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FACULDADE DE MIGUEL PEREIRA

FAMIPE

CURSO DE DIREITO

2022

TEMA: DIREITO À EDUCAÇÃO E ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: QUAL O IMPACTO DA


PANDEMIA NA OFERTA DE ALIMENTOS AOS ALUNOS?

ALUNO: PEDRO HUGO CADINHA DEISTER AMANCIO


MATRÍCULA: 201820322

O Direito à Educação integra o corpo da Constituição Federal, mais


especificamente em seu art. 205, in verbis:

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.”
Ao analisar o conteúdo do texto supracitado, podemos perceber que o dever de
garantir a educação, perpassa pelas esferas públicas, sociais e também tem sua origem e
proteção no seio familiar.

Entretanto, sua aplicação no território brasileiro sempre enfrentou dificuldades,


tais quais a falta de investimentos nas escolas e universidades públicas, desvios de verbas
para os centros de ensino, bem como, em casos mais específicos, o descaso na aplicação
de recursos públicos para a construção de ruas e rodovias possibilitando que comunidades,
como por exemplo as ribeirinhas, pudessem ter acesso as escolas.

Nesse sentido, com a proliferação do Covid-19, além dos vários problemas


pertinentes ao desenvolvimento do Brasil, ficou em evidência tamanha chaga que ronda,
desde os tempos coloniais, a sociedade brasileira: a fome.

Agora, o que antes era visto como uma meta estabelecida pela Constituição
Cidadã para que todos tenham acesso à educação, as escolas tiveram que vestir uma nova
roupagem, a de serem pontos de distribuição de alimentos para as famílias mais
necessitadas.

Cito, por exemplo, A Lei nº 13.987/2020, regulamentada pela Resolução


CD/FNDE nº 2/2020, a qual autoriza, em caráter excepcional, a distribuição de gêneros
alimentícios adquiridos com recursos do PNAE aos pais ou responsáveis dos alunos, com o
objetivo de garantir o direito à alimentação dos estudantes e auxiliar para que não entrem
em situação de insegurança alimentar e nutricional.

Não obstante, o Supremo Tribunal Federal através de decisão monocrática


proferida pelo Ministro Luiz Fux no dia 05/04/2022, entendeu, acertadamente, que o Estado
deverá custear o fornecimento de alimentação escolar sob pena de afronta à saúde pública
de seus tutelados durante a pandemia do coronavírus:

SARS-COV-2 (COVID-19). PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO


ESCOLAR - PNAE. POLÍTICAS PÚBLICAS LOCAIS. FINANÇAS LOCAIS.
IMPACTO. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. AGRAVO INTERNO. MÍNIMO
EXISTENCIAL. MERENDA ESCOLAR. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL.
PREVISÃO. DANO INVERSO. RISCO. LESÃO À ORDEM E À ECONOMIA
PÚBLICAS. DEFERIMENTO PARCIAL DA CONTRACAUTELA. AGRAVO
INTERNO PREJUDICADO.

1. É cabível pedido de contracautela formulado por Estado contra decisões do


Tribunal de Justiça estadual que determinaram àquele ente federado o
fornecimento de alimentação in natura ou por meio de transferência de renda
aos alunos da rede pública estadual, durante o período de suspensão das aulas
pela epidemia do Covid-19.

2. A manutenção do fornecimento da merenda escolar vai ao encontro das


medidas adotadas para enfrentamento da epidemia, já que está
diretamente relacionada à saúde e ao reforço imunológico dos
estudantes, podendo sua suspensão caracterizar risco de dano inverso à
saúde pública.

Finalizando, é importante ressaltar mesmo que haja um possível risco de lesão à


ordem e à economia pública quando do deferimento exteriorizado pelo poder judiciário em
sede de ações relativas ao fornecimento de alimentos pelas escolas públicas aos seus
alunos, faz-se mister a ponderação de direitos fundamentais, haja vista o que dispõe o artigo
208, inciso VII da Constituição Federal, motivo pelo qual a educação bem como a prestação
de alimentos é dever e obrigação do Estado.

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