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2.1.

Candomblé nas representações das mulheres


Angela M. Santos

Um dos aspectos da diferença ritualística do Candomblé Ketu para a religião


originária tradicional yorùbá, está no ritual Xire, que é a parte pública das ritualísticas
empreendida de louvação aos Orixás. É formada uma reunião dos devotos, através
de grande roda em que começa a entoação de cânticos em louvação as divindades
africanas masculinas e femininas. A formação desse ritual, dá-se uma dança circular
que se dá após atividades internas de alguns dias começa a festa de invocação e
louvação das divindades africanas. O rito circular se encerra cânticos específico a
Xangô, momento em que ocorre o transe dos iniciados em Orixá. É o redemoinho que
leva o encontro, a energia que une dois mundos (Órun e Aiyé – céu e terra), ocorrendo
a manifestação dos Orixás.
Essa festa, ocorre depois das atividades religiosas internas para determinado
Orixá, (essas atividades podem envolverem iniciações, obrigações religiosas alusiva
a tempo de santo e/ou homenagens anuais para determinadas divindades). Assim, o
Xirê é a festa pública, que caracteriza relativamente o término da atividade religiosa
que está sendo desenvolvida. É a festa, a comunhão, com bem dimensiona o
significada da palavra em yorùbá “Sire”, que significa brincar, aludindo no Candomblé
festa.
Zenicola (2014) em estudo confere que o xirê,
representa toda a estrutura simbólica da religião, momento em que se
nota a construção do pensamento religioso, a identidade do grupo, as
formas e organização hierárquica da estrutura social do grupo e sua
manutenção através da tradição ritualizada. Ou seja, toda a
representação de grupo está no xire (p. 67).

O círculo, na cultura afro-brasileira tem essa conotação de elo, comunicação,


o de incorporar o outro numa mesma roda. Seguira aqui, alguns cânticos em yorùbá
dirigidos a algumas Orixás femininas, evidenciando as louvações nos cânticos que
exaltam as suas qualidades, simbologias, seus feitos e/ou o campo de poder dessas
divindades, revelando a importância do sagrado feminino no Candomblé de Nação
Ketu.
O importante aqui a ser observado é como a maioria divindades femininas
sob os signos da maternidade e ligação com a agua, pois os seus nomes estão
relacionados a alguns rios africanos, tidos como rios sagrados. Nas cantigas rezas e
outras louvações, são marcados de referências as suas forças e campo de poderes.
Da mesma forma os mitos, fazem citações aos seus arquétipos, personalidade e
feminilidade, os seu poderes que possuem controle sobre campos e/ou fenômenos
da natureza dos estão suas forças energéticas, como também suas regências a
respeito de inferências na vida humana.
Não deve ser coincidência estes mitos terem resistido à travessia
transatlântica nas condições sub-humanas com que vieram, resistindo
ao regime de aniquilamento e terror racial, às investidas do
eurocentrismo cristão, à violência patriarcal, sendo preservados (e, é
claro, transformados, pois se trata de culturas vivas) na tradição
afrobrasileira do século XXI (2017, p. 78).
As cantigas parcialmente registradas aqui estão relacionadas ao uso
das mesmas no ritual de Xire do Candomblé. Os cânticos estão na língua
yorùbá, segundoa grafia e intepretação utilizada no contexto religioso afro-
brasileiro de tradição ketu.

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