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031-P&D – ENSAIOS EM ESTACAS

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SUMÁRIO
1. OBJETIVO ................................................................................................................. 4
2. DEFINIÇÃO ............................................................................................................... 4
3. REGULAMENTAÇÃO ................................................................................................. 4
3.1. Normas associadas .......................................................................................... 4
4. QUANTIDADE DE PROVAS DE CARGA E ENSAIOS DINÂMICOS ............................... 4
5. REQUISITOS GERAIS ................................................................................................ 7
5.1. Preparação para os ensaios ............................................................................. 7
6. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ENSAIOS EM ESTACAS ........................................ 8
6.1. Prova de Carga Estática (PCE) ......................................................................... 8
6.1.1. Descrição geral .......................................................................................... 8
6.1.2. Detalhamento de materiais para execução ............................................ 8
6.1.3. Possível alternativa para execução ....................................................... 10
6.1.4. Observações de resultados .................................................................... 11
6.1.5. Vantagens e Desvantagens..................................................................... 11
6.1.6. Limitações e Cuidados ............................................................................ 12
6.2. Ensaio Bidirecional ......................................................................................... 13
6.2.1. Descrição geral ........................................................................................ 13
6.2.2. Detalhamento de materiais para execução .......................................... 14
6.2.3. Observações de resultados .................................................................... 14
6.2.4. Vantagens e Desvantagens..................................................................... 15
6.2.5. Limitações e Cuidados ............................................................................ 16
6.3. Ensaio de Carregamento Dinâmico (ECD) .................................................... 17
6.3.1. Descrição Geral ........................................................................................ 17
6.3.2. Detalhamento de materiais para execução .......................................... 18
6.3.3. Metodologias empregadas ..................................................................... 18
6.3.4. Observações de resultados .................................................................... 19
6.3.5. Vantagens e Desvantagens..................................................................... 20
6.3.6. Limitações e Cuidados ............................................................................ 20
6.4. Ensaio de Integridade de Baixa Deformação (PIT) ....................................... 21
6.4.1. Descrição Geral ........................................................................................ 21
6.4.2. Observações de Resultados .................................................................... 22

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6.4.3. Vantagens e desvantagens ..................................................................... 24
6.4.4. Limitações e cuidados ............................................................................. 24

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1. OBJETIVO
Esse documento apresenta e determina as especificações técnicas para realização
dos ensaios em Estacas a fim de complementar as informações descritas em
projeto, estabelecer critérios de qualidade e servir de material consultivo a obras
e áreas correlatas.

2. DEFINIÇÃO
Os “ensaios” têm a finalidade de avaliar/verificar de forma critica as propriedades
ou qualidades do item ensaiado. No caso de ensaios em estacas, se trata da
verificação do comportamento previsto em projeto. Para garantir a
compatibilização do que foi calculado em projeto e o que foi executado incluindo
os critérios normativos.

3. REGULAMENTAÇÃO
3.1. Normas associadas
• ABNT NBR 16903:2020 Solo - Prova de Carga Estática em Fundação Profunda
• ABNT NBR 13208:2007 Estacas - Ensaios de Carregamento Dinâmico
• ABNT NBR 6122:2019 Projeto e Execução De Fundações
• ASTM D5882 Standard Test Method for Low Strain Impact Integrity Testing
of Deep Foundations

4. QUANTIDADE DE PROVAS DE CARGA E ENSAIOS DINÂMICOS


O item 9.2.2.1 da NBR 6122, descreve sobre a obrigatoriedade da execução de
provas de carga estática de desempenho no decorrer do estaqueamento em obras
que possuem o número de estacas superior ao valor especificado na coluna (B) da
Tabela 6 da norma citada.
Além disso também define a quantidade de provas de carga estática que deve ser
realizada na obra quando ultrapassado o limite de exigibilidade informado na
Tabela 6.
A quantidade mínima de provas de carga estática a ser realizada é o equivalente a
1% do total de estacas de fundação da obra (as estacas empregadas em
contenções, muros de divisa, alambrados e gradis devem ser desconsideradas),
desde que esse total seja superior a 100 (ver Tabela 6 do item 9.2.2.1 da norma NBR
6122). Para a definição da quantidade de ensaios, realiza-se inicialmente o
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arredondamento para uma casa decimal do valor “1% do total de estacas” e, em
seguida, para o número inteiro mais próximo, considerando que o dígito 5 sempre
é arredondado para cima.
Quando o total de estacas de fundação da obra for inferior a 200, as provas de
carga estática podem ser 100% substituídas por ensaios de carregamento
dinâmico ou ensaios bidirecionais (quando tecnicamente viáveis), nas proporções
de 5:1 e 1:1 respectivamente. Caso contrário, deve-se sempre prever a realização
de ao menos uma Prova de Carga Estática (PCE), de modo que as demais podem ser
substituídas por ECD’s ou ensaios bidirecionais (quando tecnicamente viáveis) nas
proporções mencionadas.
Vale ressaltar que a norma ABNT NBR 6122 permite uma redução no fator de
segurança de dimensionamento geotécnico das estacas de 2,0 para 1,6 quando se
executam PCE’s previamente ao início do estaqueamento (de acordo com a referida
norma, as PCE’s prévias, quando realizadas, podem ser deduzidas da quantidade
total de ensaios). Tal prática pode trazer reduções significativas de custos,
especialmente nos casos de estacas metálicas, pré-moldadas e raízes, bem como
nos casos de estacas hélice trabalhando com carga reduzida (isto é, com grandes
folgas em relação à capacidade estrutural).

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Figura 1: Tabela 6 da NBR 6122:2019

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Para verificação de desempenho satisfatório devem ser consideradas as seguintes
condições:
• O fator mínimo de segurança deve atender as condições descritas na nota
“d” da Tabela 6 da NBR 6122. (Caso não atenda é necessária avaliação do
projetista)
• O recalque na carga de trabalho deve ser conforme a tolerância especificada
no projeto.

5. REQUISITOS GERAIS
5.1. Preparação para os ensaios
A Estaca-teste conforme definição da NBR 16903 é o elemento da fundação que
será submetido ao carregamento e precisa estar devidamente preparada para
realização do ensaio.

5.1.1. Ensaio de prova de carga estática


A NBR 16903 descreve os seguintes itens que devem ser considerados para a
preparação da estaca-teste.
a) O período entre a instalação da estaca e a realização do ensaio deve ser de
no mínimo 3 (três) dias para solo livre de comportamento coesivo e de 10
(dez) dias para solo que apresenta comportamento coesivo.
b) Quando aplicado em estacas moldadas in loco além do requisito descrito no
item “a” deve-se assegurar o prazo mínimo para que a resistência do
elemento estrutural seja compatível com a carga máxima do ensaio
c) Deve se assegurar a resistência do concreto por meio do ensaio de
compressão.
d) O topo da estaca-teste deve ser preparado tendo em vista que os esforços
aplicados não comprometam a integridade da estrutura, deve se remover o
trecho danificado.
e) Se houver necessidade de observar o comportamento da estaca, os prazos
especificados nos itens “a” e “b” podem ser alterados.

5.1.2. Ensaio de Carregamento dinâmico


Para o ensaio de carregamento dinâmico a NBR13208 cita a preparação do topo da
estaca, deve estar plano e orientado perpendicularmente ao seu eixo

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dimensionado para receber o impacto, além de estar centralizado em relação ao
sistema de impacto.
6. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ENSAIOS EM ESTACAS
6.1. Prova de Carga Estática (PCE)
6.1.1. Descrição geral
Trata-se do ensaio mais confiável para simular a condição real de comportamento
de uma estaca submetida a um carregamento pontual em seu topo, o qual pode
ser vertical ou inclinado, de compressão ou tração (também é possível, apesar de
incomum, a aplicação de carregamento horizontal).
Basicamente, o ensaio consiste na aplicação, em etapas e velocidades
especificadas pela norma ABNT NBR 16903:2020, de um carregamento estático no
topo da estaca e na medição dos respectivos deslocamentos. Neste documento,
apenas o caso mais usual deste tipo de ensaio será abordado: a PCE com
carregamento vertical de compressão e leitura de recalques (visando a simulação
do comportamento de estacas de fundação de edificações).
Um aspecto importante da PCE consiste na necessidade de uma estrutura de
reação para que o carregamento seja aplicado no topo da estaca. No caso mais
usual, o carregamento de compressão é aplicado por macacos hidráulicos
(devidamente centralizados em relação ao eixo da estaca) reagindo contra uma
estrutura composta por vigas metálicas de transição ancoradas em estacas de
reação (as quais, neste caso, trabalham à tração).

6.1.2. Detalhamento de materiais para execução


A figura 2 ilustra os principais componentes necessários à realização da PCE.

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Figura 2: Materiais utilizados PCE

• 01 - Bloco de coroamento em concreto armado (devidamente centralizado em


relação ao eixo da estaca-teste), dimensionado pelo projetista de estruturas.
Em termos de geometria, o bloco pode ter seção quadrada ou circular, devendo
sempre circunscrever a seção da estaca-teste. No caso de estaca metálica, o
bloco de coroamento pode ser substituído por uma placa de aço com
enrijecedores, devidamente soldada no topo dela;
• 02 – Macacos hidráulicos (devem ter capacidade mínima de carga 10% superior
ao máximo carregamento previsto para o ensaio);
• 03 – Vigas metálicas de transição (dar preferência para o arranjo em “H”,
semelhante ao mostrado na figura 2, ao invés do arranjo em “X”, por questões
de minimização de riscos);
• 04 – Monobarras de aço (Incotep, Dywidag, Torcisão, entre outras)
dimensionadas pelo projetista de fundações, devidamente ancoradas nas
estacas de reação;
• 05 – Placas e roscas para ancoragem das monobarras nas vigas metálicas
(devem ser adquiridas do mesmo fornecedor das monobarras, por questões de
compatibilidade);
• 06 – Estacas de reação dimensionadas pelo projetista de fundações. A
disposição dessas estacas deve ser definida em conjunto com o fornecedor

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contratado, as quais devem possuir um distanciamento mínimo em relação à
estaca-teste de três vezes o diâmetro da mesma, sendo sempre superior a
1,50m (medidas eixo a eixo);
• 07 – Vigas de referência para as leituras de deslocamentos verticais
(comprimento máximo de 12m). Essas vigas devem ser apoiadas sobre piquetes
metálicos ou de madeira, os quais devem possuir um distanciamento mínimo
em relação à estaca-teste de 2,5 vezes o diâmetro da mesma, sendo sempre
superior a 1,50m (medidas eixo a eixo);
• 08 – Deflectômetros de alta precisão para monitoramento dos deslocamentos
verticais;
• 09 – “Fogueira” para suporte das vigas metálicas de transição (também podem
ser utilizados cavaletes metálicos).

6.1.3. Possível alternativa para execução


Uma alternativa para agilizar a execução da PCE e reduzir os custos do ensaio
consiste no emprego de um sistema de reação composto por estacas metálicas
helicoidais reutilizáveis, as quais são facilmente instaladas em campo com o auxílio
de um rotor acoplado a uma retroescavadeira, sendo removidas após a conclusão
da prova de carga.
A figura 3 ilustra a alternativa descrita (Fornecedores habilitados: Trio Fundações
e Geoprova):

Figura 3: Alternativa para execução de ensaio PCE.

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6.1.4. Observações de resultados
O resultado direto deste ensaio consiste na obtenção da curva “carga x recalque”,
na qual devemos observar a grandeza do recalque correspondente à carga de
trabalho da estaca, bem como verificar a ocorrência de rupturas (tanto
geotécnicas quanto estruturais). Por exigência da norma ABNT NBR 6122:2019, a
carga aplicada no ensaio deve atingir um valor equivalente à duas vezes a carga de
trabalho prevista no cálculo estrutural, caracterizando um fator de segurança
mínimo de 2,0.
A curva “carga x recalque” obtida a partir de uma PCE bem-sucedida tende a possuir
o aspecto ilustrado na figura 4.

Figura 4: Modelo de curva para ensaio PCE bem-sucedido.

6.1.5. Vantagens e Desvantagens


As vantagens são:
• Aplicável a todos os tipos de estacas;
• Permite testar estacas tanto à tração quanto à compressão, verticais ou
inclinadas;
• Fornece a previsão real acerca do comportamento da estaca solicitada por
um carregamento pontual aplicado em seu topo;

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• É capaz de fornecer o real fator de segurança da estaca ensaiada se esta for
levada à ruptura;
• Possui interpretação direta.

Por sua vez, as desvantagens são:


• Custo de execução usualmente mais elevado que os demais ensaios;
• Necessidade de estruturas de reação (o que reduz a praticidade executiva
em relação aos demais) e de bloco de coroamento provisório, dimensionado
para suportar as cargas aplicadas durante o ensaio;
• Demanda a aplicação de métodos semiempíricos para a distinção entre as
parcelas de resistência devidas ao atrito lateral e à ponta da estaca, tais
como o Método da Rigidez de Décourt (de maneira alternativa, é possível
realizar a instrumentação da estaca com “strain gauges”, o que permite a
avaliação do nível de tensões ao longo da profundidade).

6.1.6. Limitações e Cuidados


Não há limitações quanto à aplicabilidade da prova de carga estática. Por sua vez,
os seguintes cuidados são recomendáveis:
• Aguardar um prazo mínimo de 10 a 14 dias para a cura do concreto das
estacas, bem como para a cicatrização do solo;
• Atentar para o arrasamento adequado da estaca-teste, o qual deve gerar
uma superfície regular e nivelada;
• Atentar para a centralização do bloco de coroamento em relação à estaca-
teste, bem como dos macacos hidráulicos em relação ao bloco.
Desalinhamentos e desaprumos podem levar a rupturas estruturais no topo
da estaca antes que a carga máxima de ensaio seja atingida;
• De acordo com a norma ABNT NBR 16903:2020, dentro de um raio de 30m da
estaca-teste, não pode haver vibrações que possam interferir nas leituras
durante o transcorrer da prova de carga;
• Todos os dispositivos de medição que compõem a prova de carga devem
estar protegidos e abrigados em caso de intempéries.

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6.2. Ensaio Bidirecional
6.2.1. Descrição geral
Também chamado de prova de carga com célula expansiva, este ensaio consiste na
aplicação de carregamentos axiais na estaca a partir de uma célula de carga
expansiva, a qual deve ser instalada no momento da descida da gaiola de armação.
A profundidade de instalação da célula expansiva é conhecida como ponto de
equilíbrio, o qual é definido para atender a seguinte condição:
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑠𝑢𝑝. = 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑓. + 𝑃𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎
Assim, a carga total aplicada na estaca durante o ensaio bidirecional corresponde,
teoricamente, à capacidade de carga última da mesma (Prupt.):
𝑃𝑟𝑢𝑝𝑡. = 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑠𝑢𝑝. + 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑓. + 𝑃𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 2,0 × 𝑃𝑎𝑑𝑚.
Dessa forma, sem a necessidade de qualquer estrutura de reação, o ensaio
bidirecional consegue mobilizar a plena capacidade de carga da estaca, permitindo,
em boa parte dos casos, a avaliação do real fator de segurança (por se tratar de
uma prova de carga do tipo estática, o ensaio bidirecional deve respeitar as
exigências da ABNT NBR 16903:2020 quanto às etapas de carregamento e
descarregamento).

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6.2.2. Detalhamento de materiais para execução

A figura 5 ilustra o funcionamento da prova de carga em questão.

Figura 5: Funcionamento do ensaio bidirecional.

6.2.3. Observações de resultados


O resultado direto deste tipo de ensaio consiste em três curvas “carga x recalque”,
uma para a porção inferior da estaca e duas para a porção superior (com medições
de deslocamentos verticais na seção imediatamente acima da célula expansiva e
no topo da estaca), tal como mostrado na figura 6.

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Figura 6: Modelo de curva para ensaio bidirecional.

Vale comentar que, apesar da avaliação do fator de segurança geralmente ser


direta neste tipo ensaio, o mesmo não pode ser dito sobre a avaliação dos
recalques, o que demanda a elaboração de uma curva “carga x recalque”
equivalente. Além disso, por realizarem carregamentos do tipo rápido (ver norma
ABNT NBR 16903:2020), os recalques obtidos nos ensaios bidirecionais tendem a
ser inferiores aos recalques obtidos em provas de carga estáticas similares
realizadas com carregamentos do tipo lento ou misto.

6.2.4. Vantagens e Desvantagens


As vantagens são:
• Dispensa a execução de bloco de coroamento e a necessidade de estruturas
de reação, o que torna este ensaio bastante prático;
• Fornece uma boa previsão acerca do comportamento da estaca sob
carregamento axial (mas demanda interpretações e correções para permitir
uma avaliação mais assertiva dos recalques);
• É capaz de fornecer o real fator de segurança da estaca ensaiada se esta for
levada à ruptura (desde que o ponto previsto de instalação da célula de
carga expansiva esteja adequado);

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• Podem ser instaladas mais de uma célula expansiva ao longo da
profundidade da estaca, o que permite a obtenção de mais informações
sobre a interação da estaca com o maciço.
Por sua vez, as desvantagens são:
• Aplicável somente em estacas moldadas “in loco” com diâmetro D ≥ 35cm;
• A interpretação dos recalques não é direta;
• Demanda gaiolas de armação mais profundas.

6.2.5. Limitações e Cuidados


Em função de suas características, o ensaio em questão possui as seguintes
limitações:
• No caso de estacas que trabalhem majoritariamente por ponta (estacas com
ponta em rocha, por exemplo), não é possível realizar o ensaio bidirecional,
uma vez que não haverá atrito lateral suficiente na porção superior da
estaca (trecho situado acima da célula expansiva) para fornecer a reação
necessária;
• Especificamente no caso de estacas hélice e ômega, onde a armação é
inserida após a concretagem da perfuração, o emprego de ensaios
bidirecionais deve ser limitado a estacas cuja profundidade de instalação da
célula de carga seja menor ou igual a 15m (isto é, estacas com comprimentos
máximos da ordem de 18m), tendo em vistas as dificuldades executivas. Se
o ponto de equilíbrio não for atingido, os resultados do ensaio bidirecional
ficam limitados;
• Por motivos óbvios, este ensaio não se aplica a estacas metálicas e pré-
moldadas.
Por sua vez, os seguintes cuidados são recomendáveis:
• Aguardar um prazo mínimo de 10 a 14 dias para a cura do concreto das
estacas, bem como para a cicatrização do solo;
• No caso de ensaios em estacas hélice ou ômega que demandem a instalação
da célula de carga expansiva em profundidades entre 10 e 15m, é
recomendável investir na tecnologia do concreto para assegurar a descida
tranquila da gaiola de armação (ex: utilizar apenas pedrisco como agregado
graúdo, aumentar o “slump”, utilizar aditivo retardador de pega, etc);

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• De acordo com a norma ABNT NBR 16903, dentro de um raio de 30m da
estaca-teste, não pode haver vibrações que possam interferir nas leituras
durante o transcorrer do ensaio;
• Após a finalização do ensaio, o fornecedor deve garantir a recuperação
estrutural da trinca gerada na seção da célula expansiva através da injeção
de calda de cimento fck ≥ 30MPa (tal procedimento é padrão);

Figura 7: Injeção de calda de cimento.


• Todos os dispositivos de medição que compõem a prova de carga devem
estar protegidos e abrigados em caso de intempéries.

6.3. Ensaio de Carregamento Dinâmico (ECD)


6.3.1. Descrição Geral
Também chamado de prova de carga dinâmica, o ECD é uma metodologia que
permite a avaliação, de forma prática e rápida, da capacidade resistente de estacas
solicitadas por carregamentos axiais de compressão, bem como a integridade das
mesmas.
Simplificadamente, o ensaio em questão possibilita a medição indireta da
resistência mobilizada pela estaca (ao longo do fuste e na ponta) a partir da
introdução de um carregamento dinâmico em seu topo, o qual consiste na
aplicação de sucessivos golpes (geralmente de 2 a 4, com energia crescente) de
martelo com o auxílio de um bate-estacas.
Para tal, devem ser instalados, em uma mesma seção da estaca (respeitando-se
uma distância mínima de 1,5 diâmetros em relação ao ponto de aplicação dos
impactos), transdutores de aceleração e de deformação específica. Esses sensores

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são acoplados a um equipamento chamado PDA (“Pile Driver Analyser” – por isso o
ECD também é comumente chamado de ensaio PDA) e permitem, em conjunto, a
medição e a avaliação das ondas de tensão originadas pelo impacto do martelo e
suas reflexões ao longo da profundidade da estaca em função do tempo.

6.3.2. Detalhamento de materiais para execução


A figura 8 ilustra os principais componentes necessários à realização do ECD:

Figura 8: Materiais utilizados ECD


• 01 - Martelo;
• 02 - Acelerômetro;
• 03 - Transdutor de força / deformação;
• 04 - Equipamento de análise (PDA).

6.3.3. Metodologias empregadas


A interpretação e análise dos dados são fundamentados na equação de onda
unidimensional adaptada para levar em conta a interação solo-estaca. Para tal,
conforme especificação da norma ABNT NBR 13208:2007, as seguintes
metodologias costumam ser empregadas:
Método CASE: a estimativa da resistência mobilizada pela estaca é obtida a partir
de uma fórmula expedita, na qual adotam-se parâmetros tabelados de
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amortecimento em função dos tipos de solo. Trata-se de uma metodologia
simplificada que serve para fornecer um valor preliminar da capacidade de carga
da estaca. Além disso, a análise tipo CASE fornece dados sobre a integridade
estrutural da estaca (fator ), além de fornecer as tensões médias e máximas de
compressão e tração que atuaram na estaca, bem como a máxima energia
transferida à estaca em cada golpe de martelo (EMX);
Método CAPWAP: este método utiliza um programa computacional que estima a
capacidade de carga mobilizada na estaca com base em ajustes iterativos de um
modelo numérico. A partir da variação de alguns parâmetros da modelagem, a
análise CAPWAP busca encontrar um bom ajuste entre a curva medida em campo e
a curva calculada (tal ajuste é medido pelo índice chamado “Match Quality”, o qual
deve ser inferior a 5 para garantir uma boa qualidade na interpretação dos
resultados). Trata-se de uma metodologia mais confiável, de modo que sua
utilização é indispensável (CAPWAP ou similar) na avaliação definitiva das
capacidades de carga mobilizadas em estacas ensaiadas por ensaios de
carregamento dinâmico.

6.3.4. Observações de resultados


O resultado do ECD (método CAPWAP) consiste, usualmente, na apresentação da
curva ajustada (medida em campo x calculada) e na estimativa de uma curva “carga
x recalque” teórica (que costuma ter boa correlação com a curva real).

Figura 9: Curva ajustada x Curva medida – ECD (CAPWAP).

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Figura 10: Curva carga x Curva recalque – ECD

Além disso, são apresentadas a resistência total mobilizada na estaca, bem como
as parcelas referentes ao atrito lateral e à resistência de ponta.

6.3.5. Vantagens e Desvantagens


As vantagens são:
• Aplicável a todos os tipos de estacas;
• Rapidez na execução do ensaio (se as estacas estiverem devidamente
preparadas, é possível realizar diversos ECD’s em um único dia);
• Permite a distinção entre a parcela de carga suportada pelo atrito lateral e
a parcela resistida pela ponta da estaca;
Por sua vez, as desvantagens são:
• Demanda a mobilização de um bate-estacas, bem como a execução de bloco
de coroamento circular no topo da estaca-teste quando esta for moldada
“in loco”;
• Na maior parte dos casos, não permite a definição do real fator de segurança
da estaca (mas tende a ser conservador);
• A curva “carga x recalque” estimada pelo ECD nem sempre tem boa
correlação com a curva real (obtida a partir da PCE).

6.3.6. Limitações e Cuidados


Não há limitações quanto à aplicabilidade da prova de carga dinâmica. Por sua vez,
os seguintes cuidados são recomendáveis:
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• Aguardar um prazo mínimo de 10 a 14 dias para a cura do concreto das
estacas, bem como para a cicatrização do solo (no caso de estacas pré-
moldadas ou metálicas, aguardar ao menos 7 dias);
• Executar bloco de coroamento circular no mesmo diâmetro da estaca,
devidamente centrado e aprumado. Em geral, o bloco deve ter altura
mínima de 1,20m e possuir elevada taxa de armação, definida pelo
fornecedor do ensaio;
• O peso mínimo do martelo deve ficar entre 2 e 3% da carga que se pretende
mobilizar na estaca (que equivale a, pelo menos, duas vezes a carga de
trabalho, conforme exigências da norma ABNT NBR 6122:2019).

6.4. Ensaio de Integridade de Baixa Deformação (PIT)


6.4.1. Descrição Geral
O ensaio de integridade de baixa deformação, comumente chamado de PIT (“Pile
Integrity Tester”), não é considerado um ensaio de prova de carga. Tem como
objetivo avaliar as variações das propriedades do material que constitui a estaca
ensaiada ao longo de seu comprimento. Atualmente, não se trata de um ensaio
normativo no Brasil e, por esse motivo, utiliza-se a norma ASTM D5882-16 como
referência.
O ensaio PIT consiste na instalação de um acelerômetro de alta sensibilidade no
topo da estaca, fixado com uma cera adesiva especial, com a função de captar os
sinais de aceleração causados pelas ondas de impacto e reflexão geradas a partir
da aplicação de golpes com um martelo de mão (com massa entre 450g e 4500g).

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Figura 11: Execução de ensaio PIT

Figura 12: Acelerômetro

6.4.2. Observações de Resultados


Os sinais de aceleração em função do tempo, obtidos pelo acelerômetro, são
armazenados em um pequeno computador de mão (“Pile Integrity Tester”), onde
são integrados para gerar curvas de velocidade em função do tempo, as quais são
a base das análises qualitativas realizadas.

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De maneira simplificada, em uma estaca íntegra imersa em solo homogêneo, as
ondas de tensão devem sofrer reflexão somente na ponta, gerando curvas com o
aspecto apresentado na figura 12.

Figura 13: Aspecto de ondas geradas no ensaio PIT.

Quando existirem grandes fissuras, variações na seção transversal ou variações na


rigidez do solo, as ondas de tensão sofrem reflexões antes de atingirem a ponta, as
quais podem ser detectadas nas curvas de velocidade em função do tempo. Trata-
se, portanto, de uma avaliação qualitativa das variações de impedância da estaca,
a qual demanda profissionais capacitados e habilitados para tal.

Figura 14: Ondas de tensão.


Após as análises do fornecedor especializado, caso seja constatada a existência de
danos nas estacas, os seguintes procedimentos podem ser indicados pelos
projetistas de fundações:
➢ Para danos mais próximos da superfície, escavação ao redor da estaca para
inspeção a olho nu;
➢ Caso contrário, realização de ECD’s para melhor avaliação da integridade e
para obtenção das capacidades de carga.

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6.4.3. Vantagens e desvantagens
As vantagens são:
• Ensaio de baixo custo e alta produtividade. Assim, o PIT pode ser empregado
como um ensaio preliminar para avaliação da qualidade executiva das
estacas, servindo como indicador para a escolha das estacas a serem
ensaiadas com provas de carga.
As desvantagens são:
• Se a estaca apresentar anomalias ou fissuras em regiões muito próximas ao
topo, o resultado obtido provavelmente será inconclusivo;
• Danos muito próximos da ponta da estaca podem ser impossíveis de
detectar com o ensaio PIT, já que a reflexão causada pelo dano poderá ser
confundida com a própria reflexão de ponta.

6.4.4. Limitações e cuidados


• O ensaio PIT não é recomendado para estacas metálicas (de qualquer seção),
raízes e pré-moldadas com emenda;
• Aguardar um prazo mínimo de sete dias de cura para o caso de estacas
moldadas “in loco”;
• É recomendável que o ensaio PIT seja realizado em estacas com relação
comprimento / diâmetro (L/D) inferior a 30.

Elaborador
Especialistas de Infraestrutura e Coordenador de P&D.
Aprovador
Gerente de P&D.
Responsável
Gerente de Inovação e Desenvolvimento de Produtos

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