devem se submeter.
BRG-08: O transporte de material radioativo deve ser autorizado pela Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN).
Parágrafo 2.8.2
Lista de Variações Governamentais
Parágrafo 2.8.4
Lista de Variações dos Operadores
20
A ONU separou os artigos perigosos em nove classes de risco, sendo que algumas delas foram ainda
separadas em divisões para melhor indicar o risco existente dentro de uma mesma classe de risco
(explosivos foram adicionalmente separados em treze grupos de compatibilidade para fins de
armazenagem e transporte). Essa mesma classificação aplica-se ao transporte aéreo. A Seção 03 da
regulamentação detalha cada possível risco que artigos e substâncias podem oferecer ao meio aéreo.
Deve-se observar que a ordem das classes e divisões de risco não representa precedência de uma sobre
as outras.
Associados a seis divisões (1.1 a 1.6) e a treze grupos de compatibilidade (identificados pelas letras A, B,
C, D, E, F, G, H, J, K, L, N e S), a grande maioria dos explosivos possui restrições para embarque ou são
proibidos por via aérea – daí a necessidade de identificação de sua compatibilidade, especificando quais
explosivos podem ser armazenados ou transportados juntos.
Importante: No Brasil, todo embarque de material explosivo deve obter autorização do Exército.11
Estão excluídos da Classe 1 as substâncias que não sejam explosivas por si mesmas, mas que possam
formar uma atmosfera de gases, vapores ou pós com propriedades explosivas e os equipamentos
contendo substâncias explosivas em quantidades ou cujas características não causem efeitos externos à
embalagem, em caso de ativação acidental durante o transporte. Nesse caso, o embarcador deverá
buscar a classificação adequada para o que se pretenda transportar.
Um gás não tem forma ou volume definido, consistindo de um agrupamento de partículas com
movimentos aleatórios, apresentando as seguintes características:
Ao considerarmos a classificação dos gases, devemos levar em conta os efeitos para a saúde humana,
quando inalados. Assim, há os inofensivos (oxigênio, hélio) quando dispersos em quantidade normal na
atmosfera, e os venenosos (capazes de matar). Dentre os últimos podemos citar:
• Gases Tóxicos, tais como ácido cianídrico (produz a morte quase instantaneamente), amoníaco
do anidro sulfuroso, benzina, iodacetona, cianuretos alcalinos de potássio, sódio etc.
•
11
DECRETO Nº 3.665, DE 20/11/2000: Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) – DFPC
21
• Gases Asfixiantes, que fazem cessar as trocas orgânicas (provocando a redução do teor de
oxigênio e o consequente aumento de gás carbônico no sangue) tais como oxicloreto,
tetraclorossulfureto de carbono, cloroformiato de metila clorado, bromo, fosgeno.
Mas mesmo os gases inofensivos à saúde humana podem estar comprimidos, criando um risco em
potencial para a estrutura da aeronave ou mantidos a temperaturas muito baixas. Assim, a Classe 2
compreende todos os gases comprimidos, os gases liquefeitos, os gases diluídos, os gases liquefeitos
refrigerados, as misturas de um ou mais gases contendo vapores de uma ou mais substâncias associadas
às outras classes de risco, os artigos carregados com gases e os aerossóis.
Por ser muito abrangente, essa classe de risco encontra-se subdividida de forma a melhor definir seus
riscos e especificar suas condições de transporte:
A Divisão 2.1 (IATA DGR 3.2.2.1) abrange os gases inflamáveis, tais como o gás
butano, hidrogênio, propano, acetileno, etc. Tais gases (ou misturas de
gases) inflamam-se quando em contato com o ar, podem estar contidos em
aerossóis como propelente de outras substâncias não perigosas, como
cremes, pastas, tintas etc.
A Divisão 2.2 (IATA DGR 3.2.2.2) engloba os gases não tóxicos, não corrosivos
e não inflamáveis. Entretanto, esses gases podem ser asfixiantes, por
tomarem o lugar do ar atmosférico ou podem ser gases oxidantes, que por
conter oxigênio podem causar ou contribuir para a combustão de outros
elementos ou fazer com que o fogo adquira maiores proporções.
A Divisão 2.3 (IATA DGR 3.2.2.3) é destinada aos gases conhecidos por serem tóxicos ou
corrosivos. Essa toxidade pode afetar os seres humanos – podendo causar danos à saúde.
Gases da Divisão 2.3 contidos em aerossóis são proibidos para o transporte aéreo.
▪ Gases da Divisão 2.2, quando transportados a uma pressão inferior a 200kPa a 20º C e não estejam
liquefeitos ou refrigerados
▪ Gases da Divisão 2.2 contidos em gêneros alimentícios, incluindo bebidas (exceto UN1950)
▪ Bolas destinadas à prática esportiva
▪ Pneus que satisfaçam as disposições da Provisão Especial A59
▪ Lâmpadas, desde que embaladas de forma a que os efeitos de uma ruptura acidental sejam contidos
pela própria embalagem.
Os líquidos inflamáveis devem ser associados a um Grupo de Embalagem (Packing Group), com base em
seu Ponto de Fulgor (Flash Point) e seu Ponto Inicial de Ebulição (Initial Boiling Point):
▪ Classifica-se como sendo do Grupo de Embalagem I toda substância cujo ponto inicial de ebulição se
dê a uma temperatura igual ou inferior a 35ºC
12
Explosivos dessensibilizados são substâncias explosivas que foram diluídas em água ou outra substância líquida para formar uma mistura homogênea
que suprima suas propriedades explosivas.
22
Divisão 4.1 (IATA DGR 3.4.1): Sólidos facilmente inflamáveis ou que possam causar ou
contribuir para o fogo, por meio de fricção, além dos sólidos auto-reativos e dos
explosivos sólidos dessensibilizados.
Os riscos desse tipo de substância deriva não apenas do fogo, mas também da
combustão de produtos tóxicos. Ademais, pós metálicos são especialmente perigosos
devido à dificuldade de extinguir o fogo com o auxílio de extintores à base de água ou dióxido de
carbono – capazes de aumentar ainda mais as chamas.
▪ Sólidos auto-reativos: Substâncias instáveis, capazes de sofrer decomposição rápida e gerando calor
de forma intensa. Se houver necessidade de controle de temperatura, a substância não será permitida
no modal aéreo13. Durante as fases do transporte, essas substâncias devem ser protegidas da luz
solar direta e mantidas distantes de fontes de calor, devendo permanecer sempre em áreas bem
ventiladas.
▪ Explosivos sólidos dessensibilizados: São explosivos onde água, álcool ou outro tipo de diluente foi
utilizado para umedecê-los, formando uma mistura homogênea de forma a suprimir suas
características explosivas.
Divisão 4.2 (IATA DGR 3.4.2): Sólidos sujeitos à combustão espontânea 14 – ou seja,
substâncias passíveis de aquecimento de forma natural, nas condições normalmente
encontradas no transporte aéreo, ou ainda substâncias que se aquecem em contato
com o ar, sendo possível que venham a se inflamar. Alguns materiais que podem sofrer
combustão espontânea:
• Montes de feno e algodão não processado podem sofrer combustão espontânea por causa do
calor produzido pela fermentação bacteriana.
• O carvão pode se inflamar espontaneamente quando exposto ao oxigênio que o faz reagir e
aquecer, desde que não haja ventilação suficiente para seu resfriamento.
• A oxidação da pirita de ferro é muitas vezes a causa da combustão espontânea em resíduos
antigos de minas de carvão.
• Negativos e cópias de filmes fabricados com suporte de nitrato de celulose, podem sofrer
combustão espontânea.
• Óleo de linhaça em um espaço parcialmente fechado (como uma pilha de panos encharcados de
óleo e deixados em um recipiente descoberto) pode oxidar, levando a um acúmulo de calor e,
consequentemente, à ignição.
• Grãos de pistache , quando armazenados em grandes quantidades são propensos a auto-
aquecimento e combustão espontânea.
13
No Apêndice C, Tabela C1 da regulamentação, existe uma listagem com as substâncias auto-reativas da Divisão 4.1 que podem ser transportadas por
via aérea.
14
Como ocorre a combustão espontânea: Uma substância começa a liberar calor, o que pode ocorrer de várias maneiras, como através de oxidação
ou fermentação; o calor não consegue escapar, e a temperatura do material aumenta; a temperatura do material sobe acima do seu ponto de
ignição; a combustão se inicia, na presença do oxigênio (ou de qualquer outro oxidante).
23
Divisão 4.3 (IATA DGR 3.4.3): Sólidos que emitem gases inflamáveis quando umedecidos. Essas
substâncias, quando molhadas, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou passar a liberar gases
inflamáveis em quantidades perigosas.
Tais substâncias, ao serem molhadas, liberam gases inflamáveis que entram em contato com o ar
atmosférico, formando misturas explosivas. Mesmo pequenas faíscas são suficientes para detonar a
substância, gerando uma onda de choque e chamas, que podem colocar em risco os seres vivos e o
meio-ambiente.
Divisão 5.1 (IATA DGR 3.5.1): As Substâncias Oxidantes por si só não são
necessariamente combustíveis, mas podem causar ou contribuir para a combustão de
outros materiais, pois liberam oxigênio à temperatura ambiente ou quando levemente
aquecido.
Apesar da grande maioria das substâncias oxidantes não ser inflamável, o simples contato delas com
produtos combustíveis pode gerar um incêndio, mesmo sem a presença de fontes de ignição. Outro
aspecto a considerar é a grande reatividade dos oxidantes com compostos orgânicos: Geralmente essas
reações são vigorosas, ocorrendo grandes liberações de calor, podendo acarretar fogo ou explosão.
Mesmo pequenos traços de um oxidante podem causar a ignição de alguns materiais, tais como o
enxofre e o carvão vegetal.
Como exemplo de produto oxidante, podemos citar o peróxido de hidrogênio (comercialmente chamada
água oxigenada). Este produto é um poderoso agente oxidante e, em altas concentrações, reage com a
maioria dos metais, o que acarreta em uma decomposição com perigo de incêndio/explosão.
Divisão 6.1 de risco (IATA DGR 3.6.1): Tóxicos são capazes de causar a morte ou
ferimentos graves ou ainda prejudicar a saúde dos seres vivos se ingeridas, inaladas
ou quando em contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades.
As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso
organismo são três: inalação, absorção cutânea e ingestão.
A inalação é a via mais rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo e a mais comum.
Já com relação à absorção cutânea, as substâncias tóxicas agem como tóxico localizado, onde o produto
em contato com a pele age na sua superfície, provocando uma irritação primária e localizada; ou como
tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com as proteínas da pele ou mesmo penetra
através dela, atinge o sangue e é distribuída para o nosso organismo, podendo atingir vários órgãos.
15
As substâncias da Divisão 4.2 permitidas para transporte aéreo estão listadas na Tabela C2 (Apêndice C) da regulamentação.
16
Uma reação exotérmica é uma reação química onde a energia é transferida do interior da substância para o meio exterior, esquentando o
ambiente (reação química que libera calor).
24
Apesar da pele e a gordura atuarem como uma barreira protetora do corpo, algumas substâncias como
ácido cianídrico, mercúrio e alguns defensivos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.
Quanto à ingestão, esta é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que tal fato somente
ocorrerá com menor frequência.
O grau de toxicidade das substâncias é medido conforme os índices LD50 ou LC50. Eles indicam a Dose
Letal ou a Concentração Letal da substância que, aplicada a determinado grupo de teste irá matar 50%
dos elementos daquele grupo dentro de um determinado prazo de tempo.
Divisão 6.2 (IATA DGR 3.6.2)– Substâncias Infecciosas: São aquelas que se sabe
ou razoavelmente se espera que contenham elementos patogênicos.
• Produtos Biológicos, que são aqueles produtos derivados de organismos vivos, manufaturados e
distribuídos de acordo com os requerimentos das autoridades nacionais, que podem necessitar de
licenças especiais e são usados para prevenção tratamento ou diagnóstico de doenças em seres
humanos ou animais, ou ainda para fins de desenvolvimento experimental ou propósitos de
investigação. Eles incluem, mas não estão limitados a produtos finalizados ou não tais como vacinas.
• Culturas: Resultado de um processo pelo qual agentes patogênicos são intencionalmente propagados.
Essa definição não inclui espécimes (amostras) de pacientes humanos ou animais.
• Amostras de pacientes: É a definição dada a materiais humanos ou animais coletados diretamente,
incluindo, mas não limitado-se a excreções; secreções; sangue e seus componentes; tecidos e seus
fluidos de tecidos; e ainda partes de corpo sendo transportadas para propósitos investigativos ou de
diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças.
• Restos de material médico ou clínico: São aqueles derivados de tratamento médico de humanos ou
animais ou de pesquisas biológicas.
Classificação das Substâncias Infecciosas: Substâncias infecciosas devem ser classificadas na Divisão 6.2
e assignadas a UN2814, UN2900, UN3291 ou UN3373, conforme seja apropriado.
Categoria A (IATA DGR 3.6.2.2.2.1): inclui substâncias infecciosas que na forma que são transportadas
podem causar, no evento de exposição a ela, 17 risco de danos permanentes, ameaça fatal à vida ou
doenças fatais a humanos ou animais saudáveis.
• Substâncias infecciosas nesse critério que causem doenças apenas em humanos ou ainda em
humanos e animais deverão ser atribuídas à UN2814.
• Substâncias infecciosas que causem doenças somente em animais deverão ser associadas à
UN2900.
A associação ao número UN2814 ou UN2900 deve basear-se no histórico médico conhecido e sintomas
da fonte humana ou animal, das condições endêmicas locais ou julgamento profissional envolvendo
circunstancias particulares da fonte humana ou animal. Para auxiliar nesse julgamento, a Tabela 3.6.D da
regulamentação traz uma relação das substâncias associadas a essas duas numerações ONU. Mas é
importante ressaltar que tal tabela não esgota o assunto: Substâncias infecciosas – incluindo novas
substâncias descobertas – que não estejam listadas, mas que atendam aos mesmos critérios devem ser
atribuídas à Categoria A. Da mesma forma, sempre que houver dúvidas se a substância atenda ou não
aos critérios da Categoria A, a mesma deverá ser atribuída a essa Categoria.
17
A exposição ocorre quando uma substância infecciosa é liberada para o exterior de sua embalagem protetora, resultando em contato físico com
humanos ou animais.
25
Categoria B (IATA DGR 3.6.2.2.2.2): Engloba todas as substâncias infecciosas que não se
enquadrem no critério da Categoria A. As substâncias da Categoria B devem ser
associadas à UN 3373 com nome próprio para embarque de “Biological substance,
Category B”.
b) Aqueles que não se enquadram no item (a) e se sabe ou razoavelmente se crê contenham
substâncias infecciosas e que estejam de acordo com o critério para inclusão nas substâncias da
Categoria A ou Categoria B devem ser assignadas à UN2814, UN2900 ou UN3373 conforme
apropriado.
Animal vivo intencionalmente infectado e do qual se sabe ou suspeita que tenha uma substância
infecciosa, não deve ser transportado por via aérea, a menos que a substância infecciosa que ele contém
não possa ser transportada por outros meios – mas apenas sob os termos e condições aprovadas pela
autoridade nacional apropriada.
Restos clínicos ou médicos contendo substâncias infecciosas da Categoria A devem ser associados à
UN2814 ou à UN2900, conforme apropriado. Já os restos clínicos ou médicos contendo substâncias
infecciosas da Categoria B devem ser classificados como UN3291.
Restos clínicos ou médicos que se creia ter baixa probabilidade de conter substâncias infecciosas deve ser
associado à UN3291 – Clinical waste, unespecified, n.o.s. ou (Bio)Medical waste, n.o.s. ou
Regulated medical waste, n.o.s.
Restos clínicos ou médicos descontaminados, que tenham anteriormente contido substâncias infecciosas
não estão sujeitos à Regulamentação – a menos que se enquadrem nos critérios de outras classes de
risco.
As clínicas médicas, os hospitais e os laboratórios de análises clínicas devem atentar-se para outras
substâncias e materiais que também possuam propriedades perigosas e que façam parte da rotina
laboratorial, clínica e hospitalar, tais como: líquidos criogênicos; gases refrigerados; etanol, metanol e
outros líquidos inflamáveis; iodo e outras soluções contendo corrosivos; anticéticos; ou qualquer outra
substância que contenha propriedades narcóticas, nocivas, irritantes ou que, em caso de derramamento,
possa causar fortes moléstias ou incômodos aos membros da tripulação.
Exceções: Devido ao baixo risco que representam, as seguintes substâncias de origem biológica são
isentas dos requerimentos e regulamentações para artigos perigosos:
Alguns materiais radioativos exigem uma etiqueta especial, identificando seu índice de criticalidade. Essa
etiqueta deve ser adicionada a volumes contendo materiais físseis, para prover controle sobre o acúmulo
de embalados ou sobreembalagens.
Corrosivos em estado líquido ou sólido são substâncias que podem causar danos
severos quando em contato com tecido vivo ou com metais. No caso de vazamento,
poderá danificar ou mesmo destruir outras cargas ou o meio de transporte.
A 9ª Classe de risco compreende todos os artigos ou substâncias que ofereçam riscos diferentes daqueles
associados às outras classes/divisões. Nessa classe de risco encontramos materiais magnetizados,
substâncias nocivas ao meio-ambiente, gelo seco, motores de combustão interna, veículos movidos a gás
ou a combustível líquido, substâncias de odor muito forte, baterias de lítio metal, dentre outros tantos
itens.
Sólidos ou líquidos regulamentados para a aviação (DGR, 3.9.2.1): todo material que tenha propriedades
narcóticas, tóxicas, irritantes, etc. que não atenda a nenhuma das classes de risco, mas que, em caso de
vazamento possa causar desconforto extremo aos membros da tripulação, de modo a impedir a correta
execução de seus afazeres durante o voo deverá ser associado à Classe 9 (UN3334 ou UN3335).
Material Magnetizado (DGR, 3.9.2.2): deverá ser classificado como UN2807 qualquer material que,
quando embalado para transporte aéreo, seja capaz de provocar um desvio de mais de 2 graus (0,00525
Gauss) em uma bússola a uma distância de 2,1 m de qualquer ponto da superfície da embalagem.
Massas de metais ferromagnéticos tais como automóveis, autopeças, cercas metálicas, tubulações e
material metálico usado em construções, mesmo que não correspondam à definição de materiais
magnetizados podem afetar as bússolas. Da mesma forma, embalagens ou itens que, individualmente,
não atendem à definição de materiais imantados, mas que cumulativamente possam gerar um campo
magnético, devem ser tratados como material magnetizado.
27
Substância de temperatura elevada (DGR, 3.9.2.3): substâncias contendo líquidos a temperaturas iguais
ou superiores a 100ºC ou que contenham sólidos em temperaturas de 240ºC ou mais, somente poderão
ser transportadas por via aérea a menos que recebam isenções governamentais18.
Substâncias perigosas ao ambiente (DGR, 3.9.2.4): substâncias ou misturas capazes de poluir o meio
ambiente, quando não possuir substâncias associadas a outras classes de risco, devem ser atribuídas ao
Grupo de Embalagem III e associadas à UN3077 (sólidos) ou UN3082 (líquidos).
Artigos perigosos podem ser associados a Grupos de Embalagem, de acordo com seu grau de risco.
Foram desenvolvidos critérios técnicos relacionados aos grupos de embalagem para a Classe 3, a Classe
4, a Divisão 5.1, a Divisão 6.1 e a Classe 8, além de algumas substâncias da Classe 9, para os líquidos da
Divisão 5.1 e para restos de material médico ou clínico da Divisão 6.1 (UN3291).
Durante o processo de classificação, alguns artigos ou substâncias são associados a mais de uma
classe/divisão de risco. Na eventualidade de algum artigo/substância não estar listado na Subseção 4.2 e
o mesmo possuir mais de um risco associado a ele, o embarcador deverá determinar qual deles é o risco
principal e qual o secundário. Para tanto, a Tabela 3.10.A, com a Precedência de Riscos, deverá ser
utilizada.
Como utilizar a tabela: identifique a coluna referente à classe/divisão de um dos riscos e o grupo de
embalagem apropriado e a linha com a outra classe/divisão e grupo de embalagem. A intersecção entre
a linha e a coluna indicará o risco primário e o grupo de embalagem da substância.
18
As condições para se obter tais isenções encontram-se no subparágrafo 1.2.6.1 da regulamentação.
28
(l) = Liquido
(s) = Sólido
(i) = Inalação
(d) = Dermal
Algumas classes/divisões foram suprimidas da tabela, por terem sempre precedência sobre as outras:
• As Classes 1, 2 e 7;
• As Divisões 5.2 e 6.2;
• Substâncias auto-reativas e explosivos desensibilizados da Divisão 4.1;
• Substâncias Pirofóricas da Divisão 4.2;
• Substâncias da Divisão 6.1, Packing Group I, com toxidade por inalação;
• Explosivos líquidos dessensibilizados da Classe 3.
• Um artigo perigoso, quando estiver magnetizado, deverá ser identificado de acordo com o risco
apropriado e, adicionalmente, classificado como material magnético.
• Uma substância infecciosa, quando possuir algum outro risco ao transporte, deverá ser sempre
classificada como sendo da Divisão 6.2, mas considerando-se também o maior dos riscos
secundários.
Nota: caso a substância tenha mais de dois riscos não será possível ou viável o uso da tabela. Nesse caso
o processo deverá ser conduzido pela autoridade competente, a quem caberá indicar o risco primário e
os riscos secundários.
29
• Os embarques de substâncias auto-reativas da Divisão 4.1 e de peróxidos orgânicos da Divisão 5.2 estão
limitados às substâncias relacionadas no Apêndice C (tabelas C.1 e C.2 respectivamente). Atenção
especial deve ser dada às notas que podem indicar exigências adicionais para o transporte daquela
substância.
• Embarques de vírus e cultura de vírus devem obedecer à classificação elaborada pela Organização
Mundial da Saúde, que define os vírus associados à Categoria A – além de determinar o tipo de
contaminação (se o vírus afeta humanos ou apenas animais).
Por vezes, substâncias contendo produtos químicos da qual se suspeite ser perigosa (mas que não tenha sido
incluída na Tabela 4.2 nem atinja os parâmetros de classificação da seção 3 da regulamentação para
nenhuma das classes/divisões de risco) podem ser oferecidas para transporte como NÃO RESTRITA, mas é
mandatório que a expressão NOT RESTRICTED seja incluída na descrição da mercadoria. O operador
poderá solicitar a confirmação dessa informação, mediante a apresentação do MSDS (Material Safety Data
Sheet) ou seu equivalente em português, a FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico) –
conforme especificado pela ABNT na NBR 14725.
▪ Todo nome próprio para transporte está associado a um número UN ou ID. Os números ID são
identificações temporárias designadas pela ONU, eles são sempre da série 8000;
▪ O Nome Próprio para Transporte SEMPRE estará em NEGRITO. Nomes que não estejam em negrito
remetem a outros Nomes Próprios para Transporte ou a substâncias proibidas ou ainda a substâncias sem
restrições para o transporte aéreo;
▪ A lista de artigos perigosos está em ordem alfabética, sendo que alguns prefixos e sufixos foram
desconsiderados na ordenação da lista. Veja 4.1.6.2 para maiores detalhes desses elementos.
30
Artigos Perigosos devem ser associados a um dos Nomes Próprios para Transporte existentes na Lista de
Artigos Perigosos.
c) Entradas genéricas, do tipo “n.o.s.”, porém acobertando um grupo de natureza química bem definida:
Refrigerant gas, n.o.s. (UN1078)
Selenium compound, solid, n.o.s. (UN3283)
d) Entradas genéricas, do tipo “n.o.s.”, acobertando um grupo de artigos ou substâncias que obedeçam
aos critérios de uma ou mais classes ou divisões:
Flammable liquid, toxic, corrosive, n.o.s. (UN3286)
Corrosive solid, n.o.s. (UN1759)
Quando um artigo ou substância não se encontrar listado pelo seu nome, o embarcador deverá:
Adicionalmente, a concentração da mistura/solução pode ser indicada após a descrição básica da substância
(exemplo: Acetone 75% solution).
Uma mistura ou solução contendo dois ou mais artigos perigosos deve ser descrita pelo PSN seguido pelos
nomes técnicos (entre parêntesis) de não mais que dois dos componentes predominantes da solução.
Caso uma etiqueta de risco subsidiário seja necessária, os nomes técnicos devem incluir o componente que
exija tal etiqueta.
Caso a mistura ou formulação possuir um nome listado nas páginas azuis da regulamentação, mas não
atender aos critérios mínimos para ser associado a uma das classes de risco devido à baixa concentração do
princípio perigoso, o produto resultante dessa mistura ou fórmula não estará sujeita às restrições impostas
pela regulamentação. Nesses casos, a descrição do produto deverá ser acompanhada da expressão “não
perigoso” ou “não restrito”.
31
Esta coluna lista os nomes em ordem alfabética; todavia, determinadas partes que compõe esses nomes não
foram consideradas, no momento de ordená-los alfabeticamente:
• Números: 1-, 2-, etc.;
• Letras simples: a-, b-, m-, N- , n-, O-, o-, p-;
• Prefixos alpha-, beta-, meta-, omega-, sec-, tert-;
• A terminação n.o.s..
Complementando as informações relativas às etiquetas de risco aplicáveis, sempre que um embarque exigir a
utilização das etiquetas de manuseio “Líquido Criogênico”, “Mantenha Longe do Calor” ou “Material
Magnetizado”, essas informações também constarão da Coluna D.
Coluna E – Grupo de embalagem, indicando o grau de risco do artigo ou substância: Se mais alto (Packing
Group I), médio (Packing Group II) ou mais baixo (Packing Group III)
Coluna G – Instrução de embalagem para embalagens que não passaram por processo de homologação
(Limited Quantity). Entretanto, artigos perigosos somente podem ser embarcados nesse tipo de embalagem
se o expedidor atender a todas as especificações e restrições da subseção 2.7, do parágrafo 4.1.5 da Seção 5
32
e da Tabela 4.2, coluna G. Essa instrução aplica-se tanto para aeronaves de passageiros quanto cargueiros.
O número da instrução de embalagem vem sempre precedido da letra Y.
Coluna H – Indica a quantidade líquida máxima, por volume, para embalagens do tipo “Quantidade Limitada”
(Limited Quantity). Para a utilização desse tipo de embalagem, deve-se considerar o mesmo limite, tanto para
embarque em aeronaves de passageiros quanto para embarque em cargueiros. Importante destacar que o
peso bruto máximo permitido para qualquer embarque sob essas instruções de embalagem não
pode ultrapassar 30 Kg.
Coluna J – Para embalagens homologadas a serem embarcadas em aeronaves de passageiros, essa coluna
indica a quantidade máxima (quantidade líquida) por embalagem (essa embalagem poderá também ser
embarcada em aeronave cargueira, mas sem etiqueta “Somente Aeronave Cargueira”). Em determinadas
situações, o peso bruto da embalagem (em vez da quantidade líquida) será informada – nesses casos, o peso
permitido será acompanhado por uma letra “G”, indicando tratar-se do peso bruto da embalagem. No caso
de artigos explosivos ou fósforos, o peso líquido é o peso do artigo completo, sem considerar a embalagem.
Nos casos em que o limite de peso não for indicado (“No Limit”,) o peso reportado na documentação pode
variar de acordo com o tipo de carga. Maiores detalhes podem ser encontrados em 8.1.6.9.2.(d).
Coluna L – Indica a quantidade líquida máxima por embalagem, aceitável em uma aeronave cargueira.
Coluna M – Provisões Especiais: Apresenta uma série alfanumérica sempre iniciada pela letra A e
acompanhada de um, dois ou três dígitos indicando que tal substância pode ter algum requerimento especial.
Essa informação pode ser encontrada no manual de regulamentação na subseção 4.4, localizada após a lista
numérica de referência cruzada.
Deve-se observar que as Provisões Especiais A1 e A2 são na verdade aprovações governamentais para cargas
normalmente proibidas. Essas aprovações poderão ou não ser aceitas pelo operador. Arranjos antecipados
devem ser feitos antes de se oferecer qualquer artigo ou substância sob essas Provisões.
Na subseção 4.3 temos a listagem de referência cruzada, onde se pode encontrar a lista ordenada por ordem
numérica crescente. Deve-se tomar cuidado no uso dessa lista, pois alguns números UN se repetem diversas
vezes para entradas diferentes, com nomes próprios diferentes, ou a mesma substância com características
físicas distintas (vide as UN3166, UN3144, UN2037 e UN1950, para melhor compreensão).
As embalagens com especificação "UN" trazem impresso nelas a codificação que indicará o tipo de
embalagem, o material utilizado em sua fabricação e as informações sobre grupo de embalagem, peso bruto
máximo (ou pressão hidrostática) a que a embalagem foi submetida e aprovada, além da densidade máxima
do líquido usado para o teste daquela embalagem. Elas apresentam ainda o ano de fabricação, o país que
certificou a embalagem e o código do fabricante. Vale observar que embalagens de plástico como tambores
ou jerricans devem obrigatoriamente indicar o mês de fabricação. Essas embalagens têm uma vida útil de 5
(cinco) anos21, contados do mês e ano de sua fabricação.
19
ULD – Unit Load Device: equipamento como pallet e contâiner aeronáutico usado para acomodação de cargas e bagagem e carregamento na
aeronave.
20
Freight Containeres: unidade de manuseio usada para facilitar o transporte de materiais radioativos.
21
IATA DGR, 5.0.2.15
34
A sobreembalagem não deve conter artigos ou substâncias que possam reagir perigosamente entre si.
A Tabela 9.3.A da regulamentação deverá ser utilizada para garantir a correta segregação dos volumes que
sejam incompatíveis entre si.
Cálculo do Índice Q:
Onde:
• n1, n2, etc. representam a quantidade líquida por embalagem, de cada um dos diferentes artigos que se
pretenda transportar; e
• M1, M2, etc. equivalem ao peso máximo permitido pela regulamentação (dependendo do tipo de
embalagem e do tipo de aeronave que se pretenda transportar a carga).
O número encontrado será sempre arredondado para a próxima casa decimal, sendo que Q não poderá ser
maior que 1,0. Entretanto, alguns artigos perigosos não são considerados no cálculo:
RBAC 175.49
(a) As empresas produtoras de embalagem para o transporte de artigo perigoso pelo modal aéreo
devem providenciar a aprovação de suas embalagens junto à ANAC ou junto a um órgão reconhecido
pela Agência antes de disponibilizá-las para o comércio.
(1) Embalagem importada aprovada por outra autoridade de aviação civil ou órgão competente
equivalente é considerada embalagem aprovada pela ANAC desde que satisfaça os requisitos
previstos no parágrafo 175.1(b) deste Regulamento.
Da subseção 5.1 até a subseção 5.9, a regulamentação descreve as Instruções de Embalagem, detalhando os
tipos de embalagens permitidas para cada artigo/substância e indica ainda a possibilidade (ou não) de utilizar
embalagens únicas, onde a substância é colocada diretamente na embalagem (sendo importante ressaltar
que a embalagem não deverá ser afetada ou ter sua qualidade diminuída pelo contato direto) ou se o
embarcador deverá utilizar uma embalagem combinada, composta por embalagens internas acondicionadas
em uma embalagem externa (e, nesse caso, qual o limite para cada uma das embalagens internas).
36
As Instruções de Embalagem para embarques em Quantidade Limitada são iniciadas pela letra Y. Essas
embalagens, independentemente de seu conteúdo, não poderão ultrapassar o peso bruto máximo de 30 kg.
Atenção especial deve ser dada aos Requisitos para a utilização de embalagens do tipo “Quantidade Limitada”
(Limited Quantity Requirements) das instruções de embalagem.
Encontramos ainda instruções de embalagens que usam outros tipos de embalagem (embalagens especiais).
Alguns artigos podem também ser transportados sem embalagem (por exemplo, automóveis transportados
sob a UN3166, com a Instrução de Embalagem 950).
• Observe que o primeiro número da Instrução de Embalagem indica o número da classe de risco
primário da substância a ser embalada. Por exemplo: A Instrução de Embalagem nº 366 refere-se
a uma embalagem para transporte de líquidos Inflamáveis (Classe 3).
3. Garanta que a embalagem esteja em conformidade com o indicado na Instrução de Embalagem, em todos
os aspectos.
37
Na seção 6 da regulamentação encontraremos a decodificação das marcas de especificação que são impressas
nas embalagens, como indicativo de que foram fabricadas de acordo com as recomendações das ONU.
É nessa seção que encontraremos as informações sobre embalagens para o transporte de substâncias sólidas
ou para seu uso como embalagem combinada; para embalagens destinadas ao transporte de substâncias
líquidas; embalagens especiais, que permitem embalagens internas de qualquer tipo para serem montadas e
transportadas sem testes adicionais, porém sob condições restritas; embalagens de salvamento, usadas para
“salvar” uma embalagem que tenha sido danificada e que apresente algum defeito ou vazamento; embalagens
para substâncias infecciosas; e embalagens que passaram por um processo de recondicionamento, tanto para
o transporte de sólidos como de líquidos.
• Marca com o símbolo “UN", certificando que a embalagem passou pelos testes previstos para cada tipo de
embalagem.
• Um código alfanumérico que identifica o formato da embalagem e o material utilizado na sua fabricação.
• O Grupo de Embalagem, representado pelas letras X, Y ou Z:
▪ X: indica que a embalagem passou nos testes para o Grupo de Embalagem I, podendo também ser
utilizada para embarques dos dois outros Grupos de Embalagem.
▪ Y: embalagem testada para o Grupo de Embalagem II, podendo também ser utilizada para embarques
do Grupo III de Embalagem.
▪ Z: embalagens com esse código somente podem ser utilizadas para acondicionar substâncias do Grupo
de Embalagem III.
• Embalagens únicas destinadas a transportar líquidos possuem um número, indicando a densidade relativa;
já as embalagens destinadas ao transporte de sólidos ou que possuam embalagens internas, apresentam
um número correspondente ao peso bruto máximo (em kg) para o qual a embalagem foi testada.
• Embalagens únicas destinadas ao transporte de líquidos, a pressão hidráulica (em kPa); embalagens
destinadas ao transporte de sólidos ou que possuam embalagens internas, são marcadas com a letra “S”
• A seguir, aparecem dois dígitos, correspondentes ao ano de fabricação da
embalagem. Tambores ou bombonas de plástico devem obrigatoriamente indicar o
mês de fabricação. Essas embalagens têm uma vida útil de cinco anos22, contados
do mês e ano de sua fabricação.
22
IATA DGR, 5.0.2.15
39
Deve ser informado na embalagem: o número UN, o Nome Próprio para Transporte (acompanhado do nome
técnico da substância, quando requerido pela regulamentação), o nome e endereço completos do embarcador
e do consignatário. Dependendo do tipo de embarque, algumas marcações adicionais também se aplicam:
• Embarques distribuídos em mais de um volume,23 as quantidades líquidas em cada um dos volumes deve
ser indicada, adjacente ao nº UN/Nome Próprio para Transporte (caso o limite das colunas H, J ou L da
subseção 4.2 esteja acompanhado por uma letra “G”, as embalagens devem indicar o peso bruto e
adicionar a letra “G” após o peso bruto);
• Gelo Seco (UN1845): a quantidade líquida em cada embalagem deve ser informada (mesmo que seja
apenas um volume ou vários volumes idênticos);
• Substâncias infecciosas (Divisão 6.2): O nome da pessoa responsável pelo embarque e seu telefone de
contato devem ser informados;
• Produtos Biológicos da Categoria B (UN3373) devem possuir marcação em formato de
diamante com o número UN da substância. Não há necessidade de indicar a
quantidade líquida de produtos biológicos contidos em cada embalagem; no entanto,
sempre que Gelo Seco estiver sendo utilizado para resfriar o conteúdo da embalagem,
a quantidade de Gelo Seco precisa ser informada;
• Gases Refrigerados Liquefeitos embalados de acordo com a Instrução de Embalagem 202: a correta posição
da embalagem deve ser informada, através do uso de setas de indicativas de direção. As palavras “Keep
Upright” (mantenha em pé) colocadas em intervalos de 120° ao redor da embalagem cilíndrica (ou em cada
lado da embalagem, quando a embalagem for uma caixa). O volume deverá ser claramente marcado com
o texto “DO NOT DROP – HANDLE WITH CARE” (Não deixe Cair – Manuseie com Cuidado). As embalagens
devem conter ainda instruções a serem seguidas em caso de emergência, atrasos durante o transporte ou
caso a carga não seja retirada no aeroporto de destino;
23
Essa exigência aplica-se apenas a embarques de mais de uma embalagem.
Caso todas as embalagens sejam idênticas (quando todas as embalagens possuírem o mesmo
Nome Próprio para Transporte, mesmo número UN, mesmo Grupo de Embalagem e a
mesma quantidade de artigos perigosos), esta marca passa a ser opcional.
40
É permitido que as marcas e etiquetas requeridas por outras regulamentações permaneçam nas embalagens
destinadas ao transporte aéreo, desde que tais marcas não possuam cor, design ou formato conflitante com
as marcas aplicáveis ao transporte aéreo, ou que causem confusão em quem manuseie o volume.
Embalagem vazia, previamente utilizada para o transporte de artigos perigosos, caso necessite ser embarcada
por via aérea, deverá estar marcada, rotulada e sinalizada da forma originalmente exigida para o transporte,
a menos que tenham sido tomadas ações para anular os riscos da substância anteriormente contida na
embalagem.
• As etiquetas de risco têm as dimensões de 100 mm x 100 mm, entretanto todas as etiquetas aplicáveis
a embarques contendo Substâncias Infecciosas podem ter suas dimensões reduzidas em até 50% das
dimensões originais, para uso em embalagens de pequenas proporções.
• As etiquetas de manuseio são usadas em volumes contendo artigos perigosos para prover informações
adicionais sobre o volume sendo transportado e para deixar claras as exigências de manuseio dos
volumes.
Esta etiqueta deve ser utilizada em embalagens contendo Líquido Criogênico, em adição à etiqueta de Gás
Não Inflamável da Divisão 2.2.
Esta etiqueta deve ser utilizada em adição à etiqueta de risco aplicável às embalagens e
sobreembalagens contendo substâncias auto-reativas da Divisão 4.1, e Peróxidos Orgânicos da
Divisão 5.2.
Volumes contendo baterias de lítio, que atendam às exigências da Seção IB das Instruções de
Embalagem de nº 965 e 968 e da Seção II das Instruções de Embalagem de nº 965 a 970 devem ser
identificados com essa etiqueta, que deverá possuir dimensões mínimas de 10 cm x 10 cm.
Volumes contendo baterias que atendam às exigências da Seção IB das Instruções de Embalagem de nº
965 e 968 deverão possuir a etiqueta de risco da Classe 9, em adição à etiqueta de Bateria de Lítio.
• Número UN
• Número de telefone para informações adicionais
Etiqueta baterias em cadeiras de rodas e ajuda motriz (IATA DGR, Figura 9.3.C)
Sempre que a embalagem possua dimensões adequadas, as etiquetas devem ser afixadas na mesma face da
embalagem, próximas do Nome Próprio para Embarque, da numeração UN/ID e dos dados do embarcador e
do consignatário.
Caso uma substância exija a utilização de etiquetas de risco primário e secundário, todas as etiquetas de risco
devem ser afixadas em uma mesma face da embalagem, próximas umas das outras. A mesma exigência
aplica-se a embarques do tipo “All Packed in One”.
42
• Embalagens cilíndricas devem possuir diâmetro que permita que as etiquetas sejam afixadas sem que uma
se sobreponha a outra.
• Setas com finalidade outra que não seja a de indicar a correta posição do volume não podem estar
presentes em volumes contendo líquidos perigosos.
Marcas adicionais de Armazenagem e Manuseio (IATA DGR 7.2.9, Apêndice B Tabela B.4.A e B.4.B)
Pictogramas de Perigo
24
International Organization for Standardization
43
Todos os envolvidos na cadeia do transporte aéreo, que de alguma forma e em algum momento, tem
contato com a carga aérea, malas postais, bagagens e material do operador aéreo, devem estar aptos a
identificar, em qualquer um desses itens, um artigo perigoso não declarado.
Documentação
O embarcador tem uma série de responsabilidades no transporte de artigos perigosos. A última etapa do
embarque é a preparação da documentação que irá acompanhar a carga.
O embarcador ou seu representante deverá preencher a Declaração do Embarcador para Artigos Perigosos
(Shipper’s Declaration for Dangerous Goods), pois é nesse formulário que serão incluídos os detalhes do
embarque, do embarcador e do consignatário da carga. A Declaração do Embarcador, juntamente com o
AWB, formam o conjunto mínimo de documentos a ser utilizados no embarque de artigos perigosos.
Dependendo do artigo ou substância a ser embarcado, podem ainda ser necessárias autorizações específicas
ou documentos adicionais como a Folha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ),
documento de padrão ISO que traz uma série de dados de segurança sobre a carga a ser transportada.
A Declaração do Embarcador para Artigos Perigosos é o documento onde são detalhados os dados do
embarque. O formulário é apresentado em dois formatos: um para uso manuscrito ou em máquina de
escrever e outro para o uso em formulário contínuo para impressão em impressora matricial. Esse formulário
deverá ser assinado pelo embarcador ou por alguém que esteja atuando em seu nome (desde que
adequadamente treinado), como forma de confirmar que todas as exigências relevantes ao transporte aéreo
foram cumpridas pelo embarcador: “Eu, aqui identificado, declaro que o conteúdo deste embarque está
acurada e completamente descrito acima por seu nome próprio para embarque, tendo sido classificado,
embalado, marcado e etiquetado e estando, sob todos os aspectos, em condições apropriadas para transporte
conforme as regulamentações governamentais internacionais e nacionais”. Adicionalmente, uma frase
referente ao transporte aéreo foi incorporada à declaração: “Eu declaro que todos os requerimentos que se
aplicam ao transporte aéreo foram cumpridos.”
Linguagem – No transporte doméstico de Artigos Perigosos, a ANAC autoriza que a Declaração do Expedidor
para Artigos Perigosos que acompanha o embarque seja emitida em português, conforme modelos
apresentados nos APÊNDICES da IS Nº 175-011, exceto o nome do produto, que deve ser escrito em inglês.
No transporte internacional de Artigos Perigosos, é obrigatória a utilização do idioma inglês, porém a ANAC
autoriza que o português seja aplicado no verso da Declaração do Expedidor para Artigos Perigosos em
inglês, conforme modelo dos APÊNDICES na IS 175-011.
Consolidação – Para cada HAWB contendo carga perigosa, o embarcador deverá providenciar uma
Declaração de Artigos Perigosos, em separado.
Declarações em múltiplas páginas – Caso o formulário não possua espaço suficiente para listar todas as
informações pertinentes, páginas adicionais deverão ser utilizadas, como extensão da primeira página. Nesses
casos, cada página deverá informar o nº do AWB, o número da página e o total de páginas utilizadas. Atentar
para o fato de que, em embarques de mais de uma página, o tipo de aeronave deve ser o mesmo em todas
as páginas, e para a Nota do Manual IATA DGR em 8.1.2.5: A assinatura não é obrigatória nas páginas
adicionais. Exceção feita a qualquer tipo de rasura ou alteração, que deverão sempre ser endossadas.
45
comprometam a segurança do
N° UN Classe Grupo de Quantidade e tipo Instrução
ou Nome para transporte ou embalagem de embalagem de Autorização
Assinatura do Emissor da
Declaração – A declaração deve ser
assinada de próprio punho pelo
declarante responsável pelo embarque.
Pessoas ou organizações (incluindo
consolidadores e agentes de carga
IATA), contratadas pelo embarcador
poderão assinar a Declaração do
Informações adicionais de manuseio
Embarcador em seu nome, desde que
treinados e cientes de que estarão
Declaro que o conteúdo deste embarque está descrito acima de Nome/Titulo do signatário
assumindo as responsabilidades legais maneira correta e precisa pelo nome próprio para embarque; e que está
Nome
classificado, embalado, marcado e etiquetado - e encontra-se em todos
originalmente imputadas ao os aspectos em condições apropriadas para o transporte aéreo, de acordo
com as regulamentações governamentais internacionais e nacionais
Data
Local e data
Autorizações (IATA DGR 4.4) – Sempre que o embarque estiver sendo feito em obediência a uma das
Provisões Especiais abaixo, o número da Provisão Especial aplicável deverá ser incluída no campo
“Autorização” da Declaração do Embarcador:
A1: Cria condições para que um embarque originalmente proibido em aeronave de passageiros e permitido
em cargueiros seja enviado em aeronave de passageiros, caso o embarcador consiga autorização prévia
das autoridades competentes do país de onde o embarque se originar e do país de bandeira da empresa
aérea.
A2: Indica que, apesar de ser um embarque originalmente proibido tanto em aeronaves de passageiros
quanto em cargueiros, a carga poderá ser transportada em aeronaves exclusivamente cargueiras, caso o
expedidor obtenha prévia autorização das autoridades competentes do país de origem da carga e do país
de bandeira da empresa aérea.
A4: Líquidos com toxicidade por vapor de inalação do Grupo de Embalagem I são proibidos tanto em
aeronaves de passageiros como em cargueiros. Líquidos com toxicidade por partículas em suspensão do
Grupo de Embalagem I são proibidos em aeronaves de passageiros. Eles podem ser carregados em
aeronaves cargueiras desde que estejam embalados de acordo com a Instrução de Embalagem para o
Grupo de Embalagem I, e em quantidades máximas de 5 L por embalagem.
A5: Sólidos com toxicidade por inalação do Grupo de Embalagem I são proibidos em aeronaves de
passageiros. Eles podem ser transportados em aeronaves cargueiras desde que estejam embalados de
acordo com a Instrução de Embalagem para o Grupo de Embalagem I, e em quantidades máximas de 15
kg de produto por embalagem.
46
A81: A limitação das colunas J e L da subseção 4.2 não se aplicam a corpos (inteiros ou em partes) nem a
órgãos (sangue, urina e outros fluidos corporais não são classificados como “partes de corpos”).
A88: Protótipos ou baixa produção de células ou baterias de lítio que não tenham passado por testes podem
ser aceitas em aeronaves cargueiras, mediante prévia concordância (por escrito) da autoridade
aeronáutica do país de origem.
A99: Baterias com massa superior a 35 kg, quando incorporadas a equipamentos, podem ser aceitas caso o
embarcador obtenha autorização da autoridade competente.
Outras Provisões de Autorizações: A190, A191, A201, A202, A211, A212 e A331 (Ver IATA DGR 4.4).
Rasuras, Alterações & Correções – O transportador não deverá aceitar declarações que tenham sido
rasuradas, alteradas ou corrigidas, exceto se cada alteração ou rasura tiver sido endossada pelo embarcador,
com a mesma assinatura utilizada ao assinar o documento. Diferentes fontes ou uma informação inserida
em uma fonte diferente ou com caligrafia diferente – ou uma combinação de ambos – não é considerada,
para efeito dessa legislação, como rasura ou correção.
Existem apenas três correções que poderão ser feitas nesse formulário, sem caracterizar
rasura: Inclusão (ou correção) do número do AWB, do nome do Aeroporto de Origem e do
nome do Aeroporto de Destino (os nomes dos aeroportos podem ser substituídos pelos
nomes das cidades onde os aeroportos se localizam).
Qualquer rasura na Declaração do Embarcador invalida a mesma; para que a correção seja
validada, o embarcador deverá fazer uma assinatura em cada campo rasurado, endossando,
assim, os erros originalmente cometidos.
Uma vez preenchida a Declaração do Embarcador para Artigos Perigosos, o embarcador necessita que um
CONTRATO DE TRANSPORTE seja emitido para dar continuidade ao embarque da carga.
Caso o embarque contenha Gelo Seco para refrigerar carga não-perigosa, no campo do AWB “Nature and
Quantity of Goods” deverá constar seu nome próprio para embarque e seu número ONU, sua classe de risco
e a quantidade líquida de Gelo Seco que está sendo transportada em cada uma das embalagens. Como não
há necessidade de emitir a Declaração
do Embarcador para artigos perigosos,
o campo “Handling Information” não
deverá ser preenchido.
Embarques contendo artigos perigosos em quantidade excetuada permanecerá com o campo “Handling
Information” sem ser preenchido e a
expressão “Dangerous Goods in
Excepted Quantities” deverá ser
incluída no campo “Nature and
Quantity of Goods”, seguida da
quantidade de volumes que contenham Chemical Products
DANGEROUS GOODS IN EXCEPTED
excetuada.
• Sempre que o transporte de artigos perigosos estiver sendo autorizado pelas Provisões Especiais nº A1
ou A2, o embarque deverá ser acompanhado por cópias dos documentos de autorização aprovando o
embarque e informando as limitações de quantidade, as exigências de embalagem e, no caso da
Provisão Especial A2, também pelas exigências de etiquetagem.
• Embalagens alternativas, quando permitidas pelas autoridades nacionais pertinentes, devem ser
transportadas acompanhadas por uma cópia do documento comprobatório da permissão.
• Quando peróxidos orgânicos ou substâncias auto-reativas exigirem prévia autorização para transporte,
uma cópia dessa autorização deverá ser anexada à Declaração do Embarcador.
• Artigos perigosos que tenham recebido isenção governamental devem ser acompanhados de uma
cópia do certificado de isenção governamental. Os documentos deverão cobrir os Estados de Origem,
de Trânsito (se relevante) e de destino da mercadoria.
48
O processo de aceite da carga deverá ser realizado com o uso de uma lista de verificação (check list), que irá
orientar o trabalho de conferência da carga na sua recepção e em cada estação onde a carga for transferida.
Após a verificação das condições de aceite da carga, seguem-se as demais etapas do processo, até que a
carga seja efetivamente embarcada na aeronave, com a ciência da tripulação técnica. Com o intuito de
auxiliar o transportador no aceite de mercadorias perigosas, a lista de verificação inclui todos os aspectos
relevantes, de forma a garantir que:
• A documentação esteja de acordo com as exigências legais;
• A quantidade de artigos perigosos declarada pelo embarcador se encontre dentro dos limites estabelecidos
pela regulamentação, em cada uma das embalagens apresentadas para embarque;
• As marcações de cada embalagem/sobreembalagem estejam de acordo com os detalhes descritos na
Declaração do Embarcador adjunta e sejam claramente visíveis;
• As etiquetas de risco/manuseio estejam visíveis e afixadas da forma apropriada;
• A embalagem externa seja a mesma declarada na documentação e se encontre listada na seção 5 da
regulamentação como uma das embalagens possíveis para o tipo de artigo/substância que se pretenda
transportar;
• Todas as exigências tenham sido previamente cumpridas, de forma a garantir a segurança do voo e a
integridade da carga, da aeronave e dos seres humanos.
Uma lista de verificação deve ser providenciada pelos operadores para todos os embarques contendo artigos
perigosos. Uma via dessa lista de verificação ficará retida para arquivo na estação de origem e a outra via
seguirá até o destino final, juntamente com a documentação da carga. Caso algum erro seja detectado durante
o aceite, o embarque deverá ser recusado e uma cópia do check-list deverá ser entregue ao embarcador ou ao
seu representante, para as devidas correções.
Nas últimas páginas da regulamentação, a IATA publica modelos dos três tipos de listas de verificação: para
artigos perigosos não radioativos, para artigos perigosos radioativos e para Gelo Seco. Esses modelos podem
ser adaptados por cada Operador, da forma que atenda melhor às suas necessidades.
25
Qualquer tipo de contentor, tais como uma paleta ou um contêiner, destinado a facilitar o manuseio de volumes, bem como as operações de
carregamento/descarregamento das aeronaves.
26
Um Freight Container é um equipamento projetado para facilitar o transporte de mercadorias por um ou mais modais, sem necessidade de ser
descarregado e recarregado a cada etapa do transporte (equipamento utilizado para o transporte de substâncias radioativas)
49
O aceite de substâncias infecciosas deverá receber atenção especial e tais substâncias devem
preferencialmente ser embarcadas em voos diretos. Se não for possível utilizar um voo direto, devem ser
tomadas precauções quanto ao manuseio, monitoramento e supervisão da carga em trânsito.
Um animal vivo que tenha sido intencionalmente infectado ou que se suspeita estar infectado não pode ser
transportado por via aérea, a menos que a substância inoculada no animal não possa ser transportada por
outro meio (ou seja, a substância tenha que, obrigatoriamente, ser transportada em um ser vivo). Esses
animais somente poderão ser transportados por via aérea mediante os termos e condições estipuladas pela
autoridade nacional competente.
Durante todo o tempo em que as Substâncias Auto-reativas da Divisão 4.1 e os Peróxidos Orgânicos da
Divisão 5.2 estiverem sob a guarda ou responsabilidade do Operador, essas substâncias devem ser protegidas
de raios diretos do sol, fontes de calor e devem ser colocados em áreas bem ventiladas.
A Declaração do Embarcador deverá conter recomendações quanto a essas condições, e as embalagens
devem possuir uma etiqueta especial de manuseio, com a finalidade de que alertar a todos sobre os cuidados
necessários.
TABELA 9.3.A
Segregação de Embalados
Etiquetas de Risco 1 Exceto 1.4S 2.1 2.2, 2.3 3 4.1 4.2 4.3 5.1 5.2 8 9 Ver 9.3.2.1.3
Quando solicitado, volumes permitidos apenas em aeronaves cargueiras devem ser colocados à disposição da
tripulação, para inspeção.
Adicionalmente, o Operador deve reter (fixar) os volumes contendo artigos perigosos na aeronave, de forma
a evitar qualquer movimentação do volume, durante o voo.
Toda embalagem que aparente estar danificada ou vazando deverá ser removida da aeronave e disposta em
um local seguro, até que seja inspecionada por pessoal qualificado.
Em caso de vazamento em algum volume, o pessoal do Operador deverá se assegurar que o restante do lote
não esteja vazando e que nenhum outro volume (carga, malote postal ou bagagem) tenha sido contaminado.
27
Notification to Captain
52
Isenções
Estão isentas de notificação à tripulação os seguintes itens (DGR,TABELA 9.5.A):
• UN3090, UN3091, UN3480 e UN3481 – Baterias de íon-lítio ou baterias de lítio metálico que atendam aos
requisitos da Seção II das Instruções de Embalagem de nºˢ 965 a 970;
• UN3164 – Artigos pressurizados, hidráulicos ou pneumáticos, contendo gás não inflamável que atendam aos
requisitos da Instrução de Embalagem 208 (a);
• UN3373 – Substância biológica, categoria B;
• UN3245 – Organismos ou microorganismos modificados geneticamente.
O piloto em comando deverá opor sua assinatura em uma das vias do NOTOC, juntamente com seu nome
legível e Código ANAC (CANAC) - quando aplicável, confirmando que recebeu as informações relativas aos
embarques classificados como perigosos ao transporte aéreo. Uma via desse documento deve permanecer
facilmente acessível à tripulação, durante todo o voo. Uma via desse formulário deverá ser arquivada, na
estação de origem do voo.
A compra de bilhete aéreo pela internet não pode ser finalizada até que o passageiro tenha confirmado que
as restrições aplicáveis a tais itens tenham sido lida e compreendida.
Adicionalmente, os operadores aéreos e o administrador do aeroporto devem divulgar aos passageiros quais
artigos perigosos são proibidos a bordo. Essa divulgação deve ser feita por meio de pôsteres dispostos nos
locais onde os bilhetes são emitidos, nos balcões de check-in, nas áreas de embarque ou qualquer outra área
de circulação dos passageiros.
Informativos
As informações sobre o que é facultado ao passageiro portar em suas bagagens ou o que é proibido devem
ser exibidos com destaque e em número suficiente para garantir uma boa visualização de todos os
passageiros.
54
Emergências a bordo da aeronave – Uma série de instruções foi preparada pela ICAO, para auxiliar a
tripulação, caso ocorra alguma emergência durante o voo. Essas instruções podem ser encontradas no Doc.
9481-AN/928 – The Emergency Response Guidance for Aircraft Incidents Involving Dangerous Goods.
O operador deve providenciar à tripulação um documento da ICAO ou com conteúdo equivalente, permitindo
que a tripulação tome atitudes de resposta a situações de emergência envolvendo o transporte de cargas
perigosas.
No caso de uma emergência a tripulação deverá, se possível, identificar o volume de carga perigosa e,
baseado nas informações do NOTOC e da tabela de procedimentos de emergência da ICAO, tomar a decisão
acerca do procedimento emergencial a ser adotado para minimizar ou eliminar o problema. O código de
resposta de emergência é composto de uma chave numérica e uma ou duas letras indicando procedimentos e
riscos para a aeronave e seus ocupantes.
Emergências em terra – Os casos de emergência em terra oferecem uma maior gama de ações a serem
tomadas para garantir a segurança de todos os envolvidos em incidentes ou acidentes com cargas perigosas.
A ABIQUIM28 publica o “Manual para Atendimento a Emergências”, que é adotado pelo Corpo de Bombeiros,
Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e pelo SCI (Serviço de Combate a Incêndios dos aeroportos
brasileiros), como referência para combate a emergências, tais como incêndios ou qualquer outro incidente
ou acidente envolvendo artigos perigosos.
28
Associação Brasileira da Indústria Química - ABIQUIM
56
Capítulo X
Material Radioativo
A Regulamentação se aplica a todo material radioativo a ser transportado por via aérea, englobando toda a
operação: projeto, manufatura, manutenção e reparo de embalagens; preparação, despacho, carregamento,
transporte, armazenagem em trânsito, descarregamento e recebimento pelo destinatário final do material
radioativo. Três níveis gerais de segurança fazem parte da abordagem gradual dos padrões de desempenho
aplicados na Regulamentação:
Programa de Proteção contra a Radiação: O transporte de materiais radioativos deve ser coberto por um
Programa de Proteção de Radiação29, em função da magnitude das doses individuais e do número de pessoas
expostas no processo. Os padrões estabelecidos vigoram por um período de cinco anos. Os eventos de não-
conformidade com a regulamentação e com os limites estabelecidos de exposição devem ser reportados à
autoridade competente.
A Regulamentação traz na Tabela 10.3.A uma relação dos radionuclídeos individuais mais comuns, apontando
a concentração de atividade de cada um deles, além de seu nome, número atômico.
Exceções: Material radioativo significa qualquer material contendo radionuclídeos onde tanto a concentração
de atividade quanto a atividade total excedam os valores especificados pela Regulamentação. Não são
considerados como materiais radioativos da Classe 7, de acordo com a Regulamentação:
29
IAEA – Regulations for the Safe Transport of Radioactive Material, 2005 Edition. No. TS-R-1
30
Resolução 13/88, publicada no D.O.U. em 01 de agosto de 1988 e baseada na IAEA (TS-R-01)
57
• Material radioativo implantando em uma pessoa ou animal para fins de diagnose ou de tratamento
• Material radioativo em produtos de consumo que tenham recebido aprovação regulatória, para venda ao
consumidor final
• Materiais naturais com ocorrência espontânea de radionuclídeos, que estejam em seu estado natural ou
tenham sido processados para outros propósitos que não o de extração dos seus radionuclídeos, desde
que sua atividade não exceda a 10 vezes os valores especificados na Tabela 10.4.2 da regulamentação
• Objetos sólidos não-radioativos com substâncias radioativas presentes em sua superfície, desde que a
radiação não exceda aos limites especificados no verbete “Contaminação”, do Apêndice A
FORMA ESPECIAL: Material radioativo sob forma especial é um sólido radioativo indispersável ou uma
cápsula selada contendo material radioativo que tenha sido construída de forma que só possa ser aberta com
sua destruição. O design do embalado para tal material necessita de uma aprovação unilateral – ou seja, da
autoridade competente do país onde ela for projetada – e sua qualidade deve ser tal que suporte os testes
propostos sem permitir o vazamento de seu conteúdo.
BAIXA ATIVIDADE ESPECÍFICA – LSA: São os materiais que, por sua natureza, apresentam limitada
atividade específica, ou materiais radioativos aos quais se aplicam uma média estimada dos limites de
atividade específica. Os materiais de blindagem não são considerados na determinação da atividade
específica média estimada.
OBJETOS CONTAMINADOS NA SUPERFÍCIE – SCO: Objeto sólido que não sendo intrinsecamente
radioativo tem material radioativo distribuído em suas superfícies. Em outras palavras, foi contaminado por
radiação.
MATERIAL FÍSSIL: São considerados como materiais físseis, o Urânio-233, o Urânio-235, o Plutônio-239, o
Plutônio-241 ou qualquer combinação deles. Excetuam-se dessa definição:
MATERIAL RADIOATIVO DE BAIXA DISPERSÃO: Material radioativo sólido ou sólido em cápsula selada
que apresente dispersão limitada e não esteja na forma de pó.
OUTRAS FORMAS: Material radioativo que não esteja de acordo com a definição de Forma Especial.
LIMITE DE ATIVIDADE - O limite de atividade para volumes contendo material radioativo é determinado
pelos valores apresentados na Tabela 10.3.A. O valor para materiais radioativos em forma especial é
determinado por A1 e para outras formas por A2, ambos apresentados em TBq (tera-Bequereis).
Embalado para material Radioativo: Embalagem, no caso de material radioativo, é o conjunto de
componentes necessários para encerrar completamente o conteúdo radioativo. A embalagem pode consistir
em um ou mais recipientes, materiais absorventes, espaçadores, blindagem de radiação e equipamento de
serviço de enchimento, esvaziamento, ventilação e alívio de pressão; dispositivos de resfriamento, de
absorção de choques mecânicos, de manuseio e fixação, de isolamento térmico e os dispositivos de serviço,
integrantes da embalagem.
58
Outro fator relevante é a quantidade. Por exemplo, se a atividade do material radioativo é muito grande, o
calor gerado pode ser significante – o que demandaria a inclusão de dissipadores de calor. Como a atividade
varia em função do radionuclídeo transportado, o tipo de material deve ser considerado no projeto da
embalagem.
Os termos A1 e A2 usado nos requerimentos de embalagem denotam a atividade máxima limítrofe para
“Forma Especial” e “Outras Formas” de cada volume permitido em uma embalagem do Tipo A. Eles servem
como limites básicos para outros propósitos.
EMBALAGENS PARA VOLUMES ISENTOS - Volumes isentos são sujeitos à regulamentação no que se
refere a:
• Marcação do volume
• Preenchimento do AWB
• Requerimentos de inspeção e descontaminação
• Reporte de acidentes, incidentes ou outras ocorrências com cargas perigosas
• Requerimentos gerais de embalagem
• Qualquer outra provisão apresentada na seção 10 da regulamentação
EMBALAGENS PARA VOLUMES INDUSTRIAIS - Usados para materiais de Baixa Atividade Específica e
Objetos Contaminados na Superfície.
EMBALAGENS PARA VOLUMES DO TIPO A - Volumes do tipo A não devem conter atividades maiores do
que:
a) A1 para material radioativo em Forma Especial; ou
b) A2 para material radioativo em outras formas.
EMBALAGENS PARA VOLUMES DO TIPO B(U) E TIPO B(M) - Seu projeto é específico para uma
atividade determinada, para um radionuclídeo e para forma física ou química específica e estas informações
devem obrigatoriamente constar do certificado de aprovação do projeto e seu conteúdo deve estar em
conformidade com o projeto.
APROVAÇÃO UNILATERAL: O projeto do volume Tipo B(U) requer aprovação unilateral, ou seja somente da
autoridade competente do Estado de origem – exceto quando o projeto for para material físsil, ou para
material radioativo de baixa dispersão.
APROVAÇÃO MULTILATERAL: O projeto do volume Tipo B(M) requer aprovação multilateral – ou seja, das
autoridades competentes do Estado de origem e de cada Estado através ou para o qual o volume seja
transportado, desconsiderando os Estados que forem sobrevoados.
EMBALAGENS PARA VOLUMES DO TIPO C - Seu projeto é específico para uma atividade determinada,
para um radionuclídeo e para forma física ou química específica e estas informações devem obrigatoriamente
constar do certificado de aprovação do projeto e seu conteúdo deve estar em conformidade com o projeto. O
projeto do volume Tipo C requer aprovação unilateral, (do Estado de origem), exceto quando o projeto for
para material físsil ou para material radioativo de baixa dispersão.
EMBALAGENS PARA VOLUMES CONTENDO MATERIAL FÍSSIL - Qualquer volume contendo material
radioativo físsil, exceto aqueles considerados como ISENTOS, conforme 10.3.7.2, não deverá conter:
• Uma massa de material físsil diferente daquela autorizada para o projeto do volume
• Qualquer radionuclídeo ou material físsil diferente daquele autorizado para o projeto do volume
• Conteúdo em forma ou estado físico ou químico ou ainda com uma distribuição espacial diferente daquela
autorizada para o projeto do volume.
TABELA 10.9.C
PARA AERONAVES
DE PASSAGEIROS E
CARGUEIRAS.
TABELA 10.9.D
PARA AERONAVES
CARGUEIRAS
SOMENTE →
60
A radiação é medida em Sieverts por hora (Sv/h). Para o transporte de materiais radioativos a unidade usada
é o mili-Sievert por hora (mSv/h).
A tabela 10.5.C apresenta os limites de radiação na superfície e o índice de transporte, para que se possa
determinar a categoria e etiquetas aplicáveis.
61
“A aplicação bem sucedida das regulamentações relativas ao transporte aéreo de artigos perigosos e a
realização dos seus objetivos dependem da conscientização de todos os indivíduos, em relação aos riscos
envolvidos nesse transporte. Isso só pode ser alcançado se forem mantidos os cursos iniciais e periódicos
para todos os envolvidos”.
O transporte aéreo de artigos perigosos é regulamentado por diversas legislações (brasileiras e internacionais),
a saber:
• Anexo 18 da Convenção de Chicago (1944) para a Aviação Civil da ICAO: Transporte Seguro de
Artigos Perigosos por Via Aérea
Determina que Cada Estado contratante aplique os procedimentos previstos neste documento em todos o seus
voos internacionais e recomenda a aplicação de tais medidas também nos voos domésticos dos Estados
contratantes.
• DOC 9284-AN/905 da ICAO: Instruções Técnicas para o Transporte Seguro de Artigos Perigosos pelo
Modal Aéreo
Após ter desenvolvido as informações técnicas constantes do ANEXO 18 a OACI preparou, através de
especialistas no transporte de artigos perigosos, o DOC 9284 AN/905, para dar suporte ao Anexo 18.
Esse documento explica passo a passo como cada Estado contratante poderá permitir o transporte de artigos
perigosos por via aérea com segurança e atendendo aos requisitos internacionais, ressaltando que cada
Estado poderá criar normas internas para atender suas necessidades, quando artigos perigosos estiverem
sendo transportados dentro de seu território.
Atenção: Embora o Manual IATA-DGR seja amplamente utilizado pelas empresas aéreas e demais envolvidos
com a cadeia do transporte aéreo de carga e passageiros, o Anexo 18 e as Instruções Técnicas publicadas
pela ICAO juntamente com as normativas da ANAC, são as principais fontes legais sobre esse tema utilizados
no Brasil.
62
• IS 175-000 da ANAC
• IS 175-001 da ANAC
• IS 175-002 da ANAC
• IS nº 175-003 da ANAC
Instruções para o preenchimento completo e adequado do Conhecimento de Transporte eletrônico – CT-e – e
do Manifesto de Documentos Fiscais eletrônico – MDF-e.
• IS nº 175-004 da ANAC
Orientações quanto aos procedimentos para a expedição e transporte de substâncias biológicas e infectantes
em aeronaves civis.
• IS nº 175-005 da ANAC
Orientações para os procedimentos quanto à notificação de ocorrências – discrepâncias, incidentes e acidentes
– com artigos perigosos.
• IS nº 175-006 da ANAC
Manual de Artigos Perigosos – MAP.
• IS nº 175-007 da ANAC
Programa de treinamento de artigos perigosos.
• IS nº 175-008 da ANAC
Orientações para solicitação e obtenção de aprovação (approval) e isenção (exemption) para transporte de
artigos perigosos por via aérea.
• IS nº 175-009 da ANAC
Instrução para preenchimento e envio do Relatório de Transporte de Artigos Perigosos à ANAC.
• IS nº 175-010 da ANAC
Guia de resposta a emergências para incidentes aeronáuticos envolvendo artigos perigosos.
• IS nº 175-011 da ANAC
Declaração do Embarcador (Shipper´s Declaration) para o Transporte de Artigos Perigosos
• IS nº 175-012 da ANAC
Aprovação de projeto de embalagem para transporte aéreo de artigos perigosos e aprovação de produção.
63
• IS nº 175-013 da ANAC
Processo de credenciamento de instrutores de artigos perigosos
Regulamentação Internacional
ANAC: https://antigo.anac.gov.br/assuntos/legislacao
RBAC 175
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-rbac/rbac/rbac-175/@@display-
file/arquivo_norma/RBAC175.pdf
IS 175-000 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-000/@@display-
file/arquivo_norma/175-000B.pdf
IS 175-001 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-001/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-001H.pdf
IS175-002 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-002/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-002G.pdf
64
IS 175-003
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-003/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-003D.pdf
IS 175-004 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-004/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-004D.pdf
IS 175-005 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-005/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-005D.pdf
IS 175-006 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-006/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-006D.pdf
IS 175-007 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-007/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-007D.pdf
IS 175-008 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-008/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-008C.pdf
IS 175-009 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-009/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-009B.pdf
IS 175-010 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-010/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-010C.pdf
IS 175-011 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-011/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-011B.pdf
IS 175-012 ANAC
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-012/@@display-
file/arquivo_norma/IS%20175-012A.pdf
IS 175-013
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-175-013/@@display-
file/arquivo_norma/IS175-013A.pdf