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A Internacionalização da
Bossa Nova!
Prof. Dr. Sidney José Molina Junior
Aluno. Marcos Costa Moreira Junior
Índice
01 02
João Gilberto A Bossa Nova
Uma breve biografia do Do nascimento a
músico repercussão mundial
03 04
O ábum
Stan Getz
Getz/Gilberto
O surgimento, e conceito
Uma breve biografia do
em cima deste clássico da
músico
bossa nova
01
Biografia de
João Gilberto
João Gilberto (Juazeiro 10/06/1931 – Rio de Janeiro 6/07/2019)
“O músico voltou para casa com uma pilha de discos e o plano de gravar aquelas composições.
Fez contato com Creed Taylor, recém-contratado como produtor da Verve; ele aprovou a ideia e sugeriu a participação de Stan
Getz, que regressara da Escandinávia após três anos de ausência.
O projeto de Creed Taylor, que finalmente gravou com quem de fato criou a bossa nova, um desejo seu longe de ser secreto.
Foram realizadas duas sessões nos dias 18 e 19 de março de 1963 nos estúdios da A & R, em Nova York.
O resultado é um álbum impecavelmente bem gravado, João e violão protagonizando o que há de mais belo nas oito faixas,
Jobim em intervenções sumamente adequadas pela discrição e um solo de piano de elevado bom gosto em "Corcovado". Stan
Getz, que exibe em seu toque fluido uma excitação contrastante com a interpretação de João, soube dispensar os improvisos
jazzísticos e se manter enlaçado às melodias, que executa com seu toque de lirismo e confiança acrescido de ornamentos.
Com exceção de "Só danço samba", cuja estrutura instiga o saxofonista a improvisar sobre a sequência harmônica.
É de se notar que o baterista Milton Banana, em performance exemplar, despreza as batidas no aro da caixa, àquela altura
ainda emblema rítmico da bossa nova. Manobra as baquetas no cvmbal em dinâmica engrenada com o violão, ou nos pratos,
ao acompanhar solos expansivos de Getz. O centro dominador da plataforma rítmica é o violão de João. Possivelmente devido
ao microfone empregado nessa gravação, sua voz aparece sobremaneira cristalina, mais viva até que nos discos da Odeon.
Em nove das dez faixas. o saxofone não aparece no início, e isso porque Getz e João não tocaram juntos no estúdio. João
entrava primeiro, com Tom, Tião e Milton, cantava e entregava ao saxofonista a base gravada. De sorte que não houve em
Getz/Gilberto uma integração natural entre o vocal e o sax-tenor, razão pela qual se disse que o sax não acompanha ou não
percebeu suficientemente o sotaque melódico brasileiro, à diferença de Gerry Mulligan, que teria conseguido. Faz sentido. A
empatia musical entre Mulligan e Jobim é patente quando tocaram juntos "Samba de uma nota só", Tom ao piano e Mulligan à
clarineta, no apartamento do saxofonista. O solo de Mulligan no tema que tinha acabado de ouvir, talvez pela primeira vez,
revela sua instantânea compreensão do sentido melódico brasileiro, que diverge dos improvisos de jazz construídos sobre
acordes.
Ao executarem novamente a parte final, após Tom mostrar um detalhe da divisão, Mulligan faz sua parte, já com a sutileza do
balanço do samba.”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto
“Cabe ainda construir uma hipótese sobre a disposicão dos nomes na capa de Getz/Gilberto, separados por uma
barra oblíqua e não um &, sinal que tem o sentido de adição, associação.
Dá para imaginar o que que poderia ser o disco Mulligan & Jobim & Gilberto?
No single The Girl from Ipanema a duração foi reduzida de 5:22 para 2:46, tendo em vista repetir a vitoriosa
estratégia utilizada em Desafinado; com isso, a voz de João Gilberto foi subtraída, preservando-se a versão em
inglês para que os norte-americanos pudessem entender. Astrud estoura logo em sua estreia.
Anos depois, Creed Tavlor resgatou suas lembranças da gravação Getz/Gilberto: "Quando os caras verdadeiros
entraram no estúdio, João e Jobim, aquilo foi mágico [..]. Stan como sempre um take para cada música, Jobim o
mesmo, foi fácil excetuando o trabalho que dava para fazer João Gilberto vir. Ele ficava trancado no quarto do hotel"
Esse é o ponto de vista do produtor norte-americano, um competente profissional que um ano antes tinha
emplacado 1 milhão de discos com o Desafinado de Stan Getz. De sua parte.
Tom Jobim expõe como era o clima no estúdio:
não era dos mais amenos entre Getz e João. [..] "Diz a esse gringo filho da puta que..." E o Stan Getz, ouvindo
aquilo, arregalava aquele olho azul, perguntava o que ele estava dizendo e eu dizia que ele estava orgulhoso, não
sei o quê. E o Stan Getz, me dizia: "Não soa assim". Chegou a um ponto em que o João Gilberto saiu porta afora.
Aquela neve e nós dois com aquelas roupinhas de algodão. Stan Getz a dizer que dava 15 mil dólares para gravar
com o João. Nós estávamos morrendo de fome lá em Nova York, 15 mil dólares para nós era muita grana. Então,
eu disse: "Agora não, João. Nós entramos naquele avião, você achou que o avião ia cair, o avião não caiu. Nós
estamos aqui, com essa neve caindo, nós estamos fodidos e você vai gravar com o homem". Segurei o João, ele
não queria, mandei ele tomar naquele lugar.
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto
“Num dos textos no álbum. Stan Getz externa seu ponto de vista sobre o que
estava acontecendo no jazz:
As canções de João Gilberto e Antônio Carlos Jobim chegaram à América
como um respiro de ar fresco. Sua música chegou aqui num momento em que
a anemia e a confusão na nossa música eram evidentes para qualquer um
que, conhecendo o suficiente pudesse perceber [...]. A literatura do jazz estava
se tornando consideravelmente pomposa, complexa e chauvinista, teorizando
e analisando-se num nó. Os grupos musicais estavam se desintegrando numa
ego mania de cada-um-por-si
[…]. Estavam perdendo a audiência. Pior, frequentemente perdiam o contato
musical entre um e outro. Aí chegou a música desses brasileiros que causou
um impacto.1 de modo aue a definitiva elaboração deste disco era inevitável.
Nesse ponto Getz informa que Tião Neto e Milton Banana
participaram das gravações. Tião gravou num contrabaixo emprestado pelo
meu querido amigo Don Payne, que em troca do favor assistiu às gravações,
conheceu pessoalmente Tom e João, de quem ficou amigo, e de Astrud, que o
convidaria como seu contrabaixista.”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto
“Quanto a João, pela primeira vez com algum dinheiro no bolso e em dólares,
decidiu se fixar em Nova York, onde poderia administrar uma carreira
internacional que pintava no pedaço.
Tom fez o mesmo, se bem que noutra direção: iria administrar as edições de
suas músicas. Como não era cantor, recebeu em 1963 uma proposta de Creed
Taylor/ Verve para gravar um disco instrumental.”
O Álbum
Contendo oito faixas, as músicas são: