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2019
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UNIVERSIDADES
PARA O MUNDO
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
REALIZAÇÃO
DIRETOR PRESIDENTE
Martin Dowle
DIRETORA DE EDUCAÇÃO
Diana Daste
GERENTE DE PROJETOS
DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
Simone Ricci
REPORTAGEM I EDIÇÃO
Maggi Krause
Rosi Rico
CHECAGEM DE DADOS
Wellington Soares
REVISÃO
José Américo Justo
ILUSTRAÇÕES
Bruno Algarve
CAPA
Cacau Tyla com fotos Shutterstock
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PARA O MUNDO
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
SUMÁRIO
HORA DE ALINHAR ESTRATÉGIAS............................... 12
Com Capes-PrInt, universidades ganham recursos
para colocar em prática planos de internacionalização.
O AVANÇO DO INGLÊS................................................................................... 20
Programas como Idiomas sem Fronteiras e iniciativas de EMI
são ferramentas para melhorar proficiência de alunos e professores.
PARCERIAS DE SUCESSO....................................................................... 32
Colaboração leva a pesquisas internacionais e artigos
em coautoria com mais chances de impacto global.
SABERES EM REDE................................................................................................... 42
O intercâmbio e a troca de conhecimentos entre pesquisadores
no exterior contribuem para o avanço da Ciência brasileira.
MEDIDAS DE QUALIDADE..................................................................... 50
Avaliar o desempenho das universidades é essencial para
saber se elas estão cumprindo bem seus objetivos.
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ARTIGO............................................................................................................................................................
Educação Transnacional: a oportunidade de ter um diploma
internacional sem sair do país.
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PARA O MUNDO
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
NO RUMO DA
INTERNACIONALIZAÇÃO
É com imenso prazer que apresento a segunda edição da publica-
ção Universidades para o Mundo, que enfoca uma diversidade de te-
mas com os quais o setor de educação superior tem se confrontado
enquanto avança no processo de internacionalização no Brasil.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
Pedro Silveira
de aprimorar o nível de inglês funcional entre seus professores e
pesquisadores. Também apoiamos várias instituições britânicas e
brasileiras para trabalharem em conjunto suas estratégias interna-
cionais. Além disso, em parceria com a Faubai e especialistas da Martin Dowle
• Diretor Presidente do
área de línguas, lançamos o segundo Guide to English as a Medium British Council no Brasil
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO
Diálogos e projetos no
caminho das parcerias
O programa Universidades para o Mundo
apoia ações que favorecem a cooperação
entre instituições brasileiras e britânicas
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO
Marcelo Almeida
Diana Daste
Diretora de Educação
Entendendo o cenário
para criar estratégias
Estimular e documentar discussões
estratégicas faz parte da agenda do British
Council para fomentar a internacionalização
e a qualidade na educação superior
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
HORA DE ALINHAR
ESTRATÉGIAS
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Bellerby & Co Globemakers, London
Photography by Ana Santi
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO
ESTRATÉGIAS
A força do
planejamento
Universidades traçam caminhos para
ampliar processo de internacionalização
“O conhecimento não tem fronteira e a uni- a universidade atrativa para outros parceiros,
versidade não sobrevive isolada. Ela consegue criando um ciclo realmente produtivo. “Embo-
trabalhar localmente, mas não em ciência de ra o Brasil esteja entre os 13 principais países
ponta. Para isso é necessário se articular com do mundo em produção de artigos, o número
outros grupos e países”, afirma Waldenor Bar- de citações não está no mesmo nível. Portanto,
ros Moraes Filho, Diretor de Relações Interna- precisamos agora passar para a qualidade, e
cionais da Universidade Federal de Uberlândia esse é um grande desafio”, diz Marcio de Cas-
(UFU). A parceria entre instituições de ensino tro Silva, Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação
é um dos principais resultados da internacio- da Universidade de São Paulo (USP).
nalização (leia mais na página 32), pois permite Construir acordos de cooperação rele-
trocar conhecimento, enriquecer os projetos vantes demanda preparação e empenho.
desenvolvidos e ampliar a divulgação deles, No Brasil, a estratégia de internacionalização
com publicação de artigos e citações. Mas da maioria das universidades começou com
não bastam números. A pesquisa precisa ter a mobilidade de estudantes, professores e
alto impacto para gerar visibilidade e tornar pesquisadores, tanto externa quanto interna.
1o EUA 2.521.998
2o CHINA 1.402.689
4o ALEMANHA 653.718
5o JAPÃO 483.505
Fonte: relatório
Research in Brazil
o
13 BRASIL 250.680 2018, Clarivate
Analytics para Capes
14
No entanto, muitas dessas iniciativas são in-
dividuais e não resultam em benefícios dura-
douros dentro das instituições. No questioná-
rio da Capes, 64% das Instituições de Ensino
Superior (IES) responderam não ter um plano
estratégico nem mesmo sobre mobilidade.
Há, portanto, muito a ser feito.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
ESTRATÉGIAS
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
enviar estudantes e professores para o exterior realizou seminários de EMI (Inglês como Meio CAPES-PRINT
e não de recebê-los. de Instrução) para encorajar os docentes a
A UFU está trabalhando na ambiência, com Propostas
ministrarem aulas em inglês.
recebidas: 109
propostas para colocar placas em três línguas Ao mexer com a universidade como um
na sinalização do campus e criar grupos para todo, o Capes-PrInt tem se mostrado atrativo. Propostas
recepção e acolhimento de estrangeiros. Outro “Atores do setor acadêmico do Reino Unido aprovadas: 25
aspecto é a questão da língua estrangeira, que apreciaram as possibilidades que o programa
Pedidos de
inclui capacitação de técnicos e professores e abre. Ele permite fortalecer parcerias já existen- reconsideração: 39
a oferta de cursos em outros idiomas. O progra- tes entre universidades brasileiras e britânicas
ma de Imunologia, por exemplo, teve o currícu- e facilita novas colaborações”, diz Carlota de Aprovações
com ajustes: 11
lo espelhado em inglês, para permitir a alter- Azevedo Bezerra Vitor Ramos, Chefe dos Seto-
nância da oferta em dois idiomas. O próximo res de Cooperação Educacional e Cooperação Total
será o de Odontologia. Também está nos pla- Científica da Embaixada brasileira em Londres. de aprovadas: 36
nos mexer no processo seletivo, ajustando ca- “A Embaixada tem se empenhado em atender
Investimento:
lendário e idioma para atrair alunos estrangei- a consultas, realizar o acompanhamento de par- R$ 300 milhões
ros. “Estudantes de fora trazem conhecimento cerias prospectivas e ajudar no ‘match-making’ anuais
e desafios novos”, ressalta Moraes Filho. entre Instituições de Ensino Superior”, completa. Fonte: Capes
Na UPM, a fase também é de ampliar a Antes do próximo edital do Capes-PrInt, a
internacionalização em casa. Entre outras Capes pretende lançar um programa sobre pla-
ações, a universidade adaptou seu site para o nejamento estratégico, uma espécie de consul-
público internacional, criou um grupo de em- toria para as instituições que não se inscreve-
baixadores para recepcionar estrangeiros e ram ou não foram aprovadas no primeiro. n
Campus da
Universidade
Federal de
Uberlândia,
Marco Cavalcanti / UFU
que teve
projeto
aprovado no
Capes-PrInt.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
ESTRATÉGIAS
ESTÍMULO
PARA
autoavaliação
Connie McManus
Pimentel, Diretora
de Relações Internacionais
da Capes, fala sobre
o Programa Institucional
de Internacionalização
(Capes-PrInt) da agência
Divulgação
federal de fomento
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
Nada é comparável
viam sido estimulados a interagir. Quando vo- pria universidade e também as da Capes. A e queríamos
cê faz esse movimento, também fica mais questão do impacto, por exemplo, será cobra-
claro seu foco externo, pois começa a pergun- da nos resultados. Vai ser um monitoramento
exatamente isto:
tar: A qual problema eu quero responder? de perto porque queremos realmente ver as que cada uma
Quais são as armas que tenho para resolvê-lo? mudanças dentro das universidades. Também das universidades
Isso ajuda a construir uma visão mais comple- estamos propondo que elas aprendam umas
ta da universidade, não apenas de um pesqui- com as outras. Para isso, temos workshops re-
traçasse seu
sador ou de um grupo de trabalho. gionais para estimular a troca de experiências. caminho, pois
não há um
Qual é a análise das propostas A intenção da Capes era, no primeiro
apresentadas? Pode dar exemplos momento, fortalecer as instituições
único possível.
de projetos de parceria inovadores? que já estão mais avançadas no As missões, visões
processo de internacionalização?
O que vimos foi muito mais no sentido da uni-
e propostas
versidade estar se empenhando para fazer Exatamente. É uma questão de capacidade de
uma autoavaliação e um projeto institucional. implementação. Por isso foi decidido primeiro são diferentes.
Mais do que apresentar questões inovadoras, consolidar as que já têm condições. De agora
as instituições aprenderam muito durante o em diante, vamos verificar o que as demais
processo de elaboração do projeto. Tivemos precisam e ajudá-las. Vale lembrar que a Ca-
propostas de IES públicas e privadas, de todas pes continua concedendo vários tipos de bol-
as regiões. Nada é comparável e queríamos sas. Estamos, por exemplo, com edital aberto
exatamente isto: que cada uma traçasse seu para professores-visitantes no exterior, no
caminho, pois não há um único possível. As qual as instituições aprovadas no PrInt não po-
missões, visões e propostas são diferentes. dem concorrer. Dessa forma, a perspectiva de
Não é que as universidades estejam em está- participação para as demais se amplia. n
gios diferentes, elas têm naturezas distintas. Fonte: Capes
acompanhar a instituição ao longo dos quatro n Relevância dos temas propostos e modelo institucional de gestão;
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Mat Wright
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O AVANÇO DO INGLÊS
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POLÍTICA LINGUÍSTICA
barreiras
Mais acesso, menos
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
POLÍTICA LINGUÍSTICA
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
O DESAFIO
Eu acho que os desafios são similares aos en-
frentados em outros países. Muitas vezes o
do tempo
maior desafio é simplesmente tempo. Apren-
der um idioma requer prática e é difícil reservar
tempo suficiente no calendário acadêmico. Os
professores nem sempre têm formação em me-
todologia para o ensino de línguas. Esse é um
Hugh Moss é Consultor Sênior dos motivos que levam alunos a finalizarem a
educação básica sem saberem usar o inglês ou
da equipe de Projetos de Educação mesmo falar a língua. A boa notícia é que o Bra-
sil está levando esse problema a sério. É ótimo
Internacional de Cambridge que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Assessment English, referência em reconheça a importância de políticas para lín-
gua inglesa na educação básica. Somado a isso,
ensino e avaliação da língua inglesa as IES abraçaram o inglês e estão aumentando
seu nível de internacionalização. Universidades
Você é o pesquisador líder da em estágios mais avançados já oferecem gra-
Universidade de Cambridge para duação internacional e programas de extensão
pesquisas financiadas por meio da UK com aulas em inglês e a possibilidade de cursar
Brazil English Collaboration Call. Quais parte do currículo no exterior.
estratégias Cambridge desenvolve
para a educação superior no Brasil? Há exemplos de países que
Fomos contemplados, e por isso temos atual- superaram barreiras de proficiência
mente dois projetos de pesquisa aplicada em e podem inspirar o Brasil?
andamento sobre EMI, em colaboração com A Colômbia criou um Programa Nacional Bi-
a Universidade Estadual do Norte do Paraná língue e, com o apoio de Cambridge English,
e com a Federal do Paraná. Além disso, con- continua a trabalhar para que 70% dos estu-
tribuímos para a formação de professores e dantes do ensino médio alcancem o nível B1
a montagem de currículos para dar a estu- e todos os professores de inglês em forma-
dantes um background sólido, assim como ção cheguem no mínimo ao B2. Estamos en-
atestamos sua proficiência em inglês. Isso é volvidos em projetos igualmente ambiciosos
essencial para universidades que querem me- junto a governos de vários países, entre eles
lhorar sua performance nos rankings interna- a Malásia, o México e o Panamá. n
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
EMI
POLÍTICA LINGUÍSTICA
Foco no
Entre as práticas que incentivam a inter- e Tecnologia (43%)
O Inglês nacionalização em casa está o Inglês como n Internacionalização em casa
como Meio de Instrução (EMI). Sua realização é apri- para os professores (35%)
morada quando professores de áreas especí- Qualidade das aulas (23%)
Meio de ficas do conhecimento e linguistas trabalham
n
n Nenhum benefício (5%)
Instrução em colaboração para potencializar a aprendi-
zagem do conteúdo e de língua. Essa ideia é Organizadora do Guide to English as a
é alvo de defendida por Laura Baumvol e Simone Sar- Medium of Instruction in Brazilian HEIs 2018-
pesquisas mento, da Universidade Federal do Rio Gran- 2019, publicação conjunta do British Council e
de do Sul (UFRGS), no artigo A Internacionali- da Faubai, a pesquisadora Telma Gimenez, da
e ganha zação em Casa e o Uso de Inglês como Meio UEL, nota que os cursos em EMI têm presença
portal de Instrução. As autoras salientam “que a ado- mais incisiva na pós-graduação e vê isso como
ção de práticas de EMI por IES brasileiras po- um reflexo das políticas de agências de fomen-
de (e deve) servir para empoderar alunos bra- to, como a Capes e o CNPq. “O grande méri-
sileiros de forma a aumentar sua participação to do guia é reunir dados e informações so-
em diferentes situações acadêmicas que en- bre essa área. Forma-se um quadro que serve
volvam o uso do inglês”. Em apresentação fei- de base para futuras análises”, ressalta Telma.
ta por ocasião da UK Brazil English Collabo- Ela diz que é preciso começar a medir impacto
ration Call (leia mais na página 29), Simone e proficiência e entender como esses progra-
enumerou os benefícios do EMI, apontados mas dialogam com a realidade brasileira para
em pesquisa com 5 mil professores (que ele- então pensar políticas públicas.
geram mais de uma resposta): Há um crescimento de 2016 para cá: na
primeira publicação do guia, eram apenas 44
n Estudantes brasileiros melhoram sua cursos a nível de pós-graduação, agora pas-
proficiência na língua inglesa (69%) sam de 400. “A oferta maior é em cursos de
n Estudantes estrangeiros podem extensão universitária, o que se entende, pois
participar das aulas (55%) eles são de curta duração, então qualquer
n Professores podem aprimorar sua adequação de rota é mais simples de ser fei-
proficiência na língua inglesa (55%) ta”, diz Telma. O guia dispõe de gráficos e da-
n Internacionalização em casa para os dos quantitativos da oferta de EMI no Brasil e
estudantes (47%) as informações podem ser consultadas com
n Prepara os estudantes para o futuro / uma ferramenta que permite buscar univer-
mercado de trabalho (47%) sidades e cursos específicos no portal www.
n O inglês é a língua da Ciência faubai.org.br/guideemi.
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Alunos em
laboratório
de línguas da
Universidade
Divulgação
Federal do Rio
Grande do Sul.
Ciência
15%
e Tecnologia
28%
Mais EMI
No Guide to English as
a Medium of Instruction
in Brazilian HEIs 2018-
2019, 85% das 240 IES
consultadas oferecem
alguma atividade em
língua estrangeira (79%)
Ciências
ou planejam fazê-lo
Biomédicas
28%
em breve (6%).
Em relação ao guia
de 2016, há maior Engenharia
oferta de disciplinas
de pós-graduação (406) 16%
e de graduação (235), Fonte: Guide to English as a
variando as áreas de Educação e Medium of Instruction in
Brazilian HEIs 2018-2019,
Humanidades
12%
estudo predominantes. Faubai e British Council
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POLÍTICA LINGUÍSTICA
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JACAREZINHO, PR
CURITIBA, PR Uenp - Universidade de Cambridge
UFPR - Universidade de Cambridge Formação EMI para professores
Há um nível de proficiência mínimo universitários: uma ferramenta
para ministrar disciplinas em inglês potencial para internacionalização
no ensino superior? busca evidên- é um estudo de caso envolvendo
cias acerca de um nível mínimo re- professores de pós-graduação das
comendado para poder lecionar EMI, sete universidades estaduais do
pois não há consenso na literatura da Paraná para compreender o status
área. Extratos de gravações de aulas atual do EMI na região, as concep-
de diversos professores brasileiros ções e atitudes dos professores e
serão avaliados por estudantes da alunos em relação ao EMI e veri-
Universidade Federal do Paraná e por ficar até que ponto a proficiência
estudantes nativos de inglês e estu- linguística dos envolvidos impac-
dantes internacionais não brasileiros. ta no processo de aprendizagem,
buscando propostas de melhoria.
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POLÍTICA LINGUÍSTICA
Brasil como
DESTINO
Para Maria Leonor Alves
Maia, Presidente da Faubai,
aprimorar políticas linguísticas
e preparar as IES do país
para receber estudantes
internacionais colabora
para melhorar a qualidade
e a competitividade
da educação superior
Divulgação
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nalização das IES e do sistema de ensino su- precisa ter sua qualidade mais divulgada no Linguísticas para a
perior como um todo. Apoiamos o programa exterior e ampliar a oferta de oportunidades Internacionalização
n Competências
Idiomas sem Fronteiras e a oferta de ativida- de ensino, pesquisa e extensão em línguas
Interculturais e
des em línguas estrangeiras, incluindo Portu- estrangeiras. Também é válido melhorar a Internacionalização
guês como Língua Estrangeira. Além disso, acolhida de estudantes, pesquisadores e pro- em Casa
n Mobilidade de
a Faubai desenvolveu, junto com o British fessores internacionais, superando barreiras
Estudantes Estrangeiros
Council, o Guide to English as a Medium of institucionais e legais ainda existentes. Além para o Brasil
Instruction in Brazilian HEIs. A primeira edi- disso, é necessário estruturar melhor uma n Atração de Talentos
ção saiu em 2016 e a atual está sendo lan- política nacional de internacionalização pa- Acadêmicos para o Brasil
e Revalidação de Títulos
çada em formato de plataforma eletrônica ra que ela aborde e atenda à diversidade do
n Acolhida de Refugiados
de consulta, durante a Conferência Faubai sistema de educação superior e os distintos em IES Brasileiras
2019, em Belém. estágios das IES no processo. n
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PARCERIAS DE SUCESSO
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PARCERIAS
Conexões
University of Glasgow
sólidas e duradouras
Selecionada pelo Capes-PrInt por seu progra- nacionalização e alinhada aos temas dos Obje-
Pesquisas ma de internacionalização, a Universidade Esta- tivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
feitas em dual Paulista (Unesp) convidou representantes Organização das Nações Unidas (ONU). Das ins-
de instituições estrangeiras para discutir pos- tituições internacionais, a Unesp avalia que ha-
colaboração síveis parcerias e reuniu 42 universidades, de verá um investimento de mais um terço desse
geram mais 12 países, entre eles Austrália, Canadá, França, valor, por meio de contrapartidas como a au-
Alemanha, Irlanda, Holanda, Reino Unido e Esta- sência de pagamento de tuitions e o intercâm-
impacto dos Unidos, em uma reunião de kick-off. “Paga- bio de professores. “Faz parte do compromisso
mos os custos de estadia, mas eles pagaram a e do esforço em todas as parcerias promisso-
passagem, sinalizando enorme interesse. Foi só ras. Atualmente só fazemos acordos se houver
o primeiro passo para construir parcerias está- cofinanciamento”, explica Freire Junior.
veis”, diz José Celso Freire Junior, Assessor Che- Os recursos são uma parcela importan-
fe de Relações Externas da Unesp. O edital da te da engrenagem de pesquisa, pois sem eles
Capes destinou cerca de R$ 85 milhões para a não é possível avançar em investigações de
execução, ao longo de quatro anos, da propos- qualidade. É um dos itens que constam da
ta apresentada pela universidade, construída maioria das estratégias para alavancar boas
de acordo com seu plano estratégico de inter- parcerias. “Analisamos o número de publica-
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PARCERIAS
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nico e o brasileiro, têm uma diversidade incrível tados por questionário prévio. “Existe um protocolo
e o desafio atual é o de comunicação, ou se- de acolhimento que colabora para deixar os estran-
ja, é preciso saber divulgar as prioridades e as geiros encantados”, conta Heloisa. Depois dessa eta-
forças de cada instituição. “É importante re- pa, o pesquisador da PUC traça um plano de ação
conhecer e promover as diferenças. Isso quer com o par internacional e o escritório dá suporte em
dizer olhar além de Oxford e Cambridge, pois relação a financiamentos e burocracia, para minimi-
existe um espectro muito vasto de universi- zar o estresse dos acadêmicos. Em 2018, a PUC foi a
dades”, observa Lucy. Identificar instituições única universidade gaúcha a figurar no Times Higher
com pesquisas complementares pode ser um Education (THE) Golden Age Rankings, que analisa
bom começo para encontrar o parceiro certo. IES estabelecidas entre 1945 e 1967. Na avaliação,
Em seguida, observar se as prioridades estra- se destacou nos quesitos Transferência de Conheci-
tégicas combinam e se existe apoio institucio- mento, Citações em Artigos Científicos e Cenário In-
nal para as ideias dos pesquisadores. Opor- ternacional. Aparecer em rankings é a parte final de
tunidades de financiamento são indutores de ações estratégicas de parcerias. Foi o caso na Uni-
parcerias entre universidades. Quando o ob- versidade de Birmingham. “Nós somos muito fortes
jeto de estudo está em um país e os especia- em biomateriais e o Brasil se destaca incrivelmente
listas no outro, começa a busca pelo parcei- na área odontológica. Então estabelecemos colabo-
ro ideal e toda a articulação para apresentar rações excelentes com várias universidades brasi-
uma boa proposta (veja o quadro ao lado). leiras. Hoje estamos em 19o lugar nos rankings em
“Parcerias longevas e sustentáveis costumam Odontologia”, ressalta Robin Mason, Pró-Reitor Inter-
ter mecanismos para monitorar o trabalho e nacional da Universidade de Birmingham. n
avaliar o sucesso, além de deixar a comunida-
de universitária informada sobre seu funcio-
namento e benefícios”, ressalta Lucy. O inves-
timento em comunicação foi uma estratégia
10 DICAS VALIOSAS
Hugh Moss, da Universidade de Cambridge, compartilha
adotada pela Pontifícia Universidade Católica
a experiência de participar de uma chamada de colaboração
do Rio Grande do Sul (PUCRS) para dar visibili- conjunta entre IES do Brasil e do Reino Unido.
dade a suas práticas. “Criamos o Portal PUCRS
internacional, concentrando pesquisas inter- n Não perca tempo demais para identificar um parceiro
(ou parceiros) adequado(s)
nacionais, convênios, mobilidade acadêmica
n Tente não ser muito ambicioso
e notícias”, explica Heloisa Orsi Koch Delga-
n Decida por um conjunto realista de questões que possam
do, Coordenadora Executiva do escritório de ser implementadas em um período curto
cooperação internacional da PUCRS. n Certifique-se de que você fez download de todos os documentos
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO
PARCERIAS
Terceira Conferência
Divulgação / RCGI
Anual entre os
institutos, em
setembro de 2018.
Impulso para a
A exploração de petróleo em águas profundas
inovação
e suas demandas tecnológicas impulsionam a
mobilidade e a troca de conhecimentos entre
a Universidade de São Paulo (USP) e o Imperial
College London (IC). Desde 2016 acontece o
intercâmbio de acadêmicos e pesquisadores
em dois centros especializados de pesquisa:
o Research Centre for Gas Innovation (RCGI),
na USP, e o Sustainable Gas Institute (SGI), do
IC. Mas a aproximação entre as universidades
Laboratórios e museus dos dois começou muito antes. “Cursei meu doutorado
lados do oceano tiram proveito em Engenharia Aeronáutica no Imperial Colle-
ge e o pós-doutorado na área de hidrodinâmi-
de conhecimentos complementares ca aplicada, logo depois fui contratado pela
USP”, relembra Julio Romano Meneghini, Dire-
tor Científico do RCGI. A primeira colaboração
aconteceu entre a Engenharia Mecânica da
Escola Politécnica da USP (Poli) e o Departa-
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UNIVERSIDADES
PARA O MUNDO
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
mento de Engenharia Aeronáutica do IC. Um os dois institutos inclui intercâmbio de cientis- Entre
programa de dupla titulação de doutorado se tas e acesso aos laboratórios, que conduzem 2013 e 2018,
o número de
iniciou nos anos 2000 e depois se estendeu atividades complementares. “Nós temos uma papers produzidos
para todos os departamentos da Escola Poli- equipe de especialistas em soluções aplicadas pela USP e pelo
técnica (Poli). A partir daí, a parceria, que ao e eles são fortes nos fundamentos dos estudos Imperial College
London foi de
todo dura mais de 25 anos, se instituciona- que envolvem a área de engenharia offshore”,
410 e o impacto
lizou. Quando soube que o RCGI era patro- explica Meneghini. Ele conta que a tradição de de citação
cinado pela mesma empresa, logo o SGI fez pesquisa do Reino Unido é anterior à brasileira, foi de 10,1,
uma proposta de convênio entre os dois ins- mas aqui a quantidade de problemas a resol- de longe o maior,
considerando
titutos. “A participação em outros ambientes ver é maior. Enquanto o Brasil é líder em bio-
as top 10
acadêmicos cria conexões que maximizam a combustíveis, como o etanol, eles são experts universidades
produção dos dois lados. Acho esse um dos em energia solar e eólica. inglesas que
exemplos mais expressivos de sinergia entre No Gas Innovation Fellowship Programme colaboram com
a universidade
instituições”, elogia Raul Machado Neto, Pre- (GIFP), financiado pela Shell e o CNPq, 20 alu-
paulista.
sidente da Agência USP de Cooperação Aca- nos de doutorado e cinco pesquisadores de
dêmica Nacional e Internacional. pós-doutorado receberam bolsas. Quatro vão Fonte: relatório InCites
(2013-2018)
O RCGI é um centro de estudos avançados passar dois anos na USP e dois no IC, rece-
que busca o uso sustentável e inova na solução bendo dupla diplomação, oito farão doutora-
de problemas relacionados a gás natural, bio- do sanduíche (um ano no IC e três anos na
gás, hidrogênio e dióxido de carbono. Envolve USP) e oito receberão o doutorado do IC, após
350 pesquisadores e 18 laboratórios espalha- quatro anos de estudos em Londres. “A forma-
dos por vários institutos da USP e outras ins- ção integral em duas universidades de ponta
tituições, como o Instituto de Pesquisas Ener- é uma vantagem imensa para os alunos e o
géticas e Nucleares (Ipen). Os patrocinadores fato de ter brasileiros estudando lá aproxima
fundadores são a Fapesp e a Shell (que investe as equipes, fortalecendo a pesquisa no longo
R$ 140 milhões ao ano), que também financia prazo”, comenta Gustavo Assi, Professor do
o SGI, em Londres. A troca de expertise entre Departamento de Engenharia Naval da USP.
O RCGI
Divulgação / RCGI
é sediado
na Escola
Politécnica
(Poli) da USP.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
PARCERIAS
Exposição
Marcas da
Evolução no
Bruno Todeschini
MCT-PUCRS,
em Porto
Alegre.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
INTERNACIONALIZAÇÃO
DIÁSPORA CIENTÍFICA
Juliana Bertazzo
e Carlota de
Azevedo Ramos, do
setor acadêmico
da Embaixada
brasileira em
Londres.
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REQUISITOS:
De volta ao Brasil n Experiência internacional em pesquisa comprovada após
ça. Normas mais flexíveis permitiriam aos estu- núcleos em instituições que ainda não têm tradição em pesquisa
dantes realizar pós-doutorado no exterior ou ou a criação de novas linhas de pesquisa em instituições consolidadas.
aceitar propostas de emprego, parcerias ou es-
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DIÁSPORA CIENTÍFICA
mobilidade
A importância da
Gilson Oliveira/PUCRS
Vista aérea
do campus
da PUCRS.
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
DIÁSPORA CIENTÍFICA
O valor da
Como são as relações entre
o Royal Botanic Gardens, Kew
e as universidades brasileiras?
A colaboração é forte com um grande núme-
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
ro Myrcia, incluindo a avaliação do risco de ex- ra ser descoberto e investigado. Desde então,
tinção para todas as espécies, cerca de 800. treinei cerca de 70 estudantes de mestrado
Outro envolve monitoramento remoto da ve- e doutorado, de muitos países e backgrounds
getação da caatinga, com satélites e drones, diferentes, uma experiência fantástica e com-
chamado Learning to live with the forest. Tam- pensadora. Trabalhar com estudantes criati-
bém recebemos fundos do Reino Unido para vos e outros cientistas é um dos melhores as-
o projeto Digital repatriation of biocultural col- pectos de se fazer pesquisa.
lections, que conecta cientistas e comunida-
AVENTURA E
des indígenas de conhecimento na Amazônia. Qual o segredo para reunir equipes
EXCELÊNCIA
científicas eficazes?
De que forma você pretende aumentar Tento achar os indivíduos melhores e mais
O campineiro Alex
as cooperações com acadêmicos e motivados que tendem a dar importantes con- Antonelli trancou o curso
instituições brasileiras? tribuições para a pesquisa. Para isso, acabo de Biologia na Unicamp
após seis meses para
Espero iniciar um diálogo envolvendo agên- contatando pessoas em vários países e con-
viajar como mochileiro
cias de fomento e representantes do governo tinentes. Essa é uma das maiores belezas da pela Europa e América
do Brasil e do Reino Unido para discutir áreas pesquisa: a liberdade para estabelecer qual- Central. Conheceu sua
de colaboração e de financiamento. Ao mes- quer constelação de colaboradores. Um úni- futura esposa, sueca,
em Honduras e
mo tempo, quero garantir que as iniciativas co artigo publicado na revista científica PeerJ
recomeçou os estudos
que vêm da base da comunidade de pesqui- no ano passado foi resultado de um workshop em Gotemburgo, na
sa sejam analisadas com cuidado e apoiadas. e de discussões entre pesquisadores de Su- Suécia. Especialista em
écia, Estados Unidos, França, Brasil, Equador, Biogeografia, após um
pós-doutorado na Suíça
Como acontece esse intercâmbio UK- Holanda, Espanha, Suíça, Guatemala e Finlân- voltou como curador
BR entre estudantes e pesquisadores dia. Algo similar aconteceu para um da Natu- do Jardim Botânico
na área científica do Kew? re Geoscience, que combinou trabalho de bo- de Gotemburgo. Atuou
como professor de
Muitos pesquisadores no Kew são especia- tânicos, zoólogos, geólogos e paleontólogos.
biodiversidade na
listas em espécies brasileiras e muitos espe- universidade local
cialistas brasileiros fazem contribuições im- Como diria que a Ciência se beneficia e criou o Centro de
portantes em nossas pesquisas. Os benefí- da colaboração entre estudiosos Biodiversidade Global de
Gotemburgo. Deu aulas
cios são mútuos e vemos intensa movimenta- do mundo todo?
na Universidade de
ção entre o Brasil e Kew. Nos últimos anos, um Espécies não ligam para fronteiras políticas. Zurique e na Universidade
grande número de estudantes e pesquisado- Por isso, especialistas que estudam grupos de Harvard, nos Estados
res veio para cá com fundos de CNPq, Capes plantas ou fungos muitas vezes têm conhe- Unidos. Em fevereiro
de 2019, assumiu como
e das FAPs estaduais. cimento relevante para continentes inteiros
Diretor Científico do Royal
ou zonas climáticas. Isso é verdadeiro para a Botanic Gardens, Kew,
Você lidera um grupo interdisciplinar biodiversidade, mas acredito que se aplica à ou Kew Gardens, em
Londres. A instituição
e internacional de pesquisa, pode maioria dos campos científicos. Quanto mais
é referência mundial
contar um pouco da experiência? internacional for um projeto, mais pessoas em pesquisa botânica,
Iniciei o Antonelli Lab há nove anos, após re- com diferentes perspectivas estarão analisan- com 22 mil espécies
tornar de um pós-doc na Suíça. A principal mo- do a questão da pesquisa, e por consequên- de plantas nos jardins,
7 milhões nos herbários
tivação foi a vontade de fazer bem mais pes- cia as soluções serão mais inovadoras. Além
e 1,2 milhão de
quisa do que eu conseguia sozinho. Biodiver- disso, a colaboração internacional tem mais amostras de fungos.
sidade é um tema imenso e ainda há muito pa- chance de gerar um impacto vital ou global. n
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
Centro de Difusão
Internacional da
Universidade de
Marcos Santos
São Paulo (USP), que
é a brasileira melhor
colocada nos rankings.
MEDIDAS DE QUALIDADE
O que é qualidade na universidade? Não há uma resposta única,
pois depende do contexto socioeconômico e cultural em que
cada instituição de ensino está inserida. Há lugares em que o
foco principal está na produção científica, em outros, na experi-
ência proporcionada aos alunos, por exemplo. A escolha indica
qual das funções primárias – ensino, pesquisa e extensão – vale
enfatizar. Mas há um ponto de concordância para todos da área:
é essencial desenvolver padrões e métricas para avaliar o ensi-
no superior. Por isso, surgiram os rankings, que cada vez mais
influenciam nas decisões das equipes gestoras nas IES.
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ENSINO ENSINO
30% 36%
PESQUISA PESQUISA
30% 34%
CITAÇÕES CITAÇÕES 20%
30%
INTERNACIONALIZAÇÃO INTERNACIONALIZAÇÃO
7,5% 7,5%
INOVAÇÃO
2,5% INOVAÇÃO 2,5%
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
RANKINGS
Fonte: ARWU/2018
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rando o peso de cada um, fica claro que, ao guir ir além das métricas quantitativas, princi-
lado do ensino, a pesquisa é um foco impor- palmente para incluir análises sobre ensino –
tante. “Quando você olha para o problema de como mensurar a experiência dos estudantes
como comparar universidades em diferentes ou o desempenho dos professores? – e impac-
países, percebe que, como a ciência se tor- to social. O THE, por exemplo, está preparando
nou mais global, é possível medir o impacto um novo ranking baseado em alguns dos Obje-
da pesquisa onde quer que ela seja feita no tivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU,
mundo”, diz Simon Baker, Data Editor do THE. como igualdade de gênero e ações contra as
O mesmo raciocínio vale para o brasileiro mudanças climáticas. “Estamos analisando es-
Ranking Universitário Folha (RUF), que também sas metas para tentar encontrar maneiras de
tem na pesquisa o maior destaque. Com o di- identificar como as universidades impactam
ferencial de incluir uma métrica para refletir o em suas comunidades”, conta Simon. O RUF
contexto local: opinião do mercado. “Nos Esta- também tem feito estudos regulares na tenta-
dos Unidos, quem cursa Harvard não está pre- tiva de criar quesitos para medir as ações de
ocupado com emprego, porque sabe que vai extensão das universidades (leia mais na
conseguir um. Então, não faz sentido mensu- página 54). A preocupação é compartilhada
rar a opinião do empregador sobre qual uni- por órgãos como Capes e QQA. Trata-se de um
versidade é boa ou onde as pessoas estão tra- aprimoramento fundamental para que todas
balhando. Mas no Brasil faz, então, resolvemos essas avaliações sejam realmente utilizadas
adotar também esse indicador”, conta Sabine para impulsionar a melhoria na qualidade das
Righetti, Coordenadora Acadêmica do RUF. universidades e não simplesmente para servir
Uma dificuldade comum a todos é conse- como parâmetro de comparação entre elas. n
n 1o lugar: USP
o
n 2 lugar: UFRJ
o
n 3 lugar: UFMG
o
n N de universidades avaliadas: 196
PESQUISA 42%
n totalde publicações, total de citações,
ENSINO 32% citações por publicação e por docente,
publicações por docente, publicações em revistas
MERCADO 18% nacionais, recursos obtidos por instituição,
INTERNACIONALIZAÇÃO 4% bolsistas CNPq e teses
n professores com doutorado e mestrado, com
INOVAÇÃO 4% dedicação integral e parcial e nota no Enade
n opinião de 5.444 profissionais de RH
consultados pelo Datafolha em 2016, 2017
e 2018 sobre preferências de contratação
n citações internacionais por docente
e publicações em coautoria internacional
Fonte: RUF/2018 n patentes e parcerias com empresas
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
RANKINGS
Retratos
PARCIAIS
Para Sabine Righetti,
Coordenadora Acadêmica
do Ranking Universitário
Folha (RUF), principal desafio
para melhorar os rankings
é acesso a informações
Os rankings mostram o que as
universidades estão fazendo, mas
também ajudam a apontar os dados
que faltam, como a situação dos
egressos. Por que seria importante
ter essa informação?
E que outras faltam para termos
rankings melhores?
A literatura científica diz que você sabe se um
curso é eficiente pelos egressos. A metodolo-
gia mais consistente para avaliar seria, depois
de cinco anos, ver se eles estão trabalhando,
se atuam na área e se têm posição de lideran-
ça. Nos Estados Unidos, essa pesquisa é feita
nas universidades e os rankings usam essas in-
formações. Aqui, solicitamos dados para o MEC,
mas o pedido foi negado, porque se entendeu
que isso é sigiloso. A única maneira de obter se-
ria pelas universidades, mas descobrimos que
nenhuma mapeia seus egressos. Seria um in-
dicador essencial para entender o que ocorre
com quem se forma e qual a qualidade dos cur-
Divulgação
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
acontecer, no âmbito de política pública nacio- tram que fazer isso influencia todo o ecossiste-
nal, um debate para definir indicadores de ex- ma do país. O que falta, então, é decidir isso co-
universitária, que
tensão universitária, que hoje não existem nem mo política pública, definir que não é gasto, e hoje não existem
nas avaliações oficiais do MEC. O Ministério sim investimento para colocar o Brasil na rota nem nas avaliações
olha pesquisa e ensino, mas não extensão, que do mundo. E, a partir daí, desenhar ações junto
é um terço da missão das instituições. às instituições para que isso aconteça.
oficiais do MEC.
gar e depois melhorou e foi para 158 . E desde imprensa, prioritariamente, são trabalhos de
o
então tem caído. Mas a produção científica da pesquisadores de fora, porque eles têm um sis-
USP aumentou. Então, não é que está piorando. tema eficiente de comunicação. Deveriam exis-
Existem políticas de estado, nos Estados Uni- tir mecanismos para facilitar a divulgação da ci-
dos, no Reino Unido, na China e em outros paí- ência produzida no Brasil, que é parruda e de
ses, para ter um grupo de universidades world alto impacto, como parte da política pública de
class. Na China, nove instituições recebem internacionalização. Sou pesquisadora na Uni-
aportes milionários para estarem bem posicio- camp e lá ganhamos um edital para desenvol-
nadas internacionalmente. O Brasil não tem is- ver um projeto, a Agência Bori, inspirado no Eu-
so. Existe um movimento agressivo contra as rekAlert, ferramenta do American Association
universidades públicas brasileiras, no sentido for the Advancement of Science (AAAS) que faz
de falar que ganham muito e produzem pouco. esse tipo de ponte. Mas é uma iniciativa peque-
E o ranking serve a isso. Mas não é uma leitura na, apenas com informações da Unicamp. De-
justa. É quase um milagre elas manterem a pro- veria haver inúmeras outras. A USP precisa sair
dução científica, pois os orçamentos estão sen- no New York Times. Precisamos falar mais do
do reduzidos, em alguns casos, pela metade. que as universidades fazem de incrível. n
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
ARTIGO
Simone Ricci
Divulgação
Educação além
das fronteiras
Tendência em um mundo globalizado,
a Educação Transnacional (TNE)
dá seus primeiros passos no Brasil
Ela já é conhecida das universidades britâ- a mudança para outro país não existem. Além
nicas, que atualmente investem muito nessa disso, a comodidade e a facilidade de estudar
modalidade de ensino, em especial no merca- no país de origem para muitos são fatores de-
do asiático. Mas no Brasil até o conceito de cisórios na escolha de um curso. Dependen-
Educação Transnacional é novo. Transnational do do momento de vida de cada estudante,
Education (ou TNE), também chamada de es- também pode ser inviável ficar longe da famí-
tudos transfronteiriços (cross-border), se ca- lia ou do trabalho. A Educação Transnacional
racteriza fundamentalmente por ir além da é uma boa alternativa para uma graduação ou
fronteira de um país. Ela se diferencia da edu- pós-graduação com direito a diploma interna-
cação internacional tradicional, pois permite cional, já que ele impulsiona promoções, re-
que os alunos estudem em uma determinada colocações e amplia as perspectivas profis-
universidade sem sair do seu país de origem. sionais no país de origem ou no exterior.
Essa modalidade de ensino costuma ser Além do programa online de TNE, as prin-
oferecida para as áreas de graduação e de cipais formas de se estabelecer essa modali-
pós-graduação e na maioria das vezes por dade de ensino são: abertura de campus no
meio de sistema online e a distância. Entre as exterior, dupla diplomação e por meio de sis-
principais vantagens da TNE está o valor do tema de franquias. Todos esses modelos
investimento: sem a necessidade de sair de combinam educação de qualidade e comodi-
casa para estudar, os custos envolvidos com dade para os seus participantes, o que pode
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UNIVERSIDADES
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
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UNIVERSIDADES
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DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
CONCLUSÃO
Agenda ativa
e relevante
British Council organiza nova chamada,
workshops e seminários para
apoiar o avanço da internacionalização
Tanto as iniciativas quanto os debates ganhos na qualidade, na produção de conheci-
sobre a temática da internacionalização evo- mento e nas publicações conjuntas. São todos
luíram de um ano para cá, quando lançamos interconectados e essenciais para que sejam
a primeira publicação Universidades para o criadas parcerias sólidas e produtivas.
Mundo. Falar de desafios e oportunidades no Para fortalecer esse diálogo, a segunda edi-
desenvolvimento de planos de internacionali- ção da publicação Universidades para o Mundo
zação era apropriado à época, em que estava se aprofunda nas temáticas em discussão na
lançada a chamada para o edital do Capes- área, destaca processos de institucionalização,
-PrInt, encerrada no primeiro semestre de traz opiniões de especialistas e exemplos de
2018. As universidades apresentaram seus colaboração de universidades públicas e priva-
planos e deram início a uma nova corrida para das entre o Brasil e o Reino Unido, destacando
consolidar parcerias internacionais entre Insti- a força das parcerias e a sua contribuição para
tuições de Ensino Superior. avançar em processos de internacionalização.
O Seminário de Internacionalização UK-BR, Respondendo a algumas das demandas
realizado em Londres em dezembro de 2018, foi do contexto atual, o British Council implemen-
um marco importante por reunir IES contempla- tará neste ano três ações estratégicas:
das pelos recursos da Capes e outras institui- n um edital de colaboração para apoiar
ções brasileiras interessadas no tema, além de a operacionalização de planos
universidades do Reino Unido, ávidas por par- de internacionalização;
cerias. Essa ponte e a oportunidade de diálogo, n seminários e workshops sobre políticas
proporcionadas pelo British Council, deixaram linguísticas e língua inglesa;
claro que o momento é de estratégias e avan- n instrumentos para fomentar a mobilidade
ços nesse caminho. de pesquisadores, gestores e estudantes
A internacionalização consiste em uma série estrangeiros para o Brasil.
de fatores e impacta em vários outros: a mobili- Esperamos que essas ações contribuam
dade de estudantes, pesquisadores e gestores, para o fortalecimento de capacidades e o apro-
o desenvolvimento de currículos compartilha- fundamento do debate, visando instituições
dos, projetos de pesquisa e inovação, o esta- mais preparadas para encarar as oportunidades
belecimento e reforço de redes de pesquisa, e desafios globais da educação superior. n
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