Você está na página 1de 44

Análise de Viabilidade

Financeira

Aula 2
Orçamento de Capital
Anselmo Negrão
Orçamento de Capital
 É um processo de identificação, avaliação e implantação das
oportunidades de investimento de longo prazo de uma
empresa.
 Procura identificar investimentos que aumentarão a vantagem
competitiva da empresa e a riqueza de seu acionista.
 A decisão típica de orçamento de capital envolve um
investimento inicial substancial, seguido de uma série de
entradas de caixa menores.
 Decisões incorretas em relação a orçamento de capital podem
levar, em última instância, à falência da empresa.
Motivos principais da realização
de gastos de capital

 Substituição de ativos obsoletos.


 Aumento da eficiência das operações.
 Aquisição de ativos para expansão com novos
produtos ou em novos mercados.
 Aquisição de outra empresa.
 Cumprimento de exigências legais.
 Atendimento de demandas de funcionários.
 Cumprimento de normas ambientais.
Etapas do processo de
orçamento de capital

1. Geração de propostas

2. Revisão e análise

3. Tomada de decisão

4. Implantação

5. Acompanhamento
Orçamento de Capital
Valor Residual =

FCO

(Fixo + Giro)
Fluxos de caixa relevantes
Fluxos de caixa incrementais:
 São fluxos de caixa especificamente
associados ao investimento.
 Seu efeito (positivo ou negativo) sobre os

outros investimentos da empresa deve ser


considerado.
Por exemplo, se uma creche resolver abrir outra unidade, deverá
ser considerado o impacto da decisão de clientes de mudarem
para a outra unidade.
Exemplo
 A GM vende hoje 30 mil automóveis pequenos a R$ 11 mil
cada, e 18 mil automóveis de tamanho grande a R$ 29 mil
cada. A empresa deseja introduzir um novo automóvel de
porte médio para completar sua linha de produtos. Espera
vender 15 mil unidades deste novo modelo por ano, a R$
19 mil cada. O analista financeiro determinou que se a GM
introduzir o novo modelo, provavelmente aumentará as
vendas do modelo pequeno em 7 mil unidades por ano, e
ao mesmo tempo reduzirá em 4 mil unidades vendidas do
modelo grande. Qual é o valor anual do fluxo de caixa a
ser usado como receita de vendas ao se avaliar esse
projeto.
Exemplo
Hoje Quantidade Preço
Pequenos 30.000 R$ 11.000
Automóveis
Grandes 18.000 R$ 29.000

Novo projeto Quantidade Preço


Novo Modelo 15.000 R$ 19.000

Impacto sobre as vendas


Pequenos 7.000
Automóveis
Grandes -4.000

Produto Quantidade Preço Receita


Pequenos 7.000 R$ 11.000 R$ 77.000.000
Grandes -4.000 R$ 29.000 (R$ 116.000.000)
Novo Modelo 15.000 R$ 19.000 R$ 285.000.000
Total R$ 246.000.000
Sunk Cost e custo de
Oportunidade
 Custos Irrecuperáveis (Sunk Cost) – Gastos
incorridos no passado e que não podem ser
atribuídos a qualquer alternativa sendo
considerada. É irrelevante para o curso de ação
futuro das alternativas.
 Custos de Oportunidade – O custo de algo é o
que você desiste para obtê-lo e, portanto, esse
custo deve ser sempre considerado no projeto.
Exemplo – Custos
Irrecuperáveis
Comprador de carro:
 Quinta – carro usado = R$ 25.000. Deu R$ 5.000
de entrada.
 Fim de semana – outro carro tão bom quanto por
R$ 15.000

Opções
a) Pagar R$ 20.000 no carro de quinta
b) Pagar R$ 15.000 no carro de fim de semana
Exemplo – Custo de
Oportunidade
 Considere que as Ponto Quente estuda a
possibilidade de abrir uma loja no município de
Nova Iguaçu.
 A empresa já possui o imóvel, sendo necessários
R$ 180 mil de investimento em construção civil e
infra-estrutura.
 O fluxo de caixa mensal estimado é de R$ 4 mil e
a taxa de desconto é de 2% ao mês.
 Qual a decisão a ser tomada uma vez que o imóvel
deixará de ser alugado por R$ 500 por mês e os
fluxos de caixa são perpétuos.
Exemplo – Custo de
Oportunidade

 Implantação da Loja

4.000
VPL  180 .000   180 .000  200 .000  20 .000
0,02

 Perda do Aluguel
500
VPL   25 .000
0,02
Orçamento Real x Nominal

 Construir um fluxo de caixa em moeda constante


significa definir todos os valores de entrada e de
saída de dinheiro a preços de uma mesma data
base.
 A data-base costuma ser o momento zero,
coincidente com o período em que as decisões
são tomadas.
 Ou seja, os valores deverão estar “limpos” do
impacto inflacionário, permitindo a comparação
entre si.
Exemplo – Fluxo Nominal x
Fluxo Real
FC Real FC Nominal 10% FC Nominal 20%
0 (1.000,00) (1.000,00) (1.000,00)
1 600,00 660,00 720,00
2 600,00 726,00 864,00

i 5% 15,50% 26,00%

VPL 115,65 115,65 115,65


TIR 13,07% 24,37% 35,68%

Taxa de desconto real – 5%


Investimento Inicial

 São todos os gastos incorridos no iniciar o


projeto:
1. Máquinas
2. Equipamentos / Instalações
3. Transporte, montagem da máquina e
treinamento dos funcionários envolvidos
na operação
4. Capital de Giro
Capital de Giro
 Volume de investimentos necessários para suprir as
eventuais faltas de recursos financeiros durante o seu
gap de caixa – diferença temporal entre pagamentos de
insumos produtivos e recebimentos das receitas de
vendas.

(+) Contas a Receber


(+) Estoques
(-) Fornecedores
Capital de Giro – Ciclo de
Caixa
COBRANÇAS COMPRA

CAIXA

VENDAS A VISTA
CONTAS
A INSUMOS
RECEBER

BENS
PRODUZIDOS

CRÉDITOS DE PRODUÇÃO
VENDAS
Fluxo de Caixa Operacional

 “O lucro, dentro de critérios perfeitamente


adequados, pode ser manipulado. Caixa não
tem jeito. Como dizem em Wall Street,
lucro é opinião; caixa é fato”
 Manfredini, A. prof. EAESP-FGV
Depreciação
 A depreciação é uma despesa “de verdade”,
todavia sem impacto no caixa da empresa. A
depreciação é o custo do investimento alocado
durante a vida útil estimada para o
empreendimento.
 As despesas de depreciação são dedutíveis para
fins de imposto de renda.
 As despesas de depreciação, contudo, são
limitadas pela legislação específica.
Depreciação
 Há vários métodos contábeis para se apurar a
depreciação.
 Para efeito de análise de projetos, normalmente
utiliza-se o método da depreciação linear simples.
 Este método consiste simplesmente em se dividir
o valor do investimento a ser depreciado em
parcelas anuais iguais, e o número destas
parcelas dependerá da taxa de depreciação que
será utilizada.
Depreciação
Taxas Máximas Permitidas

Edificações 4%
Instalações 10%
Animais vivos 20%
Veíulos em geral 20%
Equipamentos em geral 10%
Ferramentas 20%
Aparelhos elétrcios som e imagem 10%
Móveis e utensílios 10%

Ver Instrução Normativa SRF 162 31/12/98


www.receita.fazenda.gov.br
Fluxo de Caixa Operacional

(+) Receita Bruta


(-) Impostos sobre Vendas (PIS / COFINS / IPI / ICMS / ISS)
(-) Custo / Despesas (Variáveis e Fixos)
(-) Depreciação
(=) LAIR
(-) IR / CSSL
(=) Lucro Líquido
(+) Depreciação
(=) Fluxo de Caixa Operacional (FCO)
Fluxo de Caixa Residual
 É o fluxo de caixa decorrente da liquidação
final do projeto, excluídas as entradas
operacionais
Cálculo do fluxo residual
(+) Receita pela venda do ativo velho
(±) IR sobre venda do ativo velho
(±) Variação do CG
(=) Fluxo de Caixa Residual
Exemplo
 A Transportadora Saturno adquiriu há três anos atrás um
caminhão por R$ 240 mil, depreciado linearmente por um
período de cinco anos. Visando a modernização, a
empresa planeja substituir por um de maior capacidade ao
preço de R$ 380 mil, acrescido de despesas de
treinamento de R$ 20 mil. O novo caminhão também será
depreciado por um período de cinco anos. O caminhão
antigo será vendido por R$ 250 mil. Espera-se um
acréscimo de R$ 17 mil no capital de giro em razão do
aumento da atividade operacional gerada pelo novo
caminhão. A empresa trabalha com alíquota do IR de 15%
sobre o LAIR. A Saturno estimou que suas receitas líquidas
e despesas (sem a depreciação) relativas as situações com
e sem o dispêndio de capital seriam as seguintes:
Exemplo

Caminhão Novo Caminhão Antigo


Ano
Receitas Despesas Receitas Despesas
2012 2,520,000 2,300,000 2,200,000 1,990,000
2013 2,520,000 2,300,000 2,300,000 2,110,000
2014 2,520,000 2,300,000 2,400,000 2,230,000
2015 2,520,000 2,300,000 2,400,000 2,250,000
2016 2,520,000 2,300,000 2,250,000 2,120,000
Exemplo
Caminhão Usado em 2011 – R$ 96.000
Venda = 250.000
Ganho de Capital = 250.000 – 96.000 = 154.000
IR = 0,15 x 154.000 = 23.100
Venda Líquida = 250.000 – 23.100 = 226.900
Imobilizado Imobilizado
Ano Depreciação
Bruto Líquido
2008 240,000 240,000
2009 240,000 48,000 192,000
2010 192,000 48,000 144,000
2011 144,000 48,000 96,000
Exemplo

Caminhão Novo (+) R$ 380.000

Treinamento (+) R$ 20.000

Caminhão Antigo (-) R$ 250.000

Imposto de Renda (+) R$ 23.100

Capital de Giro (+) R$ 17.000

Investimento Inicial (=) R$ 190.100


Exemplo
Receita
Ano Despesas Depreciação LAIR IR LL Depreciação FCO
Líquida
Caminhão Novo
2012 2,520,000 2,300,000 76,000 144,000 21,600 122,400 76,000 198,400
2013 2,520,000 2,300,000 76,000 144,000 21,600 122,400 76,000 198,400
2014 2,520,000 2,300,000 76,000 144,000 21,600 122,400 76,000 198,400
2015 2,520,000 2,300,000 76,000 144,000 21,600 122,400 76,000 198,400
2016 2,520,000 2,300,000 76,000 144,000 21,600 122,400 76,000 198,400
Caminhão Antigo
2012 2,200,000 1,990,000 48,000 162,000 24,300 137,700 48,000 185,700
2013 2,300,000 2,110,000 48,000 142,000 21,300 120,700 48,000 168,700
2014 2,400,000 2,230,000 0 170,000 25,500 144,500 0 144,500
2015 2,400,000 2,250,000 0 150,000 22,500 127,500 0 127,500
2016 2,250,000 2,120,000 0 130,000 19,500 110,500 0 110,500
Exemplo
Fluxo de Caixa Operacional
Ano Caminhão Caminhão
Incremento
Novo Antigo
2012 198,400 185,700 12,700
2013 198,400 168,700 29,700
2014 198,400 144,500 53,900
2015 198,400 127,500 70,900
2016 198,400 110,500 87,900
Exemplo
 A Coca Cola detectou uma boa oportunidade de
investir R$ 3,6 milhões em novos equipamentos e
instalações para lançar uma nova linha de
produtos com o objetivo de aumentar sua
participação no mercado de refrigerantes.
 Além disso, será necessário investir R$ 400 mil em
capital de giro.
 O administrador responsável pela elaboração de
projetos preparou a projeção das vendas e custos
anuais apresentados na tabela seguinte:
Exemplo

Ano Vendas Materiais Mão de Energia Outros


Líquidas Obra
2012 2,550 950 350 110 50
2013 2,650 1,000 365 120 65
2014 2,800 1,100 385 130 75
2015 2,850 1,150 400 135 80
2016 3,000 1,300 450 145 95
2017 3,000 1,300 460 150 100
Exemplo
 O projeto tem duração de seis anos, a
depreciação é linear durante seis anos do projeto
e a alíquota do imposto de renda igual a 30%.
 Considere que a Coca, no final do sexto ano, irá
vender toda a instalação recebendo o valor líquido
de R$ 550 mil (tendo descontado todas as
despesas necessárias para entregar as instalações
ao comprador). Além disso a empresa irá
recuperar o capital de giro.
Exemplo
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Receitas 2,550.0 2,650.0 2,800.0 2,850.0 3,000.0 3,000.0
Custos -1,460.0 -1,550.0 -1,690.0 -1,765.0 -1,990.0 -2,010.0
Depreciação -600.0 -600.0 -600.0 -600.0 -600.0 -600.0
LAIR 490.0 500.0 510.0 485.0 410.0 390.0
Imposto de Renda -147.0 -150.0 -153.0 -145.5 -123.0 -117.0
Lucro Líquido 343.0 350.0 357.0 339.5 287.0 273.0
Depreciação 600.0 600.0 600.0 600.0 600.0 600.0
Fluxo de Caixa Operacional 943.0 950.0 957.0 939.5 887.0 873.0
Fluxo de Caixa do Investimento -4,000
Fluxo de Caixa do Valor Residual 785.0
Fluxo de Caixa do Projeto -4,000 943.0 950.0 957.0 939.5 887.0 1,658.0

550 (Venda dos Ativos Bruta) – 0,3 x 550 (IR) = 380,0 (Venda dos Ativos
Líquida) + 400 (Recuperação do CG) = 785,0 (Valor Residual)
Lucro Bruto e Lucro Líquido
Lucro Bruto (LB) = Receitas (R) – Custos (C)

Lucro Líquido (LL) = LB – IR – Depreciação (D)

IR = Lucro Tributável x alíquota de IR (t)

Lucro Tributável (LT) = R – C – D

IR = (R – C – D) x t

LL = R – C – [(R – C – D) x t] – D
Fórmulas de FCO
Lucro Operacional (LO) = LB - IR

1. FCO = R – C – IR

FCO = R – C – [(R – C – D)] x t


Fórmulas de FCO
FCO = R – C – [(R – C – D)] x t

 Somando e subtraindo Depreciação


FCO= R - C – [(R – C – D)] x t + D – D

FCO = (R – C – D) + D – {(R – C – D) x t}

2. FCO = Lucro Tributável + D - IR


Fórmulas de FCO
FCO = {R – C – D} + D – {(R – C – D) x t}

FCO = {R – C – D} – {(R – C – D) x t} + D

3. FCO = LL + Depreciação
Fórmulas de FCO
FCO= R - C – [(R – C – D)] x t

FCO = R – C – R x t – C x t – D x t

4. FCO = (R – C) x (1 – t) + D x t
Exemplo
 Receita = 3.000
 Custos = 1.850
 Depreciação = 520
 IR = 35%
FCO = R – C - IR

FCO = 3.000 – 1.850 – (3.000 – 1.850 –520) x 0,35

FCO = 1.150 – 630 x 0,35

FCO = 1.150 – 220,5

FCO = 929,5
FCO = LT + D - IR

FCO = (3.000 – 1.850 – 520) + 520 – (3.000


– 1.850 – 520) x 0,35

FCO = 630 + 520 – 630 x 0,35

FCO = 929,5
FCO = LL + D

FCO = (3.000 – 1.850 – 520 –220,5) + 520

FCO = 409,5 + 520

FCO = 929,5
FCO = (R – C) x (1 – t) + D x t

FCO = (3.000 – 1.850) x (1 – 0,35) + 520 x 0,35

FCO = 747,5 + 182

FCO = 929,5

Você também pode gostar