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Unidade 1 – Adequações para Análise, Análise Vertical e Horizontal

e Gestão de Recursos

PRESUPOSTO BÁSICO E AJUSTES PARA ANÁLISE

O analista deve partir de um pressuposto básico: as demonstrações são de qualidade,


refletem a real situação patrimonial da empresa e foi auditada com parecer sem
ressalva dos auditores independentes.

O parecer dos auditores independentes demonstra a opinião sobre as demonstrações


da empresa auditada, podendo ser complementado por um relatório mais detalhado,
explicitando as informações contidas no parecer.

LINK:
Vamos ver um relatório de auditoria sobre as demonstrações da Fundação
Assistencial e Previdenciária da Ematerce – FAPECE disponível em .

A partir deste pressuposto o analista deverá estudar a empresa para encontrar detalhes
que auxiliarão nos ajustes para análise.

REFLEXÃO
Você deve estar se questionando: se as demonstrações são confiáveis, pois
foram elaboradas de acordo com os princípios e normas contábeis e foram
auditadas, porque preciso de informações adicionais sobre a empresa e devo
ajustar as demonstrações contábeis para fins de obter uma análise
confiável?

APROFUNDANDO
Antes que eu comente sobre essa sua possível pergunta, quero que você veja ou
reveja os princípios contábeis, para isso acesse a Resolução CFC nº 1.282/2010 em:
. que atualiza e consolida os princípios contábeis.

Para buscarmos uma resposta à pergunta de reflexão, vamos ver graficamente por
meio de o desenho a seguir, quais são os pressupostos básicos para uma análise
confiável, onde será possível perceber a necessidade de ajustes e informações
complementares.
Bom, agora que você reviu os princípios contábeis, deve ter percebido que as
demonstrações contábeis elaboradas com base nestes princípios estão perfeitamente
corretas para efeitos fiscais ou societários, mas merecem atenção especial pelo menos
em três pontos: o princípio do registro pelo valor original, o princípio da competência e
o princípio da prudência. Com base no conhecimento da empresa é possível avaliar se
há necessidade de ajustar as demonstrações para fins de análise ou não.

APROFUNDANDO:
Para aprofundar os conhecimento faça um estudo do TCC disponível em:
.

Exemplificando

Vamos considerar que os dados a seguir foram extraídos das demonstrações publicadas
por uma determinada companhia, elaboradas de acordo com os princípios e normas
contábeis e auditado, portanto correto.
Com base nas informações adicionais da empresa podemos chegar a seguinte
conclusão: as despesas antecipadas não tem nenhum valor de negociação, os créditos
com pessoas ligadas correm o risco de não serem recebidos. Como não foi possível
saber qual é a formação dos “outros” do Ativo Circulante, vamos excluir também.

Nas contas de resultado, vamos somente fazer o ajuste das contas de receitas e
despesas financeiras para Resultado Não Operacional, por considerarmos que as
despesas e receitas financeiras ocorrem por falta ou sobra de recursos financeiros,
portanto isto não é operacional, pois não decorrem da atividade empresarial.

REFLEXÃO
Considerando a necessidade de adequação das demonstrações, qual deverá ser a
formação acadêmica do analista?

Caso o analista considere que somente estas contas precisam ser ajustadas, teríamos
o seguinte “novo ativo”:
Neste exemplo, o analista não viu nenhuma necessidade de ajustar contas do passivo.
Então o “novo” lado direito do balanço (Passivo e Patrimônio Líquido) terá os seguintes
valores:

Se você comparar com os valores originais irá constatar que, despesas antecipadas,
“outros” do ativo circulante e créditos com pessoas ligadas, por serem desconsiderados
como ativos, para fins de análise deveriam estar no resultado como despesas, por isso
eliminamos estas contas do ativo com reflexo direto no Patrimônio Líquido, assim
teremos o Balanço Patrimonial ajustado para análise.

É bom lembrar que não existem regras rigorosas para o ajuste das demonstrações,
pois isso depende da observação e critérios do analista, dependendo do objetivo da
análise.

Também, em decorrência do ajuste das receitas e despesas financeiras, teríamos a


seguinte “nova” Demonstração do Resultado do Exercício:

Aprofunde o conhecimento estudando pelo artigo disponível no link:


<http://www.unifin.com.br/Content/arquivos/20080416134816.pdf>

VÍDEO AULA 1

TÉCNICAS DE ANÁLISE

O analista desenvolve técnicas para análise desde as mais subjetivas até as puramente
objetivas com base em cálculos. A busca pela melhor análise envolve alguns
procedimentos e técnicas:

 Conhecimento do planejamento da empresa, de curto e longo prazo;


 Confiabilidade nas demonstrações a analisar, o parecer da auditoria é de
fundamental importância;
 A reclassificação de valores para que a análise seja eficaz;
 Análise Vertical e Horizontal para fins de proporção dos recursos no
exercício (análise vertical) e a evolução de um para outro exercício (análise
horizontal);
 Situação financeira (análise econômico-financeira);
 Gestão dos recursos;
 Retornos; e
 Indicadores combinados.

“Apesar de tratarem matematicamente os dados contábeis, as técnicas de análise nem


sempre fornecem respostas completas ou inquestionáveis” (BRAGA, 1995, p. 139).
Deve-se, portanto, para uma boa análise conhecer um pouco mais a empresa nos
aspectos subjetivos e qualitativos.

VEJA O ARTIGO CONTABILIDADE:


Aspectos relevantes da epopeia de sua evolução disponível em
<http://pt.scribd.com/doc/50805834/Artigo-para-Resenhaaa-1>

UNIVERSO DA ANÁLISE

Muito embora seja considerada por muitos profissionais como análise de balanços, as
análises não consideram apenas os balanços, pois todas as demonstrações contábeis
são importantes para uma boa análise, inclusive complementadas pelas notas
explicativas e relatório da administração, pois dão mais qualidade e detalhamento das
demonstrações. Além desses “documentos” publicados a melhor análise é resultado
também de entrevistas para conhecimento da empresa, podendo assim, o analista,
analisar além dos números.

O universo da análise mais especificamente são as demonstrações contábeis:

 BP - Balanço patrimonial;
 DRE - Demonstração do resultado do exercício;
 DMPL - Demonstração das mutações do patrimônio líquido;
 DFC - Demonstração dos fluxos de caixa; e
 DVA - Demonstração do valor adicionado.

Dentre essas, maior ênfase é dada para o Balanço Patrimonial e a Demonstração do


Resultado do Exercício, haja vista que nestas demonstrações está a situação financeira
e econômica da empresa.

ANÁLISE VERTICAL

A análise vertical ou vertical analysis ou commo-size analysis tem como objetivo


mostrar a participação de cada item da demonstração em relação a um determinado
referencial. Podemos então denominá-la também de ANÁLISE DE COMPOSIÇÃO, pois
representa percentualmente a composição dos recursos.

Muitas vezes a análise vertical esclarece, mas na maioria das vezes aguça ainda mais
a necessidade de se aprofundar a análise.
Acessando <https://www.youtube.com/watch?v=vpqYJxxFIbM> vamos
ver o conteúdo de análise vertical

No Quadro acima, percebe-se percentualmente que a participação dos investimentos


no referencial total do ativo está em ascendência ano após ano, chegando em 2011 a
65%, isto demonstra que a maioria dos recursos da empresa estão aplicados em
participações no capital de outras empresas, portanto o resultado líquido demonstrado
na DRE não reflete somente as operações da empresa, mas por equivalência
patrimonial o resultado obtido por outras empresas. Se olharmos somente os valores
vemos que em 2011 o valor dos investimentos diminuiu, mas isto ocorreu porque valor
o total dos ativos também diminui.

Nas contas do passivo e patrimônio líquido acima, fica evidente que os empréstimos a
longo prazo em 31/12/2011 é menor do que os empréstimos a curto prazo, é um ponto
a ser considerado em outros pontos da análise, pois o perfil da dívida está mudando.
Poderíamos calcular a análise vertical em duas etapas, considerando o total do passivo
como referencial para as contas do passivo circulante e não circulante e o valor do
patrimônio líquido como referencial para as contas do patrimônio líquido.

Aprenda mais lendo o item 4.5 do material disponível em .

Nas contas de resultado tomamos como valor referencial a Receita Operacional Líquida,
por isso nesta conta o percentual na análise será sempre 100%. Lembrar também que
o reflexo dos ajustes das receitas e despesas financeiras já começa a aparecer.

ANÁLISE HORIZONTAL

A análise horizontal ou horizontal analysis ou percent change analysis tem como


objetivo mostrar a evolução histórica de cada uma das contas entre os exercícios.
Podemos denominá-la de ANÁLISE DA EVOLUÇÃO TEMPORAL, pois demonstra a
evolução dos recursos através do tempo.

Quando temos vários exercícios podemos comparar todos tomando como referencial o
primeiro deles, ou podemos tomar como referencial sempre o exercício anterior. A
forma mais comum é considerar sempre o exercício anterior como referência, desta
forma teremos sempre o percentual de variação de uma para o outro exercício social.

Aprenda mais lendo o item 4.4 do material disponível em .


Na análise Horizontal do Ativo, chama atenção o fato do ativo circulante diminuir 25%
de 2009 para 2010 enquanto o Ativo total aumentou 7%.

No Passivo, o que chama atenção é o aumento das provisões do Não circulante, pois
houve um aumento de 250% de 2009 para 2010 e de 507% de 2010 para 2011.
enquanto o total do Passivo + Patrimônio Líquido teve aumento de 7% e depois
diminuição de 12%.
Na DRE percebe-se que as principais contas tiveram variação negativa de 2009 para
2010 se recuperando um pouco para 2011.

Aprenda mais sobre Análise Vertical estudando o item 3 em: .

ÍNDICE PADRÃO

Segundo Silva (2008, p. 312) “um índice-padrão é um referencial de comparação” por


este motivo os analistas buscam a comparação da empresa com o índice-padrão para
verificar se a empresa está melhor ou pior que as outras utilizadas para cálculo do
padrão.

Os usuários internos normalmente tem um padrão diferente, baseado em metas a


serem cumpridas que acaba sendo um padrão de comparação com os indicadores
realizados, compara-se então o planejado com o realizado.

Silva (2008) diz que o referencial padrão deverá ser constituído a partir da análise de
um conjunto de empresas que representem características de comparação para a
empresa em análise. Considera também que para se eleger as empresas deve-se levar
em conta a região geográfica, o segmento de atuação e o porte, para não comparar os
índices do “supermercado da cidade” que possui uma pequena loja com os do
“hypermercado global” com muitos estabelecimentos em diversos países do mundo.

Para o cálculo do índice-padrão de um segmento deve se utilizar métodos estatísticos.


A estratificação do segmento empresarial, o mercado de atuação e o porte da empresa
devem ser considerados para escolher as empresas que serão utilizadas na amostra ou
até do universo todo. Silva (2008) sugere a utilização de medianas padrão e decis para
estabelecer uma tabela de notas para enquadramento da empresa analisada, assim
numa escala numérica pode se pontuar a empresa perante o padrão estabelecido.

Para exemplificar consideremos que calculamos um determinado índice de 8 empresas


e obtemos os seguintes valores:

Qual seria o padrão?

Se considerarmos uma média simples, teremos 1,21, para isto basta somar todos os
índices e dividirmos por 8.

Primeiro colocamos em ordem crescente numérica e a empresa ou as duas empresas


que ficarem no centro, é o padrão tendo como base a mediana, portanto o padrão neste
caso está entre 1,15 e 1,20.

Aprenda mais lendo o item 2.4 do artigo disponível em


.

GESTÃO DOS RECURSOS

Este é o grupo de indicadores onde os maiores interessados são os gestores do negócio,


portanto usuário interno da contabilidade.

 Giro dos recursos

Vamos estudar o giro dos recursos por meio dos prazos médios. O grau de utilização
dos ativos na geração das receitas refletem na rotação ou giros dos recursos, quanto
mais eficiente o uso dos ativos maior benefício trará a liquidez e a rentabilidade da
empresa. O critério de avaliação é “quanto menor, melhor”.

 Prazos médios

Este grupo está intimamente ligado ao giro dos recursos com a diferença de que
naquele se calcula quantas vezes girou o recurso em um determinado período e neste
quantos dias, em média, o recurso foi renovado. É com base nos prazos médios, que
calculamos o Ciclo Operacional e Financeiro da empresa.

o Prazo médio de renovação dos estoques - PMRE


Período médio que decorre da compra até a venda de um determinado estoque. O
critério de análise é “quanto menor, melhor”, pois o objetivo é negociar rapidamente
os estoques evitando obsoletismo.

O Prazo Médio de Renovação dos Estoques – PMRE indica a média do número de dias
para venda dos estoques. É calculada pela divisão do valor dos estoques (média do
período) pelo custo das vendas do período.

o Prazo médio de cobrança - PMC

É o prazo efetivo e não o prazo para pagamento concedido por ocasião da venda, se
houver atrasos ou antecipação do recebimento, o prazo médio será diferente da política
de prazos da empresa. O critério de análise é “quanto menor, melhor”, pois quanto
antes receber as vendas mais capital de giro a empresa terá.

O Prazo Médio de Cobrança – PMC é usado para avaliar as políticas de crédito e


cobrança da empresa. É obtido dividindo-se o valor das contas a receber (média do
período) pelas vendas brutas do período menos as devoluções e abatimentos.

o Prazo médio de pagamento a fornecedores - PMPF

Período entre a compra e a liquidação das duplicatas dos fornecedores. O critério de


análise é “quanto maior, melhor”, pois tem papel importante no ciclo financeiro da
empresa. O Período Médio de Pagamento – PMPF é usado para avaliar as políticas de
prazo dos fornecedores.

Estude mais sobre Prazos médios acessando o link:


.

 Ciclo operacional e financeiro

o Ciclo operacional - CO

É o tempo decorrido entre o momento em que a empresa aplica material e trabalho no


processo de produção até o instante em que o dinheiro da venda do produto acabado
é arrecadado.

É o período desde a compra até o recebimento das vendas. Considera-se então o prazo
médio de estocagem somado ao prazo médio de cobranças das duplicatas de vendas a
prazo.
Fonte: do autor

Aprenda mais lendo o texto A importância de se adequar o ciclo


operacional ao ciclo financeiro disponível em
<http://www.apiegel.com.br
/Ciclo%20Operacional%20x%20Ciclo%20Financeiro.htm>

o Ciclo financeiro - CF

É o período que compreende o prazo entre o pagamento das compras aos fornecedores
e o recebimento das vendas dos clientes. Quanto mais prazo a empresa obtiver dos
fornecedores e quanto menos prazos conceder aos clientes, menor será o Ciclo
financeiro, podendo inclusive ser negativo, caso o prazo de estocagem e cobrança,
somados, seja menor do que o prazo de pagamento ao fornecedor.

O Ciclo financeiro pode ser positivo ou negativo. O Ciclo financeiro negativo é observado
quando o volume e o prazo das fontes espontâneas de recursos excedem a duração do
ciclo operacional. Quando o Ciclo financeiro é positivo, a empresa deve buscar
estratégias que o minimizem, sem perder receita ou prejudicar seu crédito no mercado.

Aprofunde seu conhecimento sobre Ciclo Operacional e Financeiro


acessando
<http://201.2.114.147/bds/bds.nsf
/A7A999A09E5D6E9703256F980050F858/$File/NT000A3636.pdf>
VÍDEO AULA 2

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RESUMO
A análise das demonstrações contábeis é imprescindível para a avaliação
de uma empresa. Muitos são os enfoques e objetivos dados pelos
analistas, enquanto um dará mais evidência a um tipo de análise, para
outro pode não ser tão importante.

Para medir a eficiência e a eficácia da gestão os indicadores mais


adequados são os da gestão de recursos vistos nesta web aula, porém
também interessa ao administrador da empresa a solvabilidade e a
estrutura patrimonial, bem como os indicadores combinados, que serão
vistos na web aula 2.

O que mais importa é ir além dos números, conhecendo detalhes para


que a análise seja mais profunda, e a interpretação dos índices deve ser
feita de forma abrangente, pois um indicador sozinho diz pouca coisa
sobre a empresa.

Desde a interpretação das demonstrações, passando pela reclassificação


de algumas contas, pela análise vertical e horizontal, o analista deve levar
em conta os detalhes subjetivos da empresa, para que a análise não seja
somente técnica.

É fácil concluir que uma empresa está ruim se os índices forem abaixo do
padrão, mas é difícil concluir que uma empresa está boa, apenas pelo fato
dos índices estarem acima do padrão. Além disso, encontraremos alguns
índices abaixo do padrão e outros acima, por isso é necessário uma
análise além dos números.

LINK:
Leia o artigo A Análise das Demonstrações Contábeis e sua Importância
para Evidenciar a Situação Econômica e Financeira das Organizações
disponível em
<http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes
/pdfs/ricardo_alessandro.pdf>

DISCUSSÃO NO FÓRUM
Agora que você estudou os conteúdos desta web aula, vamos ao fórum
para discutirmos a seguinte questão: é importante termos indicador
padrão como parâmetro, qual é o melhor padrão, o estabelecido por
entidades do setor ou o padrão calculado pelo próprio analista
considerando um conjunto de empresas?

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