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27º Simpósio Espírita “A LUZ DIVINA”

A Gratidão nos Momentos de Dor

Vemos a expressão da gratidão nos bons momentos da dor.


A dor e o sofrimento podem ser definidos pela sensação
desagradável produzida por excitação de terminações nervosas
sensíveis aos estímulos dolorosos. (Dicionário Houaiss)
A mágoa, originada por desgostos do espírito ou do
coração, é um sentimento causado por uma decepção, uma
desgraça, pelo sofrimento ou morte de um ente querido. Ela
surge em decorrência de dano causado a outrem ou a si mesmo,
através do arrependimento, do pesar ou remorso.
A gratidão é a qualidade de quem é grato. Manifesta-se
pelo reconhecimento de uma pessoa, por alguém que lhe
prestou um benefício, um auxílio, um favor etc. (Dicionário
Houaiss)

Causas da dor e do sofrimento

As causas não são próprias do Planeta Terra, que é belo,


saudável, e nele há vida plena.
Não é a vontade de Deus! Ele não nos criou para o
sofrimento, seja físico ou moral!
Não é consequência da fragilidade humana! O ser humano
não é fraco, tampouco o Espírito!
O ser humano é forte, pleno, inteligente, perfeito e
adaptável a qualquer região e condição ambiental adversa.
A conduta humana, muitas vezes, revela imaturidade
espiritual, ignorância e descrença. O ser humano impõe males
contra si, através dos vícios morais e físicos; contra os seus
semelhantes, por ação ou omissão; contra o meio ambiente
produzindo poluição e devastação.

A dor sob a ótica da Doutrina Espírita


No livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, Léon
Denis nos informa que “a dor segue todos os nossos passos;
espreita-nos em todas as voltas do caminho”.
Por que existe a dor?
É punição? É reparação do passado? Resgate das faltas?
A dor é uma “Lei de equilíbrio e educação”. O sofrimento é
a repercussão das violações das ordens eternas cometidas
(reação). Todos os seres têm que passar pelo sofrimento.
Ação benfazeja para quem compreende o sofrimento, quem
sento seus poderosos efeitos.
No livro “O Consolador”, Emmanuel nos diz: “Não existe dor
na alma humana que não proceda do próprio comportamento”.
Dor-ilusão: sofrimento físico (fenômeno transitório).
Dor-realidade: sofrimento do Espírito (essência) que
impulsiona ao aperfeiçoamento e redenção.
Alma (Espírito encarnado) sofre com qualquer tipo de dor,
porque afeta a sensibilidade emocional.
“Tendo o homem que progredir, os males a que se acha
exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência,
de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a
procurar os meios de evitá-los. A dor é o aguilhão que o impele
à frente, na senda do progresso”. (A Gênese, capítulo III – O
bem e o mal)

O sofrimento do Espírito

Humberto Rohden, em “Porque Sofremos”, nos diz que “uma


semente não pode brotar em planta, se não romper o invólucro
duro da semente, e isto lembra um sofrimento”.

Quais são as classes de sofredores?

Revoltados – Atitude negativa frente ao sofrimento, levando à


frustração.

Regenerados – Atitude positiva que usa o sofrimento como


ferramenta para o progresso, embora sentindo a dor buscam a
felicidade.
Atitude positiva diante da dor

“É falso dizer-se que a saúde é um bem e a doença um


mal. Usar bem da saúde é um bem; usar mal é um mal. De tudo
se tira o bem, até da própria morte”. (Epicteto)

Quem nos diz isso é Epiteto ou Epicteto, filósofo grego


estóico (55 a 135 d.C.) que viveu a maior parte de sua vida em
Roma, como escravo, a serviço de Epafrodito, o cruel secretário do
Imperador Nero. Apesar do sofrimento, deixou um manual de
como viver uma vida plena e feliz; como ser uma pessoa com
qualidades morais. Para este filósofo, “uma vida feliz e uma vida
virtuosa são sinônimos. Felicidade e realização pessoal são
consequências naturais de atitudes corretas”.

A dor ocupa parcela pequena da nossa existência individual.


Lembramos com detalhes dos momentos de dor, na última
semana? E os momentos de alegria?
Quais foram os revezes da última semana? Ordem
Espiritual? Ordem Psíquica? Ordem Material?
Alteraram substancialmente sua caminhada até aqui?
Alterarão no futuro?
Exigiram mudança radical no comportamento?
Temos a noção de que a dor impulsiona o progresso,
quando:
“É possível, hoje, agradecer por aquilo que, aos nossos
olhos, não deu certo na última semana?”
Reconhecer que, dentro do possível, foi a melhor semana
que eu poderia ter, e expressar gratidão.
A gratidão está vinculada diretamente à nossa capacidade
de amar.
Amar implica olhar além de si. Amar é o oposto do
egoísmo.
Temos que olhar à nossa volta e perceber que há centros
de dor mais intensos que a nossa dor.

Amor, Egoísmo, Gratidão


Amor gera compreensão de que “não estou só” e gera
gratidão.
É fácil demonstrar gratidão na Felicidade. É a expressão do
“amor na atualidade”.
Torna-se necessário demonstrar gratidão na tristeza.
Permite ir além do egoísmo (amor-apego).

Amor na atualidade é filho do egoísmo

“Pressupõe vínculo, um impulso de unir-se ao outro. É um


impulso externo”. (León Denis)
O conhecimento leva à compreensão de que a vida é
universal e infinita, levando à assimilação do amor além do
vínculo (apego).

Amor além do convencional

“Até as profundidades do abismo da vida, infiltram-se as


radiações do amor divino e vão acender nos seres rudimentares,
pela afeição à companheira e aos filhos, as primeiras claridades
que, nesse meio de egoísmo feroz, serão como a autora indecisa
e a promessa de uma vida mais elevada”.
“Quando se é grato, nunca se experimenta nenhum tipo de
decepção ou queixa, porque nada espera em reposta ao que
realiza”.
“Cada alma é um sistema de força e um gerador de amor,
cujo poder de ação aumenta com a elevação do sentimento”.
(Léon Denis e Joanna de Ângelis)

Dor que liberta do egoísmo

As almas são forças geradoras de amor.


O estágio atual da dor é o móvel desta força, que invade o
mundo do outro e gera compaixão, libertando-se do egoísmo.
A dor individual pela perda de um ente querido.
O sofrimento na forma de luto é legítimo.
O Espírita crê na vida após a morte, mas sofre.
O Espírita deve sofrer com FÉ e com educação.
A libertação do egoísmo

O sofrimento coletivo devido as grandes tragédias, fruto da


ação ou omissão humana.
O sofrimento coletivo visa despertar compaixão,
solidariedade e fraternidade ao próximo; visa despertar a
autocrítica e a análise da conduta ética.
Despertar a consciência da vida além da matéria. É a
oportunidade de renascimento e regeneração.

Aprendendo com o exemplo

A dor que regenera é o maior mecanismo de exercício do


amor, demonstrando gratidão a Deus!

“Bem-aventurados os que choram, porque serão


consolados”; “bem-aventurados os pacificadores, porque serão
chamados filhos de Deus”; “Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Jesus)

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se


não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo
que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça
todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha
fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada
serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os
pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser
queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”.
(Paulo de Tarso)

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria


aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo
tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para
que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é
indispensável: além do pão, o trabalho e a ação.
E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se
pudesse, um segredo. O de buscar no interior de si mesmo a
resposta para encontrar a saída”. (Mahatma Ghandi)

“Outro dia me perguntaram por que eu continuo


trabalhando, apesar da enfermidade e das minhas limitações”.
“Respondi: Estou doente, mas ainda não cheguei à inutilidade.
Ou fazemos ou fica por fazer. Ninguém pode fazer o que temos
que fazer. A gente tem que aguentar. A desistência do dever
gera um complexo de culpa muito grande”. (Chico Xavier)

“Jesus veio a Terra para ensinar a perdoar há dois mil anos


atrás, mas parece que o ser humano ainda não captou essa
mensagem, porque ele continua com ódio e rancor no coração.
O Ives (*) escolheu-me como pai para ajudar a propagar a paz
e sinto muito orgulho disso”. (Makataka Ota)

(*) O menino Ives Ota foi sequestra e morto.

"Primeiro, tenho fé em Deus. Jesus Cristo tem um discurso,


“O Sermão da Montanha”, e lá tem o Pai Nosso, no qual ele diz:
“Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no céu”.
Porque, se Deus quiser te levar, ele leva, a hora que ele quiser.
Você não morre na véspera, chegou sua vez, você vai. Agora,
você tem de respeitar os médicos que cuidam de você".
(José Alencar, vice-presidente do Brasil.)

"Não se importe com o que eu perdi, porque Deus me deu


a oportunidade de poder estar viva, para criar nossos filhos e
tomar conta da nossa casa. Eu ganhei uma vida nova e estou
muito feliz”. (Andréa Salgado)
”Ter raiva não vai trazer o braço do meu filho de volta. Gostaria
de perdoar o cara que fez isso comigo. Gostaria que nada disso
acontecesse comigo nem com outras pessoas”.
(David Santos de Souza, ciclista, 21 anos, SP.)

A gratidão é a qualidade de quem é grato. Manifesta-se


pelo reconhecimento de uma pessoa, por alguém que lhe
prestou um benefício, um auxílio ou um favor.

Hilda Maria Francisca de Paula

Palestra proferida em 13/04/2013, no 27º Simpósio Espírita,


na Instituição Beneficente “A Luz Divina”.

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos, A Gênese, O Evangelho Segundo o


Espiritismo, de Allan Kardec.
- A Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica Trinatariana Brasil, na
tradução de João Ferreira de Almeida.
- “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, de Léon Denis.
- “Doenças da Alma”, de Dr. Roberto Brolio, pela Editora
Fotojornalística.
- “Porque Sofremos”, de Huberto Rohden, da Editora Martin
Claret.
- “Laços de Afeto”, de Ermance Dufaux/Wanderley S. Oliveira.
Editora Dufaux.
- “Autoamor e outras potências da Alma”,
de Dias da Cruz/Dr. Andrei Moreira, da Edidotra AME-Belo
Horizonte.

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