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RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA

SANTOS , Angela Maria1

O Candomblé constitui a religião afro-brasileira que mais se


aproxima das práticas religiosas africana, realizando cultos aos Orixás, as
divindades africanas.
No Candomblé, a forma de cultuar os deuses (seus nomes,
cores, preferências alimentares, louvações, cantos, dança e
música) foi distinguido pelos negros segundo modelos de
rito chamados de nação, numa alusão significativa de que
os terreiros, além de tentarem reproduzir os padrões
africanos de culto, possuem uma identidade grupal (étnica)
como nos reinos da África (SILVA, 2005, p. 65).

Sobre isso, Bastide (2001) faz a seguinte observação relativo a


organização do candomblé:
Os candomblés pertencem a “nações” diversas e
perpetuam, portanto, tradições diferentes: angola, congo,
jeje (isto é, euê), nagô (termo com que os franceses
designavam todos os negros de fala ioruba, da Costa dos
Escravos), ketu, ijexá. É possível distinguir essas nações
uma das outras pela maneira de tocar o tambor (seja com
as mãos, seja com vareta), pela música, pelo idioma dos
cânticos, pelas vestes litúrgicas, algumas vezes pelos
nomes das divindades, e enfim por certos traços do ritual.
(p.29)

Um aspecto importante a ser ressaltado, é o significado da matriz


africana, no que se refere a ideia da dimensão de ser humano na dinâmica
da relação com o sagrado, que permaneceu na recriação religiosa pelos
negros aqui, no Brasil. Roger Bastide, registrou muito bem o que é essa
dimensão humano e sagrado na visão africana:
As civilizações africanas são civilizações simbólicas, nas
quais os mortos e os vivos constituem uma mesma
comunidade e a morte não é considerada senão uma
passagem para um estágio Superior; assim, o ancestral
poderá voltar ao mundo dos vivos, reencarnando- se no seu
bisneto. Através dos sonhos, das confrarias de máscaras,
dos relicários, a comunicação nunca é interrompida entre
os dois
mundos. Que continuam – embora por meios diferentes a
dialogar incessantemente, a ajudar-se mutuamente, a
controlar-se para o bem comum de uns com os outros (p.
09).

1
Parte do texto do TCC do curso de Sociologia.
É no Candomblé que essa matriz terá maior preservação,
aproximando a referida religião, na mais próxima das práticas religiosas
africanas e sua filosofia. O termo candomblé, é uma denominação utilizada
para nomear as religiões afro- brasileiras, com fortes influências dos grupos
lingüísticos yorubá e bantu. Essa reinvenção deu-se na Bahia, a partir dos
nagôs e jejes. Pois na África, cada região e/ou etnia, cultuava um orixá
especifico, com nomes diferentes. Aqui, ocorreu a junção dessas divindades.
Contudo, ocorreu uma distinção organizativa, conforme a
predominância da influência dos grupos étnicos na realização dos ritos. Com
essa distinção, caracterizaram-se uma divisão mais especificamente em
Candomblés de nações: Ketu (com influência maior dos grupos lingüísticos
yorubá), Angola (de influência dos grupos lingüísticos bantus) e Jeje
(predominância do grupo étnico da região de Daomé).

Hoje, no cenário da religião de culto aos Orixás no Brasil, está


ocorrendo um movimento importante comumente referida como Religião
Tradicional Yorùbá (RTY), e particularmente relativo ao culto de Ifá/Orunmila.
Esse fenômeno, é fruto dos novos intercâmbios religiosos com os
territórios africanos, o que parece levantar algumas questões sobre re-
africanização do Candomblé.

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