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GETZ/GILBERTO

A Internacionalização da
Bossa Nova!
Prof. Dr. Sidney José Molina Junior
Aluno. Marcos Costa Moreira Junior
Índice
01 02
João Gilberto A Bossa Nova
Uma breve biografia do Do nascimento a
músico repercussão mundial

03 04
O ábum
Stan Getz
Getz/Gilberto
O surgimento, e conceito
Uma breve biografia do
em cima deste clássico da
músico
bossa nova
01
Biografia de
João Gilberto
João Gilberto (Juazeiro 10/06/1931 – Rio de Janeiro 6/07/2019)

• Foi cantor, violonista, e compositor


• revolucionou a música brasileira ao criar uma nova batida de violão para tocar samba:
a "bossa nova". O seu jeito suave de cantar também influenciou muitos dos cantores
da MPB.
• o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido
apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música mundial. Dono de uma
sonoridade original e moderna, João Gilberto levou a música popular brasileira ao
mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos
músicos mais influentes no jazz americano do século XX, ganhou prêmios importantes
nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.
• Nasceu eu Juazeiro em 31, e foi para Aracajú, Sergipe, em 1942, mas voltou para a
sua terra natal, e lá teve contato com a música de Caymi , Orlando Silva, Carmen
Miranda, a Duke Ellington, Tommy Dorsey e Charles Trenet.
• Aos 14 anos Ganhou seu primeiro violão do seu pai e formou o seu grupo vocal
Enamorados do Ritmo.
• Em 1947 foi para Salvador, largou os estudos para se dedicar à música, e começou a
trabalhar na rádio Sociedade da Bahia.
• Em 1950 foi convidado a integrar o grupo Garotos da Lua, e mudou-se para o Rio de
Janeiro
• Gravou dois discos com o grupo, mas por indisciplina foi demitido.
• Gravou seu primeiro disco solo em 1952 pela gravadora Copacabana
A apresentação da batida
Em 1957, João, com 26 anos, procurou mostrar sua nova técnica aos músicos e, quem
sabe, conseguir gravar. Apresentou-se para vários músicos, mas encontrou seu caminho ao
se apresentar para Roberto Menescal.
João apresentou "Bim Bom" e encantou o jovem Menescal, e partiu para uma pequena turnê
pelo Rio de Janeiro, apresentando a nova batida para gente como Ronaldo Bôscoli e em
lugares como o apartamento de Nara Leão.
João explicou algumas de suas novas técnicas a Menescal e Bôscoli: a mão direita tocava
acordes, e não notas, produzindo harmonia e ritmo ao mesmo tempo. Além disso, utilizava-
se de técnicas de respiração de ioga, o que lhe permitia alongar frases melódicas sem
perder o fôlego.
Nessa época, João se apresentou na casa de Chico Pereira, que gravou a apresentação em
um gravador Grundig.
Chico ainda ajudou João a se aproximar de Tom Jobim, que trabalhava na
gravadora Odeon, para gravar um disco. Ele se encantou principalmente com o violão de
João, vendo ali uma oportunidade de modernização do samba, através da simplificação
do ritmo e da inclusão de novas harmonias, principalmente algo mais funcional,
modalismo, criando liberdade para os arranjos.
Entusiasmado, Tom apresentou a João uma nova composição que fizera há um ano com o
poeta Vinicius de Moraes, mas que estava encostada, chamada Chega de Saudade.
Existem registros de fitas gravadas de forma amadora também pelo cantor Luís Cláudio.
João passou a ficar conhecido no meio musical carioca. Chegou a tocar junto de Severino
Filho e Badeco, dos Cariocas, Chaim e João Donato, com quem compôs Minha Saudade,
que logo se tornou um standard do período. João tocava regularmente na boate do hotel
Plaza, que começou a ser ponto de encontro de músicos. Lá, João tocava junto de Milton
Banana, que adequou sua bateria ao estilo de João, tocando baixo, com uma escova e a
baqueta no aro da caixa. Tom Jobim era assíduo frequentador da boate, aonde ia para
escutar João Gilberto.
O disco que mudou tudo
O ano de 1958 foi um marco para a música popular brasileira. Em julho, Elizete
Cardoso lançou o famoso LP Canção do Amor Demais, contendo músicas de Tom
Jobim e Vinicius de Moraes. O disco, entretanto, entraria na história da música
popular brasileira por outro motivo: João Gilberto acompanhava Elizete ao violão
nas faixas Chega de Saudade e Outra Vez, sendo essas as primeiras gravações da
chamada "batida da bossa nova". Em agosto, João lançou um disco de 78 rpm
contendo ”Chega de Saudade" e ”Bim Bom", gravado na Odeon, com apoio de Tom
Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira. Este disco inaugurou o gênero da
bossa nova, e logo se tornou um sucesso comercial. Sua gravação teve arranjos de
Tom Jobim, participação de orquestra e de Milton Banana, entre outros artistas.
João inovou ao pedir dois microfones para gravar, um para a voz e outro para o
violão. Desse modo, a harmonia passou a ser mais claramente ouvida. O disco
estourou primeiro em São Paulo, o principal mercado do país na época. Foi um
sucesso de vendas e primeiro lugar nas rádios. João participou, então, de
programas de rádio e TV, deu entrevistas, fez shows. Logo o sucesso partiu para o
Rio. Em 1959, João lançou mais um 78 rpm, dessa vez contendo Desafinado, de
Tom Jobim e Newton Mendonça, e Hô-bá-lá-lá, composição própria. Em março,
lançou o LP Chega de Saudade, que virou um sucesso de vendas. Diz-se que após
conhecer João, Ary Barroso aconselhou-o: "Faça exatamente o que você quer!".
A importância deste primeiro disco de João Gilberto é mostrada por Tom Jobim já
no texto de contracapa do LP: "Em pouquíssimo tempo, (João) influenciou toda uma
geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores".
1959 - 1962
Após o lançamento do LP Chega de Saudade, a nova batida do violão tornou-se
moda entre os jovens secundaristas e universitários, encantados com o violão de
João Gilberto. Esse disco influenciou a geração de João e a geração seguinte de
jovens que, depois de ouvir Chega de Saudade, decidiram-se pela carreira de
músico. Entre os jovens estavam Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque,
Milton Nascimento, Edu Lobo, Francis Hime, Roberto Carlos, Jorge Bem Jor,
Paulinho da Viola, entre outros.
Esse disco criou a mais completa reviravolta na música popular brasileira.
João sintetizou a MPB em seus termos fundamentais: ritmo, harmonia, batida de
violão e técnica de canto. Além disso, seu estilo, apesar de revolucionário, não
rompeu com a música do passado, vez que gravou em seus discos velhas
composições de Ary Barroso, Geraldo Pereira, Dorival Caymmi e sucessos de
Orlando Silva. Chamado de recompositor pelo músico Luiz Tatit, João
transformou velhas canções em novas, segundo sua concepção. Jobim definiu o
estilo de João como uma forma leve extensível a qualquer música brasileira.
João Gilberto definiu, como marca harmônica inédita, a economia. Os arranjos de
Tom Jobim, por exemplo, usam como guia o violão de João, que concentrava a
fluidez rítmica e melódica.
Introduziu-se, nesse LP, o uso de acordes invertidos executados em bloco. A
canção Chega de Saudade, inicialmente, era um chorinho, e João a transformou
num samba enxuto, com o violão deixando de ser mero acompanhamento e
dividindo o primeiro plano com a voz.
Biografia Stan Getz

Stan Getz, nascido em 1927 e falecido em 1991, foi um


saxofonista americano de jazz, amplamente reconhecido por
seu tom suave e lírico. Apelidado de "The Sound" por sua
qualidade tonal pura, Getz foi um dos principais artistas do
jazz cool na década de 1950. Sua fama disparou com o
movimento da bossa nova nos anos 60, especialmente com o
sucesso "The Girl from Ipanema". Getz, um vencedor de
múltiplos prêmios Grammy, teve uma carreira que atravessou
várias décadas, influenciando inúmeros músicos e ganhando
reconhecimento mundial pelo seu talento excepcional no
saxofone tenor.
Concerto no Carnegie Hall
Em 1962, João participou de concerto no Carnegie Hall, em Nova Iorque, produzido pela Audio
Fidelity Records e patrocinado pelo Itamaraty, com o objetivo de promover a bossa nova nos
Estados Unidos. Além de João, participaram Luiz Bonfá, o conjunto de Oscar Castro
Neves, Agostinho dos Santos, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Tom Jobim, entre outros.
No dia 21 de novembro de 1962, três mil pessoas lotavam o Carnegie Hall, esperando ouvir,
principalmente, Tom Jobim e João Gilberto. Entre os espectadores estavam Tony Bennett, Peggy
Lee, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Gerry Mulligan, Erroll Garner e Herbie Mann. Havia grande
presença da imprensa americana, estimada em trezentos repórteres, fotógrafos cinegrafistas e
críticos especializados do mundo inteiro, além de uma rádio que transmitia para Moscou e da Rádio
Bandeirantes, que transmitia para o Brasil.
O show também foi filmado por uma TV americana, e posteriormente pôde ser exibido na TV
Continental e na TV Tupi, no Brasil. A performance de João foi elogiada pela mídia americana, em
reportagens de veículos como The New Yorker, Newsweek, Time, The New York Times e Down
Beat. Apesar de ser um cantor e violonista brasileiro, cantando em português músicas
desconhecidas para um exigente público formado por músicos e críticos, João conquistou os
Estados Unidos.
Apesar de alguns problemas de organização e com os equipamentos de som e com o excesso de
apresentações, João Gilberto, Luiz Bonfá e Tom Jobim foram os destaques da noite.
Depois do episódio, João fez uma temporada na boate Blue Angel, apresentou-se no Village Gate de
Nova Iorque e no Lisner Auditorium de Washington. A partir daí, João passou a residir no exterior e
começou a difundir a moderna música brasileira pelo mundo.
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto
Conforme os trechos extraídos do livro Amoroso: Uma biografia de João Gilberto do musicólogo Zua Homem de Mello, a
aproximação da música do João Gilberto juntamente com a Bossa Nova teve um intuito cultural de propagar a
experiência capitalista diante da polarização na Guerra Fria.
“Em março iniciou-se a gravação de um projeto de Creed Taylor, produtor dos discos Verve, que acreditava muito na
bossa nova. A ideia era reunir João Gilberto, Tom Jobim e Stan Getz.
Por que Stan Getz?
A história vinha de longe. Um dos obietivos do Departamento de Estado norte-americano era promover a Good Neighbor
Policy, o chamado good will (bom relacionamento), com países que o governo norte-americano temesse se
aproximassem demais do regime soviético. O departamento organizava e patrocinava turnês pelo mundo de grandes
nomes do jazz que, além de levarem boa música, incrementavam as relações culturais. Louis Armstrong e Benny
Goodman haviam participado do projeto durante a Guerra Fria, quando se temia a expansão do comunismo. Da mesma
forma foi realizada a temporada da orquestra de Dizzy Gillespie pela América do Sul em 1956, que incluía São Paulo no
antigo Teatro Santana e Rio de Janeiro, no Municipal. Essa temporada não só deixou rastros pela imediata empatia de
Dizzy com o samba e como possibilitou que se pudesse ver em ação o sensacional trompetista que sabia como poucos
divertir a plateia. Vimos ainda novos músicos destinados a brilhante carreira, Phil Woods, Benny Golson, Melba Liston e
Quincy Jones nos naipes de saxofones, trombones e trompetes.
Dois anos depois da Revolução Cubana, o presidente Jânio Quadros condecorou com a medalha da Ordem Nacional do
Cruzeiro do Sul o ministro Che Guevara da Cuba comunista de Fidel Castro. A repercussão foi bem negativa, funcionou
como um sinal de alerta para a CIA. Em 1961, o Departamento de Estado foi acionado e convidou Dave Brubeck a fazer
uma excursão de doze semanas pela América do Sul: alegando compromissos com gravacões e turnês, o pianista não
aceitou. Em seu lugar veio o trio do quitarrista Charlie Bvrd, cuia reputação no Brasil era incomparavelmente inferior à de
Brubeck, um dos maiores ídolos do Jazz West Coast, que tinha, entre seus inúmeros admiradores, o pianista Dick
Farney. Byrd, que estudara violão clássico com Andres Segovia, tinha especial interesse na música latina, e ninguém
ficou surpreso quando ele se tomou de encantos pela bossa nova.”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto

“O músico voltou para casa com uma pilha de discos e o plano de gravar aquelas composições.
Fez contato com Creed Taylor, recém-contratado como produtor da Verve; ele aprovou a ideia e sugeriu a participação de Stan
Getz, que regressara da Escandinávia após três anos de ausência.
O projeto de Creed Taylor, que finalmente gravou com quem de fato criou a bossa nova, um desejo seu longe de ser secreto.
Foram realizadas duas sessões nos dias 18 e 19 de março de 1963 nos estúdios da A & R, em Nova York.
O resultado é um álbum impecavelmente bem gravado, João e violão protagonizando o que há de mais belo nas oito faixas,
Jobim em intervenções sumamente adequadas pela discrição e um solo de piano de elevado bom gosto em "Corcovado". Stan
Getz, que exibe em seu toque fluido uma excitação contrastante com a interpretação de João, soube dispensar os improvisos
jazzísticos e se manter enlaçado às melodias, que executa com seu toque de lirismo e confiança acrescido de ornamentos.
Com exceção de "Só danço samba", cuja estrutura instiga o saxofonista a improvisar sobre a sequência harmônica.
É de se notar que o baterista Milton Banana, em performance exemplar, despreza as batidas no aro da caixa, àquela altura
ainda emblema rítmico da bossa nova. Manobra as baquetas no cvmbal em dinâmica engrenada com o violão, ou nos pratos,
ao acompanhar solos expansivos de Getz. O centro dominador da plataforma rítmica é o violão de João. Possivelmente devido
ao microfone empregado nessa gravação, sua voz aparece sobremaneira cristalina, mais viva até que nos discos da Odeon.
Em nove das dez faixas. o saxofone não aparece no início, e isso porque Getz e João não tocaram juntos no estúdio. João
entrava primeiro, com Tom, Tião e Milton, cantava e entregava ao saxofonista a base gravada. De sorte que não houve em
Getz/Gilberto uma integração natural entre o vocal e o sax-tenor, razão pela qual se disse que o sax não acompanha ou não
percebeu suficientemente o sotaque melódico brasileiro, à diferença de Gerry Mulligan, que teria conseguido. Faz sentido. A
empatia musical entre Mulligan e Jobim é patente quando tocaram juntos "Samba de uma nota só", Tom ao piano e Mulligan à
clarineta, no apartamento do saxofonista. O solo de Mulligan no tema que tinha acabado de ouvir, talvez pela primeira vez,
revela sua instantânea compreensão do sentido melódico brasileiro, que diverge dos improvisos de jazz construídos sobre
acordes.
Ao executarem novamente a parte final, após Tom mostrar um detalhe da divisão, Mulligan faz sua parte, já com a sutileza do
balanço do samba.”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto

“Cabe ainda construir uma hipótese sobre a disposicão dos nomes na capa de Getz/Gilberto, separados por uma
barra oblíqua e não um &, sinal que tem o sentido de adição, associação.
Dá para imaginar o que que poderia ser o disco Mulligan & Jobim & Gilberto?
No single The Girl from Ipanema a duração foi reduzida de 5:22 para 2:46, tendo em vista repetir a vitoriosa
estratégia utilizada em Desafinado; com isso, a voz de João Gilberto foi subtraída, preservando-se a versão em
inglês para que os norte-americanos pudessem entender. Astrud estoura logo em sua estreia.
Anos depois, Creed Tavlor resgatou suas lembranças da gravação Getz/Gilberto: "Quando os caras verdadeiros
entraram no estúdio, João e Jobim, aquilo foi mágico [..]. Stan como sempre um take para cada música, Jobim o
mesmo, foi fácil excetuando o trabalho que dava para fazer João Gilberto vir. Ele ficava trancado no quarto do hotel"
Esse é o ponto de vista do produtor norte-americano, um competente profissional que um ano antes tinha
emplacado 1 milhão de discos com o Desafinado de Stan Getz. De sua parte.
Tom Jobim expõe como era o clima no estúdio:
não era dos mais amenos entre Getz e João. [..] "Diz a esse gringo filho da puta que..." E o Stan Getz, ouvindo
aquilo, arregalava aquele olho azul, perguntava o que ele estava dizendo e eu dizia que ele estava orgulhoso, não
sei o quê. E o Stan Getz, me dizia: "Não soa assim". Chegou a um ponto em que o João Gilberto saiu porta afora.
Aquela neve e nós dois com aquelas roupinhas de algodão. Stan Getz a dizer que dava 15 mil dólares para gravar
com o João. Nós estávamos morrendo de fome lá em Nova York, 15 mil dólares para nós era muita grana. Então,
eu disse: "Agora não, João. Nós entramos naquele avião, você achou que o avião ia cair, o avião não caiu. Nós
estamos aqui, com essa neve caindo, nós estamos fodidos e você vai gravar com o homem". Segurei o João, ele
não queria, mandei ele tomar naquele lugar.
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto

“Astrud, que chegara aos Estados Unidos depois do show do


Carnegie Hall, foi requisitada para cantar a versão em inglês, de Norman Gimbel,
apesar das objeções de João e Tom, diz
Creed Taylor, que acrescenta: "Astrud foi incluída em vista da insistência de Getz.
Mesmo sabendo que ela desafinava, ele a queria no álbum para uma versão em
inglês de 'Corcovado’ e 'Garota de Ipanema'. Para ele a pronúncia dela era muito
agradável e estava boa para o disco" Escreveu Astrud em carta de próprio punho:
“Infelizmente eu só tenho lembranças amargas de minha ligacão com Stan Getz
porque ele tirou proveito financeiro, artístico, profissional e pessoal. Nunca cantei
profissionalmente até gravar "The Girl from Ipanema". Apesar de ser comum para mim
cantar duetos com João ou ele me acompanhar ao violão, eu cantava em reuniões
privadas com amigos como A. C. Jobim e Vinicius de Moraes. Foi João Gilberto e
ninguém mais quem me convidou para participar com ele do disco "The Girl from
lpanema" num ensaio privado com Stan Getz dias antes da gravação...”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto

“Num dos textos no álbum. Stan Getz externa seu ponto de vista sobre o que
estava acontecendo no jazz:
As canções de João Gilberto e Antônio Carlos Jobim chegaram à América
como um respiro de ar fresco. Sua música chegou aqui num momento em que
a anemia e a confusão na nossa música eram evidentes para qualquer um
que, conhecendo o suficiente pudesse perceber [...]. A literatura do jazz estava
se tornando consideravelmente pomposa, complexa e chauvinista, teorizando
e analisando-se num nó. Os grupos musicais estavam se desintegrando numa
ego mania de cada-um-por-si
[…]. Estavam perdendo a audiência. Pior, frequentemente perdiam o contato
musical entre um e outro. Aí chegou a música desses brasileiros que causou
um impacto.1 de modo aue a definitiva elaboração deste disco era inevitável.
Nesse ponto Getz informa que Tião Neto e Milton Banana
participaram das gravações. Tião gravou num contrabaixo emprestado pelo
meu querido amigo Don Payne, que em troca do favor assistiu às gravações,
conheceu pessoalmente Tom e João, de quem ficou amigo, e de Astrud, que o
convidaria como seu contrabaixista.”
Os motivos para a gravação de Getz/Gilberto

“Quanto a João, pela primeira vez com algum dinheiro no bolso e em dólares,
decidiu se fixar em Nova York, onde poderia administrar uma carreira
internacional que pintava no pedaço.
Tom fez o mesmo, se bem que noutra direção: iria administrar as edições de
suas músicas. Como não era cantor, recebeu em 1963 uma proposta de Creed
Taylor/ Verve para gravar um disco instrumental.”
O Álbum
Contendo oito faixas, as músicas são:

"The Girl from Ipanema" (Tom Jobim, Vinicius de


Moraes, Norman Gimbel - versão) – 5:24
"Doralice" (Dorival Caymmi, Antônio Almeida) – 2:46
"Para Machucar Meu Coração" (Ary Barroso) – 5:05
"Desafinado" (Tom Jobim, Newton Mendonça) – 4:15
"Corcovado" (Tom Jobim, Gene Lees - versão) – 4:16
"Só Danço Samba" (Tom Jobim, Vinícius de Moraes) – 3:45
"O Grande Amor" (Tom Jobim, Vinícius de Moraes) – 5:27
"Vivo Sonhando" (Tom Jobim) – 3:04

em 1997.A versão em single de "The Girl from Ipanema" teve


os vocais de João Gilberto cortados, ficando apenas os de
Astrud, igual a versão do single lançado em 1964.
Phil Ramone foi o engenheiro, apaziguador e dono do estúdio
aonde foi gravado o álbum.
Getz/Gilberto conquistaram vários Grammys, inclusive o
álbum do ano, e desbancando a Beatlemania.
Ficha técnica

•João Gilberto - violão, voz


•Antônio Carlos Jobim - piano, arranjos
•Stan Getz – Saxofone tenor
•Sebastião Neto - baixo
•Milton Banana - bateria
• Astrud Gilberto- voz (em "The Girl from Ipanema" e
"Corcovado)
•Diretor de engenharia de som: Val Valentin
•Engenheiro de gravação: Phil Ramone
•Produção: Creed Taylor

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