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em Aviônicos
Avançado II
2016 1
Diretoria Executiva Nacional Responsáveis técnicos
Coordenação de Projetos Especiais Alexandre Alves Dias
André Luiz Lima de Oliveira
Educação Presencial Caio Augusto Pereira dos Santos
Manutenção de Aeronaves em Célula, Claudio Haro Pinto
em Grupo Motopropulssor
e em Aviônicos Eduardo Barbosa Libanoro
Luis Henrique Silva Costa
Janeiro/2016
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omissões de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas nas próximas edições, bastando que seus
proprietários contatem os editores.
Para contribuir com as novas demandas que têm surgido no modo aéreo, o SEST
SENAT se empenhou em desenvolver um conjunto de livros técnicos, atualizados e
inovadores, tanto no que diz respeito ao setor quanto ao mercado educacional, a fim
de oferecer um material de referência aos alunos do Curso Técnico de Mecânico de
Manutenção de Aeronaves, ofertado em várias unidades do SEST SENAT.
Esses livros técnicos compreendem desde o que é exigido pela legislação vigente até
temas atualizados. Ressalta-se que isso atende à demanda das empresas por profissionais
altamente qualificados e adequados às novas tecnologias presentes no transporte aéreo
no Brasil e no mundo.
Esperamos, dessa forma, que esses livros sejam instrumento motivador para uma
aprendizagem de qualidade e que possam continuar sendo para você uma fonte de
consulta no futuro, quando se tornar mecânico de manutenção de aeronaves.
NICOLE GOULART
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Sumário
Unidade 1
Análise de circuitos
Capítulo 1 - Método de análise e pesquisa de defeitos em circuitos eletrônicos......... 17
1.1 Introdução à análise e à pesquisa de defeitos..........................................................17
1.2 Método de análise e pesquisa de defeitos em circuitos eletrônicos..........................20
Capítulo 2 - Análise e pesquisa de defeitos em uma fonte retificadora...................... 25
2.1 Análise de defeito em divisor de tensão..................................................................25
2.2 Análise e pesquisa de defeito em uma fonte retificadora de tensão regulada...........28
Unidade 2
Inspeção de aeronaves
Capítulo 1 - Publicações e documentos para inspeções............................................. 37
1.1 Boletins e manuais de manutenção e revisão geral.................................................37
1.2 Tipos de inspeção..................................................................................................39
1.3 Associação do transporte aéreo..............................................................................41
Capítulo 2 - Fundamento de inspeção de aeronaves.................................................. 47
2.1 Inspeção do sistema aviônico ................................................................................47
2.2 Sistema de comunicação .......................................................................................49
2.3 Sistema de comunicação .......................................................................................52
2.4 Inspeção do transmissor localizador de emergência ...............................................54
2.5 Radar meteorológico ............................................................................................55
Capítulo 3 - Inspeções especiais................................................................................ 57
3.1 Pouso forçado e turbulência severa........................................................................57
3.2 Dano causado por fogo e aeronave atingida por raio..............................................59
Capítulo 4 - Inspeção não destrutiva......................................................................... 63
Tipos de inspeções não destrutivas.........................................................................63
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Unidade 3
Laboratório de eletrônica
Capítulo 1 - Princípios básicos de conduta e segurança em laboratórios de eletrônica.... 81
1.1 Princípios básicos de conduta em laboratórios.......................................................81
1.2 Regras de segurança de trabalho na atividade de manutenção de equipamentos aviônicos...82
1.3 Equipamentos de proteção individual (EPI)..........................................................83
Capítulo 2 - Teste de componentes eletrônicos.......................................................... 89
2.1 Introdução a teste de componentes eletrônicos .....................................................89
2.2 Teste de continuidade ...........................................................................................90
2.3 Teste de fusível e lâmpadas ...................................................................................91
2.4 Teste de resistores .................................................................................................91
2.5 Teste de capacitores ..............................................................................................91
2.6 Teste de transformadores ......................................................................................93
2.7 Teste de diodos .....................................................................................................93
2.8 Teste de transistores ..............................................................................................94
Capítulo 3 - Procedimentos práticos de manutenção................................................ 97
3.1 Procedimentos práticos de manutenção eletrônica em aeronaves ..........................97
3.2 Aspectos estruturais da aeronave............................................................................98
3.3 Controle da temperatura.......................................................................................98
3.4 Sistema de isolamento de vibrações.......................................................................99
3.5 Interferências eletromagnéticas e eletrostáticas.....................................................100
3.6 Instalação e manutenção de antenas de equipamentos eletrônicos da aeronave....101
Unidade 4
Laboratório de instrumentos
Capítulo 1 - Generalidades sobre instrumentos............................................................... 107
1.1 Instrumentos com flange e braçadeira..................................................................107
1.2 Procedimentos de manutenção e manuseio dos instrumentos.................................109
1.3 Fatores externos prejudiciais aos instrumentos.....................................................111
Capítulo 2 - Instrumentos do motor....................................................................... 115
2.1 Indicador de torque ............................................................................................115
2.2 Indicadores de temperatura e de combustível .....................................................117
2.3 Tipos de indicadores de pressão ..........................................................................119
2.4 Instrumentos de indicação de pressão e de sucção ...............................................121
2.5 Tacômetros .........................................................................................................122
Capítulo 3 - Instrumentos de voo e de navegação................................................... 125
3.1 Bússola magnética ..............................................................................................125
3.2 Indicador de curso e indicador radiomagnético ..................................................127
6
3.3 Sistema pitot........................................................................................................130
3.4 Instrumentos giroscópicos...................................................................................133
Capítulo 4 - Instrumentos diversos......................................................................... 139
Unidade 5
Prática de oficina I
Capítulo 1 - Procedimentos básicos de oficina................................................................ 147
1.1 Instrumentos de medição....................................................................................147
1.2 Ferramentas manuais...................................................................................................152
1.3 Operação em máquinas-ferramenta.....................................................................156
1.4 Solda...................................................................................................................160
1.5 Arames e cabos metálicos....................................................................................162
1.6 Tubulações..........................................................................................................164
1.7 Corrosão.............................................................................................................165
Capítulo 2 - Procedimentos de segurança nas oficinas............................................ 167
2.1 Normas de segurança .........................................................................................167
2.2 Extintores ...........................................................................................................169
2.3 Primeiros socorros ..............................................................................................170
Unidade 6
Prática de oficina II
Capítulo 1 - Fios e cabos elétricos.................................................................................... 175
1.1 Características dos fios e dos cabos elétricos.........................................................175
1.2 Identificação de fios e de cabos...................................................................................177
1.3 Diagramas elétricos.............................................................................................183
Capítulo 2 - Manutenção em sistemas elétricos....................................................... 187
2.1 Ferramentas utilizadas na manutenção de sistemas elétricos ................................187
2.2 Soldagem e reparos na fiação elétrica ..................................................................190
Capítulo 3 - Fontes de energia elétrica – descrição e operação................................ 195
Geradores, inversores, baterias e fonte externa ....................................................195
Capítulo 4 - Sistemas de proteção em circuitos elétricos......................................... 203
4.1 Disjuntores, RCCB e fusíveis..............................................................................203
4.2 Proteção contra descargas, choques elétricos e energia estática de uma aeronave..205
7
Unidade 7
Procedimentos de pista
Capítulo 1 - Métodos de inspeção em solo de sistemas aviônico..................................... 209
Capítulo 2 - Inspeção externa da aeronave.............................................................. 213
2.1 Procedimentos básicos ........................................................................................213
2.2 Procedimentos específicos ...................................................................................214
Capítulo 3 - Cheque de funcionamento de instrumentos e de equipamentos
eletroeletrônicos..................................................................................................... 219
Cheques de pista..................................................................................................219
Capítulo 4 - Cheque de instrumentos não elétricos................................................. 233
4.1 Compensação da bússola magnética ...................................................................233
4.2 Cheque do sistema giroscópico pneumático .......................................................236
4.3 Cheque do sistema de pitot-estático ....................................................................238
4.4 Testes do sistema estático ....................................................................................239
4.5 Teste do sistema de pitot .....................................................................................240
Capítulo 5 - Procedimentos com a aeronave na pista.............................................. 243
5.1 Movimentação de aeronaves................................................................................243
5.2 Partida de motores de aeronaves .........................................................................245
Capítulo 6 - Segurança na área operacional............................................................ 251
6.1 Prevenção e combate a incêndio..........................................................................251
6.2 Foreign object debris (FOD).................................................................................252
6.3 Segurança ao redor da aeronave ..........................................................................254
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação
Capítulo 1 - Introdução às ondas eletromagnéticas......................................................... 259
1.1 Origem e história da comunicação via rádio .......................................................259
1.2 Ondas de rádio e telegrafia sem fio......................................................................260
1.3 Cronologia das telecomunicações........................................................................261
Capítulo 2 - Características das ondas eletromagnéticas......................................... 263
2.1 Comprimento e frequência das ondas..................................................................263
2.2 Relação entre frequência e comprimento de onda................................................264
2.3 Propriedades das ondas sonoras...........................................................................265
2.4 Velocidade e meios de propagação.......................................................................267
2.5 Espectro eletromagnético....................................................................................267
2.6 Classificação das ondas de rádio..........................................................................269
2.7 Ondas ionosféricas, espaciais e terrestres..............................................................270
2.8 Antenas – finalidade e funcionamento.................................................................271
2.9 Tipos de antenas..................................................................................................272
2.10 Impedância de uma antena ...............................................................................274
8
Capítulo 3 - Radiocomunicação e modulação......................................................... 277
3.1 Transmissão em ondas contínuas (CW)...............................................................277
3.2 Modulação em amplitude (AM)..........................................................................278
3.3 Modulação em frequência (FM)..........................................................................280
3.4 Transmissores, receptores e transceptores.............................................................281
Capítulo 4 - Sistema de intercomunicação e de alarme........................................... 283
4.1 Sistema integrado de áudio – componentes e operação........................................283
4.2 Interfone – operação do sistema e componentes..................................................286
4.3 Unidade eletrônica remota (REU) ......................................................................287
4.4 Passenger address system.........................................................................................288
4.5 Alarme sonoro e aural warning ...........................................................................288
4.6 Gravador de voz (CVR) e gravador de dados de voo (FDR)................................290
Capítulo 5 - Sistemas de comunicação VHF e HF................................................... 293
5.1 Componentes do sistema de VHF.......................................................................293
5.2 Operação e faixa de frequência do VHF..............................................................296
5.3 Componentes do sistema de HF..........................................................................297
5.4 Acoplador de antena do HF................................................................................298
5.5 Pesquisa de panes nos sistemas VHF e HF...........................................................299
Capítulo 6 - Transmissor localizador de emergência (ELT)..................................... 303
6.1 Descrição, localização do ELT.............................................................................303
6.2 Operação do ELT................................................................................................303
Capítulo 7 - Sistema de chamada seletiva (SELCAL) e sistema de comunicação de
reportes de dados da aeronave (ACARS)................................................................. 307
7.1 Descrição do sistema SELCAL............................................................................307
7.2 Aircraft communication addressing and reporting system (ACARS).........................310
Capítulo 8 - Instrumentos de navegação................................................................. 313
8.1 Princípios de uma bússola...................................................................................313
8.2 Bússola magnética – operação.............................................................................314
8.3 Bússola giromagnética – descrição e operação......................................................316
Capítulo 9 - Automatic direction finder (ADF)....................................................... 323
9.1 Descrição e operação...........................................................................................323
9.2 Componentes......................................................................................................324
9.3 Antenas loop e sense..............................................................................................325
Capítulo 10 - Sistema de navegação VOR............................................................... 327
10.1 Descrição e funcionamento do sistema..............................................................327
10.2 Faixas de frequência do VOR............................................................................330
10.3 Componentes do sistema...................................................................................330
10.4 Indicador radiomagnético (RMI)......................................................................333
10.5 Noções de navegação RNAV.............................................................................334
Capítulo 11 - Sistema de pouso por instrumentos (ILS)......................................... 337
11.1 Descrição e operação do sistema........................................................................337
11.2 Glide slope, localizer e marker beacon..................................................................337
11.3 Componentes e operação..................................................................................341
9
11.4 Indicador CDI..................................................................................................342
11.5 Radioaltímetro..................................................................................................344
11.6 Categorias do ILS..............................................................................................345
Capítulo 12 - Sistemas para auxílio à navegação..................................................... 347
12.1 Transponder e sistema de alerta de tráfego (TCAS)a...........................................347
12.2 Equipamento medidor de distância (DME)......................................................351
12.3 Sistema de radar meteorológico – descrição e funcionamento............................353
12.4 Sistema de piloto automático............................................................................355
Capítulo 13 - Equipamentos e instrumentos modernos de navegação em aeronaves..... 361
13.1 Sistema de instrumentos eletrônicos de voo (EFIS)...........................................361
13.2 Sistema de referência de atitude e proa (AHRS)................................................363
13.3 Sistema inercial de navegação (INS)..................................................................366
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves
Capítulo 1 - Fiação elétrica............................................................................................... 371
1.1 Fios e cabos condutores.......................................................................................371
1.2 Par trançado utilizado em barramento de comunicação.......................................376
1.3 Amarração de cablagens.......................................................................................376
1.4 Conectores .........................................................................................................377
1.5 Conduíte.............................................................................................................388
1.6 Cabo ótico..........................................................................................................390
Capítulo 2 - Distribuição de força.................................................................................... 393
2.1 Circuito da bateria..............................................................................................393
2.2 Circuito do gerador.............................................................................................394
2.3 Circuito de fonte externa e de aviônicos..............................................................394
2.4 Símbolos elétricos e interpretação de diagramas elétricos.....................................395
Capítulo 3 - Baterias......................................................................................................... 399
3.1 Descrição ...........................................................................................................399
3.2 Bateria chumbo-ácido.........................................................................................401
3.3 Bateria níquel-cádmio.........................................................................................402
Capítulo 4 - Proteção dos sistemas elétricos.................................................................... 405
4.1 Aterramento e metalização..................................................................................405
4.2 Dispositivos de proteção e acionamento de circuitos elétricos..............................407
4.3 Monitoramento via software................................................................................420
Capítulo 5 - Sistema de iluminação de aeronaves............................................................ 421
5.1 Tecnologia de luzes..............................................................................................421
5.2 Manutenção dos sistemas de iluminação.............................................................431
Capítulo 6 - Software....................................................................................................... 435
6.1 Classificação........................................................................................................435
6.2 Certificação e atualização.....................................................................................436
6.3 Estrutura.............................................................................................................437
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Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de
motores
Capítulo 1 - Sistemas de partida de motores convencionais............................................ 441
1.1 O desenvolvimento dos métodos de partidas em motores aeronáuticos................441
1.2 A importância do sistema de partida ...................................................................443
1.3 Partida de acionamento manual da hélice............................................................444
1.4 Tipos de arranque de inércia................................................................................445
1.5 Motor de partida elétrico de engrazamento direto...............................................446
1.6 Sistema de partida elétrico de engrazamento direto .............................................447
1.7 Manutenção e prováveis defeitos no sistema........................................................456
Capítulo 2 - Sistemas de partida de motores a reação...................................................... 459
2.1 Operação dos sistemas de partida........................................................................460
2.2 Tipos de sistemas elétricos de partida ..................................................................462
2.3 Sistema de partida pneumático............................................................................470
Capítulo 3 - Sistema de ignição do motor convencional................................................. 475
3.1 Tipos de sistemas de ignição de motores convencionais.......................................475
3.2 Unidades auxiliares de ignição.............................................................................483
3.3 Velas de ignição...................................................................................................485
Capítulo 4 - Sistema de ignição do motor a reação.......................................................... 487
4.1 Operação do sistema de ignição em motores a reação..........................................487
4.2 Sistema tipo capacitivo........................................................................................489
4.3 Sistema eletrônico de ignição...............................................................................491
4.4 Velas de ignição de turbina..................................................................................492
4.5 Manutenção do sistema de ignição de motores a turbina.....................................493
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos
da chuva e do gelo e contra o fogo
Capítulo 1 - Sistema de proteção contra o fogo............................................................... 497
1.1 Tipos e requisitos de confiabilidade de sistemas de detecção de fogo....................497
1.2 Métodos para detectar fumaça.............................................................................503
1.3 Sistemas de aviso de sobreaquecimento e de extinção..........................................505
Capítulo 2 - Limpadores de para-brisa............................................................................ 509
2.1 Operação.............................................................................................................509
2.2 Circuito elétrico..................................................................................................511
2.3 Sistema em helicópteros......................................................................................513
Capítulo 3 - Sistema de proteção contra o gelo................................................................ 515
Protegendo a aeronave contra o gelo....................................................................515
11
Atividades
Unidade 1
Análise de circuito.....................................................................................................527
Unidade 2
Inspeção de aeronaves................................................................................................529
Unidade 3
Laboratório de eletrônica...........................................................................................533
Unidade 4
Laboratório de instrumentos.....................................................................................536
Unidade 5
Prática de oficina I.....................................................................................................540
Unidade 6
Prática de oficina II...................................................................................................524
Unidade 7
Procedimentos de pista..............................................................................................545
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação...................................................................551
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves..................................................................................562
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de motores.................................................567
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo....571
Glossário
Unidade 1
Análise de circuito.....................................................................................................575
Unidade 2
Inspeção de aeronaves................................................................................................576
Unidade 3
Laboratório de eletrônica...........................................................................................577
Unidade 4
Laboratório de instrumentos.....................................................................................578
Unidade 5
Prática de oficina I.....................................................................................................579
Unidade 6
Prática de oficina II...................................................................................................580
Unidade 7
Procedimentos de pista..............................................................................................581
12
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação...................................................................582
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves..................................................................................585
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de motores.................................................586
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo....587
Referências
Unidade 1
Análise de circuito.....................................................................................................589
Unidade 2
Inspeção de aeronaves................................................................................................589
Unidade 3
Laboratório de eletrônica...........................................................................................590
Unidade 4
Laboratório de instrumentos.....................................................................................591
Unidade 5
Prática de oficina I.....................................................................................................592
Unidade 6
Prática de oficina II...................................................................................................592
Unidade 7
Procedimentos de pista..............................................................................................593
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação...................................................................593
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves..................................................................................594
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de motores.................................................595
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo....596
Gabarito
Unidade 1
Análise de circuito.....................................................................................................599
Unidade 2
Inspeção de aeronaves................................................................................................599
13
Unidade 3
Laboratório de eletrônica...........................................................................................599
Unidade 4
Laboratório de instrumentos.....................................................................................599
Unidade 5
Prática de oficina I.....................................................................................................599
Unidade 6
Prática de oficina II...................................................................................................599
Unidade 7
Procedimentos de pista..............................................................................................600
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação...................................................................600
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves..................................................................................600
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de motores.................................................600
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo....601
14
Unidade 1
Análise de circuitos
Esta unidade está dividida em dois capítulos. No capítulo um, será definido o conceito
de método de análise e pesquisa de defeitos e abordada uma noção dos níveis de
manutenção. No capítulo dois, será mostrada a aplicação dos conceitos na análise de
defeitos em um circuito divisor de tensão e em uma fonte retificadora de tensão.
15
16
Capítulo 1
Método de análise e pesquisa de defeitos em
circuitos eletrônicos
O processo de manutenção corretiva de um dispositivo eletrônico contém duas fases: a análise das
causas do defeito e, posteriormente, a pesquisa para detectar fisicamente o causador do defeito.
A análise do defeito em um circuito eletrônico consiste na comparação do comportamento atual
de um equipamento defeituoso com o esperado, ou seja, é uma análise baseada na comparação dos
valores das grandezas elétricas medidas no equipamento com defeito (tensão, corrente, resistência,
etc.) com os valores esperados em um equipamento em bom estado. Em síntese, é a interpretação
do que se está comparando.
Enquanto isso, a pesquisa de determinado defeito é a procura propriamente dita da falha
na máquina diagnosticada. Para tanto, são utilizados instrumentos de medição, ferramentas
adequadas para sua abertura e, dependendo da complexidade, o manual de serviço e o
esquema elétrico.
Manual de serviço: manual
que contém as instruções
de instalação, operação e
1.1 Introdução à análise e à pesquisa de defeitos outras informações de um
equipamento.
O processo de análise de defeitos é um momento de diagnóstico do circuito que exige um alto Esquema elétrico:
conhecimento teórico em eletrônica. Portanto, antes de iniciá-lo, é necessário responder a alguns representação gráfica
das ligações de todos os
questionamentos, como, por exemplo: componentes elétricos e
• por que a tensão está alterada? eletrônicos de um circuito
por meio de símbolos.
• o que pode ter causado a alteração na tensão?
• quem controla o estágio defeituoso?
Não é raro encontrar profissionais que são bons analistas e, em razão disso, são
considerados técnicos mais teóricos do que práticos. Por outro lado, há aqueles que são
ótimos pesquisadores e estritamente práticos. Estes se valem das próprias experiências e
possuem grande habilidade psicomotora.
Para fazer a manutenção de um dispositivo, além de ser um bom analista e/ou pesquisador de
defeitos, é necessário acrescentar um método.
17
Um método de análise e pesquisa de defeitos consiste em uma sequência de procedimentos
utilizados pelo técnico na determinação do causador do mau funcionamento de um equipamento.
Divisor de tensão: circuito
eletrônico formado basicamente
Por intermédio disso, ele busca os meios de correção necessários a fazê-lo voltar a funcionar corretamente.
por dois ou mais resistores em
Em resumo, sem o correto emprego desse método, o técnico responsável desperdiça muito tempo
série cuja finalidade é dividir uma
tensão em valores menores e e trabalho efetuando medições desnecessárias.
proporcionais aos resistores.
A manutenção em dispositivos eletrônicos necessita de alguns pré-requisitos importantes, como
Ceifador: circuito que determina os apresentados a seguir.
um ponto de corte em que, se
a tensão de entrada (ou tensão a) Conhecer o circuito ou dispositivo - circuitos básicos como divisores de tensão, ceifadores,
aplicada) estiver acima ou abaixo osciladores, fontes retificadoras, etc. são abordados nos cursos técnicos e fazem parte
desse valor, ele será cortado;
das bibliografias de eletrônica e muitos compõem a maioria dos dispositivos. Os mais
também chamado de limitador
de tensão. complexos exigem que o técnico faça um curso específico a fim de saber a respeito dos
blocos de circuito que compõem o seu sistema.
Fonte retificadora: circuito
eletrônico cuja finalidade é b) Ter acesso a máquinas de medição e ferramentas - exceto em casos especiais nos quais, em
converter uma tensão alternada uma inspeção visual, fica clara a falha de um capacitor. Sem os instrumentos de medição
senoidal em tensão contínua.
corretos, o técnico não consegue efetuar a manutenção. Por exemplo: multímetro
Multímetro: dispositivo que e osciloscópio são ferramentas básicas para qualquer técnico. No entanto, máquinas
reúne vários instrumentos de
mais complexas exigem outros instrumentos mais específicos, como um analisador de
medida elétrica em um único
instrumento. espectros. Além de instrumentos de medida, ferramentas como chaves de fenda, alicates
de corte, de bico, estações de solda são imprescindíveis.
Oscilador: circuito eletrônico que
gera uma tensão alternada com c) Dispor de peças de reposição - detectado o componente causador do mau funcionamen-
frequência, amplitude e forma de to do circuito ou equipamento, é necessário ter uma peça sobressalente. Desse modo,
onda definidas de acordo com
é notória a importância de o técnico ter um estoque de componentes, em especial da-
configurações de projeto.
queles que, historicamente, apresentam mais defeitos. Na prática, isso nem sempre é
Osciloscópio: instrumento de
possível, ainda mais se a peça não for simples como o capacitor, o resistor ou o diodo; há
medida elétrico que permite
visualizar a variação da tensão componentes muito específicos e com alto preço de custo, dificultando a criação de um
elétrica em função do tempo estoque. Nesse caso, o técnico terá de aguardar a aquisição do item.
(forma de onda), além de medir
a frequência e a amplitude Os procedimentos de manutenção são divididos em três níveis, a seguir expostos.
desta tensão. a) Manutenção de sistema - sistema é compreendido como o conjunto de dispositivos,
Analisador de espectro: interligados entre si para um objetivo comum. A título de exemplo, o sistema de ra-
instrumento de medida elétrico diocomunicação de uma aeronave é composto de antena (Figura 1), receptor de VHF
que permite discriminar sinais
de frequências diferentes (Figura 2), painel seletor de frequências (Figura 3), microfone e fones de ouvido.
que compõem um sinal mais Se um desses conjuntos apresentar pane, por exemplo, o microfone, simplesmente é feita
complexo, além de determinar a
a substituição por outro.
amplitude de cada frequência.
COMM
DUAL EC RCL
VOL
MEM
PUSH
118.00 136.975
OFF
TEST
Figura 1 - Antena de VHF Figura 2 - Receptor de VHF Figura 3 - Painel de seleção de frequências do
sistema de radiocomunicação VHF
18
b) Manutenção de estágio - estágio é a divisão de um dispositivo em blocos. No sistema de
radiocomunicação da aeronave, o receptor de VHF possui os blocos alimentação, ampli-
ficador de radiofrequência (RF), detector, amplificador de áudio, etc. A Figura 4 mostra
um diagrama-bloco de um receptor conhecido como super-heteródino, muito utilizado
nos sistemas de comunicação e telecomunicação. É possível identificar os blocos que
formam o receptor com o intuito de identificar o inter-relacionamento entre eles.
CAG
Oscilador
BFO
local
Figura 6 - Cartão de
circuito destacável
19
1.2 Método de análise e pesquisa de defeitos em circuitos
eletrônicos
Solda fria: solda que não
aderiu adequadamente
nos pontos de contato A seguir, serão descritos os procedimentos com vistas a detectar facilmente o componente defeituoso.
elétrico durante o
a) Realizar a inspeção visual quando o equipamento estiver em mãos - ela permite averiguar
processo de soldagem,
causando mau contato e, o estado físico de todos os componentes, tais quais fios partidos, capacitores estufados,
consequentemente, mau resistores queimados, soldas frias, etc. Não é raro que o processo de detecção do defeito
funcionamento do circuito,
encerre exatamente na inspeção visual. Alguns exemplos são observados nas Figuras 7, 8 e 9.
em geral de natureza
intermitente.
20
São evidenciados, com a cor vermelha e a azul, valores inseridos dentro de um quadrado e de
uma elipse que indicam, respectivamente, tensão corrente direta, em inglês, direct current (DC),
e corrente alternada de pico-a-pico, em inglês, alternative current peak-to-peak (AC), apontadas
pela seta. Existem vários pontos com a indicação de tensão esperada na qual o técnico, munido
de um voltímetro e um osciloscópio, poderá averiguar se a tensão medida corresponde ao valor
indicado no esquema.
0.001
1.7
1k
051 1,5k
+ U4 +8V
IN REG.
J3 50µH REG.OUT
+ 20V END
13V
- 0.1
21
e) Verificar se o bloco está receben-
do a tensão da fonte necessária
ao seu correto funcionamento.
Na Figura 11, o circuito amorte-
cedor, em inglês, buffer, está des-
tacado com a cor vermelha. Ele faz
parte do circuito oscilador alimen-
tado com uma tensão de +8 V re-
gulada, destacada em azul.
f ) Determinar qual setor do circuito está
apresentando a pane - após algumas
0.001
medidas de tensão e verificação
do estado de funcionamento de
alguns componentes em vários BUFFER
pontos do circuito, é possível 8
100
+8V
Q2
continuar com esse procedimento, MPF102
1 100
que se denomina setorização. 01 56k Q3
2N2222A
A Figura 12 destaca o amplificador 500 2 .01
P
de frequência intermediária, 50
L3 2.3
2
em inglês, intermediary frequency 500 RFC3 P 1
330µH 10k 1.3
P
47 47
amplifier (IF), no circuito 470
S.M. S.M.
exemplificado.
I - F AMPLIFIER
3,5
10,5
100 3
4 7 C4
U2 1 600
RFC1
MC1350P
1mH 6 8
3,5 2
5
10,5
0.01
22
g) Remover o componente defeituoso com o equipamento desligado e realizar a substituição
por outro igual ou com as mesmas características – no exemplo citado, somente outro
CI MC1350P pode ser colocado no lugar.
Se um resistor, capacitor, transistor ou diodo está na iminência de apresentar defeitos, precisa ser
imediatamente retirado do circuito. Depois disso, uma medição individual será realizada com a
utilização de um ohmímetro.
Após a substituição por outro de igual característica, é o momento de seguir para a última etapa:
testar o equipamento, ligando-o novamente, a fim de verificar se ele volta a funcionar. Se ainda
apresentar o defeito ou, o que é mais provável, manifestar um defeito secundário, o processo
precisa ser repetido.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que um método de análise e pesquisa segue o padrão descrito: inspeção
visual, ligação do equipamento para verificar o seu estado, verificação da alimentação dos blocos,
setorização do bloco com defeito por meio das medições, localização do componente com defeito,
substituição e teste.
23
24
Capítulo 2
Análise e pesquisa de defeitos em uma
fonte retificadora
A anormalidade de uma das partes produz consequências gerais em todo o circuito, exigindo
que o técnico esteja familiarizado com tal situação. O curto-circuito e o circuito aberto de um
componente são as irregularidades mais comuns encontradas pelo técnico, mais do que a alteração
de valor de um componente.
Todavia, seja quais forem os tipos de irregularidades, estas causarão alterações características no circuito.
Desse modo, cabe ao técnico, munido de conhecimento teórico, experiência profissional, método de
análise e pesquisa de defeito, detectar qual componente está causando o mau funcionamento e que tipo
de defeito ele apresenta.
Portanto, uma forma de verificar se o divisor está com alguma resistência alterada é analisando
as relações de resistência entre dois resistores. Se em um deles indicar um valor de resistência de
2 kΩ, o qual tem o dobro de resistência de outro resistor do divisor, é esperado que sua tensão
também seja o dobro da tensão.
25
Assim, para detectar um curto-circuito, é necessário realizar os seguintes passos:
• utilizar um voltímetro para medir as tensões;
• inserir o voltímetro em todo o circuito para verificar se o divisor está recebendo os 42 V
da bateria;
• inserir as ponteiras do voltímetro nos terminais de cada resistor e averiguar os
valores indicados.
Ao se examinar tais valores de tensão medidos e indicados nas Figuras 15.A, B e C, é possível
perceber que a tensão sobre (R2) é de zero volts quando deveria ser de 6 V. (R1) e (R3) ainda
recebem tensão e seus valores estão maiores do que o esperado. Isso indica que a tensão de 6 V
teria de estar aplicada ao resistor (R2), mas foi distribuída entre (R1) e (R3) .
(V1) é o dobro de (V2), 28 V e 14 V, respectivamente, indicando que (R1) e (R3) não sofreram
modificação. Assim, conclui-se que (R2) está em curto-circuito, isto é, está com sua resistência
alterada para zero ohm. De acordo com a regra do divisor de tensão, a queda de tensão sobre o
resistor é proporcional ao valor de sua resistência. Isso quer dizer que, se a resistência é zero, a
tensão também é zero.
R1 28 V R1
42 V R2 42 V R2 0V
R3 R3
R1
42 V R2
R3 14 V
26
A tensão e a corrente são expandidas nos outros resistores. Dessa maneira, a potência máxima
deles poderá ser ultrapassada, visto que é a igualdade entre tensão e corrente.
R1 0V R1
42 V R2 42 V R2 0V
R3 R3
R1
42 V R2
R3 42 V
Como se observa, a tensão sobre (R1) e (R2) deveria ser de 24 V e 6 V, respectivamente, mas
está indicando zero volts nos dois, enquanto a tensão sobre (R3), que precisava ser de 12 V, está
indicando os 42 V da bateria. A condição na qual toda a tensão aplicada ao circuito está sobre um
resistor indica a abertura deste último.
O defeito de resistor aberto tem como característica importante a cessão da corrente no divisor,
uma vez que, sendo o divisor um circuito-série, ele todo estará aberto.
Em síntese, um resistor em curto-circuito é detectado se a queda de tensão sobre ele for igual
a zero. A consequência disso é um aumento da corrente circulante no divisor, assim como um
resistor aberto é detectado se toda a tensão aplicada ao circuito estiver entre os seus terminais,
ocasionando a interrupção da corrente circulante nele.
27
2.2 Análise e pesquisa de defeito em uma fonte retificadora de
tensão regulada
A fonte retificadora de tensão regulada é um circuito bastante comum e utilizado em vários
dispositivos. Consiste, portanto, em um conversor de tensão alternada para tensão contínua.
Normalmente, é utilizado para converter a tensão senoidal de 110 V/220 V, fornecida pela rede
distribuidora de energia elétrica, nas tensões contínuas para os equipamentos que necessitam
desse tipo de tensão, a fim de proceder com o correto funcionamento dos circuitos internos.
Capacitor eletrolítico:
capacitor cujo dielétrico
Figura 18.A - Símbolo de Figura 18.B - Diodos
(material isolante) é formado
onda completa em ponte encapsulados
por uma solução eletrolítica
(solução química que reage
c) filtragem, que é o processo de transformar o sinal pulsante na saída do retificador em
com um metal); é um
capacitor com polaridade. uma tensão (DC) próxima à tensão produzida por uma bateria. Esse processo é realizado
por um capacitor eletrolítico (Figura 19);
28
d) regulagem, um circuito capaz de manter a tensão de saída (DC) da fonte constante ape-
sar das variações da carga ou variações na tensão de pico do sinal senoidal de entrada
(Figura 20).
Na Figura 21, está ilustrado o diagrama-bloco de uma fonte (AC)/(DC) utilizando circuito
retificador. Das alterações encontradas nesse tipo de fonte, estão incluídas: Diagrama-bloco:
• ausência de tensão na saída (tensão no regulador e que alimenta a carga); representação gráfica
que mostra o inter-
• tensão de saída abaixo do valor determinado; relacionamento dos circuitos
ou estágios que integram um
• tensão de saída acima do valor determinado.
sistema mais complexo.
Quaisquer dessas alterações revelam que em um dos estágios do circuito há um componente
defeituoso. Os instrumentos necessários à verificação do estado de funcionamento dos estágios e
componentes do circuito incluem um multímetro e um osciloscópio.
Rede de Transfor- +
Retificador Filtro Regulador Carga
energia mador -
elétrica
Por questões práticas, ao considerar que a fonte apresenta tensão igual a zero em sua saída, antes
de abrir o equipamento para verificar o estado, convém verificar a presença da tensão com valor
correto na rede elétrica na qual o equipamento é conectado.
Se a tensão da rede estiver correta, o passo seguinte é prosseguir com a verificação da condição do
fusível, elemento de proteção contra sobrecargas, do equipamento.
Essa verificação é feita por meio da visão (caso o fio interno esteja rompido) ou, se esta não for
possível, do emprego de um ohmímetro para averiguar sua continuidade. Tal equipamento precisa
indicar resistência zero para o fusível em bom estado e resistência infinita para fusível aberto.
29
A Figura 22 evidencia um fusível aberto, que precisará ser substituído por
um de qualidade e de valor equivalentes. Após isso, o dispositivo é ligado
e, caso o fusível abra novamente, a conclusão é de que haverá problema
de sobrecarga causado pelo circuito retificador.
A Figura 23.A apresenta um ohmímetro indicando zero ohms e, portanto,
um fusível em bom estado. A Figura 23.B mostra um ohmímetro
indicando sobrecarga, em inglês, overload (OL), no qual a quantidade de
Figura 22 - Fusível aberto resistência é maior que a capacidade do instrumento e, por conseguinte,
um fusível aberto.
0.0
Figura 23.A - Ohmímetro indicando fusível em bom estado Figura 23.B - Ohmímetro indicando fusível aberto
O fusível abre quando uma corrente acima da determinada está percorrendo o circuito. Em hipótese
alguma é recomendável substituí-lo quando aberto por outro de valor superior ao especificado para
o equipamento. Isso porque ele corre o risco de não abrir com a corrente de excesso, queimando o
equipamento, além de causar acidentes mais sérios, como um princípio de incêndio, por exemplo.
Considerando que ele está em bom estado, é possível verificar a situação do interruptor inserido
entre o fusível e o equipamento. Dessa maneira, é importante realizar uma inspeção visual a fim
de detectar a presença de solda fria ou fio partido.
Caso a inspeção visual seja ineficaz, o procedimento recomendável é a conferência com
instrumento. O voltímetro pode ser aplicado na função (AC) para examinar o seu estado. Assim,
é necessário conectar uma ponteira (vermelha, por exemplo) no terminal do interruptor que está
conectado à fonte e a outra ponteira no outro fio do cabo de energia. O voltímetro deverá indicar
tensão zero volt, quando a chave estiver aberta, e o valor da tensão da rede elétrica (110 V ou
220 V), quando a chave estiver fechada. Essa operação está ilustrada nas Figuras 24.A e 24.B.
1100 0.0
0 I 0 I
Fonte Fonte
retificadora retificadora
Figura 24.A - Indicação do voltímetro quando a chave Figura 24.B - Indicação do voltímetro quando a chave
está fechada está aberta
30
A chave enunciará indício de pane se a indicação do voltímetro for zero volts quando estiver
fechada e aberta. Assim, ela não será capaz de fechar o circuito. Caso contrário, se a indicação
do voltímetro for equivalente à tensão da rede quando a chave estiver fechada e aberta, então ela
apresentará um curto-circuito.
O último elemento a ser testado é o cabo de força antes de averiguar a fonte se a chave estiver
em bom estado comprovado pelo ohmímetro. Esse cabo apresenta defeitos, principalmente se o
equipamento for portátil e desligado da rede elétrica com frequência.
Posto isso, com o auxílio do ohmímetro, é recomendável verificar a continuidade dos dois fios,
examinando se, em ambos, a indicação é de zero ohm, além da apresentação de bom estado.
Devido ao manuseio inadequado, à má instalação e ao mau acondicionamento, os fios rompidos
são os defeitos mais comuns nos cabos de energia.
0.0
Figura 25.A - Fio superior em bom estado Figura 25.B - Fio inferior rompido
Para realizar a análise do circuito eletrônico, fusíveis, interruptores e cabos de força precisam estar
em perfeito estado de funcionamento.
31
Todavia, se o seu aspecto físico estiver a contento, o recomendável é desconectar o retificador do
capacitor, realizando a separação de ambos e efetuando a medição da tensão na saída do primeiro
com o voltímetro na função (DC).
Em suma, ao desconectar o retificador do filtro, um valor de tensão correspondente ao valor
médio do sinal (DC) pulsante na saída deve ser lido no voltímetro, na ocorrência de curto-circuito
do capacitor. Teoricamente a tensão média é dada pela equação:
2 × Vp
Emed =
π
Para retificadores de onda completa utilizando ponte de diodos, (VP) será igual à tensão de pico
do secundário menos a queda de tensão nos diodos retificadores durante a polarização direta.
Com o auxílio de um osciloscópio, há a viabilidade de analisar a forma de onda na saída do retificador
que será pulsante e, uma vez detectada a presença de tensão, é indispensável substituir o capacitor.
Ao realizar a medida da tensão na saída do retificador do filtro desconectado e, ainda assim, obter
uma tensão de zero volt, o procedimento propício é apurar o estado dos retificadores. Para tanto, é
desconectado o secundário do retificador e sua tensão é medida com o voltímetro na função (AC).
Em circunstâncias de comprovação da tensão no secundário, é prudente substituir a ponte
retificadora (se for um invólucro fechado) ou verificar o estado dos diodos individualmente, em
fontes em que estão à mostra. Para não existir tensão na saída da ponte de diodos, pelo menos nos
dois adjacentes na ponte, eles deverão estar em curto-circuito ou abertos.
Evidenciada a ausência de tensão no secundário, o transformador é o último estágio a ser
examinado e, com certeza, é a causa da pane. Para não haver tensão no secundário, tanto ele
Valor nominal: valor de
quanto o primário precisam estar abertos. Isso se afirma por meio do teste de continuidade
tensão, corrente ou outra com o ohmímetro: se um dos enrolamentos estiver aberto, uma indicação de resistência infinita
grandeza indicado no aparecerá no instrumento.
corpo do equipamento, ou
seja, valor de trabalho (de Além da ausência da tensão na saída da fonte retificadora, é constatada a possibilidade de ocorrer
operação). Quando ligado,
espera-se que a tensão na
alteração do valor nominal na sua saída para mais ou para menos. Os procedimentos anteriores
saída seja igual ao indicado. para a verificação da ausência de sinal também são aplicados para examinar uma pane que altera
o valor da tensão de saída.
A Figura 26 mostra o teste de continuidade dos
0L 0.0 enrolamentos do transformador usando o ohmímetro.
Caso esse instrumento indique resistência infinita
no enrolamento primário, este estará aberto e, caso
indique resistência zero ou resistência muito baixa, o
secundário estará em bom estado.
Se o valor nominal na saída do regulador estiver
alterado, provavelmente estará em pane, visto que
Primário Secundário precisa fornecer o valor esperado, mesmo com
variações da carga e da tensão da rede elétrica.
Desse modo, para realizar a averiguação, a tensão
Figura 26 - Enrolamento primário aberto e secundário é mensurada em sua entrada, uma vez que os
em bom estado reguladores possuem uma margem de variação.
32
Considerando que a tensão da rede elétrica fornece sua tensão senoidal com o valor normal, então
o transformador apresenta pane e fornece uma tensão maior no secundário. Conclui-se, assim,
que o transformador pode ter sua relação de espiras alterada, por exemplo, de 10:1 cai para 5:1.
A única provável é a segunda situação, já que não existe a possibilidade de, esporadicamente,
surgirem espiras.
Para que as espiras do primário diminuam, é necessária a ocorrência de curto-circuito entre elas.
Isso quer dizer que não é o enrolamento inteiro incidindo em curto, mas somente uma parcela,
resultando na redução total da quantidade. Essa situação ocorre quando há rompimento da camada
protetora dos fios adjacentes que se conectam eletricamente. Entre eles há uma determinada
quantidade de espiras que acabam entrando em curto-circuito. A consequência disso é a redução
da relação de espiras e um aumento na tensão de pico do secundário do transformador.
Na hipótese de a tensão na entrada do regulador estar muito abaixo do normal, o que já eliminaria
o regulador como o causador da pane, o transformador também é posto como o responsável.
No entanto, em vez da queda da relação de espiras, haveria um aumento da relação de 10:1 para
20:1, por exemplo. Nesse caso, o curto-circuito entre as espiras ocorre no secundário.
Para verificar esse tipo de pane no transformador, é essencial ter conhecimento da relação
de espiras ou, se houver outro transformador igual em bom estado, medir as resistências do
primário e secundário do transformador bom e compará-los com as medidas de resistência
do que apresenta pane.
Em contrapartida, na situação de a tensão de saída do regulador estar com pouca variação para
menos, ou seja, não estar regulando satisfatoriamente, o problema pode ser o capacitor aberto.
Dessa maneira, a tensão pulsante na saída do retificador precisará ser aplicada no regulador.
Nesse caso, a grande variação na tensão (de zero à tensão de pico do secundário) não permitirá
que o regulador mantenha a tensão de saída constante.
Ambas as situações, capacitor alterado e diodo em pane, reduzirão a tensão média na saída do
filtro e aumentarão a ondulação (ripple), afetando a atuação do regulador de tensão.
33
Resumindo
Neste capítulo, estudou-se o divisor de tensão, que é composto de resistências-série.
A queda de tensão sobre ele é proporcional à resistência, segundo a regra do divisor de tensão.
Conhecendo-se o valor das resistências, é possível saber o valor da queda de tensão sobre cada
uma delas. Dessa forma, existem condições de avaliar alguma alteração no valor de uma das
resistências ou, em condições extremas, se está aberto ou em curto-circuito.
Se a queda de tensão medida nas resistências do divisor não corresponde às esperadas pelos
valores indicados no corpo dos resistores, então uma das resistências apresenta um defeito.
Da mesma forma em uma fonte retificadora, cada estágio desempenha uma função dentro do
processo de conversão da tensão (AC) em (DC).
Uma alteração nas características dos componentes de cada estágio causa modificação na tensão de
saída esperada. A ausência de tensão na saída da fonte é atribuída a um curto-circuito do capacitor
de filtro ou enrolamentos primário ou secundário do transformador abertos. A alteração na tensão
de saída esperada na saída da nossa fonte é atribuída a um curto-circuito nos enrolamentos do
primário ou secundário do transformador, diodo retificador em curto ou aberto ou capacitor
aberto ou com sua capacitância alterada.
34
Unidade 2
Inspeção de aeronaves
A inspeção de aeronaves é uma das tarefas mais importantes a ser realizada pelo mecânico,
seja em célula, motores ou aviônicos, pois ela contribui para a segurança operacional.
Os processos de inspeção são cada vez mais exigentes, dada a sua relevância na operação
e manutenção das aeronaves. Por tal razão, o mecânico deve ser altamente qualificado e
demonstrar amplo conhecimento para as tarefas descritas nos manuais.
Por fim, no quarto capítulo, são apresentados os principais ensaios não destrutivos, que
servem para determinar a ausência ou a presença de condições ou descontinuidades que
possam ter efeito sobre a utilidade ou a manutenção da aeronave.
Com isso, ao final, será possível o mecânico de manutenção de aeronaves atuar preventiva
e corretivamente nas manutenções periódicas. Ele terá o conhecimento necessário para
identificar discrepâncias que interferem no funcionamento de equipamentos e sistemas
aviônicos, conforme os parâmetros definidos pelas publicações e documentações para
a inspeção.
35
36
Capítulo 1
Publicações e documentos para inspeções
37
Esses documentos são classificados em três tipos:
• mandatório - quando um boletim é emitido com essa classificação, significa que é reco-
mendada a incorporação das suas instruções antes do próximo voo;
• recomendado - são emitidos quando a ação pode aguardar até que a aeronave entre em
uma inspeção programada para realizar a tarefa especificada;
• opcional - quando o operador da aeronave opta por incorporar ou não a tarefa descrita
no boletim.
Algumas unidades e equipamentos são controlados por horas de utilização, desde os novos aos
revisados, e, assim que essas horas são vencidas, a unidade ou o equipamento é retirado para
sofrer uma revisão geral. As informações sobre tais horas são o tempo entre a revisão geral,
em inglês, time between overhaul (TBO), e o tempo médio entre a revisão geral, em inglês,
mean time between overhaul (MTBO).
38
Catálogo ilustrado de peças
As inspeções de pré-voo objetivam preparar a aeronave para o voo e verificar se existe alguma
irregularidade que o impossibilite. Muitas averiguações são descritas no manual operacional,
dentre as quais se destacam:
• walk around - em português, passeio ao redor da aeronave. Nele, são examinadas super-
fícies de comando de voo, antenas, entradas de ar, entradas aerodinâmicas de ar de baixo
arrasto – desenvolvida pelo Comitê Nacional para Aconselhamento sobre Aeronáutica, Checklist: junção das
em inglês, National Advisory Committee for Aeronautics (NACA) –, trem de pouso, tubo palavras inglesas check
(verificar) e list (lista);
de pitot, tomadas estáticas, etc.;
instrumento de controle
• checklist de pré-voo; composto de um conjunto
de condutas, nomes, itens
• verificação do abastecimento de combustível e do óleo, ou seja, a quantidade correta para ou tarefas que devem ser
realizar o voo; lembradas e/ou seguidas.
39
• conferência de todos os documentos necessários, se estes estão na aeronave, como o cer-
tificado de aeronavegabilidade e os registros de manutenção.
A inspeção de pós-voo é efetuada para detectar eventuais problemas ocorridos que necessitem
de reparo ou manutenção antes do próximo voo. Por meio desses procedimentos, a segurança
operacional é garantida, pois a detecção do problema é feita ainda com a aeronave no solo.
As aeronaves que são empregadas para fins comerciais e utilizadas com maior frequência
realizam inspeções completas a cada 100 horas e, em adição, salvo orientações do fabricante,
devem ter uma inspeção completa a cada 12 meses. A inspeção anual e a de 100 horas fazem
uma verificação minuciosa em todos os grandes grupos, além de cobrir todas as áreas de uma
aeronave, como as descritas a seguir:
• compartimento aviônico;
• grupo motopropulsor;
• fuselagem, asas e empenagem vertical e horizontal;
• instrumentos da aeronave;
• sistema elétrico;
• equipamentos de emergência.
A aeronave também tem vários setores desmontados para inspeções de corrosão e ensaios não
destrutivos. Durante tais inspeções, que consomem um número considerável de dias, ela fica
indisponível para voo.
Esse programa de inspeção permite que o avião seja inspecionado progressivamente, executando
a inspeção por partes, até que complete todas as verificações necessárias. Sendo assim, é possível
realizar a inspeção de apenas uma área ou conjunto, o que não toma o tempo de uma verificação
total, e liberar para voo com um tempo mínimo de inatividade.
Esse tipo de inspeção é concentrado em uma área específica, contudo, no período de 12 meses,
todas as regiões da aeronave terão de ser inspecionadas. Dessa maneira, os períodos e as áreas a
serem inspecionadas precisam ser planejados nesse tempo.
40
1.3 Associação do transporte aéreo
Para padronizar as documentações técnicas das aeronaves, a Associação do Transporte Aéreo,
em inglês, Air Transport Association (ATA), segmentou a aeronave em um documento em 100
capítulos, de onde se origina o termo ATA 100. Cada capítulo foi dividido em seções, separadas
por assunto. Isso facilitou encontrar em menos tempo um capítulo sobre cada um dos sistemas
da aeronave que utiliza essa norma e localizar um assunto que seja do interesse do mecânico.
Quando se trabalha com outra aeronave, que também tem seus manuais organizados pela
norma ATA 100, não há dificuldades de entender como funciona sua documentação.
A divisão dos capítulos está agrupada em quatro grupos principais:
• grupo I - aeronave/diversos;
• grupo II - sistemas;
• grupo III - estrutura;
• grupo IV - motor.
Grupo aeronave
41
Tabela 2 - Grupo sistemas
Grupo sistemas
Grupo estruturas
42
Tabela 4 - Grupo motor
Grupo motor
XX XX XX XX
1° 2° 3° 4°
Fonte: Elaboração do autor.
Energia elétrica
- 20 Geração AC
- 30 Geração CC
24
- 36 Bateria principal
- 40 Fonte externa
- 60 Distribuição de cargas elétricas CC
Fonte: Elaboração do autor.
O terceiro grupo corresponde ao assunto dentro da seção. Como exemplo para o sistema de
iluminação, capítulo 33, seção 41, luz de pouso:
• um - farol escamoteável;
• dois - farol fixo, e assim em diante.
43
Por fim, o quarto grupo representa o tipo de intervenção a ser realizada pelo mecânico.
Tabela 7 - Seção 4
Seção 4
Localização de componentes 100
Prática de manutenção 200
Serviços 300
Remoção/instalação 400
Ajuste/teste 500
Inspeção/verificação 600
Limpeza/pintura 700
Reparo 800
É relevante mencionar que o profissional precisa ter em mente que nem todas as aeronaves
terão todos esses sistemas instalados. Aviões pequenos e simples têm muito menos sistemas do
que os maiores e mais complexos.
Atualmente, o sistema de numeração que sofre revisões e atualizações faz a junção do ATA 100
com o sistema ATA spec 2100, desenvolvido para documentação eletrônica. Ele tem sua
denominação como sistema ATA spec 2200, que praticamente segue o escopo de capítulos
do sistema ATA 100. O intuito é minimizar os custos envolvidos e os esforços gastos pelos
operadores da aeronave.
O capítulo cinco do conjunto de manuais de uma aeronave trata dos prazos recomendados pelo
fabricante para a realização das inspeções programadas, das verificações de manutenção e dos
procedimentos no caso de inspeções não programadas.
Nele, há também recomendações sobre o tempo de vida útil de uma peça ou componente,
para o caso dos motores da aeronave e componentes controlados, assim como o tempo entre
as revisões.
Esse sistema é interligado com vários outros da aeronave e inclui procedimentos de verificação,
armazenagem, dados e detecção de falha. Tem como componente principal um computador
central de manutenção, em inglês, central maintenance computer (CMC), que recebe, processa
e armazena dados vindos do motor e de vários sistemas. Tais dados são usados na manutenção.
44
O assunto tratado no capítulo 45 contém os procedimentos de verificação e isolamento de
falhas usando um computador central para localizar a falha em um único sistema ou o mau
funcionamento do componente. Esse novo conceito em manutenção de aeronaves está presente
nas aeronaves modernas, que são equipadas com um CMC.
Isso agiliza em muito as pesquisas de pane, pois já identifica dentre um sistema complexo,
como o de geração, por exemplo, qual o item que falhou e acarretou o não funcionamento
de uma ação exigida na aeronave. Assim, ele ajuda a isolar uma falha ou o componente com
mau funcionamento. Há também a prevenção, mediante a troca de um item que apresentou
falha, mas não impediu o funcionamento total de um sistema, tendo com as informações de
data e hora da ocorrência mais uma grande ajuda para analisar, por esses dados, até as causas de
ter ocorrido falha ou pane. Após carregar as mensagens, ele é reinicializado e está pronto para
operar novamente.
Para o exemplo a seguir, verifica-se a exibição na própria tela da aeronave, estando ela no solo
durante uma inspeção rotineira. As informações apresentadas são sobre a falha de componentes
ligados ao sistema de geração.
45
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que, antes de qualquer ação a ser tomada na manutenção e na operação
da aeronave, é necessário consultar as publicações técnicas e todos os documentos pertinentes
emitidos pelo fabricante ou pelos operadores. Estudou-se que a inspeção tem de seguir
parâmetros e medidas, que são informados nos manuais, e que o mecânico não pode deixar
de realizar as manutenções previstas ou executar alguma tarefa não assinalada nos devidos
documentos.
Foi explicado que, em face dos aspectos apresentados, antes de qualquer tarefa a ser executada
na aeronave, seja uma simples troca de componente ou uma inspeção geral do sistema, tem
de haver a preocupação e a determinação em procurar pelo manual específico, devidamente
atualizado, para o serviço.
46
Capítulo 2
Fundamento de inspeção de aeronaves
Com a chegada dos chamados glass cockpit, termo usado para a nova tecnologia adotada em
cabines de comando de aeronaves quando ela possui vários displays ou indicadores, aliados
Glass cockpit: termo usado
à constante busca por melhorias na segurança, diversos equipamentos foram modificados e para a nova tecnologia
representam uma nova fase na aviação. adotada em cabines de
comando de aeronaves,
Os equipamentos modernos vêm se tornando cada vez mais confiáveis, estáveis e seguros. quando ela possui vários
displays, ou indicadores, de
Todavia, o conceito e a finalidade ligados à realização de inspeções não foram modificados.
instrumentos eletrônicos
Manter a aeronave sempre em boas condições para voar, aumentar a sua vida útil e, com tela de cristal líquido,
principalmente, evitar que ocorram panes e mau funcionamento são os fundamentos da em inglês, liquid cristal
display (LCD).
inspeção de aeronaves.
47
b) Sistema de gerenciamento do voo (FMS)
Um exemplo está exposto na Figura 4. Cada vez que a bateria for substituída, a data da
substituição precisa ser riscada e uma nova, dois anos à frente, registrada.
Por esse motivo, após ser executada uma manutenção ou durante uma inspeção, o sistema de
teste do equipamento, em inglês, stimulated BIT, poderá ser solicitado, a fim de economizar
o tempo em que a aeronave permanecerá inativa, uma vez que executa a verificação sem a
necessidade de desmontagem ou da presença de um equipamento de teste portátil.
Além disso, auxilia no isolamento da falha, que minimiza o potencial de se substituir unidades
que estão funcionando adequadamente.
48
O sistema BITE anuncia a falha quando a encontra para alertar sobre possíveis defeitos e ajudar
na solução do problema do equipamento defeituoso. Adicionalmente, envia ao computador
central de manutenção, em inglês, central maintenance computer (CMC), para ser armazenada
e acessada posteriormente.
Por exemplo, nas aeronaves que possuem a unidade de controle do gerador, em inglês,
generator control unit (GCU), com o BITE incorporado, a unidade será capaz de identificar:
• falha do gerador;
• falha da GCU;
• falha do contator de linha do gerador.
Essas imperfeições, como dito anteriormente, estarão disponíveis para leitura na aeronave no
solo e armazenados no computador de manutenção.
2.2.1 Antenas
Sempre que for efetuar uma inspeção visual nas antenas de comunicação, de início, é importante
abrir os disjuntores relativos ao equipamento examinado e anexar uma etiqueta informando
que o respectivo não poderá ser fechado ou acionado. Isso assegura que o rádio não transmita
durante a inspeção, principalmente para o rádio de HF, pois pode causar queimadura quando
o sistema está operando.
49
2.2.2 Painel de controle e transceptor
O teste funcional é a fase final de uma inspeção no sistema de comunicação e assegura que todos
os componentes do mecanismo estejam funcionando de acordo com o previsto no manual
da aeronave.
Uma inspeção visual precisa ser realizada em todos os descarregadores de estática da aeronave,
como se segue:
• constatar se todos os descarregadores estão instalados;
• verificar se estão situados corretamente em sua base;
• examinar eventuais danos em seu isolante e/ou na ponta do descarregador;
50
• analisar se o descarregador colocado no trem de pouso do nariz está levemente pressiona-
do contra o solo, como se observa na Figura 5.
51
A inspeção do equipamento de gravação de dados e voz consiste em:
• assegurar que o equipamento encontra-se fixo no seu local de instalação;
• inspecionar o funcionamento do microfone interno da cabine para o gravador de
voz apenas;
• questionar a integridade dos conectores de ligação do equipamento;
• verificar na etiqueta do ULB a data de validade informada.
52
A averiguação das condições das antenas laço (loop) e do sentido (sense) é muito importante,
porque é capaz de precaver quanto a danos e a rachaduras.
• Sistema de pouso por instrumento, em inglês, instrument landing system (ILS) - consiste
em três subsistemas: o localizador, a rampa de planeio e o farol marcador, em inglês,
localizer, glide slope e marker beacon, respectivamente.
• Os componentes do sistema localizer são os mesmos do sistema VOR, indicador,
receptor, antena e painel de controle, e, quando se realiza essa inspeção, os resultados são
os mesmos para o sistema localizer.
• Depois de uma inspeção visual nos componentes do sistema glide slope, é necessário
dedicar atenção especial à antena. Diferentemente da maioria das antenas do sistema de
radiocomunicação e radionavegação, ela não fica visível, uma vez que se encontra sob
o radome da aeronave. Para o seu bom funcionamento, é fundamental que ela sofra o
mínimo de interferência.
• Após ter sido realizada uma manutenção no sistema, o voo de verificação precisa ocorrer
sob regras de voo visuais e, caso discrepâncias sejam encontradas, é recomendável realizar
uma nova inspeção e a utilização de equipamento de teste no solo para inspecionar a
rampa de planeio.
• O sistema marker beacon é bem simples de ser inspecionado, pois consiste apenas em
antena e receptor, e sua indicação é sonora e visual por sistema de cores e letras, que
indicam as distâncias dos marcadores no solo. Como exemplo, o marcador externo,
o marcador médio e o marcador interno, respectivamente chamados em inglês de
outer marker (OM/azul), middle marker (MM/âmbar) e inner marker (IM/branca).
• Durante o teste funcional, a chave de sensibilidade precisa estar na posição baixo (low),
posição normal de funcionamento.
2.3.2 Transponder
Existem três tipos ou modos de operação de transponder, instalados nas aeronaves de acordo
com a sua necessidade, identificados pelas letras (A), (C) e (S).
53
Um transponder que opera no modo (A) envia ao radar do controle de tráfego aéreo apenas
um código composto de quatro dígitos, enquanto o que opera no modo (C), além do código
transponder, informa a altitude em que a aeronave se encontra.
No modo (S), essa geração de transponder encaminha diversas informações sobre a aeronave
como o número de matrícula e o modelo, mais informação do código transponder e altitude.
Salienta-se que, para efeitos de segurança operacional, o ELT tem a sua inspeção programada
a cada 100h ou três meses, o que ocorrer primeiro. Se, durante uma inspeção, for constatado
que a data de validade da bateria irá expirar antes da data programada para a próxima inspeção,
é obrigatório descartá-la.
A verificação operacional do ELT só pode ser realizada após a permissão do controle de tráfego
aéreo e sempre nos primeiros cinco minutos da hora cheia. Por exemplo, entre 8h e 8h05.
É importante não permitir que o tempo do teste supere mais de 12 segundos. Nos primeiros
15 segundos da transmissão, o sistema de satélite considera a transmissão em 406,025 mega-
hertz (MHz) como uma mensagem de teste e a ignora. Se a transmissão continuar, ele passa a
considerar como um sinal de socorro válido.
Com o auxílio do rádio de VHF, que será usado para confirmar a ativação do ELT, é preciso
selecionar a frequência de 121,50 MHz (frequência internacional de socorro), efetuar o
acionamento do ELT, com duração máxima de 12 segundos, e comprovar se há a ocorrência
de um tom de áudio.
54
A ativação do ELT é apurada por intermédio da chave remota instalada no painel da aeronave,
como também na chave liga/desliga do próprio equipamento.
Esse teste, utilizando o rádio VHF da própria aeronave para ouvir o sinal de emergência, não
atesta que a antena do ELT está irradiando com potência suficiente, analisa apenas se as ligações
elétricas e o aparelho estão funcionando quando solicitados. Para uma confirmação do alcance
da transmissão, é necessário ter a confirmação da recepção a uma distância considerável, como,
por exemplo, a torre de controle de um aeroporto, estando a aeronave na sua área de teste.
Após sofrer uma inspeção visual de seus componentes, o radar de uma aeronave obedece a
certas precauções antes de ser realizado o teste funcional, conforme descritas a seguir:
• direcionar o nariz da aeronave para uma área em que o setor de varredura da antena esteja
livre de objetos metálicos grandes, como um hangar ou outra aeronave, que estejam, no
mínimo, a 30 metros;
55
• inclinar a antena totalmente para cima, o tilt máximo, para efetuar a verificação
operacional;
• não operar o radar durante o reabastecimento da aeronave ou operações de reabasteci-
mento a menos de 30 metros;
• não operar o radar se existir pessoas próximas ao nariz da aeronave, área de transmissão
da antena, durante a sua varredura, a aproximadamente 120º de abertura, tendo o nariz
como referência.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que as aeronaves modernas são capazes de realizar dois tipos de teste
operacionais nos radares. Um é executado sem a transmissão pela antena, mas que verifica a
tela do radar, seu painel de controle, seu transceptor e funcionamento do sistema de varredura,
o horizontal, e a inclinação, a vertical, que pode ser executado dentro do hangar.
Estudou-se que o outro teste é de funcionamento completo, porém emitindo pulsos de alta
energia pela antena, que remonta nos cuidados descritos ao longo do capítulo. Além disso,
foi abordado que, durante a verificação operacional do sistema, é essencial observar se o
funcionamento do radar interfere nos sistemas de comunicação e navegação.
56
Capítulo 3
Inspeções especiais
Durante o tempo de serviço de uma aeronave, surgem situações nas quais são excedidos limites
ou circunstâncias que afetam a aeronavegabilidade. Para essas ocorrências fora do comum,
são realizadas inspeções especiais que determinam se ocorreram danos às estruturas ou aos
seus equipamentos.
As inspeções especiais seguem uma abordagem progressiva de duas fases ou mais, em que
a primeira desencadeia uma segunda, com base no resultado das verificações. Essa última
fase consiste em uma inspeção mais detalhada e inclui métodos que serão citados no
próximo capítulo.
Todos os procedimentos listados a seguir são considerados como inspeção visual geral. Caso seja
observado algum sinal de dano durante uma inspeção dos elementos estruturais, é necessário
executar uma das verificações específicas.
57
se desprender, comprometerá o funcionamento dele, como se observa na Figura 8.
Salienta-se que danos estruturais não são apenas de responsabilidade do especialista em célula,
pois podem estar afetando ou afetar futuramente um equipamento aviônico.
Inspeção/verificação
As inspeções apresentadas neste tópico devem ser executadas depois da ocorrência de pouso,
com excedido limite de razão de descida, pouso com limite de peso extrapolado ou uma
condição de velocidade acima do limite permitido.
Se qualquer uma das condições seguintes for encontrada durante a inspeção, o componente
precisará ser substituído ou reparado conforme necessário. É importante verificar os
seguintes aspectos:
• trincas;
• entalhes;
• elementos estruturais soltos, com jogos excessivos;
• bandejas de fixação de equipamentos soltas;
• distorção ou elementos torcidos;
• enrugamento na estrutura;
• elementos deformados;
• furos ovalizados;
• rebites soltos ou faltantes;
• desalinhamento;
• sinais de vazamento de combustível e/ou fluido hidráulico;
• sinais de outros danos.
58
Quando uma aeronave sofre rajada de ar, excedendo a carga normal de peso que a asa
suporta, a tendência é que ela acelere, enquanto a sua inércia atua resistindo a essa mudança.
Se a combinação da velocidade da aeronave com a rajada de ar for muito intensa, o estresse
induzido causa danos estruturais.
Uma inspeção especial precisa ser realizada depois de um voo por uma turbulência severa,
excesso da força da gravidade (G) atuando na estrutura da aeronave. As aeronaves são projetadas
para suportar força (G) de até +6 G, ou seja, seis vezes a força da gravidade, e a ênfase principal
precisa ser na superfície superior e inferior das asas, pois é o setor mais afetado nesse tipo
de ocorrência.
Como anteriormente citado, o vazamento de combustível é uma indicação de que uma área
possa ter recebido sobrecarga. Se a turbulência severa ocorrer no momento em que o trem
de pouso estiver baixado e travado, é obrigatório proceder à inspeção. Isso não apenas pelos
danos na parte mecânica e estrutural das portas do alojamento do trem de pouso, mas também
nos seus sensores de posição, na cablagem do sistema de trem de pouso e em suas válvulas
solenoides de acionamento. Cablagem: sistema de
cabeamento.
As inspeções descritas compreendem as áreas críticas nesse tipo de ocorrência e, se danos
excessivos são observados em qualquer setor da aeronave, é fundamental aprofundar a inspeção
até que todos sejam detectados.
Danos visíveis exigem a reparação ou substituição imediata de peças, mas, não os havendo, a
integridade estrutural e/ou os componentes que foram afetados podem ter sido comprometidos.
Já que a maioria da estrutura metálica de uma aeronave é submetida a algum tipo de tratamento
térmico durante a fabricação, uma exposição ao calor intenso degrada severamente a resistência
da estrutura. Havendo a suspeita de que foi afetada resistência de qualquer estrutura metálica
na aeronave, uma inspeção mais detalhada é feita mediante ensaios.
O raio é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera entre regiões
eletricamente carregadas e acontece tanto no interior de uma nuvem quanto entre nuvem e
terra. A descarga pode atingir um avião e, como resultado, voltagens e correntes muito altas
passarão por sua estrutura.
59
Quando atingida em voo por um raio proveniente de uma nuvem muito carregada,
por exemplo, a aeronave tem sua fuselagem contornada pela corrente elétrica, a qual,
pelo lado externo, continua seu caminho até o solo, como se observa na Figura 9.
Uma pequena parte da corrente elétrica não dissipada flui pela estrutura até ser eliminada para a
atmosfera pelos descarregadores de estática e, nas aeronaves mais sofisticadas, pelos descarregadores de
campo nulo.
Quando as correntes provenientes da alta voltagem gerada pelos raios fluem por bons
condutores elétricos, como o aço e o alumínio, os danos tendem a ser mínimos ou inexistentes.
Se essa eletricidade atravessa estruturas não metálicas, tais como fibra de vidro do radome
ou carenagem do motor, plástico ou uma estrutura composta que não tenha embutida uma
ligação elétrica ou uma malha metálica, os danos são mais graves.
Na eventualidade de ser atingida por um raio, uma aeronave sempre é impactada em dois
ou mais pontos, pelo menos um de entrada e um de saída e em zonas de elevada curvatura.
Ele percorre a superfície da fuselagem, o que causa uma sequência de pontos atingidos ao longo
de uma linha.
Os efeitos nos sistemas e na estrutura são divididos em direto e indireto. Efeitos diretos são
danos físicos, apresentados a seguir.
a) Corrosão/derretimento
60
b) Aquecimento resistivo
61
Dependendo da extensão, do caminho percorrido pela corrente e da intensidade do dano,
alguns componentes e itens também precisam ser inspecionados e verificados operacionalmente.
São eles:
• antenas;
• luzes anticolisão;
• componentes protuberantes (especialmente tubo de pitot e sensor TAT);
• luzes de navegação e farol de aterrissagem;
• luzes de táxi, se ao receber o impacto o trem de pouso estiver baixado;
• bússola de emergência para teste funcional.
Resumindo
Neste capítulo, foram estudadas algumas situações que afetam a segurança do voo. Elas não
são previstas na rotina de funcionamento da aeronave, mas, logo após ocorrerem, os danos
precisam ser devidamente identificados e reparados a fim de a operação voltar à segurança.
Não se sabe quando realizar uma inspeção especial devido à natureza de como ocorre.
No entanto, é importante estar sempre atento ao exame de cada área da aeronave, aos
componentes ou aos equipamentos, pois há possibilidade de o dano ser simples e pequeno ou
complexo e bem extenso.
62
Capítulo 4
Inspeção não destrutiva
O ensaio não destrutivo (END) é o uso de técnicas e métodos físicos com vistas a testar
materiais, componentes e conjuntos quanto a falhas em sua estrutura sem danificá-los para
END: sigla para ensaio não
uma futura utilização. O END, portanto, está voltado a revelar defeitos estruturais em um destrutivo.
produto.
Trinca: qualquer abertura
As técnicas permitem determinar, por meio de um critério de aceitação/rejeição estabelecido em estreita; fresta, rachadura.
Esses métodos vão desde o mais simples ao mais complicado e estão divididos em:
• inspeção visual;
• inspeção por líquidos penetrantes;
• inspeção ultrassônica;
• inspeção radiográfica;
• inspeção de soldas.
A inspeção visual é a mais simples de todas. Imperfeições da superfície invisíveis a olho nu são
reveladas por meio do método de líquidos penetrantes ou partículas magnéticas. Se os defeitos
de superfície encontrados forem realmente graves ou necessitarem de um exame mais complexo
no interior do produto, é necessário efetuar exames por ultrassom e radiografias.
Inspeção visual
A inspeção visual (Figura 11) é o método mais amplamente utilizado entre todos os testes não
destrutivos. É simples, fácil de aplicar e rapidamente efetuada, os equipamentos usados são, em
geral, de baixo custo.
O princípio básico empregado na inspeção visual é iluminar a amostra com luz de ensaio e
examinar o espécime com o olho. Simples de se usar em áreas em que outros métodos são
impraticáveis. Ele possui a vantagem de não necessitar de muito tempo para a preparação da
63
peça a ser inspecionada e ter os resultados de forma imediata, porém tem a desvantagem de
ser eficaz apenas para grandes descontinuidades e de ocorrer má interpretação para arranhões.
Boroscópio
Quando a inspeção visual precisa ser feita em lugares remotos e de difícil acesso, é empregado
o boroscópio, instrumento destinado a inspecionar o interior de um motor de avião, motores
elétricos e tubulações, por exemplo. Ele é composto de duas partes principais:
• um longo e fino tubo para ser inserido dentro da peça a ser inspecionada ou em locais
inacessíveis à visão a olho nu, podendo ele ser rígido ou flexível;
• um conjunto de lentes e controle manual que mostra a imagem da peça inspecionada.
A ponta do boroscópio ilumina a área a ser inspecionada no interior escuro da peça que está
sofrendo ensaio e, pelas lentes, transporta a imagem para outra lente ou um monitor que está
do lado de fora, de acordo com a Figura 12. Isso permite fazer uma inspeção visual interna
de um motor ou equipamento sem que se precise desmontá-lo, o que ocasiona uma grande
economia de tempo e de homens/hora.
Homens/hora: medida
calculada segundo a
capacidade de trabalho de um
indivíduo no espaço de uma
hora.
64
Inspeção por líquidos penetrantes
O nome penetrante vem da propriedade essencial que o produto precisa ter, ou seja, sua
habilidade de penetrar em aberturas finas. Esse é um método também usado para a detecção
de descontinuidades abertas na superfície de qualquer produto industrial que seja feito de
material não poroso. É amplamente empregado em testes de materiais não magnéticos, tais Descontinuidade: interrupção
quais alumínio, magnésio, aços inoxidáveis austeníticos, ligas de titânio e zircônio. Ressalta-se da continuidade.
que é, ainda, aplicado em cerâmica vitrificada, vidros e plásticos. Austenítico: famílias
normativas 301, 304, 304 L,
Nesse método, é passado um agente de penetração líquido na superfície do produto durante um 306 e 306 L possuem de 17%
período predeterminado de tempo, após o qual o excesso do agente infiltrante é removido da a 25% de cromo e de 7% a
20% de níquel, ou núcleo
superfície. Esta, em seguida, é enxugada e submetida à aplicação de fina camada de um produto inox. Têm alta ductilidade e
conhecido como revelador, que reage absorvendo o líquido penetrante da descontinuidade, soldabilidade e caracterizam
revelando-a e indicando seu tamanho e natureza. O procedimento das fases de ensaio por o tipo de aço inox mais
empregado por ter melhor
líquido penetrante está ilustrado nas Figuras de 13.A a 13.E. resistência à corrosão,
principalmente se adicionados
elementos como o molibdênio,
ou se tiver reduzido o seu teor
de carbono.
a) Iluminação
65
O fundo branco da camada de revelador faz com que a indicação se torne escurecida.
É necessário que a intensidade da luz seja apropriada ao tipo de indicação que se
quer ver, sendo ideal acima de 500 lux, que é a unidade de iluminamento do
sistema internacional.
• Iluminação com luz ultravioleta, ou luz negra - define-se a luz negra como aquela
que tem comprimento de onda menor do que o menor comprimento de onda da
luz visível. Ela tem a propriedade de causar, em certas substâncias, o fenômeno da
fluorescência. O material fluorescente, contido no penetrante, tem a propriedade
de, ao absorver a luz negra, emitir energia em comprimentos de onda maiores, na
região de luz visível. São usados filtros que eliminam os comprimentos de onda
desfavoráveis à luz visível e à luz ultravioleta, permitindo somente aqueles de
comprimento de onda de 3.500 a 4.000 Å, unidade de medida de comprimento
que se relaciona com o metro, comumente usada na física para lidar com grandeza
da ordem do átomo.
b) Vantagens e limitações do ensaio
66
Essa distorção, chamada de fuga de fluxo, é capaz de
atrair e manter as partículas magnéticas, resultando em
indicações visíveis nas condições de iluminação adequada.
Com esse método de inspeção, a localização do defeito é
indicada e o tamanho e a forma de uma rachadura, por
exemplo, é delineada.
A interpretação correta das indicações apresentadas é muito importante para que não
seja feita uma avaliação errônea das distinções das descontinuidades. As principais
características a serem observadas são acúmulo, largura e nitidez dos contornos na
superfície da peça.
• indicações falsas - que não são o resultado de forças magnéticas. Por exemplo,
partículas mantidas mecanicamente, por gravidade em depressões rasas ou
partículas encravadas em ferrugem;
• indicações não relevantes - que são produzidas por forças magnéticas criadas por Chaveta: peça de um
mecanismo que serve de
fatores de projeto, tais como chaveta, uma peça de um mecanismo que serve de trava para outra peça.
67
trava de outra peça, furos ou mudanças abruptas transversais. Para minimizar essas
indicações, a força da corrente de magnetização precisa ser ajustada particularmente
durante a magnetização longitudinal;
É possível que áreas das peças, tais como pontos de lubrificação, furos para lubrificação
e mancais de rolamentos, nas quais as partículas em suspensão, tenham um efeito de
entupimento ou deterioração, precisando, assim, ser devidamente protegidas.
d) Métodos de magnetização
68
• multidirecional - combina as técnicas de magnetização circular e longitudinal para
descontinuidades com ângulos menores que 45º em relação às linhas de campo
magnético induzido. Para localizar o defeito, é essencial que as linhas magnéticas
passem aproximadamente perpendiculares à descontinuidade.
e) Métodos de ensaio
As partículas são aplicadas na forma de pó, pasta ou dispersas em líquido. Nos três casos
descritos, elas são compostas de um pó ferromagnético de dimensões, forma, densidade
e cor conforme a análise a ser efetuada. O meio pelo qual a partícula é aplicada é
denominado de via ou veículo. Elas podem ser:
• via seca - neste caso, o veículo que sustenta a partícula até a sua acomodação
na peça é o ar. Na aplicação por via seca, é empregado aplicador de pó manual
ou bomba aspersora que pulveriza as partículas na região da peça inspecionada.
Nesse método, o fluxo de corrente de magnetização precisa ser iniciado antes da
aplicação das partículas magnéticas para a superfície de teste e terminado após a
aplicação do pó ter sido concluída. Qualquer excesso de pó deve ser retirado por
meio de um jato de ar seco com pressão suficiente para remover as partículas em ex-
cesso e é possível a sua reutilização, caso o local do teste seja isento de contaminação;
• via úmida - neste tipo de ensaio, as partículas estão dispersas em um líquido, água,
querosene ou óleo. A aplicação é feita tanto borrifando o líquido, para que se crie
uma névoa sobre a região em exame, quanto simplesmente derramando sobre a
peça se assim o permitir. O líquido é aplicado um pouco antes da magnetização.
Nesse tipo de ensaio, é possível detectar descontinuidades muito pequenas por
possuir partículas menores e mais finas e que também proporcionam maior mobi-
lidade que no tipo por via seca.
f ) Partículas magnéticas fluorescentes
Esse método de inspeção é o mais usado para detecção de minúsculas trincas, defeitos de
soldagem ou falhas superficiais em materiais ferrosos, pois as visibilidades das indicações
são altamente melhoradas, visto que no ambiente escuro o olhar é atraído para as
regiões brilhantes.
As partículas magnéticas fluorescentes são revestidas com uma resina especial para
manter a sua pigmentação fluorescente, produzindo indicações nítidas quando postas
sob luz ultravioleta, a luz negra.
Para inspeções por via seca, as partículas fluorescentes têm um brilho amarelo esverdeado
sob a luz ultravioleta, e, para inspeções por via úmida, em que é necessária altíssima
sensibilidade de detecção, as partículas fluorescentes contrastam com o fundo roxo da
superfície das peças, sob a luz ultravioleta em câmara escura.
g) Desmagnetização
69
Ao usar um desmagnetizador de corrente alternada, a peça é submetida a um campo
magnético com um valor de corrente maior do que a do campo utilizado durante a
inspeção e seu valor tem de ser reduzido gradativamente a zero.
Ao usar um desmagnetizador de corrente contínua, a peça é submetida a um campo
magnético inicial maior e na mesma direção na área atingida durante a inspeção.
Em seguida, é invertida a direção do campo, diminuindo sua magnitude e repetindo
o processo, ou ciclo, até que um baixo valor aceitável de campo residual é atingido.
Essa técnica é mais eficaz do que a de corrente alternada, quando usada para
peças volumosas, tendo em vista proporcionar um maior poder de penetração do
campo magnético.
Todos os dois processos acima são repetidos até que um baixo valor de campo residual
seja obtido. Para isso, a região inspecionada é medida em vários pontos com um
indicador de campo de força magnético, o valor encontrado não deve ser maior de
2 gauss (0,0002 tesla), gauss é a unidade de medida de indução magnética do sistema
centímetro, grama e segundo, e tesla é unidade do sistema internacional para medidas
de indução magnética e de densidade de fluxo magnético.
h) Equipamentos para magnetização
As unidades apresentadas, como nas Figuras 15 e 16, fornecem a corrente contínua para
a magnetização circular ou longitudinal necessária ao ensaio.
Em muitos casos, faz-se necessário realizar inspeções em peças sem que haja a remoção da
aeronave e, para isso, as unidades portáteis são muito úteis, pois fornecem tanto corrente
contínua quanto corrente alternada para a magnetização e desmagnetização.
70
Inspeção ultrassônica
Uma sonda, ou transdutor, envia onda sonora a material de teste. Na Figura 18, há duas
indicações em (a), uma do pulso inicial da sonda e outra, em razão do eco na parede Transdutor: sistema
oposta do material, ou espessura real deste, representada pela letra (E). Em (b), um defeito ou dispositivo capaz de
transformar uma forma de
ou falha, demonstrado pela letra (F), cria uma terceira indicação e, simultaneamente,
energia em outra.
reduz a amplitude da indicação da parede oposta do material.
A quantidade de reflexão que ocorre quando um som atinge uma falha depende, em
grande parte, do estado físico do material e, em menor medida, de sua propriedade física.
As ondas sonoras têm um índice de reflexão bem alto em materiais metálicos.
71
Tal método de inspeção tem a vantagem de ser portátil, barato e sensível à descontinuidade
bem pequena. Além disso, os seus resultados são imediatos na tela do aparelho de medição e
uma vasta gama de materiais e espessura pode ser inspecionada.
Ressalta-se, também, que é usado para verificação da espessura de uma peça, conforme mostrado
na Figura 18 (a), principalmente quando o acesso à parte de trás da peça não está disponível, e
em peças nas quais o micrômetro não alcança.
b) Vantagens e desvantagens
Eddy current
O termo eddy current significa correntes parasitas e baseia-se no princípio físico conhecido
como corrente de Foucault. É uma técnica utilizada em que envolve, em seu método de ensaio,
Corrente de Foucault: a inserção de campo magnético e correntes circulatórias.
nome dado em homenagem
a Jean Bernard Léon Esse é um dos métodos de ensaio não destrutivo mais antigo. Contudo, foi nas últimas décadas
Foucault, estudioso desse
efeito, à corrente induzida que ele atingiu seu verdadeiro potencial no mercado. Salienta-se que os instrumentos portáteis
em um material condutor, de ultrassom oferecem uma versatilidade considerável e estão disponíveis desde a década de 60,
relativamente grande, comparado aos equipamentos portáteis de corrente de Focault, que só foram disponibilizados
quando sujeito a um fluxo
magnético variável. na década de 80. Além disso, só após os anos 90 é que a teoria se tornou amplamente entendida
por profissionais de END.
72
Esse método utiliza como base o princípio da indução eletromagnética para a realização de
exames em partes que são condutoras de eletricidade, originando as correntes de Foucault.
Nele, é possível detectar várias características de um material condutor, tais como tipo de liga,
dureza, condição do tratamento térmico e descontinuidade.
a) Princípio de funcionamento
Esse método consiste na aplicação de uma corrente alternada com uma determinada
frequência para uma bobina primária.
• avaliar danos causados pelo calor na estrutura exposta a fogo ou a alta temperatura;
• medir a espessura da camada não condutora.
73
Radiografia
A radiação penetrante é projetada através da parte a ser inspecionada e produz uma imagem no
filme de acordo com o grau em que ela atravessa a peça. Quando processado, o filme torna-se
uma imagem radiográfica do componente, igual à quando se faz uma radiografia para detectar
algum osso quebrado, por exemplo.
Em comparação a outros métodos de ensaio não destrutivo, a radiografia tem um custo muito
elevado. Os custos são relativamente altos em possuir um espaço dedicado aos ensaios e ao
laboratório radiográfico. Quando o aparelho de raio X é portátil, é necessário apenas um espaço
para o processamento do filme e interpretação.
a) Inspeção radiográfica
Devido aos riscos associados à radiação por raio X, um extenso treinamento faz-se
necessário para qualificar o técnico em inspeção radiológica.
74
b) Riscos da radiação
período de tempo. Efeitos em longo prazo são leucemia e outros cânceres. Danos à pele Line replaceable unit (LRU):
e perda de cabelo também são possíveis resultados dessa exposição. em português, unidade
substituível em linha de
revisão; componente modular
na aeronave projetado para ser
Inspeção de soldas substituído rapidamente em um
local de operação.
Outro procedimento é a inspeção em soldas elétricas e eletrônicas dos componentes do sistema
aviônico. Em seguida, são apresentadas as soldas em peças externas aos equipamentos aviônicos
e em alguns conectores elétricos que têm seus terminais soldados, como também as soldas
internas da unidade substituível na linha, em inglês, line replaceable unit (LRU), quando
autorizado pelo fabricante.
As soldas elétricas e eletrônicas são definidas por classes e tal classificação está sujeita à intenção
para uso do item final. Três classes gerais de produto final foram estabelecidas para refletir as
diferenças em complexidade, produtividade, requisitos funcionais de desempenho e frequência
de verificação, inspeção/ensaio. É relevante reconhecer a possível sobreposição de equipamentos
entre as seguintes classes:
• classe 1 - produtos eletrônicos gerais. Inclui produtos adequados para aplicações,
o requisito principal é a função da montagem concluída;
• classe 2 - produtos eletrônicos de serviço dedicado. Inclui produtos em que desempenho
contínuo e vida longa são necessários e para os quais o serviço ininterrupto é desejado,
mas não crítico. Tipicamente o ambiente de uso final não irá causar falhas;
• classe 3 - produtos eletrônicos de alto desempenho. Inclui produtos em que o alto de-
sempenho contínuo ou desempenho sob demanda é crítico, o tempo de inatividade não
é tolerado, o uso no ambiente final é incomumente severo e os equipamentos devem
funcionar como sistemas de suporte à vida.
Diante de exposição à variação de temperatura que uma aeronave sofre – ora no pátio de
estacionamento sob um calor de mais de 40 ºC, ora em altitude cruzeiro com uma temperatura
externa em torno de -50 ºC –, os equipamentos aviônicos encontram-se dentro da classe 3 para
seu funcionamento.
75
Ainda assim, os sistemas de ataque e defesa de um caça militar, por exemplo, corroboram
para que os equipamentos aviônicos estejam dentro da classe 3, isto é, não podem falhar.
Em resumo, nenhuma empresa, piloto ou passageiro deseja que equipamentos da aeronave
falhem, motivo pelo qual as soldas elétricas e eletrônicas obedecem aos mais rigorosos requisitos
de aceitação.
a) Solda estanho/chumbo
A soldagem é eficaz para ampla variedade de metais como o cobre, o zinco, o latão, a
prata e o alumínio, ideal para fiação elétrica e aparelhos eletrônicos. Tem duas funções
em um aparelho eletrônico: ao mesmo tempo em que ela segura firmemente na posição
de funcionamento, pelos terminais, ela conclui sua função primária, qual seja a de
proporcionar a conexão elétrica desse componente com o restante do circuito. Por isso,
em uma aeronave em que as trepidações e vibrações são inerentes à sua utilização, é
imprescindível dedicar atenção redobrada nas inspeções se já tiver sido realizado um
reparo por solda ou simplesmente na inspeção das conexões elétricas de um equipamento
em pane.
76
b) Conexão de solda
77
Resumindo
Neste capítulo, foram estudados os fundamentos do ensaio não destrutivo, que é uma das bases
sólidas do campo da manutenção de aeronaves, pois auxilia na pesquisa de todas as falhas.
Cada uma das técnicas listadas se enquadram e são aplicáveis a situações específicas.
Isso posto, percebe-se que uma pequena rachadura, uma corrosão, uma solda fria ou uma
fissura comprometem tanto o funcionamento de um equipamento aviônico quanto a fuselagem
da aeronave. Ademais, é possível que a segurança seja prejudicada, mas, por intermédio das
técnicas listadas, a detecção de falhas por inspeções programadas de END torna-se importante
instrumento contra os acidentes aeronáuticos.
78
Unidade 3
Laboratório de eletrônica
Por esse motivo, diversos equipamentos não são transportados para serem utilizados
como equipamentos móveis de manutenção. Além disso, toda a estrutura física do
ambiente precisa ser projetada e seguir normas rígidas de proteção contra descargas
eletrostáticas e choques elétricos.
Esta unidade está dividida em três capítulos, os quais explicitam os princípios básicos
de conduta em laboratórios de eletrônica, o teste de componentes eletrônicos e os
procedimentos práticos de manutenção.
79
80
Capítulo 1
Princípios básicos de conduta e segurança em
laboratórios de eletrônica
A eletrônica, por meio de seus diversos equipamentos, proporciona grande comodidade na vida
moderna, possibilitando avanços significativos em inúmeras áreas. Na aviação, sua contribuição
garante voos mais confiáveis e seguros, além de conforto e entretenimento aos passageiros.
Como as aeronaves estão equipadas com sistemas eletrônicos complexos, a equipe de manutenção
necessita ter um conhecimento mínimo acerca de eletricidade, eletrônica e padrões a serem
adotados ao manusear qualquer um desses equipamentos, evitando, assim, danos ao material a
ser reparado. São apresentados padrões de conduta a serem seguidos para trabalhar com segurança
nos laboratórios onde são manuseados os equipamentos eletro/eletrônicos.
cada laboratório estipula suas próprias regras de boa conduta e a organização da bancada de EPI: sigla para Equipamento
trabalho, das ferramentas utilizadas, da limpeza e higiene do ambiente. de Proteção Individual.
Qualquer dispositivo utilizado
pelo trabalhador para sua
proteção contra acidentes
capazes de ameaçar sua
segurança e saúde.
81
1.2 Regras de segurança de trabalho na atividade de
manutenção de equipamentos aviônicos
Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, médicas e educacionais empregadas
para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente de trabalho, quer
instruindo ou convencionando pessoas na implantação de práticas preventivas.
Caracteriza-se como acidente de trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa ou, ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais. Tal acidente provoca lesão
corporal ou perturbação funcional levando à perda ou à redução da capacidade, permanente ou
temporária, de trabalho ou até mesmo à morte.
A causa do acidente é qualquer fato que, se removido a tempo, evitaria tal situação.
Todo acidente pode ser evitado, ou seja, ele não surge por acaso, e é passível de prevenção.
Ele ocorre por falha humana ou por fatores ambientais.
Acidentes causados por falhas humanas são definidos como aqueles que decorrem da execução
de tarefas que contrariam as normas de segurança. Fatores pessoais contribuem para a ocorrência
de acidentes no trabalho, sendo causados de forma consciente ou não, resultando em dano não
apenas para o trabalhador, mas, também, para os companheiros de trabalho e equipamentos
do local.
Como os acidentes de trabalho têm sua origem causada por diversos fatores, tanto humanos
quanto ambientais, toda empresa deve se preocupar em seguir rigidamente as orientações das
NRs e fornecer treinamento adequado para a equipe de manutenção regularmente, com vistas
a reduzir os acidentes.
82
1.3 Equipamentos de proteção individual (EPI)
Equipamentos de proteção individual (EPI) são
todo dispositivo de uso individual destinado
a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador. Os equipamentos de proteção
individual são obrigatórios para as atividades de
manutenção, cada atividade exige EPIs específicos,
de acordo com o procedimento a ser realizado.
A NR 6 é a norma responsável por padronizar
os equipamentos de proteção individual para
cada atividade.
83
b) Capacetes - têm a finalidade de proteger a cabeça contra:
• ferimentos causados pela queda de objetos de níveis elevados;
• lesões decorrentes de batidas da cabeça contra objetos fixos;
• descargas elétricas.
Eles são constituídos de um casco de alta resistência e de uma suspensão interna conhecida como
carneira, que distribui uniformemente a força do impacto dos objetos contra o equipamento.
A Figura 3 mostra alguns modelos de capacetes.
c) Luvas de segurança - têm a função de proteger ou evitar o contato das mãos com subs-
tâncias que causam ferimentos, queimaduras ou cortes, como, por exemplo, produtos
químicos. Existem vários modelos de luvas disponíveis no mercado, sendo cada uma
para determinada aplicação específica. A Figura 4 mostra alguns modelos de luvas.
84
d) Protetor auricular - são utilizados como proteção contra ruídos gerados por equipamen-
tos como motores e turbinas de avião. São essenciais em trabalhos realizados próximos
às aeronaves, visto que o barulho gerado por elas é muito alto e causa sérios danos ao
técnico. O ruído gerado na pista passa facilmente de 100 decibéis (dB) e, de acordo
com a NR 15, que trata sobre atividades e operações insalubres, seu uso é obrigatório.
A Figura 5 mostra alguns modelos de protetores auriculares.
85
f ) Óculos de proteção - são utilizados para proteção dos olhos contra impactos de partí-
culas, respingos de solda e peças móveis durante instalação de equipamentos. Alguns
modelos são apresentados na Figura 7.
Os serviços realizados pelos técnicos nas áreas de eletricidade e eletrônica exigem cuidados
especiais, em razão de riscos de choques elétricos causados por diversos fatores.
Nos casos de choque elétrico, o corpo humano se comporta como um condutor elétrico,
servindo de caminho para a corrente elétrica fluir. Os efeitos são queimaduras, fibrilação
ventricular e parada respiratória, dependendo da intensidade do choque.
Três tipos de choque elétricos são comuns nas atividades de manutenção: estático, dinâmico e
atmosférico.
86
b) Choque dinâmico - é aquele provocado pelo contato direto com circuitos energizados e
seu efeito permanece enquanto durar o contato com o equipamento até que ele seja
desligado. Os efeitos não são mensuráveis, podendo ser leves ou causar a morte.
Diversas causas são levadas em consideração para que tais consequências ocorram, como
a intensidade da corrente do choque até a condição física de saúde da pessoa que está
levando o choque. O uso de calçados emborrachados, de luvas especiais e o prévio
conhecimento do equipamento ou local onde o trabalho será realizado são fatores que
ajudam a minimizar a ocorrência de choques elétricos.
A gravidade do choque elétrico depende de uma série de fatores, entre eles o caminho percorrido
pela corrente no corpo humano. Sendo o nosso corpo um condutor, a corrente elétrica
atravessa órgãos vitais, como o coração, e causa efeitos severos ao ser humano. A intensidade
desta corrente que circula pelo corpo é outro fator importante que determinará a gravidade do
choque elétrico. Assim, quanto maior a intensidade da corrente elétrica, maior serão os danos
causados à vítima. A Tabela 1 apresenta a relação entre a intensidade da corrente e seu efeito
sobre o corpo humano.
Tabela 1 - Corrente elétrica e seus efeitos no ser humano
87
Outro fator a ser considerado é o tempo de exposição da vítima ao choque. Quanto maior
o tempo, maior será o efeito, resultando desde simples queimaduras até a perda de massa
muscular e de coordenação motora.
Uma medida de prevenção muito utilizada para evitar choques elétricos é a utilização de sistemas
de aterramento. O aterramento elétrico é um ponto de referência integrado no circuito elétrico,
usado como referência na medição de outras correntes elétricas. Ele serve também como via de
retorno para um circuito elétrico.
O corpo humano possui resistência elétrica, e esta varia de pessoa para pessoa.
Um fator que diminui a resistência do corpo é a umidade, ou seja, caso o corpo esteja molhado,
menor será sua resistência, o que aumentará os efeitos do choque elétrico. Assim, para que um
aterramento funcione, é necessário que sua resistência para a passagem da descarga elétrica seja
menor do que a apresentada pelo corpo humano.
Os aterramentos devem assegurar de modo eficaz a fuga de corrente para a terra, propiciando as
necessidades de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica. O valor da resistência
de aterramento precisa satisfazer as condições de proteção e funcionamento da instalação
elétrica, de acordo com os esquemas de aterramento.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que a correta conduta dentro de laboratórios envolvidos com serviços
elétricos e eletrônicos exige do técnico o conhecimento das regras e normas regulamentadoras
(NR) relacionadas ao seu trabalho. Assim, foram apresentados os conceitos de segurança do
trabalho e as NR 6 e 10, as quais são importantes para o mantenedor executar seus serviços.
Explicaram-se os tipos de EPI e a sua aplicação, bem como a necessidade de seu uso, garantindo,
assim, a saúde e a integridade física do trabalhador. Para prevenir choques elétricos e outros
acidentes relacionados a equipamentos energizados, os cuidados específicos relativos a tais
serviços foram esclarecidos e explicados.
88
Capítulo 2
Teste de componentes eletrônicos
Cablagem: conju
trançados ou blin
levam os sinais e
ou de radiofrequê
os diversos equip
Figura 10 - Multímetro (a) analógico e (b) digital
eletroeletrônicos
dentro do avião.
89
Cada multímetro apresenta um seletor de funções de acordo com seu modelo. Segue abaixo a
descrição de cada uma das funções indicadas na Figura 11.
A posição do seletor dependerá do tipo de teste a ser realizado. Por exemplo, no teste de
continuidade de um fio para verificar se ele não está rompido, é necessário colocar o seletor na
posição 9 da Figura 11.
O item 5 do seletor de funções apresenta quatro diferentes valores de capacitância para serem
medidos. Neste caso, a opção a ser escolhida será aquela que mais se aproxima do valor no
seletor de funções. Por exemplo, a opção escolhida para o teste de um capacitor de 20 µF deve
ser a de 40 µF do seletor.
É importante ressaltar que, ao se realizar
o teste de um componente eletrônico, é
necessário evitar colocar os dedos juntos
com os terminais das ponteiras, fazendo
com que a resistência do corpo humano não
interfira nas medições, conforme mostrado
na Figura 12.
A seguir, apresentam-se os testes mais
Figura 12 - Modo errado de segurar as comuns realizados com o auxílio dos
ponteiras do multímetro multímetros.
90
2.3 Teste de fusível e lâmpadas
Utiliza-se o teste de continuidade para testar fusíveis e lâmpadas. Quando o fusível ou a
lâmpada estiverem em perfeito funcionamento, o valor a ser mostrado no visor do multímetro
deve ser zero e, automaticamente, será emitido um sinal sonoro. Caso nenhum sinal sonoro
seja emitido e apareça a indicação O.L. (overload) no visor do multímetro, é uma indicação de
que o componente não está em bom estado, ou seja, apresenta defeito ou não está funcionando
adequadamente. A posição das ponteiras não interfere na medição de fusíveis e lâmpadas.
Alguns multímetros não possuem esta função do teste de continuidade. Neste caso, o mesmo
procedimento é realizado posicionando o seletor de funções na escala de medida de resistência.
Baixa resistência indica que a lâmpada ou o fusível estão em perfeito funcionamento.
Caso contrário, o componente está com defeito e precisa ser substituído.
91
A Figura 15 mostra o teste de capacitor eletrolítico de 1 µF. Em virtude dos valores de
tolerância fornecidos pelo fabricante, o valor de 0,902 µF é mostrado no visor do multímetro.
No teste desta figura, foi necessário ligar a ponteira negativa no terminal negativo e a ponteira
vermelha no terminal positivo.
Para os casos dos capacitores que não possuem polaridade, como os de cerâmica, a posição das
ponteiras não interfere na medição do capacitor.
O teste de capacitores também é feito com multímetros analógicos. É um teste que mostrará
apenas se o capacitor está em boas condições, não determinando o valor do componente.
É empregada a escala de resistência para este tipo de teste. Ao ligar as ponteiras do multímetro
aos terminais do capacitor, o ponteiro do multímetro precisa se deslocar na direção de
resistência igual a zero, indicando a carga do
capacitor. Em seguida, o ponteiro deve retornar
para a posição inicial, isto é, na direção da
indicação de resistência infinita, de modo a
apontar que o capacitor está descarregando.
O teste necessita ser repetido com as ponteiras
do multímetro, ligadas de forma invertida, e o
mesmo comportamento tem de ser observado.
Quanto maior o valor do capacitor, maior será o
tempo de movimentação do ponteiro.
Figura 17 - Teste e medida de capacitor eletrolítico
com multímetro analógico
92
As panes detectadas no capacitor pelo multímetro são:
a) ponteiro parado em alguma posição entre zero e o infinito - o capacitor está com fuga,
ou seja, uma corrente contínua está circulando através do componente e ele deve ser
considerado em pane;
b) ponteiro parado em zero - o capacitor está em curto;
c) ponteiro não se movimentou durante o teste - o capacitor está aberto.
93
b) Polarização inversa - com a ponteira preta ligada ao anodo e a vermelha ao catodo, a
indicação no visor do multímetro tem de ser (O.L.), conforme a Figura 20. Isso indica
que o diodo está bom, pois não passa corrente por ele. Caso o multímetro indique algum
valor diferente de (O.L.), o diodo está danificado. Se mostrar 0 V, significa que o diodo
está em curto-circuito.
Quando o multímetro não possuir escala para teste de semicondutores, é escolhida a escala
de resistência para fazer o teste no diodo. Ao ser polarizado diretamente, sua resistência será
de baixo valor e, quando polarizado inversamente, sua resistência indicada será infinita.
Qualquer valor diferente desse padrão significa que o diodo está com problemas.
94
Conforme mostrado, ao se polarizar o diodo em bom estado de funcionamento e de forma
direta, as medições devem ser as seguintes:
• resistência baixa nas junções base-coletor e base-emissor;
• resistência alta na junção coletor-emissor.
Ao polarizá-lo inversamente, a medição será resistência alta nas junções base-coletor, base-
emissor e coletor-emissor.
Para qualquer medição diferente da mostrada na Figura 21, considera-se que o transistor
está com defeito e não deve ser utilizado. Alguns multímetros possuem um ponto de teste de
transistor no corpo do próprio instrumento, bastando apenas posicionar o seletor de funções na
posição adequada e encaixar o transistor no equipamento, conforme a Figura 22.
95
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados diversos procedimentos de testes nos componentes eletrônicos
mais comuns empregados nos equipamentos aviônicos. Observou-se que cada componente
apresenta uma particularidade, exigindo do técnico um conhecimento básico sobre as peças,
pois uma interpretação errada de um procedimento de teste pode condenar componentes
em bom estado de funcionamento, o que faz com que a equipe de manutenção perca tempo
testando outros sistemas.
Dentro desse contexto, o multímetro é peça fundamental para a realização desses testes.
Suas diversas funções propiciam uma ampla gama de aplicação, sendo uma ferramenta
imprescindível à manutenção eletrônica. O técnico de manutenção aeronáutica precisa ter
o conhecimento básico das funcionalidades do multímetro e os procedimentos de teste dos
componentes eletrônicos mais comuns, o que facilita seu trabalho e garante uma inspeção
segura e eficiente.
96
Capítulo 3
Procedimentos práticos de manutenção
97
3.2 Aspectos estruturais da aeronave
A instalação dos equipamentos aviônicos é realizada dentro das partes estruturais da
aeronave. Cada tipo de avião possui uma estrutura específica para o fim ao qual se destina.
A fuselagem é a estrutura principal da aeronave e é construída com diversos tipos de material
unidos mediante soldas, parafusos e rebites. A aeronave é projetada para suportar todos os
equipamentos e cargas que lhe serão impostas.
A instalação de aviônicos no painel de instrumentos da cabine do piloto é, muitas vezes, realizada
apoiando-se o aparelho diretamente na chapa do painel ou na parte traseira do equipamento,
por meio de um suporte na parte estrutural do avião. Isso faz com que melhore a resistência da
montagem e diminua o esforço causado no painel de instrumentos.
98
Em sistemas em que o ar condicionado é o responsável pelo controle da temperatura do
equipamento, atenta-se para que a água, por meio de umidade ou até mesmo de condensação,
não entre em contato com os circuitos eletrônicos dos equipamentos.
O sistema de amortecimento é formado por materiais isolantes elétricos, como, por exemplo,
a borracha. Esse sistema necessita dispor de uma ligação entre a carcaça do equipamento com
a estrutura do avião, para que exista um ponto de referência (terra) para o equipamento.
A Figura 27 mostra o cabo utilizado nesta ligação, também chamado de jumper.
99
3.5 Interferências eletromagnéticas e eletrostáticas
O sistema de comunicação de uma aeronave é composto de diversos equipamentos e
computadores, utilizando diferentes protocolos de comunicação e uma grande quantidade de
fios e fibras óticas. A falha de comunicação de um equipamento interfere na interpretação
do piloto em relação ao seu funcionamento, levando-o a tomar importantes decisões durante
o voo. Por esse motivo, o sistema de comunicação da aeronave precisa apresentar o maior
nível de segurança possível, ficando imune a toda e qualquer interferência eletromagnética e
eletrostática.
Alguns tipos de interferência são percebidos, como nas comunicações via rádio, em que,
dependendo da intensidade, impedem a comunicação entre o piloto e a torre de controle de
tráfego aéreo. Contudo, existem outros tipos de interferência que atingem os equipamentos
eletrônicos e não são ouvidos ou percebidos pelo técnico, alterando o funcionamento
do equipamento.
As aeronaves possuem equipamentos que funcionam como fontes de interferência, atrapalhando
Interferência: causada por o correto funcionamento dos equipamentos aviônicos a bordo. É possível citar, como
sinais eletromagnéticos algumas das possíveis fontes de interferência, hélices, sistema de ignição, fontes de tensão
que podem atrapalhar
alternada (CA) e motores. Cabos especiais com malhas isolantes internos são utilizados como
o funcionamento do
equipamento ou sistema proteção a essas interferências. A malha isoladora tem a função de blindar o cabo, desviando
aviônicos presente no avião. todas as interferências para a terra. Dessa forma, todo sinal induzido na malha de blindagem
não interfere no circuito e, consequentemente, mantém o perfeito funcionamento do
equipamento e do sistema de comunicação da aeronave.
Alguns casos de interferência eletromagnética são solucionados apenas alterando a posição
do equipamento ou da antena do sistema. Enquanto em outros casos, a blindagem do cabo
não é suficiente para a proteção contra as interferências, sendo necessária a utilização de circuitos
e filtros específicos para cada situação.
A energia estática que os instrumentos da aeronave acumulam durante o voo é outro
problema que interfere no funcionamento deles. A descarga dessa energia danifica
equipamentos e compromete todo o funcionamento de um sistema, é necessário ter
atenção especial para este caso.
A eliminação da carga estática
do avião é possível por meio do
uso de descarregadores de
estática, sendo instalados no
bordo de fuga de superfícies de
controle, asas e estabilizador
vertical, conforme mostra a
Figura 28 - Descarregadores estáticos Figura 28.
Os descarregadores estáticos são ligados à fuselagem do avião mediante parafusos ou rebites,
e sua resistência ôhmica não pode ser maior que 0,1 ohm. Dessa forma, inspeções periódicas
precisam ser realizadas seguindo as instruções fornecidas pelo fabricante.
100
3.6 Instalação e manutenção de antenas de equipamentos
eletrônicos da aeronave
A instalação e a manutenção de qualquer aviônico de uma aeronave requer, por parte do
mantenedor, o conhecimento técnico e a correta execução das normas e dos procedimentos
estabelecidos pelo fabricante do equipamento. Dentre os diversos instrumentos da aeronave,
a manutenção com as antenas será abordada neste material, servindo como base para
outros equipamentos.
Como citado, o avião possui algumas antenas para seus diversos equipamentos de comunicação.
A lista a seguir apresenta os principais sistemas que usam antenas nos aviões, juntamente com
sua respectiva localização e identificação.
a) Sistema VHF
O sistema que utiliza frequência muito alta, em inglês, very high frequency (VHF),
é empregado na comunicação de áudio entre piloto e torre de controle e ocupa a
faixa de frequência de 118 a 136 MHz. A aeronave possui dois sistemas compostos
por antena, transceptor, indicador e painel de controle. Transceptor é o elemento
responsável pela transmissão e recepção dos sinais.
Figura 29.A - Tipos de antena VHP Figura 29.B - Antenas do sistema VHF
b) Sistema VOR
O sistema de estação VHF ominidirecional, ou VHF omni-directional range (VOR), Omni-directional: termo
é utilizado pelas aeronaves para navegação por rotas, em que o espaço atribuído a antenas que
transmitem o sinal de
aéreo é dividido em vias, as quais são consideradas como estradas aéreas. radiofrequência para todas as
direções do espaço.
101
Ele trabalha na faixa de frequência 328 a 335 MHz e seu sistema é composto
de uma antena, um transceptor, um indicador e um painel de controle.
A Figura 30 mostra a localização da antena de VOR do avião.
c) Sistema ILS
d) Sistema ELT
102
O transmissor envia um sinal na frequência de 121,5 MHz para os órgãos de salvamento,
indicando a localização do transmissor. O ELT é acionado automaticamente quando a
aeronave sofre uma grande desaceleração, característica comum em caso de acidente
aéreo. Entretanto, ele pode ser acionado manualmente mediante uma chave presente no
painel da cabine do avião.
e) Sistema ADF
103
Os sistemas apresentados estão presentes na maioria das aeronaves. Por essa razão,
faz-se necessário que o técnico mantenedor os conheça, assim como a localização dos
componentes de cada sistema. A Figura 34 mostra o local dos equipamentos do sistema
ELT da aeronave EMB 111, também conhecido como Bandeirante.
O detalhe (A) mostra a antena, juntamente com o ponto (A) indicando sua localização.
O detalhe (B) se refere ao transmissor e o detalhe (C) à chave para acionamento manual,
localizada no painel de instrumentos da aeronave.
Quando um componente ou equipamento necessita ser trocado, leva-se em consideração
o manual fornecido pelo fabricante, também conhecido como ordem técnica ou TO.
Este procedimento deve ser rigidamente obedecido para que se assegure que o material a ser
trocado e seus procedimentos não alterem as características do original.
Resumindo
Neste capítulo, foram explicados alguns procedimentos práticos de manutenção, juntamente
com os sistemas de comunicação mais comuns das aeronaves. A instalação ou remoção incorreta
de qualquer componente compromete todo o funcionamento de um sistema, elevando ainda
mais o nível de responsabilidade por parte do técnico em manutenção aeronáutica.
Os manuais dos fabricantes ou ordens técnicas são peças fundamentais na manutenção
aeronáutica, porque seu fiel cumprimento garante um trabalho eficiente e de acordo com as
normas internacionais. Assim, a atividade de manutenção aeronáutica requer profissionais bem
capacitados e preparados para enfrentar os desafios que a profissão oferece.
104
Unidade 4
Laboratório de instrumentos
Dentro da cabine de uma aeronave estão à disposição dos pilotos todos os recursos
necessários à realização de um voo seguro: os comandos de voo, os controles do motor e
os instrumentos. Estes últimos apresentam diversas informações à tripulação e são muito
importantes para a operação da aeronave.
O capítulo um traz uma visão básica sobre cada instrumento, apresentando sua função,
seus métodos de fixação e os cuidados com seu manuseio. Além disso, serão explanados
os fatores externos que interferem no correto funcionamento e os métodos utilizados, a
fim de minimizá-los ou eliminá-los.
Assim, o mecânico estará apto a atuar em todos os ambientes, garantindo seu correto
funcionamento e pronto emprego sempre que for necessário durante a atividade aérea.
105
106
Capítulo 1
Generalidades sobre instrumentos
O tripulante precisa ficar atento ao funcionamento de vários sistemas para que a atividade aérea
seja executada de modo prudente e efetivo. A pressão do sistema de combustível, a temperatura
dos motores e o torque produzido são alguns exemplos que também acompanham os valores da
velocidade da aeronave, a altitude e a direção do voo.
O ser humano não tem a habilidade de descobrir esses valores apenas pela observação visual, por
isso foi verificada a necessidade de utilizar alguns equipamentos capazes de demonstrá-los de
forma exata e confiável.
Existem basicamente dois tipos de instrumentos: os de sensoriamento direto e os de sensoria-
mento remoto.
Nos de sensoriamento direto, os dados são captados e transmitidos pelo próprio instrumento,
por exemplo, o altímetro, enquanto nos de sensoriamento remoto existe a necessidade dos
transmissores de captar a informação e do indicador de apresentá-la no painel. Como exemplos,
estão os instrumentos do motor.
Figura 1.A - Instrumentos tipo flange Figura 1.B - Remoção de instrumento com flange
107
O segundo, fixação com braçadeira, é utilizado para firmar instrumentos sem flange. É considerado
simples, já que não necessita da remoção de todo o painel para sua retirada. A braçadeira é fixada
atrás do painel e o equipamento é introduzido pela frente. Existe um parafuso que abre e fecha a
braçadeira fixando-a e soltando-a para instalação e remoção.
Na Figura 2, é possível visualizar um instrumento tipo braçadeira.
A Figura 3.A mostra o exemplo de um instrumento fixado por braçadeira instalado no painel.
Seguem os procedimentos:
• instalar qualquer tipo de cabo ou mangueira que deva ser conectado na parte traseira do
instrumento, conforme Figura 3.B;
108
• inserir o instrumento pelo painel, segundo a Figura 3.C;
109
Os instrumentos, assim como vários outros equipamentos de uma aeronave, sofrem ações
de manutenção com o intuito de garantir seu correto funcionamento ou remoções quando
detectadas falhas.
Todavia, é relevante mencionar que o processo de remoção de um instrumento não consiste
apenas em soltar os parafusos, encaixotá-lo e enviá-lo para reparo.
Alguns deles apresentam circuitos elétricos em seu interior ou elementos passíveis de serem
danificados caso receba uma carga elétrica indevida. Portanto, é essencial garantir a correta
remoção para evitar prejuízos em casos de diferença da carga elétrica entre o corpo do mecânico
e o instrumento.
Apesar de o corpo humano ser eletricamente neutro, mesmo número de prótons e elétrons,
o atrito com a própria roupa e outros elementos elimina o equilíbrio elétrico do mecânico.
Nessa situação, ao tocar um instrumento com carga elétrica diferente, os dois corpos, do
instrumento e do mecânico, tendem a se equalizar e essa transição de carga elétrica é capaz de
danificar algum circuito elétrico do instrumento. Em geral, tal carga não chega a inutilizar de
imediato o instrumento, mas diminui, consideravelmente, seu tempo de vida.
Esse tipo de ingerência afeta com mais frequência os instrumentos com circuitos eletrônicos
devido à baixa corrente elétrica que passa em seu interior. Contudo, apesar de mais robustos, os
analógicos não estão livres de serem danificados. Cabe ao mecânico adotar procedimentos com a
finalidade de eliminar qualquer fator de ameaça à integridade do equipamento.
Para tanto, existem acessórios facilitadores da
equalização, como exemplo: pulseira com um ponto
metálico, denominada pulseira antiestática (Figura 4).
Ela faz contato com o pulso do mantenedor e um fio que se
conecta à estrutura da aeronave, igualando a carga elétrica
corporal do profissional à do instrumento que está fixado
no painel.
Ademais, depois de removidos, os instrumentos portadores
de partes mecânicas precisam receber total atenção, com
Figura 4 - Pulseira antiestática
a finalidade de evitar que sofram choques mecânicos de
quaisquer espécies, visto que eles poderiam receber apenas
uma simples calibração ou ajuste a depender da sua utilização. A ocorrência de tais choques
condena-os definitivamente.
Choque mecânico: variação
súbita da força, posição, Nesse sentido, são recomendadas inspeções periódicas a todos os instrumentos
velocidade ou aceleração; para garantir o correto funcionamento e a confiabilidade em sua indicação.
pancada, batida.
Um equívoco ocasionado por uma indicação é capaz de acarretar sério acidente aéreo.
Invólucros especiais:
aquilo que serve para Cabe ao mecânico, portanto, estar atento às inspeções recomendadas pelo fabricante da
cobrir, envolver; no caso aeronave e do equipamento. Os manuais e as diretivas técnicas apresentam todos os detalhes e
dos especiais, fornece uma
proteção específica como
o intervalo de tempo entre as inspeções a serem realizadas nos instrumentos.
contra eletricidade estática, Contudo, o serviço de manutenção de alguns tipos de instrumentos é realizado somente por
pancadas ou água.
empresas qualificadas e credenciadas, fugindo da alçada do mecânico. Assim, é essencial observar
os cuidados referentes ao transporte desses equipamentos. Quaisquer deslocamentos precisam
ser feitos em invólucros especiais, uma vez que garantem proteção contra a eletricidade estática
e os possíveis impactos.
110
Depois de realizar a inspeção ou ao chegar um novo instrumento para instalá-lo, o mecânico
precisa dedicar o mesmo cuidado com a eletricidade estática que teve na remoção. Além disso, é
importante observar o aperto na fixação do instrumento do painel, já que, quando excessivo, os
pontos de fixação ou os parafusos ficam suscetíveis a danos. Em contrapartida, quando frouxo,
fica vulnerável a sofrer trepidações e alterações na sua indicação, causando uma leitura incorreta
dos parâmetros e danos em seus componentes internos.
Alguns fatores que interferem no funcionamento dos instrumentos estão listados adiante:
a) Vibração: ocorre pelo próprio funcionamento das aeronaves. Aquelas com motores
a pistão, por exemplo, vibram naturalmente. Um instrumento precisa estar apto a
funcionar mesmo sobre vibrações que variam de 600 a 2.200 oscilações por minuto.
No entanto, o excesso causa oscilações e indicações bruscas e dificulta a leitura dos
instrumentos, principalmente se forem analógicos, além de danificar seus componentes
internos. Dessa maneira, eles são instalados em painéis com elementos amortecedores a
fim de absorver a vibração natural da aeronave e das turbulências. Exemplos de amorte-
cedores: coxins de borracha instalados que absorvem a baixa e a alta vibração, horizontal
e vertical, mantendo-as dentro da faixa aceitável para o equipamento. Coxins: peça fabricada de
b) Temperatura: 15 ºC é a temperatura ideal de funcionamento de um instrumento, cons- aço e borracha para absorver
vibrações.
truído com capacidade de manter suas informações confiáveis dentro de uma variação
térmica de -35 a 60 ºC. A alteração de temperatura causa dilatações e compressões das
partes internas do instrumento e, como consequência, indicações incorretas, principal-
mente em instrumentos de sensoriamento direto.
c) Umidade: é responsável pela corrosão e pelo travamento das partes mecânicas do instru-
mento, obrigando o fabricante a criar uma vedação contra água. Devido a isso, os ins-
trumentos só são abertos por oficinas especializadas. Enquanto naqueles que trabalham
com diferencial de pressão, além de vedação contra água, é necessário impedir a entrada
de ar para não interferir nas pressões internas, alterando sua indicação.
111
A Figura 5 evidencia a leitura correta de um instrumento, o altímetro, no qual o observador
realiza a leitura de frente ao visor, indicando um valor de altitude de exatamente 2.000 pés.
Na Figura 6, vê-se a presença do erro de paralaxe, uma vez que o observador realiza a leitura do
instrumento pela direita.
Nesse caso, o valor visualizado será de menos de 2.000 pés de altitude (aproximadamente 1.990 pés).
O erro pode acontecer caso o copiloto, sentado no lado direito da cabine, realize a leitura do
altímetro instalado no painel em frente ao piloto, sentado no lado esquerdo da cabine.
Na Figura 7, é apresentado um erro oposto ao anterior que acontece caso o piloto realize a leitura
do instrumento do copiloto. Como se observa, a leitura está sendo feita pela esquerda. Assim, o
valor verificado será maior que o correto, de aproximadamente 2.010 pés.
112
Outro problema existente é a histerese. Ela acontece quando um instrumento, ao ser submetido
por uma tendência de aumento ou diminuição na indicação, demora a apresentar o seu valor real,
resistindo ao movimento.
Os instrumentos que usam o sistema de tubo de Bourdon são um exemplo. Quando a pressão
diminui, a histerese faz a indicação da pressão ser maior que o valor real. Em contrapartida,
quando aumenta, o efeito é o contrário, isto é, o valor da indicação é menor que a realidade.
Para evitar esse tipo de desacerto, o recomendado é fazer a leitura após a estabilização da indicação.
Contudo, é importante estar ciente de que existem tolerâncias para a histerese, geralmente
especificadas no manual de cada aeronave.
Em síntese, os erros de paralaxe e histerese são encontrados até nos instrumentos em perfeito
funcionamento, com as inspeções em dia e com todos os sensores operantes. Devido a esses erros,
é possível que a tripulação obtenha indicações equivocadas advindas da leitura do painel.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que, para serem obtidas informações sobre os parâmetros de uma aeronave,
a tripulação faz uso de diversos tipos de instrumentos. Estes são classificados de acordo com os
sistemas que recebem informação ou pela maneira que captam os dados para representá-los no
visor.
Ainda assim, fatores externos ou erros mais comuns ao realizar a leitura dos instrumentos podem
afetá-los seriamente.
Com isso, o técnico está apto a manusear e a inspecionar esses equipamentos, bem como a realizar
sua correta instalação e remoção, além de distinguir um instrumento defeituoso de uma leitura
equivocada.
113
114
Capítulo 2
Instrumentos do motor
Para o início da partida, o piloto precisa de indicações dos parâmetros do motor com vistas a
verificar se tudo está funcionando de maneira eficaz sem colocar em risco a operação da aeronave.
Esses indicadores são os instrumentos do motor. Seu correto funcionamento impede que os
limites estabelecidos pelo manual da aeronave sejam extrapolados, alertando o piloto acerca da
iminência de comprometimento do voo.
Ainda que sejam diferentes, há a possibilidade de as aeronaves possuírem tipos específicos de
instrumentos. Alguns deles são comuns e primordiais para a boa operação.
115
Ter conhecimento do torque que o motor está produzindo é muito importante, porque possibilita
ao piloto ajustar a sua potência de acordo com a fase do voo. Posto isso, é imprescindível saber que
a aeronave exige muito mais potência e, consequentemente, mais torque na fase de decolagem
do que durante um voo reto e nivelado. Quanto maior o torque, maior tende a ser a velocidade.
O sistema de indicação dessa força é composto de um transmissor localizado no motor da aeronave
que recebe a pressão do óleo e envia um sinal elétrico para um indicador situado no painel que
converte em valores para o piloto.
É importante mencionar que um valor abaixo do estipulado pelas tabelas do manual da aeronave é
preocupante, tornando-se uma ameaça. Assim, a aeronave pode não alcançar a velocidade desejada
para realizar a decolagem, ameaçando o seu cancelamento ou até provocando um acidente.
O excesso também não é recomendável, já que há a possibilidade de danificar o motor e colocar
a atividade em risco.
Após a troca do transmissor, caso o valor do torque ainda esteja fora da tolerância da tabela, será
necessário examinar a fiação elétrica para verificar se a falha é causada por algum fio que leva o
sinal do transmissor ao instrumento. Mas se estiver em perfeitas condições, o problema pode ser
um defeito no próprio instrumento, na cabine.
116
interior, que varia de acordo com o torque do motor. O transmissor, por sua vez, transforma essa
pressão em sinais elétricos recebidos no indicador de torque (Figura 9.B) instalado no painel de
instrumento que apresentará os valores para a tripulação.
2.2.1 Óleo
Os óleos apresentam diversificadas características. Uma delas é a viscosidade, que dita a facilidade
de escoamento. Tal propriedade é diretamente relacionada à temperatura do óleo, quanto mais
alta for, menor sua viscosidade.
Cada tipo de aeronave tem os limites máximo e mínimo da temperatura definidos em manuais
com a finalidade de o óleo sempre operar nas características desejadas.
O sistema de indicação da temperatura de óleo do motor consiste em um bulbo, geralmente
instalado na saída da bomba de óleo. Ele possui um filamento em seu interior de níquel-
magnésio ou outro tipo de liga que apresenta uma variação de resistência para diferentes níveis de
temperatura. A variação da resistência é enviada para o indicador na cabine.
A instalação dos bulbos de temperaturas no motor da aeronave turboélice bimotora de médio
porte é evidenciada nas Figuras 10.A, B e C.
Figura 10.A - Motor da aeronave turboélice Figura 10.B - Bulbo de Figura 10.C - Bulbo de
bimotora de médio porte temperatura (T2) temperatura de óleo
117
2.2.2 Sensor da cabeça do cilindro
O princípio de funcionamento desse sistema usa as características dos termopares. A região que
se deseja conhecer o valor da temperatura é chamada de junção quente e o termopar, ligado em
paralelo, que serve de compensador, é denominado junção fria.
A diferença de temperatura entre essas duas junções gera uma força eletromotriz a ser enviada ao
instrumento indicando o valor da temperatura para a tripulação.
118
Os indicadores de combustível informam à tripulação a quantidade de combustível consumida
durante o voo.
O sistema de fluxo de combustível é constituído de um transmissor e um indicador e, em algumas
aeronaves, contém um computador que recebe todos os dados do sistema de combustível dos
transmissores e os envia aos instrumentos. O combustível que chega ao transmissor é direcionado
a uma paleta fazendo-a se movimentar. Essa paleta é, então, ligada a um rotor que gera sinais
elétricos para a indicação no instrumento na cabine, demonstrando o consumo de combustível
dos motores. Na Figura 13.A, é mostrado um indicador de fluxo com representação em libras por
hora e, na Figura 13.B, um esquema simplificado do referido sistema.
119
A Figura 14 mostra a visão interna de um instrumento que faz o uso do tubo de Bourdon.
É possível identificar a extremidade lacrada conectada ao ponteiro. Com o aumento de pressão,
o tubo circular tende a ficar reto, movimentando o ponteiro e informando o novo valor
da pressão.
120
2.3.3 Síncrono
Consiste em um pequeno motor elétrico que funciona como transmissor, ligado em paralelo a
outro motor elétrico no indicador. A rotação do transmissor gera um sinal elétrico fazendo com
que o motor presente no indicador gire na mesma rotação, movimentando o ponteiro.
No sistema de indicação de pressão por meio do síncrono, a pressão é sentida pela cápsula
que movimenta um eixo. Este ocasiona a variação da rotação do transmissor, dando início ao
processo de indicação. A grande vantagem desse sistema é possibilitar a medição de pressão de
sistemas afastados do painel, sem a necessidade de enviar o fluido para o indicador na cabine.
Na Figura 16.A, é possível visualizar um transmissor de pressão do tipo síncrono, enquanto na
Figura 16.B é apresentado o diagrama elétrico desse sistema.
121
Tal sistema utiliza o efeito Venturi, composto de um tubo uniforme por onde o ar passa.
Quando este sofre um estreitamento, é gerado um aumento na velocidade do ar e diminuição
da pressão.
Um tubo sofrerá uma força de sucção no estreitamento ao ser instalado, conforme Figura 18.
O ar que percorre esse sistema pode ser proveniente do motor ou do ar de impacto.
2.5 Tacômetros
Os tacômetros são utilizados em aeronaves para indicar a velocidade de rotação do compressor,
da hélice, da turbina de potência, entre outros. Essa indicação é representada em rotações por
minuto (RPM) ou em porcentagem, a depender de cada aeronave. Isso garante que a tripulação
saiba se a operação está dentro dos parâmetros indicados pelo fabricante.
Os tacômetros podem ser divididos em: mecânico, elétrico ou eletrônico.
2.5.1 Mecânicos
Os tacômetros mecânicos não apresentam boa precisão, por isso são mais empregados em
aeronaves leves ou que não requerem um ajuste muito fino para sua operação. Ele constitui-se
de um cabo flexível fixo no eixo do motor que transmite a rotação para o indicador e uma mola
122
com contrapesos entre o indicador e o cabo. Essa mola, por meio da força centrípeta, aciona
um eixo transmitindo a indicação ao ponteiro do instrumento (Figura 20.A).
Força centrípeta: força
Outro tacômetro muito usado atualmente é diferenciado, porque, em vez de atuar sobre uma resultante que puxa um
mola com contrapesos, gira um ímã dentro de um copo de alumínio ligado ao ponteiro no corpo para o centro da
trajetória durante um
indicador. A variação da velocidade de rotação do ímã causa alterações no campo magnético,
movimento curvilíneo ou
fazendo o copo movimentar e, consequentemente, o ponteiro, de acordo com a Figura 20.B. circular.
2.5.2 Elétricos
Os tacômetros elétricos são pequenos geradores de corrente alternada que recebem a rotação do
motor. Esta última gera uma variação de tensão transmitida para um pequeno motor síncrono
instalado no indicador que movimenta um ímã girando o ponteiro. O processo é semelhante
ao do tacômetro mecânico.
Esse tipo de tacômetro permite transmitir a indicação de rotação de aeronaves cujos motores
estão longe da cabine, além de apresentar maior precisão.
123
Em suma, o valor da rotação é obtido por meio de um cabo flexível e toda a variação que
ocorrer no primeiro gerador será transmitida ao segundo e, posteriormente, ao ponteiro
do instrumento.
2.5.3 Eletrônicos
O sensor dos tacômetros eletrônicos constitui-se de um ímã e uma bobina localizados no
motor. A engrenagem que transmite a rotação fica próxima a ele.
Quando o dente dessa engrenagem está próximo ao sensor, a amplitude do sinal aumenta.
Este, por seu turno, é transmitido para um amplificador que melhora sua qualidade. Após isso,
ele é enviado a um processador de sinais, composto de uma saída digital e uma analógica.
A saída digital alimenta um display que apresenta
algarismos de zero a nove para a indicação da rotação,
enquanto a analógica passa por uma série de amplificadores
aumentando o valor do sinal que chega ao ponteiro.
O movimento deste atua sobre um potenciômetro que
envia um sinal de retorno, evitando oscilações do ponteiro.
Potenciômetro: elemento
elétrico de resistência É possível que os tacômetros elétricos apresentem
variável.
oscilações com a operação do motor em baixa rotação,
Rotação concêntrica : uma vez que não há um completo sincronismo entre
rotação sobre seu próprio os dois geradores. Com o aumento da rotação, esse
centro.
sincronismo se completa e a indicação se estabiliza. Figura 22 - Indicador de
O valor da rotação, na qual existe o sincronismo completo, tacômetro eletrônico
é fornecido pelo manual do fabricante do instrumento.
Caso as oscilações continuem após o aumento da rotação do motor, é necessário inspecionar as
partes elétricas e mecânicas a fim de verificar algum defeito no sistema.
Nos tacômetros mecânicos, essas oscilações podem ocorrer caso o cabo flexível seja instalado de
modo a não chicotear e não realizar uma rotação concêntrica.
Para tanto, é essencial observar toda a extensão do cabo flexível, com o objetivo de evitar
dobras excessivas ou curvas com angulações muito agudas, já que podem interferir na indicação
do instrumento.
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentados os diversos instrumentos que fornecem as indicações a
respeito da operação dos motores. Para um mesmo tipo de indicação, há vários métodos de
captar e disponibilizar a informação para a tripulação.
Ademais, foram abordados os diferentes tipos de transmissores para os mais variados sistemas
do motor, garantindo ampla gama de informações sobre as condições dos motores para a
tripulação.
O conhecimento desses sistemas auxilia o mecânico no processo de detecção de uma pane, pois
o direciona ao elemento defeituoso. Assim, de uma maneira ágil e segura, o citado profissional
liberará a aeronave para a atividade aérea novamente.
124
Capítulo 3
Instrumentos de voo e de navegação
Durante o voo, o piloto necessita de diversas informações a fim de atingir o destino na altitude
e velocidade desejadas. Nesse contexto, os instrumentos de voo proveem todas as indicações de
altitude, velocidade, razão de subida e descida e atitude da aeronave.
Em contrapartida, os instrumentos de navegação fornecem as indicações da direção atual da
aeronave, da posição dos auxílios à navegação, estações de rádio, aeroportos e coordenadas de
referência, além das informações para o pouso e a decolagem.
Cabe ao mecânico conhecer esses sistemas primordiais para a realização do voo com o propósito
de detectar uma informação equivocada antes de ela causar um acidente aéreo.
125
3.1.1 Compensação
3.1.2 Testes
Em suma, a bússola magnética é um instrumento muito simples, que requer pouca manutenção.
Além da compensação, existem mais dois testes imprescindíveis para o conhecimento do
mecânico. São eles: verificação do líquido de amortecimento e liberdade de movimento do limbo.
• No primeiro, o profissional precisa examinar o líquido do interior da bússola a fim de
detectar quaisquer alterações, como a presença de algum elemento estranho, sujeira,
algum tipo de partícula suspensa, ou vazamento capaz de diminuir sua quantidade.
A simples observação é suficiente para apontar se o líquido está turvo.
126
• O segundo teste geralmente é realizado junto da compensação da bússola.
Ele consiste em girar a aeronave a fim de examinar se o limbo não se prende em alguma
posição, por consequência, causando erro de indicação.
Caso a bússola apresente algum desses defeitos, é aconselhável realizar sua substituição e, após
isso, enviar o equipamento danificado para uma oficina especializada fazer o reparo.
O indicador radiomagnético, em inglês, radio magnetic indicator (RMI), consiste em uma bússola
vertical constituída de um cartão-compasso com a menor resolução, 5º e a representação numérica de
30 em 30º. O algarismo zero não é exibido, por exemplo, 30º é representado por 3 e 360º por 36).
Ele é composto, ainda, de uma linha de referência que representa o nariz da aeronave, uma
bandeira, a qual indica quando há falha no sistema pictorial e dois ponteiros, um formado por
uma linha e outro por duas linhas (seta simples e seta dupla).
ADF: auxílio à navegação por
A linha de referência representa a proa atual da aeronave, informação captada pelo detector instrumento, que envia um
sinal AM para a aeronave,
de fluxo. As setas, conforme a Figura 26, apresentam as informações do sistema localizador informando sua posição.
automático de direção, em inglês, automatic direction finder (ADF), e do radiofarol omnidirecional
VOR: auxílio à navegação
em VHF, em inglês, very high frequency omnidirectional ranger (VOR), da aeronave. que, além de informar sua
posição, avisa sua radial.
127
É válido ressaltar que essa informação varia de acordo com a aeronave. Se esta for provida dos dois
sistemas, cada seta os representa. No entanto, se for apresentada duplicidade dos sistemas, a seta
simples apresenta as informações do sistema um e a dupla do dois. Além disso, haverá um botão
para trocar entre o ADF e o VOR.
Figura 26 - RMI
Enquanto a estação ADF informa apenas a sua posição para o piloto, o VOR é um auxílio que
emite sinal em todas as 360 direções. Ao sintonizar em uma frequência de VOR, o piloto seleciona
por qual direção ele quer chegar escolhendo-a no instrumento.
A seta aponta para estação e uma barra de desvio lateral indica qual o deslocamento lateral em
relação à direção desejada. Ele também envia instruções para o sistema de pouso por instrumentos,
em inglês, instrument landing system (ILS). Este último notifica o eixo e a rampa de descida ideal
para o pouso em instrumento.
ILS: auxílio usado para
pouso; fornece indicação O RMI apenas menciona a posição, ignorando todos os outros informes que uma estação de
do eixo da pista e da rampa
VOR pode fornecer.
ideal de descida.
Os pilotos usam o indicador de curso, em inglês, horizontal situation indicator (HSI), para
conseguir visualizar todas essas informações. O HSI apresenta um cartão-compasso, assim como
o RMI. Ademais, ele também possui os seguintes incrementos:
• linha de referência - mesma função do RMI;
• representação da aeronave - visa a demonstrar a posição em relação às informações.
Por exemplo: se a representação estiver à direita da barra de desvio lateral, o piloto precisa
direcionar a aeronave para a esquerda e, quando a representação coincidir com a barra de
desvio, então a aeronave estará na posição desejada;
• um ponteiro simples chamado de curse - indica a posição da estação VOR;
• uma barra de desvio lateral presente no meio do ponteiro curse - informa a posição lateral
da aeronave em relação à radial da estação de VOR;
• um botão para movimentar o ponteiro curse - utilizado com a finalidade de o piloto ve-
rificar qual proa deve voar para atingir a radial ideal (ele gira o botão curse até centralizar
a barra de desvio lateral com a seta curse);
• uma barra de desvio lateral - indica quantos graus a aeronave está defasada lateralmente.
128
Cada ponto representa um desvio de 2º para VOR e 0,5º para ILS;
• um indicador de rumo, em inglês, heading (HDG) - serve como referência no instrumento
para a rota a ser voada;
• botão HDG - movimenta o indicador HDG;
• indicador to/from - informa ao piloto se ele está chegando ou se afastando da
estação VOR;
• indicador do sistema de rampa de aproximação, em inglês, glide slope (GS) - apresenta a
posição da aeronave em relação à rampa ideal, quando em um procedimento ILS estiver Glide slope: instrumento que
disponível a informação de rampa de aterrissagem; fornece a informação do ILS
referente à rampa ideal.
• barra de desvio de glide slope - apresenta a indicação de quantos graus a aeronave está fora
da rampa. Cada ponto representa 0,35º;
• bandeira HDG - quando presente no HSI informa falha de alimentação;
• bandeira NAV - informa falha na recepção do sistema VOR/ILS;
• bandeira GS - cobre a área do indicador de glide slope quando não houver sinal de glide
slope ou falha no sistema.
Figura 27 - HSI
Compensação do sistema
O sistema pictorial também deve ser compensado, assim como a bússola magnética.
O procedimento de compensação é realizado no detector de fluxo.
Com ajuda de uma rosa dos ventos, é necessário:
• posicionar a aeronave nos pontos 0º, 90º 180º e 270º;
• verificar as indicações no HSI e RMI e a ausência da bandeira HDG;
• posicionar a aeronave de 30 em 30º graus e anotar os erros após a compensação.
129
3.3 Sistema pitot
O sistema pitot da aeronave, também chamado de anemométrico, utiliza as pressões estáticas e
dinâmicas exercidas pela atmosfera na aeronave. O objetivo é prover informações referentes ao
voo, como altitude, velocidade, velocidade vertical, entre outros para os tripulantes.
O sistema anemométrico utiliza o tubo de pitot como fonte de pressão dinâmica e tomada estática
para pressão estática. Esta última é a pressão atmosférica, e aquela é gerada pelo ar de impacto,
quanto mais rápido ele for, maior será a pressão.
O sistema pode ter duas configurações diferentes para tomada de pressão: tubo de pitot com
tomada estática embutida ou tubo e tomadas separadas.
Na primeira configuração, o tubo de pitot apresenta uma câmara dinâmica e uma estática,
contendo seis furos para tomada de pressão estática. Enquanto na segunda existe uma tomada
estática de cada lado da aeronave, que apresenta maior sensibilidade.
Ambos os equipamentos incorporam aquecedores elétricos para evitar formação de gelo.
Eles são acionados em solo somente para cheque de funcionamento. Quando o avião estiver
estacionado, é necessário proteger os tubos de pitot para evitar entupimento por entrada de
objetos estranhos.
A Figura 28 ilustra um sistema anemométrico de uma aeronave turboélice bimotora de
médio porte.
130
É importante ressaltar que o sistema anemométrico da aeronave deve estar totalmente livre de
qualquer tipo de obstrução. Um sistema obstruído altera o valor real das pressões, resultando em
indicações errôneas. Essa gravidade é evidenciada quando um altímetro indica uma altitude bem
maior que a real e, como consequência, acarreta colisão da aeronave.
As Figuras 29.A e 29.B evidenciam uma tomada estática e um tubo de pitot.
3.3.2 Velocímetro
O velocímetro (Figura 30) é o único equipamento de voo que trabalha com pressão dinâmica e
atmosférica. Ele recebe informação de pressão do tubo de pitot e da tomada estática, uma vez que
em seu interior é encontrado um diafragma trabalhando com pressão diferencial. A função desse
equipamento é indicar a velocidade que o avião se desloca no ar, independentemente da atitude a
aeronave, por isso sempre tende a ser diferente da velocidade de solo.
Velocidade de solo:
velocidade que a aeronave
desenvolve em relação ao
solo.
Figura 30 - Velocímetro
3.3.3 Altímetro
O altímetro (Figura 31) recebe informações das tomadas estáticas. Ele tem a
função de indicar a altitude sob a qual a aeronave está voando.
Com o propósito de corrigir a variação causada à pressão atmosférica
pela altitude, o altímetro apresenta um botão para o ajuste da pressão
usando as unidades hectopascal (hPa) ou polegada de mercúrio (InHg).
Esse valor é informado pelo órgão de controle de tráfego aéreo. Todavia, seria
inviável manter a pressão verdadeira durante todo o voo, uma vez que o valor
muda de acordo com a altitude e as condições climáticas. Figura 31 - Altímetro
131
Devido a isso, é adotada internacionalmente a altitude de transição. Dessa forma, a partir de
determinada altitude, todas as aeronaves voam com o mesmo ajuste, 1.013 hPA, isto é, com
o mesmo erro e, na decolagem e na aproximação para pouso, é utilizado o valor da pressão na
altitude da pista.
Também conhecido como indicador de velocidade vertical ou climb, ele tem a função de informar
a velocidade sob a qual a aeronave sobe ou desce em pés por minutos (ft./mín.). Assim, o indicador
de razão de subida e descida (Figura 32) trabalha com o seguinte princípio: quanto maior a
altitude, menor a pressão atmosférica que atuará dentro do instrumento. Da mesma maneira, a
indicação é zero quando a aeronave está nivelada. Portanto, ao subi-la, o ponteiro gira em sentido
horário e, ao descê-la, em sentido anti-horário, com o objetivo de informar a velocidade vertical
em que se encontra.
132
vazamentos nas linhas de pressão. Para isso, a pressão é fornecida nas linhas e todas as entradas
das tomadas estáticas e dos tubos de pitot e as saídas do teste são fechadas. Examina-se, também,
se a indicação nos instrumentos se mantém ou diminui, observando o limite de tempo contido
no manual.
Na Figura 34, é possível visualizar um método de realização do teste do velocímetro em que o
equipamento, por meio de um adaptador, é ligado ao tubo de pitot simulando as variações de
pressão dinâmica. Após conferir os valores no instrumento do teste e do painel do avião, há uma
verificação para saber se os erros estão dentro da tolerância estipulada pelo manual.
133
b) Precessão - faz com que, ao se aplicar uma força em um determinado sentido, a massa
giroscópica realize um movimento de 90º da força exercida. Constata-se pela Figura 36
que, ao distribuir uma força no eixo horizontal, a resultante realiza um movimento sobre
o eixo vertical.
3.4.1 Girodirecional
134
Enquanto na Figura 38.B, a mesma aeronave está em uma atitude de subida e curva à direita.
Figura 38.A - Indicador de atitude de uma Figura 38.B - Indicador de atitude de uma
aeronave nivelada aeronave realizando curva
É conhecido também como pau e bola pelo fato de serem dois instrumentos em um só.
Nele, há um traço para o indicador de curva e uma esfera para indicar a derrapagem.
A esfera permanece dentro de uma câmera cheia de querosene que tem o intuito de amortecer
seu deslocamento e, quando as asas então niveladas ou em uma curva controlada, ela se mantém
no centro.
Caso haja a pretensão de se deslocar na direção da curva, a aeronave estará glissando, isto é, indo
para dentro da curva e, se a esfera estiver indo para o lado oposto da curva, ela estará derrapando.
A curva padrão é 360º em dois minutos, então o ponteiro indica se a aeronave está em uma curva
rápida ou lenta.
As Figuras 39.A, B e C apresentam as três condições em que a aeronave pode realizar uma curva.
Em curva coordenada, o ponteiro indicará a direção da curva, quanto mais inclinado o ponteiro,
mais rápida será a curva e a esfera permanecerá no centro. Em caso de curva com glissada, a
esfera se desloca do centro para a direção em que a curva estará sendo realizada. E, em curva com
derrapagem, a esfera se desloca para o lado oposto.
Figura 39.A - Indicações observadas em Figura 39.B - Indicações observadas em Figura 39.C - Indicações observadas em
um indicador de curva coordenada um indicador de curva com glissada um indicador de curva com derrapagem
135
3.4.4 Acelerômetro
O acelerômetro (Figura 40) visa a indicar a força vertical que a aeronave sofre quando em
manobra. Sua escala está definida na unidade g (cada unidade é a multiplicação da gravidade
sobre a aeronave).
Esse instrumento é muito empregado em aviões de caça ou de manobra que estão sujeitos à
grande variação de aceleração vertical. Uma indicação positiva existe quando uma aeronave realiza
uma subida muito rápida. Nessa situação, é possível sentir o corpo ir de encontro ao assento.
Caso a aeronave realize uma descida muito brusca, a indicação será negativa e a tendência do
corpo é sair do assento. O indicador apresenta ainda mais dois ponteiros que acompanham
o principal, mas ficam fixos na posição de maior aceleração apontada durante o voo positivo
e negativo.
Figura 40 - Acelerômetro
O acelerômetro opera pelo princípio de inércia e, em seu interior, é encontrado um peso que
se desloca livre sobre um eixo. Quando recebem uma força vertical, a aeronave e o eixo do
instrumento se movimentam mantendo o peso parado e, devido à inércia, esse movimento é
transmitido por engrenagens e polia até o ponteiro no visor do indicador.
3.4.5 Maquímetro
Em uma aeronave a jato, é importante saber a relação da velocidade atual com a do som, cuja
unidade é o Mach. Quando se está próximo a romper a barreira do som, existe uma resistência
para o avanço. Posto isso, é necessário um aumento muito grande de potência para um pequeno
ganho de velocidade. O maquímetro, evidenciado na Figura 41, auxilia o piloto a não voar nessa
zona de velocidade por muito tempo.
Figura 41 - Maquímetro
136
Nas aeronaves mais modernas, há um sistema primário de voo (Figura 42) para gerir todos os dados
de direção e ar. Ele recebe informação do sistema anemométrico, do detector de fluxo e funciona
também como um giroscópio de massa sólida, alimentando as informações dos instrumentos de
voo e navegação. Além disso, ele apresenta toda a informação em um único display e trabalha em
conjunto com o piloto automático o radar e outros sistemas que necessitem dessas informações.
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentados os diversos instrumentos empregados para auxiliar os pilotos
durante o voo. Comumente, eles são divididos em instrumentos de voo e de navegação.
Os instrumentos de voo são aqueles que indicam como a aeronave está se comportando durante
a operação aérea. Como exemplo estão: informação de altitude e velocidade. Enquanto os
instrumentos de navegação apresentam a informação da proa da aeronave, sua atitude, entre
outras informações. São eles que assessoram o piloto a navegar no destino correto.
Diante do exposto, é muito importante que o piloto tenha todas essas informações de maneira
rápida, acessível e confiável. Quando colocadas de forma equivocada, elas são capazes de prejudicar
a consciência situacional do piloto.
Além disso, é fundamental que o mantenedor conheça detidamente todo o funcionamento desses
equipamentos, a fim de garantir sua correta operação, assegurando todo o processo de voo.
137
138
Capítulo 4
Instrumentos diversos
Existem instrumentos que não se encaixam em nenhuma das classificações existentes. Portanto,
eles são considerados avulsos, o que não diminui a sua importância.
Esses equipamentos informam à tripulação o tempo de voo, a situação dos sistemas elétricos, as
condições do ambiente no exterior da aeronave, entre outros.
Dessa maneira, auxiliam ainda mais na percepção de determinadas situações do voo e da aeronave
e, por isso, precisam ser observados com bastante precaução.
Os tipos de instrumentos diversos que integram o painel de uma aeronave variam bastante e são
definidos pelo fabricante durante o projeto.
Alguns instrumentos estão presentes em praticamente todos os aviões, pois são informações
necessárias para auxiliar o piloto durante o voo. Os relógios e o sistema de quantidade de
combustível, por exemplo, sempre estarão presentes. Isso se deve ao fato de ser imprescindível para
a navegação estimar as horas de alcance do destino e saber qual a concentração de combustível
presente nos tanques.
Por outro lado, alguns instrumentos serão presentes apenas nas aeronaves que se sujeitem a
condições e voos específicos. Por exemplo, em uma de caça ou acrobática, um medidor de fadiga
pode ser essencial. Enquanto em uma de pequeno porte que realiza um voo sem muitas manobras
ou subidas e descidas bruscas um indicador de ângulo de ataque se torna um instrumento
supérfluo.
A seguir, serão apresentados alguns desses instrumentos, assim como funções e funcionamentos.
O propósito é fornecer ao mecânico um conhecimento apurado para atuar sempre de maneira
eficiente e segura.
a) Relógio
139
No formato digital (Figura 44), fornece outras informações conforme o modelo, por
exemplo: hora local e mundial, cronômetro e tempo de voo. Em algumas aeronaves, este
último se inicia automaticamente por meio de sensores que recebem a informação quando
os trens de pouso estão estendidos, após a decolagem. Sua alimentação geralmente é por
bateria ou pilha alcalina.
140
c) Indicador de ângulo de ataque
Existem alguns indicadores que não apresentam um instrumento indicador do ângulo, como
o apresentado na Figura 47. Eles apenas fornecem um sinal sonoro para alertar o piloto e, em
algumas aeronaves mais modernas, o manche sofre uma trepidação além do sinal sonoro.
141
d) Voltamperímetro
Figura 48 - Voltamperímetro
e) Medidor de fadiga
Uma aeronave, assim como todos os equipamentos, estará sujeita à fadiga de material.
Contudo, no tipo acrobática, há a possibilidade de a aceleração vertical aumentar
consideravelmente esse fator de risco sobre a sua estrutura.
O medidor de fadiga, localizado sempre próximo do CG, constitui-se de um acelerômetro
CG: centro de gravidade e um contador que determina quantas vezes a aeronave foi submetida a alguns valores
da aeronave, ponto onde, específicos da unidade g. Com a finalidade de evitar que as indicações em solo sejam
teoricamente, se apoiado, a
aeronave fica em equilíbrio.
computadas, esse instrumento é conectado a sensores que bloqueiam a energização,
liberando-a somente após a decolagem. Ele possui, ainda, um sistema para medir a
frequência da força sofrida com vistas a evitar confundir uma vibração natural com
aceleração vertical.
f ) Sincroscópio
Figura 49 - Sincroscópio
142
g) Indicador de quantidade de combustível
No sistema que utiliza uma boia, ele funciona como um potenciômetro. Conforme o
combustível é consumido, a boia vai abaixando e criando uma variação da resistência
do sistema. Como consequência, a nova quantidade de combustível no instrumento
será informada.
Enquanto no sistema que usa capacitores, sensores estão instalados dentro dos tanques
de combustível. Conforme a quantidade de combustível começa a variar, a alteração da
porcentagem de combustível e ar dentro do tanque muda, resultando em um novo valor
na capacitância dos sensores. Estes, por seu turno, enviam um sinal para uma unidade
amplificadora instalada na aeronave.
Esse sinal ampliado é recebido pelos instrumentos no painel que informam a nova
quantidade de combustível ao piloto. Um exemplo desse sistema é evidenciado
na Figura 50.
143
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentados diversos instrumentos avulsos que auxiliam o piloto durante
o voo. Mesmo aqueles que não apresentam indicações de voo e navegação trazem informações
úteis a serem empregadas por ele. Como exemplo, podem ser citados: relógios, medidores de
fadiga, voltamperímetros, entre outros.
Também foi apresentado o sistema de indicação de quantidade de combustível que auxilia
na ciência da tripulação quanto à quantidade de combustível ainda existente nos tanques,
possibilitando a autonomia de voo.
Ao mecânico, resta a função de conhecer as peculiaridades dos sistemas e estar apto a atuar
corretamente na manutenção de cada um. Assim, quando da necessidade do piloto, as
informações estarão disponíveis de maneira confiável e rápida para utilização.
144
Unidade 5
Prática de oficina I
A ajustagem tem o objetivo de reparar alguma peça que possa ter sofrido uma avaria, de
modo a deixá-la em condições de uso novamente. Esse processo economiza gastos com
a aquisição de material e tempo de espera.
Ao final, serão enfatizados normas e procedimentos de segurança nas oficinas, bem como
combate a focos de incêndios e primeiros socorros. Conhecimentos esses essenciais a
uma operação sem riscos de acidentes.
145
146
Capítulo 1
Procedimentos básicos de oficina
Uma oficina é composta de diversos equipamentos, por exemplo: tornos, serras, furadeiras,
instrumentos de medição, etc. Saber a aplicabilidade de cada um garante resultados de qualidade
Torno: máquina-ferramenta
no menor tempo possível. provida de um eixo horizontal
rotativo.
147
A leitura da régua (Figuras 2.A a 2.D) é feita de forma simples. Todavia, como a indicação
0 (zero) é feita pelo começo da régua, é possível utilizar o ponto 1 cm para iniciar a medição,
lembrando sempre de subtrair esse valor da medida encontrada.
Figura 2.A - Medição interna com régua graduada Figura 2.B - Medição externa com régua graduada
Sistema métrico:
sistema de medição
internacional decimalizado Figura 2.C - Medição de profundidade com Figura 2.D - Régua graduada com encosto
adotado no Brasil, tem como régua graduada
unidade o metro.
Sistema inglês: sistema No sistema métrico, a menor resolução apresentada é a de 1 mm. Contudo, muitas réguas
utilizado nos países apresentam, em uma seção da escala, uma resolução menor de 0,5 mm.
anglo-saxões, tendo como
unidades a polegada, o pé, a No sistema inglês, geralmente, é utilizada uma escala com polegada fracionária em que 1 polegada
milha, entre outros.
é dividida em 16 partes, equivalendo à menor resolução: 1 . Assim como no sistema métrico
16
Retificada: correção de que apresenta uma seção da escala com uma resolução menor de 1 ou em alguns casos até 1 .
irregularidades de superfície 32 64
da peça.
• 1 polegada equivale a 25,4 mm ou 2,54 cm;
• A conversão de uma polegada fracionária para milímetro faz-se multiplicando 25,4 pelo
numerador e dividindo o resultado pelo denominador. Exemplo:
3 => 25,4 x 3 = 76,2 => 76,2 ÷ 4 = 19,05
4
Ou seja: 3 de polegada equivalem a 19,05 mm.
4
1.1.2 Calibradores
Calibradores são instrumentos utilizados para realizar medições indiretas por comparação, em
que não se apresenta uma escala com valores numéricos.
148
É importante ressaltar a existência de modelos em que esses lados não formam uma
peça única, sendo, então, os lados passa e não passa formando um conjunto de duas
peças (Figuras 3.A, B, C e D).
1.1.3 Paquímetro
O paquímetro é um tipo de régua graduada feito de aço inoxidável com superfícies retificadas.
Ele possibilita as medições interna, externa, de ressalto e de profundidade, representadas
pelas Figuras 4.A, B, C e D. Sua resolução é menor que de uma régua graduada, chegando
a 0,05 mm.
O tipo mais utilizado é o paquímetro universal, que pode ser analógico ou digital.
149
Leitura de paquímetro
Figura 5.A - Leitura de paquímetro em milímetro Figura 5.B - Leitura de paquímetro em polegada fracionária
1.1.4 Micrômetro
Micrômetros são instrumentos de medição mais precisos que o paquímetro. Seu princípio de
funcionamento é baseado na porca e no parafuso, de maneira que uma volta completa da porca
resulta em uma distância linear equivalente ao passo do parafuso. É possível que sua escala seja
gravada no instrumento por intermédio de um contador mecânico ou de um display digital.
150
São partes do micrômetro externo de acordo com a Figura 6:
a) arco;
b) batente;
c) faces de medição;
d) encosto móvel;
e) bainha;
f ) vernier;
Figura 6 - Partes do micrômetro externo
g) tambor;
h) catraca;
i) escala fixa;
j) trava;
k) isolante térmico
Leitura de micrômetro
Após esses cuidados, é imprescindível realizar a leitura somando o valor da escala fixa (A+B)
com a do tambor (C), dispondo como referência da linha central na escala fixa e do início do
tambor. Caso o micrômetro apresente o nônio, é realizada a soma da medida que coincide com
o tambor (D), conforme mostrado nas Figuras 7.A e 7.B.
Figura 7.A - Leitura de micrômetro escala métrica Figura 7.B - Leitura de micrômetro polegada decimal
151
1.2 Ferramentas manuais
São equipamentos utilizados para auxiliar o mecânico nos trabalhos de ajustagem em bancada:
• compasso;
• lima;
• serra;
• machos;
• cossinetes;
• raspadores.
1.2.1 Compasso
Figura 8.A - Compasso Figura 8.B - Compasso com Figura 8.C - Compasso com
Lima: ferramenta fabricada
ponta reta pontas para fora pontas para dentro
em aço com alto teor de
carbono em sua composição,
sendo endurecida e
temperada para adquirir 1.2.2 Lima
maior resistência no
desbaste de superfícies. As limas são fabricadas de aço ferramenta e são usadas para:
Aço ferramenta: aço • desbastar;
especial utilizado para
confecção de ferramentas de
• remover rebarbas;
elevada dureza e resistência • nivelar ou alisar uma superfície;
à abrasão.
• entre outras.
Rebarba: resto de material
acumulado nas quinas da
peça antes do acabamento.
152
A classificação dessas ferramentas é feita pelo tamanho, pelo formato da seção e pela espessura
da ranhura. Quanto menor a quantidade de dentes, mais grossa é a lima e mais material
ela remove em um passo, caracterizando as limas bastardas. Por outro lado, as com muitos
dentes, denominadas limas murças, são mais finas e removem menos material, proporcionando
acabamento superficial mais requintado. As limas bastardas e as murças são evidenciadas
nas Figuras 9.A e 9.B.
As limas costumam acumular o metal removido em suas ranhuras, perdendo, assim, seu poder
de corte. Posto isso, é recomendável limpá-las utilizando uma escova de aço.
Quanto mais mole o material, mais fácil é removê-lo. Entretanto, como consequência, o
acúmulo nas ranhuras é maior. Devido a isso, as limas para metais mais moles, como alumínio
e latão, manifestam ranhuras especiais para facilitar o trabalho.
Quando existe a necessidade de retirar uma grande quantidade de material para chegar ao ajuste
ideal, a limagem se torna um processo cansativo e lento. Nesses casos, o processo substituível
mais eficaz é a serragem, na qual se utiliza a serra de mão (Figura 10). Ela é constituída de um
arco, em que se monta a lâmina de serra, com um cabo para ser manuseado. A lâmina é feita
de aço com um lado liso e outro com os dentes de serra. Nas suas pontas, são encontrados os
furos a serem encaixados no arco de modo que os dentes fiquem posicionados à frente. Para que
a serra não trave durante o processo, os dentes apresentam uma inclinação lateral, chamada de
trava. O que define o número de dentes necessário à lâmina é a espessura e a dureza do material
a ser cortado.
153
O processo de serragem se assemelha ao de limagem. Portanto, consiste, basicamente, em:
• traçar uma linha de referência para auxi-
liar o corte;
• posicionar o arco de serra na linha segu-
rando com uma mão no cabo e, com a
outra, a parte da frente a fim de garantir
maior firmeza;
• realizar um movimento de vai e vem,
lembrando-se que só há remoção de ma-
terial no deslocamento para frente;
• remover, na volta, a pressão sobre a peça
para evitar danos à lâmina. Figura 10 - Serra de mão
Um mantenedor precisa ficar atento para confeccionar ou reparar roscas, uma vez que o restauro
eficaz evita o descarte de uma peça. Para essa tarefa existem algumas ferramentas especiais: o
cossinete e o macho.
a) Machos - são ferramentas fabricadas em aço rápido, usadas para confecção de roscas
internas em peças. Possuem, em seu corpo, os filetes de roscas fornecidos em um jogo de
Aço rápido: tipo especial de
aço ferramenta empregado
três unidades para que a remoção de material seja gradual, facilitando seu uso e evitando
na confecção de brocas, sua quebra. Cada jogo de macho (Figura 11.A) confecciona uma rosca de tamanho e
fresas, machos. tipo específicos.
Para iniciar o processo, é preciso:
• verificar a rosca necessária e, por meio de tabelas, realizar um furo na peça, prendendo-a
à morsa de maneira a manter, se possível, o furo na vertical;
• colocar o primeiro macho do jogo no desandador (Figura 11.B), ferramenta usada para
fixar e facilitar o uso do macho;
• encaixar o macho no furo;
• exercer pressão;
• girar o desandador, verificando a perpendicularidade, até todo o macho ultrapassar o furo;
• repetir o processo com os outros dois machos do jogo.
154
b) Cossinetes - são ferramentas usadas para confeccionar rosca externa em peças.
Têm as mesmas características dos machos, mas não são fornecidas em jogo de três.
• terminar de rosquear com movimentos alternados, que consistem em realizar meia Cavaco: pedaço de material
removido da peça no
volta no sentido horário e um quarto de volta no sentido anti-horário para a quebra processo de usinagem.
do cavaco.
Sulco: depressão linear na
O processo de confecção de rosca externa é apresentado na Figura 12.D. peça, ruga.
1.2.5 Raspagem
155
ferramenta raspador ou rasquete, cuja ponta afiada é confeccionada de aço rápido ou metal duro.
Isso proporciona melhor acabamento superficial, uma vez que é possível alcançar uma remoção
Metal duro: liga de
carboneto de tungstênio,
de material de 0,01 mm, valor menor que o de um cavaco na limagem.
produzida pela metalurgia
do pó, usada na confecção A operação consiste em verificar os pontos que necessitam de raspagem e posicionar o raspador,
de ferramentas de melhor movimentando-o para frente, exercendo pressão de modo a remover o excesso de material.
qualidade.
A apuração do resultado do serviço, a fim de averiguar em quais pontos ainda é necessária a
Máquina-ferramenta:
dispositivo mecânico raspagem, é realizada ao espalhar uma tinta de contraste na peça, passando-a sobre uma régua
geralmente empregado na de centro, um cilindro padrão ou desempeno.
fabricação de componentes
de metal de máquinas de
corte seletivo e remoção de
metal em indústrias.
Figura 13 - Raspagem
O ato de perfurar peças com uma furadeira manual é trabalhoso e muito cansativo, devido à
dificuldade em manter o correto posicionamento e nivelamento do furo. Para isso, é possível
utilizar a furadeira de bancada, que se constitui de:
• uma coluna em que é fixada uma base;
• uma mesa móvel;
• um cabeçote acionado por um motor elétrico na sua parte superior;
• um mandril para fixação da broca;
• uma alavanca para descer a broca em direção à peça. Alguns modelos apresentam uma
chave para mudança de velocidade.
156
O uso dessa furadeira consiste em:
• traçar a posição do furo antes de começar;
• puncionar o local para facilitar a furação, evitando que a broca escor-
regue;
• prender a peça na mesa móvel, aproximando a parte superior da peça
da broca;
• movimentar a mesa de modo a alinhar a ponta da broca ao ponto da
punção;
• travar a mesa e verificar se o alinhamento foi deslocado;
• ligar a furadeira;
• deslocar a broca até a peça, começando a furação com o auxílio da alavanca.
Algumas furadeiras têm um limitador de curso na alavanca para Figura 14 - Furadeira
simplificar a execução de furos não passantes. de bancada
A utilização correta desse tipo de ferramenta requer consultas frequentes a tabelas a fim de:
• verificar o tamanho do furo a ser realizado com a broca;
• trespassar lentamente o alargador (Figura 15.A) no furo, verificando a perpendicularida-
de e girando-o sempre no sentido horário para não danificar as arestas cortantes;
• usar baixa rotação em máquinas; Desandador: porta-
ferramenta utilizado para
• usar um desandador nos procedimentos manuais;
prover movimento giratório
• verificar a medida com auxílio de micrômetros ou calibradores tipo tampão após a machos e alargadores, por
exemplo.
o processo.
157
1.3.3 Torneamento em aços e ligas leves
Tornear é o processo de usinagem executado no torno mecânico. Consiste em usinar uma peça
em movimento uniforme de rotação sobre um eixo fixo em que uma ferramenta de corte retira o
material, progressivamente, até a medida desejada. Essa ferramenta, geralmente confeccionada
de aço rápido ou metal duro, é fixada no porta-ferramenta do torno e, com um avanço linear,
manual ou automático, ela retira o material na profundidade selecionada.
A confecção de roscas é uma operação muito significativa que requer atenção no torno.
Para iniciá-la, é essencial observar, em tabelas e catálogos, os dados da rosca a ser executada,
como o passo, o avanço, o diâmetro do eixo, ou furo, e a profundidade dos filetes.
158
As Figuras 17.A, B, C e D mostram, respectivamente, uma rosca interna e externa, assim como
seus elementos; a investigação do passo da rosca e sua elaboração; o posicionamento correto da
ferramenta para confeccioná-la e, por último, o processo de preparação de rosca externa.
Figura 17.A - Rosca externa e interna e seus elementos Figura 17.B - Verificação do passo da rosca e confecção
Figura 17.C - Posicionamento da ferramenta para confecção Figura 17.D - Confecção de rosca externa
de rosca
Com o decorrer do tempo, uma ferramenta de corte naturalmente perde seu poder cortante,
resultando em baixa eficiência e aquecimento excessivo. Quando isso ocorre, é recomendável
afiá-la com o auxílio de um esmeril. Esmerilhar consiste em afiar o corte de ferramentas e as
brocas em ângulos preestabelecidos.
159
O ângulo das brocas (Figura 18.A) é de 118º e 90º, dependendo da dureza do material.
Enquanto o das ferramentas de corte (Figura 18.B) pode ser especificado observando os
gabaritos existentes para cada tipo de operação.
A operação consiste em encostar a ferramenta ou a broca na pedra do esmeril no ângulo
desejado, esmerilhando até conseguir a afiação adequada, repetindo essa operação em todos
os lados.
1.4 Solda
É um processo de união de matérias imprescindível para fabricação de peça, recuperação, união
de tubos, fixação de fios e terminais elétricos, entre outras. Geralmente, no ponto de união da
solda ocorre uma fusão das peças com o metal-base da solda tornando essa união permanente.
Existem vários métodos de soldagem, cada um com suas vantagens e desvantagens, necessitando
de um curso voltado apenas para a prática de solda. Há, porém, alguns que requerem atenção:
a solda de estanho, a de prata, a de oxiacetileno e a elétrica.
160
A solda de prata é largamente usada para solda de cobre e suas ligas, níquel e prata.
Todavia, a maior utilização em uma aeronave é na fabricação de dutos de oxigênio de alta
pressão e partes que precisam suportar vibração e altas temperaturas, pois ela gera uma junta de
resistência maior. O processo consiste em aquecer uma vareta de liga à base de prata e cobre,
podendo haver outros elementos, derretendo-a a fim de conseguir a união da peça.
Por outro lado, a solda oxiacetileno (Figura 20.A) usa a mistura de dois gases, oxigênio e
acetileno, para a produção de chama no maçarico, criando, sobre a peça, uma poça de fusão
que une dois metais, com ou sem metal de adição, em forma de vareta. O maçarico deve
proporcionar a regulagem da porcentagem de cada gás para conseguir a melhor chama para
cada tipo de material.
Por último, a solda elétrica (Figura 20.B) é amplamente utilizada na indústria devido à sua
qualidade e aos seus custos acessíveis. Consiste em um processo em que a poça de fusão é obtida
por intermédio do calor gerado por um arco elétrico sobre a peça, enquanto o arco é obtido por
meio de uma máquina de solda. O cordão de solda é formado a partir de um eletrodo revestido,
que é constituído de um metal em seu núcleo e revestido de minerais, ligas de ferro e outros
elementos. O núcleo, além de ser responsável pela passagem da corrente elétrica, serve como
metal-base que se funde à peça. O revestimento e os gases liberados têm a função de proteger a
solda até sua completa solidificação.
Após o processo de soldagem, o cordão precisa ser inspecionado a fim de evitar defeitos que
interfiram na qualidade, na garantia da segurança e no funcionamento da peça.
Essa inspeção, realizada por um profissional habilitado, é por métodos visuais ou por
ensaios não destrutivos, como líquido penetrante, raio X, ultrassom, entre outros.
161
Existem vários defeitos (Figuras 21.A, B e C) que podem ser encontrados em um cordão de
solda. São eles: trincas, falta de fusão, porosidade, falta de penetração, inclusões, etc.
Os arames de freno, por sua vez, evitam que parafusos se soltem em razão das vibrações comuns
Arame de freno: arame nas aeronaves.
flexível de aço, cobre ou
latão usado para evitar que
parafusos, porcas e qualquer 1.5.1 Fixação de conexões em cabos de aço usados na aviação
peça sujeita a vibrações se
solte. Para unir um cabo a outros ou a superfícies de comando são usados conectores. Existem vários
tipos deles, os mais comuns são os embutidos. Com a finalidade de fixar um cabo em um
conector embutido, é necessário inserir, aproximadamente, uma polegada da ponta do cabo,
dobrando-o em direção ao conector para criar um nó que forneça o atrito de fixação necessário.
162
Essas inspeções objetivam encontrar fios rompidos nos cabos, principalmente nas partes
em que passam por polias ou roldanas. Um método recomendado é passar um pano sobre
o cabo. Caso haja fios partidos, o pano enroscará. Entretanto, não se garante a efetividade
desse procedimento, exigindo-se uma verificação visual para confirmação da ausência de fios
rompidos e, também, de corrosão.
O teste de resistência é realizado para garantir que o conector esteja fixado de maneira segura.
Ele equivale à aplicação gradual de uma carga de até 60% da carga de rompimento do cabo, a
qual precisa ser mantida por cerca de três minutos.
1.5.3 Frenagem
Em resumo, é possível realizá-lo manualmente ou com o auxílio de um alicate de freno. Usinabilidade: facilidade
que um material tem de ser
usinado sem perder suas
1.5.4 Tratamento térmico em aço propriedades.
Cementação: tratamento
O processo de tratamento térmico em aço consiste em realizar aquecimento e resfriamento do termoquímico que consiste
material a fim de alterar propriedades, como dureza, ductilidade e usinabilidade, sem mudar em carbonizar a camada
superficial da peça, criando
sua forma. Dentre os processos, um dos mais utilizados é a têmpera do aço. uma camada dura, resistente
ao desgaste.
163
1.6 Tubulações
As tubulações são empregadas em aeronaves a fim de prover um meio de transportes de
vários sistemas. Elas transportam combustível, óleo do sistema hidráulico e de lubrificação,
entre outros.
1.6.1 Curvatura
Em uma aeronave, o caminho a ser percorrido por uma tubulação nem sempre será uma linha
reta. Diante disso, é importante realizar curvas nas tubulações por intermédio de ferramentas
manuais ou por máquinas específicas. Todavia, é essencial evitar o achatamento da tubulação
na curva, assim como sua ruptura, garantindo a realização de uma curva suave.
1.6.2 Flangeamento
Esse processo fundamenta-se em confeccionar um flange (Figura 23.A) na extremidade de uma
tubulação (Figura 23.B). Um tubo flangeado, quando bem preso em uma conexão, apresenta
boa vedação.
O flangeamento é realizado por uma ferramenta manual que possui os moldes para vários tipos
de flanges (Figura 23.C).
Figura 23.A - Ferramenta para Figura 23.B - Flange em Figura 23.C - Exemplo de encaixe entre tubo flangeado
confecção de um tubo e uma união
flange em tubos
1.6. Frisamento
É o ato de realizar frisos nos tubos. Para isso, é utilizada uma frisadora manual. Esses frisos são
usados para alicerçar um tubo em um equipamento por meio de braçadeiras (Figuras 24.A e 24.B).
164
1.6.4 Conexões e uniões
Para se unir um tubo a outro ou a equipamentos, são utilizadas conexões e uniões de diversos
tipos. Por exemplo: os niples, as curvas e as uniões em forma de (T) (Ts). Ao conectar uma
Niple: peça ou conexão
tubulação, é recomendável verificar a inexistência de trincas que podem ocasionar vazamentos, cuja função é conectar duas
e observar o correto aperto. Este último, quando excessivo, é capaz de danificar o tubo ou a peças com rosca interna.
conexão, e, quando frouxo, causar vazamento nas linhas. Curva e união em forma
de T: peça ou conexão cuja
função é conectar três peças
1.6.5 Inspeções e testes com rosca interna e realizar
curvas e derivações nas
As inspeções a fim de verificar a ausência de vazamentos nos tubos precisam ser realizadas linhas das tubulações.
Além disso, quando uma nova tubulação for confeccionada, é fundamental investigar, além dos
vazamentos, se ela resiste às pressões a que será submetida.
1.7 Corrosão
É o processo de deterioração do metal provocado por processo químico ou eletroquímico.
Além de destruir o acabamento superficial, a corrosão danifica a estrutura da peça, ocasionando
ruínas e, consequentemente, comprometendo a segurança da atividade aérea.
Existem dois tipos de processo de remoção de corrosão de uma peça aeronáutica, o mecânico
e o químico.
165
a) No processo mecânico, são utilizados: lixas, esponjas abrasivas, polidores elétricos e es-
covas de aço. É válido ressaltar que nem sempre toda a corrosão é removida. Além disso,
em peças com um alto nível de controle dimensional, esse método é impraticável.
b) No processo químico, são usados produtos que reagem com a corrosão removendo-a.
Ainda assim, é de suma importância remover a peça da aeronave quando possível ou
então isolar muito bem a área, pois o resto desses produtos, quando em contato com
pontos da peça sem corrosão, dá início ao processo químico.
A proteção contra corrosão começa durante a confecção da peça. Portanto, evitar superfícies
rugosas e cantos vivos reduz a chance do acúmulo de agentes químicos.
Canto vivo: aresta cortante Após sua confecção, as peças admitem processos de proteção superficiais, como galvanização e
em peças após a operação pintura, por exemplo. Outro método de proteção é a inserção, de metais de sacrifício, quando
de usinagem.
possível, que serão atacados primeiramente para identificar a presença de agentes corrosivos.
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentados diversos métodos de usinagem em materiais, procedimento
primordial em manutenção de aeronaves. O conhecimento dessas técnicas favorece suporte
mais ágil e econômico, pois ajuda a administrar melhor o tempo e reduzir o investimento em
peças novas.
166
Capítulo 2
Procedimentos de segurança nas oficinas
167
Como os cavacos são lançados da peça em direção
ao operador, como evidencia a Figura 25, alguns
podem atingir olhos e rosto. Assim, o equipamento
de segurança eficaz como barreira a ser utilizado são
os óculos de segurança ou a máscara facial.
Ao executar qualquer trabalho em aeronaves, é essencial dedicar atenção para que escadas,
bancadas e quaisquer equipamentos de solo utilizados não danifiquem a fuselagem ou algum
sistema. Da mesma maneira, também há a possibilidade de ferramentas esquecidas travarem
algum sistema e resíduos de solventes, graxas e quaisquer matérias favorecerem o surgimento
de corrosão. Em razão disso, é recomendável sempre ter cautela na realização dos processos.
No decorrer da inspeção de uma aeronave, a área precisa ser isolada com fitas ou correntes.
Desse modo, as pessoas não envolvidas estão isentas de acidentes por entrarem indevidamente
naquele espaço.
Em resumo, o manual de manutenção informa todos os procedimentos corretos a serem
tomados a fim de garantir a execução com toda a segurança possível, além das ferramentas
propícias ao cumprimento eficaz do serviço.
2.1.3 Eletricidade
O mantenedor está sempre sujeito a diversos riscos, como choque, explosões e queimaduras,
tendo em vista que trabalha com circuitos elétricos. Portanto, além das luvas, é primordial o
uso de calçados isolantes durante todo o serviço.
O calçado de segurança é fabricado de material isolante com o propósito de evitar que a corrente
elétrica atravesse o corpo causando danos severos. A passagem de altas correntes elétricas no
corpo ocasiona queimaduras, convulsões e parada cárdica.
Uma corrente elétrica a partir de 20 mA causa dor; de 20 a 100 mA, convulsão e parada
respiratória; de 100 a 200 mA, fibrilação; e acima desses valores, parada cardíaca e queimaduras.
A passagem da corrente faz o indivíduo perder o controle sobre a musculatura, dificultando a
soltura do contato elétrico.
168
Antes de iniciar, o mantenedor precisa averiguar se a fonte de energia está desconectada,
verificando a existência de energia residual e, sempre que possível, desarmar os disjuntores
para manter os circuitos elétricos sem energia. Um treinamento específico para atividade com
energia elétrica também é recomendável.
2.2 Extintores
É recomendável ter fácil acesso aos extintores de incêndio para rápida utilização quando um
foco de incêndio surgir. Para que o combate seja efetivo, é necessário que o operador esteja
acostumado aos manejos e detalhes de cada tipo.
Tipos e operação
É importante saber que a água nem sempre é eficiente para extinguir um foco de incêndio e,
em determinados casos, é capaz de agravar a situação. Por isso, os incêndios são divididos em
classes (Figura 26) e existe um tipo de extintor ideal para cada tipo.
São classes de incêndio:
• classe (A) - incêndios em materiais sólidos que deixam resíduos, por exemplo, papel
e madeira;
• classe (B) - incêndio em líquidos, graxas e gases inflamáveis;
• classe (C) - incêndio em equipamentos elétricos energizados;
• classe (D) - metais pirofóricos, como magnésio, lítio e titânio.
Existem, também, vários tipos de agentes extintores:
• água - usada para o resfriamento e, algumas vezes, para abafamento. Ideal para classe (A);
• gás carbônico - não conduz eletricidade, por isso é ideal para classe (C). Pode ser utilizado
em classe (B), por possuir ação de abafamento. Pelo fato de ser asfixiante, é importante
tomar cuidado ao usá-lo em locais apertados;
• pó químico - age quebrando a reação química, desse modo é ideal para as classes (B) e (C).
Existe, também, um tipo especial de pó químico específico para classe (D);
• espuma - usada para classe (B), age por abafamento e resfriamento. É utilizado para classe
(A) também.
Além das quatro classes mencionadas, existe a chamada classe (K), que abrange os
incêndios iniciados com óleos e gorduras nas cozinhas. O extintor da referida classe
apresenta uma solução úmida de acetato de potássio que cria uma espuma asfixiante
sobre as chamas.
169
2.3 Primeiros socorros
Independentemente da consciência da empresa e do mantenedor quanto à segurança no ambiente
de trabalho, o risco de acidentes ainda existe. Posto isso, é imprescindível ter conhecimentos
acerca dos primeiros socorros, de maneira a proceder aos cuidados corretamente até a chegada
de uma equipe médica especializada.
2.3.1 Choque
É permissível desapertar as roupas e os acessórios da vítima com cuidado. Caso ela esteja com
sinais vitais, mas inconsciente, a posição lateral de segurança é a mais indicada.
A respiração artificial é procedimento muito usado, que, muitas vezes, salva a vida das pessoas.
Ao realizá-la, o socorrista injeta ar pelas vias aéreas de uma vítima com parada respiratória.
170
• iniciar compressões torácicas colocando uma mão sobre o peito da vítima e a outra por
cima, entrelaçando-as, e realizar uma sequência de 30 compressões;
• afundar, pela força de compressão, 5 cm o peito de um adulto e 4 cm o de um bebê. Ao
cessar a pressão, espera-se o retorno do peito da vítima à posição normal. O ritmo de
compressão tem de ser, aproximadamente, 100 compressões por minuto ou mais rápido;
• pinçar o nariz e levantar o queixo da vítima, respirar normalmente realizando duas insu-
flações de, aproximadamente, um segundo cada, verificando se o peito dela está subindo;
• continuar a realizar a sequência de 30 compressões e duas insuflações até o resgate chegar,
sendo importante observar que o tempo entre o fim das compressões e o início da próxi- Insuflação: injeção de ar ou
outro gás.
ma sequência não pode demorar mais que 10 segundos.
2.3.3 Queimaduras
171
As queimaduras são divididas em três graus diferentes (Figura 30):
• primeiro grau - atingem apenas a camada superficial da pele, deixando a região vermelha
e dolorida;
• segundo grau - passam da primeira camada da pele, causando o surgimento de bolhas;
• terceiro grau - alcançam a camada mais profunda da pele, ocasionando derretimento. Em
casos mais severos, chega aos ossos e, dependendo do tamanho, a vítima pode entrar em
estado de choque. É o tipo mais perigoso e, por isso, há a obrigatoriedade de procurar
assistência médica o mais rapidamente possível.
2.3.4 Feridas
Resumindo
Neste capítulo, foi apresentado que o ambiente das oficinas está propício a diversos tipos de
acidentes. Todavia, com os devidos cuidados e a efetuação das normas de segurança, os riscos
diminuem consideravelmente.
Além disso, foram observados os diversos tipos de acidentes e suas precauções, bem como
o correto uso dos diferentes agentes extintores em caso de incêndio. Foi demonstrado,
também, como proceder de forma correta e eficiente, em casos de acidente, até a chegada de
ajuda competente.
172
Unidade 6
Prática de oficina II
Serão vistos, ainda, as fontes de energia elétrica com suas respectivas operações e os sis-
temas de proteção para os circuitos elétricos.
173
174
Capítulo 1
Fios e cabos elétricos
As aeronaves apresentam sistemas e componentes que necessitam de energia elétrica. Esta pode
ser fornecida por uma fonte externa ou pela própria aeronave por intermédio de suas baterias
antes do acionamento dos motores. Depois de acionados, são os geradores elétricos instalados
na caixa de acessórios que passam a fornecer a energia elétrica necessária ao funcionamento de
todos os sistemas elétricos. Em algumas aeronaves, o fornecimento da energia elétrica pode ser por
meio do gerador instalado na unidade auxiliar de potência, em inglês, auxiliary power unit (APU).
Isso normalmente em solo, podendo também ser utilizado em voo quando a situação for de
emergência, por falha dos geradores principais.
São necessários fios e cabos elétricos para conduzir a energia necessária ao perfeito funcionamento
de componentes como bomba de combustível auxiliar, atuadores elétricos, instrumentos, etc.
Esses fios são usados, ainda, para permitir que a energia chegue às lâmpadas, produtoras de
iluminação da cabine e dos painéis. Além disso, permitem o funcionamento do sistema de
comunicação de cabine, em inglês, passenger address (PA), entretenimento e de galley.
Os fios e cabos elétricos apresentam características específicas para cada sistema usado e Galley: considerada a
cozinha da aeronave.
identificação conforme sua cablagem, que pode ser elétrica ou eletrônica. Cada sistema elétrico
é formado por esquemas, chamados de diagramas, os quais facilitam a manutenção quanto à Cablagem: aglomerado
de fios para levar várias
identificação e à localização de cada componente elétrico utilizado. informações ou energia
elétrica ao mesmo ponto
ou a pontos próximos.
1.1 Características dos fios e dos cabos elétricos Dúctil: pode ser
estirado ou comprimido
sem quebrar, isto é,
Durante a realização de manutenção do sistema elétrico de aeronaves em oficina, é imprescindível manejável.
observar o estado geral dos fios e dos cabos elétricos e os componentes que formam o conjunto.
Para tanto, as recomendações dos fabricantes de aeronaves e os procedimentos previstos nos
manuais de manutenção e de reparo de componentes precisam ser seguidos rigorosamente.
Além disso, é importante ficar atento aos cuidados voltados ao manuseio durante a remoção e
instalação dos fios e dos cabos elétricos.
Os fios e os cabos são condutores rígidos ou retorcidos que apresentam uma camada isolante
chamada de revestimento. Vários tipos de materiais podem ser usados como condutores, o
ouro e a prata, por exemplo, são os melhores. Todavia, o cobre e o alumínio, por apresentarem
características próprias, são muito utilizados.
a) Cobre - apresenta alta condutibilidade. É dúctil e permite soldagens mais rápidas e fáceis
de serem alcançadas.
b) Alumínio - mais leve e barato que o cobre, porém apresenta apenas 60% de sua
condutibilidade.
175
As Figuras 1.A e 1.B ilustram esses tipos de condutores.
Uma característica importante dos fios e dos cabos elétricos a ser observada durante a realização
das manutenções de aeronaves é a bitola dos fios. Ela é um modelo padrão de fabricação codificado
pela medida americana de fio, em inglês, american wire gauge (AWG), que distribui os fios entre as
bitolas 0000, 000, 00, 0, 1 até a bitola 40. Quanto menor o número, maior é o diâmetro do fio.
Durante a substituição de fios e de cabos elétricos, sempre é utilizado um calibrador de fio para
efetuar a identificação da sua bitola. O calibrador é dividido entre a escala zero até a 36, em que
cada fenda mede o fio desencapado indicando sua bitola. A Figura 2 ilustra um calibrador de fio.
Outra característica a ser observada durante a realização da manutenção de fios e de cabos elétricos
é a perda de energia e a queda de voltagem, em que:
a) perda de energia - todo fio apresenta uma perda de energia elétrica em virtude de sua
transformação em calor. A perda de energia é chamada de I2 R e, quanto menor a
resistência dos fios, menor será sua perda I2 R. Contudo, esses fios são de diâmetros
maiores e, consequentemente, mais caros e pesados;
176
b) queda de voltagem - a queda de voltagem é chamada de (IR). Seu valor está ligado à
variação da carga, que provoca uma variação da corrente. Uma variação constante de (IR)
dificulta uma regulagem de voltagem. Para evitar queda de voltagem (IR) , a resistência
ou a corrente pode ser reduzida.
A identificação se divide em significante ou não significante. Sendo assim, a primeira é usada para
determinar a função do circuito a que pertence o fio ou cabo elétrico.
177
d) conjunto de números 20 - determina a bitola do fio utilizada.
178
Letra Sistema Letra Sistema
RL HF de comunicação TT Transmissores
RM Marker beacon TW Dispositivos meteorológicos
RN Navegação (VOR) TX Transmissores de TV
RS SHF de comando TY Receptores de TV
RT Rádio teletipo TZ Dispositivos de bombardeio
RU UHF de comando U Miscelânea eletrônica
RV VHF de comando V Potência CC
RX Gravador (FM e AM) W Alarme de emergência
RZ Interfone X Potência CA
S Radar Y Sistemas de armamentos especiais
SA Altímetro YA Ar-ar
SF Interceptor YB Ar-terra
SG De tiro YC Multifunção
SM De mapeamento YW Orientações de mísseis
SN De navegação YT Torre
Para a identificação não significante, a que não qualifica a função do circuito elétrico, é utilizada
a letra (W) seguida de um número de, no máximo, quatro algarismos. Os números pares
são usados para as cablagens do sistema elétrico e os ímpares para o sistema eletrônico.
Como exemplo da identificação: W004 (cablagem elétrica).
Durante a realização das manutenções dos sistemas e subsistemas elétricos, os cuidados com os
fios e cabos, após a sua identificação, são voltados à amarração, à frouxidão, às emendas e aos
encaminhamentos.
a) Amarração - é recomendada pelos fabricantes para facilitar os procedimentos de
manutenção de alguns tipos de amarração:
• amarração de grupo de fios e chicotes - limitados a menos de 75 fios e, no máximo,
duas polegadas de diâmetro.
179
• amarração com nó simples - utilizada em fios com diâmetro máximo de uma
polegada com espaçamentos de 5 cm entre os nós. As Figuras 5.A a 5.D ilustram
detidamente como deve ser realizada a referida amarração.
Estes são os passos a serem seguidos:
- (A) - dar uma volta ao redor do feixe;
- (B) - formar uma volta dupla;
- (C) - puxar as extremidades livres até que a volta dupla se aperte contra os fios;
- (D) - dar dois nós cegos para finalizar.
Figura 5.A - Amarração com Figura 5.B - Amarração Figura 5.C - Amarração com Figura 5.D - Amarração
nó simples e uma volta ao com nó simples e uma nó simples e volta dupla com nó simples e dois
redor do feixe volta dupla apertada contra os fios nós cegos
180
• amarração contínua com nó simples ou de laçada - quando o uso de apenas um
nó não for recomendado, é utilizada a amarração contínua. As Figuras 7.A a 7.D
ilustram esse tipo de amarração.
Estes são os passos a serem seguidos:
- (A) - iniciar com nó simples;
- (B) - apertar o nó no começo e fazer um meio laço;
- (C) - encerrar a amarração com nó simples;
- (D) - reforçar o nó utilizando cruzamento e nó cego.
Figura 7.A - Figura 7.B - Continuação Figura 7.C - Encerramento Figura 7.D - Reforço
Amarração contínua da amarração utilizando da amarração utilizando o da amarração contínua
com nó simples o meio laço nó simples com nó cego
181
b) Frouxidão - os fios não devem apresentar frouxidão com deflexões maiores que 1/2 polegadas.
A Figura 9 ilustra, por meio dos pontilhados vermelhos, o máximo de deflexão que os fios
podem apresentar de frouxidão.
c) Emendas - são permitidas emendas desde que em locais de fácil acesso para que possam ser
inspecionadas e verificadas suas integridades. A Figura 10 ilustra emendas corretamente
realizadas e de fácil visualização para futuras inspeções.
182
Figura 11 - Braçadeiras
Ao instalar as braçadeiras, é importante haver precaução a fim de evitar que um ou mais fios
sejam mordidos pela braçadeira. A Figura 12 ilustra uma instalação incorreta de braçadeiras.
São encontrados diversos tipos deles. Os mais comuns são: diagrama de blocos, pictorial e
esquemático. Pictorial: representação
a) Diagrama de blocos - é utilizado como auxílio na solução de falhas complexas no em desenho.
sistema elétrico ou eletrônico. Ele consiste em blocos individuais que representam os
componentes do sistema.
183
Pela Figura 13 é possível verificar um diagrama de blocos, tornando possível acompanhar o fluxo
de energia elétrica e identificar os componentes que interrompem esse fluxo, determinando,
assim, qual está com falha.
184
c) Diagrama esquemático - é utilizado para indicar a posição dos componentes, um em
relação ao outro, porém não demonstra seu funcionamento. Também é empregado para
a solução de problemas. A Figura 15 ilustra um diagrama esquemático.
Resumindo
Neste capítulo, foi visto que o funcionamento de vários componentes da aeronave e de seus
motores depende da energia elétrica dos sistemas e subsistemas elétricos. A energia é conduzida
por fios e cabos elétricos. Para tanto, a correta utilização de fios depende de suas características,
quais sejam: o material utilizado como condutor, sua bitola e suas perdas de energia e de
voltagem.
Durante a realização da manutenção dos sistemas elétricos, é essencial observar o tipo de fio
instalado, isto é, sua identificação, bem como o cuidado durante a instalação para realizar
amarrações corretas. Isso evita que a cablagem apresente frouxidão ou atrito com as paredes
ou demais componentes da aeronave ou motor durante seu encaminhamento. São usados,
ainda, durante a manutenção dos sistemas elétricos, os diagramas, com o objetivo de facilitar a
identificação de componentes e a solução de problemas dos sistemas elétricos.
185
186
Capítulo 2
Manutenção em sistemas elétricos
Para o perfeito funcionamento dos sistemas elétricos da aeronave ou de seus motores, é necessária
a realização de manutenções periódicas preventivas. Até mesmo as não planejadas (manutenções
corretivas) são realizadas para devolverem a condição segura de funcionamento dos sistemas e
subsistemas elétricos, bem como de seus componentes associados.
A realização correta da manutenção dos sistemas elétricos deve ser seguida conforme orientação
contida nos manuais dos fabricantes. Para tanto, são utilizadas as ferramentas adequadas para os
sistemas elétricos e observada a revisão dos conectores elétricos para com a extração e a inserção de
pinos. É importante também despender o cuidado com o reparo na fiação elétrica e sua soldagem.
Várias são as ferramentas utilizadas na manutenção de sistemas elétricos, podendo ser manuais ou
elétricas, portáteis ou de bancada. São usadas conforme o tipo de material a ser reparado ou seu
acesso para reparação.
As Figuras 16.A a 16.F ilustram algumas ferramentas manuais e elétricas portáteis para manutenção
de sistemas elétricos.
Figura 16.D - Alicate para Figura 16.E - Alicate Figura 16.F - Alicate para
decapar fios para conector prensar terminal
187
Algumas ferramentas são específicas para cada atividade de manutenção nos sistemas elétricos, como:
a) Ferramenta para instalação de braçadeira em cablagens. A Figura 17.A ilustra a ferra-
menta e as Figuras 17.B e 17.C uma braçadeira instalada em uma cablagem elétrica.
Figura 17.B - Braçadeira para cablagem Figura 17.C - Instalação da braçadeira em cablagem
b) Ferramenta para instalação de luvas termorrestringentes - são usadas para proteção das
emendas realizadas em fios. A Figura 18 ilustra a ferramenta para instalação da luva ter-
morrestringente.
188
c) Ferramenta para instalação de terminais e luvas - é usada para prender o cilindro do termi-
nal ao fio (condutor), efetuando a ligação do isolamento do fio à garra do isolante, como
também empregada para realizar o isolamento nas emendas. A Figura 19 ilustra a ferra-
menta para instalação de terminais, luvas e emendas.
189
Durante a substituição dos pinos dos conectores, é usada a ferramenta extrator/inseridor de pinos,
conforme mostra a Figura 22.
De acordo com o manual do Instituto de Aviação Civil (BRASIL, 2002, p. 27), estes são os passos
para a realização de substituição de pinos de conectores:
• desmontar o conector por completo;
• remover os pinos defeituosos utilizando o extrator, voltado para o lado do conector;
• inserir o contato pela parte traseira utilizando o inseridor;
• inserir o contato até ser ouvido um estalo, assegurando uma perfeita inserção;
• verificar a inserção de todos os contatos pela parte dianteira do conector;
• efetuar a montagem do conector.
Estanhagem: colocação de
a) Soldagem - sempre se usa o ferro de solda específica para cada tipo de condutor. É im-
uma camada de estanho portante manusear o ferro de solda com cuidado, visto que há perigo de queimaduras na
sobre o condutor. pele humana. Além disso, os terminais e outros componentes do sistema que compõem
a fiação elétrica devem ser observados com cautela.
• Não usar calor em demasia durante a soldagem.
• Limpar os restos de solda dos lugares onde não seja necessária sua presença.
• Não acelerar o resfriamento da soldagem.
• Remover o excesso de solda do ponto soldado.
• Quando possível, remover os contatos grandes quando da soldagem em condutores.
190
As Figuras 23 e 24 exemplificam algumas soldagens.
A soldagem de conectores deve seguir uma sequência para evitar danos ao isolamento ou uma
ligação errada da fiação da cablagem e, ainda, possibilitar a otimização do tempo durante a soldagem
de vários conectores. As Figuras 25.A e 25.B ilustram essas sequências de soldagem em conectores.
A sequência de soldagem ilustrada na Figura 25.A será da esquerda ou da direita dos pinos
inferiores, seguindo para os centrais e, por fim, os superiores. Enquanto na Figura 25.B, por
ser um conector de multicontatos, inicia-se da esquerda ou da direita dos pinos inferiores para
depois seguir aos pinos da fileira superior central, das pontas e, por fim, continuar subindo até
a última fileira superior.
191
Há obrigatoriedade em sempre seguir a descrição dos passos contidos nos manuais de
manutenção para a correta soldagem em terminais, conectores e demais componentes dos
sistemas e subsistemas elétricos.
b) Estanhagem - durante o reparo na fiação do sistema elétrico, é permitida a estanhagem
em fios, na qual é importante observar a não proximidade com conectores e a visibili-
dade para a realização de inspeções futuras. A estanhagem do fio é iniciada por meio de
sua decapagem. Esta última poderá ser feita usando um alicate de decapagem, conforme
ilustrado nas Figuras 26.A e 26.B.
A decapagem também é realizada por intermédio de uma faca, conforme as Figuras 27.A, B e C e
os passos adiante:
• cortar em torno da isolação do fio;
• cortar longitudinalmente a isolação do fio;
• retirar a camada de isolação do fio.
Figura 27.A - Decapagem com faca - Figura 27.B - Decapagem com faca -
corte em torno da isolação do fio corte longitudinal na isolação do fio
192
Depois de realizada a decapagem, é feita a estanhagem do fio empregando um ferro de solda,
selecionando o tipo de solda e a potência necessária conforme o tipo e a bitola do fio a ser
estanhado. As Figuras 28.A, B, C e D ilustram os tipos de ferro de solda que podem ser
utilizados para a realização da estanhagem e a Figura 29 a realização de uma estanhagem.
Resumindo
Neste capítulo, foi visto que, para a realização da manutenção do sistema elétrico, é necessária a
utilização de ferramentas adequadas, sempre com a orientação contida nos manuais de manutenção
para a correta aplicação delas. A maioria das ferramentas é específica para cada atividade, como o
caso do alicate de decapagem de fios utilizado para remover o isolante dos condutores.
193
194
Capítulo 3
Fontes de energia elétrica – descrição e operação
As aeronaves e seus motores apresentam vários componentes e sistemas que necessitam de energia
elétrica para seu funcionamento. Por exemplo: bombas auxiliares dos sistemas de combustível e
hidráulico, sistema de partida, de proteção contra fogo, gelo e chuva, dentre outros.
A energia, quando estão em solo, poderá ser fornecida por geradores, inversores, baterias e
fontes externas. As aeronaves modernas que utilizam sistemas de controle por cabo elétrico,
em inglês, fly-by-wire, isto é, energia elétrica em vez de cabos de comando, para a comunicação
entre os comandos e as superfícies de comandos de voo, precisam sempre de energia elétrica.
Nesse caso, elas apresentam um sistema de emergência para o seu fornecimento e aproveitam,
portanto, a energia eólica fornecida por uma turbina de ar de impacto, em inglês, ram air
turbine (RAT).
Toda manutenção realizada nas fontes de energia elétrica da aeronave precisa seguir as
recomendações contidas nos manuais de manutenção do fabricante, como a aplicação de
ferramentas, óleos, graxas e as sequências de desmontagem e montagem dos equipamentos.
Um exemplo de uma recomendação é o processo de recarga de uma bateria nova de níquel-
cádmio, em que os procedimentos adequados são:
• submeter a uma carga de três horas;
• deixar a bateria descansar por uma hora;
• efetuar uma hora de descarga;
• repetir o descanso de uma hora;
• aplicar uma nova carga de três horas.
a) Geradores - são componentes instalados na caixa de acessórios do motor que utilizam a
rotação do eixo principal do motor para transformar a energia mecânica em elétrica, por
meio da indução eletromagnética. “Quando um fio é movimentado dentro de um cam-
po magnético, surge uma força eletromotriz no fio. Esse fenômeno chama-se indução
eletromagnética” (HOMA, 1998, p. 97).
195
Os geradores de corrente contínua necessitam de circuitos para garantir e manter a tensão
correta de saída. As aeronaves mantêm uma tensão nominal de saída em aproximadamente
28 volts. Conforme ilustra a Figura 30, a tensão do gerador varia de seu valor zero ao máximo,
duas vezes a cada volta do loop.
Loop: aro ou anel do
circuito elétrico.
A onda, como é chamada a variação de tensão, pode ser reduzida por intermédio da instalação
de mais loops ou bobinas, conforme mostrado pela Figura 31. Sempre que se aumenta o
número de voltas, é reduzida a variação de tensão entre seus valores mínimos e máximos e,
consequentemente, a tensão de saída do gerador alcança valores constantes.
196
Um gerador típico de corrente contínua empre-
gado em aeronaves é ilustrado pela Figura 32.
Seu princípio de operação é baseado na in-
dução eletromagnética, apresentando bo-
binas de campo, carcaça e um conjunto de
escovas. Após o acionamento do motor da
aeronave, seu eixo principal produz a rotação
da caixa de acessórios e, em consequência, o
eixo do gerador tem seu rotor acionado, o
que irá provocar o funcionamento do con-
junto gerador, criando a indução eletromag-
nética. A energia é coletada e transferida para
os sistemas elétricos da aeronave e de seus
motores por meio de cablagens elétricas.
Figura 32 - Gerador típico de corrente contínua
Aeronaves modernas fazem uso de geradores
de corrente alternada, chamados de gerador
rígido integrado, em inglês, integrated drive generator (IDG), também instalados na caixa de
acessórios do motor, que fornecem corrente de 115 volts a 400 hertz. Empregam unidades
transformadoras retificadoras, em inglês, transformer rectifier unit (TRU), para converter os 115
volts em 28 volts de corrente contínua para o sistema elétrico da aeronave. As Figuras 33.A e
33.B ilustram uma IDG e sua localização na caixa de acessórios.
A grande maioria dos geradores das aeronaves de grande porte utiliza um eixo de velocidade
constante, em inglês, constant speed drive (CSD), para manter uma rotação constante do eixo
do gerador, independentemente das variações de rotação do motor. Isso faz com que a tensão
de saída seja controlada e mantida sem variações.
197
b) Inversores - são empregados para transformar a corrente contínua dos geradores em cor-
rente alternada, podendo ser rotativos ou estáticos. Quando rotativos, são geradores ins-
talados nos alternadores, os quais são geradores de corrente alternada. Enquanto os inver-
sores estáticos não apresentam nenhuma parte móvel e efetuam a conversão de energia
alternada em contínua por meio eletrônico. A Figura 34 ilustra um inversor estático.
198
A carga poderá ser lenta (2 a 4 amperes) ou rápida (4 a 6 amperes). Dessa maneira, o
procedimento indicado é sua remoção da aeronave para a realização da recarga. Sempre que
uma bateria necessitar de recarga, inicialmente ela deve ser totalmente descarregada.
d) Fonte externa - é o meio pelo qual se alimenta a aeronave com energia elétrica em solo para
iniciar uma partida de motor ou para atividades de manutenção. Permite a aplicabilidade de
todos os sistemas elétricos da aeronave sem consumir (descarregar) a bateria. Toda aeronave
apresenta um ponto em sua fuselagem para permitir a ligação com a fonte externa.
A Figura 36 expõe uma fonte externa e o local da aeronave como sendo o bocal de conexão.
199
RAT
A RAT é uma fonte de energia eólica fornecida por uma turbina de ar de impacto, em inglês,
ram air turbine, instalada em um ponto da fuselagem que entra em funcionamento. Ela é
liberada automaticamente quando há falha total da energia elétrica da aeronave, caracterizando
uma situação de emergência.
Possibilita, ainda, alimentar alguns sistemas elétricos essenciais à conclusão do voo (pouso
seguro). Geralmente, é aproveitada em aeronaves modernas que apresentam os sistemas de
comando de voo fly-by-wire. A energia cinética de fluxo de ar que atinge a turbina é convertida
em energia mecânica que aciona o gerador. A estabilização de tensão do gerador é obtida pelo
uso de pás de passo variável que mecânica e automaticamente ajustam a rotação da turbina.
Caso a RAT não seja liberada automaticamente, existe uma alavanca para liberação manual
localizada na cabine de comando. As Figuras 37 e 38 ilustram uma RAT e sua possível
localização na fuselagem da aeronave quando acionada.
200
Resumindo
Neste capítulo, foi abordado que a energia elétrica, para atender aos sistemas elétricos da
aeronave, advém de fontes internas ou externas. Essas fontes podem gerar corrente contínua
(28 volts) ou alternada (115 volts).
A principal fonte de energia elétrica são os geradores instalados na caixa de acessórios do motor.
Eles transformam a energia mecânica em elétrica e são baseados no princípio da indução
eletromagnética. Para o fornecimento de corrente alternada, podem ser usados os inversores,
que transformam a corrente contínua dos geradores em alternada.
201
202
Capítulo 4
Sistemas de proteção em circuitos elétricos
O sistema elétrico da aeronave precisa ser protegido quanto ao excesso de amperagem, evitando
que ocorra fogo. Caso esse sistema trabalhe com sobrecarga, a fiação e os cabos condutores de
energia aquecem, ocasionando, além da falha do sistema, o fogo. A proteção é realizada por meio
de disjuntores, fusível ou por disjuntores de controle remoto.
203
Os disjuntores da aeronave estão concentrados em painéis localizados na cabine de co-
mando, possibilitando à tripulação rápida visualização de qual componente ou subsiste-
ma elétrico está com sobrecarga ou permitir seu desarme em caso de uma manutenção
do sistema elétrico da aeronave. A Figura 40 ilustra os painéis de circuit breakers e sua
possível localização na cabine de comando da aeronave.
b) RCCB - são disjuntores de controle remotos instalados próximos às fontes de força, po-
dendo ser acionados da cabine por meio de fios mais finos do que os utilizados pelos
disjuntores comuns. Os disjuntores utilizam os cabos de força desde a unidade geradora até
seu painel, representando vários metros de fiação a depender do tamanho da aeronave.
Isso vai representar peso a mais na aeronave. Os RCCB diminuem o peso da fiação, já que
há a possibilidade de serem usados fios de bitola 22. Eles funcionam, ainda, como simples
relés acionados por meio de chaves ou interruptores instalados na cabine de comando.
c) Fusíveis - são instalados em série com as linhas do sistema elétrico
para que toda a corrente passe através dele. O fusível é formado por
corpo contendo em seu interior uma tira de metal, normalmente
de cobre, chumbo ou estanho, que apresenta um baixo ponto de
fusão. Caso a corrente extrapole seus valores estabelecidos pelo sis-
tema elétrico, a tira irá se aquecer e se romperá, interrompendo o
fornecimento de energia, garantindo a segurança do equipamento e
da aeronave como um todo. Toda vez que a tira do fusível se rompe,
o equipamento deve ser substituído. A Figura 41 ilustra um modelo Figura 41 - Fusível
de fusível utilizado em aeronaves.
Em suma, eles são usados conforme a necessidade de segurança dos equipamentos dividindo-se
em lento ou rápido. O de ação rápida em dispositivos que podem ser danificados facilmente
quando um excesso de corrente passa através deles independentemente do intervalo de tempo.
Enquanto os de ação lenta têm sua tira em forma de espiral, o que permite maior resistência,
abrindo em caso de uma corrente excedente contínua, como em um curto-circuito.
204
4.2 Proteção contra descargas, choques elétricos e energia
estática de uma aeronave
Um fator preponderante para funcionamento seguro do sistema elétrico deve ser observado
durante a manutenção da aeronave quanto à correta ligação e ao aterramento da fiação.
Procedimentos incorretos comprometem seriamente a operação do sistema, por exemplo,
choques em pessoas ou danos a equipamentos causados por descarga eletrostática ou de raio.
Para evitar tais danos, é recomendável proceder ao aterramento da fiação elétrica, conforme
evidenciado na Figura 42.
Para evitar a descarga por raio, são usados descarregadores de ligação, em inglês, jumpers. Estes são
instalados ao efetuar a ligação das superfícies móveis da aeronave. Todavia, é obrigatório observar
na manutenção se não há interferência no movimento da superfície, ou frouxidão do equipamento,
a fim de evitar que a resistência da conexão não ultrapasse 3 mili-ohms (0,003 ohms).
Figura 43 - Jumper
A aeronave é considerada condutora por ser de metal. Fato que possibilita a movimentação de
elétrons no momento do atrito com o deslocamento dela com o ar, gerando o acúmulo de carga
elétrica na superfície da aeronave. Esse acúmulo é denominado energia estática.
205
A energia estática é inofensiva para o ser humano, uma vez que causa o desconforto de um
pequeno choque elétrico. Contudo, pode acarretar a falha total dos equipamentos elétricos e,
principalmente, dos eletrônicos.
Posto isso, são usados descarregadores estáticos nas extremidades da estrutura da aeronave
(bordo de fuga das asas e estabilizadores) para efetuar a descarga estática da aeronave durante
o voo, conforme ilustra a Figura 44. Algumas aeronaves apresentam um descarregador estático
Bordo de fuga:
Extremidade traseira do preso ao trem de pouso (o descarregador faz contato com o asfalto da pista de pouso) para
aerofólio, que consiste efetuar o descarregamento estático total da aeronave no momento de seu deslocamento terrestre.
em uma superfície
aerodinâmica.
O deslocamento interno de pessoas sobre o carpete da aeronave gera energia estática. É aplicada
sobre o carpete uma malha antiestática para isolar a movimentação dos elétrons livres, criando
um isolante estático.
Resumindo
Neste capítulo, evidenciou-se que o sistema elétrico necessita de proteção contra sobrecarga
elétrica e contra as descargas de raio e os males da energia estática. A proteção vai desde o
aterramento da fiação aos sistemas de proteção (circuit breakers).
São usados disjuntores e fusíveis para prevenir o sistema elétrico contra possíveis gerações de
fogo causado por superaquecimento da fiação ou por curto-circuito. São empregados, ainda,
para a proteção contra a descarga de raios e contra a energia estática, descarregadores de ligação e
estáticos, respectivamente. Os de ligação são instalados nas partes móveis (superfícies), efetuando
sua ligação, enquanto os estáticos são instalados no bordo de fuga das asas e dos estabilizadores.
206
Unidade 7
Procedimentos de pista
Nesse cenário, todos os que circulam e trabalham na área operacional precisam estar
cientes das regras de segurança destinadas a esse local. Mais do que conhecer essas regras,
os técnicos devem colocá-las em prática e zelar para que sejam fielmente cumpridas.
Os acidentes ou incidentes aeronáuticos normalmente são frutos de uma sequência de
erros ou omissões que, na grande maioria das vezes, podem ser evitados. Portanto, é
necessário dar muita importância às regras de segurança de voo.
207
208
Capítulo 1
Métodos de inspeção em solo de sistemas aviônicos
209
e) inspeção de interferência magnética - esse método visa a corrigir a interferência de
fontes magnéticas na indicação da bússola. Como exemplo, tem-se o procedimento da
compensação da bússola magnética, que é realizado quando se suspeita de sua indicação
ou quando são substituídos componentes elétricos ou eletrônicos na aeronave, os quais
interferem na indicação da bússola magnética. Esse procedimento é abordado no
capítulo quatro desta unidade.
Calcanheira antiestática:
também conhecida como
tornozeleira antiestática.
Equipamento de segurança
usado preso ao calçado com
vistas a eliminar para o chão
a energia estática acumulada
pelo corpo do operador.
Outros cuidados precisam ser observados durante as atividades com equipamentos elétricos e
eletrônicos. Normalmente, nos ambientes de manutenção, tais condutas são previstas como
procedimentos padrão, os quais devem ser observados por todos os técnicos envolvidos com
a manutenção de aviônicos das aeronaves. Portanto, é dever do técnico estar ciente desses
procedimentos e segui-los rotineiramente.
210
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados os principais métodos de inspeção em solo de sistemas
aviônicos. Foi visto que a inspeção visual é extremamente importante por possibilitar a detecção
de condições potenciais de falha em seu início, permitindo a correção da situação e evitando
que tal condição efetivamente produza falha do componente ou do sistema.
Ademais, viu-se que o cheque operacional visa a verificar o funcionamento da aeronave após a
realização de serviços de manutenção complexos e que ele deve ser realizado prioritariamente
pelo piloto. Viu-se que o teste funcional é executado por mecânicos e por oficinas de manutenção
para verificar a calibração e a precisão dos equipamentos aviônicos, com eles instalados na
aeronave, enquanto no teste em banco de ensaios o equipamento ou o instrumento é retirado
da aeronave, inspecionado, reparado e calibrado em bancada de testes. Também foi destacado
que a inspeção de interferência magnética objetiva corrigir a interferência de fontes magnéticas
na indicação da bússola da aeronave.
211
212
Capítulo 2
Inspeção externa da aeronave
213
e) cheque para assegurar que todos os aviônicos estão livres de poeira, sujeira, fiapos de
pano, ou quaisquer outros contaminantes transportados pelo ar;
f ) verificação dos plugues dos microfones dos fones de ouvido e conectores, além de todos
os interruptores e controles quanto ao estado e funcionamento. Cheque de todas as ins-
crições técnicas dos instrumentos aviônicos, registradas nas caixas desses equipamentos.
Verificação da iluminação, das luzes anunciadoras, e dos interfones da cabine quanto à
correta operação;
g) inspeção do painel de disjuntores quanto à presença de inscrição para a identificação de
cada disjuntor instalado;
h) verificação dos interruptores de circuitos elétricos, especialmente os equipados com mola,
quanto à operação correta. Uma falha interna pode fazer com que ele permaneça fechado,
embora o interruptor esteja na posição desligado (off). Durante a inspeção, é preciso se ater
à possibilidade de que a substituição da chave possa ter sido feita de forma inadequada;
i) após uma ação de manutenção em um transponder, realiza-se inspeção e teste de operação
do equipamento (Figura 2);
214
• falta de selante ou quantidade insuficiente nas bases das antenas;
• verificação para assegurar que as instalações das antenas estão corretas;
• cheque para verificar a existência de possíveis sinais de corrosão nas antenas e nas
áreas de fixação delas à fuselagem;
• verificação do estado da pintura, da fixação e do aterramento das antenas;
• exame da ligação da base de cada antena até a fuselagem da aeronave. A tolerância
é 1 ohm de resistência, no máximo.
Nesse procedimento, são utilizados o reflectômetro time domain reflectometer (TDR), ou
equivalente, e o wattímetro (Figuras 3 e 4). Reflectômetro: instrumento
ótico utilizado para medir
a intensidade da luz, por
meio de uma solução ou de
um objeto, em função do
comprimento de onda da luz.
Wattímetro: instrumento
que permite medir a
potência elétrica fornecida
ou dissipada por um
equipamento eletroeletrônico.
215
• verificar se há sinais de erosão excessiva ou deterioração da ponta do descarregador;
• inspecionar os elementos quanto a possíveis danos provocados por raio. Eles são
evidenciados por pequenas cavidades (pitting) na base de metal;
216
É necessário que as antenas sejam verificadas quanto ao estado geral e à correta fixação.
A inspeção também abrange o estado e a data de vencimento da bateria.
Figura 6 - Posição das antenas de uma aeronave comercial, com destaque para a de ELT
e) Inspeção do radome
A inspeção das aeronaves equipadas com radar meteorológico inclui a verificação visual do
radome quanto a sinais de danos na superfície, buracos, rachaduras, falhas e descamação da
pintura, etc. Os prendedores devem estar corretamente apertados, os protetores de elastô-
Radome: gabinete estrutural
mero sintético policloropreno não devem apresentar sinais de erosão, e as tiras para-raios, à prova de intempéries que
quando instaladas, também são inspecionadas quanto ao estado geral e à correta fixação. protege a antena do radar.
Construído de material que
atenua minimamente o sinal
eletromagnético transmitido
ou recebido pela antena, é
transparente para as ondas
de radar ou de rádio.
217
Resumindo
Neste capítulo, foram estudados os procedimentos realizados durante as inspeções externas dos
equipamentos aviônicos de aeronaves. Nele foi destacado que as inspeções visam a verificar se os
equipamentos e os componentes dos sistemas executam as suas funções previstas ou apresentam
a indicação de dados que justificam o desempenho satisfatório e confiável. Foi visto que o cheque
operacional dos equipamentos aviônicos é realizado após a substituição de qualquer equipamento
do sistema ou durante as inspeções de 100 horas de operação ou na inspeção anual.
Por último, viu-se que a inspeção das aeronaves equipadas com radar meteorológico inclui
uma verificação visual do radome quanto a sinais de danos na superfície e nas tiras de para-
raios, quando instaladas.
218
Capítulo 3
Cheque de funcionamento de instrumentos
e de equipamentos eletroeletrônicos
No que se refere à área de aviônicos, os cheques de pista são realizados nos instrumentos e
nos equipamentos eletroeletrônicos, visando a conferir o funcionamento que se espera deles.
Às vezes, essas verificações decorrem de alguma ocorrência de falha em um dos componentes ou
de suspeita de mau funcionamento, relatada pela tripulação. Também são realizadas quando há
substituição de equipamento, o que requer a verificação do funcionamento de todos os sistemas
relacionados com o item ou com o sistema do componente substituído, ou mesmo durante as
inspeções de pré-voo. A partir da inspeção de pista, pode-se detectar uma falha relevante que
requeira serviços mais complexos, realizados no hangar ou em oficina qualificada.
Cheques de pista
De maneira geral, os cheques de pista dos equipamentos aviônicos consistem em inspeções
visuais e em verificações de parâmetros e de funcionamento dos equipamentos e dos
instrumentos aviônicos.
219
adotados os seguintes procedimentos:
• checar se há registro de falha ou suspeita de erro de indicação de algum instrumen-
to, relatado nos livros de registro de voo da aeronave;
• examinar se os instrumentos e o painel estão limpos;
• verificar se as marcações e os ponteiros dos instrumentos estão com a pintura em
bom estado;
• aferir se há algum instrumento com o ponteiro mal fixado;
• investigar se todos os instrumentos estão bem fixados ao painel;
• analisar se há arranhões ou sinais de choque no mostrador dos instrumentos;
• conferir a posição dos ponteiros antes de dar a partida nos motores;
• observar o deslocamento dos ponteiros após a partida no motor;
• averiguar se as variações e indicações dos instrumentos estão compatíveis com os
regimes de operação do motor;
• apurar os parâmetros dos instrumentos de acordo com o manual do fabricante da
aeronave, entre outras verificações.
Nas aeronaves equipadas com painéis digitais, o cheque é iniciado com a consulta da
tela de diagnóstico de manutenção, para verificar se há mensagem inerente às indicações
dos parâmetros do motor. Também são consultados os livros de registro de voo, com o
mesmo propósito. A inspeção em si consiste na verificação da operação e na conferência
dos parâmetros previstos para cada regime de operação do motor. Todos os monitores
têm de estar cuidadosamente limpos e bem fixados.
c) Cheque de sistema de comunicação
Os procedimentos de cheque de solo do sistema de comunicação da aeronave precisam
ser executados. É necessário observar as orientações previstas pelo aeroporto ou pela tor-
re mais próxima de controle de tráfego aéreo, e pelo manual do fabricante da aeronave.
É realizada a verificação do sistema quanto à audibilidade das emissões sonoras nos fo-
nes, clareza da transmissão, amortecimento de ruídos de fundo e operações, utilizando
os labiofones e alto-falantes.
d) Cheque do radiofarol omnidirecional VHF/VOR (very high frequency omnidirectional
range - VHF/VOR)
O sistema VOR opera dentro da faixa de frequência de 108 a 111,85 MHz e 112 a
117,95 MHz. A indicação consiste em mostrador de desvios e indicador to/from.
Os controles consistem em um botão para a seleção da frequência da estação
de terra e outro intitulado OBS, que é usado para a seleção do curso desejado.
Uma bandeira on/off é usada para determinar a intensidade adequada de campo e a
presença de sinal válido. Existem várias configurações quando a informação de VOR é
integrada com os diretores de voo, e/ou quando são usadas em um sistema de compasso
de acoplamento, que dispõe de um indicador adicional para apontar continuamente em
220
direção à estação VOR, independente da seleção no botão OBS.
Com o fim de averiguar a precisão prevista para as indicações de VOR em cheque fun-
cional, um conjunto de testes de terra é utilizado, de acordo com as especificações do
fabricante. Para efeito dessa atividade de inspeção/manutenção, a seguinte verificação
operacional é realizada, a fim de determinar se o equipamento apresenta a precisão ne-
cessária à operação, segundo as regras de voo por instrumentos (IFR):
• analisar a identificação de áudio;
• checar a operação do seletor OBS e da bandeira VOR;
• conferir a interface do indicador radiomagnético (RMI) e as funções de navegação
aplicáveis.
Essa verificação operacional é exigida antes das operações de voo por instrumentos.
e) Cheque do equipamento radiotelemétrico (distance measuring equipment - DME)
A operação de DME é composta de pulsos emparelhados em um espaçamento específico,
enviado para fora da aeronave (chamado de interrogação), e recebidos pela estação de terra,
que reage com pulsos emparelhados, com o espaçamento específico, enviados à aeronave,
mas em uma frequência diferente (Figura 8). A unidade receptora da aeronave mede o
tempo que leva para transmitir e receber o sinal, que é traduzido em distância. O DME
opera na faixa de frequência de 962 a 1.213 MHz. Por causa da curvatura da Terra, esses
sinais de alcance ótico são confiáveis até a distância aproximada de 367 km (199 milhas
náuticas) na parte alta do espaço aéreo controlado, com uma precisão de 3% da distância.
A inspeção/manutenção do DME na aeronave é, geralmente, limitada à verificação vi-
sual da instalação e, se foram previamente relatados problemas, inspeciona-se a antena
quanto à fixação adequada e à ausência de corrosão, tanto na superfície de montagem
quanto no conector coaxial. A precisão do sistema é determinada por meio da avaliação
de desempenho durante as operações de voo e de equipamentos de teste de solo.
É necessário sintonizar o DME a uma estação local, ou utilizar o equipamento adequado
de teste no solo para verificar a identificação de áudio, e analisar a operação correta, por
meio do interruptor de espera do DME.
221
f ) Cheque do radiogoniômetro automático (automatic direction finder - ADF)
Os receptores de ADF são concebidos para receber sinais de balizamento não
direcionais (NDB), na faixa de frequência de 19 a 535 kHz, amplitude modulada, em
inglês, amplitude modulation (AM). Os receptores também operam na faixa AM comercial.
O ponteiro de indicação ADF apresenta o rumo em relação a um transmissor de
frequência AM selecionado, localizado no intervalo (Figura 9).
Esse sistema é verificado ao sintonizar-se estação NDB adequada ou estação AM
comercial. No cheque, são observados os seguintes passos:
• verificar a direção adequada para a estação e a identificação de áudio e do tom do
oscilador de frequência heteródino, em inglês, beat frequency oscillator (BFO);
Oscilador de frequência:
• conferir a correta operação em circuito fechado (loop) e modo sense;
dispositivo eletrônico • observar a orientação da estação selecionada para a aeronave, usando um gráfico
que mistura frequências
para converter um
adequado;
sinal recebido em uma • analisar a leitura da direção de ADF e comparar com a tabela. É necessário
frequência fixa, que pode
movimentar a agulha e observar o quão rápido (ou lento) ela retorna à leitura
ser mais convenientemente
processada do que a original.
frequência de rádio portadora
O desempenho do sistema ADF pode ser degradado por relâmpagos, cargas na célula,
original. Praticamente todos
os receptores de rádio ruído de ignição e fenômenos atmosféricos.
modernos usam esse o
princípio.
222
com esse curso é realizado por meio do deslocamento lateral da representação da
aeronave no instrumento, em relação às referências adotadas no indicador de desvio
do localizador VOR (LOC).
As antenas transmissoras dos sinais do localizador são avistadas na extremidade da
pista e fornecem um sinal válido a uma distância de, aproximadamente, 33 km,
a partir do transmissor. A indicação fornece um feixe completo para a esquerda/
direita de, aproximadamente, 213 metros na cabeceira da pista. A identificação do
transmissor é feita por meio de código morse internacional, que consiste em um
identificador de três letras, precedido pela letra do código morse (I) (dois pontos). A
função do localizador é parte integrante do sistema VOR e, quando a manutenção
desse sistema é executada, o localizador também está incluído.
A precisão do sistema pode ser avaliada por meio de operações de voo normais, caso o
cheque tenha sido realizado em condições meteorológicas visuais. A determinação de
aeronavegabilidade para o voo por instrumento, após a reinstalação de equipamentos
do sistema VOR, não é efetivada sem o teste de solo com o devido equipamento.
• Receptor de glide slope - esse sistema também opera em um dos 40 canais do sistema
ILS, porém na faixa de frequência de 329,15 a 335 MHz. As antenas transmissoras
de seus sinais ficam localizadas, aproximadamente, entre 230 e 380 metros (750 a
1.250 pés), a partir do final da pista de aproximação e deslocadas de 75 a 198 metros
(250 a 650 pés). Na ausência de desempenho questionável, bastam verificações
funcionais periódicas em voo do glide slope, para garantir o desempenho contínuo
do sistema. O teste funcional de voo é realizado sob as condições das regras de
voo visual (VFR). Uma falha ou suspeita de falha precisa ser reparada em oficina
devidamente qualificada. O equipamento de teste de solo pode ser usado para
verificar a operação do sistema.
Os equipamentos do localizador e do glide slope (LOC/GS) podem dispor da função
autoteste. Caso contrário, o equipamento adequado de teste no solo é utilizado,
conforme as orientações do fabricante do equipamento ou da aeronave.
• Cheque do radiobalizador (marker beacon) - os receptores do radiobalizador
operam na frequência de 75 MHz e percebem os sinais de áudio de cada um dos
três tipos de baliza (Figura 10). Esse receptor não é ajustável. A luz azul de baliza,
que informa a posição mais afastada da pista, acende quando o receptor recebe
sinal de 75 MHz, modulado com 400 Hz. A luz laranja, na posição intermediária,
acende quando o sinal de mesma frequência, modulado com 1.300 Hz, é recebido.
E o marcador de luz branca, que indica a posição mais próxima da pista, é acionado
quando o receptor percebe o mesmo sinal, modulado com 3.000 Hz. Tal sistema é
operacionalmente avaliado em condições de voo visual (VFR), quando uma pista
ILS estiver disponível. O interruptor sense do receptor deve ser colocado na posição
de baixa sensibilidade, que é a posição normal de operação. O áudio balizador deve
223
estar adequado. O equipamento de teste de solo é usado para verificar a operação
do sistema. O radiobalizador pode apresentar o recurso de autoteste, o qual verifica
o funcionamento das lâmpadas e do áudio.
h) Cheque do sistema de navegação aérea de longo alcance (long range air navigation - LORAN)
O sistema LORAN é uma alternativa eficaz para o sistema esférico de coordenadas,
que adotam as referências ρ (rô), θ (teta) e sistema R-Nav. Os sistemas hiperbólicos
Sistema esférico de
coordenada: sistema requerem designação de pontos de referência para a rota, baseados na latitude e na lon-
de referenciamento que gitude, ao contrário dos sistemas originais R-Nav (navegação à distância), que definem
permite a localização de
os pontos de interesse em termos de distância (rô) e ângulo (teta), a partir dos auxílios
um ponto qualquer em um
espaço de formato esférico, de VOR ou de tactical air navigation (TACAN). A precisão da indicação é maior do
por meio de um conjunto de que o sistema VOR/TACAN. Entretanto, o sistema LORAN é mais propenso a problemas
três valores, chamados de
coordenadas esféricas.
com precipitação estática. A ligação adequada à estrutura da aeronave e a utilização de
descarregadores estáticos de alta qualidade não só produzem melhor desempenho desse
Sistema hiperbólico:
sistema, mas, também, beneficiam os equipamentos de navegação e os de comunicações
sistema que utiliza o
método baseado na medida de VHF. O sistema LORAN dispõe de um equipamento de teste automático. É necessá-
da diferença de distâncias rio que a aeronave esteja fora do hangar para a operação do sistema LORAN.
a determinados pontos
(estações do sistema) Normalmente, as unidades de autoteste, a verificação de posição e o carregamento do
para obtenção das linhas plano de voo proporcionam a averiguação do funcionamento adequado do sistema, con-
de posição, que definem a
localização da aeronave.
forme previsto pelo manual de voo e manuais operacionais de bordo. O funcionamento
do software também pode ser analisado.
TACAN: sistema de
navegação que fornece ao i) Cheque do global positioning system (GPS)
usuário o rumo e a distância O GPS está na vanguarda dos sistemas de navegação da atual geração. É um sistema de
(inclinada) em relação ao
terreno ou a uma estação de navegação espacial baseado em informações de 24 satélites. É altamente preciso, com
transmissão. É uma versão tolerância de apenas 100 metros para estabelecer posição em qualquer local do globo.
mais precisa que o sistema
O sistema não é afetado pelas condições meteorológicas e fornece referência de grade
VOR/DME.
comum em todo o mundo. A atualização do banco de dados e a manutenção da antena
são as preocupações primordiais dos usuários de GPS. É importante que a aeronaves
estejam fora do hangar para o teste de solo de GPS.
224
j) Cheque do piloto automático
Os sistemas de controle de voo automático (AFCS) são os gestores mais eficientes de
desempenho e de controle da aeronave. Nesse sistema, existem três tipos de piloto au-
tomático (PA): os de um, os de dois e os de três eixos com capacidade de aproximação
acoplada. Durante as inspeções de pista desse sistema, deve ser dada atenção aos seguin-
tes procedimentos:
• conferir a operação do interruptor de desconexão do PA;
• checar os alertas visuais e sonoros de desconexão intencional e automático do piloto
automático;
• verificar a operação dos servoatuadores;
• conferir a ajustagem, a tensão e as condições dos cabos de comando dos atuadores,
quando utilizados.
Em todos os casos, as instruções do fabricante para a inspeção e manutenção do sistema
precisam ser consultadas.
k) Cheque do altímetro
Para que as aeronaves operem sob as regras de voo por instrumentos (IFR), elas necessa-
riamente devem dispor de sistema estático e altímetros inspecionados e testados, dentro
de 24 meses, anteriores ao voo. São recomendadas verificações funcionais frequentes dos
altímetros e do sistema de informação de altitude de pressão automática.
Os testes são realizados pelo fabricante da aeronave ou por um centro de reparação certi-
ficado, devidamente equipado para executar essas verificações. A oficina precisa dispor de:
• um instrumento classe I, para ser utilizado como referência;
• uma categoria de instrumentos adequada para a marca e o modelo do equipamento
a ser testado;
• um técnico certificado/qualificado, com habilitação para inspeção e teste de
aeronaves, para inspeção e teste no sistema estático.
Qualquer ajuste só pode ser realizado por oficina certificada e por pessoa qualificada,
utilizando equipamento de teste apropriado e com a referência adequada aos manuais
de manutenção do fabricante. O ajuste de correlação do altímetro não é realizado na
área operacional. A modificação desse ajuste anula a correspondência entre os padrões
de calibração dos equipamentos básicos de teste e do altímetro. Ele também anula a
correspondência entre o altímetro codificador e seu digitalizador de codificação ou o
codificador cego associado.
É importante ressaltar que existem dois tipos de codificadores: altímetro codificador e
codificador cego. Este é basicamente um altímetro remoto, com a pressão sempre defini-
da de 29,92”Hg. A leitura dele não é indicada na cabine, mas a informação é transmitida
aos controladores de voo, por meio do transponder. Ou seja, neste equipamento, não há
marcação ou dial para a leitura. Ele possui apenas uma saída eletrônica dos dados para
o transponder. O uso de um altímetro padrão em conjunto com um codificador cego é
muitas vezes mais econômico do que a utilização de um altímetro de codificação.
225
Na inspeção do altímetro, é necessário se atentar aos seguintes procedimentos:
• inspecionar a face do instrumento quanto a evidências de arranhões ou de outros
danos;
• conferir a suavidade dos movimentos do ponteiro, com particular atenção ao de-
sempenho do altímetro durante a descida da aeronave;
• contatar a torre de controle de tráfego aéreo para que a informação de altitude de
pressão seja apresentada no controlador da aeronave. O valor da altitude apresentado
precisa ser corrigido, caso necessário, e comparado com a leitura do altímetro.
A diferença não deve ser superior a 125 pés (38,1 m).
l) Cheque do transponder
Há três tipos, ou modos, de transponders usados em aeronaves. O modo (A) fornece
resposta codificada de quatro dígitos (notificação de não altitude). O modo (C) permi-
te resposta de código idêntico ao modo (A) , com um sinal de notificação de altitude.
Enquanto o modo (S) apresenta as mesmas capacidades dos anteriores e responde ao
sistema anticolisão de tráfego, em inglês, traffic collision avoidance system (TCAS).
A inspeção desse sistema é realizada da seguinte forma:
• usar os equipamentos de teste de pista para demonstrar o funcionamento adequado;
• selecionar os códigos, de forma que cada posição da chave seja verificada pelo menos
uma vez;
• verificar as operações de baixa e de alta sensibilidade;
• checar a operação de identificação;
• demonstrar o modo de comunicação de altitude;
• conferir se o sistema de transponder não interfere em outros sistemas a bordo da aero-
nave, e vice-versa;
• dar atenção especial a outros equipamentos de pulso, tais como o DME e o radar
meteorológico;
• testar todos os equipamentos de transponder a cada 24 meses, ou durante a inspeção
anual caso seja necessário. O teste é realizado por uma oficina certificada de reparos
em aviônicos.
m) Cheque do ELT
O transmissor localizador de emergência ELT é checado de acordo com o manual da
aeronave e segundo o RBHA 91 da ANAC para sistemas ELT, operados em 121,5 ou
406 MHz. Esse regulamento estabelece as seguintes recomendações:
RBHA: Regulamento
Brasileiro de Homologação • substituir as baterias usadas nos ELT (ou recarregadas, se forem baterias recarregá-
Aeronáutica utilizado veis) sempre que: o transmissor tiver sido usado por tempo acumulado superior a
anteriormente à criação
da ANAC, pelo extinto
uma hora; ou quando atingir 50% de sua vida útil (ou vida útil da carga, se forem
Departamento de Aviação baterias recarregáveis), como definido nas especificações aprovadas do fabricante.
Civil (DAC). Atualmente, a Essa recomendação não se aplica às baterias que não sejam significativamente afeta-
ANAC utiliza, em seu lugar,
o Regulamento Brasileiro de das durante períodos de estocagem, tais como baterias ativadas por água;
Aviação Civil (RBAC).
226
• registrar claramente a nova data de substituição (ou recarga) da bateria, no exterior
do transmissor e no livro de manutenção de bordo;
• inspecionar cada ELT a cada 12 meses, para verificar as condições de instalação, se
há corrosão na bateria, a operação dos comandos e do sensor de impactos e a pre-
sença de energia radiante suficiente na antena.
Além das recomendações apresentadas, destaca-se que, tendo em vista os numerosos ca-
sos de interferência entre os sinais de ELT e de outras instalações de VHF, a localização
da antena precisa ser, tanto quanto possível, a mais afastada de outras antenas, para evitar
perdas de eficiência.
A instalação da antena de ELT, em posição muito próxima a outras antenas de VHF, é
checada quando há suspeita de interferência. Os testes são realizados durante os primei-
ros cinco minutos de qualquer hora. Caso haja a necessidade de realizá-los fora desse pe-
ríodo de tempo, eles necessitam ser coordenados com a torre mais próxima de controle
de tráfego aéreo. Os testes têm de ser efetivados em, no máximo, três varreduras audíveis.
A inspeção no sistema ELT é realizada por um técnico ou por uma oficina de reparos de-
vidamente certificados, dentro de um período de 12 meses, a contar da última inspeção.
Ela precisa ser realizada da seguinte forma:
• inspecionar a instalação do ELT;
• remover todas as interligações com a unidade e com a antena de ELT;
• inspecionar visualmente para confirmar o encaixe adequado de todos os pinos do
conector. Deve ser dada especial atenção aos pinos coaxiais, que são propensos a se
retraírem no alojamento do conector.
• remover o ELT do suporte e inspecionar o equipamento de montagem quanto à
instalação adequada e à segurança;
• reinstalar o ELT em seu suporte e verificar a correta direção para a ativação por
impacto;
• reconectar todos os cabos. Eles devem ter alguma folga em cada extremidade e tam-
bém ser devidamente fixados à estrutura do avião para apoio e proteção;
• inspecionar visualmente a área da bateria do ELT. Não pode ser detectado qualquer
indício de corrosão. Deve ser checado se a bateria do ELT é aprovada e se a sua data
de validade não expirou;
• inspecionar a operação dos controles e do sensor de impacto. O ELT deve ser ati-
vado por meio de uma força aplicada. Essa tarefa precisa ser realizada conforme as
227
prescrições do fabricante do ELT. A direção para a montagem do equipamento,
bem como a força de ativação são nele indicadas. Alguns podem ser ativados por
meio de uma rápida batida seca com a palma da mão, enquanto outros por meio de
um rápido movimento para frente, acompanhado de outro movimento rápido para
trás. Verificar se o ELT pode ser ativado usando um wattímetro. O receptor de VHF
do sistema de comunicações da aeronave tem de estar sintonizado na frequência de
acionamento do ELT (406 MHz, por exemplo). É necessário assegurar que o inter-
ruptor (G) tenha sido rearmado, se for o caso. Este não é um cheque de medição,
pois ele só indica se tal interruptor está funcionando;
• checar se o sinal irradiado pela antena é suficiente. Para tanto, é importante ativar
o ELT, movendo o interruptor de teste para a posição on. Utiliza-se um receptor
de frequência de rádio de transmissão AM de baixa qualidade para determinar se a
energia está sendo transmitida, a partir da antena. Quando a antena do receptor de
rádio AM (sintonizado em qualquer estação) é posicionada a cerca de 15 centíme-
tros (seis polegadas) da antena do ELT ativado, o tom sonoro do ELT é ouvido.
Este não é um cheque de mensuração, mas indica com certeza se a antena está ir-
radiando com energia suficiente para ajudar na busca e no salvamento, em caso de
acidente com a aeronave;
• conferir se todos os interruptores estão devidamente identificados e posicionados.
n) Cheque do gravador de dados de voo (flight data recorder - FDR)
O gravador de dados de voo fica alojado em um recipiente à prova de esmagamento,
localizado na região da cauda da aeronave (Figura 11). A unidade de fita é resistente
ao fogo e contém um transmissor de rádio para ajudar os investigadores de acidentes a
localizar a unidade sob a água.
228
• Consultar os manuais e procedimentos do fabricante do equipamento específico durante
as tarefas de inspeção.
O gravador de dados de voo de estado sólido, em inglês, solid-state flight data recorder (SSFDR), é
um equipamento altamente flexível capaz de suportar ampla variedade de frequências
de rádio aeronáuticas, em inglês, aeronautical radio incorporated (ARINC).
Ele possui um botão de autoteste que estabelece e monitora a missão do hardware.
O autoteste do equipamento executa uma verificação sempre que houver armazenamento
de dados de voo (lê após escrever) e também checa a condição da memória.
Esses gravadores dispõem de um radiobalizador com acústica submarina, montado em
seu painel frontal, o qual precisa ser encaminhado ao respectivo fabricante para a ma-
nutenção da bateria. É necessário consultar os manuais de manutenção do fabricante da
aeronave e do equipamento.
229
O sistema de gravador de voz da cabine de estado sólido é composto de três componentes
essenciais: um gravador de estado sólido, uma unidade de controle (amplificador remoto
do microfone) e um microfone de área. Esse equipamento aceita quatro entradas separadas
de áudio: uma para o piloto, uma para o copiloto, uma para o endereço público/terceiro
membro da tripulação, e outra para o microfone de área da cabine. Ele também dispõe de
um localizador subaquático, instalado em uma das extremidades do gravador.
Para obter informações de manutenção, o manual de manutenção do fabricante do equi-
pamento deve ser consultado.
230
q) Cheque do barramento de dados
Os barramentos de dados fornecem o necessário fracionamento físico e funcional, que
permite a distintas empresas projetarem diferentes unidades de aviônicos em condições
que possa circular informações entre si. Isso é possível em função da definição do sistema
de integração. Existem vários tipos de analisadores de barramento de dados, os quais são
usados para receber e analisar os dados transmitidos ou para transmiti-los a um utiliza-
dor do barramento.
Antes de usar um analisador, é importante verificar se a linguagem do barramento é
compatível com a do analisador. Para obter informações sobre o barramento, consul-
tam-se as características dele, tais como o sistema de transferência de informação digital
ARINC 429 e o Mark 33, os quais oferecem respostas simples e acessíveis para comuni-
cação de dados a bordo de aeronaves.
r) Compatibilidade elétrica
Ao substituir um instrumento por outro que oferece funções adicionais, ou quando
houver a incorporação de novos instrumentos, é necessário ter cuidado quanto à com-
patibilidade elétrica entre o equipamento e a fonte de energia ao qual ele será conectado.
Dessa forma, é necessário checar a compatibilidade de tensão (AC/DC), a polaridade da
tensão contínua (DC), a tensão de fase (AC), a frequência, o aterramento, a impedância
do sistema e a compatibilidade com o sistema ao qual será conectado.
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados os procedimentos realizados em pista durante os cheques de
instrumentos e de equipamentos eletroeletrônicos. Foi visto que os cheques de pista realizados
nos componentes aviônicos basicamente compreendem uma detalhada inspeção visual, e
verificações funcionais ou operacionais, dependendo do equipamento ou sistema inspecionado.
Foi detectado que a verificação da condição geral do componente é o ponto de partida para
a inspeção de todos os componentes e que tal procedimento pode evitar falhas futuras do
equipamento ou do sistema verificado.
Concluindo, foi abordada uma série de verificações de diversos equipamentos aviônicos e seus
sistemas, que servem de base para a ampliação do conhecimento sobre o funcionamento de
vários sistemas que equipam a grande maioria das aeronaves.
231
232
Capítulo 4
Cheque de instrumentos não elétricos
233
• a aeronave deve ficar posicionada a, pelo menos, 100 metros de qualquer objeto
de metal;
• todos os equipamentos da aeronave que possam produzir efeito magnético na bús-
sola precisam ocupar suas posições de voo normal.
c) Procedimentos - a compensação é realizada da seguinte maneira:
• posiciona-se a aeronave com a proa para o norte magnético (0º) radial da rosa dos
ventos (Figura 13);
• durante a tarefa, é utilizada uma bússola manual, de linha de fé fina, para posicio-
nar o avião nas variadas radiais da rosa dos ventos. Essa bússola destina-se apenas à
utilização como equipamento de teste (Figura 14);
• com o avião voltado para o norte magnético e o técnico na cabine mantendo o motor
operando a 1.000 RPM, um mecânico, de pé, a 10 metros de distância, na frente da
aeronave e de frente para sul, alinha a bússola mestre à linha central da aeronave.
O mecânico sinaliza com a mão para o técnico na cabine, para que se façam os ajus-
tes necessários a fim de alinhar a aeronave à bússola mestre. Uma vez alinhada na
234
posição, o técnico na cabine acelera o motor da aeronave para, aproximadamente,
1.700 RPM, com o fim de duplicar o campo magnético da aeronave e, em seguida,
faz-se nova leitura da bússola.
Para as aeronaves com trem de pouso convencional, o mecânico posiciona a bússola
magnética em uma reta, na posição nivelada, ou apoia a cauda da aeronave em uma
plataforma móvel para simular um voo reto e nivelado, na configuração de cruzeiro;
• se a bússola da aeronave não estiver em alinhamento com o norte magnético da bús-
sola mestre, o erro é corrigido por meio de pequenos ajustes no parafuso de bronze
norte/sul, utilizando uma chave não metálica. O parafuso do compensador norte/
sul tem de ser ajustado até que a bússola indique norte (0º);
• depois, a aeronave é posicionada alinhada à radial leste/oeste, com a proa em leste.
Ajusta-se a indicação, por meio do parafuso compensador leste/oeste (E-W), até
que a leitura seja 90º;
• é necessário continuar a girar a aeronave, de modo que fique a 180º da posição ini-
cial, alinhada ao eixo norte/sul, com proa em sul. A indicação é ajustada por meio
do parafuso compensador norte/sul (N/S), para remover a metade de erro de rumo
para o sul. Isso faz com que a indicação da direção norte fique fora, mas o total de
erro no eixo norte/sul deve ser dividido igualmente entre as duas posições;
• com a aeronave apontando para a direção oeste, inicia-se o ajuste do cartão de cali-
bração. Registra-se a proa magnética de 270º e a leitura da bússola com os sistemas
elétricos desligados. A aeronave é girada sucessivamente para se alinhar a cada uma
das radiais da rosa dos ventos. Os valores indicados pela bússola a cada 30º são re-
gistrados. A diferença entre as leituras da bússola magnética manual e a da aeronave
não pode ser maior que 10º;
• se a bússola não puder ser ajustada para satisfazer a tolerância mencionada, é neces-
sário substituí-la por outra. Um erro comum que afeta a precisão das bússolas é a
montagem dela, ou de instrumentos no painel, utilizando-se parafusos ou porcas de
aço, em vez de bronze. A utilização de manche de controle magnetizado, tubulação
estrutural e fiação elétrica incorretamente isolada também pode causar erros consi-
deráveis na indicação da bússola;
• é necessário realizar dois cheques de bússola completos. Um com o mínimo de
equipamentos elétricos em operação e outro com todos os acessórios elétricos em
funcionamento normal. Se as leituras da bússola não forem idênticas, o mecânico
realiza duas compensações, uma para cada configuração;
• quando a bússola é considerada satisfatoriamente compensada, o cartão de calibra-
ção é preenchido corretamente e colocado no suporte da bússola, de frente para a
linha de visão do piloto.
d) Bússola reserva - a compensação da bússola reserva é realizada usando o mesmo método
de compensação da bússola principal.
235
4.2 Cheque do sistema giroscópico pneumático
Como se sabe, os instrumentos giroscópicos são extremamente importantes para o voo, e,
para que operem de maneira correta, é necessário que o sistema funcione perfeitamente.
Muitos giroscópios funcionam por ação do vácuo ou da pressão de ar. Dessa forma, o sistema
requer cuidados especiais para que o fluxo de ar seja fornecido com a quantidade e a qualidade
requeridas pelos giroscópios. Para tanto, são realizados alguns procedimentos rotineiros a fim
de manter o funcionamento adequado dos componentes e do conjunto.
Os instrumentos giroscópicos mais antigos são operados pelo ar que flui para fora do
mecanismo, fazendo com que o rotor do giroscópio gire. Em algumas aeronaves, é instalado
um tubo de Venturi na parte externa da aeronave para produzir baixa pressão ou vácuo,
que faz com que o ar flua da caixa do instrumento, passando por todo o circuito do
sistema, até ser alijado para a atmosfera. Antes de o ar acionar o rotor do giroscópio, ele
atravessa um filtro de papel, que retém as impurezas do ar.
Esse sistema apresenta a vantagem de ser extremamente simples e não exigir nenhuma po-
tência do motor, nem de qualquer outro sistema da aeronave, haja vista que ele é alimen-
tado pelo ar captado na área externa da aeronave. Entretanto, ele apresenta a desvantagem
de ser suscetível à formação de gelo. Essa deficiência pode fazer com que ele não atenda às
necessidades quando preciso.
A fim de eliminar a desvantagem do tubo de Venturi, os aviões passaram a ser equipados com
bombas de vácuo acionadas pelo motor. Uma válvula de alívio de sucção mantém a pressão
desejada pelos instrumentos giroscópicos de atitude (normalmente, em cerca de quatro polegadas
de mercúrio). Uma válvula de retenção do tipo agulha é instalada entre um dos indicadores de
atitude e o indicador de curva e de derrapagem, com o fim de regular o fluxo de ar para duas
polegadas de sucção, requeridas por esse instrumento. A maioria dos instrumentos mais antigos
usa filtros de papel em cada deles, mas, em algumas configurações, um filtro de ar central é usado
para remover contaminantes do ar antes que ele acesse as caixas dos instrumentos.
As bombas mais antigas de vácuo eram do tipo palheta lubrificadas a óleo. Este fluido é
injetado na palheta de forma dosada para proporcionar vedação, lubrificação das partes móveis
e arrefecimento. Em seguida, o óleo, juntamente com o ar, é expelido através de um separador
de ar/óleo, no qual o óleo é recolhido no defletor e devolvido ao cárter do motor, enquanto o
ar é alijado do sistema, ou, em alguns casos, utilizado para inflar as botas do sistema antigelo.
O fluxo de ar através dos instrumentos é controlado por meio de uma válvula de alívio de
sucção de vácuo, instalada entre a bomba e os instrumentos.
236
As bombas mais modernas de vácuo são do tipo seco e utilizam palhetas de carbono, as quais
fornecem a sua própria lubrificação à medida que se desgastam a uma taxa predeterminada.
Os sistemas que usam as bombas de ar seco são muito semelhantes aos que empregam bombas
lubrificadas pelo óleo do motor. Logicamente que o sistema de bomba seca não requer a
instalação do separador de ar/óleo, devido à ausência de óleo lubrificante.
Acima da altitude de 18.000 pés, não há massa de ar suficiente para ser aspirada e,
consequentemente, desenvolver velocidade adequada no rotor do giroscópio. Para resolver esse
problema, muitos aviões utilizam sistemas de pressão positiva para alimentar os giroscópios.
Tal sistema utiliza o mesmo tipo de bomba de ar usada no sistema de vácuo, porém o ar
de descarga da bomba é filtrado e dirigido para a caixa do instrumento, através do mesmo
circuito que recebe o ar filtrado, quando o sistema de vácuo é utilizado. Um filtro é instalado
na entrada da bomba, e, em seguida, antes de o ar ser dirigido para a caixa do instrumento, ele
é novamente filtrado. Um regulador de pressão, localizado entre a bomba e o filtro de linha,
faz com que apenas a quantidade correta de pressão seja dirigida para o interior das caixas
dos instrumentos.
Bombas de ar seco também estão sujeitas a danos decorrentes da ação de contaminantes ingeridos.
Assim, todos os filtros do sistema são substituídos conforme a programação recomendada pelo
fabricante da aeronave. Tal procedimento é realizado com intervalo menor caso a aeronave
opere em ambiente particularmente rico em poeira, ou se os ocupantes da aeronave fumam
regularmente durante o voo.
237
4.3 Cheque do sistema de pitot-estático
Para que os instrumentos ligados ao sistema de pitot-estático funcionem corretamente, eles
são alimentados por um sistema que detecta a pressão de ar de impacto, com o mínimo de
distorção, e que capta a pressão de ar estático sem perturbações.
Cabe lembrar que a pressão de pitot é aquela captada por um pequeno tubo com abertura frontal
(tubo de pitot), que recebe diretamente o impacto do vento relativo. Essa captação produz pressão
de ar proporcional à velocidade do movimento do ar. Enquanto a estática é a pressão de ar usada
para medir a altitude e serve como referência para a medição da velocidade do ar.
Nas aeronaves monomotoras, o tubo de pitot é instalado no bordo de ataque da asa, fora da área
de turbulência provocada pela operação da hélice, ou na fuselagem das aeronaves multimotoras,
paralelo ao eixo longitudinal da aeronave, salvo indicação em contrário do fabricante.
238
c) Linhas de ar e tomadas estáticas - inspecionar as passagens de ar quanto à presença de
água, pintura, sujeira ou outros materiais estranhos. Caso a linha de ar do sistema apre-
sente água ou material obstrutivo, todos os drenos necessitam ser limpos. Insere-se um
arame resistente e fino através dos drenos do tubo de pitot, para remover a sujeira ou
outros obstáculos depositados nessa região. As aberturas estáticas inferiores atuam como
drenos da câmara estática da cabeça do tubo de pitot. Esses orifícios têm de ser checados
em intervalos regulares para evitar o mau funcionamento do sistema.
d) Drenagem do tubo de pitot e da linha de ar - verificar se a água é drenada livremente.
Nos sistemas equipados com tubulação menor que 3/8” de diâmetro, caso haja algum
problema relacionado à drenagem da água do sistema, bem como à formação de gelo no
tubo em altitude, a tubulação é substituída por outra com diâmetro maior.
e) Corrosão - inspecionar o tubo de pitot quanto à presença de corrosão:
• a sonda do tubo de pitot não pode apresentar qualquer sinal de corrosão dentro da
área de meia polegada (1,27 cm), a partir da ponta da sonda;
• inspeciona-se o tubo quanto à presença de descamação, a qual propicia a formação
de buracos e irregularidades em sua superfície;
• é fundamental que o sistema de ar estático seja drenado após o avião ter sido expos-
to à chuva.
239
outro ponto, diferente da abertura de tomada estática, ela necessita ser feita em um
ponto em que a ligação possa ser prontamente inspecionada quanto ao adequado fun-
cionamento do sistema.
b) Desconexão dos instrumentos - não se deve injetar ar através da linha em direção ao
painel de instrumentos. Isso pode danificar seriamente os instrumentos. Dessa forma, as
linhas de ar dos instrumentos precisam estar desconectadas, para que nenhuma pressão
possa atingir os instrumentos inadvertidamente.
c) Aplicação de vácuo - aplicar o vácuo equivalente a uma altitude de 1.000 pés (aproximada-
mente 3.000 metros), indicado no altímetro do equipamento de teste. Mantém-se o sistema
nessa condição. A pressão diferencial, nesse caso, é de aproximadamente de 1,07 ”Hg.
d) Cheque de vazamento - após um minuto, verificar se há vazamento no sistema.
Isso ocorre se a altitude indicada no instrumento de teste não tiver ultrapassado o equiva-
lente a 100 pés de altura (30 metros). A diminuição da pressão diferencial, nesse caso, é de,
aproximadamente, 0,0105 ”Hg.
e) Cuidados durante o teste de vazamento do sistema pitot-estático. As seguintes precau-
ções têm de ser observadas durante todo esse teste:
• antes de iniciar o teste de vazamento, certificar-se de que os limites de operação do
instrumento conectado ao sistema não serão excedidos durante o teste;
• um diagrama do sistema é utilizado para ajudar a determinar a localização de todos
os instrumentos, bem como de possíveis vazamentos, por meio da observação das
indicações do instrumento;
• é necessário certificar-se de que não há vazamentos no equipamento de teste;
• executar os regimes completos dos testes somente se o operador estiver totalmente
familiarizado com o sistema de instrumentos da aeronave e com os equipamentos
de teste;
• conferir se a pressão no sistema de pitot está constantemente igual ou superior à
verificada no sistema estático. A pressão diferencial negativa através do indicador de
velocidade pode danificar o instrumento;
• quando as linhas de ar são instaladas ou removidas, é necessário assegurar que
elas não estejam torcidas ou com deformações. Deve-se, também, garantir que as
conexões estejam perfeitamente fixadas.
240
c) aplicação de pressão - aplicar pressão até que o indicador de velocidade apresente 150 nós
(pressão diferencial 1,1 ”Hg). Fecha-se a fonte de pressão. Após um minuto, o vazamen-
to não pode exceder 10 nós (diminuição da pressão diferencial em cerca de 0,15 “Hg).
Para evitar a ruptura do diafragma do indicador de velocidade, aplicar a pressão len-
tamente sem criar pressão excessiva na linha. A liberação da pressão é realizada da
mesma forma;
d) verificação de vazamentos - se a leitura do indicador de velocidade diminuir, verifica-se
se há vazamento nas mangueiras ou conexões frouxas;
e) substituição de mangueiras - é necessário inspecionar as mangueiras quanto a sinais de
deterioração, particularmente nas curvas e nos pontos de conexão ao tubo de pitot e ao
indicador de velocidade. As mangueiras rachadas ou endurecidas devem ser substituídas
por outras com especificações idênticas. Toda vez que uma mangueira é substituída,
executa-se a verificação de pressão no sistema;
f ) cuidado - não se aplica sucção nas linhas de pitot.
Resumindo
Neste capítulo, estudaram-se os principais procedimentos realizados pelo técnico de aviônicos
durante as inspeções e as manutenções em pista, nos instrumentos não elétricos das aeronaves.
Foram abordados os procedimentos para a compensação da bússola magnética da aeronave,
bem como as ocorrências que geram a necessidade da compensação. Foram citados vários
cuidados que precisam ser observados durante esse procedimento, tais como estar em um local
livre de estruturas metálicas ou de equipamento que produza campos magnéticos, além de o
pessoal envolvido com a compensação da bússola não portar qualquer material magnético ou
ferroso e utilizar apenas ferramentas não magnéticas para ajustar a bússola.
Foram estudadas, também, as ações para a compensação usando uma bússola manual e uma
rosa dos ventos desenhada no chão da área operacional, afastada de qualquer movimentação.
Adicionalmente, destacou-se que muitos giroscópios funcionam por ação do vácuo ou
de pressão de ar e que tais sistemas requerem cuidados especiais para que o fluxo de ar seja
fornecido com a quantidade e a qualidade necessitadas pelos giroscópios. Dessa forma, viu-se
que os testes dos sistemas anemométricos dedicam especial atenção à limpeza dos filtros e à
verificação de vazamentos, os quais podem gerar indicações falsas nos instrumentos ligados ao
sistema. Mencionou-se, ainda, que as sujeiras e a fumaça do tabaco se acumulam no mecanismo
do rotor do giroscópio, prejudicando seu funcionamento.
Por último, foram explicitados os procedimentos adotados durante as inspeções das aberturas
para tomadas estáticas, dos elementos de aquecimento do tubo de pitot, da drenagem de água
do tubo de pitot e da linha de ar, do sistema estático e quanto a vazamentos no sistema de
pressão estática e dinâmica.
241
242
Capítulo 5
Procedimentos com a aeronave na pista
O reboque de aeronaves pode se tornar uma operação perigosa, caso realizado de forma
imprudente ou descuidada. Neste tópico, são apresentados alguns cuidados gerais a serem
observados durante essa operação, porém é necessário consultar as instruções específicas
para cada modelo de aeronave, que são detalhadas no manual de manutenção do fabricante.
Nele, constam as informações sobre o tipo de garfo ou eixo de reboque a ser utilizado, bem
como os procedimentos e os cuidados a serem seguidos.
243
• alguns tipos de engates disponíveis para uso geral podem ser usados para muitos tipos
de operações de reboque. Essas barras são concebidas com resistência à tração suficien-
te para puxar a maioria dos aviões, mas não podem ser submetidas a cargas de torção.
Dessa forma, a movimentação precisa ser realizada de forma suave e sem curvas acentuadas;
• algumas aeronaves utilizam tipos especiais de engates, não podendo, portanto, serem
movimentadas pelas barras de reboque de uso geral;
• a velocidade desenvolvida pelo veículo de reboque tem de ser razoável, e todas as pessoas
envolvidas na operação precisam estar alerta;
• quando a aeronave estiver parada, não pode confiar somente nos freios do veículo para
mantê-la nessa condição. O membro da equipe que ficar na cabine coordena a utilização
dos freios do avião com os do veículo de reboque;
• aeronaves equipadas com bequilhas são, geralmente, rebocadas para a frente, conectando
a barra de reboque no trem de pouso principal;
• aeronaves equipadas com trem de pouso triciclo são, geralmente, rebocadas para frente,
conectando a barra de reboque ao eixo da roda do trem do nariz (Figura 16);
244
• imediatamente após a aeronave ser estacionada, têm de ser colocados calços na frente e
atrás das rodas do trem de pouso principal;
• uma aeronave não deve ser estacionada em um hangar sem ser imediatamente aterrada.
A partida da aeronave pode ser realizada para o início de um voo ou para as atividades de
manutenção. Neste tópico, abordam-se as duas situações, porém evidenciando a sequência de
procedimentos para uma partida destinada a voo, pois nela são apresentados vários comandos
de interesse do profissional da área de aviônicos.
De maneira geral, antes da partida no motor do avião, para fins de manutenção, são observados
os seguintes cuidados:
a) preferencialmente, a aeronave precisa ser posicionada com o nariz para o vento predomi-
nante, com o fim de melhorar a refrigeração do motor;
b) a aeronave precisa estar com os bloqueios instalados na parte dianteira e traseira das
rodas do trem de pouso;
c) a área tem de estar devidamente delimitada para evitar a presença de pessoas que não
estejam envolvidas com a operação;
d) durante a partida, é necessária uma pessoa capacitada e equipada com extintor adequa-
do, a uma proximidade segura do motor a ser girado;
e) somente pode dar partida no motor após a realização de um cheque ao redor da aerona-
ve quanto à presença de objetos e pessoas que possam ser atingidos pela hélice ou pelos
gases de escapamento, dependendo do tipo de motor da aeronave;
f ) as carenagens desmontadas, tais como os capôs dos motores, as aberturas de tomadas
estáticas, o assoalho do piso da aeronave, entre outras, devem estar acondicionadas em
locais apropriados que impeçam que elas atinjam a hélice durante a operação do motor.
É necessário ter o mesmo cuidado em relação às ferramentas, às bancadas e aos demais
objetos de apoio;
g) caso se utilize a fonte elétrica externa, é preciso ter atenção para que ela seja removida
com segurança.
245
Os motores a explosão são capazes de dar partidas normais em baixas temperaturas, sem a
necessidade de aquecimento do motor ou de diluição do óleo, dependendo do grau do óleo
usado. Sempre que possível, a fonte externa de energia elétrica deve ser empregada na partida
do motor, poupando a bateria do avião. De maneira geral, desligam-se todos os equipamentos
elétricos desnecessários, até que o gerador comece a fornecer energia elétrica para as barras de
força do avião.
Apenas com o intuito de demonstrar os procedimentos de partida para um voo normal, a seguir
é apresentada a lista de verificação para a partida de uma aeronave monomotora, equipada com
motor a explosão, de fabricação brasileira sob licença:
246
Da mesma forma como ocorre nos motores a explosão, há grande variação nos procedimentos
para a partida dos motores turboélice. Portanto, os métodos de caráter geral apresentados neste
tópico visam apenas à familiarização com o assunto. Em seguida, apresenta-se uma lista de
verificação para a partida de uma aeronave turboélice específica. Para partidas dos motores
turboélice, observam-se os procedimentos detalhados contidos nas instruções do fabricante ou
nos equivalentes por ele aprovados.
As partidas dos motores turboélice são alimentadas por diferentes tipos de fonte. A maioria
utiliza a fonte externa de energia elétrica. Outras possuem unidades auxiliares de energia (APU),
responsáveis por fornecer energia elétrica para as partidas. Existem, ainda, as aeronaves que
possuem o sistema de partida pneumático, cujo ar pressurizado pode ser fornecido por fontes
externas ou por compressor de turbina a gás, em inglês, gas turbine compressor (GTC) (Figura 17),
instalado na própria aeronave. Nesse caso, a partida é dada em um motor alimentado pelo GTC
ou pela fonte externa. Quando em funcionamento, alimenta a partida dos demais motores, por
meio de ar sangrado de um determinado estágio da turbina, por meio da válvula de sangria.
247
A título de exemplo, na Tabela 2, apresenta-se a lista de verificação de partida de aeronave
monomotora turboélice de fabricação americana.
248
Resumindo
Neste capítulo, foram vistos os procedimentos adotados para movimentar uma aeronave na
área operacional, bem como os verificados durante as partidas das aeronaves para a execução
de tarefas de manutenção e para a realização de um voo normal. Viu-se que a operação de
movimentação da aeronave na área operacional deve ser cercada de cuidados para se evitar
acidentes e incidentes durante a operação. Foram citados vários cuidados, como a atenção
durante a realização da tarefa, a utilização de garfos e reboques apropriados, a presença de
mecânico qualificado na cabine para operar os freios e membro da equipe em cada ponta da asa
para orientar sobre a presença de obstáculos que possam colidir com a aeronave, entre vários
outros cuidados.
Foram descritos os principais cuidados a serem observados durante a partida de uma aeronave
para atividades de manutenção, tais como a presença de pessoa capacitada, equipada com
o extintor adequado para combater o princípio de incêndio, caso ocorra, assim como o
acondicionamento das carenagens em locais seguros para não serem arremessadas contra a
hélice em operação.
Ademais, estudou-se que a aeronave tem de estar com os calços instalados nas rodas do trem de
pouso principal. Foram explicitados os procedimentos para a partida de uma aeronave equipada
com motor a explosão, previstos na lista de verificação para partida. Também foram destacados
os principais cuidados a serem observados durante a partida de uma aeronave turboélice.
249
250
Capítulo 6
Segurança na área operacional
Um acidente ocorre porque uma série de fatores contribuiu para a sua existência. Raramente é
um fato isolado. Normalmente, decorre de uma cadeia de falhas. Muitas vezes, a eliminação de
um elo dessa cadeia é suficiente para evitar que o acidente se manifeste. Esse elo pode estar bem
próximo do técnico ou da pessoa que transita pela área operacional, basta enxergá-lo e agir para
que ele seja rompido. Esse é o objetivo das políticas de segurança na área operacional.
É fundamental saber qual o tipo de agente extintor é empregado para cada classe de incêndio.
251
A relação a seguir apresenta as recomendações de utilização de cada tipo de extintor.
• Extintor a base de água pressurizada - extingue o fogo por resfriamento. É utilizado em
princípios de incêndios de classe A. Não deve ser usado em aparelhos elétricos energizados.
• Extintor de gás carbônico (CO2) - utiliza o método do abafamento para combater o fogo.
É mais indicado para equipamentos elétricos energizados, porém pode ser usado em in-
cêndios de classe A, B e C.
• Extintor de pó químico seco - esse tipo de extintor também emprega o método do abafamento
para combater o fogo. Pode ser utilizado em todas as classes de incêndios, porém não deve ser
usado em centrais telefônicas ou computadores, porque deixa resíduos. Não tem boa atuação
nos incêndios da classe A, haja vista que é preciso completar a extinção com água.
O outro aspecto do FOD é que esse termo também é utilizado para representar o dano
decorrente de incidente com objeto estranho. Nesse caso, o termo representa o dano provocado
pelo objeto, em inglês, foreign object damage. Por exemplo: no acidente com um avião comercial
supersônico de passageiros, ocorrido em 2009, ele teve um dos pneus furado durante a
decolagem por um objeto deixado na pista. O pneu estourou e parte dele atingiu a fuselagem
na região do tanque de combustível, fazendo com que a aeronave se incendiasse e caísse sobre
um hotel nas redondezas de Paris. O próprio objeto que causou o dano é chamado de FOD.
Portanto, enquanto um se refere aos objetos estranhos com potencial de provocar incidentes e
acidentes, o outro se refere aos danos efetivamente provocados.
252
• as áreas operacionais precisam ser mantidas limpas. Para tanto, realizam-se operações de
varredura ou de cata-FOD (Figura 18), em que os detritos são recolhidos e armazenados
em locais apropriados. Os objetos coletados nessas operações precisam ser encaminhados Cata-FOD: procedimento
ao responsável pela segurança de voo local, a fim de verificar a origem dos detritos para em que todo o pessoal que
que sejam tomadas medidas que evitem futuras ocorrências; trabalha na área operacional
se posiciona lado a lado para
percorrer a área operacional
recolhendo os possíveis
objetos que estejam no local
e que podem se tornar FOD.
Restos de manutenção:
materiais retirados da
aeronave durante as
atividades de manutenção,
por não terem condições
de uso ou por serem de
substituição obrigatória, são
substituídos e descartados.
253
A carga precisa ser devidamente acondicionada, para eliminar o risco de que caia parte dela
no chão;
• as viaturas que acessam a área operacional precisam ser checadas quanto à presença de
detritos nas rodas, que podem ser liberados na área de circulação de aeronaves.
Outras áreas que exigem muita atenção são as localizadas próximas às entradas e às saídas
dos motores a turbina em operação (Figura 19). Tais motores provocam uma área de baixa
pressão na entrada deles, que propicia a sucção de objetos localizados a uma certa distância de
sua área frontal. Eles também expelem gases de escapamento em altíssimas temperaturas, que
podem provocar queimaduras muito sérias. Dessa forma, é necessário evitar as áreas próximas a
esses locais, em virtude do potencial risco de acidentes que podem provocar graves ferimentos
e até mortes.
254
Quando se aborda uma aeronave estacionada e em operação, é necessário que a posição de
abordagem esteja na linha de visão do piloto. Deve-se assegurar que o piloto já percebeu a sua
presença, antes de se aproximar da aeronave.
255
Resumindo
Neste capítulo, estudaram-se os procedimentos de segurança na área operacional.
Nele, foi visto que esse ambiente apresenta riscos inerentes à atividade de aviação, em virtude
da movimentação de aeronaves, de veículos e de pessoas, somados às atividades de operação e
de manutenção de aeronaves realizadas nessa área. Em razão disso, é fundamental a observação
das regras de segurança que visam a evitar as condições que desencadeiam a ocorrência de
acidentes e incidentes na área operacional.
Foi visto que o técnico precisa conhecer os procedimentos para combater os princípios de
incêndio, assim como os tipos de incêndio e os extintores apropriados para cada classe.
Foi destacado que os incêndios são classificados em quatro classes, quais sejam A, B, C e D, de
acordo com o combustível consumido. Os extintores de água pressurizada, de gás carbônico
e de pó químico seco precisam ser utilizados para o combate a princípios de incêndio para os
quais são recomendados.
Ademais, foram apresentadas as definições de FOD, sendo uma referente aos objetos que
representam riscos de incidente e de acidente. O outro aspecto abordado faz referência ao dano
efetivamente provocado em um acidente ou incidente aeronáutico decorrente de objeto estranho.
Por último, foram destacados os cuidados que o técnico deve ter durante a abordagem de uma
aeronave estacionada e com os motores em funcionamento, em função dos riscos representados
pela operação da hélice, dos motores a jato e dos rotores dos helicópteros.
256
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação
257
258
Capítulo 1
Introdução às ondas eletromagnéticas
Telegrafia: sistema de
1.1 Origem e história da comunicação via rádio telecomunicação por um
código de sinais ou por
outros meios apropriados
As contribuições para as comunicações via rádio se iniciaram com estudos de Maxwell, Thomas
que permite a transmissão
Edison, Samuel Morse e o grandioso Nikola Tesla, em 1894, em sua demonstração de transmissão de mensagens escritas.
de rádio sem fios. Porém, em 1888, o jovem alemão Heinrich Rudolf Hertz comprovou, por meio
Garrafa de Leyden:
de um primitivo capacitor (garrafa de leyden), mostrado na Figura 1, que, ao se armazenar energia capacitores primitivos
nesse dispositivo conectado a eletrodos, pode-se perceber em um outro capacitor a emissão de que acumulavam cargas
elétricas.
faíscas a uma determinada distânica, revelando, assim, que certo tipo de eletricidade era irradiada
de um ponto para outro sem necessidade de ligação direta por meio de fios.
259
1.2 Ondas de rádio e telegrafia sem fio
As ondas de rádio, também chamadas de ondas eletromagnéticas de radiofrequência, são
caracterizadas como um tipo de radiação eletromagnética que têm amplitude e comprimento
e, assim como as demais ondas eletromagnéticas, se dispersam no vácuo à velocidade
da luz. Elas são bastante utilizadas nos meios de comunicação como agente carregador no
Rádio: relativo à transporte de informações e, consequentemente, foram denominadas de ondas portadoras.
radiação e às ondas Quando comparadas às outras faixas de ondas eletromagnéticas, são as que possuem maior
irradiantes.
comprimento de onda e menor frequência. A representação gráfica de uma onda de rádio pode
Código Morse: ser vista no detalhe da Figura 2.
representação de
letras, números e
sinais de pontuação
por meio de um sinal
codificado enviado
intermitentemente;
desenvolvido por
Samuel Morse,
criador do telégrafo.
A telegrafia sem fio constitui uma denominação de origem europeia consolidada no início da
década de 1830 com a criação do telégrafo elétrico com fios para as comunicações por ondas
eletromagnéticas. Mais tarde, Samuel Morse seria homenageado com a designação para essa
transmissão em pulsos elétricos: o código Morse. A expressão telegrafia, usada até cerca de
1910, foi substituída por rádio, sendo hoje sua designação oficial.
Infere-se, portanto, que a telegrafia sem fios não foi o resultado de um trabalho apurado por um
único inventor, mas, sim, de um conjunto de tentativas, estudos e experiências desenvolvidas para
se alcançarem tais feitos. Antes da criação do rádio, as notícias não eram divulgadas com tanta
rapidez. Afinal, poucos sabiam ler e compreender o que estava escrito em papéis e em jornais.
260
1.3 Cronologia das telecomunicações
A origem dos rádios teve seu início em meados de 1825 com a criação de eletroímãs e não com
a descoberta do experimento de Hertz, como se acredita. É interessante relatar, resumidamente,
a progressão ao longo do tempo do desenvolvimento das telecomunicações e constatar a rapidez
da ciência em evoluir e prover facilidades para integração de pessoas, fato determinante para o
atual estágio de globalização. Seguem os acontecimentos mais marcantes na história:
1837 - Samuel Morse patenteia o telégrafo, usado para transmitir em código de pontos e traços,
que representavam as letras e os números;
1872 - Thomas Edison desenvolve estudos com a válvula áudio e cria a máquina de escrever
elétrica;
1901 - Guglielmo Marconi (italiano) demonstra o radiotelégrafo fazendo uma transmissão que
cruza o Oceano Atlântico conforme mostra a Figura 4;
1912 - Lee De Forest constrói um tipo de amplificador incorporado a uma válvula triodo,
usada na telegrafia;
1926 - começam os primeiros serviços de telefonia transatlântica entre Londres e Nova York;
261
1984 - começa a se intensificar a criação de uma rede mundial de computadores, a internet;
A expressão rádio não pode ser confundida com o elemento químico de mesmo
nome rádio (Ra), embora haja uma analogia por significar que este elemento seja
extremamente radioativo. Por isso, o seu nome, pois expressa o sentido de raium,
isto é, raio em latim.
Muito se fala nas primeiras transmissões de rádio, mas é pouco conhecido que a primeira
mensagem a ser transmitida foi a letra (S), da costa da Inglaterra ao Canadá, em 1901,
atravessando o Atlântico Norte.
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentadas, resumidamente, a origem e a história da comunicação,
mostrando os principais experimentos e pesquisas relacionados à utilização das ondas de rádio
como forma básica de transmissões a curta e, posteriormente, a maiores, com as contribuições,
em todos os campos da ciência, dos grandes inventores do século XIX.
Compreender seus trabalhos foi de suma importância para todos os tipos de transmissões
modernas, desde a propagação para rádio e TV a equipamentos atuais, e exemplos de
aparelhos de celular e um sistema global de intercomunicação por meio de uma rede de
computadores sem fio.
262
Capítulo 2
Características das ondas eletromagnéticas Frequência: grandeza física
que indica o número de
ciclos ou ocorrências de um
evento; em eletricidade, se
refere ao ciclo de uma onda.
263
Neste caso, houve uma repetição, chamada de ciclos, isto é, três ciclos durante o intervalo de
um segundo.
A onda possui três ciclos por segundos (cps), sendo essa a unidade que representava a frequência
de uma onda. Mais tarde convencionou-se, no sistema internacional de unidades (SI), a
grandeza física dada em hertz, cujo símbolo é Hz, em alusão ao cientista de mesmo nome.
Por exemplo, adotando certo valor de variação de 400 cps, subtende-se que são 400 Hertz,
ou 400 Hz. Além disso, existem, também, os múltiplos da unidade, ou seja, para 1.000 Hertz
pode-se adotar, como exemplo, o prefixo Kilo (1 kHz) como indicativo de mil, assim como
outros prefixos utilizados na relação da Tabela 1.
Tabela 1 - Prefixos do sistema internacional (SI)
264
2.3 Propriedades das ondas sonoras
Diferentemente das ondas eletromagnéticas, que se propagam no espaço, as ondas sonoras
se caracterizam como perturbações ou vibrações que necessitam de meio material para sua Infrassom: som com ondas
propagação. Logo, o som é uma onda tipicamente mecânica. O ouvido humano consegue inferiores a 20 Hz.
perceber sons em uma escala de 20 a 20.000 Hz, sendo inferior a 20 Hz, o infrassom, e superior Ultrassom: som com ondas
a 20 kHz, o ultrassom. O som é especialmente usado nas aeronaves durante a comunicação em superiores a 20 KHz.
que a intensidade da voz, o timbre, a clareza e a fraseologia são fatores determinantes durante Timbre: propriedade do
esse processo. som que permite distinguir
sons de mesma frequência e
Embora as características de propagação das ondas sonoras e das ondas de rádio sejam idênticas, mesma intensidade.
elas são de naturezas diferentes, sendo as ondas sonoras vibrações mecânicas e eletromagnéticas Refração: desvio da luz ou
vibrações eletrônicas. do som ao passar de um
meio de propagação para
Essas vibrações geram fenômenos e têm influências na sua propagação. Tais fenômenos são a outro.
reflexão, a refração e a difração do som. A reflexão é observada e entendida quando se produz Difração: fenômeno que
um som e este atinge um obstáculo retornando ou desviando em outras direções. Em analogia a acontece quando uma onda
encontra um obstáculo.
uma bola de tênis, caso fosse atirada contra a parede, ela pode ser rebatida de volta ou em uma
direção qualquer. Outra experiência é o eco, quando há o retorno do som, detalhe esse que não
se pode confundir com reverberação (prolongamento do som após a fonte sonora ter parado),
contudo, ainda, refletindo em muitas direções, como detalhado nas Figuras 8 e 9.
A refração, por sua vez, ocasiona mudanças nas características de uma onda sonora quando esta
passa de um meio para outro. Dessa forma, uma pessoa, ao mergulhar em uma piscina, tem
seu ouvido ainda capaz de perceber o som de fora, porém com intensidade e clareza distintas,
o som se modificou do meio ar para o meio água.
Por fim, tem-se a difração, demonstrada neste exemplo: ao captar um som estando em um
cômodo ou parte da casa, embora sejam esses separados por paredes, a vibração se desvia do
obstáculo seguindo até a percepção dos ouvidos, compreendendo, dessa maneira, que a vibração
encontrou uma fenda ou brecha.
265
Outras propriedades, como a altura do som, têm influência direta no formato da onda,
permitindo caracterizá-lo como um som agudo ou grave. Um osciloscópio, que nada mais é
um instrumento de medição e de visualização de ondas, possibilita a notação das diferentes
Osciloscópio: instrumento
de medida eletrônica que cria
oscilações para um som agudo e grave. Os sons acima de 20.000 Hz não são percebidos pelo
um gráfico visível de uma ouvido humano e, portanto, não podem ser escutados, mesmo sendo de alta intensidade, porque
onda. as membranas auditivas são incapazes de responder a essa vibração. Para os humanos, esse
Sonar: método de som é extrassensorial, todavia alguns animais, como o cachorro, podem facilmente percebê-lo.
transmissão de ondas para A Figura 10 retrata a distinção das diferentes alturas do som.
localização de navios e
aviões, que serão refletidas e
calculadas.
266
2.4 Velocidade e meios de propagação
As perturbações e oscilações de uma fonte emissora de onda, seja ela de radiofrequência
ou luz e, até mesmo, o som, se estabelecem no espaço ou ambiente material transportando
energia. Ao se jogar uma pedra no lago, por exemplo, são iniciadas oscilações em círculos
concêntricos que se espalham rapidamente de onde a pedra tocou. Semelhantemente,
acontece quando um barco ou uma canoa é balançada e remexida por ondulações provocadas
por uma lancha, comprovando, assim, que as ondas, no caso em questão, propagaram-se na
água e com certa velocidade.
A velocidade do som é diferente nos meios materiais e no ar. Comumente, é adotado que o
som possui a velocidade de 340 m/s (1.224 Km/h) no espaço; entretanto, esta velocidade é
demasiadamente alta nos sólidos e na água. Enquanto na água sua velocidade é, aproximadamente,
de 1.500 m/s (5.400 km/h), nos sólidos metálicos ela chega a mais de 4.000 m/s ou 14.400 Km/h.
No entanto, fatores como a temperatura e a pressão precisam ser observados para uma perfeita
medição da velocidade. Como o som se propaga apenas no meio matéria e no ar, pois o ar é
matéria, no vácuo ele não teria efeito nenhum devido à ausência de moléculas em volume do
espaço. Portanto, seria impossível ouvir, por exemplo, uma explosão em órbita da terra.
Sendo assim, qual seria a velocidade das ondas de rádio? Essa, sim, seria uma grande indagação.
Sabe-se que as ondas de rádio e as ondas luminosas são formas de ondas eletromagnéticas
com características especiais, apenas são diferenciadas entre si na sua frequência, porque ondas
luminosas têm frequência muito maior que as ondas de rádio. Todas as ondas eletromagnéticas
se propagam com velocidade constante no vácuo. Assim sendo, a resposta é que sua velocidade
é a da luz (300.000 Km/s).
Com base nesses dados e usando a fórmula das ondas mostrada anteriormente neste capítulo,
determina-se qual o comprimento de uma onda que viaja a 30 m/s em uma frequência de 6 Hz.
A equação: (V = f x λ); logo, 30 = 6 x (λ); seguindo a fórmula, (λ) = 30/6, encontrando o
resultado de cinco metros de comprimento de onda.
Outro caso é utilizar a constante (C) em vez de (V), representando, dessa forma, a velocidade
da luz nos casos de ondas eletromagnéticas. Exemplo: Para encontrar a frequência de uma
onda eletromagnética de comprimento 250 m, usa-se a fórmula: (C = f x λ), obtendo, assim,
300.000 = (f) x 250; logo, tem-se (f) = 300.000/250, obtendo o resultado de 1.200 Hertz.
Micro-onda: ondas
eletromagnéticas com
comprimentos de ondas
2.5 Espectro eletromagnético maiores que os dos raios
infravermelhos, mas menores
que o comprimento de ondas
Constitui uma extensão compreendendo o intervalo de todas as possíveis frequências da de rádio.
radiação eletromagnética existentes, como as micro-ondas, o infravermelho, o raio laser, e se Angstrom: unidade de
estende às frequências mais altas, como a radiação gama. Vale enfatizar que este espectro varia medida utilizada na física (1
Å = 10-10 m).
sua frequência e o comprimento da onda de maneira inversamente proporcional. Quanto
menor for o comprimento de determinada onda, maior será sua frequência. Há ondas de Espectro: intervalo completo
tamanhos variáveis e aquelas que são totalmente imperceptíveis ao olho humano, utilizando- de todas as possíveis
frequências da radiação
se como unidade o angstrom, medida usada na física quântica em escalas da ordem atômica, eletromagnética.
267
sendo 1 angstrom equivalente a 1 milímetro dividido por 10 milhões. A Tabela 2 demonstra a
comparação entre ondas no espectro eletromagnético.
Dos tipos de radiação mais conhecios do espectro, estão as ondas luminosas, as ondas de rádio,
as ondas infravermelhas, os raios ultravioletas, os raios X e os raios gama, definidos a seguir.
• Ondas luminosas - se diferem das vibrações de rádio, pois não precisam de meios para que
se propaguem. São originadas de fontes elétricas ou magnéticas.
• Ondas de rádio - descobertas por Hertz, são usadas nos sistemas de radiocomunicação.
Compreendem a gama entre 100 quilohertz e 1.000.000 mega-hertz.
• Ondas infravermelhas ou radiação infravermelha - possuem frequência alta e são origina-
Infravermelha: radiação
das de fontes térmicas ou caloríficas, sendo o próprio sol uma dessas fontes.
eletromagnética não • Raios ultravioletas - semelhantes às infravermelhas por possuírem alta frequência e sur-
ionizante.
girem de fontes térmicas, mas são de maior intensidade nos raios solares e têm compri-
Urânio: elemento químico mento de onda maior.
radioativo.
• Raios X - são de frequências superiores às dos raios ultravioletas e caracterizam-se, prin-
cipalmente, por serem capazes de atravessar toda sorte de tecidos, couros, telas, madeiras
e grande parte dos metais.
• Raios gama - são as ondas eletromagnéticas que possuem a maior frequência e o menor
comprimento de onda das já conhecidas. Compreendendo, também, os raios cósmicos,
provenientes das irradiações de elementos radioativos, como o rádio e o urânio, fato que
determina elevado grau de perigo para a saúde humana.
268
2.6 Classificação das ondas de rádio
O objetivo agora é dar um estudo mais direcionado dessas ondas, porque elas desempenham
papel fundamental na aviação com as operações de comunicação e de navegação aérea. As ondas
eletromagnéticas, correspondentes às ondas de rádio empregadas atualmente, são classificadas
de acordo com suas faixas, atentando-se ao seu comprimento e à relação com os serviços usados
em sistemas de navegação e de comunicação. Nelas, se englobam as transmissões de rádio e
TV. O espectro é classificado em nove faixas que vão desde as ondas longas até as curtas de alta
frequência. A Tabela 3 explana a divisão de forma organizada.
As ondas de ELF e VLF são conhecidas como ondas longas, aplicadas nas comunicações para
submarinos e escavações de minas. Normalmente, não são percebidas pelos sentidos humanos.
Ondas médias, como as de LF e MF, são empregadas nos auxílios à navegação aérea e em
algumas estações de radiodifusão.
A faixa de operação que compreende o HF, denominadas de ondas curtas de longo alcance, é
utilizada na comunicação de radioamadores e de rádio difusoras internacionais, assim como na
aplicação na comunicação aérea.
269
Ondas de VHF e UHF são as que fazem parte do cotidiano, são elas as mais usadas nos serviços
de rádio e TV e em outras atividades de telecomunicações, como, por exemplo, nas redes
móveis de celulares, além disso, têm grande contribuição nas transmissões aeronáuticas no uso
de sistemas de localização, de navegação e de comunicação das aeronaves.
Por fim, as ondas de SHF e EHF são usadas nas transmissões via satélite e de geolocalização,
assim como nos serviços de telecomunicações internacionais. Elas são de frequência bastante alta.
A onda terrestre é aquela que não depende da refração pelas camadas ionizantes da ionosfera,
irradiando de forma contínua e direta de um ponto a outro. Por isso mesmo são empregadas em
curtas distâncias, ou seja, a antena transmissora envia diretamente à estação receptora, em um
processo chamado de transmissão de horizonte ótico, sendo esse termo usado para uma onda
direta, em que, geralmente, são utilizadas as frequências superiores a 30 MHz.
Uma antena receptora capta dois sinais provenientes da mesma antena transmissora, mesmo
que tenham vindo de caminhos diferentes. Como exemplo disso, um sinal sairá da antena
que o emite e seguirá diretamente à outra antena. Posteriormente, ela emitiu outro sinal e
este bateu em um objeto no espaço, no caso um avião, e, só depois disso, atingiu a antena
receptora. Os dois sinais chegaram à antena, mas com uma defasagem de tempo, isso provoca
instabilidade nas comunicações, como acontecem em estações de amplitude modulada (AM),
quando ora o sinal fica forte, ora fica fraco. Essa denominação é conhecida como
270
desvanecimento, em inglês, fading, explicada na Figura 11. A onda 1 é irradiada e refletida
até chegar a antena transmissora, que também recebeu outra transmissão, a 2, mas esta foi
Desvanecimento:
refletida pelo obstáculo, chegando um tempo depois.
instabilidade das
comunicações pela diferença
de dois sinais de onda.
Transceptor: equipamento
que incorpora transmissor
e receptor em uma única
unidade.
Figura 11 - Desvanecimento
As ondas ionosféricas, também chamadas de ondas espaciais, em alguns casos, não retornam
depois de serem refratadas e acabam se perdendo no espaço, em razão de determinadas condições
climáticas e da camada ionizante. Desse modo, as ondas espaciais e ionosféricas que contêm
algum tipo de informação nem sempre ficam no espaço da nossa atmosfera.
A antena transmissora integra a energia presente nos seus circuitos, que sai do módulo de
radiofrequência (RF) e a converte em energia para ser irradiada ao espaço. Ela deve ser
construída com o objetivo de tornar o acoplamento da antena e do módulo de radiofrequência
o mais eficiente possível para que haja uma considerável transmissão das ondas.
Por fim, as antenas transceptoras são aquelas que desempenham as duas funções de recepção
e transmissão, com circuitos integrados separadamente para cumpri-las. Para que as antenas
operem, é necessário que exista uma linha de transmissão, que representa a conexão elétrica
entre a antena e o circuito de saída de RF do módulo transmissor do rádio.
271
A linha de transmissão é imprescindível quando o transmissor e a antena estão montados
em lugares diferentes, como o que ocorre em transmissores de grande porte, enquanto nos
menores, o circuito de RF e a antena estão juntos, como, por exemplo, um rádio de pilha ou um
celular. O funcionamento da antena se baseia no princípio de que toda corrente elétrica em um
condutor gera um campo magnético e elétrico, esses campos possuem planos perpendiculares
entre si, como mostrados na Figura 12, e, ao mesmo tempo, defasados.
Para que um objeto opere como uma antena, é necessário que ele tenha o formato e a dimensão
apropriados, de maneira a intensificar a tensão induzida quando ele intercepta uma onda
eletromagnética, pois essa diferença potencial nos fios das antenas gera um campo elétrico.
Nesse caso, a tensão no circuito externo pode ser suficientemente grande para que haja sua
excitação e o objeto funcione de modo eficiente. O campo elétrico e o magnético se alternam
em torno da antena, crescendo e atingindo o valor máximo, depois se esgotando. Em seguida,
Campo elétrico: campo de
força provocado pela ação de
se fortificando novamente em sentido oposto, na mesma frequência da corrente da antena,
cargas elétricas. de forma sucessiva. Nesses processos de crescimento e de colapso, esses campos dão origem às
ondas eletromagnéticas que se propagam através do espaço.
Colapso: esgotamento,
falência, vir abaixo.
272
Essas antenas são largamente utilizadas no alto das casas e dos edifícios para recepção de TV,
como ilustrado nas Figuras 14.A, B e C. Nelas, é vista a disposição das ondas em antenas
transmissora e receptora.
14.A - Disposição das ondas 14.B - Disposição das ondas de uma antena
As antenas de um quarto de onda com um dos condutores ligado à terra (massa) são conhecidas
como antena marconi. É um condutor vertical de pouca espessura, perpendicular ao chão.
A antena de um quarto de onda é também uma antena fácil de se conectar ao equipamento de
polarização vertical, de modo que a terra e o elemento de um quarto de onda restante formem
Polarização: medida da
efetivamente um dipolo de meia onda. O nome marconi é devido ao famoso inventor. Sua variação do vetor do campo
característica principal é por ser usada na terra como um condutor para fechar o circuito. elétrico de uma onda.
Para usar uma antena marconi, o solo onde ela está tem de ser um bom
condutor elétrico. Algumas vezes, são enterrados tubos de cobre na base
da antena para melhorar a condutividade do solo. Nas embarcações e
nos navios, uma antena vertical de um quarto de onda fica em um
ponto elevado bem acima do convés. Nesse caso, para simular a terra,
deverá ser usado uma base de ferro e outros componentes metálicos para
aumentar a condutibilidade. A Figura 15 ilustra uma antena marconi
instalada verticalmente e aterrada no chão. Em ambas antenas, dipolo
de meia onda e marconi, são enfatizados o fator dissipação de energia,
isto é, parte da energia é dissipada na qual se chama de resistência de
irradiação. Para um dipolo de meia onda, a resistência de irradiação
é de, aproximadamente, 73 Ohms, valor este medido no centro da
antena. Esse valor é constante para dipolos de meia onda aplicando em Figura 15 - Antena marconi
qualquer frequência.
273
A antena loop emprega apenas um condutor circular, de forma mais compacta. É bastante
aplicada para recepção. Seu modelo é portátil e reduzido, se comparado ao dipolo de meia onda,
e não precisa de plano de terra como as antenas marconi. A antena tem esse nome por ser um
elo magnético, porque, na sua região, predomina o campo magnético sobre o campo elétrico.
Os campos elétrico e magnético não são diferentes de qualquer outra antena, e, portanto, ela
não perde desempenho em relação às anteriores aqui estudadas. O ponto fraco desta antena é
que sua construção é minuciosa por ser uma antena cheia de detalhes. Nos sistemas de aviação,
são usados como receptores para navegação aérea. A Figura 16 mostra um exemplo de antena
loop em sua montagem tradicional.
274
esses equipamentos durante a manutenção das aeronaves e procedimentos que vão desde as
checagens operacionais até mesmo a remoção e instalação da antena. É fundamental verificar
as linhas de transmissão e cabos de conexão, uma vez que a troca indesejada de um cabo da
antena resulta em um mau funcionamento do sistema, tendo em vista que não se observou o
tamanho correto deste, criando, assim, uma defasagem da impedância. As Figuras 17.A, B, C e D
mostram as antenas mais comuns instaladas em sistemas de aeronaves, como a de rampa
de descida, em inglês, glide slope, a do sistema detector automático de direção, em inglês,
automatic direction finder (ADF), e a de frequência muito alta, em inglês, very high frequency (VHF).
275
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que o princípio fundamental de uma transmissão via rádio por meio do
estudo e da compreensão das ondas eletromagnéticas e sua classificação. Ademais, foi observada
a importância de distinguir as propriedades e as características de uma onda, assimilando como
é obtido seu comprimento e frequência.
276
Capítulo 3
Radiocomunicação e modulação
Por esse motivo, explicitam-se detalhes desde a transmissão e a recepção até o processo de
modulação em um rádio, permitindo perfeita compreensão da operação dos equipamentos e a
forma como os demais componentes comunicativos estão interconectados.
277
Para operação do equipamento, o braço do manipulador tem de ser pressionado para baixo,
fazendo com que os seus contatos se fechem e o transmissor comece a irradiar a portadora de
Manipulador: chave
telegráfica para transmissão frequência. Dessa maneira, os ciclos serão interrompidos, isto é, serão ligados e desligados para
em código Morse. controlar os intervalos convenientes de tempo durante os quais os contatos do manipulador
Microfone: conversor que
permanecem abertos ou fechados, passando, assim, a transmitir a mensagem em código Morse.
transforma energia acústica A representação gráfica dos sinais é feita por intermédio de pontos e traços, empregando apenas
em sinais elétricos. dois sons, um curto e outro longo.
278
Ao analisar a Figura 20, é possível perceber que dois sinais distintos foram combinados.
Em suma, a resultante da combinação do som com a onda de transporte é uma saída modulada
com vários picos de tamanho, ou melhor, amplitudes diferenciadas, mas mantendo a
frequência constante.
Outro detalhe a ser observado nas transmissões AM é que o resultado da modulação é composto
de três outros sinais de frequências e amplitudes iguais. Um dos sinais é o da própria onda
portadora, o segundo e o terceiro representam as faixas superior e inferior dos sinais da onda
transportadora e o sinal da mensagem.
A título de exemplo, suponha que uma transportadora seja usada em uma emissão de 5.000 kHz,
com uma mensagem de áudio de 4 kHz e sejam calculadas, então, a soma (5.000 + 4 = 5.004 kHz)
e a diferença (5.000 – 4= 4.996 kHz) dessas frequências.
Para uma melhor compreensão, observe a Figura 21. Nela, estão ilustrados os sinais chamados
de banda lateral superior (5.004 kHz) e de banda lateral inferior (4.996 kHz). Quando uma
estação de rádio é sintonizada, o som ouvido é modulado nessas duas bandas laterais simétricas
que oscilam acima e abaixo da portadora. Assim, atuam como um espelho do lado de um
objeto e a imagem é refletida. Todavia, essa simetria é alterada em virtude de perturbações e de
distorções nas transmissões.
Conforme visto na Figura 21, há decomposição em três sinais, sendo a largura de separação
das bandas de 8 kHz (5.004 kHz – 4.996 kHz). No entanto, existe um problema durante a
modulação em amplitude (AM), que consiste no fato de a portadora consumir metade da
potência de emissão. A outra metade dessa potência é dividida pelas duas bandas laterais.
Dessa forma, esse sistema é pouco eficiente no que diz respeito ao consumo de energia.
Afinal, metade dela é gasta somente na portadora que não oferece nada de útil, pois não contém
mensagem e, ainda, existem duas bandas semelhantes entre si, que poderiam ser convertidas
em uma única.
279
Para solucionar esse problema, a maneira encontrada é a banda lateral única, em inglês,
single side band (SSB), que proporciona a transmissão de apenas uma das bandas. Em outras
palavras, a banda superior ou só a inferior é captada no receptor que, por sua vez, recria a
portadora e a outra banda ausente. No caso de transmitir as duas bandas simultâneas, os
circuitos receptores dos rádios selecionam apenas uma, desde que possua esse dispositivo de
recepção em SSB. Outra forma é emitir a portadora com uma das bandas, com a vantagem de
um receptor sem o dispositivo de SSB conseguir ouvir a transmissão.
280
Como apresentado na Figura 22, a combinação da onda portadora com o sinal de
audiofrequência gerou uma saída de amplitude constante, porém com mudanças seguidas no
valor da frequência.
O transmissor possui circuito oscilador para gerar oscilações. Porém, mantendo a frequência
estabelecida e um circuito amplificador para elevar a saída do oscilador a um nível de potência
ideal à operação adequada. Além disso, existe o modulador que capta as voltagens para controlar
Amplificador: aparelho que
as variações na intensidade da oscilação ou da frequência instantânea, de forma clara e objetiva, aumenta a potência de uma
e realiza a mistura do sinal de áudio com o de radiofrequência (RF). oscilação elétrica.
O nível de potência gerado por um transmissor altera a força do campo magnético que é irradiado Oscilador: circuito eletrônico
que produz um sinal
pela antena. Conclui-se, então, que, quanto maior for a potência de saída de um transmissor, eletrônico repetitivo.
maior será a distância de alcance do seu sinal. Os transmissores têm a sua frequência controlada
Piezoelétrico: propriedade
por cristais, pois o efeito piezoelétrico de um cristal de quartzo é um fator importante para ter relativa aos cristais.
uma estabilidade de saída de radiofrequência (RF). Essa propriedade do cristal faz com que ele,
Quartzo: mineral em forma
ao ser energizado, gere um pulso eletromagnético com determinado valor de frequência. de cristal mais abundante
da terra.
Uma antena receptora que capta a energia de RF a envia ao circuito do receptor. Este, por sua vez,
faz o inverso do transmissor, convertendo a energia irradiada e captada para sinais de áudio que
serão ouvidos em um sistema de fones ou alto-falantes, ou, até mesmo, visualizados em imagens
em um sistema de navegação. Muitas ondas estão presentes no ar, mas o receptor irá demodular de
acordo com a frequência selecionada. Um circuito demodulador, que possui baixa sensibilidade
às mudanças de frequência, é utilizado para recepção FM chamado de discriminador.
281
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que é necessário o conhecimento detalhado da radiocomunicação, bem
como o processo de transformação de uma simples onda de rádio em mensagem de voz e de
dados, observando a complexidade dos componentes básicos de um rádio.
As transformações que ocorrem por meio de modulações AM e FM, como forma de combinação
dos sinais da onda portadora, e por sinal de audiofrequência (AF) seguem características
importantes de variações de amplitude e de frequência.
Foram tratadas, também, diferenças básicas e importantes dos transmissores e dos receptores,
assim como suas corretas operações em um sistema de rádio.
282
Capítulo 4
Sistema de intercomunicação e de alarme
A comunicação não é só realizada de pontos distantes, ela também é feita entre toda a
tripulação, a fim de tornar as atribuições e as tarefas de trabalho completamente organizadas.
Isso possibilita que pilotos e comissários comuniquem os passageiros quanto às condições ou
a qualquer tipo de informação relevante sobre o voo. Isso posto, são abordados detalhes do
sistema de comunicação interna, o reconhecimento dos componentes e a interface entre eles.
Da mesma maneira, é essencial aos técnicos de manutenção ouvir o que o avião fala, isto é,
compreender, por meio de um sistema de alarmes, a correta manutenção e operação de um
conjunto de componentes interconectados, desempenhando cada um função específica.
O sistema de interfone de bordo emprega uma caixa de controle de áudio que, por meio de
um painel de controle, seleciona todos os áudios recebidos e transmitidos nos alto-falantes e
interfones selecionados. A seguir, serão apresentadas, detalhadamente, as funções descritas de
um painel específico de controle de áudio.
283
A Figura 23 exemplifica um diagrama básico de um sistema integrado de áudio com seus
principais componentes, como a unidade central e a eletrônica remota (REU), que faz integração
dos sons por meio de dois canais independentes, um para o piloto e outro para o copiloto, ela
amplifica e faz a comutação de todos os sinais de áudio, provenientes da comunicação em
VHF, HF e, também, do sistema de intercomunicação, por meio de interfone e microfones,
Comutação:
transformação de distribuindo corretamente as saídas dos sons nos alto-falantes das cabines de pilotos e de
sinais elétricos. passageiros, além de prover comunicação entre a tripulação e equipes de manutenção, sem que
ATA 100: refere-
seja necessário descer da aeronave. A unidade, ainda, remete sinais para o sistema de gravador
se aos capítulos de voz.
padronizados dos
manuais técnicos de Com efeito, os detalhes aqui apresentados retratam o sistema de áudio de uma maneira geral, e,
1 a 100.
por conseguinte, os manuais específicos de cada avião precisam ser observados no capítulo 23
da ATA 100, referentes aos sistemas de comunicação contidos nesses manuais.
A caixa de controle de áudio possui comandos para a saída do som nos alto-falantes, com
a função alto-falantes, em inglês, speaker, ou apenas nos fones de ouvido, na função fone,
em inglês, phone, quando estiver pressionada qualquer tecla do sistema de comunicação.
Por exemplo, caso necessite ouvir uma recepção do sistema de comunicação 1, basta pressionar
a tecla inferior correspondente aos fones e todo o áudio será direcionado apenas para os
fones de ouvido, igualmente, se a reprodução desejada for nos alto-falantes, a tecla superior,
correspondente a speakers, é pressionada. Por meio da caixa de áudio, é possível, ainda, selecionar
os sons dos sistemas de VHF 1 e 2 e dos sistemas de navegação como mostrado na Figura 24.
284
Por meio dos dois painéis de controle de áudio, algumas funções são obtidas seguindo estes modos:
• teclas de seleção do microfone;
• botões de áudio dos receptores com saídas para alto-falantes ou fones;
• botão seletor de sensibilidade do farol balizador, em inglês, marker beacon;
• botão seletor de microfone e de controle de volume principal;
Marker beacon: farol
• botão de seleção do modo automático; balizador que serve para
direcionar a aeronave na
• botão de chamada da atendente. aproximação para pouso.
Na Figura 24, vê-se um exemplo da caixa de áudio empregada em aeronaves de pequeno porte, Âmbar: cor com tonalidades
com suas funções e seus botões dos modos selecionados. de amarelo e cor de mel.
Distance measure
equipment (DME): significa
equipamento medidor de
distância para a estação de
VOR; informa a distância do
avião até a estação de VOR
sintonizada.
A seguir, são descritas as funções das teclas de controle usadas no painel mostrado na Figura 24.
• (TST) - significa teste e serve para avaliar as luzes marker beacon. Ao ser pressionado, esse
botão faz com que todas as lâmpadas à esquerda, azul, branca e âmbar, representadas,
respectivamente, por (A), (O) e (M), iluminem.
• (SENS) - o botão à direita da lâmpada da luz âmbar (M) seleciona a sensibilidade do farol
balizador. Trabalha em conjunto com as teclas alto, em inglês, high (HI), e baixo, em
inglês, low (LO), controlando a sensibilidade do sinal daquele farol.
• (TEL) - controla o áudio para o telefone via rádio, caso esteja equipado com ele. Essa tecla
não existe em outras caixas de áudio, por ser apenas um sistema opcional.
• (COM 1) - controla o áudio recebido do transceptor 1 de comunicação. Novamente re-
lembrando, o botão de linha superior direciona a saída para o alto-falante da aeronave e
o botão de linha inferior direciona para o fone de ouvido.
• (COM 2) - idêntico ao (COM 1). Porém, o áudio vem do transceptor 2.
• (NAV 1) - controla o áudio recebido do receptor de radionavegação. Este sinal é em código
Morse.
• (NAV 2) - possui a mesma funcionalidade do (NAV 1).
• (DME) - permite ouvir o identificador de código Morse para qualquer distance measure
equipment (DME), que é acoplado a estações de VHF omnidirectional range VOR.
• (MKR) - permite ouvir o áudio do farol balizador.
• (ADF) - permite ouvir o identificador de código Morse de uma estação de navegação do
detector automático de direção, em inglês, automatic direction finder (ADF).
• (AUTO) - é o botão que seleciona automaticamente a recepção de (COM 1) ou (COM 2).
285
O seletor rotativo no canto à direita controla as transmissões com qualquer uma das opções
a seguir.
• (COM 1) - transmite pelo transceptor 1.
• (COM 2) - transmite pelo transceptor 2.
• (INT) - significa interfone e permite que a tripulação se comunique com os passageiros no
alto-falante da cabine.
• (TEL) - transmite no telefone, caso seja equipado com esse dispositivo na aeronave.
• (EXT) - permite que a tripulação converse com uma pessoa do lado de fora, geralmente,
com a equipe de manutenção, por meio de uma tomada de fone externa.
• (OFF) - desliga as transmissões.
Alguns aviões estão equipados com sistema de interfone com modos básicos de operação.
Entre esses modos, destacam-se o da cabine de comando, o externo ou de rampa e o de
cabine de passageiros.
Os botões estão presentes nos dois manches de controle do avião, sendo um para cada piloto
na cabine.
286
Para permitir a comunicação entre a cabine de comando e os serviços externos, como rampa
e manutenção, é preciso que seja conectado, conforme a Figura 26, um fone por meio de
entradas de conexão específicas para ele, as tomadas, em inglês, jacks.
Essas entradas para fones estão em vários lugares da aeronave, mais comum na fuselagem
frontal próximo à cabine de comando. Contudo, outros lugares são necessários, como, por
exemplo, embaixo das asas durante o abastecimento de combustível, processo monitorado
pelos técnicos de manutenção.
287
4.4 Passenger address system
Fazendo parte do sistema de intercomunicação, o endereçamento aos passageiros, em inglês,
passenger address (PA), possibilita um aviso de voz proveniente da cabine de comando ou por parte
dos comissários de bordo, informando sobre orientações e procedimentos de segurança durante o
voo. Oportuniza, também, que as aeronaves sejam equipadas com dispositivos de entretenimento,
música a bordo, informações atualizadas do voo e notícias. Outros avisos luminosos como use
cintos e não fume, além dos botões de chamada dos atendentes, integram o sistema.
Para avisos dos comissários, há um painel de controle, próximo à porta frontal em aeronaves
de grande porte comerciais, formado por interfone e botões de controle do nível de som.
Além disso, há uma unidade amplificadora própria do sistema de PA, que amplifica e controla
os sinais de áudio e os envia para um dos canais da REU.
Além dos alertas de sons e gravações dos alarmes pronunciados, fazem parte do sistema outros
componentes, tais como o painel múltiplo de alarmes (PMA), as luzes de aviso em cores
predefinidas nas indicações de aviso/perigo, em inglês, warning, e cautela/cuidado, em inglês,
caution, e a unidade de alarme eletrônica, em inglês, aural warning unit (AWU).
288
O PMA localizado no painel principal do avião integra as luzes de falha de cada sistema.
Essas luzes acendem na cor âmbar (de tonalidade amarelada) e na cor vermelha. As luzes na
cor âmbar chamam a atenção da tripulação para uma condição de cuidado ou cautela, mas
não requer uma ação imediata por parte dos pilotos. O alerta na cor vermelha se refere a um
indicativo de falha ou mau funcionamento de algum equipamento ou sistema, e, nesse caso,
Atitude: movimento da
deve-se tomar uma atitude imediata para a resolução da falha. aeronave em torno dos eixos
longitudinal e lateral.
Muitos aviões ainda possuem uma luz de aviso mestre, em inglês, master, que acende
e toca toda vez que alguma luz do PMA é ativada na condição de warning, para
alerta vermelho, e caution, para alerta âmbar (Figura 29).
Caso uma porta se abra ou destrave durante um voo, a luz mestre warning (Figura 29) piscará
juntamente com um aviso sonoro, chamando a atenção dos pilotos para a luz de aviso porta
aberta no PMA que acendeu na cor vermelha e requer uma ação instantânea para solucionar
a ocorrência e proceder com segurança. Após verificada a condição de alarme, a luz mestre
é reiniciada, a fim de que se apague e esteja pronta para outro alerta que venha a acontecer.
289
Na Figura 30, também é apresentada a localização do PMA e dos alertas acesos.
O sistema de gravador de voz da cabine, em inglês, cockpit voice recorder (CVR), permite uma
gravação contínua dos últimos 30 minutos de voo, alguns modelos gravam até 120 minutos.
Em diversos casos, principalmente os envolvendo acidentes sem indícios, é necessário, para as
equipes de investigação desses acidentes, seja consultado o áudio gravado, com o intuito de
solucionar tais indefinições. Os sinais são gravados em uma fita magnética dentro de uma caixa
com estrutura bastante reforçada e protegida contra os fortes impactos dos acidentes aéreos e
que suporta temperaturas de até 1.000 ºC.
O CVR é constituído de uma unidade de controle localizada na cabine de comando para que
seja testada e controlada pelos pilotos. Esse componente está localizado na parte traseira dos
aviões, próxima ao cone de cauda, e nele está incorporado um balizador acústico que emite
sinais em uma frequência de onda acústica para ser localizado pelas equipes de resgate em
Cone de cauda: cone caso de queda no mar. Para garantir o funcionamento do dispositivo, é acoplada uma bateria
traseiro do avião, final da
calda. de mercúrio que fornece energia para o módulo eletrônico, por um período de 10 a 30 dias,
290
dependendo do fabricante, assim que a unidade entra em contato com a água em um raio
de 2 a 4 milhas. O CVR grava os últimos 30 minutos de gravação e, terminado este tempo,
Milha: unidade de distância
automaticamente vai regravando sucessivamente. As Figuras 31.A e 31.B apresentam detalhes
equivalente a 1.609 Km.
de um CVR internamente, além do painel de controle na cabine.
291
Resumindo
Neste capítulo, foi vista uma síntese de um sistema de intercomunicação que envolve a
conversa da tripulação por meio do uso de interfone, mostrando sua operação e a integração
dos componentes juntamente com sua localização.
292
Capítulo 5
Sistema de comunicação VHF e HF
Normalmente, os aviões estão equipados com dois, ou, em casos raros, até três sistemas distintos
de VHF. É constituído de um transceptor, uma antena que transmite e recebe frequência,
exercendo, assim, as duas funções e um painel de controle. Todos os componentes integrados
ao sistema de VHF1 e VHF2 são semelhantes e independentes.
• Transceptor - é uma unidade eletrônica transistorizada, atuando como um conversor de
energia, transformando o sinal de audiofrequência em sinais elétricos nos cristais para
produzir uma frequência, permitindo a antena irradiar as ondas eletromagnéticas.
• Antena - do tipo lâmina, em inglês, blade, transmite e recebe as ondas de rádio operando
em conjunto com o transceptor. Está, normalmente, localizada na fuselagem superior e
no dorso da aeronave, pois, em muitos casos, são usadas duas antenas, uma para cada
sistema independente.
Dorso: parte superior da
• Painel de controle - serve para selecionar e sintonizar as estações de acordo com sua faixa fuselagem da aeronave.
de frequência.
293
A Figura 32 retrata um diagrama básico da interface dos componentes do VHF.
294
O botão seletor muda para a posição desligado (OFF), para a ligado, em inglês, power (PWR),
e, também, para a função teste, em inglês, test, com vistas a verificar se o áudio está ativo.
O botão volume (VOL) ajusta a intensidade do som. Os botões da esquerda e da direita são
duplos e concêntricos, como se fossem dois botões em um só, sendo os botões frontais para
sintonizar as frequências no mostrador analógico. O seletor esquerdo sintoniza os números
Concêntrico: círculos
inteiros, já o seletor direito sintoniza os números decimais. sobrepostos e que têm o
mesmo centro.
Muitos rádios de VHF incorporam em uma só unidade o painel de controle e o transceptor, e
são empregados em aeronaves de pequeno porte em que esses equipamentos não possuem muita
potência. Alguns modelos possuem uma memória para guardar as frequências das estações
mais utilizadas, como, por exemplo, o modelo da Figura 34, que apresenta uma frequência
no mostrador ativa à esquerda e uma na memória em espera, em inglês, standby, à direita.
Para inverter as posições ativa e espera, é só pressionar a tecla com o símbolo de seta dupla.
295
A maioria dos aviões possui dois sistemas de VHF independentes e, portanto, são duplicados
os componentes. As antenas dos sistemas 1 e 2 são, em muitos casos, parecidas com uma
barbatana de tubarão e instaladas na fuselagem superior, isto é, no dorso e na barriga da
aeronave, na parte inferior, de acordo com as Figuras 36.A e 36.B.
Figura 36.A - Antena de VHF inferior Figura 36.B - Antena VHF superior
296
5.3 Componentes do sistema de HF
O HF é outro sistema de comunicação empregado, mas não tem a mesma qualidade audível
do VHF quando utilizado para grandes alcances, pois sua irradiação é refletida pela ionosfera.
Outro fator a ser exaltado é no tocante à dimensão da antena, pois, para transmitir em grandes
distâncias, é necessária uma antena maior. A maioria das antenas de HF se caracterizavam por
serem um fio ou um cabo longo ligado na empenagem vertical, se estendendo pela fuselagem
até um ponto de fixação acima da cabine. Sua forma se assemelha a um tradicional varal de
Empenagem: estabilizador
roupa e eram, muitas das vezes, instaladas em aviões que atingiam velocidades de até 400 Km/h, vertical e horizontal na calda
e, acima dessa velocidade, eram empregados tubos no interior do estabilizador vertical. As do avião.
Figuras 38.A, B e C ilustram os tipos de antena de HF utilizadas em aviões. Estabilizador: empenagem
vertical e horizontal (leme e
profundores) do avião.
297
Os transceptores de HF possuem, normalmente, uma potência de saída bastante
elevada. Uma precaução a ser tomada durante a operação no solo é o cuidado com
pessoas próximas em um raio de até cinco metros, além de caminhões de combustível
durante o reabastecimento, pois pode haver risco de explosões.
Figura 39 - Sistema de HF
298
radiofrequência modulada da antena e a envia para o transceptor. O acoplador fica instalado
em um lugar não específico na aeronave, para ter certeza de sua localização, os manuais de cada
aeronave podem ser consultados. A Figura 40 mostra um dos modelos instalados em aeronaves
de grande porte.
De forma generalizada, as falhas dos sistemas de VHF e HF são semelhantes, sendo recomendada
a troca dos equipamentos defeituosos. A substituição do componente tem de ser realizada por
outro de mesmo número de parte, em inglês, part number (PN). Toda ação executada requer
pessoal habilitado e um inspetor de manutenção que realize a inspeção e certifique que o serviço
Part number: número
foi finalizado de acordo com o manual técnico. que identifica um
tipo de componente
Antes de qualquer remoção de componente supostamente defeituoso, é imprescindível efetuar aeronáutico.
um teste funcional, por exemplo, energizar a aeronave e ligar os aviônicos, como os rádios de
Inspetor: profissional
navegação e de comunicação. Sintonizar uma frequência válida e ativa da localidade e verificar o que inspeciona a
áudio da recepção para certificar-se da intensidade do som, ajuste do volume e, principalmente, manutenção.
a clareza. É possível que ruídos surjam nas recepções de sinais devido a interferências, para
tanto, o botão silenciador, em inglês, squelch, do painel de controle pode ser pressionado,
ajudando a eliminá-los.
Nas transmissões, tem-se de pressionar o botão pressione para falar, em inglês, press to talk (PTT),
e falar com a boca próxima ao microfone, chamando a estação desejada. Após a confirmação
299
de recebimento da transmissão, é recomendável questionar a estação se o sinal está sendo
ouvido de forma clara. Esse teste é o principal procedimento realizado nos equipamentos
de radiocomunicação.
Em caso de falha de transmissão ou recepção, a substituição de componentes é inevitável.
Recomenda-se inspecionar as antenas quanto à integridade, às rachaduras, à fixação e a outros
danos que acarretam mau funcionamento. Os cabos têm de estar bem conectados e não
podem ficar soltos, isto é, toda cablagem é amarrada e fixada para não correr o risco de
desconexão do equipamento.
Muitos transceptores possuem sistema de autoteste, como ilustrado na Figura 42, em que se
verifica automaticamente qual componente está em pane, facilitando, dessa forma, o diagnóstico
de manutenção.
Se for constatada falha em uma antena, esta deverá ser substituída. Os procedimentos
de remoção e de instalação das antenas estão descritos no manual específico do avião.
Muitas das vezes, na hora de instalar uma nova antena, é preciso verificar atentamente a sua
correta fixação na fuselagem. Em muitos casos, há necessidade de se fazer a selagem para evitar
entrada de umidade, destacando que o selante precisa ser adequado e analisado juntamente com
seu tempo de cura, isto é, o período que leva para secar, permitindo a liberação da aeronave à
sua rotina e aos seus serviços.
Figura 41 - Transceptor
A Figura 41 detalha um transceptor com circuitos de autoteste, facilitando a pesquisa de pane,
pois, em caso de falha no sistema, é só pressionar o botão teste. A unidade executa os testes
necessários, e luzes são acendidas indicando se há algum componente defeituoso, como, por
exemplo, o próprio transceptor, o painel de controle ou a antena. A luz verde indica que ocorreu
tudo bem, caso contrário, a vermelha sinaliza falha.
Muitos fabricantes de componentes aviônicos possuem o referido teste, conhecido como fazer
teste no equipamento, em inglês, built-in test equipment (BITE). Dessa forma, o procedimento
é prático e eficiente para a correta ação de manutenção, evitando, assim, trocas equivocadas e
desnecessárias durante a correção da falha.
300
Resumindo
Neste capítulo, para melhor compreensão dos sistemas de comunicação, foram apresentados
detalhes do funcionamento dos sistemas de VHF e HF, mostrando suas interfaces e características
de cada um, além de informações sobre a correta operação.
Posto isso, ter o conhecimento das práticas e dos procedimentos de manutenção é fator
preponderante para execução dos serviços técnicos de forma correta, atentando para o devido
uso dos manuais de manutenção, esta realizada pelos profissionais da área de aviônicos.
301
302
Capítulo 6
Transmissor localizador de emergência (ELT)
Como meios de assegurar ainda mais a integridade dos aviões, esses transmissores são fabricados
em elevados padrões técnicos de segurança, observando a instalação dos melhores e mais
eficientes componentes que integram variados sistemas. Contudo, infelizmente, falhas ocorrem
e desencadeiam acidentes. Localizar, no mais curto espaço de tempo, uma aeronave que caiu é
fator imprescindível para garantir sobreviventes. Os transmissores localizadores instalados nos
aviões servem para acionar as equipes de resgate, dando, assim, uma posição precisa do acidente
e possibilitando o salvamento da tripulação.
303
É imperativo que se averigue sempre a posição da chave para que o transmissor não envie
sinais de alerta acidentalmente, evitando acionamento de buscas desnecessárias. As autoridades
aeroportuárias em conjunto com o órgão de controle aplicam sanções em caso de transmissão
do ELT ocasionada por falha de operação e ativação acidental.
No transmissor, também se encontra uma chave de controle com os mesmos comandos da chave
instalada no painel. Além disso, há, no próprio transmissor, a conexão elétrica de alimentação e de
saída para a antena que está instalada na parte superior da fuselagem. A antena amplia a irradiação
dos sinais de alerta. A Figura 43 mostra um dos transmissores que são empregados em aviões.
Uma bateria está integrada ao transmissor e ela tem de ser trocada a cada cinco ou seis anos,
variando esse tempo de acordo com o fabricante. A integridade da bateria precisa ser sempre
verificada nas inspeções regulares, pois, em caso de acidente, terá de suprir o transmissor em
até 48 horas, no mínimo, alertando, enquanto funcionar, os órgãos de controle para acionarem
o resgate.
304
É recomendado efetuar o teste operacional do ELT anualmente e de acordo com o manual
de inspeções preventivas. Para realizar o teste, é utilizado um receptor específico para captar
a transmissão dos sinais. Esse teste é executado manual e automaticamente, examinando a
operacionalidade do sensor de impacto.
Depois de se adequar ao horário para realizar o teste, o operador precisa sintonizar a frequência
de 121,500 MHz e ouvir o áudio que se caracteriza por um tom de alarme agudo e ininterrupto.
Constatado o alerta, a transmissão é, imediatamente, interrompida, colocando o interruptor
para a posição arm, pois, como visto, o dispositivo não tem a posição de desligado.
O uso do transmissor é obrigatório para aeronaves de grande e médio portes e para aeronaves que
operam em táxi aéreo, não sendo obrigatório seu uso para modelos experimentais e agrícolas.
Desde 2009, os modelos foram substituídos por outros mais modernos que
transmitem na frequência de 406 MHz. Desse modo, os operadores precisam
registrar seus novos equipamentos. A razão real e definitiva do registro é tornar o
salvamento mais eficaz, aumentando as chances de sobrevivência dos feridos, além
de diminuir custos e tempo para a missão de resgate.
Todo operador ou proprietário de aeronave na qual seja obrigatório o uso do ELT tem de
solicitar o registro, por meio de formulário, à ANAC. Esse registro precisa conter informações
pertinentes ao operador, tais quais prefixo, fabricante, modelo, cor, capacidade e aeródromo
adotado como base. Toda informação adicional é indispensável ao registro, pois poderá ajudar
Aeródromo: pista de pouso
a localizar a aeronave mais rapidamente. Os dados são mantidos sobre o mais absoluto sigilo, ou qualquer estrutura para
objetivando apenas garantir segurança e eficiência na busca e no resgate. aterrisagem.
305
Ao realizar o teste operacional com o receptor durante
as inspeções, é fundamental verificar a confirmação dos
dados do ELT no mostrador do receptor de teste. No
novo modelo de transmissor, é necessário constar um
código de 16 caracteres, chamado código hexadecimal.
A não apresentação desse código ocasiona falha do
Hexadecimal: relativo a um
código de 16 caracteres. transmissor, devendo este ser substituído. A Figura
45 ilustra um teste realizado com o receptor colocado
próximo à aeronave captando os dados do ELT.
Considerando que o ELT de 406 MHz transmite um sinal digital de identificação via satélite, é
de extrema importância efetuar o registro. Dessa maneira, será prático e eficiente o trabalho de
localização da aeronave em uma busca, já que ele remete, ao órgão e às autoridades competentes
de busca e salvamento, o registro do proprietário e as características da aeronave.
Resumindo
Neste capítulo, estudou-se o transmissor localizador de emergência (ELT) e sua importância
como meio de garantir às tripulações e aos passageiros busca e resgate por parte dos órgãos
competentes, por meio de transmissores que emitem sinais de alerta mostrando a localização
de forma precisa e eficiente.
306
Capítulo 7
Sistema de chamada seletiva (SELCAL) e
sistema de comunicação de reportes de dados da
aeronave (ACARS)
Os avanços tecnológicos empregados em aeronáutica têm sido de grande importância para
facilitar o tráfego aéreo, aumentando a segurança dos voos, a precisão e a confiabilidade
dos equipamentos. Com a introdução do sistema de chamada seletiva, em inglês, selective
calling (SELCAL), ficou ainda mais eficiente a comunicação de voz a longas distâncias.
Além do mais, a implantação do sistema de comunicação de reportes de dados da aeronave,
em inglês, aircraft communications addressing and reporting system (ACARS), pôde comprovar
o quanto é indispensável uma comunicação de dados entre aeronave e solo e vice-versa, de
forma a entregar mensagens codificadas com informações reais de desempenho e condições
das aeronaves durante o voo.
Portanto, voar com o rádio HF durante muito tempo de voo torna-se bastante incômodo, pois
a presença de estática e ruídos na recepção causa certo transtorno e desconforto à tripulação.
Com o objetivo de evitar o uso prolongado da recepção do HF durante toda a jornada, o
Estática: ruído nos aparelhos
sistema de chamada seletiva SELCAL foi feito para que os controles de tráfego aéreo possam de rádio provocado pela
chamar a aeronave por meio de um código particular, informando que o controle deseja falar eletricidade atmosférica.
com a tripulação. É um sistema radiotelefônico, em que uma unidade codificadora recebe os Radiotelefônico:
sinais e ativa a indicação de chamada. comunicação telefônica
sem fio que utiliza ondas
Os aviões equipados com esse dispositivo possuem um código de quatro letras que os identificam, radioelétricas.
sendo fácil para a estação de terra e controle de tráfego se comunicar especificamente com
determinado avião. O código do SELCAL, habitualmente, é apresentado pelos pilotos durante
o plano de voo para que fique registrado seu código em caso de chamada. Nas aeronaves que
não possuem o sistema, será feita escuta permanente em voos transcontinentais.
307
exemplo, (CD-EF). As letras empregadas são as mesmas do alfabeto latino e se estendem de (A)
a (S), excluídas da aplicação as letras (I), (N) e (O). Vale ressaltar que existem algumas regras
a serem seguidas, porque as letras de cada par precisam estar em ordem alfabética, ou seja, é
válido o código (BC-AB) ou, ainda, (DE-BC), já o código (AB-DC) não pode ser aplicado, pois o
segundo par não está em ordem alfabética. Ainda assim, não pode haver repetição de letra em
qualquer par, isto é, (BC-CD) ou (AA-DE), pois não é válido. A Tabela 4 mostra as frequências
para cada letra.
Tabela 4 - Frequências das letras do SELCAL
A 312,6
B 346,7
C 384,6
D 426,6
E 473,2
F 524,8
G 582,1
H 645,7
J 716,1
K 794,3
L 881,0
M 977,2
P 1083,9
Q 1202,3
R 1333,5
S 1479,1
O decodificador é uma unidade eletrônica que possui canais de interpretação dos dados dos
sinais recebidos. Cada letra corresponde a uma frequência distinta. Nos circuitos internos
da unidade, fica registrado o código SELCAL da aeronave e, conforme o transceptor de HF,
capta os sinais onde eles são enviados ao decodificador que serão interpretados de acordo com
o código registrado e, se houver uma sincronização, uma luz de aviso no painel anunciador
acende indicando a chamada. Algumas aeronaves têm a opção de chamada seletiva no VHF,
do sistema 2.
308
Na Figura 46, são ilustrados o painel e a localização da identificação do código em uma aeronave.
309
7.2 Aircraft communication addressing and
reporting system (ACARS)
O sistema de comunicação de reportes de dados da aeronave (ACARS) foi desenvolvido para
que uma estação de solo ou um centro de controle de dados em terra possa controlar um ou um
grupo de aviões, recebendo dados durante o voo destes em tempo real. A finalidade do sistema
é analisar dados reportados a fim de assegurar que a aeronave esteja em perfeita operação.
Os dados enviados referem-se às condições de operação dos principais sistemas da aeronave e
os pilotos podem receber informações e orientações ao longo do voo.
Atualmente, está sendo comum a utilização do ACARS em várias aeronaves e empresas aéreas.
Ele foi desenvolvido por alguns fabricantes e empresas de produtos aeronáuticos, permitindo a
comunicação de dados entre a empresa, os pilotos, o fabricante e seu proprietário, com objetivo
de enviar mensagens automáticas não só do sistema automático do avião, mas de outros
componentes especiais que precisam de um monitoramento constante, com vistas a obter
informações de performance das aeronaves e proceder, dessa forma, à execução das manutenções
preventivas e corretivas. O seu uso não é obrigatório por parte das empresas, todavia, torna-se
indispensável, pois reduz custos operacionais com manutenção e previne falhas nos aviões antes
mesmo de pousar em aeródromos, ocasionando o ganho de tempo das equipes de manutenção
para tomar decisões sobre as correções de falhas.
A grande vantagem do ACARS é que as informações são entregues de forma mais rápida e
eficiente, descongestionando as transmissões de voz via rádio e possibilitando um contato direto
dos pilotos com a coordenação da empresa. Assim, erros de má interpretação das informações
310
são evitados, além de custos operacionais serem reduzidos pelo fato de se obter um completo
monitoramento da aeronave por meio do reporte de falhas em todas as etapas de voo. Nos dias
atuais, mais de 4.000 aviões estão equipados com esse dispositivo, que, gradualmente, está
sendo ampliado e aperfeiçoado, em especial pela sua cobertura via satélite.
Resumindo
Neste capítulo, foram estudadas melhorias e facilidades que viabilizam a comunicação, como
o sistema de chamada seletiva SELCAL, o qual permite a uma aeronave ser chamada por meio
de seu código específico, como se fosse um simples telefone, evitando o uso constante do rádio
ao longo do voo.
Assim como o SELCAL, o ACARS também permitiu uma integração ainda maior entre os
pilotos e a estação de terra, a empresa e, até mesmo, os fabricantes, de forma a aprimorar e a
gerenciar as informações transmitidas pelo avião e pela tripulação para controle das equipes de
coordenação de voo e de manutenção.
311
312
Capítulo 8
Instrumentos de navegação
Outra função dos rádios nos aviões é a recepção de ondas de radiofrequência para auxílio à
navegação por meio de sistemas que dão informações de localização, navegação em rota e
precisão, permitindo aproximações no pouso de forma sofisticada para gerenciamento dos pilotos
na aeronave. Os técnicos de manutenção que operam tais sistemas precisam estar familiarizados
com a instrumentação básica, como, por exemplo, as indicações de proa magnética de uma
bússola. Nesse sentido, é imprescindível o conhecimento das informações apresentadas na
bússola giroscópica, com o objetivo de solucionar as panes relatadas e efetuar os procedimentos
operacionais, verificando o funcionamento de todos os seus componentes integrados.
seu uso fundamental para que se possa realizar a navegação aérea. Sem a bússola não tem como
existir referência da posição do lugar onde se encontra o avião ou para onde ele seguirá, pois, na
era da aviação moderna, jamais acontecerão voos puramente geográficos, mas, sim, voos regidos
por dados numéricos baseados nos pontos cardeais. A Figura 49 expressa, de forma simples, o
modelo primitivo de uma bússola.
313
Com vistas a entender as indicações apresentadas em uma bússola, é necessário compreender
que nosso planeta é, na verdade, um imenso ímã e, como tal, possui linhas magnéticas que
saem do polo norte para o polo sul. Essas linhas são imperceptíveis aos sentidos humanos, e,
portanto, são necessários outros dispositivos que consigam detectar tal magnetismo. Salienta-se
que a existência dos pontos cardeais se refere às posições geográficas da terra e, ao se falar na
expressão de voar números, significa que, quando a aeronave se desloca para a posição norte,
ela está indo para o ponto de origem, que é 0º (zero grau), para o leste (90º), sul (180º) e oeste
(270º), sendo esses os principais pontos cardeais. Dessa maneira, voar com um avião para
180º seria o mesmo que ir para o sul, sem necessidade de se basear por condições do relevo ou
posição do sol, apenas deixando a agulha da sua bússola na posição oposta ao norte, mas esses
não são os únicos caminhos a serem seguidos.
Sabendo que uma volta circular completa é de 360º, há, então, 360 caminhos para se chegar
a um determinado ponto. Logo, fica compreendido que, a fim de se deslocar para uma
cidade ao nordeste do país, o caminho ou a reta que o avião seguiria, se estivesse a cidade de
origem no centro, seria de 45º. Na Figura 50, são apresentados esses caminhos, chamados
de proa ou azimute, que é a direção a ser voada. Porém, tem-se apenas uma divisão em 30º
para facilitar a compreensão.
314
agulhas magnéticas. As indicações da bússola são vistas através de um vidro, que tem uma linha
central chamada linha de fé, cuja função é dar a referência da indicação de proa. As marcações
são apresentadas em graus e em pontos cardeais, conforme a Figura 51.
A bússola magnética informa aos pilotos uma referência direcional, mas, em alguns casos, suas
indicações podem ser incorretas devido às interferências do sistema de rádio, de hangares e do
próprio sistema elétrico da aeronave, sendo verificadas suas indicações em casos de emergência
quando se perde toda a fonte de energia primária do avião. Para isso, ela tem de ser compensada
anualmente de modo que os erros de desvios gerados durante as operações sejam corrigidos.
A compensação precisa ser realizada por pessoal técnico especializado e seguindo as instruções
nos manuais de manutenção, sendo todas as aferições da bússola efetuadas longe de hangares, de
redes elétricas e de comunicações, para que distúrbios e campos magnéticos que impossibilitem
a sua compensação sejam evitados.
Para a correta execução do trabalho, é fundamental o uso de uma rosa dos ventos que,
normalmente, é pintada em pátios de aeronaves a fim de compensar a bússola magnética com
Rosa dos ventos: imagem
os rumos predefinidos para os lugares aos quais o avião ficará apontado. Atualmente, com a que mostra os pontos
falta da rosa dos ventos em aeródromos, passou-se a utilizar uma bússola especial para esse tipo cardeais, semelhante a uma
de aferição, chamada bússola padrão. Esse equipamento não pode ser utilizado como indicação bússola.
315
de proa durante o voo, ficando restrito o seu uso apenas para as correções anuais e manuseado
apenas pelos técnicos de manutenção.
O ajuste é realizado com uso de uma ferramenta especial de material não magnético para não
provocar desvios e oscilações no limbo que impediriam a aferição, sendo o procedimento feito
por um técnico na cabine do avião. Dois parafusos de ajustes das agulhas magnéticas, que
ficam na parte frontal da bússola, servem para corrigir os erros de rumo norte/sul e de leste/
oeste. A Figura 52 exemplifica com exatidão uma bússola chinesa e seus pontos de acesso aos
parafusos de ajustes.
Alguns cuidados precisam ser tomados com as bússolas instaladas. Elas não podem ser removidas
ou movimentadas na aeronave, no entanto, caso seja necessária a remoção, ao ser reinstalada,
devem ser compensadas. Durante o procedimento de compensação, não pode estar o técnico
com objetos metálicos, magnéticos e celulares, pois há a possibilidade de interferência durante
a tarefa. Caso a bússola esteja ligeiramente umedecida, rachada ou quebrada, ela corre o risco
de vazamento pela caixa.
Dois HSI são instalados no painel, sendo um para cada piloto, os quais, além de dar as indicações
de proa e do rumo selecionado, mostram outras informações como dados do sistema de pouso
por instrumentos, em inglês, instrument landing system (ILS), o curso e a radial de uma estação
de VOR. O HSI também é conhecido como indicador de curso ou girodirecional.
316
Apesar de o seu funcionamento obedecer às propriedades giroscópicas, a bússola giromagnética
recebe, ainda, a indicação de sinal magnético de um componente instalado nas pontas das asas
da aeronave, chamado de unidade detector de fluxo. A finalidade do detector é captar as linhas
magnéticas terrestres e enviar ao HSI, que processa uma referência de proa verdadeira para o
local ao qual está apontado o avião. O detector de fluxo nada mais é que um pêndulo com
vários enrolamentos ou bobinas montadas dentro de uma caixa cilíndrica. As linhas do campo
magnético da terra, ao penetrarem nas bobinas do detector, passam a induzir uma tensão e, de
acordo com a direção do fluxo magnético captado, possibilitam a indicação do ângulo formado Bobina: enrolamento de
fios, ligados a uma corrente,
entre a direção dessas linhas e a direção da rota do avião. É possível observar, na Figura 53, um que gera um campo
detector de fluxo e a sua localização, na ponta da asa, onde está menos sujeita às perturbações eletromagnético.
produzidas pelos motores e pelo sistema elétrico do avião.
317
O sinal de fluxo captado segue para uma unidade que converte o sinal magnético e o sincroniza
com o giroscópio do HSI.
318
Como visto na Figura 55, as indicações do HSI são mais complexas e não se restringem a
indicações somente de rumo da aeronave. Entre as indicações apresentadas, tem-se:
• símbolo avião miniatura - representa a aeronave;
• linha de fé - representa a proa em graus que o avião segue;
• bandeira (HDG) heading (proa, rumo) - bandeira que informa sobre falha na detecção da
proa verdadeira, sendo, portanto, a proa apresentada, não confiável;
• ponteiro indicador do curso do VOR - aponta para a direção de uma estação de VOR;
• bandeira TO-FROM - é um símbolo de triângulo que indica a condição de TO (para) e
FROM (vindo da) da estação de VOR selecionada;
• botão seletor de proa - esse botão seleciona a proa a ser voada e muda a direção automa-
ticamente, é acoplado ao piloto automático;
• cartão-compasso - mostrador com indicações em graus e pontos cardeais em forma de
rosa dos ventos;
• seletor de rumo do VOR - seleciona o curso da radial do VOR quando acoplado o piloto
automático;
• barra de desvio de curso - mostra o afastamento da radial do VOR selecionado;
• indicador do ILS glide slope - quando em aproximação, indica a descida coordenada para
o pouso;
• índice de proa selecionado para o piloto automático - é orientado pelo botão seletor de
proa indicando qual a proa desejada para o piloto automático.
Como visto nos detalhes mencionados, o HSI é a bússola giromagnética com informações
mais complexas, fornecendo, dessa forma, dados relacionados à navegação aérea, possuindo
uma precisão maior se comparada a uma bússola magnética simples. Sua precisão de rumo
ou proa é proveniente dos sinais magnéticos do detector de fluxo e da orientação por meio de
rigidez giroscópica.
319
Na Figura 56, é mostrada a configuração de funcionamento do sistema de bússola HSI.
As linhas magnéticas captadas pelo detector de fluxo são enviadas ao girossincronizador que
serve de unidade de acoplamento para orientar com o cartão-compasso a indicação da proa
verdadeira. O detector é acionado com um sinal de 26 VAC 400 Hz para seu funcionamento.
O sistema, ademais, dispõe de uma chave de modo slave (escravo) e modo free (livre).
O interruptor de escravizamento é ilustrado na Figura 57.
320
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentadas características dos instrumentos de navegação tendo como
exemplo a bússola magnética, mostrando suas propriedades e seu princípio de funcionamento,
além do sistema de bússola giromagnética HSI, que é mais complexa em suas indicações.
321
322
Capítulo 9
Automatic direction finder (ADF)
O detector automático de direção, em inglês, automatic direction finder (ADF), foi o sistema
de navegação aéreo mais empregado na aviação, com orientações para navegação em rota por
meio de dados recebidos de receptores instalados nas aeronaves. Seu sistema era constituído
de componentes especiais de recepção baseado em antenas que recebiam em baixas e médias
frequências para referência de navegação de um ponto a outro por meio de radionavegação.
O ADF é um rádio auxiliar que recebe sinais na faixa de 200 a 1.749 KHz, podendo, também,
sintonizar frequências em rádio AM. Ademais, o ADF é empregado em procedimentos de
aproximação. Embora seja absolutamente simples, esse equipamento é utilizado em muitas
localidades onde não é possível ter sistemas de navegação mais avançados como o sistema
global de localização, em inglês, global positioning system (GPS), VOR e ILS, uma vez que
esses sistemas têm um custo de implantação relativamente alto. O ADF apresenta uma seta
no cartão-compasso de uma bússola mostrando a direção da estação de rádio. Dessa maneira,
é possível ter a referência do curso da estação na qual emite os sinais em médias frequências.
323
Na Figura 58, são observados o indicador com cartão-compasso e a proa do avião apontado
para próximo de 330º, e, quase ao norte (N), é vista a direção da estação sintonizada no
rádio ADF.
Os aviões normalmente estão equipados com dois sistemas independentes, porém, devido à
diminuição do seu uso, muitas aeronaves ainda possuem instalado um radiorreceptor. Sua
função é, basicamente, oferecer indicações contínuas de marcações magnéticas das estações
sintonizadas como um radiogoniômetro. Esse rádio, como receptor convencional, permite a
recepção auditiva de sinais modulados em amplitude na faixa de frequência de low frequency (LF)
e middle frequency (MF), que significam, respectivamente, frequência baixa e frequência média.
9.2 Componentes
Para o funcionamento do sistema, a aeronave está equipada com um módulo receptor da estação
(NDB), além de um painel de controle e duas antenas conhecidas como loop (em português,
com tradução aproximada, laço) e sense (em português, sentido). As saídas do receptor são
conectadas ao HSI ou ao RMI para fornecer as indicações de direção e ao sistema de áudio do
avião, no qual são ouvidos os tons de código Morse da estação sintonizada.
324
O painel de controle exibe dois seletores para controle e comandos do sistema. O seletor da
esquerda tem as funções abaixo:
• (OFF) - para desligar o painel de rádio;
• (ANT) - liga o receptor à antena sense (não direcional). Nessa posição, o sistema funciona
como um simples receptor convencional e é usado, também, para recepção de sinais au-
ditivos das estações em código Morse, porém a seta na bússola não irá indicar a direção
da estação;
• (ADF) - permanecem as mesmas funções de (ANT), mas a antena loop, dessa vez, será ener-
gizada e, assim, a direção da estação pela seta no cartão-compasso da bússola é mostrada;
• (TONE) - é usado para a recepção de sinais não modulados. Durante a recepção, um tom
de 1.020 Hz será ouvido por meio dos fones ou alto-falantes.
O display apresenta, ainda, duas frequências, sendo a superior a frequência ativa e a inferior
a em espera. Ao se pressionar a tecla (XFR/MEM), em português, transferência/memória, as
frequências trocam de posição.
Os seletores da direita são concêntricos, sendo o menor frontal para sintonia dos números
inteiros e o maior seletor para sintonia dos decimais.
A antena loop, por sua vez, possui um corretor quadrantal, instalado entre o receptor e a antena,
para corrigir os sinais captados pela antena e pelo receptor, em virtude do comprimento do
cabo coaxial. Quando energizados, os circuitos da antena loop sinalizam a direção da estação, Quadrantal: referente à
quadrante na recepção
que é mostrada por meio da seta no cartão-compasso. de ondas como referência
para navegação
radiogoniométrica.
325
A Figura 60 apresenta como é captado o sinal da estação NDB com o ângulo em relação ao
norte magnético terrestre.
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados assuntos relacionados ao uso da radiogoniometria como
forma de navegação aérea, demonstrando detalhes do emprego do sistema de ADF, que é um
dos dispositivos mais antigos equipados nas aeronaves para esse propósito.
326
Capítulo 10
Sistema de navegação VOR
As ondas de rádio de uma antena que transmite ondas na frequência VHF se caracterizam por
emitir sinais omnidirecionais, ou seja, em todas as direções. Dessa maneira, o VHF é usado
na aviação para as duas funções dos rádios: comunicação e navegação. A navegação utiliza
o sistema conhecido como VOR, estação VHF de alcance omnidirecional, em inglês, VHF
omnidirectional range.
327
Como ilustrado na Figura 61, a radial coincide com os pontos cardeais, facilitando, assim, a
navegação. Então, se um avião seguir na radial 290º, ao cruzar a antena, ele seguirá na direção
oposta, avançando, assim, no rumo 110º. Nas cartas de navegação, a representação gráfica de
um VOR é feita por um hexágono (Figura 62), juntamente com suas principais radiais.
Nas cartas de navegação, existe também a frequência de cada estação de VOR. Como exemplo,
ao sintonizar no radiorreceptor do avião a frequência 116,300 MHz, será ouvido um tom de
áudio em código Morse nos alto-falantes, representando as letras (B), (S) e (I), que formam
a sigla do VOR da cidade de Brasília (BSI). As distâncias das ondas emitidas da estação são
bastante curtas, não sendo refletidas pela ionosfera. Nesse sentido, seu alcance está limitado
a pouco menos de 200 milhas, em torno de 320 km, pois sofre bastante interferência das
condições do terreno, do relevo e das montanhas.
A navegação por meio do uso do VHF consiste em uma navegação de ponto a ponto,
seguindo as radiais até chegar ao local desejado. Se uma aeronave pretende partir de uma
cidade (A) para chegar a uma cidade (B), precisa sintonizar a frequência da localidade (B),
porém, para facilitar a navegação, além da frequência sintonizada, haverá uma radial, de
forma a direcionar o avião em direção à estação, facilitando o percurso e a interceptação do
sinal. Todavia, se a cidade (B) estiver a mais de 500 km da (A), o receptor a bordo do avião
não irá captar a frequência, pois, como dito anteriormente, o sinal está limitado a um pouco
mais de 300 Km. Esse detalhe esclarece que não é possível ter uma navegação direta como
uma linha reta de um ponto a outro.
Nesse caso, é preciso navegar procurando pontos próximos e dentro do alcance de transmissão
para que o sinal da estação seja captado. Assim sendo, no exemplo supracitado, para seguir da
328
cidade (A) para a (B) está descartado o voo direto devido à distância, contudo, entre as duas
cidades, podem existir outras servindo de ponte de ligação com o objetivo de orientar o voo
até a cidade (B). Dessa forma, se entre (A) e (B) existir uma cidade (C) e outra (D) possuindo
estações de VOR, tudo ficará mais fácil. Na Figura 63, é ilustrada a navegação feita de acordo
com o exemplo relatado.
Figura 63 - Navegação OR
De acordo com a Figura 63, visualiza-se, por meio da linha pontilhada vermelha, que uma
navegação direta de (A) a (B) seria o ideal. No entanto, a distância é de 500 Km, não sendo
possível a recepção do sinal. Seguir diretamente só com a referência de proa selecionada não
assegura que a aeronave chegue ao destino, em função dos desvios laterais ocasionados pelo
vento, como destacado anteriormente.
Foi preciso selecionar uma rota alternativa até a cidade (C), que possui uma estação de VOR
nas cartas, em seguida, da (C) a (D), sintonizando seu sinal emitido e, por fim, da (D) a (A),
finalizando o percurso entre as localidades nos raios de alcance mostrados na Figura 63.
Esse método foi convencional porque entre esses pontos é possível a recepção do sinal dentro
do alcance dos VORs.
Embora o percurso seja maior, foi estabelecido, dessa forma, que as aeronaves devem seguir
uma rota determinada de um VOR a outro. Essa rota é conhecida como aerovia, que são os
pontos das antenas transmissoras do VHF na função de navegação.
Aerovia: rota regular de
Algumas estações de VOR possuem outra antena acoplada, conhecida como equipamento aviões.
medidor de distância, em inglês, distance measuring equipment (DME), que, como o próprio
nome diz, serve para informar a distância do avião até a antena do VOR ao qual está acoplada.
Essa indicação é mostrada em uma distância graduada em milhas náuticas.
329
10.2 Faixas de frequência do VOR
Como visto anteriormente, a faixa de frequência do VHF compreende de 108,000 a 135,950 MHz,
mas essa faixa engloba toda a gama VHF de uso aeronáutico, envolvendo as transmissões para
comunicação e navegação. A frequência do VOR, portanto, está inserida dentro da extensão
da faixa do VHF.
Como a faixa do VHF para a comunicação se inicia a partir de 118,000 MHz em diante, as
faixas destinadas às frequências para a navegação VOR vão de 108,00 a 117,950 MHz. Entre as
frequências de navegação, existe outra subdivisão, isto é, as frequências para o sistema de pouso
por instrumentos, mas esse detalhe será tratado mais adiante.
Dessa forma, é notado que dentro da faixa de frequência do sistema de VHF existem divisões
para a comunicação e navegação que têm de ser obedecidas de acordo com o que é mostrado
nas cartas de navegação, nos documentos oficiais e nas instruções referentes às comunicações,
elaborados pelo Comando da Aeronáutica e pela ANAC.
330
A diferença do sinal variável oscila toda vez que a aeronave muda seu rumo. O sinal de referência
está sempre indicando uma fase do rumo norte magnético a 0º e, se for comparado ao sinal
rotativo referente aos principais rumos de 90º (leste), 180º (sul) e 270º (oeste), é verificada uma
variação de onda, no entanto, o mesmo não ocorre no rumo norte, pois estão sincronizados.
Figura 65.A - Antena do tipo longa VOR Figura 65.B - Antena do tipo
retangular VOR
331
As indicações do VOR são
apresentadas, também, no HSI, outro
nome dado à bússola giromagnética,
na qual é simbolizada por meio de
uma seta indicativa do curso, além de
acrescentar dois ícones indicadores
em forma de triângulos com o nome
de TO-FROM (em português, de-para).
Esses triângulos opostos indicam, em
um sentido, que o avião segue em
direção à estação e, ao interceptar a
Figura 67 - Bússola giromagnética e indicações do VOR antena sobrevoando acima dela, o
ícone desaparece. À medida que se afasta da estação, o ícone em triângulo de sentido oposto
aparece informando, dessa vez, que o avião vem da estação sintonizada. A Figura 67 ilustra a
seta representando o rumo da estação e uma barra de desvio lateral que informa se a aeronave
está longe ou próxima da radial do VOR. Vale salientar que o curso não pode ser confundido
com a proa da aeronave, pois esta é informada por uma linha de fé em que aponta o avião
miniatura, sendo o curso a direção da estação.
Uma bandeira na cor vermelha com a inscrição (NAV) aparece toda vez que
não for sintonizada uma estação válida do VOR, ou se apresentar falha no
recebimento do sinal.
332
10.4 Indicador radiomagnético (RMI)
Além da sua indicação ser apresentada no HSI, o VOR pode ser ilustrado, também, no
RMI. Esse instrumento é semelhante a uma bússola, possuindo um cartão-compasso com
indicações de proa magnética, mas estão dispostos dois ponteiros ou agulhas indicativas dos
radiogoniômetros.
Muitos desses indicadores possuíam, em sua origem, um ponteiro apenas para indicar o ADF.
Contudo, nos mais modernos, são usados dois ponteiros para sinalizar uma estação de farol não
direcional (NDB) e de VOR.
333
• cartão-compasso - apresenta as indicações de proa em forma de rosa dos ventos e o curso
dos radiogoniômetros selecionados;
• bandeira de falha - a bandeira na cor vermelha aparece toda vez que houver uma falha de
alimentação do instrumento ou quando a proa indicada não é válida.
Para melhor compreensão do que foi exposto, segue o exemplo de uma aeronave que se direciona
com proa norte, cujo piloto, por sua vez, selecionou em seu RMI, o ponteiro de barra dupla
para uma estação de VOR e o ponteiro de barra simples para uma estação de NDB. Na sua
frente, em linha reta, há a indicação ao norte de um VOR e à direita, desviando 60º, há uma
estação de NDB, a correta visualização do instrumento está ilustrada na Figura 70.
Esse sistema foi desenvolvido para proporcionar mais liberdade lateral, melhorando a
eficiência da operação e, assim, atenuando o congestionamento nas aerovias mais utilizadas.
O sistema usa dados do GPS por meio de caminhos de passagem, em inglês, waypoints,
permitindo uma navegação mais rápida e segura em linha reta. É bom ressaltar que o sistema
não é empregado como meio de navegação primária, sendo, ainda, obrigatórios os sistemas
básicos como o VOR e ADF.
O equipamento RNAV, visto na Figura 71, apresenta muitos benefícios, pois calcula a posição
334
do avião, a rota atual e a velocidade em relação ao solo, proporcionando dados relativos à
direção de voo selecionado pelo piloto. O sistema também fornece distâncias, tempos, proa,
desvio lateral relativo aos waypoints selecionados e acrescidos de coordenadas geográficas,
sem necessidade de informações de estações de solo, sendo o equipamento controlado pela
tripulação por meio de um sistema de gerenciamento de dados do avião.
Resumindo
Neste capítulo, foram vistos os principais sistemas de navegação e os seus equipamentos
utilizados, além do funcionamento por meio da recepção de ondas de rádio, em que uma
unidade receptora a bordo da aeronave capta o sinal e orienta, por meio de uma radial, o
caminho para se chegar a determinado ponto.
Além disso, é importante reconhecer as indicações referentes à navegação em VHF sabendo que
cada antena emite radiais que, se interceptadas de forma correta, guiam os aviões para várias
localidades empregando o uso da radiogoniometria.
335
336
Capítulo 11
Sistema de pouso por instrumentos (ILS)
O primeiro passo foi dado quando a aeronave chegou ao lugar de destino, contudo, ainda é
necessário que os pilotos façam a última etapa: o pouso. Para garantir uma aproximação bem
coordenada e segura, as modernas aeronaves empregam o sistema de pouso por instrumentos,
em inglês, instrument landing system (ILS). Este é um sistema de transmissão via rádio próximo
aos aeródromos informando condições, tais como a rampa de descida correta para um toque
na cabeceira da pista, a localização desta e a trajetória correta do avião na aproximação, além
de outras indicações.
337
A decolagem e o pouso são as etapas mais críticas do voo e requerem o máximo de concentração.
Os pilotos realizam etapas de treinamento em situações relacionadas ao pouso por meio do uso
de instruções e de simuladores, um simples detalhe pode acarretar uma arremetida, situação
esta que é mais segura, porém é possível ocorrer ultrapassagem dos limites da pista, provocando
Arremetida: desistir do
pouso. pequenos incidentes e, até mesmo, a perda completa da aeronave. É relevante salientar que
fatores externos, ainda, aumentam os riscos, tais quais a presença de pássaros nas proximidades
da pista de pouso e as condições meteorológicas adversas.
O glide slope é o subsistema do ILS que indica um ângulo de planeio para que a aeronave
toque a cabeceira da pista no ponto ideal. Se a descida for coordenada, a aeronave toca o solo
até 300 metros, distância ideal para um pouso preciso. Na Figura 72, é visto com detalhes a
aproximação da aeronave a uma rampa imaginária indicada.
338
O localizador de pista (localizer) é o segundo subsistema do ILS. Ele apresenta, durante a
aproximação da aeronave, uma localização do centro da pista de pouso, indicando que o
avião estará movimentando-se lateralmente a fim de conseguir uma centralização ideal com
a pista. Consiste em um transmissor localizado no eixo da pista, próximo à extremidade
oposta àquela em que a aeronave deseja pousar.
Dessa vez, uma portadora em VHF na faixa de 108,100 a 111, 950 MHz é modulada por um
tom de 90 Hz e outro de 150 Hz, na mesma semelhança do glide slope, transmitida por um
conjunto de antenas dispostas nas extremidades das pistas
de pouso, fazendo com que os dois sinais se sobreponham
um ao outro, em uma interseção de feixes de energia
concentradas no centro do aeródromo indicando o ponto
correto. Desse modo, o piloto continuamente é informado
sobre sua posição em relação ao eixo central, assim como
mostrado na Figura 74, em que os feixes emitidos pela
antena se estendem ao longo da pista.
339
Atualmente, as modernas aeronaves integram telas digitais em que são apresentadas as
indicações de altitude, de velocidade, de proa magnética e de atitude da aeronave. Com o ILS
é exatamente a mesma coisa, é tida uma visão pictorial, isto é, da forma mais realista possível.
Pictorial: relativo Na Figura 76, é possível detalhar as indicações em uma tela digital com a função de horizonte,
à pictórico, com
imagens e gravuras. sendo apresentado nela símbolos que indicam o sistema de ILS. O triângulo da direita representa
o glide slope, ele se movimenta para cima ou para baixo indicando a altura correta da rampa de
planeio, a qual seria na linha do horizonte. Enquanto o localizer é simbolizado por uma pista
em miniatura que se move lateralmente indicando se o avião está centralizado com a pista de
pouso, sendo o centro da indicação o ponto correto da centralização.
Por fim, os marcadores são o último subsistema. Conhecidos como farol balizador ou marcador,
em inglês, marker beacon, direcionam a aeronave em uma linha reta coincidente com a pista de
pouso. Esse equipamento serve para balizar a aeronave, de forma a promover um alinhamento
com a cabeceira da pista, desde que efetuado o procedimento corretamente. Para isso, o sistema
de transmissão é composto de três antenas, perfiladas com a direção da pista, que emitem uma
frequência de 75 MHz. As antenas dos marcadores transmitem um feixe vertical formando uma
verdadeira baliza eletrônica. As antenas dos marcadores são chamadas de marcador externo, em
inglês, outer marker (OM), marcador médio, em inglês, middle marker (MM), e marcador
interno, em inglês, inner marker (IM), e estão dispostas a uma distância de, aproximadamente,
9 Km para o marcador externo, 1 Km para o médio e, em algumas categorias especiais de
aeroportos, o marcador interno está em torno de 250 metros do início da pista.
340
• Marcador externo - mostra no painel uma luz indicadora azul e um tom de 400 Hz, au-
dível e pouco grave, identificado em código Morse pela emissão contínua de dois traços.
• Marcador médio - luz indicadora âmbar e tom de 1.300 Hz, audível em tom médio e
emite um código Morse em pontos e traços.
• Marcador interno - acende a luz branca e possui tom de 3.000 Hz, audível em tom bem
agudo e na indicação com pontos contínuos em código Morse.
Para operação segura dos equipamentos, precisam ser realizados testes operacionais quanto
às indicações e às checagens do sistema na recepção de sinais dos transmissores. Entre os
componentes do ILS, são destacadas as antenas instaladas na fuselagem da aeronave, um
módulo receptor, um painel seletor de frequência e os instrumentos.
Radome: estrutura que
A antena do glide slope está, comumente, instalada no radome, no nariz do avião. No entanto, protege os equipamentos de
radar no nariz do avião.
341
é possível serem instaladas em outros lugares. As mais comuns têm a forma de uma ferradura,
como apresentado na Figura 79, e recebem as ondas em uma portadora em UHF. Em algumas
aeronaves, para remover o radome, é necessário desconectar um plugue elétrico da antena do
glide slope, contudo, é possível no momento da sua instalação esquecer-se da reconexão, ficando
inoperante o sistema em muitos casos.
Para a recepção do localizador da pista, a mesma antena empregada no VOR é responsável por
captar os sinais do localizer, portanto, na maioria das aeronaves, existe uma antena com dupla
função de VOR/LOC, por isso o nome de antena dual-VOR/LOC (dupla). Enquanto a antena
do marker beacon é encontrada, normalmente, na fuselagem inferior (barriga da aeronave),
possuindo um formato oval e achatado na maioria dos modelos.
O receptor do ILS é chamado receptor multimodos, em inglês, multi mode receiver (MMR),
pois recebe os sinais destas três antenas: glide slope, localizer e marker beacon, e os processa em
sinais para as telas digitais. Em outras instalações, é comum ter um receptor único VOR/LOC,
além de outro receptor para o glide slope. O painel de controle é o mesmo utilizado para o
VOR. As Figuras 78.A, B e C trazem descritos a localização e o tipo de antena do sistema ILS.
Figura 78.A - Antena glide slope Figura 78.B - Antena Figura 78.C - Antena marker beacon
localizer
Nos dias atuais, o CDI está sendo substituído por instrumentos eletrônicos de
voo, os quais consistem em uma bússola e um giro-horizonte digitais, em que as
informações do ILS são apresentadas de forma mais precisa, com fácil interpretação
e de maneira realista.
342
Durante a interceptação de uma radial VOR, o indicador CDI apresenta o desvio da radial
por meio da barra vertical. À medida que se afasta da direção da estação de VOR, a barra ou a
agulha se desviam, como mostrado na Figura 79, em relação à radial 090º da estação que está à
direita, sendo, assim, apresentada por um deslocamento da barra no indicador CDI.
343
11.5 Radioaltímetro
Figura 81 - Radioaltímetro
Por meio do seletor de altitude, o piloto seleciona a altura desejada. A título de exemplo, se
selecionado 200 pés, ao chegar nessa altitude, durante a descida da aeronave, o indicador
luminoso de altura de decisão, em inglês, decision height (DH), irá ascender juntamente
com um alarme sonoro informando que o avião atingiu a altura desejada. Nessa altitude de
200 pés, o piloto tem de desacoplar o piloto automático e não mais realizar uma descida
controlada e automática, devendo ele assumir os controles de voo. O indicador permite,
também, realizar um autoteste pressionando o seletor de altitude para que o ponteiro se
mova automaticamente até a altitude selecionada, acendendo, simultaneamente, a luz de
teste à esquerda no canto inferior do indicador.
344
Pode ser observado, como mostra a Figura 82, que a altitude do radioaltímetro é distinta da
indicada pelo altímetro barométrico.
As categorias do ILS são: categoria 1, categoria 2 e categoria 3, sendo está última dividida em
categoria 3A, 3B e 3C.
• Categoria I (CAT I) - procedimentos de aproximação por instrumentos com condições
de atingir uma altura de decisão DH de 200 pés e visual da pista não inferior a 800 m.
• Categoria II (CAT II) - procedimentos de aproximação por instrumentos com condições
de atingir uma DH de 100 pés e visual da pista não inferior a 400 m.
• Categoria III-A (CAT 3A) - procedimentos de aproximação por instrumentos com con-
dições de atingir DH de 50 pés e visual da pista não inferior a 200 m.
• Categoria III-B (CAT 3B) - procedimentos de aproximação por instrumentos com con-
dições de atingir DH de 50 pés e visual da pista não inferior a 100 m.
• Categoria III-A (CAT III) - procedimentos de aproximação por instrumentos com con-
dições mínimas de atingir DH de zero e visual da pista também zero.
345
A altura de decisão, em inglês, decision height (DH), é o momento em que o piloto
desacopla o piloto automático e assume os controles do avião durante o pouso.
Para que seja realizada uma aproximação ILS em um aeroporto de categoria 3B, é necessário
que ele esteja equipado com os sistemas para esse tipo de procedimento. Além disso, a aeronave,
também, deve possuir condições em seus sistemas eletrônicos e uma tripulação treinada para
essa operação. A Tabela 5 resume os dados dos tipos de operação ILS.
Tabela 5 - Categorias ILS
Resumindo
Neste capítulo, foram apresentados o sistema de pouso por instrumentos, que é utilizado
na fase de aproximação, e os equipamentos instalados a bordo do avião que possibilitam os
procedimentos de pouso com maior precisão.
Foram vistos como precisam ser feitas as interpretações e as leituras nos indicadores CDI, de
uma forma analógica e, também, digital por meio de instrumentos eletrônicos de voo, além de
compreender as categorias de operação ILS empregadas nos aeroportos.
346
Capítulo 12
Sistemas para auxílio à navegação
Para auxiliar a navegação, muitas aeronaves estão equipadas com diversos sistemas que
colaboram com a segurança dos voos, tornando os procedimentos mais precisos e coordenados
para a tripulação. São empregados sistemas de anticolisão, de monitoramento das condições
meteorológicas e equipamentos que reduzem o esforço por parte da tripulação como um
sistema de piloto automático. Com vistas a desempenhar as práticas de manutenção e os
testes de funcionamento desses equipamentos, é indispensável que os técnicos de manutenção
compreendam os componentes e os detalhes de tais sistemas.
Com a introdução do radar nos serviços de tráfego aéreo, passou a existir a necessidade em
identificar corretamente as aeronaves de acordo com o seu plano de voo. Por isso, ocorreu a
criação do dispositivo que permite aos controles de tráfego e às outras aeronaves saberem qual
a posição de determinado tráfego, além de prover outras informações complementares.
Ao efetuar o seu plano de voo, o controle passa um código de quatro dígitos, por meio do sistema
octal, no qual os dígitos são de 0 a 7, não empregando os algarismos 8 e 9. São usadas 4.096
combinações diferentes de códigos. A finalidade dessa comunicação entre a torre de controle e o
Octal: código com oito
avião permite identificar a aeronave e saber a altitude que foi proposta no plano de voo. dígitos.
O transponder opera em diversos modos de operação, sendo dois os mais conhecidos: o modo
(A) e o modo (C). No modo (A), ao ser interrogada a aeronave pelo controle de solo, ela
informa o código de quatro dígitos referente ao plano. No modo (C), a torre solicita uma
informação complementar de altitude da aeronave. Para que haja a transmissão de altitude, o
transponder está interligado aos altímetros, estes, por conseguinte, devem possuir o princípio
codificador, ou seja, além de fornecer a altitude barométrica, o altímetro precisa ter um circuito
347
interno para converter em sinais elétricos ao sistema de transponder a altitude em que o avião
se encontra. Ao ser interrogada, a aeronave responde automaticamente ao sinal enviado por
meio de um trem de pulsos, o número de pulsos gerados durante a resposta é determinado pelo
código selecionado no painel de controle. Ao ser transmitido para o radar de solo do controle
de tráfego, ele é descodificado apresentando o código exigido.
348
O painel da Figura 84 ilustra as seguintes funções:
• (OFF) - desligado, nesta posição o painel está desenergizado;
• (STBY) - em espera ou, em inglês, standby, nesta posição selecionada não há transmissão
de resposta;
• (ON) - o sistema é ligado e passa a transmitir em modo (A);
• (ALT) - quando selecionado, transmite informação de altitude da aeronave;
• (TEST) - serve para efetuar um teste no equipamento transmitindo um sinal momentâneo;
• (IDENT) - toda vez que há uma transmissão, a luz de identificação fica acesa;
• botão seletor - são dois botões concêntricos para selecionar o código de quatro dígitos
de 0 a 7;
• display digital - apresenta o código e anunciadores; se houver uma transmissão, mostrará
a sigla (TX), que significa transmissão de dados.
349
Para a comunicação do transponder com os controles de solo, existem códigos exclusivos.
O código 7500 indica interferência ilícita, isto é, em caso de um sequestro, o comandante
deverá reportá-lo, enquanto o 7600 indica falha no rádio e o 7700 reporta que a aeronave
está em emergência. Esses códigos são especiais e conhecidos como ilícito, comunicação e
emergência, em inglês, illicit, communication and emergency, representados pela sigla ICE,
também há outros grupos de códigos que devem ser evitados, pois são destinados a uso militar
ou a padrões de outros países.
350
Por meio da troca constante de dados, o computador interno do TCAS elabora
um mapa tridimensional das aeronaves no espaço próximo do avião, utilizando,
principalmente, localização, rumo, altitude e velocidade. Empregando esses dados, o
sistema projeta uma posição futura de todas as aeronaves, determinando os riscos de
colisão. É importante salientar que o TCAS e seus mais variados tipos somente operam
e interagem com aeronaves que utilizam transponder e que este esteja em operação.
As estações de VOR que estiverem equipadas com esse dispositivo respondem aos sinais
emitidos pela aeronave. Nas cartas de navegação, essas estações são representadas pelo hexágono
envolto de um retângulo. Em outros casos de estações restritas para uso militar, existe outra
simbologia, como mostrado na Figura 87, e são conhecidas como sistema táctico de navegação
aérea, em inglês, VOR tactical air navigation (VORTAC).
351
Na Figura 88, é observada a comunicação entre a aeronave, o interrogador e a estação com
o DME.
Como visto, o ciclo de operação do sistema é iniciado quando o transceptor de bordo transmite
pares de pulsos. Após a recepção da interrogação, a estação de terra decodifica o sinal recebido
e responde a interrogação após um tempo de 50 µs. Esse tempo é padronizado para eliminar
a possibilidade de operação não sincronizada quando a aeronave e a estação de terra estiverem
muito próximas. Depois de decorrido esse imperceptível lapso de tempo, a estação transmite
pares de pulsos de volta para a aeronave em uma frequência distinta.
O botão seletor (N1) e (N2) escolhe de qual estação sintonizada será mostrada a distância, pois
o indicador recebe dados dos receptores de VOR-1 e VOR-2. Por exemplo, se o seletor estiver
posicionado em (N1), estará informando a distância e o tempo para a estação sintonizada do
painel de controle do VOR-1.
352
Digitalmente, a distância pode ser apresentada nos instrumentos eletrônicos de voo, exemplo
disso é o HSI digital mostrado na Figura 90.
O sistema integra componentes, além da tela de indicação do radar, uma antena com formato
típico de parabólica, um transceptor e um guia de onda. A antena do radar é instalada
no radome que fica no nariz do avião. A antena realiza um movimento lateral de modo a
efetuar uma varredura durante o seu funcionamento, além de ter um movimento vertical
de aproximadamente 15º. Nas instalações padronizadas, a energia irradiada pela antena está
concentrada em um feixe de 3,5 a 5º. A rotação ou varredura da antena, e, consequentemente,
do feixe de radar, proporciona as indicações de obstáculos e formações de acordo com a proa
da aeronave. A antena é estabilizada por um computador inercial ou por giroscópios para que
se mantenha orientada durante o voo.
353
Um guia de onda está interligado entre a antena e o transceptor com o objetivo de direcionar
a propagação das ondas eletromagnéticas. Essas guias são geralmente canaletas retangulares
ou cilindros metálicos ocos usados na transmissão de rádio de alta frequência. O transmissor
de radar emite pulsos em uma frequência de mais de 9.000 MHz, com uma elevada potência
de saída de 1 KW. A frequência de repetição do pulso depende do alcance selecionado.
Na Figura 91, vê-se uma instalação típica da antena.
Na tela do radar, a indicação é apresentada com um feixe luminoso que gira em sincronização
com a antena. O indicador apresenta a direção e uma noção de tamanho relativo ao alvo em
cores padronizadas: vermelho, amarelo, verde e magenta, também mostra sua posição em uma
proa relativa à direção do voo.
Magenta: cor com
tonalidades de roxo. Na Figura 92, é mostrada a tela de indicação do radar meteorológico e a descrição das funções
das teclas de controle.
354
• (TST) - teste, executa a função teste para verificar a operacionalidade do sistema.
Nesta condição, também não há transmissão;
• (ON) - seleciona a condição para operação normal. Na posição (ON), o radar está transmi-
tindo. O sistema automaticamente opera com alcance de 80 milhas;
• (LOG) - esta função só está ativa quando selecionado o modo de navegação. Os botões de
controle são:
- (Wx/WxA) - quando pressionada, seleciona o modo de mapeamento meteorológico.
(Wx) é mostrado no canto inferior esquerdo da tela. Ao pressionar mais uma vez,
ascenderá (WxA), que seleciona o modo de alerta meteorológico mostrando apenas a
área na cor magenta que piscará;
- Botão (MAP) - quando pressionado, seleciona o modo de mapeamento de solo;
- Botão (NAV) - funciona com modo de navegação quando sintonizado o VOR;
- Botões (TRK) - movimentam uma varredura para esquerda e para a direita;
- (TILT) - comanda o ângulo da antena em até 15º para cima ou para baixo;
- (GAIN) - ganho, controla a intensidade da recepção do sinal;
- (BRT) - controla o brilho da tela.
Esse sistema fornece controle automático aos comandos dos ailerons, do profundor e do leme, de
acordo com os modos de operação do piloto automático selecionados e um controle automático
dos compensadores das mesmas superfícies. Ele proporciona, ainda, modos de operação
automática de navegação, aproximação por instrumentos e controle de altitude e velocidade
da aeronave. Por meio de um computador de bordo, é possível fazer todo o gerenciamento das
etapas de voo, inserindo dados e permitindo que a aeronave execute as ações desejadas.
Nesse sentido, ressalta-se que os primeiros sistemas não permitiam um controle tão eficiente da
aeronave, possibilitando apenas alguns comandos em um ou, no máximo, dois eixos, por meio
das superfícies primárias controladas por servoatuadores. No entanto, atualmente, o emprego
de controles automáticos mais complexos possibilita maior coordenação e precisão durante
uma operação longa de determinado voo com jornada extensa. Eles garantem, acima de tudo,
355
a segurança da aeronave, proporcionando a execução de curvas coordenadas, o gerenciamento
de dados do voo, a aceleração automática, etc. Contudo, é imprescindível que o fator humano
não deixe de atuar e seja ainda o principal personagem do controle da aeronave, mesmo sendo
auxiliado por um sistema eletrônico preciso e altamente eficiente.
Os elementos de comando são unidades responsáveis por permitir que determinada ação seja
tomada. Se o piloto desejar que a aeronave suba até uma altitude desejada, ele dará o comando
no painel de modos e, assim, será executado por meio do controle do profundor. Muitos
sistemas antigos permitiam apenas alguns comandos, controlando somente o profundor, outros
controles de piloto automático possibilitavam comandar, além do profundor, o comando de
curvas. Os mais modernos têm controles das três superfícies de comando e compensadores.
Os elementos de atuação
ou de execução são
os servoatuadores das
superfícies de comando
que recebem os sinais
elétricos do computador e
acionam essas superfícies
na intensidade controlada
por esse computador.
Na Figura 93, é apresentado
um diagrama do sistema de
piloto automático.
356
12.4.2 Componentes do piloto automático
Os elementos de comando do piloto automático são constituídos dos componentes que efetuam
um modo de execução que movimentará a aeronave, por exemplo, comandar para subir, descer,
efetuar curvas, além de outros comandos.
A caixa de controle e de comandos faz parte dos elementos de comando e pode ser desde as mais
simples às mais complexas com vários modos de operação. De acordo com as Figuras 94 e 95,
são notados alguns comandos básicos de uma unidade simples. O botão de curvas (TURN) é
usado para movimentar a aeronave lateralmente. O controle (ALT) comanda o avião para uma
altitude selecionada no altímetro. O modo (NAV) sincroniza o avião de acordo com o sistema
de navegação selecionado.
Para sistemas mais complexos, emprega-se um painel de controle de modos diversos, como o
indicado na Figura 95. A função de cada um está explicada a seguir.
• (HDG) - heading, seleciona o modo de proa desejada a ser seguido pela aeronave.
• (NAV) - seleciona o modo de navegação comandando a aeronave para uma estação de VOR.
• (APPR) - approach, aciona o modo aproximação durante a descida por meio do (ILS).
• (ALT) - seleciona o modo altitude desejada.
• (B/C) - seleciona o modo aproximação pelo curso reverso.
357
• (ALT SEL) - comanda o modo altitude pré-selecionada.
• (IAS) - seleciona o modo velocidade do ar, em inglês, indicator air speed.
• (VS) - controla o modo velocidade de subida e de descida por meio do climb.
• (CLIMB) - controla somente a velocidade de subida.
Climb: indicador de • (DSC) - controla somente a velocidade de descida.
velocidade vertical do avião.
Os elementos de atuação compreendem os servoatuadores das superfícies de comando.
Essas são unidades de funcionamento eletromecânicas que desenvolvem um movimento
proporcional a um comando efetuado, ou seja, recebe um sinal de controle do computador de
piloto automático, tendo este recebido anteriormente um comando dos elementos de controle
e comando. Os atuadores empregados são os das principais superfícies móveis:
• servo do profundor;
• servo do leme;
• servo de comando do aileron;
• servoatuador dos compensadores.
Em contraste com os motores contínuos que giram indefinidamente, o eixo dos servomotores
possui a liberdade de apenas cerca de 180º graus e em outros casos, 360º em alguns modelos.
Salienta-se que o servo é dotado de um conjunto de engrenagens que formam uma caixa de redução,
permitindo, dessa maneira, uma ajuda para amplificar o torque. Cada movimento exercido pelo
servomotor é controlado e previamente calculado pelo computador de piloto automático.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que é de suma importância o reconhecimento pelos técnicos de manutenção
de aeronaves dos sistemas de auxílio à navegação, compreendendo os seus componentes e a
interligação entre eles. Para um melhor entendimento, também foi apresentada a descrição
desses sistemas, bem como o uso correto do transponder e do radar meteorológico.
358
359
360
Capítulo 13
Equipamentos e instrumentos modernos de
navegação em aeronaves
O EFIS é composto, normalmente, de uma tela de voo primária, em inglês, primary flight
display (PFD) e de um display multifunção, em inglês, multi function display (MFD). Apesar de
os tubos de raios catódicos terem sido empregados no início, as telas de cristal líquido (LCD)
são agora as mais utilizadas; no entanto, estão sendo desenvolvidas as telas de toque (touchscreen).
Os primeiros instrumentos a
serem configurados na versão
digital foram o indicador
de situação horizontal, em
inglês, horizontal situation
indicator (HSI), e o indicador
de atitude, o mesmo giro-
horizonte, em inglês, attitude
direction indicator (ADI). Em
seguida, foram classificados
como sendo instrumentos
eletrônicos, chamados, agora,
respectivamente, indicador de Figura 96 - Primary flight display (PFD)
Alguns fabricantes aglutinam várias indicações na mesma tela, como no exemplo da Figura 96.
361
O display apresenta continuamente informações de atitude, de proa, de velocidade, de razão de
subida e de altitude barométrica por meio de um display único. Dessa forma, facilita a visualização
das indicações em apenas um lugar, não necessitando de instrumentação complementar.
Vale evidenciar que a maioria das aeronaves está equipada com dois sistemas independentes
para cada piloto. Os grandes jatos comerciais são equipados com até seis unidades de display,
em inglês, display unit (DU).
Outro sistema típico de instrumentação eletrônica apresenta os instrumentos separados, além
de integrar unidades que geram as informações para o sistema operar. Estas unidades são:
• dois computadores de atitude e proa;
• dois painéis de controle do display;
• dois painéis de controle de curso e proa;
• três unidades eletrônicas de sinais gráficos;
• dois displays EHSI;
• dois displays EADI;
• um display multifunção.
As telas digitais são usadas com a função de EADI e EHSI, como demostrado na Figura 97.
As informações de atitude e proa são provenientes de dois computadores instalados no
compartimento de aviônicos da aeronave. Esses computadores têm sensores giroscópicos para
captar as acelerações do avião nos três eixos.
362
O painel de controle do display serve para configurar o brilho das telas e efetuar a transferência
de informação de um display para outro em caso de uma delas apagar.
O painel de curso e proa controla a direção a ser voada, apresentada na bússola eletrônica, além
de modificar algumas configurações de indicação dela.
É válido destacar que os sistemas de instrumentação eletrônica trazem consigo uma melhoria
na apresentação das informações, tornando a leitura dos pilotos mais objetiva, precisa e mais
próxima da realidade. Muitas das indicações eletrônicas mostravam apenas uma bússola
eletrônica, contudo, a configuração de telas compostas de várias informações possibilita aos
pilotos e aos técnicos de manutenção obterem dados dos mais variados sistemas da aeronave.
As falhas dos sistemas são também apresentadas nos displays, facilitando o diagnóstico correto
para um teste operacional deles e uma possível substituição de componente defeituoso, ações
essas realizadas pelas equipes de manutenção.
Além disso, outras vantagens estão presentes, como, por exemplo, a troca de informações
entre as indicações de ambos os pilotos por meio das telas digitais, em que, se por uma falha
uma delas apagar, as informações não serão perdidas, permitindo a transferência dos dados
para o outro display.
Para manter boa durabilidade dos sistemas de indicação eletrônica EFIS, é importante
realizar os testes funcionais de acordo com cada manutenção específica. Ademais,
os fabricantes dos sistemas incorporam coolers de refrigeração, isto é, pequenos
ventiladores que são usados para resfriar o compartimento eletrônico e as telas digitais.
Alguns sistemas típicos empregam dois coolers de refrigeração e dois exaustores para
dissiparem melhor o aquecimento, evitando a queima dos componentes.
O sistema de referência de atitude e proa, em inglês, attitude heading reference system (AHRS),
363
provê essas informações para o sistema de instrumentação eletrônica, além de incorporar, por
meio de um computador de atitude e proa, os sensores giroscópicos, que não estarão mais
dentro da caixa, pois serão utilizadas as telas digitais.
Integrado a esse sistema, um sensor de dados do ar, em inglês, air data sensor (ADS), tem
a função de converter os dados de pressão e temperatura do ar em sinais elétricos para o
computador do AHRS. Essa informação é válida para o altímetro e velocímetro digital que
não mais incorporam cápsulas sensíveis, apenas os dados provenientes do ADS calculados
pelo AHRS.
364
De acordo com a Figura 99, fica compreendido, por meio do diagrama, o sistema de atitude e
proa integrado com o sistema EFIS.
Se for necessária a troca do computador AHRS, após a instalação do novo, deve ser
executada uma reinicialização do computador, permitindo, assim, que ele não entre
no sistema de modo não configurado.
365
Ao remover e instalar esse equipamento, o técnico tem de estar ciente das informações
dos manuais e utilizar uma pulseira antiestática, possibilitando, dessa forma, o
descarregamento de partículas do corpo. Foi constatado que muitos equipamentos
eletrônicos estão sendo danificados por operação errada dos técnicos de manutenção
durante o processo de remoção e instalação dos componentes. A descarga estática
provoca queima de elementos internos, como capacitores, transistores e, até mesmo,
circuitos inteiros.
O AHRS, embora nele sejam empregadas grandiosas tecnologias, ainda não pode ser considerado
um sistema autossuficiente, pois depende de sinais externos, tal qual o sinal magnético do
detector de fluxo para indicação de proa.
Esse sistema é autossuficiente, uma vez que seus sensores captam as acelerações em torno dos três
eixos, além de conseguir detectar o norte magnético. Graças à sua tecnologia desenvolvida na
década de 50 e aperfeiçoada pela Agência Espacial Americana, em inglês, National Aeronautics
and Space Administration (NASA), o cálculo das coordenadas de lançamento por meio da
plataforma estacionária é facilitado e seu resultado é corrigido em função do movimento da
plataforma nos três eixos.
O termo inercial vem da sua aplicabilidade de inicialização com o avião estacionado, parado
em determinado ponto da terra, e de se alinhar às informações inseridas. A essa posição de
referência é dado o nome de posição atual, em inglês, present position, que é obtida por meio
dos dados do GPS da aeronave, pois os mais modernos computadores inerciais integram uma
interface com esse sistema, informando as coordenadas geográficas da posição da aeronave.
366
Ao receber esses dados, o sistema inicializa de acordo com um tempo variável para cada posição
terrestre, ou seja, quanto mais próximo da linha do Equador mais rápida será sua inicialização
e, quanto mais distante, em direção aos polos, mais demorada ela será.
Essas condições de inicialização constituem o nivelamento da plataforma, o alinhamento da
referência de proa do avião e o fornecimento das coordenadas locais (present position) e dos
pontos fixos conhecidos como waypoints, em português, pontos de referência, para navegação
com o GPS, a atingir durante a navegação.
Todos os sistemas de navegação inercial precisam ser inicializados, e o procedimento varia de
acordo com cada fabricante e o tipo de aeronave no qual ele está instalado. Esses procedimentos
estão nos manuais técnicos.
A plataforma estabilizada por giroscópios elimina os erros de aceleração da gravidade da Terra,
assim, o ajuste preciso proveniente da estabilização a mantém paralela à superfície terrestre, tal
requisito é fundamental para reduzir o erro acumulado. Nas Figuras 100.A e 100.B, é visto um
dos modelos aplicado em aeronaves.
Figura 100.A - Computador inercial Figura 100.B - Computador inercial (aviões de grande porte)
As informações básicas fornecidas pelo computador IRS são de atitude e proa verdadeiras do
avião. Quando esse computador for integrado ao sistema de conversão de dados de ar, em
inglês, air data, proverá, também, indicações de velocidade, altitude barométrica, velocidade
vertical, temperatura do ar e present position.
367
Durante a inicialização do computador inercial, é necessário que a aeronave se
encontre parada e não seja rebocada, isso impede que os dados de coordenadas sejam
calculados impossibilitando que indiquem a posição do avião.
Resumindo
Neste capítulo, foram explicados os sistemas de navegação mais atuais para melhor compreensão
dos sistemas de AHRS e IRS empregados em aviões modernos, reconhecendo os princípios de
funcionamento e configuração de seus componentes e a distinção entre eles.
368
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves
Esta unidade possui seis capítulos, os quais tratam dos componentes de um sistema
elétrico de aeronave. O capítulo um aborda a fiação elétrica e o capítulo dois a distribuição
de força, que são os barramentos elétricos. Enquanto o capítulo três explica as baterias e
o quatro versa sobre sistemas de proteção. No capítulo cinco, se estuda sobre sistemas de
iluminação e no seis o software em aviônicos.
369
370
Capítulo 1
Fiação elétrica
A fim de fazer a instalação, a manutenção e o reparo de forma mais fácil, fios e cabos elétricos
são organizados em grupos e fixados na estrutura da aeronave. Conectores são empregados para
facilitar no momento da remoção de asas, motores, etc.
Antes da montagem da fiação, os fios são cortados, identificados, amarrados e, às vezes,
envelopados em conduítes. Atualmente, existe uma grande variedade de fios e cabos elétricos
Conduíte: tubo em metal ou
adequados para uso em aeronaves, bem como diversos dispositivos que auxiliam a segurança e plástico usado para envolver
a manutenção da fiação. fios e cabos elétricos com
o objetivo de oferecer-lhes
proteção.
Com vistas aos procedimentos de manutenção, fios e cabos elétricos são acomodados em Trança: torcida dada em fios
cablagens e fixados em junções, tais como conectores e blocos de terminais. Antes da montagem para acomodação e melhoria
estética.
nessas junções, eles sofrem diversos procedimentos, conforme abordado anteriormente.
Dielétrico: material
Em aviação, os conceitos para fios e cabos elétricos são: isolante colocado entre dois
a) fio - formado por um condutor (Figura 1) ou por um conjunto de condutores de peque- condutores.
no diâmetro e coberto com isolante (Figura 2). Fios formados por conjunto de condu-
tores são os mais comuns em aeronaves por serem mais flexíveis quando possuem um
diâmetro maior.
371
O revestimento externo, ou jaqueta, fornece proteção contra fluido contaminante.
Os cabos coaxiais são utilizados para radiofrequência (RF), conectando as antenas
aos receptores ou transmissores. O condutor interno é protegido por uma trança
de campos elétricos e magnéticos. Do mesmo modo, o campo de RF fica contido
dentro do mesmo escudo.
O diâmetro constitui a largura de um fio e sua medida ocorre em uma escala normalizada
americana, em inglês, american wire gauge (AWG), uma norma de emprego usual pela Federal
Aviation Administration (FAA).
A Tabela 1, segundo a AWG, mostra que, quanto maior o diâmetro de um condutor, menor será
o número adotado na sua identificação. A maior bitola do fio mostrada nessa tabela é o número
40. Os diâmetros maiores e menores são fabricados, mas comumente não são empregados.
Usa-se o termo bitola para designar o diâmetro dos fios.
372
O diâmetro está diretamente ligado à capacidade de conduzir corrente para alimentar os
diversos dispositivos de uma aeronave. Muitos fatores precisam ser considerados na escolha de
um condutor.
a) Resistência mecânica - é obrigatório que os fios e cabos sejam resistentes à trepidação e
a outras condições severas, como variação brusca de temperatura e pressão.
b) Efeito joule - a passagem de corrente em um condutor provoca aumento de temperatura.
O aumento da bitola do fio faz diminuir a perda por efeito joule, porém o peso da fiação
aumenta.
c) Regulação de tensão - os geradores da aeronave são capazes de manter a tensão cons-
tante na entrada da linha de alimentação. A tensão que chega a um equipamento por
intermédio de um fio é a tensão de entrada diminuída da queda de tensão nesta linha.
Se o equipamento tem consumo intermitente, a queda na linha de alimentação provoca
uma flutuação na tensão, o que muitas vezes é indesejado. A diminuição da resistência
da linha (fios) por meio do aumento da bitola do fio minimiza esse efeito. Os projetos
de aeronaves procuram encontrar um equilíbrio em que os equipamentos funcionem
adequadamente sem aumento de peso significativo nos fios e cabos.
d) Tipo de isolante - os isolantes são para proteger os fios e condutores; contudo, afetam a
troca de calor com o meio ambiente. Dessa forma, a capacidade de corrente máxima de
Isolante: material com
um condutor é alterada. resistência extremamente
alta, não permite passagem
de corrente elétrica.
1.1.2 Identificação de fios e cabos
A correta identificação de fios e cabos elétricos com os seus circuitos e tensões é fundamental para
a segurança da operação e do pessoal, além de ser importante para facilitar os procedimentos de
manutenção. Assim, aqueles utilizados em aeronaves precisam ter sua identificação estampada
ao longo de seu comprimento.
A identificação é impressa sobre a capa isolante do condutor, por meio de técnica própria,
sendo composta de números e letras e dividida em partes. Cada parte fornece informação
específica sobre o condutor em questão.
373
• (P) - Letra designativa de função do sistema
Essa letra indica em qual sistema o condutor é usado. A Tabela 2 contém a relação das
letras empregadas nesta parte do código, que são as iniciais em inglês dos sistemas que
elas representam.
Tabela 2 - Relação de letras do sistema
As letras I e O não são empregadas no código para evitar confusão com os numerais
um (1) e zero (0).
374
• 215 - Número do condutor
Este número, composto de um ou mais dígitos, tem por finalidade numerar os condutores
de um sistema, a fim de diferenciá-los dos demais condutores de uma aeronave. Números
iguais serão atribuídos a condutores que, unidos entre si, desempenham a mesma função
dentro de um sistema.
• (A) - Letra designativa de segmento do condutor
Nesta parte do código, é possível surgir uma letra que identifica massa ou fase, ou um
sufixo que identifica um termopar.
As letras (A), (B) ou (C) indicam fases de um sistema AC trifásico. Cada letra representa
uma fase. Ex.: X 123 A 20 C.
A letra (N) indica que o condutor completa um circuito à massa. Ex.: H 215 A 20 N.
A letra (V) indica que o condutor não é ligado à massa e pertence a um sistema
monofásico. Ex.: X 423 D 18 V.
375
• ALUM - Os condutores de alumínio são identificados com o sufixo ALUM. A identificação
do fio precisa estar gravada em intervalos que, no início do condutor, são de três polegadas
e em toda a extensão do fio, entre uma marcação e outra, em intervalos de seis polegadas
no máximo (Figura 3).
Flap: superfície móvel Braçadeiras de plástico são largamente empregadas por sua praticidade e rapidez na instalação.
utilizada para aumentar a A Figura 5.A ilustra o uso de abraçadeira em fiação onde sai uma ramificação.
sustentação da aeronave.
376
Enquanto a Figura 5.B exemplifica o uso de abraçadeira em fiação onde sai uma ramificação
perpendicular.
1.4 Conectores
Conectores são acessórios que proporcionam fácil e rápida conexão ou desconexão dos condutores
elétricos, simplificando a instalação, a remoção e a manutenção tanto de equipamentos elétricos
ou eletrônicos quanto de segmentos de cablagem.
Conectores são classificados pelas especificações MIL ou OEM. Dividem-se em classes e tipos
com variações do fabricante para cada classe. Para se seguir uma especificação, as variações do
fabricante são diferentes em aparência e em método.
Alguns dos tipos mais comuns são os redondos, os retangulares e os blocos de módulos.
Conectores resistentes a condições ambientais são empregados em aplicações sujeitas a fluidos,
vibração, calor, choque mecânico e elementos corrosivos.
O receptáculo AN3100, por exemplo, possui flange para fixação e é utilizado em paredes ou
divisões (anteparos). É constituído de uma carcaça frontal, um anel retentor, um bloco isolante,
contatos (pinos ou soquetes) e uma carcaça traseira. Seu acoplamento é do tipo rosqueável.
377
Alguns conectores tipo (AN) mais empregados encontram-se nas Figuras de 6.A a 6.H.
Figura 6.D - Plugue reto I Figura 6.E - Plugue reto II Figura 6.F - Plugue em ângulo
Os conectores são classificados em classes (A), (B), (C), (E), (K), (P) e (R), detalhadas a seguir.
• Classe (A) - reúne os conectores fabricados em liga dura de alumínio, cuja carcaça traseira
seja inteiriça. São utilizados em locais que não necessitam de um conector de construção
especial.
• Classe (B) - reúne conectores similares aos conectores da classe (A), exceto pelo fato de
esses conectores possuírem a carcaça traseira bipartida. Isso proporciona um fácil acesso
para manuseio e serviços nos contatos e condutores.
• Classe (C) - reúne todos os conectores pressurizados. São empregados em parede, divisões
de compartimentos e equipamentos pressurizados. Seu isolante interno não é removível,
impedindo que a pressão interna de um compartimento ou equipamento pressurizado
escape através do conector;
378
• Classes (E) e (R) - reúnem os conectores resistentes ao meio ambiente. Esses conectores
são usados em locais nas aeronaves onde a rápida mudança de temperatura causa danos
ou a vibração é constante. Nessas duas classes, o condutor entra no conector através de
um selante situado na carcaça traseira, ficando as conexões elétricas (condutor/contato)
protegidas contra umidade e vibração.
Na classe (E), o selante é fixo e os contatos do tipo prensado são removidos para a execu-
ção das conexões elétricas. A remoção e a posterior instalação dos contatos são feitas com
o auxílio de ferramentas especiais, conhecidas como extrator e inseridor.
Na classe (R), o selante é removível e os contatos são fixos. As conexões elétricas são feitas
por meio de pontos de solda. O selante é fixado por uma porca que, depois de apertada,
o pressiona e o força a fechar os orifícios por onde passam os condutores, protegendo as
conexões elétricas contra a umidade e a vibração.
• Classe (P) - reúne os conectores tipo vaso, cuja carcaça traseira possibilita, após a sol-
dagem dos condutores aos contatos, a aplicação de um selante que tem como objetivo
proteger as conexões elétricas contra a umidade e a vibração.
• Classe (K) - reúne os conectores à prova de fogo. Esses conectores são usados onde o
fornecimento de energia elétrica é vital, mesmo que o conector seja exposto ao fogo ou
à alta temperatura. Eles são feitos de aço e a peça isolante interna é de material resistente
ao fogo. Seus contatos são do tipo prensado.
379
A Figura 7 ilustra um contato macho com fio inserido corretamente. Um furo no corpo do
contato permite ver o fio inserido até o final.
Os contatos de um conector elétrico, pino ou soquete são identificados por uma letra impressa
na parte isolante interna, o mais próximo possível do contato que ela identifica, tanto no
plugue quanto no receptáculo. Essa identificação é realizada de maneira linear (Figura 8.A) ou
circular (Figura 8.B).
A identificação dos contatos inicia com a letra (A), sempre em ordem alfabética, usando
quantas letras forem necessárias. Quando o número de contatos do conector for maior que o
alfabeto, são utilizadas as letras maiúsculas e, depois, as letras minúsculas, na ordem alfabética.
Se não for suficiente, a identificação assumirá a seguinte sequência: letras maiúsculas
(A, B, C...Z), letras minúsculas (a, b, c...z), letras maiúsculas duplas (AA, BB, CC...ZZ) e, por
último, letras minúsculas duplas (aa, bb, cc... zz).
É possível que um plugue ou um receptáculo possua contatos machos ou fêmeas.
O lado energizado de um conector elétrico, ou seja, o ponto mais próximo de uma fonte de força
existente no circuito será, sempre que possível, de contatos tipo soquete, podendo esse lado ser
um plugue ou um receptáculo. Esse procedimento é recomendado a fim de prevenir curtos-
circuitos acidentais durante a execução de serviços de manutenção em circuitos energizados.
Os contatos (pinos e soquetes) de um conector elétrico são sustentados e isolados por uma peça
isolante de plástico, borracha ou fibra. Os pinos isolados entre si ainda são protegidos por uma
capa metálica, por vezes, desmontável.
380
O invólucro ou anel de acoplamento de um conector possui um código de letras e números,
que identificam um conector, ilustrado na Figura 9.
Uma guia, ou ranhura, estará na posição angular padrão quando, ao se observar de frente os
contatos de um plugue ou de um receptáculo, ela se encontrar na parte superior da circunferência
do conector.
São empregadas as letras (X), (Z), (Y) e (W). Cada uma delas indica uma posição diferente
relativamente à posição angular padrão. Essas letras vêm impressas no isolante interno do
conector e, para não serem confundidas com as letras de identificação dos contatos, são cercadas
381
por um círculo. Essa variação é de acordo com a tabela apresentada pelo fabricante e ilustrada
nas Figuras de 10.A a 10.E.
382
• identificar o fio com codificação apropriada;
• descascar a ponta do fio, conforme Tabela 3 e estanhar.
Tabela 3 - Comprimento do fio ideal para soldagem em contatos
Uma grande área do contato sendo tocada ajudará a produzir uma boa soldagem rapidamente.
As Figuras 11.A, B e C mostram as pontas usadas em soldagem de contatos;
Figura 11.A - Para 8 AWG e Figura 11.B - Para Figura 11.C - Para
contatos largos pequenos contatos contatos médios
383
• atentar para as soldas dos grandes contatos aos fios pelo uso de alicates de solda
(Figura 12), instrumento que rende excelentes resultados para contatos muito ex-
tensos ou demasiadamente pequenos. O contato removido da inserção é realizado
nas mandíbulas do alicate e a corrente é aplicada até a solda derreter bem;
É necessário que a soldagem com ferro de solda elétrico seja realizada com ponteira adequada,
limpa e estanhada. Para sua conveniência, o ferro ou o conector é preso em uma morsa.
A seguir, estão descritos alguns procedimentos acertados na realização da solda.
384
• É obrigatório que grandes contatos sejam removidos das inserções e dos soldados
em um bloco não metálico. Usando a ponta adequada, aquecer primeiramente
a taça do contato, colocando posteriormente solda (Figura 14). Enquanto o ca-
lor ainda é aplicado, o fio pré-estanhado é inserido na taça de solda até o fundo.
A solda é adicionada na copa de solda, se for necessário. Além disso, é importante
manter o ferro aquecendo a copa de solda até que ela a preencha completamente.
Então, o ferro é retirado até o seu completo esfriamento. Uma soldagem fosca é
sinal de solda fria, assim há obrigatoriedade de a solda ficar brilhosa.
• Contatos que não foram removidos das inserções são soldados, conforme mostra a
Figura 15. Ao aquecer a taça do contato com o ferro, o fio é inserido juntamente
com a solda. Contatos de tamanho médio, como nº 8 a nº 12, serão soldados mais
facilmente se o ferro tocar no ponto em que o fio toca na copa do contato, ilustra-
do na Figura 16. Adicionar uma pequena quantidade de solda nesse ponto ajuda a
conduzir calor para a articulação.
385
• Para facilitar a soldagem de contatos que não foram removidos do receptáculo, é
útil fixar o conector em um dispositivo de fixação a fim de retê-lo e firmá-lo.
Existe a necessidade de uma sequência lógica ser seguida na soldagem de um conector. Isso ajuda
a evitar queima ou danos no isolamento dos fios laterais. As Figuras 17.A e 17.B descrevem
duas sequências lógicas para soldar conectores.
Na Figura 17.A, a soldagem é iniciada na borda inferior esquerda ou direita, se o técnico for
canhoto. É essencial que a linha superior siga a mesma sequência da de baixo. A sequência é
seguida até todos os contatos serem soldados.
Depois que todas as ligações forem feitas, é importante verificar se o conector não tem excesso de
solda, resíduos de fluxo e solda fria. Em qualquer dessas situações, os seguintes procedimentos
são adotados:
• retirar o excesso de solda usando ferro limpo com esponja vegetal úmida;
• remover resíduos de fluxo com álcool isopropílico ou outra solução recomendada pela
ordem técnica do fabricante;
• desfazer a solda fria empregando um sugador de solda ou ferro com esta função. Refazer a
ligação com solda nova. Uma soldagem de qualidade é brilhosa. Também é recomendado
o uso de uma lente ou um microscópio para avaliar uma boa soldagem.
386
Após as ligações estarem limpas, instalar a manga isolante do
conector ou espaguete termorretrátil utilizando um soprador térmico.
É fundamental que esses dispositivos já estejam posicionados nos fios
antes do início da soldagem. A Figura 18 mostra o posicionamento de
um espaguete termorretrátil.
b) Prensagem de contatos
Contatos prensáveis são removíveis e acompanham o co-
nector em estojo próprio. Normalmente, o kit que acompa-
nha um conector novo contém um inseridor/extrator, que
é uma ferramenta necessária para inserir e extrair o contato
do conector.
387
A Tabela 4 lista os tamanhos de contatos existentes com seus correspondentes diâmetros de
fios em que existe a possibilidade de serem usados. Por exemplo, o contato de número 20 é
utilizado com fios de 24 a 20 AWG.
1.5 Conduíte
Em situações em que a fiação fica exposta a condições agressivas, são utilizados conduítes com
vistas a evitar que a exposição dos fios a líquidos, calor, vapores e materiais abrasivos provoque
danos aos fios.
Em geral, os conduítes sofrem desgastes devido a condições severas onde se encontram instalados.
Para segurança, é necessário que, nas inspeções de rotina, seja observado o estado dos conduítes
e das cablagens a eles incorporados, com o objetivo de se tomar medidas corretivas antes que
algum dano ocorra na fiação.
O uso extensivo de conduítes é indesejável por causa do peso. Assim, são utilizados apenas em
zonas que existem condições prejudiciais, fixados permanentemente à estrutura da aeronave ou
presos por braçadeiras, cumprindo sua função protetora.
O conduíte é fabricado tanto em materiais metálicos quanto não metálicos, de forma
rígida ou flexível. Basicamente, sua função é a de oferecer proteção mecânica a cabos e fios.
388
Na escolha do conduíte, é recomendável primeiramente medir o diâmetro formado pelos fios, a
fiação não deve ocupar mais que 80% (oitenta por cento) do diâmetro do conduíte (Figura 21).
389
1.6 Cabo ótico
O cabo ótico é aproveitado para transmissão de informação por meio da luz. Em um sistema
que utiliza cabo ótico, a energia elétrica (informação) é convertida em luz sendo transmitida
por ele para outro local e, em seguida, novamente convertido em sinal elétrico.
Um sistema concebido desta forma terá os seguintes componentes: fonte da informação,
transmissor, cabo de fibra ótica, receptor e o destinatário, explicados a seguir.
• Fonte de informação - a fonte de informação fornece o sinal elétrico, por exemplo, um
comando para acionar metralhadora em um avião militar.
• Transmissor - o transmissor ou fonte de luz converte o sinal elétrico em sinal de luz cor-
respondente para transmissão. Geralmente, é empregado um diodo LED como fonte de
LED: do inglês light emitting luz em virtude de ter baixo consumo, tamanho pequeno, excelente brilho além de tempo
diode; sigla para o diodo
emissor de luz. de resposta muito rápido. Lasers também são usados como fonte de luz nesse caso.
390
A abertura numérica, em inglês, numerical aperture (NA), de uma fibra ótica é uma medida do
ângulo máximo no qual a luz, entrando na fibra, se propagará pelo seu núcleo.
391
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que uma fiação elétrica convencional é um sistema complexo composto de
fios, cabos, conectores, conduítes. Para cada item que compõe essa rede, existem procedimentos
específicos de identificação e manutenção.
Ademais, foi estudado que, em um sistema que utiliza cabo ótico, a energia elétrica (informação)
é convertida em luz, sendo transmitida por esse cabo para outro local e, em seguida, novamente
convertido em sinal elétrico. Um sistema concebido desta forma tem estes componentes: fonte
da informação, transmissor, cabo de fibra ótica, receptor e o destinatário.
392
Capítulo 2
Distribuição de força
393
2.2 Circuito do gerador
Quando em operação normal, os geradores são a fonte primária de alimentação. Para cada
motor de uma aeronave, existe um gerador correspondente. Com o desenvolvimento da
eletrônica, os sistemas dos geradores estão cada vez mais autônomos, sendo capazes de fazer o
gerenciamento de energia independentemente das decisões da tripulação.
Por exemplo, no caso de
perda de um gerador, o
sistema automaticamente
redistribui as cargas,
mantendo o equilíbrio
elétrico. A Figura 26
ilustra um circuito
simplificado de uma
aeronave com apenas
um gerador.
O controle de tensão e de
corrente de um gerador
ocorre por dispositivo
eletrônico. Geralmente,
Figura 26 - Circuito da bateria
esse dispositivo tem
funcionamento automático na produção de tensão e na partida do motor quando a aeronave é
equipada com arranque-gerador.
Arranque-gerador:
equipamento capaz de operar
como motor na partida da 2.3 Circuito de fonte externa e de aviônicos
aeronave e, depois, funcionar
como gerador. Em operação no solo, a aeronave precisa estar ligada a uma fonte externa para que a
bateria seja preservada, visto que ela é um dispositivo necessário quando há emergência.
O circuito de fonte externa tem exclusividade, ou seja, a bateria é desconectada da barra de
alimentação quando ligada automaticamente à fonte externa.
A Figura 27 ilustra um diagrama simples de um circuito de fonte externa.
394
O relé de fonte externa tem alimentação exclusiva mediante um terceiro pino oriundo
desta fonte, cuja finalidade é garantir que ela esteja conectada quando acionada a chave de
fonte externa.
o manuseio correto dos manuais técnicos da aeronave, especialmente no que diz respeito à
interpretação de diagramas elétricos.
Nesses manuais, há diagramas de fiação elétrica com informações específicas, como as bitolas
dos fios e cabos e os tipos dos terminais a serem usados para cada aplicação. Os diagramas de
instalação elétrica identificam os componentes dentro de um sistema pelo número da peça
e pelo número serial, incluindo as alterações que são feitas durante a produção da aeronave.
Por meio dos diagramas elétricos, é possível verificar a capacidade de carga de qualquer sistema
ou subsistema.
395
Os diagramas elétricos de uma aeronave são apresentados de três maneiras básicas.
a) Diagrama em blocos - este diagrama mostra blocos individuais que representam os com-
ponentes, como um gerador, uma placa de circuito impresso ou qualquer módulo que
possa ser substituído. Ele é usado como auxílio na solução de problemas em sistemas
complexos. A Figura 29 exemplifica um diagrama em blocos.
396
c) Diagrama esquemático - é o melhor para solução de problemas. Ele ilustra o princípio de
funcionamento normal e a ligação dos componentes um em relação ao outro (Figura 31).
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que a distribuição de força para todo tipo de aeronave consiste em
barramento principal, essencial e de bateria. Aviões com barramento microprocessado possuem
barramento específico para aviônicos. Em solo, uma fonte externa pode alimentar a barra
principal, preservando a carga da bateria. Uma instalação segura preserva a integridade dos
sistemas de energia primária quanto ao funcionamento correto.
397
398
Capítulo 3
Baterias
A energia elétrica de aeronaves é fornecida por uma variedade de fontes, como geradores
e inversores. As baterias são fontes de corrente contínua encontradas em todos os aviões.
Há vários tipos, o material que é utilizado na construção delas as define e a escolha de qual
será empregada depende do custo e do desempenho desejados. As mais instaladas em aviões são
as de chumbo-ácido e de níquel-cádmio. Outras tecnologias têm-se desenvolvido e seu uso é
considerado em uma aeronave. Os materiais utilizados podem ser o lítio e o metal níquel-hidreto.
A bateria também é fonte reserva de energia, e, em condições normais, essa necessidade é suprida
pelos geradores. Porém, quando estes deixam de funcionar, a bateria, automaticamente, passa a
ser a fonte primária de alimentação da aeronave, sendo capaz de sustentar os serviços essenciais
por determinado período de tempo. Em solo, quando não há o serviço de fonte externa, ela
é capaz de suprir a alimentação elétrica da aeronave e dar partida nos motores ou na unidade
auxiliar de partida, em inglês, auxiliary power unit (APU).
3.1 Descrição
A bateria é construída a partir de um número de células individuais, basicamente, tem-se um
invólucro contendo dois eletrodos (ânodo e cátodo) e um eletrólito. Essas células são chamadas
de secundárias e são recarregáveis. O material nelas
empregado varia de acordo com o desempenho do custo
para a aplicação.
Uma célula secundária simples está ilustrada na Figura 32.
Os materiais mais comuns usados em aviação são o
chumbo-ácido e o níquel-cádmio. Convém lembrar que
a designação de célula primária define as pilhas que, ao
descarregar, são inutilizadas.
Essas células são carregadas novamente através de uma
corrente. É utilizado um equipamento (carregador
de baterias) para fornecer a tensão necessária à carga.
O sentido da corrente de carga tem direção oposta à da
corrente quando a bateria está em uso. No processo de
recarga, as placas são reintegradas e o eletrólito retorna à sua
forma original, possibilitando à bateria fornecer corrente
novamente. A essa carga e descarga dá-se a denominação Figura 32 - Célula básica de bateria
de um ciclo.
Cada vez que se completa um ciclo, as placas se desgastam e perdem certa quantidade de material ativo.
Com isso, as células ou elementos vão perdendo suas capacidades, que estão relacionadas,
399
principalmente, à área das placas. Em geral, o tempo de vida útil de uma bateria
fica entre 50 e 200 ciclos completos de carga e descarga. O maior desgaste ocorre
nas placas positivas, uma vez que a ação química mais violenta se dá nesse grupo.
Se o acumulador for apenas parcialmente descarregado em cada ciclo, o número
de ciclos será aumentado. As baterias de automóvel e de aeronave são exemplos
de bateria chumbo-ácido (Figura 33).
A função básica das baterias é converter energia química em elétrica.
Figura 33 - Bateria típica de
Elas são consideradas como um meio químico de armazenar energia elétrica.
aeronave chumbo-ácido Os elétrons são retirados do cátodo (positivo) e depositados no ânodo
(negativo); o eletrólito, por sua vez, é o meio físico de migração entre o ânodo
e o cátodo. A atração de elétrons entre estes cria uma diferença de potencial através da célula.
O ânodo/cátodo está ligado aos terminais externos para conexão ao equipamento ou sistema.
A tensão de célula é determinada pelos materiais utilizados para ânodo, cátodo e eletrólito.
Com efeito, a capacidade de armazenamento de energia de uma célula é definida pela
quantidade de material disponível para a reação química. Com vistas a maximizar a capacidade
de armazenamento, as áreas físicas do cátodo e do ânodo são feitas tão grandes quanto possível.
A capacidade é indicada em ampères-hora e as baterias são avaliadas com taxas de descarga de
alta ou baixa (10 horas ou 1 hora). A capacidade da bateria deteriora progressivamente ao longo
do tempo, dependendo do uso e, em especial, das taxas de carga e descarga.
Para fins de manutenção, a capacidade aceitável para uma bateria é de até 80% da sua
capacidade nominal (quando nova). Muitas vezes ocorre nas células secundárias um fenômeno
conhecido como efeito memória, que as leva a reter menos carga do que a sua capacidade.
Isso acontece sempre em sucessivas cargas realizadas quando a bateria ainda não está totalmente
descarregada. O técnico deve descarregá-la completamente antes de colocar para recarregar.
Os equipamentos para recarga já possuem essa função, devendo o operador recorrer à publicação
técnica do carregador.
As células são ligadas em série para formar uma bateria. A tensão terminal total é a soma das
tensões de célula individual (Figura 34.A). Nessa ilustração, seis células estão ligadas em série
para uma bateria de 12 V. Os símbolos de circuito para células individuais e uma bateria são
mostrados na Figura 34.B. Todas essas células estão contidas dentro de uma caixa de bateria,
apresentada na Figura 34.C.
400
3.2 Bateria chumbo-ácido
Este tipo de bateria tem aplicações generalizadas na aviação, tanto em aeronaves de asas
fixas quanto de rotativas. Isso ocorre em razão da alta corrente disponível para o motor de
arranque e devido à fabricação e à manutenção de baixos custos, se comparada às baterias de
níquel-cádmio.
3.2.1 Construção
Células úmidas são alojadas dentro de uma caixa resistente ao impacto feita de materiais
baseados em poliestireno. A carcaça retém os dois terminais e inclui uma tampa de ventilação
para evitar o acúmulo de pressão de gás enquanto não permite que o eletrólito escape.
Uma única célula de bateria contém grupos de chapa positiva e negativa, construídos
as Figuras 35.A e 35.B.
As placas são posicionadas de modo que uma positiva fique entre duas negativas. Elas, ainda,
são separadas por um material isolante.
Quando totalmente carregada, cada célula tem uma diferença de potencial de 2,5 V (caindo
2.2 V depois de um período de, aproximadamente, uma hora) nos seus terminais; quando
descarregadas, essa diferença de potencial é 1.8 V. Uma bateria de seis células produz
13.2 V totalmente carregada e 10.8 V DC quando descarregada. De seu lado, uma bateria de
12 células produz 26,4 VDC totalmente carregada e 21.6 V DC quando descarregada.
401
3.2.2 Manutenção
O flutuador é provido de uma escala numérica que varia de 1.100 a 1.300, de modo que a
densidade do eletrólito possa ser lida diretamente pela leitura do número correspondente ao
nível do líquido em volta do flutuador. A marcação 1.100 indica que a bateria está descarregada
e a indicação 1.300 corresponde à bateria totalmente carregada. O densímetro possui, também,
uma escala colorida: verde indica bateria carregada; amarela, bateria com meia carga; e vermelha,
bateria descarregada.
3.3.1 Construção
As placas da bateria são formadas por placas positivas de óxido de níquel, placas negativas de
óxido de cádmio, separador de material isolante para as placas, caixa de plástico com válvula e
eletrólito composto de 30% de hidróxido de potássio e 70% de água. A densidade eletrolítica
gira em torno de 1.300.
As placas são feitas de material (níquel e cádmio) em pó pulverizado sobre as placas que formam
uma massa sólida. Esse processo maximiza a quantidade de material nelas depositado.
A bateria de aeronave níquel-cádmio possui 19 células produzindo uma tensão de saída de 24,7 V.
A verificação do estado é testada por intermédio de um carregador/analisador de células.
Esse equipamento faz a análise e também o carregamento das células, que se dá através de
corrente constante.
402
3.3.2 Localização
Um avião pode estar equipado com uma ou duas baterias principais em função do tamanho e
do papel. A bateria está localizada o mais próximo possível ao seu ponto de distribuição para
reduzir perdas quanto ao comprimento dos fios. Em aeronaves menores, a bateria pode ser
localizada no compartimento do motor, como alternativa, atrás do compartimento de bagagem
na fuselagem traseira (Figura 36.A).
Em algumas aeronaves de grande porte, a bateria está situada no bordo de ataque da asa,
conforme demonstra a Figura 36.B.
Os locais onde estão localizadas as baterias devem ser alvo de verificações por parte da
manutenção para averiguar indícios de vazamento e de corrosão.
403
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que as baterias são fonte de energia estável, capazes de supri-la para os
circuitos da aeronave durante algum tempo em caso de falha do gerador. Em locais onde não se
dispõe de fonte de força terrestre, as baterias são capazes de dar partida nos motores.
Ademais, foram abordadas as duas principais tecnologias empregadas nas baterias de uma
aeronave, que são a chumbo-ácida e a níquel-cádmio. Elas diferem quanto ao peso e ao processo
de carga e descarga, sendo as de níquel-cádmio as mais utilizadas em aeronaves de grande
demanda de energia.
404
Capítulo 4
Proteção dos sistemas elétricos
Os circuitos precisam ser protegidos contra curto-circuito ou excesso de corrente, que podem
provocar fogo ou danos às fontes de energia elétrica. Disjuntores e fusíveis são instalados o mais
próximo possível da fonte de energia elétrica para, em caso de excesso de corrente, o fusível ou o
disjuntor cortar a alimentação da energia antes mesmo que o condutor emita fumaça.
Interruptores e relés são um meio seguro e eficiente para ligar equipamentos, sistemas e fazer a
conexão das fontes de energia aos barramentos de energia da aeronave. Atualmente, as aeronaves têm
utilizado o disjuntor controlado remotamente, em inglês, remote controlled circuit breaker (RCCB),
um dispositivo que assume as tarefas de disjuntor e contator; com isso, há economia
de fiação.
4.1.1 Aterramento
Aterramento é um meio eficiente de prover um caminho de retorno para corrente.
Aterrar significa ligar o condutor negativo à estrutura metálica primária da aeronave.
405
Para fazer um aterramento seguro e confiável, algumas precauções precisam ser tomadas.
São elas:
• aterrar os equipamentos, fios e cabos pontos de aterramento da aeronave. Existem várias
ilhas (pontos de aterramento) distribuídas ao longo da aeronave;
• não fazer as conexões de aterramento, deve-se ter o cuidado de não danificar ou
enfraquecer a estrutura da aeronave;
• aterrar as estruturas metálicas quando possível;
• verificar se os pontos de aterramento estão lisos e limpos, livres de oxidação;
• constatar que o terminal de aterramento esteja imune à vibração quando a aeronave
estiver em funcionamento, expansão e contração devido à inércia;
• verificar a conexão de aterramento em áreas protegidas sempre que possível. Buracos ou
janelas de inspeção existem com o intuito de facilitar inspeção e substituição;
• não fazer ligações à massa usando material que não seja metálico;
• não ligar mais do que quatro fios de terra conectados a um pino de aterramento comum.
Módulos de terra, de acordo com normas vigentes, podem ser usados para multiplicar
pontos de terra. Não usar mais do que 16 fios em um módulo de terra;
• observar se as fontes de energia elétrica (primária, secundária e de emergência) estão com
seus aterramentos separados. É possível que equipamentos sejam conectados ao mesmo
ponto de terra desde que a energia seja fornecida pala mesma fonte;
• selecionar o material para realizar aterramento com base na resistência mecânica do tipo
de material da estrutura e do terminal de ligação. Esse material consta nos manuais
técnicos. Portanto, é recomendável que a substituição siga o que estiver prescrito.
4.1.2 Metalização
Metalização consiste em ligar dois ou mais objetos condutores que não estão adequadamente
conectados. Os principais tipos de metalização são:
a) ligação de equipamentos - são necessárias ligações entre os equipamentos eletrônicos e
o terminal de massa na estrutura da aeronave. O objetivo dessas ligações é desviar para a
terra as frequências de rádio e também reduzir as interferências eletromagnéticas;
b) interligação de superfícies - há obrigatoriedade de todos os objetos condutores serem
eletricamente ligados à estrutura. Essas ligações são feitas por intermédio de articulações
mecânicas, dobradiças condutoras ou correias de ligação. O objetivo é escoar as cargas
estáticas e os relâmpagos;
c) ligações estáticas - toda trilha condutora isolada externa ou interna da aeronave com área
de três polegadas quadradas precisa estar ligada eletricamente na estrutura da aeronave.
O objetivo é dissipar as cargas eletrostáticas.
406
4.2 Dispositivos de proteção e acionamento de circuitos
elétricos
Dispositivos de proteção, como fusíveis e disjuntores, têm a finalidade de proteger os circuitos
de sobrecarga e curtos. Enquanto os dispositivos acionadores são os interruptores e relés que
conectam os equipamentos e/ou circuitos à fonte de energia.
Os materiais usados para compor o fio ou elo do fusível incluem chumbo, liga de
estanho e bismuto, cobre ou ligas de prata. A Figura 37 ilustra o elo do fusível, que está
contido em um cilindro ou revestimento cerâmico (cartucho) para evitar que quaisquer
partículas de metal quente possam causar danos secundários.
407
Os terminais do fusível são a parte que faz o contato com a fiação do circuito.
Porta-fusíveis são necessários, visto que acomodam os fusíveis e possuem forma adequada
para serem fixados no painel de fusíveis. O porta-fusível sinaliza a condição de fusível,
informando, por exemplo, se está queimado. A tampa de indicação é preta com uma
luz colorida integrada. Quando o fusível queima, a tampa se ilumina e diferentes cores
apontam as tensões de alimentação, ilustradas nas Figuras 38.A, B e C.
Figura 38.A - Porta-fusível Figura 38.B - Tampa de identificação Figura 38.C - Tampa de
para corrente alternada identificação para
corrente contínua
Figura 39.A - Fusível de grande capacidade Figura 39.B - Esquema interno de um fusível
de grande capacidade
Os fusíveis são artigos relativamente baratos, porém são usados somente uma vez.
Em algumas aplicações, a construção física do elo é concebida para ter um tempo de atraso.
Esse fusível é conhecido como fusível de retardo ou limitador de corrente.
Eles são feitos a partir de uma liga de cobre que tem um ponto de fusão mais elevado do que o
chumbo e o estanho. Fusíveis de grande capacidade são empregados em pontos de distribuição
de energia, possuem mais de um filamento em paralelo e são fabricados em valores que vão até
500 A. Esse tipo de fusível possui reservatório para conter os detritos após a ruptura.
Há uma classificação para determinar a corrente máxima transportada pelos fusíveis sem
queimar. Em seu corpo, é possível identificar a tensão de trabalho e a corrente máxima que
transporta. Fusíveis são fabricados para correntes que vão de miliamperes a centenas de amperes.
Essas classificações são facilmente encontradas nas tabelas fornecidas pelos fabricantes.
408
Fusíveis sobressalentes são necessários na aeronave e devem estar acessíveis à tripulação de voo.
É requisito transportar 50% de cada classificação para servirem como peças de reposição.
409
• Disjuntor eletromagnético
O disjuntor push-pull (empurrar para rearme e puxar para desarme) não fechará seus contatos
enquanto não for resolvida a falha. Esse tipo de disjuntor é o preferido em aeronaves,
especialmente em instalações novas.
410
4.2.2 Dispositivos de acionamento
Dispositivos acionadores são um meio seguro de ligar e desligar um circuito. Quando o circuito
tem uma grande demanda de corrente, eles são usados para acionar relés que alimentam
esses circuitos.
a) Interruptores ou chaves
Interruptores são chaves que abrem e fecham circuitos e são constituídos de um ou
mais pares de contatos. A corrente no circuito flui quando os contatos estão fechados.
Chaves com contatos momentâneos ativam temporariamente o circuito e retornam à sua
posição normal com uma mola quando a chave é liberada. Enquanto as com contatos
contínuos permanecem em posição quando ativadas.
Falhas na operação com chaves são evitadas ao garantir que sua instalação seja lógica
e consistente. As chaves liga-desliga de duas posições devem ser montadas de maneira
que a posição ligada seja obtida com a alavanca em posição para cima ou para frente.
Quando as chaves controlam elementos móveis da aeronave, como trem de pouso ou
flaps, é importante que a alavanca se mova na mesma direção do movimento desejado.
O acionamento indesejado de uma chave é evitado com a instalação de protetores sobre
as chaves.
Um interruptor especialmente projetado pode ser empregado em todos os circuitos nos
quais um mau funcionamento traga riscos. O interruptor tem constituição resistente
e é capaz de interromper a corrente da carga conectada sem falhar. A potência da
corrente nominal de uma chave de aeronave convencional é, em geral, estampada na
própria chave.
O procedimento de teste de um interruptor é simples e realizado com um ohmímetro
ou voltímetro. Ao usar o ohmímetro, é necessário que a energia do circuito seja cortada
ou o interruptor removido de sua posição. De posse do diagrama elétrico do circuito, é
possível, usando o voltímetro, fazer medições para verificar a integridade do dispositivo.
Os interruptores são classificados pelo:
• número de polos;
• número de posições;
• tipo dos contatos (permanente ou momentâneo).
Um interruptor básico é ilustrado na Figura 42.A com suas características internas e, na
Figura 42.B, com as externas.
Operando a alavanca (braço), os contatos abrem e fecham. Existem diversos modelos e modos
de acionamento de um interruptor.
411
Os polos de um interruptor simples são formados pelas superfícies de contato que fazem
a conexão do circuito. Os contatos de um interruptor podem ser abertos e fechados.
No corpo do interruptor, está identificado normalmente aberto (NA) e normalmente fechado (NC).
Um interruptor pode acionar um circuito ou mais, dependendo de como foi projetado.
• dois polos e uma posição - conecta dois circuitos independentemente (Figura 43.C);
412
• momentâneo normalmente fechado (Figura 43.F).
Painéis de aeronave moderna utilizam interruptor com iluminação para exibir o status do
sistema. Para iluminação interna, são usadas duas lâmpadas para redundância, a luz é projetada
para fora através de filtros coloridos. Esses interruptores são empregados de várias maneiras, por
Redundância: em aviação,
exemplo, para mostrar o sistema ligado ou desligado. consiste em ter mais de um
dispositivo executando a
O interruptor é dividido em momentâneo ou contínuo. Interruptores momentâneos são mesma função.
utilizados em circuitos automáticos e semiautomáticos, em que apenas um pulso é necessário
para início de funcionamento ou término. Enquanto o interruptor contínuo, depois de
acionado, mantém os estados dos contatos até que um novo acionamento ocorra.
b) Micro switch
413
A Figura 45.A ilustra o esquema elétrico e a Figura 45.B a montagem de um microinterruptor.
Figura 45.A - Vista interna e símbolo elétrico Figura 45.B - Montagem típica
414
• Reed switch
Figura 46.A - Arranjo usual de um reed switch Figura 46.B - Esquema elétrico de um reed switch
Uma seção (atuador) contém um ímã e a outra seção (sensor) uma armadura de lâminas com
contatos banhados a ródio. O arranjo usual é colocar a unidade sensora fixada na estrutura da
aeronave, o atuador é fixado ao item a ser monitorado, como, por exemplo, uma porta.
Quando a distância entre o sensor e o atuador atinge uma distância predeterminada, os contatos
fecham completando o circuito. Os contatos voltam a abrir quando o atuador se afasta.
Quando o alvo se aproxima da bobina, afeta o seu campo magnético. Um circuito eletrônico
determina quando o campo magnético alcança o nível predeterminado. A vantagem óbvia
desse tipo de interruptor é que não há contato móvel, portanto, há maior confiabilidade.
415
• Relés
A corrente que flui por intermédio da bobina de um relé eletromagnético gera um campo
magnético que atrai uma alavanca e altera os contatos da chave. A corrente da bobina é ligada
ou desligada, permitindo aos relés terem duas posições de chave: contatos abertos e fechados.
O relé é um interruptor operado eletricamente e está sujeito à condição elétrica do sistema. Ele
permite o controle de circuitos que estejam completamente separados. Por exemplo, é possível
que um circuito de corrente contínua de baixa voltagem acione um relé para controlar um
circuito de corrente alternado trifásico de 115 volts. Não há conexões elétricas dentro do relé
entre os dois circuitos, a ligação é magnética e mecânica.
A forma mais simples de relé seria de único polo (unipolar) e uma posição (SPST).
As configurações encontradas em aeronaves são:
a) um polo e uma posição (Figura 49.A);
416
b) um polo e duas posições (Figura 49.B);
417
Existem diversos tipos de relés, desde os que são empregados em aplicações de baixa corrente
até aqueles utilizados em alta demanda de corrente. Os relés mais usados em aeronaves são
os contatores, relés de lâminas, relés de retardo e os relés polarizados e o RCCB, explicados
a seguir.
a) Contatores
São usados em aplicações em que a demanda de corrente é elevada, como, por exemplo,
ligar a energia da bateria para a aeronave. Diferem dos relés de baixa corrente, pois têm
uma construção física diferente.
Nas características de um contator, estão incluídos, além dos contatos principais, capazes
de sustentar alta demanda de potência, contatos auxiliares utilizados para indicação e
controle de outro dispositivo. Por exemplo, o contator de fonte externa possui contatos
auxiliares que desconectam automaticamente a bateria da barra, garantindo que só a
fonte externa alimente a aeronave.
b) Relés reed (lâminas)
Figura 50.A - Relé de lâminas esquema externo Figura 50.B - Relé de lâminas esquema interno
Esses relés atrasam o tempo de fechamento dos contatos e são necessários em aplicações
especiais. O atraso na abertura e no fechamento dos contatos é conseguido por uma
segunda bobina enrolada em torno da bobina principal.
418
d) Relés polarizados
Estes relés são utilizados em circuitos de controle com tensões ou correntes muito baixas.
O relé é extremamente sensível, respondendo aos níveis de corrente em miliamperes ou
tensões muito baixas. Esse nível baixo frequentemente não é adequado para o dispositivo
de armadura por mola convencional, pois existe a possibilidade de os contatos vibrarem
provocando eletroerosão e manutenção prematura. Relés polarizados usam forças
magnéticas para atrair e repelir a armadura em vez de uma mola.
Os contatos em relés e contatores são feitos de liga de prata. Os contatos precisam
suportar a corrente sem aquecer e provocar queima. Os problemas de falha associados a
contatos incluem erosão, corrosão e colagem dos contatos.
Um teste típico para contatores de alta capacidade é medir a queda de tensão sobre
os contatos quando a corrente máxima suportada é aplicada entre os terminais.
Por exemplo, segundo determinado fabricante, um contator de 200 A, quando submetido
a essa corrente, suporta queda de tensão admissível de 120 mV.
e) RCCB
Reduz substancialmente a quantidade de condutores elétricos ajudando a reduzir o
volume da fiação e redução do peso. Em uma aeronave, quanto menos peso melhor.
Os contatores ou relés de uma aeronave moderna têm incorporado ao seu corpo o
disjuntor que antes ficava no painel de disjuntores.
Na Figura 51.A, há uma configuração antiga onde é usado um contator para acionar
uma carga de 100 amperes. Enquanto a Figura 51.B ilustra uma aeronave moderna com
o novo conceito de acionamento de cargas de grande capacidade.
419
4.3 Monitoramento via software
As aeronaves com nova concepção de aviônicos que possui sistemas microcontrolados têm a
grande vantagem de a todo tempo ser monitorada por software que coleta informações e gera
relatórios de não conformidade à tripulação.
Resumindo
Neste capítulo, foi estudado que dispositivos de segurança são instalados próximos às fontes
de força para proteção contra curtos-circuitos e excessos de consumo a que venham provocar
danos aos equipamentos e a cablagens. Os dispositivos utilizados são os fusíveis e disjuntores,
fabricados em diversas especificações e para uma infinidade de aplicações.
Foram abordados, ainda, os interruptores, que são um meio seguro de ligar e desligar circuitos.
São capazes de controlar um circuito simples ou composto no mesmo comando por meio
de seus contatos, que apresentam diversas configurações. Relés são interruptores comandados
eletricamente. São capazes de controlar desde pequenas correntes até cargas de alta energia,
como as chaves, que também apresentam diversas configurações de contatos. O RCCB
incorpora a função de disjuntor a um contator.
420
Capítulo 5
Sistema de iluminação de aeronaves
421
5.1.1 Luzes internas
Uma iluminação interna é necessária à visualização dos instrumentos, interruptores e painéis.
As principais luzes internas são:
• luzes de cúpula localizadas no teto - fornecem distribuição direcional da luz no compar-
timento. Contêm uma lâmpada incandescente e são alimentadas pelo barramento do
gerador, bateria ou fonte externa;
• projetores de luz localizados no compartimento de voo - são providos de lâmpadas incan-
descentes ou fluorescentes e fornecem iluminação geral de instrumentos, painéis, pedes-
tais, etc.;
• luzes de emergência instaladas no compartimento de voo - a cor das luzes do comparti-
mento de voo é branca, isso reduz a potência e o calor melhora o contraste nos instru-
mentos, minimizando a fadiga ocular;
• os instrumentos possuem iluminação interna, feita com lâmpadas incandescentes.
Dessa maneira, a blindagem é oferecida para evitar que a luz incida diretamente nos
olhos do piloto e também a regulagem de brilho;
• iluminação externa para o instrumento e painéis, provida por pequenos pilares ou postes
que direcionam a luz individualmente para o instrumento ou interruptor. Geralmente,
esses postes são providos de lâmpada incandescente e possuem regulagem de brilho.
O controle de luminosidade é feito por um reostato (Figura 52). Este funciona ligado em série
com a lâmpada, aumentando ou diminuindo a resistência do circuito e, consequentemente,
realizando o mesmo processo com a luminosidade.
422
Quando o consumo é alto, o controle
será para vários instrumentos.
Ele requer um circuito eletrônico,
visto que um reostato gera muito
calor para cargas maiores. Um circuito
com transistor fornece controle
eletrônico, de acordo com a Figura 53.
O resistor variável (R2) desta figura
oscila uma pequena corrente de base do
transistor PNP, que controla a corrente
(relativamente alta) para o meio do
seu coletor e a lâmpada. Um circuito
semelhante a esse alimenta a lâmpada Figura 53 - Controle eletrônico de luminosidade
de alto consumo ou várias lâmpadas
em paralelo.
Um sistema de iluminação típico controlado por transistor é apresentado na Figura 54.
As correntes de base relativamente baixas nos respectivos transistores controlam uma variedade
de circuitos de iluminação, como sistemas de radionavegação, bússola, painel de combustível,
indicações do motor, entre outros.
423
Painéis de instrumentos geralmente são construídos a partir de acrílico. A superfície é pintada
e então gravada com a identificação de interruptores e controles, o painel é iluminado nas
bordas. A luz é dispersa pelo painel, mas é vista apenas por meio das gravuras.
De forma alternativa, painéis eletroluminescentes são usados e alimentados com energia
corrente alternada (CA), de acordo com a Figura 55. Uma camada laminada de fósforo é
localizada entre duas camadas de plástico transparente. O material do fósforo brilha quando
alimentado com CA. A frente do painel é pintada para combinar com a cor dos outros painéis.
Letras ou símbolos permanecem claros e transmitem luz da camada de fósforo brilhante.
424
As luzes de advertência são definidas em cores para agilizar a interpretação:
• vermelho - existe uma condição insegura;
• âmbar - existe uma condição anormal, mas não insegura;
• verde - uma condição segura é indicada, como, por exemplo, o aviso de trem de pouso
embaixo e travado.
425
a) Luzes de posição
426
A instalação de luzes de posição em helicópteros ocorre de modo diferente das aeronaves devido
à sua geometria. Como as asas do helicóptero são rotativas, as luzes são instaladas nas portas e
na cauda.
b) Luzes de anticolisão
Luzes anticolisão são complementares às luzes de posição e podem ser formadas a partir
de luz estroboscópica ou dispositivo rotativo com lâmpadas incandescentes, ou, ainda,
a combinação dos dois.
Elas são usadas também para avisar que os motores estão em operação ou prestes a
iniciar. Elas permanecem ligadas até que seja considerado seguro para o pessoal de terra
se aproximar da aeronave. Normalmente são localizadas da seguinte maneira:
Luzes anticolisão são controladas por apenas um interruptor, com um dispositivo de proteção
simples. O uso de anticolisão em conjunto com luzes de posição aumenta consideravelmente a
percepção dos pilotos quando em deslocamento no espaço aéreo, em especial em voo noturno
ou em condições de baixa visibilidade. Atualmente, existem dois sistemas de anticolisão usados
em aeronaves: dispositivo rotativo e com luz estroboscópica.
427
O dispositivo rotativo é localizado na cauda, fuselagem superior e inferior. A Figura 61 mostra
um anticolisão no topo do estabilizador vertical (cauda).
Estabilizador vertical:
estrutura localizada na parte
de trás da aeronave, cuja
função é de estabilizá-la
verticalmente.
Hoje em dia é comum encontrar em aeronaves luzes anticolisão do tipo luz estroboscópica.
A lâmpada consiste em um tubo de vidro vedado contendo gás xenônio, um gás nobre,
quimicamente estável e muito usado por produzir luz intensa. A Figura 62 mostra uma lâmpada
usada na ponta de asa.
Aplicando uma alta tensão entre os eletrodos, a mistura de gás xenônio emite luz por radiação
ionizante. A Figura 63 ilustra um circuito típico de luz estroboscópica. O sistema é composto
de fonte e lâmpada.
428
A função da fonte (Figura 64) é transformar a tensão baixa da barra de alimentação da aeronave
em uma tensão muito alta (300 a 600 VCC) acumulada em capacitores.
Essa tensão é aplicada aos eletrodos da lâmpada. A fonte também produz pulsos de curta duração
que são aplicados a um transformador elevador, existente na própria lâmpada e responsável
pela ionização do gás. Quando ocorre o pulso, o gás ioniza. Nessa condição, o xenônio tem
resistência baixa e uma corrente elevada passa por ele, produzindo luz. Esse processo dura
enquanto houver carga nos capacitores; se os capacitores estiverem descarregados, o xenônio
volta à condição normal.
Em outras palavras, a fonte cumpre o papel de carregar os capacitores e enviar pulso de tensão
para ionizar o gás. A frequência desses pulsos determina a quantidade de piscas do anticolisão,
e varia de 40 a 70 vezes por minuto, geralmente.
c) Luzes de pouso
Luzes de pouso estão localizadas nas pontas das asas ou na parte dianteira da fuselagem,
em ângulos fixos para iluminar a pista. São dispositivos selados com lâmpadas
incandescentes de 600 a 1.000 watts; um refletor parabólico concentra a luz em um
feixe direcional. A alta potência exige o controle por meio de um relé.
Algumas aeronaves têm o farol de aterragem retrátil localizado no lado inferior da asa
(subalar). Esse dispositivo tem um motor e um mecanismo com engrenagem reversível para
estender e recolher o farol de aterragem; um típico circuito é apresentado na Figura 65.
429
Outra localização para a luz de pouso é no bordo de ataque da asa. O farol fica em um
dispositivo embutido na asa com cobertura transparente que acompanha a aerodinâmica da asa.
Faróis de aterragem subalar e no bordo de ataque também estão apresentados na figura a seguir.
d) Luzes de táxi
Luzes de inspeção das asas (Figura 66) são instaladas para verificar a formação de gelo
bordos de ataque das asas e entradas do motor. São dispositivos selados com lâmpadas
incandescentes de 50 a 250 watts.
f ) Luzes de identificação
As luzes de identificação são usadas para iluminar a cauda. Elas são empregadas,
principalmente, para fins promocionais, ou seja, para a companhia aérea destacar seu
logotipo durante operações noturnas em um aeroporto.
430
5.2 Manutenção dos sistemas de iluminação
A inspeção do sistema de iluminação de uma aeronave inclui a checagem das condições e
segurança da fiação, conexões, terminais, fusíveis, relés e interruptores de controle.
Um multímetro é usado para checar continuidade de lâmpadas, interruptores e fusíveis, já que
a origem de muitos problemas é localizada por meio do teste sistemático de cada circuito em
busca de continuidade.
Basicamente, o mecânico de manutenção de aeronaves necessita ter em mãos o diagrama de
fiação elétrica e um multímetro, com certificado de calibração em dia.
O multímetro é a principal ferramenta para checagem em sistemas elétricos. Ele é o agrupamento
Calibração: significa que o
de vários instrumentos no mesmo console, tais como voltímetro, ohmímetro, amperímetro, instrumento foi comparado
teste sonoro de continuidade, etc. a um padrão (referência) e
encontra-se em condições
No passado, o técnico usava uma lâmpada de teste para verificar continuidade, mas hoje o de uso.
custo de um bom instrumento é compensado com agilidade e segurança nas verificações.
De posse do diagrama elétrico e um multímetro, os testes seguem uma rotina predeterminada
de verificação, como: lâmpadas, fusíveis, relé, conectores, fiação elétrica, interruptores.
Geralmente, lâmpadas e fusíveis são mais propensos a falhas, mas a principal razão para se ter
uma sequência de procedimentos é não repetir tarefas quando se tratar de sistemas complexos.
431
Descartado algum defeito na fonte, há a possibilidade de serem observados indícios de
vazamento de gás ou escurecimento próximo dos terminais da lâmpada. Do mesmo modo
que as lâmpadas de filamento, essas lâmpadas são descartadas quando queimadas. A fonte para
anticolisão é um equipamento reparável.
Equipamento reparável:
equipamento que, após 5.2.2 Verificações de fusíveis e disjuntores
ser substituído por falha, é
consertado para, novamente,
entrar em uso. Não é possível medir resistência de um componente com o circuito energizado.
Quando o técnico for utilizar um ohmímetro para fazer as medições, é obrigatório desligar
a fonte de energia. Portanto, recomenda-se que a resistência entre os terminais do fusível ou
disjuntor, medida com um ohmímetro, seja zero. Não se pode confiar totalmente em fusível
novo, então é necessário testá-lo também antes de trocar.
Para testar o estado do fusível ou disjuntor com voltímetro, é indispensável verificar se a tensão
no terminal de entrada do fusível é igual ao terminal de saída. Se a alimentação vier da barra
principal, por exemplo, esse valor será de 28 volts.
As panes mais comuns dos relés são contatos queimados ou sujos. Alguns tipos de relés são
reparáveis e outros não, obrigando o descarte. As documentações técnicas contêm orientações
sobre a substituição de componentes.
432
5.2.5 Verificações de fiação elétrica
Fios e cabos necessitam ser inspecionados, por toda parte, quanto ao seu estado de conservação
e funcionamento. As características desejáveis e indesejáveis na fiação de aeronaves são descritas
nos seus manuais técnicos.
Defeitos comuns em interruptores são contatos colados que, em funcionamento, não permitem
desligar as luzes. Contatos definitivamente abertos não fornecem alimentação para as luzes
ou relés.
Resumindo
A iluminação em uma aeronave visa a atender a necessidades operacionais, à segurança, às
luzes de manutenção e ao conforto dos passageiros. Existe um número razoável de tecnologias
aplicadas à iluminação como luzes incandescentes, estroboscópicas, eletroluminescência e,
cada vez mais, são usados os diodos emissores de luz (LED). As luzes estão agrupadas em
áreas internas e externas. O sistema de iluminação interna proporciona a iluminação dentro
da cabine de pilotagem e da cabine de passageiros. O sistema elétrico de iluminação externa
permite a identificação da aeronave, indicação de atitude, de posição e a área de operação de
táxi de pouso e decolagem.
433
434
Capítulo 6
Software
6.1 Classificação
Um software de aeronaves é dividido em cinco níveis, de acordo com as consequências prováveis
de seu fracasso. Eles são mostrados na Tabela 5.
Tabela 5 - Classificação de risco em software
435
O mais alto nível de risco (nível A) é o que tem consequências catastróficas enquanto o menor
nível de risco é aquele que não tem impacto significativo sobre o funcionamento da aeronave.
Uma vez que o software executa funções automáticas, quando há sua falha, uma carga de trabalho
adicional é imposta à tripulação. Quanto maior a carga adicional de trabalho é imposta, maior
é o nível crítico do software em falha. A Tabela 6 fornece exemplos de aplicações de software e o
nível de criticidade a cada sistema embarcado.
Tabela 6 - Nível de risco dos softwares dos principais sistemas embarcados
AHRS
GPS/ILS/MLS/FLS
(A) SATNAV
VOR
ADF
TCAS
(B) ADSB transponder
Flight displays
DME
(C)
VHF comunicação de voz
436
6.3 Estrutura
É importante entender que o software compreende duas partes: código executável e dados
(informação). Eles serão explicados a seguir.
Os códigos executáveis são programas que são efetivados pelos computadores da aeronave e
seguem estritamente o padrão aprovado por norma técnica.
6.3.2 Dados
Dados são as informações dos periféricos localizados por toda a aeronave. Esses periféricos são
os sensores, transdutores, interruptores, relés, etc. Essa informação precisa ser levada para o
comutador onde é processada pelos programas instalados. Primeiramente, os sinais analógicos
são convertidos em digital para que assim seja transmitido e devidamente processado pelos
programas instalados. A Figura 67 ilustra um sistema integrado de computadores em aeronave
que possui cinco displays (monitores), nos quais são visualizados os sistemas embarcados.
A maioria dos dados digitais é transmitida na forma serial, isto é, somente um dígito binário
por vez. Isso significa que cada dígito binário é transmitido somente por um curto período
de tempo. Na maior parte dos sistemas, a transmissão de dados requer menos de 1 ms.
Digito binário: comunicação
Depois que um bit da informação é enviado, o próximo segue. Tal processo continua até entre máquinas que se dá
que toda informação desejada tenha sido transmitida. Esse tipo de sistema é frequentemente apenas por meio de dois
níveis de tensão (0 ou 1).
chamado de barramento compartilhado, visto que cada sinal transmitido compartilha o fio
(por onde os dados são enviados) por um curto intervalo de tempo.
437
A transmissão desses dados ocorre por um protocolo padronizado que o programa do
computador esteja compatibilizado.
A informação é levada aos computadores através de protocolo padronizado e são estes protocolos
que sofrem atualizações.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que aeronaves modernas têm seus sistemas microprocessados dependendo
de um software para gerenciar e integrar o hardware. Para um software ser certificado, é
importante que ele siga uma norma específica e tenha um software de gestão. Este é reconhecido
como parte efetiva da aeronave.
Foi destacado que os softwares de aeronaves são divididos em cinco níveis de acordo com as
consequências prováveis de seu fracasso, o mais crítico é o nível (A) e o de nível (E) não tem
impacto na segurança de voo. Durante o tempo de vida de uma aeronave, eles passam por
diversificadas atualizações.
438
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição
de motores
439
440
Capítulo 1
Sistemas de partida de motores convencionais
Na aviação, os motores utilizados necessitam de forças auxiliares para iniciarem seu funcio-
namento. O motor de arranque consiste em um dispositivo fundamental no funcionamento
inicial de um motor. A finalidade do arranque – dispositivo conhecido como motor de arran-
que, motor de partida ou starter – é impulsionar o motor da aeronave até que se complete a
combustão. Terminado o ciclo de partida, o motor entra em funcionamento e o sistema de
Starter: motor de partida.
partida é desabilitado, ou seja, o arranque é desacoplado e desligado. Dispositivos mecânicos,
como embreagens e engrenagens, auxiliam a transferência de força dos arranques ao motor no Gerador: dispositivo
momento da partida. mecânico que transforma
energia mecânica em elétrica
Contudo, se o arranque instalado for do tipo arranque-gerador, ele é desligado eletricamente de mediante a rotação de uma
bobina no interior de um
sua função de partida, mas continua acoplado mecanicamente para assumir a função de gerador campo magnético.
de energia na aeronave. O arranque-gerador é um equipamento que desempenha duas funções:
Engrazamento: concatenar
dar partida e gerar energia. Esse equipamento não dispõe de mecanismo para conectá-lo e (os elos de uma cadeia);
desconectá-lo do motor e, diferente do componente que só dá partida, o arranque-gerador já é enganchar; ligar; engrenar.
instalado com seu eixo acoplado na caixa de acessórios da aeronave. Esse componente trabalha Arranque elétrico: motor
da seguinte forma: como um motor elétrico que transforma a energia elétrica que o alimenta em de partida acionado por
energia mecânica para ser fornecida às engrenagens da caixa de acessórios do motor da aeronave, energia elétrica; componente
que transforma energia
fazendo girar engrenagens da caixa, equipamentos acoplados e partes móveis internas ao motor. elétrica em mecânica para
dar partida no motor da
aeronave, até que este tenha
1.1 O desenvolvimento dos métodos de partidas em motores condições de funcionar
sozinho.
aeronáuticos
O desenvolvimento dos sistemas de partida dos motores aeronáuticos foi significante ao longo
do tempo. A evolução dos métodos de iniciar o funcionamento dos motores foi marcada
por inúmeros sistemas de partida criados sempre com o intuito de melhorar os métodos já
empregados. Entre os mais comuns dos métodos de acionamento de motores, alguns já não são
mais usados, pode-se listar:
• método de partida por disparo de cartucho (deixou de ser empregado);
• método de acionamento manual da hélice (deixou de ser empregado);
• método de acionamento elétrico de inércia (deixou de ser empregado);
• método de inércia combinado elétrico e manual (deixou de ser empregado);
• método de arranque elétrico de engrazamento direto.
441
A invenção do mecanismo chamado de hucks demonstrava avanço na busca por métodos
que melhorassem a forma de dar partida no motor (Figuras 1 e 2). A partida de hucks
servia como unidade auxiliar de giro para motores alternativos de aviação no seu arranque
inicial. Um automóvel adaptado fornecia potência ao avião por meio de um eixo,
acionando a hélice mecanicamente. Porém, o método de partida de hucks era limitado,
similar à partida manual, e não conseguia lidar com o aumento de compressão e potência
de saída dos motores convencionais. A Figura 1 evidencia a hélice da aeronave com
um adaptador de acoplamento do hucks e o automóvel a fim de dar partida na aeronave.
A Figura 2 exemplifica a hélice com um adaptador para acoplamento do dispositivo do hucks.
Aeronaves como uma norte-americana monomotora para treinamento primário, operada com
motor cuja potência era baixa (motor de 130 kW, ou 175 HPe, em algumas versões, 149 kW,
ou 200 HP), tinham como método de iniciar o giro do motor uma manivela acionada na área
Psi: libras por polegada externa da fuselagem. Para dar partida ao motor, era necessário, obrigatoriamente, o auxílio de
quadrada.
uma pessoa externa para girar a manivela acoplada à ponta de eixo na lateral esquerda do capô.
Backup de partida: Cópia de A manivela que acionava o motor viaja no porta-malas logo atrás do assento traseiro. Antes de
segurança de partida.
acionar o motor, o piloto realizava os preparativos internos: mistura rica, bomba manual de
Manete: alavanca de combustível até cinco psi – sustentada por cinco segundos –, três ciclos de manete de potência
comando manual de uma
– e contato, freado, manche colado.
máquina.
Até pouco depois da 2ª Guerra Mundial,
cartuchos explosivos foram usados como meio de
iniciar o giro, como arranque, de alguns motores
aeronáuticos, tendo sido utilizados em motores
convencionais e motores a reação. O método
de partida com cartucho explosivo também
foi utilizado como forma de backup de partida.
Esse método foi uma tentativa de diminuir o peso
da aeronave. Os dispositivos acionadores da partida
(arranque) embarcados eram equipamentos
pesados para serem levados pela aeronave, em que
todo peso fazia a diferença. Assim, como forma de
Figura 3 - Aeronave com acionamento do
motor por uma manivela
442
tornar a aeronave mais leve, mais econômica, aumentando seu tempo de voo, foi inventado o
artifício de fazer o motor partir com a expansão dos gases do cartucho explosivo.
A partida elétrica pela energia da bateria era realizada em aeronaves convencionais de pequeno
porte. O sistema possuía um motor elétrico que fornecia rotação para o motor da aeronave,
e também conduzia a voltagem alta dos magnetos para a centelha nos cilindros. Esse sistema
constituía-se de um motor, uma caixa de engrenagens, um relé e uma chave para dar partida, Magneto: unidade composta
além da própria bateria da aeronave. A utilização de motores elétricos na partida tornou os de um ímã permanente
que gera alta tensão para a
procedimentos de acionamento mais práticos e seguros. Esse dispositivo marcou a história dos
centelha da vela de ignição.
sistemas de partida na aviação, pois mais tarde foram largamente instalados em aeronaves de
grande porte. Relé: aparelho graças ao qual
uma energia relativamente
Os métodos de partida foram empregados e aprimorados no campo de aviação com objetivos pequena controla uma
energia maior.
de melhorar a eficiência, reduzir o peso embarcado e simplificar a operação das aeronaves.
Motor convencional:
Novas tecnologias também foram criadas para dar suporte ao giro inicial dos motores a reação. motor aeronáutico no qual
A preocupação era garantir um alto rendimento do sistema de partida e eficiência de velocidade pistões, que se movem
dentro de cilindros, acionam
de rotação. Os motores a reação eram mais potentes, requerendo um contínuo aumento da
um eixo de manivelas que,
potência de saída dos sistemas de partida para atender à necessidade desses motores. Os sistemas diretamente ou por meio
elétricos de partida existentes se tornavam cada vez mais pesados, grandes e com alta demanda de uma caixa de redução,
ativa uma hélice (aviões) ou
de corrente para terem eficiência. um rotor (aeronave de asas
rotativas).
O sistema pneumático de partida para grandes motores a reação, por meio de ar sangrado dos
motores (em inglês, bleed), representou mais um passo na evolução dos sistemas de partida.
Hoje, na aviação geral, os métodos de partida mais usuais encontrados são: pneumático e
elétrico CC com escovas.
443
1.3 Partida de acionamento manual da hélice
As aeronaves construídas hoje possuem mecanismos que acionam o motor sem a necessidade
de girar a hélice manualmente. Contudo, ainda são encontradas aeronaves antigas com motores
convencionais de baixa potência, as quais não possuem o dispositivo de partida. Essas aeronaves
são acionadas manualmente, girando-se a hélice com o intuito de iniciar o funcionamento
do motor.
O método de acionamento do motor por meio do giro manual da hélice, no entanto, oferece
perigo para o operador. Além disso, mesmo com os motores leves de baixa potência, na ordem
de 200 HP, a partida manual pelo giro da hélice requer esforço físico, devido à compressão, a
qual deixa a hélice pesada para o giro.
A partida em motores de aeronaves que não possuíam sistema para tal finalidade era feita
seguindo alguns procedimentos. Primeiramente, o operador responsável pelo giro da hélice fala
em voz alta para o que está na cabine: – combustível ligado, chave de ignição desligada, manete
de combustível fechado, freios aplicados. O operador do motor, posicionado na cabine, deve
checar esses itens e, em seguida, repetir a frase também em voz alta.
Por segurança, a chave que aciona a ignição e o manete de combustível não deverá ser tocada
antes de o responsável por girar a hélice falar: – contato. A partir de então, o operador da
cabine repete essa palavra e, após isso, liga a chave que ativa a ignição. A ignição nunca pode ser
ligada antes de o operador do motor repetir a palavra contato em resposta ao girador da hélice.
O operador responsável pelo giro da hélice tem de ficar perto com a distância necessária apenas
para girá-la, e se afastar dela logo que o motor iniciar seu funcionamento.
Sempre que tocar a hélice deve-se supor que a ignição esteja ligada, pois o risco de acidente
causado por uma partida indesejada é constante. Se a chave de acionamento da ignição estiver
em pane, poderá permitir um fluxo de corrente no circuito primário do magneto, dando,
assim, condições para o motor entrar em funcionamento com um giro indesejado da hélice.
As aeronaves convencionais modernas utilizam dispositivos de partida elétrica, permitindo
aplicação de procedimentos mais seguros e eficientes durante o acionamento dos motores.
444
1.4 Tipos de arranque de inércia
Os arranques de inércia estão divididos em três tipos:
• arranque manual de inércia;
• arranque elétrico de inércia;
• arranques de inércia combinados manual e elétrico.
Solenoide: condutor
enrolado em forma de
espiras, utilizado para
produzir força mecânica.
A Figura 7 mostra o circuito elétrico do motor que tem a função de carregar o volante de
energia cinética. As partes internas do dispositivo combinado acionador da partida (arranque)
se movem quando o motor elétrico é colocado em funcionamento. Depois de o arranque
ser absolutamente energizado, ele precisa ser engatado ao motor da aeronave por um cabo
comandado manualmente, ou por um solenoide de acoplamento energizado eletricamente.
445
Quando o acionador da partida (arranque) é conectado ao motor da aeronave, as engrenagens
de redução e a embreagem de liberação de sobrecarga de torque recebem a energia acumulada
Torque: força que produz ou
tenta produzir rotação.
no volante e iniciam a rotação do motor. A Figura 8 mostra a embreagem de alívio da sobrecarga
utilizada para transferir a energia do volante para o motor.
Cockpit: cabine de comando
na qual o piloto e o copiloto
operam a aeronave.
O equipamento conhecido
como arranque de inércia com
combinação manual e elétrica
é um componente de partida o
qual recebe energia elétrica para
funcionamento do motor elétrico
e, para haver o engrazamento
com o motor da aeronave, há um
conjunto composto de punho e
cabo. O punho fica no cockpit
para ser acionado no momento
da partida. É possível visualizar
na Figura 9 um motor de partida
de inércia combinado manual
Figura 9 - Motor de partida de inércia combinado
e elétrico.
446
O motor de partida elétrico recebe
alimentação do sistema elétrico da aeronave
e a transforma em energia mecânica para
girar o motor da aeronave. Nesse método de
partida, o motor é conectado diretamente
ao sistema elétrico da aeronave, e a corrente
de pico (Ip) pode variar de seis a dez vezes a
corrente nominal do motor. Essa é a forma
mais simples de dar partida em um motor.
Comumente, a vantagem principal
é o custo, pois não é necessário Figura 10 - Motor de arranque de motores de aeronaves
nenhum outro dispositivo de suporte usando um pinhão
que auxilie na suavização das amplitudes de corrente durante a partida.
Nesse contexto, o componente que produz e transmite movimento elétrico de
engrazamento direto para acionar o motor da aeronave é o mais empregado em motores
alternativos (Figuras 10, 11 e 12).
447
redução e um mecanismo de acoplamento e desacoplamento, os quais são acionados por meio
de uma embreagem ajustável de alívio de sobrecarga de torque.
448
seguirá por dois caminhos: um até o ponto (D) e outro até o ponto (E). Quando a chave de
partida é ligada, alimenta o solenoide, deixando a corrente fluir de (D) para (F) alimentando o
motor de arranque. O ponto (G) irá alimentar o sistema auxiliar de partida. A Figura 14 mostra
um circuito típico de arranque direto usado em motores convencionais.
449
1.6.1 Sistema de partida elétrico de engrazamento direto usado em grandes
motores convencionais
Pinhão: pequena
engrenagem que engrena
com outra e dirige uma
engrenagem maior.
450
Um interruptor que fecha o circuito elétrico de partida fica instalado na cabine do piloto.
Quando esse interruptor é comandado para a posição de funcionamento do motor (partida),
é iniciado o processo – que será encerrado quando o motor que se deseja colocar em
funcionamento na aeronave completar a combustão inicial. Tal queima o levará a uma rotação
a qual não dependerá mais do arranque. A alta corrente chega até o arranque porque o solenoide
de partida teve seus contatos fechados quando a chave de partida foi comandada para iniciar a
etapa de partida.
Alimentado com corrente suficiente, o motor de partida, por meio da castanha de acoplamento,
passa a desenvolver a força mecânica para ser aplicada ao motor da aeronave. Porém, antes de
chegar até o motor, a torção exercida pelo arranque passa pela embreagem e por engrenagens que
servem como mecanismo de auxílio ao acoplamento e como transmissores da força mecânica,
convertendo ainda a alta rotação e torque baixo em baixa rotação e torque alto. Dessa forma, a
embreagem acopla o pinhão de acoplamento localizado na árvore de transmissão intermediária.
Quando acoplada à engrenagem interna, o pinhão da árvore intermediária se torna um só
mecanismo da engrenagem sol e das chamadas planetárias, que são engrenagens em número
de três. No caso dessas últimas – engrenagens planetárias –, são mantidas em eixos individuais
que, por sua vez, são sustentados no braço de apoio do planetário. E, assim, o braço de apoio Engrenagens planetárias:
passa a transmitir o torque das engrenagens planetárias para a castanha fixada no motor de tipo de grande relação de
engrenagens de redução;
partida da seguinte forma: uma série de pequenas
• o braço de apoio tem uma porção cilíndrica de forma estriada longitudinalmente em engrenagens planetárias é
montada sobre uma aranha
volta da superfície interna;
ligada ao veio de saída, elas
• a superfície exterior da parte cilíndrica da castanha do arranque possui ranhuras cortadas; giram entre uma engrenagem
• a castanha se movimenta em deslizamento para frente e para trás, dentro do braço de solar fixa e uma engrenagem
de anel conduzido.
apoio, para fazer o acoplamento e desacoplamento no motor.
Os seis discos de embreagem se alternam com os de bronze e se unem aos dentes internos
circundantes das engrenagens planetárias, como pode ser visto na Figura 17. Assim: as molas
de retenção presas na embreagem pressionam o pacote de embreagem. Após isso, uma porca
de passeio em forma cilíndrica contrai e expande a castanha do arranque. Estrias em formato
de espirais da castanha de acoplamento ao redor da parede interna da porca, então, casam com
estrias similares, cotadas sobre a continuação do eixo da engrenagem sol. O giro desse eixo
empurra a porca para a área externa, fazendo apoio na castanha.
Localizada em volta da porca de passeio, a mola se apoia nessa porca e tende a conservar a
superfície da embreagem de forma helicoidal em torno da parede interna da cabeça da castanha,
posicionada contra uma superfície semelhante ao redor da parte abaixo da cabeça da porca.
Instala-se, portanto, uma mola de retorno sobre a extensão do eixo da engrenagem sol, entre o
anteparo produzido pelas estrias em volta da parede de dentro da porca de passeio e de retenção
do batente sobre a ponta do eixo.
Diante disso, o acoplamento entre a porca castanha do arranque é feito por meio da pressão
fornecida pela mola da castanha. Após o acoplamento, a castanha e a porca de passeio giram na
mesma velocidade. Será possível observar que a rotação da extensão do eixo da engrenagem sol
é seis vezes mais veloz do que a castanha do arranque.
Quanto ao prolongamento do eixo da engrenagem sol, move-se para o lado direito, em relação
à castanha, já as estrias em forma de espirais, estando sobre a castanha, são cortadas à esquerda,
451
permitindo que a castanha e a porca sejam empurradas para fora do arranque no seu passeio
total, que é cerca de 5/16 polegadas, por volta de 12 graus da rotação da castanha. Por fim,
esta se movimenta para fora até completar o acoplamento com o motor, ou encontrar-se com
a porca de retenção do seu limite.
A pressão da mola exercida na embreagem cônica de formato helicoidal é aliviada. Isso ocorre
quando o passeio da porca se desloca lentamente até ultrapassar o limite do percurso destinado
à castanha. O giro do arranque ocasiona uma pressão capaz de acionar a embreagem cônica.
Quando a embreagem é pressionada, as estrias espirais recebem o torque, que pesa mais do que
a pressão da mola da castanha. A combustão do motor o faz aumentar de velocidade, superando
a rotação do acionador da partida (arranque), as rampas inclinadas dos dentes da castanha a
pressionam para dentro, contra a pressão das molas.
As embreagens cônicas são desacopladas totalmente e a porca de passeio se desloca nas estrias
espirais, devido à pressão exercida pela mola da castanha, até que ocorra um outro contato
da embreagem cônica. No instante em que o motor e o arranque estão girando, a força de
acoplamento garante o contato entre o arranque e a castanha até que o acionador da partida
(arranque) seja desligado eletricamente.
O acoplamento é mantido porque a alta velocidade da castanha do motor encontra a lenta castanha
do arranque. Essa última será, então, retraída com a ação da mola de retorno. E, à medida que
o acionador da partida (arranque) diminui sua velocidade, a força de acoplamento também se
reduz, o que faz com que a mola de retorno jogue a castanha para sua posição de retraimento.
Uma vez retraída, a castanha só irá para posição de acoplamento se uma outra partida for
acionada. Porém, na possibilidade de o motor falhar na partida, a castanha do arranque não
sofrerá a ação da retração, pois tal retração só ocorrerá quando o dispositivo do motor de
partida produzir a força que retrai a castanha.
A Figura 18.A evidencia a castanha de acoplamento do acionador da partida (arranque) elétrico
de engrazamento direto, enquanto a Figura 18.B mostra a visão frontal dessa castanha.
Figura 18.A - Arranque elétrico de engrazamento direto - detalhe da Figura 18.B - Arranque elétrico de engrazamento direto -
castanha de acoplamento vista frontal da castanha de acoplamento
Figura 18.C - Motor convencional Figura 18.D - Arranque elétrico de engrazamento direto
fixado no motor convencional
452
No acoplamento entre o arranque e o motor, o induzido do arranque necessita ter um tempo
para atingir uma rotação aceitável. Isso ocorre porque, caso um acoplamento rápido aconteça
com a castanha do dispositivo acionador da partida (arranque) em movimento, um torque
elevado no início da partida pode danificar o arranque ou o motor.
No acionamento normal, os discos internos da embreagem ficam parados devido à fricção dos
discos de bronze. No momento em que o torque do arranque excede o do engate, o conjunto da
embreagem e os discos internos da embreagem tendem a girar contra a fricção da embreagem.
Assim, as engrenagens planetárias se movem, mas o braço de sustentação da planetária e a
castanha permanecem imóveis.
Quando a velocidade de rotação do motor do avião aumenta, o dispositivo acionador da
partida (arranque) fica tentando acioná-lo, o que diminui o torque para um valor menor que
o assentado para a embreagem (Figura 19). Para acionar a partida de um motor convencional
usado em aeronaves grandes, é essencial posicionar o interruptor de partida para a posição
partida. O interruptor de partida fecha o circuito de alimentação para o arranque e fecha
também uma chave de segurança do sistema. O circuito que energiza o motor é completado
logo depois que o relé do arranque é energizado. A corrente que energiza o arranque é conduzida
por cabos apropriados para suportar a alta corrente consumida pelo motor de partida.
453
movimento mecânico –, fixado em um adaptador que acopla o arranque ao motor da aeronave
e transfere a força mecânica para girar o eixo de manivela.
O componente elétrico de engrazamento direto que dá partida em motores aeronáuticos é
mostrado nas Figuras 20.A e 20.B. O interruptor de partida, localizado na cabine do piloto,
quando colocado para posição ligado, aciona o solenoide de partida, cujos contatos são fechados
nesse momento, completando o circuito de alimentação do arranque, fazendo-o entrar em
funcionamento. Em rotação inicial, o dispositivo acionador da partida (arranque) é acoplado
ao adaptador, fixado a ele por meio de uma embreagem que contém engrenagens espirais de
redução, em forma de sem fim.
Um interruptor de partida fica localizado na cabine do piloto, sendo a partida do motor
comandada por essa chave. O solenoide de partida do sistema é fechado quando o interruptor
de partida é comandado para a posição partida, permitindo tal fechamento a passagem de uma
alta corrente para energizar o arranque. Alimentado pela alta corrente, o motor de partida
inicia seu giro, ativando o adaptador. Esse adaptador é um conjunto composto de embreagem
e engrenagens espirais de redução, cuja função é fazer o acoplamento do motor elétrico com
o motor da aeronave, permitindo que a rotação do arranque seja passada para o motor iniciar
seu giro na partida.
454
Apesar de haver essa forma de ativação, dependendo do arranque, o método de acoplamento
ao motor do avião, para transferência de força mecânica, é realizado manualmente da cabine
do piloto, por meio de um conjunto composto de um cabo e um punho, como mostram
as Figuras 21.A, B e C.
No arranque que possui acoplamento manual, a embreagem é acionada por um pinhão de
acionamento. Esse pinhão, por intermédio da embreagem, transmite a força do motor
elétrico de partida para as engrenagens que acionam a manivela do motor em acionamento.
A Figura 21.A mostra o arranque elétrico de acionamento manual com a sua alavanca e cabo
de acionamento que vem da cabine.
O cabo de acionamento da alavanca é flexível e vai até um botão ou punho na cabine, de onde
recebe o comando para fazer o acoplamento do dispositivo acionador da partida (arranque) ao
motor da aeronave. Quando o botão ou punho é acionado no painel de instrumento, o pinhão
passa a ser comandado pela alavanca com o objetivo de fazer o acoplamento do arranque ao
motor. Nesse momento, os contatos do interruptor de partida são fechados, completando o
circuito de alimentação do arranque para fazê-lo funcionar (Figura 21.C).
Após a partida, o arranque elétrico, acoplado por uma alavanca de acionamento manual, é
desacoplado do motor. A alavanca de acionamento está presa a uma mola que a faz retornar
e abrir o circuito de alimentação do arranque, fazendo-o parar. Dessa forma, o arranque é
desacoplado e desligado. Durante a partida, o pinhão de acionamento é protegido pela ação da
embreagem, até que a alavanca fique livre para desacoplar o pinhão.
455
1.7 Manutenção e prováveis defeitos no sistema
A manutenção do sistema de acendimento do motor de uma aeronave é feita seguindo fielmente
os procedimentos descritos nos manuais técnicos da aeronave e dos componentes do sistema.
Entre as tarefas de manutenção para o sistema de partida, as ações mais comuns incluem troca
de molas e escovas, remoção de sujeira nos comutadores, torneamento das partes queimadas e
arredondamento dos comutadores do induzido.
De acordo com os manuais de manutenção, as escovas do arranque têm de ser inspecionadas
periodicamente para verificar se estão gastas ou danificadas. Caso o estado físico delas não
esteja de acordo com os padrões descritos pelo fabricante, são trocadas por outras que atendam
às condições de uso. É preciso medir o comprimento da escova e substituir por uma boa se o
comprimento for inferior ao limite descrito no manual.
É necessário inspecionar a atuação da mola que pressiona a escova, se a ação da mola não estiver
dentro do normal, ela tem de ser substituída. Assim, a pressão da mola deve ser suficiente para
que as escovas tenham o melhor contato possível com o comutador.
Se for verificado que a superfície do comutador se encontra áspera ou suja, é preciso
ser realizada a limpeza com uma tira de lixa 00, ou com pedra de assentamento da escova
contra o comutador, nesse caso, o comutador deve ser girado enquanto a limpeza é feita.
O lixamento é executado movimentando a lixa ou a pedra para frente e para trás, evitando
desgaste da ranhura do comutador. Essa forma de manutenção não pode ser realizada com lixa
de esmeril ou carborundum, pois a utilização desses materiais na limpeza do comutador causa
curto-circuito na peça.
O programa de manutenção da aeronave e do arranque tem de ser seguido fielmente.
Nos manuais, os fabricantes descrevem os procedimentos a serem observadores pelo técnico na
realização de manutenção da aeronave e de componentes da aviação.
É importante que, na manutenção aeronáutica, sejam utilizadas ferramentas apropriadas,
pois isso contribui tanto para uma melhor qualidade do serviço quanto para a segurança da
operacionalidade da aeronave.
Os sistemas de partidas que fazem parte de motores aeronáuticos alternativos estão
propícios a defeitos. As falhas que surgem nesses sistemas exigem do técnico ações que se
resumem a pesquisas de pane e ações corretivas a fim de que o sistema volte a realizar sua
função satisfatoriamente.
456
A Tabela 1 apresenta alguns defeitos mais comuns do sistema de partida elétrica em
motores convencionais.
Tabela 1 - Pesquisa de panes
Arranque não gira. Falta de alimentação no motor Verificar se a fonte de energia está
elétrico. fornecendo a tensão correta.
Arranque gira, mas não A alavanca de acionamento A alavanca deve ser ajustada seguindo
acopla no motor. manual do arranque aciona o as instruções do manual
interruptor sem engrazar o pinhão de manutenção.
com a engrenagem.
Remover o arranque e reparar a
Defeito na embreagem ou na parte com defeito.
engrenagem de acionamento.
Arranque não alcança Fonte de alimentação não fornece Substituir ou reparar a fonte.
velocidade necessária para corrente suficiente.
o motor da aeronave. Reparar o circuito elétrico.
Circuito elétrico com defeito.
Substituir ou reparar arranque.
Arranque com defeito.
Fonte:Elaboração do autor.
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados os diversos métodos empregados para iniciar o funcionamento
de um motor convencional de aviação. Foi visto que, ao longo do tempo, as formas de iniciar
a operação dos motores evoluíram até que chegou aos modernos e práticos sistemas de partida
da aviação atual.
Ademais, discutiu-se a importância dos sistemas de partida na operação da aeronave, além
de mostrar a manutenção requerida para o método de acionamento elétrico dos motores
alternativos. Quanto aos motores aeronáuticos convencionais, viu-se que necessitam de um
dispositivo que inicie o seu giro no momento da partida e, no caso das aeronaves antigas, o
primeiro método de partida utilizado era o giro manual da hélice da aeronave. Os dispositivos
hoje usados, por fim, usam técnicas bem mais modernas e com emprego da energia elétrica
ou pneumática.
457
458
Capítulo 2
Sistemas de partida de motores a reação
459
Desse modo, o ar é admitido pelo compressor.
Os arranques mais empregados em motores a reação são os de motor elétrico (Figura 22) –
geralmente usados em motores de pequeno porte. Os componentes que impulsionam os motores
(arranque) por força pneumática (Figura 23) são utilizados em motores maiores. Além desses,
ainda existem os arranques geradores, dispositivos auxiliares usados para partida e, posteriormente,
como geradores de energia.
460
do motor. É importante a realização da sequência exata dos procedimentos de partida do motor.
O fluxo de ar interno ao motor precisa atender em quantidade ideal a combustão. Se a mistura
do ar e combustível estiver com baixa velocidade no fluxo, a combustão não será concluída
na câmara. Por esse motivo, o arranque precisa continuar girando até o momento em que a
velocidade de autoaceleração seja alcançada pelo motor.
O componente que impulsiona o motor (arranque) deve continuar auxiliando-o até que alcance
velocidade acima da autoaceleração, evitando, assim, um retardo no ciclo de partida, o qual
acarreta uma partida quente ou falsa, ou a combinação de ambas. Logo depois, a ignição e o
componente que impulsiona o motor (arranque) serão desligados, pois a aeronave não necessita
mais desses sistemas. Se a aeronave estiver equipada com um sistema automático de partida,
o desligamento será automático, enquanto nos casos de motores de aviação que possuem dois
estágios axiais do compressor, o arranque irá girar o compressor de alta pressão.
GRÁFICO 1 - Sequência de partida de um motor típico a reação
461
possível ter o acionamento apenas da partida, sem centelha, causando só o giro do compressor
e também o acionamento da ignição sem o ar provido do compressor e sem combustível.
A falta de um dos três elementos da combustão não tolera que o motor entre em funcionamento.
A Figura 24 mostra um circuito com o sistema de partida e o sistema de ignição.
A operação do componente que gira o motor (arranque) elétrico é semelhante a qualquer outro
motor elétrico. Ele aproveita a reação entre eletroímãs para causar movimento entre os seus
componentes, transformando energia elétrica em energia mecânica e, em seguida, aplica esta
última energia nas engrenagens da caixa de acessórios. Como a caixa de acessórios está ligada
ao eixo do compressor, logo que as engrenagens giram, o compressor também se movimenta
no motor da aeronave. A maioria desses motores elétricos trabalha com corrente contínua CC
462
e são acoplados ao motor mediante um conjunto redutor de velocidade e embreagem, que,
automaticamente, o desacopla da caixa de acessórios, após a autossustentação do motor e fim
da partida (Figuras 25, 26 e 27).
463
Alguns motores elétricos de componentes que impulsionam o motor (arranque) são abastecidos
com óleo de motor para lubrificação do conjunto redutor de velocidade e embreagem.
O óleo não entra na parte elétrica do motor, ficando retido apenas na parte das engrenagens.
O arranque-gerador (Figura 28)
tem dupla função. Ele atua
como um motor elétrico de
impulsão durante a partida
e passa a funcionar como
um gerador de energia da
aeronave depois que o motor
entra em funcionamento.
Motores aeronáuticos do tipo
a reação e de pequeno porte
são geralmente equipados
Figura 28 - Arranque-gerador com arranques elétricos para
iniciarem seu funcionamento.
Enquanto em turbinas de potência mais elevada, o sistema impulsionador do motor (arranque)
que melhor atende às necessidades é o que utiliza como equipamento principal o arranque-gerador.
Os circuitos de ligação elétrica do sistema de partida com componentes que impulsionam o
motor (arranque) elétricos de engrazamento direto se assemelham aos circuitos de sistemas
de partida que empregam arranque-gerador. Porém, as funcionalidades desses dois sistemas
diferem pelo fato de o dispositivo acionador do motor (arranque) elétrico ser unido ao motor
da aeronave apenas durante a partida. Após o funcionamento do motor, o arranque é desligado
e desacoplado.
No entanto, o equipamento de partida que também gera energia não é desacoplado do eixo do
motor, pois necessita continuar em rotação para gerar energia.
Os dispositivos acionadores do motor (arranques) empregados em motores a reação possuem
mecanismos que os acoplam e desacoplam do eixo da turbina no início e no término da partida.
No sistema elétrico de acionamento direto, um motor elétrico é instalado na turbina para fazer
a função de converter energia elétrica em energia mecânica e girar a árvore principal da turbina.
O motor elétrico fica preso por porcas ou braçadeiras na parte externa da turbina, sendo dotado
de uma árvore e engrenagens que o ligam à árvore principal da turbina.
Em alguns motores de aviação do tipo a reação, que necessitam de torque baixo e velocidade
alta na partida, podem ser encontrados arranques de acionamento direto sem embreagem
de alívio de sobrecarga ou qualquer mecanismo de engrenagem de redução da velocidade.
O conjunto que realiza o acoplamento é protegido por um dispositivo de redução de voltagem
para evitar possíveis danos no sistema. Montado em compartimento projetado à prova de
eventual explosão, esse dispositivo possui uma resistência de valor 0,042 ohms e cinco relés,
Massa: palavra usada para
como mostra a Figura 29. O acionamento do interruptor da bateria energiza o relé de retardo.
circuitos. Tem o mesmo O massa do circuito que vai para a mola desse relé é preenchido por meio do motor de partida.
sentido que aterramento
e, nesse caso, é do gênero O acionamento do interruptor que comanda o início da partida completa o circuito para a
masculino - o massa. mola de aceleração. Quando os contatos do relé se fecham, finalizam o circuito do barramento
464
pelo fechamento dos contatos, do resistor de 0,042 Ohms, da bobina do relé instalado em
série, e, por fim, por meio do componente que impulsiona o motor (arranque) para o massa.
Até que o resistor de 0,042 Ohms provoque uma queda na voltagem, o arranque fica recebendo
voltagem baixa, impedindo danos causados por torques elevados. O relé de retardo retorna para
a posição fechado se não existir diferença de potencial entre os contatos fechados do relé de
aceleração com os terminais da bobina do relé de retardo.
A bobina do relé do motor é energizada quando o relé de retardo é fechado. A partir de então,
completa-se um circuito entre esse relé e a bobina do relé instalado em série com o componente
que gira o motor (arranque), evitando o resistor. O fechamento do relé em série com o arranque
permite que chegue até ele a alta corrente necessária para o fazer mover o motor da aeronave.
A partir disso, o interruptor que comanda a inicialização do motor retorna para a posição
desligado (off), pois o circuito do componente que impulsiona o motor (arranque) foi
completado pelo relé de parada, e o relé posicionado em série contata a mola pertencente ao
relé do motor.
Enquanto o arranque aumenta seu giro, uma força contrária (força eletromotriz) desponta o
bastante para admitir a abertura do relé em série, de forma que interrompe o circuito para o
Resistor: componente da
relé do equipamento de partida. eletricidade responsável pelo
controle do fluxo de corrente.
A rotação do motor de arranque controla automaticamente o tempo de acionamento.
Força eletromotriz:
A Figura 29 apresenta um circuito de controle de voltagem reduzida para sistema de partida de propriedade de um
engrazamento direto utilizado em motor de turbina a gás. dispositivo vir a ocasionar a
produção de corrente elétrica
em um circuito.
465
2.2.1 Sistemas de arranque-gerador
O arranque-gerador (Figura 30) é o componente principal do sistema que realiza duas funções
em uma mesma unidade. Esse sistema auxilia o acionamento do motor e provê energia para
atender às necessidades dos diversos sistemas embarcados.
O dispositivo que gira o motor (arranque) e que também gera energia é instalado na caixa
de acessórios do motor. No desempenho de sua função dupla, a unidade arranque-gerador
funciona (no primeiro momento) como um motor elétrico para fazer girar o compressor
da turbina durante a partida. O arranque fica com função de motor elétrico até a turbina
atingir rotação autossustentável, aproximadamente, de 41% a 46% Ng. Alcançada a rotação
autossustentável, o arranque-gerador (no segundo momento) serve como gerador e fornece
Ng: unidade que representa
a velocidade de rotação do energia elétrica à aeronave.
conjunto compressor/turbina
do compressor. Essa rotação
é medida em porcentagem.
Figura 30 - Arranque-gerador
Instalado na área externa do motor, o arranque-gerador é fixado por braçadeira ou porca junto
à caixa de engrenagens da turbina. Uma tubulação de ar para refrigeração é fixada no arranque-
gerador. Diferentemente do starter, o equipamento arranque-gerador recebe ventilação do ar
de impacto para refrigerá-lo. A Figura 31 mostra um arranque-gerador instalado no motor
a turbina.
466
A utilização do dispositivo acionador da partida (arranque), que também é usado como gerador,
oferece vantagens importantes como economia na manutenção, pois, por fazer a função de
partida e gerador, tem-se um componente apenas para trabalho, redução de peso e diminuição
de peças. Internamente, o arranque-gerador é composto de
enrolamentos de campo, que formam o eletromagnético;
campos em série (campo C); campo de compensação;
derivação do campo; enrolamento de interpolação
ou comunicação.
A ação positiva de arranque é garantida pelo dispositivo que controla a baixa corrente, pois isso
mantém o arranque operando até o fim da partida.
467
Dois relés fazem parte do dispositivo que monitora a baixa corrente no circuito. Um fica no
motor que fiscaliza a entrada para o equipamento de partida; enquanto o outro é o mecanismo
que controla a baixa corrente (relé), cuja função é fiscalizar o funcionamento do relé do motor.
Primeiro, é preciso desligar o interruptor mestre do motor para, no momento seguinte, dar
partida em um motor equipado com relé de instalado para baixa corrente. Isso fecha o circuito
de barramento que interliga o sistema elétrico do avião e o interruptor de acionamento do
motor, o dispositivo que abre e fecha o fluxo de combustível (válvula) e o relé. As bombas de
combustível são ligadas e, completando-se o circuito da válvula de combustível, é fornecida a
pressão necessária para colocar o motor em funcionamento (Figura 34).
Assim, como no sistema de arranque elétrico, o sistema responsável por inflamar a mistura
ar/combustível (sistema de ignição) também atua paralelo ao sistema que coloca o motor em
funcionamento e, em seguida, gera energia elétrica para suprir as necessidades da aeronave
(arranque-gerador), e é desabilitado depois de completado o ciclo da partida.
468
2.2.2 Pesquisa de panes nos sistemas elétricos de acionamento direto
Arranque gira, mas não Defeito no mecanismo de Remover o arranque e reparar a parte
acopla no motor. acoplamento. com defeito.
Arranque não alcança Fonte de alimentação não fornece Substituir ou reparar a fonte.
velocidade necessária para corrente suficiente.
o motor da aeronave. Reparar o circuito elétrico.
Circuito elétrico com defeito.
Substituir ou reparar arranque.
Arranque com defeito.
469
exigindo, assim, maior tempo de funcionamento desse componente e, consequentemente, mais
desgastes dos seus itens internos.
Tabela 3 - Problema, causa e ação corretiva nos sistemas
de arranque-gerador
Arranque não alcança Fonte de alimentação não fornece Substituir ou reparar a fonte.
velocidade necessária para corrente suficiente.
o motor da aeronave. Reparar o circuito elétrico.
Circuito elétrico com defeito.
Substituir ou reparar arranque.
Arranque com defeito.
Arranque pneumático: O dispositivo acionador da partida (arranque) pneumático está entre os mais usados em
componente instalado no
aeronaves. A sua larga empregabilidade na aviação é justificada pelas suas vantagens em relação
motor da aeronave para dar
a partida. Esse equipamento aos demais: é mais leve que o arranque elétrico, pesa um quarto da metade do peso de um motor
transforma energia elétrico de dispositivo acionador da partida (arranque), sendo capaz de dar partida no mesmo
pneumática em mecânica,
capaz de girar o motor, até
motor que o elétrico aciona, possui alto torque na partida, pois é capaz de produzir duas vezes
que este tenha condições de o torque que um componente elétrico (arranque) impulsionador do motor desenvolve, e é um
funcionar sozinho. sistema simples.
Auxiliary power unit (APU):
unidade compacta que Esse sistema pneumático aciona o motor por um arranque pneumático, o qual transmite a potência
fornece ar comprimido para mecânica, por meio de um redutor e embreagem, para o estágio do compressor da turbina.
a partida dos motores, ar A turbina daquele arranque recebe pressão de ar provida de fontes externas, como de um compressor
condicionado e força elétrica
para operação no solo e em operado no solo, de uma unidade de força auxiliar, em inglês, auxiliary power unit (APU) ou de um
voo da aeronave. dos motores da aeronave, se algum desses já estiver em funcionamento.
470
Em alguns motores a reação, o sistema pneumático de partida recebe ar provido diretamente
das pás da turbina do motor. Nesse método, o fornecimento de ar para operação é feito por
fonte externa ou por fonte auxiliar da aeronave, lançado por bocais sobre as pás da turbina.
471
A Figura 37 equivale a uma vista em corte de um arranque pneumático.
472
No momento em que o rotor inicia seu giro, o grupo de embreagens é automaticamente
acoplado, e logo será desacoplado quando o conjunto de acionamento supera a velocidade do
lado do rotor.
No alcance dessa velocidade, a embreagem com escova possibilita que o bloco de engrenagem
circule livremente até parar. Assim, o conjunto do eixo de saída e o acoplador de acionamento
continuam girando, enquanto o motor estiver em movimento.
Enquanto o ar está sendo fornecido por uma fonte disponível, ele é encaminhado por meio de
uma combinação de pressão regulada e da ação do componente responsável por interromper
a passagem do ar (válvula de corte) no condutor de entrada do componente que impulsiona o
motor (arranque). O ar de operação do dispositivo que converte energia pneumática em energia
mecânica (arranque) é controlado pela válvula que regula a pressão do ar. Dessa forma, a válvula
controla o funcionamento e a parada do componente impulsionador do motor, quando a
rotação programada é alcançada.
A Figuras 39.A e 39.B mostra detalhes internos do dispositivo regulador de pressão (válvula).
473
Observe os detalhes:
Resumindo
Neste capítulo, foram abordados métodos de partida utilizados em aeronaves de turbina a gás.
Foram apresentados o funcionamento dos sistemas e seus componentes, os diferentes tipos
empregados e pesquisa de panes.
Assim como nos motores de aviação convencionais, os motores a reação também necessitam de
um dispositivo auxiliar para dar início aos seus primeiros movimentos.
Esse dispositivo é o arranque, que pode ser um motor elétrico, geralmente instalado em motores
de pequeno porte; arranques pneumáticos, utilizados em motores maiores, que operam com ar
comprimido proveniente de uma fonte externa de pressão de ar ou da APU ou ar sangrado de
outro motor que já esteja em funcionamento; ou até outro tipo de arranques, como o arranque
hidráulico usado em algumas aeronaves.
474
Capítulo 3
Sistema de ignição do motor convencional
O sistema de ignição do motor convencional visa a auxiliar o sistema de partida a colocar o motor
em operação; além disso, também é responsável por garantir o constante funcionamento do
motor, pois, sem a centelha das velas, a operação não ocorre. Ele fornece centelha de alta energia
entre os eletrodos das velas para iniciar a combustão da mistura de ar-combustível nos cilindros.
Os dois sistemas funcionam simultaneamente durante a partida, mas são independentes um
do outro.
Nos motores alternativos, a ignição acontece de maneira sincronizada. A centelha é gerada quando
o pistão está em cima e a mistura ar-combustível comprimida. Isso permite o encontro da mistura
com a centelha, causando combustão.
A aviação utiliza o sistema de ignição duplicado, em que são instalados dois magnetos
(composto de conjunto magneto, bobina, platinado e distribuidor) e duas velas para cada
cilindro. Cada vela do cilindro está ligada a magneto diferente, isso garante que, em caso de
falha em um dos magnetos ou em uma das velas, o cilindro sempre terá centelha para queima.
Esse duplo sistema trabalha em união a fim de dar segurança durante a operação da aeronave.
475
A Figura 40 exemplifica um motor convencional de seis cilindros com seu mecanismo de ignição
constituído de dois magnetos, doze velas e doze cabos de ignição.
Cada explosão necessita de uma centelha produzida pela vela, sendo esta acionada a cada ciclo.
Em motores convencionais de aviação, a queima da mistura de ar-combustível causa o
deslocamento do pistão para baixo, e esse movimento é aproveitado como energia mecânica.
Aeronaves de partida manual que não possuem motor de partida são equipadas com chave do tipo
liga/desliga para energizar o magnético. Naquelas que possuem arranque, a chave de energização
do magneto é única e permite selecionar o magnético de apenas um motor ou de ambos.
A chave de ignição é montada em um conjunto composto das chaves individuais dos magnetos
e da chave do motor de partida. Essa configuração de montagem possibilita ao piloto checar
o funcionamento de cada magneto antes de decolar. A ignição é controlada por interruptores
localizados na cabine de comando da aeronave. A Figura 41 ilustra uma chave de ignição com as
seguintes posições:
• off - desligado;
• (R) - energização do magneto direito;
• (L) - energização de magneto esquerdo;
• both - ambos energizados;
• start - partida.
476
Quando em funcionamento, é prevista uma pequena queda de rotação do motor da aeronave
com o desligamento de um dos magnetos. Se esse declínio for demasiado, significa que há uma
deficiência no sistema de ignição correspondente ao magneto que está ligado. Não havendo tal
ocorrência, a falha pode ser proveniente do desligamento do magneto ou do fato de o próprio
magneto estar desligado, pois sua atuação não está fazendo qualquer diferença na rotação
do motor.
A fonte de alta voltagem que chega às velas do motor alternativo é provida por uma bobina de
indução energizada pela bateria ou por um magneto acoplado no motor do avião. A depender do
tipo da fonte de alta voltagem, os sistemas de ignição são classificados em:
• ignição por bateria;
• ignição por magneto.
Ademais, dividem-se em:
• ignição simples;
• ignição dupla.
Os tipos de magnetos simples e duplos são usados em sistemas de ignição de alta tensão.
O simples possui em sua estrutura o distribuidor no alojamento com o conjunto de contatos,
ímã rotativo e bobina. Enquanto o duplo é constituído de dois magnetos em um alojamento.
Esse componente duplo possui, em seu mecanismo interno, um ímã permanente para gerar
corrente em duas bobinas ao mesmo tempo, ou seja, um ímã rotativo e um came são comuns
para dois jogos de platinados e bobinas. Duas unidades do distribuidor são montadas no motor,
Came: ressalto do eixo
separadas do magneto. de comando para atuar a
abertura e o fechamento dos
As Figuras 43.A e 43.B mostram, respectivamente, um magneto duplo e um magneto simples. contatos do platinado.
477
3.1.1 Sistema por bateria
O sistema de ignição por bateria não é mais instalado em novas aeronaves, mas existe a
possibilidade de ser encontrado em aviões antigos. Nele, o magnético não é utilizado como fonte
de alta voltagem, pois a energia é obtida de uma bateria ou de um gerador que energiza uma
bobina de indução.
Semelhante ao que é instalado em grande parte dos veículos, esse sistema é integrado por:
• uma bateria;
• uma chave de ignição;
• uma bobina aumentadora (constituída de um enrolamento primário e um secundário);
• um condensador ou capacitor;
Condensador: capacitor. • um platinado;
Capacitor: componente
• um dedo de arrasto;
elétrico, que consiste em • um bloco distribuidor;
dois condutores da grande-
área, chamada placas, • fiação e velas.
separados por um isolador.
O sistema de ignição por bateria é mostrado na Figura 44.
A alta tensão elétrica que causa a centelha no eletrodo da vela é gerada e fornecida por um
conjunto de componentes chamado de magneto. Este consiste em um alternador especial que
induz tensão alternada no enrolamento de uma bobina. Essa tensão chega às velas de forma
sincronizada com o motor, centelhando apenas quando o pistão estiver no curso apropriado
em um definido número de graus do eixo de manivelas, antes do ponto morto alto. Empregado
como fonte de alta voltagem nos sistemas de ignição dos aviões, o magneto é integrado por:
478
• um ímã permanente girante, rotor;
• um conjunto de bobinas primária e secundária com núcleo de ferro doce;
• um platinado;
• um bloco distribuidor;
• um dedo de arrasto;
• um came;
• um conjunto de engrenagens.
Quando o circuito primário está fechado, a corrente gerada pelo ímã permanente
na bobina primária produz linhas de força magnética que atravessam o enrolamento
secundário e induz uma força eletromotriz. A abertura do circuito primário mediante a
ação do platinado causa um colapso no campo magnético sobre o enrolamento primário,
induzindo a uma tensão no secundário. A relação de espira da bobina secundária faz com
que a tensão, induzida nela, alcance valor alto, mais de 20.000 volts, o bastante para
vencer o vão livre entre os eletrodos da vela.
b) Platinado
479
Os contatos do platinado são fabricados com material resistente ao calor e à corrosão.
A Figura 45 ilustra o platinado do magneto.
c) Distribuidor
O distribuidor está contido na estrutura interna
do magneto e funciona como uma chave
seletora rotativa, realizando a distribuição
da energia para cada uma das velas no tempo
coordenado de ignição. O enrolamento da
bobina secundária está ligado ao distribuidor.
Essa conexão ocasiona a distribuição, de forma
coordenada, para as velas, de toda a energia que
foi elevada, no enrolamento secundário.
O distribuidor é circular e possui vários contatos
internos, os quais vão sendo fechados com o giro
do motor. A cada contato fechado no distribuidor,
a vela correspondente é energizada. Conforme o
motor da aeronave vai girando, um circuito de
vela é completado para um diferente cilindro.
A Figura 47 demonstra a relação entre números Figura 47 - Relação entre números do
do terminal distribuidor e números de cilindros terminal distribuidor e números
do motor. de cilindros
480
A Figura 48 ilustra os componentes internos de um magneto simples.
Existem dois tipos de sistemas de magnetos para motores alternativos: sistema por magneto de
alta tensão e de baixa tensão. O primeiro fornece a alta tensão diretamente às velas, e o segundo
possui apenas o enrolamento primário em seu núcleo, precisando de uma bobina adicional para
gerar a alta tensão.
Este sistema é composto, basicamente, de três circuitos distintos. São eles: o magnético, o
elétrico primário e o elétrico secundário.
O magnético é constituído de:
• um ímã permanente rotativo de múltiplos polos;
• um núcleo de ferro doce;
• sapatas polares.
A Figura 49 apresenta os componentes do circuito magnético do sistema por magneto de
alta tensão.
481
O circuito elétrico primário (Figura 50) do sistema por magneto de alta tensão é formado pelos
seguintes componentes:
• um par de contatos chamados de platinado;
• um condensador;
• uma bobina de fios eletricamente isolados.
A Figura 51, por sua vez, mostra os componentes internos de um magneto de alta tensão.
O sistema de baixa tensão surgiu como solução para os problemas existentes no de ignição
por magneto de alta tensão. Aquele opera eletricamente de maneira distinta do sistema de
alta tensão, gerando baixa voltagem distribuída para uma bobina de transformador, próximo
de cada vela, excluindo, assim, determinados problemas relativos ao sistema de alta tensão.
482
O transformador tem a função de aumentar a tensão que recebe, conduzindo-a por meio
de cabos curtos até a vela. A Figura 52 apresenta um esquema do sistema por magneto de
baixa tensão.
As unidades auxiliares de ignição têm a função de fornecer centelha eficiente para queimar a
mistura ar-combustível durante a partida do motor das aeronaves.
Elas, ainda, recebem energia elétrica da fonte externa ou da bateria da aeronave, elevando a
voltagem de 24 volts da bateria ou 28 volts da fonte externa entre, aproximadamente, 20.000
e 25.000 volts, tensão ideal para queimar a mistura ar-combustível. Os sistemas de partida dos
motores convencionais incluem um dos seguintes tipos de sistemas auxiliares: bobina de alta
tensão ou com vibrador de partida.
483
platinado, cuja finalidade é evitar que este último se queime. Essa bobina é um transformador
elevador. Dessa forma, recebe a corrente de baixa voltagem, proveniente da barra de força e a
transforma em uma corrente de alta voltagem, que será enviada ao dedo de arrasto atrasado,
localizado no bloco distribuidor do magneto.
A Figura 53.A mostra os componentes internos da bobina de alta tensão e a Figura 53.B, um
esquemático dessas mesmas peças.
Figura 53.A - Componentes internos da bobina de Figura 53.B - Esquemático dos componentes
alta tensão internos da bobina de alta tensão
O vibrador de partida, tal como a bobina H.T., recebe corrente elétrica de baixa voltagem,
proveniente da barra de força, porém difere daquela bobina tanto na sua constituição interna
quanto na maneira de produzir a alta voltagem. O vibrador de partida também está acoplado à
chave do motor de arranque, sendo ativado somente quando essa chave for colocada na posição
de partida ou starter.
Externamente, ele apresenta uma entrada identificada com o sinal + (entrada de corrente) e
duas saídas, uma sinalizada com as letras (SW, de switch, em português, chave ou interruptor),
que será direcionada à chave de ignição, e outra com as letras (MAG, de magneto), que será
conduzida para a bobina primária do magneto. Os dois relés estão ligados em paralelo: o da
direita tem o circuito ligado diretamente à massa e o seu platinado é aberto por ação de mola,
enquanto o da esquerda completa o circuito por intermédio do platinado do magneto ou da
bobina primária do magneto.
O platinado desse relé é mantido fechado por ação de mola, havendo um condensador em
paralelo com ele para evitar centelhamento, pois, quando ativado, o circuito vibra durante todo
o tempo.
484
3.3 Velas de ignição
Para haver a queima da mistura ar-combustível dentro da câmara de combustão de um motor
convencional, é necessária uma centelha elétrica entre o eletrodo central e o eletrodo massa da
vela que fica instalado na cabeça do cilindro.
A vela é uma das peças do sistema de ignição cuja finalidade é receber a alta tensão produzida
pelo magneto e provocar o arco voltaico (centelhamento) no interior da câmara de combustão
(Figura 54). A diferença de potencial gera a centelha entre o pequeno espaço especificamente
deixado entre o eletrodo e a massa com esse fim. O espaço entre o eletrodo e a massa não
pode ser excessivo nem pequeno demais, possibilitando que se toquem, porque, se uma dessas
situações acontecer, não ocorrerá centelha.
Os três principais componentes de uma vela de ignição são eletrodo, isolador e casca exterior.
Essa última, roscada para se encaixar no cilindro, é feita de aço usinado e, muitas vezes, é
banhada para evitar corrosão de gases do motor e eventual apreensão de discussão (Figura 55).
485
A ligação das velas e do magneto é feita por cabos de ignição apropriados para conduzirem
a alta voltagem sem causar interferência nos sistemas da aeronave. O revestimento metálico
dos cabos desvia para o terra o campo eletromagnético formado em torno dos condutores de
alta voltagem. A Figura 56 apresenta um conjunto de magneto, cabos de ignição e velas.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que, para o motor convencional funcionar, além de mover seu eixo
central mecanicamente, é necessário proporcionar o início da queima do combustível e do ar.
Isso ocorre dentro da câmara de combustão, por meio da produção de centelhas elétricas entre
o eletrodo central e o eletrodo massa da vela que fica instalado na cabeça do cilindro.
A segurança na aviação é o requisito importante, por isso todo sistema de ignição instalado em
motor aeronáutico é duplicado. Nos motores convencionais, são encontrados dois magnetos
(compostos de conjunto magneto, bobina, platinado e distribuidor) e duas velas para cada
cilindro. Na operação do motor convencional de uma aeronave, ambos os mecanismos
de ignição funcionam simultaneamente e, caso haja falha em um deles, o outro garante o
funcionamento do motor.
486
Capítulo 4
Sistema de ignição do motor a reação
487
O mecanismo de ignição recebe alimentação do sistema elétrico da aeronave. Cada motor possui
um sistema de ignição independente constituído de uma chave de controle e luz indicadora
de operação, uma caixa excitadora e dois ignitores com cabos de ignição apropriados para
conduzir alta tensão sem causar interferência em outros sistemas.
Os ignitores são energizados com alta tensão pela unidade excitadora. A Figura 58 mostra uma
unidade excitadora de ignição instalada em motor turbofan, e a Figura 59 exemplifica uma
unidade excitadora instalada em um motor turboélice.
Motor turbofan: motor de
turbina a gás no qual parte
da energia líquida disponível,
oriunda dos gases quentes
do gerador de gases, é
utilizada para acionar um fan.
488
4.2 Sistema tipo capacitivo
Motores turbojato são equipados com o sistema de ignição do tipo capacitivo (descarga
capacitiva). VCC: voltagem de correntes
contínuas que não mudam
Nele, o motor opera com duas unidades idênticas e independentes de ignição, que recebem de polaridade de acordo com
alimentação em baixa voltagem provida pelo sistema elétrico da aeronave e a transforma o tempo.
em valores altos o suficiente para garantir o funcionamento confiável do motor em diversas Motor turbojato: motor
condições atmosféricas, como grandes altitudes e baixas temperaturas. O sistema é duplo para em que todo ar admitido
é comprimido, queimado,
dar segurança a sua operacionalidade. expandido e exaurido. Possui
apenas o núcleo, ou seja, ele
Um sistema de ignição do tipo capacitivo é composto de duas unidades excitadoras, dois
não possui bypass (caminho
transformadores, dois cabos de ignição intermediários, dois cabos de ignição de alta tensão e derivado ou alternativo).
duas velas de ignição. A Figura 60 apresenta parte de um sistema de ignição.
489
Com a elevação da carga do capacitor, o contactor é fechado pela ação mecânica do sistema
excêntrico singelo. Uma parte da carga flui por meio do primário do transformador de disparo,
e o capacitor é conectado em série com esses. A corrente induz uma alta tensão no enrolamento
secundário do transformador fornecendo alta tensão à vela de ignição para centelhar o eletrodo.
A partir do instante em que a vela se torna condutiva, o capacitor de carga descarrega o restante
de sua energia acumulada juntamente com a carga do capacitor, que está em série com o
primário do transformador de disparo.
A razão de centelhamento na vela de ignição terá uma variação que será proporcional à tensão
da fonte de alimentação CC, a qual afeta a rotação do motor. Uma vez que ambos os sistemas
excêntricos são atuados pelo mesmo eixo, o capacitor de carga acumula sempre a sua energia
com o mesmo número de pulsos antes do ciclo de descarga.
O tempo para disparar depende do transformador de disparo de alta frequência e do seu
secundário de baixa reatância. Nesse contexto, o tempo de disparo tem de ser o mínimo possível.
A Figura 61 exemplifica um diagrama esquemático de um sistema de ignição do tipo capacitor
utilizado em motores turbojato.
490
4.3 Sistema eletrônico de ignição
O sistema tipo capacitivo modificado é um sistema de ignição que fornece centelha pelas velas
de ignição para queimar a mistura ar-combustível na câmara de combustão. Após realizada
a queima e o motor se manter em funcionamento, o sistema de ignição do tipo capacitivo
modificado pode ser desligado. É um sistema cuja instalação é possível em motores turboélice
e turbojato. A centelha fornecida é de alta intensidade de calor, capaz não somente de causar a
ignição de misturas anormais de combustível, mas também de eliminar depósitos de material
estranho nos eletrodos da vela.
O sistema tipo capacitivo modificado é composto de uma unidade dinamotora/reguladora/filtro,
um excitador, dois transformadores de alta tensão, dois cabos de alta tensão e duas velas de
ignição. Nesse sistema, também são usados cabos de interconexão, terminais, chaves de controle
e o equipamento necessário à sua operação na aeronave. O excitador é uma unidade dupla que
produz centelhas em cada uma das duas velas de ignição. Uma série contínua de centelhas é
gerada até o motor acender. A corrente de alimentação do sistema é então interrompida, e as
velas de ignição não mais emitem centelha enquanto o motor estiver operando.
A Figura 62 mostra um sistema de ignição do tipo capacitivo modificado e seus componentes.
O dinamotor eleva a corrente recebida do sistema elétrico da aeronave para um nível de tensão
de operação do excitador cuja função é carregar dois capacitores com a energia que será usada
nas velas, fazendo-as centelhar na câmara de combustão. Os capacitores são instalados dentro
da unidade excitadora e são em número de dois para cada unidade. Os transformadores elevam
a tensão dos capacitores.
491
4.4 Velas de ignição de turbina
Nos sistemas de ignição dos motores a turbina, a centelha fornecida é de alta intensidade de
calor e energia. Assim, as velas utilizadas nesses sistemas precisam resistir a uma corrente de
muito maior energia, em relação ao eletrodo de velas para motores convencionais.
A vela de um sistema de ignição de turbina é consideravelmente diferente daquelas utilizadas
nos sistemas de ignição dos motores convencionais. O seu eletrodo também precisa ser capaz de
resistir a uma corrente de muito maior energia, se comparado ao eletrodo de velas para motores
convencionais. A Figura 63 mostra alguns tipos de ignitores de sistemas de ignição empregados
em motores a reação.
Por ter níveis de corrente muito alta, o centelhamento na ignição de turbinas causa erosão no
eletrodo, mas os curtos períodos de operação minimizam a manutenção da vela.
O espaço do eletrodo de uma vela de
ignição típica é muito maior do que
aquele das velas de centelha, uma vez
que as pressões de operação são bastante
menores, e as centelhas são mais facilmente
obtidas do que nas velas comuns.
Nas velas de motores convencionais, as
sujeiras nos eletrodos são comuns, mas,
nos ignitores de turbinas, esse problema é
minimizado pelo calor de alta intensidade
na câmara.
A Figura 64 mostra uma ilustração
em corte de uma vela de ignição típica
com espaçamento anular do eletrodo,
conhecida como de longo alcance, em
função de projetar-se na câmara de
combustão, produzindo uma centelha
Figura 64 - Vela de ignição do tipo angular
mais efetiva.
492
4.5 Manutenção do sistema de ignição de motores a turbina
A manutenção requerida por um sistema de ignição de motores a turbina é, de certa forma, mais
simples e menos propícia a defeitos, quando comparada aos sistemas de motores convencionais.
Isso se deve ao fato de os motores a reação utilizarem a ignição apenas na partida ou em
condições especiais.
Os procedimentos de manutenção do sistema de ignição em motores a turbina estão listados
nos manuais de manutenção de cada aeronave, podendo ter complementos em boletins
emitidos pelo fabricante. Para realizar manutenção nesse sistema, o técnico precisa seguir todas
as instruções descritas pelo fabricante, pois isso incide em qualidade e segurança na operação
do sistema.
A manutenção em sistema de ignição de motores a turbina geralmente inclui: ajuste/teste,
inspeção e pesquisa de panes. Os procedimentos seguintes são instruções sugeridas pela maioria
dos fabricantes de turbinas.
a) Ajuste/teste - o teste funcional possibilita checar o funcionamento adequado da unidade
excitadora de ignição, cabos de ignição e ignitores. Os procedimentos descritos a seguir
são baseados na verificação visual do centelhamento dos ignitores. É necessário que os
ignitores sejam removidos do motor, mas ligados eletricamente ao sistema.
• Antes de realizar o teste, a aeronave deve ser posicionada em área ventilada, onde
não seja possível ocorrer vapores de produtos inflamáveis.
• A área tem de estar livre para passagem de pessoas e equipamentos de combate
ao fogo.
• Extintores de incêndio precisam ser mantidos próximos à aeronave.
• Um ciclo de partida sem ignição e sem combustível precisa ser executado se um
cheque for para testar apenas um dos ignitores ou cabos de ignição instalados no
motor, para eliminar qualquer quantidade de combustível na câmara.
• As portas do motor que dão acesso aos ignitores devem ser abertas.
• Os ignitores têm de ser removidos.
• Os ignitores têm de ser conectados aos respectivos cabos de ignição e posicionados
para fora da nacele, sem contato com o motor.
Nacele: suporte que fixa o
• O sistema elétrico da aeronave precisa estar ligado. motor à aeronave.
493
b) Inspeção - inspecionar os ignitores do motor quanto a danos e defeitos óbvios:
• remover o ignitor;
• examinar o ignitor de acordo com os procedimentos descritos na última revisão
do manual de manutenção. Certificar-se de que está trabalhando com manuais de
manutenção atualizados;
• reinstalar o ignitor, obedecendo o procedimento inverso ao da remoção.
Tabela 4 - Pesquisa de panes
Luz de ignição não acende, Lâmpada queimada A alavanca deve ser ajustada seguindo
mas ignitores as instruções do manual
operam normalmente. de manutenção.
Fiação da luz danificada Remover o arranque e reparar a
parte com defeito.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que, no motor a reação, é preciso que ocorra a queima do ar-combustível
por meio da produção de centelhas nas velas. O sistema de ignição fornece centelha em nível
de tensão suficiente para completar a combustão na câmara do motor. A ignição ocorre na
câmara de combustão e a centelha da vela é necessária apenas para dar início à queima, não
necessitando mais da vela depois do funcionamento estabilizado. Os ignitores são energizados
com alta tensão, que é elevada na unidade excitadora.
Diferente do que ocorre no motor convencional, no motor aeronáutico a reação, o sistema
de ignição não depende de sincronização no fornecimento de sua centelha, então a centelha é
gerada a qualquer momento no início do funcionamento. E, após o motor entrar em operação,
o sistema de ignição é desligado, porque a alta temperatura da câmara mantém o contínuo
processo de queima sem depender dos ignitores centelhando.
Ademais, foi estudado que, para funcionar o motor, o sistema de ignição auxilia o sistema de
partida, mas pode ser utilizado também para impedir o apagamento inadvertido durante o voo
ou em outras situações críticas, fornecendo confiabilidade em condições variáveis de altitude,
pressão atmosférica, temperatura, vaporização de combustível e tensão de entrada.
Embora trabalhem simultaneamente no momento da partida do motor, o sistema de ignição
é independente um do outro, o que permite acioná-los separadamente sem funcionar o motor
da aeronave.
494
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os
efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo
Esses fatores climáticos (gelo e chuva), externos aos processos de controle, acarretam
consequências para o voo. Por isso, elas possuem recursos que minimizam tais pro-
blemas. Em adição, há as preocupações relativas à ocorrência de fogo em seu interior,
acontecimento fatal ao voo se não constatado com antecedência.
495
496
Capítulo 1
Sistema de proteção contra o fogo
O fogo é um risco potencial para uma aeronave, motivo pelo qual é necessário o uso de
equipamentos que possibilitam a identificação de qualquer foco de fumaça e de chamas.
Existem áreas que são naturalmente propícias ao surgimento de chamas, como, por exemplo, a
dos motores. Nessas zonas, é indispensável a instalação de sistemas permanentes de extinção e/ou
detecção de fogo, tais como detectores de variação de temperatura e de chama.
A própria observação da tripulação quanto a alguma anomalia nas indicações dos instrumentos
que monitoram os motores é outro aspecto fundamental para alerta no caso de falhas dos
dispositivos. Um exemplo é a indicação de uma súbita elevação no instrumento que monitora a
temperatura interna do motor.
Com efeito, em compartimentos de bagagens/carga, espaços nos quais estão guardados materiais
que queimam lentamente e nem sempre apresentam a formação de chamas, mecanismos de
detecção de fumaça são instalados.
497
excluir o sistema de extinção; nos dias atuais, contudo, é preciso saber em que local está o fogo e
possibilitar seu apagamento.
Existem diversos mecanismos que sinalizam a presença de fogo nas aeronaves, cada qual com suas
vantagens e desvantagens. A escolha de que tipo será usado é feita durante o projeto da aeronave,
com vistas a garantir a confiabilidade do sistema.
Independentemente de qual recurso será utilizado, o emprego é o mesmo: sensores que, na
presença de condições favorecedoras ao surgimento de fogo, enviam, por meio de sistemas
elétricos, essa informação à cabine da aeronave para alertar toda a tripulação.
Em seguida, são explicados o interruptor térmico, o par térmico, o interruptor térmico com
circuito duplo, o circuito contínuo e os elementos contínuos.
Interruptores
Luz indicadora
Barra
térmicos
Relé de teste
498
Uma aeronave turboélice bimotora de médio porte é integrada por esse sistema, ao qual os
interruptores térmicos estão ligados em série. Quando uma unidade atinge 200 ºC, o sistema
abre, acionando a luz indicadora, e uma buzina alerta a presença do fogo por meio da caixa de
controle nele presente.
Barra principal 28 V DC
Alarme
geral Painel
múltiplo
DET. FOGO de alarmes
Caixa de controle 2
499
Como o relé escravo está sendo alimentado (Figura 4), o circuito energiza a lâmpada de aviso,
completando o sistema e fornecendo à tripulação a indicação de presença de fogo (Figura 5).
Fogo
Relé sensível Relé escravo
Circuito
detector
Interruptor
de teste
Circuito
Circuito de
de teste alarme
Aquecedor
Fogo
Relé sensível Relé escravo
Circuito
detector
Interruptor
de teste
Circuito
Circuito de
de teste alarme
Aquecedor
Figura 5 - Sistema de detecção par térmico
(sistema completo)
Neste sistema, os detectores tipo spot são ligados em paralelo entre dois circuitos elétricos
completos, sendo assim, o mecanismo sinaliza se houve uma ou duas falhas ou curtos no sistema.
Outra diferença é que não existe uma caixa de controle, sempre que há uma indicação de fogo, o
circuito fecha e, com isso, o sistema de alerta se inicia.
Lâmpada e
Detectores individuais companhia
de alarme
B
A
R
R
A
Circuito Circuito
“A” “B”
Interruptor
de teste
500
Na Figura 6, visualiza-se um circuito de detector com interruptor térmico com circuito duplo no
qual os detectores são instalados abertos. Com o aumento da temperatura, os detectores fecham
o circuito permitindo o acionamento da lâmpada e da companhia de alarme. A corrente segue
tanto no circuito (A) (azul) quanto no circuito (B) (vermelho) ou em combinações de ambos,
possibilitando indicações mesmo com uma possível falha. O relé instalado no sistema faz com que
a luz pisque, em vez de permanecer acesa, chamando ainda mais a atenção dos pilotos.
Esse sistema é mais eficiente que os anteriores, já que possibilita melhor cobertura na área em que
está instalado. Existem dois tipos de detectores: fio condutor simples e fio condutor duplo.
O sistema com fio condutor simples é composto de um fio condutor envolto por sal eutético,
este revestido por um tubo de inconel, sensível à variação de temperatura. O sal eutético evita a
Sal eutético: um tipo
existência de fluxo de corrente elétrica quando a temperatura não está elevada. de mistura eutética, ou
seja, uma combinação de
Ao aumentar a temperatura, a resistência do sal eutético cai, fazendo surgir um fluxo de corrente duas substâncias que se
entre a camada externa e o fio condutor. Esse fluxo é sentido por uma caixa de controle que, comportam como uma
substância pura no ponto de
mediante o acionamento de relés, liga o alarme. Na Figura 7, está ilustrado o elemento sensor fusão.
com fio condutor simples.
Inconel: liga de níquel-
cromo-ferro com aparência
bem próxima ao aço
Tubo inconel inoxidável, facilmente
soldável, com características
de utilização semelhantes
àquelas dos aços resistentes
à corrosão e à alta
temperatura.
Sal eutético
Fio condutor
501
1.1.5 Elementos contínuos
Este sistema é constituído de um tubo de aço inoxidável contendo um elemento discreto dentro.
Esse elemento, ao sofrer um acréscimo de temperatura, começa a liberar gás, o que causa o
aumento da pressão do tubo e aciona, mecanicamente, um diafragma na unidade de controle,
ativando o alarme.
O sistema tem um botão de teste que aquece os sensores e realiza o cheque de todo o mecanismo.
O esquema da Figura 9 exemplifica esse sistema de detecção de fogo.
Seção média
Unidade Unidade Elemento discreto
de força de resposta
115 V
400 ~
B
Diafragma
Luz
Politetrafluoretileno
Campainha Interruptor
de teste
115 V
Na parte inferior da ilustração, é visível que, ao se acionar o botão de teste, a corrente energiza
um sistema para o aquecimento dos sensores, verificando, assim, se o mecanismo funciona
corretamente em caso de fogo na aeronave.
Dentro de uma aeronave, existem diversos tipos de materiais próprios de sua composição, muitos
são inflamáveis, além deles, há as bagagens e as cargas, o que aumenta ainda mais o número de
compostos. Cada material causa um tipo de fogo diferente com características próprias e ações
corretas a se tomar.
Nesse sentido, para um mecanismo ideal de proteção contra o fogo, ademais dos sistemas que
fornecem a indicação da presença do fogo, é relevante conhecer seus tipos e suas características
com o intuito de diminuir a possibilidade do surgimento e de utilizar o agente extintor correto
para cada situação.
502
• classe B - resultado de líquidos inflamáveis, combustíveis, graxa, solventes, entre outros,
presentes nos tanques de combustíveis, sistema hidráulico e no compartimento de carga
quando transportando cargas desse tipo;
• classe C - ocasionado por equipamentos elétricos ainda energizados, o compartimento
elétrico de uma aeronave, o painel de disjuntores e o painel da cabine estão sujeitos a esse
tipo de fogo.
Algumas aeronaves apresentam sistemas que alertam à tripulação sobre a presença de fumaça.
A alocação de tais sistemas varia de acordo com o modelo da aeronave, porém eles estão
presentes, normalmente, em compartimentos de carga, bagagens, locais com grande quantidade
de equipamentos elétricos e qualquer outro lugar afastado da cabine que apresente condições
favoráveis ao surgimento de fumaça.
503
1.2.2 Fotoelétricos
O sistema apresenta um botão de teste que atua em uma lâmpada de teste dentro do detector,
ligada em série a outra lâmpada, causando, desse modo, uma diminuição na luminosidade em
seu interior.
28 V DC Barra de emergência
Detector de fumaça
Interruptor
rotativo
Amplificador
Luz de alarme
Neste sistema, existe uma linha pela qual passa o ar do interior da cabine. Tal passagem é feita
usando o sistema de pressurização da cabine ou o sistema de sucção. Quando houver fumaça
dentro da linha, uma lâmpada presente no indicador acenderá informando à tripulação. Essa
lâmpada está ligada a um botão de teste para verificar seu funcionamento e existe um indicador
de fluxo de ar para saber se há passagem de ar pelo sistema de detecção.
504
1.3 Sistemas de aviso de sobreaquecimento e de extinção
Algumas aeronaves incorporam sistemas de alerta em caso de sobreaquecimento.
A quantidade e o local em que eles são instalados variam em função do modelo e da operação da
aeronave. Geralmente, são colocados em lugares que apresentam condições propícias ao surgimento
de fogo, visto que o aviso de sobreaquecimento auxilia na identificação dessa ocorrência.
Esse sistema opera com interruptores térmicos e, com o aumento de temperatura e a expansão
na base dos contatos, faz com que o circuito se feche alimentando uma lâmpada no painel da
aeronave e advertindo-a sobre o sobreaquecimento do compartimento.
Depois de a temperatura retornar à normalidade, os contatos voltam à condição anterior, abrindo
o circuito, desenergizam a lâmpada, encerrando, assim, a indicação no painel.
A grande diferença entre esse tipo de sistema e o de detecção é que ele é calibrado para enviar
informação com uma temperatura bem menor que o de aviso de detecção de fogo, com isso, ações
são tomadas antes da iminência do surgimento de fogo.
Esse recurso também pode ser instalado em equipamentos específicos, como, por exemplo,
na bateria da aeronave. Dependendo do tipo de bateria empregado, o aumento excessivo da
temperatura ocasiona desde um desgaste prematuro à liberação de gases prejudiciais à saúde, e,
em casos extremos, porém raros, provoca uma explosão.
Um recurso completo de proteção contra o fogo precisa ter métodos de detecção e maneiras de
extingui-lo, de modo que não se espalhe por outros compartimentos da aeronave, evitando, dessa
forma, um aumento do risco. Com isso, o piloto executa as ações previstas em manuais para
pouso, garantindo a segurança de toda a tripulação e passageiros.
Há vários métodos de extinção de fogo, o fabricante define o mais adequado para cada tipo
de aeronave.
505
Alguns sistemas mais sofisticados têm várias garrafas de dióxido de carbono, possibilitando mais
de um acionamento por motor. Além disso, alguns mecanismos oportunizam o processamento
automático do agente extintor em virtude do aumento de temperatura.
As aeronaves a turbina têm seus sistemas de extinção instalados tanto nos motores quanto no
compartimento do APU, quando houver. Nesse sistema, o gás usado varia a critério do fabricante
e fica armazenado preferencialmente em cilindros de formato esférico. Esses cilindros, contudo,
são em forma cilíndrica, quando há falta de espaço, e fabricados com aço inoxidável, titânio ou
outro material a critério do fabricante, sendo um cilindro para cada motor.
O cilindro contém:
• um indicador de pressão que envia sinal à cabine, alertando a tripulação quando vazio;
• um conjunto de tubulação para direcionar o agente extintor ao motor, podendo haver
alimentação cruzada com o outro motor da mesma asa;
• um plugue de descarga, acionado pela explosão;
• uma espoleta, ativada eletricamente na cabine;
• um sistema de segurança para acionamento automático, caso atinja uma temperatura
predeterminada de fábrica.
506
Uma aeronave com esse tipo de sistema de extinção é a turboélice bimotora de médio porte. Seu
sistema é constituído de duas garrafas extintoras localizadas na zona de acessório de cada motor e
um painel de controle duplo.
Buzina de alarme
Detector de fogo
Sinalização fogo
Controle e teste
de fogo
D
A
B
C
D
E
U
V
C
H
R
S
T
F
28 V DC Barra de emergência
Teste
Espoleta motor
Liga
Desliga
esquerda
Fogo
ok
esquerda
U
Entrada sinal fogo
Espoleta motor
Sensor
direita
motor
direita
Fogo
Desliga
Teste
ok
Liga
M
N
W
P
K
J
L
D
A
Sinalização fogo
Controle e teste
Detector de fogo
O punho de acionamento está localizado na parte superior do painel da aeronave (Figura 17) em
número de dois (um para cada motor), atua sobre a carga explosiva e serve como indicador do
sistema de fogo. Ele apresenta três indicações luminosas:
• indicação (OK) na cor verde - iluminada ao pressionar o botão de teste, indica à tripulação
que o sistema está operante;
• indicação (FOGO) na cor vermelha - iluminada quando o sistema de detecção de fogo
recebe indicação de presença de fogo na nacele do motor correspondente;
507
• indicação (V) (vazio) na cor amarela - iluminada quando o punho é acionado e a garrafa
do motor correspondente está vazia, só apaga quando ela for abastecida.
Nessa aeronave, o punho só deve ser acionado após o corte do motor com fogo e fechamento da
válvula de corte dos sistemas hidráulico e de combustível.
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que uma aeronave sempre apresenta condições favoráveis ao surgimento de
fogo, por isso é importante que esteja equipada com um mecanismo de proteção contra o fogo
confiável e operante.
Estudou-se que um dos sistemas elétricos mais básicos de proteção contra o fogo integra apenas
sensores para indicar quando da sua ocorrência. Com a evolução das aeronaves, novos recursos
foram surgindo e possibilitando à tripulação utilizar métodos para extinção do fogo mesmo
durante o voo.
Ademais, foi abordado que, além do fogo, a fumaça também é um elemento perigoso dentro
da aeronave, seja por indicar um possível surgimento de chama, seja pelos diversos males que o
monóxido de carbono causa ao organismo de todos dentro do avião.
508
Capítulo 2
Limpadores de para-brisa
A observação do que está em volta da aeronave, seja no táxi, no pouso, na decolagem ou mesmo
durante voo cruzeiro, é importante para a tripulação. Durante o pouso, é necessário ver a pista e,
durante o voo, é relevante ter referências visuais sempre que possível.
Assim como nos veículos, a chuva, quando acumulada nos para-brisas, reduz significativamente
a visibilidade dos pilotos, sendo, então, necessário haver alguns sistemas que diminuam ou a
eliminem esse empecilho. O principal desses recursos é os limpadores de para-brisa.
Em algumas aeronaves, podem ser encontrados os sistemas elétricos dos limpadores de para-brisa
e outros métodos de proteção contra a chuva.
À vista desses conhecimentos, o mecânico estará apto a identificar o tipo de sistema presente nas
aeronaves com as quais venha a trabalhar e realizar as devidas intervenções em caso de pane ou
nas inspeções.
2.1 Operação
A função do para-brisa em uma aeronave é a mesma em um carro, qual seja, eliminar a camada de
água que se acumula nos vidros em razão da chuva, melhorando, assim, a visibilidade dos pilotos.
Os modos de operação dos limpadores são três: elétrico, hidráulico ou pneumático. Cabe ao
fabricante da aeronave a escolha do tipo de limpador que julgue ideal para o projeto.
509
Os limpadores de para-brisa que empregam energia hidráulica usam o próprio sistema hidráulico
da aeronave para esse fim. O sistema é composto de uma válvula de controle de velocidade, uma
unidade de controle e um atuador para cada limpador.
A válvula de controle de velocidade é do tipo restritora variável, quando se restringe o fluxo, a
velocidade é reduzida e, no processo contrário, de liberação do fluxo, ela é aumentada.
Com efeito, a unidade de controle, que tem duas linhas de saída para os atuadores, envia o
óleo para estes e, após passar por eles, retorna-o para o sistema hidráulico da aeronave. Uma
característica importante da unidade é a possibilidade de inverter qual das duas linhas será a de
pressão e a de retorno, fazendo, com isso, o movimento alternado dos limpadores. Observa-se,
na sequência, o funcionamento de um sistema de limpadores de para-brisa movido à energia
hidráulica nas Figuras 19.A e 19.B.
Os atuadores são componentes que transformaram a energia hidráulica em mecânica por meio
de um conjunto de cremalheira e pião conectado aos limpadores. Basicamente, o ciclo de
funcionamento acontece deste modo:
• o óleo vindo da unidade Limpadores
controladora segue para o Atuador 1 Atuador 2
atuador 1 (Figura 19.A); Legenda
Pressão
• dentro do atuador, o óleo Retorno
movimenta a cremalheira,
girando o pião, movendo, Válvula de
controle de Unidade de controle
velocidade
assim, o limpador;
• o óleo utiliza uma linha de Figura 19.A - Limpador de para-brisa hidráulico - movimento
comunicação entre os dois da palheta para esquerda
atuadores seguindo para o
Limpadores
atuador 2;
Atuador 1 Atuador 2
• no atuador 2, o fluido realiza a Legenda
mesma sequência do atuador Pressão
anterior para movimentar Retorno
o limpador;
Válvula de
controle de Unidade de controle
• o óleo agora segue para a velocidade
unidade controladora que
Figura 19.B - Limpador de para-brisa hidráulico - movimento
o envia para o sistema pela
da palheta para direita
linha de retorno;
• a unidade controladora inverte as linhas de pressão fazendo com que o óleo agora
siga primeiramente para o atuador 2 (Figura 19.B) e, depois, para o 1, ocasionando a
movimentação dos limpadores para o lado oposto.
Os limpadores de para-brisa não apresentam boa eficiência quando a aeronave enfrenta uma
chuva muito forte. As aeronaves a turbina, entretanto, têm a opção de empregar um sistema
pneumático de proteção contra a chuva. Esse sistema sangra o ar do motor e direciona-o ao para-
brisa. Como o ar vem em alta pressão e temperatura, cria-se uma película de ar sob o para-brisa,
agindo como uma barreira protetora e impedindo, assim, o acúmulo de água.
510
Existem outros métodos para proteção contra a ação da chuva, a saber: por repelente químico e
por revestimento hidrofóbico.
No primeiro caso, o repelente químico faz com que a água não se espalhe pelo para-brisa, Hidrofóbico: relativo à
hidrofobia; substância que
acumulando em gotas que são facilmente removidas em razão da velocidade da aeronave. não absorve ou adsorve
Em alguns aviões, existe um mecanismo elétrico para aplicação do produto, não importa por água.
quanto tempo o botão é pressionado, o sistema libera apenas a quantidade recomendável.
Um detalhe importante desse método é que nunca se deve utilizá-lo sobre a superfície seca, pois
mancha o vidro ou cria pequenas corrosões. Sendo o sistema acionado acidentalmente, a limpeza
precisa ser feita assim que possível com água e nunca empregar os limpadores de para-brisa para
esse fim.
Nas aeronaves mais modernas, é utilizada uma camada sobre o para-brisa que tem a característica
de repelir e não absorver a água, chamada de revestimento hidrofílico. Essa camada direciona a
água da chuva para fora do vidro devido ao vento, garantindo, assim, boa visibilidade à tripulação
sem a necessidade de limpadores de para-brisa.
O sistema de limpadores de para-brisa geralmente tem uma limitação quanto à velocidade da
aeronave para sua operação, com vistas a um funcionamento seguro e eficaz, deve-se atentar a essa
informação no manual da aeronave.
Barra principal 28 V DC
Limpador de Limpador de
para-brisas para-brisas
esquerdo direito
S92 S95
Rápido
R16 R3 R4 R17
S93 S94
Microcontactores
M M
Motor do Motor do
limpador limpador
de para-brisa de para-brisa
511
A aeronave turboélice bimotora de médio porte é equipada com dois limpadores de para-brisa,
um para o piloto e um para o copiloto, seu sistema é constituído de dois interruptores, um motor
elétrico, um conversor, uma palheta e um microcontactor para cada limpador.
Os interruptores estão instalados no painel superior da aeronave, sendo dois em cada lado, ambos
estão sob a inscrição (limpador para-brisa), o interruptor mais externo possui três posições:
• liga - alimenta continuamente o motor elétrico do sistema, passando primeiro pela chave
de controle de velocidade;
• estac. - esse interruptor é do tipo momentâneo e só alimenta o motor elétrico enquanto
for mantido nesta posição, sem passar pelo controle de velocidade;
• desl. - interrompe a alimentação do motor elétrico.
O outro interruptor controla a velocidade dos limpadores e apresenta duas posições: rápido
e lento.
Quando a chave é colocada na posição liga, a corrente, provida do sistema elétrico da aeronave, é
direcionada para o motor dos limpadores. Se a chave de controle de velocidade estiver na posição
rápido, a corrente irá diretamente para o motor, mas, se ela estiver na posição lento, a corrente
passará primeiro por um conjunto de duas resistências ligadas em paralelo que a diminuirá e,
consequentemente, a velocidade do limpador.
Quando a chave momentânea estac. é acionada, o motor leva o limpador para fora do vidro e,
quando atinge o final do curso, o microcontactor instalado no sistema freia o motor.
Por meio de cabos flexíveis, o movimento rotativo do motor é transferido a um conversor que
reduz a rotação e a transforma no movimento alternado dos limpadores, estes diretamente ligados
à saída do conversor.
512
2.3 Sistema em helicópteros
Um sistema de proteção contra chuva em helicópteros consiste em um mecanismo elétrico
de limpadores de para-brisa. No entanto, neste caso, o sistema do helicóptero transforma o
movimento rotativo do motor em alternado para os limpadores, por meio de bielas e manivelas.
Esse recurso é equipado com um redutor e um supressor de ruído, executa um movimento de ida
e volta por segundo e tem uma limitação de velocidade cerca de 100 kt. A Figura 22 mostra os
limpadores de para-brisa utilizados em uma aeronave de pequeno porte.
A Figura 23, por sua vez, exemplifica um esquema elétrico básico de um sistema de limpador de
para-brisa de um helicóptero. O funcionamento ocorre por um botão de duas posições:
• uma posição energiza o sistema e, com isso, o motor, que, por meio de bielas e manivelas,
transmite o movimento para os limpadores;
• outra posição desenergiza-o e apresenta um circuito em paralelo que continua a alimentar o
motor até as escovas de alimentação perderem o contato com o came que faz os limpadores
parar na posição correta.
B
A
R
R
A
M
+
Conforme afirmado, a chuva causa grande perda de visibilidade da tripulação. Com relação
aos helicópteros, essas aeronaves voam em baixas altitudes e, frequentemente, realizam um voo
em condições visuais com o terreno. Detalhe adicional é que, em razão do elevado número de
helicópteros existentes hoje, há a possibilidade de contato visual entre as aeronaves próximas, o
que pode evitar graves acidentes.
513
Com isso, o sistema de limpadores de para-brisa é a fonte primordial para diminuir os danos
causados pela influência da chuva sobre o para-brisa dos helicópteros. Assim, cabe ao mecânico
zelar pelo correto funcionamento do mecanismo, executando as ações corretivas e preventivas
sempre que necessário, de forma a garantir um sistema operacional e confiável.
Resumindo
Neste capítulo, foram vistos os problemas que a chuva provoca durante a operação de uma
aeronave, sendo a perda de visibilidade o maior deles. Estudaram-se os recursos para minimizar
os impactos negativos da chuva, entre eles os limpadores de para-brisa que, assim como nos
automóveis, visam a remover o acúmulo de água.
Foram destacados os recursos que utilizam sistemas pneumáticos para melhorar a remoção da
camada de água, além de alguns agentes químicos que podem vir a suprimir a necessidade de
instalação dos limpadores.
514
Capítulo 3
Sistema de proteção contra o gelo
As aeronaves enfrentam com frequência condições ideais para a formação de gelo, tais como
umidade e baixa temperatura. Isso por causa das altas altitudes e da presença de nuvens de
chuva que estão no trajeto. O gelo é um grande perigo para o voo, seu acúmulo em certas
superfícies pode causar terríveis acidentes, motivo pelo qual praticamente todas as aeronaves
incorporam sistemas para evitar ou eliminar sua concentração.
Nesse contexto, a existência de sistemas elétricos fornece capacidade de evitar a formação de
gelo em áreas específicas. Esses recursos são acionados sempre que a tripulação enfrenta um
ambiente favorável ao surgimento de gelo.
515
mas a maioria das aeronaves atualmente possui altitude de cruzeiro entre 30.000 e 40.000 pés,
ou seja, muitos graus abaixo de zero.
Mesmo assim, acreditar que, com a temperatura do ar externo em graus positivos, a aeronave
está livre de formação de gelo é um grande erro. Ainda que o indicador de temperatura do ar
externo apresente um valor positivo, ao se chocar com partículas de água presentes na atmosfera,
a diferença de pressão na superfície da aeronave causa a formação do gelo.
O aumento da camada de gelo altera o fluxo de ar sobre a superfície, ocasionando perda de
sustentação, quando nas asas, e perda de controle, quando em superfícies de comando. Além disso,
drenos, suspiros e tubos de pitot podem ser obstruídos pelo gelo, causando erros de informação
nos instrumentos que utilizam o sistema anemométrico para coleta de informação. A Figura 25
ilustra as consequências sobre a aeronave.
Reduz a sustentação
Aumento de peso
Antigelo e degelo
Dois são os sistemas de proteção contra os efeitos do gelo: o antigelo e o degelo. O sistema de
antigelo é um método com a função primordial de impedir a formação de gelo na aeronave.
Quando se está voando em condições propícias a isso, esse sistema é energizado e usa o aumento
de temperatura com vistas a impedir que a água atinja o nível de solidificação, além de empregar
uma fonte elétrica ou pneumática para conseguir tal estado.
O sistema de degelo, por seu turno, elimina o gelo já formado, ele é acionado assim que a
tripulação constata esse acúmulo ou recebe a informação por meio do mecanismo de detecção
de gelo. Ele é derretido ou quebrado com o auxílio de infladores instalados nas superfícies mais
propensas à formação de gelo, como, por exemplo, os bordos de ataque.
a) Sistema de antigelo elétrico
Os sistemas antigelo com uso de fontes elétricas consistem, basicamente, em resistências
elétricas que, quando alimentadas, aquecem a superfície onde estão instaladas a fim de
evitar a formação do gelo.
Este sistema está presente em uma aeronave turboélice bimotora de médio porte e emprega
o método para o sistema de antigelo do conjunto da hélice. Os elementos básicos são cinta
aquecedora instalada na hélice, relé de tempo e interruptor de acionamento.
O interruptor tem três posições:
• AUTO - nesta posição, a corrente elétrica segue pelo relé de tempo que energiza os
aquecedores em intervalos cíclicos, sendo 90 segundos energizados e 90
segundos desenergizados;
516
• ON - caso o relé de tempo tenha algum tipo de defeito, o sistema apresenta a posição
ON, que manterá os aquecedores constantemente energizados para impedir a formação
de gelo. Um amperímetro instalado no painel fornece indicação de que o sistema está
operante;
• OFF - os aquecedores estão constantemente desenergizados.
A alta temperatura do sistema de antigelo da aeronave é ideal para impedir a formação de gelo
nas pás das hélices. No entanto, é possível danificar a composição delas, motivo pelo qual o
sistema fornece proteção para impedir que o antigelo seja acionado com os motores parados.
b) Sistema de antigelo pneumático
517
• Aquecimento pela sangria do motor
A válvula de corte tem a função de regular a pressão do ar a fim de não danificar nenhuma
superfície. Ela direciona o ar para os ejetores, e o ar sangrado, enviado para a superfície
da aeronave, é misturado com ar frio. O propósito é manter uma temperatura de,
aproximadamente, 175 ºC entre os revestimentos externo e interno.
Os aquecedores a gás de exaustão utilizam o ar quente fornecido por camisas que passam
ao redor do escapamento dos motores convencionais. Esse gás chega pela parte traseira do
aquecedor, o qual contém uma aleta controladora do fluxo do ar que entra no aquecedor,
garantindo, assim, o controle da temperatura do sistema.
518
Quando o sistema é acionado, válvulas liberam o fluxo de ar aquecido para as asas e
a empenagem. Além disso, um solenoide mantém o interruptor na posição ligado.
O recurso de segurança contra sobreaquecimento, quando ativado, aciona o solenoide
soltando o botão para a posição OFF. Caso o sistema elétrico falhe, ele apresentará um
punho para o corte manual do fluxo de ar.
Painel poroso
Painel poroso
Painel poroso
Tubo na
hélice Reservatório no
cargo pod
Pulverizador no Painel poroso
para-brisa
519
• válvulas reguladoras de pressão;
• separadores de água;
• válvulas unidirecionais;
• válvulas controladoras de fluxo;
• temporizadores;
• contactores manométricos.
Os degeladores são mantas de borracha e fibra que apresentam em seu interior vários
tubos inflados simultaneamente. Existem três instalados em cada semiasa, dois em cada
lado do estabilizador horizontal e um no vertical.
Degelador
inflado
Tubulação de
alimentação
Figura 29 - Degeladores
520
O tempo e a frequência em que ocorre esse ciclo variam com os modelos da aeronave,
sendo necessário observar o manual de manutenção.
A Figura 30 exemplifica os equipamentos integrantes do sistema de degelo de uma
aeronave, além de sua localização no sistema da asa esquerda.
Válvula
reguladora
de pressão
Separador
de água
A
B
Para o coletor
e válvulas
controladoras Tubulação
de fluxos
de dreno
Válvula
unidirecional
DET. B Descarga Entrada
Solenoide
para
Válvula controladora o degelador
dos degeladores
externos da asa Coletor
Válvula controladora
Válvula controladora dos degeladores
dos degeladores intermediários da asa
internos da asa
e estabilizador Válvula controladora
horizontal dos degeladores externos
do estabilizador
DET. A horizontal e vertical
Figura 30 - Componentes do sistema de degelo
Gelo no para-brisa
O para-brisa é outro lugar onde o gelo pode ser prejudicial. Nesse caso, contudo, o gelo ali
presente não interfere na aerodinâmica ou na performance da aeronave, mas, sim, na visibilidade
dos pilotos. O sistema de proteção de gelo no para-brisa objetiva aquecê-lo com vistas a evitar
sua formação e derretê-lo de maneira a garantir adequada visibilidade.
Alguns modelos de aeronave turboélice bimotora de médio porte incorporam esse sistema, o
que se constitui de uma resistência de aquecimento, dois sensores de temperatura, sendo um
reserva, um controlador de temperatura e um relé de controle, uma luz indicadora branca e
uma vermelha, disjuntores e um interruptor para cada para-brisa, enquanto o sistema direito
é opcional.
Ao acionar o mecanismo pelo interruptor no painel, o controlador de temperatura é energizado.
Ele recebe a informação de temperatura do sensor no para-brisa e, caso ela esteja abaixo de 35 ±4 ºC,
o controlador atua no relé de controle liberando a corrente para a resistência no para-brisa. Se
o sistema apresentar perfeito funcionamento, uma luz branca acenderá no painel.
521
Quando a temperatura chega a 40 ±1 ºC, o controlador desliga o relé cortando a corrente
recebida pela resistência. Se, por outro lado, a temperatura abaixar 5 ± 2,7 ºC, o sistema
rearma. Em caso de falha ou superaquecimento, o relé é desligado e uma luz vermelha acende
no painel. A Figura 31 auxilia no entendimento desse sistema ao apresentar, em seguida, o
esquema elétrico.
Barra principal 28 V DC
Interruptor Interruptor
CR35
comando
K58 K59
6 5 4 7 1 2 2 1 7 4 5 6
A113 A114
Controlador de Controlador de
temperatura temperatura
Esq Dir
(opcional)
U1
U2
Conj de para-brisa aquecido
Aquecedores
Existem alguns sistemas que precisam evitar a todo custo a formação de gelo, visto que essa
condição pode produzir informações errôneas para alguns instrumentos de voo na aeronave,
ocasionando graves acidentes. O sistema anemométrico é um exemplo, pois a obstrução dos
tubos de pitot e de tomadas estáticas provê indicações incorretas de pressão, afetando, assim,
os indicadores de velocidade, altitude e velocidade vertical, por exemplo. Por essa razão, esses
sistemas são integrados de aquecedores que impedem a formação de gelo.
O funcionamento básico desse sistema deve-se à alimentação de uma resistência elétrica que
fornece seu aquecimento, cada aeronave atua o sistema da maneira que o fabricante achar ideal.
522
Uma aeronave turboélice bimotora de médio porte incorpora um sistema para o aquecimento
de pitot direito e tomada estática direita, tomada estática esquerda e um para o auxiliar e tomada
estática esquerda, o sistema elétrico que os alimenta é totalmente independente. Esse recurso é
constituído de painel de controle, do aquecimento do tubo de pitot e da tomada estática.
Tubo de pitot/estática 2
e tubo de pitot/estática
auxiliar 3
A
C
Tubo de pitot/estática 1
Tomada
B A estática
Tubo de pitot/
estática típico DET. C
Painel de controle do sistema
D.V. PITOT/STATIC
INOP INOP INOP
Fuselagem ON ON
OFF OFF
DET. A
DET. B
Com a chave na posição ON, o sistema de aquecimento é ativado, fazendo a corrente elétrica
fluir pelas resistências e passar por um sensor de corrente que ativa um alarme sonoro e o painel
de alarme quando a corrente for inferior a 7,5 A.
523
Ao acionar o sistema de aquecimento do pitot direito, o sistema de aquecimento da tomada
estática direita é alimentado e, ao acionar o sistema do pitot auxiliar, a tomada estática esquerda
é aquecida. Isso pode ser mais bem visualizado na Figura 33.
Painel múltiplo
Painel múltiplo de alarmes de alarmes
31-51-00 31-51-00
B# K91 B# K92
P0210
P0433
Caixa de Caixa de
sensores sensores
P1039 P1038
B# B#
Sensor de
Sensor de
corrente
corrente
P# I#
N# G#
Y D#
T0011 T0030
1
P0797 Bandeja dos Caixa de relés Pitot
Pitot
1 relés de proteção 2 auxiliar Estática 1
Estática 1 34-11-00 A0038 34-11-00
24-00-00
Estática 2 Tubo de pitot/estática 2 Estática 2
2 Conector
A0038
Tubo de pitot/estática 1
A0037
A 0328 Conector
D.V. Tomada estática D.V.
DIR
Detector de gelo
Estudados os modos de se evitar ou eliminar o gelo, é necessário saber identificar sua presença
na aeronave, para, na eventualidade, acionar os sistemas de proteção.
Uma maneira básica de detecção de gelo é a inspeção visual, mas, em algumas aeronaves,
principalmente as de médio e de grande porte, ela não é eficiente, razão pela qual há mecanismos
cuja finalidade é alertar a tripulação em relação à ocorrência de gelo.
Uma aeronave turboélice bimotora de médio porte é integrada com um sistema detector de gelo
constituído de um painel de controle e de um detector. Este último é um sensor e um circuito
eletrônico em uma única peça montado na fuselagem dianteira. O painel ICE DETECTOR está
instalado no painel superior da aeronave e consiste em um botão de teste e uma luz âmbar
524
INOP, há, ainda, uma luz ICE CONDITION no painel múltiplo de alarmes que avisa à tripulação
da presença de gelo.
B
A
C
Painel de controle
Detector ICE DETECTOR ICE DETECTOR
Luz do painel
de gelo múltiplos
INOP INOP de alarmes
ICE CONDITION
TEST
TEST
1
DET. A DET. B DET. C
Quando a camada de gelo atinge 0,5 mm no detector de gelo, ele envia um sinal para o
painel múltiplo de alarmes que, por consequência, acende a luz âmbar ICE CONDITION e a luz
MASTER CAUTION. No sensor, aquecedores de degelo são ativados de modo a eliminar o gelo
formado e garantir que o sistema possa detectar novamente a presença de gelo. Esse processo
dura 60 segundos, caso haja nova presença de gelo em um intervalo menor que os 60 segundos,
a indicação de gelo será contínua.
O teste do sistema pode ser realizado acionando o botão teste no painel ICE DETECTOR, no
painel superior da aeronave, o teste acenderá as luzes ICE CONDITION e DEICE no painel múltiplo
de alarmes juntamente com a luz INOP no painel superior.
O sistema da aeronave realiza constantemente um autoteste no mecanismo de detecção de
gelo. Caso seja observada alguma falha, o painel múltiplo de alarmes apresentará a luz DEICE
juntamente com a luz INOP no painel superior.
15A 5A CB0606
de controle
Caixa de
relês DC
Detector
direita
X2
Painel superior
X1
B2
B2
X1
K0524
K0523
K0540
Barra DC 2
INOP A TEST
A2
B2
X1
B3
B1
B1
X2
X2
Detector
CB0607
de gelo
15
24
P0952
P0280
R
luzes de alarme
Controlador de
VM 33-12-00
P2044
P0433
PP
A
M
A
G
B
C
Painel múltiplo
Detector de gelo
de alarmes
525
Resumindo
Neste capítulo, viu-se que a presença de gelo na superfície de uma aeronave pode ter
consequências fatais e, por esse motivo, ela deve ser integrada por mecanismos que eliminam o
gelo, anulando ou diminuindo sua interferência no desempenho da atividade aérea.
Foi explicado que o sistema se divide em dois tipos, a saber, um que visa a impedir a formação
de gelo e outro cuja finalidade é eliminar o gelo já formado. Para alcançar esse objetivo, é
provido o aquecimento das superfícies por meio de sistemas elétricos ou fonte pneumática,
mas sempre com um circuito e equipamento elétrico para auxiliar no correto funcionamento
do sistema.
Por fim, foi abordado que apenas as inspeções visuais durante o voo não são satisfatórias para
se verificar a existência do gelo e, por isso, existem dispositivos elétricos capazes de fornecer tal
informação aos tripulantes.
526
Atividades
Unidade 1
Análise de circuito
527
5 Qual das alternativas a seguir é verdadeira?
a) A inspeção visual é uma etapa da manutenção pertencente ao nível de estágio.
b) O processo de manutenção é repetitivo enquanto a pane do equipamento perdurar.
c) Na análise de pane em circuitos eletrônicos, não é necessário um profundo
conhecimento teórico.
d) O processo de manutenção é dividido em quatro etapas: de avaliação, de sistema, de
estágio e de componente.
a) Aberto.
b) Solda fria.
c) Curto-circuito.
d) Valor alterado.
R1
B
42 V R2
C
R3
D
a) (R2) está aberto.
b) (R1) está aberto.
c) (R2) em curto-circuito
d) Não há defeito no circuito.
a) Filtragem.
b) Retificação.
c) Regulagem.
d) Transformação.
528
4 Qual a tensão de saída em um CI regulador 7909, utilizado em uma
fonte retificadora?
a) +7 V.
b) ‒7 V.
c) +9 V.
d) ‒9 V.
Unidade 2
Inspeção de aeronaves
a) Boletim de serviço.
b) Termo de modificação.
c) Boletim de manutenção.
d) Termo de falha aeronáutica.
529
4 Qual capítulo, de acordo com a especificação ATA 100, trata das inspeções periódicas
de uma aeronave?
a) 1.
b) 5.
c) 10.
d) 100.
2
Completar a afirmativa:
O sistema __________ anuncia a falha para alertar sobre possíveis defeitos e
ajudar na solução do problema do equipamento defeituoso.
a) BITE.
b) FDR.
c) Feedback.
d) Transponder.
530
4 O ELT tem a sua inspeção programada a cada _______ ou _______.
a) 3 meses – 100h.
b) 12 meses – 100h.
c) 12 meses – 300h.
d) 24 meses – 300h.
5 Com relação ao ELT, são feitas as seguintes afirmações:
I – Seu teste funcional é realizado sempre nos primeiros cinco minutos da
hora cheia.
II – Transmite um sinal sonoro na frequência de 121,50 MHz somente quando a
aeronave se encontra no solo.
III – Durante o seu teste funcional, não permite que funcione por mais de 12
segundos quando acionado pelo interruptor da cabine.
Das afirmações feitas, utilizando os dados acima, estão corretas apenas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I, II e III.
2 Em qual das situações abaixo descritas não haverá necessidade de se efetuar uma
inspeção especial?
a) Fogo no motor.
b) Turbulência severa.
c) Impacto de um raio.
d) Pouso com pista molhada.
3 Com relação a uma aeronave atingida por um raio, das alternativas abaixo, são
considerados efeitos diretos, exceto:
a) Campos eletromagnéticos.
b) Aquecimento resistivo.
c) Força magnetizante.
d) Corrosão.
531
4 Assinalar a alternativa incorreta:
a) Onda de choque acústica é um efeito direto nas aeronaves atingidas por raio.
b) Após a aeronave realizar um pouso forçado, o motor deverá ser substituído.
c) Uma aeronave que foi submetida a fogo ou a calor intenso terá de sofrer
inspeção especial.
d) Um raio que venha a atingir uma aeronave sempre o faz em dois pontos ou mais, ao
menos um de entrada e um de saída.
5
Completar a afirmação:
Uma inspeção especial deve ser realizada depois de um voo por uma __________.
a) Cordilheira.
b) Turbulência.
c) Turbulência severa.
d) Zona de baixa pressão.
2 Qual tipo de ensaio não destrutivo não pode ser utilizado em peças porosas?
a) Raio-X.
b) Ultrassom.
c) Líquido penetrante.
d) Partícula magnética.
532
4 Qual tipo de ensaio não destrutivo pode detectar falhas profundas?
a) Partículas magnéticas.
b) Líquidos penetrantes.
c) Eddy current.
d) Ultrassom.
Unidade 3
Laboratório de eletrônica
2 De acordo com as regras de segurança do trabalho, qual EPI deve ser utilizado pelo
técnico de manutenção ao realizar uma solda eletrônica?
a) Luva.
b) Óculos.
c) Capacete.
d) Calçados de segurança.
533
3 Qual das opções abaixo não pode ser considerada um fator ambiental de um acidente
do trabalho?
a) Excesso de ruído.
b) Excesso de iluminação.
c) Falta de proteção em determinadas partes móveis dos equipamentos.
d) Falta de limpeza no ambiente de trabalho.
4 De acordo com o material didático, qual efeito pode causar um choque elétrico com
intensidade de corrente entre 20 e 100 mA?
a) Parada respiratória.
b) Parada cardíaca.
c) Queimaduras graves.
d) Dor e contração muscular.
5 Assinalar o tipo de choque elétrico causado pelo contato da pessoa com um circuito
energizado:
a) Choque estático.
b) Choque dinâmico.
c) Choque térmico.
d) Choque atmosférico.
a) 5 μF.
b) 50 μF
c) 500 μF.
d) 5.000 μF.
534
3 Qual escala do multímetro tem-se de utilizar para fazer teste em diodos?
a) Resistência.
b) Capacitância.
c) Indutância.
d) Tensão.
a) Baixa resistência.
b) Alta resistência.
c) Tensão de 0,7 V.
d) 0,1 ohm de resistência.
5 A área metálica externa de um transistor está ligada a qual dos seus terminais?
a) Base.
b) Coletor.
c) Emissor.
d) Base e emissor.
3 Qual antena é utilizada pelo sistema que guia o avião em um pouso por instrumento?
535
4 Qual dos sistemas abaixo é utilizado para a comunicação entre piloto e torre
de controle?
a) Sistema VHF.
b) Sistema VOR.
c) Sistema ILS.
d) Sistema ELT.
Unidade 4
Laboratório de instrumentos
536
4 Qual a vantagem do instrumento fixo por braçadeira?
a) É possível remover o instrumento sem remover o painel.
b) Apresenta maior compatibilidade com os instrumentos.
c) Apresenta melhor segurança na fixação.
d) A braçadeira está do lado de fora do painel, facilitando sua visualização.
5 Quando se remove um instrumento, o que deve ser feito para evitar danos por
energia estática?
a) Usar ferramentas de plástico.
b) Usar pulseiras antiestáticas.
c) Realizar o serviço com calçado de sola metálica.
d) Essa operação não requer nenhum cuidado específico.
3 “Esse sistema constitui de um tubo em espiral dentro do instrumento com uma ex-
tremidade lacrada e outra aberta”, essa afirmação faz referência a(o):
a) Diafragma.
b) Cápsula aneroide.
c) Termopar.
d) Tubo de Bourdon.
537
5 Quais são os tipos de tacômetro?
a) Mecânico, analógico e digital.
b) Mecânico, elétrico e eletrônico.
c) Analógico, elétrico e digital.
d) Mecânico, elétrico e digital.
3
Qual instrumento fornece todas as informações que uma estação VOR
pode oferecer?
a) RMI.
b) Horizonte artificial.
c) Bússola magnética.
d) HSI.
538
Capítulo 4 - Instrumentos diversos
1 Quais informações não podem ser oferecidas por um relógio digital?
a) Hora local.
b) Hora mundial.
c) Mudança automática quando cruzando fusos horários.
d) Tempo de voo.
539
Unidade 5
Prática de oficina I
5 Os tipos de corrosão se dão pela natureza do processo corrosivo sobre a peça, sendo,
basicamente, divididos em:
a) Químico e elétrico.
b) Químico e eletroquímico.
c) Biológico e elétrico.
d) Químico e bioquímico.
540
Capítulo 2 - Procedimentos de segurança nas oficinas
1 Um incêndio iniciado por líquido inflamável se enquadra na classe:
a) A.
b) C.
c) B.
d) D.
541
Unidade 6
Prática de oficina II
3 Com relação à bitola dos fios, qual alternativa apresenta um fio de maior diâmetro?
a) Fio de bitola 1.
b) Fio de bitola 8.
c) Fio de bitola 36.
d) Fio de bitola 40.
4 Para um fio com identificação E15A18, qual caractere indica a bitola do fio?
a) Caractere E.
b) Caractere 15.
c) Caractere A.
d) Caractere 18.
542
Capítulo 2 - Manutenção em sistemas elétricos
1 Das ferramentas descritas a seguir, qual é utilizada para instalação de braçadeiras
em cablagens?
a) Pistola de aquecimento.
b) Pistola termorrestringente.
c) Pistola para braçadeira.
d) Alicate para braçadeira.
543
Capítulo 3 - Fontes de energia elétrica – descrição e operação
1 Qual a fonte principal de energia elétrica de uma aeronave?
a) Bateria.
b) Gerador.
c) Inversor.
d) Fonte externa.
544
2 Como são acionados os disjuntores?
a) Somente automaticamente.
b) Somente manualmente.
c) Automaticamente ou manualmente.
d) Hidraulicamente.
Unidade 7
Procedimentos de pista
545
2 Qual das assertivas abaixo consiste no procedimento de manutenção de componente
aviônico no qual a unidade ou o instrumento é retirado da aeronave, inspecionado,
reparado e calibrado em bancada de testes, conforme requerido:
a) Inspeção visual.
b) Teste em banco de ensaios.
c) Teste funcional.
d) Cheque operacional.
4 Qual das opções abaixo não é um equipamento de segurança utilizado pelos técnicos
para proteger os circuitos eletrônicos contra descargas eletrostáticas, durante a
manipulação desses circuitos?
a) Botas.
b) Avental antiestático.
c) Pulseira de aterramento.
d) Calcanheira antiestática.
546
2 Durante a inspeção das antenas, são verificadas as seguintes condições, exceto:
4 A inspeção externa das aeronaves equipadas com radar meteorológico inclui uma
verificação visual do radome quanto aos seguintes aspectos, exceto:
547
2 Os testes de ELT são realizados durante os primeiros ___ minutos de qualquer hora.
a) Cinco.
b) Dois.
c) Trinta.
d) Dez.
3 Durante a inspeção do gravador de dados de voo, consideram-se as seguintes
condições para a substituição da fita de gravação, exceto:
a) Quando a fita estiver danificada.
b) Quando a fita estiver em utilização por dois anos ininterruptos.
c) Após uma aterragem forte ou severa turbulência do ar.
d) Quando constar menos de 20 horas restantes no indicador de tempo restante da fita.
548
3 Qual tipo de teste é realizado no sistema pitot-estático sempre que uma conexão for
afrouxada ou um instrumento do sistema substituído?
a) Teste operacional.
b) Teste de vazamento.
c) Inspeção geral do sistema.
d) Inspeção visual.
4 A vida de um instrumento giroscópio movido a ar é determinada, em grande medida,
por que tipo de procedimento?
a) Pela lubrificação periódica da bomba de vácuo seca.
b) Pela substituição anual dos filtros do sistema.
c) Pela limpeza do ar que flui através do rotor.
d) Pela limpeza da válvula de retenção do sistema.
5 Qual das assertivas abaixo indica um procedimento verificado durante o teste de
vazamento do sistema pitot?
a) Conter as mangueiras de pressão para não chicotearem devido à pressão aplicada.
b) Reparar as mangueiras rachadas ou endurecidas.
c) Aplicar sucção nas linhas de pitot.
d) Verificar se há vazamento no sistema, na eventualidade de a leitura do indicador de
velocidade aumentar.
2 São tipos de fonte de força utilizados para a partida de motores turboélice, exceto:
a) Unidade auxiliar de energia (APU).
b) Fonte externa de pressão hidráulica.
c) Compressor de turbina a gás (GTC).
d) Fonte externa de energia elétrica.
549
4 Qual das opções a seguir apresenta um cuidado a ser observado antes da partida do
motor do avião para fins de manutenção?
a) Apoio das carenagens desmontadas no solo, ao lado da aeronave, sendo mantidas nessa
posição durante a partida do motor.
b) Durante a partida, a pessoa equipada com extintor, deve ficar próxima do motor a ser
girado, para iniciar o combate ao princípio de incêndio, caso ocorra.
c) A aeronave tem de estar com os bloqueios instalados na parte dianteira e traseira das
rodas do trem de pouso.
d) A área onde se realiza a partida dos motores precisa estar livre para a circulação de
pessoas não envolvidas com a operação.
550
3 Por que a área da entrada de ar dos motores a turbina é considerada perigosa?
a) Porque a operação do motor provoca uma área de baixa pressão na região da entrada
de ar, o que propicia a sucção de objetos localizados a uma certa distância de sua área
frontal.
b) Porque o motor expele gases de escapamento em altíssimas temperaturas nessa região.
c) Porque os componentes internos do motor podem se desprender e atingir quem esti-
ver na parte frontal dele.
d) Porque o calor interno do motor pode provocar queimaduras em quem estiver próxi-
mo à entrada de ar dele.
4 São ações que visam a evitar a presença de FOD na área operacional, exceto:
a) Realização periódica de operações cata-FOD na área operacional.
b) Conferências das ferramentas após as atividades de manutenção.
c) Descarte adequado dos restos de manutenção em recipientes próprios.
d) Os restos de manutenção podem ser jogados no chão desde que sejam recolhidos ao
final dos serviços de manutenção.
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação
551
3 Um dos inventores abaixo é considerado o pai da telegrafia sem fio:
a) Thomas Edison.
b) Samuel Morse.
c) Lee de Forest.
d) Guglielmo Marconi.
4 Teve origem em março de 1901 com a criação e a utilização de aparelhos com
montagem simples:
a) Telegrafia.
b) Válvula audion.
c) Código Morse.
d) Telefone.
5 Em 1876, este dispositivo foi inventado por Alexandre Bell:
a) Osciloscópio.
b) Telefone.
c) Telégrafo.
d) Antena.
552
5 A propriedade em que o som se desvia do obstáculo é:
a) Refração.
b) Difração.
c) Reflexão.
d) Nenhuma das alternativas.
553
Capítulo 4 - Sistema de intercomunicação e de alarme
1 Um sistema de interfone instalado em aeronaves serve para:
a) Comunicação interna dos tripulantes.
b) Comunicação entre os pilotos e passageiros.
c) Comunicação dos pilotos e equipes de sol.
d) Todas acima estão corretas.
554
2 A faixa de frequência de comunicação do VHF está compreendida de:
a) 108 a 136,975 MHz.
b) 118 a 136,975 MHz.
c) 108 a 117,975 MHz.
d) 117,955 a 118,000 MHz.
3 Sistema de comunicação que integra um acoplador de antena é:
a) VHF.
b) ADF.
c) VOR.
d) HF.
4 Tem a função de casar as impedâncias da antena e do transceptor no sistema de HF:
a) Acoplador de antena.
b) Transceptor.
c) Receptor.
d) Painel de controle.
5 Antenas empregadas em sistemas de comunicação são do tipo:
a) Transmissora.
b) Transceptora.
c) Receptora.
d) Multitransmissora.
555
4 O ELT poderá ser acionado automaticamente se:
a) Sofrer impacto de uma força de 5 a 7g.
b) Acionar o botão para a posição ligado.
c) Acionar o botão para a posição armado.
d) A aeronave for energizada.
556
5 O SELCAL é largamente empregado no sistema de comunicação:
a) VHF.
b) ADF.
c) VOR.
d) HF.
557
Capítulo 9 - Automatic direction finder (ADF)
1 Diz-se do método de navegação aérea por meio de recepção de ondas de rádio:
a) Sistema de navegação doppler.
b) Regras de voo visual.
c) Voo por instrumentos.
d) Radiogoniometria.
558
2 Como é determinada a radial do VOR?
a) Pelo ângulo medido entre o norte magnético e o avião com relação a uma estação de VOR.
b) É o ângulo correspondente à declinação da aeronave.
c) A radial do VOR é a mesma em relação ao sul magnético.
d) Pelo ângulo da aeronave com a estação do VOR.
3 As indicações do sistema de ADF e VOR são apresentadas no:
a) RMI.
b) ADI.
c) Bússola chinesa.
d) Painel de controle do VOR.
4 Quantas radiais existem para se chegar a uma estação de VOR:
a) 180.
b) 360.
c) Apenas uma.
d) 90.
5 São considerados radiogoniômetros:
a) ADF e VOR.
b) RMI.
c) HSI e VOR.
d) Nenhuma das alternativas.
559
4 O lóbulo inferior da transmissão do glide slope corresponde a um tom de:
a) 50 Hz.
b) 150 Hz.
c) 90 Hz.
d) 130 Hz.
5 O marcador que acende na cor azul como indicação é:
a) Marcador externo OM.
b) Marcador interno IM.
c) Marcador médio MM.
d) Nenhuma das alternativas.
560
Capítulo 13 - Equipamentos e instrumentos modernos de
navegação em aeronaves
1 A sigla EFIS se refere a:
a) Sistema de comunicação.
b) Instrumentos eletrônicos de voo.
c) Sistema de navegação.
d) Indicadores analógicos.
561
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves
Capítulo 1 - Fiação
1 Qual cabo é formado por dois ou mais condutores isolados e cobertos com uma
malha metálica para blindagem?
a) Cabo childrado.
b) Cabo elétrico.
c) Fio condutor.
d) Cabo ótico.
4 Um conector elétrico é composto de duas partes. Geralmente, qual parte fica fixada
em parede ou anteparo?
a) Guia.
b) Plugue.
c) Ranhura.
d) Receptáculo.
562
Capítulo 2 - Distribuição de força
1 O circuito da bateria fornece que tipo de corrente?
a) Corrente contínua.
b) Corrente alternada.
c) Corrente pulsativa.
d) Corrente modulada.
Capítulo 3 - Baterias
1 Qual fonte de uma aeronave se constitui uma fonte reserva de energia?
a) Bateria.
b) Gerador.
c) Inversor.
d) Fonte externa.
563
2 Em relação às células secundárias e primárias, assinalar a alternativa incorreta:
a) As células secundárias são recarregáveis.
b) As células primárias não são recarregáveis.
c) A bateria chumbo-ácida é composta de células primárias.
d) A bateria níquel-cadmio é composta de células secundárias.
4 Para que uma bateria seja aceitável, qual deve ser a relação capacidade real versus
capacidade nominal?
a) 70%.
b) 80%.
c) 90%.
d) 100%.
2 Das alternativas a seguir, qual proteção não pode ser resetada, devendo o dispositivo
ser substituído?
a) RCCB.
b) Relé.
c) Fusível.
d) Disjuntor.
564
3 Marcar a alternativa cujo interruptor permite ligar um circuito a outro de
dois possíveis:
a) Um polo e uma posição.
b) Um polo e duas posições.
c) Dois polos e uma posição.
d) Dois polos e duas posições.
565
4 Onde está localizada a luz de posição verde?
a) Na asa direita.
b) Na asa esquerda.
c) No cone de cauda.
d) No estabilizador vertical.
Capítulo 6 - Software
1 Assinalar a alternativa correta relacionada aos softwares de aeronaves:
a) O nível de maior risco de softwares é o nível (E).
b) O nível (C) tem resultados catastróficos para a aeronave.
c) O software tem a função de separar sistemas.
d) A interligação e a integração entre os sistemas da aeronave acontecem por meio
do software.
566
5 Quanto aos códigos executáveis, pode-se afirmar que:
a) Neles, somente os dados sofrem atualização.
b) Neles, somente os códigos executáveis são atualizados.
c) Os códigos executáveis são programas efetivados pelos computadores da aeronave.
d) Atualizações devem ser feitas somente nos dados.
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição
de motores
567
4 Não é tipo de arranque de inércia:
a) Arranque elétrico de inércia.
b) Arranque pneumático
c) Arranques de inércia combinado manual e elétrico.
d) Arranque manual de inércia.
568
3 Qual é a função do arranque gerador em uma aeronave?
a) Funcionar apenas como um motor elétrico para dar partida no motor da aeronave.
b) Funcionar como fonte elétrica durante a partida e, após a partida do motor, servir
como fonte hidráulica à aeronave.
c) Funcionar como fonte de ignição para centelhar os ignitores.
d) Funcionar como um motor elétrico durante a partida e, após a partida do motor, servir
como um gerador de energia elétrica à aeronave.
2 No sistema de ignição por magneto, qual componente é responsável por gerar a alta
tensão enviada para as velas?
a) O distribuidor.
b) O magneto.
c) A bateria.
d) A vela de ignição.
569
3 Qual dos componentes não é parte do magneto de alta tensão?
a) A bobina primária e a secundária.
b) O distribuidor.
c) O platinado.
d) A vela de ignição.
5 No sistema de ignição, para que haja faísca, é necessário que uma alta tensão seja
desenvolvida. Essa tensão de ignição pode ser produzida de dois modos diferentes.
De acordo com a fonte de fornecimento de energia, o sistema de ignição utilizado
em motores convencionais pode ser classificado em:
a) Ignição mecânica e ignição por indução.
b) Ignição elétrica e ignição pneumática.
c) Ignição capacitiva e ignição por bateria.
d) Ignição por bateria e ignição por magneto.
570
4 Qual das alternativas abaixo não é correta para o sistema de ignição de motores
a reação?
a) Os ignitores são energizados com alta tensão, que é elevada na unidade excitadora.
b) Os cabos de ignição são blindados devido à alta tensão de operação do sistema.
c) O sistema de ignição é duplo para dar segurança na sua operacionalidade.
d) Os sistemas de partida e de ignição operam simultaneamente durante a partida e são
dependentes um do outro.
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da
chuva e do gelo e contra o fogo
571
3 Como se dá o teste do sistema de detecção de fumaça fotoelétrico?
a) O botão de teste apagará a lâmpada no interior do detector de fumaça.
b) O botão de teste injetará fumaça no interior do detector, simulando um princípio
de fogo.
c) Ele não fornece um sistema de teste.
d) O botão de teste atuará em uma lâmpada dentro do detector ligada em série a outra
lâmpada, causando diminuição da luminosidade em seu interior.
3 Os limpadores de para-brisa não têm boa eficiência em chuvas fortes, por esse moti-
vo algumas aeronaves incorporam um sistema pneumático que basicamente:
a) Sopra as gotas de água.
b) Faz as gotas evaporarem.
c) A unidade controladora envia o óleo para os atuadores.
d) Cria uma película de ar sob o para-brisa, agindo como uma barreira protetora.
572
4 Outros métodos de proteção contra a chuva são:
a) Repelente químico e revestimento hidrofóbico.
b) Remoção manual.
c) Limpador a vácuo.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.
5 O manual de operação da aeronave define as limitações dos limpadores de para-
brisa, no caso de uma aeronave turboélice bimotora de médio porte, seu manual
define um limite máximo de velocidade de:
a) 110 nós de Vi.
b) 130 nós de Vi.
c) 110 nós de velocidade de solo.
d) 130 nós de velocidade de solo.
573
5 Uma aeronave que utiliza um sistema de detecção de gelo é a turboélice bimotora de
médio porte, nela um sensor envia sinal de aviso à tripulação quando a camada de
gelo chega a:
a) 0,5 cm.
b) 0,5 mm.
c) 5 cm.
d) 5 mm.
574
Glossário
Unidade 1
Análise de circuito
Analisador de espectro - Instrumento de medida elétrico que permite discriminar sinais
de frequências diferentes que compõem um sinal mais complexo, além de determinar a
amplitude de cada frequência.
Capacitor eletrolítico - Capacitor cujo dielétrico (material isolante) é formado por uma
solução eletrolítica (solução química que reage com um metal); é um capacitor com pola-
ridade.
Ceifador - Circuito que determina um ponto de corte em que, se a tensão de entrada (ou
tensão aplicada) estiver acima ou abaixo desse valor, ele será cortado; também chamado de
limitador de tensão.
Diagrama-bloco - Representação gráfica que mostra o inter-relacionamento dos circuitos
ou estágios que integram um sistema mais complexo.
Divisor de tensão - Circuito eletrônico formado, basicamente, por dois ou mais resistores em
série cuja finalidade é dividir uma tensão em valores menores e proporcionais aos resistores.
Esquema elétrico - Representação gráfica das ligações de todos os componentes elétricos e
eletrônicos de um circuito por meio de símbolos.
Fonte retificadora - Circuito eletrônico cuja finalidade é converter uma tensão alternada
senoidal em tensão contínua.
Manual de serviço - Manual que contém as instruções de instalação, operação e outras
informações de um equipamento.
Multímetro - Dispositivo que reúne vários instrumentos de medida elétrica em um único
instrumento.
Oscilador - Circuito eletrônico que gera uma tensão alternada com frequência, amplitude
e forma de onda definidas de acordo com configurações de projeto.
Osciloscópio - Instrumento de medida elétrico que permite visualizar a variação da tensão
elétrica em função do tempo (forma de onda), além de medir a frequência e a amplitude
desta tensão.
Ponte retificadora - Dispositivo eletrônico de quatro terminais composto de quatro diodos
dispostos e conectados de tal forma a fornecer uma tensão contínua pulsativa (retificada)
após a aplicação de uma tensão alternada senoidal.
575
Solda fria - Solda que não aderiu adequadamente nos pontos de contato elétrico durante o
processo de soldagem, causando mau contato e, consequentemente, mau funcionamento
do circuito, em geral de natureza intermitente.
Valor nominal - Valor de tensão, corrente ou outra grandeza indicado no corpo do equipa-
mento, ou seja, valor de trabalho (de operação). Quando ligado, espera-se que a tensão na
saída seja igual ao indicado.
Unidade 2
Inspeção de aeronaves
Austenítico - Famílias normativas 301, 304, 304 L, 306 e 306 L, possuem de 17% a 25%
de cromo e de 7% a 20% de níquel, ou núcleo inox. Possuem alta ductilidade e soldabilida-
de e caracterizam o tipo de aço inox mais empregado por ter melhor resistência à corrosão,
principalmente se adicionados elementos como o molibdênio, ou se tiver reduzido o seu
teor de carbono.
Cablagem - Sistema de cabeamento.
Chaveta - Peça de um mecanismo que serve de trava para outra peça.
Checklist - Junção das palavras inglesas check (verificar) e list (lista). Instrumento de contro-
le composto de um conjunto de condutas, nomes, itens ou tarefas que devem ser lembradas
e/ou seguidas.
Cordoalha - Fabricada em aço com arames mais densos e menos fios, destina-se a evitar
danos nos componentes elétricos e choque elétrico, que pode ocorrer a partir de tensões de
transientes e contato com os sistemas de tensão.
Corrente de Foucault - Nome dado em homenagem a Jean Bernard Léon Foucault, estu-
dioso desse efeito, à corrente induzida em um material condutor, relativamente grande,
quando sujeito a um fluxo magnético variável.
Delaminação - Processo de separação física do metal e do plástico por meio de uma onda
de choque; separação parcial ou total das camadas de um laminado.
Descontinuidade - Interrupção da continuidade.
END - Sigla para ensaio não destrutivo.
Fissuras - Pequena abertura longitudinal; fenda, rachadura, sulco.
Glass cockpit - Termo usado para a nova tecnologia adotada em cabines de comando de
aeronaves, quando ela possui vários displays, ou indicadores, de instrumentos eletrônicos
com tela de cristal líquido, ou liquid cristal display (LCD).
Homens/hora - Medida calculada segundo a capacidade de trabalho de um indivíduo no
espaço de uma hora.
Line replaceable unit (LRU) - Em português, unidade substituível em linha de revisão.
576
Componente modular na aeronave projetado para ser substituído rapidamente em um
local de operação.
Molhagem (solda) - Formação de uma camada intermediária entre a solda e o cobre, que
ocorre quando ela se funde, se dissolve e penetra na superfície do cobre.
Radioisótopos - Caracterizado por apresentar um núcleo atômico instável que emite ener-
gia quando se transforma em um isótopo mais estável. Tal energia pode ser chamada de
partícula alfa, beta ou radiação gama, é detectada por um contador Geiger ou por uma
película fotográfica.
Raio-X - Emissão eletromagnética que tem comprimento de onda compreendido entre um
nanômetro (nm) a cinco picômetro (pm).
Squelch - Tem a finalidade de manter o receptor em estado de silêncio até que um sinal mais
forte que o programado seja captado, liberando, assim, um som no alto-falante, de acordo
com o nível do volume. É conhecido como circuito abafador de ruídos.
Transdutor - Sistema ou dispositivo capaz de transformar uma forma de energia em outra.
Trinca - Qualquer abertura estreita; fresta, rachadura.
Unidade 3
Laboratório de eletrônica
Aterramento - O aterramento de uma instalação elétrica ou equipamento eletrônico é
utilizado como referência de medidas e possui valor de zero volt. Qualquer perturbação cau-
sada por descargas eletrostáticas ou ruídos é desviada para o aterramento, também chamado
de Terra.
Cablagem - Conjunto de fios trançados ou blindados que levam os sinais elétricos ou de
radiofrequência entre os diversos equipamentos eletroeletrônicos presentes dentro do avião.
CLT - A Consolidação das Leis do Trabalho surgiu pelo decreto lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943. Essa lei regulamenta as relações coletivas e individuais do trabalho, de modo a
garantir os direitos dos trabalhadores.
Encapsulamento - Termo utilizado para indicar a carcaça externa dos componentes
eletrônicos, como transistores e circuitos integrados (CI), responsável por dar resistência
mecânica e proporcionar a dissipação de calor.
EPI - Equipamento de proteção individual; qualquer dispositivo utilizado pelo trabalhador
para sua proteção contra acidentes capazes de ameaçar sua segurança e saúde.
Estática - A eletricidade estática é causada por um desbalanceamento na quantidade
de elétrons de um determinado material, gerando uma carga nele. Essa carga pode se
descarregar para outro material ou corpo por meio da descarga estática.
577
Federal Aviation Administration (FAA) - Órgão governamental dos Estados Unidos da
América (EUA) existente desde 1958. Responsável pelas regulamentações referentes
à aviação civil e militar, proporciona padronização nas diversas áreas envolvidas
com voos.
Glide slope - Sistema utilizado pelo piloto para realizar pouso por meio de instrumentos.
É formado por um transmissor instalado próximo da pista que fornece o correto ângulo
para pouso do avião.
Interferência - São causadas por sinais eletromagnéticos que podem atrapalhar o funciona-
mento do equipamento ou sistema aviônicos presentes no avião.
Isolamento - Materiais que possuem características de isolante elétrico, também conheci-
dos como dielétricos. Como materiais dielétricos, as cargas elétricas formadas pelo movi-
mento dos elétrons livres não conseguem se movimentar livremente.
Multímetro - Equipamento de medida utilizado para realizar a maioria dos testes de com-
ponentes eletrônicos, medidas de tensão, corrente e resistência. Analógico ou digital, al-
guns modelos podem medir frequência, capacitância e indutância.
NDB - Do inglês non-directional beacon. Sistema de radiofarol não direcional que tem por
função servir como indicador de direção para o piloto, mostrando a posição da estação
transmissora do NDB.
NR - As Normas Reguladoras precisam ser seguidas por todos os órgãos públicos da
administração direta e indireta e empresas privadas e públicas que sejam regidas pela CLT.
As normas tratam sobre assuntos relativos à segurança e à medicina do trabalho.
Omni-directional - Termo atribuído a antenas que transmitem o sinal de radiofrequência
para todas as direções do espaço.
Solda eletrônica - A solda eletrônica é uma liga metálica formada por uma mistura de esta-
nho (Sn) e chumbo (Pb). Dependendo da porcentagem de cada componente, é necessária
uma temperatura diferente do ferro de solda para a sua fusão, sendo o tipo mais comum a
solda de 60% de Sn e 40% Pb.
Unidade 4
Laboratório de instrumentos
ADF - Auxílio à navegação por instrumento, que envia um sinal AM para a aeronave,
informando sua posição.
Ângulo de ataque - Ângulo formado pela corda da asa e o vento relativo.
Arfagem - Movimento que a aeronave realiza em relação a seu eixo lateral, ou seja, subida
e descida.
CG - Centro de gravidade da aeronave, ponto onde, teoricamente, se apoiado, a aeronave
fica em equilíbrio.
578
Choque mecânico - Variação súbita da força, posição, velocidade ou aceleração;
pancada, batida.
Coxins - Peça fabricada de aço e borracha para absorver vibrações.
Elemento estranho - Qualquer partícula que não faz parte do sistema; sujeira ou qualquer
partícula flutuando no líquido, impedindo a visualização das indicações da bússola.
Estol - Momento em que a aeronave perde sua sustentação, deixando de voar e começando
a cair.
Ferromagnética - Matérias ou substâncias que, ao serem colocadas na presença de um cam-
po magnético, imantam-se fortemente.
Força centrípeta - Força resultante que puxa um corpo para o centro da trajetória durante
um movimento curvilíneo ou circular.
Força eletromotriz - Propriedade que qualquer dispositivo tem de produzir corrente elétrica
em um circuito.
Glide slope - Instrumento que fornece a informação do ILS referente à rampa ideal.
ILS - Auxílio usado para pouso; fornece indicação do eixo da pista e da rampa ideal
de descida.
Imantar - Conferir a (metal) propriedades magnéticas; imanar, imanizar, magnetizar.
Invólucros especiais - Aquilo que serve para cobrir, envolver; no caso dos especiais,
fornece uma proteção específica como contra eletricidade estática, pancadas ou água.
Manche - Comando que, movido para frente e para trás, controla o movimento vertical da
aeronave; quando movimentado para os lados, move a rolagem.
Potenciômetro - Elemento elétrico de resistência variável.
Rolagem - Movimento que a aeronave realiza em seu eixo longitudinal, ou seja, de abaixar
ou subir as asas.
Rotação concêntrica - Rotação sobre seu próprio centro.
Velocidade de solo - Velocidade que a aeronave desenvolve em relação ao solo.
VOR - Auxílio à navegação que, além de informar sua posição, avisa sua radial.
Unidade 5
Prática de oficina I
Aço-carbono - Liga metálica resultante da combinação de ferro e carbono.
Aço-ferramenta - Aço especial utilizado para confecção de ferramentas de elevada dureza e
resistência à abrasão.
Aço inoxidável - Liga de ferro e cromo que confere resistência à corrosão.
579
Aço rápido - Tipo especial de aço-ferramenta utilizado na confecção de brocas,
fresas, machos.
Cavaco - Pedaços de material removidos da peça no processo de usinagem.
Desandador - Porta-ferramenta utilizado para prover movimento giratório a machos e alar-
gadores, por exemplo.
Ductilidade - Propriedade que define o nível de deformação que um material suporta até
sua fratura.
Faceamento - Operação de usinagem que consiste em usinar a face do material.
Metal duro - Liga de carboneto de tungstênio, produzida pela metalurgia do pó, usada na
confecção de ferramentas de melhor qualidade.
Rebarbas - Resto de material acumulado nas quinas da peça antes do acabamento.
Retificadas - Correção de irregularidades de superfície da peça.
Sistema inglês - Sistema utilizado nos países anglo-saxões, tendo como unidades a
polegada, o pé, a milha, entre outros.
Sistema métrico - Sistema de medição internacional decimalizado adotado no Brasil, tem
como unidade o metro.
Sulcos - Depressão linear na peça, ruga.
Torno - Máquina-ferramenta provida de um eixo horizontal rotativo.
Usinabilidade - Facilidade que um material tem de ser usinado sem perder
suas propriedades.
Verificador de rosca - Instrumento de medição indireta, utilizado para verificar o tipo
de rosca.
Unidade 6
Prática de oficina II
Bordo de fuga - Extremidade traseira do aerofólio, que consiste em uma superfície
aerodinâmica.
Cablagem - Aglomerado de fios para levar várias informações ou energia elétrica ao mesmo
ponto ou a pontos próximos.
Dúctil - Pode ser estirado ou comprimido sem quebrar, isto é, manejável.
Entreterimento - Sistema formado pelas telas para transmissão de filmes, vídeos e demais
informações de voo aos passageiros, como velocidade, altitude, localização da aeronave, etc.
Estanhagem - Colocação de uma camada de estanho sobre o condutor.
Galley - Considerada a cozinha da aeronave.
580
Loop - Aro ou anel do circuito elétrico.
Pictorial - Representação em desenho.
Unidade 7
Procedimentos de pista
Calcanheira antiestática - Também conhecida como tornozeleira antiestática, ela é um
equipamento de segurança usado preso ao calçado com vistas a eliminar para o chão a
energia estática acumulada pelo corpo do operador.
Cata-FOD - Procedimento em que todo o pessoal que trabalha na área operacional se
posiciona lado a lado para percorrer a área operacional recolhendo os possíveis objetos que
estejam no local e que podem se tornar FOD.
Heteródino - Processo pelo qual se misturam duas frequências (uma recebida pela antena e
outra produzida pelo oscilador) para se obter uma terceira, diferente das duas anteriores, e
originar o fenômeno de batimento.
Oscilador de frequência - É um dispositivo eletrônico que mistura frequências para conver-
ter um sinal recebido em uma frequência fixa, que pode ser mais convenientemente proces-
sada do que a frequência de rádio portadora original. Praticamente todos os receptores de
rádio modernos usam esse o princípio.
Radome - Gabinete estrutural, à prova de intempéries, que protege a antena do radar. É
construído de material que atenua minimamente o sinal eletromagnético transmitido ou
recebido pela antena. É transparente para as ondas de radar ou de rádio.
Reflectômetro - Instrumento óptico utilizado para medir a intensidade da luz, por meio de
uma solução ou um objeto, em função do comprimento de onda da luz.
Restos de manutenção - São materiais retirados da aeronave durante as atividades de ma-
nutenção, por não terem condições de uso ou por serem de substituição obrigatória. São
substituídos e descartados.
RBHA - Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica. O RBHA era utilizado
anteriormente à criação da ANAC, pelo extinto Departamento de Aviação Civil (DAC).
Atualmente, a ANAC utiliza, em seu lugar, o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil.
Sistema esférico de coordenadas - Sistema de referenciamento que permite a localização de
um ponto qualquer em um espaço de formato esférico, por meio de um conjunto de três
valores, chamados de coordenadas esféricas.
Sistemas hiperbólicos - Sistema que utiliza o método baseado na medida da diferença de
distâncias a determinados pontos (estações do sistema) para obtenção das linhas de posição,
que definem a localização da aeronave.
TACAN - Sistema de navegação que fornece ao usuário o rumo e a distância (inclinada)
em relação ao terreno ou a uma estação de transmissão. É uma versão mais precisa que o
sistema VOR / DME.
Wattímetro - Instrumento que permite medir a potência elétrica fornecida ou dissipada por
um equipamento eletroeletrônico.
581
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação
Aeródromo - Pista de pouso ou qualquer estrutura para aterrisagem.
Aerovia - Rota regular de aviões.
Âmbar - Cor com tonalidades de amarelo e cor de mel.
Amplificador - Aparelho que aumenta a potência de uma oscilação elétrica.
Amplitude - Relativo à onda, se refere à distância entre os picos da ondulação.
Anemométrico - Relativo a vento; dados de ar.
Angstrom - Unidade de medida utilizada na física (1 Å = 10-10 m).
Ânions - Íons com carga negativa.
Aproar - Levar a proa de (embarcação) para (algum rumo); fazer proa, emproar, proar,
apontar, direcionar para um rumo.
Arfagem - Relativo ao movimento em torno do eixo lateral do avião.
Arremetida - Desistir do pouso.
Astrolábio - Instrumento de navegação náutica antigo.
ATA 100 - Refere-se aos capítulos padronizados dos manuais técnicos de 1 a 100.
Atitude - Movimento da aeronave em torno dos eixos longitudinal e lateral.
Aviônico - Eletrônica e instrumentação aeronáutica.
Barômetro - Medidor de pressão atmosférica.
Bobina - Enrolamento de fios, ligados a uma corrente, que gera um campo eletromagné-
tico.
Campo elétrico - Campo de força provocado pela ação de cargas elétricas.
Cátion - Íons com carga positiva.
Cablagem - Conjunto de fios presos amarrados; chicote.
Climb - Indicador de velocidade vertical do avião.
Código morse - Representação de letras, números e sinais de pontuação por meio de um
sinal codificado enviado intermitentemente; desenvolvido por Samuel Morse, criador do
telégrafo.
Colapso - Esgotamento, falência, vir abaixo.
Comutação - Transformação de sinais elétricos.
Concêntrico - Círculos sobrepostos e que têm o mesmo centro.
Cone de cauda - Cone traseiro do avião, final da calda.
Desvanecimento - Instabilidade das comunicações pela diferença de dois sinais de onda.
582
Distance measure equipment (DME) - Significa equipamento medidor de distância para a
estação de VOR; informa a distância do avião até a estação de VOR sintonizada.
Difração - Fenômeno que acontece quando uma onda encontra um obstáculo.
Dorso - Parte superior da fuselagem da aeronave.
Eletromagnética - Eletromagnetismo; tipo de energia que é irradiada e cria campos elétri-
cos e magnéticos.
Empenagem - Estabilizador vertical e horizontal na calda do avião.
Espectro - Intervalo completo de todas as possíveis frequências da radiação eletromagné-
tica.
Estabilizador - Empenagem vertical e horizontal (leme e profundores) do avião.
Estática - Ruído nos aparelhos de rádio provocado pela eletricidade atmosférica.
Excitação elétrica - Transmissão de elétrons; alimentação elétrica.
Fraseologia - Tipo de linguagem específica.
Frequência - É uma grandeza física que indica o número de ciclos ou ocorrências de um
evento; em eletricidade, se refere ao ciclo de uma onda.
Garrafa de Leyden - Capacitores primitivos que acumulavam cargas elétricas.
Giroscópio - Propriedades de um rotor giratório.
Hexadecimal - Relativo a um código de 16 caracteres.
Horizonte artificial - Instrumento que simboliza um horizonte, com céu e terra separados
por uma linha.
Impedância - Resistência ou oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente
quando é submetido a uma tensão.
Infrassom - Som com ondas inferiores a 20 Hz.
Infravermelha - Radiação eletromagnética não ionizante.
Inspetor - Profissional que inspeciona a manutenção.
Ionosfera - Parte superior da atmosfera terrestre, onde se realiza a ionização, situada acima
da estratosfera.
Íon - Cargas elétricas positivas e negativas.
Limbo - Parte móvel de uma bússola que contém marcações.
Magenta - Cor com tonalidades de roxo.
Manche - Coluna de controle do avião.
Manipulador - Chave telegráfica para transmissão em código Morse.
Marker beacon - Farol balizador que serve para direcionar a aeronave na aproximação
para pouso.
Microfone - Conversor que transforma energia acústica em sinais elétricos.
583
Micro-onda - Ondas eletromagnéticas com comprimentos de ondas maiores que os dos
raios infravermelhos, mas menores que o comprimento de ondas de rádio.
Milha - Unidade de distância equivalente a 1.609 Km.
Octal - Código com oito dígitos.
Ortogonalmente - Que se intercepta ou se posiciona em ângulo reto; perpendicular.
Oscilador - Circuito eletrônico que produz um sinal eletrônico repetitivo.
Osciloscópio - Instrumento de medida eletrônica que cria um gráfico visível de uma onda.
Part number - Número que identifica um tipo de componente aeronáutico.
Pictorial - Relativo à pictórico, com imagens e gravuras.
Piezoelétrico - Propriedade relativa aos cristais.
Polarização - Medida da variação do vetor do campo elétrico de uma onda.
Quadrantal - Referente à quadrante na recepção de ondas como referência para navegação
radiogoniométrica.
Quartzo - Mineral em forma de cristal mais abundante da terra.
Rádio - Relativo à radiação e às ondas irradiantes.
Radiogoniometria - Navegação aérea por meio de ondas de rádio.
Radiotelefônico - Comunicação telefônica sem fio que utiliza ondas radioelétricas.
Radiotransmissão - Equipamento que irradia ondas de rádio.
Radome - Estrutura que protege os equipamentos de radar no nariz do avião.
Reatância capacitiva - Resistência oferecida à passagem de corrente alternada por um ca-
pacitor.
Reatância indutiva - Resistência oferecida à passagem de corrente alternada por um indu-
tor.
Refração - Desvio da luz ou do som ao passar de um meio de propagação para outro.
Rolagem - Relativo ao movimento em torno do eixo longitudinal do avião.
Rosa dos ventos - Imagem que mostra os pontos cardeais, semelhante a uma bússola.
Sonar - Método de transmissão de ondas para localização de navios e aviões, que serão
refletidas e calculadas.
Telegrafia - Sistema de telecomunicação por um código de sinais ou por outros meios apro-
priados que permite a transmissão de mensagens escritas.
Timbre - Propriedade do som que permite distinguir sons de mesma frequência e mesma
intensidade.
Transceptor - Equipamento que incorpora transmissor e receptor em uma única unidade.
Ultrassom - Som com ondas superiores a 20 KHz.
584
Urânio - Elemento químico radioativo.
VHF omnidirectional range (VHF/VOR) - Estação de VHF com ondas omnidirecionais.
Wireless - Transmissão de dados sem fios.
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves
Água destilada - Água que passou por evaporação e está livre de qualquer minério.
Arranque-gerador - Equipamento capaz de operar como motor na partida da aeronave e,
depois, funcionar como gerador.
Cablagens - Agrupamento de fios e de cabos elétricos.
Calibração - Significa que o instrumento foi comparado a um padrão (referência) e encon-
tra-se em condições de uso.
Conduíte - Tubo em metal ou plástico usado para envolver fios e cabos elétricos com o
objetivo de oferecer-lhes proteção.
Constantã - Liga de cobre e níquel utilizada na fabricação de resistores de precisão e de
termopares.
Curvador de tubo - Ferramenta para fazer curvas em tubos metálicos, preservando o diâ-
metro interno.
Dielétrico - Material isolante colocado entre dois condutores.
Digito binário - Comunicação entre máquinas, que se dá apenas por meio de dois níveis
de tensão (0 ou 1).
Equipamento reparável - Equipamento que, após ser substituído por falha, é consertado
para, novamente, entrar em uso.
Estabilizador vertical - Estrutura localizada na parte de trás da aeronave, cuja função é de
estabilizá-la verticalmente.
Flap - Superfície móvel utilizada para aumentar a sustentação da aeronave.
Ionização - Processo no qual um átomo ou molécula perde ou ganha elétrons.
Isolante - Material com resistência extremamente alta, não permite passagem de corrente
elétrica.
Lasers - Raio de luz extremamente concentrado.
LED - Do inglês light emitting diode; sigla para o diodo emissor de luz.
Plasma - Estado físico de um gás que foi ionizado.
Radiação ultravioleta - Radiação eletromagnética invisível que pode causar danos por ex-
posição prolongada.
585
Redundância - Em aviação, consiste em ter mais de um dispositivo executando a
mesma função.
Solda fria - Soldagem que foi mal executada, provocando defeitos intermitentes ou definitivos.
Trança - Torcida dada em fios para acomodação e melhoria estética.
Transientes - Surtos de tensão elétrica com intervalo de tempo muito pequeno.
Tungstênio - Metal que possui maior ponto de fusão e de ebulição da natureza.
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição de motores
Auxiliary power unit (APU) - Unidade compacta que fornece ar comprimido para a partida
dos motores, ar condicionado e força elétrica para operação no solo e em voo da aeronave.
Backup de partida - Cópia de segurança de partida.
Cor roxa - Componente elétrico, que consiste em dois condutores da grande-área, chama-
da placas, separados por um isolador.
Cockpit - Cabine de comando na qual o piloto e o copiloto operam a aeronave.
Condensador - Capacitor.
Energia cinética - Forma de energia que os corpos em movimento possuem. Ela é propor-
cional à massa e à velocidade da partícula que se move.
Engrazamento - Concatenar (os elos de uma cadeia); enganchar; ligar; engrenar.
Engrenagens planetárias - Tipo de grande relação de engrenagens de redução; uma série de
pequenas engrenagens planetárias são montados sobre uma aranha ligada ao veio de saída,
elas giram entre uma engrenagem solar fixa e uma engrenagem de anel conduzido.
Gerador - Dispositivo mecânico que transforma energia mecânica em elétrica mediante a
rotação de uma bobina no interior de um campo magnético.
Ignitor - Componente em um sistema de ignição da turbina; fornece uma faísca de alta
energia para inflamar a mistura combustível-ar na câmara de combustão.
Magneto - Fonte de eletricidade do sistema de ignição.
Motor convencional - Motor aeronáutico no qual pistões, que se movem dentro de cilin-
dros, acionam um eixo de manivelas que, diretamente ou por meio de uma caixa de redu-
ção, ativa uma hélice (aviões) ou um rotor (aeronave de asas rotativas).
Motor a reação - Motor aeronáutico cujo funcionamento se dá por meio de uma turbina
a gás.
Partida a seco - Acionamento apenas do motor de partida, sem injeção de combustível e
centelha na câmara.
Pinhão - Pequena engrenagem que engrena com outra e dirige uma engrenagem maior.
586
Solenoide - Condutor enrolado em forma de espiras, utilizado para produzir força mecânica.
Starter - Motor de partida.
Torque - Força que produz ou tenta produzir rotação.
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da
chuva e do gelo e contra o fogo
Cromel - Liga metálica de 90% níquel (Ni) e 10% cromo (Cr) utilizada em termopares.
Constantã - Liga metálica utilizada na produção de fios para a fabricação de resistores
elétricos, bem como em termopares para instrumentação, devido à sua propriedade carac-
terística de exibir a resistividade elétrica praticamente constante em um amplo intervalo de
temperatura.
Hidrofóbico - Relativo à hidrofobia; substância que não absorve ou adsorve água.
Inconel - Liga de níquel-cromo-ferro com aparência bem próxima ao aço inoxidável, facil-
mente soldável, com características de utilização semelhantes àquelas dos aços resistentes à
corrosão e à alta temperatura.
Junção quente - Ponto no termopar no qual os dois metais são unidos e onde se quer obter
o valor da temperatura.
Junção de referência - Ou junção fria; ponto próximo ao instrumento de medição cuja
temperatura, geralmente a temperatura ambiente, é utilizada como referência para a indi-
cação no instrumento.
Sal eutético - Tipo de mistura eutética, ou seja, uma combinação de duas substâncias que
se comportam como uma substância pura no ponto de fusão.
Velocidade indicada (Vi) - Velocidade indicada, aquele obtida pelo velocímetro.
587
588
Referências
Unidade 1
Análise de circuito
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica (COMAER). Departamento de
Aviação Civil (DAC). MCA 58-15: manual do curso mecânico manutenção de aeronaves
– aviônicos. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/
manualCursos.asp>. Acesso em: 5 mar. 2016.
FRENZEL JR., L. E. Crash course in electronics technology. – 2nd ed. – New York, NY,
US: Newnes, 1996.
Unidade 2
Inspeção de aeronaves
BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). IS 43.13-003: ensaios não
destrutivos na manutenção de produtos aeronáuticos. 2011. Revisão A. Disponível em:
<http://www2.anac.gov.br/biblioteca/IS/IS43.13-003A.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2016.
______. Instituto de Aviação Civil (IAC). Divisão de Instrução Profissional (DIP).
Mecânico de Manutenção Aeronáutica: aviônicos I – instrumentos e sistemas elétricos.
Rio de Janeiro: IAC, 2002. Disponível em: <http://aviacaomarte.com.br/avionico/>.
Acesso em: 23 jan. 2016.
______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica (COMAER). Departamento de
Aviação Civil (DAC). MCA 58-15: manual do curso mecânico manutenção de aeronaves
– aviônicos. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/
manualCursos.asp>. Acesso em: 7 fev. 2016.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA). U.S. Department of Transportation. Federal
Aviation Administration (FAA). FAA-AC-43.13-1B: acceptable methods, techniques,
and practices – aircraft inspection and repair. Oklahoma City, OK: U.S. Department of
Transportation, Federal Aviation Administration, 1998. Disponível em: <http://www.faa.
gov/documentLibrary/media/Advisory_Circular/AC_43.13-1B_w-chg1.pdf>. Acesso em:
15 jan. 2016.
589
______. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration (FAA).
FAA-H-8083-6: advanced avionics handbook. Oklahoma City, OK: U.S. Department
of Transportation, Federal Aviation Administration, 2009. Disponível em: <https://www.
faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/aviation/advanced_avionics_handbook/
media/FAA-H-8083-6.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2016.
MAHER, E. Avionics troubleshooting and repair. – 1st edition – New York, NY:
Macgraw-Hill, 2001.
Unidade 3
Laboratório de eletrônica
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. – 10ª ed. – São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
590
______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 06: equipamentos de proteção individual
– EPI. Brasília: MTE, 2011a. Disponível em: <http://www.portal.mte.gov.br/legislacao/
norma-reguladora-n-6-1.htm>. Acesso em: 29 out. 2015.
Unidade 4
Laboratório de instrumentos
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica (COMAER). Departamento de
Aviação Civil (DAC). MCA 58-15: manual do curso mecânico manutenção de aeronaves
– aviônicos. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/
manualCursos.asp>. Acesso em: 5 jan. 2016.
591
FORMAÇÃO DE PILOTO. Capítulo IX: performance do motor. 2014. Disponível em:
<http://formacaopiloto.blogspot.com.br/2014/08/aeronaves-e-motores-capitulo-ix.html>.
Acesso em: 28 dez. 2015.
Leitura complementar
Unidade 5
Prática de oficina I
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica (COMAER). Departamento de
Aviação Civil (DAC). MCA 58-15: manual do curso mecânico manutenção de aeronaves
– aviônicos. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/
manualCursos.asp>. Acesso em: 5 mar. 2016.
Unidade 6
Prática de oficina II
BRASIL. Instituto de Aviação Civil (IAC). Divisão de Instrução Profissional (DIP).
Mecânico de Manutenção Aeronáutica: aviônico I. Rio de Janeiro: IAC, 2002. Disponível
em: <http://aviacaomarte.com.br/avionico/>. Acesso em: 7 dez. 2015.
592
BUCKWALTER, L. Avionics training: systems, installation, and troubleshooting. - 2nd ed.
- New York, US: Ed.Avionics Communications, 2012.
HOMA, J. M. Aeronaves e motores: conhecimentos técnicos. São Paulo: Editora Asa, 2001.
Unidade 7
Procedimentos de pista
ESTADOS UNIDOS. Federal Aviation Administration (FAA). Advanced Avionic
Handbook, 2009.Disponível em: <https://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_
manuals/aviation/advanced_avionics_handbook/media/FAA-H-8083-6.pdf>. Acesso em:
05 out. 2015.
Unidade 8
Sistemas de comunicação e de navegação
ALENCAR, M. S. Ondas eletromagnéticas e teoria de antenas. – 1ª ed. – São Paulo: Érica, 2010.
593
aviônicos II – eletrônica. Rio de Janeiro: IAC, 2003. pp. 1-23. Disponível em: <http://
aviacaomarte.com.br/wp-content/uploads/2015/04/13Sist-Comunicacao-e-Navegacao.
pdf>. Acesso em: 22 fev. 2016.
MARSHALL, B. Como funcionam as ondas de rádio. How stuff Works. 2015. Disponível
em: <http://tecnologia.hsw.uol.com.br/ondas-de-radio.htm>. Acesso em: 14 set. 2015.
Unidade 9
Sistemas elétricos de aeronaves
AUSTRÁLIA. Civil Aviation Safety Authority. Advisory Circular: AC 21-99(1) – aircraft
wiring and bonding. Camberra: Civil Aviation Safety Authority, 2013. Disponível em:
<https://www.casa.gov.au/sites/g/files/net351/f/_assets/main/rules/1998casr/021/021c99.
pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
594
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA). U.S. Department of Transportation. Federal
Aviation Administration (FAA). FAA-H-8083-31: aviation maintenance technician
handbook – airframe. Oklahoma City, OK: U.S. Department of Transportation, Federal
Aviation Administration, 2012. v. 1. Disponível em: <https//www.faa.gov/regulations_
policies/handbooks_manuals/aircraft/amt_airframe_handbook/media/amt_airframe.
pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
TOOLEY, M.; WYATT, D. Aircraft eletrical and eletronic systems. London, UK:
Routledge, 2009.
TOOLEY, M. Aircraft digital and computer systems. London, UK: Rouledge, 2007.
Unidade 10
Sistemas elétricos de partida e de ignição
de motores
AIRBUS GROUP. Technical training manual maintenance course – T1 (V2500-A5/ME):
electrical power. França: Airbus Group, 2006.
595
HOMA, J. M. Aeronaves e motores: conhecimentos técnicos. São Paulo: Asa, 2011.
Leituras complementares
LIBRANTZ, H. Apresentação de sistemas elétricos. São José dos Campos, SP: Grupo
Embraer, 2007.
Unidade 11
Sistemas elétricos de proteção contra os efeitos da
chuva e do gelo e contra o fogo
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica (COMAER). Departamento de
Aviação Civil (DAC). MCA 58-15: manual do curso mecânico manutenção de aeronaves
– aviônicos. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/habilitacao/
manualCursos.asp>. Acesso em: 5 fev. 2016.
596
______. OTFN 1VC-97-2: manual de manutenção. São José dos Campos, SP: EMBRAER,
1986.
Leituras complementares
STOCHERO, T. Acidente do voo AF 447. G1, São Paulo, 30 setembro 2011. Disponível
em: <http://g1.globo.com/Acidente-do-Voo-AF-447/noticia/2011/07/divulgacao-de-
dialogo-do-voo-af-447-confirma-que-mais-novo-pilotava.html>. Acesso em: 9 mar. 2016.
597
598
Gabarito
599
Unidade 7 - Procedimentos de pista
Capítulo Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5
1 B B D A A
2 C C D A C
3 D A B D B
4 D B B C A
5 A B C C A
6 B B A D B
600
Unidade 11 - Sistemas elétricos de proteção contra
os efeitos da chuva e do gelo e contra o fogo
Capítulo Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5
1 C B D A B
2 C B D A B
3 C B D A B
601