Você está na página 1de 2

RAÍZES HISTÓRICAS DAS DESIGUALDADES ATUAIS

M2A EJA - 22/02/2024

A desigualdade social se constitui como um problema no Brasil e no mundo, pois distingue e separa
classes sociais a partir de suas diferenças.

Desigualdade social no Brasil

A desigualdade social é um problema enfrentado pelo Brasil e pelo mundo, uma vez que distancia e separa
as classes sociais a partir de suas diferenças econômicas, étnicas, culturais, educacionais, entre outras.
Desse modo, esta matéria aborda a desigualdade social no Brasil, suas principais causas e consequências,
bem como caminhos para superá-la.

Origem da desigualdade social no Brasil

A desigualdade no Brasil começa com a chegada dos portugueses a uma terra desconhecida, onde moravam
os povos guaranis. Esses povos viviam do que a natureza lhes dava e possuíam crenças próprias, que foram
desqualificadas pelos portugueses. Com a invasão portuguesa, houve um choque cultural, pois eles achavam
que sua cultura era superior à dos nativos. Disso resulta o etnocentrismo entre os povos.
Com o tempo, homens e mulheres foram trazidos por navios negreiros para serem submetidos a trabalhos
escravos, acentuando a desigualdade e acrescendo o fator cor ao etnocentrismo que se instituía. Mesmo
após a abolição da escravatura, em 1888, as formas de desigualdade não cessaram de se reproduzir,
assumindo recortes de classe social, gênero, raça, etnia, idade, sexualidade e religiosidade, principalmente.

Causas e fatores responsáveis

A partir da estruturação histórica da desigualdade no país, alguns aspectos são destacados em pautas que
visam combater as várias formas de desigualdade social no Brasil. Algumas dessas pautas, identificadas
como causas ou fatores responsáveis pela desigualdade, são:
● Falta de acesso à educação de qualidade: a fragilidade do sistema de ensino público é uma das
principais causas da desigualdade. Grande parte da população não domina habilidades básicas de
letramento, o que limita o acesso ao mercado de trabalho e compromete o exercício da cidadania.
Apesar de esforços progressistas, o ensino ainda carece de desenvolvimento do senso crítico e de
uma educação política que contribua para o envolvimento popular.
● Falta de acesso à saúde de qualidade: atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal
política voltada às necessidades de saúde da população brasileira. No entanto, o SUS não consegue
atender às demandas de toda a população, e a porção mais pobre, que não tem condições de
contratar planos de saúde, depende de um sistema público em estado precário, com falta de
equipamentos, medicamentos e profissionais.
● Falta de acesso à cultura: a falta de contato popular com produções culturais diversas contribui para
o aumento da desigualdade social, uma vez que limita e decorre da limitação de acesso a bens
coletivamente produzidos. Isso significa que parcelas e/ou grupos específicos da população podem ter
acesso e consumir determinados produtos, informações e símbolos, além de definir como esses são
apropriados nesse consumo.
● Salários baixos: os baixos salários pagos em remuneração pelos serviços prestados por
trabalhadores agrava a desigualdade econômica e social do país. Soma-se a esse problema o
aumento do número de trabalhadores informais, em decorrência das condições precárias do trabalho
formalizado no Brasil. Além disso, observamos o desmonte do sistema legislativo em relação à
garantia de direitos trabalhistas.
● Falta de políticas públicas adequadas: as políticas públicas dizem respeito ao planejamento dos
governantes para o país, e é por meio delas que o atendimento a necessidades como saúde,
educação e saneamento é planejado. A falta de planejamento voltado às necessidades identificadas é
um agravante para a desigualdade social no Brasil, pois a ausência de políticas claras e diretivas
exime os governantes de se dedicarem às necessidades das populações.
● Má distribuição de renda e concentração do poder: de acordo com estudo divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro de 2019, o aumento da concentração de renda
em 2018 tem reforçado a extrema desigualdade social no país. A média de rendimento mensal de
trabalho do 1% da população mais rica foi correspondente a 33,8 vezes o rendimento dos 50% da
população com os menores rendimentos.
Essas e outras pautas são de fundamental importância para movimentos, propostas e políticas voltadas ao
combate da desigualdade na sociedade brasileira. Por meio delas, é possível fomentar debates que
conscientizem e possibilitem construir alternativas para essa superação, reduzindo os efeitos e as
consequências da desigualdade social no país.

Consequências

A desigualdade social acarreta diversas consequências negativas para a população, em especial para grupos
sociais ou parcelas populacionais mais vulneráveis. Essas parcelas são, portanto, marginalizadas – ou seja,
são colocadas à margem ou excluídas das interações sociais que orientam a vida civil.
A marginalização é um conceito sociológico que se refere à exclusão social, cultural, política e econômica de
grupos/parcelas populacionais, restringindo ou inviabilizando o exercício da participação social. Portanto, os
indivíduos marginalizados, chamados de “vadios”, “indigentes” ou “marginais”, se encontram à margem da
sociedade, tendo seus direitos básicos limitados.
Entretanto, a limitação dos direitos básicos do cidadão não se manifesta apenas na marginalização, apesar
de essa ser uma das principais consequências da desigualdade social. Desse modo, outras formas pelas
quais a desigualdade social se manifesta são a pobreza, a miséria, a desnutrição, a violência, o desemprego,
a favelização, a privatização de direitos básicos de cidadania e, ainda, a centralização do poder.

O que pode ser feito para diminuir a desigualdade no Brasil?

O principal apontamento para o combate da desigualdade social no Brasil, feito tanto por especialistas quanto
por movimentos de grupos ativistas e de organizações da sociedade civil, é uma aliança entre ação
democrática, eficiência econômica e justiça social. Essa aliança é proposta no sentido de reparar
desigualdades e injustiças historicamente sustentadas em nossa sociedade e reorganizar os modos de
organização da vida civil. Veja ações que podem contribuir para isso:
● Equilíbrio do sistema tributário: Reestabelecer o equilíbrio do sistema tributário implica na
redistribuição do pagamento de impostos indiretos e diretos. Tal redistribuição faz com que os tributos
sejam pagos proporcionalmente aos ganhos de cada indivíduo, equilibrando pagamentos e ganhos
entre ricos e pobres.
● Promoção da oferta de trabalho: Uma reforma trabalhista que contribua para a diminuição da
desigualdade social deve garantir a diminuição da vulnerabilidade dos trabalhadores. Para isso, é
necessário assegurar a qualidade das atividades de trabalho, prezando por direitos formais, salários
justos e condições dignas.
● Investimento em saúde e educação: Os gastos sociais são pilares no desenvolvimento de todos os
países do mundo. Assim, esses direitos constitucionais precisam ser focos de investimentos públicos,
voltando-se ao bem-estar da população. Para isso, são fundamentais a garantia da qualidade e do
acesso ao ensino (desde a creche até a formação superior), o resgate e a valorização do SUS e a
redução de isenções fiscais, com aumento de investimentos em gastos sociais.
A proposta de reorganização da vida civil tem como principais pautas a reestruturação dos modelos
econômicos e de justiça nos quais se estrutura a sociedade, visando a equidade nas formas de distribuição
de renda e no âmbito das demais esferas das relações humanas (saúde, educação, trabalho, saneamento,
etc.). É nesse direcionamento que se constituem movimentos em favor de condições de vida menos desiguais
e mais justas para todas as populações.

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/desigualdade-social.htm

Você também pode gostar