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Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir


da composição química dos alimentos
Edenio Detmann, Tadeu Eder da Silva, Sebastião de Campos Valadares Filho, Cláudia Batista Sampaio,
Malber Nathan Nobre Palma

A composição química de um respectivos componentes químicos constitui


alimento/dieta constitui o principal processo oneroso e com elevada demanda por
determinante de sua capacidade de tempo quando realizado pelos métodos
fornecimento de nutrientes e atributos clássicos in vivo (Detmann et al., 2006a).
nutricionais para atendimento das demandas Em primeira instância, em muito
de mantença e produção animal, locais do mundo, incluindo-se o Brasil,
notadamente no tocante ao fornecimento de esforços foram direcionados à compilação de
energia, a qual é produzida a partir de dados de forma a se construírem tabelas que
processos digestivos e metabólicos sobre os procurassem servir de alternativa a técnicos e
diferentes componentes orgânicos dos produtores no tocante à composição de
alimentos. Tabelas de composição de alimentos, incluindo-se os teores energéticos
alimentos são confiáveis no sentido de dos mesmos. Tais intentos calcavam-se no
fornecerem valores médios da concentração fato de que amostras de grandes dimensões
energética com exatidão. Contudo, existem tenderiam a apontar com maior precisão e
variações inerentes sobre a composição exatidão a média populacional das
química de alimentos em condições de características dos alimentos (efeito
campo que não podem ser devidamente conhecido como “lei dos grandes números”),
contempladas pela tabulação de dados. o que, em tese, ampliaria a acurácia de rações
Desta forma, o uso da composição química calculadas com base nos valores tabelados
como preditor da capacidade de um (Detmann et al., 2008a).
alimento em fornecer energia pode Contudo, embora os valores
flexibilizar o trabalho dos nutricionistas no energéticos tabelados dos alimentos tendam a
momento da formulação de dietas em ser confiáveis do ponto de vista estatístico, os
situações específicas, tornando-as mais alimentos utilizados em diferentes sistemas de
exatas e apropriadas para cada situação produção constituem informações pontuais,
produtiva. ou seja, pertencem a uma distribuição, muitas
vezes normal, mas com afastamentos variados
INTRODUÇÃO da média populacional. Assim, rações
calculadas com base em médias tenderão a
A obtenção de estimativas dos fornecer produções desviadas do inicialmente
coeficientes de digestibilidade constitui planejado em intensidade similar ao desvio
aspecto básico para se quantificar o valor das características do alimento utilizado em
energético dos alimentos ou dietas, relação à média populacional (Detmann et al.,
notadamente via nutrientes digestíveis totais 2008a).
(NDT), permitindo o balanceamento Este quadro se mostra particularmente
adequado de dietas que propiciem o intenso nos trópicos, principalmente com
atendimento das demandas de mantença e de alimentos volumosos, uma vez que as
produção dos animais. características dos alimentos produzidos
No entanto, mesmo constituindo refletem de forma mais marcante, em
parâmetro digestivo estático, ou seja, podendo comparação a regiões não tropicais, as
ser representado por uma estimativa pontual, oscilações climáticas e edáficas (e.g.,
o acesso à estimativa do coeficiente de temperatura, precipitação, radiação solar,
digestibilidade de um alimento ou de seus fertilidade do solo).
90 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Estes aspectos de influência pontual A partir desta limitação, sub-modelos


sobre o conteúdo energético dos alimentos destinados à predição das frações digestíveis
demandaram esforços para que a dependência da PB, EE, CNF e FDN foram desenvolvidos
de valores médios oriundos de tabelas de e avaliados em condições tropicais (Detmann
composição pudesse ser amenizada. Embora et al., 2004a; 2006a; 2006b; 2006c; 2007;
trabalhos com grande contribuição nesse 2008b; 2008c; 2010a). A avaliação unificada
contexto tenham sido desenvolvidos há destes sub-modelos, constituindo um novo
algumas décadas (e.g., Conrad et al., 1984; sistema somativo, mostrou que este é capaz
Weiss et al., 1992), destaca-se como marco de predizer com maior exatidão a
principal a 7ª edição das tabelas americanas concentração de NDT em dietas ofertadas
para bovinos de leite (NRC, 2001), nas quais para bovinos no Brasil (Detmann et al.,
dados tabelados de conteúdo energético dos 2008b; Magalhães et al., 2010; Azevêdo et al.,
alimentos deixaram de ser rotineiramente 2011; Sampaio et al., 2012), gerando
utilizados em detrimento de alternativa para alternativa à aplicação do modelo adotado
se estimar o conteúdo energético de alimentos pelo NRC (2001) e culminando com a adoção
sob a filosofia “cada caso é um caso”. Desta de sistema de predição na segunda edição do
forma, minimizar-se-iam os desvios entre as Sistema BR-CORTE (Detmann et al., 2010b).
características de produção previstas no Contudo, a partir da detecção de
balanceamento da ração e aquelas pequenas limitações nos sub-modelos
efetivamente obtidas no campo (Detmann et originalmente propostos, de novas
al., 2008a). informações geradas por avaliações
A base do sistema de predição do experimentais e/ou meta-analíticas e também
conteúdo energético dos alimentos ofertados a a partir de novas abordagens nas avaliações
bovinos adotado pelo NRC (2001) reside da composição química dos alimentos,
sobre a influência da composição química aprimoramentos no sistema de predição da
sobre a capacidade de fornecimento de concentração dietética de NDT foram
energia. O método se baseia em sistema de produzidos, as quais implicaram em
equações somativas (ou aditivas), no qual, modificações no modelo originalmente
para cada grupo de compostos químicos com adotado na segunda edição do Sistema BR-
potencial de contribuição energética (PB, CORTE (Detmann et al., 2010b).
proteína bruta; EE, extrato etéreo; CNF,
carboidratos não-fibrosos; e FDN, fibra em DESCRIÇÃO DO MODELO
detergente neutro) destina-se um sub-modelo
responsável pela obtenção de estimativas das Sub-modelos para EE e CNF
frações verdadeiramente digestíveis, com Os sub-modelos aplicados aos
posteriores correções no tocante a perdas componentes não-fibrosos EE e CNF não
metabólicas fecais e nível de consumo. sofreram alterações teóricas ou empíricas
Contudo, embora empregando as significativas a partir da segunda edição do
características dos alimentos efetivamente Sistema BR-CORTE. Sua proposição baseou-
utilizados nos sistemas de produção (ou seja, se no teste de Lucas (Lucas e Smart, 1959),
análises laboratoriais e não médias para a obtenção dos coeficientes de
populacionais) e apresentando embasamento digestibilidade verdadeiros, e nos
teórico (Conrad et al., 1984; Weiss et al., pressupostos do sistema fatorial (Blaxter e
1992), o sistema adotado pelo NRC (2001) Mitchell, 1948; Lucas, 1960), para distinção
não apresentada eficiência de predição entre as frações metabólica fecal e
satisfatória quando aplicado a alimentos verdadeiramente não-digerida.
obtidos em condições tropicais (Rocha Jr. et Sob tais pressupostos, pode-se definir
al., 2003; Costa et al., 2005; Silva et al., 2007; a massa fecal aparentemente não-digerida dos
Detmann et al., 2008b; Campos et al., 2010; diferentes componentes não-fibrosos (EE ou
Magalhães et al., 2010; Azevêdo et al., 2011; CNF), por:
Sampaio et al., 2012), o que compromete sua
aplicação efetiva. F I M E (4.1);
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 91

em que: F, massa fecal (g/dia); I, fração em que: C°, consumo sob condições de
verdadeiramente não-digerida (g/dia); M, alimentação em mantença ou produção
fração metabólica fecal (g/dia); e E, fração (g/dia).
endógena fecal (g/dia). Desta forma, reescreve-se a equação
Neste contexto, define-se como fração (4.2d), como:
metabólica a porção fecal oriunda de
I M
secreções do trato digestivo (Lucas, 1960), Da  (1  ) (4.5a);
acrescida de debris microbianos (Van Soest, C C
1994). Por outro lado, a fração endógena fecal
M
corresponde à porção fecal oriunda da Da  Dv  (4.5b);
secreção de “restos” metabólicos pelas células C
do trato gastrintestinal (Lucas, 1960).
em que: Dv = coeficiente de digestibilidade
A partir de tais definições, pode-se
verdadeiro (g/g).
relacionar a identidade exposta em (4.1) ao
Multiplicando-se ambos os termos da
consumo diário, fazendo-se:
equação (4.5b) pelo consumo, faz-se:
C  F  C  (I  M  E) (4.2a);
C  Da  (C  Dv )  M (4.6).
CF CI M E (4.2b);
Derivando-se (4.6) em função do
CF CI M E consumo, obtém-se:
 (4.2c);
C C d (C  Da ) d (C  Dv ) dM dM
   Da  Dv  (4.7).
dC dC dC dC
I M E
Da  1    (4.2d);
C C C Desta forma, o coeficiente de
digestibilidade aparente (Equação 4.7) pode
em que: C, consumo (g/dia); Da, coeficiente
ser representado por dois diferentes
de digestibilidade aparente (g/g).
componentes: o primeiro, que representa o
A fração fecal endógena pode ser
coeficiente de digestibilidade verdadeiro
representada por uma função matemática
constante; e o segundo, que representa a
proporcional à massa metabólica do animal
fração metabólica fecal diferenciada em
(Blaxter e Mitchell, 1948; Lucas, 1960), dada
função do consumo.
por:
Convertendo-se a equação (4.7) com
3 base no conteúdo dietético, faz-se:
E  P  4 3
   P4 (4.3); dM
C C C R  D a  ( R  Dv )  ( R  ) (4.8a);
dC
em que: P, massa do animal (g); e , constante
relacionada à liberação endógena no trato Rad  Rvd  MC (4.8b);
gastrintestinal por unidade de massa
metabólica (g/g × dia-1). em que: R, conteúdo dietético (% da MS);
A razão (/C) somente poderá ser MC, contribuição metabólica fecal, expressa
considerada significativa se, e somente se, o como conteúdo dietético (% da MS); Rad,
consumo assumir valores extremamente fração dietética aparentemente digestível (%
pequenos (Lucas, 1960), possivelmente em da MS); e Rvd, fração dietética
níveis de alimentação abaixo da mantença. verdadeiramente digestível (% da MS).
Assim, em condições de mantença ou Dois conjuntos de dados, construídos a
produção, tem-se: partir de experimentos conduzidos com vacas
em lactação ou bovinos em crescimento e
 terminação em condições tropicais, foram
3
limC C   P4  0 (4.4); empregados para estimação dos parâmetros
C
descritos na equação (8b) para os
componentes EE (n = 108) e CNF (n = 84)
(Detmann et al., 2006a; 2006c).
92 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Para todos os componentes avaliados em que: EEvd, EE verdadeiramente digestível


verificou-se similaridade entre categorias (% da MS); EE, conteúdo dietético de EE (%
animais (vacas em lactação ou bovinos em da MS); CNFvd, CNF verdadeiramente
crescimento e terminação) no tocante ao digestíveis (% da MS); CNF, conteúdo
coeficiente de digestibilidade verdadeiro. Por dietético de CNF (% da MS).
outro lado, a contribuição metabólica fecal Não havendo diferenças entre
mostrou-se diferenciada entre categorias categorias animais no tocante ao coeficiente
animais (Detmann et al., 2006a; 2006c), o que de digestibilidade verdadeiro, as equações
agrega perfeitamente aos pressupostos (4.9) e (4.10) são aplicadas de forma similar a
relatados por Lucas e Smart (1959) e àqueles vacas em lactação e animais em crescimento e
representados na Equação (4.8). terminação. Assim, a diferenciação entre estas
Os sub-modelos para estimação das se dá exclusivamente pela fração
frações verdadeiramente digestíveis são: aparentemente digestível, ou seja, pela
contribuição metabólica fecal, empregando-se
EE vd  0,86  EE (4.9); as estimativas expressas na Tabela 4.1.
CNFvd  0,95  CNF (4.10);

Tabela 4.1 - Contribuição metabólica fecal (% da matéria seca) do extrato etéreo (EE), dos carboidratos
não-fibrosos (CNF) e da proteína bruta (PB) para animais alimentados ad libitum
Categoria Animal
Componente Vacas em Lactação Bovinos em Crescimento e Terminação
EE 0,21 0,18
CNF 5,72 5,11
PB 0,97 1,61
FMNDT¹ 7,16 7,13
FMED² 0,314 0,322
¹ FMNDT, fração metabólica fecal total para o cálculo da concentração de NDT (FMNDT = PB + CNF + 2,25×EE).
² FMED, fração metabólica fecal para o cálculo da concentração de energia digestível (Mcal/kg MS).

Na segunda edição do Sistema BR- Sub-modelo para FDN


CORTE frações metabólicas fecais
diferenciadas foram estimadas para Em termos biológicos, o sub-modelo
condições de mantença e produção. No desenvolvido para a estimação da fração
entanto, a partir da terceira edição do digestível da FDN manteve seu embasamento
Sistema BR-CORTE, estimativas das no fracionamento deste componente em suas
concentrações de frações e do teor dietético frações potencialmente digestível e
de energia para animais alimentados a nível indigestível, segundo a equação:
de mantença não serão mais consideradas, FDN d  D  FDNpd (4.11a);
haja vista sua limitada aplicação.
Procedimentos individuais de FDN d  D  ( FDN  FDNi ) (4.11b);
validação foram previamente conduzidos
sobre as frações aparentemente digestíveis em que: FDNd, FDN digestível (% da MS);
de EE e CNF a partir de bancos de dados FDNpd, FDN potencialmente digestível (%
independentes daqueles utilizados na da MS); D, coeficiente de digestibilidade da
construção dos sub-modelos (Detmann et FDNpd (g/g); e FDNi, FDN indigestível (%
al., 2006a; 2006c; 2008b; Magalhães et al., da MS).
2010; Azevêdo et al., 2011; Sampaio et al., Tanto o sub-modelo utilizado na
2012). Estas avaliações demonstraram que segunda edição do Sistema BR-CORTE,
os sub-modelos adotados no Sistema BR- como o sub-modelo adotado pelo NRC (2001)
CORTE são mais acurados e precisos que para a predição da fração digestível da FDN
aqueles adotados pelo NRC (2001). foram baseados em aproximações químicas e
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 93

em relação não-linear exponencial entre a acurada de se estimar as frações FDNi e


lignina e a FDNi em adaptação aos FDNpd e é a forma recomendada para
pressupostos da Lei de Superfície (Conrad et inserção de valores na equação base do sub-
al., 1984; Weiss et al., 1992), sendo o fator de modelo (Equação 4.11b).
proteção à degradação ruminal da lignina No entanto, considerando-se as
sobre a FDN considerado parâmetro base limitações das bases teóricas associadas à
(Detmann et al., 2004a). A estrutura equação (4.12) e assumindo-se situações nas
matemática de ambos os modelos é dada por: quais incubações ruminais in situ não possam
ser realizadas, alternativa para a obtenção de
L (4.12);
FDN d  D  {( FDNcp  L)  [1  ( ) F ]} estimativas da concentração de FDNi por
FDNcp
aproximação química foi desenvolvida
em que: FDNd, FDN digestível (% da MS); D, baseada em análises de amostras de alimentos
coeficiente de digestibilidade da FDNpd utilizados no Brasil. Nesta aproximação, a
(g/g); FDNcp, concentração de FDN, associação entre FDNi e características
expresso com correções para cinzas e químicas de volumosos (n = 371) e de
proteínas (% da MS)1; L, concentração de concentrados (n = 65) foi investigada.
lignina (% da MS); e F, fator de proteção à Contudo, durante o processo de ajustamento
degradação ruminal da lignina sobre a FDN. das equações, verificou-se que correlações
A primeira limitação observada para a mais fortes com as características químicas
equação (4.12) reside sobre a utilização de foram verificadas com a fração FDNpd em
fator de proteção à degradação ruminal da comparação à fração FDNi. Desta forma, para
lignina sobre a FDN constante [0,667, NRC obtenção de equações mais robustas, as
(2001); 0,85, Detmann et al. (2010b)]. Esta mesmas foram avaliadas em relação à fração
pressuposição implica que a lignina agiria de FDNpd, considerando-se que a mesma
forma homogênea na determinação da representa o complemento da fração FDNi em
dimensão da fração FDNi e, relação à FDN total. A característica básica
consequentemente, da fração FDNpd, em todo para estimação residiu sobre a associação
e qualquer alimento. Contudo, a relação entre direta entre as concentrações de FDNpd e
lignina e FDNi varia entre tipos de forragem FDN corrigida para cinzas e proteína
(Palmonari et al., 2016) e entre forragens e (FDNcp), tanto para forragens (Figura 4.1)
concentrados. Isto compromete a exatidão das como para concentrados (Figura 4.2), e em
estimativas da fração digestível da FDN. correções para a dimensão da fração FDNpd
As frações FDNpd e FDNi constituem em função de outras características químicas
conceitos biológicos assintóticos, ou seja, são dos alimentos [fibra em detergente ácido
definidas quanto o tempo de exposição aos (FDA) e lignina]. Foram evidenciadas
sistemas enzimáticos microbianos do rúmen relações distintas para os diferentes grupos de
tende ao infinito (Detmann et al., 2008a). Em alimentos (forragens e concentrados), o que
termos analíticos, avaliação pontual acurada representa ganho em comparação à relação
destas frações somente é obtida por homogênea anteriormente assumida pela
intermédio de ensaios biológicos de longa estrutura da equação (4.12).
duração (incubações ruminais in situ em Para forragens e concentrados as
tempos iguais ou superiores a 240 horas; equações são, respectivamente:
Casali et al., 2008; Valente et al., 2011). FDNpd ( F )  3,38  0,883 FDNcp  0,834 
Apesar de isto comprometer a obtenção de
estimativas de forma rápida e restringir as FDA  0,0065 FDA 2  0,197  L
avaliações em função da disponibilidade de (sXY = 3,37; R² = 0,895) (4.13)
animais fistulados, a incubação ruminal in situ
de longa duração constitui a forma mais FDNpd (C )  1,19  10,16  D  1,012 
FDNcp  0,052  FDA
(sXY = 0,71; R² = 0,998) (4.14)
1
No sub-modelo adotado pelo NRC (2001), a
concentração de FDN apresenta correção somente para em que: FDNpd(F) e FDNpd(C),
a proteína contaminante. concentrações de FDNpd em forragens e
94 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

concentrados, respectivamente (% da MS); eventos biológicos associados ao crescimento


FDNcp, concentração de fibra em detergente vegetal e ao estabelecimento de interações
neutro com correções para proteína e cinzas físicas e químicas entre os componentes da
contaminantes (% da MS); FDA, parede celular responsáveis pelo
concentração de fibra em detergente ácido estabelecimento da dimensão destas frações.
sem correções para proteína e cinzas A segunda limitação observada para a
contaminantes (% da MS); L, concentração de equação (4.12) reside sobre a utilização de
lignina mensurada pelo método da hidrólise valores fixos para o coeficiente de
ácida (% da MS); D, variável “dummy” digestibilidade da FDNpd [0,75; NRC
associada ao tipo de concentrado, sendo D = 1 (2001)]. Embora o sub-modelo utilizado na
para concentrados contendo fibra de menor segunda edição do Sistema BR-CORTE tenha
degradação potencial [farelo, torta e caroço de previsto diferenças entre categorias animais
algodão; farelo e torta de girassol; farelo de [0,67 para vacas em lactação; e 0,84 para
trigo; e milho desintegrado com palha e bovinos em crescimento e terminação;
sabugo (MDPS)] e D = 0 para os demais Detmann et al., 2010b], o coeficiente de
alimentos concentrados. digestibilidade da FDNpd é assumido como
Contudo, alerta-se que as estimativas fixo dentro de categorias, o que, à semelhança
de concentração das frações FDNi ou FDNpd do adotado pelo NRC (2001), desconsidera
obtidas por aproximações químicas todas as influências de nível de consumo,
apresentam relações limitadas, uma vez que composição química da dieta e tipo de
características químicas simples não seriam alimento sobre a degradação ruminal da fibra
capazes de reproduzir ou representar todos os potencialmente degradável.

Figura 4.1 - Relação entre a concentração de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e
proteína (FDNcp) e fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpd) em
amostras de forragens (n = 371).

Para contornar esta situação, libitum para vacas em lactação (n = 45) e


abordagem meta-analítica para a associação bovinos em crescimento e terminação (n =
entre composição química, composição da 213) no Brasil. Os resultados permitiram
dieta e nível de consumo e o coeficiente de evidenciar relações distintas para as
digestibilidade da FDNpd foi realizada categorias animais, cujas equações são:
utilizando-se dados de dietas ofertadas ad
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 95

DCT  80,21 FOR  0,0166 CMS 2  2,658  em que: DCT e DL, coeficiente de digestibilidade da
FDNpd para bovinos em crescimento e terminação
FDNi  3,691 PB  0,0507  (CMS  FDNi ) 
e vacas em lactação, respectivamente (%); FOR,
2,9673 ( FOR  FDNi )  3,9990 ( FOR  PB ) variável “dummy” associada ao tipo de forragem
(4.15); utilizada, sendo FOR = 0 para silagens de milho e
sorgo e FOR = 1 para gramíneas forrageiras e
DL  249,32  1,180  CONC  12,422  cana-de-açúcar; CMS, consumo voluntário de MS
CMS  0,2313 CMS 2  0,0475 (g/kg de peso corporal); FDNi, concentração de
(CONC  CMS ) FDNi na dieta (% da MS); PB, concentração de PB
na dieta (% da MS); e CONC, nível de
(4.16);
concentrado na dieta (% da MS).

Figura 4.2 - Relação entre a concentração de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e
proteína (FDNcp) e fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpd) em
amostras de concentrados (n = 65; ○ = concentrados contendo fibra de menor
degradação potencial; + = demais alimentos concentrados).

Ressalta-se que as equações Desta forma, um sistema alternativo foi


apresentaram ajustes adequados (Figuras 4.3 e desenvolvido baseado na avaliação de dietas
4.4) e permitiram contemplar diferentes aspectos obtidas de 60 animais alimentados
da dieta que efetivamente influenciam na exclusivamente com forragens (i.e., silagem de
utilização ruminal dos compostos fibrosos milho, cana-de-açúcar, feno de capim-braquiária,
insolúveis potencialmente digestíveis. feno de Cynodon, silagem de gramíneas), nos
Contudo, limitação inerente às Equações quais os dados da taxa de passagem e degradação
(4.15) e (4.16) é verificada para o cálculo de da FDNpd foram estimados por intermédio de
rações, uma vez que estimativas de parâmetros esvaziamento ruminal (Allen e Linton, 2007). O
finais do cálculo (i.e., relação modelo base para quantificação da fração
volumo:concentrado, concentrações dietéticas de digestível da FDN é dado por:
PB e FDNi) são necessários para a realização do
kd
cálculo em si, o que faz deste um processo FDN d  [  FDNpd ]  FAI (4.17a);
iterativo. Isto pode dificultar os procedimentos kd  kp
computacionais.
kd
FDN d  [  ( FDNcp  FDNi )]  FAI (4.17b);
kd  kp
96 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

em que: kd, taxa de degradação da FDNpd (h-1); FAI, fator de ajuste para a digestibilidade
kp, taxa de passagem ruminal da FDNpd (h-1); e intestinal.

Figura 4.3 - Relação entre valores preditos e observados para o coeficiente de digestibilidade da FDN
potencialmente digestível em bovinos em crescimento e terminação (Equação 4.15; a linha
contínua representa a relação Y = X; sXY = 2,96; R² = 0,900; falta de ajustamento: P>0,07).

O modelo adotado para descrição das 0,287


kp( F )  (4.19b);
taxas de degradação e de passagem da FDNpd ( FDNcp  FDNpd )
de forragens são dados por (Figuras 4.5 e
4.6): em que: CMS, consumo voluntário de MS
(g/kg de peso corporal); kp(F), taxa de
kd  0,00329 CMS (sXY = 0,0106) (4.18); passagem da FDNpd da forragem (h-1); e
FDNi, concentração de FDNi na forragem (%
0,287 da MS).
kp( F )  (sXY = 0,0048) (4.19a);
FDNi A equação (4.19b) é sugerida para o
caso de empregar-se a equação (4.13) para
estimação da fração FDNpd.
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 97

Figura 4.4 - Relação entre valores preditos e observados para o coeficiente de digestibilidade da
FDN potencialmente digestível em vacas lactantes (Equação 4.16; a linha contínua
representa a relação Y = X; sXY = 3,46; R² = 0,933; falta de ajustamento: P>0,67).

O FAI foi estimado a partir das em que: kp(C), taxa de passagem da


informações disponíveis no banco de dados, FDNpd de concentrados (h -1 ).
observando-se ausência da influência dos Em função da ausência de
fatores dietéticos avaliados sobre a proporção informações em condições brasileiras, para
da FDNpd digerida no rúmen e intestinos. O dietas compostas exclusivamente por
valor médio da proporção de digestão da concentrados, sugere-se o cálculo da taxa
FDNpd no rúmen foi de 89±1,9%. Sendo assim, de passagem ruminal para esta condição de
FAI = 1,12 (FAI = 1/0,89). alimentação de acordo com a equação
O banco de dados utilizado é limitado proposta pelo NRC (2001):
no sentido de ser composto somente por dietas
kp  0,02904  0,001375 CMS  0,00020 CONC
exclusivas de volumosos. Considerando-se que
(4.21);
concentrados apresentam-se em tamanhos de
partículas inferiores àqueles observados em em que: CMS, consumo voluntário de MS
forragens, faz-se lógica a suposição de menor (g/kg de peso corporal); e CONC, nível de
tempo de retenção para a fibra de concentrados. concentrado na dieta (% da MS).
A quantidade de informações em que se Torna-se importante ressaltar que a
contrastam a taxa de passagem da fibra de equação (4.21) se refere à MS total do
forragens e concentrados em um mesmo concentrado e não à FDNpd propriamente
experimento é limitada em condições dita. Contudo, considerando-se que a
brasileiras. Desta forma, aproximando-se a aplicação da mesma seria restrita a dietas
partir do experimento realizado por Bürger et al. compostas exclusivamente com
(2000), assumiu-se que a taxa de passagem concentrados, pressupõe-se que, nestas
ruminal da fibra de concentrados seja circunstâncias, a taxa de passagem da
aproximadamente 1,8 vez aquela observada FDNpd se aproxime da taxa de passagem
para a forragem basal. Assim: do concentrado integral. Contudo, esta
pressuposição carece ainda de validações
kp(C )  kp( F )  1,8 (4.20);
em condições brasileiras.
98 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 4.5 - Relação entre o consumo voluntário de matéria seca e a taxa de degradação (kd) da
fibra em detergente neutro potencialmente digestível em dietas exclusivas de
volumosos (a linha contínua representa a equação 4.18).

Sub-modelo para PB PBvd  0,78  PB (4.22);


Inicialmente, o sub-modelo destinado à em que: PBvd, PB verdadeiramente digestível
avaliação da fração digestível da PB foi baseado (% da MS); e PB, teor dietético de PB (% da
nos mesmos pressupostos adotados para EE e MS).
CNF (Detmann et al., 2006b), conforme
equações (4.1) a (4.8), resultando em:

Figura 4.6 - Relação entre a concentração dietética de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e
a taxa de passagem (kp) da fibra em detergente neutro potencialmente digestível em dietas
exclusivas de volumosos (a linha contínua representa a equação 4.19).

Neste caso, a conversão para fração Contudo, observações posteriores


aparentemente digestível, considerando-se as permitiram evidenciar que, em virtude da
diferentes categorias animais, é realizada pela associação intensa e complexa dos compostos
utilização das estimativas de contribuição nitrogenados à fração fibrosa insolúvel em
metabólica fecal correspondentes (Tabela alimentos tropicais, a PB não poderia ser
4.1). considerada como uma entidade nutricional
homogênea (Detmann et al., 2008c). Contudo,
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 99

Azevêdo et al. (2011) verificaram que a digestível (g/g); e PIIDN, proteína


aplicação do conceito uni-compartimental, no indegradável insolúvel em detergente neutro
qual a PB é assumida como entidade (% da MS).
nutricional homogênea, propiciou estimativas Na segunda edição do Sistema BR-
mais acuradas quando foram avaliados alguns CORTE, assumiu-se como estimativa para o
subprodutos e resíduos agroindustriais. coeficiente de digestibilidade verdadeiro da
Assim, embora o conceito representado pela PBCC o valor 0,98 g/g (Van Soest, 1994;
equação (4.22) não seja recomendado de Detmann et al., 2006c; 2008c). Contudo, para
forma geral, o mesmo poderia ser aplicado melhor adequação às estimativas obtidas com
para utilização em subprodutos dados brasileiros, este coeficiente foi alterado
agroindustriais. para 0,95, similar ao que é aplicado para
A partir das evidências de estimação dos CNF verdadeiramente digestíveis
comportamento digestivo heterogêneo da PB, (Equação 4.10). Como coeficientes de
sub-modelo foi desenvolvido considerando-se digestibilidade da PBPC, seguindo-se os
dois diferentes sub-compartimentos (Detmann pressupostos adotados na segunda edição do
et al., 2008c), cuja aproximação química é Sistema BR-CORTE, assumiu-se estimativas
dada por: similares àquelas utilizadas para a porção fibrosa
do alimento/dieta, as quais deixam de ser
PBCC  PB  PIDN (4.23a); constantes, passando a variar em função das
PBPC  PIDN (4.23b); condições dietéticas e de alimentação, conforme
descrito nas equações (4.15) a (4.21).
em que: PBCC, PB de conteúdo celular; O conceito analítico de PIIDN foi
PBPC, PB de parede celular; e PIDN, proteína definido por Detmann et al. (2004b) como
insolúvel em detergente neutro; sendo todos aproximação ao valor paramétrico da proteína
os termos expressos como percentagem da indegradável da parede celular, consistindo da
MS. avaliação da PB residual associada à FDNi.
Segundo derivações de Detmann et al. No entanto, como ressaltado
(2008c), a PBCC apresentaria comportamento previamente, tal aproximação analítica pode
digestivo homogêneo similar aos demais constituir empecilho em algumas situações, em
componentes não-fibrosos (EE e CNF) virtude da não disponibilidade de animais
(Equação 4.8), ao passo que, por fistulados. Desta forma, desenvolveu-se equação
pressuposição, a utilização da PBPC seria alternativa para obtenção dos valores de PIIDN a
similar àquela observada para a FDN. Desta partir das concentrações de proteína insolúvel em
forma, a fração verdadeiramente digestível da detergente ácido (PIDA) utilizando informações
PB seria expressa, considerando-se as de alimentos produzidos em condições tropicais
aproximações químicas representadas na (Detmann et al., 2010a; n = 540), a qual é dada
equação (4.23), por: por:

PBvd  DvPBCC  PBCC  DPBPCpd  PIIDN  PIDN  e  ( 0,81880,1676 PIDA ) (4.25);


PBPC pd em que: PIDA, proteína insolúvel em detergente
(4.24a); ácido (% da MS), sendo os demais termos
definidos anteriormente (% da MS).
PBvd  DvPBCC  ( PB  PIDN )  Para o caso de a aproximação química
D PBPCpd  ( PIDN  PIIDN ) para PIIDN ser adotada, a equação (4.24b) pode
ser reescrita como:
(4.24b);
em que: PBvd, PB verdadeiramente digestível PBvd  0,95  ( PB  PIDN )  DvPBPC 
(% da MS); DvPBCC, coeficiente de {PIDN  [1  e ( 0,81881,1676 PIDA ) ]}
digestibilidade verdadeiro da PBCC (g/g); (4.26);
PBPCpd, PB de parede celular potencialmente
digestível (% da MS); DPBPCpd, coeficiente de Deve se ressaltar que a aproximação
digestibilidade da PBPC potencialmente química da PIIDN via PIDA apresenta algumas
100 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

limitações, em virtude da PIIDN constituir para cada fração digestível de acordo com a
conceito biológico de alta variabilidade categoria animal a partir da equação:
(Henriques et al., 2007; Detmann et al., 2010a).
Assim, esta solução deve ser utilizada com NDT  PB ad  CNFad  FDN d 
cautela; sendo preferível, quando viável, a 2,25  EE ad
estimação da PIIDN por método de natureza
biológica. Sampaio et al. (2012) verificaram que (4.28a);
a estimação da PIIDN por intermédio de NDT  ( PBvd  CM PB )  (CNFvd 
incubações in situ (proteína associada à FDNi)
propicia estimativas mais exatas e precisas em CM CNF )  FDN d  2,25  ( EE vd  CM EE )
comparação ao uso da aproximação química. (4.28b);
Para o caso da utilização da
aproximação empírica para o cálculo do NDT  PBvd  CNFvd  FDN d  2,25 
coeficiente de digestilidade da fração FDNpd EE vd  (CM PB  CM CNF  2,25  CM EE )
(Equações 4.18 a 4.21), o cômputo da fração (4.28c);
verdadeirametne digestível da PB dever ser
feito separadamente para as frações forragem e NDT  PBvd  CNFvd  FDN d  2,25 
concentrado da dieta adaptando-se a equação EE vd  FM NDT
(4.26): (4.28d);
kd
PBvd  0,95  ( PB  PIDN )   em que: NDT, teor dietético de NDT (% da
kd  kp MS); PBad, CNFad, EEad, frações
{PIDN  [1  e ( 0,81881,1676 PIDA ) ]} aparentemente digestíveis de PB, CNF e EE,
respectivamente (% da MS); PBvd, CNFvd,
(4.27).
EEvd, frações verdadeiramente digestíveis de
PB, CNF e EE, respectivamente (% da MS);
Para o cálculo da fração digestível da
FDNd, fração digestível de FDN (% da MS);
PBPC optou-se por não adotar fator de correção
CMPB, CMCNF, CMEE, contribuições
para a digestão intestinal, por considerar-se que
metabólicas fecais de PB, CNF e EE,
a digestão da fração fibrosa ocorreria
respectivamente (% da MS); FMNDT, fração
basicamente em nível de intestino grosso. Neste
metabólica fecal total para o cômputo do
caso, a PB digerida neste compartimento seria
NDT (% da MS; Tabela 4.1); e 2,25,
basicamente utilizada para crescimento
constante de Atwater para equalização entre
microbiano, sem aproveitamento para o animal.
lipídeos e carboidratos.
De forma geral, Detmann et al. (2008c),
A estimação da concentração de
Magalhães et al. (2010) e Sampaio et al. (2012)
energia digestível (ED) da dieta é realizada
observaram que o conceito bi-compartimental
considerando a contribuição energética
produziu estimativas mais acuradas da fração
específica de cada fração verdadeiramente
aparentemente digestível da PB em dietas
digestível e descontando-se a energia da
baseadas em forragens tropicais em comparação
fração metabólica fecal:
ao conceito uni-compartimental. Assim, a
utilização do conceito bi-compartimental é ED  0,056  PBvd  0,042  CNFvd 
recomendada, facultando-se o uso do conceito
uni-compartimental somente para a avaliação de 0,042  FDN d  0,094  EE vd  FM ED
subprodutos agroindustriais. (4.29);
em que: ED, energia digestível (Mcal/kg MS);
Sistema somativo para NDT e conversão em
e FMED, fração metabólica fecal para o
energia digestível e energia metabolizável
cálculo de ED (Mcal/kg MS; Tabela 4.1). Os
Os conteúdos dietéticos de NDT (% da demais termos foram previamente definidos.
MS) são obtidos pela soma algébrica das A conversão da ED em energia
estimativas produzidas por cada sub-modelo metabolizável (EM) é realizada por
intermédio da equação desenvolvida no
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 101

Laboratório de Metabolismo e Calorimetria os teores de FDN, principalmente (Gomes et


Animal da Escola de Veterinária da al., 2011a; Barbosa et al., 2015). Adaptações
Universidade Federal de Minas Gerais: consequentes são projetadas para as análises
de PIDN, PIDA, cinzas insolúveis em
EM  0,9455 ED  0,303 (4.30); detergente neutro (CIDN) e lignina. Em
particular, as análises de FDN devem ser
em que: EM, energia metabolizável (Mcal/kg
realizadas com a utilização de α-amilase
MS).
termoestável (Mertens, 2002) e a devida
correção para os teores de PIDN e CIDN
RECOMENDAÇÕES DE MÉTODOS DE
(Detmann e Valadares Filho, 2010). O uso de
ANÁLISES QUÍMICAS
sulfito de sódio não é recomendado devido à
Os métodos químicos de análises de solubilização de proteína associada à fibra, de
alimentos sugeridos para a avaliação dos lignina e outros compostos (Gomes et al.,
teores de MS, matéria orgânica (MO), PB, 2012). A análise de FDA se faz de forma
EE, FDA, PIDN, PIDA, FDNi, PIIDN e sequencial à FDN.
lignina são resumidos na Tabela 4.2. No Ressalta-se, contudo, que o uso de
geral, os métodos aplicados às análises filter bags e de extratores adaptados a este
químicas seguem as recomendações tipo de recipiente (e.g., Ankom220) ainda
estabelecidas no livro Métodos para Análises permanece recomendado para as avaliações
de Alimentos do Instituto Nacional de Ciência de FDNi. Somente atenta-se que os extratores
e Tecnologia de Ciência Animal (INCT-CA, devem, obrigatoriamente, trabalhar sob
Detmann et al., 2012), com algumas exceções ambiente pressurizado. Equipamentos
ressaltadas no texto. Estas exceções se devem adaptados para uso em pressão atmosférica
à ausência de métodos no referido livro ou a podem levar à obtenção de dados viesados
alterações já definidas e que serão (Gomes et al., 2011a).
estabelecidas na segunda edição ainda em O cálculo da concentração de FDNcp
preparação. é dado por:
Para avaliação da concentração de (100  PIDN  CIDN )
nitrogênio total ou PB, recomenda-se o uso do FDNcp  FDN  (4.31);
100
método de Kejldhal (método INCT-CA N-
001/1) com a seguinte modificação: utilizar em que: FDNcp, teor de fibra em detergente
na digestão a proporção entre sulfato de sódio neutro corrigida para cinzas e proteína (% da
e sulfato de cobre de 20:1 (Silva et al., 2016). MS); FDN, teor de fibra em detergente neutro
Estas mesmas modificações também devem (% da MS); PIDN, teor de proteína insolúvel
ser aplicadas às avaliações dos compostos em detergente neutro (% da FDN); CIDN,
nitrogenados associados às frações fibrosas teor de cinzas insolúveis em detergente neutro
(PIDN, PIDA e PIIDN). (% da FDN).
Os teores de FDN e FDA devem ser Ressalta-se que a correção para os
estimados por intermédio de extrações em teores de FDN (Equação 4.31) deve ser
equipamentos do tipo fiberthech (Van Soest e realizada para que não se subestime o teor
Robertson, 1985; Mertens, 2002) ou em total de CNF dos alimentos ou se compute de
autoclave (Barbosa et al., 2015), seguindo-se forma duplicada a contribuição energética de
as recomendações de reagentes previstas no parte da PB (PIDN). Por outro lado, a
livro Método para Análise de Alimentos do correção evita a contabilização errônea de
INCT-CA (Detman et al., 2012). As análises parte da matéria mineral (CIDN) como
de FDN e FDA devem ser realizadas componente energético dos alimentos
utlizando-se cadinhos filtrantes. Para ambos (Detmann et al., 2008b; Detmann e Valadares
os casos, o uso de filter bags deve vista com Filho, 2010).
cautela devido à observação de vícios sobre
102 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Tabela 4.2 - Resumo de métodos sugeridos para a avaliação de alimentos para predição da
concentração dietética de NDT
Componente Método Descrição Geral Referência
55-60ºC/48-72 horas; equipamento: estufa com
Pré-secagem 1
ventilação forçada
a.105ºC/3 horas, p/ rações com teor de ureia superior a
MS
Secagem 10%;
2, 3
definitiva b.105ºC/16 horas, para os demais materiais;
equipamentos: estufa não-ventilada, dessecador
Digestão em ácido sulfúrico (400ºC), destilação com
PB Kjeldahl 4*
hidróxido de sódio e titulação com ácido clorídrico
Tempo de imersão: 30 minutos; tempo de
gotejamento: 60 minutos; taxa de condensação do
EE Randall 5
solvente: 3-5 gotas/segundo; extrator sugerido: éter de
petróleo
600ºC/3-4 horas;
Cinzas Calcinação 6
equipamentos: mufla, dessecador
Matéria Orgânica Por diferença MO = 100 – Cinzas 6
Teores avaliados por extrações convencionais em
FDN, FDA Sistema detergente *
refluxo (fibertech) ou por micro-extração em autoclave
Avaliação pelo método de Kjeldahl após a extração
PIDN, PIDA Sistema detergente 7*
com os respectivos detergentes
CIDN Sistema detergente Avaliação da matéria mineral residual da FDN 8*
Incubação in situ por 288 horas utilizando-se sacos
F57 (Ankom®) ou de tecido não tecido (TNT, 100
FDNi Incubação in situ 9
g/m²), respectivamente. Massa de amostra: 20 mg
MS/cm² de superfície. Extrair com detergente neutro
Avaliação da proteína associada à FDNi pelo método
PIIDN Incubação in situ 9, 7*
de Kjeldahl
Solubilização da celulose por hidrólise em H2SO4
Lignina Ácido sulfúrico (72% p/p) após tratamento prévio da amostra com 10*
detergente ácido
1
Método INCT-CA G-001/1. 2 Método INCT-CA G-003/1 3 Thiex e Richardson (2003). 4 Método INCT-CA N-001/1. 5
Método INCT-CA G-005/1. 6 Método INCT-CA M-001/1. 7 Métodos INCT-CA N-004/1 e N-005/1. 8 Método INCT-
CA M-002/1. 9 Método INCT-CA F-008/1. 10 Método INCT-CA F-005/1. * Ver comentários no texto.

Neste contexto, os teores de CNF são do EE e dos CNF foi mantida (Equações 4.9 e
obtidos pela equação (Detmann e Valadares 4.10), pois trabalhos de validação
Filho, 2010): confirmaram sua exatidão (Detmann et al.,
2008b; Magalhães et al., 2010; Azevêdo et al.,
CNF  MO  [( PB  PBu  Ur )  EE  2011; Sampaio et al., 2012) e reiteraram a
FDNcp ] hipótese central de que ambos os
(4.32); componentes poderiam ser tratados como
entidades nutricionais homogêneas, sendo seu
em que: PBu, PB oriunda da ureia (% da MS); comportamento digestivo adequadamente
e Ur, teor de ureia nas rações (% da MS). interpretado por intermédio dos fundamentos
do teste de Lucas (Lucas e Smart, 1959;
DISCUSSÃO SOBRE AS PRINCIPAIS Lucas, 1960).
CARACTERÍSTICAS E MODIFICAÇÕES DO Adicionalmente, conforme relatado na
MODELO segunda edição do Sistema BR-CORTE
Em relação à segunda edição do (Detmann et al., 2010b), parte do melhor
Sistema BR-CORTE (Detmann et al., 2010b), desempenho do sistema somativo
a estrutura dos sub-modelos utilizados para desenvolvido em condições brasileiras
predição da fração verdadeiramente digestível poderia ser atribuído à melhor adequação das
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 103

frações metabólicas fecais (Tabela 4.1), as existem limitações temporais de exposição


quais são necessárias para a adequada aos sistemas enzimáticos microbianos
conversão das frações verdadeiramente ruminais (Detmann et al., 2008a). A alta
digestíveis de EE, CNF e PB em frações variabilidade entre amostras quanto à
compatíveis com digestibilidade aparente, concentração de FDNi, e por conseguinte de
base para o cômputo das estimativas da FDNpd, indica que, embora a lignina seja o
concentração de NDT. A dimensão da fração principal fator determinante da extensão de
metabólica fecal é diretamente influenciada degradação da fibra (Van Soest, 1994),
pelo fluxo de nutrientes ao intestino grosso análises gravimétricas simples talvez não
terminal, que implica alterações na atividade sejam capazes de predizer adequadamente
microbiana cecal (Ørskov, 1988), e pelo nível todos os fatores determinantes dos limites
de componentes fibrosos na dieta (Arroyo- assintóticos da degradação (Detmann et al.,
Aguilu e Evans, 1972), condições estas 2008b). Assim, a análise direta da fração
notadamente divergentes entre animais FDNi por intermédio de ensaios de incubação
alimentados em condições tropicais e não ruminal in situ de longa duração seria a
tropicais (Detmann et al., 2008b). alternativa de maior plausibilidade biológica
Contudo, o sub-modelo inicialmente para o fracionamento da FDN dos alimentos.
proposto para avaliação da fração digestível Contudo, entende-se que existam
da FDN (Equação 4.12) apresentou baixa limitações para a realização de tais ensaios
precisão (Detmann et al., 2008b; Azevêdo et devido à necessidade de disponibilidade de
al., 2011; Sampaio et al., 2012), notadamente animais fistulados no rúmen e ao longo tempo
para bovinos em crescimento e terminação demandado (Casali et al., 2008; Valente et al.,
(Detmann et al., 2007). 2011). Desta forma, equações de predição
A baixa eficiência de predição deste empíricas foram desenvolvidas a partir da
sub-modelo poderia ser atribuída a dois análise de amostras de forragens (n = 371) e
fatores principais. Primeiramente, a concentrados (n = 65), cujos resultados são
consideração de fator constante de proteção à expressos nas equações (4.13) e (4.14),
degradação ruminal da lignina sobre a FDN respectivamente (Figuras 4.1 e 4.2). Para o
(parâmetro F; Equação 4.12), característica ajuste destas equações, associações com
também intrínseca ao sub-modelo adotado diversos componentes dos alimentos foram
pelo NRC (2001). A derivação do parâmetro devidamente investigadas [i.e., FDN, FDNcp,
F adotado na segunda edição do Sistema BR- FDA, FDA corrigida para cinzas e proteína
CORTE foi realizada por Detmann et al. (FDAcp), lignina avaliada por hidrólise ácida
(2004a) empregando-se amostras de forragens e por oxidação com permanganato]. Um dos
tropicais e utilizando-se o método de análise maiores avanços em relação aos pressupostos
de lignina por oxidação em permanganato de adotados na segunda edição do Sistema BR-
potássio. No entanto, o conjunto de amostras CORTE reside sobre a consideração de
utilizado foi de certa forma restrito, pois, além modelos diferentes para forragens e
da não contemplação de alimentos concentrados.
concentrados, foi composto por grande parte Como ressaltado previamente, as
de amostras de gramíneas tropicais sob correlações entre as diferentes características
pastejo (e.g., capim-braquiária). Entende-se, químicas consideradas e a fração FDNi
contudo, que a relação entre a lignina e a mostraram-se mais fracas em relação à fração
fração FDNi não pode ser considerada FDNpd (Tabela 4.3), o que possivelmente
homogênea entre alimentos (Palmonari et al., reflete a maior proporção de FDNpd em
2016), o que demandou uma primeira relação à FDNi na MS total dos alimentos.
modificação nos pressupostos teóricos que Sendo as frações complementares, melhores
deveriam reger a estimação da fração ajustamentos dos modelos foram obtidos
digestível da FDN. considerando-se a fração FDNpd. No entanto,
Como ressaltado anteriormente, a embora complementares em relação à FDN
fração FDNi, e consequentemente a fração total, as frações FDNpd e FDNi, expressas
FDNpd, constitui conceito biológico como percentagem da MS, mostraram-se não
assintótico, ou seja, é definida quando não correlacionadas (Tabela 4.3) devido, em
104 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

maior escala, à alta variabilidade na compreende a maior parte da FDN total;


concentração de FDN e, em menor escala, refletindo, assim, relação direta de
devido à alta variabilidade na partição da proporcionalidade. Estas correlações foram
FDN nas frações potencialmente digestível e levemente mais fortes em relação à FDN
indigestível entre alimentos. (Tabela 4.2) possivelmente devido à baixa
A característica básica para o influência da proteína e minerais da parede
ajustamento dos modelos para predição da celular sobre a degradação potencial da fibra.
fração FDNpd para forragens e concentrados Neste sentido, relações com outras
residiu sobre a forte correlação observada características da fibra foram agregadas ao
com a concentração de FDNcp (Tabela 4.3; modelo baseado na concentração de FDNcp a
Figuras 4.1 e 4.2). Esta relação assume fim de incorporar elementos discriminatórios
característica lógica, considerando-se que, entre alimentos em função do potencial de
com raras exceções, a fração FDNpd utilização ruminal da fibra.

Tabela 4.3 - Correlações lineares de Pearson para as concentrações das frações FDNpd e FDNi e
diferentes características químicas em forragens e concentrados
Alimento2
Forragens Concentrados
1
Característica FDNpd FDNi FDNpd FDNi
FDN 0,838 0,541 0,950 0,427
(<0,001) (<0,001) (<0,001) (<0,001)
FDNcp 0,868 0,576 0,967 0,408
(<0,001) (<0,001) (<0,001) (<0,001)
FDA 0,539 0,632 0,811 0,344
(<0,001) (<0,001) (<0,001) (0,004)
FDAcp 0,534 0,603 0,803 0,340
(<0,001) (<0,001) (<0,001) (0,005)
Lignina (H) -0,553 -0,106 0,059 0,911
(<0,001) (0,040) (0,643) (<0,001)
Lignina (Ox) -0,505 -0,080 0,502 0,391
(<0,001) (0,131) (<0,001) (0,001)
FDNpd  FDNi 0,095 0,163
(0,067) (0,195)
1
FDN, fibra em detergente neutro; FDNcp, FDN corrigida para cinzas e proteína; FDA, fibra em detergente ácido;
FDAcp, FDA corrigida para cinzas e proteína; Lignina(H), lignina avaliada por hidrólise em ácido sulfúrico; Lignina
(Ox), lignina avaliada por oxidação em permanganato de potássio. 2 Os valores entre parênteses representam o nível
descritivo de probabilidade para H0: ρ = 0.

Particularmente para alimentos permanganato (Gomes et al., 2011b), o


volumosos, o modelo para predição da fração conjunto de amostras avaliado evidenciou
FDNpd foi acrescido dos efeitos linear e melhor associação baseada nas concentrações
quadrático da FDA e do efeito linear da de lignina avaliadas por hidrólise em ácido
concentração de lignina (Equação 4.13). sulfúrico (Tabela 4.3), o que sugeriu
A lignina exerce papel central sobre a modificações nos métodos de análises em
extensão da degradação da fibra no rúmen relação à segunda edição do Sistema BR-
(Van Soest, 1994). As correlações negativas CORTE (Tabela 4.2) com a retirada da
entre lignina e fração FDNpd para forragens recomendação do método por oxidação em
corroboram esta afirmativa, implicando em permanganato. De um ponto de vista
coeficiente de regressão negativo na equação pragmático, esta recomendação mostra-se
(4.13). Embora evidências apontem para vantajosa, uma vez que o método da hidrólise
correlações mais fortes entre o potencial de em ácido sulfúrico demanda menor labor e
degradação da FDN de forragens tropicais e a possui menor número de etapas e menor custo
lignina analisada por oxidação em em comparação ao método da oxidação em
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 105

permanganato. Contudo, alerta-se que a sugere que haveria um ponto de mínima


aplicação do método da hidrólise pode levar à concentração de FDNpd em função da FDA,
superestimação da concentração de lignina em com subsequente ampliação. Contudo, o
alimentos com alta concentração de cutina, efeito da FDA sobre a FDNpd é
devido à consideração conjunta destes continuamente decrescente no domínio
componentes (lignina e cutina) no resíduo matemático de suas concentrações. O estudo
avaliado como lignina (Van Soest, 1994). da derivada parcial da concentração de
Para a maioria dos alimentos, a contribuição FDNpd em função da concentração de FDA
da cutina pode ser considerada de baixa indica que que incrementos em FDNpd
relevância. Contudo, para alimentos ricos em somente ocorreriam em limites cabíveis ao
cutina, como os derivados da mamona e as campo da extrapolação e sob concentrações
cactáceas, o método da oxidação em biologicamente pouco prováveis de FDA
permanganato pode produzir resultados mais (FDA  64,2% da MS).
verossímeis da concentração de lignina. A presença da FDA no modelo
Diferentemente do observado para a (Equação 4.13) deve ser vista, contudo, com
FDN, a correção para cinzas e proteína não cautela. De um ponto de vista teórico, deve se
elevou as correlações entre FDNpd e FDA ressaltar que a FDA não supre nenhuma
(Tabela 4.3). Assim, o modelo (Equação 4.13) definição de fibra dietética ou fibra insolúvel
baseou-se nas concentrações de FDA sem (Mertens, 2003), não devendo, portanto, ser
correções. A despeito da PIDA ser considerada conceito nutricionalmente válido
demandada para estimação da fração de fibra. A utilização da FDA em regressões
verdadeiramente digestível da PB por diretas para predição da digestibilidade ignora
aproximação química (Equações 4.26 e 4.27), as bases fisiológicas que relacionam os
a exclusão do uso da FDAcp reduz o labor componentes fibrosos com a digestibilidade. A
analítico, por eliminar a análise de cinzas digestão de todas as frações fibrosas insolúveis
insolúveis em detergente ácido (CIDA) da é limitada principalmente pela lignificação.
rotina laboratorial. Cabe ressaltar que a Neste contexto, o estabelecimento de relações
extração sequencial da FDA remove grande entre FDA e características de digestão,
parte da proteína de parede celular e da sílica principalmente da fibra insolúvel, são
biogênica (Van Soest, 1994), tornando a inconsistentes do ponto de vista nutricional
participação da PIDA e das CIDA inferiores à (Detmann, 2010) e representam tão somente
participação da PIDN e das CIDN na MS total associações estatísticas. Biologicamente,
da amostra, o que parece ampliar a correlações negativas entre FDA e
justificativa das correlações entre FDNpd e digestibilidade da fibra insolúvel devem ser
FDAcp serem similares ou mais fracas em atribuídas à lignina, e não à FDA per si
relação às correlações entre FDNpd e FDA. (Detmann, 2010). Assim, o efeito negativo da
Embora a correlação entre FDNpd e FDA observado no modelo, mesmo com a
FDA tenha sido incialmente positiva (Tabela presença da lignina (Equação 4.13) parece
4.3), sua inclusão no modelo se deu por refletir apenas efeito de adequação na
intermédio de efeito negativo sobre a FDNpd participação proporcional dos diferentes macro-
(Equação 4.13). Esta inversão na direção da componentes insolúveis da parede celular
associação reflete limitação do coeficiente (celulose, hemicelulose e lignina) na FDN das
momento produto de Pearson quando aplicado forragens, o que pode influenciar sua
a grupos de variáveis altamente degradação potencial devido às diferentes
correlacionadas, pois sua estimativa para ligações químicas e interações físicas existentes
qualquer par de variáveis pode ocultar entre estes e à diferente participação destes
influências das demais variáveis avaliadas componentes nos diferentes tecidos vegetais, os
(Spiegel, 1971). No entanto, apesar da quais variam em participação na planta
inversão na direção da correlação, a inclusão conforme espécie e estádio de maturidade.
da FDA ao modelo melhorou seu ajustamento Para alimentos concentrados, o
e contribuiu significativamente para a modelo para predição da fração FDNpd foi
explicabilidade da relação (P0,04). A acrescido do efeito linear negativo da FDA
conformação quadrática da equação (4.13) (Equação 4.14). Embora as concentrações de
106 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

lignina mensuradas por oxidação tenham se edição do Sistema BR-CORTE reside sobre a
correlacionado negativamente com a FDNpd adoção de coeficientes de digestibilidade
(Tabela 4.3), sua inclusão no modelo não fixos para a fração FDNpd, limitação
proporcionou contribuição significativa previamente apontada por Detmann et al.
(P>0,46). Como ressaltado anteriormente, os (2010b). O coeficiente de digestibilidade da
efeitos centrais sobre o potencial de FDNpd resulta da integração entre as
degradação da FDN devem ser atribuídos à dinâmicas de degradação e trânsito no trato
lignina (Van Soest, 1994) e correlações entre gastrintestinal dos ruminantes e,
esta característica e a FDA devem ser vistas consequentemente, de todos os fatores com
apenas como associações estatísticas. Assim, potencial de alteração sobre estas
para alimentos concentrados, a FDA parece características. Embora os coeficientes de
refletir diretamente a ação da lignina, pois digestibilidade da FDNpd previamente
esta seria proporcionalmente mais adotados sejam distintos entre categorias
representativa no resíduo insolúvel em animais, os mesmos foram derivados da
detergente ácido (celulose + lignina) em análise conjunta de baixo número de
comparação ao resíduo insolúvel de experimentos (Detmann et al., 2007), o que
detergente neutro (hemicelulose + celulose + não permitiu a contemplação de grande
lignina). Por outro lado, a avaliação de lignina amplitude em relação às diferentes situações
em concentrados pode apresentar dificuldades dietéticas observadas em condições
inerentes devido à sua baixa concentração, brasileiras. Esta questão mostrou-se
reduzindo a precisão das mensurações particularmente relevante para bovinos em
gravimétricas. Assim, a vantagem apontada crescimento e terminação, pois os dados
aqui para a FDA em alimentos concentrados originalmente utilizados apresentavam grande
se deve ao fato de a lignina estar contida na número de observações derivadas de
FDA, permitindo a quantificação da mesma experimentos com animais manejados em
em resíduo de maior massa, sem a pastos tropicais de baixa qualidade (Detmann
necessidade de um segundo procedimento et al., 2007), o que, em conjunto com os
químico para separação da celulose, o que entraves previamente relatados para a
também implica em maior praticidade, maior estimação da FDNi, parece ter implicado em
rapidez e menor custo das análises. viés positivo sobre as estimativas da fração
No modelo aplicável à concentração digestível da FDN para esta categoria animal.
de FDNpd em concentrados introduziu-se A primeira proposta para obtenção de
variável “dummy” para correção das estimativas para o coeficiente de
estimativas em função de alimentos com fibra digestiblidade baseou-se na avaliação meta-
de menor potencial de degradação (Equação analítica de dados (doravante denominada
4.14). Esta correção foi incorporada somente aproximação meta-analítica). A integração de
em nível de intercepto, pois a inclinação de diferentes estudos por intermédio de técnicas
ambos os grupos de alimentos concentrados de meta-análise apresenta a vantagem
em função da concentração de FDNcp evidente de contemplação de grande
mostrou-se similar (Figura 4.2). Embora o amplitude de condições dietéticas, o que seria
grupo de alimentos com fibra de menor inviável de ser obtido por intermédio de um
degradação potencial no conjunto de dados ou poucos experimentos. Dados oriundos de
contemplasse apenas subprodutos do algodão 45 dietas com vacas em lactação e 213 dietas
e farelo de trigo, avaliações subsequentes com bovinos em crescimento e terminação
utilizando-se a base de dados CQBAL 3.0 (médias de tratamentos) foram compilados.
(Valadares Filho et al., 2015) revelaram que a Em princípio, objetivou-se ajustar equação
correção por intermédio da variável “dummy” única para ambas as categorias animais,
seria também aplicável a subprotudos visando à maior confiabilidade devido ao
derivados do girassol (fartelo e torta) e ao maior número de condições dietéticas.
MDPS. Contudo, as avaliações iniciais permitiram
O segundo fator influente sobre a evidenciar que associações ilógicas do ponto
baixa precisão da fração digestível da FDN a de vista biológico estavam sendo apontadas
partir do sub-modelo adotado na segunda pelas equações (e.g., associação positiva entre
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 107

concentração dietética de EE e a digestão da dietética de PB (r = 0,18; P<0,03) e com o


fibra), um possível reflexo de ocorrência do consumo voluntário de FDNi (r = 0,25;
Paradoxo de Simpson, o qual indica a P<0,01). No entanto, devido às dificuldades
reversão da direção de uma associação de obtenção de estimativas do consumo de
quando se combinam dados de vários grupos FDNi, esta variável foi substituída no
para a formação de um único grupo (Moore, processo de ajustamento pelo consumo
1995). Desta forma, equações distintas foram voluntário de MS (estimável pelo Sistema
ajustadas para cada grupo. Adotou-se o BR-CORTE) e concentração dietética de
método backward regression (Draper e FDNi, haja vista que o produto de ambos
Smith, 1966) com ajuste para o efeito resulta no consumo de FDNi. Distinção entre
aleatório dos diferentes experimentos; diferentes grupos de forragens foi necessária
considerando-se, contudo, a pré-seleção de para o correto ajustamento da equação, as
variáveis por intermédio das estimativas de quais foram agrupadas em forragens com alto
correlação linear de Pearson. (i.e., silagens de milho e sorgo) e baixo (i.e.,
Para bovinos em crescimento e cana-de-açúcar, fenos de gramíneas, silagens
terminação, as correlações mais fortes com o de gramíneas, gramíneas in natura) teor de
coeficiente de digestibilidade da FDNpd amido (Equação 4.15; Figuras 4.7 e 4.8).
foram estabelecidas com a concentração

Figura 4.7 - Variações no coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro


potencialmente digestível (CD FDNpd) em função do consumo voluntário de matéria
seca e da concentração dietética de FDNi para bovinos em crescimento alimentados
com forragens de baixo teor de amido (Equação 4.15; assumiu-se dieta com 12% de
PB com base na MS).

A avaliação da equação (4.15) passagem (Waldo et al., 1972; Detmann et al.,


pemitiu evidenciar efeito positivo da 2015). O aumento no efeito de repleção
concentração de FDNi na dieta sobre o ruminal da FDN com a maior participação da
coeficiente de digestibilidade da FDNpd tanto fração FDNi implica em maior tempo de
para forragens de baixo (Figura 4.7) como de retenção, ampliando o tempo de exposição da
alto (Figura 4.8) teor de amido. Este efeito fração FDNpd à ação dos microrganismos
está associado ao fato de a fração indigestível ruminais. Este efeito da concentração dietética
da fibra possuir, proporcionalmente, maior de FDNi mostrou-se, contudo, mais
efeito de repleção ruminal em comparação à proeminente quando forragens de alto teor de
fração potencialmente degradável, pois sua amido são consideradas (Figura 4.8).
retirada do rúmen ocorre somente por
108 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 4.8 - Variações no coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro


potencialmente digestível (CD FDNpd) em função do consumo voluntário de matéria
seca e da concentração dietética de FDNi para bovinos em crescimento alimentados
com forragens de alto teor de amido (silagens de milho ou sorgo; Equação 4.15;
assumiu-se dieta com 12% de PB com base na MS).

Devido ao efeito de interação entre da fibra (Costa et al., 2009; Lazzarini et al.,
tipo de forragem e concentração de PB na 2016). Isto parece justificar o efeito positivo
dieta, efeitos positivos associados ao aumento da concentração dietética de PB sobre o
da PB dietética somente foram coeficiente de digestibilidade da FDNpd em
significantemente observados em forragens de forragens de alto teor de amido (Equação
alto teor de amido (Equação 4.15). Efeitos 4.15).
proeminentemente positivos da De uma forma geral, para bovinos em
disponibilidade de compostos nitrogenados na crescimento e terminação, observou-se efeito
dieta sobre a utilização efetiva da fibra no negativo do consumo sobre o coeficiente de
rúmen são normalmente observados quando digestibilidade da FDNpd (Girard e Dupuis,
dietas deficitárias em nitrogênio são 1988; Figuras 4.7 e 4.8). Sob condições
oferecidas aos animais (Detmann et al., 2009), normais de alimentação (sem desbalanços
característica pouco representada no banco de drásticos), entende-se que a taxa de passagem
dados aqui utilizado. Contudo, com o ruminal é amplamente influenciada pelo
aumento na participação do amido na dieta, consumo (Pittroff e Kothmann, 1999). Desta
efeitos deletérios sobre a utilização da fibra forma, maiores consumos estão associados a
são verificados, os quais são atribuídos a maiores taxas de passagem e,
quedas no pH ruminal a valores aquém do consequentemente, menor tempo de retenção
adequado à atividade fibrolítica ou ao ruminal e menor tempo para ação microbiana
aumento na competição por substratos entre sobre a fibra. Contudo, percebe-se que o
espécies fibrolíticas e não fibrolíticas efeito do consumo sobre o coeficiente de
(Mertens e Loften, 1980; Mould et al., 1983; digestibilidade da FDNpd se torna menos
Arroquy et al., 2005; Carvalho et al., 2011). prominente na medida que se reduz a
Contudo, resultados obtidos em condições qualidade da dieta (aumento na concentração
tropicais permitem evidenciar que o aumento de FDNi), tornando os valores praticamente
na disponibilidade dietética de compostos estáveis na faixa de consumo voluntário
nitrogenados é capaz de reduzir a competição avaliada (Figuras 4.7 e 4.8). Entende-se que o
entre espécies microbianas, reduzindo o efeito consumo voluntário por bovinos é regulado
deletério do amido sobre a utilização ruminal por múltiplos mecanismos que agem
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 109

simultaneamente. Contudo, variações nas interação com o consumo voluntário de MS


condições dietéticas podem fazer com que (Equação 4.16), exerce efeitos negativos
mecanismos reguladores se alternem em sobre a digestibilidade da fibra. Contudo,
importância na soma total das influências estes efeitos se tornam mais proeminentes na
sobre a determinação do consumo voluntário medida em que se amplia o nível de
(Detmann et al., 2014). Neste sentido, com a concentrado e o consumo total. Maiores
redução na qualidade da dieta, mecanismos de níveis de concentrado e consumo voluntário
regulação física do consumo podem se tornar implicam em maior consumo de CNF,
mais proeminentes devido ao maior tempo de causando redução nas condições propícias
retenção da digesta no rúmen, reduzindo a para a degradação ruminal da fibra devido ao
influência do nível de consumo sobre a menor pH e à maior competição entre
passagem e tornando menos evidentes as espécies microbianas, como previamente
diferenças quanto ao coeficiente de ressaltado.
digestibilidade da FDNpd. Por outro lado, a amplitude dos
O modelo adotado para vacas em coeficientes de digestibilidade da FDNpd
lactação mostrou-se mais simples em relação obtidos para vacas em lactação permite
ao modelo adotado para bovinos em evidenciar que o coeficiente previamente
crescimento e terminação (Equação 4.16; adotado para esta categoria animal na segunda
Figura 4.9). Para esta categoria animal, o edição do Sistema BR-CORTE (0,67) mostra-
coeficiente de digestibilidade da FDNpd se subestimado para a grande maioria das
correlacionou-se negativamente com o nível condições dietéticas.
de concentrado da dieta (r = -0,31; P<0,05) e Embora as equações (4.15) e (4.16)
com o consumo voluntário de MS (r = -0,36; tenham apresentado ajuste adequado (Figuras
P<0,04). Correlação negativa entre o 4.3 e 4.4), ressalta-se que estes modelos são
coeficiente de digestibilidade da FDNpd e a baseados exclusivamente em dados
concentração de PB na dieta foi também experimentais e não em bases biológicas ou
observada (r = -0,47; P<0,01). Contudo, sua teóricas. Portanto, mesmo com ajuste
inclusão não resultou em contribuição adequado, os modelos devem ser
significativa para o ajustamento da equação, considerados específicos para as condições
possivelmente devida à forte correlação entre nas quais os dados foram obtidos (Forbes e
nível de concentrado e concentração de PB na France, 1993) e seu valor preditivo restringe-
dieta (r = 0,64; P<0,01). Em outras palavras, se ao domínio matemático das variáveis
os efeitos da PB estariam refletindo independentes de cada modelo. Assim,
confundimento com o nível de concentrado na combinações dietéticas atípicas (e.g., dietas
dieta. A maior simplicidade do modelo com silagem de milho com 22% de FDNi e
aplicável a vacas em lactação constitui 15% de PB para bovinos em crescimento e
possível reflexo da maior homogeneidade das terminação) poderão produzir valores de
dietas ofertadas a esta categoria animal em coeficiente de digestibilidade da FDNpd
comparação àquelas oferecidas a bovinos em biologicamente implausíveis. De forma
crescimento e terminação. particular para vacas em lactação, a
Em geral, o aumento no consumo conformação do modelo (Equação 4.16)
voluntário refletiu reduções no coeficiente de indica que o mesmo não deve ser aplicado
digestibilidade da FDNpd por motivos para consumos voluntários superiores a 32-34
similares aos discutidos para bovinos em g/kg de peso corporal, pois consumos
crescimento e terminação (Figura 4.9). superiores a estes não foram verificados no
Similarmente, o aumento no teor de banco de dados utilizados para as avaliações
concentrados, expresso por intermédio de meta-analíticas.
110 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 4.9 - Variações no coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro


potencialmente digestível (CD FDNpd) em função do consumo voluntário de matéria
seca e do nível de concentrado na dieta para vacas em lactação (Equação 4.16).

Embora a aproximação meta-analítica desenvolvimento de sub-modelo simplificado


tenha por base a interpretação de dados que pudesse ser aplicado a alimentos
empíricos, uma limitação intrínseca é individuais, sem a demanda de informações
observada para esta aproximação. Os modelos da composição da dieta final. Adicionalmente,
ajustados exigem como input características ajustes discretos com relação às categorias
das dietas que são observadas após sua animais não foram contemplados na
formulação (i.e., concentrações dietéticas de aproximação empírica, ficando estas restritas
PB, FDNi e de alimentos concentrados). Isto a diferenças no nível de consumo e em
torna o processo de predição iterativo, ou seja, relação à forragem basal da dieta.
o processo de avaliação da energia dietética é Neste sentido, a taxa de degradação da
iniciado a partir de estimativas iniciais para FDNpd pode ser predita por relação positiva e
estas variáveis fornecidas pelo usuário. O linear a partir do consumo voluntário de MS
output é então avaliado e utilizado para (variável estimável pelo Sistema BR-
retroalimentar o modelo. A nova solução CORTE). A associação positiva entre a taxa
obtida é novamente avaliada, repetindo-se o de degradação da FDNpd e o consumo
ciclo até que haja convergência entre os voluntário (Equação 4.18; Figura 4.5) baseia-
valores de exigências de energia pelo animal e se no fato de o efeito de repleção ruminal da
de energia fornecida pela dieta. fibra, particularmente sua fração
Desta forma, sub-modelo alternativo e potencialmente degradável, estar
de mais fácil aplicação foi desenvolvido negativamente associada com sua taxa de
(Equação 4.17) baseado em informações degradação no ambiente ruminal (Waldo et
empíricas de dinâmica de degradação ruminal al., 1972; Detmann et al., 2015). Assim, deve
da FDNpd avaliadas em bovinos alimentados ser entendido que a relação expressa pela
exclusivamente com forragem (doravante equação (4.18) estabelece-se com base no
denominada aproximação empírica). Embora aumento da qualidade da dieta.
informações de animais alimentados com Por outro lado, a taxa de passagem da
dietas compostas por volumosos e FDNpd de alimentos volumosos demonstrou
concentrados estivessem disponíveis, as associação simples, negativa e curvilínea com
mesmas não foram utilizadas visando ao a concentração da FDNi na forragem basal da
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 111

dieta, sendo a melhor descrição desta relação evidencia a existência de efeitos associativos
realizada por um modelo hiperbólico com a inclusão de concentrados, o que pode
(Equação 4.19; Figura 4.6). Embora as afetar a taxa de degradação da FDNpd
frações FDNi e FDNpd tenham taxas de (BCNRM, 2016). Alterações na taxa de
passagem distintas no ambiente ruminal degradação podem refletir em alterações na
(Lund et al., 2007), o aumento da fração teaxa de passagem da fibra (Allen, 1996).
FDNi da forragem amplia o efeito de repleção Contudo, tais impactos não são contemplados
ruminal total da FDN devido ao maior tempo diretamente na aproximação empírica e sua
de retenção ruminal da FDN, haja vista que a consideração em aproximações futuras pode
fração FDNi só exibe desaparecimento incrementar a capacidade preditiva do
ruminal por uma única via (passagem) e, modelo.
portanto, menor turnover comparado à fração Por outro lado, como a estimação da
FDNpd. Desta forma, ambas as equações taxa de passagem da FDNpd baseia-se na
ajustadas (Equações 4.18 e 4.19) apresentam concentração da FDNi da forragem basal,
coerência biológica com a ideia de avaliação seria impossível obter estimativas para dietas
da disponibilidade da FDNpd a partir da formadas exclusivamente por concentrados.
integração entre as dinâmicas de trânsito e Como dados das dinâmicas de trânsito e
degradação ruminal (Equação 4.17). degradação ruminal para este tipo específico
Contudo, a integração entre trânsito e de dieta são inexistentes em condições
degradação se refere apenas aos eventos brasileiras, optou-se pela recomendação da
ruminais, não considerando o possível equação adotada pelo NRC (2001) (Equação
aproveitamento da FDNpd no intestino 4.21).
grosso, o qual complementa o coeficiente de A estrutura do sub-modelo adotado
digestibilidade total desta fração. Assim, fator para a estimação da fração verdadeiramente
de ajustamento para a digestibilidade digestível da PB foi mantida em relação à
intestinal (FAI) foi adotado para compensar segunda edição do Sistema BR-CORTE
aos eventos digestivos pós-ruminais. No (Equações 4.24 a 4.27). As únicas alterações
banco de dados avaliado, verificou-se que, em realizadas dizem respeito aos coeficientes de
média, 89% da digestão total da FDNpd digestibilidade das frações da PB associadas
ocorreu no rúmen, o que culminou na adoção ao conteúdo celular e à parede celular. Para o
de FAI = 1,12 (1/0,89). Esta proporção primeiro caso, para melhor adequação às
aproxima-se do sugerido por outros autores estimativas obtidas com dados brasileiros,
em condições não tropicais (Huhtanen et al., este coeficiente foi alterado de 0,98 para 0,95,
2010). convergindo ao que é aplicado para estimação
Como limitação da aproximação dos CNF verdadeiramente digestíveis
empírica tem-se a ausência de dados (Equação 4.10). Considerando-se que a PB
associados à taxa de passagem da FDNpd de associada à parede celular apresenta, por
alimentos concentrados. Este tipo de pressuposição, comportamento digestivo
informação é escasso no Brasil. Desta forma, similar ao observado para a porção fibrosa do
o ajuste para a taxa de passagem de alimento/dieta, seus coeficientes de
concentrados foi baseado na taxa de passagem digestibilidade devem ser modificados de
da FDNpd da forragem basal e nas relações acordo com o sub-modelo utilizado para
entre taxas de passagens da fibra de estimação da fração digestível da FDNpd
volumosos e concentrados obtida por Bürger (Equações 4.15 a 4.21).
et al. (2000) (Equação 4.20). Contudo, este Ressalta-se, contudo, que a estimação
ajustamento poderá sofrer modificações na da PIIDN a partir da PIDA foi proposta como
medida em que novas informações forem alternativa para se agilizar o processo de
obtidas em condições brasileiras. predição (Detmann et al., 2010a). Contudo,
Como descrito anteriormente para ressalvas ainda devem ser mantidas, pois a
vacas em lactação (Figura 4.9), a inclusão de relação entre PIIDN (conceito analítico
concentrados à dieta pode afetar o coeficiente biológico) e PIDA (conceito analítico
de digestibilidade da FDNpd, particularmente químico) não apresenta alta precisão devido à
em nível ruminal. Este comportamento elevada variabilidade biológica da
112 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

disponibilidade dos compostos nitrogenados superestimar a concentração dietética de NDT


associados à fibra (Henriques et al., 2007; em alimentos volumosos como reflexo das
Detmann et al., 2010a). Neste contexto, a maiores estimativas da fração digestível da
utilização da PIDA como elemento preditor FDN. Como ressaltado anteriormente, a
deve ser entendida apenas como aproximação combinação do uso de coeficiente de
química, sem que nenhum fundamento digestibilidade fixo com fator de proteção
biológico seja destinado à sua ação sobre a constante associado à lignina (Equação 4.12)
digestibilidade dos compostos nitrogenados. tende a superestimar esta fração, notadamente
Para melhor entendimento das em bovinos em crescimento e terminação.
modificações dos sub-modelos em relação à Neste sentido, a aproximação empírica
segunda edição do Sistema BR-CORTE, (Equações 4.17 a 4.20), produziu menores
processo de avaliação comparativa foi estimativas da fração digestível da FDN
conduzido a partir da composição de (Figura 4.10), fazendo com que as
volumosos (n = 16) e concentrados (n = 8) concentrações de NDT em forragens
constantes no banco de dados CQBAL 3.0 apresentassem a maior similaridade com os
(Valadares Filho et al., 2015). Os alimentos valores observados in vivo (Figura 4.11). Por
foram selecionados com base em sua outro lado, a aproximação meta-analítica
utilização rotineira na alimentação de (Equação 4.15) incorreu em valores inferiores
bovinos, na disponibilidade de todos os itens da fração digestível da FDN, produzindo
de composição química necessários ao valores de NDT substancialmente inferiores
processo de estimação e na disponibilidade de aos valores observados in vivo. Considerando
valores observados de NDT. Ressalta-se, a similaridade entre todas as aproximações
contudo, que este processo de validação deve quanto aos valores da fração verdadeiramente
ser visto com cautela, pois os itens relativos à digestível da PB de forragens (Figura 4.10),
composição química podem ser oriundos de entende-se que as principais diferenças entre
fontes distintas, além de não haver clareza aproximações residem no processo de
quanto às situações nas quais as estimação da fração digestível da FDN.
concentrações de NDT foram avaliadas in Para melhor entendimento das
vivo. As avaliações centraram-se sobre as diferenças entre as aproximações,
frações digestíveis da FDN e PB, haja vista procedimento simplificado de avaliação da
que não foram estabelecidas modificações composição do erro de predição foi conduzido
quanto aos sub-modelos aplicados para a partir de fundamentos relatados por
estimação das frações digestíveis de EE e Kobayashi e Salam (2000):
CNF.
De forma geral, não foram observadas 1 n
diferenças marcantes entre as aproximações QMEP   ( xi  y i ) 2
n i 1
(4.33);
meta-analítica e empírica aqui apresentadas e
os sub-modelos adotados na segunda edição
do Sistema BR-CORTE com relação aos QV  ( x  y ) 2 (4.34);
valores de frações digestíveis de FDN e PB
1 n
para alimentos concentrados. Todas as VMQ  QMEP  QV  
n i 1
[( xi  x )  ( y i  y )]2
aproximações produziram valores de NDT
próximos àqueles observados na base de (4.35);
dados CQBAL 3.0 (Figuras 4.10 e 4.11).
No entanto, diferenças marcantes em que: QMEP, quadrado médio do erro de
foram observadas quando amostras de predição; xi, valores preditos (% da MS); yi,
volumosos foram consideradas (Figura 4.10). valores observados (% da MS); QV, quadrado
O sistema somativo adotado na segunda do vício; e VMQ, variação média quadrática.
edição do Sistema BR-CORTE tendeu a
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 113

Figura 4.10 - Estimativas da fração verdadeiramente digestível da PB (PBvd), da fração digestível


da FDN (FDNd) e da concentração dietética de NDT obtidas pelos sub-modelos
adotados pelo BR-CORTE (2010) e pelas aproximações meta-analíticas (M) e
empírica (E) para bovinos em crescimento e terminação e valores médios de NDT
observados segundo dados do CQBAL 3.0 (forragens, n = 16; concentrados, n = 8).
Para os modelos empíricos e meta-analítico considerou-se consumo de 22 g/kg de
peso corporal. Para o modelo meta-analítico adotou-se concentração média de 12%
de PB e 14% de FDNi na dieta. Para os modelos empírico e meta-analíticos
aplicados para concentrados considerou-se como volumoso basal silagem de milho.

Devido à limitação intrínseca ao banco decomposição simplificada aqui utilizada


de dados obtido da base CQBAL 3.0, como (Equações 4.33 a 4.35) permite a identificação
previamente ressaltado, optou-se pela não básica da composição do erro de predição
realização de processo mais rigoroso de (QMEP) em relação a limitações na exatidão
avaliação dos erros de predição. A (QV) ou precisão (VMQ) do modelo avaliado.
114 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 4.11 - Erro médios de predição em relação ao teor de NDT em alimentos concentrados e
forragens obtidos pelos sub-modelos adotados pelo BR-CORTE (2010) e pelas
aproximações meta-analíticas (M) e empírica (E) para fibra e proteína para bovinos em
crescimento e terminação em relação aos valores médios de NDT observados segundo
dados do CQBAL 3.0 (forragens, n = 16; concentrados, n = 8). Para verificação das
pressuposições aplicadas a cada modelo, favor consultar a Figura 4.10.

Neste sentido, a avaliação geral do da equação (4.12). No entanto, os maiores


conjunto de dados permitiu evidenciar que ganhos foram observados com relação à
ganhos proeminentes em exatidão e precisão precisão das estimativas, o que, como
foram obtidos somente na avaliação de ressaltado anteriormente, constituía a
alimentos volumosos, pois pouca diferença principal limitação na avaliação da fração
foi verificada com relação a alimentos digestível da FDN (Detmann et al., 2007;
concentrados (Figura 4.12). 2008b; Azevêdo et al., 2011). Embora as
A utilização da aproximação empírica equações utilizadas por esta aproximação
produziu estimativas mais exatas em relação sejam relativamente simples (Equações 4.17 a
aos sub-modelos adotados na segunda edição 4.20), a consideração das particularidades das
do Sistema BR-CORTE. O coeficiente de forragens basais (i.e., concentração de FDNi)
digestibilidade da fração FDNpd para bovinos em detrimento de coeficientes constantes para
em crescimento e terminação previamente o coeficiente de digestibilidade da FDNpd
adotado pelo Sistema BR-CORTE (0,84) parecem ter refletido em variações similares e
mostrou-se inferior ao coeficiente médio de correlações mais fortes com valores
digestibilidade da FDNpd para amostras de observados in vivo. Assim, a aproximação
forragens considerando-se a aproximação empírica mostrou-se alternativa mais exata e
empírica (0,867). Contudo, mesmo assim precisa para a substituição do sub-modelo
verificaram-se estimativas mais altas da previamente adotado pelo Sistema BR-
fração digestível da FDN, culminando em CORTE para estimação da fração digestível
superestimação da concentração de NDT. Este da FDN, com as consequentes aplicações
fato alerta para a presença de vieses positivos sobre a fração digestível da PB.
na estimação da fração FDNpd por intermédio
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 115

Figura 4.12 - Quadrado médio do erro de predição (QMEP), quadrado do vício (QV) e variação média
quadrática (VMQ) para os teores de NDT em alimentos concentrados e forragens obtidos
pelos sub-modelos adotados pelo BR-CORTE (2010) e pelas aproximações meta-
analíticas (M) e empírica (E) para fibra e proteína para bovinos em crescimento e
terminação em relação aos valores médios de NDT observados segundo dados do CQBAL
3.0 (forragens, n = 16; concentrados, n = 8). Para verificação das pressuposições aplicadas
a cada modelo, favor consultar a Figura 4.10.

Por outro lado, embora desenvolvida a qual ajustes sequenciais a partir dos outputs são
partir de grande número de observações in vivo, necessários para se alcançar a convergência entre
a aproximação meta-analítica apresentou exigências de energia e consumo de energia.
limitações quanto à exatidão (Figuras 4.11 e Assim, seria esperado que o primeiro output
4.12) e, principalmente, quanto à precisão (obtido com valores iniciais definidos pelo
(Figura 4.12) das estimativas da concentração de usuário) produzisse estimativas de baixa
NDT em forragens. Este comportamento poderia precisão. Desta forma, o comportamento aqui
levar à sua não recomendação. Contudo, há de se observado para a aproximação meta-analítica
ressaltar que as estimativas de frações digestíveis pode não refletir suas verdadeiras características.
de FDN e PB obtidas por esta aproximação se Contudo, devido à escassez de dados,
basearam apenas em estimativas iniciais para a procedimentos de avaliação e, principalmente,
composição final da dieta (Figuras 4.10 e 4.11). validação desta aproximação não puderam ser
Como ressaltado anteriormente, a utilização de desenvolvidos, o que seria recomendado.
tal aproximação constitui processo iterativo, na
116 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

EXEMPLO DE APLICAÇÃO Volumoso: silagem de milho.


Concentrado: mistura de milho grão
Situação Produtiva – Bovinos Nelore em (86,43% da MS), farelo de soja (10,07% da
crescimento e terminação (confinamento). MS), ureia:sulfato de amônia (U:SA; 9:1)
Dieta: relação volumoso:concentrado 50:50 (1,5% da MS) e mistura mineral (MM; 2,0%
(base na matéria seca), 12%PB da MS).
Consumo esperado: 25 g MS/kg peso corporal.

Tabela 4.4 - Composição química dos alimentos e da dieta total (% da MS)

Item Silagem Fubá F. Soja U:SA MM Concentrado Dieta


MS 30,92 87,64 88,61 100 100 88,11 45,80
MO 94,74 97,60 92,85 100 0 95,20 94,97
PB 7,26 9,11 48,78 260 - 16,70 12,00
Ur - - - 100 - 1,50 0,75
PBu - - - 260 - 3,90 1,95
EE 3,16 4,07 1,71 - - 3,69 3,43
FDNcp 51,77 10,19 10,72 - - 9,89 30,83
FDA 23,79 4,18 3,75 3,99 13,89
Lignina 4,97 1,16 1,33 - - 1,14 3,06
CNF 32,55 74,23 31,64 - - 67,34 49,95
PIDN 1,14 0,87 2,38 - - 0,99 1,06
PIDA 0,57 0,35 1,34 - - 0,44 0,51

Exemplo A – Abordagem meta-analítica para avaliação da energia oriunda da FDN e PB


A.1.Cálculo da fração verdadeiramente digestível do EE (Equação 4.9)
EE vd  0,86  EE  0,86  3,43  2,95%

A.2.Cálculo da fração verdadeiramente digestível dos CNF (Equação 4.10)


CNFvd  0,95  CNF  0,95  49,95  47,45%

A.3.Cálculo da fração digestível da FDN (Equações 4.11, 4.13, 4.14 e 4.15)

FDNpd ( F )  3,38  0,883 FDNcp  0,834  FDA  0,0065 FDA 2  0,197  L


FDNpd ( F )  3,38  0,883 51,77  0,834  23,79  0,0065 (23,792 )  0,197  4,97
FDNpd ( F )  31,95%

FDNpd (C )  1,19  10,16  D  1,012  FDNcp  0,052  FDA


FDNpd (C )  1,19  10,16  0  1,012  9,89  0,052  3,99
FDNpd (C )  8,61%

FDNpd ( Dieta)  FDNpd ( F )  0,5  FDNpd (C )  0,5  31,95  0,5  8,61 0,5  20,28%

FDNi ( Dieta)  FDNcp  FDNpd  30,38  20,28  10,55%

Dct  80,21 FOR  0,0166 CMS 2  2,658  FDNi  3,691 PB


 0,0507  (CMS  FDNi )  2,9673 ( FOR  FDNi )  3,9990 ( FOR  PB )
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 117

Dct  80,21 0  0,0166 252  2,658  10,55  3,691 12


 0,0507  (25  10,55)  2,9673 (0  12,05)  3,9990 (0  12)  75,33%

FDN d  D  FDNpd
FDN d  75,33%  20,28  15,27%

A.4.Cálculo da fração verdadeiramente digestível da PB (Equações 4.15 e 4.26)

PBvd  DvPBCC  ( PB  PIDN )  DvPBPC  {PIDN  [1  e (0,81881,1676PIDA) ]}


PBvd  0,95  (12,00  1,06)  0,7533 {1,06  [1  e(0,81881,16760,51) ]}
PBvd  0,95  10,94  0,7533 (1,06  0,7569)
PBvd  10,39  0,60  10,99%

A.5.Cálculo do NDT (Equação 28d; Tabela 4.1)


NDT  PBvd  CNFvd  FDN d  2,25  EE vd  FM NDT
NDT  10,99  47,45  15,27  2,25  2,95  7,13
NDT  80,35  7,13  73,22%

A.6.Cálculo da ED (Equação 4.29; Tabela 4.1)


ED  0,056 PBvd  0,042 CNFvd  0,042 FDN d  0,094 EEvd  FM ED
ED  0,05610,99  0,042 47,45  0,04215,27  0,094 2,95  0,322  3,205 Mcal/kg MS

A.7.Cálculo da EM (Equação 4.30)


EM  0,9422 ED  0,303
EM  0,9455 3,205  0,303  2,727 Mcal/kg MS

Exemplo B – Abordagem empírica geral para avaliação da energia oriunda da FDN e PB


B.1.Cálculo da fração digestível da FDN (Equações 4.13, 4.14, 4.17, 4.18, 4.19b e 4.20)

FDNpd ( F )  3,38  0,883 FDNcp  0,834  FDA  0,0065 FDA 2  0,197  L


FDNpd ( F )  3,38  0,883 51,77  0,834  23,79  0,0065 (23,792 )  0,197  4,97
FDNpd ( F )  31,95%

FDNpd (C )  1,19  10,16  D  1,012  FDNcp  0,052  FDA


FDNpd (C )  1,19  10,16  0  1,012  9,89  0,052  3,99
FDNpd (C )  8,61%

kd  0,00329 CMS  0,00329 25  0,0823

0,287 0,287 0,287


kp( F )     0,0145
FDNi ( F ) ( FDNcp  FDNpd ) (51,77  31,95)

kp(C )  kp( F ) 1,8  0,01451,8  0,0261


118 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

0,0823
FDNd ( F )  [( )  31,95]  1,12  30,42%
0,0823  0,0145

0,0823
FDNd (C )  [( )  8,64]  1,12  7,34%
0,0823  0,0261

FDNd ( Dieta)  0,5  FDNd ( F )  0,5  FDNd (C )  0,5  30,42  0,5  7,34  18,88%

B.2.Cálculo da fração verdadeiramente digestível da PB (Equações 4.18, 4.19b, 4.20 e 4.27)


0,0823
PBvd ( F )  0,95  (7,26  1,14)   {1,14  [1  e ( 0,81881,16760,57 ) ]}
0,0823 0,0145
PBvd ( F )  0,95  6,12  0,8502 (1,14  0,7733)
PBvd ( F )  5,81  0,75  6,56%

0,0823
PBvd (C )  0,95  (16,70  0,99)   {0,99  [1  e ( 0,81881,16760, 44) ]}
0,0823 0,0261
PBvd (C )  0,9515,71 0,7592 (0,99  0,7362)
PBvd (C )  14,92  0,55  15,47%

PBvd (dieta)  0,5  PBvd ( F )  0,5  PBvd (C )  0,5  6,56  0,5 15,47  11,02%

B.3.Cálculo do NDT (Equação 4.28d; Tabela 4.1)


NDT  PBvd  CNFvd  FDN d  2,25  EE vd  FM NDT
NDT  11,02  47,45  18,88  2,25  2,95  7,13
NDT  83,99  7,13  76,86%

B.4.Cálculo da ED (Equação 4.29; Tabela 4.1)


ED  0,056 PBvd  0,042 CNFvd  0,042 FDN d  0,094 EEvd  FM ED
ED  0,05611,02  0,042 47,45  0,04218,88  0,094 2,95  0,322  3,358 Mcal/kg MS

B.5.Cálculo da EM (Equação 4.30)


EM  0,9455 ED  0,303
EM  0,9455 3,358  0,303  2,872 Mcal/kg MS

TABELAS DE COMPOSIÇÃO DE comumente utilizados. Os dados de


ALIMENTOS composição química foram retirados da base
CQBAL 3.0. As concentrações energéticas
A seguir são expostas Tabelas de foram estimadas segundo as equações
composição química e concentração descritas na Tabela 4.5.
energética para bovinos em crescimento e
terminação em alguns alimentos mais
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 119

Tabela 4.5 - Indicação das equações empregadas para estimação da concentração energética dos
alimentos constantes nas Tabelas 4.6 a 4.9
Fração Equações Tabela
EEvd 9 -
CNFvd 10 -
FDNd 13, 14, 17, 18, 19b e 20 -
PBvd 18, 19b, 20 e 27 -
NDT 28d 4.1
ED 29 4.1
EM 30 -

Para o cálculo das frações FDNd e coeficiente de digestibilidade da FDNpd para


PBvd assumiu-se consumo voluntário de 22 g vacas em lactação como alternativa para
de matéria seca por kg de peso corporal. obtenção de valores de NDT aparentemente
Especificamente para o cálculo destas frações mais verossímeis ao que seria obtido in vivo.
em alimentos concentrados, considerou-se a Contudo, como ressaltado anteriormente, o
silagem de milho como volumoso basal. De coeficiente de digestibilidade da FDNpd para
forma comparativa, os valores de NDT foram vacas em lactação adotado na segunda edição
também calculados com base na segunda do Sistema BR-CORTE (0,67) encontra-se
edição do Sistema BR-CORTE, utilizando-se, subestimado, ao passo que a avaliação da
contudo, o coeficiente de digestibilidade da fração FDNpd a partir da lignina por
FDNpd sugerido para vacas em lactação. intermédio da equação (4.12) parece gerar
Devido à superestimação da superestimativas. Assim, o modelo
concentração de NDT causada pelo sub- apresentaria viés negativo quanto ao
modelo aplicável à FDN para bovinos em coeficiente de digestibilidade e positivo
crescimento e terminação (Figuras 4.10 e quanto à dimensão da fração FDNpd, o que
4.11), o Sistema BR-CORTE para formulação indicaria incoerência em sua utilização.
de dietas (versão on line) tem utilizado o

Tabela 4.6 - Composição química e concentração energética em volumosos (forragens úmidas in


natura)
Alimentos
Capim
Braquiária Braquiária Braquiária Braquiária Cana- Capim
Itens Coast Elefante Capim Palma
Alfafa Azevém brizantha brizantha decumbens decumbens de- Tifton
cross Cameroon Tanzânia Forrageira
(0-30 d) (91-120d) (31-45 d) (46-60 d) açúcar 85
(61-90 d)
MS 25,30 19,43 17,15 27,72 22,39 27,14 28,77 32,62 16,68 26,96 23,31 11,30
MO 90,62 90,45 89,98 92,30 90,33 91,04 96,55 91,49 90,22 90,91 88,63 88,04
PB 90,97 18,78 12,32 4,80 11,66 9,39 2,76 12,03 8,89 12,91 9,45 4,24
EE 3,70 3,22 1,20 1,16 1,79 2,23 1,34 2,50 2,41 2,00 2,53 1,80
CNF 26,08 21,83 15,28 10,87 21,48 19,84 42,72 7,73 10,85 10,68 7,59 52,92
FDNcp 39,87 46,62 61,18 75,47 55,40 59,58 49,73 69,23 68,07 65,32 69,06 29,08
FDA 26,63 27,41 34,68 42,87 28,19 36,76 33,52 35,78 43,91 36,91 41,58 18,61
Lig 7,47 4,06 4,44 6,41 3,82 5,18 5,86 6,13 7,10 7,49 5,89 4,93
PIDA 1,69 0,72 2,55 1,59 0,90 2,28 0,12 1,93 0,97 3,75 1,31 0,82
PIDN 4,99 5,28 3,00 3,87 5,14 3,38 0,46 5,81 2,56 6,81 3,30 1,40
NDT¹ 60,1 60,9 54,7 49,4 57,1 56,0 63,1 51,8 50,4 51,0 50,1 62,8
NDT² 62,2 60,5 55,5 54,0 58,2 56,8 63,0 56,7 53,4 55,5 52,7 63,2
ED² 2,86 2,75 2,47 2,30 2,56 2,48 2,66 2,51 2,33 2,47 2,31 2,68
EM² 2,39 2,29 2,02 1,88 2,12 2,04 2,21 2,07 1,90 2,03 1,88 2,23
¹ NDT calculado conforme descrito no BR-CORTE (2010) para vacas em lactação; ² NDT, ED e EM calculados
conforme o novo sistema de equações (Tabela 4.5).
120 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Tabela 4.7 - Composição química e concentração energética em volumosos conservados (fenos e silagens)
Fenos Silagens
Cana- Tifton
Itens Braquiária Braquiária Coast Tifton Capim
Alfafa Aveia de- Milho Soja Sorgo (pré-
brizantha decumbens cross 85 Elefante
açúcar secado)
MS 89,32 87,42 87,95 88,68 88,90 88,94 26,12 27,70 31,11 25,83 29,76 47,76
MO 88,38 91,82 93,30 93,26 92,91 92,20 95,14 90,29 94,23 91,78 93,59 91,12
PB 18,77 11,96 4,13 6,64 8,57 9,69 3,77 5,47 7,24 17,79 6,45 16,62
EE 2,85 1,77 1,22 1,77 1,48 1,55 1,71 2,23 2,84 9,45 2,53 2,41
CNF 23,77 27,93 8,82 6,64 10,14 9,92 27,64 15,32 33,81 15,43 26,02 10,60
FDNcp 42,99 50,16 79,13 78,21 72,72 71,04 62,02 67,27 50,34 49,11 58,59 61,49
FDA 37,52 41,13 49,59 46,52 40,59 38,72 43,03 48,71 30,26 35,69 31,27 32,00
Lig 9,74 7,04 7,26 6,82 6,05 6,13 8,13 7,47 4,87 8,91 5,10 4,76
PIDA 2,14 2,15 0,36 0,80 1,75 1,16 0,38 0,76 0,87 1,95 0,93 1,14
PIDN 3,94 3,63 0,58 3,83 3,45 4,74 0,61 1,19 1,31 3,11 2,37 5,53
NDT¹ 54,0 56,8 49,2 49,3 51,8 51,0 55,5 50,5 63,3 62,8 59,2 55,4
NDT² 55,1 56,2 53,7 54,2 55,8 55,4 58,0 52,5 63,2 65,1 61,2 57,8
ED² 2,53 2,49 2,29 2,33 2,43 2,42 2,46 2,25 2,72 2,94 2,62 2,61
EM² 2,09 2,05 1,86 1,90 1,99 1,98 2,03 1,83 2,27 2,48 2,18 2,17
¹ NDT calculado conforme descrito no BR-CORTE (2010) para vacas em lactação; ² NDT, ED e EM calculados
conforme o novo sistema de equações (Tabela 4.5).

Tabela 4.8 - Composição química e concentração energética em concentrados energéticos

Alimentos
Itens Aveia Casca Farelo Farelo Milheto Milho Sorgo Polpa Raspa de
(grão) de soja de arroz de trigo (grão) (grão) (grão) cítrica mandioca
MS 90,44 90,30 89,03 87,97 88,95 87,91 88,12 88,45 87,66
MO 93,59 94,18 89,17 93,32 94,19 97,54 97,87 91,72 95,83
PB 14,06 12,73 13,22 17,13 13,35 9,05 9,67 6,93 2,80
EE 3,82 2,20 16,32 3,51 4,49 4,02 2,94 3,11 0,45
CNF 48,09 15,88 39,02 33,07 53,95 72,48 73,90 60,36 78,97
FDNcp 27,62 63,37 20,60 39,61 22,40 11,99 11,36 21,32 13,61
FDA 22,92 49,15 11,88 13,19 7,21 4,00 6,07 20,76 7,19
Lig 3,51 3,64 4,49 3,80 1,41 1,18 1,80 1,84 1,64
PIDA 0,14 2,29 0,55 0,94 1,40 0,18 0,05 0,08 0,47
PIDN 1,57 5,61 1,81 0,28 2,41 1,39 0,87 2,72 0,64
NDT¹ 72,2 69,5 83,7 68,5 77,7 83,8 82,8 76,1 79,7
NDT² 80,4 74,8 81,0 71,2 82,9 86,6 86,0 78,0 81,6
ED² 3,53 3,27 3,54 3,20 3,63 3,73 3,71 3,33 3,44
EM² 3,04 2,79 3,04 2,72 3,13 3,22 3,21 2,84 2,95
¹ NDT calculado conforme descrito no BR-CORTE (2010) para vacas em lactação; ² NDT, ED e EM calculados
conforme o novo sistema de equações (Tabela 4.5).
Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos 121

Tabela 4.9 - Composição química e concentração energética em concentrados protéicos


Alimentos
Itens Caroço de Farelo de Torta de Farelo de Farelo de Farelo de Farelo Soja
Glutenose
algodão algodão 38 algodão girasol Gluten 21 amendoin de soja (grão)
MS 90,76 89,92 90,68 91,06 88,77 90,57 89,23 88,57 90,88
MO 95,78 91,07 95,14 93 92,20 96,81 92,47 92,89 93,71
PB 22,99 39,63 29,74 31,81 23,93 63,90 58,38 48,71 38,46
EE 19,32 1,43 9,43 1,94 2,78 2,73 0,40 1,86 19,05
CNF 7,71 20,55 10,05 10,76 29,79 23,93 11,50 28,86 20,78
FDNcp 45,76 29,46 45,92 48,49 35,70 6,25 22,19 13,46 15,42
FDA 35,24 22,94 34,92 34,64 10,68 3,75 10,96 9,47 12,12
Lig 7,39 3,66 9,68 5,40 1,19 0,26 2,22 1,62 2,29
PIDA 2,06 1,05 1,67 0,91 0,25 2,13 1,12 0,39 2,67
PIDN 3,33 3,38 5,73 4,22 3,09 4,48 3,13 2,78 6,51
NDT¹ 84,9 67,0 71,04 67,5 70,2 85,75 74,0 76,86 94,99
NDT² 87,0 66,7 84,73 66,5 77,3 84,84 77,8 79,25 96,47
ED² 3,92 3,29 3,91 3,18 3,52 4,38 3,45 3,94 4,51
EM² 3,40 2,81 3,39 2,70 3,03 3,84 2,96 3,42 3,97
¹ NDT calculado conforme descrito no BR-CORTE (2010) para vacas em lactação; ² NDT, ED e EM calculados
conforme o novo sistema de equações (Tabela 4.5).

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