Um dos aspectos da diferença ritualística do Candomblé Ketu para a religião
originária tradicional yorùbá, está no ritual Xire, que é a parte pública das ritualísticas empreendida de louvação aos Orixás. É formada uma reunião dos devotos, através de grande roda em que começa a entoação de cânticos em louvação as divindades africanas masculinas e femininas. A formação desse ritual, dá-se uma dança circular que se dá após atividades internas de alguns dias começa a festa de invocação e louvação das divindades africanas. O rito circular se encerra cânticos específico a Xangô, momento em que ocorre o transe dos iniciados em Orixá. É o redemoinho que leva o encontro, a energia que une dois mundos (Órun e Aiyé – céu e terra), ocorrendo a manifestação dos Orixás. Essa festa, ocorre depois das atividades religiosas internas para determinado Orixá, (essas atividades podem envolverem iniciações, obrigações religiosas alusiva a tempo de santo e/ou homenagens anuais para determinadas divindades). Assim, o Xirê é a festa pública, que caracteriza relativamente o término da atividade religiosa que está sendo desenvolvida. É a festa, a comunhão, com bem dimensiona o significada da palavra em yorùbá “Sire”, que significa brincar, aludindo no Candomblé festa. Zenicola (2014) em estudo confere que o xirê, representa toda a estrutura simbólica da religião, momento em que se nota a construção do pensamento religioso, a identidade do grupo, as formas e organização hierárquica da estrutura social do grupo e sua manutenção através da tradição ritualizada. Ou seja, toda a representação de grupo está no xire (p. 67).
O círculo, na cultura afro-brasileira tem essa conotação de elo, comunicação,
o de incorporar o outro numa mesma roda. Seguira aqui, alguns cânticos em yorùbá dirigidos a algumas Orixás femininas, evidenciando as louvações nos cânticos que exaltam as suas qualidades, simbologias, seus feitos e/ou o campo de poder dessas divindades, revelando a importância do sagrado feminino no Candomblé de Nação Ketu. O importante aqui a ser observado é como a maioria divindades femininas sob os signos da maternidade e ligação com a agua, pois os seus nomes estão relacionados a alguns rios africanos, tidos como rios sagrados. Nas cantigas rezas e outras louvações, são marcados de referências as suas forças e campo de poderes. Da mesma forma os mitos, fazem citações aos seus arquétipos, personalidade e feminilidade, os seu poderes que possuem controle sobre campos e/ou fenômenos da natureza dos estão suas forças energéticas, como também suas regências a respeito de inferências na vida humana. Não deve ser coincidência estes mitos terem resistido à travessia transatlântica nas condições sub-humanas com que vieram, resistindo ao regime de aniquilamento e terror racial, às investidas do eurocentrismo cristão, à violência patriarcal, sendo preservados (e, é claro, transformados, pois se trata de culturas vivas) na tradição afrobrasileira do século XXI (2017, p. 78). As cantigas parcialmente registradas aqui estão relacionadas ao uso das mesmas no ritual de Xire do Candomblé. Os cânticos estão na língua yorùbá, segundoa grafia e intepretação utilizada no contexto religioso afro- brasileiro de tradição ketu.