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ARTIGO A RT I C L E 271

A concepção de “espaço”
na investigação epidemiológica

The concept of space


in epidemiological re s e a rc h

Maria da Conceição Nascimento Costa 1

Maria da Glória Lima Cruz Te i xe i ra 1

1 Instituto de Saúde Abstract Epidemiology’s conceptual and methodological shortcomings have placed constraints
C o l e t i va , Un i ve r s i d a d e on the study of health phenomena related to human communities, thus posing a challenge to
Fe d e ral da Ba h i a .
Rua Pa d re Feijó 29, 4o a n d a r, the field. This paper presents some basic principles resulting from the observation of the field of
Ca n e l a ,S a l va d o r, BA geography in defining its object – space – and the application of this object to medicine and epi-
4 0 1 1 0 - 1 7 0 , Bra s i l .
d e m i o l o gy. Such principles state the pertinence of a conceptual and methodological stra t e gy fo-
cusing on an approach to geographic space as ex p ressing the population’s living conditions. Ap-
plication of this concept to epidemiological studies is still limited, although such proposals have
already been developed in other areas of knowledge. Ecological studies, whose unit of analysis is
the gro u p, and the ecological model, based on the idea of an inter- relationship of factors, if im-
p rove d , could become a promising alternative in this dire c t i o n . The authors emphasize that re-
searchers should have wholeness as their scientific reference in order to guarantee the non-sepa-
ration of the complex interactive processes determining health phenomena in the population.
Key words Medical Geography; Geographical Space; Spatial Analysis; Epidemiology

Resumo As atuais fragilidades conceituais e metodológicas da epidemiologia são fatores que


têm restringido o estudo dos fenômenos de saúde das coletividades humanas. Neste artigo al-
guns princípios básicos são apresentados como resultado da observação do percurso da geogra-
fia na definição do seu objeto – o espaço – e da sua aplicação na medicina e na epidemiologia.
Esses princípios fundamentam a pertinência da estratégia conceitual e metodológica que tem
como perspectiva a abordagem do espaço geográfico-social, já que este é entendido como expres-
são das condições de vida da população. A aplicação desse conceito na prática da inve s t i g a ç ã o
epidemiológica ainda é limitada, embora outras áreas do conhecimento já tenham desenvolvido
p ropostas de supera ç ã o. Os estudos de agre g a d o s , cuja unidade de análise é o grupo, mais fre-
qüentemente os agregados espaciais, e o modelo ecológico que se baseia na idéia de inter-relação
de fatores, se aperfeiçoados, podem vir a ser uma alternativa promissora nesta direção. Destaca-
se que a totalidade deve ser a referência científica, visando garantir o não afastamento dos com-
plexos processos interativos determinantes dos fenômenos de saúde na população.
Palavras-chave Geografia Médica; Espaço Geográfico; Análise Espacial; Epidemiologia

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Introdução Somente no início do século XIX, na Alema-


nha, o conhecimento deste campo do saber
A existência humana é marcada pelas caracte- passou a ser sistematizado. Mantendo ainda a
rísticas biológicas dos indivíduos e pela cons- idéia de ciência de síntese, o geógrafo alemão
t rução das interações sociais que compõem a Humboldt restringiu a geografia ao estudo dos
h i s t ó ria das sociedades. Por sua vez, a form a- aspectos visíveis da paisagem, porém avançou
ção destas abrange um mosaico de re l a ç õ e s no sentido de procurar identificar a associação
que as tornam estruturalmente heterogêneas e entre os fenômenos da natureza buscando co-
estabelecem distintas condições econômicas e nexão entre os elementos. Por sua vez, Ritter,
sociais para os diversos grupos populacionais. um seu contemporâneo, enfatizava a indivi-
Assim, a saúde e a doença devem ser entendi- dualidade do lugar, considerado um conceito
das como um processo integrante da vida, pois mais restritivo do pensamento geográfico, po-
no sentido mais amplo do conceito de enfer- rém mais generalizador e explicativo da natu-
midade não se vive absolutamente livre de al- reza, porque tinha como finalidade entender o
gum tipo de doença (Ca s t e l l a n o s, 1991). A in- caráter particular de cada local, onde o homem
vestigação da saúde-doença nas populações é era seu elemento principal (Moraes, 1994). For-
complexa, envolvendo uma série de va ri á ve i s, talecendo ainda mais a visão naturalista, Ra t-
o que no atual estado da arte dificulta a apreen- zel, nas últimas décadas do século XIX, define
são da realidade. como objeto da geografia o estudo da influên-
A epidemiologia, disciplina cujo pro p ó s i- cia da natureza sobre os indivíduos e na socie-
to fundamental é estudar a saúde-doença en- d a d e, na qual sua ação seria mediada pela ri-
quanto fenômeno coletivo, tem sido desafiada queza que propicia. Para ele a natureza era fun-
a desenvolver bases conceituais e metodológi- damental para a expansão de um povo e na for-
cas capazes de integrar o conhecimento bioló- mação do Estado, onde o território representa-
gico aos fenômenos sociais (Possas, 1989). Con- va as condições de trabalho e de existência de
t u d o, tem-se que se considerar que nenhum uma sociedade (Santos, 1980; Moraes, 1994).
campo do saber, ou qualquer categoria de es- A concepção determinista da relação entre
tudo isolada, tem dado conta da pluralidade de o homem e a natureza só foi rompida quando
fatores implicados no processo saúde/doença, o francês Vidal de La Blache, no final do século
o que exige um esforço conceitual e metodoló- XIX e início do século XX, ainda mantendo o
gico para a identificação de recortes mais ade- pensamento positivista, define como objeto da
quados e de métodos mais sensíveis para apre- g e o g rafia a relação homem-natureza, enten-
endê-los concretamente na prática investigati- dendo o primeiro como um ser ativo que sofre
va. Assim, é necessário o aporte de outros cam- a influência e ao mesmo tempo atua sobre o
pos do conhecimento, adotando-se uma pers- meio. A natureza passou a ser vista como pos-
pectiva inter (ou trans) disciplinar. sibilidades para a ação humana, razão pela qual
Neste sentido, este ensaio tem como objeti- tal movimento recebeu o nome de Po s s i b i l i s-
vo apresentar os fundamentos que colocam o mo. A partir de La Blache o conceito de região,
espaço, objeto da geografia, como uma catego- originário da geologia, foi explicitado e huma-
ria de estudo privilegiada para a inve s t i g a ç ã o nizado, correspondendo a uma unidade de aná-
do processo saúde-doença nas populações. lise geográfica, sujeita a delimitação, descrição
e explicação, o que re t ra t a ria a forma dos ho-
mens organizarem o espaço terrestre (Santos,
A geografia e a definição do seu objeto 1980; Moraes, 1994).
Procurando compreender a manutenção e
Por ser considerada uma disciplina de síntese a ruptura do equilíbrio entre o homem e a na-
e n t re as ciências da natureza e as ciências do tureza, Max Sorre, na década de trinta, aperfei-
homem, a geografia teve grandes dificuldades çoou as concepções de La Bl a c h e, e para isto,
no campo epistemológico. A imprecisão e con- buscou relacionar conhecimentos de ciências
seqüente re t a rdamento na definição do seu afins como a biologia, sociologia e a medici-
objeto de estudo, tornou problemática a sua na, o que representou um avanço significativo
aceitação no meio acadêmico. Buscando um na constituição da ecologia humana. Ao for-
caráter científico, os geógrafos apoiaram-se de mular a teoria de Complexo Patogênico (Sorre,
início no modelo das ciências naturais ( Va s- 1955), criou o conceito de habitat, apresentan-
concelos, 1995), calcado apenas na contempla- do a int e r- relação existente entre o homem, o
ção da natureza física do espaço, que em seu agente b i o l ó g i c o, seus ve t o res e o ambiente.
sentido mais amplo e determinista correspon- Este cientista destacou as conseqüências da
de a toda a superfície terrestre e a biosfera. relação dos indivíduos com o meio, e a neces-

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sidade de a geografia apreender tal pro c e s s o Em b o ra os paradigmas da geografia tra d i-


(Ferreira, 1991; Moraes, 1994). cional já estivessem sendo questionados desde
Além do determinismo e do possibilismo, a os anos cinqüenta, foi na década de setenta
g e o g rafia racionalista constituiu-se no outro que se tornou dominante um novo movimen-
grande movimento da geografia tradicional, di- to, a geografia crítica, com oposições radicais,
f e renciando-se dos anteri o res por seu menor que ultra p a s s a vam os limites acadêmicos, in-
peso empiricista e maior ênfase no raciocínio c o r p o rando explicitamente a política no dis-
d e d u t i vo. Pa ra seu cri a d o r, o alemão He t t n e r, curso científico e estabelecendo suas raízes nas
cujas obras foram publicadas entre 1890 e questões sociais. O espaço passa então a ser
1910, a geografia era a ciência que explicava as considerado fruto da dinâmica de sua comple-
d i f e renças entre as porções da superfície ter- xa organização e interações, incluindo todos os
re s t re – as áre a s. Po s s i velmente o domínio do elementos, inclusive o físico (Santos, 1980; Car-
Possibilismo e/ou o isolamento cultural da Ale- mo et al., 1995), ou seja, é concebido como es-
manha naquela ocasião tenham sido os re s- paço geográfico humanizado pelas relações so-
ponsáveis pela pouca divulgação de suas idéias, ciais.
o que só ocorreu após as mesmas terem sido
desenvolvidas e publicadas por Hartshorne en-
tre 1939 e 1959. Os conceitos básicos formula- O espaço geográfico, a medicina
dos por este americano foram “ i n t e g ra ç ã o” e e a epidemiologia
“área”, sendo esta considerada como uma par-
cela da superfície terre s t re diferenciada pelo Atribui-se à Hipócrates (480 A. C.) os primeiros
observador, construída no processo da investi- registros sobre a relação entre a doença e o lo-
gação. Uma das diferenças de sua proposta re- cal/ambiente onde ela ocorre. No seu livro Ares,
side no fato de que para ele não seriam os ob- Águas e Lugares, além de enfatizar a importân-
jetos singulares que definiriam as ciências e cia do modo de vida dos indivíduos, analisou a
sim os métodos próprios, devendo a geografia, influência dos ventos, água, solo e localização
nos seus estudos, trabalhar o real na sua com- das cidades em relação ao sol, na ocorrência da
p l e x i d a d e, lidar com suas inter- relações não doença (Pessoa, 1978; Trostle, 1986). Porém es-
isolando os elementos (Sa n t o s, 1980; Mo ra e s, te enfoque analítico e ambiental foi logo su-
1994). plantado pela teoria da causa divina da doença
A globalização dos fluxos e das re l a ç õ e s (Trostle, 1986).
econômicas resultantes do desenvo l v i m e n t o A aproximação entre o saber médico e a
do capitalismo, tornou a realidade muito mais geografia só foi impulsionada a partir do sécu-
complexa, fazendo com que o planejamento lo XVI com os grandes descobrimentos, que co-
territorial passasse a ser considerado como um locaram a necessidade de se conhecer as doen-
i n s t rumento privilegiado para a org a n i z a ç ã o ças nas terras conquistadas, visando à pro t e-
do espaço, tal como o planejamento econômi- ção de seus colonizadores e ao desenvolvimen-
co era para a intervenção do Estado. As deman- to das atividades comerciais. Esse período cor-
das decorrentes desse processo, aliadas às fra- responde ao predomínio da concepção deter-
gilidades internas da própria disciplina, como minista da geografia sobre a relação homem/
a imprecisão do seu objeto, contribuíram para natureza, de modo que as características geo-
o desencadeamento de uma crise na geografia, gráficas, principalmente o clima, eram coloca-
já que os seus pressupostos cada vez mais tor- das como re s p o n s á veis pela ocorrência das
navam-se insuficientes para responder e expli- doenças. Tal movimento favoreceu o nascimen-
car as mudanças que vinham ocorrendo (San- to da medicina tropical, especialidade médica
tos, 1980; Moraes, 1994). que adota a concepção de que parte das doen-
Neste contexto, surge o movimento deno- ças infecciosas e parasitárias eram específicas
minado geografia pragmática, que, mantendo de uma faixa do globo terre s t re, os trópicos,
as bases conceituais dominantes, apre s e n t a - onde o clima quente debilitaria o org a n i s m o
as numa feição tecnológica, concretizada me- humano, expondo-o a estas enfermidades (Pes-
diante a geografia quantitativa e a geogra f i a soa, 1978). Du rante os dois séculos seguintes
sistêmica, que se fundamentavam nos princí- predominaram na literatura médica trabalhos
pios da quantificação e no uso de modelos ge- eminentemente descri t i vo s, destacando a in-
n é ricos e teoria dos sistemas, re s p e c t i va m e n- fluência do meio ambiente sobre o homem.
t e. Ou t ra ve rtente da geografia pragmática, a No século XIX, observa-se um intenso em-
geografia da percepção busca entender o valor bate entre aqueles que acre d i t a vam que as
s u b j e t i vo do terri t ó rio (Sa n t o s, 1980; Mo ra e s, doenças resultavam de miasmas (teoria mias-
1994). mática) e os que consideravam que estas eram

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causadas por organismos contagiosos pro p a- em explicar a ocorrência das doenças tra n s-
gados pelo contato ou objetos contaminados m i s s í ve i s, pre valentes na época. Também ela
( t e o ria do contágio). Na busca dos efeitos do adota o paradigma dominante da unicausali-
ambiente sobre a saúde, os trabalhos pro d u- dade e, apesar de ser a ciência que pre t e n d i a
z idos nessa época distinguiram-se por uma estudar a ocorrência da doença nas coletivida-
maior ênfase biológica/contagionista, geográ- des, o seu foco central era o indivíduo (Almei-
fica ou sociológica (Trostle, 1986). da-Filho, 1998).
Identifica-se como exemplo da corre n t e Os estudos enfatizando o impacto do am-
contagionista, o estudo de Snow em 1855 (Snow, biente, especialmente o clima, sobre as condi-
1997), considerado um marco na constituição ções de saúde do homem vo l t a ram a ser pro-
da epidemiologia, que, por meio da distri b u i- d uzidos e va l o rizados no início do século XX
ção espacial dos casos de cólera na cidade de (Pyle, 1979), mas é entre as décadas de trinta e
Londres, consegue identificar o veículo de trans- cinqüenta que se situa o início da crise da teo-
missão da doença antes mesmo da descoberta ria unicausal, com a constatação de que so-
dos micróbios. Os trabalhos de Hirsh, em 1860, mente a presença do agente não era suficiente
representam a vertente geográfica com o privi- para a produção de enfermidade e do apareci-
legiamento das categorias tempo e lugar nas mento de determinadas nosologias nas quais
suas análises, enfatizando as comparações em não era possível a identificação de um agente
escala internacional. Por sua vez, os estudos de e t i o l ó g i c o. Estes fatos aliados ao desenvo l v i-
Virchow, em 1847, e os de Durkheim, em 1897, mento das teorias do complexo patogênico, de
d e s t a c a vam que os fatores sociais também Max Sorre, e do foco natural, de Pavlovsky, fa-
d es e m p e n h a vam um papel etiológico causal vo re c e ram o florescimento da concepção da
( Tro s t l e, 1986). Estes, ao lado dos estudos de doença como resultado do desequilíbrio ecoló-
Vi l l e rmé, em 1840 (Vi l l e rmé, 1988), sobre a gico. Para Sorre, o clima tinha um papel espe-
saúde dos trabalhadores da indústria têxtil, de- cial entre os elementos da natureza. Ele tam-
m o n s t rando a relação entre a saúde e os pro- bém se pre o c u p a va em fornecer à geogra f i a
cessos produtivos em diferentes setores de Pa- médica uma base conceitual que permitisse in-
ri s, e dos de Chadwick, em 1842 (Chadwick, vestigações interd i s c i p l i n a re s, e além disso,
1945), sobre a situação de saúde das classes apresentava os hábitos, as condições de habi-
trabalhadoras na Inglaterra, são considerados tação e a ocupação como gêneros de vida, re-
como alguns dos principais representantes do presentando as possibilidades de constituição
m ovimento da medicina social ori g i n á rio da de complexos patogênicos (Silva, 1985). Apesar
França, que resultou em uma importante re- da maior capacidade explicativa desta teori a ,
f o rma sanitária nos estados republicanos da foram as idéias de Pavlovsky as mais debatidas
Europa. e divulgadas no Brasil. Elas pressupunham a
O desenvolvimento da microbiologia no fi- interação homem-ambiente onde o desequilí-
nal do século XIX, trouxe como uma de suas b rio poderia pro d u z i r, alterar ou tra n s f o rm a r
conseqüências a concepção da etiologia infec- os focos de transmissão de doenças (Fe r re i ra ,
ciosa da doença que pri v i l e g i a va o agente e 1991), contudo, porém mostrou-se insuficiente
c o n s i d e ra va como secundário o papel de ou- para explicá-las enquanto fenômeno que se in-
t ros fatore s, inclusive os da natureza. Co n t ra- c o r p o ra ao espaço organizado pelo homem
pondo-se à hegemonia desta teoria, neste pe- ( Ma rtins Jr., 1997). Esta tendência ecológica
r í o d o, destacam-se os trabalhos de Max Vo n mantém-se, e principalmente nos anos sessen-
Pettenkofer, nos quais, sem negar a importân- ta observa-se o seu fortalecimento na medici-
cia do agente biológico, este higienista alemão na e na epidemiologia. Os conceitos da ecolo-
considera a influência de elementos da geogra- gia são incorporados nos estudos do processo
fia física como o solo e a água na ocorrência e saúde-doença, contribuindo para o desenvol-
d i s t ribuição da cólera em Londre s, fato que vimento da história natural das doenças e do
tem sido interpretado como indicativo de ser o modelo da multicausalidade (Ba r re t o, 1982).
mesmo adepto da teoria da multicausalidade Os trabalhos realizados por Daggy (1959), Man-
na determinação da doença. Todavia, o para- ceau et al. (1960), Kurland & Reed (1988) são
digma da unicausalidade era hegemônico e foi alguns exemplos nos quais pode ser observada
responsável pela estagnação da medicina quan- a ênfase nos fatores ambientais, principalmen-
to à compreensão da dinâmica das doenças e te o clima, nas análises sobre ocorrência das
das causas de sua distribuição geográfica (Pes- doenças.
soa, 1978). A diferenciação social e cultural mais uma
É neste cenário que, apoiada na clínica e na vez volta a ser considerada como determinan-
estatística, nasce a epidemiologia, preocupada te da va riabilidade espacial da saúde-doença

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(Pyle, 1979), agora apoiada principalmente nos t e rminantes das condições de vida (Sa n t o s,
recursos da epidemiologia (Almeida-Fi l h o, 1992). Assim, o espaço humano é necessari a-
1998). En t re t a n t o, tais fatores são encara d o s mente produto de uma série de decisões que
apenas como uma das características do am- orientam sua organização, segundo os critérios
biente e, portanto, colocados no mesmo pata- hegemônicos em uma dada formação econô-
mar que o clima e o solo, entre outras. mica e social, seja pela movimentação do capi-
Vale salientar que a epidemiologia, assim tal, seja pela ação organizada e planejada da
como a clínica, utilizava os conceitos da geo- sociedade pelo Estado, sendo um pro c e s s o
grafia sem contudo estabelecer-se um diálogo cheio de densidade histórica. Co n s e q ü e n t e-
entre estes campos de conhecimento, existin- m e n t e, o estudo do espaço presta-se a enfo-
do apenas esforços isolados não hegemônicos ques interdisciplinares, envolvendo a sociolo-
neste sentido. gia, a história, a economia e o urbanismo, que
Os avanços alcançados pela matemática e exigem da geografia um permanente intercâm-
pela estatística a partir das décadas de sessen- bio cultural com as ciências do homem e da vi-
ta e setenta, bem como o desenvolvimento da da (Ferreira, 1991).
computação eletrônica, contribuem para que a O perpétuo processo de reorganização das
epidemiologia encontre sua identidade provi- formas que apresenta e o seu conteúdo cultu-
sória, e é também por intermédio desta disci- ral, impõe que os estudiosos desse campo re-
plina que se processa o esforço para a matema- corram ao conhecimento histórico e cronoló-
tização da área da saúde (Almeida-Filho, 1998). gico. Este fato induz a uma maior aproximação
Concomitantemente vai se acentuando neste e n t re a geografia e a história, porque para ex-
campo um debate sobre a importância dos fa- plicar a organização atual do espaço, externa-
t o res econômicos e sociais na determ i n a ç ã o da em grande parte na paisagem, é necessário
dos fenômenos coletivos, que passam a ser en- reconhecer a sua inter- relação com o tempo
tendidos não apenas como atributos indivi- ( A n d ra d e, 1994). Este porém, nunca será dire-
duais ou um elemento do ambiente físico. Ta l tamente percebido ou apre e n d i d o, uma vez
movimento já vinha sendo incorporado ao dis- que é filtrado pelos agentes sociais – históricos
curso da geografia desde o início dos anos cin- ( A l m e i d a - Fi l h o, 1998). Um re f l e xo concre t o
qüenta, conforme referido anteri o rm e n t e. Es- desta historicidade é o recente fenômeno da
tas ciências questionam a abordagem reducio- globalização oriundo da difusão genera l i z a d a
nista até então adotada, apontando para a im- das técnicas e das inform a ç õ e s, em que as ci-
portância de se estudar os fenômenos popula- dades continuam combinando um grande nú-
cionais com uma visão mais totalizadora, con- mero de variáveis típicas desta época e de épo-
s i d e rando a historicidade de sua determ i n a- cas passadas. Logo, na realidade, as metrópo-
ção. Nesta linha de investigação podem ser ci- les não devem ser consideradas espaços homo-
tados os trabalhos de Ba r reto (1982), Si l va geneamente globalizados e modern i z a d o s,
(1985), Silva Jr. (1995), Paim (1997) e Barata et pois contêm elementos de diversas origens e
al. (1998). idades com multiplicidade de relações de capi-
tal, trabalho e cultura (Santos, 1997).
O esforço para atingir uma visão global, co-
A transcendência do espaço geográfico loca para o investigador a necessidade de utili-
zar não só sua capacidade de observação e re-
O espaço como uma totalidade é uma instân- flexão como também investir na busca de ino-
cia da sociedade, ao mesmo tempo que as ins- vações que facilitem o conhecimento da reali-
tâncias econômica e cultural-ideológica. Os dade (Andra d e, 1994). As generalizações não
seus elementos – homens, instituições, meio podem ser feitas, já que as pessoas não são
ecológico e as infra-estruturas – estão submeti- atingidas igual e linearmente pelas tra n s f o r-
dos a va riações qualitativas e quantitativa s, mações sociais (Santos, 1993), impondo-se in-
embora como realidade sejam uno e total (San- t e r p retações mais profundas e multilatera i s
t o s, 1992). O homem, porém, não é apenas o das realidades.
habitante de um determinado lugar, mas é tam- Assumido nessa concepção, o espaço geo-
bém o pro d u t o r, o consumidor e membro de gráfico apresenta-se para a epidemiologia co-
uma classe social, que ocupa um lugar especí- mo uma perspectiva singular para melhor apre-
fico e especial no espaço, e isto também define ender os processos interativos que permeiam a
o seu valor (Santos, 1993). ocorrência da saúde e da doença nas coletivi-
O processo de ocupação do espaço, desde o dades. De acordo com Silva (1997), pelo fato de
seu início (passado) até o momento (presente) a geografia marxista e de a epidemiologia te-
se refletirá no futuro, e é parte inerente aos de- rem como objeto o centro de uma rede de rela-

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ções ampla e complexa que não se adequa a a u t o ra sugere ao invés da re d e, uma metáfora
uma visão metodológica estreita, torn o u - s e que denomina de “e c o s o c i a l” que corre s p o n-
bastante interessante para esta última discipli- deria a uma estrutura de um objeto de nature-
na o modo como aquela corrente da geografia za fractal, uma vez que a inter-relação entre os
t rabalhou a categoria espaço, valendo-se da fatores deve ser entendida como existindo em
análise do processo de sua organização como todos os níve i s, do subcelular ao social, re p e-
esteio das referidas relações, dando coerência tindo-se indefinidamente.
a um aparente caos. Inicialmente utilizado pela epidemiologia
O estudo da constituição dos diferentes es- como uma tentativa de integrar o biológico ao
paços recuperando a sua historicidade permite não biológico (Silva, 1985), o espaço geográfico
uma aproximação da realidade sem minimizar era considerado um lugar estático, isolado, sem
a sua complexidade. Entendendo que a produ- dimensão histórica (Carmo et al., 1995). Ao re-
ção e distribuição da doença e a constituição vestir-se de caráter social, ele passa a atender
do espaço têm os mesmos determinantes, este também às necessidades explicativas da con-
ú l t i m o, enquanto expressão das condições de cepção de determinação social da doença, vis-
vida dos segmentos que o ocupam, representa to permitir que os diferentes fatores que com-
a mediação passível de informar certas relações põem a estrutura epidemiológica sejam anali-
entre a sociedade e a saúde (Paim, 1997). sados numa perspectiva dinâmica e históri c a
(Barata, 1985), estando a sua compreensão di-
retamente articulada à formação econômico-
Limitações metodológicas social (Laurell, 1983).
e possibilidades de superação O conceito de espaço social recupera a his-
t o ri c i d a d e, incorpora a dinâmica de sua orga-
Mesmo reconhecendo que as abordagens indi- nização, a complexidade das interações e a to-
viduais e populacionais não são excludentes, a talidade de sua constituição (Ca rmo et al.,
epidemiologia ao investigar a saúde e a doen- 1995). Desta forma, a distribuição espacial da
ça, continua dando mais crédito às correlações doença re p resenta a realização manifesta ou
individuais (Castellanos, 1998), quando deve- empírica dos processos geradores subjacentes
ria adotar uma abordagem contextual para es- (Mayer, 1983), e o seu estudo capta a dinâmica
tar em consonância com a estrutura epidemio- da estru t u ra epidemiológica (Si l va, 1985), já
lógica dos coletivos humanos (Almeida-Filho, que o perfil epidemiológico dos diferentes es-
1998). As fragilidades conceituais e metodoló- paços é criado pela interação das relações so-
gicas no estudo desse processo enquanto fenô- ciais que caracterizam a sua organização, e mo-
meno coletivo têm sido mascaradas pela inter- difica-se através do tempo conforme o momen-
pretação do coletivo como uma associação es- to histórico em que se encontre o estágio de
tatística de dados individuais (Breihl, 1991). Es- d e s e n volvimento das forças pro d u t i vas e das
sa disciplina tem sido então desafiada a apor- relações sociais, as quais são os fatores defini-
tar os conhecimentos necessários à superação dores da organização do espaço (Breilh, 1991).
da crise atual de modo que realmente possa Apesar de o conceito de espaço social ade-
subsidiar o planejamento e, conseqüentemen- q u a r-se enquanto formulação teórica para a
te, as ações de saúde (MS/Cenepi, 1993; Rabel- explicação da ocorrência e da distribuição da
lo, 1996). Para isto, será preciso que novos mo- doença, para que se alcance a construção do
delos interpre t a t i vos da saúde/doença sejam c o l e t i vo, é indispensável, além do re f e re n c i a l
construídos, de uma maneira que os torne ca- teórico, o emprego de métodos e técnicas com-
pazes de integrar conceitos sistêmicos e causas petentes (Breilh, 1991). Neste sentido, o antigo
independentes, pela historicidade do processo instrumento da cartografia vem sendo utiliza-
e seus determinantes. Concomitantemente de- do com mais freqüência através das modernas
verão ser buscadas alternativas metodológicas técnicas de computação eletrônica (Ba r re t o,
para a pesquisa de processos e práticas sociais 1993; Me d ro n h o, 1995) e servindo como uma
ligadas à saúde (Almeida-Fi l h o, 1998). Co m o ferramenta auxiliar de maior precisão e capaci-
salienta Krieger (1994), a rede de causalidade dade operacional na apresentação e interpre-
não atende a esta necessidade por ser orienta- tação de informações espaciais.
da pelo pensamento biomédico e individualis- No momento atual a epidemiologia defron-
ta, pois a mesma foi elaborada apenas para dar ta-se com a incapacidade de operacionalizar os
conta da inter- relação simultânea dos vári o s seus novos paradigmas que têm nos objetos to-
f a t o res envolvidos na produção das doenças. talizados e na determinação não linear algu-
Para se adequar a uma teoria que realmente in- mas de suas pro p riedades fundamentais (Al-
t e g re os conhecimentos biológico e social, a meida-Filho, 1998). Alguns esforços nessa dire-

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ção vêm sendo desenvolvidos por autores lati- uma apro p riação competente daqueles já de-
no americanos, tanto no campo teórico como senvolvidos em outras áreas do conhecimento,
p r á t i c o. Samaja (1996) discute as limitações a exemplo da química e da economia (Almei-
dos tipos de amostras que vêm sendo tradicio- da-Filho, 1998).
nalmente utilizados na epidemiologia, suge- A complexidade do enfoque conceitual de
rindo sua substituição por uma re p re s e n t a t i- espaço, proposto pela geografia crítica e poste-
vidade qualitativa sustentada em tipologias ri o rmente desenvolvido por vários autore s,
e s p a ç o - p o p u l a c i o n a i s. Ou t ros (Si l va Jr., 1995; tem levado a uma perplexidade ou mesmo a
Paim, 1997; Barata et al., 1998) vêm trabalhan- uma imobilidade para a sua operacionalização
do objetivamente em altern a t i vas para a ope- face à intrincada dimensão que assume a ques-
racionalização da vigilância da situação de saú- tão. Entretanto, este impasse deve ser supera-
de segundo condições de vida, como proposto d o, pois, por mais complexa que seja a situa-
por Castellanos (1991, 1998) cuja abord a g e m ç ã o, historicamente sempre que se ve rifica a
p rivilegia a categoria espaço, desenvo l ve n d o insuficiência de um paradigma estabelecido, o
uma metodologia específica, que se encontra homem é instigado a identificar novos cami-
em processo de validação. nhos que aportem aspectos essenciais da solu-
O modelo ecológico, por se basear na idéia ção. O importante no atual estágio do conheci-
de inter-relacionamento entre fatores, tem si- mento é se ter a totalidade como re f e r ê n c i a
do apontado como o precursor teórico mais científica, para garantir o não afastamento dos
a vançado para o estudo da determinação da complexos processos interativos determinan-
doença na perspectiva de integrar o conheci- tes dos fenômenos que ocorrem em cada espa-
mento biológico e social (Barata, 1985; Almei- ço social.
da-Filho, 1998); porém, ainda não permite a in-
terpretação fiel da realidade para tra n s f o rm á -
la (Barata, 1985). Apesar de já se encontrar qua-
se esquecido pelos epidemiologistas, este mo-
delo, se melhor fundamentado por meio da in-
c o r p o ração da dinâmica do pro c e s s o, poderá
ser aperfeiçoado e se constituir em uma alter-
nativa (Almeida-Filho, 1998).
Na prática investigativa, os desenhos de es-
tudos de agregados são considerados pela epi-
demiologia clássica como de segunda linha
(Kleinbaum et al., 1982; Rothman, 1986). Toda-
via, este tipo de estudo apresenta-se como a
mais adequada ou talvez a única estratégia me-
todológica para a apreensão da complexidade
desses fenômenos, pelo fato de usar mais fre-
qüentemente os agregados espaciais como uni-
dade de análise, e portanto, tomar rigorosamen-
te a dimensão coletiva (Possas, 1989; Schwartz,
1994; Almeida-Filho, 1998; Castellanos, 1998).
Assim, os efeitos resultantes da agregação nes-
ses estudos devem ser valorizados ao invés de
julgados como re s t ri ç ã o, pois os mesmos tor-
nam evidentes processos que muitas vezes pro-
duzem efeitos imperceptíveis no âmbito indi-
vidual (Almeida-Filho, 1998).
Apesar das possibilidades que representa, a
abordagem que tem como referência a concep-
ção de espaço social, não vem sendo adequa-
damente operacionalizada, visto que ainda em-
p rega va ri á ve i s, indicadores e medidas de um
modo que termina por reduzir esse conceito.
L o g o, torna-se necessário o desenvo l v i m e n t o
de um instrumental metodológico capaz de
a b o rdar esta questão entendendo a saúde e a
doença enquanto totalidade, ou que se faça

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