Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Volume 4
Madalena Zaccara
Recife, 2014
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Reitora: Maria José de Sena
Vice-Reitor: Marcelo Brito Carneiro Leão
Pró-Reitor de Administração: Gabriel Rivas de Melo
Pró-Reitor de Atividades de Extensão: Delson Laranjeira
Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Mônica Maria Lins Santiago
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: José Carlos Batista Dubeux Júnior
Pró-Reitor de Planejamento: Romildo Morant de Holanda
Pró-Reitor de Gestão Estudantil: Severino Mendes de Azevedo Júnior
Zaccara, Madalena.
História das Artes Visuais / Madalena Zaccara – Recife: Unidade Acadêmica de Educação a Distância
e Tecnologia, UFRPE, 2011. 1ª edição.
Apresentação..................................................................................................................... 5
Arte e consumo: a Pop Art............................................................................................... 7
Sobre “O que será que torna os lares de hoje tão diferentes, tão
atraentes?”.................................................................................................................. 7
A Arte Pop em território americano............................................................................. 8
Sobre os artistas citados........................................................................................... 13
A desmaterialização do objeto: a arte conceitual e outras formas
de expressão................................................................................................................... 17
Sobre os artistas citados........................................................................................... 23
A volta da pintura: Neo-expressionismo e Transvanguarda....................................... 27
Artistas citados no capítulo....................................................................................... 32
A terra como referência: Land Art, ecologia e pós-modernidade.............................. 35
Sobre os artistas citados no capitulo........................................................................ 40
O corpo como suporte ou meio: Body Art & Performance......................................... 43
Sobre a performance como arte do corpo................................................................ 44
Sobre a Body Art: o corpo como material e meio...................................................... 47
Sobre alguns artistas citados.................................................................................... 54
Novas mídias na pós-modernidade: Instalação, Videoarte e Web Art....................... 59
Sobre as instalações e suas hibridizações............................................................... 60
Sobre o videoarte como novo recurso tecnológico no meio artístico
da visualidade........................................................................................................... 63
Sobre a web art......................................................................................................... 64
Sobre os artistas citados........................................................................................... 66
Referências...................................................................................................................... 70
Sobre a Autora................................................................................................................. 72
Apresentação
Os anos 60 marcaram não somente a eclosão dos movimentos
artísticos que tinham como objetivo maior falar da nossa vida, do dia
a dia de cada um de nós. Eles mostram um fenômeno que expressa,
dentre outras coisas, uma cultura de globalização e da sua ideologia
neoliberal e que, em essência, implica no fim do grande discurso da
modernidade que tinha, como palavras de ordem, a autenticidade, o
gênio, a inovação e, como objetivo principal, romper com um passado
e com sua estética estabelecida.
5
tais como pintura, escultura, fotografia, instalação, desempenho,
vídeo, web, etc. Poderíamos defini-la como uma espécie de guarda-
chuva que abriga diversas correntes e movimentos tais como: arte
conceitual, arte ecológica, minimalismo, arte comunitária, arte pública
e as várias opções tecnológicas. Em síntese: ela é interdisciplinar e
não disciplinável. Não obedece, portanto, a códigos estabelecidos
como acontecia no século XIX com as Academias ou no século XX
com a filiação dos artistas a determinados movimentos artísticos,
mesmo que temporariamente.
Você Sabia?
●● Neoliberalismo é a doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de
mercado.
●● Narcisista é aquele que tem paixão por si mesmo. Vem do mito grego de Narciso
que se apaixona por sua própria imagem refletida na água.
●● Hedonista é o adepto da doutrina filosófica que afirma ser o prazer o bem maior da
vida humana. O hedonismo moderno entende o prazer como felicidade.
6
C a p í t u l o 18
Objetivos do Capítulo
Vamos tentar compreender a proposta Pop baseada em uma estética impessoal e,
mesmo, coletiva; na ideia da máquina, do consumo e da reprodução em série. Vamos
estudar suas causas e seu desenvolvimento no universo das artes visuais.
7
Pesquise... Saiba Mais
O que será que torna A obra foi concebida como um pôster para ilustrar o catálogo da exposição Este é o
os lares de hoje Amanhã, do Independent Group, na Whitechapel Gallery, em Londres, no ano de 1956.
tão diferentes, tão A composição trata de uma cena doméstica dos novos tempos e é feita com recortes de
atraentes? Richard
anúncios tirados de revistas de grande circulação. Um casal formado por um halterofilista
Hamilton. 1956. Colagem.
e uma pin-up exibe o seu way of life que é formado com objetos da vida moderna:
televisão, aspirador de pó, enlatados, produtos em embalagens vistosas etc.
8
além de símbolos que se incluiam nessa categoria. A, por assim dizer,
“desmistificação” das artes visuais caminhou, portanto, em paralelo à
sua aceitação comercial. Nada mais de artistas morrendo de fome à
la Van Gogh. O artista contemporâneo (e o Pop em particular) é bem
sucedido, de incrível sucesso comercial e midiático.
O emprego das cores fortes estabelece uma distância irônica entre o espectador e o
tema. Qualquer coisa de um voyeurismo consumista. O ídolo é quase palpável, mas se
Pesquise...
encontra na vitrina como um produto desejado e fora do alcance. O sensacionalismo que Drowning Girl. Roy
cerca os novos mitos produzidos também é evocado e, de certa maneira, ironizado. Lichtenstein. 1963. Museu
de Arte Moderna de Nova
A repetição da imagem remonta aos cartazes e luminosos de propaganda que formam York.
o cenário urbano das grandes metrópoles e que fascinam o espectador com promessas
que parecem tangíveis. Por outro lado, a diva se confunde em meio a produtos que
ocupam o mesmo status no universo do consumo diário tais como uma banana ou uma
garrafa de Coca-Cola.
Pesquise...
Typewriter Eraser.
Os quadrinhos feitos à óleo de Liechtenstein, os enormes sorvetes, Claes Oldenburg. 1999.
colheres, cerejas ou hambúrgueres de Oldenburg ou os nus de Fiberglass.
9
inícios de sua carreira, ainda se procurando, que submete ao cineasta
Emile de Antonio, seu amigo, dois quadros representando cada um
uma garrafa de Coca-Cola. Em um a garrafa estava toda colorida (se
aproximando da abstração) e em outro reproduzida em preto e branco
no estilo gráfico que será próprio da Pop Art. O amigo não hesitou
e disse: “Andy, o quadro abstrato é uma droga. O outro é marcante.
É nossa sociedade. É o que nós somos...”. Andy, que queria ser um
espelho dessa sociedade semelhante a uma garrafa de Coca, seguiu
seu conselho. Ele passou a escolher e multiplicar imagens que
constituem o seu (e o nosso) cotidiano.
10
Saiba Mais Pesquise...
Rubens Gerchman usa os materiais que a civilização da vulgaridade oferece, mas alia O Banco de Trás.
essa condição a uma observação aguda do mundo que o cerca e que se reveste, por Rubens Gerchman. 1985.
Acrílico sobre tela.
vezes, de uma profunda ironia. Ele não compactua com a banalidade dos costumes ou
com a violência da arbitrariedade militar. Ele denuncia tanto a violência política quanto a
hipocrisia da classe média.
Na série O banco de trás, ele ri de uma sociedade que se refugia nos automóveis para
esconder o sexo óbvio e nos propõe uma reflexão sobre a nossa própria história. A rotina
dos bancos de trás dos automóveis, própria da época, é exposta através das imagens
dos casais em posições incomodas dentro de automóveis estacionados nos parques e
ruas convencionados como próprios para tais atividades em uma época na qual o Brasil
não havia ainda descoberto os motéis.
Nesse momento, sua figuração abandonou a pintura chapada anterior que visa
representar os cartazes de publicidade, para investir em um momento mais
expressionista.
Em relação aos temas, porém ele permaneceu fiel, colocando em cena personagens
sem identidade ou mitos da classe média, próprios dos subterrâneos da cidade grande.
Buscou os quinze minutos de fama preconizados por Warhol nas páginas criminais onde
essa gente esquecida tem suas manchetes que os tornam notórios pelo espaço de
tempo em que o jornal vai servir para embrulhar o peixe de amanhã.
11
preguiçando na rede ou o conhecido “caga lona”, carona de caminhões que circulam por
ruas e estradas nordestinas e brasileiras.
Cores vibrantes e um clima de registro amarra sua pintura que não nos fala de ídolos
cosmopolitas, mas de gente comum em atividades comuns na região retratada: o
Nordeste do Brasil. O conjunto de cenas observadas é registrado de uma forma quase
naif. Seus quadros, sempre muito coloridos são o resultado da análise do espaço
observado: as imagens reais do imaginário nordestino.
Você Sabia?
●● Cultura de massa, que também é chamada de cultura popular ou pop, é o resultado
das ideias, conceitos, perspectivas e percepções de uma cultura (ocidental)
emergente fortemente influenciada pela mídia.
●● Pintura chapada é uma pintura homogênea, com áreas determinadas de uma só cor
e de características bidimensionais.
Saiba Mais
Vamos mergulhar na internet enquanto ferramenta de nosso tempo buscando sempre
sites confiáveis e pessoas credenciadas. Dessa forma vamos ler um pouco mais sobre
pós-modernidade buscando maiores informações sobre ela no artigo Considerações
sobre modernidade, pós-modernidade e globalização nos fundamentos históricos
da educação do professor Nilson Thomé que poderemos encontrar seguindo o link:
http://www.achegas.net/numero/quatorze/nilson_thome_14.htm
12
Sobre os artistas citados
●● Richard Hamilton: O artista nasceu em 1922 na Inglaterra.
Ele definiu as imagens vinculadas nos meios de comunicação
de massa, base de inspiração da arte pop, como “populares,
transitórias, consumíveis, produzidas em massa, jovens, em
escala empresarial, de baixos custos, humorísticas, sexy, ardilosas
e glamourosas”. Polivalente, ele pintou, desenhou e fotografou,
produziu colagens, instalações e designs. É considerado o pai da
Pop Art.
13
2002. Começou a pintar em 1945 quando passou a reproduzir
objetos do cotidiano da cultura popular americana. Em 1965 ele
teve sua primeira retrospectiva integral em cinco importantes
museus americanos.
14
para Nova York e estudou na Cooper Union Escola de Artes e
Arquitetura. O artista ganhava a vida trabalhando como caricaturista
em vários jornais e revistas. No final dos anos cinquenta criou uma
série de colagens em pequeno formato e posteriormente suas
conhecidas séries Great American Nudes e Still Life. Sua escolha
por motivos triviais o tornou um dos principais artistas da Pop Art
americana.
15
e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU-USP. Em suas
primeiras obras, o artista revela a influência da arte pop, pelo
uso de imagens retiradas dos meios de comunicação de massa.
Trabalha com temáticas políticas e urbanas, utilizando, com
frequência, técnicas como a serigrafia. Tozzi viajou a estudos para
a Europa em 1969 e, a partir dessa data, seus trabalhos revelam
uma maior preocupação com a elaboração formal e perdem o
caráter panfletário que os caracterizava. Começou a desenvolver
pesquisas cromáticas na década de 1970. Nos anos 80, sua
produção abriu-se a novas temáticas figurativas com aves e
paisagens brasileiras.
Pesquise... Atividades
Drowning Girl. Roy A partir das duas imagens indicadas ao lado, estabeleça paralelos entre a Pop Art
Lichtenstein. 1963. Museu americana e a brasileira. Discuta com seus colegas os pontos comuns entre ambas as
de Arte Moderna de Nova expressões Pop em contextos diferentes. Para finalizar o exercício liste os pontos em
York.
comum e os diversos.
Pesquise...
Guevara Vivo ou
Morto. Claudio Tozzi.
1967. Acrílico sobre
aglomerado.
16
C a p í t u l o 19
A desmaterialização do
objeto: a arte conceitual
e outras formas de
expressão
Objetivos do Capítulo
O que é arte conceitual? Qual é a sua proposta? Nesse capítulo discutiremos conceitos,
origens e atuação dessa forma de expressão artística ainda tão hermética para tantos de
nós, pois, afinal: quem tem medo da arte conceitual?
17
julgamentos estéticos e a participação do espectador como elemento
atuante na obra de arte. Catherine Millet, a crítica de arte americana,
assim se expressa sobre a importância de Duchamp para o conceitual
que é marcante na produção artística contemporânea:
Os músicos, durante a ação, tocavam uma nota repetida dez minutos e em seguida um
silêncio. Klein, ator e espectador, observava o desenrolar da cena que havia concebido
na qual se unia teatro, música, pintura e performance.
18
A definição e a vivência dessa arte baseada no conceito foi
aprofundada principalmente por Joseph Kosuth que em seu ensaio
Art after Philosophie4 explica que a arte deve se interrogar sobre Saiba Mais
sua própria natureza. O desafio do artista consistia em descobrir e 4
Citado por Marc
Jimenez. La querelle de
definir a natureza e a linguagem da arte e que ela é um pretexto para
lárt contemporain. Paris:
uma reflexão, uma conceitualização. Ela é feita para envolver a mente Gallimard, 2005. p. 92.
do espectador e não só o seu olhar.
Saiba Mais
Neste trabalho o artista expõe uma cadeira, a fotografia do objeto e a definição do Pesquise...
nome “cadeira” extraída de um dicionário. Ele se propõe, dessa forma, a conscientizar o Uma e três cadeiras.
espectador sobre a natureza da integração entre uma ideia e sua representação visual e Joseph Kosuth. 1965.
linguística (verbal). Instalação.
Pouco importa a natureza do material da cadeira ou seu aspecto estético. Não se trata de
provocar uma emoção, mas a interrogação do ator/espectador sobre a natureza da arte,
da ideia, do conceito.
19
institucionalizados6.
Saiba Mais Se nos anos 70 a maior preocupação dos artistas conceituais era a
linguagem da arte posteriormente ampliou-se o seu campo de atuação.
6
Marc Jimenez.
La querelle de lárt Dessa forma alguns passaram a investigar fenômenos naturais como,
contemporain. Paris: por exemplo, Walter de Maria e seu Campo de Forças no qual ele
Gallimard, 2005. Op. Cit.
p. 152. interfere diretamente na natureza tentando interagir com ela.
Saiba Mais
Pesquise... O artista trabalha com a Land Art (arte da terra) desde a década de 60. Nessa ação
Campo de Forças. construída numa planície semidesértica do Novo México, nos Estados Unidos, ele
Walter de Maria. 1971- se utiliza de quatrocentas estacas de sete metros de altura, colocadas numa matriz
1977. geométrica rigorosa.
O objetivo é, em uma zona assolada por tempestades, atrair os raios fazendo com que a
ação humana provoque a da natureza e gerando um fenômeno de grande dramaticidade
para o olhar do espectador.
Saiba Mais
Pesquise... Desde 04 de janeiro de 1966 o artista deu início à série Hoje que consiste no registro
Hoje. On Kawara. Pintura do dia em letras brancas, simples, contra um fundo monocromático. A data é sempre
em série. Tinta, tela, documentada na língua (e utilizando as convenções gramaticais) do país em que a
jornal. pintura é executada.
As pinturas são executadas em um dos oito tamanhos escolhidos pelo artista. Todos com
orientação horizontal. As datas nas pinturas são sempre centradas sobre a tela. As cores
do fundo podem variar. As pinturas dos primeiros anos tendem a ter cores fortes e as
mais recentes são de tom mais escuro.
Kawara até agora criou pinturas-data em mais de 112 cidades em todo o mundo em um
projeto que está previsto para terminar somente com sua morte.
20
Continuando a enumeração das atuações dos artistas conceituais
nas diversas instâncias propostas para análise e/ou interferências
verificaremos que alguns artistas do conceito se propõem também
a explorar o poder da arte como agente transformador de vidas ou
instituições e, mesmo, a criticar as estruturas de poder do universo da
arte ou as condições políticas e sociais do planeta. Nesse nicho se
insere o trabalho de Joseph Beuys do qual citaremos, como exemplo,
a ação realizada em Dusseldorf, na Galeria Schmela, em 1965,
intitulada Como explicar pintura a uma lebre morta.
Suas “ações” ganham o sentido de verdadeiros rituais, que mostram Beuys em um estado
de concentração e de intensidade cuja força comunicativa, frequentemente qualificada de
fascinação, é atestada por todos os presentes. Em seu trabalho a presença de animais
é uma constante.
Nesta ação específica, o artista com o rosto envolto em mel e pó de ouro, vestido com
camisa, calça social e colete entrou na galeria carregando uma lebre morta. Lá dentro,
trancado com o animal por três horas ele se pôs a andar pela galeria parando diante de
cada obra na parede para sussurrar algo na orelha do animal morto. Do lado de fora, o
público não conseguia ouvir nada. Só acompanhava os movimentos da dupla pela vitrine
de vidro e pelas janelas da galeria.
A metáfora utilizada tenta passar a ideia de que é mais fácil ensinar arte a uma lebre
morta de que ao público de maneira geral. Através deste trabalho (e de outros) Beuys
tenta transformar a sociedade ou chamar atenção para as suas contradições.
21
exemplo contundente de como a arte conceitual se processou no
país. Um dos mais significativos artistas de sua geração, sua atuação
coincide com o fechamento político.
A cidade de Recife serve como suporte para muitas das ações dos
artistas desde a década de 70 até os dias que correm. No trabalho
Recife em Recife, o centro da cidade vira uma galeria aberta onde
o próprio espaço urbano (apropriado por Paulo Bruscky) é proposto
como obra de arte. Dessa forma “a Avenida Guararapes à noite”;
“o Rio Capibaribe visto do quinto andar do Edifício Tereza Cristina”;
“a madrugada na Avenida Conde da Boa Vista” transformam-se em
trabalhos artísticos.
22
Saiba Mais
As Noivas de D. Gatão. Daniel Santiago. 2008.
A ação foi filmada com direção de Ana Paula Teixeira gerando um vídeo-poema que
registra a ação de Santiago e de seus companheiros nas ruas da capital pernambucana.
Saiba Mais
A revista Tatuí é uma publicação dirigida por jovens críticos de arte pernambucanos
formados no curso de Artes Plásticas da Universidade Federal de Pernambuco. Vamos
ler esse artigo Ponderações em torno das intervenções urbanas de Paulo Bruscky,
de autoria de Fabrícia Jordão, publicado neste periódico seguindo o link http://revistatatui.
com/revista-online/ponderacoes-em-torno-das-intervencoes-urbanas-de-paulo-bruscky/
23
natureza da arte.
24
classe média. Como muitos alemães de sua geração ele acabou
tendo uma relação com o nazismo cuja ideologia assombrou
Richter causando aversão a qualquer processo ideológico. Ele
estudou na Academia de Arte de Dresden na Alemanha Oriental
comunista. Anos mais tarde e poucos meses antes da construção
do Muro de Berlim, ele e sua esposa fugiram. Durante o início
dos anos sessenta Richter conheceu e começou a trabalhar
com artistas como Sigmar Polke, Konrad Fischer-Lueg e Georg
Baselitz. Começou então a conceber arte dissociada de seu
processo histórico. Em 1972, Richter foi escolhido para representar
a Alemanha na Bienal de Veneza.
25
1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília. Em
1967, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou na Escola
Nacional de Belas Artes. Sua obra conceitual é embasada em um
pensamento político. Desenvolveu séries de trabalhos inspirados
em fatos brasileiros, em papel moeda, como Zero Cruzeiro e Zero
Centavo e em questões acerca de unidades de medida do espaço
ou do tempo.
Atividades
Faça um pequeno texto sobre a diferença entre a expressão artística tradicional e a
conceitual.
26
C a p í t u l o 20
A volta da pintura:
Neo-expressionismo e
Transvanguarda
Objetivos do Capítulo
Como se processou o retorno de uma mídia artística que foi considerada “morta” após
a desmaterialização do objeto, do conceito e demais meios de expressão artística que
priorizavam a ideia em relação à matéria! A pós-modernidade, historicista, recuperou a
pintura como meio. Nesse capítulo vamos compreender como isso se processou.
27
Dentro dessa realidade o Neo-Expressionismo, que aderiu a pintura
“morta”, surgiu inicialmente nos anos 80, na Alemanha, tendo a
Pesquise... frente artistas como Georg Baselitz, Anselm Kiefer, Sigmar Polke
Innenraum. Alselm entre outros. Esse Neo-Expressionismo, internacionalista, também
Kiefer. 1981.
vai aparecer com outros nomes em outros países tais como:
Figuration Libre, na França, ou Bad Painters nos Estados Unidos ou
Transvanguarda, na Itália. Outros artistas não se afiliaram a grupos,
Pesquise... mas tinham o mesmo perfil dessa pintura expressionista. É o caso de
Sigman Polke. 2007. Jenny Saville (Inglaterra) ou Claude Simard (Canadá).
Saiba Mais
A artista pinta retratos intimistas, quase sempre auto-retratos onde o inconformismo
é o tema. Como conviver em face dos padrões estabelecidos para nossos corpos?
Pesquise... Trabalhando na escala de cartazes de publicidade ela se representa questionando os
Branded. Jenny Saville. padrões do “bom gosto” em uma época de dietas e intervenções cirúrgicas que “colocam”
Óleo sobre tela. 1992. o corpo dentro dos padrões admissíveis.
Ela representa-se obesa, por vezes, com o corpo cheio de marcações próprias das
intervenções cirúrgicas estéticas. Outras vezes a sua forma humana é reduzida a cortes
da carne, mesmo pendurada como se fosse objeto de exposição em um açougue.
Através de sua obra ela desafia convenções interrogando (dentro de uma ótica feminista)
a própria História da Arte através do elenco de corpos representados por Rubens, por
exemplo.
28
vários artistas relatando os dramas suburbanos americanos. Entre
eles figura Eric Fischl que invoca como tema o conformismo do sonho
americano.
29
presença destacada. Os corpos que povoam essas telas por vezes se
apresentam em primeiro plano como em certos trabalhos de Sandro
Chia.
A figura feminina que cai em meio a bancos e cacos de vidro tem a majestade das
antigas esculturas e deve ter referência com a infância do artista feita de mulheres
italianas marcantes e corpóreas (de um erotismo escondido) que o artista recupera. Por
outro lado, Chia brinca com seus personagens registrando-os em situações hilárias do
cotidiano como a do trabalho em questão.
30
A artista lidava, também, com motivos figurativos presentes na cultura popular. Admitindo
não saber desenhar ela se apropria dessas imagens. Dessa forma ela dá sentido à
pintura reinventando uma nova forma de pintar.
O suporte recebeu esses desenhos que são a expressão de seu universo pessoal,
mas que se comportam como antropomorfos que poderiam fazer parte de uma pintura
rupestre. É uma herança que aproxima a arte e a sua própria história. Uma expressão do
universo de contaminações que permeia a produção artística contemporânea.
Você Sabia?
●● Figuration Libre foi um movimento artístico que aconteceu na França do início
dos anos 80. Os artistas que constituíram o movimento liderado por Hervé Padriolle
tomaram a liberdade de uma figuração que englobava, sem hierarquia de valores, as
várias formas de expressão pictórica sem fronteiras culturais ou geográficas.
●● Bad Painters (maus pintores) foi um movimento americano dos anos 80 que
seguindo os cânones da pós-modernidade, se posicionou contra a ortodoxia
da modernidade criticando a “boa pintura” da época e recusando-se a um estilo
específico. Enfim, rejeitando regras e compromissos. Entre seus membros destacam-
se Julian Schnabel, Werner Büttner e Albert Oehlen.
●● American way of life diz respeito a maneira americana de viver, um estilo de vida
próprio àquela cultura.
31
●● A indústria cultural pode ser definida como sendo um conjunto de empresas e
instituições que têm como objetivo (utilizando os crescentes recursos midiáticos)
produzir, distribuir e transmitir um conteúdo artístico-cultural visando o lucro.
Saiba Mais
Leia um pouco mais sobre uma artista nordestina que participou desse momento da
pós-modernidade. Leia o artigo Texto e imagem, memória e ficção na obra de Alice
Vinagre da prof. Dra. Madalena Zaccara publicado nos Anais da ANPAP (Associação
Nacional dos Pesquisadores de Artes Plásticas) seguindo o link http://www.anpap.org.br/
anais/2009/pdf/chtca/madalena_de_fatima_zaccara_pekala2.pdflho
32
Em 1990 fez sua licenciatura na Glasgow School of Art. Pintora,
ela trabalha com temas que questionam padrões de beleza
estabelecidos. Suas telas apresentam seus grandes nus que são
auto-retratos. Sua postura feminista questiona o condicionamento
da mídia em relação ao corpo da mulher.
33
Realizou exposições pessoais em circuito artístico internacional.
Atividades
A partir de uma divisão da turma em equipes de no mínimo três alunos, cada grupo
formado deve pesquisar uma imagem de um artista do Neo-Expressionismo ou
Transvanguarda (não explicitada – a imagem – no texto) e a analisar. Procurem a
biografia de seu criador, discorram sobre o momento abordado, falem sobre a imagem
em si descrevendo o que vêem e sentem no que diz respeito à técnica e à temática do
quadro.
34
C a p í t u l o 21
Objetivos do Capítulo
Conhecer mais uma expressão das Artes Visuais em relação a seus múltiplos suportes e
plataformas. O suporte, no caso, é a própria terra, planeta que habitamos, a plataforma é
chamar atenção para ela.
35
Essa tendência da arte contemporânea, conhecida como Land Art (ou
Earth Art) iniciou-se nos Estados Unidos no final dos anos 60. Como
as várias correntes artísticas pós-modernas ela visava expandir as
fronteiras da arte em relação à vida. Com esse objetivo, contrapondo-
se à Arte Pop que se interessava pela cultura urbana, a Land Art
busca seu foco fora da cidade. Ela vai, portanto interferir na natureza
em grande ou pequena escala com ações mais ou menos efêmeras
que objetivam utilizar o meio ambiente como suporte e chamar a
atenção para ele.
Saiba Mais
Talvez uma das primeiras ações nesse sentido
11
Maria Amelia Bulhões.
Propostas ecológicas tenham sido, nos anos 70, os trabalhos de Land
na web arte in http://seer. Art. Artistas como Robert Smithson, com sua Spiral
ufrgs.br/PortoArte/article/ Jet, lançavam um olhar sobre as agressões ao
viewFile/18788/10966
meio ambiente levadas a termo pelas explorações
econômicas. Ainda que a maioria dos projetos de
Land Art enfoque, preponderantemente, questões
de linguagem e aspectos estéticos, o pano de
fundo de todos eles eram as relações do homem
com a natureza11.
36
infernais – montes de escória, minas e rios poluídos.” É num desses
“infernos” que o artista intervém.
A obra teve financiamento e para a sua construção foram usados caminhões e tratores
como meio para interferir no suporte (a terra e a água). A construção durou seis dias e,
apesar de ser feita em pedra e rocha, a obra está sujeita às intempéries, mantendo assim
seu caráter efêmero.
Saiba Mais
A marcação feita pelo artista de sua caminhada em linha reta com material encontrado
no local ilustra bem a ideia de Long de fazer arte do nada, deixando vestígios efêmeros
(em grande escala) nos muitos lugares que ele percorre a pé, andarilho que é.
Com essa ação ele convida o espectador de seus registros a recriar de forma imaginária
37
o seu deslocamento por essas terras isoladas, locais intocados pelo homem, que ele
atravessa.
38
efêmera e não deixam rastros (excluindo-se os já citados registros
das ações) que possam perturbar paisagens ou urbes e o material
utilizado é reciclado industrialmente.
As ilhas cercadas foram observadas pelo público da terra, da água e do ar. A cor rosa
brilhante se harmonizava com a vegetação das ilhas desabitadas e com o céu azul de
Miami. A beleza natural, realçada, foi apresentada pela arte para o público.
Como em outras ações da dupla (segundo ela), os recursos foram conseguidos com a
venda dos desenhos preparatórios e maquetes do projeto.
39
vocabulário.
O artista plástico que já trabalhou com materiais inusitados como ketchup, açúcar e calda
de chocolate, gel para cabelo e lixo se apropria de mais um: a terra.
Você Sabia?
●● As linguagens híbridas em artes visuais dizem respeito ao uso de múltiplos meios
de expressão em um mesmo trabalho.
●● Cultura urbana seria uma forma de expressão de grupos sociais que atuam na urbe.
●● Sítios arqueológicos podem ser definidos como locais utilizados por grupos
sociais anteriores ao nosso para as suas habitações e atividades e cujos vestígios
encontram-se ali, naquele espaço.
Saiba Mais
Vamos ler o artigo de Maria Amélia Bulhões, Propostas ecológicas na Web Arte,
que você pode encontrar acessando o link http://seer.ufrgs.br/index.php/PortoArte/article/
view/18788/10966
40
tinham como objetivo serem vivenciadas fisicamente. O artista
começou sua carreira como pintor, mas na segunda metade da
década de 60 partiu para instalar trabalhos em espaços abertos.
41
e o fato derivou em uma parceria muito bem sucedida. Começaram
a experimentar a modalidade artística que os destacou: o
empaquetage (empacotamento) em 1958. Eles mudaram-se para
Nova York em 1964, onde passaram a conceber projetos colossais
de empacotamento. De modo geral esses projetos levam muito
tempo para serem concretizados exigindo negociações para sua
execução.
Atividades
A turma pode ser dividida em grupos. Cada um deles se encarregará de buscar em livros
(ou informações na Internet) uma imagem de um artista que se interessou pela Land Art.
A partir dessa imagem deve-se pesquisar a biografia do autor e descrevê-la de forma
sintética. Cada grupo deverá apresentar seu trabalho para os demais grupos. A imagem
e o artista deverão servir de tema para debate.
42
C a p í t u l o 22
Objetivos do Capítulo
Estudar as transformações artísticas que permitiram que o corpo assumisse o papel
de suporte ou veículo do fazer arte tendo em vista a diversidade de expressões da
contemporaneidade artística.
A ação pode ser definida como uma forma de arte que combina
elementos do teatro, das artes visuais e da música. Nesse sentido,
ela poderia ser associada ao happening que também usa os mesmos
elementos além do corpo como veículo de expressão. A diferença,
portanto, estaria exatamente no espectador. No público. No happening
esse espectador participa da ação enquanto que na performance, de
modo geral, não há participação do público.
43
A performance chegou a ser aceita como meio de
expressão artística por direito próprio na década
de 1970. Nesse momento a arte conceitual – que
insistia em uma arte de ideias acima do produto, em
uma arte que não pudesse comprar-se ou vender-
se – estava em seu apogeu e a performance foi
Saiba Mais uma demonstração, uma execução dessas ideias13.
13
Roselee Goldberg.
Performance Art. Entretanto, também segundo a mesma autora, as manifestações
Barcelona: Ediciones performáticas remetem ao futurismo e a “sua história começa em 20
destino, 1996. p. 7.
de fevereiro de 1909 em Paris com a publicação do primeiro manifesto
futurista no periódico Le Figaro”. A década de 70 então “legitimou” a
Performance como forma de expressão no campo das artes visuais.
44
do mundo do comércio.
45
Pesquise... Saiba Mais
Alegria da Carne. O seu trabalho centra-se em torno do corpo e da sua posição como mulher no mundo.
Carolee Schneemann. Em sua busca de novas formas de expressão ela utiliza seu corpo como veículo. Na
1964. Foto de vídeo da performance Alegria da Carne ela utiliza o seu e o de outros participantes da ação.
Ação.
A obra foi apresentada em Paris e Nova York, indubitavelmente o eixo hegemônico do
universo da arte pós-moderna. Sua proposta era aguçar os sentidos, chamar a atenção
para eles. Juntar as sensações táteis, do gosto, olfativas e auditivas em uma mesma
ação performática.
Atores com os corpos cobertos por sangue e restos de animais interagem (entre eles
e com cadáveres de animais) ao som de música. Um ritmo de orgia ritual embasa a
proposta.
Pesquise...
Escalada não
Saiba Mais
anestesiada. Gina Pane. Nessa ação a artista sobe e desce uma estrutura metálica com apoios cortantes,
1971. mutilando-se na presença dos espectadores. O ritual da dor é profundamente explorado.
46
O objetivo da artista é causar empatia com o público no sentido de que o corpo é comum
a todos no sentido do sofrimento.
material e meio
Esse gênero de expressão artística pode ser visto como um
prolongamento da arte conceitual e também se liga a ideia de
Performance, embora ele normalmente seja feito de forma privada e
só posteriormente comunicado ao público.
47
Pesquise... Saiba Mais
Esculturas vivas. Piero Inspirando-se em Duchamp, o italiano Piero Manzoni subverte a ideia tradicional da arte
Manzoni. 1961. no sentido da reprodução mimética do corpo e da assinatura da obra pelo artista. Ele
assina pessoas, modelos ou não, transformando-as assim na própria obra de arte.
Ao se apropriar dessa forma do corpo humano como suporte ele inspira, por sua vez, os
artistas que o seguem nessa pesquisa e que vão explorar múltiplos questionamentos que
envolvem arte e vida utilizando o corpo como veículo.
48
formas de violência contra seu corpo passivo tais como arrancar suas
roupas e cortá-la, o público decidiu interromper a apresentação, pois
alguém chegara ao ponto de apontar uma arma carregada contra a
sua cabeça.
Ela apóia-se na discussão feminista e identitária bem como ataca a ideologia cristã que
estabelece a sacralidade do corpo. Sua plataforma é estabelecer a liberdade do indivíduo
em relação a si mesmo.
49
Pesquise... Saiba Mais
Experiência n. 3. Flávio Nas ruas de São Paulo o artista lançou o que ele chamou de seu traje de verão masculino
de Carvalho. Ruas de enfrentando um público diferenciado vestido de saia, meias e camisa de mangas bufantes
São Paulo. Fotografia. que, segundo o artista, é o traje mais apropriado para o clima tropical brasileiro.
1956.
Seu alvo era o convencionalismo social que determina padrões de comportamento. Sua
atitude de procurar interagir com o espectador naturalmente teve grande influência sobre
as ideias e ações das gerações posteriores em relação aos trabalhos artísticos que
utilizam como meio o corpo do artista.
50
frequência e apoio.
Nos computadores abre-se uma sala de estar virtual onde o público da Bienal e
internautas de todos os contextos, do globo, podem interagir e estar. A proposta do grupo
é buscar a comunicação entre o real e o virtual criando uma relação expandida via rede
mundial de computadores.
51
que é a arte? Para que serve? foi realizada nas ruas de Recife na década de setenta
em plena repressão militar. Entretanto, ela não se volta para uma política de reação à
ditadura mas questiona a política que se relaciona à própria arte.
Nela o artista se exibe em uma vitrine levando nas mãos um cartaz com a interrogação
que dá tema à performance. Tratando de um assunto distante de uma possível interação
entre arte/público naquela conjuntura o artista trabalha entre os limites da incompreensão
por parte do mesmo público para o qual se volta a ação.
Saiba Mais
Pesquise... A ingestão de uma “sopa de pedra” ocorre sempre numa instalação denominada “Barco”.
A sopa de pedra. Oriana Ela senta em uma mesa e serve-se da sopa que é resultante de uma mistura de pedras
Duarte. 1997-2003. pertencentes ao local onde a performance se realiza. As pedras são cozidas em água por
Fotografia. meia hora e depois exposta na apresentação em um grande caldeirão.
É uma obra ritualística que fascina o espectador pela repetição dos gestos e que é
difundida pelo vídeo da ação posteriormente. O estranhamento do público deve-se a
repetição ritual de uma ação banal de todo dia: o tomar sopa, mesmo que ela seja de
pedra.
52
diálogo com o espectador, esteja ele presente ou não na ação.
Você Sabia?
●● Difusão midiática é o conhecimento por parte do público resultante da divulgação
ou publicidade de um acontecimento através das várias mídias: filmes, televisão,
rádio, cartazes de publicidade etc.
●● Eventos multidisciplinares são aqueles (em artes visuais) que reúnem várias
formas de expressão. Por exemplo: pintura, performance, música, teatro etc.
●● Apropriação em artes visuais tem a ver com a ação de buscar em outras linguagens
ou em outros artistas ou obras, elementos para a sua criação.
Saiba Mais
Leia o artigo de Madalena Zaccara e Marluce Vasconcelos nos Anais da ANPAP
(Associação Nacional dos Pesquisadores de Artes Plásticas) intitulado Construção e
desafio: o discurso poético na obra de Oriana Duarte disponível em http://www.anpap.
org.br/anais/2009/pdf/chtca/madalena_de_fatima_zaccara_pekala1.pdf
53
Sobre alguns artistas citados
●● John Cage: O artista nasceu em 1912 em Los Angeles, EUA, e
faleceu em 1992 em Nova York. Ingressou na universidade em
1932, mas não satisfeito resolveu abandoná-la e viajar para a
Europa. Começou a pintar e compor. Voltou aos EUA e dedicou-
se à música e a filosofias orientais, principalmente ao zen
budismo, incorporando elementos desses conhecimentos às suas
composições. Consagrou-se, agregando o silêncio como parte da
criação musical.
54
na sexualidade.
55
intervenções visando discutir conceitos de beleza ou revisitar a
beleza na própria História da Arte.
56
●● Amanda Mello: A artista pernambucana também dedica-se à
performance entre outras mídias. Graduada em Educação Artística
pela Universidade Federal de Pernambuco em 2006 ela mostrou
seu trabalho em circuito nacional, se aventurou pelo internacional
e ganhou vários prêmios, entre os quais o Prêmio Xamex de Arte
Jovem do Instituto Tomie Ohtake com a performance Isolante.
Atividades
Forme um grupo escolhendo seus membros entre os colegas de curso e proponha o
roteiro de uma performance. Vocês podem interagir nas várias fases de preparação
e depois apresentá-las (juntamente com todos os outros grupos) em um encontro
presencial.
57
C a p í t u l o 23
objetivos do Capítulo
Estudar a vertente tecnológica como presença consistente no universo das Artes Visuais
da contemporaneidade insistindo sobre o momento pós-moderno e suas características.
59
mais variadas abordagens temáticas encontramos a arte da instalação
como um idioma flexível utilizado pelos artistas da pós-modernidade.
O artista optou por um tema que represente a ausência como forma de apresentação de
um estado mais propício para a reflexão mediada pela instalação. Ele reportou-se assim
a um conteúdo metafísico e filosófico trazendo-os para o contexto das Artes Visuais. A
partir da ideia do diálogo maior com o espectador ele busca trazê-lo para compartilhar
sua própria percepção desse estado a que o vazio o remeteria.
O processo de acumulação da sociedade de consumo que não tem o que fazer com seus
detritos é ironizado pelo artista que relaciona e contrapõe a essa turbulência provocada
60
pelo lixo inútil, de forma metafórica, o vazio do homem que busca conhecer a sua própria
essência, deixando o lixo das distrações pelo caminho.
Pesquise...
Saiba Mais O Helicóptero. Wesley
Duke Lee. Instalação.
A instalação inclui um circuito fechado de vídeo que proporciona possibilidades de 1967-69. Foto. Museu de
intervenção/interação ao espectador. Ele pode participar, dessa forma, do trabalho. Ela Arte de São Paulo.
reúne também desenho, pintura e escultura.
61
Podemos dizer que essa transformação de uma linguagem em outra reflete um artista
que usa cada vez mais a sua imaginação. Ele coloca cada coisa, cada estímulo para que
o espectador/ator ultrapasse sempre uma nova fronteira.
Saiba Mais
O Varal é uma intervenção urbana que modifica a paisagem com o intuito de chamar a
Saiba Mais atenção para uma atividade da vida diária de alguns moradores. O artista reutiliza essa
ação (re)dimensionando-a, de forma gigantesca, num lugar inusitado.
21
O grupo Fluxus foi um
movimento que marcou A instalação é intinerante e já foi apresentada além de Recife/PE (SPA das Artes/2003),
as artes visuais dos
em Olinda/PE (premiada no Arte em toda Parte/2003-04), Rio de Janeiro/RJ (Paço
anos 60 e 70 do século
XX. O nome do grupo Imperial/2004), Porquerolles no sul da França (projeto Pernambuco! Art contemporain/
significa catarse em latim. culture populaire, ano do Brasil na França/2005), Parque do Ibirapuera/SP (Rumos/
Ele valorizava a criação Itaú Cultural - 2006), Vitória/ES (premiado no Salão do Mar - 2006), Av. Paulista/SP (6
coletiva e integrava de junho de 2006), no Rio de Janeiro/RJ (projeto Redes, da Funarte a da Associação
diferentes linguagens tais de Moradores da Babilônia) e em Weimar/Alemanha (na exposição coletiva “Die Kunst
como musica, cinema e
erlöst uns von gar nichts, Künstlerpositionen aus Südamerika”).
dança. Ele se manifestava
principalmente através da
performance.
Em fins de 1950, outra forma de fazer arte vai ser introduzida
inicialmente por Wolf Vostel e Nam June Paik e depois por vários
criadores até os dias que correm. Trata-se de pesquisas com
tecnologia televisiva que, na época, despontavam como mais um
recurso a ser utilizado no universo das artes visuais. Essas pesquisas
Escolas & Movimentos. como a colagem substituiu a pintura o raio catódico substituirá a
Op. Cit. p. 257. tela22”.
62
Sobre o videoarte como novo recurso
tecnológico no meio artístico da
visualidade
Na década de 70 as experiências adquiriram caráter de movimento
e inúmeros artistas passaram a trabalhar com o videoarte. O seu
desenvolvimento foi influenciado por várias correntes intelectuais e os
primeiros videoartistas:
Saiba Mais
Fundiram as teorias da comunicação global com
Amy Dempsey. Estilos,
23
63
onde somos impulsionados a dialogar com objetos inanimados. O artista projeta sobre
eles (os objetos) a nossa (irremediável) solidão pós-moderna. A tecnologia é usada
assim como crítica ao seu próprio excesso.
Saiba Mais
Trata-se de um registro em sequência tomado da artista desenhando um mapa do
mundo. Na ação o território brasileiro é destacado tendo a sua extensão preenchida pelo
traço de uma caneta preta.
As imagens dialogam com uma música de Chico Buarque que relata a situação crítica/
política da década de 70 quando o país vivia momentos de ditadura e repressão militar. É
um momento de início do uso do vídeo como meio nas artes visuais brasileiras.
64
A temática na Web é cada vez mais diversificada. Assim, podemos
ter como exemplo desde a montagem da russa Olia Lialina que traz
para a net uma história, pessoal e política, que aborda um amor infeliz
e as circunstâncias que assim o tornaram. A ação é denominada de
Meu namorado voltou da guerra e aconteceu em 1996. Também
podemos considerar, entre tantos outros webartistas, os múltiplos
temas interativos de Peter Stanick que cria pinturas digitais que
lembram a Pop Art americana e cujas cenas se passam em Nova York.
Seus trabalhos podem ser encontrados no link http://www.stanick.com/
showeb/tc3.html.
Você Sabia?
●● A interdisciplinaridade em artes visuais diz respeito a utilização de vários meios
(disciplinas) pelo artista para expressar suas ideias.
●● A filosofia Zen, que apareceu há mais de dois mil anos no Oriente, prega a busca
do auto-conhecimento através dos ensinamentos de Buda que ensina o estar em si
mesmo para, através desse estado que inclui o vazio de desejos, estar em comum
com o universo.
65
●● Nirvana, no Budismo, é um estado de transcendência que supera as contingências
do estado físico que implica em desejos e sofrimentos. É uma espécie de acordar
para uma realidade liberta das necessidades da vida.
●● Site-specific (lugar específico) em artes visuais diz respeito a obras criadas pelo
artista para ambientes determinados. Ou seja: trabalhos planejados (que na maioria
das vezes incluem convite) para um local certo.
Saiba Mais
Vamos ler o artigo publicado nos anais da ANPAP (Associação Nacional dos
Pesquisadores de Artes Plásticas) de autoria de Debora Aila Gasparetto e Nara Cristina
Santos intitulado Galerias Virtuais de Arte Digital no Ciberespaço: possibilidades
para o sistema de arte contemporânea que podemos encontrar no link http://www.
anpap.org.br/anais/2010/pdf/chtca/debora_aita_gasparetto.pdf
66
●● Wesley Duke Lee: Nasceu em São Paulo em 1931. Pintor e
desenhista, ele cursou Desenho Livre no Museu de Arte de
São Paulo em 1951; estudou na Parson’s School of Design em
Nova York até 1955. Viveu também em Paris onde frequentou a
Académie de la Grande Chaumière e o atelier do gravador e
pintor abstrato Johnny Gotthard Friedlaender. Retornou ao Brasil
em 1960, e foi um dos primeiros artistas a explorar as técnicas
de computação gráfica. Trabalhou com pintura a óleo, acrílica,
ambiente e instalação, onde o desenho e a cor sempre foram
presentes.
67
●● Tony Oursler: O artista nasceu em Nova York em 1967. É um
artista multimídia. Tornou-se notório pelas suas animações que
inicialmente foram exibidas em espaços alternativos. Mistura várias
técnicas para dar vida a objetos inanimados.
68
●● Peter Stanick: O artista nasceu na Flórida, nos Estados Unidos em
1953. Peter Stanick combina fotografia tradicional com tecnologia
em computador para criar pinturas em grande escala de um mundo
de fantasia habitado por modelos de lingerie e starlets. A imagem
resultante brinca com o cartoon mas tem uma precisão clínica.
Atividades
Pesquise (e apresente o resultado) sobre um artista internacional ou nacional que
trabalhe com a Web, o videoarte ou a instalação como meios de expressão.
69
Referências
BULHÕES, Maria Amelia. Propostas ecológicas na Web Art in
http://seer.ufrgs.br/index.php/PortoArte/article/view/18788/10966
70
LAMOREAUX, Eve. Art et Politique: Nouvelles formes
déngagement artistique au Quebec. Montreal: Ecosocieté, 2009.
p. 237-238.
71
Sobre a Autora
Madalena Zaccara
Madalena Zaccara possui graduação em Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), bacharelado
em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP),
mestrado (DEA) em História e Civilizações - Université Toulouse
II, Toulouse, França e doutorado em História da Arte - Université
Toulouse II, também em Toulouse, França, como bolsista Capes.
Tem pós-doutorado pela Escola de Belas Artes da Universidade
de Porto, Portugal, também como bolsista Capes. Atualmente é
professor associado III da Universidade Federal de Pernambuco.
Ensina no Programa Interinstitucional de Pós-graduação em Artes
Visuais UFPE-UFPB. Lidera o grupo de pesquisa cadastrado no
CNPq intitulado “Arte, Cultura e Memória” que se volta para a
pesquisa da História e Teoria das Artes Visuais no Brasil com ênfase
para o Nordeste. Atua principalmente nos seguintes temas: História
da Arte e Crítica de Arte. É membro da Associação Nacional dos
Pesquisadores de Artes Plásticas (ANPAP), da FAEB (Federação dos
Arte Educadores Brasileiros) e do Instituto de Investigação em Arte,
Design e Sociedade I2ADS (Porto, Portugal). É representante regional
da ANPAP-Pernambuco (Associação Nacional dos Pesquisadores
de Artes Plásticas). Tem vários livros, capítulos de livros e artigos
publicados. Endereço eletrônico: madazaccara@gmail.com
72