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WBA0862_v1.

Prevenção e controle de riscos


em máquinas, equipamentos e
instalações I
Metodologias para aplicação da
apreciação de risco
Apreciação de risco, conforme ABNT NBR
ISO 12100:2103

Bloco 1
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
ABNT NBR ISO 12100
• Estabelece os requisitos técnicos para a elaboração da
apreciação de risco.

• Descreve os fatores que devem ser observados em campo.

• Leva em consideração a redução do risco no processo.


Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100

Figura 1 – Processo de avaliação de risco

Identificação do Avaliação do
Análise do risco
perigo e do risco risco

O risco foi
Reavaliação Adequações
reduzido?

Máquina
validada
Fonte: elaborada pelo autor.
Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100
Quadro 1 – Limites de uso
Aspecto Descrição

Os diferentes modos de operação e os diferentes procedimentos de intervenção


a para os usuários, incluindo intervenções exigidas pela má utilização da máquina.
O uso da máquina, por exemplo: industrial, não industrial, por pessoas
b identificadas por gênero, idade e com habilidades físicas limitadas.
Os níveis antecipados de treinamentos, experiência ou habilidade do usuário,
c ►
incluindo operadores, equipe NBR
ABNT de manutenção
14153 ou técnicos, aprendizes,
treinandos e público em geral.
Exposição de outras pessoas aos perigos associados à máquina. Pessoas que
possuem uma boa noção dos perigos específicos, como operadores da máquina.
Pessoas que possuem pouca noção dos perigos, mais têm conhecimento dos
d procedimentos de segurança do local, como o pessoal do administrativo.
Pessoas que possuem noção muito baixa dos perigos da máquina ou de
procedimentos de segurança do local, como visitantes.
Fonte: ABNT (2013).
Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100
Quadro 2 – Limites de espaço
Aspecto Descrição
a Cursos de movimento.

Espaços destinados a pessoas que interagem com a máquina, tanto em


b
operação com em manutenção.

c Interação humana
► com a máquina.
ABNT NBR 14153
d Conexão da máquina com as fontes de suprimento de energia.

Fonte: ABNT, 2013.


Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100

Quadro 3 – Outros limites


Aspecto Descrição
a Propriedade dos materiais a serem processados.
b Limpeza e organização.
Meio ambiente – condições máximas e mínimas de temperatura
recomendadas; possibilidade de operação da máquina em
c
ambientes externos ou internos; clima seco, úmido, incidência de
luz solar, tolerância a poeiras e líquidos.
Fonte: ABNT (2013).

Quadro 4 – Limites de tempo


Aspecto Descrição
A vida útil da máquina e/ou de seus componentes, levando em
a consideração o uso adequado da máquina e o mau uso
razoavelmente previsível.
b Intervalos de serviços recomendados.
Fonte: ABNT (2013).
Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100
Quadro 5 – Identificação dos perigos: interação humana
Tarefas
a Ajuste i Troca de ferramenta
b Testes j Partida da máquina
c Programação, instrução k Todos os modos de operação
d Alimentação da máquina l Retirada do produto da máquina
Identificação de defeitos e
e Parada da máquina m
intervenção do operador
f Parada em caso de emergência n Limpeza e organização
g Retomada da operação o Manutenção preventiva
Nova partida após parada
h p Manutenção corretiva
inesperada.
Fonte: ABNT (2013).
Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100
Quadro 6 – Identificação dos perigos: possíveis estados da máquina
Aspecto Descrição
a Máquina operando com sua função prevista.
Máquina não executando sua função prevista, em função:
• Variação de propriedades, bem como dimensões do material ou
peça.
• Falha em um ou mais componentes, partes ou serviços.
b
• Distúrbios externos (vibrações, interferência eletromagnética).
• Distúrbios no suprimento de energia.
• Condições no entorno da máquina (imperfeições na superfície
do piso).
Fonte: ABNT (2013).
Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12100
Quadro 7 – Identificação dos perigos: comportamento não intencional do
operador

Identificação dos perigos: comportamento do operador


a Perda do controle da máquina por parte do operador.
Comportamento instintivo de uma pessoa em caso de mau
b
funcionamento, incidentes ou falhas durante o uso da máquina.
Comportamento resultante de falta de atenção, concentração ou
c
descuido.
Comportamento resultante de adoção do caminho mais fácil para se
d
realizar uma tarefa.
Comportamento resultante de pressões para manter a máquina operando
e
em quaisquer circunstâncias.
f Comportamento resultante de uso por pessoal não capacitado.
Fonte: ABNT (2013).
Categoria de segurança de
máquinas e equipamentos
Método matriz de risco

Bloco 2
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Método matriz de risco
Quadro 8 – Matriz de risco
Probabilidade Gravidade do dano
de ocorrência
Catastrófica Grave Moderada Baixa
do dano
Muito
Alto Alto Alto Médio
provável
Provável Alto Alto Médio Baixo

Improvável Médio Médio Baixo Desprezível


Remota Baixo Baixo Desprezível Desprezível
Fonte: ABNT (2018).

De acordo com ABNT ISO/TR 14121-2:2018 (ABNT, 2018), a matriz


de risco é determinada por meio de uma tabela multidimensional,
que associa o dano com a probabilidade de ocorrência.
Método matriz de risco
Figura 2 – Gravidade do dano

Grave: lesão grave


Catastrófica: morte ou lesão
debilitante (capaz de
incapacitante permanente
retornar ao trabalho)

Gravidade
do dano
Moderada: lesão
significativa ou doença que Baixa: nenhuma lesão ou
requeira mais do que ligeira lesão que requeira
primeiros socorros não mais do que os
primeiros socorros

Fonte: ABNT (2018).


Método matriz de risco
Quadro 9 – Estimativa da probabilidade
Estimativa da probabilidade
Frequência e duração da Características do ambiente de
a f
exposição ao perigo. trabalho.
Número de pessoas expostas ao
b g Fatores humanos.
perigo.
Possibilidade de burlar o
Qualificação das pessoas que
c h sistema de segurança da
interagem com a máquina
máquina.
Riscos adicionais no entorno da
d Histórico da máquina i
máquina.

e Confiabilidade da máquina j Características do processo.

Fonte: ABNT (2018).


Método matriz de risco

Figura 3 – Definição dos fatores de probabilidade de ocorrência

• Quase certo • Pode ocorrer


de ocorrer

Muito
Provável
provável

Improvável Remota

• Não é • Muito
possível de improvável de
ocorrer ocorrer; perto
de zero.

Fonte: Santos Jr. e Zangirolami (2020).


Categoria de segurança de
máquinas e equipamentos
Método HRN

Bloco 3
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Método HRN
• O Método HRN (Hazard Rating Number) foi desenvolvido
por Chris Stell e publicado na revista The Safety & Health
Practitioner em 1990.

• O HRN é muito utilizado no Brasil, devido a sua eficácia e


simplicidade na aplicação, permitindo ao gestor propor
ações de maneira mais assertiva, com resultados
quantitativos.
Método HRN
• Os valores resultantes são associados à seguinte combinação:

Figura 4 – Parâmetro do HRN

Grau de lesão

Frequência de exposição

Probabilidade de ocorrência

Número de pessoas expostas (envolvidas)

Fonte: Santos Jr. e Zangirolami (2020).


Método HRN
• Podemos traduzir HRN como "número de avaliação de
perigo", em que para cada item é determinado um valor
numérico em função de parâmetros preestabelecidos.

• O método possui como vantagem a facilidade de


adaptação desses valores para a realidade de cada
empresa.
Método HRN
Figura 5 – Classificação do risco pelo método HRN

Raro Baixo Atenção Significativo Alto Extremo


1 2 3 4 5 6

Fonte: elaborada pelo autor.


Método HRN
O resultado da análise é dada pelo produto do grau de lesão, pela
frequência de exposição, pela probabilidade de ocorrência e pelo
número de pessoas expostas ao risco:

𝐍𝐍𝑹𝑹 = 𝐺𝐺𝐺𝐺 × 𝐹𝐹𝐹𝐹 × 𝑃𝑃𝑃𝑃 × 𝑁𝑁𝑁𝑁


Método HRN
Extremo
Apresenta riscos que necessitam de medidas de segurança
imediatas.
Alto
Apresenta riscos que necessitam de medidas de segurança
a curto prazo.
Significativo
Apresenta riscos que necessitam de medidas de segurança
a médio prazo.
Atenção
Apresenta risco em potencial, devendo haver atenção
quando da operação/manutenção.
Baixo
Apresenta um nível de risco a ser avaliado, com
adequações possíveis.
Raro
Apresenta um nível de risco muito pequeno.
Método HRN

O primeiro parâmetro observável é o grau de lesão (GL), que


deverá ser dimensionado conforme as consequências, em caso
de acidente, diante da exposição aos perigos da máquina.
Tabela 1 – Grau de lesão (GL)
Pontos GPL
0,1 Arranhão/Escoriação
0,5 Dilaceração/corte/enfermidade leve
1 Fratura leve de ossos (dedos)
2 Fratura grave de ossos (mãos, braços, pernas)
4 Perda de 1 ou 2 dedos (mãos ou pés)
8 Amputação (perna, mão)/ perda parcial da audição ou visão
Amputação de 2 pernas ou mãos, perda parcial da audição/visão em ambos os
10
lados
12 Enfermidade permanente ou crítica

Fonte: adaptada de WEG (2020).


Método HRN
• A frequência com que a pessoa está sendo exposta ao
perigo identificado é o segundo fator a ser mensurado.

Tabela 2 – Frequência de exposição

Pontos FE
0,5 Anualmente
1 Mensalmente
1,5 Semanalmente
2,5 Diariamente
4 Em termos de horas
5 Constantemente

Fonte: Steel et al. (1990).


Método HRN
• A probabilidade de uma pessoa ficar exposta ao perigo,
em função dos riscos apresentados pela máquina.

Tabela 3 – Probabilidade de ocorrência


Pontos PO
0,033 Quase impossível
1 Altamente improvável
1,5 Improvável
2 Possível
5 Alguma chance
8 Provável
10 Muito provável
15 Certeza
Fonte: Steel et al. (1990).
Método HRN
• O número de pessoas envolvidas no processo em análise
expostas aos riscos identificados.

Tabela 4 – Número de pessoas expostas ao risco

Pontos NP
1 1-2 pessoas
2 3-7 pessoas
4 8-15 pessoas
8 16-50 pessoas
12 Mais do que 50 pessoas

Fonte: Steel et al. (1990).


Método HRN
Exemplo 1

Figura 6 – Esquemático de uma prensa sem proteção

Fonte: elaborada pelo autor.


Método HRN
Exemplo 2

Figura 7 – Esquemático de uma prensa com proteção

Fonte: elaborada pelo autor.


Teoria em Prática
Bloco 4
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Reflita sobre a seguinte situação

Você foi designado para a elaboração de uma apreciação de


risco de uma prensa recém-adquirida de uma empresa na
qual você é o Engenheiro de Segurança. Na inspeção em
campo, você identificou que apenas um operador irá acessar
a máquina diariamente e que existe o risco de amputação das
mãos pelo martelo da prensa, localizado na área de
prensagem, pois a referida máquina não estava com todos os
dispositivos de segurança instalados.

Você chegou à conclusão de que existe alguma chance de o


operador amputar as mãos, pois ele precisa acessar a zona de
perigo para inserir os moldes. Utilizando o método HRN,
determine o grau de risco dessa máquina.
Reflita sobre a seguinte situação
Figura 8 – Imagem ilustrativa da máquina

Fonte: acervo do autor.


Norte para a resolução...

Devemos:
• Inicialmente, consultar a norma ABNT NBR 12100:2013.
• Observar o ambiente no qual a máquina está inserida.
• Observar o operador e verificar sua experiência.
Norte para a resolução...

• Como foi citado, temos apenas um operador em contato


com máquina. Portanto o índice NP é igual a 1.

Tabela 5 – Número de pessoas expostas ao risco

Pontos NP
1 1-2 pessoas
2 3-7 pessoas
4 8-15 pessoas
8 16-50 pessoas
12 Mais do que 50 pessoas
Fonte: Steel et al. (1990).
Norte para a resolução...

• Foi mencionado que o operador interage com a máquina


diariamente, portanto FE = 2,5

Tabela 6 – Frequência de exposição


Pontos FE
0,5 Anualmente
1 Mensalmente
1,5 Semanalmente
2,5 Diariamente
4 Em termos de horas
5 Constantemente
Fonte: Steel et al. (1990).
Norte para a resolução...
• Foi evidenciado na vistoria que existe uma chance de ocorrer um
acidente, o qual pode levar a amputação da mão do operador.
• Portanto: PO = 5 e GS = 10

Tabela 7 – Probabilidade de ocorrência


Pontos PO
0,033 Quase impossível
1 Altamente improvável
1,5 Improvável
2 Possível
5 Alguma chance
8 Provável
10 Muito provável
15 Certeza
Fonte: Steel et al. (1990).
Norte para a resolução...

Tabela 8 – Grau de lesão (GL)


Pontos GPL
0,1 Arranhão/Escoriação
0,5 Dilaceração/corte/enfermidade leve
1 Fratura leve de ossos (dedos)
2 Fratura grave de ossos (mãos, braços, pernas)
4 Perda de 1 ou 2 dedos (mãos ou pés)
10 Amputação (perna, mão)/ perda parcial da audição ou visão
15 Morte
Fonte: Steel et al. (1990).
Norte para a resolução...
Portanto: Extremo
Apresenta riscos que necessitam de medidas de
segurança imediatas.

• NR = GS x PO x FE x NP Alto Apresenta riscos que necessitam de medidas de


segurança a curto prazo.

• NR = 10 x 5 x 2,5 x 1 Significativo
Apresenta riscos que necessitam de medidas de
segurança a médio prazo.
• NR = 125 Atenção
Apresenta risco em potencial, devendo haver
atenção quando da operação/manutenção.
Risco alto.
Baixo
Apresenta um nível de risco a ser avaliado, com
adequações possíveis.

Raro
Apresenta um nível de risco muito pequeno.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Dica do(a) Professor(a)

• A apreciação deve ser elaborada para todos os tipos de


máquinas.
• Na indústria de proteína animal, além dos riscos inerentes
das atividades, utilizam-se máquinas e equipamentos de
pequeno e grande porte.
• Como complemento do conteúdo, recomendamos assistir
ao vídeo sobre segurança em máquinas e equipamentos
produzido pelo Programa 100% Seguro do Sesi.
• Para ter acesso ao vídeo, pesquise na internet por Série
100% Seguro - SESI - Frigorífico - Operação de Máquinas.
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISSO
12100. Segurança de máquinas – Princípios gerais de projeto –
Apreciação e redução de riscos. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT ISO/TR


14121-2:2018. Segurança de máquinas – Apreciação de riscos –
Partes 2: Guia prático e exemplos de métodos. Rio de Janeiro:
ABNT, 2018.

SANTOS JÚNIOR, Joubert Rodrigues dos; ZANGIROLAMI, Márcio


José. NR-12 Segurança em Máquinas e Equipamentos: conceitos e
aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020.
Referências
STEEL, Chris et al. Hazard Rating Number. The Safety & Health
Practitioner, Londres, p. 20-21, 1990.

WEG (Brasil). Segurança em Máquinas e Equipamentos. 2020.


Disponível em: https://www.weg.net/catalogo/weg/BR/pt/
Seguran%C3%A7a-de-M%C3%A1quinas-e-Sensores-
Industriais/c/BR_WDC_SFY. Acesso em: 18 mar. 2021.
Bons estudos!

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