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COMANDO DA AERONÁUTICA

COMANDO GERAL DE APOIO


INSTITUTO DE LOGÍSTICA DA AERONÁUTICA

CONTRAINCÊNDIO

Aptl 92-00

VEÍCULOS OPERACIONAIS DO SESCINC

2020

Av.Monteiro Lobato 6365, Cumbica - Guarulhos SP -CEP 07184000


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Rejeição de Responsabilidade
O presente trabalho foi desenvolvido para uso didático, em cursos que são oferecidos pelo Insti-
tuto de Logística da Aeronáutica (ILA). O seu conteúdo é fruto de pesquisa em fontes citadas na
referência bibliográfica, e que o(s) autor(es)/revisor(es) acreditam ser confiáveis. No entanto,
nem o ILA, nem o(s) autor(es)/revisor(es) garantem a exatidão e a atualização das informações
aqui apresentadas, rejeitando a responsabilidade por quaisquer erros e/ou omissões, ou por
danos e prejuízos que possam advir do uso dessas informações. Esse trabalho é publicado com
o objetivo de suprir informações acerca dos temas nele abordados, não devendo ser entendido
como um substituto dos serviços prestados por profissionais da área, ou das publicações técni-
cas específicas que tratam de assuntos correlatos.
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OBJETIVOS
- Explicar a classificação dos CCI segundo a quantidade mínima de água para
produção de solução de espuma e PQ transportados, e regime de descarga
desses agentes extintores (Cn);
- Explicar a classificação dos veículos de apoio de acordo com a função desem-
penhada no SESCINC (Cn);
- Explicar a quantidade mínima de viaturas conforme o NPCR do aeródromo
(Cn);
- Descrever as principais características estruturais, operacionais e técnicas dos
CCI (Cp);
- Descrever as características estruturais, operacionais e técnicas dos veículos
de apoio (Cp); e
- Descrever os principais itens relacionados às rotinas de inspeção e manuten-
ção (preventiva, preditiva e corretiva) dos CCI e dos veículos de apoio (Cp).
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SUMÁRIO
1 VEÍCULOS OPERACIONAIS ..........................................................................................7
1.1 CARRO CONTRAINCÊNDIO (CCI)...............................................................................7
1.1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS ESPECIAIS (CCI) ..........................................7
1.2 VEÍCULOS DE APOIO .....................................................................................................7
1.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS DE APOIO .......................................................7
1.3 QUANTIDADE MÍNIMA DE VIATURAS POR CATEGORIA DE
AERÓDROMO ....................................................................................................................8

2 CARACTERÍSTICAS DE VEÍCULOS OPERACIONAIS .........................................9


2.1 CARACTERÍSTICAS DE VEICULOS ESPECIAIS (CCI) ...........................................9
2.1.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE CCI .................................................................12
2.1.2 SUPERESTRUTURA DE CCI .....................................................................................14
2.1.3 BOMBA DE INCÊNDIO ..............................................................................................16
2.1.4 SISTEMA AUXILIAR DE ARREFECIMENTO DO MOTOR.................................22
2.1.5 AGENTES EXTINTORES COMPLEMENTARES (AUXILIARES) ......................22
2.1.6 MANUTENÇÃO DOS COMPONENTES DA SUPERESTRUTURA.....................23
2.1.7 SISTEMAS DE ACIONAMENTO DA SUPERESTRUTURA .................................23
2.2 CARACTERÍSTICAS DE VEÍCULOS DE APOIO .....................................................29
2.2.1 CARROS DE APOIO AO CHEFE DE EQUIPE DO SISCON .................................30
2.2.2 AUTO BOMBA-TANQUE (ABT) ...............................................................................31

3 MANUTENÇÃO DE CCI E VEÍCULOS DE APOIO .................................................31


3.1 CONCEITO - MANUTENÇÃO PREVENTIVA ...........................................................31
3.2 CONCEITO - MANUTENÇÃO PREDITIVA ...............................................................31
3.3 CONCEITO - MANUTENÇÃO CORRETIVA..............................................................31

4 DISPOSIÇÕES FINAIS ....................................................................................................32

REFERÊNCIAS .................................................................................................................33
ANEXO A - GLOSSÁRIO ................................................................................................34
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VEÍCULOS OPERACIONAIS DO SESCINC


Os Veículos Operacionais do SESCINC são desenvolvidos constantemente para
fazerem frente a evolução da aeronáutica, onde novas tecnologias são embarcadas nesses ve-
ículos, visando prover o operador de ferramentas necessárias ao êxito da operação durante a
intervenção de um sinistro. Entretanto, um Veículo Operacional como o Carro Contraincêndio
(CCI), por melhor que seja, possui capacidade extintora limitada à quantidade de água trans-
portada em seu tanque, e, uma vez esgotada a água a sua função principal deixa de existir.
Logo, dependendo do local do sinistro, o tempo demandado para o seu acesso até os pontos de
reabastecimento e retorno ao teatro de operações pode comprometer o êxito da operação e o
salvamento das vítimas.
Com o passar dos anos a tecnologia tem contribuído, em muito, para a eficácia
da operação dos Veículos Operacionais dos SESCINC nos aeródromos de todo o mundo, o que
tem obrigado os bombeiros a buscarem o conhecimento dos aparatos tecnológicos agregados
às novas viaturas.
Os ensinamentos aqui contidos oferecem o básico aos operadores, cabendo aos
que se interessarem pela busca no aperfeiçoamento, ter a compreensão que a operação de uma
viatura de bombeiro será tão eficiente quanto maior for o seu conhecimento.
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1 VEÍCULOS OPERACIONAIS
1.1 CARRO CONTRAINCÊNDIO (CCI)
1.1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS ESPECIAIS (CCI)
Todos os aeródromos categorizados deverão dispor de viaturas, em quanti-
dade e tipos adequados ao seu respectivo NPCR, conforme preconizado na presente Instrução.
As manutenções, modernizações e alterações das via turas deverão ser pre-
viamente aprovadas pelo OCSISCON.
Os CCI são classificados de acordo com a Tabela 1, segundo as quantidades
mínimas de agentes extintores transportados.
CLASSIFICAÇÃO DOS CCI

Tipo Regime de Regime de


de Água (litros) descarga de Pó químico descarga de pó
CCI espuma (kg) químico (kg/s)
(litros/min)
1 de 670 a 1.200 exclusive 550 100
2 de 1.200 a 2.400 exclusive 900
135
3 de 2.400 a 5.500 exclusive 1800 2,25
4 de 5.500 a 11.000 exclusive 3000
200
5 a partir de 11.000 4700
Tabela 1
A quantidade mínima de LGE transportada nos CCI dev e ser suficiente para
possibilitar a expedição de duas vezes a quantidade de água transp ortada em cada carro, sem
a necessidade de reabastecer o tanque de LGE.
Os Chefes dos SESCINC deverão providenciar o ajust e dos componentes
dos sistemas proporcionadores e dosadores de LGE dos CCI sob sua responsabilidade, a fim
de adequá-los ao tipo de LGE, e que seja utilizada a espuma na so lução a 6%.
1.2 VEÍCULOS DE APOIO
1.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS DE APOIO
Os veículos de apoio às operações de resgate, salvamento e combate a incêndio
são classificados de acordo com a função desempenhada no SESCINC e atividades administra-
tivas, tendo a seguinte denominação:
• Carro de Resgate e Salvamento (CRS); e
• Carro de Apoio ao Chefe de Equipe (CACE).
• Auto Bomba Tanque (ABT).
A remoção ou transporte de acidentados ou pacientes para unidades hospitalares
e afins não é atribuição do SESCINC, pois este serviço não dispõe de ambulâncias em sua Ta-
bela de Viaturas, que é o veículo projetado especificamente para esta finalidade de acordo com
as normas brasileiras de trânsito e do Ministério da Saúde, sendo vedado o transporte de vítimas
em quaisquer viaturas da frota do contraincêndio.
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1.3 QUANTIDADE MÍNIMA DE VIATURAS POR CATEGORIA DE AERÓDROMO

Categoria Veículos que Categorizam o Veículos Obrigatórios


Aeródromo
1a2 1 CCI 1 CRS ou 1 CACE
3a4 1 CCI 1 CRS + 1 CACE
5a6 1 CCI + 1 CRS 1 CACE
7 2 CCI + 1 CRS 1 CACE
8 a 10 3 CCI + 1 CRS + 1 CACE -

Tabela 2

O veículo de apoio do tipo CACE é de uso EXCLUSIVO do Chefe de Equipe do


SESCINC. Apesar de não ser requisito para categorização nos aeródromos de categoria 1 a 7,
será OBRIGATÓRIO nesses aeródromos e é PROIBIDA a utilização do CACE para outros fins
que não se destinam à proteção contraincêndio do aeródromo.
Em caso de indisponibilidade do CRS nos aeródromos de categoria 5 a 7 os equi-
pamentos e equipagem previstos para o resgate e salvamento poderão ser alocados no CACE
ou CCI (reserva técnica), a fim de não interferir no NPCR. Esta situação não poderá ultrapassar
trinta dias corridos a contar da data da indisponibilidade do CRS. Caso ultrapasse os trinta dias
a defasagem deverá ser notificada.
Em caso de indisponibilidade do CACE, nos aeródromos de NPCR de 1 a 7, o
Chefe de Equipe poderá utilizar CRS ou CCI (reserva técnica)
O chefe de SESCINC deverá registrar qualquer alteração em relatório mensal
conforme previsto no Anexo G da ICA 92-1.
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2 CARACTERÍSTICAS DE VEÍCULOS OPERACIONAIS


2.1 CARACTERÍSTICAS DE VEICULOS ESPECIAIS (CCI)
O Carro de Contraincêndio (CCI) é um veículo especial projetado especificamente
para cumprir as missões de salvamento e combate a incêndio em emergências aeronáuticas e
outras emergências contempladas nos Planos Contraincêndio e de Emergência do Aeródromo.
No que tange à classificação de CCI, o Comando da Aeronáutica (COMAER)
adota as exigências da National Fire Protection Association (NFPA) e da Organização Interna-
cional de Aviação Civil (OACI).
Para que uma viatura seja considerada Carro Contraincêndio, a viatura tem que
atender vários requisitos, tais como: rápida aceleração, grande visibilidade, condições para tra-
fegar em qualquer terreno, facilidade de manutenção e operação, entre outras.
O motor do CCI deve ter potência, torque e velocidade para atender e manter
todas as características veiculares de desempenho. A tração em todas as rodas desses veículos
deve incorporar uma tração para os eixos dianteiros e traseiros que seja engatada todas às vezes
durante o serviço no aeroporto. O câmbio deve ser automático e a rodagem da viatura deve ser
simples, com todos os aros e pneus de tamanho idêntico e mesmo desenho de banda de roda-
gem.

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 5700 l
LGE 800 l
PQS 200 kg

Figura 1 - TIPO 4 ROSENBAUER PANTHER

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 5800 l
LGE 760 l
PQS 250 kg

Figura 2 - TIPO 4 ROSENBAUER PANTHER AEROTRANSPORTÁVEL


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Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 5700 l
LGE 800 l
PQS 200 kg

Figura 3 - TIPO 4 ROSENBAUER BÚFALO

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 6100 l
LGE 860 l
PQS 220 kg

Figura 4 - TIPO 4 TRIEL-HT

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 6100 l
LGE 780 l
PQS 200 kg

Figura 5 - TIPO 4 LAVRITA FÊNIX


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Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 2200 l
LGE 285 l
PQS 200 kg

Figura 6 - TIPO 2 TRIEL-HT

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 1500 l
LGE 192 l
PQS 100 kg

Figura 7 - TIPO 2 RONTAN GASCON (Década de 90)

Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 1500 l
LGE 192 l
PQS 100 kg

Figura 8 - TIPO 2 CIMASA (Década de 90)


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Agentes Extintores

Agente Capacidade
Água 1200 l
LGE 150 l
PQS 100 kg

Figura 9 - TIPO 2 CIMASA (Década de 80)

2.1.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE CCI


2.1.1.1 Estrutura Mecânica de CCi
2.1.1.1.1 Chassis
A escolha de um chassi adequado é essencial para a construção de uma viatura
de bombeiro que atenda todas as necessidades exigidas para as diversas áreas de atuação do
Sistema Contraincêndio da Aeronáutica, quer sejam atividades de combate a incêndio, resgate e
salvamento, ou de apoio às atividades aéreas. Para uma viatura de bombeiro o motor e o chassi
deverão ser escolhidos de forma que seja possível transportar uma vez e meia o seu peso total.
Isso se faz necessário para que ambos não trabalhem no limite máximo de sua
capacidade, evitando assim, o desgaste prematuro.
2.1.1.1.2 Deslocamento
Uma viatura de bombeiro tem que ser dotada de condições que permitam aten-
der a relação PESO X POTÊNCIA, principalmente de um motor adequado. Tais exigências
constam da tabela de requisitos da National Fire Protection Association - NFPA 414, quando da
escolha de um chassi para esta finalidade.
Para oferecer uma condição segura de rodagem, a suspensão da viatura deve ser
bem dimensionada em função da carga a ser transportada, distribuição de peso por eixo e centro
de gravidade do veículo, a fim de proporcionar à viatura uma estabilidade satisfatória que não
venha a comprometer seu deslocamento.
2.1.1.1.3 Visibilidade
Outro fator importante na escolha do chassi e no desenvolvimento do projeto é
a visibilidade que deverá ter o motorista para trafegar com segurança, de forma que consiga
perceber a tempo qualquer obstáculo no trajeto, bem como observar prontamente qualquer si-
nal no ambiente que seja relativo a missão que está executando, tais como indícios de focos de
incêndio por exemplo.
Nos carros contraincêndio (CCI) este aspecto é essencial para permitir que o
motorista opere o canhão do interior da cabine, de forma que consiga ter uma visibilidade pri-
vilegiada do teatro de operações (visão total em um ângulo de 180 graus) a fim de ter condições
de aplicar os agentes extintores com eficiência.
2.1.1.1.4 Terreno
As viaturas devem satisfazer as condições de rodagem em todo e qualquer tipo
de terreno (QT) e para tal, é imprescindível que ele tenha um sistema que permita obter tração
total (em todos os eixos) e sistema para bloqueio dos diferenciais. O carro limpa-pistas (CLP) e
a maioria dos carros auto-bomba tanque (ABT) não dispõem desses recursos.
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2.1.1.1.5 Tração
A tração é um recurso que permite as viaturas transpor obstáculos com maior
facilidade (buracos, planos inclinados, ondulações, etc.).
A tração normal das viaturas classificadas como pesadas (caminhões) e como
médio porte (pick-ups) utilizadas no Sistema Contraincêndio da Aeronáutica (SISCON) é 4 x 2
com tração no eixo traseiro. Essas configurações são utilizadas em situações normais de serviço
em vias pavimentadas.
Os carros de resgate e salvamento (CRS), os carros de apoio ao chefe de equipe
(CACE) e os carros contraincêndio (CCI) necessitam de um sistema que permita a tração em
todos os eixos (4x4, 6x6, 8x8,...), de modo que possibilite trafegar fora das vias pavimentadas.
A força de tração no eixo dianteiro é obtida mediante o suo de uma caixa de
transferência de força.
Caixa de transferência - Contém um conjunto de engrenagens que envia a ro-
tação do motor ao eixo traseiro (motriz). E quando é acionada, além de continuar enviando
rotação para o eixo traseiro, passa a enviar, também, para o eixo dianteiro.

Figura 10

2.1.1.1.6 Sistema de Bloqueio do Diferencial


O bloqueio de diferencial é um recurso que permite a viatura se deslocar em
terrenos instáveis (lama, atoleiro, charco, etc.
Os CCI necessitam de um sistema de bloqueio de diferencial (traseiro e/ou dian-
teiro). Este sistema, quando acionado, elimina a função do diferencial, fazendo com que as
rodas girem igualmente, sem ocorrer compensação, quando o veículo realiza curvas. Porém,
mesmo estando o diferencial bloqueado, estando a viatura no terreno instável, é possível fazer
pequenas curvas.
Atenção:
➢ A tração e o bloqueio de diferencial são dispositivos que devem ser acionados
antes da viatura entrar num terreno considerado instável e desligados imedia-
tamente após sair dele.
➢ Nunca realize curvas em terrenos firmes quando o bloqueio está acionado,
pois causará sérios danos à viatura.
➢ Observação: O bloqueio de diferencial pode ser utilizado juntamente com a
Tração 4 x 4.
2.1.1.1.7 Pneus
Os pneus utilizados nas viaturas de bombeiro devem ser compatíveis com o
chassi e possuírem bandas de rodagem híbridas, de forma a atender aos requisitos de trafegar
em estradas asfaltadas e fora delas. Estes requisitos aplicam-se às necessidades e às condições
de solo encontradas nas cercanias dos aeródromos. Devem ser consideradas as condições de
pavimento com pouca aderência, atoleiros, e rotas com acúmulo de detritos ou materiais que
provoquem riscos de derrapagens. Os desenhos da banda de rodagem devem ser de tal forma
que permitam a rápida liberação dos detritos retidos em seus sulcos, evitando que os mesmos
sejam levados para as áreas de movimentação de aeronaves.
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2.1.2 SUPERESTRUTURA DE CCI


2.1.2.1 Conceituação
Para efeito deste estudo, conceituaremos que todo o conjunto de sistemas e seus
componentes destinados ao pleno funcionamento operacional de salvamento, extinção de in-
cêndio e apoio a atividade aérea, fixados sobre um chassi, receberá o nome de SUPERESTU-
TURA.
2.1.2.2 Tanque de Água
O tanque de água de um CCI normalmente é fabricado em chapa de aço inoxidá-
vel, polipropileno ou chapa de aço carbono e, nesse caso, receberá tratamento anti-corrosivo no
seu interior. Deverá possuir quebra-ondas para diminuir o movimento da carga líquida durante
o deslocamento da viatura, conferindo maior estabilidade ao veículo.

TANQUE DE ÁGUA

ABASTECIMENTO LGE

Figura 11
O tanque de água deverá ser provido de suspiro, cuja finalidade é permitir que o
ar existente dentro do tanque possa sair durante o abastecimento por rede de hidrantes (pressão)
ou sucção, e também permitir a saída do excesso de água quando o tanque encher após estas
operações, evitando o estufamento ou rompimento das laterais do tanque. Para isso os suspiros
devem estar limpos e desobstruídos.
O suspiro serve também para que o ar possa entrar durante a operação de expe-
dição.
O tanque de água deverá possuir um dreno, com a finalidade de retirar o líquido
em casos de manutenção ou limpeza.
As características da construção do tanque de água de um CCI e ABT são prati-
camente idênticas diferindo apenas algumas peculiaridades de distribuição da carga líquida do
tanque sobre o chassi.

Figura 12 Figura 13
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2.1.2.3 Sistemas de Abastecimentos


Os CCI e ABT devem apresentar diferentes tipos de sistemas para abastecimento
de água, sendo que as Seções Contraincêndio devem oferecer condições para que todos esses
métodos possam ser realizados.
➢ Gravidade (ou queda livre): Quando o abastecimento é feito através de um
ponto elevado (caixa d'água), usando a própria queda do líquido. Este método também é empre-
gado para abastecimento do tanque de LGE e dos reservatórios de pó químico (PQ) dos CCI.
➢ Pressão: Quando o abastecimento é feito por meio de introdução de água sob
pressão. O abastecimento pode ser feito a partir de hidrantes ou de outra viatura. Nestes casos,
é necessário respeitar o limite de pressão de enchimento do tanque estipulado pelo fabricante.
➢ Sucção: Quando o abastecimento é feito por meio da sucção de água de um
local abaixo da localização do CCI (cisterna, rio, lago, etc.). Nesta operação é utilizado o sis-
tema de escorva e a bomba de incêndio do próprio CCI. Para isso, utiliza-se um mangote de
sucção acoplado ao bocal de admissão da viatura. Na extremidade que entra em contato com
a superfície d’água conecta-se um filtro provido de válvula de retenção. O filtro tem a função
de impedir a entrada de detritos que possam danificar a bomba e a válvula de retenção tem a
finalidade de evitar o retorno da água succionada, mantendo assim, a coluna d´água.

Figura 14: Abastecimento por sucção.

2.1.2.4 Tanque de Líquido Gerador de Espuma (LGE)


O tanque de LGE de um CCI normalmente é fabricado em chapa de aço inoxi-
dável ou chapa de aço carbono e, neste último caso, receberá tratamento anti-corrosivo no seu
interior. Deverá possuir quebra-ondas para diminuir o movimento da carga líquida durante o
deslocamento da viatura, conferindo maior estabilidade ao veículo.
O tanque de LGE deverá ser provido de um suspiro, cuja finalidade é permitir
que o excesso de agente extintor possa sair e também para que o ar possa entrar durante a ex-
pedição.
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ABASTECIMENTO LGE
SUSPIRO E LADRÃO DO TANQUE LGE

TANQUE DE LGE

Figura 15

Também deverá possuir um dreno, com a finalidade de retirar o agente extintor,


em casos de manutenção ou limpeza.
O abastecimento do tanque de LGE é feito por gravidade. Algumas viaturas mais
modernas possuem, também, um sistema de enchimento por pressão.
A quantidade de LGE, neste tanque, tem que ser suficiente (no mínimo), para
permitir a expedição de 02 (dois) tanques de água, ou seja, ao utilizar completamente um tanque
de água, deverá restar ainda, no mínimo, uma quantidade de LGE referente à metade da capa-
cidade do total do tanque de LGE.
Observação: o ABT não possui tanque de LGE.
2.1.3 BOMBA DE INCÊNDIO
Possui a função de expelir líquidos, seja de baixa pressão estática (quando o lí-
quido está localizado abaixo do nível da bomba) ou de maior pressão estática (quando o líquido
está localizado acima do nível da bomba). Isto pode ser conseguido da seguinte maneira:
➢ Fazendo atuar uma força sobre o líquido, através de um pistão de movimento
alternado ou rotativo (bomba a pistão);
➢ Pela transmissão de trabalho mecânico ao líquido, através de aletas (palhetas)
giratórias (bomba centrífuga); e
➢ Fazendo atuar sobre o líquido, duas engrenagens interligadas parar expeli-lo
(bomba de engrenagem).
2.1.3.1 Tipos de Bomba
2.1.3.1.1 Bomba a Pistão
São bombas de deslocamento positivo e auto-escorvante. Produzem alta pressão
e seu funcionamento pode ser comparado ao de uma seringa. O pistão puxa e/ou empurra o
líquido/ar.
Assim, quando o pistão se movimenta, ora puxa ora empurra o líquido repetidas
vezes (figura 16).
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Figura 16 - BOMBA A PISTÃO


2.1.3.1.2 Bomba Rotativa (de Engrenagem)
É de deslocamento positivo e auto-escorvante, consistindo em 2 (duas) engre-
nagens perfeitamente ajustadas, num alojamento fechado. Ambas engrenagens podem receber
força de movimento, ou apenas uma que movimenta a outra. O número de dentes varia de acor-
do com o fabricante, mas a maioria das bombas possui 3, 6 ou 8 dentes (figura 34).
Uma engrenagem gira no sentido anti-horário, enquanto a outra no sentido ho-
rário.
A água entra pelo tubo de admissão (introdução) localizado na base e preenche
o espaço entre os dentes da engrenagem e o corpo da bomba. Conforme as engrenagens vão gi-
rando, a água é forçada para cima, em direção ao tubo de descarga (expedição). O acoplamento
dos dentes e a vedação existente em cada dente da engrenagem previne o retorno da água ao
tubo de admissão durante a rotação.
A bomba rotativa se desgasta pelo uso, o que ocasiona uma pequena folga entre
as engrenagens e o corpo da bomba, permitindo que parte da água retorne por entre os dentes
das engrenagens ocasionando perda de pressão.
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Figura 17 - BOMBA DE ENGRENAGEM

As bombas de deslocamento positivo, tais como as rotativas (engrenagem) e as


de pistão, têm a capacidade de recalcar tanto ar quanto água; portanto, não necessitam de siste-
ma separado de escorva.
2.1.3.1.3 Bomba Centrífuga
Opera pelo princípio da força que tende a impelir um objeto para fora do centro
de rotação, ou seja, a força centrífuga (figura 18).
A tendência criada pela rotação dos rotores da bomba é convertida em pressão no
fluido que está sendo bombeado.
A pressão aumenta na razão quadrada do giro dos rotores; exemplo: se a veloci-
dade de rotação dos rotores for dobrada, a pressão aumentará 4 (quatro) vezes.
As bombas centrífugas dependem da ação giratória dos rotores para pressurizar
a água. Elas não têm a capacidade de extrair o ar por si só; portanto, não são de deslocamento
positivo. Assim, as bombas centrífugas necessitam de um sistema de escorva para succionar a
água.

Figura 18 - BOMBA CENTRÍFUGA


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➢ Rotor ou impulsor - É o dispositivo da bomba centrífuga que se movimenta,


a fim de impelir a água. Essencialmente, o rotor consiste de palhetas curvadas montadas em
discos, as quais forçam a água a girar em torno deles, de modo que seja lançada para fora, em
alta velocidade, pela ação da força centrífuga, ou seja, a força exercida do centro para a perife-
ria. A água do rotor é lançada através de passagens divergentes, convertendo a energia da alta
velocidade em pressão.
➢ Estágios - Representam a quantidade de rotores numa bomba centrífuga.
Quando possuem mais de um, são dispostos em série, isto é, um em seguida a outro; cada
impulsor desenvolve parte da pressão total da bomba. Quando a centrífuga bomba possui um
rotor, diz-se que ela é possui um estágio. Quando possui dois rotores, dois estágios, e assim por
diante.
A bomba de incêndio é o mais importante componente da superestrutura de um
CCI, sendo a responsável direta pelo funcionamento de toda a operação de expedição e sucção.
A bomba ideal para uso nos CCI é a do tipo centrífuga, devido a eficiência já
comprovada, sendo desaconselhável para esta atividade o uso de bomba de outro tipo.
A maioria das bombas de incêndio usadas nas viaturas de bombeiro é do tipo
centrífuga de duplo estágio. Devido a isto, ela será abordada mais detalhadamente.
As bombas centrífugas possuem registros denominados drenos, a fim de possibi-
litar a retirada de água acumulada do seu interior, bem como das tubulações de água.
Terminologia aplicada às bombas
2.1.3.2 Vazão da bomba.
A vazão da bomba de incêndio deve ser igual ou superior ao somatório das va-
zões de cada expedição usadas simultaneamente (do(s) canhão(ões), linha(s) de expedição e
dispersores).
2.1.3.3 Cavitação
Ocorre quando a vazão da água que sai da bomba fica maior do que a admissão,
ou seja, a quantidade de água que está entrando na bomba não é suficiente para manter a vazão
de expedição. Isto faz com que ocorra a formação de bolhas de ar no corpo da bomba e a con-
sequente perda de eficiência (a pressão nas linhas de mangueira diminui e o jato d’água oscila),
prejudicando a operação de combate. A bomba que sofre cavitação sucessivamente sofre des-
gaste prematuro, além de deixar os operadores de linha em situação de risco.
Os seguintes sinais indicam que a bomba pode estar cavitando:
➢ A pressão do manômetro permanece inalterada mesmo diante a elevação da
rotação do motor;
➢ Jatos d’água intermitentes;
➢ Vibrações da bomba;
➢ Ruídos diferentes da bomba, e
➢ Pressão do manômetro oscilando com a rotação do motor constante.
A cavitação da bomba pode ser corrigida com a diminuição na demanda d’água,
através da redução da rotação do motor e consequente redução da rotação da bomba.
2.1.3.4 Pressão de trabalho
É a pressão indicada pelo fabricante na qual a bomba atinge sua melhor perfor-
mance sem sofrer esforços que podem danificá-la. A pressão de trabalho, dependendo do proje-
to de fabricação, normalmente varia de 10,5 bar a 14 bar.
2.1.3.5 Sistemas e dispositivos que complementam a bomba
2.1.3.5.1 Válvula de Alívio (By Pass utilizado na FAB)
É uma válvula de retorno automática, cuja finalidade é estabilizar (aliviar) a
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pressão da bomba quando uma válvula de descarga (expedição) ou um esguicho for fechado
durante a operação, sem que ocorra a redução da rotação do motor.
Quando a velocidade da água na tubulação é subitamente reduzida, como no caso
do fechamento rápido de um esguicho, ocorrem elevações perigosas de pressão. Caso a pressão
excessiva não seja controlada adequadamente, pode causar o rompimento da mangueira, sérias
avarias na bomba de incêndio ou acidentes à guarnição, principalmente se o bombeiro estiver
trabalhando em escada ou em outro lugar em que o manejo da mangueira se torne mais difícil.
Por esta razão as bombas de incêndio possuem um dispositivo automático de
segurança (válvula de retorno) que controla a elevação de pressão.
2.1.3.5.2 Sistema de controle de descarga (automático e manual).
O controle de rotação do motor da viatura permite controlar a rotação da bomba
de incêndio e, por conseguinte, a sua descarga.
O Controle de rotação do motor pode ser obtido através de um dispositivo auto-
mático ou manual.
➢ Controle automático (pré-regulado) – Com um único acionamento, permite
a elevação automática da rotação da bomba, obtendo a pressão e vazão ideal
de trabalho rapidamente.
➢ Controle manual – Permite que o operador eleve gradativamente a rotação
da bomba até obter a pressão e vazão ideal de trabalho ou a pressão que ele
deseja.
2.1.3.5.3 Sistema de acoplamento da bomba de incêndio
O sistema de acoplamento da bomba de incêndio pode ser efetuado através de
tomada de força mecânica ou hidráulica, ou através de divisor de potência, conforme modelo
da viatura.
Estes dispositivos possuem engrenagens sincronizadas que permitem transferir a
força do motor, por intermédio da caixa de marchas, para a bomba de incêndio.
➢ Tomada de força mecânica (Power Take Off – PTO mecânico) - Contém
um conjunto de engrenagens destinado a transferir a rotação do motor, vinda
da caixa de marchas, para bomba de incêndio (figura 19).

Figura 19 - PTO MECÂNICO

➢ Tomada de força hidráulica (Power Take Off – PTO hidráulico)- Contém


um conjunto de engrenagens destinado a transferir a rotação do motor, vinda
da caixa de marchas, para uma bomba de óleo hidráulico. O fluxo de óleo
dessa bomba é que aciona a bomba de incêndio (figura 20).

Figura 20 - PTO HIDRÁULICO


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➢ Divisor de potência - Contém um conjunto de engrenagens destinado a di-


vidir a rotação do motor, transferindo uma parte para a bomba de incêndio e
outra para a caixa de marchas (figura 21).

Figura 21 - PTO DIVISOR DE POTÊNCIA


Observação: Alguns desses dispositivos funcionam como uma caixa multipli-
cadora, ou seja, alteram a rotação oriunda do motor, em alguns casos para mais (são chamados
de caixa multiplicadora), outros para menos (divisor de potência).
2.1.3.5.4 Sistema de Escorvamento
Escorvamento é a operação que retira o ar contido no corpo da bomba de incên-
dio, da tubulação (admissão e expedição) e mangote de sucção, produzindo assim a pressão ne-
gativa necessária ao sistema. Desta forma a pressão atmosférica empurra a água do manancial
através do mangote de sucção, até bomba de incêndio.
O sistema de escorva de uma bomba centrífuga pode ser:
➢ Sistema de escorva por meio de bomba de deslocamento positivo (bomba
de escorva) – Utiliza uma bomba auxiliar (rotativa de engrenagem ou palhe-
tas) que retira o ar da tubulação permitindo a formação da coluna d’água até
ocorrer a inundação da bomba de incêndio. Estas bombas são lubrificadas
com óleo de viscosidade SAE 30.
➢ Sistema de escorva por pressão negativa (“vácuo”) - Utiliza a pressão ne-
gativa do tubo de admissão do motor, para reduzir a pressão interna do corpo
da bomba; é nada mais do que um tubo ligado entre o corpo da bomba e o
tubo de admissão do motor, com uma válvula de paragem automática entre
ambos. Para prevenir a entrada de água no motor, um pequeno tanque de
segurança é instalado junto à válvula de paragem.
➢ Sistema de escorva por desvio de gases do escapamento - É um dispositivo
que canaliza os gases da combustão do motor através de um “Venturi” (tubo
com um estrangulamento ao centro, do qual deriva outro tubo de pequeno
diâmetro), construído numa câmara de ejeção.
O tubo “Venturi” é ligado à bomba por um cano curto e de pequeno diâmetro.
Como os gases da combustão são forçados através do “Venturi”, há a produção de pressão ne-
gativa parcial na câmara de ejeção, o que provoca o arrastamento do ar do interior da bomba e,
consequentemente, a redução da pressão interna.
Válvula de Escorva
A válvula de escorva é montada entre a bomba de escorvamento e a bomba prin-
cipal (de incêndio) e permanece sempre fechada, exceto quando o sistema está sendo escorvado.
finalidade desta válvula é prevenir que a água alcance a bomba de escorva, en-
quanto a bomba principal está sendo operada.
A válvula de escorva é necessária em todas as bombas centrífugas, independente
do tipo de sistema de escorvamento utilizado.
Nas maiorias dos sistemas, a válvula de escorva é operada manualmente; entre-
tanto, em alguns tipos, o acionamento é combinado.
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2.1.4 SISTEMA AUXILIAR DE ARREFECIMENTO DO MOTOR


Geralmente as viaturas de bombeiro urbano possuem esse sistema, devido ao
fato de seus motores trabalharem por várias horas sem deslocamento (viatura parada). Para não
ocorrer o superaquecimento do motor, o sistema auxiliar de resfriamento permite que a água do
tanque da viatura circule pelo sistema de arrefecimento do motor por intermédio de um inter-
cambiador de calor, mantendo a temperatura dentro da faixa operacional. O sistema pode ser
automático ou manual. Alguns tipos de viaturas do SISCON possuem este sistema.
2.1.5 AGENTES EXTINTORES COMPLEMENTARES (AUXILIARES)
Os CCI são dotados de sistema de agentes extintores complementares (auxilia-
res), com a finalidade ser empregado em conjunto com o agente principal (espuma), quando a
situação exigir. O agente complementar utilizado nos CCI é o pó químico do tipo BC.
O ABT, por ser um carro de apoio, possui apenas extintores portáteis em sua
superestrutura.
2.1.5.1 Sistema de Pó Químico
Os CCI deverão possuir um sistema de pó químico, contendo pelo menos um
reservatório de pó, cuja capacidade esteja de acordo com as recomendações da “OACI” e
“NFPA”, adotadas pelo COMAER para cada classe de CCI.

ABASTECIMENTO DE PQ

EXPEDIÇÃO DE PQ

Figura 22
Para que o sistema de pó possa ser utilizado, há a necessidade do uso de um
agente expelente (propelente) que atue com eficácia e que tenha baixo teor de umidade. Neste
caso o agente recomendado é o Nitrogênio (Azoto).
O cilindro de nitrogênio, responsável pela pressurização, possui 2 manômetros,
o maior registra a pressão de 220 kgf/cm2, enquanto que o menor registra a pressão reduzida
e que entra no reservatório de PQ (12 kgf/cm2). O acionamento do sistema em tela é realizado
somente manualmente e no próprio equipamento. Dispõe de um sistema manual ou elétrico
(enrolar/esticar).
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VALVULA PRESSÃO DO RESERVATÓRIO


REDUTORA DE PQ

PRESSÃO DO CILINDRO DE
NITROGÊNIO

VALVULA DE
PRESSURIZAÇÃO

VALVULA DE EXPEDIÇÃO

Figura 23

O agente expelente (propelente) é armazenado em cilindros de alta pressão, de


forma a comportar uma quantidade suficiente para expelir todo o pó químico contido no reser-
vatório, bem como efetuar a limpeza do sistema, após o uso desse agente extintor.
OBS: Após a utilização de PQ, fecha-se o cilindro de pressurização, aciona a
despressurização e em seguida a limpeza dos mangotes.
O alcance de um disparo de PQ é de aproximadamente 12 metros.
PRESSÃO DO CILINDRO DE N (0,75 m2
CILINDRO DE - MENOR)
CILINDRO EM N (2,2 m2 = MAIOR)
LIMPEZA

DESPRESSURIZAÇÃO LIMPEZA

Figura 24

2.1.6 MANUTENÇÃO DOS COMPONENTES DA SUPERESTRUTURA


As viaturas do SISCON deverão ter a superestrutura e seus componentes de tal
forma distribuídos que possam facilitar o acesso a todas as partes vitais dos diversos sistemas.
Observase que a funcionalidade da superestrutura está diretamente ligada ao bom desempenho
operacional e a sua manutenção.
2.1.7 SISTEMAS DE ACIONAMENTO DA SUPERESTRUTURA
Dependendo do fabricante as viaturas de bombeiro apresentam diferentes tipos
de sistemas de acionamento dos componentes da superestrutura:
2.1.7.1 Sistema Mecânico
É um sistema de acionamento direto no qual é utilizada a força do homem para
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movimentar uma alavanca que atua diretamente numa válvula. Nos casos em que a válvula está
instalada em locais de difícil acesso, é necessário instalar outra alavanca de acionamento, in-
terligada à primeira por uma haste, em local de fácil acesso. É um sistema simples, de resposta
eficiente e imediata, que proporciona menor incidência de panes. Um exemplo desse sistema é
o comando de abertura da expedição CCI TIPO-2 Cimasa (figura 25):

Figura 25 - COMANDO MECÂNICO

O sistema mecânico pode utilizar a força motriz da viatura, através de engrena-


gens. Um exemplo desse sistema é a tomada de força do CCI TIPO-2 Cimasa que transmite a
rotação do motor à bomba.
2.1.7.2 Sistema Elétrico
Utiliza a corrente elétrica oriunda da bateria da viatura. Ao comandar o dispo-
sitivo de acionamento, a eletricidade percorre a fiação e irá atuar nas válvulas e equipamentos.
Um exemplo desse sistema é o joystick de comando do canhão de pára-choque do CCI TIPO-4
Rosenbauer Búfalo, que executa os comandos de abertura e fechamento da descarga do canhão,
bem como os movimentos direcionais e formato do jato de água (figura 26):

Figura 26 - COMANDO ELÉTRICO


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2.1.7.3 Sistema Pneumático


Utiliza o ar comprimido acumulado no reservatório de ar da viatura. Ao co-
mandar o dispositivo de acionamento, o ar percorre a tubulação e irá atuar nas válvulas. Um
exemplo desse sistema são os comandos de abertura e fechamento das válvulas Tanque-Bomba,
Bomba-Tanque, Dosador, Proporcionador e Canhão do CCI TIPO-2 Cimasa da década de 90
(figura 27):

Painel Interno de comando das válvulas


pneumáticas (A) do CC1 TIPO-2
CIMASA. Ao ser acionada, libera o
ar para os atuadores pneumáticos (B).
Estes, por sua vez, acionam as válvulas
mecânicas onde estão montados.

Figura 27 - COMANDO ELÉTRICO


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2.1.7.4 Sistema Eletromagnético


Utiliza uma embreagem eletromagenética para transmitir a força de rotação do
motor a um equipamento. Exemplos desse sistema é o funcionamento da bomba hidráulica do
guincho do CCI TIPO-2 Cimasa e da bomba de escorva dos CCI TIPO-2 e TIPO-4 (figura 28).

Figura 28 - SISTEMA ELETROMAGNÉTICO


2.1.7.5 Sistemas combinados
São sistemas que combinam pelo menos 2 tipos de sistemas.
2.1.7.5.1 Sistema Eletropneumático
Sistema que utiliza a eletricidade e a pressão de ar da viatura. Basicamente, seu
funcionamento ocorre por meio do acionamento de um comando elétrico, que faz o acionamen-
to de uma válvula pneumática que, por sua vez, faz o acionamento de um atuador pneumático
que aciona uma válvula mecânica.
Um exemplo é o sistema de abertura e fechamento das válvulas tanque-bomba,
bombatanque, dosadora, proporcionadora, dispersadores, expedições e canhão do CCI TIPO-4
Rosenbauer Búfalo (figura 29).
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Painel Interno de coman-


dos elétricos do CCI TIPO-
4 Rosenbauer Búfalo. Ao
ser acionado, envia sinal
elétrico para as válvulas
Pneumaticas.

Bloco de válvulas pneumá-


ticas do CCI TIPO-4 Ro-
senbauer Búfalo. Ao rece-
ber o sinal elétrico, permite
a passagem do ar para os
atuadores pneumáticos.

Atuador pneumático do
CCI TIPO-4 Rosenbauer
Búfalo. Ao receber o ar,
atua abrindo ou fechando
a válvula mecânica na qual
está montado.

Figura 29 - SISTEMA ELETROPNEUMÁTICO


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2.1.7.5.2 Sistema Eletrohidráulico


Sistema que utiliza a eletricidade e óleo bombeado sob pressão. Basicamente,
seu funcionamento ocorre por meio do acionamento de um comando elétrico, que faz o aciona-
mento de uma válvula hidráulica que permite a passagem do óleo sob pressão para atuar sobre
um equipamento. O óleo é armazenado num reservatório na viatura. Um exemplo é o comando
de movimentos do canhão superior dos CCI TIPO-5 Titan (figura 30).

Figura 30 - SISTEMA ELETROHIDRÁULICO

Observação: Alguns fabricantes disponibilizaram dispositivo para acionamento


manual (mecânico) para os casos em que ocorrerem falhas nos sistemas automáticos (figuras
31).

CCI TIPO-4 ROSENBAUER BÚFALO COMANDO MANUAL DOS MOVIMENTOS DIRECIONAIS


DO CANHÃO EM CASO DE FALHA DO SISTEMA ELÉTRICO

Figura 31
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2.2 CARACTERÍSTICAS DE VEÍCULOS DE APOIO


2.2.1 CARRO DE RESGATE E SALVAMENTO (CRS)
Viatura especial de apoio projetada em conformidade com a Norma Brasileira
(NBR 14561) e com as especificações emitidas pelo OCSISCON, para operações de resgate e
salvamento. A sua superestrutura possui compartimentos onde estão acondicionados equipa-
mentos e materiais para arrombamento, proteção individual, atendimento pré-hospitalar e um
sistema de iluminação com todos os acessórios para seu pleno funcionamento.
O primeiro CRS do SIS CON, montando num chassi Land Rover (figura 20),
possui em sua superestrutura uma cabine traseira específica para transportar a equipe de resgate.
Os CRS do SISCON possuem os seguintes equipamentos incorporados à supe-
restrutura:
➢ Guincho: O equipamento destinado a realizar trabalho de tração de cargas,
respeitando-se o seu limite de sua capacidade.
➢ Sistema de iluminação: Sistema provido de um moto-gerador, torre e holo-
fotes. A torre se estende acima da superestrutura da viatura e os holofotes podem ser direciona-
dos em 360º, proporcionando uma iluminação mais eficiente da área de emergência.

Figura 32 - TRIEL-HT IVECO DAILY Figura 33 - FORD F4000

Figura 34 - RONTAN GASCON Figura 35 - AGRALE MARRUÁ


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2.2.2 CARROS DE APOIO AO CHEFE DE EQUIPE DO SISCON


Veículo provido de equipamentos básicos de salvamento, projetado especifica-
mente para apoiar as ações operacionais de coordenação do Chefe de Equipe dos bombeiros nas
atividades de salvamento e combate a incêndio em emergências aeronáuticas.

Figura 36 - VOLKSWAGEN AMAROK Figura 37 - NISSAN FRONTIER

Figura 38 - FORD RANGER Figura 39 - MITSUBISH L200


(modelo 2006)

Figura 40 - MITSUBISH L200


(modelo 2014)
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2.2.3 AUTO BOMBA-TANQUE (ABT)


É um veículo especial de apoio cujas características operacionais estão em con-
formidade com a Norma Brasileira (NBR 14096) e com as especificações emitidas pelo OC-
SISCON. É uma viatura dotada de uma superestrutura contraincêndio, com bomba centrífuga,
bomba de escorva, conjunto de tubulações, tanque de água com grande capacidade (de 5.000 a
14.000 litros) e diversos compartimentos para material de incêndio, arrombamento e EPI. Sua
finalidade é prover um meio de transporte de água até o local da operação, evitando a interrup-
ção da expedição do agente extintor e o consequente retorno dos CCI até o ponto de reabaste-
cimento (figura 41).

12.000 Litros 5.000 Litros

Figura 41 - ABT
3 MANUTENÇÃO DE CCI E VEÍCULOS DE APOIO
O Chefe do SESCINC deve estabelecer rotinas de manutenção de CCI e veículos
de apoio como suporte às atividades do SESCINC, de forma a garantir a operacionalidade dos
CCI requeridos no atendimento às emergências.
As rotinas de manutenção devem contemplar ações preventivas, preditivas e cor-
-retivas.
3.1 CONCEITO - MANUTENÇÃO PREVENTIVA
É o conjunto de cuidados e operações necessárias para manter veículos e equi-
pamentos em boas condições de uso, prolongando o tempo de vida útil, e reduzindo ao mínimo
os períodos de paradas para os inevitáveis consertos.
3.2 CONCEITO - MANUTENÇÃO PREDITIVA
A manutenção preditiva é o acompanhamento periódico de equipamentos ou
máquinas, através de dados coletados por meio de monitoração ou inspeções.
As técnicas mais utilizadas para manutenção preditiva são:
• Análise de vibração;
• Ultrassom;
• Inspeção visual
• Técnicas de análise não destrutivas.
3.3 CONCEITO - MANUTENÇÃO CORRETIVA
Manutenção que consiste em substituir peças ou componentes que se desgasta-
ram ou falharam e que levaram a máquina ou o equipamento a uma parada, por falha ou pane
em um ou mais componentes. É o conjunto de serviços executados nos equipamento com falha.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Diretoria de Engenharia de Aeronáutica. Apostila de
Superestrutura e do CCI AP-2 Rosembauer Búfalo. São Paulo, 2001.
BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Diretoria de Engenharia de Aeronáutica. Apostila do CCI
AC-3 CIMASA. São Paulo, 1992.
CIMASA: Manual do CCI AC-3 anos 80.
CIMASA: Manual do CCI AC-3 anos 90.
Apostila de características básicas de um CCI.
Triel – HT: Manual do ABT - 2008.
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Anexo A - GLOSSÁRIO
SULCOS: São os frisos existentes na banda de rodagem dos pneus. Eles permitem que a água
existente na via seja escoada, mantendo o pneu em contato com permanente com a via, evitando
desta forma a aquaplanagem. ANTECÂMARA (Instrução Técnica nº 3 do CBESP).

ÁREA DE MOVIMENTAÇÃO DE AERONAVES: É a parte do aeródromo destinada ao


pouso, decolagem e táxi de aeronaves, inclusive o pátio de aeronaves.
TUBULAÇÃO: Termo utilizado para fazer referência a uma canalização, mangueiras, man-
gotes e mangotinhos.
PESO ESPECÍFICO: É o peso por unidade de volume, ou seja, é o valor da massa específica
multiplicada pela aceleração de gravidade local. Nos cálculos hidráulicos habituais com água,
utiliza-se g = 1000 kgf/m3. Compressibilidade dos líquidos: A compressão dos líquidos, que é a
redução do volume que eles ocupam, mesmo sob extrema pressão, é tão pequena que pode ser
considerada desprezível. Se uma pressão de 100 psi for aplicada a uma quantidade substancial
de água, o seu volume decrescerá somente 3/10.000 do seu volume original. Seria necessária
uma força de 64.000 psi para reduzir o seu volume em 10%. Como os outros líquidos se com-
portam da mesma maneira, os líquidos são, usualmente, considerados incompressíveis.
COMPRESSIBILIDADE DOS LÍQUIDOS: A compressão dos líquidos, que é a redução
do volume que eles ocupam, mesmo sob extrema pressão, é tão pequena que pode ser conside-
rada desprezível. Se uma pressão de 100 psi for aplicada a uma quantidade substancial de água,
o seu volume decrescerá somente 3/10.000 do seu volume original. Seria necessária uma força
de 64.000 psi para reduzir o seu volume em 10%. Como os outros líquidos se comportam da
mesma maneira, os líquidos são, usualmente, considerados incompressíveis.

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