Você está na página 1de 698

Mecânico de Manutenção

Aeronáutica

AVIÔNICOS I
INSTRUMENTOS E SISTEMAS ELÉTRICOS

1ª Edição
23 de Outubro de 2002

INSTITUTO DE AVIAÇÃO CIVIL


DIVISÃO DE INSTRUÇÃO PROFISSIONAL
PREFÁCIO

Este volume, Instrumentos e Sistemas Elétricos, contendo as matérias


necessárias ao desenvolvimento da instrução referente a uma parte da
habilitação Aviônicos, tem por finalidade padronizar a instrução em todos os
cursos de formação de mecânicos de manutenção aeronáutica.
Este volume tem como complemento obrigatório, o conteúdo dos
volumes Eletrônica e Matérias Básicas.
Os assuntos técnicos estão aqui apresentados sob um ponto de vista
generalizado e, de maneira nenhuma, devem substituir as informações e
regulamentos oficiais fornecidos pelos fabricantes das aeronaves e autoridades
aeronáuticas.
É proibida a reprodução total ou parcial deste volume sem a autorização
do IAC (DIP).
É de nosso interesse receber críticas e sugestões às deficiências
encontradas para as devidas alterações em uma próxima revisão.
A correspondência relativa a esse livro deverá ser endereçada a:
Instituto de Aviação Civil
Divisão de Instrução Profissional
Avenida Almirante Silvio de Noronha, 369, edifício anexo,
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
CEP 20021-010
Ou enviada ao e-mail: dacg302@uninet.com.br

III
IV
INSTRUMENTOS E SISTEMAS ELÉTRICOS

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - GENERALIDADES SOBRE INSTRUMENTOS

Classificação dos instrumentos ...................................................................... 1-1


Características de construção dos instrumentos ....................................... 1-2
Remoção e instalação dos instrumentos..................................................... 1-4
Cuidados com os instrumentos ...................................................................... 1-5
Inspeções............................................................................................................ 1-6
Apresentação de painéis de instrumentos.................................................. 1-8
Bandeirante ................................................................................................ 1-8
Brasília........................................................................................................... 1-10
Xingu.............................................................................................................1-12
Tucano ......................................................................................................... 1-14
Diversos ........................................................................................................ 1-16

CAPÍTULO 2 - INSTRUMENTOS DE VÔO

Sistema anemométrico.................................................................................... 2-1


Velocímetro ....................................................................................................... 2-3
Altímetro.............................................................................................................. 2-11
Indicador de razão de subida....................................................................... 2-23
Instrumentos giroscópicos ............................................................................... 2-24
Giro direcional ................................................................................................... 2-31
Indicador de atitude ........................................................................................ 2-32
Indicador de curva e derrapagem............................................................... 2-40
Acelerômetro..................................................................................................... 2-47
Maquímetro........................................................................................................ 2-50

CAPÍTULO 3 - INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO

Bússola magnética ........................................................................................... 3-1


Sistema pictorial de navegação ................................................................... 3-5
Giro direcional ................................................................................................... 3-13
Princípios do VOR.............................................................................................. 3-15
Sistema de pouso por instrumentos............................................................... 3-17
Indicador de curso (HSI) .................................................................................. 3-20
Indicador rádio magnético (RMI) .................................................................. 3-23

V
CAPÍTULO 4 - INSTRUMENTOS DO MOTOR

Indicador de torque ......................................................................................... 4-1


Indicadores de temperatura .......................................................................... 4-6
Indicadores de temperatura bimetálicos ................................................... 4-10
Indicação de temperatura dos gases da turbina ..................................... 4-11
Indicador de temperatura interturbinas....................................................... 4-13
Indicadores de pressão ................................................................................... 4-20
Indicadores da pressão de admissão ......................................................... 4-21
Indicadores de pressão do tipo síncrono..................................................... 4-22
Indicadores de pressão de óleo.................................................................... 4-26
Sistemas de medir fluxo de combustível ...................................................... 4-28
Indicadores de rotação (tacômetros) ......................................................... 4-30
Sincroscópio ....................................................................................................... 4-35

CAPÍTULO 5 - INSTRUMENTOS DIVERSOS

Voltamperímetro ............................................................................................... 5-1


Amperímetro ...................................................................................................... 5-3
Voltímetro ........................................................................................................... 5-4
Relógio ................................................................................................................ 5-10
Medidor de fadiga ........................................................................................... 5-10
Indicador de temperatura do ar externo .................................................... 5-14
Indicadores de quantidade de combustível .............................................. 5-15
Sistema de indicação do ângulo de ataque ............................................. 5-19
Indicadores de pressão hidráulica ................................................................ 5-20
Indicadores de pressão do sistema de degelo .......................................... 5-20
Indicadores de sucção.................................................................................... 5-22

CAPÍTULO 6 - MATERIAIS ELÉTRICOS

Fios e cabos condutores.................................................................................. 6-1


Bitola de fio......................................................................................................... 6-1
Identificação de condutores ......................................................................... 6-6
Isolamento do condutor.................................................................................. 6-10
Instalação de fiação elétrica......................................................................... 6-10
Encaminhamento da fiação elétrica ........................................................... 6-16
Conectores......................................................................................................... 6-19
Conduítes ........................................................................................................... 6-21
Manutenção de cablagens ........................................................................... 6-23
Estampagem de terminais .............................................................................. 6-24
Emendas de emergência ............................................................................... 6-26
Prensagem de pinos de contato................................................................... 6-26
Normas de segurança para manutenção elétrica ................................... 6-28
Decapagem de condutores .......................................................................... 6-30
VI
Estanhagem de condutores ........................................................................... 6-31
Soldagem de condutores ............................................................................... 6-33
Metalização ....................................................................................................... 6-35
Áreas sujeitas à explosão ou fogo................................................................. 6-37
Proteções contra os efeitos de raios............................................................. 6-38
Cuidados na instalação de equipamento elétrico................................... 6-46
Dispositivos de proteção de circuitos ........................................................... 6-47
Disjuntores de controle remoto ( RCCB )...................................................... 6-48
Sistema de iluminação de aeronaves.......................................................... 6-52
Inspeção e manutenção dos sistemas de iluminação ............................. 6-57
Baterias................................................................................................................ 6-60
Baterias chumbo-ácido ............................................................................ 6-61
Baterias alcalinas ....................................................................................... 6-64
Baterias de níquel-cádmio ....................................................................... 6-64
Baterias prata-zinco .................................................................................. 6-70
Símbolos gráficos para diagramas elétricos e eletrônicos ....................... 6-71

CAPÍTULO 7 - SISTEMAS ELÉTRICOS DE PARTIDA E DE IGNIÇÃO DOS MOTORES

Sistemas elétricos de partida.......................................................................... 7-1


Sistemas de partida de motores convencionais ........................................ 7-1
Sistema de partida usando motor de inércia combinado ...................... 7-4
Sistema de partida elétrico, de engrazamento direto, para grandes
motores convencionais ........................................................................ 7-4
Sistema de partida elétrico, de engrazamento direto, para
pequenas aeronaves............................................................................ 7-7
Práticas de manutenção do sistema de partida ....................................... 7-8
Partidas dos motores de turbina a gás......................................................... 7-9
Sistema de partida arranque-gerador ......................................................... 7-12
Sistemas elétricos de ignição ......................................................................... 7-16
Sistemas de ignição por bateria .................................................................... 7-16
Sistema de ignição por magneto.................................................................. 7-17
Unidades auxiliares de ignição ...................................................................... 7-30
Velas de ignição ............................................................................................... 7-35
Inspeção e manutenção do sistema de ignição de motores
alternativos.............................................................................................. 7-37
Dispositivos de regulagem do magneto de ignição ................................. 7-38
Sincronismo interna do magneto .................................................................. 7-42
Sincronismo do magneto de alta tensão com o motor ........................... 7-44
Inspeção e manutenção da vela ................................................................. 7-55
Inspeção do platinado .................................................................................... 7-62
Analisador de motores..................................................................................... 7-71
Sistema de ignição em motores a turbina................................................... 7-74
Inspeção e manutenção do sistema de ignição de motores a
turbina ...................................................................................................... 7-77

VII
CAPÍTULO 8 - SISTEMAS ELÉTRICOS DE PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS DA
CHUVA E DO GELO E CONTRA FOGO

Proteção contra os efeitos da chuva........................................................... 8-1


Proteção contra os efeitos do gelo .............................................................. 8-3
Aquecedores de drenos ................................................................................. 8-7
Proteção contra fogo ...................................................................................... 8-8
Métodos de detecção .................................................................................... 8-8
Sistemas de detecção de fogo ..................................................................... 8-9
Sistema de aviso de superaquecimento ..................................................... 8-13
Tipos de fogo ..................................................................................................... 8-14
Sistemas detectores de fumaça.................................................................... 8-14
Sistemas extintores de fogo de CO2 dos motores convencionais.......... 8-16
Sistemas de proteção de fogo dos motores a turbina ............................. 8-18
Sistema típico de proteção de fogo de multimotores.............................. 8-20
Procedimentos de manutenção dos sistemas de detecção de fogo.. 8-24
Pesquisa de panes do sistema de detecção de fogo ............................. 8-26

VIII
CAPÍTULO 1

GENERALIDADES SOBRE INSTRUMENTOS

INTRODUÇÃO Este grupo é constituído dos seguintes


instrumentos:
Sabendo que a limitação dos órgãos dos
• velocímetro (Air Speed Indicator –
sentidos humanos em perceber com precisão as
ASI);
múltiplas e variadas condições, tanto do meio
físico como em lidar com os complicados • altímetro (Altimeter);
mecanismos que equipam um avião moderno, • indicador de razão de subida e des-cida
tornou-se indispensável que tal deficiência (Vertical Speed Indicator – VSI);
fosse suprida por algo que medisse e indicasse
com precisão certas grandezas físicas. • indicador de atitude (Attitude
Daí o aparecimento de determinados Indicator);
instrumentos que, instalados a bordo dos aviões, • indicador de curva e derrapagem (Turn
não só garantem uma indicação precisa, mas por and Slip Indicator/Rate-of-Climb
meio de utilização criteriosa, asseguram maior Indicator);
segurança do avião e economia de seus • acelerômetro (Accelerometer);
numerosos equipamentos, proporcionando ainda
a realização de vôos mesmo em condições • machímetro (Mach Number
atmosféricas adversas. Indicator/Machmeter).
Assim sendo, torna-se óbvio que há
B - Instrumentos de Navegação
necessidade de se dedicar um cuidado especial
aos instrumentos, pois, em virtude de sua Os instrumentos de navegação fornecem
natureza delicada, eles só poderão desempenhar as informações e os recursos para navegação e
de modo eficiente o papel que lhes compete, orientação durante o vôo e compreendem os
quando respeitados todos os requisitos técnicos seguintes instrumentos:
de mantê-los em ótimas condições de
• indicador de curso (Horizontal
funcionamento, acompanhados de uma
Situation Indicator – HSI);
interpretação correta de suas indicações.
Para que um especialista em manutenção • indicador radiomagnético (Radio
de instrumentos possa exercer eficientemente Magnetic Indicator – RMI);
sua missão, ele deverá possuir conhecimentos • giro direcional (Directional Gyro);
especializados e habilidade profissional.
Os conhecimentos técnicos necessários • bússola magnética (Magnetic
são: regras de segurança, uso adequado de Compass);
ferramentas, leitura correta dos aparelhos de • sistema pictorial de navegação
medição, teoria do princípio de funcionamento (Pictorial Navigation System – PN).
de cada instrumento, etc.
Esta matéria, "INSTRUMENTOS", C - Instrumentos do Motor
fornecerá os conhecimentos acima citados. Os instrumentos do motor fornecem
diretamente indicações em termos de
CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS temperatura, rotação, pressão, etc., das
condições de funcionamento do mesmo.
Os instrumentos foram agrupados, por
analogia de função ou pelo sistema a que Os instrumentos do motor são:
pertencem, conforme se segue. • indicador de temperatura (Tempe-
A-Instrumentos de Vôo rature Indicator);
• indicador de torque (Torque Indicator);
Os instrumentos de vôo fornecem ao
piloto as indicações necessárias para o controle • indicador de temperatura do óleo (Oil
do avião durante o vôo. Temperature Indicator);

1-1
• indicador de pressão de óleo (Oil de choque, que lhes diminuem a vibração. Deve
Pressure Indicator); ser notado que os métodos normais de
amortecimento, ora em uso, não eliminaram
• indicador de rotação (Tachometer
totalmente a vibração, a qual entra nas
Indicator).
cogitações dos fabricantes.
D - Instrumentos Diversos As atuais especificações estipulam um
funcionamento satisfatório e preciso, mesmo
O grupo de indicadores diversos consta
quando o instrumento está num plano de 45º
dos instrumentos, cuja função no avião é avulsa,
com a horizontal e sujeito a vibrações de não
não pertencendo a nenhum dos principais
menos de 0,003 da polegada a não mais de
sistemas que englobam as operações
0,005 da polegada de amplitude e freqüência de
fundamentais de vôo, navegação e desempenho
600 a 2200 oscilações por minuto.
do motor.
Estes instrumentos são: 3. Vedação
• voltamperímetro;
Todos os instrumentos devem ser
• relógio; vedados. Há dois modos de vedação.
• medidor de fadiga; Os mais rústicos que funcionam por
• indicador de temperatura do ar externo;
diferença de pressão, são vedados à prova de
água.
• indicador de quantidade de Essa espécie de vedação impede que a
combustível; poeira e a umidade penetrem na caixa de
• indicador de fluxo de combustível; instrumentos e são facilmente reconhecidos pela
• indicador de posição de flape; presença de um pequeno orifício na parte de
baixo da caixa.
• indicador de ângulo de ataque.
Os indicadores de pressão absoluta, bem
Nota como os instrumentos giroscópicos requerem
vedação especial à prova de ar. É muito
Só foram relacionados nesta classificação importante que a vedação apropriada seja
os instrumentos que fazem parte deste manual. conservada no instrumento depois de sua
Além disso, a classificação apresentada é a instalação no avião, a fim de assegurar
melhor, no sentido didático, já que os indicações precisas e evitar-se a corrosão do
instrumentos podem ser classificados segundo mecanismo.
vários e diferentes critérios.
4. Posição

CARACTERÍSTICAS DE CONSTRUÇÃO Os mecanismos da maioria dos


DOS INSTRUMENTOS instrumentos devem ser equilibrados e ficar de
maneira que suas indicações não sejam afetadas
Na construção dos instrumentos de bordo pelas variações de inclinação de até 180º, para
modernos são levados em consideração os ambos os lados.
requisitos gerais descritos a seguir. 5. Amortecimento
1. Temperatura Apesar da força centrífuga, da aceleração
Os instrumentos devem funcionar e da supertensão, os instrumentos devem operar
satisfatoriamente, dentro de uma variação de corretamente ou quase corretamente. Quando se
temperatura de –35ºC a +60ºC, sendo que a tornar necessário devem usar fixadores
temperatura normal considerada é de 15ºC. apropriados, restrições ou qualquer outro
artifício de amortecimento.
2. Vibração
6. Escala
Os instrumentos devem funcionar
satisfatoriamente, sob vibração. Como a Todos os instrumentos possuem uma
vibração pode ser, às vezes, excessiva, todos os escala apropriada à quantidade que se deve
instrumentos são montados em painéis à prova medir. Esta escala é normalmente calibrada com

1-2
uma margem de 50% a 100% sobre os limites 9. Peso
normais de utilização do instrumento.
Em face do número muito grande de
7. Marcações instrumentos, usados nos modernos aviões, e o
aproveitamento do espaço nos painéis, foram
As marcações de limites de operação,
reduzidos o peso e o tamanho dos instrumentos.
operação ideal, etc. são apresentadas em faixas
coloridas pintadas na forma de arco ou com 10.Caixa
decalque nos vidros dos instrumentos ou, em
A maioria das caixas de instrumentos de
alguns casos, diretamente no mostrador.
avião é moldada numa composição fenólica.
Quando as marcações são externas, isto é,
Há tipos de instrumentos que possuem
nos vidros, é possível modificá-las caso haja
caixas construídas em duas peças, sendo uma a
alteração em alguns dos limites.
do corpo principal e a outra do anel fixador da
No caso de marcas no mostrador, somente
cobertura e parafusos, para fixação do anel ao
o fabricante ou a oficina autorizada poderá fazê-
corpo da caixa.
las.
Esta pintura é uma composição tratada a 11.Iluminação
radium, que torna possível a leitura no escuro,
Existem vários tipos de iluminação para
sem auxílio de iluminação artificial. Essa
os instrumentos:
composição é altamente venenosa e sua
aplicação ou retoques só poderão ser feitos por • lâmpadas elétricas situadas no painel e
pessoal autorizado. cobertas com um segundo painel protetor de
As faixas coloridas podem ser: vermelha, reflexão;
verde, amarela, azul e branca.
• lâmpadas elétricas instaladas em anéis
• Arco vermelho – operação proibida; refletores acondicionadas nos próprios
mostradores dos instrumentos;
• Arco verde – operação normal;
• lâmpadas elétricas individuais con-
• Arco amarelo – operação indesejável,
venientemente situadas na parte inferior do
pode existir perigo. (usado em emergência);
próprio instrumento;
• Arco azul – operação em regime
• Lâmpadas elétricas de luz ultravioleta,
econômico;
cheias de Argônio. Neste caso, os mostradores
• Arco branco – operação normal com dos instrumentos de bordo são pintados com
alguma característica especial (exemplo: no uma substância sensível ao raio ultravioleta.As
velocímetro a faixa de operação com o flape lâmpadas são instaladas nas proximidades do
atuado); painel e suas intensidades são controladas por
um reostato.
• As linhas curtas radiais (azuis) são
usadas para indicar uma condição específica 12. Outras características:
(exemplos: no velocímetro a melhor razão de
Os instrumentos de bordo devem possuir
subida monomotor ou o limite de operação
ainda as seguintes características:
econômica com a mistura de combustível na
situação empobrecida, porém de segurança, sem
• precisão;
prejuízo na sustentação do avião);
• As linhas curtas radiais (vermelhas) • segurança;
são usadas para indicar os limites mínimos e
• durabilidade;
máximos de funcionamento.
8. Tamanho • leveza;

Tanto quanto possível, as dimensões das • fácil instalação;


caixas de instrumentos são de dois tamanhos
padronizados nos aviões modernos. A maioria • mínimo de manutenção;
das caixas é de 2 3/4 da polegada e de 1 7/8 da • leitura simples.
polegada.

1-3
REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DOS 1 Desligam-se os conectores elétricos e as
INSTRUMENTOS tubulações flexíveis;
A.- Instrumentos com Flange 2 Retiram-se os parafusos de fixação (em
número de 3 ou 4, conforme o caso);
Para estes instrumentos, seguem-se os
procedimentos seguintes das figuras 1-1. 3 Remove-se o instrumento

Figura 1-1 Instalação de instrumentos com flange

1-4
B - Instrumentos com Braçadeira CUIDADOS COM OS INSTRUMENTOS
As exigências surgidas a respeito de
Para estes instrumentos, seguem-se os
segurança e a utilidade dos vôos são os
procedimentos da figura 1-2.
resultados das características alcançadas pelo
1 Afrouxa-se o parafuso de travamento avião moderno, cuja performance, alta
da braçadeira situado, normalmente, no velocidade, grande capacidade de carga e
lado direito do instrumento; grande raio de ação, fizeram dele um valioso
2 Com uma das mãos, retira-se o veículo para fins militares e transportes
instrumento pela frente e com a outra, comerciais.
solta-se o conector na traseira do A construção de instrumentos de aviação
mesmo. obedece aos seguintes requisitos: precisão,
segurança, simplicidade, durabilidade, leveza,
capacidade de funcionamento em temperaturas
extremas, leituras fáceis, resistência à corrosão,
bom amortecimento, insensibilidade à acele-
ração, possibilidade de indicação além dos
limites dentro dos quais vai trabalhar, ser de
fácil instalação e requerer o mínimo de
manutenção.
Daí então a necessidade de um estudo
simples que venha trazer não só aos pilotos
como aos técnicos de manutenção noções sobre
a finalidade, princípio de funcionamento,
utilização, manutenção, reparação, inspeção dos
instrumentos mais comuns.
Para se manter o nível de segurança e
precisão do instrumento de bordo, o mais alto
possível, deve-se executar periodicamente
certos exames e inspeções.
A explanação que se segue é de natureza
geral, tendo sido redigida para fins de instrução
prática. Os trabalhos de inspeção, conservação,
reparação e armazenagem, devem obedecer às
prescrições traçadas pelo fabricante do
instrumento, contidas nos respectivos manuais.
Os reparos só podem ser executados por
oficinas e pessoal especializado.
Os reparos podem ser: os retoques da
pintura luminosa dos mostradores e ponteiros,
substituições de peças, reajustamento do
mecanismo do instrumento, lubrificações
especiais de certas partes, etc.
Os trabalhos de reparação exigem téc-
nicos habilitados, ferramentas apropriadas,
tornos, equipamentos de equilibragens e
calibragem, etc.
Os instrumentos de natureza parti-
cularmente delicados são lacrados quando saem
da fábrica, não sendo absolutamente permitido
inutilizar este selo durante os trabalhos de
Figura 1-2 Instalação dos instrumentos manutenção, tampouco, abrir as caixas de
montados com braçadeira proteção.

1-5
INSPEÇÕES As prescrições gerais que se seguem são
aplicáveis a todos os instrumentos.
Inspeção Diária
•Verificar todos os instrumentos e suas
unidades, quanto à segurança de montagem;
Compreende os cuidados que devem ter os
mecânicos, com os instrumentos, antes de dar •Verificar todas as tubulações e
partida nos motores. conexões, quanto às fugas;
As recomendações que se seguem são •Verificartodos os ponteiros e
aplicáveis a todos os instrumentos. marcações do mostrador, quanto à descoloração
das marcas luminosas;
•Verificar todos os ponteiros para erro
excessivo no zero, exceto termômetros e •Verificar se as marcas para os limites
instrumentos que funcionam por pressão de utilização estão na posição exata e bem
absoluta, os quais devem propiciar modificações visíveis;
de acordo com as condições de pressão e •verificar todas as ligações elétricas,
temperatura ambiente; quanto ao bom contato e segurança na fixação;
•Verificar todos os instrumentos quanto à •Verificar os amortecedores, quanto à
vidros soltos ou rachados; segurança da fixação e tensão conveniente.
•Verificar todos os botões de travamento e
ajustagem, quanto à liberdade de movimento e Substituição de Instrumentos
funcionamento correto;
Os instrumentos só devem ser subs-
•As prescrições especiais sobre inspeção, tituídos por outros em boas condições e da
aplicáveis a determinados instrumentos bem mesma espécie, pelas seguintes razões:
como à conduta a ser seguida, serão explanadas
quando se estudar individualmente os • impossibilidade de indicar;
instrumentos. • indicação duvidosa;

Inspeção antes do Vôo • defeito da caixa ou vedação defei-


tuosa;
Compreende as precauções a serem • ponteiro solto;
tomadas pelos mecânicos, todas as vezes que os
motores são postos em funcionamento. • cobertura de vidro, solta ou rachada;
As prescrições que se seguem são de • orelha de fixação no painel, quebrada
ordem geral e aplicáveis a todos os instru- ou rachada;
mentos. • mecanismo de trava ou ajustagem
•Verificar todos os ponteiros quanto a defeituoso;
oscilação excessiva. • bornes ou niples de conexão defei-
•Verificar se as leituras do indicador de tuosos;
RPM estão de acordo com as exigências • marcas luminosas escuras ou des-
contidas no manual de operação. coloridas;
Inspeção Periódica • defeito no mecanismo interno,
conhecido ou suspeito.
Quando o avião completa um certo
número de horas de vôo é feita uma inspeção Quando retirar ou colocar instrumentos no
por uma equipe de especialistas.. Esta inspeção avião, tomar as seguintes precauções:
é especificada pelo Programa de Manutenção
•a maioria dos instrumentos de bordo,
(PM) do avião.
A parte da inspeção relativa aos sofre desgastes, mas é recuperável. Portanto,
instrumentos é feita por um especialista de deve o instrumento, que estiver em mau estado,
instrumentos. ser retirado e remetido às oficinas

1-6
especializadas e outro, em bom estado, ser •nunca troque a localização de um
colocado em seu lugar; instrumento ou uma de suas unidades de
funcionamento sem a competente autorização;
•os instrumentos danificam-se facil-
mente, por conseguinte devem ser tratados com •nunca deforme ou marque um
o máximo cuidado; instrumento;

•sempre que possível, substitua o •quando examinar ou testar um


instrumento por outro do mesmo tipo e da instrumento, nunca o sujeite a pressões
mesma marca de fabricação. excessivas ou anormais. Use valores abaixo da
gama de funcionamento;
• Em alguns casos pode-se substituí-lo por
outro da mesma espécie, mas de fabricação •em algumas instalações torna-se
diferente; necessário retirar outros instrumentos para se ter
acesso ao que está com defeito.

1-7
CAPÍTULO 2

INSTRUMENTOS DE VÔO

SISTEMA ANEMOMÉTRICO Os tubos (A e P) levam as pressões aos


instrumentos. As resistências aquecedoras (L e N)
Três dos mais importantes instrumentos de estão conectadas em série e servem para evitar a
vôo são conectados ao sistema anemométrico: formação de gelo no tubo.
velocímetro, altímetro e o indicador de razão de A figura 2-2 ilustra os três instrumentos
subida (variômetro). básicos alimentados com pressão fornecida pelo
Existem dois tipos de arranjos para tubo pitot com tomada estática acoplada.
alimentar os instrumentos convenientemente
conforme segue.

A - Tubo pitot com tomada estática acoplada

Figura 2-1 Tubo de pitot em corte


Figura 2-2 Tubo de pitot com tomada estática
Este tubo apresenta duas seções: uma acoplada.
câmara de pressão estática (O) e uma câmara de
pressão dinâmica (E). B - Tubo pitot com tomada estática separada.
A pressão estática entra no sistema por três
orifícios na parte superior e três na inferior.
Dois desses orifícios (G e M) aparecem na O arranjo do sistema anemométrico pode
figura. ser feito também como mostrado na figura 2-3.
Esses orifícios ajudam a compensar o erro
na percepção, causado por diferentes ângulos de
ataque.
Os orifícios inferiores também servem para
escorrer a água proveniente da condensação.
O tubo vertical (F) na câmara estática é
uma precaução suplementar para evitar que a
umidade chegue aos instrumentos.
A pressão dinâmica entra pela abertura (J).
Uma placa defletora (I) impede que corpos Figura 2-3 Tubo de Pitot com tomada estática
estranhos ou umidade penetrem no sistema. separada.
Um pequeno orifício (K) deixa escapar a
umidade.
O tubo vertical (D) e o orifício de escape As vantagens do uso de pressão estática
(C) na câmara de pressão dinâmica impedem que separada são listadas a seguir.
a umidade que se forma na câmara chegue aos a) Pressão estática mais precisa, pois
tubos e aos instrumentos. fica compensada a sua diferença devida a desvios

2-1
laterais ou ventos cruzados (já que as tomadas A figura 2-4 mostra a aplicação prática do
estáticas são embutidas uma em cada lado da tubo pitot acoplado com tomada estática (EMB-
fuselagem); 111) e a figura 2-5 mostra o arranjo com os
componentes em separado (EMB-312).
b) Menor possibilidade de formação
O princípio de operação dos dois sistemas é
de gelo.
o mesmo.
Operação do Sistema Anemométrico A pressão estática é a pressão atmosférica.
O ar atmosférico é pesado, exercendo sobre os
corpos, nele mergulhados, uma pressão igual a
1.033kgf/cm2, ou seja 1,033 bares. A pressão
dinâmica é a pressão que se desenvolve como
resultado direto da velocidade do avião e da
densidade do ar que o rodeia. Essa pressão
aumenta com a velocidade e diminui com a
altura.
Um avião que voe à mesma velocidade
desenvolve mais pressão a baixa altitude que a
grande altitude, devido a densidade do ar ser
maior a baixa altitude.
O velocímetro, o altímetro e o indicador de
razão de subida (indicador de velocidade vertical
ou variômetro) são alimentados com pressão
estática, sendo que, o velocímetro é também
Figura 2-4 Sistema anemométrico com tomada alimentado pela pressão dinâmica.
estática acoplada.

Figura 2-5 Sistema anemométrico com tomadas estáticas separadas

2-2
Alguns sistemas possuem nas linhas estáticas Quando as condições atmosféricas não são
uma câmara amortecedora com a finalidade de padronizadas, esta coincidência entre as três
atenuar o excesso de sensibilidade. velocidades não mais se verifica.
Os tubos pitot e as tomadas estáticas são Entretanto, o piloto poderá determinar, em
sensíveis a bloqueios de gelo, motivo pelo qual qualquer circunstância, a velocidade verdadeira,
aquecedores elétricos são instalados para evitar após as necessárias correções de temperatura e
esta formação. altitude da velocidade indicada e conhecer a
Estes aquecedores geram mais calor do que velocidade absoluta, desde que saiba qual a
pode ser dissipado, sem um fluxo de ar frio, direção e velocidade do vento. Sendo o
assim, os aquecedores não devem ser ligados, no velocímetro um manômetro calibrado em
solo, mais que o suficiente para uma verificação, unidades de velocidade, ele nos indica também,
a fim de saber se eles irão funcionar seja qual for a altitude, a força de sustentação do
adequadamente. ar.
Deve-se manter o tubo pitot sempre limpo Por exemplo, suponha que a velocidade
e, quando o avião não estiver em vôo, ele deverá mínima de sustentação de um avião, em vôo
ser protegido com uma capa de lona que deverá horizontal ao nível do mar, seja de 60km/h.
cobrir todas as aberturas do tubo. Este avião, qualquer que seja a altitude,
poderá manter o vôo horizontal, desde que seu
VELOCÍMETRO velocímetro indique uma velocidade de 60km/h.
Acontece, porém, que para uma mesma
Velocidades conhecidas e definidas em velocidade indicada, a velocidade absoluta do
aviação. avião será menor nas baixas altitudes que nas
altitudes elevadas.
Velocidade Indicada (IAS) Compreende-se assim que em virtude da
densidade do ar variar inversamente com a
É a que é lida no velocímetro, sem altitude, à medida que o avião subir no espaço,
correções para variações de densidade necessitará se deslocar mais rapidamente, a fim
atmosférica e sempre que as condições se de que a pressão dinâmica, consequentemente a
alteram, erros são introduzidos. força de sustentação do ar, permaneça constante.

Velocidade Verdadeira (TAS) Usos Específicos do Velocímetro


É aquela com que o avião se desloca em – Permitir a determinação da velocidade
vôo e é obtida após as correções de temperatura e absoluta do avião. Esta velocidade assume grande
altitude da velocidade indicada. importância durante os vôos de cruzeiro,
sobretudo quando se trata de uma missão de Tiro
Velocidade Absoluta e Bombardeio, na qual há necessidade de que o
tempo necessário para se atingir o objetivo seja
É a velocidade do avião em relação ao solo. determinado com precisão.
Finalidades do Velocímetro – Facilitar ao piloto a ajustagem do regime
do motor (pressão de admissão, nos motores
O indicador de velocidade do ar é o
equipados com hélice de velocidade constante),
instrumento que indica ao piloto a velocidade
de acordo com a performance de velocidade que
com que seu avião se desloca através do ar.
deseje obter: velocidade máxima de cruzeiro,
É construído de tal modo que as
velocidade de economia máxima, velocidade de
velocidades indicada, verdadeira e absoluta são
maior duração de vôo.
praticamente iguais, quando o avião voa ao nível
do mar, estando o ar atmosférico sob condições – Permitir a determinação do ângulo ótimo
padronizadas. de subida, planagem e descida.

2-3
– Manter a velocidade, dentro dos limites de A placa, sob a ação da corrente de ar,
segurança da estrutura do avião, durante um vôo desloca-se de sua posição de equilíbrio,
picado. deflexionando uma mola e em função da
– Indicar ao piloto quando o avião atinge a resistência oposta pela mola ao deslocamento da
velocidade de decolagem e durante a aterragem, placa, se tem a velocidade do ar.
quando atinge a velocidade de estol. Consegue-se medir a velocidade com os
instrumentos que funcionam sob o princípio do
– Manter o avião em linha de vôo. fio quente, pela perda de calor sofrida por um fio
aquecido, o qual é exposto à corrente de ar.
Tipos de Velocímetros Usados De todos estes tipos de instrumentos,
somente os de pressão diferencial do tipo Pitot
Existem três espécies de Indicadores de serão aqui estudados detalhadamente, porquanto
Velocidade de Ar, os quais são classificados de são os mais largamente empregado em aeronaves.
acordo com seu princípio de funcionamento. São
eles: Velocímetro do Tipo Manômetro Diferencial
1. de manômetro diferencial;
2. mecânicos; A figura 2-6 é uma vista esquemática do
velocímetro de manômetro diferencial.
3. térmicos ou de fio quente.

Os que empregam o manômetro diferencial


são classificados, por sua vez, de acordo com o
sistema utilizado para a captação das pressões,
em:
1. de tubo Pitot-estático
2. de tubo de Venturi;
3. de tubos Venturi-Pitot.
Existem também, dois tipos de
velocímetros mecânicos, os quais são
classificados, de acordo com o princípio de
funcionamento, em:
1. rotativos;
2. de deflexão.
Nos instrumentos que funcionam por Figura 2-6 Vista interior do velocímetro
pressão diferencial – o tipo mais utilizado em Kollsman.
aeronaves – as pressões estática e dinâmica são
captadas por tubos de Pitot ou Venturi e medidas Neste indicador encontra-se um estojo de
por manômetros metálicos extremamente baquelite, tendo na parte posterior duas conexões,
sensíveis, calibrados em unidades de velocidade, sendo uma para a pressão dinâmica e que se
como veremos oportunamente. estende até o interior do aneróide, e a outra, para
Já nos mecânicos rotativos, a velocidade é a pressão estática e que comunica o interior do
medida em função do número de rotações das estojo com o ramal da pressão estática do Pitot.
palhetas dos moinhos de vento que os equipam, Na parte anterior do estojo, existe um disco
as quais são expostas à corrente do ar. de vidro para proteção do mostrador.
Nos mecânicos de deflexão, a velocidade é O mecanismo do indicador é colocado no interior
medida por intermédio da resistência oposta por do estojo e compõe-se de: diafragma,
uma placa, ao deslocamento da corrente de ar. confeccionado com lâminas corrugadas de níquel,

2-4
prata, bronze fosforoso, cobre e berílio ou outro prejudicar seu funcionamento a qual é a formação
metal que possua as características de elasticidade de gelo, quando são encontradas condições
requeridas. favoráveis.
A escolha do diafragma depende de suas A aparência externa e o mecanismo dos
qualidades de elasticidade, evidenciadas pela indicadores de velocidade deste tipo variam um
relação: pressão-deflexão, efeitos de temperatura, pouco, mas o princípio de funcionamento é
histeresis rápida, etc. As propriedades de comum a todos. As diferenças externas consistem
elasticidade dependem do material usado, em que nuns, o vidro é mantido no lugar por uma
tratamento do material ao ser manufaturado e da mola em forma de anel e noutros, ele é mantido
forma do diafragma; por um biselado preso ao estojo por quatro
parafusos, no mínimo.
B – suporte da alavanca A1, fixo ao
A construção dos estojos em duas partes
diafragma D;
(corpo do estojo e bisel aparafusado) foi adotada
A1 – alavanca do eixo balanceiro R; por ser uma maneira mais segura de conservá-lo
bem vedado.
R – eixo balanceiro;
Outra diferença consiste em que, uns não
A2 – haste de transmissão, fixa ao eixo têm iluminação individual, enquanto que outros
balanceiro, que serve de ponte entre possuem uma lâmpada individual, sendo o
este eixo e a haste A3, do setor suporte da mesma, moldado no próprio estojo.
denteado S; Quando o instrumento tem iluminação individual,
na parte posterior do estojo é encontrada uma
A3 – haste do setor denteado S;
tomada elétrica.
S– setor denteado, que engraza com o
pinhão P; Funcionamento
P– pinhão do eixo do ponteiro;
O funcionamento deste instrumento
H – ponteiro e mostrador com escala depende exclusivamente das pressões estática e
graduada em unidade de velocidade; dinâmica que são captadas pelo conjunto Pitot-
estático e transmitidas ao indicador, pelas
C – mola cabelo, que não só mantém o
tubulações. Este instrumento nada mais é, em
conjunto do mecanismo bem última análise, que um manômetro metálico,
ajustado, eliminando qualquer folga diferencial.
que possa surgir em conseqüência de
desgastes provocados pelo
funcionamento do mecanismo, como
conserva a alavanca A3,
constantemente de encontro à haste
A2. Uma extremidade desta mola é
presa ao pinhão P e a outra, a
qualquer parte do suporte do
mecanismo.
Dependendo do funcionamento preciso
deste instrumento, das pressões captadas pelo
tubo Pitot e das reações oferecidas pelo
mecanismo e estas pressões, tomou-se, em
relação ao tubo de Pitot, a precaução de equipá-lo
com aquecimento elétrico. Figura 2-7 Funcionamento do Velocímetro
Sendo estes tubos, praticamente, livres de
erros resultantes da formação de pequenos Compare a descrição do texto seguinte
depósitos de pó, óleo ou água, o aquecimento com a vista interna do velocímetro Kollsman
elétrico evitará a única causa que poderia ilustrado na figura 2-7.

2-5
A pressão estática é transmitida ao interior A leitura dada ao piloto é a velocidade
do estojo, enquanto que a pressão dinâmica é indicada e, para isto lhe ser útil, deve ser feita
levada ao interior da cápsula aneróide. uma correção para temperatura do ar, não
Quando a velocidade do avião aumenta, há padronizada. Esta é a mesma correção usada para
uma majoração da pressão dinâmica; a cápsula altitude-densidade e quando aplicada à velocidade
aneróide dilata-se empurrando o suporte B do indicada, ela dá a velocidade verdadeira.
encontro à alavanca A1, comandando assim o A velocidade verdadeira é mais alta que a
eixo balanceiro R. Este eixo, auxiliado pelas indicada por aproximadamente dois por cento
hastes A2 e A3, comanda o setor denteado S; o para cada mil pés de altitude. Isto é devido ao
setor arrasta em seu movimento o pinhão P, fato do ar tornar-se menos denso quando o avião
obrigando, por intermédio do eixo G, o ponteiro sobe e a pressão diferencial é menor, redundando
H a registrar sobre o mostrador o aumento de numa velocidade indicada mais baixa.
velocidade que ocasionou o acréscimo da pressão
dinâmica. Quando a velocidade diminui, o Indicador de Velocidade Verdadeira
diafragma contrai-se, porque a pressão dinâmica
diminui também folgando, deste modo, o O piloto poderia olhar seu indicador de
conjunto de mecanismo. A mola P poderá velocidade, altímetro e indicador de temperatura
contrair-se, então, arrastando o ponteiro H, que do ar externo e inserir estas três indicações ao
registrará sobre o mostrador a diminuição da seu computador de vôo, para obter com isto sua
velocidade, correspondente à diminuição da velocidade verdadeira.
pressão dinâmica e o conjunto do mecanismo Este procedimento poderia distraí-lo
permanecerá bem ajustado, podendo corresponder demasiadamente e por isto foi desenvolvido um
prontamente às solicitações do diafragma. indicador de velocidade verdadeira, ilustrado na
Os indicadores da velocidade podem ser figura 2-8, que pode ser instalado no painel.
calibrados em milhas por hora, em nós (milhas O estojo deste instrumento contém, um
náuticas por hora), ou, para países que adotam o indicador de velocidade que move um ponteiro e
sistema métrico, em quilômetros por hora. um mecanismo altimétrico que move o mostrador

Figura 2-8 Indicação da velocidade verdadeira.

2-6
O movimento do mecanismo altimétrico é quente que o padrão, para a altitude na qual o
afetado (contrariado ou favorecido) pela ação de avião está voando, o sensor de temperatura
uma mola bimetálica exposta ao fluxo de ar ajudará o altímetro a indicar uma velocidade
externo e, quando o avião sobe em altitude, o verdadeira mais alta do que sob condições de
mostrador gira em tal direção que o ponteiro temperatura padrão. Atualmente os velocímetros
indicará um valor mais alto. Se o ar está mais não apresentam somente a velocidade indicada.

Figura 2-9 Velocímetro do EMB-312.

Figura 2-10 Interruptor de Alarme

2-7
Este instrumento além de apresentar a velocidade sinal elétrico que provoca um alarme de
indicada, também mostra a indicação da sobrevelocidade no sistema de áudio, se o avião
velocidade máxima permitida, bem, como uma ultrapassa a velocidade máxima permitida; isto
referência visual ajustável de velocidade. Um ocorre quando o ponteiro indicador de velocidade
interruptor instalado no interior do instrumento, cruza o ponteiro VNE/MNE.
conforme ilustrado na figura 2-10, fornece um

Figura 2-11 Circuito de alarme de sobrevelocidade


.
Além disso, o instrumento fornece um ponteiro de velocidade máxima (VNE) é função
alarme visual, caso a aeronave atinja a velocidade de altitude. Analise o gráfico da figura 2-13
de aproximação (abaixo de100kt) e o trem de
pouso não esteja travado embaixo. VELOCIDADE TOLERÂNCIA
O dispositivo compreende um contador 60 nós ±2,0 nós
interno ajustável associado aos microcontatores
do trem de pouso e a uma bandeira oscilante com
100 nós ± 2,0 nós
a inscrição U/C (do inglês under carriage) que 140 nós ± 2, 0 nós
aparece numa janela sobre o mostrador, nas 180 nós ± 3,0 nós
condições mencionadas.
220 nós ± 3,0 nós
A velocidade indicada nunca é precisa: há
sempre uma tolerância (específica para cada 260 nós ± 3,0 nós
instrumento). 300 nós ± 3,0 nós
As tolerâncias para o instrumento
apresentado podem ser vistas na tabela 2-12. O Figura 2-12 Tabela de tolerâncias

2-8
Figura 2-13 Gráfico de velocidade indicada x altitude pressão

Fazendo-se a leitura do gráfico da figura 2- 15000 282.4


13 obtém-se os seguintes valores: 16000 276.9
17000 271.6
ALTITUDE (ft) VNE (knots)
18000 266.3
0 284.2
19000 261.0
1000 284.4
20000 255.8
2000 284.7
21000 250.7
000 284.9
22000 245.6
4000 285.2
23000 240.5
5000 285.5
24000 235.6
6000 285.8
25000 230.7
7000 286.1
26000 225.8
8000 286.4
27000 221.0
9000 286.8
2800 216.2
10000 287.2
29000 211.5
11000 287.5
12000 287.9
13000 288.3 Figura 2-14 Tabela da VNE em função da altitude
14000 287.8

2-9
Conclusão: Com o aumento da altitude a VNE MNE: Mach – Nunca Exceda.
aumenta até um determinado ponto quando VNE: - Velocidade – Nunca Exceda.
bruscamente começa a diminuir. KEAS - Velocidade Equivalente (em nós).
Neste assunto são usados as seguintes KIAS - Velocidade Indicada (em nós)
siglas: KCAS - Velocidade Calibrada (em nós)
.

CONTROLES /
FUNÇÃO
INDICADORES
1. Escala de velocidade Escala de velocidade indicada em KNOTS IAS.

2. Ponteiro de velocidade Mostra, sobre a escala de velocidade, a velocidade máxima


permitida ao avião na configuração limpa.

3. Ponteiro de velocidade Mostra, sobre a escala de velocidade máxima permitida


máxima permitida avião na configuração limpa. Caso a aeronave atinja a
velocidade máxima permitida, um sinal de sobrevelocidade
será enviado pelo velocímetro à unidade de alarme sonoro
e,posteriormente, soa o alarme nos fones dos tripulantes.
4. Índice de referência Referência móvel sobre a escala de velocidade.

5. Botão de ajuste Ajusta a posição do índice de referência sobre a escala de


velocidade.
6. Bandeira UC Aparecerá intermitentemente quando a aeronave estiver
voando abaixo de 100 KIAS e o trem de pouso não estiver
travado embaixo e aparecerá continuamente quando houver
falta de energia elétrica na aeronave.

Figura 2-15 Velocímetro do EMB 312

2-10
ALTÍMETRO faz com que elas se desloquem para cima,
enquanto as moléculas mais frias das
Generalidades camadas superiores se deslocam para
baixo. As correntes assim estabelecidas
1. Distribuição da Temperatura Terrestre
recebem o nome de “correntes
A Terra e a atmosfera terrestre são convectivas”. É o processo de propagação
aquecidas pelo sol. mais comum da atmosfera, e se traduz pela
movimentação do ar no sentido vertical,
O aquecimento solar se faz irregularmente,
por meio de correntes ascendentes que
o que acarreta uma distribuição variável de
levam o ar aquecido para os níveis mais
temperatura não só no sentido vertical como
elevados e correntes descendentes, que
também no sentido horizontal.
trazem ar mais frio dos níveis de cima à
A atmosfera recebe a maior parte de seu superfície.
aquecimento por contato com a superfície
Advecção: o calor é transferido horizon-
terrestre. Este calor é fornecido, aos níveis
talmente pelo movimento do ar. Toda vez
inferiores da atmosfera, razão pela qual a
que houver convecção haverá também
temperatura na troposfera decresce com a
advecção, pois, quando o ar quente sobe
altitude. A razão de variação da temperatura com
num movimento vertical, o ar mais frio
a altitude é chamada de gradiente térmico.
adjacente mover-se-á horizontalmente em
2. Transmissão de Calor direção ao ar que está ascendendo e o
substituirá.
O calor passa dos corpos de temperatura
mais alta para os de temperatura mais baixa. Ao C - Radiação:
transferir-se, o calor utiliza-se dos processos a
É a transferência de calor através do
seguir descritos.
espaço. A energia térmica é transformada em
A- Condução radiante e se propaga por meio de ondas
eletromagnéticas. Estas são convertidas em calor,
É a transferência feita de molécula, a
quando absorvidas pelo corpo sobre o qual
molécula sem que haja transporte das mesmas.
incidem.
Na atmosfera, resume-se na propagação do
calor do ar através do contato com a superfície 3. Definição de Pressão
aquecida do solo.
B- Movimento do Ar
O calor é transportado por meio do
deslocamento de grandes porções ou massas de
ar, de um lugar para outro. Há dois tipos de
transferência através do movimento do ar:
Convecção: o calor é transferido
verticalmente. A transmissão é feita de
molécula a molécula, mas, simulta-
neamente, verifica-se um transporte de
matéria. Moléculas frias se deslocam para
regiões mais quentes e moléculas quentes Figura 2-16 Definição de pressão
para regiões frias. Exemplo: um recipiente
contendo água fria, levado ao fogo. As Na Física, define-se PRESSÃO como sendo o
moléculas da camada de água em contato “quociente entre uma força (ou peso) e a área da
com o fundo, aquecendo-se antes das superfície onde a força está aplicada”,
outras, aumentam de volume e diminuem matematicamente, tem-se P = F / S o que
em densidade. A diferença de densidade equivale a dividir a força em “forças menores”,

2-11
iguais entre si e distribuídas em cada unidade de ainda graduados em polegadas de mercúrio (pol
área, conforme ilustra a figura 2-16. Hg) e milímetros de mercúrio (mmHg).
Sob condições padrão, uma coluna de
4. Pressão Atmosférica mercúrio, tendo uma altura de 760 mm, exercerá
uma pressão de 1013,25 milibares (mb) ou 29,92
O ar que envolve a Terra apresenta, por
polegadas de mercúrio (in Hg).
efeito de força de gravidade, um peso que é
traduzido em forma de pressão atmosférica.
Desta maneira a pressão atmosférica pode
ser definida como sendo o peso de uma coluna de
ar de seção unitária, estendida verticalmente
desde a superfície da Terra até o limite superior
da atmosfera.
Há cerca de 1,033kg de ar pesando sobre
cada centímetro quadrado de superfície ao nível
do mar. O ar sendo compressível se apresenta
mais denso perto da superfície e mais rarefeito
em altitude, por causa da pressão exercida pelas
camadas superiores sobre as inferiores.
A pressão exercida pelo ar depende
principalmente de sua temperatura e densidade,
embora outros fatores também influam, tais
como: a altitude, a umidade, o período do dia, a
latitude.
Figura 2-17 Experiência de Torricelli.
5. Unidades de Pressão Atmosférica Em resumo:

“Milímetros de mercúrio”, é uma das


unidades de pressão atmosférica que resulta de 6. Causas da Variação da Pressão
uma experiência clássica de Torricelli: quando A pressão atmosférica é um elemento que
um tubo (de 1cm2 de seção) completamente cheio muda constantemente. Além de variar
com mercúrio é emborcado num recipiente regularmente em ciclos diurnos e anuais, possui
contendo também mercúrio, a altura h em que o variações irregulares que são as causas do vento e
mercúrio “estaciona” depende exclusivamente da do tempo em geral.
pressão do ar atmosférico. As variações de pressão são causadas
Se a experiência descrita for feita ao nível principalmente pelas variações de densidade do
do mar, a altura h será de 76 centímetros de ar, sendo que essas, por sua vez, são causadas por
mercúrio (cmHg) ou 760 milímetros de mercúrio variações de temperatura.
(mmHg), ou 760 torricelli (torr) ou, ainda, uma O ar quando aquecido expande-se,
atmosfera (atm.). ocupando um volume maior, de modo que uma
coluna de ar quente pesa menos que uma
1 mmHg = 1 torr equivalente mais fria.
1 atm. = 76cmHg = 760mmHg = 760 torr = A porcentagem de umidade existente no ar
14,7 psi = 1013,25 mb ou hPa = 29,92in Hg também influencia a pressão. O ar seco é mais
denso que o úmido. Um aumento da quantidade
A unidade da pressão atmosférica, segundo de vapor d’água, no ar, diminui sua densidade e,
a Organização Mundial de Meteorologia, é o portanto, a pressão. O ar é muito compressível e,
milibar (mb), definida como 1000 dinas por devido à pressão exercida pelas camadas
centímetro quadrado. Devido as experiências superiores da atmosfera sobre as camadas
iniciais de Torricelli, muitos barômetros são inferiores, a pressão atmosférica apresenta
valores maiores à superfície do que em altitude,

2-12
em razão do aumento de densidade do ar, naquele Altitude Absoluta (altura): é a distância
nível. Na medida em que se eleva acima do nível vertical acima da superfície da Terra, sobre a qual
do mar, o peso do ar diminui. Ao nível do mar, o o avião está voando.
peso da atmosfera é de 1,033 kgf / cm2. A 7.600
Altitude Indicada: é a leitura não
metros, por exemplo, este peso é de apenas
corrigida, de um altímetro barométrico.
0,14kgf/cm2. A pressão cai, a princípio
rapidamente, na camada mais densa do ar inferior Altitude Calibrada: é a altitude indicada,
e, em seguida, mais lentamente, na medida em corrigida para os erros do instrumento e de
que o ar vai se tornando mais rarefeito. instalação do mesmo.

7. Definições de Pressão Pressão da Altitude do Campo: é a


pressão lida na escala barométrica, quando os
Pressão absoluta: é contada a partir do ponteiros são ajustados na altura do local onde
zero absoluto de pressão. Por este motivo o está pousado o avião. Usa-se, em geral, ajustar os
instrumento indicador de pressão absoluta ponteiros a dez pés, pois essa é, mais ou menos, a
mostrará a pressão atmosférica local toda vez que altura do painel de instrumentos onde está
o sistema estiver desligado. localizado o altímetro. Quando se ajusta o
altímetro neste sistema, a escala barométrica
Pressão diferencial: é a que resulta da
indicará a pressão local.
comparação entre pressões. Uma de suas
aplicações, em aviação, é a comparação entre a Altitude-Pressão: é o número indicado
pressão atmosférica, externa e a interna, de uma pelos índices de um altímetro, ajustado no
aeronave. sistema de pressão da altitude do campo. Como
os índices são sincronizados com a escala
Pressão relativa: é quando a pressão
barométrica, pode-se ajustar os altímetros por
atmosférica é tomada como ponto zero ou de
aqueles, convertendo-se a pressão que é dada em
partida de contagem. Estes instrumentos mostram
unidades tais como milibares, pol, hg, etc.
leitura zero quando o sistema está desligado.
Altitude Verdadeira: é a distância vertical
8. Definições de Altitude de um ponto ou de uma aeronave, acima do nível
do mar.
A seguir, algumas definições que ajudarão a
Altitude-Densidade: é altitude-pressão
entender o emprego dos dois sistemas de
corrigida pela temperatura. É muito usada em
ajustagem do altímetro.
cálculos de performance.
Altitude: é a distância vertical de um nível,
Nota: no nível zero da atmosfera padrão,
um ponto ou um objeto considerado como um
considera-se a terra como uma esfera
ponto, medida a partir de um determinado plano
perfeitamente lisa.
referência.

Figura 2-18 Definições de altitude

2-13
9. Correções do Altímetro altímetro mantenha uma altitude indicada
constante.
As principais correções de altímetro são A figura 2-20 identicamente mostra a
devidas às variações da temperatura do ar e da diminuição da altitude verdadeira, quando a
pressão atmosférica. aeronave voa em direção a uma área de baixa
A figura 2-19 indica que uma aeronave, pressão. Essas figuras têm a finalidade de alertar
quando voa de uma área quente para uma área aos pilotos, quanto à escolha do nível de vôo, ao
fria, tem sua altitude verdadeira diminuída à voarem em direção a uma área mais fria ou em
proporção que se aproxima da área fria, embora o direção a uma área de baixa pressão.

Figura 2-19 Correção do altímetro devido à variação de temperatura

Figura 2-20 Correção do altímetro devido à variação de pressão


10. Cápsula ou diafragma empregar-se uma cápsula. Dois pratos corrugados
são juntados com solda em suas bordas, de modo
Quando as pressões a serem medidas são que a parte côncava de um fique voltada para a do
pequenas e necessita-se de alta precisão é comum outro. O enrugamento dos pratos permite

2-14
aumentar a área que vai sentir a pressão e, ao Altímetro padrão
mesmo tempo, possibilitar maior flexibilidade. A
figura 2-21 mostra uma cápsula ou diafragma
O altímetro padrão tinha uma simples
vista em corte transversal; pode-se notar o
cápsula aneróide vazia, cuja expansão e contração
corrugamento, a entrada da pressão e a solda das
movia um eixo basculante, um setor e uma
bordas.
engrenagem de pinhão, que era ligada a um
ponteiro conforme ilustrado na figura 2-24.
O mostrador para este instrumento era
calibrado em “pés”, e sempre que qualquer
variação na pressão barométrica existente causava
uma mudança na indicação da altitude, o
mostrador podia ser girado e assim o piloto podia
fazer o instrumento indicar zero, enquanto o
avião estivesse no solo.
Figura 2-21 Cápsula ou diafragma em corte Esta simples forma de ajustamento tornava
o vôo local mais fácil para o piloto, mas era inútil
A figura 2-22 mostra um conjunto de
para o vôo, através do país, porque a pressão
cápsulas sanfonadas que possibilitam maior
barométrica do destino raramente é a mesma do
sensibilidade e melhor indicação.
ponto da decolagem.
Assim que as comunicações de rádio, em
vôo, tornaram-se possíveis, os altímetros com
escalas barométricas ajustáveis foram
desenvolvidos, capacitando o piloto a justar seu
altímetro às condições barométricas existentes no
local do pouso.

Figura 2-22 Cápsula sanfonada

Figura 2-24 Altímetro padrão


Seu instrumento indicaria, então, ou zero
Figura 2-23 Cápsula aneróide quando suas rodas tocassem o solo ou, como é
A figura 2-23 mostra uma cápsula aneróide, atualmente feito, indicaria sua altitude acima do
hermeticamente fechada e que atuará sob os nível médio do mar.
efeitos das variações de pressões externas. Dessa maneira, o piloto pode determinar
Vê-se, também, uma haste que servirá para sua altura acima dos objetos sobre o solo, e seu
o acoplamento ao sistema que irá acionar o altímetro indicará a altitude oficial do aeródromo
ponteiro indicador. quando suas rodas rolarem sobre a pista.
Os altímetros são instrumentos que O gradiente vertical da pressão (redução da
empregam cápsulas aneróides. pressão com a altitude) não é linear, isto é, a

2-15
mudança em pressão para cada mil pés é maior outro, uma volta a cada 10.000 pés e um ponteiro
em altitudes mais baixas do que em níveis mais curto ou marcador fará uma trajetória completa
altos. para 10.000 pés, se o instrumento atingir esta
É possível projetar o enrugamento das altitude.
cápsulas aneróides, de modo que sua expansão Os altímetros usados em aviões modernos,
seja uniforme para uma mudança de altitude, em geralmente têm alcances de 20.000, 35.000,
vez de uma mudança de pressão. O uso desse tipo 50.000 e 80.000 pés.
de cápsula aneróide tem tornado possível o uso de A figura 2-25 ilustra uma das formas mais
ponteiros múltiplos e escalas uniformes. Um primitivas de altímetros sensitivos com três
ponteiro faz uma volta completa para 1.000 pés ponteiros.

.
Figura 2-25 Vista interna do altímetro primitivo de três ponteiros

Figura 2-26 Altímetro primitivo de três ponteiros


O altímetro de três ponteiros é altitude aproximada. Acidentes têm sido
relativamente fácil de ser mal interpretado porque atribuídos a pilotos que interpretaram
o menor ponteiro é facilmente encoberto por um erroneamente o pequeno ponteiro; assim, os mais
dos outros e em aviões pressurizados com recentes modelos de altímetros substituíram o
elevada razão de subida é difícil saber-se a pequeno ponteiro por um marcador e um setor

2-16
listrado, que desaparece por trás de uma cobertura figura 2-27. A figura 2-28 é um diagrama
numa determinada altitude, conforme ilustrado na esquemático do funcionamento deste altímetro.

Figura 2-27 Funcionamento de um modelo mais recente de altímetro

2-17
Figura 2-28 Diagrama esquemático de funcionamento do altímetro

As duas cápsulas acionam um eixo de A fricção dentro do altímetro, mesmo sob


ponteiro comum através de dois conjuntos de condições quase ideais, é tal que para uma
eixos oscilantes e elos compensados por indicação precisa é necessário que haja vibração
temperatura. no instrumento.
A engrenagem cônica deste eixo aciona Isto não é problema para aviões de motores
os três tambores. alternativos, pois existe suficiente vibração do
Um botão de ajuste da pressão no solo ativa motor; mas o avião a jato freqüentemente exige
um disco de ressaltos para mover o ponteiro e vibradores para o painel de instrumentos a fim de
fornecer a adequada referência de pressão. manter precisa a indicação do altímetro. O torque
Uma extensão no ajustamento de escala requerido para acionar os três tambores, além do
barométrica move um potenciômetro no sistema ponteiro, torna obrigatório o uso de um vibrador
de pressurização da cabine, para relacioná-lo à e, em vez de depender de uma unidade montada
pressão barométrica, que o piloto introduziu no externamente, um oscilador e um vibrador são
altímetro de vôo. incluídos no estojo do instrumento para fornecer
Alguns tipos de altímetro utilizam uma exatamente a quantidade correta de vibração
série de cápsulas aneróides empilhadas, para (para o instrumento). Um solenóide rotativo
acionar os ponteiros. aciona um indicador de falha, para alertar o piloto
Se, por exemplo, as cápsulas aneróides quando o vibrador ficar inoperante.
modificarem suas dimensões em 3/16 de
polegada, o ponteiro mais comprido do mostrador Erros
girará trinta e cinco voltas completas.
Esta amplificação requer rubis em todos os A verificação do altímetro visa confirmar se
pivôs principais, para reduzir ao máximo a as indicações estão corretas dentro da faixa de
fricção. tolerância prescrita para a operação do

2-18
instrumento e detectar alguns vazamentos prendendo durante o funcionamento. Para cada
porventura existentes na linha estática. Visa, valor de altitude uma tolerância é permitida.
também, verificar se os ponteiros não estão A tabela a seguir é um exemplo.

ALTITUDE PRESSÃOEQUIVALENTE TOLERÂNCIA


(PÉS) (POLEGADAS DE MERCÚRIO) ± (PÉS)
...- 1.000 ---------------------------------- 31,018 --------------------------------------------20
0----------------------------------- 29,921 --------------------------------------------20
500----------------------------------- 29,385 --------------------------------------------20
1.000----------------------------------- 28,856 --------------------------------------------20
1.500----------------------------------- 28,335 --------------------------------------------25
2.000----------------------------------- 27,821 --------------------------------------------30
3.000----------------------------------- 26,817 --------------------------------------------30
4.000----------------------------------- 25,842 --------------------------------------------35
6.000----------------------------------- 23,978 --------------------------------------------40
8.000----------------------------------- 22,225 --------------------------------------------60
10.000----------------------------------- 20,577 --------------------------------------------80
12.000----------------------------------- 19,029 --------------------------------------------90
14.000----------------------------------- 17,577 ------------------------------------------ 100
16.000----------------------------------- 16,216 ------------------------------------------ 110
18.000----------------------------------- 14,942 ------------------------------------------ 120
20.000----------------------------------- 13,750 ------------------------------------------ 130
22.000----------------------------------- 12,636 ------------------------------------------ 140
25.000----------------------------------- 11,104 ------------------------------------------ 155
30.000-------------------------------------8,885------------------------------------------ 180
35.000-------------------------------------7,041------------------------------------------ 205
40.000-------------------------------------5,538------------------------------------------ 230
45.000-------------------------------------4,355------------------------------------------ 255
50.000-------------------------------------3,425------------------------------------------ 280

Tabela 2-29 Tolerâncias em relação à altitude


Além dos erros de temperatura, os Obtém-se a altitude-pressão do altímetro de
altímetros estão sujeitos a outras espécies de estação, coloca-se os ponteiros do altímetro a
erros, motivados por deficiência no mecanismo. zero, vibra-se ligeiramente o instrumento. A
O aneróide pode induzir a erros nas indicações do seguir, verifica-se a posição das marcas de
altímetro, dos quais o mais importante é referência, suas indicações deverão coincidir com
conhecido como erro de Hesteresis, chamado as da altitude de pressão da estação local, ou
também de erro de impulso ou de atraso. excedê-las de trinta pés, no máximo. Caso o erro
Esta espécie de erro é ocasionada pela exceda a tolerância permitida de trinta pés, ajusta-
impossibilidade das moléculas do metal, de que é se o instrumento.
feito o aneróide, de reagirem prontamente às
rápidas variações de pressão que se fazem sentir 2. Ajuste do altímetro
sobre os contornos do aneróide
É a pressão lida na escala barométrica do
AJUSTE DO ALTÍMETRO altímetro, quando os ponteiros são ajustados na
altitude local onde está pousado o avião. O
1. Ajuste do “Zero” número que aparecerá na escala barométrica é da

2-19
pressão local convertida ao nível do mar, de ALTÍMETRO CODIFICADOR
acordo com a tabela de atmosfera padrão.
Generalidades
3. Elevação Calculada do Campo ou Altitude
O controle do tráfego aéreo pelo radar
É o número indicado pelos ponteiros,
permite que um fluxo de tráfego de alta densidade
quando a escala barométrica é ajustada no sistema
torne-se suave e ordenado, mas, até recentemente,
de ajuste.
o controlador não tinha conhecimento exato da
4. Variação da Altitude-Pressão altitude do avião que ele estava seguindo. O
“transponder” responde ao radar do solo com um
É o mesmo que ajuste de altímetro, só que é código, dando ao controlador certas informações
indicado em pés, pois é o número dado pelos que ele necessita.
índices ou marcadores de referência quando se O “transponder” tem 4.096 códigos
ajusta a escala barométrica ao sistema de ajuste disponíveis; assim, a mais recente geração de
de altímetro. altímetros não somente fornece ao piloto uma
O movimento dos índices é sincronizado indicação de sua altitude mas, também, codifica o
com os da escala barométrica, de modo que há “transponder”, permitindo-lhe responder à
uma correspondência fixa entre as indicações dos estação no solo com um sinal que dará uma
índices. indicação visível, na tela do radar, da altitude do
Daí se conclui que tanto faz ajustar-se o avião a cada 100 pés.
altímetro pelo sistema de ajuste de altímetro, A maioria dos altímetros codificadores, ora
recebendo-se o número em polegadas de Hg, ou em uso, utiliza codificadores óticos. Neste
em pés (variação da altitude-pressão), já que a sistema, as cápsulas acionam um disco de vidro
correspondência entre ambas é fixa. com setores transparentes e opacos.
Uma fonte de luz brilha através do disco
5. Ajustagem usando-se a Altitude do Campo
sobre as células fotoelétricas, as quais convertem
Quando se desejar ajustar o altímetro de o movimento do disco em sinais codificados para
modo que seus ponteiros indiquem a altura do o “transponder”.
avião acima do ponto da terra sobrevoado ou, Este tipo fornece um alto grau de precisão
mais precisamente, acima do campo de com poucas exigências de torque.
aterragem, o piloto pedirá, pelo rádio, a pressão
barométrica do local. Codificador – Princípio
6. Ajustagem usando-se a Escala Barométrica
O codificador opera de acordo com o
Ajustam-se os ponteiros do instrumento sistema de código de Gillham, que é um código
para a altura do campo, por ocasião da linear ICAO aprovado para transmissão de dados
decolagem. A escala barométrica do instrumento de altitude para fins de controle de tráfego aéreo.
indicará, então, a pressão local, convertida ao Sua faixa de operação cobre um total de
nível do mar. 49.000 pés, com incrementos de 100 pés; a
Sendo a pressão local igual à padrão, a precisão do código em pontos de transição é de ±
leitura da escala barométrica será 29.92 Pol Hg; 20 pés.
sendo maior, a leitura será maior que 29.92; O dado codificado é provido por meio de
sendo menor, a leitura será menor que 29.92. um disco codificador de vidro que gira entre uma
Para obter-se durante o vôo, a altitude do faixa intercalada de dez pares de diodos
avião, acima do nível do mar, basta ajustar-se a emissores de luz e fototransistores formando
escala barométrica do altímetro para a pressão parte de uma unidade sonora.
atmosférica do nível do mar. Esta pressão é Pistas metálicas no disco de vidro
obtida pelo avião, através de estação codificador transparente agem como obturadores
meteorológica. para instruir a passagem de luz entre os dados

2-20
emissores de luzes e os fototransistores enquanto Operação do Transponder
o disco codificador gira.
Esta ocorrência é utilizada para estabelecer O transponder responde a todas as
ou interromper a passagem para um potencial de interrogações válidas do radar ATC, com sinais
terra de dez circuitos externos ou canais que em código. O sinal de resposta é usado, pelo
levam ao transponder da aeronave. controlador ATC, a fim de localizar e identificar a
Este último opera em conjunto com o IFF aeronave equipada com transponder, que
da aeronave para transmitir a informação de transmite em 1090MHz e recebe em 1030 MHz
altitude codificada para o controle de tráfego Vários tipos de radares de vigilância são
aéreo. Permuta desta condição de terra sobre os usados no sistema ATC. Contudo, somente os
dez canais de transponder permite operação de radares primário PSR e o secundário SSR estão
acordo com o código Gillham como demonstra a funcionalmente relacionados com o transponder.
figura 2-30. O PSR é usado a fim de localizar e manter
O exemplo esquemático mostrado todos os aviões dentro da área de controle. O
representa a condição do codificador a uma SSR, com varredura sincronizada com o PSR, é
altitude de 10.000 pés. Os diodos emissores são utilizado a fim de identificar os aviões equipados
energizados por uma fonte de alimentação de DC. com transponder, pela transmissão de sinais de
interrogação e recepção de respostas
As informações codificadas.do PSR e do
SSR são apresentadas na tela do radar do
controlador ATC.
Além da identificação o controlador tem as
informações de distância e direção de todas as
aeronaves dentro da área de controle.
O transponder opera no modo A ou C.
Quando o transponder é interrogado no modo A,
por uma estação de terra, ele responde como o
código selecionado no painel de controle.
Figura 2-30 Condição do codificador a 10.000 Este código consiste de quatro dígitos,
pés. variando cada um de zero a 7

Figura 2-31 Esquema de operação do transponder

2-21
. Deste modo, os códigos poderão ser Existem 4 modos de operação,
selecionados de 0000 até 7777. Quando no modo denominados A, B, C e D. No modo A, o sistema
C, o transponder informa a altitude da aeronave, transmite somente sua identificação. O modo B,
através de sinais codificados, sempre que a em alguns países, ocasionalmente substitui o
aeronave é interrogada neste modo e esteja modo A. O modo C, é usado quando a aeronave
equipada com um altímetro codificador. possui altímetro codificador. Neste caso, a
O transponder é interrogado através de um resposta do transponder inclui a informação de
método de 3 pulsos. O espaço de tempo entre o altitude da aeronave. O modo D, atualmente não
1º e o 3º pulso determina o modo de operação. está em uso.

Figura 2-32 Pulsos de interrogação do sistema transponder

O sinal de interrogação, recebido, é O número de pulsos gerados num sinal


analisado pelo transponder para determinar sua resposta é determinado pelo código selecionado
validade e o modo de operação. na caixa de controle do transponder ou gerado
Para este sinal ser válido, ele deverá ser do pelo altímetro codificador. Um pulso de
lóbulo principal do SSR e ser do modo A ou do identificação é também transmitido 4.35
modo C. microssegundos após o último pulso de
Quando um sinal de interrogação é válido, enquadramento.O pulso de identificação estará
o sinal resposta é transmitido. presente somente quando o interruptor IDENT da
O sinal resposta codificado é composto de caixa de controle do transponder for liberado e
um trem de pulsos. O transponder é capaz de por aproximadamente 20 segundos após sua
produzir de 2 a 16 pulsos de resposta codificada. liberação.

Figura2-33 Posição dos pulsos do sinal resposta

2-22
INDICADOR DE RAZÃO DE SUBIDA Como resultado disto o diafragma se
contrai, fazendo com que o ponteiro indique a
Este indicador é também conhecido pelos condição de subida (UP) conforme ilustrado na
seguintes nomes: figura 2.35

• indicador de velocidade vertical


(VSI);
• indicador de razão de subida e
descida;
• indicador de regime ascensional;
• variômetro;
• climb.
Tem por finalidade indicar se a aeronave
está subindo, ou em vôo nivelado.
O funcionamento deste instrumento está Figura 2-35 Indicador em condição de subida
baseado no princípio de que a “medida que a
altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui”. A figura 2-36 ilustra a condição de descida.
Basicamente, o mecanismo consiste de uma fenda A pressão que existe no exterior da cápsula
calibrada, uma cápsula e um eixo de atuação que é menor do que a do interior. Portanto, a cápsula
transmite os movimentos da cápsula para o se expande. O ponteiro indica a condição de
ponteiro. descida (DOWN).
O ponteiro está encerrado em uma caixa
hermética conectada à linha de pressão estática.
Quando o avião está ganhando ou perdendo
altitude, a pressão existente no exterior da cápsula
aneróide é retardada com relação à pressão na
parte interior do mesmo. O retardo é causado pela
fenda calibrada que limita a mudança brusca da
pressão no interior da cápsula aneróide. A
diferença resultante da pressão faz com que a
cápsula se contraia em uma ascensão e se dilate
quando o avião está perdendo altitude. Através de
um eixo de atuação os movimentos da cápsula
são transmitidos ao ponteiro. Figura 2-36 Indicador em condição de descida

.Existem indicadores,(figura 2-37), onde


uma segunda cápsula (A) é instalada na parte
posterior da caixa capaz de liberar o excesso de
pressão.
Sua finalidade é proteger o mecanismo
contra danos que podem ocorrer no caso de
exceder-se o alcance máximo do instrumento; isto
pode acontecer numa descida brusca.
Quando isso ocorre o excesso de pressão
se expande e abre uma válvula de alívio (B);
Figura 2-34 Indicador quando em vôo horizontal impedindo que a cápsula responsável pela
ou com o avião em terra indicação (C) se expanda demasiadamente.

2-23
Figura 2-37 Tipo de indicador com duas cápsulas.

Este indicador não indica o ângulo do instrumento, encontra-se um parafuso (ou botão)
avião em relação ao plano horizontal As para ajuste da posição zero.
graduações mais comuns do mostrador deste O diagrama esquemático do indicador de
instrumento são: pés/minutos (FT/MIN) ou razão de subida atualmente em uso é mostrado
metros/segundo (M/SEC.).Na parte frontal do na figura 2-38

Figura 2-38 Diagrama esquemático de um indicador


INSTRUMENTOS GIROSCÓPICOS Para entendermos o uso destes
instrumentos é necessário conhecermos os
Três dos instrumentos de vôo mais comuns princípios do giroscópio, sistemas de
são controlados por giroscópicos, são eles: alimentação e detalhes de construção e operação
– Giro Direcional; de cada instrumento. Sem o uso do giroscópio
adaptado aos instrumentos de vôo e navegação,
– Horizonte artificial;
seria impossível voar com precisão em qualquer
– Indicador de curva. condição de tempo.

2-24
O giroscópio é uma massa (roda, disco ou
volume) que gira em torno de seu eixo e tem
liberdade de giro em torno de um ou dos outros
eixos perpendiculares ao seu eixo de giro.
Para simplificar, vamos ilustrar sua
construção passo a passo.

1. Imagine um rotor (massa girante) e um eixo.

Figura 2-42 Eixos de giro


5. Quando em repouso, o giroscópio nada tem
de extraordinário. Ele é simples-mente uma
Figura 2-39 Rotor e eixo roda que você pode girar em qualquer
2. Coloque um suporte circular (gimbal) com direção que não alterará o centro geométrico
rolamentos nos quais o eixo do rotor possa do conjunto.
girar. -

Figura 2-40 Suporte circular (gimbal)


3. Agora adicione um outro suporte circular
(gimbal) com rolamentos à 90º dos Figura 2-43 Giroscópio em repouso
rolamentos do rotor, sobre os quais o conjunto
anterior possa girar.
6. Quando você gira o rotor, o giroscópio exibe
a primeira de suas duas propriedades.
Ele adquire um alto grau de rigidez e o seu
eixo aponta sempre na mesma direção,
independente de girarmos sua base para
qualquer lado. Isto é chamado de INÉRCIA
GIROSCÓPICA ou RIGIDEZ.

Figura 2-41 Adicionando o segundo gimbal

4. Coloque o conjunto montado, apoiado


através de rolamentos horizontais num
montante base e teremos um giroscópio.
Desconsiderando o eixo do giro, o giroscópio
tem dois graus de liberdade. O conjunto pode
girar em torno do eixo vertical e do eixo Figura 2-44 Inércia giroscópica ou rigidez
longitudinal (Figura 2-42).

2-25
7. .A segunda propriedade chamada caixa do instrumento através de uma linha, para
PRECESSÃO pode ser mostrada pela a fonte de vácuo, e daí soprado para a atmosfera.
aplicação de uma força ou pressão ao giro, Uma bomba de vácuo ou um venturi
em torno do eixo horizontal. podem ser usados para fornecer o vácuo,
Haverá uma resistência à força e o giro em requerido para girar os rotores dos giro-
vez de girar em torno do eixo horizontal instrumentos.
girará ou precessará em torno do eixo O valor do vácuo necessário para operação
vertical na direção indicada pela letra P. de instrumentos está usualmente entre três e
Da mesma forma, se a força ou pressão for meia polegadas, e quatro e meia polegadas, de
aplicada em torno do eixo vertical o giro irá mercúrio e é usualmente ajustado por uma
precessar em torno do eixo horizontal na válvula de alívio de vácuo, localizada na linha de
direção mostrada pela seta P. suprimento.
Os indicadores de curvas usados em
algumas instalações exigem valor menor de
sucção.
Isto é obtido usando-se uma válvula
reguladora adicional na linha de suprimento do
instrumento em particular.

Capítulo 2 Sistema do tubo de venturi

As vantagens do venturi como uma fonte


de sucção são o seu custo relativamente baixo e a
Figura 2-45 Precessão giroscópica simplicidade de instalação e operação. Um avião
leve, monomotor, pode ser equipado por um
venturi de duas polegadas (2 in.Hg de
Fontes de força para operação de giroscópio capacidade de sucção) para operar o indicador
de curva.
Os instrumentos giroscópicos podem ser Com um sistema adicional de 8 polegadas,
operados por um sistema de vácuo ou por um existe força disponível para mover os
sistema elétrico. indicadores de atitude e direção. Um sistema de
Em algumas aeronaves, todos os venturi é mostrado na figura 2-46.
giroscópicos são acionados ou por vácuo ou A linha que sai do giroscópio (figura 2-46)
eletricamente; em outros, sistemas de vácuo está conectada no tubo de venturi montado no
(sucção) fornecem energia para os indicadores exterior da fuselagem do avião.
de atitude e direção, enquanto o sistema elétrico Através da velocidade aerodinâmica
move o giroscópio para operação do ponteiro do normal de operação, a velocidade do ar passando
indicador de curvas. Qualquer uma das correntes pelo venturi cria sucção suficiente para causar a
de força, a alternada ou a corrente contínua, é rotação do giroscópio.
usada para mover os instrumentos giroscópicos. As limitações do sistema venturi são
evidentes na ilustração da figura 2-46. O venturi
Sistema de vácuo é projetado para produzir o vácuo desejado a
aproximadamente 100 m.p.h, sob condições
O sistema de vácuo provoca a rotação do padrão ao nível do mar. Amplas variações na
giro succionando uma corrente de ar contra as velocidade ou na densidade do ar, ou restrições
palhetas do rotor para gira-lo em alta velocidade, ao fluxo de ar pela criação de gelo no tubo de
como opera uma roda de água ou uma turbina. venturi afetarão a garganta do venturi e portanto
O ar, sob pressão atmosférica passa por um afetando o giroscópio acionado pelo vácuo ali
filtro, move as palhetas do rotor, e é extraído da produzido.

2-26
Figura 2-46 Sistema de vácuo com venturi.

Como um rotor só atinge a geral, os sistemas de bomba seca ou lubrificada


velocidade normal de operação após a decolagem, por óleo, são semelhantes.
as checagens operacionais de pré-vôo dos
instrumentos acionados pelo venturi, não podem
ser executadas. Por esta razão o sistema é
adequado somente para instrumentos de aviões
leves de treinamento e vôos limitados sob
determinadas condições meteorológicas.
Aviões que voam a grandes variáveis de
velocidade, altitude e condições meteorológicas
mais adversas, exigem uma fonte mais eficiente
de força independente da velocidade
aerodinâmica e menos sensível a condições
aerodinâmicas adversas.

Bomba de vácuo movida pelo motor

A bomba de vácuo de palheta acionada Figura 2-47 Vista em corte de uma bomba de
pelo motor é a fonte mais comum de sucção para vácuo, do tipo palheta, girada pelo
giros instalados em aviões leves da aviação geral. motor.
Uma bomba do tipo de palheta é montado
no eixo de acessórios do motor e está conectado A principal desvantagem do sistema de
ao sistema de lubrificação de forma que a bomba vácuo com bomba de sucção movida pelo motor
seja resfriada e lubrificada. do avião refere-se a indicações imprecisas em
Outro sistema comumente usado é o de vôos a grandes altitudes. Fora a manutenção de
bomba de sucção seca também acionada pelo rotina dos filtros e as tubulações que não existem
motor. A bomba opera sem lubrificação e a nos sistemas giro elétricos, a bomba de sucção
instalação não exige linhas para o suprimento movida pelo motor é uma fonte tão efetiva para
normal de óleo do motor e não há necessidade de os aviões leves quanto o sistema elétrico de
separador de ar e óleo ou válvulas. De um modo sucção.

2-27
Sistema típico de sucção produzida por bomba tamanho variam em diferentes aeronaves,
dependendo do numero de giroscópios operados.

A figura 2-48 mostra os componentes do Separador de ar e óleo - O óleo e o ar da


sistema de vácuo com uma bomba de capacidade bomba de vácuo são eliminados através do
de 10"hg, em motores com rotação acima de separador, o ar é soprado para fora, e o óleo
1.000 rpm. A capacidade da bomba e o seu retorna para o interior do motor.

Figura 2-48 Típico sistema de vácuo com bomba movida pelo motor da aeronave

Válvula de alívio de sucção - Como a A válvula de alívio de pressão ventila a


capacidade de sucção do sistema é maior que o pressão positiva para a atmosfera exterior.
necessário para operação dos instrumentos, a
válvula reguladora de sucção é ajustada para a Válvula unidirecional - A válvula
sucção desejada para acionar os instrumentos. A reguladora de direção única previne possíveis
sucção em excesso nas linhas de instrumento é danos aos instrumentos pelo retrocesso do motor,
reduzida quando a válvula acionada por uma que reverteria o fluxo de ar e óleo proveniente da
mola abre-se para a pressão atmosférica (figura 2- bomba (ver figura 2-50).
49).

F
igura 2-50 Válvula unidirecional.
Fig
ura 2-49 Válvula reguladora do vácuo. Válvula seletora - Em aeronaves bi-
motoras equipadas com bombas de sucção
Válvula de alívio de pressão - Como o acionadas por ambos os motores, a bomba
fluxo reverso do ar proveniente da bomba de alternada pode ser selecionada para fornecer
sucção fecharia a válvula reguladora e a válvula sucção no caso de qualquer pane do outro motor
de alívio de pressão, a pressão resultante ou pane da outra bomba, com uma válvula
romperia as linhas. incorporada para fechar e isolar a bomba
deficiente.

2-28
Válvula restritora - Como o instrumento então uma polegada de mercúrio ou uma p.s.i. de
que indica inclinação e curva, o “turn and bank” sucção é igual a -1 p.s.i. de pressão negativa ou
necessita e opera com menos sucção que a 16,5 de pressão positiva.
requerida para outros instrumentos giroscópicos, Da mesma forma, 3 polegadas de mercúrio
o vácuo na linha principal deve ser reduzido. Esta são iguais a -3 p.s.i. de pressão negativa ou +14,5
válvula é ou uma agulha ajustada para reduzir a de pressão positiva. Quando a bomba de vácuo
sucção da linha principal por aproximadamente a desenvolve uma sucção (pressão negativa), deve
metade, ou uma válvula reguladora por uma mola também criar uma pressão positiva.
que mantém uma sucção constante para o Esta pressão (ar comprimido) é algumas
indicador de curva a não ser que a sucção na vezes utilizada para operar instrumentos de
linha principal caia para um valor mínimo. pressão, câmaras degeladoras (boots) e selos
infláveis.
Filtro de ar - O filtro mestre de ar peneira
objetos estranhos fluindo através de todos os Operação de um sistema típico
instrumentos giroscópicos, que são também
equipados com filtros individuais. Uma obstrução O esquema de um sistema de sucção
no filtro mestre reduz o fluxo de ar, e causa uma típico para um avião bitimotor é mostrado na
leitura menor no instrumento indicador de figura 12-64.
sucção. Este sistema a vácuo é composto dos
Em aeronaves que não tem o filtro mestre seguintes componentes: 2 bombas de sucção, 2
instalado, cada instrumento tem seu filtro próprio. válvulas de alívio de sucção, 2 válvulas
Um sistema individual de filtro, com uma reguladoras tipo “flapper”, uma válvula restritora
obstrução, esta não será necessariamente indicada para cada indicador de curva, uma válvula
no instrumento de sucção, no painel. seletora de 4 posições, um sistema de tubulações
por onde flui a sucção, e uma válvula seletora do
Indicador de sucção - O indicador de indicador de curva.
sucção é um instrumento que indica a diferença As bombas de sucção movidas pelo motor
em polegadas de mercúrio entre a pressão dentro esquerdo e direito, e suas linhas componentes são
do sistema e a pressão atmosférica ou a pressão independentes e isoladas umas das outras, e
na cabine. atuam como 2 sistemas independentes de sucção.
A sucção desejada, e os limites mínimo e As linhas de sucção são dirigidas desde
máximo variam de acordo com o projeto do cada bomba de sucção, através de uma válvula de
giroscópio. Se a sucção necessária para os alívio e de uma unidirecional para a seletora de
indicadores de atitude e direção é 5" e o mínimo é quatro posições.
4,6", uma leitura abaixo deste ultimo valor indica Da válvula seletora de quatro posições, as
que o fluxo de ar não está mantendo os linhas do sistema de vácuo dos motores são
giroscópios em uma velocidade suficiente para dirigidas através de tubulações flexíveis,
operação confiável. conectadas aos instrumentos operados a vácuo.
Em muitas aeronaves, o sistema é equipado Dos instrumentos, as linhas são orientadas
com uma válvula seletora para o indicador de até o indicador de sucção e passam por uma
sucção, permitindo que o piloto verifique o vácuo válvula seletora dos indicadores de curva (turn
em vários pontos no sistema. and bank).
Esta válvula tem três posições: principal, “T
Sucção & B” esquerdo e “T & B” direito.
Na posição principal o indicador de sucção
As pressões da sucção estudadas em mostra as linhas do horizonte artificial e giro
conjunto com a operação dos sistemas de vácuo direcional.
são realmente pressões negativas ou pressões Nas outras posições, o menor valor de
menores (abaixo do nível do mar). Por exemplo, sucção para os indicadores de curva (turn and
se a pressão ao nível do mar é igual a 17.5 p.s.i. bank) pode ser verificado.

2-29
.
Figura 2-51 Sistema de vácuo de uma aeronave multimotora

Giroscópios de atitude acionados por sucção O ar, então, passa através de quatro
orifícios igualmente localizados e distanciados na
Em um típico sistema giroscópico de parte inferior da caixa do rotor e é sucgaado pela
atitude movido por sucção, o ar é succionado bomba de sucção ou venturi (figura 2-52). A
através do filtro, e então através de passagens no, câmara contendo os orifícios é o mecanismo que
eixo traseiro e no anel interno do giroscópio, é faz com que o dispositivo de rotação retorne ao
direcionado para dentro do alojamento onde é seu alinhamento vertical sempre que uma força de
dirigido contra as palhetas do rotor através de precessão, tal como uma fricção do rolamento,
dois orifícios em lados opostos. mude o rotor desde o seu plano horizontal.

Figura 2-52 Mecanismo de ereção de um indicador de atitude a vácuo.

2-30
Quatro orifícios de escapamento são Muitos giroscópios são equipados com um
cobertos até a metade por uma palheta pendular, dispositivo auxiliar chamado “cage”, usado para
que permite a descarga de volumes de ar iguais colocar o rotor instantaneamente na sua posição
através de cada orifício, quando o rotor está de operação normal antes do vôo ou após o seu
adequadamente ereto. colapso.
Qualquer inclinação do rotor afeta o O acionamento do botão “cage” evita a
equilíbrio total das palhetas pendulares fazendo rotação dos anéis dentro do giroscópio, e trava o
com que uma palheta feche o par do lado oposto, eixo de rotação do rotor na sua posição vertical.
enquanto a palheta oposta se abre na proporção
correspondente. Giroscópios operados por pressão
O aumento do volume de ar através do
orifício aberto exerce uma força de precessão no A disponibilidade de bombas de pressão,
alojamento do rotor, provocando a ereção do na qual nenhuma lubrificação seja necessária, faz
giroscópio; e a palheta pendular retorna a uma com que o sistema de giros operados por pressão
condição de equilíbrio (figura 2-53). seja possível. Em tais instalações, o ar é
comprimido sob pressão através de instrumentos
giroscópicos, em vez de serem sugados através do
sistema. Bombas de pressão positiva são mais
eficientes que bombas a vácuo, especialmente nas
grandes altitudes.

Práticas de manutenção de um sistema de


sucção

Erros nas apresentações do indicador de


atitude são oriundos de qualquer fator que impeça
a operação do sistema de sucção dentro dos
limites projetados, ou de qualquer força que
Figura 2-53 Ação das palhetas pendulares.
impeça a rotação normal do giroscópio na
velocidade projetada.
Os limites do indicador de atitude Estes fatores podem incluir equipamentos
especificados nas instruções dos fabricantes mal balanceados, filtros obstruídos, válvulas
indicam a máxima rotação dos anéis alem das inadequadamente ajustadas e mal funcionamento
quais o giro entrará em colapso. das bombas.
Os limites do indicador de curvas movido Tais erros podem ser minimizados pela
por um sistema típico a vácuo são de instalação apropriada, por inspeção, e praticas de
aproximadamente 100 a 110 graus, e os limites de manutenção adequadas.
inclinação do nariz do avião variam
aproximadamente 60 a 70 graus para cima ou GIRO DIRECIONAL
para baixo, dependendo de cada unidade
específica. Se, por exemplo, os limites de Tem a finalidade de estabelecer uma
cabragem são 60 graus com o giro normalmente referência fixa, para que se mantenha a direção do
ereto, o giro entrará em colapso quando o avião vôo; em conjunto com a bússola, indicará o rumo
mergulhar em ângulos além de sessenta graus. ou direção do avião.
Quando os anéis do rotor atingem os Serve também para indicar a amplitude das
batentes, o rotor entra em precessão curvas.
abruptamente, causando excessiva fricção e Neste tipo de giro, o eixo de rotação é
desgaste no mecanismo. O rotor normalmente colocado na horizontal. Dois processos de
precessará ao plano horizontal, em uma razão de indicação de mudança de direção são usados nos
aproximadamente 8 graus por minuto. giros direcionais.

2-31
Figura 2-54 Processos de indicação de rumo.

A indicação horizontal foi muito utilizada – Giro vertical.


nos giros direcionais movidos por corrente de ar.
A indicação vertical foi de menor utilização,
ainda. A figura 2-54 mostra os dois casos.
Cumpre, aqui, ressaltar que em ambos os
casos o que se movimenta é a escala (o avião) e
não o volante do giro.
A ilusão que se tem ao observar o
instrumento é devido ao esquecimento de que o
avião é que está mudando de rumo.

INDICADOR DE ATITUDE

Também chamado de: Figura 2-55 Indicador de Atitude


– Horizonte artificial; Dá a indicação visual da posição do avião
– Indicador do horizonte; em relação ao horizonte. A relação entre o avião
– Indicador de vôo; miniatura com a barra horizontal é a mesma entre
o avião e o horizonte verdadeiros.
– Giro horizonte;

2-32
Através de um botão de ajuste o piloto pode Indicador de atitude movido a ar
mover o avião miniatura para cima ou para baixo
para ajustá-lo ao horizonte artificial.
Nos indicadores de atitude, movidos a ar, o
Alguns modelos de ADI possuem um
giroscópio gira numa velocidade aproximada de
mecanismo de ereção rápida, que deve ser feito
12.000 rpm.
somente em vôo reto e nivelado.
O mecanismo deste instrumento consiste de
um pequeno conjunto de rotor giroscópico,
colocado de modo que o eixo do rotor fique na
vertical.

Figura 2-56 Posição vertical do eixo do rotor


independente da posição da aeronave
A figura 2-57 mostra que qualquer que seja
a manobra realizada o giro permanece inalterado
na posição vertical (aprumado). Figura 2-58 Indicador de atitude movido a ar.
O giroscópio ativa a barra horizontal e as
pequenas asas, em frente ao instrumento,
representam o avião.
Apesar da barra parecer que está se
movendo, ela é realmente a única coisa que não
se move relativamente ao horizonte da terra.
A informação do giroscópio atua a barra-
horizonte através de um pino-guia que sai do
alojamento do giroscópio, através de uma
abertura no suporte da barra-horizonte.

Figura 2-59 Vista frontal do indicador de atitude

Sendo acionado a ar este instrumento não


contém ímãs; está, por isso, completamente livre
de avarias elétricas e não é afetado por
Figura 2-57 Posição vertical do giroscópio perturbações magnéticas.

2-33
Este instrumento não se retarda no Indicador de Atitude elétrico
funcionamento e, assim, o piloto pode manipular
seus controles, a fim de colocar o avião na Para facilitar a compreensão, divide-se o
posição desejada, observando a relação existente instrumento em algumas partes como: sistema de
entre o avião miniatura e a barra do horizonte, detecção e indicação de atitude; sistema de ereção
com referência à imagem que está no mostrador natural ou nivelamento e sistema de ereção
do instrumento; as posições longitudinal e lateral rápida.
do avião, relativas ao horizonte e à terra, podem
ser vistas. As marcas de inclinação lateral no topo Sistema de Detecção e Indicação de Atitude
do mostrador indicam o número de graus de
inclinação lateral, mas é invertido pois ele se Este sistema é mostrado de forma
move para a direita, quando a inclinação é para o simplificada na figura 2-60.
lado esquerdo.

1. Avioneta;
2. Rotor;
3. Anel (gimbal) externo
4. Anel (gimbal) interno – muitas vezes é a própria caixa do rotor;
5. Contrapeso da barra (através dele faz-se o equilíbrio da barra);
6. Pivô (barra-anel externo);
7. Barra de amplificação do ângulo de arfagem (pino-guia da barra);
8. Barra do horizonte;
9. Conjunto de indicação do ângulo de rolagem;
10. Rolamento do rotor (são dois, um em cada lado do eixo);
11. Rolamento do anel (são dois, um em cada lado da caixa).

Figura 2-60 Sistema de detecção e indicação de atitude

2-34
Na caixa do instrumento, o conjunto é o rotor gire em torno de 22.000 rpm. Analisando-
fixado através de outros dois rolamentos. A se a figura 2-61 é fácil entender como a barra do
energia para o motor do rotor é transmitida por horizonte movimenta-se em relação à avioneta.
molas tipo cabelo (que não têm a função de A barra do horizonte é conectada ao anel
ajudar a conservar o anel externo na horizontal). interno (caixa do rotor) pela barra de
Contatos especiais com o mínimo de atrito amplificação (pino-guia) e ao anel externo pelo
permitem à energia chegar até o enrolamento do pivô (eixo, barra-anel), identificado pelas letras
estator. A energia para esses rotores geralmente é "B” e “C” na figura 2-61.
trifásica de 115 volts 400 ciclos que faz com que

Figura 2-61 Movimento da barra horizonte em relação à avioneta

O pino-guia tem liberdade para se deslocar dianteira e traseira. Ora, se o anel externo
no interior das fendas, tanto do anel externo movimenta-se, então “C” movimenta-se, porém
quanto da barra. Note-se que “B” é ponto imposto “A” e “B” não o fazem.
pelo anel interno (rotor). O rotor fica fixo em É fácil concluir que a barra de horizonte
relação ao anel interno e “C” é ponto imposto desloca-se a partir de um ângulo (alfa).
pelo anel externo. O anel interno não se Veja-se agora quando a aeronave faz
movimenta qualquer que seja o movimento da rolagem.
aeronave (atitude). Então o ponto “B” também A caixa do instrumento acompanha o
não se movimenta. movimento e a avioneta também, porém, a caixa
O anel externo pode movimentar-se e do rotor e o anel externo não o fazem, o que
quando isso acontecer o ponto “C” também o fará acarreta a barra ficar estática.
acompanhando o anel externo. O movimento de rolagem pode ocorrer em
“A” é o ponto do anel interno – portanto, 360 graus (se não houver batente) e em arfagem o
não se move – logo, somente o ponto “C” é movimento é limitado a mais ou menos 85 graus
móvel. a fim de evitar o fenômeno de trancamento no
Agora suponhamos que a aeronave execute anel interno.
uma subida. A caixa do instrumento acompanha o A restrição, porém, é feita na fenda do anel
movimento porque está fixada à aeronave. A externo e por onde passa a barra de amplificação.
avioneta também o faz porque está fixada à caixa. Se a barra tocar em um dos extremos da
O anel externo também executa o mesmo fenda em arco, surgirá um torque tal que fará o
movimento (em torno do eixo “Y”) porque está anel externo girar 180 graus em torno do eixo
fixado à caixa, por meio de rolamentos na parte “X”.

2-35
A figura 2-62 apresenta um indicador de 8. Escala de rolamento – Apresenta a
atitude com a função de cada controle ou atitude com referência ao índice de
indicador. rolamento.

Sistema de Ereção Natural


O giroscópio vertical prático tem que ter
seu eixo de rotação coincidente com a vertical do
lugar (giro preso). Uma série de fatores tende a
deslocar esse eixo: rotação da Terra, movimento
da aeronave (translação), fricção, desequilíbrio,
etc.
Por tais motivos, é necessário fazer-se
alguma coisa que mantenha o eixo ereto, isto é
coincidente com a vertical do lugar. Em geral, os
sistemas adotados são do tipo mecânico ou
elétrico.

A - Sistema Mecânico

O mecanismo de ereção, cuja finalidade é


obrigar o giroscópio a tomar a posição vertical,
Figura 2-62 Indicador de atitude. está localizado no extremo superior do eixo do
Funções do indicador de atitude: rotor, como pode ser visto na figura 2-63.

1. Bandeira off - Aparece quando o


indicador de atitude não está energizado.
2. Escala de arfagem – Apresenta, em
relação ao avião-miniatura, a atitude de
arfagem em graus. Quando a atitude se
aproxima de vertical, tornam-se visíveis
as marcas + + + + (subida) ou -----
(mergulho).
3. Avião-miniatura – Representa o avião.
Pode ser regulado para corrigir
diferenças, na altura dos pilotos a fim de
evitar o erro de paralaxe.
4. Linha do horizonte – Representa a
linha do horizonte.
Figura 2-63 Mecanismo de ereção
5. Botão de ereção e ajuste – Quando
girado, movimenta verticalmente o Este sistema é chamado de esferas móveis.
avião-miniatura; puxado, energiza o Veja as figuras 2-64 e 2-65.Um ímã está ligado
sistema de ereção rápida do giroscópio. diretamente ao eixo do rotor e gira com ele a
aproximadamente 22.000 rpm.
6. Indicador de derrapagem – Permite Envolvendo este ímã há um cilindro
coordenar as curvas. magnético que não mantém contato com ele.
7. Índice de rolamento – Referência para Um volante unido ao cilindro torna mais
a determinação da atitude de rolamento. uniforme a rotação.

2-36
Quando o giroscópio está na vertical o
sistema está nivelado, as esferas mantêm-se em
seus rebaixos, porém, se o giro se inclina uma
metade da canaleta estará mais baixa do que a
outra. Uma das esferas passará para o lado mais
baixo e a outra estará segura pelo braço que a
empurra.
Neste momento uma precessão é aplicada
(deslocada de 90º), obrigando o giroscópio a
verticalizar-se.

Figura 2-64 Detalhamento do mecanismo de


Figura 2-65 Verticalização do giroscópio
ereção
B - Sistema Elétrico
À medida que o imã gira, formam-se
correntes parasitas (corrente de Foucault) que Este sistema de reposicionamento vertical
arrastam o volante, no que é dificultado pelo do giroscópio consiste de dois motores de
sistema de engrenagens. controle de torque operados independentemente
A velocidade do volante é controlada pelo por chaves de mercúrio.
mecanismo de redução e retenção que opera Uma das chaves é montada em paralelo ao
como um eixo e roda de escape de relógio, atua eixo de arfagem e a outra, ao eixo de rolagem
como um freio, suportando e soltando conforme ilustra a figura 2-66.
alternadamente a parte impulsora do mecanismo. Como o próprio nome indica, a chave de
Pode-se fazer ajustes finos na rotação, arfagem detecta o “movimento de arfagem do
imantando-se ou desimantando-se o ímã. eixo do rotor do giro” e não o movimento de
A velocidade do volante é mais ou menos arfagem da aeronave. Da mesma forma, a chave
50 rpm. Sob o volante existe uma canaleta com de rolagem detecta o movimento de rolagem do
duas esferas de aço. Dois pequenos rebaixos são rotor do giro.
feitos na canaleta, distanciados de 180º. Pode-se concluir que as chaves de nível, de
Assim a canaleta das esferas gira alguma forma, devem ser solidárias ao anel
lentamente. interno (caixa do rotor).

2-37
Figura 2-66 Sistema de reposicionamento vertical

O estator de cada motor de torque possui de arfagem (se for o motor de arfagem) ou do
dois enrolamentos: um de controle e outro de eixo de rolagem (se for o motor de rolagem).
referência. A corrente que alimenta o A função da chave de nível é exatamente
enrolamento de controle está defasada de fechar o circuito de alimentação dos
aproximadamente 90 graus em relação à corrente enrolamentos do estator (controle).
do enrolamento de referência. O diagrama para um dos motores é
Isso significa que o motor de torque pode mostrado na figura 2-67.
ser levado a produzir forças sobre o anel externo Note-se que a chave de nível possui três
num sentido ou noutro, o que produzirá a eletrodos.
precessão do rotor giroscópico (ou do anel Acompanhe o funcionamento supondo que
interno) num sentido ou noutro em torno do eixo se trata do motor de arfagem.

V.I

Figura 2-67 Diagrama de um sistema de reposicionamento vertical

2-38
O eixo do rotor giroscópico tem a mesma Sob condições normais de operação, o
direção da vertical do lugar. Neste caso a bolha sistema é alimentado com 20 volts, só
de mercúrio faz contato apenas com o eletrodo funcionando a ereção lenta.
“C”. Portanto, só há corrente no enrolamento de Ao pressionar-se o botão da chave, o
referência. sistema passa a ser alimentado com 115 volts,
Não havendo corrente no enrolamento de resultando um maior torque dos motores. A taxa
controle, o motor não desenvolve torque. de ereção fica entre 120 graus/min e 180 graus
O eixo do rotor giroscópico está inclinado por minuto (no mínimo 20 vezes maior que a taxa
em relação à vertical do lugar e em torno do eixo de ereção lenta ou natural).
de arfagem “Y”. É preciso tomar certos cuidados na
Agora a bolha de mercúrio faz contato com utilização dessa chave. Primeiramente, a chave
os eletrodos “C” e “D” (ou “E”), portanto, o não deve ser mantida pressionada por mais de 15
enrolamento de controle (uma das metades) é segundos a fim de evitar superaquecimento nas
alimentado com uma corrente defasada de 90 bobinas do estator, devido a altas correntes. Só
graus em relação à corrente no enrolamento de deverá ser pressionada quando a aeronave estiver
referência. nivelada ou com pequenos ângulos de subida e
Note-se que se a bolha fechar os contatos descida.
“C” e “D”, a corrente no enrolamento de controle O motivo é que, quando a aeronave está
tem um certo sentido; se a bolha fechar os realizando uma curva, subindo ou descendo,
contatos “C” e “E”, a corrente nesse enrolamento surgem forças (centrífugas por exemplo). Se
terá sentido oposto. Isto significa que o torque no pressionada a chave, num momento desse, a força
anel gimbal externo pode atuar num sentido ou produzida pelo motor de torque e as forças
noutro. mencionadas adicionar-se-ão resultando
Observe que a tensão de alimentação é precessões diferentes da desejada, o que
cerca de 20 volts, obtida dos 115 volts, por meio redundará em falsas indicações.
do autotransformador.
B - Método Eletromagnético
No circuito também está incluída a chave
de ereção rápida que alimenta os enrolamentos Um eletroímã circular é fixado no interior
com 115 volts diretamente, o que produz corrente da caixa do instrumento, acima de uma armadura
mais intensa e, portanto, torques mais elevados. com formato de “guarda-chuva”. A armadura tem
O circuito de ereção rápida será aproximadamente o mesmo diâmetro do
oportunamente comentado. eletroímã e é montada no anel do rotor.
O sistema de ereção natural faz o eixo do O método eletromagnético é mostrado na
rotor do giroscópio se movimentar para a vertical, figura 2-68.
numa taxa aproximada de 5 graus/minuto. Quando a alimentação de 115 volts, 3 fases,
é ligada, o retificador é alimentado. Sua saída e
Sistema de Ereção Rápida uma corrente contínua (CC) que alimenta o
enrolamento de eletroímã e de R2 através do
Quando o eixo do rotor do giroscópio está contato de R1. O enrolamento de R1 é alimentado
muito afastado da vertical do lugar, utiliza- se o a partir da fase B.
sistema de ereção rápida para restabelecer o Os contatos de R2 são comutados de 3 para
posicionamento do eixo. 4 e de 5 para 6, alimentando o primário do
Dois sistemas de ereção rápida em uso, transformador. A saída no secundário é uma
atualmente, serão agora estudados. tensão maior que 115 volts e é aplicada a dois dos
três enrolamentos do estator do rotor giroscópico.
A - Chave de Ereção Rápida
A aplicação de uma tensão mais elevada
É o sistema mostrado no diagrama ilustrado propicia um conjugado de partida, mais elevado,
na figura 2-67. do motor de indução.

2-39
Figura 2-68 Diagrama ilustrando o método eletromagnético
Se, no momento que o sistema for A taxa de ereção típica dos giros-horizontes
alimentado, o rotor estiver inclinado (e a varia de 3 graus/min a 5 graus/min.
armadura também), o eletroímã exercerá uma INDICADOR DE CURVA E DERRAPAGEM
força de atração maior na região da armadura que
estiver mais próxima dele. Tem a finalidade de possibilitar ao piloto,
Em conseqüência sugirá um torque e o rotor efetuar curvas de precisão e coordenar o leme de
precessionará até que seu eixo coincida com a direção e o aileron.
vertical do lugar.
Nesse momento, a armadura tem seus Princípio de Funcionamento do Indicador de
pontos igualmente afastados do eletroímã e o Derrapagem
torque será nulo.
Depois de 20 segundos de iniciado o Antes de estudar o mecanismo da curva de
processo, o relé de tempo abre-se e o eletroímã uma aeronave, estudar-se-á o movimento de uma
não é mais alimentado. bola de chumbo pendurada num cabo de aço, em
Também os contatos de R2 revertem-se e o movimento circular. Existem forças atuando
estator passa a ser alimentado com 115 volts. sobre a bola, porém conforme ilustrado na figura
2-69, podemos considerar apenas duas:
Taxa de Ereção
– peso da bola;
Taxa de ereção é o deslocamento angular
– a tração do cabo.
do eixo do giro na unidade de tempo.
Deslocamento este produzido pelo sistema O mecanismo da curva de uma aeronave é
de ereção. Sua unidade mais usual é idêntico, conforme ilustrado na figura 2-70,
“grau/minuto”. porém, como não existe nenhum cabo de aço, o

2-40
piloto deve providenciar uma força que substitua
a tração produzida pelo mesmo.

Figura 2-71 Componetes de forças que atuam na


aeronave em curva
Figura 2-69 Esfera em movimento circular

Isso é conseguido inclinando-se as asas e a) Componente vertical (-W), que deve


aumentando o ângulo de ataque, a fim de ser obrigatoriamente igual ao peso. Isso
produzir uma sustentação igual à tração do cabo só é possível se a sustentação for maior
de aço. que o peso.
b) Componente horizontal (Fc), chamada
força centrípeta.

A figura 2-71 ilustra as componentes de


força atuantes na aeronave durante uma manobra
de curva.

A força centrípeta aumenta com o peso e a


velocidade da aeronave e diminui com o raio da
curva .
Figura 2-70 Aeronave em curva
Esse fato pode ser facilmente compreendido
A força de sustentação numa curva deve ser se imaginarmos um aeromodelo voando em
maior que o peso da aeronave. De fato, a círculos (figura 2-72).
sustentação pode ser dividida em dois A força centrípeta é o esforço exercido pelo
componentes: braço do aeromodelista.

Figura 2-72 Atuação da força centrípeta


Nota: a comparação é válida, apesar das asas do modelo estarem niveladas e não inclinadas como uma
aeronave real.

2-41
O ângulo de inclinação aumenta quando a sustentação necessária estaria além das suas
velocidade aumenta. possibilidades. Veja a figura 2-76.
Pode-se então concluir que uma curva com
inclinação de 90º é impossível, porque a
sustentação teria que ser infinitamente grande.

Figura 2-73 Aumento do ângulo de inclinação


com o aumento da velocidade.
O ângulo de inclinação diminui quando o Figura 2-76 Curva com inclinação próxima a 90º
raio da curva aumenta. Até o momento, estudaram-se as curvas
bem coordenadas, feitas por pilotos experientes;
os mais novos podem cometer os erros a seguir
descritos.
a) Inclinação Exagerada
A componente vertical (-W) é menor que
Figura 2-74 Inclinação diferente com velocidades o peso. A aeronave GLISSA, escorregando para o
iguais lado de dentro da curva, perdendo altitude.

Nota importante: o ângulo de inclinação não


depende do peso.

Quanto mais inclinada a curva, maior deve


ser a sustentação, a fim de garantir uma
componente vertical (-W) igual ao peso da
aeronave. Para isso, o piloto deve manter o
manche puxado durante toda a curva.
Por exemplo, numa curva de 60º, a
sustentação é igual ao dobro do peso. Diz-se
então que o fator de carga é de 2g, indicando
aceleração duas vezes maior que a da gravidade. Figura 2-77 Glissagem - Erro de inclinação
exagerada

b) Inclinação Insuficiente

Figura 2-75 Curva com inclinação de 60º.


Uma aeronave não pode fazer curvas
inclinadas além de um certo limite, porque a Figura 2-78 Erro de inclinação insuficiente

2-42
Neste caso, a força centrípeta é Com isso, ele aumenta também o arrasto.
insuficiente, e a aeronave DERRAPA para fora Este é o motivo por que a potência deve ser
da curva pretendida pelo piloto. aumentada na medida em que o raio da curva
A derrapagem pode ser também diminui.
provocada quando o piloto pisa um dos pedais, O menor raio possível é chamado RAIO
sem inclinar as asas. Para voar em curva, o piloto LIMITE, conforme ilustra a figura 2-79, para o
aumenta a sustentação da aeronave. qual a potência aplicada é a máxima.

Figura 2-79 Potência máxima para o raio limite

Num avião fazendo curva em vôo composta com L, nos dá F, que atua para fora,
horizontal, quatro fatos poderão ocorrer: o peso é fazendo o avião derrapar.
sempre vertical e a sustentação perpendicular às Já na figura 2-81, vê-se outro erro agora o
asas; a tração será igual à resistência ao avanço, a piloto inclinou, demais, para fazer uma curva
fim de manter a velocidade constante; a muito aberta. Compostas as forças, ver-se-á que F
centrífuga é horizontal e para fora; a centrípeta é puxa para dentro, fazendo o avião glissar.
a própria sustentação inclinada para dentro
(decompor a sustentação em duas forças, uma
vertical e outro horizontal, sendo esta última a
centrípeta).
Na figura 2-80, vê-se um erro de pilotagem.

Figura 2-80 Curva muito apertada e com pouca


inclinação
Figura 2-81 Inclinação exagerada para curva
O piloto tenta fazer uma curva muito
muito aberta
apertada e com pouca inclinação. Quando se
compõe W com Fc, acha-se a resultante R. Esta, Na figura 2-82 verifica-se outro erro de
pilotagem. A inclinação está correta para o raio

2-43
da curva, porém, vê-se que R é maior do que L, o realidade dois instrumentos independentes,
que faz o avião perder altura. montados na mesma caixa, pois o piloto faz uso
deles conjuntamente quando necessita realizar
uma curva inclinada.
Modelos mais antigos tinham o mecanismo
giroscópico impulsionado por ar e os dos aviões
modernos são elétricos. Ambos os tipos são
similares em aparência e funcionam baseados no
mesmo princípio.

Indicador de Derrapagem (Inclinação)


Na parte inferior existe um tubo de vidro
curvado, contendo uma bola de vidro, aço ou
ágata (material sintético). Este é o indicador de
inclinação, às vezes, chamado de inclinômetro.
Figura 2-82 A resultante é maior que a
sustentação

A curva perfeita é vista na figura 2-83


(inclinação correta e L = R). O avião não glissa,
não derrapa e nem afunda.
Para isto, além da inclinação correta o
piloto foi obrigado a aumentar ligeiramente o
ângulo de ataque, de modo a aumentar a
sustentação, para torná-la igual a R. Mas, com o
aumento de ângulo de ataque, o piloto provocou
também um aumento de resistência ao avanço, o
que tem de ser compensado com um aumento de Figura 2-84 Indicador de inclinação ou
tração, pois caso contrário o avião desaceleraria, inclinômetro
acabando por estolar.
O piloto o usa para saber se o avião está
glissando ou derrapando lateralmente durante
uma curva inclinada. Também é empregado para
saber se o avião está na posição horizontal.
O tubo está quase cheio de um líquido claro
(querosene sem ácido) que serve para amortecer o
movimento da bola. A câmara de ar existente no
extremo do tubo, permite a contração e a
dilatação do líquido em função da variação da
temperatura.
Quando a asa do avião está na posição
horizontal a gravidade mantém a bola no centro
Figura 2-83 Situação de curva perfeita do tubo. Se uma ponta da asa estiver mais baixa
do que a outra, a bola desliza para o lado da ponta
Informações Gerais mais baixa.
A figura 2-85 mostra como se comporta a
O indicador de curva e derrapagem é na bola em condições distintas de vôo.
realidade uma combinação de dois outros Durante as curvas inclinadas, as forças da
instrumentos separados, um indicador de curva e gravidade e centrífuga atuam sobre a bola ao
um indicador de derrapagem (inclinação). São na mesmo tempo. Se o avião é inclinado na

2-44
quantidade certa, ambas as forças que atuam Se a inclinação é excessiva a gravidade
sobre a bola são iguais e esta permanece no predomina sobre a força centrífuga e a bola
centro, conforme ilustra a figura 2-86. desloca-se para o lado da glissagem.

Figura 2-85 Indicações de um inclinômetro em situações distintas de vôo.


Se a inclinação não é suficiente, a força
centrífuga predomina sobre a gravidade; então a
bola desloca-se para o lado da derrapagem.

Figura 2-87 Indicador de curva – parte externa

Quando o avião faz uma curva, o ponteiro


move-se na direção da curva. Se a curva é lenta, o
ponteiro move-se numa pequena extensão. As
curvas mais rápidas produzem um maior
Figura 2-86 Aeronave inclinada na quantidade movimento do ponteiro. Para interpretar o regime
certa. da curva, observa-se a posição da agulha com
Indicador de Curva – Parte Externa relação às marcas e aos espaços.

Este indicador é atuado pela parte Indicador de Curva – Parte Interna


giroscópica do instrumento. O ponteiro indica ao
piloto a rapidez com que o avião faz a curva e se Enquanto o avião estiver em vôo, o rotor
esta é para a esquerda ou para a direita. A parte também girará tendo seu eixo em posição
superior do mostrador possui três marcas de horizontal.
referência. Porém, quando o avião se inclina, o
Cada marca possui a mesma largura do giroscópio muda de posição. O lado da inclinação
ponteiro (5/32’’). Os espaços que existem entre as depende da direção da curva. Se o avião faz uma
marcas também são da mesma largura do curva para a direita, o giroscópio inclina-se para a
ponteiro. esquerda, e se a curva é para a esquerda, o
Cada marca e cada espaço representam giroscópio se inclina para a direita. Um sistema
certo regime de curva. Quando o avião encontra- de articulação transmite este movimento ao
se em vôo horizontal, o ponteiro alinha-se com a ponteiro, de maneira que este indique uma curva
marca do centro. para a direita ou para a esquerda. Quando o

2-45
giroscópio inclina-se, atua contra a tensão da Esta mola também devolve o giroscópio à
mola centralizadora. A tensão é ajustada de posição neutra tão logo o avião retorne ao vôo em
maneira que a quantidade de desvio do ponteiro linha reta e horizontal.
seja exatamente proporcional ao regime da curva.

Figura 2-88 Indicador de curva – parte interna

Um amortecedor do tipo cilindro controla Também serve como freio do conjunto


as oscilações do conjunto giroscópico. giroscópio, onde controla a velocidade com que o
conjunto regressa a posição neutra depois de uma
curva.
Isto é necessário pois impede que o
ponteiro regresse com demasiada rapidez ou que
passe pela marca do zero.
Neste instrumento o giroscópio gira ao
redor do eixo transversal (lateral), numa armação
pivotada ao redor do eixo longitudinal.
Montado deste modo, o giro responde
Figura 2-89 Amortecedor do conjunto somente ao movimento ao redor do eixo
giroscópico longitudinal, não sendo afetado por movimentos
de guindada ou arfagem.
Este sistema consiste de um cilindro e um
pistão, unidos por uma articulação ao cardã que Movimentos de uma aeronave
suporta o rotor.
Quando o giroscópio inclina-se, o pistão Os movimentos de uma aeronave podem
comprime o ar de dentro do cilindro e absorve as ser realizados em torno de três eixos que passam
oscilações. pelo centro de gravidade (CG):

2-46
a) eixo longitudinal; a) PROFUNDOR ou leme de profundidade, que
b) eixo transversal ou lateral; comanda os movimentos de arfagem;
c) eixo vertical. b) AILERONS, que comandam os movimentos
de rolagem;
c) LEME DE DIREÇÃO, que comanda os
movimentos de guinada.

Figura 2-90 Eixos imaginários


O movimento em torno do eixo transversal
chama-se arfagem ou tangagem. Ele pode ser
efetuado em dois sentidos:
a) para cima (cabrar); Figura 2-93 Movimento de guinada
b) para baixo (picar).
Alguns indicadores de curva e derrapagem
são construídos para serem usados em aviões a
jato (motor a reação) enquanto outros são feitos
para uso com motor convencional e turboélice.
A principal diferença consiste em que nos
indicadores usados nos aviões a jato a
sensibilidade é maior.
Pode-se identificar estes indicadores através
da legenda “4 MIN TURN” inscrita na parte
Figura 2-91Movimento de arfagem ou tangagem frontal do instrumento. Nos instrumentos menos
O movimento em torno do eixo longitudinal sensíveis a legenda é “2 MIN TURN”.
chama-se rolagem, rolamento, bancagem ou No instrumento marcado “2 MIN TURN”
inclinação lateral. quando a deflexão do ponteiro é igual à sua
própria largura, a velocidade de curva é de 1 grau
e 30 minutos por segundo, o que dá 360º em
quatro minutos.
Com o ponteiro sobre o índice lateral, o
avião estará fazendo uma curva de 3 graus por
segundo, isto é, 360º em dois minutos.
Atualmente os instrumentos deste tipo,
movidos a ar, estão sendo substituídos por
giroscópios acionados eletricamente pois estes
necessitam menos manutenção e também pesam
Figura 2-92 Movimento de rolagem ou inclinação menos.
lateral
O movimento em torno do eixo vertical ACELERÔMETRO
chama-se guinada. Os movimentos de uma Aceleração – Conceitos
aeronave são controlados através de superfícies
de controle ou superfícies de comando, que são a O acelerômetro indica a aceleração ao
seguir descritos. longo do eixo vertical do avião. Não responde à

2-47
aceleração lateral ou longitudinal. Está graduado positiva não permite a circulação do sangue na
em unidades “g”. Um “g” representa a aceleração cabeça, de maneira que, entre 3 e 4g, dependendo
da gravidade, ou seja, 32 pés por segundo = da pessoa, tudo começa a parecer cinzento. Isto é
9,81m/s2. conhecido como “visão cinza”, causada pela
Dito em outras palavras, 1g é a força diminuição de fluxo de sangue no cérebro. Entre
exercida pela gravidade sobre o corpo em 4 e 6g, a maioria das pessoas sofre uma cegueira
repouso. momentânea total.
Por exemplo, quando um avião está em A força “g”, negativa, produz efeito
repouso, a única força que atua sobre ele é a contrário; o corpo tende a levantar-se do assento e
gravidade portanto, o acelerômetro deve marcar o sangue concentra-se no cérebro. À medida que
1g positivo. a força negativa aumenta, enxerga-se tudo
Assim antes de examinar o indicador e seu vermelho.
princípio de funcionamento, veja-se a força “g” e A roupa anti-g permite resistir às mudanças
seu efeito sobre o avião e seus ocupantes. Devido desta força. Há um efeito de forças na estrutura
à maneabilidade e às altas velocidades dos aviões do avião. Uma carga “g” sobre o avião depende
modernos, existem forças e tensões que atuam do tipo e duração da manobra, do peso e da força
sobre estes e seus tripulantes, cada vez que o estrutural do avião. Uma carga “g” excessiva
avião sai do vôo horizontal. A mais violenta enfraquece, de tal forma que pode fazer o avião
destas forças deve-se a guinadas, curvas e saídas soltar as asas.
de picadas e grandes velocidades. Portanto, Alguns aviões resistem até 2,5g: outros
qualquer manobra que produza uma força aviões modernos de caça podem tolerar 15 g ou
centrífuga causa uma tensão no avião e seus mais. Grandes cargas atuando na estrutura podem
ocupantes. danificar instrumentos e prejudicar a tripulação.
A força centrífuga é aquela que impele para O piloto deve conhecer a resistência do seu avião,
fora do centro de rotação. Esta força, da mesma em unidade “g”.
forma com que a força com a qual a gravidade Isto é encontrado na ordem técnica do
puxa as pessoas para a terra, pode ser expressa avião.
em qualquer das unidades de força comuns. É importante saber, a todo o momento, a
Entretanto a unidade mais comumente usada é força “g” que o avião está suportando. Esta
um múltiplo da força da gravidade, chamada “g”. indicação é dada pelo acelerômetro.
Quando alguém está sentado em um avião
na linha de vôo, esta pessoa sente-se atraída para
o assento pela força de gravidade, que é uma
força de 1g e é igual ao peso normal do corpo
desta pessoa.
Sem a ação da gravidade, esta pessoa não
teria peso (zero g). Dois “g” representariam uma
força igual ao dobro de seu peso normal. Três “g”
seriam três vezes este peso, etc.
Se uma pessoa sentasse em uma balança,
durante o vôo, em um avião, ver-se-ia que o peso
desta pessoa variaria de acordo com a manobra
do avião.
A força “g”, positiva, fez esta pessoa pesar Figura 2-94 Acelerômetro
mais; a força “g”, negativa, a fez pesar menos.
A 2g positivos tem-se a sensação de uma O acelerômetro (1) permite ao piloto
força empurrando fortemente a pessoa contra o restringir as manobras dentro das limitações do
assento. A 3g está pessoa vai sentir braços e avião e a tripulação, consequentemente, será
pernas muito pesados e seria muito difícil menos afetada. Este instrumento tem 3 ponteiros,
levantá-los e, talvez, até impossível. A força “g” o principal (2) dá uma indicação contínua das

2-48
mudanças de aceleração, e os outros dois (3) horizontal, a indicação volta a ser de 1g. O
indicam as leituras máximas, aproximadas elemento sensível é um peso de bronze fosforoso,
durante o vôo ou em uma manobra específica. chamado massa. Esta massa está montada em um
Eles se mantêm fixos em sua indicação par de guias e se move para baixo e para cima, de
máxima, até que se lhes fixe de novo outra acordo com as mudanças de aceleração.
indicação, pressionando-se o botão no canto Um sistema de polias transmite
inferior esquerdo do instrumento (4). Está movimentos aos ponteiros. Uma das polias está
baseado no princípio de que um corpo em fixada a um eixo que também sustenta o ponteiro
repouso tende a permanecer nesta condição, salvo principal e também uma mola principal.
se uma força exterior atuar sobre ele. Quando a massa se move, a polia-guia
Quando o avião se mantém em vôo imprime movimento de rotação ao eixo.
horizontal, a força exterior, que está atuando Este movimento é controlado pela mola
sobre a massa do acelerômetro, não é principal. O efeito restrito da mola faz com que a
suficientemente grande para fazê-lo mudar de quantidade de movimento do ponteiro seja
posição. Logo, os ponteiros permanecem parados proporcional à força que atua sobre a massa.
na posição 1g. Os ponteiros indicadores de aceleração
Quando o avião começa a picar, a massa do máxima positiva e negativa estão montados em
acelerômetro tende a manter sua relação com o eixos ocos e separados, que giram com o eixo
avião e o ponteiro indica a aceleração para baixo. principal.
Este movimento reposiciona a massa nos eixos Um conjunto de engrenagens, uma para
em um ponto superior ao ponto médio, fazendo cada ponteiro, limita a rotação para uma só
com que o ponteiro indique uma aceleração direção.
negativa, condição esta que se reflete na leitura A quantidade de movimento dos ponteiros
negativa. Portanto, quando o avião sai de picada, depende do número de dentes de engrenagem que
todos os objetos no avião tendem a continuar tenha passado em relação ao eixo principal. Ao
movendo-se para baixo. Esta força para baixo acionar o botão de ajustagem, os dentes das
atua outra vez sobre a massa no acelerômetro que engrenagens são libertados e as molas fazem o
agora dá uma leitura “g” positiva. Ao voltar à ponteiro voltar à posição 1g.

Figura 2-95 Mecanismo interno do acelerômetro

2-49
MAQUÍMETRO aeronave, em deslocamento transônico, acarreta
aumento da resistência ao avanço proporcional ao
Nos aviões a jato, é de grande importância aumento de velocidade; esse fato dá origem
ter, no painel, um instrumento, capaz de dar uma àquilo que se chama de barreira-sônica.
indicação de velocidade, quando o avião se A barreira-sônica indica uma região onde
aproxima, iguala ou excede a velocidade do som. um grande aumento da potência será necessário
O maquímetro é o instrumento que nos dá essa para um pequeno avanço de velocidade e onde
indicação e seu mostrador está graduado em um misto de fluxos subsônicos e supersônicos irá
número MACH. criar dificuldades aos controles de qualquer
Número MACH é igual a um (unidade), aeronave comandada.
quando a velocidade real do avião atingir a À medida que um avião se desloca
velocidade do som. supersônicamente, vai gerando, automaticamente,
É um instrumento que fornece a razão entre ondas de choque, da mesma forma que um navio
a velocidade do avião e a velocidade do som, para vai gerando ondas com a proa na água.
uma particular altitude e temperatura existente a Essas ondas de choque deslocam-se
qualquer tempo durante o vôo. inicialmente com a velocidade da aeronave, isto
A finalidade deste instrumento é determinar é, com velocidade superior a do som porém à
a razão entre a velocidade do avião e a velocidade medida que vão se afastando, vão se
do som local, em qualquer situação, para o transformando em simples ondas de pressão, com
controle e segurança do vôo. o deslocamento normal das ondas sonoras. A
Quando um avião voa com velocidade igual onda de choque é formada no ponto de maior
a do som, dizemos que ele está com velocidade espessura da aeronave.
transônica; quando voando com velocidade
inferior a do som, chamamos de velocidade Princípio de Funcionamento
subsônica quando está com velocidade acima do A velocidade do som diminui com a
som, chamamos de velocidade supersônica. O redução da temperatura e da densidade do ar.
empilhamento das partículas de ar adiante da

Figura 2-96 Princípio de funcionamento do maquímetro

2-50
A temperatura e a densidade do ar avião sobe, vai aumentando a diferença entre a
diminuem com o aumento de altitude portanto, a velocidade indicada e a verdadeira. Assim,
velocidade do som varia inversamente com a necessário se faz aplicar, ao conjunto de pressão
altitude. diferencial do machímetro, um sistema de
Citamos alguns exemplos de velocidade do compensação das variações de altitude.
som com variações de temperatura: Possui o machímetro, para efetuar esta
compensação, uma cápsula aneróide que se
a) a 0ºC, a velocidade do som é igual a 330,6 distende ou se contrai com as variações de
m/seg. pressão, e neste movimento, por meio de um
b) mecanismo, vai aumentar ou diminuir a
c) a 15º, a velocidade do som é igual a 340m/seg amplitude do eixo no qual está fixo o ponteiro
d) que desliza sobre o mostrador graduado em
e) a 30º, a velocidade do som é igual a 348,45 número MACH.
m/seg. O indicador é ligado ao conjunto pitot-
estático porque o seu funcionamento depende da
Podemos ver que a velocidade do som, em pressão dinâmica e estática
condições atmosféricas padrão é igual a 340
m/seg. A figura 2-90 mostra dois tipos de
Sabemos que a velocidade indicada por um machímetros sendo que o “A” opera na faixa de
sistema de pressão diferencial (velocímetro) varia 0.3 até 1.0 mach e em “B” este instrumento pode
na razão inversa da altitude; e à medida que o operar desde 0.5 até 1,5 mach.

Figura 2-97 Dois tipos de maquímetro

2-51
CAPÍTULO 3

INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO

INTRODUÇÃO Definições

A terra atua como um imenso ímã, com Latitude


um pólo próximo ao pólo norte geográfico, e o
outro extremo próximo ao pólo geográfico sul. É a distância, em graus, de qualquer ponto
Suspendendo-se um ímã de barra, de modo que da Terra em relação à linha do Equador.
o mesmo possa girar em qualquer direção ao
redor do seu centro de gravidade, ele tomará Longitude
uma posição com uma extremidade apontando o
pólo magnético norte, e a outra apontando o É a distância, em graus, de qualquer ponto
pólo magnético sul. da Terra em relação ao meridiano de
Por esta razão, as extremidades dos imãs Greenwich.
são conhecidas, respectivamente como
indicador norte, ou extremidade N, e indicador Declinação
sul ou extremidades S.
A força magnética que atua na É o ângulo formado entre o plano do
extremidade N é igual e oposta à força que atua meridiano verdadeiro e uma linha que passa por
na extremidade S. uma agulha magnética que possa oscilar
A posição tomada por um ímã de barra, livremente, e que influenciada apenas pelo
suspenso livremente, dá a direção da força magnetismo terrestre. Tal declinação é
magnética. denominada E ou O, conforme a direção de
Se a agulha magnética não sofresse a desvio da verdadeira linha norte. As declinações
menor das forças externas, apontaria para o pólo variam de acordo com o tempo e lugar.
magnético norte.
Os pólos magnéticos não estão localizados Linhas isogônicas
nos pólos geográficos da terra.
O pólo magnético do hemisfério norte está Se a superfície da terra fosse composta de
aproximadamente, na latitude de 71º N, e a material homogêneo, então as linhas de força
longitude 96º, ao passo que o pólo magnético S magnética seriam círculos máximos, ligando os
está na latitude 73º S e na longitude 156º E. pólos magnéticos. Mas a composição da crosta
terrestre é tal que, na maioria das localidades, a
direção das linhas de força magnéticas desvia-se
consideravelmente da direção do círculo
máximo. Felizmente, a ciência não somente
localizou com precisão os pólos magnéticos,
mas também determinou a direção das linhas de
força magnética, em todas as partes da
superfície da terra, de um modo bem
aproximado. Além disso, foram calculadas as
pequenas modificações de direção que ocorrem
gradualmente. A linha imaginária que liga os
pontos de igual declinação é conhecida como
linha isogônica. A declinação magnética é igual
em todos os pontos de uma linha isogônica.

BÚSSOLA MAGNÉTICA

A bússola é, simplesmente, uma agulha de


aço, magnética, suspensa de modo a poder girar
Figura 3-1 Localização dos pólos da terra

3-1
livremente num plano horizontal. A agulha da Norte, Sul Leste e Oeste, está designada pelas
bússola coloca-se sempre na mesma direção que letras iniciais.
as linhas de forças magnéticas da terra, a menos As partes principais da bússola magnética
que seja influenciada por magnetismo local. são: a caixa de forma esférica ou cilíndrica, feita
A terra, sendo um enorme ímã, tem um de material não magnético; o conjunto do
pólo magnético norte e um pólo magnético sul. mostrador que inclui o painel mostrador ou
Para evitar confusão, costuma-se chamar a limbo, a linha de fé que é um arame fino, ou
ponta da agulha da bússola, que aponta para o pedaço de material, fixo em relação à bússola, e
pólo norte da terra, de ponta indicadora norte; e por meio do qual se pode fazer a leitura do
a outra, de ponta indicadora sul. mostrador da bússola; o fluido amortecedor que
Os pólos magnéticos e geográficos não enche completamente a caixa é querosene de
coincidem, de modo que a bússola, em geral, absoluta transparência, isento de ácido, a
não aponta para o norte verdadeiro ou câmara de compensação, local onde estão os
geográfico. Essa diferença em direção é ímãs compensadores; a montagem protetora
denominada declinação. contra vibração, que é a armação por meio do
A bússola magnética usada em avião qual a bússola é colocada no painel e a lâmpada
consiste em uma caixa com um líquido, para iluminação do mostrador.
contendo uma rosa dos ventos, com um sistema Numa bússola magnética, o movimento é
de 2 agulhas magnetizadas, suspensas num obtido por meio de uma ou mais barras
suporte, de modo que se alinhem livremente por magnéticas fixas paralelamente numa armação.
si, com o meridiano do campo magnético da Esta armação, ou conjunto de mostrador é
terra. fixa sobre um pivô, num ponto acima de seu
As indicações do limbo e o marcador de centro de gravidade, de tal modo que se
referência, ou linha de fé, são visíveis através do equilibre horizontalmente.
vidro. Uma câmara de expansão e contração tem O movimento do conjunto é amortecido
a finalidade de prever quanto à expansão e pelo líquido.
contração do líquido resultante das mudanças de O líquido tem outras duas funções: uma é
altitude e temperatura. a de evitar a corrosão do pivô e de outras peças
O líquido também amortece as oscilações que estão no interior da caixa; a outra é de
do limbo. Um sistema de iluminação é colocado preservar o mancal de partículas insolúveis que
na bússola. Cada uma das direções cardeais, ficam no fundo da caixa.

Cartão

Figura 3-2 Mecanismo da bússola magnética

3-2
As bússolas são removidas e substituídas
por instrumentos em condições de uso, quando
existir qualquer das seguintes condições:
– líquido turvo ou descorado,
prejudicando a visibilidade;
– as marcações do cartão, ilegíveis, por
estarem descoradas, desbotadas ou
sem tinta luminosa;
– o limbo não girar livremente, num
plano horizontal, quando o avião
estiver em condição normal de vôo;
– a caixa rachada;
Figura 3-3 Bússola magnética – a bússola não for sensível ou é errada
no seu funcionamento, após os
Instalação da Bússola esforços para compensá-la;
– a linha de fé estiver frouxa ou fora de
A bússola deve ser montada de tal
alinhamento.
maneira que uma linha passando pelo pivô do
Todas as bússolas instaladas em aviões
cartão e linha de fé fique paralela ao eixo
são compensadas e as leituras registradas em
longitudinal do avião. O suporte pivô do cartão
cada período de mudança do motor, ou
deverá ficar perpendicular à linha do horizonte
equipamentos elétricos, que possam afetá-las.
quando o avião estiver na posição de vôo
No entanto, em qualquer ocasião que houver
nivelado.
suspeita de erro na bússola, a mesma deve ser
A câmara compensadora da bússola e os
verificada e compensada.
parafusos de ajuste devem ser facilmente
O processo de compensação de erros da
acessíveis.
bússola, depois da instalação no avião, isto é,
As braçadeiras necessárias para a
correção dentro dos limites justos de erros
montagem de bússolas são feitas de latão,
causados pelas influências magnéticas, obtenção
duralumínio ou outros materiais não
e registros dos desvios finais nos vários pontos
magnéticos, e os parafusos de montagem para
da bússola, é chamado de “compensação de
bússolas são feitos de latão.
bússola”.
Deve-se evitar campos magnéticos nas
As causas principais de ineficiência das
proximidades da bússola, quer de natureza
bússolas nos aviões são as seguintes:
permanente, ou causados pela proximidade de
equipamento elétrico, rádio, armamento, ou
– instalação incorreta;
particularmente de natureza variável, resultante
de variações de fluxo da corrente em ligações – vibração;
elétricas, ou de posição dos trens de pouso. – magnetismo;
Uma quantidade razoável de magnetismo – erro de curva para o norte.
permanente, nas proximidades da bússola, pode
ser compensada, o que não acontece com o Os projetistas de aviões e instrumentos
efeito dos campos magnéticos variáveis. reduzem ou eliminam a falta de precisão das
Antes da compensação, o máximo desvio bússolas, por instalações defeituosas e
da bússola não deve ser superior a 25º; depois vibrações.
de compensada os desvios não devem exceder a Durante a construção do avião, a vibração
10º. e agitação das peças de aço, enquanto estão
Deve-se, durante a instalação da bússola, sendo forjadas, usinadas ou ajustadas em seu
fazer o seguinte serviço de manutenção: lugar, dão certa quantidade de magnetismo
substituição de lâmpadas defeituosas, permanente, que é induzido pelo campo
verificação do sistema de iluminação quanto a magnético da Terra. Quando o avião entra em
ligação defeituosa, compensação e substituição serviço, este magnetismo permanente vai variar,
de bússolas defeituosas. devido às vibrações do motor, pousos, etc.

3-3
A mudança deste magnetismo permanente Compensação da Bússola
afeta a ação do campo magnético da Terra na
bússola e desvia, do norte magnético, o limbo A compensação nunca deve ser tentada
da bússola. perto de qualquer estrutura metálica, como
Outros desvios da bússola são motivados hangares, fios elétricos, trilhos de ferrovias,
pelas correntes elétricas que fluem no sistema condutores subterrâneos de aço ou qualquer
elétrico do avião, no equipamento rádio, em objeto que possa ter influência magnética na
instrumentos elétricos e pela variação de bússola.
posições das massas metálicas como trens de Na medida do possível, todos os objetos
pouso, etc. fixos ou móveis que contenham material de
Os erros da bússola, motivados pelas ferro devem ser colocados na posição a ser
influências magnéticas permanentes já ocupada no avião. O pessoal encarregado da
mencionadas, quando não forem excessivos, compensação não deve carregar instrumentos ou
podem ser corrigidos dentro de limites justos, peças de aço nos bolsos, usando para os ajustes
pela aplicação apropriada de ímãs apenas a chave de fenda de latão.
compensadores. Não deve haver aeronave por perto.
O erro de qualquer bússola é a diferença A compensação da bússola magnética é
angular entre o norte verdadeiro e norte da feita sempre que removida e reinstalada.
bússola ou o ângulo entre o verdadeiro
meridiano e um plano vertical, que passa através Procedimentos de Compensação
do comprimento da agulha da bússola. Este
ângulo é a soma algébrica da variação e do 1. Rebocar a aeronave para a mesa de
desvio. calibração de bússolas (Rosa dos
A variação é causada pelas influências Ventos).
magnéticas terrestres e é a diferença angular 2. Certificar-se de que não existe
entre o norte verdadeiro e norte magnético, nenhuma outra aeronave nas
medido a partir do meridiano verdadeiro. É proximidades, nem materiais
chamado “Oeste”, quando o magnetismo ferromagnéticos.
terrestre atrai a agulha para a esquerda; “Este”,
quando a agulha é atraída para a direita ou 3. Aproar a aeronave para o Norte (N) (0º
Leste. na Rosa dos Ventos).
O desvio é causado pela influência 4. Certificar-se de que a linha de fé da
magnética local do avião no qual a bússola está bússola está alinhada com o Norte da
montada, e é a diferença angular entre o norte Rosa dos Ventos e com o eixo
magnético e o norte da bússola. longitudinal do avião.
A proa do avião pode ser lida, Nota: Ajustar a bússola, caso
observando-se as indicações da bússola na rosa necessário, através dos parafusos de
dos ventos, em referência à linha de fé, através fixação.
de uma janela de vidro que está na frente da 5. Armar todos os disjuntores.
caixa da bússola.
6. Ligar todos os rádios.
7. Anotar o valor, indicado pela bússola,
nessa proa magnética, após sua
estabilização.
8. Repetir a leitura para as proas de 90º,
180º e 270º sucessivamente.
9. Anotar as diferenças algébricas
existentes nos quatro pontos cardeais
(N-E-S-W).
10. Usando as fórmulas abaixo,
calcular os coeficientes “B” e “C”
Figura 3-4 Indicações da bússola substituindo as letras dos pontos

3-4
cardeais pelos valores das diferenças indicação de proa aumenta, enquanto que,
obtidas no item 9. ao girá-los para a esquerda, a indicação

COEF B=
(E ) − (W ) diminui.
2

COEF C=
(N ) − (S )
2

Figura 3-6 Compensação da bússola.


15. Movimentar a aeronave em intervalos
de 30º, começando do zero (Norte).
16. Registrar os erros de bússola no cartão
de compensação de bússola.

Nota: Embora a tolerância seja de 10


graus deve-se procurar corrigir o erro
de modo a torná-lo o menor, pratica-
mente, possível.
17. Colocar o cartão de compensação na
posição, apropriada.
Figura 3-5 Localização da bússola 18. Desligar a alimentação da aeronave.

11. Direcionar a aeronave para o Norte.


12. Usando uma chave de fenda não SISTEMA PICTORIAL DE NAVEGAÇÃO
magnética, somar algebricamente, Notas:
através do parafuso N-S, o coeficiente
1. Neste capítulo que trata do sistema
“C” à leitura da proa magnética nesta
de bússola giromagnética estão
direção.
incluídas também as informações
13. Direcionar a aeronave para o Leste. sobre: giro direcional, indicador de
14. Usando uma chave de fenda não- curso (HSI) e indicador
magnética, somar, algebricamente, radiomagnético (RMI);
através do parafuso E-W, o coeficiente
“B”, à leitura da proa magnética nesta 2. Com a finalidade de exemplificar a
direção. aplicação do sistema, em uma
aeronave, foi escolhido o EMB-312
Nota ‘TUCANO” o que não invalida as
Somar algebricamente significa que o características principais que
valor do coeficiente “B” ou “C” deve ser quaisquer sistema desta natureza
subtraído da leitura, se posistivo, ou, deve conter. Esta aeronave está
adicionado, se negativo. Ao girar os equipada com um sistema PN-101 da
parafusos N-S e E-W para a direita, a Collins.

3-5
Sistema Pictorial • Indicador de curso (HSI) .............
331A-3G
Pictorial é um sistema primitivo onde as • Indicador RMI 3115(AERONETICS)
idéias são expressas por meio de desenhos das • Amplificador servo......................... 341C-1
coisas ou figuras simbólicas. • Adaptador de bandeira HDG AE10003-001
O sistema de navegação pictorial substitui
o quadro mental de navegação do piloto, por A alimentação básica para o sistema é de
uma contínua apresentação visual da posição da 28 VCC da barra de emergência CC, através de
aeronave. um disjuntor de 4A e a alimentação de excitação
O indicador de situação horizontal (HSI) dos transformadores e dos síncronos para os
apresenta, de forma pictórica, a posição da indicadores de curso e para os indicadores RMI
aeronave, a localização de uma determinada é de 26 VCA 400 Hz, da barra de emergência
radial de VOR ou da trajetória de um pouso por CA, através de um disjuntor de 1A.
instrumento. O disjuntor de 4A (CC) está localizado no
As informações apresentadas no painel de disjuntores do posto dianteiro; o de 1A
instrumento, apesar de pictóricas, não dão (CA), no painel de disjuntores do posto traseiro.
margem ao piloto para nenhuma dúvida e
principalmente são captadas em um simples
relance. O sistema pictorial de navegação (PN- Princípio de funcionamento do PN-101
101) tem a finalidade de fornecer o rumo
magnético da aeronave, associado às O detector de fluxo 323A-2G excitado
informações dos sistemas VOR, LOC, GS e pela unidade aclopadora 328A-3G provê a
ADF. O sistema PN-101 COLLINS é composto informação de referência magnética terrestre,
pelas seguintes unidades: numa saída de 3 fios (síncrono), para síncrono
de controle do cartão compasso.
• Detector de fluxo ....................... 323A-2G A não concordância entre esta informação
• Unidade acoplada 328A-3G e o azimute do cartão compasso, gera um sinal
• Giro direcional ........................... 332E-4 de erro.

Figura 3-7 Localização dos componentes do Sistema PN – 101

3-6
Figura 3-8 Componentes do Sistema PN – 101

O sinal de erro é amplificado e detectado Essa unidade é usualmente localizada na


em fase na unidade acopladora. O sinal ponta da asa ou na parte traseira da fuselagem
amplificado, detectado em fase e restringindo, é da aeronave, onde as perturbações produzidas
utilizado para reposicionar o síncrono pelos motores e sistema elétrico são menores.
diferencial. Acessórios de compensação reduzem qualquer
O síncrono diferencial (acoplamento do erro induzido na unidade.
giro direcional ao cartão compasso do HSI) gera O detector de fluxo é constituído de um
um sinal de compensação com relação ao giro, elemento sensor suportado pendularmente, com
para o transformador de controle do cartão o propósito de detectar a componente vertical do
compasso do HSI. campo magnético local, somente na posição
O transformador de controle produz um ereta.
sinal que após ser amplificado na unidade O elemento sensor está localizado dentro
acopladora é aplicado ao motor do cartão de um compartimento hermético e cheio de um
compasso. O cartão compasso é então girado fluído especial.
para a posição correta. Os sinais de saída são fornecidos através
O giro direcional é acoplado ao de uma conexão a três fios, tipo síncrono. A
transformador de controle do cartão através do figura 3-9 apresenta o esquema elétrico da
síncrono diferencial da unidade acopladora. válvula detectora de fluxo.
Qualquer mudança na informação do
giro é imediatamente apresentada no cartão Características
compasso do HSI
Entrada (excitação) ... 26 VCA, 400Hz
Unidades do Sistema monofásica.
Saída (sinal) .............. trifásica (SINCRO) de
Detector de Fluxo (323A-2G) 800Hz
Temperatura -55 a + 70º C
O detector de fluxo (323A-2G) fornece a
Variações .................. ± 15% de freqüência e
proa magnética da aeronave.
tensão.

3-7
.
Figura 3-9 Esquema elétrico da válvula detectora de fluxo.

Operação do detector de fluxo

As figuras 3-10, 3-11 e 3-12 apresentam a


válvula detectora de fluxo.

Figura 3-10 Válvula detectora de fluxo Figura 3-11 Posicionamento das 3 bobinas

Figura 3-12 Deslocamento das linhas de fluxo

3-8
Uma bobina enrolada em volta do centro pernas da armação. As bobinas de captação são
da válvula de fluxo é excitada por 400Hz AC enroladas em volta de cada perna da armação e,
cujo campo periodicamente satura os braços de durante a parte do ciclo de excitação quando a
armação. Na figura 3-13, o avião do ponto A é armação não está saturada, as linhas de fluxo da
direcionado para o norte e as linhas de fluxo do terra passam através da bobina e induzem uma
campo da terra são interceptadas pela armação. tensão. Durante esta parte do ciclo, quando a
Todas passam pela perna A, parte delas saem armação está saturada, as linha do fluxo são
através da perna B e parte através da perna C. rejeitadas. Esta aceitação e rejeição do fluxo da
Quando o avião faz a curva tomando o rumo terra, geram uma tensão nos três enrolamentos,
Oeste, as linhas de fluxo mudarão nas três que difere com cada rumo.

Figura 3-13 Interceptação das linhas de fluxo do campo da terra pela armação

Olhando o circuito básico da bússola Unido também ao giroscópio está o rotor do


giroscópica escrava na figura 3-14, vemos que o indicador. Este é um sistema Autosyn e o
sinal do campo magnético da terra que uma mostrador no indicador gira para indicar ao
tensão no estator de três fases da válvula de piloto a relação entre a proa do avião e o campo
fluxo. Isto é transportado para o estator do magnético da terra.
controle do giroscópico escravo, onde a O diretor de fluxo é usado como
voltagem no rotor é amplificada e enviada para transmissor de sinal para diversos componentes
a fase variável do motor torque escravo de duas do avião (bússola elétrica, RMI, indicador de
fases. Isto produz uma força precessiva sobre o curso, etc).
giro direcional e o faz girar. Ao girar, ele Funciona aproveitando as linhas de força
movimenta o rotor do controle giroscópico, e magnéticas da Terra e eletricamente através de
quando estiver exatamente na mesma relação bobinas colocadas a 120o uma da outra. Produz
para seu estator como o campo da terra está para variações de sinais em função da mudança de
o estator na válvula de fluxo, o motor de torque rumo da aeronave com relação ao pólo norte
escravo pára sua força sobre a suspensão cardan magnético da terra.
giroscópica, e o giroscópio deixa de precessar.

3-9
Figura 3-14 Circuito elétrico da bússola giroscópica

O detector é constituído de: compensador, O peso de prumo sob a base do elemento


pêndulo e conjunto de transmissão. fornece ereção por gravidade.
O detector é capaz de captar as linhas Uma vez que o detector é sujeito à força
magnéticas da terra e possibilitar a indicação do de aceleração (durante o vôo), a saída é um
ângulo formado entre a direção dessas linhas e a valor médio e usado somente para uma
direção da rota de um objeto qualquer informação relativamente a longo prazo.
(aeronave). O elemento sensitivo é suportado de
Em conjunto com os outros componentes maneira pendente das placas de montagem e
do Sistema PN 101, o detector de fluxo fechado por cobertura em forma de concha
possibilita a transmissão e indicação de uma cheia de líquido (geralmente óleo hidráulico).
direção segura para uma aeronave orientando o As conexões elétricas são feitas através de
vôo. Entre os vários tipos de detector existem um bloco de terminais de conectores.
poucas diferenças tanto física, quanto A figura 3-16 mostra um diagrama das
funcionalmente. Geralmente as diferenças se ligações às bobinas do Síncrono e a bobina L4
acham na estrutura do centro saturado ou nos instalada no elemento móvel pendular, que fica
terminais conectores. O elemento sensitivo escravizado pela gravidade.
consiste de um reator saturado que forma o
síncrono, peso de prumo e cobertura.

Figura 3-15 Elemento móvel pendular Figura 3-16 Ligações às bobinas

3-10
O compensador é responsável pela O compensador é constituído de pares de
compensação de pequenas variações das linhas ímãs que são movidos através dos parafusos de
magnéticas, devido a fatores como: compensação N-S, E-O que ficam visíveis no
desequilíbrio na cabeça do pêndulo ou atrito nos compensador.
eixos do pêndulo (causados por sujeira, Na figura 3-18, o conjunto de
ferrugem, discrepância no líquido de compensação está ausente, mas vêem-se os
amortecimento, etc). orifícios por onde seria introduzida a chave para
compensação (esta chave deve ser material
amagnético).

Panes Prováveis com o Detector


a) Pequenas defasagens; causadas por
interferências magnéticas externas,
eixos do pêndulo com folga,
desequilíbrio da cabeça de chumbo,
sujeiras nos eixos do pêndulo ou
líquido insuficiente no depósito.
b) Grandes defasagens (ou giro
incessante); ruptura na bobina do
Síncrono, falta completa de líquido no
Figura 3-17 Compensador
depósito ou eixo do pêndulo quebrado.

Figura 3-18 Válvula detectora de fluxo

3-11
c) Qualquer defasagem pode ocorrer se Unidade Acopladora (328A-3G)
houver material magnético ou motores
“Slaving Accessory”
elétricos, nas imediações do detector.
Razão pela qual o mesmo deve ser A unidade acopladora contém os circuitos
instalado em locais determinados pela eletrônicos e os dispositivos eletromecânicos
engenharia da aeronave. para integrar as informações do detector de
fluxo e as do giro direcional.
Reparos e Manutenção Possui também um amplificador servo
para atuar o motor do indicador de curso (cartão
a) Reparos em pista. Na pista não se pode compasso). A combinação dos sinais de erro do
fazer qualquer reparo no detector de detector de fluxo e do giro direcional produzem
fluxo. Tendo em vista a falta de meios uma saída giroestabilizada para o indicador de
e testadores. Pode-se, no entanto, fazer curso.
manutenção e inspeção externa como A fonte de força interna produz 26 VCA e
uma observação nas conexões e fios de 115 VCA 400 Hz para excitação (giro e
cablagem, inspeção visual no estado de detector) e alimentação do motor de giro 332E-
conservação do depósito de óleo 4. O circuito de acoplamento rápido é
quanto a rachaduras e vazamento – automaticamente ativado quando aplicada
muito cuidado deve se ter caso tenha energia ao sistema. Após um minuto é desativa,
que transportar o detector até a seção, retornando à condição normal. A falta de
por causa do delicado sistema de energia por mais de um minuto coloca o sistema
pêndulo. na operação de acoplamento rápido.

Figura 3-20 Esquema elétrico da unidade de controle e acoplamento

3-12
parte inferior de cada posto de pilotagem, para a
posição “ACOPL.RÁPIDO’.
Nesta condição o circuito limitador é
removido, permitindo um aumento na razão de
correção, ou seja, uma rápida correção manual.

Unidade Acopladora – 328A-3G


Alimentação ...............................27V CC 2,6 A
Temperatura ...............................-55 a + 70º c
Figura 3-19 Unidade de controle e acoplamento
Altitude ..........................-1.000 a + 40.000 pés
Os interruptores “ACOPL, RÁPIDO”,
localizados (um em cada posto) permitem o GIRO DIRECIONAL (332E-4)
acoplamento manual rápido, quando requerido.
A sincronização rápida automática é O giro direcional 332E-4 fornece um sinal
aplicada por um minuto na razão de 300º por de saída direcional dinâmico. O sinal de saída é
minuto e a sincronização normal, após 1 minuto, obtido por um transmissor síncrono o qual será
é feita na razão de 3º por minuto. acoplado ao “gimbal” do giro.
A sincronização manual é efetuada pelos O rotor do giro é acionado eletricamente
interruptores do sistema PN-101, localizados na por 115 VCA 400 Hz. O “gimbal” é eregido
pelo motor de torque, alimentado por 26 VCA.

Alimentação ..............26 V CA 400 Hz, monofásico


115 V CA 400 Hz, monofásico
Temperatura ..............-55 a + 70º c
Altitude............................. - 1.000 a + 40.000 pés
Razão de desvio.........12º/h em condições normais
30º/h sob condições extremas

Figura 3-21 Giro Direcional – 332E-4

3-13
Descrição Duas chaves de mercúrio se localizadas na
parte inferior do anel interno, têm a função de
Tem a função de manter um rumo fixo “liga-desliga” do motor de torque.
estável e independente dos movimentos de uma No anel exterior, existe um aro de cobre
aeronave. que em conjunto com o motor de torque –
Ele confirma indiretamente os sinais do através de indução deste faz a correção da
detector de fluxo que orientam o indicador do deriva porventura existente durante o
curso. funcionamento. Este motor é alimentado por 26
Sua posição direcional acompanha a V 400 Hz.
direção das linhas de força da terra, por meio de Um batente é usado para evitar giro
sinais do detector de fluxo e devido à própria próximo a 180º no anel que sustenta o rotor
rigidez giroscópica. giroscópico.
O giro direcional é operado com 115 volts
e 26 volts, 400 Hz supridos pela unidade de Funcionamento
acoplamento.
Retirando-se a capa protetora do O giroscópio ao receber a corrente elétrica
mecanismo interno a qual é fixada através de de 115 V.400 Hz proveniente do SLAVING,
parafusos de fenda, nota-se o anel de borracha adquire um campo elétrico em seu estator,
teflonada muito resistente ao calor e que tem campo este que gira a uma velocidade
função de isolar o mecanismo. Ao se recolocar, constante.
o Teflon deverá ser impregnado com silicone O rotor de aço que envolve o estator vai
para melhor aderência. aos poucos adquirindo velocidade, na tentativa
O mecanismo interno do giro é de acompanhar a velocidade do campo. Por
constituído de 2 (dois) anéis “gimbal”, e um volta de 2 (dois) minutos depois de ligado, o
rotor, (são todos intersustentados por rotor estará girando em mais ou menos 23.000
rolamentos em eixos de precisão). RPM.
Na parte inferior do giro, encontram-se o Esta rotação dará ao rotor, a rigidez
alojamento do motor síncrono e parte do motor suficiente para operar em conjunto com os
de torque, além de 2 (dois) capacitores para sinais provenientes do gerador de fluxo e enviar
defasar as correntes para o enrolamento do rotor ao SLAVING qualquer sinal acarretado por
giroscópio e enrolamento do motor de torque. mudanças de direção no curso.
O rotor giroscópico é de aço na periferia e O giroscópico sendo montado
deve ser balanceado sempre que faça universalmente, pode girar com o anel interno
recuperação no instrumento. em torno de qualquer eixo horizontal. Porém, a
Dois protetores do estator são encaixados ação da chave de mercúrio localizada na parte
no rotor sob pressão. Sempre que haja inferior do anel “gimbal” interno aciona o motor
superaquecimento no rotor por causa de de torque que manterá esse anel numa posição
imperfeições no mecanismo, acarretará folgas tal que o rotor estará sempre com o eixo na
irreparáveis nos protetores que sendo de horizontal.
alumínio, deverão ser trocados. O conjunto “anel interno-rotor” estando
Os rolamentos do rotor também serão pivotado no anel externo, permanecerá fixo,
substituídos por ocasião de recuperação da possibilitando ao conjunto total tomar qualquer
unidade de giro direcional. A fiação, em geral, é posição com relação ao azimute.
recoberta com teflon, para que resista melhor às Qualquer variação na posição do conjunto
altas temperaturas. interno com relação à proa em que o giro
O conjunto de giro deve ser perfeitamente direcional foi instalado, será eletricamente
equilibrado; o que é conseguido, colocando-se o enviado ao SLAVING como sinal de síncrono.
rotor bem centralizado e finamente equilibrado O rotor do síncrono do giro direcional,
através do “sem-fim”. instalado no mesmo eixo do anel gimbal
Espaçadores são usados para se conseguir externo, permanece fixo quando a aeronave
um ajuste perfeito, com folgas realizadas com o muda de rumo, enquanto o estator deste
indicador de folgas, no conjunto de anéis síncrono envia a variação de sinal para o
“gimbal”. SLAVING.

3-14
Manutenção e Testes Em seguida o mesmo é feito entre os anéis
e a carcaça.
Os giroscópios direcionais são Uma inspeção é feita nas fiações de
desmontados em laboratório para reparação cobertura teflonada que geralmente não se
total. Na pista, eles só podem ser inspecionados danificam com o tempo. Também deve ser feita
superficialmente quanto a frenagem do plugue, inspeção e teste nos motores síncronos e de
parafusos soltos no suporte e mau funcio- torque, bem como na eficiência das chaves de
namento. mercúrio.
Depois de desmontado, todas as peças são Finalmente depois de feita a montagem da
inspecionadas e limpas com freon ou benzina – cobertura, o giro direcional será testado em
existem máquinas ultrassônicas próprias para todas as posições possíveis de operação.
limpezas mais profundas.
As peças danificadas são substituídas por
outras de mesmo PN e as recuperáveis são PRINCÍPIOS DO VOR
trabalhadas de acordo com ordens técnicas
específicas. As estações do VOR fornecem orientação
O rotor (considerado o “coração” da de navegação em rota. Estas estações operam na
unidade) recebe tratamento especial quanto à faixa de freqüência de 108:00 a 117:95 MHz e
manutenção e testes. são auto-identificadas pela transmissão de um
Mesmo que a causa da desmontagem seja grupo de três letras em código Morse, ou em
“tempo de uso do equipamento”, o rotor tem alguns casos por modulação de voz.
que ser balanceado, pois um rotor O conceito de operação VOR é baseado
desbalanceado irá causar vibrações, ruídos na geração de radiais, ou rumos magnéticos, por
indesejáveis, desgastes nos rolamentos e uma estação transmissora de terra e uma
principalmente diminuirá consideravelmente a receptora a bordo do avião. A seção de
vida do conjunto giro. instrumentação receptora do avião determina
O balanceamento só é executado depois qual a radial de passagem através da posição do
de inspecionados as fiações, rolamentos, eixo e avião.
protetores. A radial é determinada pelo ângulo
Instalado, o rotor sofrerá ensaio de 72 medido entre o norte magnético e o avião com
horas a fim de amaciamento dos mancais. Neste relação a uma estação de VOR. O rumo
período qualquer pane, se manifestará. magnético do avião para a estação é, consequen-
No final das 72 horas a velocidade do temente, a recíproca da radial.
rotor deve ser confirmada em 23.000 RPM. A estação de VOR produz o padrão de
Ao desligar a energia para o rotor, o irradiação das radiais pela transmissão de um
mesmo deverá girar por um tempo de no sinal referência de 30 Hz e um sinal da fase
mínimo 3 minutos. variável de 30 Hz para comparação no receptor
Se isso não acontecer, certamente o rotor de bordo.
será aquecido demasiadamente fazendo com que O sinal de referência de 30 Hz está
as folgas padrão tenham sido reduzidas, contido na subportadora de freqüência
produzindo atrito demasiado nos rolamentos. modulada (FM) de 9960 Hz que varia de 9480 a
Sendo comprovado que o rotor está em 10440 Hz numa razão de 30 Hz.
condições, ele e o anel gimbal interno serão O sinal de fase variável de 30 Hz é uma
montados no anel gimbal externo, através dos componente de amplitude moduladora (AM) do
rolamentos – esses rolamentos são menos sinal RF da estação VOR. Este sinal é gerado
precisos que aqueles do rotor, e podem ser pela rotação do padrão de transmissão,
usados novamente caso estejam em condições. mecanicamente ou eletronicamente a 1800
Espaçadores são utilizados para conseguir revoluções por minuto (30 por segundo).
um ajuste perfeito com folgas confirmadas com A transmissão da identificação da estação
o indicador de folgas do conjunto de anéis em código Morse ou em voz é também uma
“gimbal”. componente AM.

3-15
Figura 3-22 Princípios do VOR

Figura 3-23 Operação VOR

3-16
SISTEMA DE POUSO POR correspondentes às informações vertical e
INSTRUMENTOS horizontal.
O primeiro sub-sistema é denominado
localizador de pista (localizer) e consiste de um
Basicamente, o sistema pode ser dividido transmissor localizado no eixo da pista e
em três partes, muito embora, segundo a próximo à extremidade oposta àquela em que a
definição acima, bastariam apenas duas, aeronave pousa na pista. Veja a figura 3-24.

Figura 3-24 Componentes do Sistema de Pouso por Instrumentos

Uma portadora de VHF (faixa de 108,1 a energia ficará concentrada num estreito feixe
111, 95 MHz) modulada por um tom de 90 Hz e vertical perpendicular ao eixo da pista. Ver a
outro de 150Hz é transmitida por um conjunto figura 3-25.
de antenas dispostas de tal modo que toda a

Figura 3-25 Sistema “Localizador de Pista”

3-17
Um receptor localizado à direita do centro ao lado da pista e próximo à cabeceira de
do feixe receberá o sinal transmitido de tal aproximação (figura 3-27).
modo que um dos tons áudio predomina sobre o A portadora está situada numa faixa de
outro e vice-versa. UHF (329,15 a 335 MHz) e também é modulada
Quando o receptor estiver alinhado com o por dois tons de áudio: 90 a 150 Hz.
centro do feixe os dois tons se anulam. Deste O sistema de antenas é disposto de tal
modo, o piloto está sendo continuamente modo que a informação é transmitida segundo
informado sobre sua posição em relação ao eixo um estreito feixe que pode ser assemelhado a
da pista. um plano inclinado, em relação à pista, de um
Ver a figura 3-26. ângulo igual àquele segundo o qual a aeronave
O segundo sub-sistema é denominado deve descer. Na realidade, existem dois feixes,
ângulo de planeio (glide slope ou glide path), como veremos mais adiante, mas somente um
sendo constituído por um transmissor localizado deles nos interessa.

Figura 3-26 Trajetória de Planeio

Analogamente ao que foi explicado em em relação ao plano de descida. Tendo em vista


relação ao localizer, um receptor situado abaixo o exposto anteriormente, podemos concluir que
do feixe receberá um dos sinais de áudio as informações fornecidas pelos dois
predominado sobre o outro vice-versa. subsistemas determinam a trajetória correta que
Se estiver exatamente no centro do feixe a aeronave deve seguir: a reta de interseção dos
os dois tons se anulam. Assim sendo, o piloto dois planos, conforme está ilustrado na figura 3-
pode verificar a qualquer instante sua posição 27.
.

Figura 3-27 Sistema “Ângulo de Planeio”

3-18
Finalmente, resta o terceiro sub-sistema, o externo, médio e interno, operam numa única
de “marcadores de pista” (Marker Beacons), freqüência (75MHz), sendo que cada portadora
constituído de três transmissores alinhados com é modulada por um tom de áudio diferente:
o eixo da pista, conforme ilustrado na figura 3- 3.000 Hz para o interno, 1.300Hz para o médio
28. Os três marcadores, conhecidos como e 400Hz para o externo.

Figura 3-28 Sistemas “Marcadores de Pista”

Os respectivos sistemas de antena são Como as distâncias entre os marcadores


tais que a energia é concentrada segundo um e a cabeceira de aproximação da pista são
feixe cônico de pequena abertura e, padronizadas internacionalmente, os marcadores
conseqüentemente, o receptor de bordo só indicam ao piloto o progresso da aeronave ao
acusa a presença do sinal quando a aeronave longo da perna final.
está bloqueando o respectivo marcador.

Figura 3-29 Indicadores dos Sistemas “Marcadores de Pista”

3-19
INDICADOR DE CURSO (HSI) – 331A-3G dar a proa magnética e uma visão plana da
situação da navegação, o indicador de curso
Os indicadores de curso (Horizontal também fornece saída sincronizada para dois
Situation Indicator - HSI), montados nos painéis “RMI’s” ( um em cada posto de pilotagem).
principais (dianteiro e traseiro), mostram a No indicador de curso a posição da seta
posição geográfica do avião, de uma indicadora de curso, combinada com os sinais
panorâmica plana em função do rumo escolhido, do VIR31A, é analisada pelo mecanismo
em relação a uma estação de VOR ou de ILS. elétrico interno; disso resulta uma apresentação
O indicador de curso fornece indicações pictorial da posição do avião por meio da barra
do sistema de bússola giromagnética. Além de de desvio e do ponteiro “TO-FROM”.

Figura 3-30 Indicador de Curso (HSI)

Características do indicador de curso 331A- ±20µA; 1000 ohms


3G Bandeira HDG.............desaparecimento 2 mA;
1000 ohms
Controles........... Botão HDG com razão de 6:1 Bandeira GS.......desaparecimento 200 ± 10µA
Botão COURSE com razão de 6:1 e no batente fora da visão a 245 ± 12µA;
Alimentação............................26 V CA 400Hz 1000 ohms
28 V CC para iluminação Sensibilidade da bússola..... opera com sinal de
Temperatura................................ -30 a + 50o C erro mínimo de 1 grau
Altitude............................. -1.000 a 40.000 pés
Descrição do indicador de curso (HSI)
Entradas
O indicador de curso (HSI) 331A-3G
Indicador TO FROM...…......200µA 200 ohms apresenta uma vista plana pictorial do avião
Barra de desvio lateral...120µA p/0,5 polegadas; com relação ao norte magnético associado ao
1000 ohms sistema VOR ou ao ILS.
Ponteiro do GS..............150µA(deflexão total); O rumo e o curso selecionados são lidos
1000 ohms sobre o cartão compasso. Um amplificador
Bandeira NAV........... desaparecimento 200µA remoto, localizado na unidade acopladora, é

3-20
usado para o acionamento do motor servo do indicador TO FROM, bandeiras de falha HDG,
cartão compasso. NAV e GS. O curso (VOR e LOC) e o rumo
O indicador possui um síncrono para o HDG são selecionados manualmente pelos
COURSE e um para rumo magnético HDG, botões COURSE e HDG na razão de 6:1.
destinados aos sistemas de controle automático A rotação CW do botão também causa a
de vôo; um transformador BOOTSTRAP rotação CW da seta ou do índice HDG.
destinado a outros indicadores repetidores de
rumo magnético; um transformador de controle
do cartão compasso e de acoplamento HDG do Referência de Proa
giro direcional; e um síncrono escravo dos
sinais do detector de fluxo. É uma linha fixada ao vidro do
Os indicadores e alarmes do HSI são: instrumento; serve para referenciar a proa
desvios de VOR e LOC, desvios de GS, magnética em que o avião se encontra.

3-31 Diagrama bloco do indicador de curso - HSI

3-21
Bandeira HDG Para manter-se na radial indicada pela seta
indicadora de curso, a barra de desvio lateral
Quando presente no indicador, alerta que deve ser mantida alinhada com a seta.
o rumo magnético apresentado no cartão
compasso não é válido, em conseqüência da Seta Indicadora de Curso
desenergização do sistema PN-101, falha
interna ou em operação giro livre. É posicionada sobre o cartão compasso
pelo botão COURSE, serve para indicar a radial
Cartão Compasso ou curso de LOC publicado de um sistema ILS.

Fornece a orientação magnética com Botão “Course”


referência ao norte magnético. É
giroestabilizado pelo sistema de bússola É usado para posicionar a seta indicadora
magnética PN-101. de curso (radial de um VOR ou o curso de
LOC) sobre o cartão compasso.
Índice “HDG”
Curso Recíproco
Posicionado pelo botão HDG serve como
referência de proa selecionada a ser voada. É a extremidade traseira da seta
indicadora de curso, portanto, também
Botão “HDG” posicionada pelo botão COURSE, com o
propósito de indicar sobre o cartão compasso o
Permite girar, manualmente, o índice curso recíproco.
HDG na periferia do cartão compasso para o
rumo magnético desejado. Indicador “To-From”
O ajuste do índice HDG por este botão
não afeta a indicação magnética no cartão Indica se a estação de VOR sintonizada
compasso. está à frente ou atrás do avião, ou seja, qual
extremidade da seta indicadora de curso aponta
Avião Simbólico para a estação VOR evitando-se, deste modo, a
ambigüidade de informação do sistema VOR.
É uma miniatura de avião fixada ao vidro
do instrumento representando a posição do Ponteiro do “Glide Slope”
avião com relação às demais informações do
indicador de curso. Quando o sistema VHF-NAV estiver
sintonizado para ILS e recebendo sinais
Bandeira NAV adequados do transmissor de GLIDE SLOPE
indicará a posição do feixe de GS com relação à
Aparece sempre que o sistema de VHF- trajetória de planeio do avião.
NAV estiver desligado, em operação anormal
ou recebendo um sinal inadequado do sistema Bandeira do “Glide Slope”
de terra VOR ou LOC. Portanto a indicação da
barra de desvio lateral não é válida. A bandeira do Glide Slope cobre o
ponteiro e a escala do GS com o sistema VHF-
Barra de Desvio Lateral NAV desenergizado, não sintonizado em ILS,
com pane no receptor GS e quando recebendo
É a parte central da seta indicadora de sinais não confiáveis.
curso. Tem a finalidade de mostrar os desvios
da radial selecionada ou os desvios de uma Escala de Desvio Lateral
trajetória do localizador do sistema ILS.
A posição do avião em relação à radial ou A escala de desvio lateral tem a finalidade
ao feixe de LOC é representada pela posição do de apresentar a quantidade de graus em que o
avião simbólico (miniatura de avião) em relação avião se encontra com relação a uma radial
à barra de desvio lateral. selecionada ou com relação ao curso do

3-22
LOCALIZER sintonizado. Operando em VOR, bússola giromagnética), giroestabilizado pelo
cada ponto na escala de desvio lateral, sistema PN-101
representa, aproximadamente, 2º. Em operação Uma marca fixa na parte superior do
ILS, cada ponto indica 0,5º. instrumento, denominada índice de proa, e é
referência da proa magnética do avião, quando
Escala do “GS” lida sobre o cartão compasso.

A escala do GLIDE SLOPE indica a


quantidade de graus em que a trajetória de
planeio do avião está do centro do feixe do GS.
Cada ponto na escala do GS vale,
aproximadamente 0,35.

INDICADOR RADIOMAGNÉTICO - RMI


(3115)

Cada painel principal (dianteiro e traseiro)


possui um RMI com dois ponteiros; um de barra
simples (fino) e um de barra dupla (grosso) e Indicador Radiomagnético - RMI
ainda um cartão compasso (limbo móvel da

Figura 3-33Diagrama do Indicador Radiomagnético

3-23
A bandeira OFF no canto superior direito, Temperatura........................ -30 a + 20.000 pés
quando à vista, indica que a informação Altitude............................-1000 a + 20.000 pés
magnética do cartão não é válida (em Ponteiro ADF................ sinal síncrono trifásico
sincronização rápida, falha na alimentação excitação 26 VCA, 400Hz
interna do sistema, operação em giro livre etc). Ponteiro VOR............ sinal de seno/coseno onda
O ponteiro fino fornece as indicações do sistema quadrada
de navegação VOR e o ponteiro grosso Entrada do Cartão Compasso ......síncrono X,Y
informações do sistema ADF
Bandeira OFF ......................................27 VCC
Um sinal de validade VOR ausente ou o
sistema VHF-NAV selecionado para a
modalidade ILS provocará o estacionamento do Amplificador Servo – 341C-1
ponteiro a 90º.
O 341C-1 COLLINS é um amplificador
Características do Indicador RMI – 3115 servo transistorizado, tendo a função de
amplificar a tensão de erro do transformador de
Alimentação...............26 VCA 400Hz, 150 mA controle do cartão compasso, a um nível
suficiente, para o motor do cartão compasso do
27,5 VCC, 550 mA HSI do posto traseiro.
Iluminação.......................................0 a 28 VCC
.

Figura 3-34 Diagrama do Amplificador Servo – 341C-1

Alimentação 28 VDC
Temperatura -40 a + 55º C
Altitude 30.000 pés

3-24
Adaptador de Bandeira (AE 10003-001) acopladora 328A-3G para dois indicadores de
curso (HSI) 331A –3G e dois indicadores RMI
O adaptador de bandeira AE 10003-001 311
adapta a saída de alarme HDG da unidade

Figura 3-35 Diagrama do adaptador de bandeira

Interruptores de Sincronismo Manual interruptor esquerdo (GIRO DIREC) estiver na


posição LIVRE e possui 3 posições.
A sincronização lenta do limbo de bússola Na posição HORÁRIO (para cima), o
será permanente, enquanto o avião for operado cartão de bússola (limbo) gira no sentido horário
normalmente. e na posição ANTI-HOR (para baixo), o cartão
Poderá, no entanto, haver precessão do de bússola (limbo) gira no sentido anti-horário.
giro, o que ocasionará erros na indicação. Estas duas posições são momentâneas e,
Este erro pode ser corrigido cessada a atuação sobre o interruptor, este
instantaneamente, por meio do sistema de retorna à terceira posição (central).
acoplamento rápido, calcando-se o botão de
ACOPLAMENTO RÁPIDO.
O sistema de acoplamento rápido é um Procedimentos Operacionais
conjunto de 2 interruptores. O interruptor
esquerdo (GIRO DIREC) tem 3 posições. Quando o sistema de bússola
Na posição ACOPL (central), o giroscópio giromagnética PN-101 for energizado, no
fica sincronizado pela válvula de fluxo ao indicador de curso 331A-3G, a bandeira HDG
campo magnético do local; na posição LIVRE desaparecerá após um minuto. Se a bandeira
(para cima) o sistema é operado como giro HDG aparecer, as indicações do cartão
direcional livre, devendo o piloto fazer as compasso devem ser consideradas inválidas e a
correções usuais; na posição ACOPL RÁPIDO energia do sistema deve ser removida. A barra
(para baixo) efetua-se o acoplamento rápido de desvio lateral, o ponteiro GS e o indicador
para corrigir a precessão do giro, ocasionada por TO FROM continuam fornecendo sua
manobras anormais da aeronave ou para informações.
sincronização rápida do sistema, após operação Em condições normais de vôo a indicação
na posição LIVRE. O interruptor direito do rumo magnético e os erros do giro direcional
(SINCR MANUAL) é utilizado quando o são corrigidos na razão de 3º por minuto.

3-25
Figura 3-36 Interruptores de sincronismo

Para o acoplamento manual rápido o referentes ao LOC e ao HDG não serão


interruptor deve ser mantido na posição afetadas.
ACOPL. RÁPIDO, neste caso o cartão gira na
razão de 300º por minuto. Se a bandeira NAV Compensação do sistema PN-101
aparecer, o sistema VHF NAV estará desligado,
com funcionamento anormal, sintonia Informações Gerais
imprópria, ou ainda recebendo um sinal não
confiável. A compensação deve ser feita na rosa dos
No entanto o funcionamento do cartão ventos ou com uma bússola padrão com visor,
compasso fornecendo normalmente o rumo numa área livre de interferências magnéticas. A
magnético do avião. fonte não deverá ficar próxima às pontas das
Se a bandeira do “glide slope” aparecer asas do avião. Os três parafusos de fixação do
durante uma operação ILS, o sinal recebido não detector de fluxo deverão estar apertados; o
será confiável ou o sistema de bordo não estará dianteiro em zero graus permite ajuste de até 10º
operando normalmente, entretanto as partes para cada lado.

Figura 3-37 Detector de fluxo

3-26
Anote os rumos magnéticos dados pelos (N) + (E) + (S) + (N)
cartões do HSI e do RMI com a proa do avião 4
em 0º, 90º, 180º e 270º observando o Para a segunda compensação, o avião
desaparecimento da bandeira HDG, no HSI e o deverá ser girado novamente para 0º, 90º, 180º e
tempo de espera de um minuto. 270º, anotar as diferenças algébricas em cada
A primeira compensação deverá ser feita um dos rumos e ajustar o parafuso N-S (proa
nos três parafusos de fixação do detector de NORTE) e E-W (proa ESTE) no detector de
fluxo, de modo que a diferença fique o mais fluxo. Após a compensação gire o avião de 30
próximo possível de zero. O coeficiente para em 30º e anote os erros existentes no cartão de
esta correção deverá ser obtido pelo cálculo: correção correspondente.

3-27
CAPÍTULO 4

INSTRUMENTOS DO MOTOR

INDICADOR DE TORQUE usinado na parte interna da caixa de redução.


Desse modo, qualquer tendência da engrenagem
O sistema de indicação de torque pode ser anular, em girar, resulta em um deslocamento
elétrico ou eletrônico (esta classificação é axial da mesma.
puramente didática). Este movimento axial é transmitido ao
Abordar-se-ão aqui somente estes dois pistão, que se encontra encostado à face da
tipos (os mais usais) apesar de existirem vários engrenagem que por sua vez, atua a válvula do
outros. conjunto contra a ação da sua mola.
O deslocamento do êmbolo da válvula
4 Elétrico – Descrição Geral
provoca a abertura de um orifício calibrado, que
O sistema de indicação de torque do permite a entrada de um fluxo de óleo
motor, é constituído de um torquímetro hidro- pressurizado na câmara do torquímetro.
mecânico, integral à caixa de redução do motor, O movimento do êmbolo da válvula é
que fornece a um transmissor, sob a forma de interrompido quando a pressão de óleo da
pressão de óleo, a indicação precisa do torque câmara do torquímetro equilibra o torque que
produzido pela turbina de potência. O está sendo absorvido pela engrenagem anular.
transmissor de torque converte o valor da Qualquer alteração na potência do motor
pressão em sinais elétricos que, por sua vez, são provocará um desequilíbrio do sistema e fará
transmitidos ao indicador. O indicador é com que o ciclo seja novamente iniciado, até que
convenientemente graduado de modo a o equilíbrio seja novamente restabelecido. O
apresentar a informação recebida diretamente em bloqueio hidráulico do sistema é evitado por
unidades de torque (lb.ft). meio da sangria de uma pequena quantidade de
óleo, da câmara do torquímetro, para o interior
5 Torquímetro da caixa de redução, através de um orifício
O mecanismo do torquímetro consiste de existente na parte superior do cilindro.
um cilindro e de um pistão, que delimitam um Como a pressão externa e a pressão
espaço denominado câmara de torquímetro e de existente no interior da caixa de redução podem
uma válvula de êmbolo e respectiva mola. Este diferir a afetar a pressão total exercida sobre o
conjunto encontra-se integralmente incorporado pistão do torquímetro, a pressão interna é
à caixa de redução do motor, sendo acionado também medida.
pela engrenagem anular do primeiro estágio de A diferença entre a pressão do torquímetro
redução. A engrenagem anular é provida, em sua e a pressão da caixa de redução, indica
superfície exterior, de dentes de traçado exatamente o valor do torque produzido.
helicoidal, engrenados em dentado semelhante,

4- 1
1. Óleo sob pressão na caixa de redução
2. Óleo sob pressão na câmara do torquímetro
3. Pistão da válvula
4. Mola
5. Orifício dosador
6. Pistão do torquímetro
7. Câmara do torquímetro
8. Engrenagem planetária do 1º estágio de redução
9. Engrenagem anular do 1º estágio de redução
10. Dentes helicoidais
11. Carcaça da caixa de redução
12. Cilindro do torquímetro
13. Orifício de sangria
14. Óleo sob pressão do sistema lubrificador do motor

Figura 4-1 Mecanismo do Torquímetro

Estas duas pressões são dirigidas, através A diferença entre estas pressões,
de passagens internas, para duas tomadas proporcional ao torque do motor, atua sobre o
localizadas na carcaça dianteira da caixa de diafragma, alterando o valor da relutância
redução, de onde são feitas as ligações para o relativa dos enrolamentos do transmissor e
transmissor de torque. produzindo um sinal de tensão correspondente
àquele diferencial, que é transmitido ao
Transmissor de Torque indicador.

O transmissor é uma unidade sensora


selada, do tipo relutância variável, provida de
uma tomada para a linha de pressão proveniente
da câmara do torquímetro e de um receptáculo
para o conector da cablagem elétrica que o supre
com 26 VCA 400 Hz e o liga aos indicadores. A
pressão interna da caixa de redução é recebida
através do adaptador ao qual se acha acoplado.

Figura 4-3 Circuito elétrico de indicação de


torque

O indicador é uma unidade selada, provida


de dois enrolamentos fixos, com tensão
constante (26 VCA/400 Hz), que formam,
Fig. 4-2 Transmissor de torque juntamente com os enrolamentos do transmissor,
uma ponte de corrente alternada (CA), e de um
O transmissor incorpora um diafragma, enrolamento móvel, usado como galvanômetro,
que move uma armadura magnética através de que recebe o sinal (tensão) proveniente do
dois enrolamentos estacionários, sempre que as transmissor e desloca o ponteiro do indicador
pressões aplicadas ao transmissor variam. proporcionalmente ao sinal recebido.

4- 2
O mostrador do instrumento apresenta uma pelos anéis dentados do torquímetro. Os sinais
escala periférica, graduada em lb.ft (de diferença de fase e de temperatura) captados
pelo sensor de torque são processados na SCU e
transformados em sinal de tensão. Este sinal, que
é proporcional ao torque desenvolvido pelo
motor, é enviado ao indicador de torque.
A Unidade Condicionadora de Sinais
(SCU) possui, em sua parte inferior, um conector
de caracterização, usado para sua calibragem
durante testes de fabricação do motor.
Esta calibração serve para ajustar o sinal
de torque a um valor nominal, compensando as
diferenças de fabricação e composição de
material com que é feito o eixo de torque. Essa
calibração não deve ser alterada durante
procedimentos de manutenção da aeronave.

Figura 4-4 Indicador de torque do motor

Figura 4-5 Diagrama esquemático do sistema


de indicação de torque

Eletrônico – Descrição Geral

A medição do torque baseia-se no Figura 4-6 Unidade Condicionadora de Sinais


princípio da diferença de fase dos sinais gerados (SCU)

4- 3
Torquímetro A extremidade posterior do elemento
externo (eixo de referência) é fixada à
O conjunto de eixos do torquímetro é extremidade posterior do eixo de torque, sendo a
composto de dois eixos coaxiais. O elemento extremidade dianteira livre. Tanto o eixo de
central (eixo de torque) interconecta o eixo da torque quanto o de referência são providos, em
turbina de potência ao eixo de entrada da caixa suas extremidades dianteiras, de anéis dentados,
de redução, através de acoplamento tipo cujos dentes dos dois eixos é proporcional ao
diafragma. torque do motor.

Figura 4-7 Localização do Torquímetro

O sensor de torque penetra na carcaça SCU. O sensor mede também a temperatura do


dianteira de entrada de ar até próximo aos anéis ar na região do torquímetro, a fim de corrigir o
dentados do torquímetro, captando a diferença efeito da temperatura, que tem influência na
de fase entre os anéis e enviando estes sinais à torção do eixo do torque.

4- 4
Figura 4-8 Localização do sensor de torque

Figura 4-9 Sensor de torque

4- 5
Operação do Sistema transforma o sinal de entrada numa tensão de 0
a 5 VCC proporcional ao torque do motor.
O indicador de torque e a unidade O sinal CC, após processado, é enviado ao
condicionadora de sinais (SCU) são alimentados indicador.
com 28 VCC. A diferença entre os sinais O sinal de torque de entrada é enviado ao
fornecidos pelos pontos de alta e baixa processador de entrada e, em seguida, ao
relutância, gerados pelos eixos de torque e de amplificador servo. Este sinal é filtrado de modo
referência, é percebida pelo sensor de torque que que somente a componente CC é enviada ao
os envia à SCU. sistema servo.
Na SCU este sinal sofre uma compensação O amplificador servo compara a posição
por efeito da variação de temperatura e também do ponteiro de torque relativo ao sinal CC e
por características de usinagem das engrenagens. movimenta proporcionalmente o motor CC.
Tanto a dilatação por aumento da Caso o sinal de entrada seja inválido,
temperatura como a variação da largura do dente obter-se-á uma indicação de zero.
da engrenagem na usinagem podem ser vistas A falha de alimentação ocorrerá numa
erroneamente pelo sensor de torque, como indicação abaixo de zero e o indicador digital
variação do torque o que daria ensejo de uma apagar-se-á.
indicação errada no mostrador. A SCU

Figura 4-10 Diagrama do circuito eletrônico de indicação de torque

INDICADORES DE TEMPERATURA O sensor é instalado (normalmente) na


linha da pressão de óleo.
Observação: a descrição detalhada do
bulbo sensor de temperatura e do funcionamento
Elemento Sensível (Bulbo)
do circuito da ponte de Wheatstone pode ser
vista neste manual no IINDICADOR DE O elemento sensível à temperatura ou
TEMPERATURA DO AR EXTERNO. captador é feito de um enrolamento de fio de
níquel puro especialmente selecionado para tal
O sistema de indicação de temperatura do fim. O níquel é usado por ser um material
óleo consiste basicamente de uma ponte de altamente sensível às variações de temperatura,
Wheaststone, instalada no interior do indicador, ou seja, tem sua resistência variada com a
sendo um dos braços da ponte formado pelo mínima mudança de temperatura.
bulbo resistivo, sensível à temperatura. Em cada lado do enrolamento há uma tira
de mica e uma de prata. As tiras de prata atuam

4- 6
como condutores de calor e transmitem rápida e (liga de níquel e cobre) e é soldado com solda de
uniformemente as mudanças de temperatura ao prata a uma cabeça sextavada, a qual é equipada
fio de níquel. com os pinos de ligação para os fios de conexão
O isolamento de mica impede que haja do sistema.
curto-circuito entre as tiras de prata e o tubo de O bulbo é sempre colocado em local
proteção em que está encerrado o elemento apropriado e onde se capta a temperatura a ser
sensível. O tubo de proteção é feito de Monel medida e indicada.

Figura 4-11 Localização do sensor de temperatura (bulbo)

Circuito Ponte de Wheatstone

Figura 4-13 Diagrama de um circuito Ponte de


Figura 4-12 Elemento sensível à temperatura Wheatstone

4- 7
O circuito em ponte é composto de 4 Pode-se então escrever:
resistências instaladas na forma apresentada na
I1 x R1 = I2 x R3
figura 4-13.
Os cantos opostos do paralelogramo assim I1 x R2 = I2 x R4
formado (E eD) são ligados a um galvanômetro Dividindo-se estas duas igualdades uma
(G) e os outros dois cantos (H e C) aos bornes de pela outra, membro a membro, ter-se-á:
uma bateria (B) ou a outra fonte de energia
elétrica. Quando o conjunto é percorrido por R1 R3
uma corrente elétrica e, desde que o potencial =
R2 R4
nos pontos E e D seja o mesmo, a ponte estará
em equilíbrio e o galvanômetro não registrará Esta será, portanto a condição que deve ser
passagem de corrente. cumprida para que a ponte permaneça em
Desde que a ponte se desequilibre, ou equilíbrio, isto é, a fim de que o galvanômetro
melhor, desde que o potencial nos pontos E e D não acuse passagem de corrente.
seja diferente, haverá tendência em restabelecer Sendo assim pode-se determinar o valor da
o equilíbrio, e a corrente circulará do ponto do resistência de um dos braços da ponte, desde que
potencial mais elevado para o de potencial sejam conhecidas as dos outros três.
menos elevado e neste caso o galvanômetro
acusará a passagem da corrente. Funcionamento do Termômetro Tipo Ponte
Conclui-se que, quando o galvanômetro
intercalado no circuito de ponte não registra A medição de temperatura por variação de
corrente entre os pontos E e D, ela estará em resistência pode ser feita através da ponte de
equilíbrio e neste caso a razão dos braços HE e Wheatstone e um galvanômetro.
EC será igual à razão dos braços HD e DC. O circuito apresentado na figura 4-14
Assim sendo, deve haver propor- opera baseado no princípio de controle de fluxo
cionalmente uma relação determinada entre as de corrente que passa através do indicador
resistências dos 4 braços da ponte, posto que a (galvanômetro), variando-se a resistência de um
intensidade da corrente que circula pelos 2 lados braço da ponte.
é a mesma. Se a corrente circulante por R1/R3 for a
Veja-se qual a relação que deve existir mesma de R2/X a ponte estará balanceada e a
entre as quatro resistências da ponte a fim de que tensão no ponto B será a mesma do ponto C.
ela permaneça em equilíbrio. Nenhuma corrente fluirá através do indicador.
Chamando de R1, R2, R3 e R4 as
resistências dos braços HE, EC, HD e DC; 11 e
12 as intensidades das correntes que circulam
por HEC e HDC; E1, E2, E3 e E4 as tensões
correspondentes aos quatro resistores, ter-se-á de
acordo com a Lei de Ohm que:
E1 = I1 x R1
E2 = I1 x R2
E3 = I2 x R3
E4 = I2 x R4
Figura 4-14 Circuito elétrico de indicação da
Como o potencial dos condutores HD e HE temperatura do óleo
no ponto H é o mesmo, porque este ponto é
comum a ambos e como admite-se que a ponte Se a temperatura medida pelo bulbo
se achava em equilíbrio, conclui-se que a DDP aumentar, a resistência do bulbo também
E1 entre H e E é igual a E3, diferença de aumentará assim como a queda de tensão sobre o
potencial entre H e D. mesmo. Isso faz com que a tensão no ponto C
seja maior do que no ponto B e
Seguindo-se um raciocínio análogo, chega-
conseqüentemente uma corrente irá fluir através
se à conclusão de que E2 é igual a E4.
do indicador. Se a resistência do bulbo diminuir

4- 8
abaixo do valor necessário para balanceamento Estão pivotadas no mesmo eixo e se
da ponte, a tensão no ponto C será baixa o movem com ele ao redor de um núcleo de ferro
suficiente para que a corrente que passa através doce que está colocado entre os pólos do ímã
do indicador mude a sua direção. permanente. O núcleo é furado e ajustado
O galvanômetro utiliza duas bobinas que excentricamente em relação aos pólos do ímã,
se deslocam num campo não uniforme entre dois formando um fluxo magnético crescente de
ímãs permanentes. baixo para cima.
Observa.-se, pela figura 4-17, que este
ajuste do núcleo proporcione uma distribuição
desigual de linhas de força no entreferro.

Figura 4-17 Imãs permanentes


Quando a resistência do bulbo é baixa, a
corrente flui através de L1 para a massa, fazendo
com que o ponteiro desloque-se para a faixa
inferior da escala. Quando a resistência do bulbo
Figura 4-15 Galvanômetro é alta, a corrente maior será através de L2 e indo
Este mecanismo compõe-se também para a massa, fazendo com que o
essencialmente de uma ímã permanente e duas ponteiro desloque-se para a parte superior da
bobinas móveis. escala.
O ímã permanente é bipolar e fornece o
campo magnético necessário para o movimento
do sistema móvel.
Este sistema móvel é formado por duas
bobinas móveis coladas lado a lado e isoladas
entre si.

Figura 4-18 Circuito Ponte de Wheatstone

O bulbo é sensibilizado pela temperatura


do óleo da bomba de pressão.
A variação de temperatura desequilibra a
ponte de Wheatstone, em razão de modificação
da resistência do bulbo, alterando a posição
angular de um galvanômetro, situado no interior
de cada indicador.
Esta alteração do galvanômetro será
interpretada, visualmente, através da deflexão de
Figura 4-16 Mecanismo do indicador de tempe- um ponteiro sobre uma escala graduada em ºC.
ratura O sistema é alimentado com 28 VCC.

4- 9
Figura 4-19 Circuito dos indicadores de temperatura do óleo

INDICADORES DE TEMPERATURA Um sistema típico de termômetro


BIMETÁLICOS bimetálico (figura 4-20) usado para indicar a
temperatura do motor, consiste de um indicador
A temperatura da maioria dos cilindros dos galvanômetro calibrado em graus centígrados,
motores a pistão, refrigerados a ar, é medida por um termopar bimetálico, e condutores
um termômetro que tem seu elemento sensitivo bimetálicos.
de calor instalado em algum ponto de um dos Os termopares condutores ou as sondas
cilindros (normalmente um cilindro mais bimetálicas são comumente construídas de ferro
quente). e constantan, porém, cobre e constantan, ou
No caso de motores a turbina, a cromo e alumel são outras combinações de
temperatura dos gases do escapamento é medida metais de características físicas diferentes em
por sondas instaladas no cone de escapamento. uso.
Uma sonda é um circuito ou uma conexão A sonda de ferro e costantan é a mais
de dois metais diferentes; tal circuito tem duas usada na maioria dos motores radiais, e cromel e
conexões. Se uma das conexões é aquecida a alumel é usada em motores a jato.
uma temperatura maior que a outra, uma força As sondas termopares são projetadas para
eletromotiva é produzida no circuito. Colocando- fornecer uma quantidade definida de resistência
se um galvanômetro no circuito, esta força pode no circuito termopar, portanto seu comprimento
ser medida. Quanto maior se torna a ou tamanho não pode ser alterado, a não ser que
temperatura, maior se torna a força eletromotiva alguma compensação seja feita para a mudança
produzida. Calibrando-se o galvanômetro em da resistência total. A junção aquecida do
graus, torna-se um termômetro. termopar varia de forma, dependendo de sua
aplicação.
Dois tipos comuns são mostrados na figura
4-21; eles são do tipo gaxeta e do tipo baioneta.
No tipo gaxeta, dois anéis de metais diferentes
são pressionados juntos para formar uma gaxeta
tipo vela de ignição.
Cada sonda, que forma uma conexão de
retorno ao galvanômetro, deve ser construída do
mesmo metal que a parte do termopar na qual
está conectada.
Por exemplo, um fio de cobre está
Figura 4-20 Sistema de indicação de tempera- conectado a um anel de cobre, e o fio costantan
tura da cabeça do cilindro deve estar conectado ao anel de constantan.

4- 10
Quando as sondas são desconectadas do
indicador, a temperatura da área da cabine ao
redor do painel pode ser lida no instrumento. A
razão disso, é que a mola compensadora
bimetálica continua a agir como um termômetro.

Figura 4-21 Termopares: A – tipo gaxeta;


B – tipo baioneta
Figura 4-22 Indicadores de temperatura de
O termopar tipo baioneta fica instalado termopares
num orifício na cabeça do cilindro. Aqui
novamente, o mesmo metal é usado no INDICAÇÃO DE TEMPERATURA DOS
termômetro como na parte do termopar, ao qual GASES DA TURBINA
está conectado. O cilindro escolhido para a
instalação do termopar é o cilindro que opera O indicador da temperatura dos gases do
mais quente nas mais diversas condições de escapamento da turbina – EGT(Engine Gas
operação. A localização deste cilindro varia com Temperature) é uma indicação variável muito
os diferentes tipos de motores. crítica da operação de uma turbina.
A junção fria do circuito termopar está Este sistema fornece uma informação
dentro da caixa do instrumento. Desde que a visual na cabine, da temperatura dos gases do
força eletromotiva, verificada no circuito, varia escapamento da turbina, enquanto eles estão
com a diferença da temperatura entre a junção deixando a unidade motora.
fria e a quente, é necessário compensar o Em algumas turbinas a temperatura dos
mecanismo do indicador para mudanças da gases do escapamento é medida na entrada da
temperatura na cabine que poderão afetar a turbina. Este sistema é usualmente conhecido
junção fria. Isso é conseguido usando-se uma como “TIT”, temperatura da entrada da turbina
mola bimetálica, conectada ao mecanismo (turbine inlet temperature).
indicador.

Figura 4-23 Típico sistema de indicação de temperatura dos gases do escapamento

4- 11
A principal desvantagem deste método é e oferece a possibilidade de um segundo plugue
que o número de sondas requeridas torna-se de conexão.
maior, e a temperatura ambiente em que ele deve O instrumento é calibrado de zero grau
operar é aumentada. centígrado até o limite máximo de 1.200 graus
Uma sonda de medir temperatura dos centígrados, com um mostrador vernier no canto
gases do escapamento é montada num isolante superior direito. Uma bandeira de alerta de
de cerâmica e revestida de uma blindagem de “OFF” (desligado) está localizada na parte
metal. A sonda tem a forma de um tubo inferior do mostrador.
cilíndrico que se projeta e fica localizado na O sistema de indicação TIT fornece uma
saída dos gases; ela é construída de cromel (uma indicação visual da temperatura dos gases
liga de níquel cromo) e alumel ( uma liga de entrando na turbina. Em um tipo de turbina de
níquel e alumínio). aviação, a temperatura de entrada de cada
A junção quente penetra num espaço para turbina é medida por dezoito unidades de sondas
dentro da blindagem, e a blindagem tem orifícios duplas, instaladas no anel envolvente da turbina.
na sua extremidade, permitindo o fluxo dos Um conjunto desses termômetros paralelos
gases de escapamento através da junção quente. transmite sinais a um indicador na cabine, e o
Várias sondas são usadas e são instaladas outro conjunto de termômetros paralelos fornece
em intervalos, ao redor do perímetro da saída sinais de temperatura a um controle de dados.
dos gases da turbina ou do duto de escapamento. Cada circuito e eletricamente independente
As sondas medem o EGT da turbina em fornecendo um sistema com dupla
milivolts, e esta voltagem é transmitida a um confiabilidade.
amplificador no indicador na cabine onde é As montagens dos termômetros são
amplificada e usada para energizar um pequeno efetuadas em bases ao redor de carenagem da
servo motor, que move o do ponteiro indicador entrada da turbina, e cada termômetro possui
do termômetro. Um sistema típico de EGT é duas conexões eletricamente independentes com
mostrado na figura 4-23. O indicador EGT uma sonda de leitura. A voltagem média das
mostrado é uma unidade hermeticamente selada bases onde se alojam as sondas representa o TIT.

Figura 4-24 Sistema de indicação da temperatura da entrada da turbina (TIT)

4- 12
Um esquema do sistema para medir a quais são conectados os correspondentes
temperatura da entrada das turbinas para o motor terminais dos sensores.
de um avião com quatro motores, é mostrado na Uma cablagem interna ao motor
figura 4-24. (HARNESS) conecta as barras a um bloco-
Os circuitos para os outros três motores terminal comum, situado na carcaça do gerador
são idênticos a esse sistema. O indicador contém de gases, na posição de duas horas.
um circuito ponte, um circuito “chopper”, um Um termopar de compensação, situado no
motor de duas fases para acionar o ponteiro e um lado direito do motor, junto à tela da entrada de
potenciômetro de acompanhamento (feed-back). ar do compressor e conectado em paralelo com o
Também incluído está um circuito de referência circuito de sensores, tem por finalidade
de voltagem, um amplificador, uma bandeira compensar variações de resistência existentes no
(“OFF”) de instrumento inoperante e uma luz de circuito, quando da instalação do sistema no
alerta de sobretemperatura. A saída do motor.
amplificador energiza o campo variável do Uma cablagem externa de
motor de duas fases, que move o ponteiro do “Cromel/Alumel” conecta o bloco de terminais
indicador principal e um indicador digital. do motor aos indicadores de T5, situados em
O motor também move o potenciômetro ambos os postos da cabine de pilotagem,
“feed-back” e fornece um sinal para parar o transmitindo-lhes os sinais dos sensores.
motor quando o instrumento indicar a posição Para o seu perfeito funcionamento, o
correta em relação a indicação de temperatura. O sistema exige uma resistência total do circuito
circuito de voltagem fornece uma voltagem de (sensores e cablagens), definida e com estreita
referência para prevenir erros de variações de margem de tolerância.
voltagem no suprimento de força para o Para tanto, o circuito inclui dois conjuntos
indicador. A luz de alerta de alta temperatura de resistores variáveis nas linhas de “Alumel”,
acende quando o instrumento de TIT atinge um que são ajustados quando da instalação do
limite pré-determinado. sistema no avião, possibilitando a calibração da
Um botão de teste externo é na maioria das resistência ôhmica do circuito para o
vezes instalado para que as luzes de alerta de alta acoplamento perfeito com os indicadores do
temperatura de todos os motores, possam ser sistema.
testadas ao mesmo tempo. Quando a chave de Os indicadores são essencialmente
teste é operada, um sinal de alta temperatura é galvanômetros, providos de escalas graduadas
simulado em cada indicador do circuito ponte do em ºC, sobre as quais se deslocam ponteiros,
indicador de temperatura. cuja deflexão é proporcional à tensão gerada
pelos termopares. O sistema, portanto, não
necessita de alimentação elétrica externa.
INDICADOR DE TEMPERATURA O mostrador do indicador de T5 apresenta
INTERTURBINAS as seguintes características:
1 . Extensão da escala: 100 a 1200ºC
Descrição Geral
2 . Escala expandida: 600 a 850ºC
O sub-sistema de indicação de temperatura 3 . Menor divisão da escala expandida:
interturbinas (T5) provê, ao operador, a 10ºC
indicação precisa, em ºC, da temperatura de 4 . Marcas de utilização:
operação do motor, medida na região entre as
turbinas do compressor e de potência. a) Arco Verde, de 400 a 740ºC,
O sistema possui oito sensores indicando a faixa normal de
(termopares) de cromel (cromo-níquel)/alumel operação.
(alumínio-níquel), ligados em paralelo a duas b) Arco Amarelo, de 740 a 770ºC,
barras de interligação, captando a média das indicando a faixa de operação com
temperaturas desenvolvidas na região. precaução.
As barras de interligação são dois anéis, c) Radial Vermelha, a 790ºC, indicando
um de “CROMEL” e outro de “alumel”. aos o valor de T5 máximo permitido..

4- 13
Figura 4-25 Componentes do Sistema de Indicação de Temperatura Interturbinas(T5) do Motor

Figura 4-26 Sistema de Indicação de Temperatura Interturbinas (T5) do Motor (Esquemático)

4- 14
pelo resistor-reserva e, depois, encurtando-o até
obter-se o valor desejado.
Os vários testes de manutenção que
possibilitam a verificação de T5, acham-se
relacionados a seguir:
• Teste do termopar de compensação
• Teste da seção sensora do motor
• Teste do sistema de indicação de T5
• Teste do indicador de T5 (em bancada)
• Para o teste individual dos sensores, das
barras de interligação e da cablagem
(“HARNESS”) do motor para a
Figura 4-27 Indicador de T5 execução deste teste, é necessária a
prévia remoção da seção de potência do
Particularidades sobre a Manutenção motor.
As conexões das fiações de “Cromel” e
Teste do Sub-Sistema de Indicação de T5
Alumel”, ao longo do circuito, dos sensores aos
indicadores, são providas de terminais com Condições Iniciais:
diâmetros diferentes, de modo a evitar ligações
Efetividade: Todos
errôneas.
O termopar de compensação é selecionado Condições Requeridas:
quanto à sua resistência ôhmica, para cada motor • Avião em segurança para manutenção.
em particular. podendo variar de um motor para
outro. O termopar, portanto, deve ser substituído • Capô do motor removido.
sempre por outro de mesmo P/N e classe, ou • Indicadores (dianteiro e traseiro) de T5
seja, da mesma resistência ôhmica, quando for removidos.
necessária sua remoção do motor. • Painel de acesso 1506 removido.
A calibração original não deve ser alterada
sem a prévia execução de todos os testes,
complementados por uma inspeção acurada do Pessoal Recomendado: Dois
circuito quanto a componentes e conexões • Técnico “A” executa o teste do sistema
danificados, mau contato, corrosão, “curtos” e (lado direito da nacele do motor).
outras anormalidades, sob risco de ser induzido • Técnico “B” auxilia o técnico “A”
erro de indicação. (postos dianteiro e traseiro de
A calibração é executada através dos dois pilotagem).
conjuntos de resistores variáveis, um para cada
indicador, com auxílio da equação Ri = 8 – 2Rc, Equipamentos de Apoio:
onde Rc é a resistência da parte do circuito • Multímetro digital com resolução
comum aos dois indicadores; Ri a resistência da (precisão de leitura) de 0.01 ohm.
parte individual do circuito para cada indicador, Os indicadores de T5 possuem
na qual se encontra incluído o respectivo resistor terminais de diâmetros diferentes, para
variável. evitar conexão errônea.
Cada conjunto de resistores é composto de
dois resistores, sob a forma de bobinas de fio de A fim de evitar medições errôneas da
cobre, um deles inserido no circuito e outro resistência ôhmica do circuito,
permanecendo como reserva do primeiro. O mantenha os terminais de fiação de cada
valor de resistência ôhmica desejado é obtido indicador isolados da estrutura do
pela variação do comprimento do resistor, painel e entre si, durante os
encurtando-se o comprimento do resistor procedimentos de teste. De modo
inserido no circuito ou, em caso de necessidade semelhante, quando indicado para
de aumento de seu comprimento, substituindo-se colocar os terminais em “curto”,

4- 15
mantenha-os isolados da estrutura do 8. (B) Coloque em “curto” os terminais da
painel. fiação do indicador traseiro de T5.
Teste de Resistência Ôhmica do Sub-sistema 9. (A) Conecte o equipamento de teste às
de Indicação de T5 conexões da fiação.
1. (A) Remova a tampa do conjunto Resultado:
inferior de resistores e a luva isoladora Valor de resistência indicado igual a Ri
da conexão da fiação. ± 0.05 ohm.
2. (A) Conecte o equipamento de teste às 10. (B) Desfaça o “curto” entre os
conexões e registre o valor de terminais da fiação do indicador
resistência indicado (Rc). traseiro de T5.
3. (A) Calcule o valor de Ri, utilizando a 11. (A) Instale a luva isoladora na
fórmula: Ri = 8 – 2Rc. conexão da fiação.
4. (A) Desconecte o conector elétrico 12. (A) Instale a tampa do conjunto de
P158. resistores e frene-ª
5. (B) Coloque em “curto” os terminais da 13. (A) Reconecte o conector elétrico
fiação do indicador dianteiro de T5. P158 e frene-o.
6. (A) Conecte o equipamento de teste às
conexões da fiação.
Complementação da Tarefa:
Resultado:
• Instale os indicadores dianteiro e traseiro de
Valor de resistência indicado igual a Ri T5.
(passo 3) ± 0.05 ohm.
• Instale o painel de acesso.
7. (B) Desfaça o “curto” entre os
terminais da fiação do indicador • Instale o capô do motor.
dianteiro de T5.


Figura 4-28 Localização dos componentes para o teste de resistência ôhmica da indicação de T5

4- 16
Calibração do Sub-sistema de Indicação de excessiva e a conseqüente inutilização
T5 do resistor.
Condições Iniciais • A fim de evitar medições errôneas da
resistência ôhmica do circuito,
Efetividade: Todos mantenha os terminais da fiação de cada
Condições Requeridas: indicador, isolados da estrutura do
painel e entre si, durante os
• Avião em segurança para manutenção. procedimentos de calibração.
• Capô do motor removido. De modo semelhante, quando indicado
• Indicadores (dianteiro e traseiro) de T5 para colocar em “curto” os terminais,
removidos. mantenha-os, entretanto, isolados da
estrutura do painel.
• Painel de acesso 1506 removido.
Pessoal Recomendado: Dois Calibração da Resistência Ôhmica do Sub-
sistema de Indicação de T5
• Técnico “A” executa a calibração do
sub-sistema (lado direito da nacele do 1. (A) Remova a luva isoladora da conexão da
motor). fiação.
• Técnico “B” auxilia o técnico “A” 2. (A) Remova as tampas dos conjuntos de
(postos dianteiro e traseiro de resistores.
pilotagem).
3. (A) Conecte o equipamento de teste às
Equipamentos de Apoio: conexões e registre o valor de
• Multímetro digital com resolução resistência indicado (Rc).
(precisão de leitura) de 0.01 ohm.
4. (A) Calcule o valor de Ri, utilizando a
• Ferro de soldar (30W). fórmula:
A calibração original do sub-sistema Ri = 8 –2 Rc.
nunca deve ser alterada, sem antes
terem sido executados todos os testes, 5. (A) Desconecte o conector elétrico P 158.
complementados por uma inspeção de 6. (B) Coloque em “curto” os terminais da
todo o circuito, e pela correção das fiação do indicador dianteiro de T5.
anormalidades encontradas (mau con- 7. (A) Conecte o equipamento de teste às
tato, corrosão, “curtos”, componentes conexões da fiação e meça a resistência
danificados). Certifique-se, ainda, de ôhmica do circuito.
que o motor esteja equipado com o seu 8. (A) Se o valor indicado for maior do que Ri
termopar de compensação específico (passo 3) ± 0.05 ohm, desfaça a solda
(veja a ficha de teste de aceitação do de um dos terminais do resistor RD
motor). A não observância destes (correspondente ao indicador dianteiro)
procedimentos poderá ocasionar a inserido no circuito e reduza o seu
indução de erros de indicação, com comprimento até obter o valor de Ri ±
graves conseqüências à integridade do 0.05 ohm, com a extremidade do fio
motor. que está sofrendo ajuste, soldada ao seu
• A calibração do sub-sistema é feita por terminal.
meio de diminuições sucessivas do 9. (A) Se o valor indicado for menor do que Ri
comprimento do resistor, até obter-se o ± 0.05 ohm, desfaça a solda dos dois
valor de resistência ôhmica desejada. A terminais do resistor RD inserido no
cada diminuição do comprimento do circuito e desative-o. Solde uma das
resistor, solde a extremidade ajustada ao extremidades do resistor reserva a um
respectivo terminal e faça a medição de dos terminais e reduza o comprimento
resistência. Execute as diminuições da outra extremidade até obter o valor
sucessivas com extremo cuidado, de de Ri ± 0.05 ohm, com a extremidade,
modo a evitar uma diminuição

4- 17
que está sofrendo ajuste, soldada ao extremidades do resistor-reserva a um
outro terminal. dos terminais e reduza o comprimento
10. (B) Desfaça o “curto” entre os terminais da da outra extremidade até obter o valor
fiação do indicador dianteiro de T5. de Ri ± 0.05 ohm, com a extremidade,
11. (B) Coloque em “curto” os terminais da que está sofrendo ajuste, soldada ao
fiação do indicador traseiro de T5. outro terminal.
12. (A) Conecte o equipamento de teste às 15. (B) Desfaça o “curto” entre os terminais da
conexões da fiação e meça a resistência fiação do indicador traseiro de T5.
ôhmica do circuito. 16. (A) Instale e frene as tampas dos conjuntos
13. (A) Se o valor indicado for maior do que Ri de resistores.
(passo 3) 0.05 ohm, desfaça a solda de 17. (A) Instale a luva isoladora na conexão da
um dos terminais do resistor RT fiação.
(correspondente ao indicador traseiro) 18. (A) Reconecte o conector elétrico P158 e
inserido no circuito e reduza o seu frene-o.
comprimento até obter o valor de Ri ±
0.05 ohm, com a extremidade do fio, Complementação da Tarefa
que está sofrendo ajuste, soldada ao seu
terminal. • Instale os indicadores dianteiro e traseiro de
14. (A) Se o valor indicado for menor do que Ri T5.
± 0.05 ohm, desfaça a solda dos dois • Instale o painel de acesso.
terminais do resistor Rt inserido no • Instale o capô do motor.
circuito e desative-o. Solde uma das

Figura 4-29 Localização dos componentes para a calibração do sistema de indicação de T5

4- 18
Teste da Seção Sensora do Motor Valor de resistência indicado entre 0.58 e
0.74 ohm.
Condições Iniciais:
• Se um ou mais sensores estiverem
Efetividade: Todos danificados, o valor de resistência
ôhmica da seção sensora não se
Condições Requeridas:
encontrará, necessariamente, fora dos
• Avião em segurança para manutenção limites acima especificados. No entanto,
esta anomalia pode causar indicações
• Capô do motor removido. errôneas de T5. Para o teste individual
dos sensores veja o Capítulo 77 do
Pessoal Recomendado: Um Manual de Manutenção PW para o motor
PT6A-25C.
Equipamentos de Apoio:
• Para o teste individual dos sensores é
• Multímetro digital com resolução necessária prévia remoção da seção de
(precisão de leitura) de 0.01 ohm ou potência do motor.
equipamento “Barfield” P/N 2312G-8
(PW). 5. Conecte os terminais ao bloco de terminais,
por meio dos parafusos de conexão. Aperte o
• Torquímetro (0-50 lb.pol). parafuso de menor diâmetro a um torque de
Durante a remoção/instalação dos 20 a 25 lb.pol, e o de maior diâmetro a um
parafusos de conexão dos terminais, torque de 25 a 30 lb.pol.
mantenha apoiadas as porcas
correspondentes, para anular o torque a Complementação da Tarefa:
elas transmitido. Imediatamente antes • Instale o capô do motor.
de conectar os terminais ao bloco de
terminais, limpe-os com lixa nº 400.

Teste de Isolamento, Continuidade e


Resistência Ôhmica da Seção Sensora do
Motor
1. Remova os parafusos de conexão e
desconecte os terminais do bloco de
terminais.
2. Conecte o equipamento de teste a um dos
terminais do bloco de terminais e à massa
(carcaça do gerador de gases).
Resultado:
Valor de resistência indicado não inferior a
5000 ohm.
3. Conecte o equipamento de teste ao outro
terminal do bloco de terminais e à massa
Figura 4-30 Seção sensora de temperatura
(carcaça do gerador de gases).
Resultado: Testes de Termopar de Compensação
Valor de resistência indicado não inferior a
Condições Iniciais:
5000 ohm.
Efetividade: Todos
4. Conecte o equipamento de teste a ambos os
terminais do bloco de terminais. Condições Requeridas:
Resultado: • Avião em segurança para manutenção.

4- 19
• Capô do motor removido. INDICADORES DE PRESSÃO
Pessoal Recomendado: Um
Indicadores do Tipo Tubo de Bourdon
Equipamentos de Apoio:
Indicadores de pressão ou Manômetros são
• Multímetro digital com resolução usados para indicar a pressão na qual o óleo do
(precisão de leitura) de 0.01 ohm ou motor está sendo forçado através dos
equipamento “Barfield” P/N 2312G-8 rolamentos, nas passagens de óleo e nas partes
(PW). móveis do motor, e a pressão na qual o
• Torquímetro (0.50 lb.pol.) combustível é entregue ao carburador ou
Durante a remoção/instalação dos controle de combustível.
parafusos de conexão dos terminais, Esses instrumentos são usados também
mantenha apoiadas as porcas para medir a pressão do ar nos sistemas de
correspondentes, de modo a anular o degelo e nos giroscópicos; medem também as
torque a elas transmitido. misturas ar/combustível na linha de admissão, e
Imediatamente antes de conectar os a pressão de líquidos e de gases em diversos
terminais ao bloco de terminais, outros sistemas.
limpe-os com lixa nº 400.
Instrumentos Conjugados dos Motores
Convencionais
Teste de Isolamento e Resistência Ôhmica do
Termopar de Compensação Os instrumentos dos motores
convencionais são geralmente três instrumentos
1. Remova os parafusos de conexão e
agrupados numa peça única. Um instrumento
desconecte os terminais do bloco de
típico de motor contém indicações de pressão de
terminais.
óleo, indicações de pressão de gasolina e
2. Conecte o equipamento de teste ao corpo do temperatura do óleo, conforme mostra a figura 4-
termopar e a um de seus terminais (alumel ou 31.
cromel).
Resultado:
Valor de resistência indicado não inferior a
5000 ohm.
A medição de resistência ôhmica delineada
no passo 3 deve ser executada com o
compensador a uma temperatura ambiente
de 21º C.
3. Conecte o equipamento de teste a cada um
dos terminais do termopar.
Resultado: Figura 4-31 Unidade de indicação dos motores
Valor de resistência indicado de acordo com Dois tipos de instrumentos de indicar
a tabela 1-1, relativo ao P/N e à classe do temperatura do óleo são disponíveis para uso no
termopar de compensação testado. painel de instrumentos de motor. Um tipo
4. Conecte os terminais ao bloco de terminais consiste de uma resistência elétrica do tipo
por meio dos parafusos de conexão. Aperte o termômetro de óleo que trabalha com uma
parafuso de menor diâmetro a um torque de corrente elétrica fornecida pelo sistema C.C. da
20 a 25 lb.pol e o de maior diâmetro a um aeronave. O outro tipo, um termômetro capilar
torque de 25 a 30 lb.pol. de óleo, é um termômetro do tipo a vapor
consistindo de um bulbo conectado por um tubo
Complementação da Tarefa: capilar a um tubo “Bourdon”. Um ponteiro
conectado ao tubo Bourdon, através de um
• Instale o capô do motor.

4- 20
mecanismo multiplicador, indica no mostrador a O mostrador do instrumento é calibrado
temperatura do óleo. em polegadas de mercúrio (HG).
O tubo Bourdon num instrumento de Quando o motor não está funcionando, o
aeronave é uma peça feita de um tubo de metal indicador de pressão de admissão registra a
oval ou achatado, como vemos no corte pressão atmosférica estática.
transversal da figura 4-32. Quando o motor está funcionando, a leitura
Essa peça é oca, presa firmemente no obtida no indicador de pressão de admissão
estojo do instrumento de um lado, e do outro depende da rotação do motor.
lado é livre de movimentos; e seus movimentos
são transmitidos para um mostrador através de
conexões móveis.

Figura 4-33 Indicação da pressão de admissão.

A pressão indicada é a pressão


imediatamente antes da entrada nos cilindros do
motor.
Figura 4-32 Indicador de pressão tipo tubo de O esquema de um tipo de instrumento de
Bourdon medir pressão de admissão é mostrado na figura
4-33.
O sistema de óleo do motor está ligado ao O invólucro externo do instrumento
interior do tubo Bourdon. A pressão do óleo protege e contém o mecanismo. Uma abertura
existente no sistema, atuando no interior do tubo atrás do estojo conecta-o com o coletor de
causa uma deformação pela expansão da peça, admissão no motor.
devido a força da pressão. O instrumento contém um diafragma
Quando não há pressão, a peça por ser aneróide, e uma conexão que transmite o
flexível, retorna a sua posição original. Esse movimento do diafragma ao ponteiro. Esse
movimento de expansão ou retração é sistema de conexão está completamente isolado
transmitido para o mostrador na parte da frente da câmara de pressão e, portanto, não está
do instrumento, medindo a pressão do fluido. exposto aos vapores corrosivos dos gases da
linha de admissão.
A pressão existente no coletor de admissão
INDICADORES DA PRESSÃO DE ingressa na câmara selada através de uma
ADMISSÃO conexão, que é um tubo capilar de extensão
curta, na traseira do instrumento.
O instrumento de medir a pressão de Esse tubo capilar age como uma válvula de
admissão é muito importante numa aeronave segurança para prevenir danos ao instrumento
equipada com motor a pistão. O instrumento é por possível retrocesso do motor. O aumento
projetado para pressão absoluta. Esta pressão é a repentino de pressão causado por um retrocesso
soma da pressão do ar e a pressão adicional é consideravelmente reduzido pela capilaridade
criada por um compressor. do tubo que tem um diâmetro reduzido.

4- 21
Quando se instala um indicador de pressão Indicadores de pressão do tipo síncrono
de admissão, um cuidado especial é tomado para
O síncrono é o equivalente elétrico de um
assegurar que o ponteiro esteja na posição
eixo metálico.
vertical quando registrar 30” de HG.
Considere-se a barra da figura 4-34 e suponha-se
Quando o motor não está funcionando, a
que ela vá imprimir um movimento rotatório.
leitura do instrumento deverá ser a mesma que a
pressão atmosférica local. Isso poderá ser
verificado através de um barômetro que esteja
em condições de operação normal.
Na maioria dos casos, o altímetro do avião
pode ser usado porque é um instrumento de
medir pressão atmosférica.
Com o avião no solo, os ponteiros do
altímetro devem ser posicionados em zero e o
painel de instrumento deve ser vibrado algumas Figura 4-34 Barra A e B
vezes com as mãos, para remover qualquer
possibilidade de ponteiros travados. As extremidade “A” e “B” giram do
A escala do barômetro no indicador do mesmo modo, isto é, ao mesmo tempo, com a
altímetro mostra a pressão atmosférica quando mesma rapidez e com o mesmo deslocamento. O
os ponteiros do altímetro estão em zero. O eixo rígido, às vezes, não se presta a transmitir
indicador de pressão da admissão deve ter a diretamente o movimento ou uma indicação
mesma leitura de pressão, se isto não ocorre, o dele, visto poder existir entre as duas
instrumento deve ser substituído por outro que extremidades do eixo, objetos que não podem ser
esteja operando adequadamente. atravessados por ela.
Se o ponteiro falha inteiramente em Nesse caso, o usual é o emprego de
responder, o mecanismo está com toda pequenos eixos acoplados, por engrenagens,
probabilidade de defeito; o instrumento deve ser dispostos em ângulos que contornem o objeto.
removido e substituído. Para longas distâncias e quando se tem que fazer
Se o ponteiro responde, mas indica vários contornos o sistema é, evidentemente,
incorretamente, pode haver umidade no sistema, muito complexo e seria absurdamente
obstrução nas linhas, um vazamento no sistema dispendioso.
ou um mecanismo defeituoso. Uma solução mecânica consistiria na
Quando há dúvida sob qual desses itens é instalação de um eixo flexível, como o que é
a causa do mau funcionamento, o motor deve ser usado nos automóveis, transferindo a rotação das
operado em regime mínimo, e uma válvula dreno rodas do veículo ao velocímetro.
(comumente localizada perto do instrumento) O eixo flexível transmite com precisão
aberta por poucos minutos; isto, usualmente, diminutas forças rotatórias. Ao se exigir dos
limpa o sistema da umidade. eixos esforços razoavelmente intensos, o eixo
Para limpar uma obstrução, as linhas começa a se torcer e a carga não acompanha a
podem ser desligadas e assopradas com ar força rotatória com a precisão exigida em
comprimido. determinadas operações. Os eixos flexíveis
O mecanismo do instrumento pode ser introduzem muita fricção no sistema, não
verificado quanto a vazamentos, desconectando- respondendo aos deslocamentos ao mesmo
se a linha final do motor e aplicando pressão de tempo e à mesma velocidade.
ar até que o instrumento indique 50” de O sistema síncrono possui vários
mercúrio, então a linha deve ser rapidamente dispositivos diferentes, que reagem de maneira
fechada. distinta e podem ser usados para desempenhar
Se o ponteiro do instrumento retorna a uma função ou várias, quando associados.
indicar a pressão atmosférica, é porque existe um O estudo do sistema síncrono envolve
vazamento. conhecimentos de eletricidade e eletrônica, visto
Se um vazamento está evidente, mas não haver, em alguns amplificadores de sinal,
pode ser localizado, o instrumento deve ser motores comuns e especiais demandando tempo
substituído. para seu estudo e dos componentes onde serão
aplicados. O sistema síncrono constitui, pois,

4- 22
estudo em separado. Ver-se-á o sincrogerador e A carcaça é ranhurada internamente e
o sincromotor, que são os de emprego imediato essas ranhuras alojam o enrolamento do estator.
em transmissão de posição em alguns O enrolamento do estator é um conjunto de três
instrumentos. enrolamentos distintos, situados a 120º entre si,
O síncrono é um dispositivo elétrico, com ligados em estrela, representado na figura 4-36.
aparência de motor; e normalmente ligado em Resultam dessa ligação em estrela três
paralelo a outros síncronos. Atua como um eixo terminais que passam através da parte inferior,
flexível do qual se tenha eliminado toda a fricção conforme a figura 4-37, e servem para transmitir
e acrescentando as qualidades do eixo rígido. um sinal elétrico ao sincromotor, sempre que se
Quando se faz girar o eixo de um síncrono, fizer girar o eixo do sincro-gerador.
ele transmite impulsos elétricos através dos fios
condutores que ligam-no ao(s) outro(s)
síncrono(s). Estes impulsos elétricos fazem com
que o eixo do outro síncrono tenha o mesmo
deslocamento, ao mesmo tempo e à mesma
velocidade. O eixo controlador e o controlado
podem ficar bem distantes, sendo contornado
qualquer obstáculo de fricção.
O gasto de energia é pouco e é evitada a
Figura 4-36 Enrolamento do estator
grande complexidade de um sistema inteira-
mente mecânico.

Constituição de um Sincrogerador

O estator e o rotor são as partes principais.


O estator consiste de uma tampa superior,
de uma carcaça e de uma tampa inferior.

Figura 4-37 Ligação entre a carcaça e a tampa


inferior
Figura 4-35 Constituição de um sincrogerador

Figura 4-38 Visão em corte de um sincrogerador

4- 23
O rotor consiste de duas bobinas ligadas
em série, formando um enrolamento contínuo.
Os extremos do conjunto do rotor são
montados sobre rolamentos que se assentam nas
tampas superior e inferior da carcaça. Veja a
figura 4-40.
As extremidades do enrolamento do rotor
ligam-se a dois anéis coletores que, através de
escovas, recebem alimentação de corrente
Figura 4-39 Símbolo representativo do sincro- alternada em seus terminais R1 e R2.Veja a
motor figura 4-41.

Figura 4-40 Rotor do sincrogerador

Figura 4-41 Escovas do sincrogerador

Constituição de um Sincromotor

A construção do sincromotor é semelhante


à do sincrogerador. Os estatores são iguais.

A figura 4-42 apresenta o símbolo (em três


variantes) do sincromotor; sendo usada a “B“
quando se deseja explicar o seu funcionamento. Figura 4-42 Simbologia do sincromotor

4- 24
Funcionamento do sincrogerador e Se os três ímãs forem girados um grau, o
sincromotor ímã central girará um grau. Se forem girados
dois graus, o ímã central girará dois graus e,
Sejam 3 ímãs de mesma intensidade, assim, sucessivamente. O ímã central acom-
dispostos a 120º, num aro que possa girar panhará o campo resultante dos três ímãs.
livremente, conforme a figura 4-43. No centro Se o ímã central tiver intensidade
do aro, apoiado em um pivô, tem-se outro ímã, suficiente e for girado, os três ímãs
igualmente livre para girar em torno de um pivô. acompanharão seu movimento.
Os três campos magnéticos combinar-se- Se no lugar dos ímãs forem usados
ão para formar um campo magnético resultante, eletroímãs as ações descritas também terão
atuando simultaneamente sobre o ímã central, lugar.
como se fossem um único ímã, conforme pode
ser visto na figura 4-44. Campos Magnéticos do Rotor e Estator

Seja um sincrogerador ligado em paralelo


a um sincromotor, conforme a figura 4-46.

Figura 4-43 Disposição dos ímãs


Figura 4-46 Ligação em paralelo entre o
sincroge-rador e o sincromotor

Ao rotor do sincrogerador aplica-se uma


tensão alternada.
Por ação de transformador, o rotor induzirá
tensões nos três enrolamentos do estator.
Segundo a Lei de Lens a tensão induzida no
Figura 4-44 Combinação dos campos magné- estator terá uma polaridade que fará circular uma
ticos corrente que criará um campo contrário ao que
lhe deu origem (o campo do rotor).
Se os três ímãs forem girados 120º, o Os três campos do estator, contrários ao do
campo magnético resultante também girará 120º. rotor, resultarão num campo contrário ao do
A figura 4-45 mostra dois deslocamentos de 120º rotor, como se ilustra na figura 4-47.
e as posições do campo resultante e do ímã
natural.

Figura 4-45 Deslocamento dos ímãs e posição Figura 4-47 Campo resultante, contrário ao do
resultante rotor

4- 25
Os enrolamentos das bobinas do estator do Como o campo magnético resultante do
sincrogerador e do sincromotor têm o mesmo sincrogerador depende do movimento do seu
sentido. Observa-se que o estator do rotor e como o campo magnético resultante do
sincrogerador é fonte para o estator do estator do sincromotor depende também desse
sincromotor e nota-se que as correntes fluem em movimento e origina o movimento do rotor do
sentido contrário nas bobinas. Bobinas enroladas sincromotor, segue-se que o giro do rotor do
no mesmo sentido e com correntes de sentido sincromotor depende e acompanha o giro do
diferente originam campos magnéticos de rotor do sincrogerador.
polaridades opostas.
O campo magnético de cada bobina do
sincromotor será oposto ao campo de cada
bobina do sincrogerador. O campo resultante
terá o mesmo sentido do campo do rotor e
sentido inverso ao do campo do estator do
sincrogerador.
Se o rotor do sincrogerador for girado 60º
o campo magnético do estator girará também
60º, visto que o ângulo de indução mudou e, em
conseqüência, a intensidade das correntes e
tensões induzidas.
Como o campo magnético depende da Figura 4-49 Eletroímã seguindo as alterações do
intensidade da corrente e, há agora maior campo magnético do seu estator
indução, tensão e corrente em S3, esse terá o
maior campo, sendo o campo magnético
resultante orientado em seu sentido. INDICADORES DE PRESSÃO DE ÓLEO
O campo magnético do estator do
sincromotor terá uma resultante a 60º de que Princípio de Funcionamento
tinha antes, pelos mesmos motivos ocasionaram
a mudança no campo magnético resultante do Indicação de pressão de óleo pode ser
estator do sincrogerador (indução, tensão e obtida através de um sistema síncrono onde
corrente) conforme a figura 4- 48. eletromagnetos são usados como rotor.
Os rotores são excitados por uma corrente
alternada de 26 volts e 400 hertz, através de
anéis deslizantes e escovas ou através de molas
capilares.
Os rotores no indicador e o transmissor
são ligados em paralelo e são eletricamente
idênticos.
Envolvendo os rotores encontram-se os
estatores trifásicos enrolados em delta, também
ligados em paralelo. A CA do rotor induz a
tensão nos enrolamentos do estator e, como o
rotor do transmissor está mecanicamente ligado
ao objeto cujo movimento está sendo medido,
quando ele se move a relação da fase nos
Figura 4-48 Mudança do campo magnético a 60o enrolamentos do estator muda.
da posição anterior Os dois estatores estão em paralelo, assim,
suas relações de fase são as mesmas, e o campo
Se, agora, ao sincromotor acrescentar-se magnético no indicador motiva seu rotor a
um rotor e este for ligado em paralelo ao rotor do mover-se até que ele tenha a mesma relação com
sincrogerador, como a na figura 4-49 ter-se-á um o estator, como o rotor no transmissor.
eletroímã que gira em função das alterações do Um ponteiro leve é fixado ao rotor
campo magnético de seu estator. indicador e segue o movimento do transmissor.

4- 26
indicação visual de pressão (normalmente a
unidade é o PSI).

Figura 4-50 Circuito elétrico de um sistema


síncrono de indicação

Transmissor de Pressão de Óleo

O transmissor é uma unidade selada do


tipo cápsula. Uma engrenagem dentada Figura 4-51 Transmissor de pressão de óleo
transmite, através de uma alavanca tipo
balancim, a alteração de pressão, sentida pelas Operação
cápsulas, a um eixo do síncrono.
O síncrono do transmissor é eletricamente Um sistema típico de indicação de óleo é
ligado ao indicador, que converte a indicação mostrado na figura 4-52.
recebida, pela deflexão das cápsulas, numa

Figura 4-52 Diagrama esquemático de um sistema síncrono de indicação de pressão de óleo

A pressão a ser medida provém da bomba A razão de deslocamento é proprocional à


de óleo do motor. pressão e variações de tensão são transferidas ao
O elemento sensível (diafragma) é estator.
conectado mecanicamente por uma articulação, Estas tensões por sua vez são transmitidas
eixo oscilante a engrenagens, a um pinhão fixado para o indicador síncrono. A corrente é aplicada
na unidade sincrônica. ao rotor do indicador por meio de escovas e
A articulação converte qualquer variação anéis coletores.
da função que está sendo medida em movimento O ponteiro está diretamente colocado no
giratório para o motor síncrono, como nos rotor e se move sobre o mostrador do
mostra a figura 4-53. instrumento.

4- 27
Os indicadores podem ser simples ou
duplos.
Os simples possuem uma só unidade
sincrônica e os duplos possuem duas dando, em
um só instrumento, indicação dupla.
O mecanismo do indicador duplo tem os
rotores montados diretamente um atrás do outro.
O eixo do rotor do motor dianteiro, é oco.
Um eixo de extensão vindo do motor
Figura 4-53 Mecanismo de transmissão da pres- traseiro alcança seu respectivo ponteiro no
são do óleo mostrador passando através deste eixo oco.

Figura 4-54 Mecanismo do indicador dupko de pressão de óleo

SISTEMAS DE MEDIR FLUXO DE motor a pistão consiste de um transmissor de


COMBUSTÍVEL fluxo e um indicador.
O transmissor está usualmente ligado na
linha de combustível que une a saída do
Sistemas de indicação de fluxo de carburador a válvula de alimentação de
combustível são usados para indicar consumo de combustível, ou bico ejetor. O indicador está
combustível. normalmente montado no painel de
Eles são, na maioria das vezes, instalados instrumentos. Um corte transversal de um
nos aviões maiores, multimotores, mas eles transmissor típico é mostrado na figura 4-55. A
podem ser encontrados em qualquer tipo de gasolina passando pela entrada da câmara de
aeronave onde o fator economia de combustível combustível é direcionada contra uma palheta
é um detalhe muito importante. Um sistema medidora, causando a mudança de sua posição
típico de medidor de fluxo de combustível para o dentro da câmara.

4- 28
este movimento é transmitido ao eixo na qual a
palheta está ligada.
A figura 4-56 mostra uma vista detalhada
de um sistema de medir fluxo de combustível. A
palheta medidora move-se contra a força oposta
de uma mola.
Quando a força criada por um determinado
fluxo de combustível está equilibrada com a
tensão da mola, a palheta torna-se imóvel.
A palheta é conectada magneticamente ao
rotor de um transmissor que gera sinais elétricos
para indicar em um instrumento na cabine. A
Figura 4-55 Câmara de combustível do medidor distância que a palheta medidora se move é
de fluxo proporcinal e mede a razão do fluxo.
O sistema tem um amortecedor que
Quando a palheta é movida de uma elimina as flutuações causadas por bolhas de ar
posição fechada pela pressão do fluxo de no combustível.
gasolina, a distância entre a palheta e a câmara Há uma válvula de alívio dentro da câmara
de combustível torna-se gradativamente maior, e que permite o dreno de combustível quando o
fluxo é maior que a capacidade da câmara.

Figura 4-56 Sistema medidor do fluxo de combustível

Um esquema simplificado de um sistema transmissor. O mostrador de um indicador de


de “FUEL FLOW” do tipo palheta (figura 4-57) fluxo é mostrado na figura 4-58. Alguns
mostra a palheta medidora ligada ao transmissor indicadores de fluxo de combustível são
do“FUEL FLOW”, e o rotor do indicador ligado calibrados em galões por hora, mas a maioria
a uma fonte de força comum com um deles indica a medida do fluxo em libras.

Figura 4-57 Esquema de um sistema de medição de fluxo tipo palheta

4- 29
No esquema mostrado na figura 4-59, dois
cilindros, um impulsor, e uma turbina são
montados na linha principal de combustível
ligada ao motor.
O impulsor é movido a uma velocidade
constante por um motor especial de três fases.
O impulsor é montado formado um
momento angular como o fluxo de combustível
fazendo com que a turbina gire até que a mola
reguladora calibrada provoque o equilíbrio de
forças devido ao momento angular do fluxo de
Figura 4-58 Típico indicador de fluxo de combustível.
combustível A deflexão da turbina posiciona o magneto
permanente no transmissor de posição a uma
O sistema do fluxo usado nos motores a posição correspondente ao fluxo de combustível
turbina é na maioria das vezes um sistema mais na linha. Esta posição da turbina é transmitida
complexo do que aqueles usados nos motores a eletricamente ao indicador na cabine.
pistão.

Figura 4-59 Esquema de um sistema medidor de fluxo de combustível de um grande motor a reação

INDICADORES DE ROTAÇÃO (Ng) e turbina de potência/hélice (Nh) em


(TACÔMETROS) motores turboélices ou para medidas de rotação
da hélice em motores convencionais, ou do eixo-
O indicador tacômetro é um instrumento rotor em jatoturbo.
usado para indicação da velocidade de rotação Existem aeronaves onde o sistema de
dos conjuntos compressor/turbina do compressor rotação é composto de três subsistemas

4- 30
independentes, cada um fornecendo indicação de Tacômetro Mecânico
rotação dos seguintes conjuntos rotativos:
O tacômetro de tração magnética tem
turbina de potência/hélice (Np), rotor de alta
substituído todos os outros tipos de tacômetros
pressão (Nh) e rotor de baixa pressão (NI).
mecânicos em aviões modernos. É idêntico em
Os ponteiros dos indicadores tacômetros
princípio e muito parecido, na sua construção, a
usados em motores convencionais são calibrados
um velocímetro de automóvel e, como resultado
em Rotações Por Minuto (RPM) e os dos
de grande quantidade produzida, seu custo é
motores a reação em porcentagem de RPM.
relativamente baixo. Um cabo de aço flexível
Alguns indicadores modernos possuem,
movimentando-se na metade da velocidade do
além da escala analógica, uma outra digital
motor, é introduzido na parte traseira do
(cristal líquido). Existem três tipos de sistemas
tacômetro e aciona um ímã permanente, veja a
tacômetros usados em grande escala atualmente:
figura 4-61.
A -Mecânico;
Uma concha de arrasto de alumínio ou
B -Elétrico;
cobre movimenta-se sobre o ímã, cortando as
C -Eletrônico.
linhas de fluxo, enquanto o ímã gira, mas não o
toca. Fixo à concha de arrasto existe um anel de
material magnético.
A concha tem um eixo protuberante no seu
centro, ao qual um ponteiro é ligado.

A - TACÔMETRO MECÂNICO

Figura 4-61 Tacômetro de tração magnética

O ponteiro é mantido contra um batente


por uma mola capilar calibrada.
B - TACÔMETRO ELÉTRICO Quando o ímã, gira, suas linhas de fluxo
geram uma tensão na concha de arrasto,
provocando o fluxo de uma corrente (uma
corrente parasita). Esta corrente cria um campo
magnético na concha. A força deste campo é
proporcional à velociddae em que o ímã é
girado, assim, a concha de arrasto girará contra a
mola capilar com uma força proporcional à
velocidade do motor.
O ponteiro move-se através do mostrador
para indicar a velocidade do motor.
A calibragem pode ser feita movendo-se a
ponta da âncora da mola capilar, entretanto, na
C - TACÔMETRO ELETRÔNICO
prática usual, o baixo custo desses instrumentos
toma impraticável sua manutenção em uma
Figura 4-60 Tipos de tacômetros oficina de instrumentos.

4- 31
A fábrica, com isto em mente, enruga o velocímetro de automóvel. Este medidor de
engaste do estojo de tal forma que o único modo horas é preciso apenas em uma velocidade, a de
de se abrir o instrumento é forçando o estojo cruzeiro, que é normalmente estampada no
com uma ferramenta. Eles normalmente são estojo do instrumento.
substituídos em vez de serem reparados. Os tacômetros para pequenos aviões de
A exatidão desses instrumentos não é tal aviação geral diferem em suas marcações e
que possa ser confiável num trabalho de calibragens no medidor de horas e, por esta
precisão; assim, no caso de encontrar-se um razão, não são geralmente intercambiáveis entre
motor que não consegue atingir a adequada RPM diferentes modelos de aviões, ainda que seus
estática ou no caso de ser impossível sincronizar princípios de funcionamento sejam os mesmos.
os motores num bimotor, é aconselhável checar O cabo, algumas vezes chamado de cadeia,
a precisão do tacômetro ou trocá-lo por outro é a origem da maioria dos problemas com este
que esteja reconhecidamente bom. tipo de instrumento.
É feito de um fio de aço de mola bifilar,
construído de modo que em qualquer direção da
rotação apertará um dos invóllucros e evitará seu
desenrolamento.
É fechado em uma camisa de aço e
lubrificado com graxa grafitada.
Tanto o excesso quanto a falta de graxa,
fará com que o cabo interfira na suave indicação
do instrumento e se houver qualquer dobra ou
folga na camisa, o indicador oscilará.

Tacômetro Elétrico

O tacômetro elétrico (tacogerador) é na


Figura 4-62 Tacômetro de tração magnética realidade um gerador CA trifásico movimentado
oelo motor. A figura 4-63 aoresenta o
Os tacômetros de tração magnética tacogerador e sua localização na turbina PT6
freqüentemente têm um medidor de horas, (veja para medidas de Ng e Nh.
a figura 4-62) similar ao odômetro em um

Figura 4-63 Localização do Tacogerador

4- 32
Os tacogeradores produzem uma corrente O motor síncrono move um outro ímã
trifásica, cuja freqüência é proporcional à permanente, que opera um mecanismo de tração
rotação com que são acionados. magnética, similar ao usado no tacômetro
A tensão de saída do gerador varia com mecânico.
sua velocidade, porém, neste caso, não é a tensão À medida que a rotação do motor síncrono
que interessa e sim a freqüência. A tensão gerada aumenta, como conseqüência do aumento de
faz girar um pequeno motor síncrono, instalado rotação do tacogerador, o ponteiro desloca-se no
no interior do indicador que gira exatamente na mostrador dando a indicação em RPM ou em
mesma velocidade que o gerador. porcentagem de RPM.

Figura 4-64 Ligação esquemática entre o tacogerador e o tacômetro

Figura 4-65 Ligação elétrica entre o tacogerador e o indicador

tacogerador) não é tão crítica quanto deveria ser


caso fosse a tensão gerada usada diretamente
para mover o ponteiro. No caso do indicador ser
de porcentagem de RPM, uma escala periférica é
graduada em divisões de 10% de RPM e
completada com outra menor, dividida em
frações de 1%.

Tacômetro Eletrônico

Sensor
Figura 4-66 Tacômetro elétrico
O sensor é composto essencialmente de
A força do ímã (que pode ser bipolo ou um ímã e uma bobina, cuja função é transmitir
tetrapolo, dependendo do modelo do pulsos proporcionais à rotação.

4- 33
A amplitude do sinal de saída do sensor engrenagem está próximo ao ímã as linhas de
depende da posição da engrenagem que vai força proporcionam um maior fluxo, maior
determinar uma maior ou menor relutância à corrente induzida e portanto uma amplitude
trajetória das linhas de força. Se o dente da maior de sinal.

Figura 4-67 Localização do sensor

Figura 4-68 Operação do sensor

Figura 4-69 Localização dos sensores do sistema de indicação de rotação do motor PW 115

4- 34
Operação elevar para o nível requerido pelo processador de
sinais. O processador de sinais é um conversor
Um controlador de brilho, atuado pelo de freqüência dos pulsos provenientes do sensor
operador, proporciona a iluminação desejada no em uma tensão de corrente contínua (CC)
mostrador do instrumento. proporcional à rotação. Possui 2 saídas: uma
Os indicadores de Np, Nh e NI são para a indicação analógica e outra digital.
alimentados por 28 VCC. Um conjunto de amplificadores incumbe-
Uma fonte de alimentação provê todas as se de fornecer à bobina móvel do instrumento
tensões necessárias para o funcionamento dos um sinal a um nível adequado para uma
circuitos eletrônicos instalados internamente no indicação estável.
indicador. O ponteiro ao mover-se, atua
Um controlador de brilho, atuado pelo mecanicamente um potenciômetro de
operador, proporciona a iluminação desejada no realimentação que ao enviar um sinal de retorno
mostrador do instrumento. permite uma estabilização do sistema (evita
O sinal de entrada (pulsos fornecidos pelo oscilação do ponteiro).
sensor), com uma freqüência diretamente O processador de sinais também fornece
proporcional à velocidade de rotação, é aplicado uma saída (digital) ao decoficador para indicador
a um amplificador de entrada com a finalidade de 7 segmentos possibilitando que números
de remover ruído, efetuar o casamento de decimais de 0 a 9 sejam apresentados pelo
impedância (entre o sensor e o indicador) e indicador digital.

Figura 4-70 Diagrama esquemático do circuito eletrônico do indicador de rotação do motor

SINCROSCÓPIO direção na qual o motor do sincroscópio gira. Se


ambos os motores estão operando na mesma
O sincroscópio é um instrumento que velocidade o motor do sincroscópio não opera.
indica se dois (ou mais) motores estão Se, entretanto, um motor está operando
sincronizados, isto é, se eles estão operando na mais rápido que o outro, o sinal do seu gerador
mesma R.P.M. O instrumento consiste de um obrigará o motor do sincroscópio a girar em uma
pequeno motor elétrico, que recebe corrente determinada direção.
elétrica do gerador do tacômetro de ambos os Se a velocidade do outro motor então
motores. torna-se maior que aquela do primeiro motor, o
O sincroscópio é projetado de forma que, a sinal de seu gerador, então, causará, ao motor do
corrente do motor que gira depressa, controla a sincroscópio a reversão na direçao oposta.

4- 35
As leituras do mostrador com rotação no
sentido anti-horário do ponteiro indicam
devagar; e o movimento no sentido horário
indicando rápido refere-se a operação do
segundo motor, em relação a velocidade do
motor mestre. Para aeronaves com mais de dois
motores, sincroscópios adicionais são usados.
Um motor é designado como motor
mestre, e os sincroscópios são conectados entre
seus tacômetros, e àqueles de cada um dos
motores individuais.
Em uma instalação completa deste tipo,
deve haver um instrumento a menos do número
de motores, desde que o motor mestre seja
comum a todos os pares.
Figura 4-71 Mostrador do sincroscópio Um tipo de sincroscópio para
quadrimotores é um instrumento especial que,
O motor do sincroscópio está conectado efetivamente, são três sincroscópios individuais
através de um eixo, a um ponteiro de duas pontas em um só instrumento (figura 4-72).
no mostrador do instrumento (figura 4-71). O rotor de cada sincroscópio está
É necessário designar um dos dois motores eletricamente conectado ao gerador do tacômetro
como motor mestre, para que as indicações do do motor, designado como mestre, enquanto
sincroscópio possam ser úteis. cada estator está conectado a cada um dos
tacômetros dos outros motores.

Figura 4-72 Sincroscópio de quadrimotor

Existem, três ponteiros, cada um indican- menor velocidade. A rotação dos ponteiros
do a velocidade relativa do motor número 2, 3 ou começa quando a diferença de velocidade atinge
motor 4, conforme indicado na figura 4-73. Os cerca de 350 RPM; e a medida que a
ponteiros independentes giram no sentido sincronização dos motores está sendo obtida, a
horário quando seu respectivo motor está rotação dos ponteiros é proporcional a diferença
girando mais rápido que o motor mestre, e em de rotação dos motores.
sentido anti-horário quando está girando com

4- 36
Figura 4-73 Esquema de sincroscópio para um quadrimotor

4- 37
CAPÍTULO 5

INSTRUMENTOS DIVERSOS

VOLTAMPERÍMETRO oscilações que fariam com que o ponteiro do


medidor ficasse vibrando. Por causa do seu
Os voltamperímetros usados em aeronaves próprio movimento, o ponteiro, fica vibrando,
servem para indicar a tensão da bateria e dos antes de parar seu movimento na posição correta.
geradores e também a corrente solicitada de cada O núcleo de alumínio conterá correntes,
gerador. produzidas pela presença do campo magnético, as
quais produzirão um torque na bobina que
Mecanismo de D’Arsonval amortecerá as vibrações.
Ela é colocada no campo magnético entre as
A corrente, ao circular por um condutor, peças polares. A corrente ou porção pré-
produz dois efeitos principais: calor e determinada dela, a ser medida, passa pelas
magnetismo. A intensidade desses efeitos espiras do fio.
depende do valor da corrente. Pode-se usar um No centro da armadura de alumínio, há um
destes efeitos em instrumentos de medição. núcleo de ferro-doce (material muito permeável)
Os instrumentos que se baseiam no em forma cilíndrica, que tem a finalidade de dar
magnetismo são os mais usados por apresentarem maior concentração às linhas de força no espaço
maior precisão. entre os pólos do ímã permanente.
Em 1881, D’Arsonval patenteou um
mecanismo que utiliza o efeito eletromagnético da
corrente, hoje amplamente usado na maioria dos
medidores.
Por essa razão, a maioria dos mecanismos
compostos por bobina móvel e ímã permanente
recebe o nome de instrumento de D’Arsonval.
O ímã permanente, que tem a forma de
ferradura, é feito de uma liga de alnico. Ele é
terminado pelas peças polares.
Estas peças polares são construídas de ferro
para intensificar o campo magnético permanente
nas extremidades do ímã e para concentrar o fluxo
na região apropriada.
Figura 5-2 Mecanismo de indicador do tipo
D’Arsonval

A bobina é provida de pivôs de aço


endurecido, os quais se alojam em mancais de
jóias altamente polidas, de modo que a armadura
possa girar com a menor fricção possível.
Esses mancais, que operam sem
lubrificação têm provavelmente o mais baixo
valor de constante de fricção. Duas molas-cabelo
Figura 5-1 Mecanismo de D`Arsonval enroladas em sentidos opostos se opõem ao
movimento da armadura (contratorque); são
A bobina móvel é composta por várias amagnéticas e feitas de bronze fosforoso. A
espiras de fio de cobre, envolvendo uma base de tensão destas molas é um fator importante no
alumínio. A base de alumínio amortece as mecanismo, pois sua constância de performance é

5-1
essencial para a exatidão a ser mantida pelo que a deflexão da bobina seja no sentido correto
instrumento. (esquerda para a direita).
A rotação máxima da bobina é da ordem
de 90º na direção do movimento dos ponteiros de
um relógio.
Como a bobina móvel é enrolada com fio
muito fino e é muito sensível, deve-se ter o
cuidado de não exceder à corrente que ela pode
suportar ou poder-se-á danificá-la. Esta
quantidade de corrente máxima que a bobina de
um galvanômetro pode suportar é em torno de
micro ou miliampéres e varia de acordo com a
sensibilidade do mecanismo. Pode-se definir
Figura 5-3 Mancal em pivô
sensibilidade de um medidor elétrico como sendo
a quantidade de corrente necessária para a
Além de dar o contratorque para o
deflexão máxima da bobina móvel.
mecanismo elas têm outra função importante que
Quanto menor for a corrente necessária,
é levar a corrente até a bobina móvel.
maior será a sensibilidade do mecanismo.
Tem-se, então, aqui, um mecanismo que
serve para medir o fluxo de corrente, bastando
para isso ligar-se um ponteiro à bobina do
eletroímã de modo a girar com ela e por meio de
uma escala determinar-se o grau de rotação da
mesma e, assim, a grandeza da corrente.
Assim, se em vez de um eletroímã têm-se
uma bobina móvel leve e sensível, um ímã
permanente adequado e outros componentes
descritos anteriormente ter-se-á o Galvanômetro
D’Arsonval o qual funcionará, indicando na
escala do mostrador em função da variação de
corrente na bobina móvel.
Portanto, em todos os instrumentos em
Figura 5-4 Mola-cabelo
que seja usado este mecanismo, o funcionamento
será idêntico; dependerá sempre da reação entre
As molas espirais farão com que o dois campos magnéticos, dos quais, um é fixo
ponteiro do medidor retorne a zero, quando não (ímã permanente) e outro variável de acordo com
houver fluxo de corrente pela bobina móvel. a corrente (bobina móvel).
A parte externa das molas é soldada a uma Convém lembrar que, devido às
haste comandada pelo corretor de zero. características de construção e sensibilidade, este
Desta maneira, ao girar-se o parafuso dispositivo de medição suporta e mede uma
encontrado na parte frontal do instrumento, para o quantidade muito pequena de corrente. Para o
ajuste de zero, estar-se-á fazendo girar o corretor perfeito funcionamento, deve-se conectá-lo
e assim comandando a bobina móvel e o ponteiro observando a polaridade e o tipo de corrente, que
através das molas-cabelo. deve ser sempre de corrente contínua (CC).
Os fios da bobina, são ligados através das
molas-cabelo e dois terminais que ficam na parte Equilíbrio
traseira da caixa do instrumento e marcados com Um fator importante nos instrumentos é o
os sinais + e - . Estes sinais indicam que o “equilíbrio mecânico”. Definindo-se o termo
terminal + deve ser ligado ao positivo do circuito citado, pode-se dizer que é a condição do sistema
e o terminal - ao lado negativo do mesmo, para móvel com respeito à gravidade.

5-2
corrente máxima não excedesse o valor para a
bobina móvel do instrumento dar sua deflexão
(sensibilidade). Entretanto, na maioria dos
circuitos que se deseja medir, a quantidade de
corrente excede em muito àquela que o
mecanismo pode receber com segurança.
Para resolver este problema, foi idealizado
um dispositivo baseado na Lei de Ohm, para
emprego nos amperímetros, instrumentos
destinados a medir e indicar a quantidade de
corrente em um determinado circuito.
O amperímetro nada mais é do que um
galvanômetro (outro nome do mecanismo de
Figura 5-5 Mecanismo de um galvanômetro do D’Arsonval) com uma resistência de valor baixo
tipo D’ Arsonval em paralelo. Esta resistência recebe o nome
particular de resistor “Shunt”.
Encontra-se na prática, grande número de
Num medidor bem equilibrado, o ponteiro amperímetro com escalas múltiplas e diversos
permanecerá no mesmo ponto de escala do “Shunts” selecionáveis por meio de uma chave
mostrador independentemente da posição do seletora.
instrumento quando não houver corrente pela
bobina móvel (desligado). Princípio de Funcionamento
A importância deste equilíbrio é evidente
ao se considerar um medidor no avião ou então Sabe-se que quando duas resistências são
um aparelho portátil. Não sendo equilibrado, a colocadas em paralelo, haverá através de cada
posição zero do ponteiro na escala não ramal um fluxo de corrente proporcional ao valor
permanecerá a mesma. “R” de cada ramal; se as derivações tiverem
Este equilíbrio é feito nos braços ou cruz resistências iguais, ter-se-ão iguais quantidades de
de equilíbrio do ponteiro. Movendo-se, mediante correntes. Se ao contrário, um dos ramais tiver
procedimento especial, os pesos existentes nesta uma resistência maior que a do outro, a maior
cruz de equilíbrio, pode-se obter o equilíbrio parte da corrente fluirá pela derivação de menor
necessário ao sistema. resistência. Este princípio é aplicado aos
Estes pesos são em forma de espirais ou galvanômetros para convertê-los em
porcas. amperímetros.
O mecanismo do galvanômetro está em
paralelo com um resistor “Shunt”.

Figura 5-6 Mecanismo de equilíbrio do ponteiro

AMPERÍMETROS

Na prática, faz-se necessário um


instrumento que possa medir qualquer quantidade
de corrente através de um circuito.
Para fazer-se tal medição, bastaria colocar-
se um galvanômetro em série com o circuito. Para
tal coisa, entretanto, seria necessário que a Figura 5-7 Mecanismo de um amperímetro

5-3
Quando o amperímetro é conectado em Se o valor ôhmico da derivação for
série no circuito para fazer a medição, a corrente aumentado, maior quantidade de corrente passará
total que entra no instrumento dividir-se-á, pela bobina móvel e a leitura será maior do que a
circulando uma pequena parte pela bobina móvel normal; ao contrário, se for colocado, por
e a maior parte pela resistência de lastro que é exemplo, um “Shunt” de um amperímetro de
chamada de “Shunt”ou derivação. 300A, a maior corrente passará através do
Assim, apesar de estar fluindo uma “Shunt”, causando uma leitura que seria 2/3
quantidade muito pequena de corrente na bobina, menor do que a real. Se houver dúvidas, quanto à
o instrumento estará medindo e indicando a corrente a ser medida, esolher-se-á sempre a
corrente do circuito, porque o restante estará escala de maior valor. Se após a primeira leitura,
sendo desviado através do “Shunt”. verificar-se que o valor medido cabe na escala
Para tanto é necessário determinar-se o menor, poder-se-á reselecionar para obter-se uma
valor do “Shunt”, que é determinado pelo alcance leitura mais precisa.
ou corrente máxima que esta combinação O amperímetro é por característica e
(amperímetro) vai medir. construção um instrumento de baixíssima
Suponha-se que determinado amperí- resistência, portanto, deve ser sempre ligado em
metro seja contruído para medir um máximo de série com o circuito que se vai medir. Se for
300 A. Suponha-se também que a sensibilidade ligado em paralelo, a corrente através dele será
do mecanismo seja de 0,01A ( a bobina demasiada, o que poderá danificá-lo totalmente,
deflexionará totalmente com esta corrente). Veja a figura 5-8.
Se a corrente máxima que irá circular pelo
instrumento for de 300A, pode-se afirmar então
que 299,99A deverão fluir pelo “Shunt”e 0,01A
pela bobina móvel para ter-se a deflexão total do
ponteiro na escala. Conforme a corrente diminui,
ter-se-á também uma diminuição proporcional no
“Shunt”e bobina móvel. Pode-se afirmar então
que a quase totalidade da corrente passa pelo
“Shunt”, consequentemente sua resistência deve
ser bem menor do que a bobina móvel.
Pela que já foi visto, a corrente através do
“Shunt” é 29.999 vezes maior que a da bobina; Figura 5-8 Ligação de um amperímetro em um
logo, se a resistência é inversamente proporcional circuito
à corrente, para se determinar o valor do “Shunt”,
basta dividir o valor de resistência da bobina VOLTÍMETROS
móvel pelo valor 29.999.
Se for considerada a “R” da bobina igual a O mecanismo de D’Arsonval poderá ser
5 ohms, ter-se-á que o valor do “Shunt”, para um usado para medir tensões, se a resistência interna
amperímetro cujo mecanismo tem uma do mesmo for reconhecida. Como já se sabe há
sensibilidade de 0,01A e alcance máximo de 300 uma queda de tensão quando uma corrente flui
A, será igual a: através de uma resistência.
Assim, um voltímetro tem uma importância
R
Shunt = 5/29.999 = 0,000166 ohms. vital nas pesquisas de circuitos e tem a finalidade
de medir e indicar os diversos valores de tensão
Para amperímetro que se destinam a medir de uma carga ou circuito.
valores diferentes, maiores ou menores do que o O voltímetro nada mais é do que um
exemplificado, pode-se usar o mesmo galvanômetro D’Arsonval em série com uma alta
mecanismo, variando-se apenas o valor do resistência.
“Shunt”, em função do alcance máximo de cada Esta resistência recebe o nome de
escala. resistência multiplicadora. São encontrados

5-4
instrumentos com um só alcance ou com vários, foi criado um novo caminho para a corrente, já
usando um mesmo mecanismo. que está em paralelo com os resistores (R1 e R2).
Estes aparelhos têm em seu interior várias Se for considerada a bobina móvel, tendo
resistências multiplicadoras de acordo com os uma resistência de 5 ohms, pode-se determinar o
diferentes alcances, que por sua vez são valor da corrente que passa através do
selecionadas por meio de uma chave seletora instrumento.
incorporada ao instrumento. Veja a figura 5-9. Sabe-se pela Lei de Ohm que I = E/R, logo:
I = 16/5 = 3,2 ampères.

Esta corrente, entretanto, é muito alta pois


sabe-se que a bobina móvel desses mecanismos é
muito sensível e não suportaria tal valor. Outro
fator a considerar-se seria que tal corrente afetaria
o circuito que está sendo medido.
Para se contornar esta dificuldade foi
adotado o sistema de se colocar uma resistência
de alto valor em série com a bobina móvel, pois
só assim reduziría-se ao mínimo estes
incovenientes.
Pergunta-se, então, qual deve ser o valor da
resistência de queda ou multiplicadora?
Esse valor de R vai ser determinado pelo
alcance em que o voltímetro vai operar.
Figura 5-9 Princípio de um multivoltímetro
Por exemplo, se quiser construir um
voltímetro cujo alcance máximo seja de 30 V e
um mecanismo de sensibilidade igual a 0,01A,
Princípio de Funcionamento
ter-se-á que a resistência interna do instrumento
será de:
Veja o circuito da figura 5-10.
R = E/I logo: R = 30/0,01 = 3.000 ohms

Conhecendo-se este valor que representa a


resistência total do voltímetro, e sabendo-se
também o valor ôhmico da bobina móvel e como
o circuito está em série, bastaria subtrair-se para
se encontrar o valor da resistência multiplicadora.
Supondo-se que o valor da bobina seja de 5
ohms, ter-se-á:
Resistência multiplicadora = 3.000 – 5 =
2.995 ohms
Se uma tensão inferior a 30 volts fosse
Figura 5-10 Utilização de um voltímetro aplicada ao instrumento que se está descrevendo,
a corrente através dele seria diminuída na mesma
Ao ligar-se um galvanômetro entre os proporção, fazendo com que o ponteiro indicasse
pontos B e D da figura 5-10 ele estará medindo na escala a referida tensão.
corrente, mas pela Lei de Ohm pode-se Portanto, cada tensão produz uma certa
determinar a tensão. corrente, e cada corrente produz certo movimento
No circuito, vê-se que há 16 volts de ddp no ponteiro correspondente à tensão que a cria.
entre os pontos citados e através do mecanismo Assim, a escla é graduada em volts apesar da

5-5
bobina do galvanômetro estar deflexionando em ohms/volts na escala de 0-100 V, sua resistência
função da corrente. será de: 1000 x 100 = 100 kohms
Quanto menor for a corrente requerida para A sensibilidade pode ser determinada
a deflexão total de um galvanômetro, maior será dividindo-se a resistência toral do medidor pela
sua sensibilidade. A sensibilidade de um escala total do mesmo.
voltímetro é dada em ohms por volts. Um voltímetro de 100 kohms, na escala de
Assim sendo, quanto maior for o número de 0-500V teria a sensibilidade igual a 100.000/500,
ohms por volts, menor será a corrente necessária ou seja, 200ohms/volt.
para a deflexão total e conseqüentemente maior a Deve-se ter as seguintes precauções ao se
sensibilidade do medidor. usar um voltímetro.
Um voltímetro deve ter uma resistência – conectá-lo no circuito sempre em
muito alta, de maneira que consuma pouca paralelo com o que se está medindo;
corrente e afete o menos possível o circuito – observar sempre a polaridade, pois é um
durante as medições. Portanto, a precisão da mecanismo tipo galvanômetro;
leitura depende da sensibilidade do medidor.
Se ele tiver uma baixa resistência, terá baixa – usar a escala apropriada e se a tensão for
sensibilidade e, ao ser colocado em um circuito de desconhecida, selecionar para a de maior
alta resistência, a leitura indicada poderá ser falsa. alcance.
Para esse tipo de circuito requer-se um Para exemplificar serão detalhadas as
instrumento de alta resistência, ou seja, de alta funções do voltamperímetro da aeronave EMB-
sensibilidade. Para se encontrar a resistência de 120 “BRASÍLIA”.
um voltímetro, basta multiplicar a sensibilidade Os parâmetros a serem medidos são
pela tensão. Por exemplo, se estiver usando um selecionados por uma chave rotativa localizada
voltímetro cuja sensibilidade seja de 1000 entre os dois voltamperímetros

Figura 5-11 Localização dos voltímetros

5-6
Figura 5-12 Utilização da chave seletora em GEN 1 / GEN 2 lendo-se as tensões e correntes dos
geradores 1 e 2 nos instrumentos da esquerda e da direita respectivamente

5-7
Figura 5-13 Utilização da chave seletora em AUX GEN / BATTERY sendo lidas a tensão e a corrente
dos geradores auxiliares no instrumento da esquerda e a tensão da bateria no instrumento da
direita

5-8
Figura 5-14 Utilização da chave seletora em CENTRAL BUS / APU GEN sendo lida a tensão da barra
central no instrumento da esquerda e a tensão e a corrente do gerador da APU no instrumento
da direita

5-9
RELÓGIO oito dias, muito embora a praxe seja da tripulação
completar a corda antes do início de cada viagem.
Devido à necessidade de controlar a
O comando do cronômetro comanda o
duração de um vôo e por mais algumas utilizações
disparo, o bloqueio e a volta dos ponteiros de
com referência à segurança e perfeição de uma
segundos e de minutos à posição normal, sem
viagem, são instalados relógios de precisão, tipo
afetar a indicação do relógio (horas e minutos).
cronômetros, na cabine de comando, nos painéis
de instrumentos.
Calibragem do Relógio
A regulagem consiste de uma escala
graduada de F a S. O regulador deverá ser movido
para F se o relógio estiver atrasando, e para S, se
estiver adiantando. Cada intervalo na escala
corresponde a uma variação de 1 a 2 minutos em
cada 24 horas.

Figura 5-16 Calibragem do relógio

Figura 5-15 Comandos do relógio MEDIDOR DE FADIGA

Uma mola espiral, bastante forte, é enrolada Introdução


o máximo possível. O esforço que ela faz para se
desenrolar aciona um sistema mecânico, que Durante o vôo uma aeronave é submetida a
mantém uma velocidade constante no eixo do acelerações, as quais impõem esforços (cargas)
ponteiro. estruturais com efeito cumulativo que podem
Normalmente estão instalados ponteiros causar, eventualmente, excesso de fadiga. A vida
para indicar horas, minutos e segundos. Alguns de fadiga de um determinado tipo de aeronave é
modelos possuem mais um ponteiro que indica definida pelos testes de fadiga nas partes
tempo transcorrido. Quase todos têm corda para estruturais considerando-se as condições

5-10
opercionais e pode ser expressa po um limitado contendo um acelerômetro e oito contadores
número de ciclos para uma faixa determinada de eletromagnéticos.
valores de aceleração. Para assegura que só serão registradas
Um acelerômetro montado perto do centro variações na aceleração, que poderiam causar
de gravidade (CG) da aeronave pode então ser danos de fadiga significativos, os contadores
usado para monitorar as acelerações verticais da operam em duas condições: travado e destravado.
linha de vôo e para registrar o número de vezes O circuito trava quando um valor de aceleração é
que os ciclos da aceleração determinada são atingido e destrava completando e contagem se o
atingidos. Análises desses registros, junto a dados valor próximo de 1g é atingido.
adicionais, possibilitam uma estimativa real da A diferença entre estes valores de
vida de fadiga total da estrutura. aceleração é conhecida como faixa limite, e os
contadores são diferenciados pelo valor de trava.
Características Como é necessário registrar acelerações
correpondentes a lentas variações do fator de
O medidor de fadiga é um acelerômetro e carga (causados por manobras), mas desprezar
registrador. acelerações comparáveis de alta freqüência
resultante de vibrações que causam danos de
fadiga desprezíveis, o acelerômetro possui um
sistema especial que controla rigidamente a
resposta de freqüência.
Este sistema consiste de uma mola
principal, uma massa principal, molas
secundárias, massa secundária e um amortecedor
de corrente parasita proporcional à velocidade, e é
destinado a causar um corte instantâneo da razão
da amplitude da resposta com aumento de
freqüência que pode ser obtida por um sistema
simples de uma mola, uma massa e um
amortecedor proprocional.

Figura 5-17 Medidor de fadiga

O medidor de fadiga é montado perto do


CG da aeronave e a sua função é monitorar
acelerações verticais da trajetória de vôo e
Figura 5-18 Vistas lateral e frontal do medidor de
registrar o número de vezes que cada uma das
fadiga
oito acelerações é excedida (-2,5, -2, -1 + 2,5, +
3,5, + 4,5 + 6,0, + 8,0). Este projeto tem também a vantagem da
Para assegurar que só serão registradas grande redução do fator de carga no sistema de
acelerações em vôo, a alimentação elétrica para o amortecimento, o qual permite grande confiança
medidor de fadiga é normalmente controlada por no sistema e vida mais longa.
um microinterruptor no trem de pouso ou por um Para proteger o acelerômetro contra os
outro localizado no interior do velocímetro. O impactos normais no manuseio, o instrumento é
medidor de fadiga consiste de uma caixa metálica equipado com um mecanismo de trava para

5-11
trânsito o qual imobiliza o acelerômetro antes da Operação do Circuito
instalação na aeronave.
O circuito elétrico é alimentado por 28
Definição VCC, e possui um microinterruptor, para permitir
que o medidor de fadiga só entre em operação
Os valores de aceleração são absolutos, isto quando a aeronave estiver em vôo.
é, em linha e nível de vôo a aceleração indicada é Os indutores (L1 e L2) e os capacitores (C1
representada por 1g. A aplicação de fator de carga e C2) são componentes supressores de
(g) positivo causará tudo no avião para torná-lo interferência de rádio (filtros). O circuito será
mais pesado e vice-versa para fator de carga (g) descrito para o registro de + 4,5G:
negativo. – o que controla a escova móvel (A) é a
Quando o instrumento está montado na massa sensora;
aeronave, a massa principal se move para baixo – se a massa sensora consegue mover a
em resposta ao fator de carga (g) positivo e para escova móvel, sobe um segmento do
cima para fator de carga (g) negativo em relação comutador (no caso 4,5G), então;
ao eixo do avião. – um massa é colocado no ponto “T” do
contador eletromagnético 6;
Operação – a bobina iniciadora recebendo um massa
e já estando provida de 28 VCC
Uma aceleração positiva aplicada no (aeronave em vôo) faz com que esta se
instrumento causará na massa sensora (2), a qual energize e deste modo cause a mudança
está apoiada na mola principal (1), um movimento dos contatos;
para baixo em relação à caixa. Este movimento é – os contatos do relé alimentam a bobina
transmitido ao tambor da corrente (5) através das contadora que já possui massa na outra
molas secundárias (3) e corrente (4) fazendo com extremidade. O resistor R2 em série
que o ressalto ( o qual está montado no mesmo com a bobina contadora serve como
eixo que o tambor da corrente) gire sobre a face limitação da corrente;
do comutador. O amortecimento é conseguido por – é registrada então a contagem;
uma unidade de amortecimento da corrente – os contatos do relé também fornecem 28
parasita, acionada pela engrenagem (6), e que
VCC (através do R1) para a bobina
também atua como uma massa secundária. mantenedora que mantém o relé
A unidade de amortecimento consiste de um energizado mesmo depois da escova
cilindro (7) rodando em volta de um núcleo
móvel deixar o segmento do comutador
metálico, estando ambos dentro de um campo que o ligará à bobina iniciadora;
magnético permanente.
– o relé continua energizado até que um
massa é colocado no ponto S do
contador eletromagnético 6
proporcionado pelo contato do segmento
do comutador (2,0G – neste exemplo);
– para que o relé seja desenergizado dois
sinais de massa estarão presentes na
bobina mantenedora;
– o resistor (R1) que está em série com a
bobina mantenedora limitará a corrente
fornecida quando esta bobina estiver
curto circuitada;
– o diodo (D1) permite a supressão da
Figura 5-19 Unidades de operação do medidor de
centelha para proteger o comutador.
fadiga

5-12
Resumo: rotativo da escova. Esta escova, passando sobre a
superfície do comutador em quantidade
Quando a massa sensora oscila, provocada proporcional ao valor da aceleração sofrida,
pelas acelerações a que é submetida pelo aciona os contadores atingidos por esta
movimento do avião, a corrente transforma o aceleração, registrando assim o valor atingido.
movimento linear vertical do peso em movimento

Figura 5-20 Diagrama esquemático do circuito elétrico do medidor de fadiga

5-13
Figura 5-21 Localização da trava de trânsito que evita o registro quando não estiver devidamente
instalado na aeronave

INDICADOR DE TEMPERATURA DO AR Considerações Adicionais


EXTERNO
Os termômetros instalados em aeronaves
O princípio de funcionamento do sistema de têm a sua parte sensível projetada para fora da
indicação da temperatura do ar exterior é idêntico fuselagem, para medir a temperatura do ar
ao de temperatura do óleo, variando apenas na exterior.
localização do bulbo sensor e no intrumento de Essa medida é correta, se a aeronave é de
indicação cujo mostrador permite leituras a partir baixas velocidades. Entretanto, se a aeronave é de
de – 60ºC até 60º C. alta velocidade, há o aquecimento do ar
provocado pelo atrito em torno da fuselagem.
Esse aquecimento é também chamado calor de
compressão.
Esse aquecimento provoca uma indicação
errônea de temperatura que deve ser corrigido
para propósitos de navegação.
A temperatua decresce com a altitude, em 2º
para cada 1000 pés. Se um termômetro indica,
num lugar ao nível do mar, 26ºC, a temperatura
no nível de:

4000 pés = 18ºC (Queda de temperatura = 4 x 2º


= 8º. Logo 26º - 8º = 18ºC.

6000 pés = 14ºC (Queda de temperatura = 6 x 2º


= 12º. Logo 26º - 12º = 14ºC).

Se a temperatura for medida numa altitude


qualquer, 4.000 pés, por exemplo, ela decresce 2º
a cada 1000 pés acima dessa altitude e aumenta 2º
Figura 5-22 Indicador de temperatura do ar para cada 1000 pés abaixo desse nível.
externo

5-14
INDICADORES DE QUANTIDADE DE sistema deste tipo está apresentado de forma
COMBUSTÍVEL esquemática na figura 5-23, onde são vistos todos
os seus componetes.
Sistema tipo bóia A figura 5-24 apresenta a bóia ligada a um
transmissor de nível e através de ligações elétricas
O sistema de indicação de quantidade de a indicação de quantidade é transmitida ao
combustível mais simples é o do tipo bóia. Um instrumento indicador na cabine.

Figura 5-23 Sistema esquemático de combustível do tipo bóia

Um outro sistema de indicação de


quantidade de combustível do tipo bóia é o
utilizado no helicóptero Esquilo e está
apresentado na figura 5-25.
Este sistema possui internamente nos
tanques um transmissor (figura 5-26) em cujo
interior desloca-se uma bóia que movimenta um
conjunto de ímãs transmitindo ao instrumento
indicador (figura 5-27) o nível do combustível
Figura 5-24 Transmissor de nível existente no tanque.

5-15
Este ímã aciona dois cursores:
– o cursor A atrita-se com a resistência do
potenciômetro de medição de nível;
– o cursor B serve de contato de nível
baixo na faixa do setor C (de 60 litros a
0 litros).

Figura 5-25 Sistema tipo bóia com alarme

Fig. 5-27 Circuito do indicador de nível


As variações da resistência R (figura 5-27)
modificam a direção do campo resultante das
bobinas (1) e (2). A cada posição da bóia
corresponde uma posição do ponteiro indicador.
Quando o nível 60 litros é atingido, o cursor
B fecha o circuito no setor C e a luz “COMB”
acende informando ao piloto que só dispõe de
combustível para aproximadamente 20 minutos
de vôo.

Sistema tipo Capacitor

O sistema de medir combustível do tipo


Figura 5-26 Transmissor capacitor é um dispositivo eletrônico que
determina com exatidão o peso do combustível
O transmissor é do tipo bóia e came nos tanques de um avião.
helicoidal comandando um potenciômetro e um Os componentes básicos do sistema são: um
contato de nível baixo. O indicador é do tipo indicador, uma sonda do tanque, uma unidade
bobinas de fluxos cruzados. A bóia (2) instalada ponte e um amplificador.
num tubo (1), acompanha o nível do combustível. Em alguns sistemas, a unidade ponte e o
Um pino (3) solidário com a bóia, desloca-se em amplificador são uma só unidade montada na
um fenda helicoidal (4) do tubo. Uma haste de mesma caixa.
comando (5) transmite a rotação da bóia a um ímã Sistemas mais modernos foram projetados
transmissor (6). Do outro lado da divisão com a unidade ponte e um amplificador
estanque, um segundo ímã (7) acompanha os transistorizado, construído dentro do estojo do
delocamentos do primeiro. instrumento.

5-16
O indicador de quantidade de combustível Quando o tanque está pela metade existe ar
mostrado na figura 5-28 é um instrumento selado, entre as metades superiores das placas, e
auto balanceado, contendo um motor, um combustível entre as placas em sua parte inferior.
conjunto de ponteiro, amplificador transisto- Assim o capacitor tem menor capacitância do que
rizado, circuito ponte e potenciômetros de ajuste. tinha antes quando o tanque estava cheio.

Figura 5-28 Indicador e sonda de um sistema tipo Figura 5-29 Circuito tanque-capacitância
capacitor
Quando o tanque está vazio, haverá somente
Uma mudança na quantidade de ar entre as placas e, conseqüentemente, a
combustível de um tanque causa mudança na capacitância será ainda menor. Qualquer mudança
capacitância da unidade do tanque. Essa unidade na quantidade de combustível entre o tanque
do tanque faz parte de um circuito de cheio e o tanque vazio provoca uma mudança
capacitância. correspondente na capacitância.
O sinal de voltagem resultante do Um circuito de capacitância simplificado é
desequilíbrio desse circuito é amplificado mostrado na figura 5-30. O capacitor do tanque de
sensitivamente na unidade de força; este sinal combustível e um capacitor de referência fixo
energiza um motor de indução, aciona um estão conectados em séries, através de uma
potenciometro na direção apropriada para bobina transformadora secundária.
reequilibrar o circuito, e ao mesmo tempo
posiciona um ponteiro indicador mostrando a
quantidade de combustível remanescente no
tanque.
Uma versão simplificada de uma unidade
do tanque é mostrada na figura 5-29.
A capacitância de um capacitor depende de três
fatores:

– A área das chapas;


– A distância entre as chapas;
– O dielétrico constante do material entre
as chapas.

O único fator variável da unidade do tanque


é o dielétrico do material entre as chapas. Quando Figura 5-30 Circuito ponte de capacitância
o tanque está cheio, o material dielétrico é todo
combustível. Sua constante dielétrica é cerca de Um voltímetro está conectado do centro da
2,07 a 0ºC comparado a um dielétrico constante bobina do transformador até um ponto entre os
de 1 para o ar. dois capacitores.

5-17
Se as duas capacitâncias são iguais a queda Como resultado, o motor indicador é
de voltagem será igual, e a voltagem entre o sensível a fase, isto é, ele vai operar em qualquer
centro e o ponto “P “ será zero. Assim que a direção, dependendo se a capacitância da unidade
quantidade de combustível aumenta, a do tanque está aumentando ou diminuindo.
capacitância da unidade do tanque aumenta Quando a capacitância do tanque aumenta ou
causando maior fluxo de corrente na unidade do diminui, devido a mudança na quantidade de
tanque e no circuito. Isto causará a existência de combustível, é necessário reajustar o circuito
uma voltagem através do voltímetro, que está ponte para uma condição de balanceamento, de
ligado em fase com a voltagem aplicada ao forma que o motor indicador não continue
transformador. mudando a posição da agulha indicadora. Isto é
Se a quantidade do tanque diminui, haverá conseguido por um potenciômetro balanceador,
um menor fluxo da corrente no lado do tanque. A conectado através da metade do transformador
voltagem através do voltímetro está agora fora de secundário, conforme mostrado na figura 5-31.
fase com a voltagem aplicada ao transformador. O motor indicador move o braço do
Em um instrumento atual tipo capacitor, a potenciômetro na direção necessária para manter
informação para o amplificador de dois estágios equilíbrio contínuo na ponte. O circuito mostrado
está conectada em lugar do voltímetro. Ele na figura 5-31 é um circuito de ponte com
amplifica o sinal de um desbalanceamento na equilíbrio próprio.
unidade ponte. Um potenciômetro “vazio” e um calibrado
A saída do amplificador energiza uma “cheio” estão ligados através das partes do
bobina no motor indicador de duas fases. A outra transformador secundário em pontas opostas da
bobina motor, chamada “Fase de Linha”, está bobina. Estes potenciômetros podem ser ajustados
constantemente energizada pela mesma voltagem para equilibrar as voltagens da ponte sobre um
que é aplicada ao transformador no circuito ponte, sistema completo, de alcance de capacitância, de
mas sua fase está desalinhada 90º por um vazio até completamente cheio de um específico
capacitor. sistema.

Figura 5-31 Circuito de ponte de equilíbrio próprio

5-18
Em algumas instalações onde o indicador O detector de direção de corrente de ar
mostra o conteúdo de somente um tanque, e onde contém um elemento sensitivo que mede a
o tanque é mais ou menos simétrico, uma unidade direção local da corrente de ar, relativo ao ângulo
é o suficiente, entretanto para maior exatidão, em do ataque verdadeiro, detectando a diferença
tanques de forma peculiar, duas ou mais unidades angular entre o fluxo de ar local e um ponto de
são ligadas em paralelo para minimizar o efeito de referência na fuselagem do avião. O elemento
mudanças na atitude do avião e o deslocamento sensível opera em conjunção com o circuito ponte
do combustível nos tanques. balanceado que converte as posições da antena
em sinais elétricos.
SISTEMAS DE INDICAÇÃO DO ÂNGULO A operação de sistema indicativo de
DE ATAQUE ângulos de ataque está baseada na detecção de
pressão diferencial, no ponto onde a corrente de
O sistema de indicação do ângulo de ataque ar está fluindo numa direção que não é paralela ao
detecta o ângulo de ataque do avião de um ponto verdadeiro ângulo de ataque do avião. Esta
na lateral da fuselagem, e fornece informações pressão diferencial é causada por mudanças no
para o controle e atuação de outras unidades e fluxo de ar ao redor da unidade antena.
sistemas no avião. Os sinais são fornecidos para A antena estende-se através da fuselagem
operar um indicador de ângulo de ataque (figura do avião para o vento relativo.
5-32) localizado no painel de instrumentos, onde O final exposto da antena contém duas
uma indicação visual contínua do atual ângulo de fendas paralelas que detectam a pressão
ataque é mostrada. diferencial do fluxo de ar (figura 5-33).
Um sistema típico de ângulo de ataque
fornece sinais elétricos para a operação de um
atuador dos pedais do leme, o que alerta o
operador de um estol iminente quando o avião
está se aproximado de um ângulo de ataque
crítico.
Chaves elétricas são atuadas no indicador
de ângulo de ataque a vários ângulos de ataque
pré-estabelecidos.
O sistema indicador de ângulo de ataque
consiste de um detector (transmissor) da direção
de corrente de ar (figura 5-32B) e um indicador
localizado no painel de instrumentos. Figura 5-33 Detector da direção do fluxo de ar

O ar que passa pelas fendas é transmitido


através de duas passagens separadas, para
compartimentos separados em uma câmara, onde
existem dispositivos em forma de remo. Qualquer
pressão diferencial causada por desalinhamento
da antena em relação a direção do fluxo de ar
causará uma rotação nos remos.
Os remos movendo-se rodarão a antena
através de um mecanismo, até que a diferencial de
pressão seja zero. Isto ocorre quando as fendas
estão simétricas com a direção da corrente de ar.
Dois potenciômetros eletricamente separados
Figura 5-32 Sistema de indicação do ângulo de rodando com a antena fornecerão sinais para
ataque indicações remotas. A posição da antena ou
rotação é convertida em um sinal elétrico por um

5-19
dos potenciômetros, que é o componente a pressão do sistema completo, ou a pressão de
transmissor de um circuito auto-ajustável. Quando uma unidade em particular no sistema.
um ângulo de ataque do avião é mudado e, Um mostrador típico de pressão hidráulica é
subseqüentemente, a posição do potenciômetro mostrador na figura 5-36.
transmissor é alterada, um erro de voltagem existe O estojo desse instrumento contém um tubo
entre o potenciômetro transmissor e o Bourdon e um mecanismo de coroa e pinhão,
potenciômetro receptor. através do qual os movimentos de deformação do
Fluxos de corrente através de um relé turbo Bourdon são amplificados e transferidos
sensível polarizado rodam um servo motor no para o ponteiro.
indicador. A posição do ponteiro no mostrador
O servo motor energiza o receptor calibrado indica a pressão hidráulica em libras por
potenciômetro na direção exigida para reduzir a polegada ao quadrado.
voltagem, e restaurar o circuito a uma condução As bombas que geram pressão para as
eletricamente equilibrada. unidades hidráulicas dos aviões são movidas, ou
O ponteiro indicador está ligado, e se move pelo próprio motor do avião, ou por motor
com o receptor potenciômetro para indicar no elétrico, ou por ambos.
mostrador o ângulo de ataque relativo. Alguns sistemas usam um acumulador de
pressão para manter uma reserva de fluido
INDICADORES DE PRESSÃO hidráulico sob pressão em qualquer tempo. Em
HIDRÁULICA tais casos, o indicador de pressão registra
permanentemente a pressão no acumulador.
Os mecanismos usados no recolhimento ou Em outros sistemas hidráulicos a pressão de
abaixamento, do trem de pouso, ou os flapes, na operação é gerada somente quando necessária, e o
maioria dos aviões são operados por um sistema registro de pressão no instrumento somente
hidráulico. aparecerá durante essas condições.

Figura 5-36 Indicador de pressão hidráulica


Figura 5-35 Indicador de pressão tipo tubo de
Bourdon
INDICADORES DE PRESSÃO DO SISTEMA
Um indicador para medir a pressão DE DEGELO
diferencial no sistema hidráulico indica como este
sistema está funcionando. Os indicadores de Alguns aviões são equipados com câmaras
pressão hidráulica são projetados para indicar, ou de borracha nas superfícies frontais das asas e

5-20
estabilizadores. Essas câmaras inflam e esvaziam A pressão do sistema de degelo entra no
com ar fornecido por um sistema de pressão tubo Bourdon através de uma conexão na parte
próprio. A finalidade é provocar a quebra de gelo posterior do instrumento. Um instrumento de
acumulado nessas superfícies. pressão é tipicamente calibrado de 0 PSI até o
Essas câmaras de ar serão chamadas, daqui máximo de 20 PSI, com a escala marcada em
para frente de “BOOTS”. Os Boots de expansão graduações de 2 PSI, conforme indica a figura 5-
de borracha, que degelam os bordos de ataque das 37.
asas e estabilizadores em alguns aviões, são Quando instalado e conectado num sistema
operados por um sistema de ar comprimido. de pressão de degelo do avião o indicador do
Há um instrumento que mede a pressão do instrumento permanece em 0, a não ser que o
sistema, medindo a diferença entre a pressão sistema degelo esteja operando. O ponteiro do
atmosférica e a pressão no interior do sistema de instrumento flutuará de 0 PSI até,
degelo, indicando se há suficiente pressão para aproximadamente, 08 PSI sob condições
operar os boots degeladores. O instrumento normais, porque os boots degeladores são
também fornece ao sistema um método de medida intermitentemente inflados e esvaziados. Esta
ao se ajustar a válvula de alívio e o regulador do flutuação é normal e não deverá ser confundida
sistema degelo. com oscilação.
Um indicador típico de pressão é mostrado
na figura 5-37. Indicadores de pressão tipo diafragma
O estojo tem um respiro na parte inferior
para manter pressão atmosférica no interior do Este tipo de instrumento usa um diafragma
instrumento, bem como prover um dreno para para medir pressão. A pressão ou sucção a ser
qualquer umidade que possa acumular-se no medida é admitida ao interior do diafragma
interior do instrumento. sensível a pressão, através de um furo na parte
O mecanismo do instrumento de medir a traseira do estojo do instrumento.
pressão de degelo consiste de um tubo Bourdon, e Uma pressão oposta, geralmente a pressão
uma engrenagem com um pinhão, para amplificar atmosférica, é aditivada através de um respiro na
o movimento do tubo e transferi-lo para o caixa do instrumento (figura 5-38).
ponteiro.

Figura 5-38 Indicador de pressão tipo diafragma.

Como as paredes do diafragma são muito


Figura 5-37 Indicação da pressão do degelador. finas, o aumento de pressão causará uma

5-21
expansão no diafragma; e uma diminuição de dirigidas contra a palhetas do rotor. Essas
pressão causará uma contração no diafragma. correntes de ar são produzidas pelo bombeamento
Qualquer movimento do diagrama é de ar para fora das caixas do instrumento por uma
transmitido ao ponteiro por meio de um eixo, bomba de vácuo. A pressão atmosférica, então,
engrenagem e pinhão que são conectadas à parte força o ar para o interior dos estojos dos
da frente. instrumentos através de filtros, e é este ar que é
Esse instrumento mede também a pressão dirigido conta as palhetas do rotor para movê-los
diferencial, porque indica a diferença entre a e girá-los.
pressão estática admitida pelo respiro do O indicador de sucção indica se o sistema
instrumento, e a pressão dinâmica ou fluxo dentro de vácuo está trabalhando adequadamente. O
do diagrama. indicador de sucção tem um respiro para a
atmosfera ou para a linha do filtro de ar, e contém
INDICADORES DE SUCÇÃO um diafragma sensível à pressão e mais o
mecanismo usual multiplicador que amplifica o
Indicadores de sucção são usados nos movimento do diafragma e transfere esse
aviões para indicar a quantidade de sucção que movimento ao ponteiro.
aciona os instrumentos giroscópicos movidos por A leitura do instrumento de sucção indica a
ar. Os rotores dos instrumentos giroscópicos são diferença entre a pressão atmosférica e a pressão
mantidos em movimento por correntes de ar negativa no sistema de vácuo.

5-22
CAPÍTULO 6

MATERIAIS ELÉTRICOS

FIOS E CABOS CONDUTORES – Um ou mais condutores isolados,


revestidos com uma blindagem trançada
O desempenho satisfatório de qualquer avião metálica (cabo blindado).
moderno depende, em grande parte, da confiança – Um condutor central singelo isolado,
contínua nos sistemas e subsistemas elétricos. A com um condutor externo de
instalação ou manutenção incorreta ou descuidada revestimento metálico (cabo de
da fiação pode ser fonte de perigo imediato e radiofreqüência). A concentricidade do
potencial. condutor central e do condutor externo é
O funcionamento adequado e contínuo dos cuidadosamente controlada durante a
sistemas elétricos depende do conhecimento e da fabricação para assegurar que eles sejam
técnica do mecânico que instala, inspeciona e coaxiais (cabo coaxial).
mantém os fios e cabos do sistema elétrico.
OS PROCEDIMENTOS E PRÁTICAS BITOLA DE FIO
APRESENTADOS NESTE MANUAL SÃO
RECOMENDAÇÕES GERAIS, E NÃO PRE- O fio é fabricado em bitola de acordo com o
TENDEM SUBSTITUIR AS INSTRUÇÕES E modelo padrão especificado pelo AWG
PRÁTICAS APROVADAS PELO FABRI- (American Wire Gage).
CANTE.
Para efeito deste manual, um fio é
apresentado como um condutor singelo e rígido
ou como um condutor retorcido, ambos revestidos
com um material isolante. A figura 6-1 ilustra
estas duas definições de um fio.

Figura 6-1 Dois tipos de fio de avião

O termo cabo, como é usado nas instalações


elétricas da aeronave inclui:
– Dois ou mais condutores isolados
separadamente e no mesmo invólucro
(cabo multicondutor).
– Dois ou mais condutores isolados
separadamente e torcidos juntos (par Figura 6-2 Tabela da bitola AWG para o fio rí-
torcido). gido

6-1
Como apresentado na figura 6-2, os O primeiro fator é a perda da energia
diâmetros do fio tornam-se menores à medida que permitida (perda I2R) na linha. Esta perda
os números do calibre tornam-se maiores. A representa a energia elétrica transformada em
maior bitola do fio mostrado na figura 6-2 é o calor. O uso de condutores maiores reduz a
número 0000, e a menor é o número 40. As resistência e, portanto, a perda de I2R. Entretanto,
bitolas maiores e menores são fabricadas, mas não os condutores maiores, em princípio, são mais
são comumente usadas. caros do que os menores; eles são mais pesados e
Um calibre de fio é apresentado na figura 6- necessitam de suportes mais substanciais.
3. Este tipo de calibre medirá os fios variando em Um segundo fator é a queda de voltagem
bitola do 0 até o número 36. O fio a ser medido é permitida (queda IR) na linha. Se a fonte mantiver
colocado na fenda menor, que só medirá o fio uma voltagem constante na entrada para as linhas,
desencapado. O número do calibre qualquer variação na carga da linha provocará
correspondente à fenda indica o bitola do fio. uma variaç ão na corrente e,
conseqüentemente, uma variação de queda IR na
linha. Uma variação extensa da queda IR na linha
provoca uma regulagem deficiente de voltagem
na carga. A solução óbvia é reduzir a corrente ou
a resistência.
Uma redução na corrente de carga diminui a
potência de saída da energia que está sendo
transmitida, enquanto que, uma redução na
resistência da linha aumenta o tamanho e o peso
dos condutores necessários.
Geralmente é alcançado um ponto de
equilíbrio, por meio do qual a variação de
voltagem na carga permanece dentro dos limites
toleráveis, e o peso dos condutores na linha não é
excessivo.
Figura 6- 3 Calibre para fio Um terceiro fator é a capacidade do
condutor para conduzir corrente. Quando a
A fenda possui lados paralelos e não deve corrente passa através do condutor há produção
ser confundida com a abertura semi-circular na de calor. A temperatura do fio aumentará até que
extremidade interna. A abertura simplesmente o calor irradiado, ou dissipado, seja igual ao calor
permite o movimento livre do fio em direção, e gerado pela passagem de corrente através da
através da fenda. Os números do calibre são úteis linha. Se o condutor for isolado, o calor gerado no
na comparação da bitola dos fios, mas nem todos condutor não será logo removido. Dessa forma,
os tipos de fio ou cabo podem ser medidos para proteger o isolante de calor excessivo, a
precisamente com um calibre. corrente através do condutor deve ser mantida
Os fios maiores são geralmente trançados abaixo de um certo valor. Quando os condutores
para aumentar sua flexibilidade. Em tais casos, a elétricos acham-se instalados em locais onde a
área total pode ser determinada, multiplicando-se temperatura ambiente é relativamente alta, o
a área de um fio trançado (geralmente computado calor pelas fontes externas constituem uma parte
em milipolegadas circulares quando o diâmetro apreciável do aquecimento total do condutor.
ou número da bitola é conhecido) pelo número de Uma compensação pela influência do
fios no cabo trançado. aquecimento externo sobre a corrente permitida
no condutor deve ser feita, e cada caso possui
Fatores que afetam a seleção da bitola do fio suas próprias limitações específicas.
Diversos fatores devem ser considerados na A temperatura máxima de operação
seleção da bitola do fio para transmissão e permitida no condutores isolados varia com o tipo
distribuição de força elétrica. de isolante que está sendo utilizado. Existem

6-2
tabelas que relacionam os valores de segurança de mesma condutância. As características do cobre e
corrente para as várias bitolas e tipos de do alumínio são comparadas na figura 6-5.
condutores, revestidos com diversos tipos de
isolantes. COBR ALUMÍ
A figura 6-4 mostra a capacidade dos CARACTERÍSTICAS
E NIO
condutores singelos de cobre em conduzir Resistência a tensão 55.00 25.000
corrente em ampères, numa temperatura ambiente 0
abaixo de 30º C. Este exemplo fornece medidas Resistência a tensão para a 55.00 40.000
somente para uma relação limitada de bitolas de mesma condutividade (lb) 0
fios.
Peso para a mesma 100 48
condutividade (lb)
Secção para a mesma 100 160
condutividade (C.M)
Resistência específica 10,6 17
(W/mil ft.)

Figura 6-5 Características do cobre e do alumínio

Queda de voltagem nos fios e nos cabos


de um avião
Figura 6-4 Capacidade do fio em conduzir
corrente É recomendado que a queda de voltagem
dos cabos principais da fonte de força de geração
Fatores que influenciam na seleção do material do avião ou a da bateria para a barra não deve
condutor exceder 2% da voltagem regulada, quando o
Embora a prata seja o melhor condutor, seu gerador estiver conduzindo uma corrente nominal
custo limita o uso a circuitos especiais, onde é ou a bateria estiver sendo descarregada na razão
necessário um material com alta condutibilidade. de 5 minutos.
Os dois condutores mais comumente usados A tabela da figura 6-6 mostra a queda de
são o cobre e o alumínio. Cada um possui voltagem máxima recomendada em circuitos em
características próprias que tornam seu uso carga entre a barra e o equipamento de utilização
vantajoso sob certas circunstâncias. Possuem
também suas desvantagens. O cobre possui maior QUEDA DE VOLTAGEM
condutibilidade; ele é mais dúctil (pode ser PERMISSÍVEL
estirado), possui relativamente alta resistência à
tração e pode ser facilmente soldado. Ele é mais VOLTAGEM
OPERAÇÃO
caro e pesado do que o alumínio. NOMINAL OPERAÇÃO
INTERMITE
Embora o alumínio possua apenas cerca de DO CONTÍNUA
NTE
60% da condutibilidade do cobre, ele é usado SISTEMA
extensivamente. Sua leveza torna possível vãos
extensos e, seu diâmetro, relativamente grande 14 0,5 1
para uma dada condutibilidade, reduz a corona (a 28 1 ----
descarga de eletricidade do fio quando ele possui
um alto potencial). A descarga é maior quando é 115 4 8
usado um fio de diâmetro menor ao invés de um 200 7 14
fio de diâmetro maior. Algumas barras de ligação
são feitas de alumínio ao invés de cobre onde Figura 6-6 Queda de voltagem máxima recomen-
existe uma superfície de radiação maior para a dada nos circuitos de carga

6-3
A resistência do circuito de retorno de Se a queda de voltagem não exceder os
corrente à massa, através da estrutura da limites estabelecidos pelo fabricante do
aeronave, é sempre considerada desprezível. componente ou do avião, o valor da resistência
Entretanto, isto se baseia na suposição de para o circuito será considerado satisfatório.
que tenham sido proporcionadas adequadas Quando se usa o método de queda de
ligações à estrutura ou ao circuito especial de voltagem para verificar um circuito, a voltagem
retorno da corrente elétrica à massa, e que sejam de entrada deve ser mantida num valor constante.
capazes de conduzir a corrente elétrica necessária
com uma queda mínima de voltagem. Instruções para usar o gráfico de fios elétricos
A medida de resistência de 0,005 ohm de
um ponto massa do gerador ou da bateria, até o Os gráficos das figuras 6-7 e 6-8 aplicam-se
terminal massa de qualquer componente elétrico, a condutores de cobre conduzindo corrente
é considerado satisfatório. contínua. As curvas 1, 2 e 3 são traçadas para
Outro método satisfatório de determinar a mostrar a máxima amperagem nominal para o
resistência do circuito é o de verificar a queda de condutor, especificado sob as condições
voltagem através do circuito. apresentadas.

Figura 6-7 Gráfico de condutor fluxo contínuo (aplicável aos condutores de cobre)

Para selecionar a bitola correta do condutor, 2. A bitola deve ser suficiente para evitar
dois requisitos principais devem ser obedecidos: superaquecimento do cabo durante o
1. A bitola do fio deve ser suficiente para transporte da corrente devida.
evitar queda de voltagem excessiva, 3.
enquanto estiver conduzindo a corrente Os gráficos das figuras 6-7 e 6-8 podem
devida na distância necessária; simplificar essas determinações. Para usar estes

6-4
gráficos, a fim de selecionar a bitola apropriada Suponha-se que seja desejado instalar um
do condutor, deve-se conhecer o seguinte: condutor a 50 pés da barra do avião para o
– O comprimento do condutor em pés. equipamento, num sistema de 28 volts.
– O número de ampères da corrente a Para essa distância, uma queda de 1 volt é
ser conduzida. permitida para operação contínua.
Consultando-se o gráfico da figura 6-7,
– O valor da queda de voltagem pode-se determinar o número máximo de pés que
permitida. um condutor pode possuir, conduzindo uma
– Se a corrente a ser conduzida é corrente específica com uma queda de 1 volt.
intermitente ou contínua e, se Neste exemplo, é escolhido o número 50.
contínua, se o condutor é singelo, ao Suponha-se que a corrente requerida pelo
ar livre, em conduíte ou em chicote. equipamento seja de 20 ampères.

Figura 6-8 Gráfico de condutor fluxo intermitente

A linha que indica o valor de 20 ampères condutor é suficiente para evitar


deve ser selecionada pelas linhas diagonais. superaquecimento, basta desprezar ambos os
Leva-se a linha diagonal para baixo até que números, ao longo do lado esquerdo do gráfico e
ela intercepte a linha horizontal de nº 50. das linhas horizontais.
Deste ponto, passa-se direto para baixo do Suponha-se que o condutor seja um fio
gráfico, para achar que um condutor entre as singelo exposto ao ar livre que conduz corrente
bitolas 8 e 10 seja necessário, e evite uma queda contínua.
maior que 1 volt. Estando o valor indicado entre Localiza-se um ponto alto do gráfico na
dois números, o de maior bitola, o nº 8, deve ser linha diagonal numerada de 20 ampères.
selecionado. Esse é o condutor de menor bitola, Segue-se esta linha até interceptar a linha
que pode ser usado para evitar uma queda de diagonal marcada “curva 2”. É preciso descer
voltagem excessiva. Determinar que bitola do deste ponto diretamente até o fundo do gráfico;

6-5
este ponto está entre os números 16 e 18. A bitola de projeto e é inserida em todos os desenhos de
maior de número 16 deve ser a selecionada. Este é esquemas elétricos.
o condutor de menor bitola, aceitável para Todos os condutores devem ser
conduzir uma corrente de 20 ampères num fio identificados conforme os seguintes tipos de
singelo ao ar livre, sem superaquecimento. identificação:
Se a instalação, se aplicar ao equipamento
tendo apenas uma necessidade intermitente a) Identificação tipo “significante”ou
(máximo de 2 minutos) de energia, o gráfico da
figura 6-8 será usado da mesma maneira. b) Identificação tipo “não significante”

IDENTIFICAÇÃO DE CONDUTORES Identificação tipo “Significante”

Para facilidade de instalação e manutenção, Este tipo de identificação indica a função do


os condutores elétricos são identificados através circuito ao qual pertence o condutor. Um exemplo
de uma combinação, de algarismos e letras, neles de identificação deste tipo é mostrado a seguir.
impressa. A identificação é determinada na fase

Figura 6-9 Identificação tipo “significante”

A seguir, a definição de cada item do sendo que esta regra não se aplica a componentes
código combinado de letras e algarismos. duplicados de um mesmo sistema.
a) Número de unidade Quando o sistema é único dispensa-se o uso
Este número é utilizado quando na do “1”.
aeronave for usado mais de um equipamento
b) Letra designativa da função do
idêntico. Por exemplo: se forem usados 2 VOR
circuito
idênticos:
– 1RN 168A22 é utilizado quando na
aeronave for usado mais de um
Esta letra indica que categoria de
equipamento idêntico.
circuito o condutor é usado. No exemplo
– 2RN 168A22 é o fio correspondente
apresentado a letra P indica ser um condutor do
à mesma função no outro sistema de
sistema de potência elétrica CC.
VOR (número 2).
Usa-se, normalmente, o número de ordem A lista a seguir relaciona as letras e as
“1” para o lado esquerdo e “2” para o lado direito; funções dos respectivos circuitos.

6-6
Letra Sistema Letra Sistema (cont.)

A Armamento SQ De bombardeio
B Fotografia SR Gravação
C Comandos de vôo SS De busca
D Instrumentos diversos (exceto de SV Especiais
vôo ou do motor
SW Alarme
E Instrumentos do motor
SX De reconhecimento (IFF)
F Instrumentos de vôo
T Eletrônica especial
G Comandos do Trem de Pouso
TA Adaptadores
H Ar condicionado/Degelo
TB Controle de radar
I Não é utilizado para evitar confusão
com o número 1 TC Controle de rádio
J Ignição TD Anunciador de bordo
K Comandos do motor TE Contramedida eletrônica (ECM)
L Iluminação TF Repetidores
M Miscelânea elétrica TG GM de direção
N Não ocupada TK Telemetria
O Não é utilizada para evitar confusão TL Indicador de Atitude
com o dígito zero (0) TM Fardos especiais
P Potência elétrica – CC TN Navegação
Q Comando de combustível e óleo TP Balisa
R Rádio (Navegação e comunicação) TQ Transceptores
RA Instrumentos de aterragem TR Receptores
RC Comando TS Anti-submarino (ASW)
RD Rádio goniométrico (ADF) TT Transmissores
RF VHF de ligação TW Dispositivos meteorológicos
RL HF de comunicação TX Transmissores de TV
RM “Marker Beacon” TY Receptores de TV
RN Navegação (VOR) TZ Dispositivos de bombardeio
RS SHF de comando U Miscelânea eletrônica
RT Rádio teletipo V Potência CC
RU UHF de comando W Alarme de emergência
RV VHF de comando X Potência CA
RX Gravador, FM, AM Y Sistemas de armamentos especiais
RZ Interfone YA Ar-Ar
S Radar YB Ar-Terra
SA Altímetro YC Multifunção
SF Interceptor YW Orientação de mísseis
SG De tiro YT Torre
SM De mapeamento Z Não ocupada
SN De navegação

6-7
c) Número do condutor Em condutores de alumínio a sigla
“ALUM” deve ser acrescentada ao símbolo de
É o número de cada condutor por
identificação.
ordem de seqüência no mesmo circuito e serve
para diferenciá-lo dos outros. Números diferentes
Identificação tipo “Não Significante” MIL-W-
serão atribuídos a condutores que não tiverem
5088-H
ponto de terminação ou conexão em comum.
Este tipo de identificação não indica a
d) Letra designativa do segmento do
função do circuito ao qual pertence o condutor.
condutor
Cada cablagem é identificada pela letra
“W’, seguida por um número identificador de, no
Um segmento de um condutor é um
máximo, quatro dígitos.
trecho do mesmo, compreendido entre dois
As cablagens do “Sistema Elétrico” são
seccionamentos quaisquer da aeronave; por
identificadas com números pares e as do “Sistema
exemplo: conectores, caixas de junção, blocos de
Eletrônico”, com números ímpares.
terminais, etc.
As letras de segmento são usadas para Exemplo:
diferenciar os fios em diferentes trechos de seu
– W002 cablagem elétrica
seccionamento.
Quando possível, os segmentos devem
– W003 cablagem eletrônica
ser numerados em ordem alfabética, sendo a letra
A reservada ao primeiro segmento a partir da Quando os fios passam por um
fonte de alimentação. conector, o número da cablagem é modificada.
Para cada condutor, há uma única
e) Bitola do condutor identificação alfanumérica para distingui-lo de
todos os outros condutores da aeronave.
Esse número corresponde à secção do
Cada número do condutor inclui a
condutor segundo a especificação AWG.
identificação da cablagem a que pertence, um
número identificador, um número de sua bitola,
f) Letras de massa, fase ou termopar
código especial de cor, condutores termopar e
As letras A, B ou C identificam as fases blindagem.
de um sistema CA trifásico no qual o condutor é
Exemplo:
usado. A letra “N” indica que o condutor
completa um circuito para o massa. Pode-se ter W 023 – 005 – 24 WH
ainda a letra “V” indicativa de fio não ligado à (a) (b) (f) (c) (f) (d) (e)
massa e pertencente a um sistema monofásico.
Onde:
g) Sufixo
(a) Letra classificatória de cablagem
Para condutores de termopares, os
seguintes sufixos devem ser aplicados: (b) Número que identifica a cablagem (até
4 dígitos)
CHROM – Cromel
(c) Número identificador do condutor (até
ALML – Alumel 4 dígitos)
IRON – Ferro (d) Número da bitola do condutor
CONST – Constantan (e) Código especial
COP – Cobre (f) Separação (hífen)

6-8
(c) O número identificador do condutor exceder quatro dígitos. A numeração
distingue cada condutor de todos os dos condutores é em ordem crescente,
outros, dentro de uma mesma começando pelo que sai da fonte de
cablagem. Este número não deve alimentação.

Figura 6- 10 Modificação do número na passagem por conector

A numeração dos condutores reunidos por “Splices” deve ser seqüencial sempre que possível.
Exemplo:

Figura 6-11 Modificação após “splices”

6-9
(d) Este número indica a bitola do ISOLAMENTO DO CONDUTOR
referido condutor. Para cabo coaxial e
As duas propriedades fundamentais dos
condutores termopar, este número
materiais isolantes (borracha, vidro, amianto ou
pode ser omitido de sua identificação.
plástico, etc.) são: a resistência do isolamento e; a
força dielétrica. Essas são propriedades
(e) Para condutores termopar, o seguinte
inteiramente diferentes e distintas.
código de letras é usado.
A resistência do isolamento é a resistência
da passagem da corrente, através e ao longo da
Cromel CR
superfície dos materiais isolantes.
Alumel AL A resistência do isolamento pode ser
Ferro FE medida com um medidor (MEGGER) sem
Constantan CN danificar o isolamento, de modo que a informação
obtida sirva como guia para determinar as
Cobre CU condições gerais. Entretanto, a informação, obtida
desta maneira, não será um retrato fiel da
Exemplo: condição do isolamento. Isolamento limpo e seco
W 102 – 645 – CR contendo fendas ou defeitos pode mostrar um alto
valor de resistência de isolamento, mas não é
Código de Cores adequado para uso.
A força dielétrica é a propriedade que o
Os condutores pertencentes a um mesmo isolante possui de suportar a diferença de
cabo, codificados por meio de cores através de potencial e, é, geralmente, expressa em termos de
listras, faixa ou inteiramente colorido, devem ser voltagem, na qual o isolamento não funciona
designados com o mesmo número identificador. devido à tensão eletrostática. A força dielétrica
A cor de cada condutor deve ser indicada pelo uso máxima pode ser medida, aumentando-se a
de duas letras, logo após o número de sua bitola, voltagem de uma amostra de teste até que o
de acordo com a tabela a seguir: isolamento seja rompido.
Devido ao custo do isolamento e seu efeito
de endurecimento junto a grande variedade de
condições físicas e elétricas, sob as quais os
COR LETRAS COR LETRAS
condutores são operados, somente o isolamento
Preta BK Verde GN mínimo necessário é aplicado para qualquer tipo
específico é aplicado par qualquer tipo específico
Marron BR Azul BL de cabo destinado a desempenhar uma
Vermelha RD Violeta VT determinada tarefa.
O tipo de material de isolamento do
Laranja OR Cinza GY condutor varia com o tipo de instalação. Tais
Amarela YE Branca WH tipos de isolantes como a borracha, seda e papel
não são mais usados nos sistemas do avião. Os
Rosa PK mais comuns hoje em dia são: o vinil, o algodão,
o náilon, o teflon e o amianto mineral.
Figura 6-12 Código de cores

INSTALAÇÃO DE FIAÇÃO ELÉTRICA


Para condutores de alumínio, o sufixo
ALUM deve ser adicionado ao seu código de Os seguintes procedimentos recomen-dados
identificação. para a instalação da fiação elétrica nos aviões são
Se o código de identificação exceder a 15 típicos daqueles usados na maioria. Para melhor
dígitos, o sufixo ALUM deve ser substituído por finalidade desta descrição, as seguintes definições
AM. são aplicáveis:

6-10
1) Fiação descoberta – qualquer fio, grupo Deve-se usar nas amarrações um barbante
de fios ou chicote não envolvido por chato (sempre que possível). Barbante circular
conduíte. também poderá ser usado, porém seu uso não é o
2) Grupo de fios – dois ou mais fios indo preferido pois sua tendência é cortar o isolante do
para o mesmo local amarrados juntos fio. Pode-se usar barbante de algodão, linho,
para reter a identitificação do gurpo. nylon ou fibra de vidro, de acordo com as
limitações de temperatura.
3) Chicote ou cablagem – dois ou mais O barbante deverá ser pré-tratado para
grupos de fios amarrados juntos, porque protegê-lo da umidade e do ataque de fungos.
eles estão indo na mesma direção para Em feixes que contenham cabos coaxiais
um ponto onde a amarração está utilizar somente barbante de nylon.
localizada. A braçadeira plástica (tirap) deverá ser
4) Fiação protegida eletricamente – fios usada em temperatura abaixo de 350ºF
que incluem (no circuito) proteção (aproximadamente 176ºC).
contra sobrecarga tais como fusíveis,
disjuntores ou outros dispositivos de Cuidados na Amarração
limitação. – Amarrar o feixe suficientemente
5) Fiação sem proteção elétrica – fios apertado para não permitir
(geralmente dos geradores até os pontos escorregamento, porém ficar atento para
de distribuição da barra principal) que não deformar ou cortar o isolante.
não possuem proteção tais como
fusíveis, disjuntores ou outros – Cuidados especiais devem ser tomados
dispositivos limitadores de corrente. quando se amarram cabos coaxiais
devido ao fato deles possuirem um
Grupos de fios e chicotes (cablagens)
isolante (macio) entre os condutores.
Deve-se evitar a formação de chicote ou
grupos com certos fios, tais como fiação de força – Nunca usar nós em cablagens protegidas
elétrica e fiação para duplicação de equipamento por conduítes.
vital quando eletricamente desprotegidas.
Os chicotes geralmente devem ser – possuam conectores evitar amarrações
consituídos em menos de 75 fios, ou ter de 1 ½ a 2 próximas a eles a fim de impedir a
polegadas de diâmetro, onde possível. Quando divergência de contatos.
diversos fios estiverem agrupados em caixas de
junção, barras de terminais, painéis, etc, a – Em cablagens de espessura maior do
identidade do grupo de fios no chicote (figura 6- que 1 polegada (2,54cm) usar bastante
13) pode ser mantida. duplo.

– Quando a amarração for feita em


painéis, observe os seguintes cuidados:
Em cablagens que
A- antenha os fios em paralelos;
Figura 6-13 Amarrações de grupo de fios e
chicotes B- Quando o feixe for muito
comprido, amarre-os a cada 5 cm
Amarração da Cablagem (chicote) (aproximadamente);
C- Cada fio ao ser incorporado à
Os fios e cabos são enfeixados coma cablagem deverá ser mantido na externa
finalidade de facilitar a instalação, a manutenção do feixe;
e a inspeção. D -Amarrar o feixe toda vez que sair um
fio.

6-11
Figura 6-14Cuidados na amarração em painéis

Amarração com nó simples 1) Siga os passos descritos abaixo:


A. Com barbante apropriado, dê uma volta
ao redor do feixe;
B. Forme um volta dupla;
C. Puxe as extremidades livres do
barbante até que a volta dupla seja
apertada contra os fios;
D. Dê dois “nós cegos” para encerrar.

2) Corte os extremos do barbante


deixando 3/8” (aproximadamente
1cm) no mínimo.
Observações:
a) O espaçamento entre cada nó, neste
tipo de armarração, é de
Figura 6-15 Amarração com nó simples aproximadamente 5cm.

6-12
b) Este nó só deverá ser aplicado em paralelo, puxe as extremidades livres do
feixes com diâmetro menor do que 1. barbante até que a volta dupla seja
apertada contra os fios;
Amarração com nó de laçada
O nó de laçada é feito da seguinte maneira: D. Apertar bem o nó de laçada contra a
cablagem separando as duas pontas
A. Dobrar um barbante de livres e puxando-as em direções
aproximadamente 30 centímetros e formar opostas;
uma volta dupla de extremidade presa;
E. Dar um nó cego e apertar o nó de laçada;
B. Colocar a extremidade livre do barbante
em volta da cablagem de fios e através F. Cortar o excesso de barbante a 1cm do
da volta dupla; nó.
C. Depois de certificar-se que todos os fios
e cabos dentro da cablagem estão em

Figura 6-16 Amarração com nó de laçada

Se em algum caso, não for aconselhável o b) Apertar o nó no começo. Fazer o


uso somente de nó simples ou do nó de laçada, meio laço sendo que o barbante
pode-se iniciar a amarração com estes nós e deve cruzar sempre por baixo da
continuar usando meios laços para, finalmente, alça.
terminar com um nó simples ou duplo.
1) Amarração contínua iniciada com nó c) Encerrar a amarração com o
simples (ver a figura 6-17 a, b, c, d) mesmo nó simples.
a) Iniciar com nó simples (sem o nó
d) Ao final da amarração deve ser
cego). Cortar a ponta deixando no
dado um reforço, como mostrado
mínimo 1 cm.
na figura 6-17 d.

6-13
2) Amarração contínua iniciada com nó de
laçada
a) Iniciar com nó de laçada (sem o nó
cego).
b) Fazer o meio laço
c) Encerrar a armação com
cruzamento dos barbantes e nó cego.
a

b
b

c
c

Figura 6-18 Amarração contínua iniciada com nó


de laçada

Fios Trançados

d Quando especificados em desenhos de


engenharia ou quando realizados como uma
prática local, os fios paralelos devem, às vezes,
ser trançados.
Figura 6-17 Amarração contínua iniciada com nó Os exemplos que se seguem são os mais
simples comuns:

6-14
1) Fiação nas vizinhanças de bússola Frouxidão nos chicotes (cablagens)
magnética ou da válvula de fluxo.
Os fios singelos ou chicotes não devem ser
2) Fiação de distribuição trifásica. instalados com frouxidão excessiva. A frouxidão
entre os suportes não deve, normalmente, exceder
3) Certos fios (geralmente na fiação para o um deflexão máxima de 1/2 polegada com
sistema rádio) como especificado nos pressão manual (figura 6-21). Entretanto, ela pode
desenhos de engenharia. ser excedida se o chicote for fino e as braçadeiras
estiverem muito separadas.
Trança-se os fios de modo que eles se
acomodem entre si, formando aproximadamente o
número de voltas por pés como mostra a figura 6-
19.
Verifica-se sempre se o isolamento dos fios
ficou danificado depois de trançados. Se o
isolamento estiver rompido ou com desgaste, o fio Figura 6-21 Frouxidão no chicote, entre os supor-
é substituído. tes

Para que o chicote possa roçar contra


BITOLA DO FIO qualquer superfície, a frouxidão não precisa ser
# # # # # # # # # # muito grande. Uma quantidade suficiente de
22 20 18 16 14 12 10 8 6 4
frouxidão deve ser permitida próximo a cada
2 extremidade de um chicote para;
10 10 9 8 71/2 7 61/2 6 5 4
Fios
1) Permitir fácil manutenção.
3
10 10 81/2 7 61/2 6 51/2 5 4 3
Fios 2) Permitir a substituição dos terminais.
3) Evitar a fadiga mecânica nos fios,
Figura 6-19 Número de torcidas recomendadas junções dos fios e suportes.
por pé
4) Permitir livre movimento do
Emendas nos chicotes (cablagens) equipamento montado contra choque e
As emendas em grupos de fios devem ser vibração.
localizadas de modo que elas possam ser 5) Permitir a remoção do equipamento
inspecionadas facilmente. para fins de manutenção.
As emendas devem ser afastadas uma das
outras (figura 6-20), de modo que o chicote não se Raios de Curvatura
torne excessivamente grosso. Todas as emendas As curvaturas nos grupos de fios não devem
não isoladas devem ser revestidas com plástico e ser inferiores a 10 vezes o diâmetro externo dos
presas firmemente nas duas extremidades. grupos.
Entretanto, nas barras de terminais, onde o
fio está adequadamente suportado em cada
extremidade da curvatura, o diâmetro externo do
grupo de fios ou do chicote, igual a 3 vezes o
diâmetro externo é normalmente aceitável.
Existem, é claro, exceções a essas
orientações. É o caso de certos tipos de cabo,
como por exemplo, o cabo coaxial, que nunca
pode ser curvado num raio inferior a 10 vezes o
Figura 6-20 Emendas afastadas em um chicote diâmetro externo.

6-15
ENCAMINHAMENTO DA FIAÇÃO Os danos ao isolamento podem provocar
ELÉTRICA curto-circuito, mau funcionamento ou operação
indevida do equipamento.
Toda fiação deve ser instalada de modo que As braçadeiras de cabo devem ser usadas
ela seja firme e de boa aparência. Sempre que para sustentar os chicotes em cada orifício através
possível, os fios e os chicotes devem correr de um anteparo (figura 6-22). Se os dios se
paralelos ou em ângulos retos com as nervuras ou aproximarem mais de ¼ de polegada da borda do
longarinas da área envolvida. Como exceção orifício, usa-se um gromete adequado como
desta regra temos o cabo coaxial, que é orientado mostra a figura 6-23.
tão diretamente quanto possível. Às vezes é necessário cortar o gromete de
A fiação deve ser fixada adequadamente em náilon, ou borracha, para facilitar a instalação.
toda a sua extensão. Um número suficiente de Nestas circunstâncias, depois de colocado, o
suportes deve ser instalado para evitar vibração gromete pode ser mantido no lugar com cola de
indevida dos trechos sem sustentações.Todos os uso geral. O corte deverá ser na parte superior do
fios e grupos de fios devem ser relacionados e orifício, e feito num ângulo de 45º com o eixo do
instalados para protegê-los de: orifício do chicote.
1) Fricção ou roçamento
2) Alta temperatura
3) Ser usado como alças ou como suporte
de pertences pessoais e equipamento
4) Danos pela movimentação de pessoal no
interior do avião
5) Danos por armazenamento ou
movimentação da carga
6) Danos por vapores, borrifos ou salpicos
de ácido da bateria
7) Danos por solventes ou fluidos

Proteção contra Fricção

Os fios e os grupos de fios devem ser


protegidos contra fricção ou roçamento nos locais Figura 6-23 Braçadeira de cabo com gromete
onde o contato com superfícies pontiagudas, ou ilhós
outros fios, danificariam o isolamento. Proteção contra alta temperatura

Para evitar deteriorização do isolamento, os


fios devem ser mantidos afastados de
equipamentos de alta temperatura, tais como
resistores, tubos de descarga ou dutos de
aquecimento. A distância de separação é
normalmente especificada pelos desenhos de
engenharia. Alguns fios devem invariavelmente
passar através de áreas quentes. Esses fios devem
ser isolados com material de alta temperatura tal
como amianto, fibra de vidro ou teflon. Uma
proteção adicional é, também, freqüentemente
necessária sob a forma de conduítes. Um fio com
isolamento de baixa temperatura não deve nunca
Figura 6-22 Braçadeira de cabo no orifício do ser usado para substituir um fio com isolamento
anteparo de alta temperatura.

6-16
Muitos cabos coaxiais possuem isolamento após completar a instalação e o ponto baixo,
de plástico mole tal como polietileno, o qual está definitivamente estabelecido, pelo uso do
especialmente sujeito a deformações e perfurador para cortar um meio círculo.
deteriorização a temperaturas elevadas. Todas as Toma-se o cuidado para não danificar
áreas de temperatura elevada devem ser evitadas qualquer um dos fios no interior da tubulação
ao se instalar esses cabos isolados com plástico ou quando se usar o perfurador.
polietileno. O fio nunca deve passar por baixo da
Uma proteção adicional contra fricção deve bateria do avião. Todos os fios na proximidades
ser fornecida aos fios de amianto incluídos no da bateria devem ser inspecionados
conduíte. Pode ser usado um conduíte com freqüentemente, e os fios descoloridos pelos gases
revestimento de borracha de alta temperatura ou prejudiciais da bateria devem ser substituídos.
os fios de amianto podem ser envolvidos,
individualmente, em tubos plásticos de alta Proteção dos fios na área do alojamento das
temperatura, antes de serem instalados no rodas
conduíte.
Os fios localizados nos alojamentos das
Proteção contra solventes e fluidos rodas estão sujeitos a diversos problemas
adicionais em serviço, tais como: exposição a
Os fios não devem ser instalados em áreas fluidos, apertos e acentuada flexibilidade.
onde fiquem sujeitos a estragos por fluidos, a Todos os chicotes devem ser protegidos por
menos de 4 polegadas da parte mais baixa da luvas de tubulação flexível, presas firmemente em
fuselagem do avião, com exceção daqueles que cada extremidade; e não deve existir nenhum
devem atingir aquela área. movimento relativo nos pontos onde a tubulação
Se houver possibilidade do fio ser molhado flexível estiver segura. Esses fios e a tubulação
com fluidos, deverá ser usada uma tubulação isolante devem ser inspecionados cuidadosamente
plástica para protegê-lo. Essa tubulação deve a intervalos freqüentes, e tanto os fios com a
estender-se através da área em ambos os sentidos, tubulação devem ser substituídos ao primeiro
e deve ser amarrada em cada extremidade. sinal de desgate.
Não deve haver nenhum esforço nas
fixações quando as partes estiverem
completamente estendidas, mas a frouxidão não
deverá ser excessiva.

Precauções na instalação

Quando a fiação tiver que ser instalada


paralelamente a linhas de fluidos, combustíveis
ou de oxigênio em curtas distâncias, a separação
fixa deverá ser mantida tanto quanto possível. Os
fios devem estar nivelados com ou acima das
tubulações.As braçadeiras devem ser espaçadas,
de modo que, se um fio for quebrado em uma
braçadeira ele não entrará em contato com a linha.
Onde não for possível uma separação de 6
Figura 6-24 Orifício de dreno no ponto mais polegadas, o chicote e a tubulação podem ser
baixo da tubulação fixados na mesma estrutura para impedir qualquer
Se o fio possuir um ponto baixo entre as movimento relativo. Se a separação dor menor do
extremidades da tubulação, é feito um orifício de que 2 polegadas, porém maior do que ½ polegada,
dreno de 1/8 de polegada, como mostra a figura 6- uma luva de polietileno pode ser usada sobre o
24. Esse oríficio deve ser perfurado na tubulação chicote para proporcionar maior proteção. Além

6-17
disso, duas braçadeiras de cabo, costas com Instalação das braçadeiras de cabos
costas, como mostrado na figura 6-25, podem ser
usadas somente para manter uma separação As braçadeiras de cabos devem ser
rígida, e não para suportar o chicote. instaladas considerando-se o ângulo adequado,
Nenhum fio pode ser direcionado de modo como mostrado na figura 6-26. O parafuso de
que fique localizado mais próximo do que ½ montagem deve estar acima do chicote.
polegada de uma tubulação. Nem mesmo um fio É também conveniente que a parte traseira
ou um chicote pode ser sustentado por tubulação da braçadeira de cabo se apóie contra um membro
que conduza fluidos inflamáveis ou oxigênio. estrutural, onde e quando for prático.

Figura 6-25 Separação entre a fiação e a


tubulação

A fiação deve ser instalada para manter uma


folga mínima de pelo menos 3 polegadas dos
cabos de controle. Se isso não puder ser
observado, guardas mecânicas deverão ser
instaladas para evitar o contato entre a fiação e os Fig 6-26 Ângulos de montagem adequados para
cabos de controle. braçadeiras de cabo

Fig 6-27 Ferragens típicas de montagem para braçadeiras de cabo

A figura 6-27 mostra algumas ferragens Deve-se ter atenção para que os fios não
típicas de montagens usadas na instalação das fiquem comprimidos nas braçadeiras de cabo.
braçadeiras de cabo. Onde possível, instala-se os cabos diretamente

6-18
nos membros estruturais, como mostrado na figura variações do fabricante são diferentes em
6-28 aparência e em método, para se seguir uma
especificação. Alguns conectores mais usados
encontram-se na figura 6-29. Há 5 (cinco) classes
básicas de conectores NA usados na maioria dos
aviões. Cada classe de conector se diferencia
ligeiramente da outra em sua característica de
construção. As classes A, B, C e D são feitas de
alumínio, e a classe K é feita de aço.

1 - CLASSE A – Conector sólido, de


invólucro traseiro inteiriço com
finalidade geral.

2 - CLASSE B – O invólucro traseiro do


conector separa-se em duas partes
Figura 6-28 Montagem da braçadeira de cabo na
longitudinalmente. Usado, principal-
estrutura
mente, onde for importante que os
conectores soldados sejam
CONECTORES prontamente acessíveis. O revesti-
mento traseiro é mantido junto por um
Os conectores (PLUGS e receptáculos) anel roscado ou por parafusos.
facilitam a manutenção quando for necessária
uma desconexão freqüente. Visto que o cabo está 3 - CLASSE C – Um conector
soldado aos pinos inseridos no conector, as pressurizado com pinos inseridos não
ligações devem ser instaladas individualmente, e removíveis. Semelhante ao conector
o chicote firmemente suportado para evitar danos classe A na aparência; mas a
devido a vibração. disposição do selante interno é, às
No passado, os conectores foram vezes diferente. Ele é usado nas
particularmente vulneráveis à corrosão devido a anteparos do equipamento
condensação dentro do invólucro. pressurizado.
Conectores especiais com características à
prova de água têm sido desenvolvidos para que 4 - CLASSE D – Conector resistente à
possam substituir PLUGS que não são à prova vibração e à umidade, que possui um
d’água nas áreas onde a umidade constitui um ilhós selante de borracha no invólucro
problema. Um conector do mesmo tipo básico e traseiro. Os fios são passados através
modelo deve ser usado quando substituir outro. dos orifícios apertados de borracha
Os conectores suscetíveis à corrosão selante no ilhós e, dessa forma selados
podem ser tratados com uma gelatina à prova contra a umidade.
d’água quimicamente inerte. Quando substituir os
conjuntos de conector, o tampão do tipo soquete 5 - CLASSE K – Um conector à prova de
deve ser usado na metade que está “viva” ou fogo usado em áreas onde é vital que
“quente”, depois da desconexão do conector, para a corrente elétrica não seja
evitar uma ligação à massa não intencional. interrompida, mesmo quando o
conector estiver exposto a uma chama
Tipos de conectores aberta contínua. Os fios são
estampados aos pinos ou contatos do
Os conectores são identificados pelos soquete, e os invólucros são feitos de
números NA, e são divididos em classes com aço. Essa classe de conector é
variações do fabricante para cada classe. As geralmente maior do que as outras.

6-19
Figura 6 –29 Conectores AN

Identificação de conectores Muitos conectores com finalidades


especiais têm sido construídos para o uso em
As letras e os números do código são
aeronaves.
marcados no anel de acoplamento ou no invólucro
Esses incluem conectores de invólucro
para identificar o conector. O código (figura 6-30)
subminiatura e retangulares, e conectores com
proporciona toda informação necessária para se
invólucro de corpo pequeno ou de construção de
obter uma substituição correta da peça defeituosa
invólucro bipartido.
ou avariada.
Instalação de conectores

Os procedimentos seguintes descrevem um


método recomendado de instalação dos
conectores com os receptáculos:
1 - Localizar a posição adequada do
PLUG em relação ao recptáculo,
alinhando a chaveta de uma peça
Figura 6-30 Codificação do conector AN com a ranhura da outra peça.

6-20
2 - Colocar o PLUG no receptáculo Quando é selecionado um diâmetro do
com uma leve pressão para frente, e conduíte para a aplicação em um chicote (é
encaixar as roscas do anel de prática comum para facilitar a manutenção, no
acoplamento e do receptáculo. caso de uma possível expansão futura) especifica-
se o diâmetro interno do conduíte em torno de
3 - Alternadamente, empurrar o PLUG
25% maior do que o diâmetro máximo do chicote.
para dentro, e apertar o anel de
O diâmetro nominal de um conduíte
acoplamento até que o PLUG esteja
metálico rígido é o diâmetro externo. Portanto,
completamente assentado.
para se obter o diâmetro interno, subtraimos duas
4 - Se o espaço ao redor do conector for vezes a espessura da parede do tubo.
muito pequeno para segurar Do ponto de vista da abrasão, o condutor é
firmemente o conector, usar alicates vulnerável nas extremidades do conduíte.
de conectores para apertar os anéis Adaptações apropriadas são afixadas às
de acoplamento 1/16 até 1/18 de extremidades do conduíte, de maneira que uma
volta além do aperto manual. superfície lisa entre em contato com o condutor
5 - Nunca usar força para unir os dentro do conduíte.
conectores aos receptáculos. Não Quando as conexões não forem usadas, a
usar martelo para introduzir um extremidade do conduite deve ser flangeada para
PLUG em seu receptáculo, e nunca evitar estragos no isolamento do fio.
usar uma chave de torque ou alicate O conduíte é sustentado por braçadeiras ao
para frenar os anéis de acoplamento. longo de seu percurso.
Um PLUG é geralmente desmontado Muitos dos problemas comuns de instalação
de um receptáculo da seguinte de conduíte podem ser evitados, prestando-se
maneira: atenção aos seguintes detalhes:
1 - Não instalar o conduíte onde ele
– Usar alicates de conectores para
possa ser usado como apoio das mãos
afrouxar os anéis de
ou dos pés.
acomplamento que estejam
apertados demais para serem 2 - Instalar orifícios de dreno nos pontos
afrouxados manualmente. mais baixos ao longo do conduíte. As
rebarbas devem ser cuidadosamente
– Alternadamente, puxar o PLUG retiradas dos orifícios de dreno.
e desapertar o anel de
3 - Apoiar o conduíte para evitar atrito na
acoplamento até que o PLUG
estrutura, e ainda evitar esforço nas
esteja solto.
adaptações em suas extremidades.
– Proteger os PLUGS e os
receptáculos desconectados com As parters danificadas do conduíte devem
tampões ou sacos plásticos, para ser consertadas para evitar danos aos fios ou aos
evitar a entrada de materiais chicotes.
estranhos que possam acarretar O raio de curvatura mínimo permitido para
falhas. um conduíte rígido, deve ser o descrito nas
– Não usar força excessiva, e não instruções do fabricante. As curvaturas torcidas
puxar os fios instalados. ou enrugadas num conduíte rígido não são
aceitáveis.
CONDUÍTES O conduíte de alumínio flexível é
encontrado comumente em dois tipos: (1)
O conduíte é usado nas instalações do avião conduíte flexível desencapado; e (2) revestido
para a proteção mecânica dos fios e dos chicotes. com borracha.
Ele é encontrado em materiais metálicos e não O conduíte de latão flexível é normalmente
metálicos, nas formas rígida e flexível. usado no lugar do conduíte de alumínio flexível,

6-21
onde for necessário para minimizar a interferência básicos que são usados, veja a figura
no rádio. figura 6-32.

Conduítes para proteção de fogo

Em cada área sujeita a escapes de vapores


de fluidos inflamáveis, há meios de minimizar a
probabilidade de ignição desses vapores de
fluidos e os danos resultantes, caso corra tal
ignição.
Esta proteção é normalmente encontrada
nos seguintes locais: asa, empenagem, nariz,
compartimento hidráulico, nacele do trem de
pouso, etc, onde todas as cablagens são protegidas
por conduítes.
A proteção compreende conduítes e um
conjunto de fixação que, ligados aos conduítes,
formam um envelopes protetor selado, para as
cablagens elétricas.
A proteção é composta de:

a) Conduítes – são basicamente, tubos de


fluorocarbono, preparados para serem
usados numa faixa de temperatura entre
– 95ºF (-70ºC) a + 500ºF (+ 260ºC). São
tubos quimicamente inertes que não são
afetados por solventes ou qualquer
espécie de óleo. Como esses fluidos não
são absorvidos pelos conduítes, estes não
sofrem aumento de peso ou volume.

Figura 6-32 Derivações tipo “Y” e duplo”Y”


Figura 6-31 Conduite transparente
c) Conjunto de adaptadores, O material
b) Transições ou derivações – todas as usado nos adaptadores é níquel e cádmio,
derivações encontradas no avião são com um tratamento especial. Alguns
feitas de níquel especial e recebem um tipos de adaptadores são apresentados na
tratamento de anodização. Há dois tipos figura 6-33

6-22
Figura 6-33 Diversos tipos de adaptadores

MANUTENÇÃO DE CABLAGENS

Ferramentas para manutenção elétrica

Figura 6-34 Jaqueta de fluorocarbono

Em zonas onde os conduítes podem ser


danificados por pedras, como no compartimento
do trem de pouso, eles são encapsulados, ou seja,
recebem jaqueta especial, de fluorocarbono.
Em caso de um fio ser danificado, uma
porca base pode ser facilmente desacoplada do
respectivo condutor, possibilitando o acesso ao
fio, pela parte posterior desse conector, a fim de
que seja procedido seu reparo.
Para substituir um condutor, o extremo do
conjunto, pode ser também desacoplado, de modo
a permitir a execução do trabalho.
Desse modo, não é necessário o uso de
ferramentas especiais e os reparos podem ser Figura 6-35 Diversas ferramentas para manu-
efetuados com a remoção da cablagem. tenção elétrica

6-23
Figura 6-36 Ferramentas para instalação de
braçadeiras em cablagens

Figura 6-39 Ferramentas para instalação de luvas


termo-restringentes

ESTAMPAGEM DE TERMINAIS
Existem ferramentas portáteis manuais e
elétricas, bem como máquinas elétricas de
bancada para estampagem dos terminais.
Essas ferramentas prendem o cilindro do
terminal ao condutor e, simultaneamente,
prendem a garra isolante ao isolante do fio. Todas
as ferramentas de estampagem manual possuem
uma catraca autofrenate que evita a abertura de
ferramenta até que a estampagem esteja ponta.
Algumas ferramentas de estampagem
Figura 6-37 Proteção de emendas com espaguete manual são equipadas com um jogo de diversas
estampas para adaptar os tamanhos diferentes de
terminais. Outras, são usadas com um tamanho
único de terminal. Todos os tipos de ferramentas
de estampagem manual são verificadas pelos
calibradores para ajuste adequado nas mandíbulas
de aperto.
A figura 6-40 mostra um terminal sendo
introduzido numa ferramenta manual. Os itens
abaixo descrevem o procedimento durante a
estampagem:

1 - Desencapar o fio na extensão


adequada;
Figura 6-38 Ferramentas para instalação de 2 - Introduzir o terminal, começando pela
terminais e emendas alça, nas mandíbulas de aperto da

6-24
ferramenta, até que a alça do terminal cilindro do terminal, a luva não precisa de aperto;
encoste no batente da ferramenta; caso contrário, ela deve ser laçada com um cordão
de enlace, como ilustrado na figura 6-41.
3 - Instalar o fio desencapado no cilindro
do terminal até que o isolamento do
Terminais de fio de alumínio
fio encoste na extremidade do
cilindro;
O uso do fio de alumínio no sistema de
4 - Apertar os punhos da ferramenta até avião está aumentando devido a vantagem de seu
que a catraca seja liberada; peso sobre o cobre.
Entretanto, a dobradura freqüente do
5 - Retirar o conjunto completo, e
alumínio provocará fadiga do metal tornando-o
examiná-lo quanto à estampagem
qubradiço. Isso resulta em falha ou rompimento
adequada.
das pernas dos fios, mais cedo do que num caso
semelhante com fio de cobre.
O alumínio também forma uma película de
óxido altamente resistente assim que exposto ao
ar. Para compensar essas desvantagens, é
importante que sejam usados os mais seguros
procedimentos de instalação.
Somente as alças de terminal de alumínio
são usadas para acabamento dos fios de alumínio.
Elas são geralmente encontradas em 3 (três) tipos:
(1) Retos; (2) Ângulo Reto e (3) Bandeira. Todos
os terminais de alumínio possuem um furo de
inspeção (figura 6-36) que permite verificar a
profundidade de inserção do fio.
Figura 6-40 Colocação do terminal na ferramenta O cilindro do terminal de alumínio contém
manual um composto de pó de petrolato de zinco.
Esse composto retira a camada muito fina
Alguns tipos de terminais não-isolados são de óxido de alumínio através do processo de
isolados após a instalação num fio, por meio de abrasão durante a operaç ao de estampagem.
tubos flexíveis transparentes, denominados luvas.
A luva proporciona proteção elétrica e mecânica à
conexão.

Figura 6-41 Luva isolante

Quando o tamanho da luva usada for de tal Figura 6-42 Introdução de fio de alumínio em
forma que ela se ajuste firmemente sobre o terminal de alumínio

6-25
O composto também diminuirá mais tarde a Conexão de terminais a blocos terminais
oxidação da conexão, pela eliminação da umidade
Os terminais devem ser instalados sobre os
do ar. O composto é retido na parte interna do
blocos terminais de modo que eles sejam presos
cilindro do temrinal por um plástico ou um
contra o movimento no sentido de afrouxamento
selante de alumínio na sua extremidade.
(figura 6-44).
Emenda de fios de cobre usando emendas pré-
isoladas
As emendas de cobre permanente pré-
isoladas unem fios pequenos de bitola 22 até 10.
Cada tamanho de emenda pode ser usada para
mais de uma bitola de fio. As emendas são
isoladas com plástico branco, elas também são
usadas para reduzir as bitolas dos fios Figura 6-44 Conexão de terminais a blocos de
(figura 6-43). terminais

Os blocos terminais são geralmente


equipados com estojos retidos por uma arruela
lisa, uma arruela-freno e uma porca.
Ao se conectar os terminais, a prática
recomendada é colocar a alça dos terminais de
cobre diretamente sobre a porca, seguida por uma
arruela lisa e uma porca autofreante, ou uma
arruela lisa, arruela-freno de aço e uma porca
comum. Os terminais de alumínio devem ser
Fig 6-43 Redução da bitola do fio com uma instalados sobre arruelas lisas com banho de latão,
emenda permanente seguida por outra arruela igual, uma arruela-freno
de aço e uma porca comum ou autofrenante.
As ferramentas de estampagem são usadas
para realizar esse tipo de emenda. Os PRENSAGEM DE PINOS DE CONTATO
procedimentos de estampagem são semelhantes
aos usados para os terminais, excetuando-se que o Procedimentos de prensagem de pinos de
aperto deve ser feito duas vezes, uma para cada contato com o alicate de prensar.
extremidade da emenda. 1. Com o alicate pré-ajustado para o tipo
de contato a ser prensado, introduz-se o
tipo de contato pelo lado mostrado na
EMENDAS DE EMERGÊNCIA figura 6-45-1. A extremidade deste pino
deve facear com o alicate.
2. Introduz-se o fio decapado na
Os fios quebrados podem ser consertados extremidade do contato inserido no
através de emendas de estampagem, usando-se alicate e fecham-se as hastes da
um terminal do qual a alça foi cortada, ou ferramenta até o seu limite; feito isso o
soldando-se juntas as pernas quebradas, e pino estará prensado. As hastes do
aplicando-se o composto condutor anti-oxidante. alicate somente se abrem quando o ciclo
Esses consertos são aplicáveis ao fio de cobre. de prensagem for completo. Remover o
O fio de alumínio danificado não deve ser contato prensado do alicate conforme
emendado temporariamente. Esses consertos são mostrado na figura 6-45(2)
para uso somente de emergência temporária e 3. Um condutor corretamente prensado
devem ser substituídos, logo que seja possível, deve permitir a sua ispenção, conforme
por consertos permanentes. demonstrado na figura 6-45(3).

6-26
Figura 6-45 Prensagem de pinos de contato

1. Desmontar conforme mostrado na figura 1.


2. Usar o inseridor juntamente com o contato a ser inserido através da parte traseira do conector
(figura 2).
3. Inserir o contato até que se perceba um estalo; isto significará que a iserção está completa (3).
NOTA: Se o passo do item 4 não for constatado, refazer os itens 2, 3 e 4.
4. Observar se todos os contatos estão inseridos corretamente, olhando o conector pela parte
dianteira (5).

Figura 6-46 Instalação de pinos de contato prensados

6-27
1 2

1. Para extrair o pino de contato deslizar a ferramentas, com o lado extrator voltado para o conector,
ao longo do fio na direção do furo do inserido até encontrar como batente do contato,
continuando até perceber uma resistência. Neste momento o clip retentor do contato estará na
posição destravado.
2. Pressionar o fio contra a ranhura da ferramenta plástica e puxe ambos para fora do conector.
3. Ferramentas para remoção de pinos.
Figura 6-47 Remoção de pinos de contato

NORMAS DE SEGURANÇA PARA Todas as ferramentas devem ser mantidas


MANUTENÇÃO ELÉTRICA em locais seguros e serão afiadas (se for o caso) e
conservados por pessoal qualificado.
Utilização e conservação Na oficina de manutenção deverá existir,
gavetas estantes ou quadros para guardar as
Os acidentes envolvendo ferramentas ferramentas que não estiverem sendo usadas.
manuais são, normalmente, resultados de mau
uso. Inspeção e cuidados
Muitas pessoas têm a impressão, de que as
ferramentas manuais são simples instrumentos, As ferramentas devem ser inspecionadas
que podem ser usados por qualquer pessoa com periodicamente e, todas as que apresentarem
pouco ou nenhum treinamento. Esta idéia não defeitos, devem ser retiradas do serviço para
poderia ser mais irreal. reparos ou reposições.
A segurança é o primeiro fator a ser Quando o cabo dos martelos ou
observado quando é exigido o uso de ferramentas ferramentas similares estiverem rachados,
manuais, que devem ser de boa qualidade e quebrados ou lascados, eles devem ser
adequadas ao trabalho a ser executado. substituídos. Os cabos das ferramentas devem ser

6-28
bem ajustados e presos com segurança por meio escolher o tamanho da chave de fenda, que
de cunha ou artifício aceitável. encaixe no rasgo do parafuso.
Os cabos das ferramentas devem As chaves de fenda não deverão ser usadas
permanecer livres de graxa ou qualquer outra como punção, talhadeira ou alavanca. Este
substância escorregadia. procedimento não somente é perigoso, como
Extensões de cabos improvisados, tais como danifica a ferramenta.
canos ou barras, não devem ser usados em
ferramentas manuais. Limas e raspadores
Talhadeiras, punções, ou pinos e outras
ferramentas que têm tendência a se achatarem Limas e raspadores nunca devem ser usados
devem ser desbastadas, quando começarem a sem cabo de madeira.
esgarçar a cabeça. As pontas espigadas poderão ferir a mão, se
Ao desbastar tais ferramentas, elas devem a ferramenta chocar-se contra algum obstáculo.
ser chanfradas ao redor da cabeça, isto ajudará a Selecionar as limas ou raspadores mais
evitar que elas se achatem novamente. adequados ao trabalho a ser feito.
A peça que estiver sendo limada, deverá ser
presa em um torno de bancada para proteger a
Procedimentos com chaves mão do trabalhador e evitar que a peça se mova.
A superfície da peça a ser limada deverá ser
Muitos tipos de chaves estão diariamente protegida, colocando-se um material macio entre
em uso nas oficinas de manutenção, chaves de os mordentes e a peça.
boca, chaves ajustáveis, chaves de tubo e soquetes As limas ou raspadores deverão ser seguras
são os tipos mais comuns encontradas em quase pelo cabo em uma das mãos, enquanto que o
todas as oficinas. Todo pessoal deve tomar polegar e o indicador da outra mão, são usados
cuidado em usar as chaves apropriadas para cada para guiar a ponta da ferramenta.
trabalho. Nunca usar uma lima como escova de aço.
As chaves de tipos e tamanhos próprios
deverão ser selecionadas para fazer somente os Alicates
trabalhos para a qual foram designadas.
Deve-se encaixar uma chave em uma porca Deve-se ter um extremo cuidado ao usar
ou parafuso, de modo que a força tenda a alicates em eletricidade.
empurrar as castanhas ou mordentes, para evitar Ao cortar pontas de fios ou arame, segurar o
que a chave escorregue. alicate, de tal modo que sua extremidade cortante
Deve-se tomar cuidado para não tensionar fique voltada para baixo.
demais uma chave pequena, e nenhuma chave Segurar o alicate pela extremidade do cabo.
deverá sofrer tensão maior do que elas podem Perto das juntas há risco de prender os dedos.
suportar.
Nunca usar calços para fazer chave maior Ferro de soldar
encaixar numa porca ou parafuso menor.
Nunca usar uma chave como martelo. Um equipamento de grande utilidade para o
As chaves de fenda são as ferramentas mais eletricista, é o ferro de soldar.
usadas e abusadas. Elas só devem ser usadas com Existe um número enorme de tipos de
uma finalidade: soltar e apertar parafusos. tamanhos e potências de ferro de soldar.
A falta de conhecimento, do uso com Deve-se como precaução manusear, um
segurança das chaves de fenda, é o principal ferro de soldar como se ele estivesse quente.
motivo pelo qual elas são mal usadas e provocam Nunca pegá-lo pelas partes metálicas.
acidentes. Os ferros de soldar devem ser guardados em
O uso de chave de tamanho incorreto é o prateleiras de aço em áreas de segurança. Usar
responsável por muitos ferimentos causados por preferivelmente ferros de soldar com luz de alerta,
chave de fenda. Deve-se tomar cuidado ao que acende quando o ferro está ligado na tomada.

6-29
DECAPAGEM DE CONDUTORES Cortar e fazer nova decapagem (enquanto o
comprimento for suficiente); ou rejeitar e
Antes dos condutores poderem ser substituir qualquer condutor que apresentar maior
montados nos conectores, terminais e emendas, número de fios quebrados, do que aqueles
etc, a isolação do condutor deverá ser retirada da especificados na figura 6-49.
extremidade de conexão para expor o condutor.
Para montagem em conectores, a ligação é NÚMERO
decapada o suficiente, de tal modo que o condutor BITOLA MÁXIMO
atinja o fundo do copo de solda, e deixe um DO PERMITIDO DE
pequeno intervalo entre a parte superior do copo CONDUTO FIOS
de solda e a extremidade cortada da isolação. R QUEBRADOS OU
As dimensões para decapagem de DANIFICADOS
condutores para uso com conectores, são dadas
nos procedimentos para montagem de cada 22-12 Nenhum
conector específico. 10 2
Os condutores poderão ser decapados de
inúmeros modos, dependendo de sua bitola e do 0-4 4
tipo de isolação. 2-0 12
A tabela abaixo deve ser consultada para a Alumínio
escolha do tipo apropriado. Todas as Nenhum
bitolas
TIPO BITOLA TIPOS
DE DO DE Figura 6-49 Limites de fios quebrados
DECAPADOR CONDUTOR ISOLAÇÃO Instruções para Decapagem usando
Lâmina Todos os Decapadores Manuais tipo Alicate
Aquecida tipos, exceto A) Inserir o condutor exatamente no
26-4 asbesto e centro da fenda cortante, adequada
fibra de para a bitola do condutor a ser
vidro decapado. Cada fenda é marcada com
Rotatitvo Todos os a bitola do condutor. Veja a figura 6-
26-4 50.
Elétrico tipos
Tesoura 20-6 Todos os
tipos
Alicate manual 26-8 Todos os
tipos
Faca 2.000 Todos os
tipos

Figura 6-50 Ferramentas para decapagem


Figura 6-48 Tipos de decapadores
B) Apertar as manoplas do alicate,
Notas: Só explicaremos aqui os tipos de juntando-as tanto quanto elas possam.
decapagem por alicate manual e por faca. C) Soltar as manoplas, deixando os
Após a decapagem é necessário verificar a fixadores do condutor retornarem para
existência de danos. a posição aberta.

6-30
D) Remover o condutor decapado. comportamento de decapagem. Neste
caso também, não cortar
Instruções para Decapagem usando uma faca completamente a isolação.
afiada
Nota: Quando um condutor tiver duas ou
A) Fazer um corte em torno do condutor, mais camadas de isolação, cortar
no comprimento de decapagem através da camada exterior, e
desejado. Não cortar completamente a somente sulcar a segunda camada de
isolação para não atingir os fios. Veja isolação.
as operações A, B e C da figura 6-51.
C) Retirar a camada de isolação,
B) Fazer um segundo corte, seguindo a orientação de enrolamento
longitudinalmente, ao longo de todo o dos condutores.

Figura 6-51 Decapagem utilizando faca afiada

ESTANHAGEM DE CONDUTORES
BITOLA AWS DO POTÊNCIA (W)
Após a decapagem da extremidade do fio ou FIO OU CABO DO FERRO DE
cabo elétrico no comprimento necessário, faz-se a ELÉTRICO SOLDAR
estanhagem. Os seguintes cuidados devem ser
observados:
0-10 200
– Limpar a porção decapada do fio ou cabo 12-14 100
elétrico, eliminando óleo, graxa, gordura
etc, utilizando um pano umedecido em 16-20 65
solvente. Se o fio ou cabo elétrico 22-24 30
apresentar corrosão, retirá-la utilizando
uma lixa fina ou raspá-la cuidadosamente
com uma faca. Figura 6-52 Potência do ferro de soldar

6-31
– Selecionar um ferro de soldar na – Encostar a solda e a ponta do ferro de
potência requerida, de acordo com a soldar na extremidade decapada do fio
bitola do fio ou cabo elétrico a ser ou cabo elétrico, até a solda começar a
estanhado, conforme especificado na fluir. Ver figura 6-55.
figura 6-52.
– Movimentar a ponta do ferro de soldar,
estanhando metade da extremidade
decapada do fio ou cabo elétrico.

Preparar o ferro de soldar, antes da


soldagem, da seguinte forma:
a) Limpar cada uma das superfícies da
ponta de cobre até que fiquem
completamente lisas e com uma
coloração acentuada. Veja a figura 6-
56.
Nota: um ferro de soldar cuja ponta de
cobre possui uma cobertura de ferro puro,
Figura 6-53 Tipos de ferro de soldar não deve ser limada. Sua limpeza deve ser
de acordo com as instruções do fabricante.
– A ponta de ferro de soldar deve estar
limpa e bem estanhada. Selecionar o
tipo, o formato de sua ponta e a potência
do ferro de soldar, de acordo com a
soldagem a ser realizada e bitola do fio
ou cabo elétrico.

Figura 6-56 Limpesa da ponta do ferro de soldar

b) Remover as partículas provenientes da


limadura, utilizando uma lixa fina;
c) Após estar devidamente aquecida,
Figura 6-54 Formatos de pontas de ferro de soldar
estanhar cada uma de suas superfícies,
utilizando solda. Veja a figura 6-57.
– Selecionar o tipo de solda que deve ser
utilizado na estanhagem, de acordo com Nota: A estanhagem deve iniciar-se antes
o acabamento do fio ou cabo elétrico. que a ponta de cobre atinja sua
temperatura máxima.

Figura 6-57 Estanhagem da ponta do ferro de


Figura 6-55 Estanhagem com ferro de soldar soldar

6-32
d) Retirar o excesso de solda passando um 6. A solda deve apresentar uma coloração
pano ou esponja úmida, com prateada brilhante e uma superfície lisa
movimentos de rotação. e uniforme; veja a figura 6-59.
Nota: não sacudir ou bater o ferro de soldar
para remoção do excesso de solda.
– Passar um pano ou esponja umedecida
em solvente na extremidade estanhada do
fio ou cabo elétrico, afim de remover
graxa, óleo, gordura, etc, que possam Fig 6-59 Apresentação de uma solda perfeita
existir.
– Encostar a ponta do ferro de soldar no 7. Quando o ferro de soldar não estiver
ponto de soldagem e aplicar solda sobre sendo utilizado, colocá-lo em seu
os elementos que deverão ser soldados, e suporte e desligá-lo, para evitar
não sobre o ferro de soldar. Veja a figura superaque-cimento. Veja a figura 6-60.
6-58.

Figura 6-60 Suporte para ferro de soldar

SOLDAGEM DE CONDUTORES

Figura 6-58 Aplicação de solda A soldagem utilizando um ferro de soldar


Notas: aquecido eletricamente é o procedimento mais
comumente usado.
1. A soldagem deve ser de acordo com o
acabamento do fio ou cabo elétrico, As operações de soldagem seguem a
conforme especificado na figura 6-58. seqüência dada a seguir:

2. Durante a soldagem não aplicar calor a) os contatos grandes deverão ser


mais tempo do que o necessário. retirados dos insertos e fixados em um
bloco não metálico e soldados,
3. Não deixar acumular solda ao redor ou aquecendo-se primeiramente o copo
sobre os elementos que estão sendo de solda do contato com uma ponta
soldados. especial, como mostrado na figura 6-
4. Deixar a solda resfriar naturalmente. 61.
b) Enquanto o calor estiver sendo
5. Se, após a soldagem, existir um excesso aplicado, introduzir lentamente o
de fluxo sobre o ponto soldado, condutor pré-estanhado no copo de
removê-lo utilizando um pano ou solda do contato, até atingir o fundo..
esponja umedecidos em solvente, c) Uma quantidade extra de solda 60/40,
evitando o contato com a capa do fio ou com núcleo de resina, poderá ser
cabo elétrico.

6-33
adicionada ao copo de solda, se f) Ao contatos que não foram retirados
necessário. do inserto, deverão ser soldados
d) Segurar o ferro de soldar aquecido e seguindo-se o procedimento ilustrado
mantê-lo nessa condição, encostado na figura 6-62.
no copo de solda, até que a solda g) A solda será fundida colocando-se o
tenha fundido totalmente, formando ferro de soldar encostado ao longo do
uma película lisa. lado do copo de solda no momento
e) Deixar esfriar sem movimento. em que o condutor começa a ser
introduzido nele.
h) Contatos de tamanho médio, tais
como número 8 e 12 serão soldados
mais facilmente se o ferro de soldar
for encostado no ponto onde o
condutor toca o chanfro existente no
copo de solda, como ilustrado na
figura 6-62.
i) Adicionando-se uma pequena
quantidade de solda nesse ponto,
ajudar-se-á na transmissão de calor
para o interior da conexão.
Atenção: Não deixar a solda escorrer para o
lado de fora do copo de solda. Isso
reduzirá a distância do arco e poderá
representar a perda do conector.
Figura 6-61 Procedimento de soldagem de
grandes contatos Fixação dos Conectores para Soldagem
Para facilitar a soldagem de condutores aos
contatos que não foram retirados dos conectores,
é de bastante utilidade fixar o conector em uma
posição adequada para soldagem.
Utilizar um suporte de aço dobrado com 60
a 75º de ângulo, como mostrado na figura 6-63.

Figura 6-62 Soldagem de acordo com o tamanho Figura 6-63 Suporte para soldagem de plugues de
dos contatos conectores

6-34
Para prender um plugue, usar uma concha b) A seqüência ilustrada na figura 6-64(b)
vazia de um receptáculo. também será iniciada na fila de baixo,
da direita ou da esquerda. O próximo
Para prender um receptáculo, usar dois
passo será soldar os contatos do centro,
parafusos de modo que o receptáculo seja
e depois os das pontas.
montado como a porção rosqueada inserida no
furo do suporte. Isso localizará os copos de solda A operação final será soldar os
em uma posição de fácil soldagem. condutores aos contatos da fila de cima.
As seqüências de soldagem
Seqüência de Soldagem
apresentadas anteriormente não são
obrigatórias, mas seu uso será um
A soldagem dos conectores deverá seguir
procedimento adequado para execução
uma seqüência rígida, para evitar erros na
de um bom trabalho de soldagem.
cablagem e também evitar queimadura da
É recomendável, porém, a adoção de
isolação dos condutores já soldados.
uma seqüência de soldagem para ser
Duas seqüências usuais de soldagem são
sempre usada, com o objetivo de
ilustradas na figura 6-64.
otimizar o tempo de execução das
soldagens em conectores elétricos.

Limpeza das Conexões Soldadas

Após todas as conexões terem sido


soldadas, examinar o conector quanto aos
excessos de solda, solda fria e resíduos de fluxo.
Figura 6-64 Sequência para a soldagem de pinos Tomar as seguintes medidas corretivas se
qualquer uma das deficiências citadas forem
a) A seqüência ilustrada na figura 6-64(a)
encontradas:
será iniciada da direita ou da esquerda,
dependendo se o equipamento é de a) Remoção do excesso de solda usando
montagem à direita ou à esquerda, e um ferro de soldar, o qual tenha sido
seguindo a fila de baixo, de lado a lado. cuidadosamente escovado e limpo com
um pano limpo e seco.
A fila de cima será a próxima a ser
soldada, seguindo o mesmo princípio b) Desfazer todas as soldas frias. Retirar
usado para soldar a fila de baixo. toda solda sacudindo o conector e
efetuar nova soldagem.
Isso permitirá que o inserto se esfrie
durante as operações de soldagem. c) Remover os resíduos de fluxo com
ácool etílico desnaturado, usando um
As operações acima descritas deverão
pincel de cerdas moles.
se repetidas para cada fila em
seqüência, até que todos os contatos d) Secar o conector com um jato de ar
tenham sido soldados. comprimido.
Nota: se os condutores
METALIZAÇÃO
começarem a ser soldados em um
conector com um grande número de
Definições
contatos, planejar o trabalho, de modo a
permitir um período de esfriamento
1. Metalização Elétrica (“Bonding”)
após cada série de 20 contatos, para
evitar aquecimento excessivo do
É o estabelecimento de um caminho
inserto.
eletricamente condutivo, entre duas ou mais

6-35
partes metálicas, de forma a assegurar o mesmo b) Proporcionar caminhos eletricamente
potencial entre as partes. condutivos entre as estruturas da
aeronave, para as seguintes condições:
Os materiais utilizados na metalização são:
– Retorno de corrente
1. Tinta laca azul (E9100039) – TT-L-
32. – Dissipação de carga estática
2. Primer cromato de zinco – TT-P-1757 – Dissipação de descarga atmosférica
3. Selante PR1436G-B2 (E9124158) – – Curto-circuito em geral
MIL-S-81733
c) Otimizar a recepção e transmissão de
4. Primer epoxy (E9116236) – MIL-P- rádio;
23377
5. Selante PR1422A (E9110587) – MIL- d) Obter diagrama de irradiação
S-27725. satisfatório das antenas;
e) Evitar um mau funcionamento e/ou
2. Estrutura danos aos equipamentos elétricos e
Para efeito de norma as estruturas metálicas eletrônicos;
das aeronaves são divididas em dois tipos como f) Proporcionar aterramento adequado
segue: para a RF.
Tipo 1 (primária): é constituída da estrutura
Cuidados na Metalização
principal da fuselagem, asa e empenagens.
Tipo 2 (secundária): é constituída das 1. Estruturas
diversas partes metálicas que se agregam à As estruturas devem ser metalizadas para
estrutura tipo 1, tais como suportes, naceles, se obter uma unidade equipotencial homogênea, o
armários, consoles, painéis, superfícies de que requer que todos os seus membros sejam
comando etc. interligados com conexões ou juntas de baixa
resistência e baixa impedância de radiofreqüência.
3. Ponte de Ligação
A metalização deve ser projetada e
Condutor construído através de malha instalada de modo que a continuidade elétrica
chata, cordoalha ou fio e terminais elétricos, (resistência) não seja afetada pela vibração,
destinada a interligar partes metálicas para expansão e contração, movimento de torção ou
proporcionar a metalização elétrica. outros movimentos relativos, inerentes ao uso em
serviço normal da aeronave.
4. Retorno de Corrente
Os tanques de combustível por estarem
É o caminho da corrente elétrica, em regiões sujeitas à corrente de raio, devem ter
estabelecido entre o ponto de aterramento dos as conexões de metalização internas seladas, a fim
equipamentos elétricos/eletrônicos e a estrutura. de evitar centelha (faísca), conforme as normas
definidas para cada tipo de aeronave.
Finalidades
Nota: as conexões de metalização
A metalização elétrica tem as seguintes também devem ser seladas, quando
finalidades: localizadas em regiões de atmosfera
a) Evitar acidentes pessoais e danos à explosiva.
aeronave provocados por tensões
2. Retorno de Corrente
excessivas, induzidas por descargas
atmosférica, radiofreqüência ou curto- Para esta classe de metalização, observar
circuito interno de equipamentos; os seguintes cuidados:

6-36
a) A metalização deve ser feita sempre à tela metálica fina na camada mais externa livre
estrutura tipo II: de resina, a fim de propiciar a sua metalização.
b) Os pontos de metalização devem ser As peças que não são sujeitas a raios,
segregados, quando as fontes de devem ser pintadas com tinta anti-estática, a fim
alimentação dos equipamentos de propiciar a dissipação de carga estática.
elétricos/eletrônicos forem diferentes
Nota: as áreas sujeitas a
(CA ou CC);
raio são definidas durante o
c) É proibida a metalização em peças de desenvolvimento do projeto de cada
liga de magnésio. aeronave. A ligação com a aeronave das
peças não metálicas metalizadas deve ser
3. Peças de Liga de Titânio a mais perfeita possível, uma vez que
através dela é que deve ser compensada a
Não devem ser ligadas diretamente à
resistência da tela.
estrutura de alumínio. Sua metalização deve ser
feita através de pontes de ligação ou com os
ÁREAS SUJEITAS À EXPLOSÃO OU FOGO
próprios parafusos de fixação.
Equipamentos elétricos instalados em
4. Peças Não Metálicas locais sujeitos à explosão ou fogo devem ter o
valor de resistência de metalização, conforme
As peças não metálicas externas à
indicado no gráfico RESISTÊNCIA DE
aeronave (sujeitas a raios) devem ser protegidas
METALIZAÇÃO (miliohms) x CORRENTE DE
contra descargas de raios. Devem incorporar uma
CURTO (Ampères). Ver a figura 6-65.

6-37
1 Corrente de curto é definida como a corrente máxima capaz de ser fornecida pela fonte elétrica,
quando de um curto-circuito

São utilizados para metalizar os seguintes métodos:


Método 1 – Soldagem
Método 2 – Rebite “Hi-Lok”ou “Hi-Lite”
Método 3 – Parafusos (pinos) e porcas
Método 4 – Lâminas metálicas
Método 5 – Rebites
Método 6 – Braçadeiras metálicas
Método 7 – Pontes de ligação
Método 8 – Descarregadores estáticos
Método 9 – Módulos de aterramento
Método 10 – Perfil de metalização (para superfícies metálicas separadas por material isolante)
Método 11 – Malha tubular
Método 12 – Contato da base da antena com o revestimento
Nota : todos estes métodos são explicados na NE 80-008, que será consultada em aula prática.

Figura 6-65 Gráfico de Resistência de metalização X Corrente de curto

PROTEÇÕES CONTRA OS EFEITOS DE causados por uma energia de mesma origem, suas
RAIOS conseqüências são totalmente distintas. Os efeitos
são relacionados a um possível mau
Descargas Elétricas Ramificadas funcionamento de componentes elétricos e
São trajetórias ionizadas com ramificações eletrônicos da aeronave.
que ocorrem na presença de impacto direto de um
raio ou em descargas próximas à aeronaves. Classificação das zonas de impacto em
aeronaves
Ponto de Impacto
– Zona 1: superfície do avião onde existe
É a região em que o ramo principal de uma grande probabilidade de ocorrência de
descarga elétrica atinge a superfície da aeronave. impacto direto. Esta zona é subdividida em:
Efeitos Diretos Zona 1A – partes da aeronave nas quais um
São efeitos causados por impactos de raios raio após o impacto tende a não permanecer,
diretamente na superfície da aeronave. deslocando-se para outras áreas.
São caracterizados, geralmente, por danos Zona 1B – partes da aeronave nas quais um
físicos à aeronave. raio após o impacto tende a permanecer
Estes defeitos estão diretamente ligados ao incidindo durante um lapso de tempo. Nessas
tempo em que o raio estabelece contato com a partes, os danos sofridos são proporcionais ao
aeronave. tempo de permanência.
Efeitos Indiretos Normalmente as seguintes áreas são
São efeitos causados por descargas elétricas consideradas como zona 1:
nas proximidades da aeronave, ou os danos – Todas as projeções e protuberâncias, tais
induzidos por uma descarga direta. como, naceles de motores, spinners, disco da
Ocorrem com mais freqüência que os hélice, tanques de combustível de ponta de
efeitos diretos embora ambos os efeitos sejam asa, radome, etc..

6-38
Figura 6-66 Designação típica das zonas sujeitas a descargas elétricas atmosféricas

6-39
– Superfícies de ponta da asa compreendidas Assim temos:
entre o extremo metálico da asa e uma linha
paralela ao eixo longitudinal do avião e Classe 1:
deslocada da ponta para o interior da asa de 46
cm (18 pol). Descarga de vapor dentro do turbilhão de
ar causado pela camada limite. Ver a figura 6-
– Uma faixa compreendida entre o bordo de
67abaixo.
ataque de asa e uma linha paralela à direção
do bordo de ataque deslocada com
enflexamento igual ou superior a 450.

– Na cauda do avião, em uma área com largura


de 46 cm (18 pol) contada das extremidades
metálicas para o interior das pontas dos
estabilizadores vertical e horizontal, bordo de
fuga do estabilizador horizontal, bordo de Figura 6-67 Saída do suspiro de combustível –
fuga do estabilizador horizontal, cone de Classe 1
cauda e qualquer outra protuberância.
Classe 2:
– Zona 2: áreas, na aeronave, adjacentes à zona
1 e para onde deslocariam os raios ali
Descarga de vapor dentro da corrente de ar
incidentes.
livre.
– Zona 2A - partes da zona 2 onde o raio tende Ver a figura 6-68.
a não permanecer deslocando-se para outras Obs.: O tipo scoop pertence a esta classe,
partes. desde que a parte externa não seja de
grandes dimensões.
– Zona 2b – partes da zona 2 onde o raio tende
a permanecer incidindo. Nessas partes, os
danos sofridos são proporcionais ao tempo de
permanência.
– Zona 3 – Áreas da aeronave onde a
probabilidade de incidência direta de raios ou
a ocorrência de deslocamento com intensidade
Figura 6-68 Saída do suspiro de combustível –
para estas regiões é remota.
Classe 2
Métodos usuais de possíveis proteções contra
Classe 3:
efeitos de raios nas aeronaves
Descarga de vapor dentro da superfície da
Os métodos usuais de proteção de uma
camada limite. Ver a figura 6-69
aeronave contra os efeitos de raios, devem ser
Obs: o tipo NACA pertence a esta classe.
observados durante o projeto, prevendo uma
metalização que assegure um escoamento livre e
rápido das correntes diretas ou induzidas por raios
para pontos de saída na aeronave.
As áreas que exigem maior consideração
são:
As saídas dos suspiros de combustível e são
classificadas de acordo com o ponto de descarga
na atmosfera, exigindo diferentes tipos de
proteção contra raios conforme a classe do Figura 6-69 Saída do suspiro de combustível –
suspiro. Classe 3

6-40
Proteção dos Suspiros dos Tanques

Isolador de Chama

Para tubos de suspiro a propagação da


chama pode ser evitada localizando-se
adequadamente um isolador de chama na linha.
Esta localização é importante, visto que um
isolador colocado junto a saída do suspiro seria
inoperante quanto a proteção desejada devido a
possibilidade de propagação da chama do interior
do tubo para o tanque. As aberturas dos isoladores
de chamas normalmente são providos de células
de aço inoxidável, em forma de colméia, ou tiras
corrugadas enroladas, tendo a célula uma
profundidade de 1 polegada. Ver a figura 6-70.

Figura 6-70 Típico isolador de chama


Figura 6-71 Proteção nas saídas dos suspiros de
Formação do Gelo combustível

Devido à possibilidade de formação de gelo A proteção do sistema de combustível,


nos isoladores de chama, estes deverão ser contra ignição dos vapores nas áreas das saídas
providos com tubos de contorno (bypass), que dos suspiros é feita, nas zonas 1 e 2, através de:
assegurem um permanente fluxo nos suspiros dos
tanques. O bloqueio total dos suspiros poderá – Diluição do vapor expelido pelo suspiro, com
causar um diferencial de pressão com ar fresco, para tornar a mistura
comprometimento do tanque e da alimentaç ao de suficientemente pobre.
combustível.
– Aceleração do vapor expelido pelo suspiro,
Proteção do Sistema de Combustível contra com ar fresco, para tornar a mistura
Ignição dos Vapores nas saídas dos Suspiros suficientemente pobre.
(Zona 1 e 2)
– Uso de isoladores de chama.
Os suspiros de todas as classes devem ter
proteção contra raios, nas próprias saídas ou em Obs.: Sempre que possível os suspiros não
suas proximidades. Ver a figura 6-71. devem ser localizados nas zonas 1 e 2

6-41
Proteção do Sistema de Combustível contra Os suspiros das classes 1 e 2 deverão ser
Ignição dos Vapores nas saídas dos suspiros protegidos contra a propagação de chama usando-
(Zona 3) se isoladores de chama um pouco mais simples
que os usados nas zonas 1 e 2.
Suspiros de classe 3 são os mais indicados Nota: As saídas dos suspiros deverão ser
para proteção do sistema de combustível contra evitadas nas regiões mostradas na
descargas ramificadas e corona. figura 6-72.

Figura 6-72 Zonas onde não deverão ser instalados suspiros de tanques de combustível

6-42
Sistema de aterramento (Metalização) dos
bujões de abastecimento de combustível

Para evitar centelha interna resultante de


uma descarga direta no bujão de abastecimento de
combustível, deve-se fazer a melhor condu-
tividade externa, ou então as partes internas da
tampa, de material plástico com contato por mola,
garantindo uma isolação de vapor do combustível
por meio de um anel de vedação e de uma fita de
borracha dielétrica.
Figura 6-76 Vista explodida de uma tampa do
bujão de abastecimento

Deve-se manter o melhor contato elétrico


possível entre a tampa do bujão de abastecimento
e a estrutura.

Proteção dos tanques de combustível contra


correntes elétricas
Figura 6-73 Centelhamento indesejável dentro do
tanque, na superfície de contato e na Tanques de combustível
corrente, devido a uma descarga
direta no bujão A condutividade dos tanques de
combustível deve ser alta e uniformemente
distribuída.
Devido à possibilidade do acúmulo de
corrente estática em torno dos dutos de passagem
de combustível, e principalmente nas bordas
destes, deve-se ter especial atenção para a
descarga de corrente nestes pontos.

Figura 6-74 Bujão de abastecimento projetado de Chapas de revestimento


modo a conservar o centelhamento
externo ao tanque, por contato direto Sempre que possível, as chapas que
de partes metálicas revestem os tanques de combustível devem ser de
espessura igual ou maior que 2mm (0,08pol)
especialmente nas zonas 1 e 2 para minimizar os
efeitos de penetração de descargas.

Sensores de quantidade de combustível

Os sensores fabricados de material


condutor, deverão ser eletricamente ligados à
estrutura mais próxima.
A fim de se evitar o risco de centelhamento
Figura 6-75 Bujão de abastecimento de combus- de corrente, são desconselháveis distâncias que
tível com partes internas de plástico facilitem centelhamento entre os sensores e as
e teclas de mola para aterramento paredes dos tanques de combustíveis.

6-43
A instalação de sensores em tanque de – Blindar os sensores com o uso desviadores
combustível não metálicos, deve ser feita de tal adequados, posicio-nados, externamente ao
modo, que a parte do sensor interna ao tanque não tanque ou em regiões há blindadas do tanque,
se comporte como ponte de interligação entre a se elas existirem.
estrutura e a parte líquida.
– Arrendondar pontas afiadas e bordas.
As seguintes recomendações devem ser
observadas: Módulo de Aterramento

– Fazer as extremidades dos sensores de um O diagrama a seguir apresenta um esquema


material não condutivo. de aterramento de luzes de inspeção feito por
meio de parafuso fixado na estrutura da aeronave.

Figura 6 –77 Diagrama do circuito de aterramento por parafuso

Um outro diagrama elétrico mostra outro – Os fios são conectados através de terminais
símbolo para aterramento, veja a figura 6-78. prensados e pinos de conexão.
Neste segundo diagrama o aterramento é feito por
um módulo de aterramento. – Encontrados, normalmente, para 8 ou 10
O método feito através de módulos de contatos ou feitos de acordo com pedido
aterramento oferece as seguintes vantagens: específico do usuário.

– Permite rápida e fácil conexão para muitas – Menor peso.


terras; totalmente herméticos, propor-
cionando longa durabilidade e perfeita perfor- A figura 6-79 mostra um vista explodida do
mance elétrica módulo de aterramento.

6-44
Figura 6-78 Diagrama do circuito de aterramento por módulos

Figura 6-79 Módulo de aterramento

6-45
Características Limites de carga elétrica

– Espaçador de borracha vermelha com silicone. Quando se instala equipamento elétrico


adicional que consome força elétrica num avião, a
– Capacidade de isolamento: carga elétrica total deverá ser seguramente
a) 1500 volts RMS ao nível do mar. controlada ou remanejada, dentro dos limites dos
componentes afetados no sistema de alimentação
b) 600 volts RMS a 70000 pés. do avião.
– Porca e arruelas de pressão e plana para Antes que qualquer carga elétrica do avião
fixação. seja aumentada, os fios associados, cabos e
dispositivos de proteção de circuito (fusíveis ou
– Contatos de liga de cobre folheados a ouro. disjuntores) deverão ser verificados para
– Dependendo do modelo usado a faixa de determinar se a nova carga elétrica (carga elétrica
corrente é de 5 a 17 amperes. anterior mais a carga acrescentada) não excede
aos limites estabelecidos dos fios existentes,
O módulo de aterramento possui letras cabos ou dispositivos de proteção.
indicativas que são as mesmas mostradas no Os valores de saída do gerador ou do
símbolo do diagrama elétrico. alternador determinados pelo fabricante devem
Os contatos, o pino e a ferramenta para ser comparados às cargas elétricas, que podem ser
inserção ou extração do mesmo, são apresentados impostas ao gerador ou alternador, afetado pelo
na figura 6-80 equipamento instalado.
Quando a comparação mostrar que a carga
elétrica total provável conectada excede os
limtites de carga de saída dos geradores ou dos
alternadores, a carga deverá ser reduzida para que
não ocorra sobrecarga. Quando uma bateria fizer
parte do sistema de força elétrica, devemos nos
certificar de que ela está sendo continuamente
carregada em vôo, exceto quando pequenas
cargas intermitentes estiverem ligadas, tais como
um transmissor de rádio, um motor de trem de
pouso, aparelhos semelhantes, que podem
solicitar cargas da bateria em curtos intervalos de
Figura 6-80 Contatos do módulo de aterramento, tempo.
tipo de pino e ferramenta para
inserção ou remoção Controle ou monitoramento da carga elétrica

CUIDADOS NA INSTALAÇÃO DE Nas instalações onde o amperímetro se


EQUIPAMENTO ELÉTRICO encontra no cabo da bateria, e o sistema regulador
limita a corrente máxima que o gerador ou o
Esta parte fornece os procedimentos e alternador pode distribuir, um voltímetro pode ser
medidas de segurança para instalação de instalado na barra do sistema.
componentes e equipamentos elétricos, comu- Enquanto o amperímetro não indicar
mente usados. “descarga” (exceto para pequenas cargas
Os limites de carga elétrica, meios intermitentes, tais como as que operam trens de
aceitáveis de controle ou monitoramento e pouso e flapes), e o voltímetro permanecer
dispositivos de proteção do circuito, são assuntos indicando “voltagem do sistema”, o gerador ou
com os quais os mecânicos devem se familiarizar, alternador não estará sobrecarregado.
para instalar adequadamente, e manter os sistemas Nas instalaç ões onde o amperímetro se
elétricos do avião. encontra no cabo do gerador ou do alternador, e o

6-46
regulador do sistema não limita a corrente Bitola do Fio Amperagem
máxima que o gerador ou alternador pode AN de cobre Disjuntor
fornecer, o amperímetro pode ter um traço em
vermelho em 100% da capacidade do gerador ou Fusível
do alternador. Se a leitura do amperímetro nunca 22 5 5
exceder a linha vermelha, exceto para pequenas 20 7,5 5
cargas intermitentes, o gerador ou o alterndor não 18 10 10
serão sobrecarregados. 16 15 10
Quando dois ou mais geradores 14 20 15
funcionarem em paralelo, e a carga total do 12 30 20
sistema puder exceder a capacidade de saída de 10 40 30
um gerador deverão ser providenciados meios 8 50 50
para corrigir rapidamente as sobrecargas súbitas 6 80 70
que possam ser causadas por falha do gerador ou 4 100 70
do motor. Poderá ser empregado um sistema de 2 125 100
redução rápida de carga, ou um procedimento 1 150
especificado, onde a carga total possa ser reduzida 0 150
a um valor que esteja dentro da capacidade do
gerador em operação. Figura 6-81 Tabela do fio e do protetor do cir-
As cargas elétricas devem ser conectadas cuito
aos inversores, alternadores ou fontes de força
elétrica semelhantes, de maneira que os limites de É importante se consultar tais tabelas antes
capacidade da fonte de força não sejam que um condutor para uma finalidade específica
excedidos, a menos que algum tipo de seja selecionado. Por exemplo, um fio único ao ar
monitoramento efetivo seja fornecido para manter livre pode ser protegido pelo disjuntor do
a carga dentro dos limites prescritos. próximo valor mais alto aquele mostrado na
tabela.
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO DE Todos os disjuntores religáveis devem abrir
CIRCUITOS o circuito no qual eles estão instalados,
independentemente da posição do controle de
Os condutores devem ser protegidos com operação quando ocorrer sobrecarga ou falha do
disjuntores ou fusíveis, localizados tão próximos circuito. Tais disjuntores são chamados de
quanto possível da barra da fonte de força “desarme livre”.
elétrica. Geralmente, o fabricante do equipamento Os disjuntores religáveis não devem ser
elétrico especifica o fusível ou disjuntor a ser usados como dispositivos de proteção nos
usado, ao instalar o equipamento. circuitos de aeronaves.
O disjuntor ou fusível deve abrir o circuito
antes do condutor emitir fumaça. Para isto, a Fusíveis
característica corrente/tempo do dispositivo de
proteção deve cair abaixo da do condutor Um fusível é uma tira de metal que fundirá
associado. As características do protetor do sob excessivo fluxo de corrente, já que seu limite
circuito devem ser igualadas para obter a de condução é cuidadosamente pré-determinado.
utilização máxima do equipamento conectado. O fusível é instalado no circuito de forma
A figura 6-81 mostra um exemplo da tabela que toda a corrente flua através dele.
usada na seleção do disjuntor e do fusível de Em sua maioria, eles são feitos de uma liga
proteção para condutores de cobre. Essa tabela de estanho e bismuto. Existem outros, que são
limitada é aplicável a um conjunto específico de chamados de limitadores de corrente; estes são
temperaturas ambientes, e bitolas dos fios dos usados primariamente para seccionar um circuito
chicotes e é apresentada somente como um de aeronave.
exemplo típico.

6-47
Um fusível funde-se e interrompe o circuito Geralmente, cabos de força vão do gerador
quando a corrente excede a capacidade suportada aos sistemas individuais e cargas diversas, através
por ele, mas um limitador de corrente suportará de painéis de disjuntores, localizados na cabine de
uma considerável sobrecarga, por um certo pilotagem. Essa cablagem pode atingir
período de tempo. Como o fusível é destinado a aproximadamente 100 metros, em alguns aviões.
proteger o circuito, é de suma importância que A utilização do RCCB elimina muitos
sua capacidade venha a coincidir com as desses pesados cabos, pela sua localização
necessidades do circuito em que seja usado. próxima à fonte de força ou carga e pode ser
Quando um fusível é substituído é preciso controlado, remotamente da cabine. Por exemplo,
consultar instruções aplicáveis do fabricante para num circuito de 75 ou 100 amperes, onde seriam
certificar-se quanto ao tipo correto de capacidade. utilizados fios (ou cabos) de bitola 6 ou 4,
Os fusíveis são instalados em dois tipos de poderão ser usados fios de bitola 22 (mais leves e
suportes na aeronave: “Plug-in holders”, usados mais baratos), a fim de controlar o RCCB da
para fusíveis pequenos e de baixa capacidade; cabine de pilotagem.
“Clip” é o tipo usado para fusíveis de grande A economia de peso significa, também,
capacidade e limitadores de corrente. economia no custo da aeronave.
O RCCB é, basicamente, o casamento de
Disjuntores um relé e um disjuntor, que pode ser usado
individualmente ou em combinação, dependendo
Um disjuntor ou quebra-circuitos (“circuit da aplicação. Assim, ele pode ser utilizado como
breaker”) é destinado a interromper o circuito e o um simples relé, adjacente, à sua carga e
fluxo de corrente quando a amperagem exceder remotamente operado, como a maioria dos relés,
um valor pré-determinado. É comumente usado através de um fio de controle e de um comando
no lugar de um fusível e pode, às vezes, eliminar diretamente da cabine.
a necessidade de um interruptor. O RCCB também pode ser utilizado como
Um disjuntor difere de um fusível no fato disjuntor, montado adjacente à sua carga ou fonte
de interromper rápido o circuito e poder ser de força.
religado, enquanto que um fusível funde e precisa A figura 6-82 mostra uma representação
ser substituído. Existem vários tipos de quebra simplificada do RCCB.
circuitos, em geral, utilizáveis, em sistemas de Para entender-se a sua operação interna
aeronaves. Um é o tipo magnético. Quando flui examinemos uma parte de cada vez. A figura 6-83
excessiva corrente, produz-se força mostra o motor o qual quando energizado (SET
eletromagnética suficiente para movimentar uma ou TRIPPED), resultará na operação típica da
pequena armadura que dispara o “breaker”. armadura.
Um outro tipo é a chave de sobrecarga
térmica, que consiste de uma lâmina bimetálica,
que, quando sofre descarga de corrente se curva
sobre a alavanca da chave provocando sua
abertura. A maior parte dos quebra circuitos
devem ser religados com a mão. Quando é
religado, se as condições de sobrecarga ainda
existirem, ele desligar-se-á novamente,
prevenindo danos ao circuito.

DISJUNTORES DE CONTROLE REMOTO


(RCCB)

Grande parte do peso de uma aeronave


deve-se à fiação elétrica de distribuição de
energia. Figura 6-82 Representação simplificada do RCCB

6-48
A abertura do contato B ocorre nos últimos
instantes do movimento da armadura após o que,
pela força magnética combinada com a inércia do
seu movimento, a armadura cola no núcleo da
bobina da direita.
Agora o dispositivo encontra-se numa
posição estável, na qual observam-se as seguintes
condições:

Figura 6-83 Motor do disjuntor a) contato A fechado e contato B


aberto;
O circuito magnético utiliza um imã per-
manente que é também o ponto de apoio e de b) a armadura está colada na parte
balanço para a armadura. direita do eletroimã (bobina da
Em cada uma das duas extremidades estão direita).
instalados eletroimãs (bobinas) cuja finalidade é
dar condições de mudança na posição da Se a bobina S1-S2 for energizada, a
armadura (Set ou Tripped). armadura voltará à sua posição original, através
Na posição SET o fluxo magnético, gerado de um processo idêntico ao descrito, embora em
pelo imã permanente, passa pela armadura (no sentido oposto.
sentido da seta indicativa), pela extremidade
esquerda do eletroimã e de volta ao imã
permanente. Funcionamento do RCCB como relé
Quando a bobina T1-T2 é energizada, o
fluxo magnético gerado é tal que flui através do Afim de melhor analisar este
imã permanente, na mesma direção do fluxo funcionamento, recorra aos detalhes A e B da
gerado por este. figura 6-85.
Entretanto, o seu sentido, agora, é através No detalhe A, o RCCB está na posição SET
do eletroimã (bobina) da direita, o qual aumenta e, em B, na posição TRIPPED, ou seja, na
em magnitude, á medida que a força é aplicada, posição original (atuado).
ao mesmo tempo que o fluxo no eletro imã da A rota do circuito é de L2, através do
esquerda torna-se bem menor. bimetal, para um dos contatos estacionários.
Isto faz com que a armadura seja atraída L1 está conectada diretamente ao outro
para a bobina da direita transferindo os contatos. contato estacionário.
O contato B (de ação rápida), em série com A ponte móvel fecha o circuito através de
a bobina T1-T2, é feito pelo movimento mecânico seus contatos.
da armadura. O movimento da armadura determina a
Na figura 6-83, a linha pontilhada indica a posição dos contatos.
extensão da armadura, o que representa o atuador Se a bobina S1-S2 for energizada, de modo
mecânico dos contatos A e B. que a armadura seja colocada no polo esquerdo
(detalhe A) o sistema de ligação fecha os
contatos.
Se, ao contrário, a bobina T1-T2 for
energizada, a armadura colar-se-á no polo da
direita (detalhe B) e os contatos do relé serão
abertos, pela força exercida pela mola K.
Note que na operação como relé, o ponto C
é fixo, mesmo quando a alavanca L se
Figura 6-84 Contatos do disjuntor movimenta, fechando ou abrindo os contatos.

6-49
Figura 6-85 Disjuntor nas posições “SET e “TRIPPED”

Figura 6-86 Funcionamento do RCCB como relé e como disjuntor

Funcionamento do RCCB como disjuntor para cima, o qual manterá L nessa posição,
mesmo que o bimetal volte ao normal.
A fim de analisar este funcionamento
recorra aos detalhes A e B da figura 6-85 e à
figura 6-86
No detalhe A o dispositivo é mostrado na
posição de contato fechado, suportando uma
determinada corrente.Caso ocorra uma
sobrecarga, uma corrente elevada fluirá através de
L2, passando pelo bimetal, contato estacionário,
contatos de ponte móvel, outro contato
estacionário, saindo para a bobina L1.
Dependendo do valor da sobrecarga, o
bimetal começará a deflexionar-se, até que força o
ponto J para baixo movendo o braço H, o qual
retira o calço para o ponto C da alavanca L.
Nesta condição, L move-se circularmente
para a direita, forçada pela mola K. Esse
movimento, em torno de D, desloca o ponto C Fig 6-87 Diagrama simplificado usando o RCCB

6-50
Para rearmar o dispositivo, será necessário relés é liberada, e aparece sob forma de arco
energizar a bobina (T1 – T2) a fim de que L quando o interruptor de controle for aberto.
movimente-se e o ponto C, forçado pela mola M,
volte ao normal, permitindo que H, forçado pela Motores - Os motores de corrente contínua
mola N, também volte à sua posição normal, puxarão diversas vezes sua corrente nominal de
como um calço para C (tudo isso acontece, trabalho durante a partida, e a energia magnética
supondo que a sobrecarga não mais exista e o armazenada no seu rotor e nas bobinas de campo
bimetal, em situação normal, não esteja forçando será liberada quando o interruptor de controle for
o ponto J para baixo). aberto.
Desse modo, o RCCB agiu como um A tabela da figura 6-88 é similar às
disjuntor, abrindo os contatos entre L2 e L1. encontradas para seleção do valor nominal
Para reposicionar (fechar) os contatos, basta apropriado do interruptor, quando a corrente da
energizar a bobina (S1-S2) e restabelecer a carga de trabalho for conhecida. Essa seleção é
posição do mecanismo, conforme a figura 6-85A. essencialmente uma redução da capacidade
Caso a sobrecarga permaneça, a ação do bimetal normal de carga para se obter uma razoável vida
causará a abertura dos contatos, exatamente como útil, e eficiência do interruptor.
foi descrito. Os erros prejudiciais na operação do
interruptor podem ser evitados por uma instalação
Interruptores consistente e lógica.
Um interruptor projetado especificamente
deve ser usado em todos os circuitos, onde um VOLTAGEM TIPO
NOMINAL DO FATOR
mau funcionamento de um interruptor seria SISTEMA DE “DERATING”
perigoso. CARGA
Tais interruptores são de construção robusta
e possuem capacidade de contato suficiente para 4V.C.C Lâmpada 8
interromper, fechar e conduzir continuamente a
carga da corrente conectada; o do tipo de ação de Indutiva
mola é geralmente preferido para se obter 24V.C.C (Relé ou 4
abertura e fechamento rápidos, sem considerar a Solenoide)
velocidade de operação da alavanca, o que,
conseqüentemente, diminui o centelhamento dos Resistiva
24V.C.C 2
contatos. (aquecedor)
O valor da corrente nominal do interruptor
convencional do avião está geralmente estampado 24V.C.C Motor 3
no seu alojamento. Este representa o valor da
corrente de trabalho com os contatos fechados. Os 12V.C.C Lâmpada 5
interruptores devem ter reduzida a capacidade
nominal de corrente para os seguintes tipos de Indutiva
circuitos: 12V.C.C (Relé ou 2
Solenoide)
Circuitos de Alta-Intensidade Inicial - Os
circuitos que possuem lâmpadas incandescentes Resistiva
podem puxar uma corrente inicial 15 vezes maior 12C.C.C 1
(Aquecedor)
do que a corrente de trabalho. A queima ou fusão
do contato pode ocorrer quando o interruptor for 12C.C.C Motor 2
fechado.

Circuitos Indutivos - A energia magnética Figura 6-88 Fatores de redução da carga dos
armazenada nas bobinas dos solenóides ou dos interruptores

6-51
Os interruptores de duas posições “liga- – Iluminação da cabine de pilotagem
desliga” devem ser instalados de modo que a
– Iluminação dos painéis e dos instrumentos
posição “liga” seja alcançada movimentando-se a
alavanca para cima ou para frente. Quando o – Protetores de mapas
interruptor controlar partes móveis do avião, tais
– Iluminação da cabine de passageiros
como trem de pouso ou flapes, a alavanca deve
mover-se no mesmo sentido que o movimento – Luzes dos sanitários e bagageiros
desejado.
– Iluminação controlada pelos passageiros
A operação acidental de um interruptor
pode ser evitada instalando-se uma guarda – Luzes de aviso
adequada sobre o mesmo.
– Luzes de porta principal e de emergência
Relés Cada sistema é protegido por disjuntores e
comandados por interruptores localizados em
Os relés são usados como interruptores, locais de fácil acesso.
onde se possa obter redução de peso ou
simplificação dos controles elétricos. Luzes Externas
Um relé é um interruptor operado
eletricamente e, está, portanto, sujeito a falha sob As luzes de posição, de anticolisão e de
condições de baixa voltagem no sistema. A taxi, são exemplos comuns de luzes externas das
apresentação anterior sobre os interruptores é aeronaves.
geralmente aplicável para os valores de contato Algumas luzes, tais como as de posição, as
dos relés. de inspeção das asas e as de anticolisão, são
necessárias para as operações noturnas.
Luzes de posição - A aeronave que opera à
SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE
noite deve ser equipada com luzes de posição que
AERONAVES
se enquadrem nas recomendações mínimas
especificadas pelo FAA (Federal Aviation
Os sistemas de iluminação de aeronaves
Regulations). Um conjunto de luzes de posição
fornecem iluminação para uso externo e interno.
consiste de uma luz vermelha, uma verde e uma
As luzes da parte externa proporcionam
branca. As luzes de posição são, às vezes,
iluminação para tais operações como pousos
chamadas de “luzes de navegação”. Em muitos
noturnos, inspeção das formações de gelo e
aviões, cada unidade de luz contém uma única
segurança, para evitar colisão das aeronaves em
lâmpada instalada sobre a superfície do avião (A
vôo. A iluminação interna fornece iluminação
da figura 6-.89)
para os instrumentos, cabine de comando, cabines
Outros tipos de unidade de luz de posição
e outras seções ocupadas pela tripulação e
contêm duas lâmpadas (B da figura 6-89) e,
passageiros.
freqüentemente, ficam faceadas com a superfície
Certas luzes especiais, tais como luzes
da estrutura do avião.
indicadoras e de aviso, indicam a situação
A unidade de luz verde é sempre instalada
operacional do equipamento.
na ponta da asa direita. A unidade de luz
vermelha está instalada numa posição semelhante
Luzes Internas
na asa esquerda.
A unidade branca é geralmente instalada no
Cada tipo de aeronave está equipada com
estabilizador vertical numa posição onde seja
sistemas de iluminação interna específios, quanto
claramente visível através de um ângulo bem
a localização, quantidade e tipo de luzes e
aberto, pela traseira do avião. As lâmpadas da
interruptores. No entanto, conservam um
ponta de asa, e as lâmpadas da cauda, são
determinado padrão quanto às denominações dos
controladas por um interruptor de duas posições
circuitos. De um modo geral os circuitos elétricos
na cabine de comando.
são os seguintes:

6-52
Para aumentar a intensidade da luz, o
interruptor é colocado em “brilhante”, a
resistência é curto-circuitada, e as lâmpadas
brilham intensamente. Em alguns tipos de
instalações, um interruptor na cabine de comando
permite operação contínua ou pisca-pisca das
luzes de posição.
Durante a operação pisca-pisca, um
mecanismo é geralmente instalado no circuito da
luz de posição.
Ele consiste, essencialmente, de um eixo
acionado por um motor elétrico, no qual estão
instalados dois cames ou ressaltos e um
mecanismo de transferência, constituído de dois
braços de platinados e dois parafusos de contato.
Um braço de platinado fornece corrente CC ao
circuito das luzes de posição de asa, através de
um parafuso de contato; e outro abastece o
Figura 6-89 luzes de posição circuito de luz da cauda, através de outro parafuso
de contato. Quando o motor gira, ele aciona o
Na posição “atenuado”, o interruptor liga eixo de cames através de um conjunto de
um resistor em série com as lâmpadas. Visto que engrenagens de redução, e faz com que os cames
o resistor reduz o fluxo da corrente, a intensidade operem o interruptor, o qual abre e fecha circuitos
da luz é reduzida. de luz da cauda e asas alternadamente.

Fig 6-90 Circuito das luzes de posição

Figura 6-91Circuito das luzes de posição sem pisca-pisca

6-53
A figura 6-90 é um esquema simplificado suficientemente grande para acomodar a
de um circuito de luzes de posição e a figura 6-91 instalação, e se as características de vibração e
mostra o diagrama esquemático de um outro tipo ondulação não forem adversamente afetadas.
de circuito de luzes de posição. O controle das
luzes de posição, feito por um único interruptor
de duas posições “liga-desliga”, proporciona
somente iluminação fixa. Não há pisca-pisca, nem
reostato de redução da intensidade.
Há, certamente, muitas variações de
circuitos de luz de posição usados em diferentes
aviões. Todos os circuitos são protegidos por
fusíveis ou disjuntores, e muitos circuitos incluem
equipamento de redução da intensidade da luz e
de pisca-pisca. Outros circuitos são ligados para
energizar um relé especial de redução de
intensidade das luzes de aviso, o qual reduz
perceptivelmente a intensidade de todas as luzes
de posição quando são acesas.
Os aviões de pequeno porte são equipados
com um interruptor de controle e circuitos
simplificados. Em alguns casos, um botão de
controle ou um interruptor é usado para ativar Figura 6-92 Instalação típica da luz de anti-
vários conjuntos de luzes; por exemplo, um tipo colisão num painel de revesti-
utiliza um botão de controle cujo primeiro mento não pressurizado
movimento ativa as luzes de posição e as luzes do
painel de instrumentos. A rotação seguinte do Tais instalações devem ser localizadas
botão de controle aumenta somente a intensidade próximo de uma longarina, acrescentando-se
das luzes do painel. falsas nervuras de acordo com a necessidade para
Uma unidade pisca-pisca é raramente reforçar a estrutura junto à luz.
encontrada no conjunto de luzes de posição de
aviões muito leves, mas é usado em aviões
bimotores de pequeno porte.

Luzes de anticolisão

Um sistema de luz de anticolisão pode


consistir de uma ou mais luzes. Elas são feixes de
luz móvel, que se acham instaladas no topo da
fuselagem ou na cauda, numa localização tal, que
a luz não afeta a visão dos tripulantes nem
diminuirá a visibilidade das luzes de posição. Em
alguns casos, uma das luzes fica instalada no
ventre da fuselagem.
O meio mais simples de instalar uma luz de
anticolisão é fixá-la a um painel reforçado de
revestimento da fuselagem, como apresentado na
figura 6-92
Uma luz de anticolisão acha-se
freqüentemente instala no topo do estabilizador Figura 6-93 Instalação típica de luz de anti-
vertical, se a seção transversal do estabilizador for colisão no estabilizador vertical.

6-54
Uma unidade de luz de anticolisão consiste Conforme mostra a figura 6-96, o tipo de
geralmente de uma ou duas luzes rotativas luz de pouso retrátil possui um motor reversível.
operadas por um motor elétrico. Sabendo-se que o gelo nas lentes das
A luz pode ser fixa, mas instalada sob lâmpadas reduz a qualidade de iluminação das
espelhos giratórios dentro de uma proteção de mesmas, algumas instalações utilizam lâmpadas
vidro vermelho saliente. Os espelhos giram num de pouso retráteis (figura 6-95). Quando as
arco e a razão do pisca-pisca das luzes está entre lâmpadas não estão em uso, um motor as retrai
40 e 100 ciclos por minuto (ver a figura 6-94). para receptáculos existentes na asa, onde as lentes
não ficam expostas ao ar.
Dois dos terminais do enrolamento de
campo estão conectados aos dois terminais
externos do interruptor de controle do motor,
através dos pontos de contato C e D; enquanto o
terminal central conecta a uma das duas escovas
do motor.

Figura 6-94 Luz de anticolisão

A luz de anticolisão é uma luz de segurança


para alertar outro avião, principalmente em áreas
congestionadas.

Luzes de Pouso

As luzes de pouso acham-se instaladas no


avião para iluminar as pistas durante os pousos
noturnos. Essas luzes são muito fortes, e são
direcionadas por um refletor parabólico num
ângulo que proporciona uma alcance máximo de
iluminação.
As luzes de pouso geralmente estão
localizadas na parte mediana do bordo de ataque
de cada asa, ou faceadas na superfície do avião.
Cada luz pode ser controlada por um relé, ou pode
ser ligada diretamente no circuito elétrico.
Fig. 6-96 Circuito e mecanismo da luz de pouso

As escovas ligam o motor e o solenóide do


freio magnético com o circuito elétrico. Os pontos
de contatos C são mantidos abertos pelo
quadrante dentado do mecanismo da lâmpada. Os
pontos de contato D são mantidos fechados pela
tensão da mola à direita dos contatos. Isto é um
arranjo típico de um circuito de lâmpada de pouso
quando a lâmpada está retraída e o interruptor de
controle está na posição desligado.
Nenhuma corrente flui no circuito e, nem o
Figura 6-95 Luz de pouso retrátil motor nem a lâmpada podem ser energizados.

6-55
Quando o interruptor de controle for Tais sensores também provocam a retração
colocado na posição superior, ou “estender” das luzes de pouso se o avião exceder uma
(figura 6-96), a corrente da bateria fluirá através velocidade pré-determinada.
dos contatos fechados do interruptor, dos contatos A maioria dos aviões de grande porte são
fechados do contato D, do terminal central do equipados com quatro luzes de pouso, das quais
enrolamento de campo, e do próprio motor. duas são fixas e duas são retráteis. As luzes fixas
A corrente através do circuito do motor, acham-se geralmente localizadas nas áreas da raiz
energiza o solenóide do freio, que afasta a sapata da asa ou junto a parte externa da fuselagem, no
do freio do eixo do motor, permitindo que o bordo de ataque de cada asa. As duas luzes
motor gire e baixe o mecanismo da lâmpada. retráteis acham-se geralmente localizadas na
Depois que o mecanismo da lâmpada se superfície externa inferior de cada asa e, são,
desloca cerca de 10º, o contato A é ligado e normalmente, controladas por interruptores
desliza ao longo da barra de cobre B. distintos.
Neste meio tempo, o relé F é energizado e Em alguns aviões, a luz fixa acha-se instalada
seu contato se fecha. Isto permite que a corrente numa área com a luz de táxi, como apresenta a
flua através da barra de cobre B, do contato A, e figura 6-97.
da lâmpada.
Quando o mecanismo da lâmpada estiver
completamente abaixado, a saliência no topo do
quadrante dentado afastará os contatos D, abrirá o
circuito do motor, e fará com que o solenóide do
freio desnergizado se solte.
O freio é forçado contra o eixo do motor
pela mola, parando o motor e completando a
operação de arriamento.
Para retrair a luz de pouso, o interruptor de
controle é colocado na posição “retrair” (figura 6-
96).
Os circuitos do motor e do freio são
completados através dos pontos de contato C, Figura 6.97 Luz de pouso fixa e luz de taxi
visto que estes contatos estarão fechados quando
o quadrante dentado estiver arriado. Esta ação Luzes de Táxi
completa o circuito, libera o freio, aciona o motor
(desta vez no sentido oposto) e o mecanismo da As luzes de táxi têm como finalidade
luz de pouso é retraído. fornecer iluminação no solo durante o reboque do
Visto que a ligação para retrair interrompe o avião, na pista de táxi, na pista de pouso e
circuito do relé F, os contatos do relé abrem-se, decolagem, ou no hangar.
desligando a barra de cobre e provocando o
apagamento da luz de pouso.
Quando o mecanismo estiver
completamente retraído, os pontos de contato C e
o circuito para o motor serão interrompidos
novamente, o freio aplicado; e o motor parado.
Em alguns aviões são empregadas luzes de
pouso retráteis que podem permanecer
distendidas em qualquer ponto de sua extensão.
As luzes de pouso usadas nos aviões de alta
velocidade são geralmente equipadas com um
sensor de velocidade, que evita a extensão das Figura 6-98 Luzes de taxi instaladas na parte fixa
luzes de pouso em velocidades excessivas. do trem de nariz

6-56
As luzes de táxi não são apropriadas para faciada no lado externo de cada nacele à frente da
fornecer o grau de iluminação necessária como as asa.
luzes de pouso; as luzes de táxi de 150 a 250 Essas luzes permitem a detecção visual da
watts são usadas na maioria dos aviões de porte formação de gelo nos bordos de ataque da asa
médio e grande. Nos aviões com trem de pouso durante o vôo noturno. Elas também são usadas
triciclo, as luzes de táxi (única ou dupla) acham- freqüentemente como projetores durante os
se instaladas na parte não direcional do trem de serviços gerais no solo. Geralmente, são
pouso no nariz. Como mostra a figura 6-98, elas controladas por um relé através de um interruptor
estão posicionadas em ângulos oblíquos com a de alavanca liga-desliga na cabine de comando.
linha central do avião, para fornecer iluminação Alguns sistemas de luz de inspeção da asa
diretamente, em frente do avião, e ainda alguma podem incluir ou serem suplementados por luzes
iluminação à direita e à esquerda do mesmo. As adicionais, algumas vezes chamadas de luzes da
luzes de táxi são montadas também em áreas de nacele, que iluminam áreas adjacentes, tais como
recesso do bordo de ataque da asa, sempre na os flapes de capota ou o trem de pouso. Estas são
mesma área com uma luz de pouso fixa. normalmente do mesmo tipo de luzes, e podem
Muitos aviões de pequeno porte são são ser controladas pelos mesmos circuitos.
equipados com qualquer tipo de luz de táxi, mas o
uso intermitente de uma luz de pouso é essencial
para iluminar durante as operações de taxiamento. INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DOS
Ainda, outros aviões utilizam um resistor SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO
redutor de intensidade no circuito de luz de pouso
para fornecer iluminação reduzida durante o Procedimentos
taxiamento. Um circuito típico com luzes de táxi
duplas é mostrado na figura 6-99 A inspeção dos sistemas de iluminação do
avião normalmente consiste em checar a condição
e a segurança de toda fiação visível, conexões,
terminais, fusíveis e interruptores. Uma lâmpada
de continuidade ou um medidor pode ser usado
para executar estes testes, visto que a causa de
muitas panes pode sempre ser localizada por
testes sistemáticos de continuidade de cada
Figura 6-99 Circuito típico de luz de taxi
circuito.
Alguns aviões de grande porte são Todas as lentes e refletores das luzes devem
equipados com luzes de táxi alternativas ser mantidos limpos e polidos. Os refletores
localizadas na superfície inferior do avião, atrás nebulosos são geralmente provocados por entrada
do radome do nariz. Essas luzes, operadas por um de ar ao redor das lentes.
interruptor separado das luzes principais de táxi, A condição do composto selante ao redor da
iluminam a área imediatamente na frente e abaixo moldura das luzes de posição deve ser
do nariz do avião. inspecionada regularmente. Os vazamentos ou
fendas devem ser reparados com um composto
Luzes de Inspeção das Asas selante apropriado.
Toma-se todo cuidado ao instalar uma
Algumas aeronaves são equipadas com lâmpada nova num conjunto de luz, visto que
luzes de inspeção da asa para o bordo de ataque muitas lâmpadas se adptam numa única posição
das asas, e para permitir a observação de do soquete, e um esforço excessivo pode provocar
formação de gelo e condição geral destas áreas um circuito aberto ou incompleto no soquete.
em vôo. O teste do circuito, comumente conhecido
Em alguns aviões, o sistema de luz de como pesquisa de pane, é uma maneira
inspeção da asa (também chamada de luzes de sistemática de localizar as falhas de um sistema
gelo da asa) consiste de uma luz de 100 watts elétrico. Essas falhas são geralmente de três tipos:

6-57
1 - Circuitos abertos, nos quais os fios pontas ( ver o detalhe A da figura 6-100). Um
estão quebrados. outro tipo de medidor de continuidade contém
2 - Curtos-circuitos, nos quais os fios em duas baterias conectadas em série com um
curto fazem com que a corrente voltímetro CC e duas pontas de teste.
retorne à massa indevidamente. Um circuito completo será registrado pelo
3 - Baixa voltagem nos circuitos faz com voltímetro.
que as luzes acendam fracamente, e os Sempre que o gerador ou a bateria estiver
réles vibrem. As panes elétricas disponível, o voltímetro e a lâmpada de teste
podem ocorrer na unidade ou na poderão ser usados no teste do circuito, visto que
fiação. Se panes como estas forem estas fontes de energia ativarão a lâmpada de teste
cuidadosamente analisadas, e as e o voltímetro.
providências sistemáticas forem Se nenhuma força elétrica estiver disponível
tomadas para localizá-las, não apenas (o circuito está morto), então o medidor de
muito tempo e energia poderão ser continuidade será usado. As pilhas contidas no
poupados, como também poderão ser medidor provocam o fluxo de corrente através do
evitados danos aos dispendiosos circuito, fazendo com que o medidor de
equipamentos de teste. continuidade indique quando o circuito em teste
O equipamento geralmente usado nos testes está perfeito.
dos circuitos de iluminação do avião consiste de Ao se usar o medidor de continuidade, o
um voltímetro, uma lâmpada de teste, um circuito em teste deve sempre ser isolado dos
medidor de continuidade e um ohmímetro. outros circuitos, retirando-se o fusível,. Abrindo-
Embora qualquer modelo de voltímetro CC, se o interruptor ou desligando-se os fios.
com fios flexíveis e pontas de teste, seja A figura 6-100 ilustra técnicas que podem
satisfatório para testar os circuitos; geralmente ser usadas na verificação dos circuitos. O medidor
são usados os voltímetros portáteis especialmente de continuidade contém uma lâmpada que serve
projetados para teste. como indicador.
A lâmpada de teste consiste de uma luz de Quando as pontas de teste entram em
avião de baixa voltagem. Dois fios são usados contato, um circuito completo é criado e a luz
com essa luz. indicadora acende.
Os medidores de continuidade variam entre Quando as pontas entram em contato com o
si. Um tipo consiste de uma pequena lâmpada resistor, ou outro elemento do circuito, como
conectada em série com duas pilhas pequenas (as mostrado na figura 6-100, a luz não acenderá,
pilhas de lanterna são bem adequadas) e duas indicando que o circuito em teste está aberto.

Fig 6-100 Teste com um medidor de continuidade

Para que o teste de circuito aberto seja resistência é muito alta, geralmente maior do que
conclusivo, têm-se a certeza de que a resistência 10 ohms, liga-se um voltímetro no circuito em
da unidade testada é suficientemente baixa para substituição a lâmpada. Se o ponteiro do
permitir que a lâmpada acenda. Num teste onde a voltímetro não deflexionar, o circuito aberto está

6-58
confirmado. O teste para curtos-circuitos (da No medidor pode haver diversas escalas,
figura 6-100) mostra o medidor de continuidade tornadas possíveis por diversos valores de
ligado nos terminais de um interruptor na posição resistência e voltagem da bateria.
desligado. Se a lâmpada do medidor acender, A escala desejada é selecionada por um
haverá um curto-circuito no interruptor. seletor no mostrador do ohmímetro.
Para verificar se há um fio em curto para a Cada escala registra resistências baixas na
massa, em algum ponto entre seus terminais, extremidade superior. Quanto maior for a
desconeta-se o fio em cada extremidade, e liga-se resistência indicada num circuito, menor será a
um CLIP jacaré no fio em uma extremidade, e deflexão do indicador na escala.
outro CLIP do medidor à massa (D da figura 6- Quando se utiliza um ohmímetro para
100). Se o fio estiver em curto, a lâmpada verificar a continuidade, liga-se as pontas em
acenderá. Para localizar a ligação à massa, são série com o circuito. Uma leitura de zero ohm
feitos testes por seções em direção a outra indica continuidade do circuito. Para se checar a
extremidade. A iluminação da lâmpada indicará a resistência, deve ser escolhida uma escala que
seção do fio em que está ligada à massa. incorpore a resistência do elemento a ser medido.
O ohmímetro, embora construído Em geral, deve ser selecionada uma escala na
basicamente para medir resistência, é útil para qual a leitura caia na metade superior da mesma.
testar continuidade. Curto-circuite as pontas e ajuste o medidor para
Com um ohmímetro, a resistência de um registrar zero ohm pelo ajuste zero.
circuito de iluminação pode ser determinada Se for feita uma mudança de escala a
diretamente pela escala. Visto que um circuito qualquer momento, devemos lembrar de reajustar
aberto possui resistência infinita, uma leitura zero o medidor para zero ohm. Quando os testes do
no ohmímetro usa pilha como fonte de voltagem. circuito com o ohmímetro são feitos, não
Há resistores fixos, com valores tais que, quando devemos tentar checar a continuidade ou medir a
as pontas de testes são curto-circuitadas, o resistência de um circuito, enquanto ele estiver
medidor registrará a escala completa. ligado a uma fonte de voltagem.
O resistor variável, em paralelo com o medidor, e Desconectamos uma das extremidades de
os resistores fixos compensam as variações de um elemento quando medirmos a resistência, de
voltagem na pilha. O resistor variável fornece um modo que o ohmímetro não registrará a
ajuste zero no medidor do painel de controle. resistência de circuitos paralelos.
O resumo, que se segue, de teste de
continuidade dos circuitos de iluminação é
recomendado, usando-se tanto um ohmímetro
como qualquer tipo de medidor de continuidade:

1 - Inspecionar o fusível ou o disjuntor.


Verificar se ele é o correto para o
circuito a ser testado.
2 - Inspecionar a unidade elétrica
(lâmpada).
3 - Se o fusível, o disjuntor e a lâmpada
estiverem em boas condições,
verificar o ponto mais acessível
quanto à abertura ou curto no circuito.
4 - Nunca tentar adivinhar. Sempre
localizar a pane no fio positivo de um
circuito, na unidade operacional ou no
Figura 6-101 Circuito interno típico de um fio negativo, antes de retirar qualquer
ohmímetro equipamento ou fios.

6-59
Um voltímetro, com cabos flexíveis longos, o circuito está em curto com a massa. Verificar
fornece um método satisfatório e diferente de se o curto está na lâmpada, retirando o conector e
inspecionar a continuidade da fiação do sistema substituindo o fusível; se ele queimar, o curto
de iluminação num avião. A voltagem a ser estará na linha. Entretanto, se desta vez, o fusível
testada pelo voltímetro é fornecida pela bateria do não queimar, o curto estará na lâmpada.
avião.
3 - Se o fusível estiver bom, o circuito
Os procedimentos seguintes indicam as estará aberto. Então, com a negativa do
etapas para inspeção da continuidade por um voltímetro ligado à massa, tocar a ponta positiva
voltímetro, num circuito que consiste de uma
de ponto a ponto do circuito, seguindo o diagrama
bateria de 24 volts, um fusível, um interruptor e como guia. Testar cada junção do fio. A primeira
uma luz de pouso: leitura zero no voltímetro indica que há um
1 - Desenhar um diagrama simples da circuito aberto entre o último ponto, na qual a
fiação do circuito a ser testado, como mostra a voltagem era normal e o ponto da primeira leitura
figura 6-102. zero.
2 - Testar o fusível, pondo em contato a
ponta positiva do voltímetro com a extremi-dade Na ilustração da figura 6-102, os circuitos
da carga do fusível, e a ponta negativa com a abertos são causados por fusível aberto, filamento
massa. Se o fusível estiver bom, haverá uma de lâmpada aberto e uma ligação de lâmpada
indicação no voltímetro. Se ele estiver queimado, aberto e uma ligação de lâmpada para massa
deverá ser substituído. Se ele queimar novamente, interrompida

Figura. 6-102 Teste de continuidade com um voltímetro

BATERIAS atacar quimicamente, desenvolver-se-á uma


Produção de Eletricidade por Meio de Reação pressão elétrica denominada tensão elétrica. Se os
Química elementos forem ligados externamente, uma
corrente elétrica circulará por eles e,
Se dois elementos condutores diferentes simultaneamente, dar-se-á uma transformação
forem imersos em uma solução que os possa química em um dos elementos, pelo menos.

6-60
Deste modo, um elemento simples de Quando este elemento é descarregado, o
bateria pode ser constituído de duas placas de zinco reage com o eletrólito, formando um sal de
metais diferentes, isoladas eletricamente, e zinco. Este processo não é reversível e quando o
elementos pertencem a duas classes: primária e elemento está descarregado não pode ser
secundária. Na figura 6-103 está representado, carregado outra vez. Este tipo de pilha está
graficamente, um elemento simples de bateria. representado na figura 6-104.

Pilhas Secundárias
As pilhas secundárias diferem das pilhas
primárias pelos tipos de suas placas, seu eletrólito
e por possuir ação química reversível. Estes
acumuladores, quando descarregados,
recarregam-se pela passagem de uma corrente
elétrica contínua ou pulsativa unidirecional
através de suas placas, por meio de um aparelho
de carga, na direção oposta à da descarga; isto
reintegra as placas e o eletrólito em sua forma
original, de sorte que o acumulador volta a sua
denominação e ciclo.
Cada vez que se completa um ciclo, as
placas desgastam um pouco, desprendendo-se
Figura 6-103 Elemento simples de bateria uma quantidade de material ativo, de sorte que o
elemento perde um pouco de sua capacidade. De
Pilhas Primárias 50 a 200 ciclos completos de descarga e carga, é
geralmente tudo quanto suporta um acumulador;
As pilhas primárias, tais como a pilha seca daí em diante, ou trocam-se seus elementos ou
comum ou pilha de lanterna, transformam a condena-se o acumulador. Se o acumulador
energia química em elétrica. São caracterizadas estiver apenas parcialmente descarregado em cada
por não possuírem ação química reversível; uma ciclo, o número de ciclos será aumentado. As
vez descarregadas, tornam-se imprestáveis. Suas baterias de automóveis e as de aeronaves são
placas são constituídas de zinco (negativa) e exemplos de pilhas secundárias.
carbono (positiva); seu eletrólito é constituído de
uma solução de cloreto de amônia, no estado BATERIAS CHUMBO-ÁCIDO
pastoso. Por conveniência, a placa de zinco é
confeccionada no formato de um recipiente e a A bateria de aeronave consiste de um grupo
placa de carbono fica localizada no centro, tendo de pilhas ou células secundárias, constituídas de
em sua volta o eletrólito. placas de chumbo (negativas), peróxido de
chumbo (positivas) e um eletrólito composto de
25% de ácido sulfúrico (H2SO4) e 75% de água
destilada (H2O). Quando a bateria está carregada
a densidade do eletrólito é de 1,275 a 1,300g/cm3.
Quando os elementos se descarregam, o
ácido sulfúrico reage sobre ambas as placas,
formando sulfato de chumbo; isto deixa uma
solução muito fraca, com densidade de
1,100g/cm3 a 1,150g/cm3 (bateria descarregada),
em virtude de parte do ácido ter-se unido às
placas. Se a descarga for continuada, os materiais
ativos, tanto nas placas positivas como nas
Figura 6-104 Pilha primária negativas, tornam-se tensão entre elas, desta

6-61
forma a bateria estará completamente descar- Verificação da Densidade
regada. Quando a bateria é novamente carregada,
o ácido existente nas placas, sob a forma de As leituras da densidade devem ser feitas
sulfato de chumbo, transforma-se novamente em semanalmente, com o auxílio de densímetro e
ácido sulfúrico e, misturando-se com a solução corrigidas de acordo com a temperatura,
fraca, aumenta, o seu grau de concentração. Ao conforme a figura 6-115.
mesmo tempo, as placas são reintegradas no seu
estado primitivo.
Quando todo o ácido estiver fora das
placas, a bateria está completamente carregada;
portanto, a densidade do eletrólito é um indício do
estado de carga de uma bateria e a capacidade de
uma bateria depende da quantidade do material
disponível para a reação química.

Elementos de uma Bateria

Um elemento de uma bateria é constituído


por um grupo de placas positivas e negativas,
mergulhadas em uma solução de ácido sulfúrico e
isoladas por meio de separadores colocados entre
elas.
A tensão nominal de um elemento é de 2
volts. Os bujões de respiro são de borracha dura,
com orifícios pequenos, para permitir o
escoamento dos gases que se formam durante a
reação química.
Figura 6-115 Tabela de correção da leitura da
densidade

Preparação do Eletrólito

O eletrólito, para baterias chumbo-ácido, é


uma solução constituída de 75% de água destilada
e 25% de ácido sulfúrico. O ácido sulfúrico pode
provocar queimaduras dolorosas se atingir
qualquer parte do corpo.
Assim sendo, o pessoal encarregado de
manusear e misturar o eletrólito deve ter muito
cuidado, para que sejam evitados perigos desta
natureza e usar óculos protetores, aventais de
borracha, luvas e sapatos ou galochas de
borracha.
Quando o ácido sulfúrico e a água são
misturados para se obter o eletrólito, o calor é
produzido quimicamente durante este processo, o
qual eleva a temperatura da mistura resultante;
portanto, na mistura do eletrólito, sempre
adicionar o ácido na água vagarosamente e agitar
Figura 6-105 Grupo de placas e bujões de respiro lentamente, até obter uma mistura homogênea.

6-62
Nunca se deve adicionar água no ácido, constante usa um grupo motogerador. A carga em
uma vez que o calor pode ser produzido tão série à corrente constante utiliza retificadores à
rapidamente que o ácido poderá respingar o válvula ou metálico; são os mais usados para este
operador. tipo de carga. O tunga é provido de controle para
O recipiente deve ser de vidro, louça, a ajustagem dos diversos regimes de carga, que é
madeira revestida de chumbo, ou um vaso similar, controlada através de um amperímetro que mede
que seja resistente ao ácido sulfúrico e possa a corrente.
suportar o calor desprendido pela mistura. A corrente de carga pode ser regulada com
Deixe que o eletrólito esfrie, abaixo de pequenos degraus até um máximo de 6 amperes.
32,2ºC, antes de ser utilizado; a solução poderá Os acumuladores podem ser carregados
ser sifonada para dentro do acumulador, por meio com a carga lenta ou carga rápida; a carga lenta
de um tubo de borracha de pequeno diâmetro ou, vai de 2 a 4 amperes e a carga rápida de 4 a 6
então, poderá ser posta por meio de uma seringa. ampères.
Não deixe que o nível do líquido exceda de 3/8” As ligações para este tipo de carregador
acima do protetor existente sobre o topo dos estão indicadas na figura 6-107. Quando se deseja
separadores. carregar baterias de tensão diferente, como, por
O neutralizante do ácido sulfúrico é o exemplo, quatro de 24v e uma de 12v para melhor
bicarbonato de sódio. aproveitamento, devemos ligar as quatro de
mesma tensão em paralelo, duas a duas, ligando-
Preparação da bateria para carga
as, em seguida, em série com a de menor tensão.
a) Limpar os lados da caixa e a face
superior da bateria com o auxílio de
uma mangueira e bastante água; usar
uma solução bicarbonato de sódio, a
fim de remover qualquer corrosão que
possa existir nos bornes e inspecionar
o estado físico da bateria.
b) Remover os bujões de enchimento e
inspecionar a bateria, internamente; se
o nível do eletrólito estiver baixo,
completar com água destilada.
Enquanto as baterias estiveram em
carga, os bujões de respiro poderão
ser desatarraxados, porém, deixados
sobre as aberturas de enchimento dos
acumuladoresm a fim de evitar o
salpico do eletrólito e a formação de
gases, bem como a penetração de Figura 6-107 Ligações para carga de baterias
qualquer matéria estranha na bateria.
Equipamento para Carga Autodescarga
As reações químicas, que produzem o fluxo
As baterias podem ser carregadas, somente de corrente elétrica, podem continuar, mesmo que
com corrente contínua ou pulsativa unidirecional; não se esteja retirando corrente alguma da bateria.
se houver disponível somente corrente alternada, A reação química, entre o o material ativo
a mema deve ser convertida em pulsativa das placas e o ácido sulfúrico do eletrólito, dá-se
unidirecional, por meio de retificadores. mais ou menos rapidamente, dependendo da
Existem dois processos para carga: carga quantidade de corrente que está sendo utilizada;
em paralelo à tensão constante e carga em série à todavia, quando a bateria está desligada do
corrente constante. A carga em paralelo à tensão circuito, de sorte que não se esteja retirando

6-63
corrente alguma da mesma, as atividades As placas negativas são se óxido de cádmio
químicas continuam, se bem que numa razão e as positivas de óxido de níquel, isoladas por
muito mais baixa. Isto produz o que se conhece placas de nylon e fibra.
por autodescarga. Esta autodescarga dá-se Durante a carga, todo o oxigênio é expulso
vagarosamente em baixas temperaturas; porém, dsa placas negativas só restando o cádmio. O
rapidamente em temperaturas elevadas, por causa oxigênio expulso das placas negativas é recolhido
do fato de todas as reações químicas serem pelas positivas, para formar o bióxido de níquel.
aceleradas pelas altas temperaturas. Até o final do processo de carga, o eletrólito
Uma bateria completa ou parcialmente desprenderá gases devido à eletrólise que tem
carregada, submetida a uma temperatura de 17ºC, lugar no mesmo.
experimenta muito pouco autodescarga, em um Uma pequena quantidade de gases é
período de dois a três meses enquanto que uma necessária para carregar completamente a bateria.
bateria totalmente carregada, submetida a uma Portanto esta perderá algo de água. Durante a
temperatura de 50ºC, pode descarregar-se descarga ocorrerá uma ação química inversa. As
completamente, dentro de uma semana. placas negativas recuperam gradualmente o
oxigênio, na mesma proporção que as positivas o
Remoção da Bateria perdem.
Devido ao intercâmbio de oxigênio, a
Para remover uma bateria do avião, o energia química das placas se converte em
cuidado principal que devemos ter é o de desligar energia elétrica e o eletrólito é absorvido pelas
sempre, em primeiro lugar, o cabo ligado à massa placas.
do avião, pois assim, evitaremos futuros curto- Por esta razão o nível de eletrólito deve ser
circuitos, depois devemos segurar a bateria com verificado com a bateria completamente
cuidado, para evitar que a mesma caia e derrame carregada.
o eletrólito. O estado da carga da bateria será verificado,
portanto, medindo-se o nível do eletrólito, já que
BATERIAS ALCALINAS os outros métodos utilizados em baterias de
chumbo-ácida como: densidade do eletrólito e
As baterias alcalinas foram desenvolvidas tensão entre elementos, não são aplicáveis, pois o
mais recentemente que as de chumbo-ácido. Dois eletrólito não reaciona com as placas, e a tensão,
tipos são usados atualmente: níquel-cádmio e praticamente, permanece constante mesmo com a
prata-zinco, ambos com eletrólito alcalino de bateria descarregada.
hidróxido de potássio (KOH).
Capacidade da Bateria
BATERIA DE NÍQUEL-CÁDMIO Nas baterias de aviões um dado muito
importante é a sua capacidade, é o mesmo que
Em uma bateria de níquel-cádmio o dizer, a quantidade total de energia que pode ser
eletrólito é uma solução de água destilada e fornecida até que a tensão nos bornes caia a um
hidróxido de potássio (KOH – POTASSA valor mínimo aceitável.
CÁUSTICA). Também é possível definir a capacidade
O eletrólito somente é empregado como como a quantidade de horas que pode alimentar
condutor e não reaciona com as placas como um sistema elétrico que consome uma certa
fazem as baterias de chumbo-ácidas. intensidade.
O estado da carga de uma bateria deste tipo A unidade utilizada é o ampère-hora (Ah) e
não é determinado facilmente por uma leitura de a capacidade se expressa em “Ah”, que é o
gravidade específica, já que não havendo reação número resultante da multiplicação da intensidade
de placas com eletrólito, este não se altera de de descarga pelo número de horas que pode ser
modo apreciável. mantida até descarregar-se.

6-64
Por exemplo uma bateria de 100 Ah regimentada depende da temperatura e do regime de descarga.
em 8 horas pode entregar 12,5 A continuamente Em temperaturas muito baixas, a capacidade
durante 8 horas. A capacidade de uma bateria diminui devido à lentidão das reações.

Figura 6-108 Elemento de bateria níquel-cádmio

A capacidade também diminui quando o Falhas da Bateria, Perdas de Tensão


regime de descarga é elevado. A capacidade das
baterias instaladas em avião depende como é Em uma bateria a ddp entre os bornes é
lógico, dos equipamentos que ela terá que igual à fem menos a queda da tensão devido a sua
alimentar em caso de falha do resto das fontes de resistência interna (rI). Então a tensão nos bornes
corrente do avião. Valores aproximados estão da bateria diminui ao aumentar-se a intensidade
entre 25 Ah e 40 Ah. da corrente fornecida por ela.

6-65
Normalmente a resistência interna é – admitem uma tensão de carga superior ao
pequena e a diminuição de tensão só chega a ser normal. São denominadas algumas
importante quando são consumidas grandes vezes de baterias programáveis ou com
intensidades, por exemplo, dar-se a partida dos memória.
motores fazendo-se uso delas. – podem ser carregadas rapidamente.
Vantagens do uso das Baterias NI-CAD – são muito estáveis e possuem longa vida
(aproximadamente 15 anos).
As baterias de níquel-cádmio apresenta
vantagens importantes em relação às de chumbo- – Podem ser substituídos um ou mais
ácido. elementos da bateria original.
Podemos destacar as seguintes vantagens: Desvantagens do uso da Bateria- NI-CAD
– durante o período de descarga mantém – Alto custo. Apesar de seu custo elevado,
uma tensão praticamente constante até quando usada em circunstâncias
em “um instante” antes de esgotar-se; apropriadas, ela pode ser econômica
graças à sua longa vida.
– a relação energia/peso é superior à das
baterias típicas. Ocupam portanto – Requer uma atenção constante com
pequeno volume e são de baixo peso. relação aos incrementos de temperatura.
– não se descarregam a circuito aberto, não – Possibilidade de explosão inter-células.
se estragam por sulfatação de suas – Fuga térmica.
placas. – Curtos.
– não se estragam quando submetidas à Para Carregar Baterias Alcalinas
correntes muito intensas ou por
descarregá-la demasiadamente. Possuem Usa-se o carregador BATERRY MASTER
baixa resistência interna. – CHARGER/ANALYZER mod 2001 D 100 (ou
equivalente).

Figura 6-109 Carregador de baterias

6-66
Para se carregar bateria nova: Se a bateria estiver descarregada, sua
a) 3 horas de carga; resistência será baixa e a corrente de carga alta.
Assim que comece a carregar, sua resistência
b) 1 hora de descanso; interna aumenta e a corrente de carga diminui.
c) 1 hora de descarga (para confirmar se Teoricamente, o fluxo de corrente deveria
entra em carga); cair a zero quando a bateria estivesse totalmente
d) 1 hora de descanso; carregada. Na realidae, descrecerá até um valor
entre 2 e 4 Ampères.
e) 3 horas de carga.
Durante o processo de carga, há geração de
Total para carga: 9 horas calor e sua temperatura começa a subir.
Nesse ponto, outros fatores como a
Para se carregar baterias usadas:
temperatura e a circulação do ar ambientes entram
a) checar se todos os parafusos estão em cena e determinam quanto deverá subir a
apertados; temperatura da bateria.
b) descarga (depende de vários fatores: Curiosamente, uma bateria superaquecida
qual sua carga, e como foram suas não está necessariamente em uma condição de
manutenções anteriores, etc); “fuga térmica”.
c) descanso (1hora) – É para que não haja Em determinadas condições de temperatura,
variação durante a carga; refrigeração e tensão de fonte de carga, o aumento
do calor dentro das células provoca a queda na
d) carga – 3 horas; resistência interna da bateria que, por sua vez,
e) descanso – 1 hora; provoca um aumento na corrente de carga
f) descarga (simular o arranque do avião); gerando mais calor, o qual aumenta a
temperatura.
g) carga – 3 horas;
Este aumento concorre para diminuir ainda
h) descanso – recolocar na aeronave. mais a resistência, provocando um grande
aumento na corrente de carga que origina mais
Monitoramento da Temperatura da Bateria calor ainda.
Uma vez que este ciclo se torne
A bateria de NI-CAD é um dos mais estabilizado, a ocorrência de danos sérios é
eficientes armazenadores de energia elétrica apenas uma questão de tempo, a menos que o
disponíveis atualmente. processo possa ser imediatamente interrompido
Ela é rígida, compacta, provê correntes desligando-se a bateria do circuito.
elevadas na saída apesar de seu pouco peso, Infelizmente, o piloto pode permanecer
carrega-se rapidamente, possui excelentes completamente alheio a esta série de eventos, até
características de funcionamento e baixas que seja muito tarde.
temperaturas e mantém uma tensão relativamente O primeiro passo a evitar a “fuga témica” é
constante na saída. Até descarregar-se o cuidado e a manutenção correta do sistema
completamente. elétrico do avião e a da bateria.
Mas, a despeito desses atributos, está sujeita O regulador de tensão deve ser ajustado
a certos fenômenos indesejáveis que vão desde a com precisão e funcionar corretamente.
deformação ou fusão até a ruptura ou explosão, A bateria deve ser mantida limpa,
tudo isso provocado pelo fenômeno conhecido corretamente instalada e com as tomadas de
como “fuga térmica”. ventilação desobstruídas.
Durante a operação normal de um avião, o Fontes externas de força devem ser usadas
gerador alimenta a bateria com corrente à tensão sempre que o avião for submetido a prolongados
constante. testes operacionais no solo, durante pesquisa de
Dependendo de suas condições de carga, a panes e, quando possivel, para as partidas do
bateria oferece uma certa resistência a essa motor, especialmente se for programada uma
corrente de carga, limitando-a. série de vôos de curta duração.

6-67
Durante as partidas com baterias, tentativas também pode, automaticamente, desligá-lo do
prolongadas devem ser evitadas. Se estas circuito.
tentativas repetidas não puderem ser evitadas, um Porém, independente da configuração,
teste de “toque” deverá ser feito, colocando-se sempre existe um comando manual.
mão na carcaça externa da bateria. A principal desvantagem desse sistema é
Se ela estiver muito quente, (e não for que ele fornece um alerta inicial quando a carcaça
possível manter a mão sobre ela) será necessário da bateria atinge uma temperatura de 150ºC F e
deixar que ela esfrie, antes de tentar-se outra uma bateria NI-CAD pode atingir esta
partida. temperatura por ação de outras causas que não a
Além dessas medidas preventivas, o piloto “fuga térmica”.
pode utilizar as indicações de certos instrumentos Estas incluem temperatura ambiente
como alerta para possíveis problemas com a elevada, estado da carga e uso prolongado da
bateria, incluindo a “fuga térmica”. bateria durante testes no solo e partidas de motor.
Uma diretiva do FAA tornou mandatório Além disso, a bateria pode encontrar-se nos
para todos os aviões equipados com bateria Ni- primeiros estágios da “fuga térmica” e a
CAD, que pudessem ser usadas para partidas de temperatura da carcaça pode não estar elevada o
motor, que incorporassem algum tipo de suficiente para ativar o sistema de alarme.
monitorização de temperatura, bem como alguma De fato, muitas baterias atingiram os
previsão para interromper o carregamento da estágios mais avançados de “fuga-térmica” antes
bateria. que esse sistema de alarme fosse ativado. No
O sistema de alarme e monitoramento de entanto, em todos os casos, o alarme ocorreu a
superaquecimento da bateria não previne a fuga tempo suficiente para evitar danos às aeronaves,
térmica, mas possui a vantagem de ser leve, provocados por fogo ou explosão das baterias.
relativamente barato, e ainda fornecer um aviso Nas aeronaves EMBRAER, a bateria possui
seguro de uma possível condição de “fuga preso aos parafusos das conexões das células, dois
térmica”. Dependendo da configuração escolhida, sensores idênticos e intercambiáveis. Estes
este sistema pode não somente avisar ao piloto sensores permitem a indicação e o alarme de
para interromper o carregamento da bateria, mas sobretemperatura.

Figura 6-110 Bateria NI-CAD

6-68
Os dois sensores enviam sinais a um estará fornecendo a temperatura da bateria. O
monitor de temperatura. Um sensor faz com que teste do sistema é feito pressionando-se o botão
sempre que a temperatura for superior a 150º F “TESTE” e os elementos aquecedores associados
(aproximadamente 65,6º C) este por sua vez, faz a cada sensor são alimentados de modo a simular
acender a luz TEMPERATURA DA BATERIA. um aumento de temperatura, permitindo o teste
O outro sensor é ligado a um sistema de operacional do sistema monitor de temperatura
indicação por instrumento o qual continuamente

Figura 6-111 Circuito e indicador típicos de monitoramento da temperatura

6-69
Fig 6 –112 Vista explodida da bateria Níquel-Cádmio

BATERIAS PRATA-ZINCO de hidróxido de potássio (KOH). Durante a


utilização da bateria como fonte de energia, o
Os elementos ativos das baterias prata-zinco oxigênio é retirado da placa positiva e se combina
sõ o óxido de prata (placa positiva) e o zinco com o zinco. Assim, as placas positivas de óxido
(placa negativa), O eletrólito é uma solução forte de prata vão transformando-se em prata pura,

6-70
enquanto que as placas negativas de zinco vão se 1 - deve ter um tamanho que não prejudique a
oxidando, transformando-se em óxido de zinco. legibilidade do desenho;
Durante o processo de carga, o fenômeno se
2 - os dispositivos devem ser representados na
inverte. O eletrólito age apenas como veículo para
posição normal ou inativada Exceções devem
os íons e não se modifica quimicamente. O estado
ser indicadas através de notas nos desenhos,
de carga da bateria não pode ser determinado pela
informando a posição representada.
medição da densidade do eletrólito; em vez disso,
mede-se a tensão dos elementos em circuito 3 - quando necessário, os símbolos podem ser
aberto. girados (de 90º em 90º) ou representados em
As baterias de prata-zinco são de fácil imagem especular;
manutenção e têm muitas vantagens sobre as de
chumbo-ácido, principalmente: menor peso e
volume; permitem altas correntes de descarga e
não produzem prata-zinco, ao contrário dos outros
tipos, são muito sensíveis ao excesso de tensão
durante a carga. Nunca se deve permitir que a
tensão ultrapasse 2,05v por elemento. São usadas Figura 6-113 Exemplos de símbolos
14 células em série para proporcionar uma tensão
de operação máxima de 25,5v; a tensão média de 4 - quando necessário, para simplificação do
operação sob corrente mais elevada é de 21,0v. diagrama, um símbolo pode ter sua
representação “explodida”, isto é, pode ter
SÍMBOLOS GRÁFICOS PARA seus contatos, terminais etc, representados em
DIAGRAMAS ELÉTRICOS E mais de um lugar em um mesmo diagrama, ou
ELETRÔNICOS em diagramas diferentes. Neste caso, a sigla
do símbolo e demais referências devem ser
Os símbolos gráficos constituem um indicadas em cada uma das partes do símbolo
método simplificado de representação dos e todos os contatos, terminais, etc, devem ser
componentes elétricos e eletrônicos. representados, mesmo aqueles não utilizados;
Tais símbolos gráficos são normatizados de
forma a padronizar e representação dos sistemas 5 - informações adicionais sobre características
elétricos/eletrônicos. A simbologia visa dos componentes podem ser indicados
principalmente informar ao técnico de forma clara (adjacentes) ao símbolo
como estão conectados os componentes nos
circuitos.A simbologia utilizada deve ser Alguns símbolos de componentes
representada de acordo com as seguintes utilizados em sistemas elétricos e eletrônicos são
instruções: representados nas próximas páginas.

6-71
Figura 6-114 Símbolos elétricos I

6-72
Figura 6-115 Símbolos elétricos II

6-73
Figura 6-116 Símbolos elétricos III

6-74
Figura 6-117 Símbolos Elétricos IV

6-75
-

Figura 6-118 Símbolos elétricos V

6-76
Figura 6-119 Símbolos elétricos VI

6-77
Figura 6-120 Símbolos elétricos VII

6-78
Figura 6-121 Símbolos elétricos VIII

6-79
Figura 6-122 Símbolos elétricos IX

6-80
Figura 6-123 Símbolos elétricos X

6-81
CAPÍTULO 7

SISTEMAS ELÉTRICOS DE PARTIDA E DE IGNIÇÃO DOS MOTORES

SISTEMAS ELÉTRICOS DE PARTIDA SISTEMAS DE PARTIDA DE MOTORES


CONVENCIONAIS
A maioria dos motores de aeronaves é
acionada por um dispositivo chamado motor de Desde o início do desenvolvimento de
partida (starter), ou arranque. motores convencionais ou alternativos de
O arranque é um mecanismo capaz de aeronaves (do sistema de partida mais antigo até o
desenvolver uma grande quantidade de energia presente), inúmeros sistemas foram desenvol-
mecânica que pode ser aplicada a um motor, vidos. Os mais comuns são:
causando sua rotação.
1) Cartucho. (Não usado comumente).
Nos estágios anteriores de desenvolvimento
de aeronaves, os motores de baixa potência eram 2) Manual de Inércia. (Não usado
acionados pela rotação da hélice através de comumente).
rotação manual.
3) Elétrico de Inércia. (Não usado
Algumas dificuldades foram freqüente-
comumente).
mente experimentadas na partida, quando as
temperaturas do óleo estavam próximas ao ponto 4) Inércia Combinado. (Não usado
de congelamento. comumente).
Em adição, os sistemas de magnetos
5) Elétrico de Engrazamento Direto.
forneciam uma centelha fraca na partida, e em
velocidades de acionamento muito baixas. Isto foi A maioria dos arranques de motores
muitas vezes compensado providenciando-se uma convencionais é do tipo elétrico de engrazamento
centelha quente, usando dispositivos de ignição direto.
como bobina de reforço, vibrador de indução ou Alguns dos poucos modelos mais antigos de
acoplamento de impulso. aeronaves estão ainda equipados com um dos
Algumas aeronaves de baixa potência, que tipos de acionados de inércia, sendo em ocasiões
usam acionamento manual da hélice para a muito raras, podem ser encontrados arranques de
partida, ainda estão sendo operadas. Para acionamento manual, inércia manual ou de
instruções gerais sobre a partida desse tipo de cartucho. Então, somente uma breve descrição de
aeronave, consulta-se o Capítulo 11 do volume cada um desses sistemas de partida estará incluída
Matérias Básicas. nesta seção.

Figura 7-1 Motor de partida de inércia, combinado manual e elétrico.

7-1
Motores de Partida de Inércia No arranque de inércia, a potência é
armazenada vagarosamente durante o processo de
Existem três tipos gerais: energização pelo giro manual ou elétrico,
utilizando-se um pequeno motor. O volante e as
1) Manual de inércia;
engrenagens móveis de uma arranque de inércia,
2) Elétrico de inércia; combinado manual e elétrico, são mostrados na
3) De inércia, combinado manual e figura 7-1. O circuito elétrico para um arranque
elétrico. de inércia elétrica é mostrado na figura 7-2.
Durante a energização do motor de partida,
A operação de todos os tipos de arranques todas as partes internas se movem, incluindo o
de inércia, depende da energia cinética volante, formando um conjunto em movimento.
armazenada em um volante de rotação rápida em Assim que o arranque tiver sido
condições de giro. (Energia cinética é a força completamente energizado, ele é acoplado ao eixo
processada por um corpo pela eficiência do seu de manivelas do motor por um cabo, acionado
estado de movimento, que pode ser movido ao manualmente, ou por um solenidade de
longo de uma linha ou pela ação de rotação). acoplamento que é eletricamente energizado.

Figura 7-2 Circuito de partida

Quando o arranque é acoplado ou Motor de Partida Elétrico de Engrazamento


engrazado, a energia do volante é transferida para Direto
o motor através de um conjunto de engrenagens
de redução e embreagem de liberação de O sistema de partida largamente utilizado
sobrecarga de torque. (ver figura 7-3). em todos os tipos de motores alternativos, é o
arranque elétrico de acionamento direto.
Esse tipo de arranque provê acionamento
instantâneo e contínuo quando energizado,
consistindo, basicamente, em um motor elétrico,
engrenagens de redução e um mecanismo de
acomplamento e desacoplamento, que são
operados através de uma embreagem ajustável de
alívio de sobrecarga de torque.
Um circuito típico para um arranque
elétrico de acionamento direto é mostrado na
figura 7-4.
O motor é acionado diretamente quando o
Figura 7-3 Embreagem de alívio da sobrecarga solenóide do arranque é fechado.

7-2
Desde que não haja nenhum volante sendo em série, que desenvolve elevado torque na
usado, não há armazenamento preliminar de partida.
energia, como no caso de um arranque de inércia. O torque do motor é transmitido através de
Conforme mostrado na figura 7-4, os cabos engrenagens de redução para a embreagem de
condutores principais do arranque para a bateria, alívio de sobrecarga.
são para os serviços pesados, para conduzir o Tipicamente, essa ação faz atuar um eixo
fluxo que pode ser tão alto como 350 ampères, estriado helicoidal, movendo a castanha do motor
dependendo do torque requerido na partida. de arranque para fora, acoplando-a à castanha de
O uso de solenóides e cablagens grossas acionamento do motor de aeronave, antes que a
com chaves de controle remoto, reduzem, acima castanha do arranque comece a girar.
de tudo, o peso do cabo e a queda total de Assim que o motor da aeronave alcança
voltagem no circuito. Um motor de arranque uma velocidade pré-determinada, o motor de
típico é um motor de 12 ou 24 volts, enrolamento arranque desacopla automaticamente.

Figura 7-4 Típico circuito, usando um motor de partida elétrico de engrazamento direto

Figura 7-5 Esquema de partida do motor de uma aeronave leve bimotora

7-3
O esquema da figura 7-5 provê um arranjo
pictorial de um sistema de partida completo para
uma aeronave leve de dois motores.

SISTEMA DE PARTIDA USANDO MOTOR


DE INÉRCIA COMBINADO

O assunto seguinte cobre um tipo de sistema


utilizado em grandes aeronaves bimotoras. Esse
sistema inclui para cada motor, um arranque de
inércia combinado, uma bobina de reforço, uma
chave de polo simples, duplo acionamento na
cabine, cablagens e solenóides conforme
necessário. O arranque de inércia combinado é
mostrado na figura 7-6.

Figura 7-7 Controles de partida

SISTEMA DE PARTIDA ELÉTRICO DE


ENGRAZAMENTO DIRETO PARA
GRANDES MOTORES CONVENCIONAIS

Para um sistema de partida típico para


motor alternativo de alta potência, o arranque
elétrico de acionamento direto consiste em dois
componentes básicos: um conjunto motor e uma
seção de engrenagens. A seção de engrenagens é
aparafusada no terminal do eixo de acionamento
do motor para formar uma unidade completa.
O motor consiste de um induzido e um
Figura 7-6 Motor de partida de inércia combinado conjunto pinhão, o conjunto do sino traseiro e o
conjunto do alojamento do motor. O alojamento
Controles externos de partida manual, do motor também age como cabeçote magnético
incorporando uma manivela para acionamento do para o campo da estrutura.
arranque e cabo de controle para a partida, são O motor de arranque é irreversível,
providos para a partida do motor, manualmente interpolado em série. Sua velocidade varia
(figura 7-7) diretamente com a voltagem aplicada, e
Duas chaves de partida estão localizadas no inversamente com a carga.
painel elétrico da cabine. Comandando a chave A seção de engrenagens do motor de
“para cima” opera-se o arranque. A mesma chave, arranque, mostrada na figura 7-8, consiste de um
comandada “para baixo” opera o solenóide de alojamento com flange de montagem,
acoplamento de arranque e a bobina ativadora de engrenagem planetária de redução, um conjunto
ignição. de engrenagens sol e integral, uma embreagem
A posição “off” da chave está entre aquelas limitadora de torque, e um conjunto de castanha e
duas posições. A bobina de reforço operada pela cone.
bateria, montada em um alojamento blindado, está Quando o circuito do motor é fechado, o
instalada no suporte de cada motor. Conduítes torque desenvolvido no motor do arranque é
flexíveis protegem os condutores da bobina para transmitido para a castanha através do trem de
os magnetos de cada motor. engrenagens de redução e embreagem.

7-4
O trem de engrenagens do arranque
converte a alta velocidade e baixo torque do
motor em baixa velocidade e alto torque.
Na seção de engrenagens, o pinhão do
motor acopla a engrenagem na árvore de
transmissão intermediária (consultar a figura 7-8).
O pinhão da árvore intermediária acopla a
engrenagem interna, esta fica sendo uma parte
integral do conjunto da engrenagem sol, e é
rigidamente fixada ao eixo da engrenagem. A
engrenagem sol aciona três engrenagens planetas,
que são do conjunto planetário.
Os eixos individuais das engrenagens
planetas são suportados por um braço de apoio do
planetário, uma parte semelhante a um cilindro
mostrado na figura 7-8. O braço de apoio
transmite o torque das engrenagens planetas para Figura 7-8 Seção de engrenagens do motor de
a castanha do arranque como segue: partida

1) A porção cilíndrica do braço de apoio é Uma mola de retorno está instalada sobre a
estriada longitudinal ao redor da extensão do eixo da engrenagem sol, entre o
superfície interna. anteparo formado pelas estrias ao redor da parede
2) As ranhuras são cortadas sobre a interna da porca de passeio e uma porca de
superfície exterior da parte cilíndrica da retenção do batente sobre a ponta do eixo.
castanha do arranque. Por causa das superfícies cônicas da
embreagem, a porca de passeio e a castanha do
3) A castanha desliza para frente e para
arranque são acopladas pela pressão da mola da
trás, dentro do braço de apoio, para
castanha, e as duas partes tendem a girar na
acoplar e desacoplar com o motor.
mesma velocidade. Entretanto, a extensão do eixo
As três engrenagens planetárias também da engrenagem sol gira seis vezes mais rápida do
acoplam os dentes internos circundantes nos seis que a castanha.
discos de embreagem (figura 7-8). As estrias espirais sobre ela são cortadas à
Esses discos são intercalados com os de esquerda, e a extensão do eixo da engrenagem sol,
bronze, que são estriados externamente, evitando- girando para a direita em relação a castanha, força
os de girar. A pressão correta é mantida sobre o a porca e a castanha para fora do arranque no seu
pacote da embreagem por um conjunto de mola passeio total (cerca de 5/16” ), em aproxi-
de retenção da embreagem. madamente 12 graus da rotação da castanha.
Uma porca de passeio cilíndrica dentro da A castanha move-se para fora até ser parada
castanha do arranque estende e retrai a castanha. pelo acoplamento com o motor, ou pela porca de
Estrias espirais da castanha de acoplamento ao retenção do seu batente.
redor da parede interna da porca casam com as O passeio da porca continua a mover-se
estrias similares, cotadas sobre a extensão do eixo lentamente além do limite do curso da castanha;
da engrenagem sol (figura 7-8). sendo o suficiente para aliviar a pressão da mola
A rotação do eixo força a porca para fora e sobre as superfícies cônicas da embreagem
esta faz o apoio com a castanha. A mola, ao redor helicoidal.
da porca de passeio, apoia com a porca, e tende a Enquanto o arranque continua a girar, há
manter a superfície da embreagem helicoidal ao uma pressão suficiente sobre as superfícies
redor da parede interna da cabeça da castanha, cônicas da embreagem para prover torque sobre
assentada contra uma superfície similar ao redor as estrias espirais, que pesam mais do que a
do lado inferior da cabeça da porca. pressão da mola da castanha.

7-5
Se o motor falhar na partida, a castanha do Quando a castanha do arranque acopla a
arranque não se retrairá, desde que o mecanismo castanha do motor, o induzido do motor precisa
do arranque não produza força de retração. ter um tempo para alcançar uma velocidade
Entretanto, quando o motor inflama e considerável por causa do seu alto torque na
ultrapassa a velocidade do arranque, as rampas partida.
inclinadas dos dentes da castanha forçam a O repentino acoplamento da castanha do
castanha do arranque para dentro, contra a pressão arranque em movimento com o motor parado
de mola. Assim, desacopla inteiramente as poderia desenvolver forças suficientemente altas
superfícies cônicas da embreagem, e a pressão da para danificar severamente o motor ou o
castanha força a porca de passeio a deslizar ao arrranque, não o fazendo de certo modo sobre os
longo das estrias espirais, até que as superfícies discos da embreagem, os quais deslizam quando o
cônicas da embreagem estejam novamente em torque do motor excede o torque de deslizamento
contato. da embreagem. Em ação normal de acionamento,
Com ambos, motor e arranque girando, os discos internos da embreagem (aço) s ão manti-
haverá uma força de acoplamento mantendo as dos parados pela fricção dos discos de bronze,
castanhas em contato, que continuarão até que o com os quais estão intercalados.
arranque seja desenergizado. Entretanto, o rápido Quando o torque imposto pelo motor
movimento dos dentes da castanha do motor, excede ao do engate, o conjunto da embreagem e
encontrarão o movimento vagaroso dos dentes da os discos internos da embreagem giram contra a
castanha do arranque, segurando o fricção da embreagem, permitindo que as
desacoplamento desta. engrenagens planetas girem enquanto o braço de
Tão logo o arranque comece a repousar, a apoio da planetária e a castanha permanecem
força de acoplamento é removida, e a pequena parados. Quando o motor da aeronave sobe para a
mola de retorno jogará a castanha do arranque velocidade na qual o arranque está tentando
para dentro da posição totalmente retraída, onde acioná-lo, o torque cai para um valor menor que o
permanecerá até a próxima partida. assentado para a embreagem.

Figura 7-9 Circuito de controle de partida

7-6
Os discos de embreagem da engrenagem Os sistemas de partida acoplados
interna permanecem parados, e a castanha gira a manualmente em pequenas aeronaves empregam
uma velocidade na qual o motor está tentando um pinhão de acionamento de embreagem para
acioná-los. transmitir potência de um motor de partida
As chaves de controle do arranque são elétrico para uma engrenagem de acionamento de
mostradas esquematicamente na firua 7-9. partida do eixo de manivelas (Ver a figura. 7.10).
A chave seletora do motor deve ser
posicionada, e ambas as chaves do arranque e de
segurança (ligadas em série) devem ser fechadas
antes da energização do arranque.
A corrente é suprida para o circuito de
controle do arranque de um interruptor,
estampado “Starter, Primer e Induction
Vibrator”(figura 7-9). Quando a chave seletora
está posicionada para a partida do motor,
fechando as chaves do arranque e de segurança,
ela energiza o relé do arranque localizado na
caixa de junção da parede de fogo. Energizando o
relé do arranque, completa-se o circuito de
potência para o motor de partida. A corrente
necessária para essa carga pesada está sendo
tomada diretamente do barramento principal
através dos cabos do arranque.
Após a energização do arranque por um Figura 7-10 Hastes de controle do motor de
minuto, deverá ser permitido pelo menos um partida e ajustes
minuto para resfriamento. Após um segundo, ou
subsequente período de acionamento de 1 minuto, Um botão ou punho no painel de
deverá resfriar por 5 minutos. instrumentos está conectado por um controle
flexível a uma alavanca no motor de partida. Esta
SISTEMA DE PARTIDA ELÉTRICO DE alavanca eleva o pinhão de acionamento do motor
ENGRAZAMENTO DIRETO PARA de partida para a posição acoplada, e fecha os
PEQUENAS AERONAVES contatos da chave do motor de partida quando o
botão do motor de partida ou o punho é
A maioria das pequenas aeronaves de motor empurrado.
alternativo emprega sistema de partida elétrico de A alavanca do motor de partida está presa
acionamento direto. Alguns desses sistemas são na mola que retorna a alavanca e o controle
automaticamente acoplados aos sistemas de flexível para a posição OFF. Quando o motor dá
partida, enquanto outros o são manualmente. a partida, a ação da embreagem protege o pinhão
Os sistemas de partida acoplados de acionamento do motor de partida até que a
automaticamente, empregam um motor de alavanca de mudança possa estar livre para
arranque elétrico montado sobre um adaptador do desacoplar o pinhão.
motor. Um solenóide de partida é ativado, ou por Conforme mostrado na figura 7-10, para
um botão de empurrar, ou por uma chave de uma unidade típica, há um comprimento
ignição no painel de instrumento. específico de curso para a engrenagem pinhão do
Quando o solenóide é ativado, seus contatos motor de partida.
fecham, e a energia elétrica energiza o motor de É importante que a alavanca do motor de
partida. A rotação inicial do motor elétrico acopla partida mova a engrenagem pinhão a uma
o motor de partida através de uma embreagem no distância apropriada, antes que o estojo da
adaptador, que incorpora engrenagens espirais alavanca ajustável faça contato com a chave do
(sem fim) de redução. arranque.

7-7
PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DO desgastadas aproximadamente na metade do seus
SISTEMA DE PARTIDA comprimentos originais. A tensão da mola da
escova deve ser o suficiente para que elas tenham
A maioria das práticas de manutenção do um bom e firme contato com o comutador. Os
sistema de partida incluem substituição das molas guias das escovas não devem estar quebrados, e
e das escovas, limpeza de acúmulos dos os parafusos do terminal bem apertados.
comutadores e torneamento das partes queimadas Sujeira ou espelhamento dos comutadores
ou arrendondamento dos comutadores do motor do motor de partida podem ser limpos segurando
de partida. uma tira de lixa “00”, ou uma pedra de
Como regra, as escovas do motor de assentamento da escova contra o comutador
partida devem ser substituídas quando enquanto ele é girado.

PROBLEMAS ISOLANDO O PROBLEMA AÇÃO CORRETIVA

ARRANQUE NÃO OPERA:

Defeito da chave Verificar o circuito. Reparar o circuito


principal ou do circuito.
Defeito na chave do Verificar a continuidade da chave e do Substituir a chave ou os fios.
arranque ou no circuito. circuito.
A alavanca do arranque Verificar o ajuste da alavanca do arranque. Ajustar a alavanca de acordo
não atua a chave. com as instruções do
fabricante
Arranque defeituoso. Verificar os itens anteriores, se não houver Remover e reparar ou
outra causa, o defeito é do arranque. susbstituir o arranque
O ARRANQUE GIRA MAS NÃO ENGRAZA NO MOTOR:
Alavanca do arranque Verificar a ajustagem da alavanca do Ajustar a alavanca de acordo
ajustada para ativar arranque. com as instruções do
chave sem engrazar o fabricante.
pinhão na engrenagem
Defeito na embreagem Remover o arranque e testar a embreagem e Substituir a parte defeituosa.
ou na engrenagem de a engrenagem.
acionamento
Engrenagem pinhão ou Remover e testar o pinhão e a engrenagem Substituir a parte defeituosa.
de acionamento com de acionamento.
defeito.
ARRANQUE SEM FORÇA PARA GIRAR:
Bateria fraca. Testar a bateria. Recarregar a bateria ou
substituí-la
Contatos do relé ou da Testar os contatos. Substituir por unidades
chave queimados ou perfeitas.
sujos.

7-8
Arranque defeituoso. Verificar as escovas e a tensão das suas Reparar ou substituir o
molas e fixação. arranque.
Comutadores sujos ou Limpar e verificar visualmente. Tornear o comutador.
gastos
ARRANQUE EXCESSIVAMENTE BARULHENTO:
Pinhão gasto Remover e examinar o pinhão. Substituir o acionamento do
arranque.
Engrenagens gastas ou Remover o arranque e girar o seu motor Substituir as partes
com dentes quebrados. com a mão para examinar o eixo das danificadas.
engrenagens.

Tabela 1 Procedimentos para pesquisa de problemas no sistema de partida de pequenas aeronaves

A lixa ou a pedra devem ser movidas para Uma vez que o combustível tenha sido
frente e para trás para evitar desgaste da ranhura. introduzido, e o motor tenha partido, o motor de
Lixa de esmeril ou “carborundum”nunca devem partida deva continuar acionando o motor para
ser usadas para este propósito, por causa de sua chegar a uma velocidade acima da velocidade de
possível ação de curto circuito. auto aceleração.
Rugosidade, fora de arrendondamento, ou O torque suprido pelo motor de partida deve
condições de “alta mica”, são razões para tornear estar acima do que é requerido, a fim de superar a
o comutador. inércia do compressor e as cargas de fricção do
No caso de condição de “alta mica”, ela motor.
deve ser cortada assim que a operação de Os tipos básicos de motores de partida, que
torneamento esteja cumprida. foram desenvolvidos para uso nos motores de
Consulta-se, o Livro Matérias Básicas, turbina a gás, são motores elétricos C.C., turbina
para uma revisão de comutadores de “alta mica” de ar e combustão. Um sistema de partida de
nos motores. impacto é algumas vezes usado em motores
pequenos. Uma partida desse tipo consiste de
Pesquisa de panes nos sistemas de partida em jatos de ar comprimido, dirigidos para dentro do
pequenas aeronaves compressor ou da carcaça da turbina, de modo
que a rajada do jato de ar seja direcionada para
Os procedimentos de pesquisa de panes dentro do compressor ou das palhetas do rotor da
listados na tabela 1 são típicos daqueles usados turbina, causando sua rotação.
para isolar mal funcionamento em sistemas de O gráfico na figura 7-11 ilustra uma
partida de pequenas aeronaves. seqüência típica de partida para um motor de
turbina a gás, a despeito do tipo de motor
SISTEMAS DE PARTIDA DOS MOTORES empregado.Tão logo o arranque tenha acelerado o
DE TURBINA A GÁS compressor suficientemente para estabelecer o
fluxo de ar através do motor, a ignição é ligada, e
Motores de turbina a gás são acionados pela depois o combustível.
rotação do compressor. Nos motores com dois A seqüência exata do procedimento de
estágios axiais do compressor, apenas o partida é importante, desde que haja fluxo de ar
compressor de alta pressão é girado pelo motor de suficiente através do motor para suportar a
partida. Para acionar um motor de turbina a gás, é combustão, antes que a mistura ar/combustível
necessário acelerar o compressor provendo ar seja inflamada.
suficiente para suportar a combustão nos A baixas velocidades do eixo do motor, a
queimadores. razão do fluxo de combustível não é suficiente

7-9
para possibilitar a aceleração do motor e, por essa sustentar a rotação ou para acelerar durante a fase
razão, o motor de partida continua a girar até que inicial do ciclo de partida.
a velocidade de auto aceleração tenha sido O motor de partida deve continuar a auxiliar
conseguida. o motor, consideravelmente acima da velocidade
Se a assistência do motor de partida for de auto aceleração, para evitar um retardo no ciclo
cortada abaixo da velocidade de auto aceleração, de partida, que poderia resultar em uma partida
o motor falha para acelerar até a velocidade de quente ou falsa, ou uma combinação de ambas.
marcha lenta, ou pode ainda ser desacelerado, Em pontos apropriados na seqüência, o
porque não pode produzir energia suficiente para motor de partida, e geralmente a ignição, serão
desligados automaticamente.

Figura 7-11 Típica sequência de partida de motor a turbina

Sistemas elétricos de partida acionamento, enquanto o motor de partida de


acionamento direto deve empregar alguns meios
Os sistemas elétricos de partida são de dois de desacoplamento do eixo após o acionamento
tipos, em geral: (1) Sistemas elétricos de do motor da aeronave.
acionamento direto; e (2) Sistemas de arranque-
gerador. Motores de partida de acionamento direto nos
Os sistemas elétricos de partida de motores de tubina a gás
acionamento direto são similares aqueles usados
nos motores alternativos. O sistema de motor de Em alguns arranques de acionamento direto,
partida arranque- gerador são similares aos usados nos motores de turbina a gás, nenhuma
sistemas elétricos de acionamento direto. embreagem de alívio de sobrecarga ou
Eletricamente, os dois sistemas podem ser mecanismo de engrenagem de redução são
idênticos, mas o motor de “arranque-gerador” é usados. Isto acontece por causa dos requeri-
permanentemente acoplado com o eixo do motor mentos de baixo torque e de alta velocidade para
através de necessárias engrenagens de a partida dos motores de turbina a gás.

7-10
Um mecanismo de redução de voltagem é da bobina do relé de retardo com os contatos
utilizado, principalmente nos sistemas de partida fechados do relé de aceleração.
para evitar danos no conjunto de acoplamento. O fechamento do relé de retardo completa
A figura 7-12 mostra o circuito de controle um circuito para a bobina do relé do motor (fig. 7-
de redução de voltagem. O mecanismo é montado 12). Com o relé do motor energizado, um circuito
em alojamento à prova de explosão, que contém 5 completo existe através desse relé e a bobina do
relés e uma resistência de 0,042 ohm. Quando a relé em série para o motor de partida, desviando o
chave da bateria é fechada, a mola do relé de resistor de 0,042ohm.
retardo é energizada. O aterramento do circuito Quando a corrente de 200 anpères ou mais
para a mola deste relé é completada através do flui para o motor de partida, a bobina do relé em
motor de partida. série é energizada suficientemente para fechar os
Quando a chave do motor de partida é seus contatos. A chave do motor de partida pode
movida para a posição partida, um circuito é então estar liberada para retornar para sua posição
completado para a mola de aceleração. O normal “off”, porque o circuito do motor de
fechamento dos contatos do relé completam um partida está completo através do relé de parada, e
circuito da barra, através dos contatos fechados, o o relé em série contacta a mola do relé do motor.
resistor de 0,042 ohm, da bobina do relé em série, Conforme o motor de partida aumenta a
e finalmente através do motor de partida para o rotação, uma força eletromotiva contrária se
aterramento. Desde que o resistor de 0,042 ohm desenvolve o suficiente para permitir ao relé em
cause uma queda na voltagem, a baixa voltagem é série abrir-se e interromper o circuito para o relé
aplicada ao motor de partida, evitando danos de do motor.
torque elevado. O relé de retardo volta para sua Entretanto, o período de partida é
posição normal (fechado), desde que nenhuma controlado automaticamente pela velocidade do
diferença de pontencial exista entre os terminais motor de arranque.

Figura 7-12 Figura Circuito de controle de redução de voltagem para sistema de partida de engrazamento
direto para motor de turbina a gás

7-11
SISTEMA DE PARTIDA ARRANQUE- A unidade é similar ao arranque de
GERADOR acionamento direto, uma vez que todos os
enrolamentos usados durante a partida estão em
Muitos dos aviões de turbina a gás são série com a fonte. Enquanto agindo como
equipados com sistemas de arranque-gerador. arranque, a unidade faz uso prático de sua
Esses sistemas de partida usam uma combinação derivação de campo. Uma fonte de 24 volts e
de arranque-gerador que opera como um motor de 15500 ampères é geralmente requerida para a
arranque para acionar o motor durante a partida; e partida.
após o motor ter alcançado a velocidade de auto-
sustentação, opera como um gerador para suprir a
potência do sistema elétrico.

Figura 7-13 Típico “Arranque-gerador”


Figura 7-14 Circuito interno do arranque-gerador

A unidade arranque-gerador, mostrada na Quando operando como gerador, os


figura 7-13, é basicamente uma derivação do enrolamentos de derivação, compensação e
gerador com uma quantidade adicional de comunicação são usados. O campo “C” é usado
enrolamentos em série. Este enrolamento em série somente para propósitos de partida. O campo de
está eletricamente conectado para produzir um derivação é conectado no circuito de controle de
forte campo, resultando num alto torque para a voltagem convencional para o gerador.
partida. Enrolamentos de compensação e comutação
As unidades arranque-gerador são (interpolos) suprem a comutação quase sem
desejáveis por um ponto de vista econômico, uma centelha, de nenhuma carga para carga total.
vez que executa as funções de ambos, arranque e A figura 7-15 ilustra o circuito externo de
gerador. Adicionalmente, o peso total dos um arranque-gerador com um controlador de
componentes do sistema de partida é reduzido, e baixa corrente. Essa unidade controla o arranque-
poucas peças de reposição são requeridas. gerador quanto este é usado. Seu propósito é
O circuito interno de um arranque-gerador assegurar ação positiva de arranque, e mantê-lo
mostrado na figura 7-14 tem 4 enrolamentos de operando até que o motor esteja girando rápido o
campo: (1) Campos em série (campo “C”); (2) suficiente para sustentar a combustão. O bloco de
Uma derivação do campo; (3) Um campo de controle do controlador de baixa corrente contém
compensação; e (4) Um enrolamento de dois relés, um é o relé do motor, que controla a
interpolação ou comunicação. Durante a partida, entrada para o arranque; o outro é o relé de baixa
os enrolamentos em série (“C “), de compensação corrente, que controla a operação do relé do
e comunicação, são usados. motor.

7-12
A sequência de operação para o sistema de circuito da barra da aeronave para a chave de
partida mostrado na figura 7-15 é discutido nos partida, para as válvulas de combustível e para o
parágrafos seguintes. relé, as bombas de combustível são acionadas, e
Para dar partida num motor equipado com completando o circuito da válvula de
um relé de baixa corrente, primeiro é necessário combustível, dá a pressão necessária para a
desligar a chave mestra do motor. Isto completa o partida do motor.

Figura 7-15 Circuito de motor de arranque-gerador

Conforme a chave da bateria e de partida Conforme a velocidade do motor se


são ligadas, três relés fecham. Eles são o relé do desenvolve, o dreno de corrente começa a
motor, o da ignição e o de corte da bateria. O relé diminuir, e ao atingir menos de 200 ampères o
do motor fecha o circuito da fonte de potência relé de baixa corrente abre. Isto abre o circuito da
para o motor de arranque; o relé de ignição fecha barra positiva para as bobinas dos relés do motor,
o circuito da unidade de ignição; e o de corte da ignição e corte da bateria. A desenergização das
bateria, desconecta a bateria. A abertura do bobinas dos relés faz parar a operação de partida.
circuito da bateria é necessária porque o pesado Depois que os procedimetnos descritos
dreno de energia do motor de arranque danificaria estiverem completos, o motor está operando
a bateria. eficientemente, e a ignição auto sustentada. Se o
O fechamento do relé do motor permite que motor falhar para atingir a velocidade suficiente,
uma corrente muito alta flua para o motor. Desde interrompendo a operação de partida, a chave de
que essa corrente flua através da bobina do relé de parada pode ser usada para abrir o circuito da
baixa corrente, ele fecha. barra positiva para os contatos principais do relé
O fechamento do relé de baixa corrente de baixa corrente.
completa um circuito da barra positiva para a Numa instalação típica de aeronave, um
bobina do relé do motor de partida, bobina do relé arranque-gerador é montado na caixa de
de ignição e bobina do relé de corte da bateria, A acessórios do motor. Durante a partida, a unidade
chave de partida está liberada para retornar a sua do arranque-gerador funciona como um motor de
posição normal “desligada”, e todas as unidades partida C.C. até que o motor tenha chegado a uma
continuem a operar. velocidade pré-determinada de auto-sustentação.

7-13
Aviões equipados com duas baterias de 24 volts “START”, completa o circuito para o arranque-
podem suprir a carga elétrica requerida para a gerador do motor selecionado para a partida, e
partida pela operação das baterias instaladas em causa a rotação do motor. O painel de partida do
série. motor mostrado, também inclui uma chave de
A descrição seguinte do procedimento de bateria.
partida usado num avião turbojato de 4 motores, Quando um motor de partida é selecionado
equipado com uma unidade de arranque-gerador, com a chave seletora, e a chave de partida é
é típico da maioria dos sistemas de partida de mantida na posição “START”, o relé de partida
arranque-gerador. correspondente ao motor selecionado é
A potência de partida, que só deve ser energizado, e conecta aquele arranque-gerador do
aplicada a um arranque-gerador por vez, está motor à barra de partida. Quando a chave de
conectada a um terminal de seleção do arranque- partida é colocada na posição “START”, um relé
gerador através de um relé de partida de travamento de partida é também energizado.
correspondente. A partida do motor é controlada Uma vez energizado, o relé provê seu próprio
por um painel. circuito de atuação e permanece energizado,
Um painel de partida típico (figura 7-16) provendo circuitos fechados para as funções de
contém as seguintes chaves: chave seletora do partida.
motor, seletora de potência, de partida em vôo e Durante a partida no solo, o relé de alívio
uma chave de partida. temporário de sobrevoltagem para cada arranque-
gerador selecionado, é energizado através de
circuitos de controle de partida.
Quando o relé está energizado, a proteção
de sobrevoltagem para o arranque-gerador
selecionado é suspensa. Um caminho alternativo
do regulador de voltagem para o arranque-gerador
selecionado é também provido para remover
controle e resistência indesejáveis do campo de
derivação de partida.
Em algumas aeronaves, uma chave de
bateria está instalada no compartimento do
receptáculo da fonte externa. Quando a porta é
fechada, ativando a chave, os circuitos de controle
de partida no solo funcionam somente para
partida com a bateria. Quando a porta é aberta,
Figura 7-16 Painel de partida do motor somente partidas com a fonte externa podem ser
efetuadas.
A chave seletora do motor mostrada na Um relé em série para a bateria é também
figura 7-16 tem cinco posições (“1”, “2”, “3”, “4” uma unidade necessária no sistema de partida.
e “OFF”), e é girada para a posição Quando energizado, o relé da bateria conecta duas
correspondente ao motor a ser acionado. baterias de 24 volts em série para o barramento
A chave seletora de energia é usada para de partida, provendo uma voltagem inicial de 48
selecionar o circuito elétrico aplicável da fonte de volts.
externa (unidade auxiliar de energia ou bateria) A grande queda de voltagem, que ocorre na
que está sendo usada. A chave de partida em vôo, entrega da corrente necessária para a partida,
quando colocada na posição “NORMAL”, arma o reduz a voltagem em aproximadamente 20 volts.
circuito de partida no solo. A voltagem aumenta gradualmente, à medida em
Quando colocada na posição “AIR- que a corrente de partida diminui com a
START”, os ignitores podem ser energizados aceleração do motor e a voltagem no barramento
independentemente da chave de ignição da do arranque. Eventualmente, se aproxima do seu
manete. A chave de partida, quando na posição máximo original de 48 volts.

7-14
PROBLEMAS ISOLANDO O PROBLEMA AÇÃO CORRETIVA
O MOTOR DA AERONAVE NÃO GIRA DURANTE A TENTATIVA DE PARTIDA
Baixo suprimento de voltagem Verificar a voltagem da bateria ou da Ajustar a voltagem da fonte
para o arranque. fonte externa. externa ou das baterias.
Chave de força defeituosa. Verificar a continuidade do Substituir a chave.
interruptor.
Interruptor do quadrante da Verificar a continuidade do Substituir o interruptor.
manete. interruptor.
Relé de travamento (lockout) Verificar a posição da chave de Colocar a chave na posiçãp
energizado. controle do gerador. “OFF”.
Relé em série da bateria está Com o circuito de partida energizado, Substituir o relé se não
defeituoso. verificar se através da bobina do relé houver voltagem.
em série da bateria, acusa 48 V.C.C.
O relé de partida está Com o circuito de partida energizado, Substituir o relé se não
defeituoso. verificar se através da bobina do relé houver voltagem.
de partida, cruzam 48 V.C.C.
Defeito no motor de arranque. Com o circuito de partida energizado, Se houver voltagem,
verificar se a voltagem adequada substituir o arraque.
chega ao arranque.
Defeito no relé de travamento Com o circuito de partida energizado, Substituir o motor da
ligado (lock-in). verificar se através da bobina do relé aeronave.
cruzam 28 V.C.C.
Eixo de acionamento do Ouvir som do arranque durante a Substituir o motor da
arranque de um componente da tentativa de partida. Se o arranque gira aeronave.
caixa de engrenagens está e o motor da aeronave não, o eixo está
cisalhado. cisalhado.
O MOTOR DA AERONAVE DÁ PARTIDA, MAS NÃO ACELERA PARA A MARCHA LENTA
Arranque com voltagem Testar a voltagem terminal do Utilizar uma fonte externa de
insuficiente. arranque. maior potência, ou aumentar a
carga da bateria.
O MOTOR DA AERONAVE FALHA NA PARTIDA QUANDO A MANETE É COLOCADA EM
MARCHA LENTA (IDLE)
Sistema de ignição com defeito. Ligar o sistema e ouvir se os Limpar ou substituir os
acendedores estão operando. acendedores, ou substituir os
excitadores ou a fiação para
os acendedores.

Tabela 2 Procedimentos para pesquisa de problemas no sistema de partida “Arranque-gerador”

Algumas aeronaves multimotoras equipadas passa através de um relé de partida em paralelo.


com arranque-geradores incluem um relé de Após a partida dos dois primeiros motores, o
partida em paralelo no seu sistema de partida. requerimento de potência, necessário para a
Após a partida dos dois primeiros motores de uma partida, conecta as duas baterias em série. Assim
aeronave quadrimotora o fluxo de corrente que o geradores de dois ou mais motores estejam
necessário para a partida dos outros dois motores provendo energia, a energia combinada das duas

7-15
baterias em série não é mais necessária. Quando o as diretivas aprovadas de manutenção de vem
relé de partida em paralelo é energizado, o sempre ser consultadas para a aeronave
circuito da bateria é trocado de série para paralelo. envolvida.
Para dar a partida num motor com as
baterias do avião, a chave de partida é colocada SISTEMAS ELÉTRICOS DE IGNIÇÃO
na posição “START” (Figura 5-16). Isto completa
um circuito através de um disjuntor, da chave de Os requisitos básicos para o sistema de
ignição da manete e da chave seletora do motor, ignição de motores de combustão interna são
para energizar o relé de travamento na posição sempre os mesmos, independente do tipo de
ligada (lock-in). A energia, então, tem um motor envolvido ou do feitio dos componentes do
caminho da chave do arranque através da posição sistema.
“BAST START” da chave seletora de energia, Esse sistema deve liberar uma centelha de
para energizar o relé de baterias em série, pois ele alta energia para cada cilindro do motor na
conecta as baterias do avião em série com a barra seqüência de ignição, com um número de graus
de partida. de avanço predeterminado em relação ao ponto
Energizando o relé do arranque do motor nº morto alto do pistão.
1, direciona-se energia da barra de partida para o A voltagem de alimentação do sistema
arranque-gerador nº 1, que então gira o motor. deve ser suficiente para garantir a ocorrência do
Ao mesmo tempo em que as baterias são centelhamento entre os eletrodos da vela, sob
conectadas para a barra de partida, a energia é todas as condições de operação.
direcionada para a barra apropriada pela chave de O sistema de ignição dos motores a reação é
ignição da manete. O sistema de ignição é operado apenas durante o ciclo de partida do
conectado para a barra de partida através de um motor, sendo, portanto, menos complexo e
relé de sobrevoltagem, que não se torna estando sujeito a um menor número de problemas
energizado até que o motor comece a acelerar e a em comparação com os sistemas de ignição dos
voltagem da barra de partida chegue acerca de 30 motores convencionais.
volts. O sistema de ignição do motor alternativo
Conforme o motor é girado pelo arranque, a pode ser dividido em duas classes: ignição por
aproximadamente 10% de r.p.m., a manete é bateria ou ignição por magneto. O sistema é
avançada para a posição “IDLE” (Marcha Lenta). também classificado como: simples ou de ignição
Esta ação atua sobre a chave de ignição da dupla.
manete, energizado o relé do ignitor. Quando o O sistema simples consiste em um magneto
relé do ignitor é fechado, a energia é provida para e fiação associada. Esse sistema foi usado em
excitar os ignitores e inflamar o motor. muitos motores pequenos de baixa rotação;
Quando o motor chega entre 25 a 30% de atualmente é mantido em uso em pequenos
r.p.m., a chave de partida é liberada para a motores de cilindro opostos de aeronaves.
posição “OFF” .
Isto remove os circuitos de ignição e partida SISTEMA DE IGNIÇÃO POR BATERIA
do ciclo de partida do motor, que então acelera
sob sua própria potência. Poucas aeronaves ainda utilizam o sistema
de ignição por bateria, onde o suprimento de
Pesquisa de panes do sistema de partida energia elétrica provém de uma bateria ou de um
arranque-gerador gerador, ao invés do magneto.
Esse sistema é similar ao utilizado na
Os procedimentos listados na tabela 2 são maioria dos automóveis. Um excêntrico, acionado
típicos daqueles usados para reparo de mal pelo motor, comanda a abertura de um contato
funcionamento no sistema de partida de arranque- elétrico diversas vezes para interromper o fluxo
gerador, similar ao sistema descrito nesta seção. de corrente da bobina primária de um
Esses procedimentos são apresentados como um transformador. O resultado do colapso do campo
guia. As instruções apropriadas dos fabricantes e magnético induz uma alta voltagem na bobina

7-16
secundária, a qual é direcionada por um eliminando assim alguns problemas inerentes ao
distribuidor para o cilindro apropriado. A figura sistema de alta tensão.
7-17 mostra o esquema simplificado deste O sistema por magneto de alta tensão é o
sistema. mais antigo dos dois e, desprezando algumas
desvantagens, ainda é o mais largamente usado
na aviação.

Sistema por magneto de alta tensão

O sistema por magneto de alta tensão pode


ser dividido, para efeito de discussão, em três
circuitos distintos; são eles: o circuito magnético,
o circuito elétrico primário e o circuito elétrico
secundário.
O circuito magnético consiste em um imã
permanente rotativo de múltiplos pólos, um
Figura 7-17 Sistema de ignição por bateria núcleo de ferro doce, e sapatas polares
O imã é acionado pelo motor, e gira na
folga entre as sapatas polares, para fornecer linhas
SISTEMA DE IGNIÇÃO POR MAGNETO magnéticas de força (fluxo), necessárias para
produzir uma voltagem elétrica. Os pólos do imã
O magneto, um tipo especial de gerador de estão arranjados com polaridades alternadas, de
corrente alternada acionado pelo motor, usa um modo que o fluxo magnético consiga, saindo do
imã permanente como fonte de energia. Ele pólo norte, passar através do núcleo de ferro doce,
desenvolve alta voltagem, forçando uma centelha retornando ao pólo sul.
que salta entre os eletrodos da vela em cada Quando o ímã está na posição mostrada em “A”,
cilindro. Sua operação está sincronizada com o da figura 7-18, o número de linhas de força
motor, de maneira que a centelha ocorra somente através do núcleo da bobina é máximo, porque os
quando o pistão estiver no curso apropriado em dois pólos, magneticamente opostos, estão
um específico número de graus do eixo de perfeitamente alinhados com os pólos da
manivelas, antes do ponto morto alto. ferradura.
O sistema de ignição por magneto nos Essa posição do ímã rotativo é chamada de
aviões pode ser classificado como : sistema por “capacidade plena”.
magneto de baixa ou de alta tensão. O de baixa Ela produz o número máximo de linhas de
tensão (que será comentado posteriormente) gera força magnética no sentido horário através do
uma baixa voltagem que é distribuída para uma circuito magnético, partindo da esquerda para a
bobina de transformador, próximo de cada vela, direita, do núcleo.

Figura 7-18 Fluxo magnético nas três posições do imã rotativo

7-17
Conforme o ímã vai saindo da posição de
capacidade plena, a quantidade de fluxo através
do núcleo vai diminuindo. Isso ocorre devido aos
pólos do ímã serem afastados das sapatas polares,
permitindo que apenas parte das linhas de fluxo
passem através do núcleo.
Quanto mais o ímã se afasta da posição de
capacidade plena, mais e mais linhas são curto- Figura 7-19 Mudança na densidade do fluxo
circuitadas através das extremidades das sapatas. durante a rotação do imã
Finalmente, na posição neutra (45º da posição de
capacidade plena), todas as linhas estarão curto- Desta forma, para cada volta completa
circuitadas, e não haverá fluxo através do núcleo (360º) do ímã de quatro pólos, existirão quatro
da bobina (“B”da figura 7-18). posições de fluxo máximo e quatro posições de
Conforme o ímã gira de 0º para 45º, o fluxo reverso.
número de linhas de fluxo através do núcleo da Uma discussão do circuito magnético
bobina diminui, da mesma maneira como ocorre o demonstra como o núcleo da bobina é afetado
colapso gradual do fluxo do campo magnético de pela rotação do ímã permanente, ficando sujeito a
um eletroímã comum. uma elevação ou redução do campo magnético e a
A posição neutra é aquela onde um dos uma mudança na polaridade, a cada progressão
ímãs permanentes encontra-se entre as sapatas radial de 90º do ímã.
polares. Uma bobina que faz parte integrante do
Como o ímã gira no sentido horário, as circuito elétrico primário do sistema de ignição
linhas de fluxo que haviam sido curto-circuitadas por magneto de alta tensão, quando é enrolada em
nas extremidades da ferradura começam a fluir torno do núcleo de ferro doce, também é afetada
novamente através do núcleo da bobina. pela variação do campo magnético.
Entretanto, desta vez, as linhas fluem no sentido O circuito elétrico primário (figura 7-20)
contrário, conforme é mostrado em “C” da consiste em um par de contatos chamados de
figura 7-18. platinado (visto receberem um banho de platina,
A inversão do fluxo se deve ao fato de que melhorando a condução elétrica e evitando a
o ímã, saindo da posição neutra, deixa o pólo corrosão dos mesmos), um condensador e uma
norte em frente à sapata direita em vez da bobina de fios eletricamente isolados.
esquerda. (Ilustrado em “A” da figura 7-18). A bobina é constituída de várias espiras de
Quando o ímã é girado novamente num fio grosso em cobre, com uma de suas
total de 90º, mais uma vez a posição de extremidades aterrada no próprio núcleo, e a outra
capacidade plena é atingida, conseqüentemente o conectada ao contato platinado que não se
fluxo máximo é obtido, mas em sentido contrário. encontra aterrado (ver figura 7-20).
A progressão de 90º do ímã é ilustrada O circuito primário é fechado somente
graficamente na figura 7-19, onde a curva mostra quando os dois contatos se juntam. A terceira
como a densidade do fluxo magnético do núcleo unidade no circuito, que é o condensador, está
da bobina (sem a bobina primária em torno do conectado em paralelo com o par de contatos. O
núcleo) muda ao passo que o ímã gira. condensador evita o arco voltaico entre os
A figura 7-19 mostra que, conforme o ímã contatos quando o circuito está aberto, e acelera o
se afasta da posição de capacidade plena (0º), o colapso do campo magnético sobre a bobina
fluxo vai diminuindo até atingir zero, exatamente primária.
na posição neutra (45º). O platinado será comandado próximo da
Agora à medida que o ímã se afasta da posição de capacidade plena. Quando os contatos
posição neutra, o fluxo aumenta, porém em se tocam, o circuito elétrico primário está fechado
sentido contrário, como indicado pela curva e a rotação do ímã induz um fluxo de corrente na
abaixo da linha horizontal. Em 90º, mas uma vez bobina. Essa corrente, por sua vez, gera um
o fluxo máximo é atingido. campo magnético, que possui a tendência de se

7-18
opor a qualquer mudança no fluxo gerado pelo para provocar o centelhamento entre os eletrodos
circuito de ímãs permanentes. da vela.
Como o rotor está em movimento, na
próxima vez em que estiver próximo de atingir a
posição de capacidade plena, os contatos da
bobina primária se fecharão novamente e o ciclo
será repetido para provocar o centelhamento dos
eletrodos da próxima vela do pistão seguinte na
seqüência da ordem de fogo.
A seqüência de eventos pode, agora, ser
revista em maiores detalhes para explanar como a
situação de indução magnética ocorre.
Com o platinado, o excêntrico (came) e o
condensador conectados no circuito, como
Figura 7-20 Circuito elétrico primário de um mostrado na figura 7-21, a ação cíclica é
magneto de alta tensão representada pela curva gráfica da figura 7-22
quando o rotor gira.
Enquanto a corrente induzida estiver
circulando no circuito primário (bobina), ela se
opõe a qualquer redução do fluxo magnético no
núcleo. Isso está de acordo com a Lei de Lenz,
que afirma: “Uma corrente induzida, sempre que
fluindo em uma determinada direção, faz com que
o magnetismo (gerado por esta corrente) se
oponha a qualquer alteração a ele induzido”.
Para rever a Lei de Lenz, consulta-se o
capítulo 8 de Matérias Básicas. Desta maneira, a
corrente que passa pelo circuito primário mantém
o fluxo magnético com um elevado valor e na
mesma direção, até que o ímã em rotação tenha
tempo de passar pela posição neutra para um
ponto poucos graus à frente. Essa posição é
chamada de folga “E” (onde “E” corresponde a
eficiência e “folga” ao vão entre as sapatas
polares).
Com o rotor de ímãs em posição de folga
“E” e a bobina primária mantendo o campo Figura 7-21 Componentes do circuito
mangnético do circuito em polaridade oposta,
uma brusca mudança na direção do fluxo pode ser Na parte “A” da figura 7-22, é mostrada a
obtida pela abertura dos contatos. curva original do fluxo estático. Abaixo da curva
A abertura dos contatos interrompe a é indicado o momento de abertura e fechamento
circulação de corrente no circuito primário, e do platinado. Nota-se que essa abertura e
permite que o rotor de ímãs inverta rapidamente o fechamento são sincronizados pelo excêntrico. Os
sentido do fluxo magnético na bobina. Essa súbita contatos se tocam no momento em que a maior
reversão produz uma brusca mudança no sentido quantidade de fluxo estiver passando através do
do fluxo no núcleo, que é sentida por uma núcleo, e separam-se após a posição neutra. Uma
segunda bobina chamada de secundária (exposta vez que existem quatro ressaltos no excêntrico, os
magneticamente, mas eletricamente isolada no contatos irão fechar e abrir quatro vezes, na
núcleo), na qual será induzido um pulso de mesma relação das quatro posições neutras do
corrente de alta voltagem, pulso este necessário rotor magnético. Também, os intervalos de tempo

7-19
entre os momentos de abertura e fechamento são magnético se opõe a qualquer alteração de seu
aproximadamente os mesmos. fluxo.
Partindo da posição de máximo fluxo Quando o rotor estiver em neutro nenhuma
(demarcada como 0º e que se encontra no topo da corrente circula pela bobina primária,
figura 7-22), a seqüência de eventos é descrita nos conseqüentemente, o fluxo no núcleo cai a zero e
próximos parágrafos. começa a aumentar em direção oposta, conforme
Quando o rotor de ímãs é acionado em o ímã se afasta do neutro ( a curva do fluxo
direção ao neutro, a quantidade de fluxo através estático é mostrada pela linha tracejada em “D”
do núcleo começa a diminuir (D da figura 7-22). da figura 7-22). No entanto, a ação
Esta mudança do fluxo induz uma corrente na eletromagnética da corrente primária evita que o
bobina primária (C da figura 7-22) que, por sua fluxo se altere, e mantém o campo
vez induz um campo magnético em torno da temporariamente inalterado (linha do fluxo
própria bobina por onde circula. Esse campo resultante em “D” da figura 7-22).

Figura7-22 Curvas do fluxo magnético

Como resultado desse processo, observa-se interromper o fluxo de corrente na bobina


que ocorre um elevado colapso no circuito primária, causando uma mudança extremamente
magnético, durante o tempo que o rotor de ímãs rápida no fluxo. A alta tensão na bobina
leva até atingir a posição na qual os contatos secundária é descarregada através dos eletrodos
estavam próximos de abrir. Os platinados, quando da vela, para inflamar a mistura ar/ combustível
abertos, funcionam com o condensador para no cilindro do motor.

7-20
Cada centelha consiste em um pico de
descarga, após o qual uma série de pequenas
oscilações ocorrem. Isso continua até que a tensão
se torne muito baixa para manter a descarga.
A corrente flui na bobina secundária,
durante o tempo levado para descarregá-la
completamente.
A energia no circuito magnético é
completamente dissipada, durante o tempo que os
contatos se encontram fechados para a geração da
centelha seguinte.

Conjunto de contatos platinados

Esse conjunto, usado em sistemas de Figura 7-23 Platinado to tipo desarticulado e


ignição por magneto de alta tensão, abre e fecha ressalto
automaticamente o circuito primário no devido Ainda fazendo parte deste conjunto,
tempo, em relação à posição do pistão no cilindro, encontraremos o seguidor do came, suportado
no qual está ocorrendo o centelhamento. pela mesma lâmina, a qual o manterá com uma
A interrupção do fluxo da corrente primária certa tensão contra o came rotativo.
é conseguida através de um par de contatos O seguidor do came composto de um
platinados, feito de uma liga resistente à corrosão aglomerado em mica (ou material similar) se
e ao calor. encontra apoiado no came rotativo e afasta o
A maioria dos platinados utilizados em contato móvel do contato fixo toda vez que o
sistemas de ignição de aeronaves são do tipo ressalto o empurra para cima. Um feltro com óleo,
desarticulados, no qual um dos contatos é móvel e instalado sob a lâmina, lubrifica e evita a corrosão
e o outro fixo (ver figura 7-23). do came.
O contato móvel, suportado por uma Um tipo simples de platinado pode ser
lâmina, está isolado da carcaça do magneto e encontrado em alguns motores de baixa potência.
conectado a bobina primária (figura 7-23). Esse tipo, chamado de articulado, possui uma
O contato fixo está aterrado a carcaça para dobradiça ou um pivô suportando uma alavanca,
fechar o circuito primário quando os contatos se onde na extremidade oposta se encontra um dos
tocam; e o came rotativo está ajustado de maneira platinados. O outro platinado está preso a uma
que os contatos se afastem no devido tempo. lâmina estacionária.

Figura 7-24 Platinados típicos

Uma bucha de fricção, normalmente feita de bucha, causando o movimento da alavanca no


materiais fibrosos, está instalada próximo ao sentido de aproximar as extremidades pivotadas,
centro da alavanca. Quando o motor aciona o conseqüentemente afastando os contatos
came, os ressaltos exercem pressão contra a platinados e abrindo o circuito.

7-21
O came rotativo pode ser acionado distribuidor. Ambas as bobinas são revestidas
diretamente pelo eixo do rotor do magneto, ou com um material não condutivo como baquelite,
através de uma caixa de engrenagens. A maioria borracha rígida, ou cambraia envernizada. Por
dos motores radiais usa um came compensado, fim, o conjunto é fixado nas sapatas polares por
que já é desenhado para operar com um motor parafusos e braçadeiras.
específico, possuindo um ressalto para cada Quando o circuito primário está fechado, a
cilindro em que ocorre a centelha. corrente que flui através da bobina primária
Os ressaltos são usinados em intervalos produz linhas de força magnéticas que atravessam
desiguais para compensar as variações do ponto o enrolamento secundário, induzindo uma força
morto superior de cada posição. Um came eletromotriz.
compensado de 14 ressaltos, junto com os outros Quando o circuito primário é aberto, o
não compensados de 02, 04 e 08 ressaltos são campo magnético sobre o enrolamento primário
mostrados na figura 7-24. O espaço desigual entre entra em colapso, levando o enrolamento
os ressaltos do came compensado, embora secundário a ser atravessado pelas linhas de força.
proporcione a mesma posiç ao relativa do pistão A potência da tensão induzida no enrolamento
para que a ignição ocorra, causa uma pequena secundário, quando todos os outros fatores
variação da folga “E” do rotor de ímãs e, desta permanecem constantes, é determinada pelo
forma, uma pequena variação no impulso de alta número de espiras do enrolamento. Uma vez q ue
tensão gerado pelo magneto. a maioria dos magnetos de alta tensão possui
Uma vez que o espaço entre os ressaltos é milhares de voltas na bobina secundária, uma
feito sob medida para cada cilindro de um motor voltagem muito alta, geralmente superior a 20.000
em particular, os cames compensados são volts é gerada no circuito secundário para vencer
marcados para mostrar a série do motor e a o vão livre entre os eletrodos da vela.
localização da biela mestra ou bielas, o ressalto
usado para regulagem do magneto, a direção de Distribuidor
rotação do came, e a especificação da folga “E”
do rotor em graus além de neutro. Em adição a A alta tensão induzida na bobina secundária
estas marcas, o came recebe um corte, o qual, é enviada ao distribuidor, o qual consiste em duas
quando alinhado com o risco de marcação na partes. A parte rotativa é chamada de rotor do
carcaça do magneto, coloca o rotor na posição de distribuidor e a estacionária, de bloco do
folga “E” para ajuste do cilindro. distribuidor.
Uma vez que os contatos devem iniciar sua A parte rotativa, que pode ter formato de
abertura quando o rotor se encontra na posição um disco, tambor, ou lingueta, é confeccionada
folga “E”, o corte no came alinhado com a marca em material não-condutor com um condutor
na carcaça proporciona um rápido e fácil método embutido.
de estabelecer a exata posição de folga “E”, para A parte estacionária consiste de um bloco
verificação e ajuste do platinado. também feito de um material não-condutor, que
possui terminais e receptáculos para terminais, no
Conjunto de bobinas qual a fiação para o distribuidor é conectada. Em
alguns sistemas, o conjunto distribuidor é parte
O conjunto das bobinas do magneto integrante do magneto, mas em outros, estão
consiste em um núcleo em ferro doce, em torno remotamente localizados e separadamente
do qual encontraremos as bobinas primária e acionados.
secundária, sendo que a secundária se encontra No momento em que o rotor de ímãs
enrolada sobre a primária. encontra-se na posição de folga “E” para o
A bobina secundária é feita de um cilindro nº 1 e o platinado aberto, o rotor do
enrolamento contendo aproximadamente 13.000 distribuidor alinha-se com o eletrodo nº 1 no
voltas de fio fino e isolado, com um terminal bloco distribuidor.
eletricamente aterrado à bobina primária ou ao A tensão secundária induzida no momento
núcleo, e o outro terminal conectado ao rotor do que o platinado abre, passa pelo rotor, onde

7-22
ocorre o arco num pequeno vão de ar para o Na figura 7-25, a lingueta do rotor do
eletrodo nº 1 do bloco. distribuidor está alinhada com o eletrodo marcado
Já que o distribuidor gira com metade da “3”, o qual explode o cilindro nº 5 de um motor
velocidade do eixo de manivelas em todos os radial de 9 cilindros. Uma vez que a seqüência de
motores de quatro tempos, o bloco terá tantos explosão de um motor radial de 9 cilindros é 1-3-
eletrodos quantos cilindros existirem, ou tantos 5-7-9-2-4-6-8, o terceiro eletrodo na ordem de
eletrodos como cilindros servidos pelo magneto. centelhamento do magneto servirá o cilindro nº 5.
Os eletrodos estão localizados Nas instalações onde o magneto e o rotor do
circunferencialmente em torno do bloco distribuidor são combinados em um único
distribuidor, de tal maneira que, conforme o conjunto, a lingueta do distribuidor será ajustada
motor gira, um circuito é completado para um na revisão ou na fabricação . Nos motores onde o
diferente cilindro e uma vela, cada vez que ocorre distribuidor está separado do magneto, o
o alinhamento entre a lingueta do rotor e um distribuidor assim como o magneto, devem ser
eletrodo no bloco distribuidor. manualmente ajustados para o cilindro na
Os eletrodos do bloco distribuidor são apropriada distribuição de alta tensão.
numerados na seqüência de rotação do rotor
(figura 7-25). Ventilação do magneto e do distribuidor

Uma vez que o magneto e o conjunto


distribuidor são sumetidos a rápidas mudanças de
temperatura, os problemas de condensação e
umidade são levados em consideração no projeto
dessas unidades.
A umidade, em qualquer situação, é um
bom condutor de eletricidade e, se absorvida
pelos materiais nãocondutores do magneto, como
o bloco distribuidor, lingueta, e carcaças das
bobinas, pode criar uma fuga na condução
elétrica.
A corrente de alta tensão que normalmente
flui pelos vãos de ar do distribuidor pode passar
por uma superfície isoladora molhada para a
massa, ou pode ser má orientada para alguma vela
que não deveria ser ativada. Esta condição é
chamada de “flashover” e, normalmente, resulta
em explosão de cilindro fora de seqüência. Por
esta razão, bobinas, condensadores, distribuidores
e rotores são encerados de forma a reter a
Figura 7-25 Relação entre os números dos umidade em gotas isoladas, e não formando um
terminais do distribuidor e os dos circuito completo que permita o
cilindros “flashover”(arco).
Os números do distribuidor representam Esse arco pode carbonizar os contatos, os
mais propriamente a ordem de centelha do quais tomam a aparência de uma fina linha de
magneto do que o número do cilindro do motor. lápis na umidade onde ocorreu o arco.
O eletrodo do istribuidor marcado com “1” A trilha de carbono é o resultado das
é conecatado à vela nº 1 no cilindro nº 1; o partículas de poeira queimadas pela centelha que
eletrodo marcado com “2” para o segundo contém hidrocarbono. A água no material
cilindro a ser explodido; o eletrodo marcado com hidrocarbonado é evaporada durante o arco,
“3” para o terceiro cilindro a ser explodido, e deixando o carbono formar uma passagem
assim por diante. condutora de corrente.

7-23
E mesmo quando a umidade não se faz Um tipo comum de cabo de ignição é um
presente, a centelha continua a seguir a trilha para tubo, com várias ligações para fixar em volta do
a massa. cárter do motor com extensões flexíveis
Os magnetos não podem ser terminando em cada ignitor.
hermeticamente fechados para evitar a entrada de Um típico cabo de ignição de alta tensão é
umidade, pois estão sujeitos a mudanças de mostrado na figura 7-26.
pressão e temperatura em altitude.
Entretanto, drenos adeqüados e apropriada
ventilação, reduzem a tendência ao arco e à
carbonização.
Boa circulação de ar no magneto também
garante que os gases produzidos pelo arco normal,
através dos vãos do distribuidor, sejam
eliminados para o exterior.
Em algumas instalações, a pressurizaç ao de
várias partes do sistema de ignição é essencial
para manter uma elevada pressão absoluta e
eliminar o arco.
Independentemente do método de
ventilação empregado, os respiros ou válvulas
devem ser mantidos livres de obstrução. Figura 7-26 Cablagem de ignição de alta tensão
Além disso, a circulação de ar através dos
componentes do sistema de ignição deve estar Outro tipo é conhecido como tipo vedado
livre do óleo, uma vez que, mesmo em pequena ou enxertado. Um cabo desse tipo tem os fios de
quantidade nas unidades, resulta em formação de ingnição colocados em uma tubulação anular, de
arco e carbonização nas mesmas. maneira que cada extremidade do fio termine na
saída da tubulação. Este conjunto é então enchido
Cabos de ignição com um gelatina isoladora que elimina atrito e
condensação da umidade.
Os cabos de ignição possuem um fio isolado
para cada cilindro que o magneto supre no motor.
Uma extremidade de cada fio é conectada ao
bloco distribuidor, e a outra é conectada à vela
apropriada.
O cabo de ignição tem um duplo propósito:
ele suporta os fios e os protege de danos devido
ao aquecimento do motor, vibração ou chuva e
também serve como um condutor para campos
magnéticos desviados, que circundam os fios
enquanto estão carregados momentaneamente
com corrente de alta-voltagem.
Através da condução destas linhas de força
magnéticas à massa, os cabos de ignição Figura 7-27 Cabos de ignição de motores de 9
eliminam a interferência elétrica com o rádio e cilindros
outro equipamento sensível. Quando o rádio e
outro equipamento elétrico são protegidos desta Cabos de ignitores separados são fixados às
maneira, diz-se que a fiação do cabo de ignição saídas da tubulação. Desta maneira, é possível
está protegida por blindagem. Sem essa recondicionar a extremidade do cabo do ignitor,
blindagem, a rádio-comunicação se tornaria evitando, assim, a substituição da cablagem
virtualmente impossível. completa entre o ignitor e o distribuidor.

7-24
Em instalações onde os magnetos são Como mostra a figura 7-28, as duas
montados na seção de acessórios do motor, dois maneiras de completar o circuito primário são: (1)
conduítes flexíveis e longos, cada um contendo através do platinado fechado para a massa; ou (2)
metade dos fios de ignição, levam as através do interruptor de ingnição fechado para a
extremidades dos fios até o ponto onde são massa.
conectados ao magneto (veja figura 7-27). Neste Na figura 7-28, pode ser visto que a
tipo de cablagem, os fios de ignição são contínuos corrente primária não fica interrompida quando os
desde o bloco do distribuidor até a vela. Se contatos se abrem, desde que haja um caminho
houver algum problema, o cabo inteiro deve ser mais curto para a massa através do interruptor
substituído. fechado (off).
Uma vez que a corrente primária não está
Interruptores de Ingnição interrompida quando os pontos de contato abrem
(figura 7-28), não poderá haver repentino colapso
Todas as unidades do sistema de ignição de do campo magnético da bobina primária, e
um avião são controladas por um interruptor nenhuma alta voltagem induzida na bobina
localizado na cabine de comando. O tipo de secundária para a queima da vela.
interruptor utilizado varia com o número de À medida que o magneto gira, passando
motores instalados no avião e o tipo de magneto pela posição folga “E”, ocorre uma queda gradual
utilizado. Todos os interruptores, entretanto, do campo magnético primário.
ligam e desligam o sistema da mesma maneira. Mas essa queda ocorre tão lentamente, que
O interruptor de ignição se diferencia em a tensão induzida é muito baixa para que ocorra
pelo menos um aspecto de todos os outros tipos centelha na vela.
de interruptores, no fato de que, quando o Portanto, quando o interruptor está na
interruptor é posicionado para “OFF”, um circuito posição “OFF” (fechado), os pontos de contato
é fechado através dele para a massa. Em outros estão completamente curto-circuitados, como se
interruptores elétricos, a posição “OFF”, tivessem sido removidos do circuito e o magneto
normalmente abre o circuito. fica inoperante.

Figura 7-28 Chave típica de ignição na posição Figura 7-29 Chave típica de ignição na posição
desligada ligada
O interruptor de ignição tem um terminal Quando o interruptor de ignição é colocado
conectado ao circuito elétrico primário, entre a na posição “ON” (aberto), como mostrado na
bobina e os platinados. O outro terminal do figura 7-29, o interruptor de corrente primária e o
interruptor é conectado à massa do avião rápido colapso do campo magnético da bobina
(estrutura). primária são novamente controlados pela abertura

7-25
do platinado. Quando o interruptor está na o magneto direito fornece a centelha elétrica para
posição “ON”, o mesmo não tem absolutamente as velas dianteiras em cada cilindro, e o esquerdo
efeito algum no circuito primário. Muitos supre as velas traseiras. Um interruptor é utilizado
sistemas de ignição de aviões monomotores para controlar ambos os magnetos. Um exemplo
empregam um sistema de duplo-magneto, no qual deste tipo é mostrado na figura 7-30.

Figura 7-30 Posição da seletora para uma chave de ignição que controla dois magnetos

Este interruptor possui 4 posições:


“desligado”, “esquerdo”, “direito” e “ambos”. Na
posição “desligado”, ambos os magnetos estão
aterrados, portanto, ficam inoperantes. Quando o
interruptor é colocado na posição “esquerda”,
somente o magneto esquerdo funciona; na posição
“direita”, somente o direito funciona, e na posição
“ambos”, os dois magnetos funcionam.
As posições “direita” e “esquerda” são
usadas para testar sistemas de ignição dupla,
permitindo o desligamento de um sistema de cada
vez. A figura 7-30 também se refere ao circuito
do sistema de ignição por bateria, que será
discutido como unidade auxiliar de ignição na
próxima seção.
Muitos interruptores de bimotores fornecem
ao operador controle independente de cada
magneto em um motor, pela rotação dos
interruptores em cada lado do interruptor de
ignição.
Em adição, um interruptor “master” de
alavanca é geralmente incorporado para dar massa
a todos os magnetos primários. Então, em uma
emergência, toda ignição para ambos os motores
(quatro magnetos primários) pode ser cortada pelo Figura 7-31 Chave de magneto para um avião
movimento desse interruptor (figura 7-31). bimotor

7-26
Magnetos com sistema simples e duplo de alta Eletronicamente, o sistema de baixa tensão
tensão é diferente do sistema de alta tensão. No primeiro,
a tensão é gerada no magneto e flui para o
Magnetos em sistema de alta tensão, usados enrolamento primário de uma bobina do
em motores radiais, são do tipo simples ou transformador, localizado próximo da vela. Lá, a
duplos. tensão é aumentada pela ação do transformador e
O projeto do magneto simples incorpora o conduzida para a vela pelos cabos muito curtos de
distribuidor no alojamento com o conjunto de alta tensão. A figura 7-32 é um esquema
contatos, ímã rotativo e bobina. simplificado de um sitema típico de baixa tensão.
O magneto duplo incorpora dois magnetos O sistema de baixa tensão elimina centelha
em um alojamento. Um ímã rotativo e um “came” tanto no distribuidor como na cablagem, pois o
são comuns para dois jogos de platinados e vão dentro do distribuidor foi eliminado pelo uso
bobinas. Duas unidades do distribuidor são de um outro distribuidor tipo escova, e a alta
montadas no motor, separadas do magneto. tensão está presente somente em cabos curtos
entre o transformador e a vela.
Sistemas de montagem do magneto

Os magnetos do tipo simples podem ser


projetados para montagem em base ou flange. Os
de tipo duplo são todos montados em flange. Os
magnetos montados em base são presos em um
suporte no motor.
Magnetos montados em flanges são presos
ao motor por um flange, em redor da extremidade
acionadora do eixo rotativo do magneto. Figura 7-32 Esquema simplificado do sistema de
Fendas alongadas no flange de montagem ignição de baixa tensão
permitem ajuste através de um alcance limitado,
que auxilia na regulagem do magneto para o Apesar de uma certa quantidade de fuga
elétrica ser característica de todos os sistemas de
motor.
ignição, ela se manifesta mais em instalações de
rádio-blidagem, pois o conduíte metálico está
Sistema de magneto de baixa tensão
aterrado e envolve os cabos de ignição em toda a
sua extensão.
O sistema de ignição de alta tensão foi
Em sistemas de baixa tensão, essa fuga é
usado por mais de meio século. Muitas melhorias
reduzida consideravelmente, porque a corrente
no projeto têm sido feitas, mas certamente
através da maior parte do sistema é transmitida
problemas fundamentais permanecem e outros se
em um potencial de baixa tensão. Apesar dos
intensificaram, como:
cabos entre as bobinas do transformador e as
1) O aumento do número de cilindros por velas serem curtos, eles são condutores de alta
motor. tensão, estando sujeitos às mesmas falhas que
ocorrem em sistemas de alta tensão.
2) A exigência de que todas as aeronaves
equipadas com rádio tenham seus cabos
Operação dos sistema de ignição de baixa
de ignição blindados.
tensão
3) A tendência favorável a todas as
condições de intemperies. O circuito magnético de um típico sistema
de magneto de baixa tensão consiste em um ímã
4) O aumento de operações em elevadas
permanente rotativo, sapatas e o núcleo da bobina
altitudes.
(figura 7-33).
Sistemas de baixa tensão foram O ímã cilíndrico é constituído com 7 peças
desenvolvidos para resolverem esses problemas. de uma polaridade, decaladas com 7 peças de

7-27
polaridade oposta. Quando o ímã é inserido no direção, e então aumentado para um máximo na
circuito magnético da figura 7-33, com 3 dos direção oposta. Isso contitui um fluxo reverso.
pólos norte do ímã perfeitamente alinhados com Catorze desse fluxos reversos ocorrem
as sapatas, o fluxo magnético estático máximo é durante cada rotação do ímã, ou sete, para cada
produzido da direita para esquerda no núcleo da rotação do eixo de manivela do motor.
bobina. A produção de tensão na bobina do magneto
de baixa tensão ocorre da mesma maneira como
no circuito magnético primário de um magneto de
alta tensão.

Distribuidor do sistema de baixa tensão

Cada pulso de corrente produzido pelo


magneto de baixa tensão é direcionado para várias
bobinas de transformador na adequada ordem de
fogo, através do distribuidor do tipo escova
(figura 7-34).
O conjunto do distribuidor consiste em uma
peça giratória, chamada de escova do distribuidor,
e uma peça estacionária, chamada de bloco do
distribuidor.
O rotor (figura 7-34A) tem duas partes
Figura 7-33 Sistema de baixa tensão usando imã separadas das escovas do distribuidor, que
rotativo de 14 pólos percorrem nos 3 trilhos concêntricos do bloco do
distribuidor (figura7-34B).
Quando o ímã é girado no sentido horário Esses trilhos são divididos em sete
até que os pólos adjacentes se alinhem com segmentos, cada qual isolado eletricamente um do
sapatas, o fluxo magnético no núcleo da bobina outro.
terá diminuído de um máximo para zero em uma

Figura 7-34 Distribuidor do tipo escova para um sistema de magneto de baixa tensão

O trilho externo consiste em uma série de através de um fio, conectado em uma das curtas
seções de eletrodos alternados, longos e curtos. seções do eletrodo do trilho externo. Uma vez que
Essas sete longas seções de eletrodos do trilho todas as curtas seções de eletrodos, apesar de
externo são eletricamente isoladas, e servem separadas pelas seções isoladas eletricamente,
somente para prover uma contínua passagem estão conectadas juntas internamente, cada uma
próxima às escovas do distribuidor. A corrente de tem a tensão da bobina do magneto impressa
baixa tensão do magneto entra no distribuidor sobre ela.

7-28
O rotor do distribuidor possui escovas de determina qual bobina do transformador recebe o
imantação (figura 7-34A), uma em cada pico de corrente auto-induzida.
extremidade do rotor. Em operação, cada magneto servirá
A escova de imantação inferior é primeiro a um cilindro de uma fileira, e em
eletricamente conectada à fileira da escova “D” seguida um cilindro na outra.
ou “C”, que percorre os trilhos intermediários do Por exemplo, na figura 7-35, o
bloco do distribuidor (figura 7-34A, B, C). transformador do 5º cilindro, na ordem de fogo,
Quando o platinado abre, a corrente da está recendo o pico de corrente auto-induzida.
bobina do magneto está disponível no eletrodo de O transformador seguinte ao receber um
seção curta do trilho externo (figura 7-35). Nesse pico de corrente na ordem de centelhamento do
instante, somente uma das escovas de imantação magneto será o sexto cilindro, o qual é servido
do rotor do distribuidor está num eletrodo de por uma seção de eletrodo nos trilhos internos.
seção curta; a outra escova de imantação está A sexta bobina do transformador na ordem
numa seção, que é isolada eletricamente do de centelhamento do magneto, é energizada à
mesmo trilho. medida que a escova de imantação para o lado
interno do trilho se move no sentido horário de
uma seção isolada eletricamente, e no próximo
eletrodo de seção curta.
A corrente é captada do lado externo do
trilho, e direcionada para a seção do eletrodo do
trilho interno, que alimentará o transformador
para o sexto cilindro na ordem de centelhamento.
Enquanto a bobina do transformador do
sexto cilindro está recebendo seu pico de corrente,
a escova de imantação para o trilho intermediário
está numa seção isolada do lado externo, e não
interfere com o fluxo do pico de corrente
autoinduzido.
Como a escova do distribuidor continua no
sentido horário, a escova de imantação para o
lado interno do trilho se movimenta para uma
seção isolada eletricamente.
Figura 7-35 Operação do distribuidor do tipo Ao mesmo tempo, a escova de imantação
escova para o trilho intermediário se movimenta para um
eletrodo de seção curta, e entrega o pico de
A escova no eletrodo de seção curta capta a corrente ao transformador, servindo o sétimo
corrente da bobina do magneto, direcionando-a cilindro na ordem de centelhamento do magneto.
para uma seção do trilho intermediário. Se o A corrente relativamente baixa autoinduzida
magneto for o de nº 1 (R-1 ou L-1), o trilho deixa o distribuidor através das cablagens para o
intermediário servirá os sete cilindros na fila “D”, transformador. Os fios são conectados no tubo
se for o nº 2 (R-2 ou L-2), esse trilho servirá os circular de ignição por um “plug”. Para este
sete cilindros da fila “C” (figura 7-34). sistema de magneto existem 60 cabos dentro do
Similarmente, o lado interno do trilho serve tubo circular de ignição. Quatro cabos (um para
os sete cilindros da fila “B” – se ele for um cada um dos quatro magnetos) correm do
magneto nº 1; ou os sete cilindros da fila “A” – se interruptor de ignição ao terminal no “plug”,
ele é um magneto nº 2. conectado aos do interruptor de ignição.
Desde que cada seção de eletrodo do lado Os outros 56 cabos conectam as seções do
interno e intermediário dos trilhos sejam eletrodo do distribuidor, do lado interno e
conectados a uma bobina transformadora intermediário do trilho de quatro magnetos, às
separada, a escova do distribuidor rotativo bobinas primárias dos transformadores das velas.

7-29
A corrente da bobina secundária do rotação do ímã, e o número de voltas na bobina,
transformador é conduzida a vela por um curto são fatores constantes em ambos os sistemas de
cabo de alta tensão blindado. ignição por magneto de alta ou baixa tensão, a
Os magnetos de baixa tensão são desligados tensão produzida depende da velocidade com que
e ligados da mesma maneira que os sistemas de o ímã gira. Durante a partida do motor, o ímã é
alta tensão são controlados, isto é, por um girado a aproximadamente 80 RPM.
interruptor conectado ao fio-massa do circuito da Uma vez que o valor da tensão induzida é
bobina do magneto. muito baixo, uma centelha não pode saltar a fenda
Quando o interruptor é fechado (posição no ignitor. Então, para facilitar a partida do
desligada), uma passagem de baixa resistência motor, um dispositivo auxiliar é conectado ao
direcionada para a massa é alcançada para a magneto para suprir a alta tensão de ignição.
bobina do magneto, se os platinados estiverem Ordenadamente, essas unidades auxiliares
abertos ou fechados. de ignição são energizadas pela bateria, e
Como o interruptor de ignição fechado conectadas ao magneto direito, ou distribuidor. Os
provê um caminho de baixa resistência para a sistemas de partida dos motores alternativos,
massa, a corrente na bobina do magneto não é normalmente, incluem um dos seguintes tipos de
direcionada para a bobina primária do sistemas auxiliares: dínamo, vibrador de indução
transformador. Ao contrário, a corrente é curto- (algumas vezes chamado vibrador de partida),
circuitada pelo caminho do interruptor de ignição acoplamento de impulso, e vibrador de sistemas
fechado. de partida.

UNIDADES AUXILIARES DE IGNIÇÃO Dínamo

Durante a partida do motor, a saída de cada O conjunto dínamo (figura 7-36) consiste
magneto, de alta ou baixa tensão, é baixa porque a em duas bobinas enroladas em torno de um
velocidade de partida do motor também o é. Isto é núcleo de ferro doce, um jogo de contatos, e um
aceitável quando os fatores que determinam a condensador.
quantidade de tensão induzida em um circuito são O enrolamento primário possui um de seus
considerados. terminais aterrado por meio de uma tira interna, e
Para aumentar o valor de uma tensão outro terminal conectado ao contato móvel. O
induzida, a força do campo magnético deve ser contato fixo é provido de um terminal, onde é
aumentada pelo uso de um ímã mais poderoso, aplicada a tensão da bateria quando a chave do
pelo aumento do número de voltas na bobina, ou magneto é colocada na posição “start”, ou
aumentando a razão de movimento relativo entre automaticamente quando o motor de arranque é
o ímã e o condutor. Uma vez que a força de engatado.

Figura 7-36 Dínamo

7-30
A bobina secundária, a qual contém inúmeras rapidamente, enquanto for mantida a chave de
vezes mais quantidade de voltas que a primária, partida na posição fechada (“on”).
possui também um de seus terminais aterrado por
meio de uma tira interna, porém o outro está
conectado com um terminal de alta tensão. O
terminal de alta tensão está conectado para um
eletrodo no distribuidor por meio de um cabo de
ignição.
Uma vez que o terminal regular do
distribuidor está aterrado através das bobinas
primária ou secundária de um magneto de alta
tensão, a alta tensão fornecida pelo dínamo deve
ser distribuída por um circuito separado no rotor
do distribuidor. Isso é obtido pelo uso de dois
eletrodos em um único rotor.
O eletrodo principal, ou lingueta, descarrega
a tensão do magneto e o eletrodo auxiliar distribui
somente a descarga do dínamo. O eletrodo
auxiliar está constantemente localizado como se
fosse a cauda do eletrodo principal, dessa forma
retardando a centelha durante o período de
Figura 7-37 Esquema do dínamo
partida.
A figura 7-37 ilustra, de forma esquemática,
O resultado desta ação é uma contínua
os componentes do dínamo mostrado na figura 7-
expansão e retração (colapso) do campo
36.
magnético, transmitindo para a bobina secundária
Em operação, a tensão da bateria é aplicada para
do dínamo.
o terminal positivo (+) do dínamo através da
Como a bobina secundária possui muito
chave de partida. Isto causa um fluxo de corrente
mais espiras que a primária, a tensão induzida
através dos contatos fechados (figura 7-37) para a
resultante dessas linhas de força sobre a bobina
bobina primária e a massa.
secundária é altíssima, o suficiente para o sistema
Esta corrente, fluíndo através da bobina
de ignição do motor.
primária, produz um campo magnético sobre a
O capacitor (figura 7-37), o qual está
bobina, magnetizando o seu núcleo. Quando o
conectado através dos contatos, tem uma
núcleo se encontra magnetizado, ele atrai o
importante função no circuito.
contato móvel, o qual se encontra normalmente
Como o fluxo de corrente na bobina
mantido contra o contato fixo por mola.
primária é interrompido pela abertura dos
Quando o contato móvel é atraído pelo
contatos, a alta tensão auto-induzida, que
núcleo de ferro, o circuito primário é aberto,
acompanha cada colapso do campo magnético, é
levando ao colapso o campo magnético da bobina
absorvida pelo capacitor.
e, conseqüentemente, o do núcleo.
Sem o capacitor, ocorreria um arco através
Já que o núcleo atua como um eletroímã
dos contatos a cada colapso do campo magnético.
somente quando flui corrente pela bobina
Isso poderia queimar e provocar covas nos
primária, ele perde seu magnetismo no momento
contatos, reduzindo brutalmente a tensão de saída
em que ocorre a abertura dos contatos.
do dínamo.
Isso permite que a mola torne a fechar os
contatos e, novamente, complete o circuito da
Vibrador de indução
bobina primária que por sua vez, remagnetiza o
núcleo, atraindo o contato móvel, o qual O vibrador de indução (ou vibrador de
novamente abre o circuito da bobina primária. partida) mostrado na figura 7-38, consiste em um
Essa ação faz com que o contato móvel vibre vibrador operado eletricamente, um condensador

7-31
e um relé. Essas unidades estão montadas em uma campo magnético que estava atraindo o contato
base, e estão envolvidas por uma carcaça móvel desaparece. Isso permite que os contatos
metálica. do vibrador fechem e, novamente, conduzam a
O vibrador de partida, ao contrário do corrente da bateria através da bobina do vibrador,
dínamo, não produz a alta tensão de ignição completando um ciclo de operação. Este ciclo,
dentro de si. A sua função é transformar a entretanto, ocorre várias vezes por segundo, tão
corrente contínua da bateria em corrente pulsante rapidamente que os contatos do vibrador
e fornecê-la para a bobina primária do magneto. produzem um audível “buzz”.
Também funciona como um relé, desconectando Cada vez que os contatos do vibrador
o circuito auxiliar quando esse não estiver em fecham, flui corrente para o magneto. Se o
uso. interruptor primário está fechado, quase toda a
corrente da bateria passa para a massa através
deles, e pequena corrente passa pela bobina
primária. Deste modo, uma carga desprezível
fluirá pela bobina primária.
Quando os pontos de contato do interruptor
do magneto abrem, a corrente que antes passava
por esses pontos agora segue direto através da
bobina primária para a massa. Uma vez que essa
corrente é interrompida muitas vezes por
segundo, o campo magnético resultante é ligado e
interrompido, através das bobinas primária e
secundária do magneto, na mesma ordem.
A rápida sucessão de voltagens distintas
induzidas na bobina secundária produz uma
Figura 7-38 Vibrador de indução “chuva” de centelhas, através dos pólos da vela de
ignição selecionada.
Como mostrado na figura 7-38, o terminal A sucessão de voltagens distintas é
positivo do vibrador de partida está conectado ao distribuída através da saída de um distribuidor
circuito solenóide de acoplamento do arranque. principal para várias velas de ignição, porque os
Fechando a chave, o solenóide de pontos de contato do interruptor armam no
acomplamento é energizado, permitindo a mesmo instante em que o magneto está gerando a
circulação de corrente através da bobina do relé sua voltagem.
para a massa. Ao mesmo tempo, a corrente flui O sistema de ignição que utiliza um
através da bobina do vibrador e pelos seus vibrador por indução não possui provimentos para
contatos. retardo de centelha; portanto, ele não possui um
Uma vez que a corrente flui através da eletrodo guia auxiliar no distribuidor.
bobina do relé estabelece um campo magnético Quando se dá a partida num motor equipado
que atrai e fecha os contatos do relé, o circuito com um vribrador indutivo, o interruptor de
vibrador é agora completado para o magneto. ignição deve ser mantido desligado até que o
A trajetória da corrente elétrica da bateria motor de partida tenha girado a hélice pelo menos
consumida pelo magneto é determinada pela uma volta.
posição do platinado primário; se os mesmos Então, enquanto a hélice é mantida girando,
estiverem fechados, a corrente flui através deles o interruptor de ignição deve ser ligado. Se essa
para a massa, se estiverem abertos, a corrente flui precaução não for observada, poderá acontecer
através da bobina primária para a massa. um retrocesso no motor como resultado da
O fluxo de corrente na bobina do vibrador ignição antes da correta RPM de partida. Depois
produz um campo magnético que atrai e abre os que a hélice tiver completado pelo menos uma
contratos de vibrador. Quando esses contatos volta, produzirá um momento suficiente para
abrem, a circulação de corrente é interrompida e o evitar o retrocesso.

7-32
Tão logo o motor inicia o disparo e o A presença do acoplamento de impulso
interruptor de partida é liberado, o circuito pode ser identificada por meio de um curto estalo,
elétrico da bateria para o vibrador indutivo é quando o eixo de manivelas e girado até que a
aberto. Quando a corrente da bateria é cortada do velocidade dos cilindros se estabilize após o
vibrador indutivo, os contatos do relé se abrem e ponto morto alto em cada cilindro.
interrompem a conexão entre o vibrador de O uso do acoplamento de impulso produz
indução e o magneto. Essa conexão deve ser forças de impacto no magneto, partes acionadas
interrompida para evitar que o magneto fique fora do motor e várias partes das unidades acopladas.
do aterramento do relé da bobina. Muitas vezes os contrapesos ficam magnetizados
Se os contatos do relé do vibrador indutivo e não engatam os pinos batentes; e o óleo
não abrirem quando a corrente da bateria for congelado durante o tempo frio produz o mesmo
cortada, a corrente primária do magneto não resultado.
poderá ser interrompida quando os contatos Outra desvantagem do acoplamento de
abrirem; ao invés disso, a corrente primária pode impulso é que ele pode produzir somente uma
fluir através do relé e dos contatos do vibrador centelha por cada ciclo de movimento do cilindro.
indutivo, e então para o terra através da bobina do Essa é uma desvantagem, especialmente durante
relé. Nesse caso, o magneto estaria inoperante condições adversas de partida.
como se o interruptor de ignição estivesse em
“OFF”. Vibrador interruptor de retardo da alta tensão

Acoplamento de impulso O interruptor magneto de retardo e o


sistema vibrador de partida são usados como parte
Motores que possuem um pequeno número do sistema de alta tensão na maioria das
de cilindros, algumas vezes são equipados com aeronaves pequenas.
um acoplamento de impulso. Essa é uma unidade Projetado para sistemas de ignição de
que, durante a produção da centelha, cede a um quatro ou seis cilindros, o interruptor magneto de
dos magnetos ligados ao motor uma breve retardo elimina a necessidade de um acoplamento
aceleração e produz uma centelha quente para a de impulso em pequenas aeronaves. Esse sistema
partida. Esse dispositivo consiste em pequenos usa um interruptor adicional para obter o retardo
contrapesos e um conjunto de molas, localizados da centelha para a partida. O vibrador de partida é
na carcaça que fixa o magneto ao eixo de também adaptado para muitos sistemas de ignição
acessórios. O magneto é flexivelmente conectado de helicóptero. O esquema do diagrama de um
através do acoplamento de impulso por meio de sistema de ignição, usando o interruptor magneto
molas que, durante a baixa velocidade do de retardo e o conceito de vibrador de partida, é
magneto, é temporariamente mantido enquanto o mostrado na figura 7-39.
eixo de acessórios é girado até que o pistão Com o seletor do magneto na posição
chegue aproximadamente ao ponto morto alto. “ambos” (figura 7-39), e o interruptor de partida
Nesse ponto, o magneto é liberado e a mola S1 ligado, o solenóide de partida L3 e a bobina
retorna a posição original, resultando em um L1 são energizados, fechando os contatos R4, R1,
rápido retorno na rotação do magneto. Sendo isto, R2 e R3 do relé.
equivalente à alta rotação do magneto, R3 liga o magneto direito ao aterramento,
produzindo uma faisca quente. mantendo-o inoperante durante a operação de
Depois que o motor der a partida e o partida. A corrente elétrica flui da bateria através
magneto alcançar uma velocidade suficiente para de R1, ponto V1 do vibrador, bobina L2, através
produzir corrente, os contrapesos se deslocam do de ambos os pontos do interruptor de retardo, e
acoplament devido a força centrífuga e travam os através de R2 e o contato principal do interruptor
dois membros de acoplamento juntos. Isso torna a do magneto esquerdo para a massa. A bobina L2
unidade sólida, retornando o magneto para a energizada abre os contatos V1 do vibrador,
condição de sincronia relativa ao motor. interrompendo o fluxo de corrente através de L2.

7-33
Figura 7-39 Circuito vibrador de partida e magneto interruptor de retardo de alta tensão

O campo magnético de L2 interrompe interrupção de energia de alta voltagem, usada


bruscamente, e os contatos V1 do vibrador para produzir centelha na vela de ignição. Desde
fecham novamente. Uma vez mais, corrente flui que os contatos V1 são abertos e fechados rápida
através de L2, e novamente os contatos V1 do e continuamente, uma chuva de centelhas é
vibrador abrem. Este processo é repetido fornecida aos cilindros quando os contatos dos
continuamente, e o fluxo de corrente interrompido interruptores principal e de retardo são abertos.
da bateria flui para o aterramento, através dos Depois que o motor inicia a aceleração, o
contatos do interruptor principal e do de retardo interruptor de partida manual é liberado, causando
do magneto esquerdo. a desenergização de L1 e L3. Isso faz com que o
Desde que o relé R4 é fechado, o motor de vibrador e os circuitos de retardo fiquem
partida é energizado e o eixo do motor começa a inoperantes, e também abra os contatos do relé
girar. Quando o motor atinge sua posição normal R3, o que remove a massa do magneto direito.
de ignição os contatos do interruptor principal do Ambos os magnetos agora disparam no
magneto esquerdo abrem. avanço (funcionando normalmente) da posição do
A interrupção momentânea de corrente do pistão.
vibrador pode manter um caminho para o
aterramento através dos contatos do interruptor de Vibrador interruptor de retardo de baixa
retardo, que não abrem até que a posição de tensão
retardo do motor seja atingida. Nesse ponto do
movimento do eixo de partida, os contatos de O sistema, projetado para aeronaves
retardo abrem. Uma vez que os contatos do pequenas de quatro e seis cilindros, elimina as
interruptor principal são mantidos abertos, a desvantagens dos sistemas de ignição de
bobina primária do magneto não fica em curto acoplamento de impulso e de alta tensão.
prolongado, e a corrente produz um campo Um sistema típico, mostrado na figura 7-40,
magnético através de T1. consiste em magneto interruptor de retardo, um
Cada vez que os contatos V1 do vibrador magneto interruptor simples, um vibrador de
abrem, o fluxo de corrente é interrompido. O partida, bobinas de transformador e um
campo interrompido através de T1 corta através interruptor de partida e ignição. Para operar o
da bobina secundária do magneto, e induz uma sistema mostrado na figura 7-40, consiste em

7-34
magneto interruptor de retardo, um magneto R4 do relé. Com o seletor do magneto na posição
interruptor simples, um vibrador de partida, “L” (esquerdo), uma corrente flui através de R1,
bobinas de transformador e um interruptor de dos contatos L2 e R2 do vibrador, e através dos
partida e ignição. Para operar o sistema mostrado contatos do interruptor principal para o
na figura 7-40, coloca-se o interruptor de partida S3 aterramento. A corrente também flui através de
na posição ligado. Isso energiza o solenóide L3 e R3 e contatos do interruptor de retardo para a
a bobina L1, fechando os contatos R1, R2, R3 e massa.

FIgura 7-40 Magneto de retardo de baixa tensão e circuito vibrador de partida

Correntes através de L2 produzem um Como o motor continua girando, os contatos


campo magnético, os quais abrem os contatos do do interruptor vibrador abrem, interrompendo
vibrador. bruscamente o campo magnético L4 através do
Quando a corrente pára de fluir através de T1 primário, induzindo uma alta voltagem no
L2, os contatos novamente se fecham. Estas secundário do T1 para detonar a vela de ignição.
ondas de fluxo de corrente, através de ambos os Quando o motor “pega”, o interruptor de
contatos dos interruptores de retardo e principal partida é liberado, desenergizado L1 e L3. Isso
vão para a massa. abre os contatos do circuito do vibrador e do
Desde que o interruptor de partida seja interruptor de retardo. O interruptor de ignição é
fechado, o eixo do motor começa a girar. então girado para “ambos”, permitindo que o
Quando o giro atinge o avanço normal da magneto direito opere ao mesmo tempo que o
posição de ignição, os contatos principais do magneto esquerdo.
interruptor do magneto abrem; entretanto, a
corrente mantém o fluxo para a massa através dos VELAS DE IGNIÇÃO
contatos fechados do interruptor de retardo.
Como o motor continua girando, a posição A finalidade da vela de ignição é inflamar a
de retardo de ignição é atingida e os contatos do carga de combustível/ar comprimida no interior
interruptor de retardo são abertos. Desde que os do cilindro no tempo de compressão do motor.
contatos do interruptor principal sejam mantidos Uma parte da vela na câmara de combustão
abertos, a corrente vai fluir para a massa através conduz um impulso de corrente de alta voltagem
da bobina L4, produzindo um campo magnético entre dois eletrodos produzindo uma centelha
ao seu redor. elétrica que, inflamando a carga de combus-

7-35
tível/ar, ao final do tempo de compressão, inicia o O isolador provê uma proteção em torno do
tempo motor. eletrodo. Em adição à isolação elétrica, o isolador
Embora as velas de ignição de aeronaves de cerâmica também transfere calor da ponta da
sejam de simples construção e operação, elas cerâmica para o cilindro.
estão direta ou indiretamente relacionadas com a Os tipos de velas de ignição usados em
maioria das grandes falhas nos motores de diferentes motores variam em relação ao calor,
aeronaves. Mesmo assim, as velas permitem uma faixa, tamanho da rosca ou outras características
grande operação sem problemas, considerando as de instalação, requeridas por diferentes motores.
condições adversas em que operam. A faixa de calor de uma vela de ignição é
Em cada cilindro de um motor operando a medida pela sua capacidade de transferir calor
2.100 RPM, aproximadamente 17 centelhas de para a cabeça do cilindro. A vela deve operar
alta voltagem saltam por segundo entre os quente, permitindo queimar depósitos que podem
eletrodos de uma vela de ignição simples. Isso causar sujeira, entretanto, a uma temperatura que
parece para os nossos olhos como um disparo evite a condição de pré-ignição.
contínuo, saltando dos eletrodos das velas à O comprimento do nariz central é o
temperatura acima de 300º F. Ao mesmo tempo, a principal fator para estabelecer a faixa de calor de
vela suporta uma alta pressão de gás como 2.000 vela. Velas “quentes” possuem um grande nariz
p.s.i, e uma alta pressão elétrica da ordem de isolador, que cria um longo caminho de
15.000 volts. transferência de calor, enquanto que as velas
Os três principais componentes de uma vela “frias” possuem um isolador relativamente
de ignição (figura 7-41) são os eletrodos, isolante pequeno, para permitir uma rápida transferência
e cobertura externa. A cobertura externa que de calor para a cabeça do cilindro (Fig 7-42).
possui rosca para fixação ao cilindro, é Se um motor fosse operado somente em
normalmente feita de aço especial resistente à uma velocidade, o desenho das velas de ignição
corrosão devido aos gases do motor, garantindo a poderiam ser bastante simplificado. Devido ao
fixação. fato do vôo demandar diferentes situações de
A falta de tolerância da rosca de fixação e carga do motor, as velas de ignição precisam ser
do vedador evita vazamento da pressão de gás de projetadas para operar tão quentes quanto
escapamento através da vela. A pressão que vier a possível, e em baixas velocidades e poucas
escapar através dessa é retida pelo vedador cargas, e tão frias quanto possível em cruzeiro e
interno, entre o metal externo da cobertura e o potência de decolagem.
isolador, e entre o isolador e o conjunto do A opção pela vela de ignição que deve ser
eletrodo central. utilizada em um motor de aviação é determinada
pelo fabricante do motor após testes completos.

Figura 7-42 Velas quentes e frias

Quando um motor é certificado para utilizar


uma vela de ignição quente ou fria, a vela
utilizada é determinada pela forma como o motor
Figura 7-41 Uma vela de ignição típica vai ser operado.

7-36
Uma vela com alcance apropriado (Figura 7- 4) A haste do distribuidor deve estar
42) irá determinar o quanto a extremidade do alinhada com o eletrodo servindo o
eletrodo penetrará no cilindro, em uma posição cilindro número 1.
ideal para ativar a ignição. O alcance da vela de
ignição é a quantidade de rosca inserida na bucha, Se uma dessas condições estiver fora de
do cilindro. Gripamento da vela e/ou combustão sincronização, com qualquer outra, diz-se que o
incorreta no cilindro, são causas prováveis de sistema de ignição está “fora de tempo”.Quando a
velas com alcances errados em uso. ignição de um cilindro ocorre antes do eixo de
acionamento atingir o ponto ideal, isso é
classificado como “avançado”. Se a ignição
ocorre muito cedo, o pistão surge no cilindro em
oposição a força total da combustão. Essa
condição resulta em perda de potência do motor,
superaquecimento, e possibilidade de detonação e
pré-ignição.
Se a ignição ocorre em um tempo após a
Figura 7-43 Alcance da vela posição ótima do eixo de manivelas ser atingida,
o tempo de ignição é chamado de “atrasado”.
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DO Se isso ocorrer muito tarde, não haverá tempo
SISTEMA DE IGNIÇÃO DE MOTORES suficiente para queima da carga de
ALTERNATIVOS ar/combustível, e ocorrerá uma combustão
incompleta. Como resultado, o motor perde
Um sistema de ignição de uma aeronave é o potência e aumenta a abertura necessária ao
resultado de um cuidado projeto e de esmerados acelerador, para manter a carga da hélice.
testes. Há todas as possibilidades de um sistema As irregularidades mais comuns são aquelas
de ignição estar bom, dependendo do serviço e da causadas por formação de umidade em diferentes
manutenção adequada. Entretanto, dificuldades partes do sistema de ignição. Umidade pode
podem ocorrer, afetando a performance de um entrar nas unidades do sistema de ignição através
sistema de ignição. A mais comum dessas de fendas ou coberturas soltas, ou pode ser
dificuldades de manutenção, junto com o método resultado do condensação.
mais genérico de inspeção de ignição, será “Respingos”, uma situação que acontece
discutido nesta seção. durante um reajuste do sistema, devido a baixa ou
Quebra do material isolante, surgimento e alta pressão atmósferica, pode acontecer quando o
aumento de pontos de rachaduras e curto-circuito, ar está carregado de umidade.
ou quebra de conectores elétricos, não são Normalmente o calor do motor é suficiente
incomuns. Esses defeitos devem ser encontrados e para evaporar a umidade, mas ocasionalmente
corrigidos. Menos comuns são as irregularidades esta se condensa com o motor frio.
que envolvem erros humanos. Por exemplo, o O resultado é um considerável acúmulo de
tempo de ignição requer um ajuste preciso e umidade, que pode causar a perda da resistência
cuidadoso, para que quatro condições sejam elétrica do material isolante.
seguidas no mesmo instante: Uma pequena quantidade de contaminação,
por umidade, pode causar redução na saída do
1) O pistão do cilindro número 1 deverá magneto por curto-circuito, para a massa, de parte
estar em uma posição descrevendo um da corrente de alta voltagem destinada à vela de
número de graus, antes do ponto morto ignição.
alto no tempo de compressão. Se este acúmulo de umidade for
2) O rotor do magneto deve estar na posição considerável, a saída do magneto pode ser
da folga “E”. dissipada para o aterramento.
3) Os contatos do platinado devem estar O acúmulo de umidade durante o vôo é
abertos pelo ressalto do came número 1. extremamente raro, devido a alta temperatura de

7-37
operação do sistema que é suficiente para evitar a Marcas de referências para a regulagem no
condensação, portanto, as dificuldades por essas próprio motor
causas podem ocorrer mais provavelmente
durante a operação no solo. Muitos motores alternativos possuem
As velas de ignição de aeronaves podem ser marcas de referências no próprio motor.
injustamente apontadas como causas de falhas no Em um motor que não tem engrenagens de
funcionamento. redução de hélice, a marca poderá ser
Elas podem ser apontadas como defeituosas normalmente encontrada no flange da hélice
quando, na realidade, o defeito está ocorrendo em (figura 7-44).
outro sistema.
Falha no funcionamento do carburador,
sujeira no distribuidor, válvula travada,
vazamento no sistema primário, ou sujeira na
marcha lenta, e ajuste de mistura podem
apresentar os mesmos sintomas de falha no
sistema de ignição.
Infelizmente, muitas dessas condições
podem ser temporariamente resolvidas com a
substituição de uma vela de ignição, mas o
problema voltará a ocorrer em um curto espaço de
tempo porque sua causa real não foi eliminada.
Um total desconhecimento dos vários sistemas de
motor, após cuidadosa inspeção e bons métodos
de manutenção, podem reduzir substancialmente
muito erros.

DISPOSITIVOS DE REGULAGEM DO Figura 7-44 Marcas de tempo do motor no flange


MAGNETO DE IGNIÇÃO da hélice

Quando muitas oportunidades para errar a A marca de ponto central (TC), estampada
regulagem do sistema de ignição para o motor são no bordo, irá alinhar-se com o eixo longitudinal
consideradas, a ênfase para o correto uso dos abaixo do eixo de manivelas, quando o pistão
dispositivos que seguem é facilmente justificada. número 1 estiver no ponto morto alto. Outras
Erros podem facilmente ocorrer no marcas no flange indicam os graus antes do ponto
posicionamento do pistão na sincronização com o morto alto.
cilindro; ele pode ser colocado em um grau do Em alguns motores existem marcas de graus
eixo, mas em um tempo errado. na caixa de redução das hélices. Para esses
Quando posicionando o rotor do magneto, motores é necessário remover um plugue na caixa
um desacerto pode ser causado pela não remoção de engrenagens de redução, para que possa ver as
da folga entre as engrenagens de acionamento. marcas do tempo do motor. Em outros motores, as
O conjunto dos platinados estando ou não marcas de temporização estão na flange do eixo
corretamente sincronizado, não pode ser aberto na de manivelas, e podem ser vistos removendo a
folga”E”. conexão à frente do eixo.
Qualquer outro erro pode alterar a Em qualquer caso, as instruções do
regulagem final da vela de ingnição. Devido às fabricante do motor irão indicar a localização
grandes possibilidades de erros, dispositivos dessas referências no motor.
temporizados estão sendo desenvolvidos para Utilizando as marcas (figura 7-45) para
tornar mais consistente os métodos de posicionar o eixo de manivelas, o ponteiro
temporização. estacionário, ou a marca na seção dianteira, deve

7-38
estar alinhado no eixo da hélice, no flange do eixo preciso do que as marcas de referênica. Esse
ou na caixa de engrenagens. Se a verificação for dispositivo consiste em um disco e um ponteiro
feita em ângulo poderá resultar em um erro de mecânico, montado em um acessório acionado
posicionamento do eixo de manivelas. Embora pelo motor ou na carcaça do motor. Esse ponteiro,
muitos motores tenham marcas de referência de que é montado em um eixo acionador de
tempos, eles ainda deixam a desejar. acessório, indica o número de graus do
O principal inconveniente é o fator folga. A movimento do eixo de manivelas sobre o disco.
folga em um sistema de engrenagens irá variar O disco é marcado em graus relativos ao
entre as instalações e, muitas vezes, entre duas eixo de manivelas. Pelas simples aplicação do
verificações distintas da mesma peça do torque no acionador de acessórios em uma
equipamento. direção oposta à rotação normal, a folga na caixa
Isso acontece porque não existe como impor de engrenagens pode ser removida, e o eixo de
uma carga à caixa de engrenagens, em direção manivelas pode ser levado para a posição, e obter
oposta à rotação do eixo de manivelas. Outro um ajuste preciso a qualquer tempo.
aspecto desfavorável na utilização de marcas na Nem todos os discos são marcados no
caixa de redução é um pequeno erro que surge mesmo número de graus. Por exemplo, o disco
quando verifica-se de baixo para cima essa marca destinado para uso em um tipo de motor é
de referência, para ajustá-la dentro da carcaça da montado no eixo de acionamento da bomba de
caixa de redução. combustível.
Desde que a bomba seja acionada com a
mesma velocidade do eixo de manivelas, o
ponteiro irá descrever um circuito completo
quando o eixo de manivelas completar um volta.
Portanto, o disco pode ter incrementos de
um em um grau até completar 360º. Entretanto, o
disco utilizado em um outro motor pode ser
montado sobre o magneto, que é acionado com a
metade da velocidade do eixo de manivelas.
Com essa relação, o eixo move um grau,
enquanto o ponteiro indicador move apenas meio
grau. Por essa razão, o disco está marcado com
720 espaços de ½ grau. Cada ½ grau indicado
corresponde a um grau completo no movimento
do eixo de manivelas.
A figura 7-46 mostra um disco de
sincronia.

Figura 7-45 Marca de referência dos tempos, na


caixa de redução da hélice

Devido ao fato de haver folga entre as duas


marcas de referência, cada mecânico deve ter seus
olhos no mesmo plano, se não, cada pessoa irá
selecionar uma posição diferente do eixo de
manivelas para o ajuste da ignição.

Disco de sincronização

O disco de sincronismo é um dispositivo de


posicionamento do eixo de manivelas mais Figura 7-46 Placa de sintonia e ponteiro

7-39
As marcas variam de acordo com as linha de centro do eixo de manivelas, biela e pino
especificações do motor. A escala nesse exemplo do pistão, como mostrado na figura 7-47. Com
é fixada nos parafusos de fixação da placa de esse alinhamento, uma força aplicada no pistão
torque e o ponteiro no eixo de acionamento da não pode mover o eixo de manivelas.
hélice. Talvez uma haste ou um lápis tenham sido
os primeiros indicadores de posição do pistão.
Indicador de posição do pistão Uma extremidade dessa simples ferramenta pode
ser inserida em um ângulo através do orifício da
Precisamos obter a indicação de posição do vela de ignição do cilindro de sincronia, até
pistão para sincronizar a ignição, válvulas ou atingir o outro bordo do pistão, como mostrada na
injeção de combustível. Essa referência é figura 7-48.
chamada de ponto morto alto. Esta posição do
pistão não pode ser confundida com a posição do
pistão chamada ponto alto.

Figura 7-48 Um indicador simples da posição do


pistão

Figura 7-47 Diferença entre o ponto alto e o ponto Nesse ponto, este mecanismo deve ser
morto alto marcado com a unha do polegar em relação à face
do orifício da vela de ignição. Com essa marca
Um pistão no ponto alto tem pouco valor mantida da haste, pode-se retirar a haste e fazer
para o ponto de ajuste padrão, porque corresponde um chanfro de uma polegada acima da marca.
a uma variação de 1 a 5º da posição do eixo de Esse chanfro provê um ponto de referência que,
manivelas. Isso é ilustrado na figura 7-47, que foi algumas vezes, estará antes do ponto morto alto.
exagerado para dar enfâse a zona em que o pistão Um procedimento incorreto não poderá encontrar
“não desloca”. a mesma posição do pistão em cada tempo.
Nota-se que o pistão não se move, enquanto Todas as indicações de posição do pistão
que, o eixo de manivela descreve um pequeno em uso utilizam o orifício da vela de ignição, que
arco da posição “A” para a posição “B”. Esta sempre encontra o cilindro em um plano exato, e
zona que “não desloca” o pistão ocorre entre o a haste de indicação toca a mesma parte da cabeça
tempo em que o eixo de manivelas termina de do pistão.
leva-lo para cima através da biela, e posiciona a Um dos vários indicadores de posição do
biela para puxar o pistão para baixo. O ponto pistão usados hoje é um indicador mostrador de
morto alto é a posição do pistão e do eixo de tempo (figura 7-49). Isso serve para o propósito
manivelas, a qual todas as outras localizações do de indicar a posição do pistão em um número
pistão e eixo de manivela são referenciadas. limitado de graus, como o disco de sincronia.
Quando um pistão está na posição de ponto Esse dispositivo consiste em duas partes: a
morto alto, ele está na distância máxima do centro carcaça do corpo e a face. A carcaça é
do eixo de manivelas, e também no centro da essencialmente um adaptador com um parafuso,
zona que “não desloca”. Nessa posição, o pistão que atravessa o orifício da vela de ignição e
está localizado de modo que pode ser traçada uma suporta a face.

7-40
A face é monstada no adaptador e contém circuito elétrico é completado e a luz acende. Essa
uma mola de carga que compensa o braço do luz permite maior precisão, porque o ponteiro
indicador, um ponteiro deslizante, uma escala deslizante pode ser posicionado para marcar um
substituível calibrada em graus, um indicador determinado grau sobre a escala, e o eixo de
luminoso, e a borda que distende-se acima da face manivelas pode ser girado lentamente pelo eixo
para formar uma dobradiça para compensar o da hélice até que a luz acenda. O eixo da hélice
braço do indicador. deve ser movimentado lenta e cuidadosamente,
para que o braço não movimente o ponteiro além
do grau ajustado após a luz acender.
Existem dois outros tipos comuns de
indicadores de posição de pistão em uso, e ambos
utilizam o mesmo princípio de posicionamento do
pistão. Um possui a escala e pontos de referência.
O outro é simplesmente uma luz que acende
quando o pistão toca o braço atuador, e apaga
quando o pistão se move para baixo do braço.

Luzes de sincronia

A luz de sincronia é utilizada para ajudar a


determinar o instante exato em que os contatos do
magneto se abrem. Esses equipamentos são
encontrados em dois tipos gerais e de uso comum.
Ambos possuem duas luzes e três fios de conexão
externa, embora possuam circuitos internos
Figura 7-49 Indicador da posição do pistão
completamente diferentes, suas funções são as
mesmas. Um tipo e seu circuito interno são
A extensão final do braço compensado
mostrados na figura 7-50.
dentro do cilindro, através do orifício da vela de
ignição é atuado pelo movimento do pistão. A
outra extremidade da extensão do braço passa
através da fenda da face, e atua o ponteiro
deslizante sobre a escala.
Esse indicador acoplado tem uma variedade
de diferentes braços e escalas graduadas. Tanto os
braços, como as escalas, são compensados para os
diferentes motores que utilizam essas marcas. A
compensação é necessária porque há variação
entre golpes dos pistões e localização dos
orifícios das velas em diferentes cilindros.
Os braços são compensados pela variação
de suas formas e comprimentos, e a escala é
compensada pelo espaçamento das marcas em
graus.
Desse modo, uma combinação particular de
uma escala e braço indicarão a posição verdadeira
do pistão, se for usada corretamente.
Para garantir uma maior precisão com o
“Indicador”, uma pequena luz, alimentada por
uma pequena bateria, é montada na face. Quando
o braço compensado toca o ponteiro móvel, um Figura 7-50 Diagrama elétrico de luz de sincronia

7-41
Três fios conectores saem do topo da caixa Quando uma régua é colocada nesse passo e
de luzes (“A “ na figura 7-50). Também possui coincide com as marcas na borda da carcaça, o
duas luzes na face dianteira da unidade e um rotor do magneto está na posição de folga “E” e
interruptor para ligar e desligar a unidade. os contatos do platinado devem estar começando
No diagrama de fios (“B” na figura 7-50) sua abertura.
percebe-se que a unidade contem uma bateria,
uma bobina do vibrador e dois transformadores.
Para utilizar a luz de sincronia, o fio central,
marcado “terra” é conectado à carcaça do
magneto a ser testado. As outras pernas são
conectadas aos fios do primário do conjunto de
platinados dos magnetos.
Com as pernas conectadas dessa maneira,
pode ser facilmente determinado se os contatos
estão abertos ou fechados pelo comando do
interruptor, observando as fuas luzes. Se os
contatos estiverem fechados, a maior parte da
corrente fluirá através dos contatos do interruptor,
e não através dos transformadores, então as luzes
não acendem.
Alguns modelos operam de maneira Figura 7-51 Marcas de sincronismo que indicam a
inversa, ou seja, a luz se apaga quando os posição no 1 de centelhas do
contatos abrem. Cada uma das duas luzes é magneto
operada separadamente por contatos do
interruptor, no qual estão conectadas. Isso torna Outro método para checar a folga “E”é
possível observar o tempo ou o ponto de alinhando a marca de sincronismo com um dente
referência para ajustar o rotor do magneto para o chanfrado (figrua 7- 51). Os contatos devem estar
ponto onde os contatos abrem. começando a abertura quando essa marca estiver
Muitos destes sincronizados utilizam bateria alinhada.
seca que são substituídas após longo tempo de Em um terceiro método, a folga “E”estará
uso. A atenção para a utilização é com relação a correta quando o pino de sincronia estiver
bateria fraca, que pode causar resultados errôneos posicionado, e os pontos vermelhos visíveis
de leitura, devido ao baixo fluxo de corrente no através de um furo de ventilação, no lado da
circuito. carcaça do magneto, estiverem alinhados (figura 7-52).
Os pontos de contato deverão estar começando a
SINCRONISMO INTERNO DO MAGNETO abertura, quando o rotor se encontrar na posição
descrita.
Ao substituir um magneto ou prepará-lo
para a instalação, a primeira preocupação é com a
sincronização interna.
Para cada modelo de magneto, o fabricante
determina com quantos graus da posição neutra
um polo do rotor pode ser mantido para obter a
melhor centelha na vela, no instante em que os
contatos do platinado se abrem. Esse
deslocamento angular da posição neutra,
conhecido como ângulo de folga “E”, varia com
os diferentes modelos de magnetos. Em um
modelo, o “passo” é verificar o came do platinado
para checar a sincronia interna do magneto. Figura 7-52 Checando a folga do magneto

7-42
O ajuste de sincronismo do magneto ferramenta mantém o magneto com os contatos
envolve o posicionamento do rotor na posição da para a posição perpendicular, e mantém o rotor do
folga “E”, e o ajuste dos contatos do platinado magneto estacionário durante o processo de
para abrirem quando as marcas de sincronia, alinhamento.
destinadas a esse propósito, estiverem O movimento do rotor pode ser simulado,
perfeitamente alinhadas. girando o magneto em torno do rotor. Para alguns
tipos de magnetos a ferramenta que segura o rotor
Sincronia do magneto de alta tensão contém uma braçadeira para travá-lo na carcaça
do magneto, estabelecendo a relação entre os
No assunto a seguir os procedimentos para dois.
sincronismo de um magneto de motor radial de Com o magneto instalado na ferramenta
duas carreiras de cilindros é citado somente para fixadora, e o sincronizador de luzes instalado, o
exemplo. Consulte as instruções do fabricante em posicionamento das marcas de alinhamento do
qualquer caso, antes de alinhar a referência do rotor do magneto e o alinhamento do magneto
magneto. pode ser perfeitamente localizado. Trava-se a
Para alinhar o magneto em bancada, certas ferramenta nessa posição.
ferramentas são necessárias. Normalmente usa-se Com o rotor posicionado e travado, ambos
a luz de sincronia, uma ferramenta para segurar o os parafusos inferiores (figura 7-54) podem ser
magneto, uma chave de fenda comum para soltar afrouxados. Então, aperta-se estes dois parafusos
alguns parafusos do conjunto e uma régua para até que haja algum arrasto (fricção), permitindo
verificar a folga “E”. movimentar a base nos parafusos de ajuste.
Os contatos do plantinado são protegidos Liga-se o sincronizador de luzes e move-se
por uma cobertura. A remoção dessa cobertura os parafusos de ajuste para trás e para frente até
como mostrado na figura 7-53, expõe o ressalto e que as luzes de sincronia, para ajuste dos pontos,
os contatos do platinado. iniciem a acender. Trava-se este ajuste nos pontos
de contato, apertando os dois parafusos sem
alterar o ajuste.
A trava do rotor do magneto deve ser solta e
o ajuste pode ser verificado com a régua e o
sincronizador de luzes, para determinar que os
pontos estejam abertos exatamente na folga “E”.
Isso é conseguido colocando e mantendo-se a
régua no ressalto do rotor, e girando a carcaça do
magneto em torno do eixo do rotor suportado pelo
dispositivo de fixação.
Primeiro, gira-se a carcaça do magneto na
direção indicada pela seta no ressalto do rotor até
que a luz se apague. Indicando dessa forma que os
contatos estão completamente fechados, então, o
Figura 7-53 Contatos do platinado e ressalto magneto é rodado na direção oposta.
compensado Isso fará com que o rotor do magneto volte
para a posição de folga “E” na direção normal da
Para iniciar o ajuste de sincronismo do rotação.
magneto, conecta-se os dois fios vermelhos do Se o ajuste estiver correto, o ressalto do
sincronizador de luzes nos parafusos primários do rotor do magneto se alinhará com a posição de
magneto. E o fio preto restante liga-se na carcaça folga “E”, que será indicado pela régua, no exato
do magneto para fazer o aterramento. momento em que a luz acende para mostrar que
Com a maioria dos magnetos desse tipo, os contato estão abertos.
uma ferramenta especial é usada para receber o A sincronia interna pelo ajuste dos contatos
encaixe do eixo de acionamento do magneto. Essa do platinado estará concluída.

7-43
Existem diversas maneiras para ajustar e abertos por um número de graus prescritos, a
manter o ajuste dos contatos abertos na posição de sincronia interna do magneto estará correta, a
folga “E”. Talvez o método mais fácil já seja sincronia apropriada magneto-motor existe e
utilizado, ajustando os pontos do interruptor com todas as fases do magneto operam sincronizadas.
uma verificação de contato. No caso dos platinados não serem ajustados
Utilizando a indicação de luzes através dos quando da sincronia interna do magneto, como
pontos, com uma correta referência da folga, o descrito pelas marcas de referência de ajuste
segundo ajuste pode ser sincronizado para abrir interno, o magneto, estará fora da posição
exatamente no mesmo tempo. prescrita em relação ao pistão.
Quando os dois parafusos de fixação no Para que haja sincronia do magneto com o
segundo ponto de ajuste (figura 7-53) são motor no exemplo seguinte, uma luz de
liberados, para permitir que os parafusos de ajuste sincronismo é usada. A luz de sincronismo é
movam as partes dos pontos de aterramento, os projetada de tal forma que uma das duas estará
contatos podem ser ajustados até que a luz acenda acesa quando os contatos se abrirem.
exatamente ao mesmo tempo que o primeiro A sincronia de luzes incorpora duas
ajuste. lâmpadas; portanto, quando conectamos o
Então os parafusos de trava podem ser sincronizador de luzes ao magneto, os fios devem
apertados sem alterar o posicionamento do ser ligados de tal forma que a luz no lado direito
interruptor antes de rodar a carcaça do magneto da caixa represente os platinados do lado direito
para ver se ambas as luzes acendem do magneto, e a luz do lado esquerdo do teste
simultaneamente. O magneto agora está pronto represente os platinados ao lado esquerdo.
para ser instalado no motor e isso requer sincronia A conexão apropriada dos fios pode ser
desse com o motor. estabelecida pelo acendimento da luz de
sincronia, tocando um dos fios vermelhos como o
SINCRONISMO DO MAGNETO DE ALTA fio preto. Se a luz direita apagar, o fio vermelho
TENSÃO COM O MOTOR utilizado deve ser conectado na carcaça do
magneto, ou no motor, para completar o
Quando se substitui magnetos em motores aterramento.
de aeronaves, dois fatores são considerados: a Quando se utiliza a luz de sincronia para
sincronia interna do magneto, incluindo o ajuste verificar um magneto em um sistema completo de
do ponto de contato, que deve ser correto para ignição instalado na aeronave, o interruptor
obter o máximo potencial de voltagem dos principal de ignição da aeronave deve ser ligado e
magnetos; e a posição do eixo de manivelas em o seletor de ignição colocado em “ambos”(both).
relação a centelha. Com o interruptor de ignição ligado e o
Uma folga dos contatos do platinado nunca sincronizador e luzes conectado, o magneto ficará
pode ser comparada com outra, desde que não se inoperante; portanto, não haverá centelha quando
conheça o outro ajuste dos contatos, que abre com a hélice for girada.
um determinado número de graus antes do ponto Após se concluir que o sincronismo interno
morto alto na posição sincronismo de tempo do do magneto está correto, gira-se o eixo de
motor. manivelas do motor até que o pist ão do cilindro
O magneto deve ser sincronizado primeiro número 1 atinja a posição de faiscamento no
ajustando o próprio sincronismo interno e, então, tempo de compressão. (Esta posição pode ser
checando e ajustando os contatos de ignição para determinada por referência do manual de serviços
abrir nesta posição. do fabricante). Localiza-se essa posição utilizando
Se a marca de sincronia de referência para o um indicador do pistão.Para se estabelecer o
alinhamento do magneto, alinhar quando a posicionamento do eixo de manivelas, com o
sincronia do pistão estiver um número descrito de indicador de posição do pistão, alguns itens são
graus adiante do ponto morto alto verdadeiro e, seguidos:
ambos os ajustes dos platinados, direito e 1. Remover a vela de ignição mais
esquerdo abrirem nesse instante e permanecerem acessível do cilindro número 1.

7-44
2. Instalar o braço de contato e a escala 7. Mover a escala calibrada para que a
calibrada corretos para o motor marca do zero se alinhe com a marca
específico (consultar as instruções descrita no ponteiro deslizante.
específicas do fabricante para serem 8. Mover o ponteiro deslizante para trás, até
utilizados corretamente). o topo da fenda, ou até encostar no braço
3. Puxar a hélice na direção de rotação, até de indicação.
que o pistão número 1 venha para cima 9. Girar a hélice na direção oposta, para que
na fase de compressão. Isso pode ser o braço do indicador possa retornar ao
determinado mantendo o polegar sobre o topo da fenda.
orifício da vela de ignição, enquanto a
compressão o empurre para fora. 10.Verificar novamente a marca do zero na
escala calibrada contra a marca de
4. Separar o conjunto indicador de posição referência no ponteiro indicador (figura
do pistão, e atarrachar a carcaça no 7-56).
orifício da vela de ignição. Inserir o
conjunto indicador dentro do corpo com
a extremidade do gancho para cima ou
para baixo, como indicado na escala.
5. Empurrar o ponteiro deslizante para cima
na fenda até atingir a extremidade da
mesma, e pare no braço indicador (figura
7-54).

Figura 7-56 Rechecando a marca zero contra a de


referência no ponteiro indicador

11.Novamente mover o ponteiro deslizante


para a parte superior da fenda, ou até
enconstar no braço indicador.
12.Puxar a hélice na direção de rotação. O
Figura 7-54 Posicionando o ponteiro de indicação braço indicador moverá o ponteiro
deslizante, que indicará a posição do eixo
6. Puxar a hélice lentamente na direção de de manivelas em relação ao ponto morto
rotação, até que o braço de indicação alto na escala calibrada. (figura 7-57).
mova o ponteiro deslizante na distância 13.Ajustar a quantidade de graus do eixo de
máxima e o braço indicador inicie o manivelas do motor para o correto ponto
movimento para trás, subindo na morto (tempo de ignição) como descrito
fenda ( figura – 7-55) nas instruções do fabricante.
Enquanto se mantém o ressalto de
centelhamento na posição para o cilindro número
1, como indicado pelo alinhamento da marca de
referência do magneto, instala-se o magneto na
engrenagem de acionamento no motor.
A luz de sincronização é conectada ao
magneto e aos platinados com o interruptor das
luzes ligado e o conjunto do magneto é girado,
primeiro na direção de rotação, e então na direção
Figura 7-55 Posição máxima do ponteiro indi- oposta. Utiliza-se esse procedimento para
cador verificar que as luzes apagam, e acendem quando

7-45
o ressalto para o cilindro número 1, normalmente
marcado por um ponto, levanta os platinados do
magneto, enquanto este é girado.

Figura 7-57 Movendo o eixo de manivelas para a


posição de cente-lhamento do
pistão
Figura 7-58 Posição da régua para checar a folga
Se a fenda no flange de montagem do “E” (“E-GAP)
magneto nãopermitir movimento suficiente para
efetuar a abertura dos platinados para o cilindro Se a marca de sincronia não estiver
número 1, move-se o magneto para fora da alinhada, solta-se as porcas e ajusta-se o magneto
posição, afastando-o o suficiente para permitir até a régua se alinhar com a marca de sincronia,
que seu eixo gire um ressalto para a frente ou para quando a hélice é puxada para um determinado
trás. Então, instale o magneto novamente nessa número de graus.
posição, e repita a verificação anterior para o A luz de sincronia é reconectada. Move-se a
pontos abertos. hélice uma pá na direção oposta à de rotação, e
Depois que o magneto estiver acoplado no então, enquanto se observa a luz de sincronia,
encaixe do motor (permitindo a abertura e o move-se a hélice na direção de rotação até que o
fechamento com pequenas viradas), instala-se número prescrito de graus à frente do ponto morto
suas porcas de fixação. alto seja atingido. As luzes de ambos os pontos de
Quando elas forem apertadas não deverá ajuste devem acender com meio grau de
haver movimento no conjunto do magneto em movimento do eixo de manivelas.
relação ao flange. Após os pontos estarem ajustados como
Enquanto se mantêm destravadas as necessário, verifica-se se os parafusos e a trava
engrenagens do magneto e do acoplamento de dos pontos de ajuste estão firmes. Sempre se
acionamento, leves batidas são dada no magneto, verifica a abertura dos contatos após apertar os
para avançar ou retardar a unidade até que as parafusos de fixação.
marcas de sincronia se alinhem (figura 7-58). Isso
o leva à sincronia interna prescrita na quantidade Regulagem do magneto usando o
de graus antes do ponto morto alto. dispositivo de catraca
O ajuste se completa quando as porcas são
apertadas. Então, a hélice é movida para a direção Por causa do projeto da cablagem de
oposta da rotação, de uma pá, e empurrada ignição em alguns motores, não é possível girar o
lentamente na direção de rotação até o eixo de magneto no seu montante e conseguir pequenas
manivelas, para novamente confirmar o número alterações para sua regulagem. Provisões para se
de graus à frente do ponto morto alto (o propósito conseguir regulagem do magneto instalado são
desta checagem é eliminar a possibilidade de proporcionadas por um arranjo de catracas, na
erros entre a trava da engrenagem de acionamento extremidade do seu eixo de acionamento. (figura
do motor e as engrenagens do magneto). 7-59).

7-46
ferramentas especiais são geralmente
determinadas pelas instruções do fabricante.
Por outro lado, as instruções seguem
geralmente àquelas discutidas anteriormente, a
exceção está nos ajustes finos, que são feitos pela
catraca de acoplamento acionadora do magneto.

Ajuste de magneto de montagem fixa sem


ferramentas especiais
Alguns tipos de magnetos de alta tensão
podem ser ajustados ao motor sem ferramentas
especiais, usando o seguinte procedimento:
1) Instalar o equipamento apropriado para
estabelecer a posição do eixo de
Figura 7-59 Dispositivo de catraca do magneto manivelas.
2) Posicionar o eixo de manivelas para o
Quando a porca do eixo de acionamento for número de graus de avanço
desrosqueada, aproximadamente 1/8”, a ação de predeterminado do ponto morto alto para
fixação do mecanismo de catraca é eliminada, e o centelhar, como especificando na
acoplamento acionador é mantido contra as instrução aplicável do fabricante.
catracas somente por uma mola. Nessa posição, o
acoplamento pode ser girado, produzindo um 3) Remover a tampa do magneto, e colocar
efeito de “estalos” entre as catracas que são uma régua ou escala longitudinalmente
mantidas pelas molas. ao came de ressalto (figura 7-60-A).
Uma típica catraca de regulagem possui 24 Alinhar a régua com a maca de ajuste na
dentes em um dos lados e 23 no outro. Girando o borda da peça fundida.
acoplamento acionador um “estado”ou dente no 4) Enquanto o ressalto é mantido na posição
sentido horário, move 15º na mesma direção; no de centelhamento, colocar o magneto em
sentido anti-horário, o mesmo se movimentará posição do motor, permitindo que o
15,65º. Portanto, alternado o movimento do ressalto se movimente o necessário para
acoplamento acionador, um “estalo” ou dente, que o eixo de acionamento com a
teremos um ganho de 0,65º no sentido anti- chaveta do magneto deslize dentro do
horário. Para regular esse tipo de magneto, acionador do motor.

Marcas de
lápis

Figura 7-60 Régua de alinhamento

7-47
5. -Manter o came na direção oposta de 8) Após o magneto estar instalado, e antes
rotação, a fim de remover a folga entre o de apertar as porcas de fixação, verificar
magneto e o trem da caixa de novamente o alinhamento do ressalto do
engrenagens. Então, enquanto a caixa de came com a marca de ajuste. Quando se
engrenagens é mantida sem folga, faz esse “check”, geralmente gira-se o
colocar a régua transversalmente no ressalto na direção oposta de rotação,
ressalto do came do magneto e fazer uma para remover a folga do magneto e da
marca com lápis no alojamento (figura 7-60- caixa de engrenagens do motor.
B). 9) Mover a hélice, vagarosamente, uma pá
6.-Remover o magnero do motor e, usando na direção oposta de rotação, até que o
uma régua no ressalto, alinhá-lo no eixo de manivelas esteja nos designados
alojamento. Enquanto o ressalto é números de gruas de avanço do ponto
mantido nessa posição, aplicar força no morto alto (posição de faiscamento).
acionador do magneto na direção de Verificar novamente o alinhamento da
rotação, para remover a folga das régua com a marca de referência. Se o
engrenagens. Com a folga removida e o alinhamento correto não foi obtido,
ressalto no came alinhado com a marca a remover o magneto e substituir o
lápis, fazer uma marca na chaveta do mecanismo catracado no eixo acionador,
eixo de acionamento e outra como necessário.
correspondente na carcaça (figura 7-61-A). 10)Aterrar o fio preto da luz de sincronismo
do motor, conectando um dos fios
vermelhos ao platinado. Girar a hélice na
direção oposta de rotação. Com a luz de
ajuste ligada, mover a hélice
vagarosamente na direção de rotação até
que o platinado abra para o cilindro nº 1.
Se o platinado não abrir dentro de mais
ou menos meio grau do curso do eixo de
manivelas, da posição especificada nas
instruções do fabricante, repete-se o
Figura 7-61 Marcação da chaveta do eixo procedimento de ajuste.

Ajuste da palheta de contato do distribuidor


5) Girar o ressalto do magneto para a
no sistema de alta tensão
posição de centelhamento nº 1, onde a ré-
gua alinha com a marca de ajuste (figura
As palhetas do distribuidor são partes
7-60-A). O resultado é um alinhamento
básicas para os magnetos esquerdo e direito, na
do acoplamento acionador similar àquele
maioria dos modelos de motores.
mostrado na vista B da figura 7-61.
Quando os distribuidores são separados, um
6) Enquanto se mantém o ressalto na ajuste fino é conseguido através da regulagem
posição correta de ajuste, catracar o apropriada das palhetas.
acoplamento acionador até que o dente As palhetas, em alguns motores, são
marcado da chaveta se alinhe com a ajustadas pela mudança do flange acionador do
marca, que foi feita a lápis, na carcaça distribuidor e pela seleção apropriada do furo de
(figura 7-61-A). fixação.
7) Apertar a porca do eixo acionador do Em qualquer motor que incorpore
magneto, e travá-la com contrapino. distribuidores separados, a palheta deve estar
Instalar o magneto equanto o came alinhada com o eletrodo para o cilindro nº 1,
estiver na posição de centelhamento nº 1. quando o eixo de manivelas estiver no número

7-48
determinado de graus de avanço do ponto morto No exemplo, a luz indicadora (figrua 7-63)
alto para o magneto centelhar. será usada com um disco fixado ao flange do
Nos motores, o ajuste apropriado da palheta arranque na caixa de acessórios.
é obtido, primeiramente, estabelecendo a correta Para se usar a luz indicadora a fim de
posição do ponto morto alto. encontrar o ponto morto alto, gira-se a hélice na
Então, o eixo de manivelas é colocado no direção normal de rotação até que o tempo de
número prédeterminado de graus de avanço desta compressão seja atingido e, então, a luz
mesma posição. Finalmente, a palheta é ajustada indicadora é instalada no orifício da vela.
para se alinhar com o eletrodo nº 1, quando todas Gira-se a hélice na direção normal de
as folgas forem eliminadas entre as engrenagens rotação até que a luz acenda, o que indica que o
acionadoras. pistão moveu a haste do indicador. No momento
Uma vez que há vários tipos diferentes de em que a luz acender, para e anote a leitura dos
distribuidores com sistema de alta tensão, as graus no disco de ajuste.
instruções aplicáveis do fabricante devem sempre A hélice é movida na direção normal de
ser consultadas, antes de ajustar o distribuidor rotação até que a luz apague. Neste momento,
para o motor. Um resumo dos procedimentos anote a leitura dos graus que aparecem no disco
usados no ajuste de um determinado tipo de de ajuste.
distribuidor está incluido como exemplo. Anote o número de graus do pecurso, entre
Para se ajustar o distribuidor ao motor, o acender e apagar da luz.
solta-se o alojamento, removendo-se alguns cabos
das velas presos ao distribuidor. O alojamento é
solto pela remoção do anel fixador da base, então,
o alojamento é empurrado, expondo a palheta do
distribuidor.
O passo seguinte no procedimento de ajuste
do distribuidor é remover a palheta para expor a
porca que fixa o acoplamento acionador. Solta-se
a porca e instala-se a ferramenta de ajuste
apropriada. Gira-se a unidade de acoplamento
contra a linha normal com a linha traçada na
superfície divisória.
A porca de acoplamento é presa nesta
posição após todas as folgas terem sido
eliminadas das engrenagens acionadoras do
distribuidor. A ferramenta de ajuste pode, agora
ser removida e a palheta instalada.
Agora, o conjunto de alojamento do
distribuidor pode ser colocado na posição da base.
Prende-se todos os anéis de fixação no
distribuidor, instalando os cabos de vela que Figura 7-62 Lâmpada indicadora do ponto morto
foram removidos. O distribuidor deve ser alto
protegido como necessário.
A metade do curso entre luz acesa e luz
Procedimento de ajuste do sistema de magneto apagada indica o ponto morto alto.
de baixa tensão Antes da instalação de qualquee parte do
sistema de ignição, a unidade que está sendo
No ajuste do magneto para o motor, um instalada já deve ter sido verificada e
número de diferentes indicadores pode ser usado inspecionada. quanto a correta operação.
para localizar a posição do ponto morto alto do Examina-se todos os parafusos externos quanto ao
pistão. torque correto, observando se os frenos foram

7-49
confeccionados nos devidos lugares. Usa-se uma fixação. Após a correta posição ter sido
nova junta no flange de montagem. encontrada, mantém-se o magneto nela, apertando
Após ser localizado o ponto morto alto, as porcas do prisioneiro para fixá-lo ao flange do
retorna-se a hélice aproximadamente ¾ de volta motor.
em direção oposta a de rotação. Então, gira-se a Para determinar que o magneto esteja
hélice até que o pistão esteja na posição normal montado na posição de folga “E”, gira-se a hélice
de faiscamento. lentamente, quando estiver próximo da posição
O eixo acionador do magneto deve estar normal de faiscamento para o cilindro nº 1, o
apertado, e o contrapino instalado. Remova a êmbolo é comprimido, devendo encaixar no
presilha de mola do êmbolo de ajuste, a qual o entalhe, assim que a posição for alcançado.
mantém na posição “para fora”.
Existem quatro entalhes no eixo do Instalação do distribuidor do sistema de baixa
magneto: o êmbolo se encaixa nesses entalhes tensão
durante a operação de ajuste, para manter o eixo
do magneto na correta posição de folga “E”. O distribuidor em um sistema de baixa
Empurre o êmbolo (girando o eixo de tensão, como aquele discutido anteriormente, é
acionamento do magneto) até ficar encaixado em instalado como unidade separada. Ele é uma
um desses entalhes; então, posicione o magneto montagem em flange, com fendas alongadas
no flange de montagem do motor (figura 7-63), usadas para ajuste.
mantendo o êmbolo na posição, sem que ele Antes da instalação do distribuidor,
deslize. verifica-se a designação da haste “master” na
placa de identificação do distribuidor em relação
à placa dos dados do motor para ver se o
distribuidor possui o platinado correto,
correspondendo com a localização da haste
“master”no motor.
Deixa-se o pistão no número especificado
de graus antes do ponto morto alto usado para
ajuste do magneto. Para impedir que partículas
estranhas entrem na unidade, a tampa protetora
não é removida até o momento exato da
instalação do distribuidor.
Nesta hora, remove-se o anel de fixação e,
também, a tampa de proteção do distribuidor.
O eixo de acionamento é girado até que a
linha marcada com “1” na palheta esteja alinhada
com a linha marcada “time-open” no prato
Figura 7-63 Instalação de um magneto coletor, como mostrado na figura 7-64.
Mantém-se o distribuidor na posição,
Se a chaveta no membro acionador não instalando-se no flange de montagem, a fim de
encaixar quando o magneto estiver devidamente que os prisioneiros fiquem alinhados no centro
posicionado no flange de montagem, move-se o das fendas alongadas desse flange, como
magneto para fora do flange, girando o seu eixo mostrado na figura 7-64. Se os prisioneiros não
em 90º, para que o pino-êmbolo se encaixe na estiverem alinhados na parte intermediária nas
próxima fenda no eixo de magneto. fendas do flange, remove-se o distribuidor e
O magneto é colocado de volta no flange de desloca-se a engrenagem acionadora um dente na
montagem observando-se se as chavetas e as chaveta. Então, resinstala-se o magneto para que a
fendas estão encaixadas. Se não, repete-se este palheta seja mantida alinhada com a posição “1”.
procedimento até que as chavetas se encaixem, e Quando a posição correta for encontrada na
o magneto esteja posicionado no flange de engrenagem acionadora, tira-se o distribuidor do

7-50
flange de montagem, aperta-se porca, e instala-se Se ambas as luzes de ajuste acenderem
um novo contrapino na porca-castelo. simultaneamente, significa que os distribuidores
estão sincronizados. Se elas não acenderem ao
mesmo tempo, os distribuidores devem ser
resincronizados. Para isto, basta girar o segundo
distribuidor lentamente no flange de montagem
até que ambos os pares de contatos (um em cada
distribuidor) abram no mesmo instante (que deve
ser também no mesmo instante em que o cilindro
nº 1 atinge o ponto de faiscamento).
As cabeças do distribuidor são substituídas
e os anéis de fixação presos. O sistema de ignição
está agora pronto para um teste operacional.

Efetuando um teste no sistema de ignição


Figura 7-64 Instalação do distribuidor
Existem, normalmente, três testes de
O fio vermelho da luz de ajuste é conectado ignição efetuados na aeronave durante a
no lado isolado do platinado principal “nº 1”, e o verificação operacional do motor. O primeiro é
fio preto no alojamento (figura 7-65). Gira-se o efetuado durante o aquecimento, o segundo, pela
distribuidor no sentido horário no seu flange de pressão baromética do campo e o terceiro, antes
montagem até que a luz acenda, indicando que os do corte do motor. O primeiro teste de ignição é
contatos estão começando a abrir. Aperta-se a feito durante o aquecimento por recomendação do
porca de fixação com o distribuidor nesta posição; fabricante. Realmente, ele é uma combinação do
instala-se o outro distribuidor do motor, usando o teste do sistema e do interruptor de ignição, e é
mesmo procedimento. usado para verificar o sistema quanto ao correto
Após estarem ambos os distribuidores funcionamento antes que outros testes sejam
instalados, sua operação deve ser sincronizada. O realizados.
fio vermelho da luz de ajuste é conectado em cada O segundo teste é efetuado como no teste
platinado principal e o fio preto na massa. do sistema de ignição, e é usado para verificar
Retorna-se a hélice pelo menos um quarto de individualmente os magnetos, as cablagens e as
volta, e depois gira-se lentamente na direção velas. O terceiro é efetuado como o teste do
normal de rotação até a posição de faiscamento nº interruptor de ignição, é é usado para testar o
1, - para ver se ambos os platinados principais interruptor quanto ao devido aterramento para a
abrem ao mesmo tempo. segurança no solo.
O teste do sistema de ignição é
normalmente efetuado como o teste de potência, e
é, algumas vezes, referido como barométrico do
campo, porque nos motores de grande porte ele é
efetuado a uma pressão no distribuidor igual à
pressão barométrica do campo. O teste de
potência é também efetuado nessa mesma pressão
( o de ignição não deverá ser confundido com o
teste de alta potência). A exata R.P.M e a pressão
no distribuidor,.para fazer esse teste, pode ser
encontrada nas instruções do fabricante.
A pressão barométrica usada como
referência será a leitura obtida do manômetro da
Figura 7-65 Ajustando o distribuidor de baixa tubulação de admissão para o motor envolvido,
tensão do motor antes da partida e após o corte. Após atingida a R.

7-51
P.M. do motor especificado para o teste do explosão, e retorno de chama quando a chave é
sistema de ignição, aguarda-se a estabilização da retornada para “both”.
mesma. Se a chave não for retornada rapidamente, a
Coloca-se o interruptor da ignição na rotação do motor cairá a ponto dele parar. Nesse
posição “right”, notando se a R.P.M. cai no caso, a chave seletora fica na posição “off”, e o
tacômetro. O interruptor é retornado para a controle de mistura é colocado na posição “idle-
posição “both”; permanecendo nela por alguns cut-off”, para evitar sobrecarga nos cilindros, e a
segundos até que a R.P.M. se estabilize emissão de combustível não queimado pela
novamente. descarga do motor.
Coloca-se o interruptor para a posição “left” Quando o motor estiver completamente
e, novamente, anota-se a queda da R.P.M. Em parado, deve ficar desligado por um curto período
seguida retorna-se o interruptor de ignição para antes de ser acionado novamente.
“both”. O teste de chave seletora é efetuado para
Efetuando este teste, basta bater levemente observar se todos os cabos massa do magneto se
na borda do tacômetro, para garantir que o encontram eletricamente aterrados.
ponteiro indicador se mova livremente. Um Se o motor não cessar a explosão com a
ponteiro paralisado pode ocultar mau chave na posição “off”, indica que o cabo massa
funcionamento da ignição. do magneto, mais comumente referido como cabo
Existe uma tendência desse teste ser “P”, está aberto, e o problema deve ser corrigido.
efetuado rapidamente, o que resulta em erros de
indicações. A operação de ignição simples por Substituição dos cabos de ignição
mais de um minuto não é considerada excessiva,
mas esse intervalo de tempo, geralmente, não Quando um cabo defeituoso é descoberto
deve ser excedido. pelo teste na cablagem de ignição, é preciso saber
A quantidade total da queda de R.P.M., que se são apenas os cabos, ou o bloco distribuidor
ocorre, imediatamente, é anotada e, também, a que está com o defeito.
quantidade que ocorre lentamente para cada Se o problema se encontra em apenas um
seleção do interruptor. A análise na queda de cabo, a fuga elétrica pode estar no cotovelo da
R.P.M. fornece informações úteis. vela ou em uma outra parte.
Esse teste do sistema de ignição é Remove-se o cotovelo, puxando uma parte
normalmente efetuado no início da virada do do cabo para fora do conduite, e repete-se o teste
motor, porque se a queda da R.P.M. não estiver de cablagem no cabo. Se parar de ocorrer a fuga,
dentro dos limites, ele pode afetar todos os outros corta-se o pedaço defeituoso, instalando o
testes posteriores. cotovelo, o selo integral, e o “cigarette” (figura 7-
66).
Verificação da chave seletora de ignição Se o cabo estiver muito curto, dificultando o
reparo descrito ou se a fuga elétrica for
A verificação da chave seletora de ignição é internamente na cablagem, substitui-se o cabo
normalmente realizada em 700 R. P.M. defeituoso.
Nos motores em que a marcha lenta está Se a cablagem não for o tipo reparável, a
acima desta valor, a mínima R.P.M. possível é mesma deve ser substituída integralmente. Os
selecionada. procedimentos para substituir os cabos de ignição
Quando a velocidade para efetuar esse teste são os seguintes:
é obtida, momentaneamente gira-se a chave de
ignição para a posição “off”. 1) Desmontar o magneto ou o distribuidor
A ignição do motor deve ser perdida de maneira que o bloco distribuidor fique
completamente. Após uma queda entre 200 a 300 acessível.
R. P.M. ser observada, retorna-se a chave para a 2) Soltar o parafuso correspondente ao fio a
posição “both” o mais rápido possível. Isso é feito ser substituído no bloco distribuidor e
rapidamente, para eliminar a possibilidade de pós- removê-lo.

7-52
3) Desencapar as extremidades do fio para instalação no bloco distribuidor,
defeituoso que vem do bloco distribuidor como mostrado na figura 7-66. Introduzir
e do fio substituto, aproximadamente 1 o cabo no distribuidor e apertar os
polegada. Unir e soldar as extremidades. parafusos.
4) Remover o cotovelo do terminal do cabo 7) Desencapar aproximadamente ¼” do
ignitor defeituoso, puxar o cabo velho e cabo na extremidade junto à vela, e
empurrar o novo na cablagem. Enquanto instalar o cotovelo, o selo integral e o
se puxa os cabos através da cablagem, é “cigarette”, como ilustrado na figura 7-
importante empurrar o cabo substituto 66.
por dentro do conduíte, pela extremidade
junto ao terminal distribuidor, para 8) Instalar um marcador no terminal do
reduzir a força requerida a retirar o cabo cabo no distribuidor, para identificar o
completa-mente. número do cilindro. Se um novo
5) Quando o cabo substituto estiver marcador não estiver disponível, usar o
completamente introduzido no conduíte, marcador removido do cabo usado.
o cabo de ignição é forçado para dentro
do conduíte, de maneira a proporcionar Substituição da cablagem
um comprimento extra para futuros
reparos, que poderão ser necessários
devido ao roçamento com o cotovelo. Substitui-se uma cablagem reparável de
ignição completa somente quando a blindagem do
6) Desencapar aproximadamente 3/8 de conduíte estiver danificada, ou quando o número
polegada do terminal do bloco de cabos danificados tornar mais prático a
distribuidor. Dobrar os terminais do fio substituição da cablagem do que dos fios
para trás, e preparar os terminais do cabo individualmente

Figura 7-66 Procedimentos para substituição dos terminais do cabo de ignição

Substitui-se uma cablagem blindada 1. Instalar a cablagem no motor. Apertar e


somente quando ocorre indicação de fuga na frenar as porcas e os parafusos,
porção blindada. instalando e apertando os suportes
Antes de se substituir qualquer cablagem individuais dos cabos, de acordo com as
para corrigir um mau funcionamento no motor, instruções. A cablagem está, então,
efetua-se um teste completo. pronta para a conexão do cabo individual
Os procedimentos típicos para se instalar com o bloco distribuidor. Um colar é
uma cablagem de ignição são: preso em cada cabo no terminal junto ao

7-53
distribuidor para identificação do Qualquer falha de conexão deve ser
cilindro. Contudo, cada cabo deve ser corrigida antes de se instalar o bloco distribuidor.
verificado individualmente quanto a
continuidade, ou através da luz de ajuste
antes de conectá-lo.
2. Verificar quanto a continuidade,
aterrando o cabo ao cilindro e testando o
terminal junto ao bloco distribuidor, para
confirmar que o aterramento está de
acordo com o colar de identificação.
3. Após verificar todos os cabos quanto a
correta identificação, cortá-los com o
comprimento apropriado para a
instalação no bloco distribuidor.
Entretanto, antes de cortar os cabos,
introduzi-los, o quanto possível, no
conduíte, proporcionando uma extensão
extra de cabo. Esta reserva poderá ser
útil mais tarde, no caso do roçamento do
cabo com o cotovelo tornar necessário o
seccionamento da extremidade para
reparos.
Após cortar cada cabo no comprimento
adequado, desencapá-lo aproxima-
damente 3/8”, e prepará-lo para a iserção
no bloco distribuidor. Antes de instalar o
cabo, retirar o parafuso do bloco para
permitir a introdução do cabo no furo
sem forçar. Após introduzido, apertar o
parafuso. Conectar os cabos na ordem de Figura 7-67 Tabela para cabos conectores do
fogo, isto é, o primeiro cilindro explode bloco distribuidor de vários
na posição nº 1 no bloco, o segundo na motores
ordem de fogo para a posição nº 2, etc.
As conexões do bloco distribuidor com o Teste do sistema de bobina de alta tensão de
cilindro para vários motores são ignição
mostradas na tabela da figura 7-67.
Para se verificar o enrolamento da bobina
Após conectar cada cabo, verifica-se a de alta tensão quanto a correta operação, remove-
continuidade entre o mesmo e o eletrodo do bloco se o cabo de alta tensão do mesmo.
distribuidor, com uma luz de continuidade ou uma Uma das extremidades do cabo de teste de
luz de regulagem. Para efetuar este teste, aterra-se ignição de 7mm de comprimento é instalada no
o cabo de ignição (para o motor) no terminal da enrolamento da bobina de alta tensão, mantendo o
vela, assim como um dos cabos de teste enconta- outro terminal com 3/8” com uma massa
se o outro eletrodo do bloco distribuidor apropriada.
correspondente. Se a luz não indicar que o Um ajudante deve verificar se o controle
circuito está completo, é sinal de que o parafuso manual de mistura está na posição “idle-cutoff”,
não está fazendo contato com o cabo de ignição, se a válvula de corte a a bomba de combustível
ou o mesmo está conectado em local incorreto no daquele motor estão desligados, e se o interruptor
bloco. da bateria está ligado.

7-54
Se o motor estiver equipado com um podem ser minimizadas através de boas práticas
arranque combinado, ou de inércia, o ajudante de manutenção e operação.
deve fechar o interruptor de engate. Não se deve
Carbonização das Velas
energizar o arranque antes de engatá-lo.
Se o motor estiver equipado com um A carbonização (figrua 7-68) proveniente
arranque de acionamento direto, a hélice deverá do combustível é associada com misturas que são
estar livre ao interruptor de partida fechado. muito ricas para queimar ou misturas que são
Quando o interruptor de engate, ou o de pobres e causam uma queima intermitente.
partida (dependendo do sistema de partida do
motor) estiver fechado, deve ocorrer o
centelhamento contínuo através do terminal do
cabo de teste.
Estas centelhas devem ser abudantes, além
de saltarem rapidamente com um luminoso arco
azul para serem consideradas satisfatórias. Se a
bobina de alta tensão estiver operando
satisfatoriamente, é preciso avisar o ajudante que
ele deve soltar o interruptor de partida. Então,
remove-se o cabo de teste e reinstala-se o cabo de
alta tensão de bobina.
Para se testar o vibrador de indução, o
controle manual de mistura deve estar em “idle- Figura 7-68 Vela carbonizada
cutoff”, a válvula de corte de combustível
fechada, a bomba de combustível desligada, e o Cada vez que uma vela não centelha, o
interruptor da bateria ligado. combustível não queimado e o óleo se acumulam
Uma vez que o vibrador de indução emite nos eletrodos e na borda dessa vela. Essas
um característico “buzz” se o interruptor de dificuldades estão quase invariavelmente
ignição for ligado ou desligado, deixa-se o associadas com o ajuste incorreto da marcha
interruptor desligado durante o teste. lenta, um vazamento da injeção (primer), ou um
Se o motor estiver equipado com um mau funcionamento do carburador, que provoca o
arranque combinado ou de inércia, o teste é enriquecimento da mistura no tempo de marcha
realizado pelo fechamento do interruptor de lenta. Uma mistura combustível/ar muito rica é
engate. Se o motor está equipado com um detectada pelo aparecimento de fuligem ou
arranque de acionamento direto, verifique se a fumaça preta na descarga, e pelo aumento de
hélice está livre, e acione o interruptor de partida. R.P.M. quando a mistura combustível/ar é
Um ajudante, situado próximo ao vibrador, empobrecida para “best power”
deve ouvir o som característico produzido. Se isso A fuligem que se forma é o resultado do
ocorrer quando o arranque for engatado ou excessivo enriquecimento da mistura em marcha
acionado, indica que o vibrador está operando lenta que se acumula dentro da câmara de
corretamente. combustão devido ao calor do motor e a baixa
turbulência da câmara. Em altas velocidades e
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DA VELA regimes de potência do motor, a fuligem é
facilmente eliminada, e não se condensa na
A operação da vela pode freqüentemente ser câmara de combustão.
a maior responsável por um mau funcionamento Mesmo que a mistura em marcha lenta
do motor, devido ao acúmulo de chumbo, grafite, esteja correta, existe a tendência do óleo ser
ou carbono, e à erosão do vão entre os eletrodos puxado para dentro do cilindro pelos anéis do
da vela. pistão, guias de válvulas e anéis retentores de óleo
Muitas dessas falhas, que geralmente do eixo acionador. Em baixas rotações, o óleo se
acompanham uma operação normal da vela, combina com a fuligem no cilindro para formar

7-55
um sólido, que é capaz de curto circuitar os chumbo, dibromido de etileno é adicionado ao
eletrodos da vela. As velas quando molhadas ou combustível como agente limpante (que combina
cobertas com óleo lubrificante, geralmente, com o chumbo durante a combustão).
geralmente estão elétricamente isoladas na partida
do motor. Em alguns casos essas velas podem se
tornar limpas e operarem adequadamente após um
curto período de operação do motor.
O óleo de motor que foi utilizado durante
/algum tempo manterá em suspensão pequenas
partículas de carbono, as quais são capazes de
conduzir corrente elétrica.
Deste modo, não ocorrerá o arco no vão
desta vela entre os eletrodos, quando a mesma
estiver encharcada.
Em vez disso, o impulso de alta tensão
fluirá através do óleo de um eletrodo para o outro
sem centelhar, como se fosse colocado um fio
condutor entre os dois eletrodos.
A combustão no cilindro afetado não
ocorrerá, até que a R.P.M. se tome elevada,
aumentando o fluxo de ar que expelirá o excesso Figura 7-69 Vela com depósito de chumbo
de óleo.
Então, durante as partidas intermitentes, a Incrustações de chumbo podem ocorrer em
combustão auxilia na emissão do óleo qualquer regime de potênica, mas provavelmente
remanescente. Em poucos segundos o motor está o mais propício para a formação de chumbo é o
operando livre, com emissão de fumaça branca da de cruzeiro com mistura pobre. Nesse regime, a
evaporação e da queima de óleo pela descarga. temperatura na cabeça do cilindro é relativamente
baixa, e há um excesso de oxigênio em relação ao
Depósito de chumbo nas velas necessário para consumir todo combustível da
mistura ar/combustível.
Depósito de chumbo nas velas de aviação é O oxigênio, quando aquecido, é muito ativo
uma condição provável em qualquer motor que e agressivo; e quando todo o combustível é
use combustível com chumbo. consumido, parte do excesso de oxigênio combina
O chumbo é adicionado ao combustível de com parte de chumbo e parte do agente limpante
aviação para melhorar suas qualidades para formar oxigênio composto de chumbo ou
antidetonantes. Contundo, ele tem o efeito bromo, ou de ambos. Alguns desses compostos de
indesejável de formação de óxido durante a chumbo indesejáveis solidificam e formam
combustão. camadas, que aderem nas paredes do cilindro e
Esse óxido de chumbo forma um sólido nas velas, que estão relativamente frias.
com vários graus de dureza e consistência. Apesar de carbonização ocorrer em
Depósitos de chumbo nas superfícies da qualquer regime de potência, a experiência indica
câmara de combustão são bons condutores que a formação do chumbo é geralmente
elétricos em elevadas temperaturas e causam confinada a uma específica faixa de temperatura
falhas na detonação. Em baixas temperaturas os de combustão, e que as temperaturas, maiores ou
mesmos depósitos podem se tornar bons menores que aquelas da faixa especificada,
isoladores. minimizam, a tendência de formação de chumbo.
Em qualquer dos casos, formações de Se a incrustação for detectada antes das velas
chumbo nas velas das aeronaves, impedem sua estarem completamente obstruídas, o chumbo
operação normal, como mostrado na figura 7-70. pode normalmente ser eliminado ou reduzido por
Para minimizar a formação de depósitos de um aumento ou decréscimo brusco na temperatura

7-56
de combustão. Isto impõe um choque térmico nas esta eficiência na remoção de chumbo diminui à
partes do cilindro, causando sua expansão ou medida que o combustível dosado, através dos
contração. canais normais, aumenta.
Havendo um grau diferente de expansão A razão para isto é que toda injeção elétrica
entre depósitos e partes de metal onde eles se envia um fluxo constante a todas as velocidades e
formaram, os depósitos descansam ou soltam, e potências dos motores em um mesmo período de
então se liberados da câmara de combustão pela tempo.
exaustão, ou são queimados no processo de Portanto, comparativamente, a injeção
combustão. enriquecerá as misturas pobres às baixas
Diversos métodos de produção de choque velocidades, mais do que ela enriqueceria para
térmico para partes do cilindro são usados. O altas velocidades.
método usado, naturalmente, depende do Independente da potência em que a injeção
equipamento e acessório instalado no motor. Um ocorra, ela deverá ser usada continuamente com 2
aumento brusco na temperatura de combustão minutos de intervalo. Se a operação normal do
pode ser obtido em todos os motores, operando-os motor não for restabelecida após um intervalo de
em potência máxima por aproximadamente 1 2 minutos, deve ser necessário repetir o processo
minuto. diversas vezes. Alguns sistemas de injeção
Quando usado esse método para eliminação, injetam somente nos cilindros acima da linha
o controle da hélice deve ser colocado em passo central horizontal do motor; no caso, somente
mínimo (alta r.p.m.) e a manete avançada aqueles cilindros que recebem a carga de injeção
vagarosamente para obter a rotação de decolagem podem ser limpos.
e pressão de admissão. Um vagaroso movimento Em motores equipados com injeção de
de manete de controle evita retorno de chama nos água, a temperatura pode ser bruscamente
cilindros afetados durante a aplicação de potência. diminuída pela operação manual desse sistema.
Outra forma de produção de choque térmico A injeção de água é normalmente reservada
é o uso de misturas ar/combustível exces- para operações de altas potências; mas quando ela
sivamente ricas. é usada somente para limpeza, o sistema é mais
Essa forma refrigera repentinamente a eficaz quando ativado no limite de cruzeiro, sendo
câmara de combustão por causa do combustível ele acompanhado por uma monentânea perda de
em excesso que não contribui para a combustão; potência.
ao contrário, ele absorve calor da área de Essa perda pode ser traçada pelos seguintes
combustão. fatores: primeiramente, o jato de empobrecimento
Alguns carburadores usam controle de não é medido no regime de cruzeiro. Por essa
mistura manual de 2 posições, que dosa uma razão, quando a válvula de empobrecimento é
mistura pobre em cruzeiro econômico e uma mais fechada pelo sistema de injeção de água, não
rica para todas as potências acima de cruzeiro. existe decréscimo no fluxo de combustível do
Nenhum controle manual nesse tipo de carburador.
configuração é capaz de produzir uma mistura O segundo fator é que, quando o regulador
excessivamente rica. Mesmo quando o motor é de água primeiro começa a dosar, ele dosa o
operado em mistura rica automática as potências combustível que retornou para dentro da linha de
onde um regime de mistura mais pobre poderia transferência de água durante a operação normal
ser completamente satisfatório, ela não é rica o seca. Esse combustível proveniente do
suficiente. carburador, produz uma mistura extremamente
Conseqüentemente, para obter uma mistura rica, que, temporariamente, encharca o motor.
mais rica que o carburador é capaz de dosar, um Tão logo esse combustível seja consumido pelo
sistema de injeção é usado para suplementar o motor, a potência se normaliza, mas para um
fluxo de combustível normal. valor menor do que foi obtido antes da injeção de
Enriquecimento da mistura e choque água.
térmico podem ser alcançados pelo sistema de Quando a injeção é usada para baixas
injeção em todas as velocidades do motor, mas temperaturas de combustão, ela é limitada a um

7-57
curto intervalo (aproximadamente 1 minuto), depositada no outro eletrodo, já o remanescente é
mesmo se diversos intervalos forem necessários soprado na câmara de combustão.
para livrarem os cilindros dos depósitos de
chumbo.
Alguns sistemas de injeção de água são
considerados automáticos, isto porque o operador
não tem nenhum controle da potência na qual o
sistema interromperá o processo.
Esses sistemas iniciam injeção de água
automaticamente a uma pressão prédeterminada,
se a bomba de água tiver sido ligada.
Quando eles são usados para eliminação de
chumbo, o benefício total da injeção de água não
pode ser obtido por causa das altas potências
selecionadas, onde o sistema automático começa
a operar, mais calor é gerado pelo motor, a
proporção ar/combustível é empobrecida e a Figura 7-70 Folga da vela causada pela erosão
temperatura de combustão não pode ser diminuída
o suficiente. Como a folga é alargada pela erosão, a
Independentemente de como o chumbo é resistência que a faísca deve superar para saltá-la
removido das partes do cilindro, se é através de também aumenta.
operação de alta potência, pelo uso da injeção, ou Isso significa que o magneto deve produzir
pelo uso do sistema de injeção de água, a ação uma voltagem mais elevada para superar aquela
corretiva deve ser iniciada antes que as velas resistência.
estejam completamente danificadas. Devido a grande voltagem no sistema de
ignição existe uma grande tendência para
Formação de grafite nas velas descarga da vela em algum ponto de isolamento.
Desde que a resistência de uma folga
Como resultado do descuido e da excessiva também aumente, quando a pressão nos cilindros
aplicação de uma camada de lubrificante nas do motor aumentar, um duplo perigo existe na
roscas das velas, o lubrificante fluirá sobre os decolagem, e durante uma aceleração súbita com
eletrodos, causando um curto-circuito. Isso ocorre alargamento das folgas das velas.
porque o grafite é um bom condutor elétrico. A A quebra do isolamento, faísca prematura e
eliminação das dificuldades causadas pelo grafite sobras de carbono, resultam em falhas das velas.
depende dos mecânicos de aviação. Os fabricantes das velas têm parcialmente
Devemos tomar cuidado quando aplicarmos sobrepujado o problema de folgas de erosão,
o lubrificante, assegurando que dedos sujos, usando um resistor selado hermeticamente no
farrapos ou fios não entrem em contato com os eletrodo central de algumas velas.
eletodos ou parte do sistema de ignição, exceto na Essa resistência adicionada ao circuito de
rosca das velas. alta tensão reduz o pico de corrente no instante da
Praticamente, nenhum sucesso tem sido ignição.
experimentado na tentativa de queimar ou expelir O fluxo de corrente reduzida ajuda na
a camada de lubrificante da rosca. prevenção da desintegração metálica nos
eletrodos.
Folga por erosão das velas Também, devido a razão de alta erosão do
aço, ou algumas ligas conhecidas, os fabricantes
A erosão dos eletrodos acontece em todas as de velas estão usando tungstênio ou uma liga de
velas de aeronaves quando a faísca salta entre os níquel para as tomadas dos eletrodos e
eletrodos (veja figura 7-70). A faísca carrega galvanização de platina para fios finos de tomadas
consigo uma porção do eletrodo, parte do qual é de eletrodo.

7-58
Remoção de velas tomada. Se uma carga lateral é aplicada, como
mostrado na figura 7-72, danos ao corpo isolador
As velas devem ser removidas para e ao terminal de cerâmica podem ocorrer.
inspeção ou serviço em intervalos recomendados Se o cabo não puder ser removido
pelo fabricante. facilmente desta maneira, o colar de neoprene
Uma vez que a razão de falhas de erosão deve ser colocado no corpo blindado. Quebra-se o
varia com diferentes condições de operação, colar de neoprene pela torção do mesmo, como se
modelos de motores e tipos de velas, uma estivesse desenroscando uma porca de parafuso.
provável falha de velas, causando mau
funcionamento do motor, pode ocorrer antes que
o intervalo de serviço regular seja alcançado.
Normalmente, nestes casos, somente as velas que
falharam são substituídas.
Cuidadoso manuseio dos cabos usados e
substituídos durante a instalação e remoção de
velas em um motor não pode ser enfatizado, uma
vez que velas podem ser facilmente danificadas.
Para prevenir danos, elas deverão sempre ser
individualmente manuseadas e as novas e
recondicionadas, deverão ser armazenados em
caixas de papelão separadas.
Um método comum de armazenamento é
ilustrado na figura 7-71. Isto é, uma bandeja
furada que previne as tomadas contra choques de
umas com as outras, que danificam os frágeis
isoladores e roscas.

Figura 7-72 Técnica inadequada para remoção do


cabo de vela
Após o cabo ter sido desconectado,
seleciona-se a ferramenta apropriada para
remoção das velas. Aplica-se uma pressão com
uma das mãos no cabo de ferramenta, mantendo a
soquete em alinhamento com a outra mão. Falha
Figura 7-71 Tabuleiro de velas nesse alinhamento de ferramenta, como mostrado
na figura 7-73, causará um levantamento na
Se uma vela cair no chão ou em outra ferramenta para um lado, e danificará a vela.
superfície, ela não deverá ser instalada no motor,
uma vez, que impactos usualmente causam
pequenas e invisíveis rachaduras nos isoladores.
As velas deverão ser testadas sob condições de
pressão antes de uso.
Antes dela ser removida, a cablagem de
ignição deve ser desconectada, Usando uma
chave especial para o acoplamento tipo cotovelo,
remove-se da vela a porca do mesmo.
Toma-se cuidado ao puxar o fio dos cabos,
alinhando-o com a linha de centro do corpo da Figura 7-73 Técnica apropriada para remoção

7-59
No curso de operação do motor, carbono e mais largo que o diâmetro do orifício do ignitor.
outros produtos de combustão serão depositados Uma escova mais larga que o orifício pode causar
através do ignitores e cilindros , e algum carbono remoção de material proveniente da rosca
pode penetrar nas extremidades inferiores da helicoidal ou da cabeça do cilindro. Também, a
rosca. mesma não haverá desintegrar-se com o uso,
Como resultado, um alto torque é permitindo a queda dos fios das cerdas para
geralmente requerido para soltar a vela. Este fator dentro do cilindro.
impõe uma carga de cisalhamento na seção do Limpa-se a rosca postiça girando-se
revestimento do plug, e, se a carga for mais do cuidadosamente o fio da escova com uma
que o suficiente, a vela poderá se partir, fazendo ferramenta adequada.
com que uma parte dela permaneça no orifício do Ao usar a escova, nenhum material deve ser
cilindro. removido da superfície da junta da vela, pois,
caso contrário, causará uma mudança no limite de
Inspeção e manutenção antes da instalação aquecimento, vazamento de combustão, e
eventual dano ao cilindro.
Antes de instalar uma vela nova ou Nunca se limpa a rosca helicoidal com um
recondicionada no cilindro, limpe a rosca macho, pois esse poderá causar danos
cuidadosamente. permanentes.
Buchas de velas de latão ou aço inoxidável Se uma rosca helicoidal de inserção estiver
são usualmente limpas com uma ferramenta de danificada como resultado de uma operação
limpar roscas (macho). normal ou enquanto estiver sendo limpa, ela deve
Antes de se inserir a ferramenta de limpeza ser trocada de acordo com as instruções aplicáveis
no orifício do ignitor, as ranhuras (canais entre as do fabricante.
superfícies roscadas) são enchidas com graxa Usando um pano e solvente para limpeza,
limpa para prevenir que o carbono ou outro na superfície da junta da vela do cilindro, elimina-
material removido pela escova caia dentro do se a possibilidade de sujeira ou graxa depositadas
cilindro. acidentalmente nos eletrodos da vela durante a
Alinha-se a ferramenta com as extremidades instalação. Antes de instalar velas novas ou
da bucha com um sinal qualquer, e incicia-se a recondicionadas, elas devem ser inspecionadas
escovação com a mão até que não haja para cada uma das seguintes condições:
possibilidade dela atravessar a bucha.
Para iniciar a escovação em algumas 1. Ter certeza de que a vela é do tipo certo,
instalações, onde os orifícios dos ingnitores estão como indicado pelas instruções de
localizados mais profundamente do que se pode aplicação do fabricante.
direcionar pelo aperto com a mão, deve-se usar 2. Verificar quanto a evidência de
uma extensão curta. composto preventivo da ferrugem no
Quando se rosqueia a ferramenta no embu- exterior da vela, do isolante e no lado
chamento, as extremidades dessa devem encontrar interno da carcaça. Acumulações de
o fundo rosqueado do embuchamento. Isto composto preventivo da ferrugem são
renoverá depósitos de carbono proveniente das removidos lavando-se a vela com uma
roscas das buchas sem remoção de metal, a menos escova e solvente para limpeza. Ela deve,
que o passo das roscas tenha sido contraído. então ser seca com um sopro de ar seco.
Se durante o processo de limpeza das
roscas, o embuchamento for encontrado solto no 3. Verificar ambas as extremidades da vela
cilindro, ou ainda com elas cruzadas, ou, por, quanto a entalhes ou rachaduras, assim
outro lado, seriamente danificadas, troca-se o como alguma indicação de rachadura no
cilindro. isolante.
Roscas de velas do tipo postiças (Heli-Coil) 4. Inspecioanr o lado interno da carcaça
são limpos com escova de fios de arame, quanto a rachaduras no isolante e o
preferencialmente tendo o diâmetro ligeiramente contato central do eletrodo quanto à

7-60
corrosão e materiais estranhos, os quais Quando se aplica o composto nas roscas, ele
podem causar emprobrecimento no não deve se alojar entre os eletrodos externos e o
contato elétrico. central, ou na ponta da vela, onde ele possa
5. Inspecionar a junta da vela. Uma junta escorrer para a massa ou eletrodo central durante
que tenha sido excessivamente a instalação. Esta precaução é necessária porque o
comprimida, vincada, ou distorcida, não grafite no composto é um excelente condutor
deve ser usada. Quando a junta do elétrico, e poderia causar uma fuga de corrente.
termocouple for aplicada, não devem ser Para se instalar uma vela, basta enroscá-la
usadas juntas adicionais. sem usar nenhum tipo de ferramenta até que ela
assente na junta.
A folga dos eletrodos da vela deve ser Se a vela puder ser enroscada com
checada com um calibre de folga redondo, como facilidade, usando os dedos, isto é uma boa
mostrado na figura 7-74. Um calibre tipo “chato” indicação de roscas limpas. Nesse caso, somente
dará uma indicação incorreta de folga, porque os será necessário um pequeno aperto para
eletrodos massa acompanham o formato circular comprimir a junta, que irá formar um selo
do eletrodo central. vedante. Se por outro lado, um alto torque for
Quando se usa o calibre, ele é inserido em necessário para sua instalação, isso indica que
cada folga paralela à linha central do eletrodo. Se pode haver sujeira ou dano na rosca. O uso de
o mesmo estiver ligeiramente inclinado, a torque excessivo pode comprimir a junta, e
indicação estará incorreta. Não se instala uma distorcê-la.
vela que não tenha a folga especificada. A dilatação da carcaça da vela ocorrerá
enquanto continuar um torque excessivo para
rosquear sua extremidade inferior no cilindro,
após a parte superior ter sido parada pela junta.
Enquanto a carcaça se dilata (figura 7-75), o
selo entre essa e o isolador é aberto, criando uma
perda de pressão de gás ou dano ao isolador. Após
a vela ter sido apertada com os dedos, usa-se um
torquímetro, e aperta-se conforme a
especificação.

Figura 7-74 Uso de um calibre de folgas

Instalação de vela

Antes de se instalar a vela, as primeiras


duas ou três roscas do final do eletrodo são
cobertas cuidadosamente com um composto à
base de grafite. Antes da aplicação, agita-se o Figura 7-75 Efeitos de um torque excessivo na
composto para assegurar perfeita mistura. instalação de uma vela

7-61
Instalação do cabo de vela acionador para mantê-lo lubrificado entre os
períodos de revisão.
Antes da instalação do cabo de vela, Entretanto, durante inspeção de rotina, o
esfrega-se a bucha terminal (algumas vezes feltro de encosto no came acionador deve ser
chamada de cigarete) e o selo integral com um examinado para assegurar que o óleo contido seja
pano embebido com acetona, MEK, ou um suficiente para lubrificação.
solvente apropriado. Esse teste é feito pressionando-se a unha do
Após a limpeza do cabo da vela, o mesmo polegar contra o feltro de encosto.
deve ser inspecionado quanto a rachaduras e Se ficar retido óleo na unha, o feltro contém
riscos. Se a bucha terminal estiver danificada ou óleo suficiente para lubrificação do came.
fortemente manchada, deve ser substituída. Se não existir evidência de óleo na unha,
A aplicação de uma camada leve de um aplica-se uma gota de óleo de motor embaixo e
material isolante na superfície externa da bucha acima do conjunto, como mostra a figura 7-76.
terminal, e o preenchimento do espaço ocupado
pela mola de contato, são muitas vezes
recomendados.
Esses materiais isolantes, através da
ocupação do espaço na área de contato elétrico da
carcaça, evitam que a umidade entre na área de
contato causando um curto-circuito na vela.
Alguns fabricantes recomendam o uso
desses compostos isolantes somente quando a
umidade no sistema venha a causar problema,
enquanto outros desaconselham totalmente o uso
desses materiais. Figura 7-76 Lubrificação do came seguidor
Após a inspeção do cabo de ignição, ele é
colocado dentro da carcaça do plugue. Então, Após a aplicação, aguarda-se pelo menos 15
aperta-se a porca de acoplamento do ignitor com a minutos para que o feltro absorva o óleo. Depois
ferramenta apropriada. Muitas instruções de desse tempo, o excesso de óleo deve ser removido
fabricantes especificam o uso de uma ferramenta com um pano limpo.
projetada para evitar o torque excessivo. Após a Durante esta operação, ou a qualquer hora
porca estar apertada, deve ser evitado um teste de em que a tampa esteja fora, é preciso extremo
aperto, torcendo o conjunto. cuidado para manter o compartimento livre de
Após todas as velas terem sido instaladas e óleo, graxa ou solventes de limpeza do motor,
torqueadas e os cabos instalados corretamente, uma vez que eles têm uma adesividade que retém
aciona-se o motor para efetuar uma verificação poeira e fuligem, o que prejudicaria um bom
completa do sistema de ignição. desempenho do platinado.
Após o feltro de encosto ter sido
INSPEÇÃO DO PLATINADO inspecionado, abastecido e encontrado
satisfatoriamente, inspeciona-se visualmente o
A inspeção do magneto consiste essen- platinado quanto a qualquer condição que possa
cialmente em uma inspeção periódica do interferir na correta operação do magneto.
platinado e dielétrico. Se a inspeção revelar uma substância oleosa
Após o magneto ter sido inspecionado ou pastosa nas laterais dos contatos, basta esfregá-
quanto à segurança de montagem, remove-se sua lo com um pano em um tubo flexível, embebido
tampa, ou a tampa do platinado, e verifica-se o em acetona ou outro solvente apropriado.
came quanto à lubrificação apropriada. Sob Formando um gancho na extremidade do
condições normais, existe uma quantidade limpador, ganha-se acesso à parte traseira dos
suficiente de óleo no feltro de encosto do came contatos.

7-62
Para limpar as superfícies de contato, o alinhados um com o outro, e estão propor-
platinado deve ser forçado para abrir o suficiente cionando o melhor contato possível.
para admitir um pequeno esfregão. Esta não é a única condição aceitável.
Se a abertura dos pontos for feita com o Irregularidades pequenas, sem fendas profundas
propósito de limpeza ou teste das superfícies de ou picos elevados, como mostrado na figura 7-78,
contato, quando às suas condições, aplica-se são consideradas desgastes normais, e não há
sempre a força de abertura na extremidade externa motivo para serem desbastadas ou substituídas.
da mola principal, e nunca se abre os contatos
mais que 1/16” (0,0625 pol.).
Se os contatos forem abertos mais que o
recomendado, a mola principal (a mola pressiona
o contato móvel) provavelmente assumirá uma
outra tensão. Consequentemente, os contatos
perderão parte da tensão de fechamento; então
eles saltarão, evitando indução normal do
magneto.
Um esfregão pode ser feito enrolando uma
tira de linho ou um pequeno pedaço de pano livre Figura 7-78 Platinado com irregularidade
de fiapos sobre uma das superfícies de abertura, e
embebendo o esfregão em um solvente Entretanto, quando tiver ressaltos na
apropriado. superfície, como ilustrado na figura 7-79, eles
Então, passa-se cuidadosamente o esfregão devem ser desbastados ou substituídos.
nas superfícies de contato separadas. Durante toda Infelizmente, quando picos se formam em um
esta operação, gotas de solvente não devem cair contato, a junção terá fenda ou orifícios.
nas partes lubrificadas como o came e o feltro de Essa fenda é mais problemática que o pico,
encosto. pois ela penetra na camada de platina da
Para se inspecionar as superfícies de contato superfície. Isso, algumas vezes, dificulta o
do platinado, é preciso conhecer o aspecto dos julgamento para saber se uma superfície de
contatos, qual condição de superfície é contato está com uma fenda o suficientemente
considerada com desgaste permissível, e quando é funda para requerer desbaste, porque, na análise
necessário sua substituição. A provável causa de final, isso depende do quanto de platina foi
uma superfície anormal pode ser determinada pela retirado da superfície. O risco surge da
aparência dos contatos. possibilidade da camada de platina já estar fina
como resultado de um longo tempo de uso e
prévios desbastes.

Figura 7-77 Superfície normal de contato

A superfície de contato normal (figura 7-77) Figura 7-79 Platinados com “picos” bem
tem aparência áspera e de cor cinza opaca sobre a definidos
área onde o contato elétrico é feito. Isso indica Nas revisões, em oficina, um instrumento é
que os pontos de contato se acamaram, estão usado para medir a espessura remanescente do

7-63
contato, e não existe nenhuma dificuldade em identificado pelo centro côncavo e a borda
determinar sua condição. Mas na manutenção de convexa na superfície de contato.
linha, esse instrumento geralmente não está Essa condição é resultante de um desbaste
disponível. Portanto, se o pico é muito alto ou a inadequado, como também pode ser o caso de
fenda é muito profunda, não se desbasta esses uma tentativa de desbaste, com o platinado
contatos, em vez disso, eles são removidos e instalado no magneto.
substituídos por uma unidade nova ou Em adição a uma superfície desigual e
recondicionada. irregular, as partículas minúsculas de material
Uma comparação entre as figuras 7-78 e 7- estranho e metálico, que permanecem entre os
79 ajudará a reconhecer as “menores irregu- pontos após a operação de desbaste, se fundem e
laridades” e os “picos bem definidos”. causam uma queima irregular da superfície
Alguns exemplos de condições de interna dos contatos.
superfícies de contatos são ilustrados na figura 7- Essa queima difere do congelamento, uma
80. O item “A” ilustra um exemplo de erosão ou vez que um arco menor produz menos calor e
desgaste chamado “frosting”. Essa condição é menos oxidação. Nesse caso, a razão de queima é
resultante de um condensador com circuito mais gradual.
aberto; é facilmente reconhecida pela superfície Pontos coroados, desde que ainda estejam
cristalina e áspera e o aparecimento de uma em condições podem ser limpos e retomados para
fuligem preta nas laterais dos pontos. serviço. Se tiver sido formado um excessivo
A falta da ação efetiva do condensador coroamento, o platinado deve ser removido e
resulta em um arco de intenso calor, que se forma substituído por um conjunto novo ou
cada vez que os contatos abrem. recondicionado.
Isto, junto com o oxigênio no ar,
rapidamente oxida e desgasta a superfície de
platina dos pontos, deixando, então, a superfície
com a aparência áspera, cristalina ou de fuligem.
Durante a operação normal é comum o
aparecimento de uma fuligem granulada fina ou
prateada, que não deverá ser confundida com a
grossa, e os pontos de fuligem causados pela falha
do condensador.
Os itens “B” e “C” da figura 7-80 ilustram
pontos com fendas prejudiciais.
Esses pontos são identificados claramente
pelas bordas dos contatos (no estágio inicial) e
pequenas fendas, ou cavidades, no centro dos
contatos ou próximo deles, com uma aparência
enfumaçada.
Em estágios mais avançados, a fenda pode
se desenvolver na largura e na profundidade e
eventualmente, o conjunto da superfície de
contato tomará a aparência de queimado, escuro e
amassado.
Pontos fendidos ou rachados, como regra
geral, são causados por poeira e impurezas nas
superfícies de contato. Se os pontos estiverem Figura 7-80 Exemplos de condições de superfícies
excessivamente fendidos,, um conjunto novo ou de contato
recondicionado deve ser instalado.
O item “D” da figura 7-80 ilustra um ponto O item “E:” da figura 7-80 ilustra um ponto
em forma de “coroa”, e pode ser rapidamente formado que pode ser reconhecido pela

7-64
quantidade de metal que foi transferida de um contatos atingem um estado de refugo
ponto para outro. prematuramente, talvez com dois terços ou três
“Formações”(Built-up), tais como outras quartos do material das superfícies de contato de
condições mencionadas, resultam primariamente platina gastos pelas repetidas operações de
da transferência do material de contato por meio retifica.
de arcos de pontos separados. Mas, diferente dos Na maioria dos casos, os contatos do
outros, não há queimadura ou oxidação no platinado permanecerão em condições
processo por causa da proximidade entre a satisfatórias entre os períodos de revisão apenas
depressão de um ponto e a formação de outro. com inspeção de rotina, limpeza e lubrificação.
Esta condição pode resultar de tensão de Se os contatos do platinado tiverem marcas
mola excessiva nos pontos do platinado, que profundas, elevações ou superfícies queimadas,
retarda a abertura dos contatos ou causa uma lenta devem ser retificados, ou substituídos, de acordo
ruptura. Isto também pode ser causado por um com as práticas de manutenção recomendadas
condensador primário muito usado e precário, ou pelo fabricante.
por uma conexão frouxa na bobina primária. Se Se a retifica for aprovada, um conjunto
uma formação excessiva tiver ocorrido, um especial de retifica de pontos de contatos estará
conjunto de platinado novo ou recondicionado normalmente disponível.
deve ser instalado. O conjunto inclui: um bloco de retificação;
O item “F” da figura 7-80 ilustra pontos adaptadores para segurar os contatos durante a
oleosos, os quais podem ser reconhecidos por sua operação de retífica; uma lima especial para
aparência manchada e pela falta de qualquer das remover picos e elevações e uma lixa muito fina
irregularidades acima mencionadas. Essa para ser usada no final da operação, para remover
condição pode ser resultante do excesso de qualquer rebarba deixada pela lima.
lubrificação do came ou de vapores de óleo, os Por ocasião da retífica de um conjunto de
quais podem ser provenientes de dentro ou de fora contatos que tenham marcas e elevações, não se
do magneto. deve tentar remover os sulcos completamente.
Um motor expelindo fumaça, por exemplo, Lima-se somente o material o suficiente para
poderia produzir vapores de óleo. Esses vapores tornar plana a superfície em torno de tais
então entram no magneto através de sua irregularidades.
ventilação e passam entre e em torno dos contatos Isto deixará usualmente uma grande área de
do platinado. Estes vapores condutivos produzem contato em torno do orifício (figura 7-81) e o
queimaduras nas superfícies dos contatos. conjunto terá desempenho idêntico ao de um novo
Os vapores também aderem às superfícies conjunto de platinados.
do conjunto do platinado, e formam um depósito É óbvio que se o sulco for profundo, um
de fuligem. Pontos oleosos podem ser corrigidos pouco da camada de platina será removida, se
através de um procedimento de limpeza. houver uma tentativa de remoção de todo o sulco.
Entretanto, a remoção das manchas de fumaça
podem revelar uma necessidade de desbaste dos
pontos. Se preciso, desbasta-se os pontos, ou
instala-se um conjunto de platinado novo ou
recondicionado.

Recondicionamento (retífica) dos contatos do


platinado

Genericamente falando, a desmontagem e a


retificação dos contatos do platinado não
deveriam ser uma rotina regular da manutenção
do magneto. Com a execução de uma manutenção
cara e desnecessária, muitos conjuntos de Figura 7-81Platinado “furado” após retífica

7-65
Na retificação do lado elevado do conjunto Esta dificuldade é um tanto comprometida
de contatos, os picos devem ser limados e por uma aproximação, que permite cerca de dois
removidos. A superfície dos contatos deve estar terços do total da área de contato (figura 7-83).
perfeitamente plana para promover a maior área A superfície de contato real pode ser
possível contra o outro contato, o qual será agora checada mantendo-se o conjunto montado em
uma área levemente diminuída devido as marcas frente de uma luz e observando o quanto de luz
remanescentes. pode ser vista entre as superfícies de contato.Se
Em complemento à operação de retífica não os pontos de contato tiverem sido removidos por
é necessário obter um acabamento espelhado na alguma razão, os pontos substituídos ou
área de contato. Apenas algumas passadas de lixa recondicionados devem ser instalados e
ou pedra são requeridas para remover qualquer precisamente regulados para abrir quando o
rebarba deixadas pela lima (Fig7-82). magneto girar e se movimentar dentro da posição
de folga “E” para o cilindro número 1.

Inspeção dielétrica

Outra fase de inspeção do magneto é a


inspeção dielétrica. Essa inspeção é uma
checagem visual quanto a rachaduras e limpeza.
Se ela revelar que a carcaça da bobina, os
condensadores, o rotor distribuidor ou blocos
estão oleosos, sujos ou tenham qualquer sinal de
carbono em evidência, tais unidades necessitarão
de limpeza e, possivelmente, um polimento para
restabelecer suas qualidades dielétricas.
Figura 7-82 Utilização da pedra de retífica dos
Limpa-se todos os condensadores acessíveis
contatos dos platinados
e as carcaças de bobina que contenham
condensadores, esfregando-os com um tecido sem
O objetivo primário é ter uma superfície de
fiapo embebido com acetona.
contato plana para promover uma área de contato
Muitas peças desse tipo possuem uma
satisfatória quando montado. Uma área de contato
camada protetora. Essa camada não é afetada pela
total para duas superfícies recondicionadas é
acetona, mas pode ser danificada pela fragmentaç
difícil de ser obtida, pois isso requer um perfeito
ão ou pelo uso de outros fluidos de limpeza.
acabamento das superfícies.
Nunca se usam solventes inadequados, ou
métodos impróprios de limpeza.
Também, quando na limpeza de
condensadores ou peças que contenham
condensadores, elas não devem ser mergulhadas
em qualquer tipo de solução, porque essa pode
penetrar no condensador e provocar um curto.
Carcaças de bobinas, blocos distribuidores,
rotores distribuidores e outras partes dielétricas do
sistema de ignição são tratados com uma camada
de cera quando novos e nas revisões gerais. O
polimento dos dielétricos ajuda na sua resistência
à absorção de umidade, carbono e depósitos de
ácido.
Quando essas peças encontram-se sujas ou
Figura 7-83 Verificação da área de contato dos oleosas, uma parte da proteção original é perdida,
platinados o que pode resultar em resistência de carbono.

7-66
Se qualquer sinal de carbono ou depósito de Quando somente uma vela de ignição
ácido estiver presente na superfície do dielétrico, estiver funcionando no cilindro, a mistura não
coloca-se a peça mergulhada em solvente de será consumida tão rapidamente quanto poderia
limpeza apropriado, friccionando fortemente com ser se ambas as velas de ignição estivessem
uma escova de cerdas firmes. funcionando.
Quando os sinais de carbono ou depósitos Este fator faz com que o pico da pressão de
de ácido tiverem sido removidos, usa-se um pano combustão ocorra atrasado.
seco para remover todo o solvente. Então, cobre- Se esse pico ocorrer mais tarde que o
se a peça com uma camada de cera especial. Após normal, resultará em perda de potência no
o tratamento com cera, remove-se o excesso, e cilindro. Entretanto, a perda de potência para um
reinstala-se a peça no magneto. cilindro simples torna-se um fato menor quando o
efeito de um tempo longo de queima é
Manutenção dos cabos de ignição considerado.
Um longo tempo de queima superaquece o
Embora os cabos de ignição sejam simples, cilindro afetado, causando detonação, possível
eles são a ligação vital entre o magneto e a vela pré-ignição e, talvez, uma danificação
de ignição. Devido ao fato deles serem montados permanente.
no motor, e expostos à atmosfera, eles são O fio isolado que transporta o impulso
vulneráveis ao calor, umidade e aos efeitos das elétrico é um tipo especial de cabo projetado, para
mudanças de altitude. prevenir excessivas perdas de energia elétrica.
Esse fatores, somados ao desgaste do Esse fio é conhecido como cabo de ignição de alta
isolamento e a erosão, trabalham contra uma tensão, sendo confeccionado em três diâmetros.
operação eficiente do motor. O isolamento pode Os diâmetros externos dos cabos em uso corrente
ser avariado dentro da cablagem e permitir uma são de 5, 7 ou 9 mm.
fuga de alta voltagem, ao invés de fluir para a A razão para diferentes diâmetros de cabos
vela de ignição. é que a quantidade e o tipo de isolamento em
Circuitos abertos podem ser resultantes de torno do fio determina a perda elétrica durante a
fios partidos ou conexões fracas. Um fio transmissão de alta voltagem.
descoberto pode estar em contato com a Uma vez que o núcleo condutor transporta
blindagem, ou dois fios podem estar em curto. apenas baixas correntes, esse condutor é de menor
Qualquer defeito sério evitará que a alta diâmetro.
tensão atinja a vela de ignição, a qual está O cabo de 9 mm tem uma aplicação
conectado o cabo. Como resultado, essa vela não limitada, porque é de projeto antigo e tem uma
funcionará. camada relativamente grossa de isolamento..

Figura 7-84 Vista em corte de um típico cabo de ignição de alta tensão

7-67
Falhas das cablagens de ignição de alta tensão e alguns plásticos, pois esses materiais não são
Para muitas partes dos motores de hoje, são hidrocarbonos, e qualquer trilha de carbono
usados cabos de 7mm, mas há poucos sistemas formada nos mesmos é resultado de sujeira,
que são projetados para usar cabos de 5 mm. O podendo ser limpo.
uso crescente de cabos de menor tamanho é Diferenças na localização e quantidade de
largamente utilizado devidos as melhorias no perda produzirão diferentes indicações de mau
material de isolamento, o qual permite um funcionamento durante a operação do motor. As
revestimento mais superficial. indicações são geralmente falta de centelha ou
O adaptador de conexões tem sido projetado centelha cruzada. A indicação pode ser
para as pontas de cabos mais finos, podendo intermitente, mudando com a pressão do duto ou
assim ser usado em armadura (cablagem) com condições climáticas.
trançada; onde o distribuidor foi originalmente Um aumento na pressão do duto aumenta a
projetado para cabos mais grossos pressão de compressão e a resistência do ar
Um tipo de construção de cabo utiliza um através da folga da vela de ignição.
núcleo consistindo em 19 fios finos de cobre, Um aumento na resistência da folga de ar
cobertos por um revestimento de borracha. Isso é (na vela de ignição) opõe à descarga da centelha,
coberto por uma fita entrelaçada e uma camada na e produz uma tendência ao disparo desta num
parte externa (A da figura 7-84). dado ponto fraco do isolamento.
Um novo tipo de construção (B da figura Um ponto fraco na cablagem pode ser
7-84) tem um núcleo de 7 fios de aço inox coberto agravado pela coletagem de umidade no
com um revestimento de borracha. distribuidor da cablagem.
Além disso, são usadas uma trança de Com a presença de umidade, a operação
reforço e uma camada de neopreme para contínua do motor causará falhas intermitentes e
completar o conjunto. tornará permanentes as trilhas de carbono.
Esse tipo de construção é superior aos tipos Desta maneira, a primeira indicação de
mais antigos, principalmente porque o neopreme cablagem de ignição sem condições de serviço
melhorou a resistência ao calor, ao óleo e erosão. pode ser a falta de centelha para o motor, causada
Talvez, a mais comum e mais difícil falha pela perda parcial da voltagem de ignição.
de sistemas de ignição de alta tensão a ser A figura 7-85 mostra uma seção em corte de
detectada, seja o vazamento de alta voltagem. Isto uma cablagem, e demonstra 4 falhas que podem
é uma fuga do condutor através do isolamento ocorrer.
para a massa do distribuidor blindado. Uma A falha (A) mostra um curto de um cabo
pequena fuga de corrente existe até em cabos de condutor para outro. Essa falha usualmente causa
ignição novos, durante a operação normal. falta de centelha, visto que a vela está curto-
Vários fatores se combinam para produzir circuitada no cilindro, onde a pressão no mesmo é
primeiro uma alta razão de perda e, então, a baixa.
completa interrupção. A falha (B) mostra um cabo com uma parte
Desses fatores, umidade em qualquer forma do isolamento desgastado.
é provavelmente o pior. Sob alta voltagem, um Embora o isolamento não esteja comple-
arco se forma e queima a trilha através do tamente rompido, existe uma perda de força maior
isolador onde existe a umidade. Se houver que a normal, e a vela de ignição, que está
gasolina, óleo ou graxa presente, irá interromper o conectada a este cabo pode ser perdida durante a
circuito e formar carbono. decolagem, quando a pressão do distribuidor de
A trilha queimada é chamada de marca de admissão é muito elevada.
carbono, já que realmente é uma trilha de A falha (C) é o resultado da condensação
partículas de carbono. coletada no ponto mais baixo do distribuidor de
Com alguns tipos de isolamento, pode ser ignição.
possível remover a trilha de carbono e Essa condensação pode evaporar
restabelecer o isolador para sua condição total de completamente durante a operação do motor, mas
uso. Isto é conseguido com a porcelana, cerâmica a trilha de carbono, que é formada pelo

7-68
centelhamento inicial, permanece para permitir material de isolamento, permitindo um aumento
um centelhamento contínuo toda vez que existir da corrente de fuga.
uma alta pressão do distribuidor.
A falha (D) pode ser causada por um alto Teste de cablagem de ignição de alta voltagem
fluxo de ar ou pelo resultado de um ponto fraco
no isolamento, o qual é agravado pela presença de Muitos tipos diferentes de dispositivos de
umidade. testes são usados para determinar o estado de uma
Entretanto, visto que a trilha de carbono é cablagem de ignição de alta tensão. Um tipo
um contato direto com a childragem de metal, comum de teste, ilustrado na figura 7-86, é capaz
provavelmente resultará no centelhamento sob de aplicar uma corrente contínua em qualquer
todas as condições de operação. tensão, de 0 até 15.000 volts, com uma entrada de
110 volts, 60 Hz.

Figura 7-86Teste de cablagem de ignição de alta


tensão
Figura 7-85 Seção reta de uma cablagem
Teste de cablagem A fuga de corrente entre o cabo de ignição e
o tubo de distribuição é medida em duas escalas
O teste elétrico das cablagens de ignição de um microamperímetro, graduadas para leituras
checa a condição do isolamento em torno de cada de 0 a 100 µA (microampères) e de 0 a 1.000 µA.
cabo de cablagem. O princípio desde teste Desde que 1000 µA seja igual a 1 mA
envolve a aplicação de uma de uma voltagem (miliampère), o zero para a escala de 1000 é
definida para cada cabo e, então, a medida muito chamada “escala de miliampère”(mA), e a outra,
sensível da quantidade de corrente de fuga entre o “escala de microampère”(µA).
cabo e o distribuidor da cablagem aterrado. Leituras podem ser obtidas em qualquer
Essa leitura, quando comparada com escala através do uso da chave de ajuste de alta ou
especificações conhecidas, torna-se um guia para baixa resistência, localizada à direita do
análise das condições de serviço do cabo. amperímetro.
Como mencionado anteriormente, há uma Resistores limitadores de corrente são
deteriorização gradual do material de isolamento usados em ambas as escalas para evitar danos aos
flexível. circuitos de teste, através de aplicação acidental
Quando novo, o material terá uma baixa de tensões excessivas.
razão de condutividade, tão baixa de fato, que sob A tensão aplicada ao cabo testado é
uma voltagem de alguns milhares de volts de indicada em um voltímetro calibrado para ler de 0
pressão elétrica, a fuga de corrente será de apenas a 15.000 volts. Um botão de controle à esquerda
alguns milésimos de ampère. O envelhecimento do voltímetro permite um ajuste de voltagem para
natural causará uma mudança na resistência do a tensão recomendada.

7-69
Em adição ao amperímetro e voltímetro, circuito aberto e somente a fuga, através do
uma luz neon indica centelhamento que pode ser isolamento para a massa de conduíte da cablagem,
tão rápido a ponto de causar significativa deflexão poderá ser indicada. Entretanto, quando todos os
da agulha do microamperímetro. cabos estão aterrados, exceto o que receberá o
Os botões de controle para o teste (figura 7- teste de tensão, é formado um circuito completo
86) incluem um interruptor de filamento, através dos cabos curto-circuitados e qualquer
interruptor de placa e interruptor remoto. O fuga ou sobrecorrente para a massa é indicada
interruptor de filamento completa um circuito pelo microamperímetro ou pelo acendimento da
entre a entrada do circuito CA e o elemento do luz néon do indicador de ruptura.
filamento da válvula retificadora. O fluxo de Quando todos os cabos de vela estiverem
corrente pelo filamento o aquece e prepara a desconectados das mesmas e aterrados ao motor,
válvula para operação. A função da válvula, prepara-se o equipamento para teste da cablagem.
entretanto, não estará completa até que a placa da Inicia-se pela conexão do cabo de aterramento na
mesma esteja energizada. parte traseira do equipamento a algum objeto bem
A tensão da placa do retificador depende de aterrado. Conecta-se o cabo vermelho de alta
dois interruptores: o da chave de controle de placa tensão (figura 7-86) para o terminal de alta tensão
e do botão remoto. A chave de controle de placa do equipamento. Conecta-se a outra extremidade
arma ou prepara o circuito da mesma para operar. desse cabo para a cablagem de ignição a ser
Com as chaves da placa e do filamento ligadas, testada.
pressionando-se o botão, a válvula estará em Prende-se uma das extremidades do cabo
operação e, soltando-o verifica-se a tensão dos massa (preto) no receptáculo de aterramento na
cabos de ignição se os cabos de testes estiverem parte da frente do equipamento de teste e a outra
conectados. extremidade ao motor ou qualquer outro ponto
O botão remoto de calcar deve ser ligado a comum de massa. Fixa-se o cabo do botão remoto
um soquete no canto inferior esquerdo do painel no painel de teste de ignição. Todas as chaves
de instrumentos. Esta configuração permite uma devem estar desligadas, e o botão de controle de
operação de teste a distâncias de até 5 pés. Os alta tensão em zero; então conecta-se o cabo de
parágrafos seguintes ilustram o uso desse tipo de alimentação para uma fonte de 110 volts, 60 Hz
unidade de teste. Estas instruções são de CA.
apresentadas somente como um guia geral. Liga-se a chave de controle do filamento,
Consultam-se as instruções aplicáveis do manual aguardando pelo menos 10 segundos para que o
do fabricante antes de efetuar um teste de filamento da válvula se aqueça. Após este
cablagem de ignição. intervalo, liga-se a chave da placa. Com as chaves
A cablagem não necessita ser removida do da placa e do filamento ligados, ajusta-se a tensão
motor para o teste. Se o mesmo for efetuado com que será aplicada para cada cabo de ignição
a cablagem no motor, todos os cabos de vela durante o teste.
devem ser desconectados das mesmas, visto que a O ajuste é efetuado pressionando-se o botão
tensão aplicada durante o teste é alta o suficiente remoto e girando-se o botão de controle de alta
para provocar o centelhamento entre os eletrodos. tensão no sentido horário, até que o voltímetro
Após cada cabo ser desconectado, o seu registre 10.000 volts. Assim que a tensão
terminal, exceto o que vai ser testado, deve estar recomendada for atingida, solta-se o botão e
encostado contra o cilindro, de modo a garantir o automaticamente o suprimento de alta tensão é
seu perfeito aterramento. A razão do aterramento interrompido.
de todos os cabos de vela durante o teste é a Uma vez que a tensão seja ajustada para o
necessidade de se verificar e detectar excessiva valor recomendado, não será necessário o ajuste
fuga ou ruptura, resultante de um curto-circuito da mesma durante o teste. O passo final é o
entre dois cabos de ignição. posicionamento do seletor de alcance de
Se os cabos estiverem sem massa durante o resistência para “high”, de maneira que qualquer
teste, o curto-circuito não poderá ser detectado, fuga de corrente poderá facilmente ser detectada
devido a todos os cabos se encontrarem como um no microamperímetro.

7-70
Este teste é normalmente iniciado pelo se existe realmente uma interrupção nesses cabos,
cilindro nº 1. Visto que todos os cabos de vela já gira-se a hélice de um quarto a meia volta,
se encontram aterrados e o cabo vermelho de alta repetindo neles o teste. Isto afastará o rotor do
tensão está conectado ao cabo do cilindro nº 1, distribuidor do terminal de cabo testado, dando
testa-se esse cabo simplesmente pressionando o uma indicação precisa de suas condições.
botão remoto e observando o microamperímetro. A hélice não deve ser girada imediatamente
Após obter a indicação, solta-se o botão, remove- após a localização de um cabo aparentemente em
se o cabo de teste de alta tensão, aterrando o cabo mau estado, pois o rotor do distribuidor pode
seguinte a ser testado, e procedendo da mesma parar em posição oposta à de outro cabo que não
maneira na ordem numérica dos cilindros. É tenha sido testado, sendo necessário girar a hélice
importante que cada cabo, bom ou ruim, seja novamente.
novamente aterrado antes de se testar o seguinte. Sempre que a maioria deles apresentar fuga
Conforme o teste progride em torno do motor, excessiva, a falha pode ser por sujeira ou
anota-se somente aqueles cabos pelo número que tratamento inadequado dos contatos do
deram uma indicação de fuga excessiva (mais que distribuidor.
50 ma) ou de ruptura indicada pelo acendimento Se esse for o caso, limpa-se os contatos do
da lâmpada. distribuidor com os procedimentos descritos no
manual do fabricante.

Teste de isolamento de corrente contínua

Existem vários testes pequenos, leves e


portáteis, que podem operar com alimentação de
115 volts, 60 Hz C.A., ou 28 v C.C. da fonte de
alimentação da aeronave.
Esses testes usam essencialmente os
mesmos medidores e interruptores que os testes
de cabos de ignição de alta tensão já discutidos.
Além disso, as indicações de fuga e interrupção
são praticamente as mesmas. Esse tipo de teste é
um instrumento geralmente portátil.

ANALISADOR DE MOTORES

O analisador de motores é uma adaptação


Figura 7-87 Ruptura não atribuída à falha do do osciloscópio. É um instrumento portátil ou
isolamento permanentemente instalado, cuja função é
detectar, localizar e identificar anomalias na
Na conclusão do teste, pelo menos dois operação de motores, como as que são causadas
cabos em qualquer cablagem provavelmente por falha do sistema de ignição, detonação,
apresentam falhas. Isto pode ser explicado pela válvulas, mistura pobre, etc.
referência da figura 7-87, e notando-se a posição A necessidade de meios de detecção e
do rotor do distribuidor. Quando a tensão de teste localização de problemas operacionais mais
é aplicada para o cabo inferior da ilustração, um eficazes se tornou evidente com a introdução de
centelhamento pode ocorrer através do pequeno maiores e mais complexos motores de aeronaves.
vão do distribuidor e pela bobina primária do A maioria dos problemas operacionais de
magneto ou da chave de ignição para a massa. aeronaves são devidos à falha no sistema de
Esta aparente falha será mostrada em ambos ignição, e normalmente se manifestam em baixas
os cabos de vela de ignição, dianteira e traseira, altitudes, ou durante a operação no solo.
para um cilindro em particular. Para se determinar Entretanto, muitos problemas de motores,

7-71
principalmente aqueles relacionados ao sistema A instalação a bordo pesa aproximadamente
de ignição, ocorrem em elevadas altitudes de vôo. 45,5 Lbs.
Já que as condições de elevadas altitudes Uma instalação a bordo é aquela em que a
não podem ser simuladas no solo, é desejável uma unidade analisadora de ignição e seus associados
unidade que, a qualquer momento, possa indicar estão permanentemente instalados na aeronave.
uma anormalidade na operação dos motores. Nenhum fixador de cabos é usado, neste caso.
Analisadores de motores são classificados Uma instalação portátil é aquela na qual o
em 2 tipos: um produz somente evidência da equipamento associado é permanentemente
condição do sistema de ignição; o outro revela instalado no avião, porém o analisador é
vibrações anormais durante a operação, como as eliminado. Neste caso. Um fixador de cabos é
causadas pela explosão, válvulas, ou mistura utilizado.
pobre de combustível, como também o mau Mais tarde, o analisador é levado de avião
funcionamento na ignição. para avião para fazer testes de ignição, ou vai nele
Os analisadores são projetados para serem para fazer testes de ignição, ou vai nele para fazer
usados como portáteis, ou permanentemente testes de ignição em altitudes.
instalados na aeronave. O analisador instalado a bordo tem uma
A maioria dos modelos comuns contém o grande vantagem – está sempre com o avião.
controle de voltagem de ignição e seletoras que Fazer tal instalação envolve custos adicionais do
permitem o uso de captadores de indução, analisador.
conjunto de retardo ou gerador de 3 fases para Obviamente isto requer que se tenha pessoal
sincronização. a bordo capaz de operar o instrumento em vôo,
Os pesos do portátil e do instalado na permitindo que esse pessoal teste o sistema de
aeronave variam com a forma de instalação ignição antes do pouso, e, assim, torne possível
envolvida. resolver prontamente as dificuldades após o
Em uma aeronave típica de 2 motores pouso.
equipada com sistema de ignição de baixa tensão, O diagrama na figura 7-88 ilustra uma
a instalação portátil pesa aproximadamente 22 instalação do analisador de ignição a bordo em
Lbs (incluindo fios, conectores e equipamento). um avião típico.

Figura 7-88 Instalação do analisador em bimotores

7-72
A figura mostra que um conjunto de retardo seletiva e individual dos resistores para qualquer
e filtro é requerido pelo motor. Somente uma motor.
caixa relé/resistor é requerida por avião. Uma Os resistores de isolamento são para
exceção à regra são os aviões que têm certos tipos prevenir qualquer curto no circuito analisador.
de instalação de ignição de alta tensão. Essas Os relés de derivação permitem o uso do
instalações requerem uma caixa relé/resistor por controle de voltagem de ignição.
motor. O conjunto de retardo de sincronização O conjunto do painel contém um motor e
“dispara” o circuito de varredura horizontal do um interruptor seletor de condição, um relé
tubo de raios catódicos. Ele opera à metade da individual de operação por interruptores para cada
velocidade do eixo de manivelas do motor e é motor (proteções são instaladas para prevenir
temporizado de 3º a 4º antes da explosão do acidentes na operação do interruptor), e um
cilindro nº 1. conjunto interruptor de força com fusível e luz de
O filtro de interferência do rádio é montado indicação. Isso constitui o centro de controle para
na parede de fogo e no circuito primário de o analisador.
ignição. O número de unidades por filtro depende Um diagrama de bloco de um analisador de
do número de fios massa em cada circuito ignição está mostrado na figura 7-89. Figura 7-90
primário de ignição. Imagens típicas de um analisador de motor
Uma unidade normalmente consiste em uma Sinais podem ser tracejados através de três
bobina de reatância e um ou dois condensadores tipos possíveis de dispositivos sensores, os quais
ligados em paralelo com o condensador primário serão apresentados na face do tubo de raios
do magneto. catódicos.
O filtro é requerido porque o equipamento A figura 7-90 ilustra seis imagens típicas de
analisador não é blindado. Ele também permite um analisador de motores. Apesar de ser
que a fiação do circuito analisador primário não requerido treinamento adicional para que se possa
seja blindado. interpretar com exatidão o significado de cada
A caixa de relé/ resistor contém um resistor sinal, a configuração dos sinais na figura 7-90
isolante para cada motor. mostra que todo mau funcionamento é
Ela também contém relés selados apresentado através de figuras distintas e
hermeticamente, que permitem a derivação reconhecíveis.

Figura 7-89 Diagrama do analisador de ignição

7-73
Figura 7-90 Imagens típicas de um analisador

SISTEMA DE IGNIÇÃO EM MOTORES A Com isso, uma alta tensão é fornecida ao


TURBINA terminal da vela de ignição, fornecendo ao
sistema um alto grau de confiabilidade em
Como os sistemas de ignição de motores à condições variáveis de altitude, pressão
turbinas são operados por um curto período atmosférica, temperatura, vaporização de
durante o ciclo de partida do motor, eles são, via combustível e tensão de entrada.
de regra, menos passíveis de problemas em Um sistema de ignição típico inclui duas
relação aos sistemas de ignição em motores unidades excitadoras, dois transformadores, dois
convencionais. A maioria dos motores turbojato é cabos de ignição intermediários e dois cabos de
equipado com um sistema de ignição do tipo ignição de alta tensão. A figura 7-91 apresenta
capacitivo de alta energia. parte de um sistema típico de ignição.
Ambos os motores do tipo turboélice podem
ser equipados com um sistema de ignição tipo
eletrônico, o qual é uma variação do sistema tipo
capacitivo simplificado.

Sistema de ignição de motores turbojato

O motor turbojato típico é equipado com


um sistema de ignição do tipo capacitivo
(descarga capacitiva), consistindo em duas
unidades idênticas e independentes de ignição,
operando a partir de uma fonte elétrica de
corrente contínua de baixa tensão comum, que é a
bateria de bordo da aeronave. Figura 7-91 Parte de um sistema típico de ignição
Os sistemas de ignição dos motores
turbojato podem ser rapidamente operados em Com isso, como um fator de segurança, o
condições atmosféricas ideais, mas uma vez que sistema de ignição é realmente um sistema duplo,
freqüentemente eles operam em condições de projetado para ativar duas velas de ignição. A
grandes altitudes e baixas temperaturas, é figura 7-92 apresenta um diagrama esquemático
imperativo que o sistema seja capaz de fornecer de um sistema de ignição do tipo capacitor
centelhas de alta intensidade de calor. utilizado em motores turbojato.

7-74
Uma tensão de entrada de 24 V CC é Quando a carga do capacitor é elevada, o
fornecida ao conector da unidade excitadora. Esta contator é fechado pela ação mecânica do sistema
alimentação inicialmente passa através de um excêntrico singelo.
filtro de energizar a unidade excitadora, tal filtro Uma parte da carga flui através do primário
tem a função de evitar que sinais de ruído sejam do transformador de disparo, e o capacitor é
induzidos no sistema elétrico da aeronave. conectado em série com esses. Esta corrente induz
A baixa tensão de entrada opera um motor uma alta tensão no secundário do transformador,
CC, o qual aciona um sistema excêntrico singelo o qual ioniza a vela de ignição.
e um sistema excêntrico múltiplo. Ao mesmo Quando a vela se torna condutiva, o
tempo, a tensão de entrada é fornecida a um capacitor de carga descarrega o restante de sua
conjunto interruptor, que é acionado pelo sistema energia acumulada juntamente com a carga do
excêntrico múltiplo. capacitor, que está em série com o primário do
No conjunto de interruptores, uma corrente transformador de disparo.
que é rapidamente interrompida, é enviada a um A razão de centelhamento na vela de
autotransformador. ignição terá uma variação que será proporcional à
Quando o interruptor é fechado, o fluxo de tensão da fonte de alimentação C.C., a qual afeta
corrente através da bobina primária do trans- a rotação do motor.
formador gera um campo magnético. Quando o Uma vez que ambos os sistemas excêntricos
interruptor abre, o fluxo de corrente cessa e a são atuados pelo mesmo eixo, o capacitor de
queda do campo induz uma tensão no secundário carga acumulará sempre a sua energia com o
do transformador. Essa tensão causa um pulso de mesmo número de pulsos antes do ciclo de
corrente que fui para o capacitor de carga através descarga.
do retificador que limita o fluxo em uma única A aplicação do transformador de disparo de
direção. alta freqüência, com um secundário de baixa
Com pulsos repetitivos no capacitor de reatância, mantém o tempo de disparo em um
carga, este se carrega com uma carga máxima valor mínimo. Esta concentração de máxima
aproximada de 4 joules (1 joule por segundo energia em um mínimo de tempo fornece uma
equivale a 1 watt). O capacitor de carga é ótima centelha para o propósito de ignição, capaz
conectado a vela de ignição através de um de eliminar a carbonização e vaporizar os
transformador de disparo e de um contactor, glóbulos de combustível.
normalmente abertos. Toda a alta tensão nos circuitos de disparo é
completamente isolada dos circuitos primários. O
excitador é completamente selado, protegendo
com isto todos os componentes de condições
adversas de operação, eliminando a possibilidade
de perda de centelha em altitudes devido à
mudança de pressão. Isto também assegura uma
blindagem que evita a fuga de tensão de alta
freqüência, a qual interfere na recepção de rádio
da aeronave.

Sistema eletrônico de ignição

Este sistema tipo capacitivo modificado


fornece ignição para os motores turboélice e
turbojato.
Como os outros sistemas de ignição, este é
requerido apenas durante o ciclo de partida do
Figura 7-92 Esquema de um sistema de ignição motor. Uma vez iniciada a combustão, a chama é
do tipo capacitor contínua.

7-75
A figura 7-93 mostra os componentes de localizados na unidade excitadora. A tensão
um sistema eletrônico de ignição típico. através desses capacitores é elevada por meio de
O sistema consiste em uma unidade transformadores. No instante de ativação da vela
dinamotora/reguladora/filtro, um excitador, dois de ignição, a resistência do eletrodo é reduzida o
transformadores de alta tensão, dois cabos de alta suficiente para permitir que o capacitor maior
tensão e duas velas de ignição. Além desses descarregue sua energia através do eletrodo.
componentes são também usados cabos de A descarga de segundo capacitor é de baixa
interconexão, terminais, chaves de controle e o tensão, porém com alta energia.
equipamento necessário para sua operação na O resultado, é uma centelha de alta
aeronave. intensidade de calor, capaz não somente de causar
O dinamotor é utilizado para elevar a a ignição de misturas anormais de combustível,
corrente contínua que é extraída da bateria de mas também de eliminar quaisquer depósitos de
bordo ou da fonte externa, para a tensão de material estranho nos eletrodos da vela.
operação do excitador. Essa tensão é utilizada O excitador é uma unidade dupla, e esse
para carregar dois capacitores, os quais produz centelhas em cada uma das duas velas de
armazenam a energia que será utilizada durante a ignição. Uma série contínua de centelhas é
ignição. produzida até que o motor acenda. A corrente da
Nesse sistema, a energia requerida para bateria é então interrompida, e as velas de ignição
ativar a vela de ignição na câmara de combustão não mais emitem centelha enquanto o motor
não é armazenada em uma bobina de indução, estiver operando.
como acontece nos sistemas convencionais de
ignição. Velas de ignição de turbina

A vela de um sistema de ignição de turbina


é consideravelmente diferente daquelas utilizadas
nos sistemas de ignição dos motores
convencionais. O seu eletrodo deve ser capaz de
resistir a uma corrente de muito maior energia,
em relação ao eletrodo de velas para motores
convencionais.

Figura 7-93 Sistema de ignição eletrônico


No sistema eletrônico, a energia é
armazenada em capacitores. Cada circuito de
descarga inclui dois capacitores, ambos Figura 7-94 Vela de ignição do tipo angular

7-76
Essa corrente de alta energia pode INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DO
rapidamente causar a erosão do eletrodo, mas os SISTEMA DE IGNIÇÃO DE MOTORES A
pequenos períodos de operação minimizam a TURBINA
manutenção da vela.
O espaço do eletrodo de uma vela de ignição A manutenção de um sistema típico de
típica é muito maior do que aquela das velas de ignição de turbinas consiste primariamente em
centelha, uma vez que as pressões de operação inspeção, teste, pesquisa de problemas, remoção e
são muito menores, e as centelhas podem ser mais instalação.
facilmente conseguidas do que nas velas comuns.
Finalmente, a sujeira nos eletrodos, tão Inspeção
comum nas velas de motores convencionais, é
minimizada pelo calor das velas de alta A inspeção de um sistema de ignição
intensidade. normalmente inclui o seguinte:
Inspeção/Cheque Reparo
Fixação dos compo-
Reaperto e fixação
nentes, parafusos e
como requerido
braçadeiras
Substituição dos
Curtos e arcos de alta
componentes em
tensão
falha e fiação
Fixação e aperto
Conexões soltas
como requerido

Remoção, Manutenção e Instalação dos


Componentes do Sistema de Ignição

As instruções seguintes constituem em


procedimentos típicos sugeridos pela maioria dos
fabricantes de turbinas. Essas instruções são
aplicáveis aos componentes do sistema de ignição
do motor (ilustrado na figura 7-93).
As instruções fornecidas pelo fabricante
Figura 7-95 Vela de ignição do tipo confinado devem sempre ser consultadas antes de se
executar manutenção em qualquer sistema de
A figura 7-94 mostra uma ilustração em ignição.
corte de uma vela de ignição típica com
espaçamento anular do eletrodo, por vezes Cabos do Sistema de Ignição
conhecida como de “longo alcance”, em função
1. Remover as braçadeiras que fixam os
de projetar-se na câmara de combustão, cabos de ignição ao motor.
produzindo uma centelha mais efetiva.
Outro tipo de vela de ignição, a vela 2. Remover os frenos e soltar os conectores
confinada (figura 7-95), é usada em alguns tipos elétricos da unidade excitadora (caixa de
de turbinas. ignição).
Essa opera em condições de temperaturas
3. Remover freno e desconectar o cabo da
muito mais frias e é por esta razão, que não se
vela de ignição.
projetam diretamente na câmara de combustão.
Isto é possível porque a centelha não permanece 4. Descarregar qualquer carga elétrica
muito próxima da vela, mas produz um arco além armazenada no sistema através da massa,
da face da câmara de combustão. e remover os cabos do motor.

7-77
5. Limpar os cabos com solvente seco 3. Inspecionar a superfície do eletrodo da
aprovado. vela.
6. Inspecionar os conectores quanto as 4. Inspecionar a haste da vela quanto ao
roscas danificadas, corrosão, isoladores desgaste.
quebrados e pinos do conector 5. Substituir velas de ignição cuja
amassados ou quebrados. superfície esteja granulada, lascada, ou
7. Inspecionar os cabos quanto as áreas danificada de forma generalizada.
queimadas ou gastas, cortes, desgaste e 6. Substituir velas sujas ou carbonizadas.
deterioração de modo geral.
7. Instalar as velas de ignição nos suportes.
8. Executar o teste de continuidade dos
cabos. 8. Verificar a distância adequada entre a
câmara de combustão e a vela de
9. Reinstalar os cabos, obedecendo o ignição.
procedimento inverso ao da remoção.
9. Apertar as velas de ignição de acordo
com o torque especificado pelo
Velas de Ignição fabricante.
1. Desconectar os cabos de ignição das 10. Frenar as velas de ignição.
velas.
2. Remover as velas de seus suportes

7-78
CAPÍTULO 8

SISTEMAS ELÉTRICOS DE PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS DA CHUVA E DO GELO E


CONTRA FOGO

PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS DA conjunto fornece os meios de fixação do braço de


CHUVA comando.

Sistemas elétricos limpadores de pára-brisas

Em um sistema elétrico, limpador de pára-


brisas, as palhetas limpadoras são giradas por um
ou mais motores, que recebem energia do sistema
elétrico da aeronave.
Em algumas aeronaves, os limpadores de
pára-brisas do piloto e o do co-piloto são
operados por sistemas separados, para assegurar
que será mantida uma boa visão em uma das
partes do pára-brisas se um dos sistemas falhar.
A figura 8-1 mostra uma típica instalação
elétrica de limpador de pára-brisas.
Um limpador operado eletricamente está
instalado em cada painel do pára-brisas. Cada
limpador é girado por um conjunto motor-
conversor.
Os conversores mudam o movimento Figura 8-1 Sistema elétrico de limpador de pára-
rotativo do motor para um movimento alternado, brisas
para operar os braços de comando. Um eixo do

Figura 8-2 Circuito elétrico do limpador de pára-brisas

8-1
O limpador de pára-brisas é controlado pela Um sistema limpador de pára-brisas
seleção do interruptor de controle, para a instalado em helicóptero consiste de um braço (1)
velocidade desejada. Quando a posição “HIGH” é impulsionado por um motor elétrico (3) cujo
selecionada (figura 8-2), os relés 1 e 2 são movimento de rotação é transformado em
energizados. Com ambos os relés energizados, o batimento por um sistema “biela-manivela” (2).
campo 1 e o campo 2 são energizados em
paralelo. 1) Características
O circuito é completado e o motor opera a Condição de utilização: o limpador de
uma velocidade aproximada de 250 golpes por pára-brisa é eficaz até 185 km/h (100kt).
minuto. Quando a posição “LOW” é selecionada,
– Velocidade de batimento: 60
o relé 1 é energizado. Isto faz com que o campo 1
movimentos de ida-e-volta por
e o 2 sejam energizados em série.
minuto.
O motor então, opera a aproximadamente
160 golpes por minuto. Selecionando o – Consumo do motor: 3 A.
interruptor para a posição “OFF”, ele permite aos – Potência máxima: 220W
contatos do relé retornarem às suas posições – O motor é equipado com um redutor e
normais. No entanto, o motor do limpador supressor de ruído.
continua a girar até que o braço de comando 2) Funcionamento
atinja a posição “PARK”.
Com o botão (1) pressionado o motor, é
Quando ambos os relés estiverem abertos e
alimentado e aciona o braço do limpador
o interruptor “PARK” estiver fechado, a excitação
por meio do sistema “biela-manivela”.
do motor será revertida. Isto causa o movimento
Quando o botão é acionado para a
do limpador fora da borda inferior do pára-brisas,
posição “desligado”, o motor continua a
abrindo o interruptor de parqueamento, operado
ser alimentado pelo circuito paralelo (4)
por ressalto. Isto desenergiza o motor e solta o
até o momento em que a escova de
solenóide do freio e assegura de que o motor não
alimentação (3) perde contato com o
deslizará, tornando a fechar o interruptor de
came (2) acionado pelo motor. O motor
parqueamento.
pára em posição “estacionamento”.

Figura 8-4 Esquema do circuito elétrico

O came de parada está montado em relação


ao sistema “biela-manivela” de tal maneira que o
corte de alimentação que ele provoca corresponde
à posição “estacionamento” parando o braço do
limpador à direita do pára-brisa.
Figura 8-3 Componentes do limpador de pára- Nota: o limpador de pára-brisas nunca deve
brisas de helicóptero funcionar num pára-brisas seco.

8-2
PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS DO Neste capítulo, serão discutidas a prevenção
GELO contra o gelo e a eliminação do gelo formado,
usando pressão pneumática, aplicação de calor e a
Chuva, neve e gelo são velhos inimigos dos aplicação de fluido.
transportes. Em vôo, é adicionada uma nova
dimensão, particularmente com respeito ao gelo.
Sob certas condições atmosféricas, o gelo pode
formar-se rapidamente nos aerófólios e entradas
de ar.
Os dois tipos de gelo encontrados durante o
vôo são: o gelo opaco e o vítreo. O gelo opaco
forma uma superfície áspera nos bordos de ataque
da aeronave, porque a temperatura do ar é muito
baixa e congela a água antes que ela tenha tempo
de espalhar-se. O gelo vítreo forma uma camada
lisa e epessa sobre os bordos de ataque da
aeronave.
Quando a temperatura está ligeiramente Figura 8-5 Efeitos da formação de gelo
abaixo do ponto de congelamento, a água tem
mais tempo para fluir antes de congelar-se. Prevenção contra a formação de gelo
Deve ser esperada a formação de gelo,
sempre que houver umidade visível no ar, e a Vários meios de evitar ou controlar a
temperatura estiver próxima ou abaixo do ponto formação de gelo são usados hoje em dia em
de congelamento. aeronaves: (1) aquecimento das superfícies
Uma exceção é o congelamento no usando ar quente, (2) aquecimento por elementos
carburador que pode ocorrer durante o tempo elétricos, (3) remoção da formação de gelo, feito
quente sem a presença visível de umidade. Se for normalmente por câmaras infláveis (boots), e (4)
permitido o acúmulo de gelo no bordo de ataque álcool pulverizado.
das asas e da empenagem, ele irá destruir as Uma superfície pode ser protegida contra a
características de sustentação do aerofólio. O formação de gelo mantendo a superfície seca pela
acúmulo de gelo ou chuva no pára-brisas, aquecimentom, para uma temperaturq que
interfere na visibilidade. evapore a água próxima à colisão com a
superfície; ou pelo aquecimento da superfície, o
Efeitos do gelo suficiente para evitar o congelamento, mantendo-
a constantemente seca; ou ainda sendo a
Gelo acumulado em uma aeronave afeta a superfície degelada, após permitir a formação do
sua performance e a sua eficiência de várias gelo e removê-lo em seguida.
maneiras. Sistemas de eliminação ou prevenção contra
A formação de gelo aumenta a resistência o gelo, asseguram a segurança do vôo quando
ao avanço (arrasto) e reduz a sustentação. Ele existir uma condição de congelamento. O gelo
causa vibrações destrutivas e dificulta a leitura pode ser controlado na estrutura da aeronave
verdadeira dos instrumentos. As superfícies de pelos métodos apresentados na tabela 1.
controle ficam desbalanceadas ou congeladas. As
fendas (slots) fixas são preenchidas e as móveis LOCALIZAÇÃO DO MÉTODO DE
emperradas. A recepção de rádio é prejudicada e o GELO CONTROLE
desempenho do motor é afetado (Figura 8-5) 1. Bordos de ataque
Penumático e térmico
Os métodos usados para a evitar a formação das asas
de gelo (antigelo) ou para eleminar o gelo que foi 2. Bordos de ataque
formado (degelo) varia com o tipo de aeronave e dos estabilizadores Pneumático e térmico
com o modelo. vertical e horizontal.

8-3
3. Pára-brisas, janelas e Em algumas aeronaves, interruptores
Elétrico e álcool
cúpulas de radar. termoelétricos, automaticamente ligam o sistema
4. Aquecedores e quando a temperatura do ar está baixa o suficiente
entradas de ar do Elétrico para ocorrer formação de geada ou gelo. O
motor. sistema pode manter-se ligado durante todo o
5. Transmissor de tempo em que se mantiver essa temperatura; ou
Elétrico em algumas aeronaves, ela pode operar com um
aviso de stol
6. Tubos de pitot Elétrico dispositivo pulsativo de liga-desliga.
7. Controles de vôo Pneumático Interruptores térmicos de
8. Bordo de ataque das superaquecimento, automaticamente desligam o
Elétrico e ácool sistema no caso de uma condição de
pás da hélice
9. Carburadores Térmico e álcool superaquecimento, a qual danificaria a
10. Drenos dos transparência da área.
Elétrico
lavatórios

Tabela 1 – Sistemas de eliminação ou prevenção


de gelo

Sistemas de cotrole do gelo do para-brisas

Com a finalidade de manter as áreas das


janelas livres de gelo, geada, etc, são usados
sistemas de antigelo. O sistema varia de acordo
com o tipo de aeronave e do fabricante.
Alguns pára-brisas são fabricados com Figura 8-6 Secção de um pára-brisas
painéis duplos, havendo um espaço entre eles que
permite a circulação de ar aquecido entre as Um sistema de aquecimento elétrico do
superfícies, para controlar a formação de gelo e pára-brisas inclui o seguinte:
de névoa. 1. Pará-brisas autotransformadores e relés
Outros utilizam limpadores mecânicos e de controle de aquecimento.
fluido antigelo borrifado no pára-brisas. 2. Interruptor de mola de controle de
Um dos mais comuns métodos para aquecimento.
controlar a formação de gelo e névoa nas janelas
das modernas aeronaves, é o uso de um elemento 3. Luzes de indicação.
de aquecimento elétrico entre as lâminas do 4. Unidades de controle do pára-brisas.
material da janela. 5. Elementos sensores de temperatura
Quando esse método é usado em aeronaves (termistores) laminados no painel.
pressurizadas, uma camada de vidro temperado dá
resistência para suportar a pressurização. Uma Um sistema típico é mostrado na Figura 8-
camada de material condutor transparente (óxide 7. O sistema recebe energia elétrica das barras de
stannic) é o elemento de aquecimento, e uma 115 volts C.A. através dos disjuntores (“circuit
camada de plástico vinil transparente adiciona breakers”) de controle do aquecimento do pára-
uma qualidade de não estilhaçamento à janela. brisas, e quando o interruptor de controle for
As placas de vinil e de vidro ( Figura 8-6) selecionado para “Hihg”, 115V. 400HZ C.A., são
estão coladas pela aplicação de pressão e calor. A supridos para os amplificadores da esquerda e da
união é obtida sem o uso de cimento devido a direita na unidade de controle do pára-brisas. O
afinidade natural do vinil e do vidro. A camada relé de controle de aquecimento do pára-brisas é
condutiva dissipa a eletricidade estática do pára- energizado, aplicando por este meio 200V. 400Hz
brisas, além de fornecer o elemento de C.A. para os autotransformadores de aquecimento
aquecimeno. do pára-brisas.

8-4
Esses autotransformadores fornecem 218V., aquecimento do pára-brisa através dos relés da
C.A. para a barra coletora da corrente de unidade de controle.

Figura 8-7 Circuito de controle da temperatura do pára-brisas

O elemento sensor em cada pára-brisas madores de aquecimento do pára-brisas. Nestas


possui um resistor com o coeficiente térmico condições, os transformadores fornecem 121
positivo, e forma uma das pernas de um circuito V.C.A. para a barra coletora de corrente de
de ponte. aquecimento do pára-brisas através dos relés da
Quando a temperatura do pára-brisas estiver unidade de controle. Os elementos sensores no
acima do valor calibrado, o elemento sensor terá pára-brisas operam da mesma maneira como foi
um valor de resistência maior do que o necessário descrito para a operação de grande aquecimento
para equilibrar a ponte. Isto diminui o fluxo de (“High-heat”), para manter um adequado controle
corrente através dos amplificadores, e os relés da de temperatura no pára-brisas.
unidade de controle são desenergizados. A unidade de controle de temperatura
Quando a temperatura do pára-brisas contém dois relés hermeticamente selados, e dois
diminui, o valor da resistência dos elementos amplificadores eletrônicos de três estágios, A
sensores também diminui e a corrente, através unidade está calibrada para manter uma
dos amplificadores, atingirá novamente suficiente temperatura no pára-brisas de 40º a 49º C. (105º a
magnitude para operar os relés na unidade de 120º F. O elemento sensor em cada painel do
controle, energizando então, os aquecedores do pára-brisa possui um resistor com o coeficiente
pára-brisas. térmico positivo e forma uma das pernas de uma
Quando o interruptor de controle do ponte que controla o fluxo da corrente nos
aquecimento do pára-brisas estiver selecionado amplificadores associados. O estágio final do
para “Low”, 115 volts, 400 Hz C.A. são supridos amplificador controla o relé selado, o qual fornece
para os amplificadores esquerdo e direito na corrente alternada para a barra coletora da
unidade de controle e para os auto-transfor- corrente de aquecimento do pára-brisas.

8-5
Quando a temperatura do pára-brisas estiver Normalmente, a descoloração não é um
acima do valor calibrado, o elemento sensor terá problema, a menos que afete as qualidades óticas.
um valor de resistência maior do que o necessário Rachaduras no pára-brisas são mais
para equilibrar a ponte. Isto diminui o fluxo de constantes no vidro externo onde os limpadores
corrente através dos amplificadores, e os relés da são indiretamente a causa desses problemas.
unidade de controle são desenergizados. Quando Alguma areia presa na palheta do limpador, pode
a temperatura do pára-brisas diminui, o valor da converter-se em um eficiente cortador de vidro
resistência dos elementos sensores também quando em movimento.
diminui, e a corrente, através dos amplificadores, A melhor solução contra arranhões no pára-
atinge suficiente magnitude para operar os relés brisas é a prevenção; limpar as palhetas do
na unidade de controle, energizando então o limpador de pára-brisas tão freqüentemente
circuito. quanto possível. Incidentalmente os limpadores
Existem vários problemas associados com nunca deverão ser operados com o painel seco,
os aquecedores elétricos de pára-brisas. Eles porque isso aumenta as chances de danificar a
incluem a delaminação, rachaduras centelhamento superfície.
e descoloração. Se a visibilidade não estiver sendo afetada,
A delaminação (separação dos painéis), arranhões ou cortes nos painéis de vidro são
embora indesejável, não é estruturalmente permitidos, dentro das limitações previstas nos
prejudicial, desde que esteja dentro dos limites apropriados manuais de serviço ou de
estabelecidos pelo fabricante da aeronave, e não manutenção. A tentativa de aumentar a
esteja em uma área que afete as qualidades óticas visibilidade por meio de polimento nos cortes e
do painel. arranhões não é recomendável. Isto é por causa
O centelhamento em um painel de pára- da imprevisível natureza das concentrações de
brisas, usualmente indica que houve uma quebra esforço residual, que o vidro temperado adquiriu
da película condutora. durante a fabricação.
Onde lascas ou diminutas rachaduras são O vidro temperado é mais forte do que o
formadas, na superfície dos painéis de vidro, vidro comum, devido ao esforço de compressão
simultâneas folgas na compressão da superfície e na superfície do vidro, o qual tem que ser
esforço de tensão no vidro altamente temperado, superado antes que a falha possa ocorrer do
podem resultar em rachaduras nas bordas e esforço de tensão no seu interior. O polimento
ligeiras separações na película condutora. O que remove uma apreciável camada da superfície
centelhamento é produzido onde a corrente salta pode destruir este equilíbrio do esforço interno, e
esta falha, particularmente onde essas rachaduras pode até resultar em uma imediata falha do vidro.
estão paralelas às barras da janela. A determinação da profundidade dos
Onde há centelhamentos, eles estão arranhões sempre tem causado algumas
invariavelmente a certa distância de um local dificuldades. Um micrômetro ótico pode ser
superaquecido, o qual, dependendo da sua usado para esta finalidade. Ele é essencialmente
severidade e localização, pode causar posterior um microscópio suportado por pequenas pernas,
dano ao painel. ao contrário do tipo familiar montado em uma
Centelhamento nas proximidades, de um base sólida. Quando focalizado em algum ponto,
elemento sensor de temperatura é um particular a distância focal da lente (distância da lente ao
problema, pois ele pode prejudicar o sistema de objeto) pode ser lida em uma escala micrométrica
controle do aquecimento. do instrumento.
Pára-brisas eletricamente aquecidos são A profundidade de um arranhão ou fissura
transparentes para a transmissão direta da luz, no painel do pára-brisas, por exemplo, pode então
mas eles têm uma cor distinta quando vistos pela ser determinada pela obtenção da distância focal
luz refletida. para a superfície do vidro e para o fundo do
A cor varia do azul-claro ao amarelo, ou arranhão ou fissura. A diferença entre essas duas
rosa claro, dependendo do fabricante do painel da leituras dará a profundidade do arranhão. O
janela. micrômetro ótico pode ser usado na superfície de

8-6
painéis planos, convexos ou côncavos, estando solenóide, são controladas por um interruptor tipo
eles instalados ou não na aeronave. reostato, localizado na estação do piloto.
Quando o reostato, localizado na estação do
Sistemas de degelo do carburador e do pára- piloto. Quando o reostato é movido para fora da
brisas posição “OFF”, a válvula de corte é aberta,
fazendo com que a bomba de álcool leve o fluido
Um sistema de degelo a álcool é previsto para o pára-brisas na razão selecionada pelo
em algumas aeronaves para remover o gelo do reostato. Quando o reostato é retornado para a
pára-brisas e do carburador. posição “OFF”, a válvula de corte fecha e a
A figura 8-8 ilustra um sistema típico de um bomba interrompe a operação.
bimotor, no qual três bombas de degelo (uma
para cada carburador e uma para o pára-brisas) Antigelo do tubo pitot
são usadas. O fluido, vindo do tanque de álcool, é
controlado por uma válvula solenóide a qual é Para evitar a formação de gelo sobre a
energizada quando alguma das bombas de álcool abertura do tubo de pitot, está previsto um
está ligada. elemento de aquecimento elétrico embutido.
O fluxo de álcool da válvula solenóide é Um interruptor localizado na cabine,
filtrado e dirigido para as bombas e daí controla a energia para o aquecimento.
distribuído através de um sistema de tubulações Precisamos de cautela para checar o tubo de
para os carburadores e pára-brisas. pitot no solo, porque o aquecedor não deve ser
operado por longos períodos, a menos que a
aeronave esteja em vôo.

Figura 8-9 Cabeça do tubo de pitot

Os elementos de aquecimento deverão ser


checados quanto ao funcionamento, para
assegurar que a cabeça do pitot começa a aquecer,
quando a energia elétrica é aplicada.
Se um ohmímetro (medidor de carga) for
instalado no circuito, a operação do aquecedor
pode ser verificada pela indicação de consumo de
Figura 8-8 Sistema de degelo do carburados e do corrente quando o aquecedor for ligado.
pára-brisas
Interruptores de mola controlam a operação AQUECEDORES DE DRENOS
das bombas de álcool para o carburador. Quando
os interruptores são colocados na posição “ON”, Aquecedores estão previstos para as linhas de
as bombas de álcool são ligadas e a válvula de dreno do lavatório, linhas de água, mastros de
corte, operada a solenóide, é aberta. dreno e drenos de água servida, quando estão
A operação da bomba de degelo do pára- localizados em uma área que está sujeita a
brisas e da válvula de corte do álcool, operada a temperaturas de congelamento em vôo.

8-7
Os tipos de aquecedores usados são: tubos nas várias zonas a serem monitoradas. O fogo é
aquecidos integralmente, tiras, forro, remendos detectado nas aeronaves com motores
aquecedores que envolvem as linhas e gaxetas convencionais, usando um ou mais dos seguintes
aquecedores (ver na figura 8-10). Nos circuitos itens:
aquecedores estão previstos termostatos onde for (1) Detectores de superaquecimento
indesejável excessivo aquecido ou para reduzir o (2) Detectores de aumento da razão de
consumo. Os aquecedores têm uma baixa temperatura
voltagem de saída e uma operação contínua não (3) Detectores de chama
causará superaquecimento. (4) Observação pela tripulação

Somando-se a esses métodos, outros tipos


de detectores são usados nos sistemas de proteção
contra fogo em aeronaves, mas raras vezes são
usados para detectar fogo nos motores.
Por exemplo, detectores de fumaça são mais
apropriados para monitorar área como compar-
timentos de bagagens, onde os materiais queimam
vagarosamente ou sem chama.
Outros tipos de detectores, nesta categoria
incluem os detectores de monóxido de carbono e
do equipamento de coleta química, capaz de
detectar vapores de combustível que podem levar
ao acúmulo de gases explosivos.

MÉTODOS DE DETECÇÃO
Figura 8-10 Aquecedores típicos de linhas de
água e de drenos A lista a seguir apresenta métodos de
detecção, incluindo aqueles mais usados em
PROTEÇÃO CONTRA FOGO sistemas de proteção contra fogo de aeronaves
com motores à turbina.
Em virtude do fogo ser uma das mais Um sistema completo de proteção contra
perigosas ameaças para uma aeronave, as zonas fogo, da maioria das grandes aeronaves cm motor
de fogo em potencial de todas as aeronaves à turbina, incorporam vários destes métodos de
multimotoras, atualmente produzidas, são detecção:
garantidas por um sistema fixo de proteção de 1. Detectores de aumento da razão de
fogo. Uma “zona de fogo” é uma área ou região temperatura.
da aeronave, designada pelo fabricante, que 2. Detectores sensores de radiação.
requer detecção e/ou equipamento de extinção e 3. Detectores de fumaça.
um alto grau de essencial resistência ao fogo. 4. Detectores de superaquecimento
O termo “fixo” significa um sistema 5. Detectores de monóxido de carbono
permanentemente instalado, em contraste com 6. Detectores de vapores de combus-
qualquer equipamento portátil de extintor de fogo tível
como o de CO2. 7. Detectores de fibra ótica
Um sistema completo de proteção contra 8. Observação pela tripulação e/ou pas-
fogo das modernas aeronaves, ou em muitos sageiros
modelos antigos de aeronaves, inclui tanto um
sistema de detecção como um de extinção de Os três tipos de detectores mais usados para
fogo. rápida detecção de fogo são os de razão de
Para detectar o fogo ou as condições de aumento de temperatura, sensores de radiação e
superaquecimento, equipamentos, são colocados detectores de superaquecimento.

8-8
Exigências de um sistema de detecção possibilidades de um incêndio. Três sistemas
detectores de uso mais comum são o sistema de
Os sistemas de proteção contra fogo, das interruptor térmico, sistema de par térmico e o
aeronaves produzidas atualmente, não confiam na sistema detector de circuito contínuo.
observação pela tripulação como um método
primário de detecção de fogo. Um sistema ideal Sistema de interruptor térmico
de detecção de fogo deve incluir, tanto quanto
possível, as seguintes características: Um sistema de interruptor térmico consiste
(1) Um sistema que não cause falsos de uma ou mais lâmpadas energizadas pelo
alarmes sob qualquer condição de vôo. sistema de força da aeronave, e interruptores
térmicos que controlam a operação da lâmpada
(2) Rápida indicação de fogo e sua exata
(ou lâmpadas).
localização.
Esses interruptores térmicos são unidades
(3) Acurada indicação de que o fogo está sensíveis ao calor que completam os circuitos
extinto. elétricos a uma determinada temperatura. Eles são
(4) Indicação de que o fogo foi reativado. conectados em paralelo um com outro, mas em
(5) Indicação contínua da duração do fogo. série com as luzes indicadoras (figura 8-11).
(6) Possibilidade de testar eletricamente o Se um aumento de temperatura ultrapassar
sistema detector desde a cabine da um determinado valor em qualquer seção do
aeronave. circuito, o interruptor térmico fechará
completando o circuito da lâmpada indicadora de
(7) Detectores resistentes a danos causados
fogo ou da condição de superaquecimento.
por exposição ao óleo, água, vibração,
temperaturas extremas e ao manuseio.
(8) Detectores que tenham pouco peso e
sejam facilmente adaptáveis em
qualquer posição de montagem.
(9) Detectores instalados em circuitos
operados diretamente do sistema de
força da aeronave sem inversores.
(10)Exigências mínimas de corrente elétrica
quando não houver indicação de fogo.
(11)Cada sistema detector deverá acender
uma lâmpada na cabine, indicando a
localização do fogo e deverá ter um
sistema de alarme sonoro. Figura 8-11 Circuito de interruptores térmicos
(12)Um sistema detector separado para cada
Não existe um número certo de
motor.
interruptores térmicos em cada circuito. O
Existem diversos tipos de detectores ou número exato será determinado pelo fabricante.
dispositivos sensores disponíveis. Vários modelos Em algumas instalações todos os detectores
antigos de aeronaves, ainda em operação, estão térmicos são conectados a uma única lâmpada;
equipadas com algum tipo de interruptor térmico em outras podem ser encontrados um interruptor
ou sistema de par térmico. térmico para cada lâmpada indicadora.
Algumas luzes de alarme são do tipo
SISTEMAS DE DETECÇÃO DE FOGO “pressione para testar”. A lâmpada será testada
quando for apertada, através de um circuito
Um sistema de detecção deverá sinalizar a auxiliar de teste.
presença de fogo. As unidades do sistema são O circuito na figura 8-11 inclui um relé de
instaladas em locais onde são maiores as teste e um de controle de brilho.

8-9
Com o contato do relé na posição mostrada,
dois caminhos são possíveis para o fluxo da
corrente dos interruptores para a lâmpada.
Este é um dispositivo adicional de
segurança. Energizando o relé de teste, um
circuito em série é completado checando toda a
fiação e o filamento de todas as lâmpadas.
O circuito é alterado para incluir uma
resistência em série com a lâmpada. Em algumas Figura 8-12 Detector “Fenwal” tipo “Spot”
instalações vários circuitos são ligados através de
relés de controle de brilho, e todas as luzes de Detectores Fenwal spot
emergência podem ser ofuscadas ao mesmo
tempo. Os detectores Fenwal Spot são ligados em
O sistema de interruptor térmico usa um paralelo entre dois circuitos completos da fiação,
interruptor termostato bimetálico ou detector tipo como é mostrado na figura 8-13. Assim, o sistema
“spot”, do tipo mostrado na figura 8-12. pode resistir a uma falha, que pode ser uma
Cada unidade detectora consiste de um abertura no circuito elétrico ou um curto para a
interruptor térmico bimetálico. A maioria dos massa, sem indicar um falso alarme de fogo. Uma
detectores spot são interruptores térmicos de dupla falha pode existir antes que um falso alarme
terminal duplo. de fogo possa ocorrer.

Figura 8-13 Circuito do sistema de detectores Fenwal Spot

No caso de uma condição de fogo ou de Sistema de par térmico


superaquecimento, o interruptor do detector Spot
fecha, completando o circuito para soar um O Sistema de aviso de fogo, por par
alarme. O sistema detector Fenwal Spot opera térmico, opera por um princípio completamente
sem uma unidade de controle. diferente do sistema de interruptores térmicos.
Quando uma condição de superaquecimetno Um par térmico depende da razão de
ou de fogo causar o fechamento de um interruptor aumento da temperatura e não dará o alarme
do detector, o alarme soará e uma lâmpada de quando um motor superaquecer lentamente, ou
aviso indicando a área afetada será acesa. quando ocorrer um curto-circuito.

8-10
O sistema consiste de uma caixa de relés, incluída no espaço entre os dois blocos isolantes.
luzes de aviso e pares térmicos. Um invólucro de metal protege mecânicamente o
A fiação do sistema dessas unidades pode par térmico, sem interferir no movimento livre do
ser dividida entre os seguintes circuitos (figura 8- ar na junção quente.
14: (1) circuito detector, (2) circuito de alarme e Se a temperatura subir rapidamente, o par
(3) circuito de teste. térmico produzirá uma voltagem por causa da
A caixa de relés contém dois relés, o relé diferença de temperatura entre a junção de
sensível e o relé escravo, e ainda a unidade de referência e a junção quente.
teste térmico. Se ambas as junções forem aquecidas ao
Essa caixa pode conter de um a oito mesmo tempo, nenhuma voltagem será produzida.
circuitos idênticos, dependendo do número de Porém, se houver fogo, a junção quente
zonas potenciais e fogo. Os relés controlam as aquecerá mais rapidamente do que a junção de
luzes de alarme, e os pares térmicos controlam a referência. A voltagem resultante causará um
operação dos relés. O circuito consiste de vários fluxo de corrente no circuito detector.
pares térmicos em série uns com os outros e com Quando a corrente for maior do que quatro
o relé sensível. O par térmico é construído com miliampères (0,004 ampères) o relé sensível
dois metais diferentes que são o cromel e o fechará. Isto completará o circuito do sistema de
constantam. O ponto de junção dos dois metais, força da aeronave para a bobina do relé escravo, o
que será exposto ao calor, é chamado de junção qual fechando, completará o circuito para a
quente. Há também uma junção de referência lâmpada de alarme de fogo.

Figura 8-14 Circuito de sistema de aviso de fogo do tipo “termopar”

O número total de pares térmicos, usados se queimariam ou soldariam, se fosse permitida a


em um circuito detector, depende das dimensões formação de um arco.
das zonas de fogo e da resistência total do Quando o relé sensível abre, o circuito para
circuito. o relé escravo é interrompido, e o campo
A resistência total não deve exceder 5 magnético em torno de sua bobina é encerrado.
ohms. Quando isto acontece, a bobina recebe uma
Como foi mostrado na figura 8-13, o voltagem através da auto-indução, mas com o
circuito tem dois resistores. O resistor conectado resistor através dos terminais da bobina é aberto
através dos terminais do relé escravo absorve a um caminho para algum fluxo de corrente, como
voltagem auto-induzida da bobina, para evitar a resultado desta voltagem.
formação de arco entre os pontos do relé sensível. Então o arco nos contactos do relé sensível
Os contatos do relé sensível são tão frágeis que, é eliminado.

8-11
Sistema detector de circuito contínuo

Um sistema detector contínuo ou sistema


sensor permite a cobertura mais eficiente de uma
área de perigo de fogo, do que qualquer um dos
detectores de temperatura do tipo spot.
Os sistemas cotínuos são uma versão do
sistema de interruptores térmicos; eles são
sistemas de superaquecimento, unidades sensíveis
ao calor, que completam o circuito elétrico a uma
determinada temperatura.
Os dois tipos de detectores usados nos
sistemas sensores contínuos são os sistemas
Kidde e o Fenwal. Figura 8-16 Elemento sensor “Fenwal”
No sistema contínuo Kidde (figura 8-15),
dois fios são envolvidos com uma camada de Em ambos os sistemas, no Kidde e no
cerâmica especial, formando o núcleo de um tubo Fenwal, a resistência da cerâmica ou do sal
de Inconel. eutético evita o fluxo da corrente elétrica
enquanto for normal a temperatura.
No caso de uma condição de fogo ou
superaquecimento, a resistência do núcleo
diminui, e o fluxo da corrente flui entre o fio
condutor do sinal e a “massa, energizando o
sistema de alarme.
Os elementos sensores do sistema Kidde
são conectados a um relé da unidade de controle.
Essa unidade constantemente mede a resistência
total de todo o sensor. O sistema sente a
temperatura média, tão bem como qualquer ponto
simples isolado.
O sistema Fenwal usa um amplificador
magnético como unidade de controle. Esse
Figura 8-15 Elemento sensor “Kidde” sistema não é proporcional, mas soará um alarme
quando qualquer porção de seu elemento sensor
Um dos fios no sistema sensor Kidde é atingir a temperatura de alarme.
soldado nos terminais do tubo envolvente, Ambos os sistemas continuamente
atuando como “massa” interna. monitoram as temperaturas nos compartimentos
O outro fio é um condutor (acima do dos motores e, ambos, automaticamente, são
potencial terrestre) que permite um sinal de rearmados, logo que a condição de super-
corrente, quando a cobertura de cerâmcia dos fios aquecimento for removida ou o fogo extingüido.
altera a sua resistência com a mudança da
temperatura. Sistema de elementos contínuos
Outro sistema contínuo, o Fenwal (figrua 8-
16), usa um fio simples envolvido em uma O sistema Lindberg de detecção de fogo
camada de cerâmica, dentro de um tubo de (figura 8 -17) é um detector do tipo elemento
Inconel. A camada de cerâmica do detector contínuo, que consiste de um tubo de aço
Fenwal está embebida com um sal eutético, o qual inoxidável contendo um elemento discreto. Esse
possui características de reduzir rapidamente sua elemento foi processando para absorver gás em
resistência elétrica quando o elemento sensor proporção ao ponto selecionado da temperatura de
atingir a sua temperatura de alarme. operação.

8-12
Quando a temperatura aumenta (devido ao Um interruptor de teste de fogo é usado
fogo ou superaquecimento) para o ponto para aquecer os sensores, expandido o gás. A
selecionado de temperatura de operação, o calor pressão gerada fecha o interruptor diafragma,
gerado causa a liberação do gás do elemento. Essa ativando o sistema de alarme.
liberação do gás causa o aumento da pressão no Um interruptor de teste de fogo é usado
tubo de aço inoxidável, que por sinal, atua para aquecer os sensores, expandido o gás. A
mecanicamente o interruptor do diafragma na pressão gerada fecha o interruptor diafragma,
unidade de resposta, ativando a luz de aviso e ativando o sistema de alarme.
soando o alarme.

Figura 8-17 Sistema detector de fogo “Lindberg”

SISTEMAS DE AVISO DE SUPERAQUE- especificada. Essa temperatura depende do


CIMENTO sistema e do tipo e modelo da aeronave.
Os contatos do interruptor do detector estão
Os sistemas de aviso de superaquecimento suportados por molas, as quais fecham os contatos
são usados em algumas aeronaves para indicar as quando o calor expande a base de apoio. Um
áreas de alta temperatura, que podem ser focos de contato de cada detector está ligado à “massa”
incêndios através da braçadeira de montagem. Os outros
O número de sistemas de aviso de contatos de todos de detectores estão ligados em
superaquecimento varia com o tipo de aeronave. paralelo para fechar o circuito das lâmpadas de
Em algumas aeronaves, eles são previstos, para aviso.
cada motor a reação e cada nacele de motor; em Sendo assim, o fechamento dos contatos de
outras, são previstas para a área de alojamento das qualquer um dos detectores pode causar o
rodas e para a linha de pressão do sistema acendimento da luz de aviso.
pneumático. Quando os contatos do detector são
Quando uma condição de superaquecimento fechados o circuito para a luz de aviso é
ocorrer na área de um detector, o sistema completado. A corrente, então, é fornecida de
ocasiona o acendimento da luz de aviso no painel uma barra do sistema elétrico através da lâmpada
de controle de fogo. de aviso e de um lampejador para a massa.
Na maioria dos sistemas o detector é do tipo Devido ao lampejador no circuito, as luzes
interruptor térmico. Cada detector é operado piscarão indicando uma condição de
quando o calor atinge uma temperatura superaquecimento.

8-13
TIPOS DE FOGO Os instrumentos de detecção de fumaça são
classificados pelo método de detecção, como
A Associação Nacional de Proteção Contra demonstrado a seguir: Tipo I – Medição do gás de
Fogo classifica o fogo em três tipos básicos: monóxido de carbono (detectores de CO), Tipo II
– Medição da capacidade de transmissão da luz
a. Classe A – é definida como um fogo em
pelo ar (mecanismos fotoelétricos), Tipo III –
materiais combustíveis ordinários como
Detecção visual da presença de fumaça pela
madeira, pano, papel, estofados etc.
simples visão direta (mecanismos visuais).
b. Classe B – é definida como fogo em Para ser digno de confiança, os detectores
produtos inflamáveis de petróleo ou de fumaça não devem ser obstruídos.
líquidos combustíveis, graxas,
solventes, tintas etc. Detectores de monóxido de carbono
c. Classe C – é definida como fogo
envolvendo equipamento elétrico Os detectores de CO, os quais detectam as
energizado, onde a não-condutividade concentrações do gás monóxido de carbono,
do meio de extinção tem importância. raramente são utilizados para monitorar os
Na maioria dos casos onde o compartimentos de carga ou de bagagem. No
equipamento elétrico está entanto, eles têm o uso difundido em conduzir
desenergizado, o extintor adequado para testes para detectar a presença do gás monóxido
uso nos fogos de classe A ou B podem de carbono nas cabines das aeronaves.
ser empregados efetivamente. O monóxido de carbono é incolor, inodoro,
não tem gosto, nem é um gás irritante. Ele é o
Fogo em aeronaves, em vôo ou no solo, subproduto da combustão incompleta, e é
podem ser extintos por qualquer um, ou por todos encontrado em uma variedade de níveis em todos
esses tipos de extintores. Portanto, sistemas de os tipos de fumaça da combustão de substâncias
detecção, sistemas de extinção e agentes carbonáceas.
extintores, como aplicados para cada tipo de fogo, Mesmo quantidades excessivamente
devem ser considerados. pequenas de gás são perigosas. Uma concentração
Cada tipo de fogo tem características que de 0,02% (2 partes em 10.000) podem produzir
requerem manuseios especiais. Agentes usados dores de cabeça, sonolência e vertigem, dentro de
em fogo de classe A não são aceitáveis em fogo poucas horas.
das Classes B ou C. Agentes adequados ao fogo Existem diversos tipos de testes portáteis
de classes B ou C terão o mesmo efeito em fogo (cheiradores) em uso. Um tipo possui um tubo
de classe A, mas não mais eficientes. indicador substituível, o qual contém “silicagel”
amarelo impregnado com um composto “silico-
SISTEMAS DETECTORES DE FUMAÇA molybdate” e é catalizado usando sulfato de
paládio.
Um sistema de detecção de fumaça Quando em uso, uma amostra do ar é
monitora os compartimentos de carga e de sugada através do tubo detector. Quando a
bagagem quanto a presença de fumaça, a qual é amostra do ar contém monóxido de carbono, o
uma indicação de uma condição de fogo. silica gel amarelo muda para um tom de verde. A
Os instrumentos de detecção de fumaça, os intensidade da cor verde é proporcinal à
quais coletam o ar por amostragem, estão concentração do monóxido de carbono da amostra
montados nos compartimentos em locais de ar, na hora e na localização do teste.
estratégicos. Um outro tipo de indicador pode ser usado
Um sistema de detecção de fumaça é usado como um distintivo ou instalado no painel de
onde for esperado um tipo de incêndio gerador de instrumentos, ou ainda na parede de cabine. Ele é
uma substancial quantidade de fumaça, antes que um distintivo usando um tablete que muda da cor
a mudaça de temperatura seja suficiente para atuar bronzeada para uma outra progressivamente mais
o sistema detector de calor. escura ou de cinza para preto.

8-14
O tempo de transição necessário é relativo à fumaça e os circuitos associados estiverem em
concentração do CO. operação.
Em uma concentração de 50ppm de CO Uma checagem funcional do detector
(0,005%), a indicação será visível dentro de 15 a deverá ser feita após a instalação e em frequentes
30 minutos. Uma concentração de 100ppm de CO intervalos subsequentes.
(0,01%) mudará a cor do tablete de bronzeado
para cinza de 2 a 5 minutos, e de bronzeado para
cinza escuro de 15 a 20 minutos.

Detectores fotoelétricos de fumaça

Este tipo de detector consiste de uma célula


fotoelétrica, uma lâmpada sinalizadora, uma
lâmpada de teste, e um interceptor de luz (“light
trap”), todos montados em um labirinto.
Uma acumulação de 10% de fumaça no ar
faz com que a célula fotoelétrica conduza corrente
elétrica.
A figura 8-18 mostra os detalhes de um
detector, e indica como as partículas de fumaça
refratam a luz para a célula fotoelétrica.
Quando ativado pela fumaça, o detector
supre um sinal para o amplificador. O sinal
amplificado ativa uma luz de aviso e um alarme Figura 8-19 Circuito do teste detector de fumaça
sonoro.
Detectores visuais de fumaça

Em um pequeno número de aeronaves, os


detectores visuais de fumaça são o único meio de
detenção.
A indicacão é fornecida pela passagem da
fumaça através de uma linha para dentro do
indicador, usando, ou uma adequada fonte de
sucção, ou a pressurização da cabine.
Quando a fumaça está presente, uma
lâmpada dentro do indicador é iluminada
automaticamente pelo detector de fumaça.
Figura 8-18 Detector dse fumaça fotoelétrico A luz é difusa para que a fumaça se torne
visível na apropriada janela do indicador.
Um interruptor de teste (figura 8-19) Se não existir fumaça, a lâmpada não será
permite checar a operação do detector de fumaça. iluminada.
Ligando o interruptor, 28 volts C.C. são enviados Um interruptor está previsto para iluminar a
ao relé de teste. lâmpada para a finalidade de teste. Um
Quando o relé é energizado, a voltagem é mecanismo também está instalado no indicador,
aplicada através da lâmpada sinalizadora e da para mostrar que o necessário fluxo de ar está
lâmpada de teste, em série, para a massa. passando através do indicador. A eficiência de
Uma indicação de fogo será observada qualquer sistema de detecção depende do
somente se, as lâmpadas de teste e a sinalizadora, posicionamento e do condicionamento de todos os
a célula fotoelétrica, o amplificador do detector de componentes do sistema.

8-15
A informação precendente tem a intenção de chama, sob a pressão requerida para distribuir
de fornecer a familiarização com os vários o agente extintor para o motor.
sistemas. Para maiores detalhes de uma particular
instalaçao, os adequados manuais da aeronave
devem ser consultados.
A concentração máxima permitida sob as
Leis Federais, para contínua exposição, é de
50ppm (partes por milhão) que é igual a 0,005%
de monóxido de carbono.

PARTES
PERCEN-
POR REAÇÃO
TAGEM
MILHÃO

Concentração
máxima per-
50 0,005%
missível sob Lei
Federal.
100 0,01% Cansaço, vetigem
Dor de cabeça,
cansaço, vertigem,
200 0,02%
náuseas após 2 ou Figura 8-21 Instalação de garrafa de dióxido
3 horas de carbono (CO2)
Inconsciência em
O gás é distribuído através de tubulações da
800 0,08% 1 hora ou morte
válvula da garrafa CO2 para o conjunto de
em 2 ou 3 horas
controle da válvula na cabine, e enão para os
2.000 0,20% Morte após1 hora motores por tubulações, instaladas na fuselagem e
túneis da asa. A tubulação terminal, em forma de
Morte dentro de círculo, é toda perfurada envolvendo os motores
3.000 0,30%
30 minutos (figura 9-9).
10.000 1,00% Morte instantânea Para operar o sistema de extinção de fogo
de CO2, a válvula seletora deve ser comandadas
para o motor que contenha fogo. Um puxão no
Figura 8-20 Reações humanas ao envenenamento punho em “T” de controle, localizado próximo a
com monóxido de carbono válvula seletora, do motor atua a haste de alívio
da válvula de garrafa de CO2.
SISTEMAS EXTINTORES DE FOGO DE O líquido comprimido na garrafa de CO2
CO2 DOS MOTORES CONVENCIONAIS flui em uma rápida descarga para as saídas da
linha de distribuição (figura 8-22) do motor
O CO2 é um dos mais antigos tipos de afetado.
sistemas extintores de fogo dos motores O contato com o ar converte o líquido em
convencionais das aeronaves de transporte, sendo gás e em “neve”, a qual abafa a chama.
ainda usado em muitas aeronaves antigas. Um dos mais sofisticados tipos de sistema
O sistema exitintor de fogo é projetado em de proteção contra fogo de CO2 é usado em
torno de uma garrafa de CO2 (figura 8-21) e uma muitas aeronaves de quatro motores. Este sistema
válvula de controle remoto operada da cabine. A é capaz de liberar CO2 duas vezes para cada um
garrafa armazena o dióxido de carbono abafador dos quatro motores.

8-16
Sistemas de aviso de fogo são instalados em No caso de uma descarga pelos meios
todas as localizações perigosas da aeronave, para elétricos, as válvulas das duas garrafas traseiras
fornecer um alarme em caso de fogo. Os vários de cada grupo são operadas pela pressão de CO2,
sistemas de alarme operam luzes de aviso no aliviada da garrafa dianteira através da linha de
painel de controle de fogo na cabine, energizando, interconexão.
também, um alarme sonoro na cabine. Cada grupo de garrafas de CO2 tem um
Um sistema típico de CO2 consiste de seis disco vermelho, indicador de descarga térmica de
garrafas, montadas três de cada lado do segurança, que será rompido quando a pressão
alojamento da roda do nariz. Válvulas de atingir ou ultrapassar 2.650p.s.i. A descarga ocor-
enchimento são instaladas em cada garrafa de rerá também em temperaturas acima de 74º C.
CO2. As garrafas de cada fileira são Cada conjunto de garrafas também tem um
interconectadas. As válvulas de duas garrafas disco amarelo indicador da descarga do sistema.
traseiras, de cada conjunto de três, são projetadas Montado ao lado do disco vermelho, o disco
para serem abertas mecanicamente por um cabo, amarelo indica qual grupo de garrafas foi
conectado ao punho de controle de descarga no esvaziado por uma descarga normal.
painel principal de controle de fogo na cabine. Este tipo de sistema de proteção contra fogo
Em caso de descarga pelos meios de CO2 inclui um sistema de alarme de fogo. Ele
mecânicos, a válvula de enchimento da garrafa é um sensor contínuo, de baixa impedância, e do
dianteira de cada grupo é operada pela pressão de tipo de religação automática para o motor e áreas
CO2, aliviada das duas garrafas traseiras através da nacele do motor.
da linha de interconexão. A válvula de Um único circuito detector de fogo é
enchimento da garrafa dianteira de cada grupo previsto para cada motor e área de nacele.
contém um solenóide. Cada circuito completo consiste de uma
A válvula é projeta para ser operada unidade de controle, elementos sensores, um relé
eletricamente, quando o solenóide for energizado de teste, uma luz de aviso de fogo e um relé do
pela atuação de um botão no painel de controle. circuito de aviso de fogo.

Figura 8-22 Sistema extintor de fogo de CO2 em uma aeronave bimotora de transporte

8-17
Equipamentos associados, como conjunto ser classificados como termodinâmicos ou como
de conectores flexíveis, fios passadores de mecânicos. As causas termodinâmicas são aquelas
borracha, braçadeiras e presilhas de montagem, que alteram a proporção do ar de refrigeração da
são usados em várias quantidades, dependendo temperatura da combustão, para os níveis em que
das necessidades individuais da instalação. os metais da turbina podem tolerar.
Por exemplo, em uma aeronave de quatro Quando o ciclo de refrigeração é alterado,
motores, quatro conjuntos de luzes de alarme, as palhetas da turbina podem ser derretidas,
sendo uma para cada motor e área da nacele, causando uma súbita perda de empuxo. A rápida
darão a correspondente indicação de aviso quando formação de gelo na tela da entrada de ar ou na
um alarme for iniciado pelo respectivo circuito de entrada das atletas guias podem resultar em
aviso de fogo do motor. severo superaquecimento, causando o
Conjunto de luzes de alarme nos punhos de derretimento das palhetas da turbina, sendo
comando manual de CO2 são conectados para arrancadas e arremessadas para fora do motor.
todos os quatro circuitos detectores de fogo do Falhas semelhantes podem causar a
motor, em conjunto com um alarme sonoro de separação do cone traseiro; e possível penetração
fogo com os seus interruptores de corte de estilhaços na estrutura da aeronave, tanques ou
protegidos e luzes de indicação. equipamentos próximos a roda da turbina. Em
O fio isolado do circuito detector é geral, a maioria das falhas termodinâmicas são
encaminhado da unidade de controle no causadas pelo gelo, excesso de sangria de ar ou
compartimento de rádio para o relé de teste. O fio vazamento, ou falha dos controles que permitam o
é então dirigido através da nacele e seções do estol do compressor ou excesso de combustível.
motor, retornando para o relé de teste, onde ele Falhas mecânicas, como quebra da palheta
será unido a sua outra extremidade formando um da turbina ou palheta arrancada, podem também
circuito contínuo. levar a uma condição de superaquecimento ou
Cada unidade de controle contém fogo.
transistores, transformadores, resistores, Estilhaços das palhetas podem perfurar o
capacitores e um potenciômetro. cone traseiro, criando uma condição de
Ele também contém um circuito integrado, superaquecimento. A falha dos estágios dianteiros
o qual introduz um retardo, que dessensibiliza o de uma turbina de muitos estágios normalmente é
sistema de aviso para um sinal transitório de curta muito mais severa. A penetração no alojamento
duração – que de outra forma causaria falsos da turbina pelos estilhaços de uma palheta
alarmes momentâneos. danificada é um possível perigo de fogo, do
Quando uma condição de fogo ou mesmo modo que a penetração nas linhas e nos
superaquecimento existir em um motor ou área da componentes que contenham fluidos inflamáveis.
nacele, a resistência do sensor diminuirá, abaixo Uma alto fluxo de combustível, através de
de um valor determinado pelo potenciômetro da um bico injetor mal calibrado, pode causar a
unidade de controle, o qual está em um circuito de queima através do cone de escapamento em
referência do circuito detector e amplificador da alguns motores. O fogo no motor pode também
unidade de controle. ser causado pela queima de fluido que,
A saída deste circuito energiza o alarme ocasionalmente, escorra através do tubo de
sonoro de aviso de fogo e a luz de aviso de fogo. escapamento.

Zona de fogo dos motores a turbina


SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE FOGO DOS
MOTORES A TURBINA
Em virtude das instalações de um motor a
Diversas falhas ou danos em geral podem turbina terem diferenças marcantes das
resultar em condições de superaquecimento ou de instalações de um motor convencional, os
fogo, peculiares às aeronaves com motor a turbina sistemas de zonas de fogo usados para a maioria
por causa de suas características de operação. Os dos motores convencionais, não poderão ser
dois principais tipos de falhas de turbina podem usados.

8-18
Uma possível zona de fogo em uma 3. Detectores de fumaça.
instalação de motor a turbina é qualquer área, na 4. Detectores de superaquecimento.
qual possa existir uma fonte de ignição, junto com 5. Detectores de monóxido de carbono.
combustíveis, vazamentos de linhas de fluido
combustível, ou vapores de combustível. Os 6. Detectores de vapores de combustível.
seguintes compartimentos do motor usualmente 7. Detectores de fibra ótica.
são protegidos: 8. Observação da tripulação e/ou
passageiros.
1. Seção de força do motor, incluindo os
queimadores, turbina e escapamento. Os três tipos de detectores mais usados para
2. Compressor do motor e seção de uma rápida detecção de fogo são o razão de au-
acessórios, estando incluídos o mento da temperatura, sensor de radiação e os
compressor e todos os acessórios do detectores de superaquecimento.
motor.
Proteção de fogo no solo dos motores a turbina
3. O compartimento do motor por inteiro,
quando não existir isolamento entre a O problema de fogo no solo tornou-se mais
seção de força do motor e a seção de grave com o aumento do tamanho das aeronaves
acessórios. de motor a turbina. Por esta razão, uma conexão
Agentes de extinção de fogo dos motores a central de solo, para o sistema de extinção de
turbina fogo, tem sido instalada em algumas aeronaves.
Estes sistemas fornecem um meio eficiente de
Os agentes de extinção de fogo usados nos extinção de fogo no solo, e eliminam a
motores convencionais são, também, usados nos necessidade de remoção e de reabastecimento das
sistemas de proteção de fogo dos motores a garrafas de extinção de fogo instaladas na
turbina. aeronave.
A eficiência dos vários agentes é Estes sistemas usualmente incluem meios
influenciada pelo tipo de sistema de proteção de de operação do sistema inteiro, de um local como
fogo no motor a ser utilizado, se ele for um a cabine, ou da localizaçao do suprimento do
sistema HRD (alta razão de descarga) melhor do agente extintor, no solo.
que um sistema convencional, ou se for o método Nas aeronaves não equipadas com a
de distribuição por bico pulverizador, anel de conexão central de solo para o sistema de
esguicho ou tubo com extremidade aberta. extinção de fogo, normalmente são previstos
A escolha do agente é também influenciada meios de um rápido acesso ao compressor,
pelas condições do fluxo de ar através do motor. escapamento ou compartimento dos queimadores.
Por isso, a maioria dos sistemas da aeronave estão
Tipos de detectores de fogo ou superaque- equipadas com portas de acesso de abertura
cimento rápida, na superfície externa de vários
compartimentos.
A seguinte relação de métodos de detecção O fogo na parte interna do escapamento dos
inclui aqueles mais usados em sistemas de motores, durante o corte ou falsa partida, pode ser
proteção de fogo em motores a turbina. eliminado pelos giros do motor com o motor de
O sistema completo de proteção contra fogo partida.
de uma aeronave, com os maiores motores a Se o motor já estiver funcionando, ele pode
turbina, terá alguns destes diferentes métodos de ser acelerado para atingir o mesmo resultado. Se o
detecção incorporados: fogo persistir, um agente extintor pode ser
dirigido ao interior do tubo de escapamento.
1. Detectores de razão de aumento da O que deve ser levado em conta, é que o uso
temperatura. excessivo de CO2 ou outro agente que tenha o
2. Detectores sensíveis a radiação. efeito de resfriamento, pode contrair alojamento

8-19
da turbina ou a própria turbina, causando a Cada motor a turbina instalado em uma
desintegração do motor. nacele suspensa contém um circuito de detecção
de fogo, que é automático e sensível ao calor.
SISTEMA TÍPICO DE PROTEÇÃO DE Este circuito consiste de uma unidade sensível ao
FOGO DE MULTIMOTORES calor, uma unidade de controle, um relé e
dispositivos de alarme. Normalmente os
Um sistema de proteção de fogo de motores dispositivos de alarme incluem uma luz de aviso
a turbina para uma aeronave multimotora é na cabine para cada circuito, e um alarme sonoro
descrito em detalhes nos parágrafos seguintes. para todos os circuitos em conjunto.
Este sistema é típico de maioria das aeronaves de A unidade sensora de calor de cada circuito
transporte com motores a reação, e inclui possui um detector contínuo em torno das áreas a
componentes e sistemas semelhantes encontrados serem protegidas. Essas áreas são os queimadores
em todas aquelas aeronaves. Deve ser enfatizado e a área do escapamento. Também incluídas, na
que os procedimentos de manutenção e detalhes maioria dos sistemas de extinção de fogo das
de instalação, de cada tipo de aeronave em aeronaves, estão a área do compressor e a área
particular, são uma função da configuração dos acessórios, as quais em algumas instalações
específica da aeronave. podem ser protegidas por um circuito separado de
O sistema de proteção contra fogo da proteção de fogo. A figura 8-23 ilustra a rota
maioria das grandes aeronaves com motor a típica de um detector contínuo de fogo em um
turbina consiste de dois subsistemas: um sistema motor instalado em nacele suspensa.
detector de fogo e um sistema de extinção de Um detector contínuo típico é formado por
fogo. uma série de elementos unidos por conectores a
Estes dois subsistemas proporcionam prova de umidade, os quais são fixados à estrutura
proteção contra fogo, não somente no motor e da aeronave. Na maioria das instalações, o
áreas da nacele, mas também em áreas como os detector contínuo é preso por dispositivos ou
compartimentos de bagagem e em áreas como o presilhas a cada 10 ou 12 polegadas de distância.
alojamento das rodas. Aqui, serão discutidos Um espaço maior entre os suportes pode
apenas os sistemas de proteção contra fogo no permitir vibração ou atrito da seção livre, e torna-
motor. se uma fonte de falsos alarmes.

Figura 8-23 Instalação típica de proteção da nacele do motor e seu suporte (Pylon)

8-20
Em um típico sistema detector de fogo de interruptor de fogo, ao ser puxado, deixa exposto
um motor a turbina, uma unidade de controle um interruptor, que anteriormente era inacessível,
individual é prevista para cada circuito sensor. A o qual comanda o agente extintor e também atua
unidade de controle contém um amplificador microinterruptores que energizam as válvulas de
transitorizado ou magnético, o qual produz uma corte de emergência e outras válvulas pertinentes.
saída, quando um fluxo de corrente
predeterminado de entrada for detectado pelo Sistema de extinção de fogo de motores a
sensor contínuo. turbina
Cada unidade de controle também contém
um relé que é usado para simular uma condição A parte de extinção de fogo de um típico
de fogo ou superaquecimento para o circuito de sistema de proteção de fogo completo, inclui uma
teste. garrafa ou reservatório de um agente extintor para
A saída do amplificador, da unidade de cada motor ou área da nacele. Um tipo de
controle, é usada para energizar um relé de aviso, instalação provê uma garrafa de agente para cada
muitas vezes chamado de “relé de fogo”. uma das naceles suspensas de uma aeronave
Normalmente localizado próximo às unidades de multimotora. Este sistema usa uma garrafa ou
controle, estes relés de fogo, quando energizados, reservatório de agente extintor semelhante ao tipo
completam o circuito para o apropriado mostrado na figura 8-25.
dispositivo de aviso. Este tipo de garrafa é equipada com duas
Os dispositivos de aviso para as condições válvulas de descarga que são operadas por
de fogo e superaquecimento do motor e nacele cartuchos disparados eletricamente. Estas duas
estão localizados na cabine. válvulas são o controle principal e o reserva, que
Uma luz de aviso de fogo para cada motor, liberam e dirigem o agente para a nacele
normalmente é localizada em um interruptor suspensa, na qual a garrafa está localizada, ou
especial de fogo na forma de um punho, para o outro motor da mesma asa.
localizado no painel de instrumentos ou no painel Este tipo de tiro duplo, configuração de
de controle de fogo. alimentação cruzada, permite a liberação de uma
Estes interruptores são, algumas vezes, segunda carga de agente extintor de fogo para o
chamados de “punhos de fogo”. mesmo motor, se um outro foco de fogo ocorrer,
sem a condição de duas garrafas para cada área do
motor. Um outro tipo de instalação para
quadrimotores, usa dois sistemas independentes
de extinção de fogo. Os dois motores do mesmo
lado da aeronave são equipados com dois
reservatórios de agente extintor (figura 8-26), mas
eles estão localizados juntos na nacele suspensa
interna.
Um indicador da pressão, um plugue de
descarga, e uma conexão de segurança são
previstas para cada reservatório.O plugue de
descarga é selado com um disco quebrável,
combinado com uma carga explosiva que e
eletricamente detonada para descarregar o
conteúdo da garrafa.
A conexão de segurança é fixada na parte
Figura 8-24 Interruptor e punho de fogo interna da estrutura com um indicativo disco
vermelho.
Conforme está ilustrado na figura 8-24, o Se a temperatura ultrapassar um
punho de fogo contém a luz de aviso de detecção predeterminado valor de segurança, o disco será
de fogo. Em alguns modelos deste punho rompido, extravazando o agente.

8-21
Figura 8-25 Sistema de extinção de fogo para uma aeronave multimotora

Figura 8-26 Instalação das garrafas e suas conexões

8-22
A conexão de alimentação dos dois ao longo da parte superior e de ambos os lados do
reservatórios de uma instalação dupla (figura 8- motor.
26) inclui uma válvula de retenção dupla e uma Quando qualquer seção do sensor contínuo
conexão “T”, da qual as tubulações são ligadas ao estiver exposta a uma condição de fogo ou
indicador de descarga. superaquecimento, a luz de aviso na cabine
Este indicador é fixado na parte interna da acenderá e o alarme sonoro soará.
estrutura com um indicativo disco amarelo, que é A luz de aviso pode estar localizada no
rompido quando a linha de alimentação for punho de fogo; em algumas instalações o
pressurizada por qualquer uma das garrafas. interruptor de fogo pode incorporar uma luz de
A linha de descarga tem dois ramais (figura aviso de cada motor em particular, sob uma
8-26), uma linha pequena para o motor interno e cobertura de plástico translúcido, como é
uma mais comprida estendendo-se pelo bordo de mostrado na figura 8-27.
ataque da asa para o motor externo. Neste sistema, um interruptor de
Ambos os ramais terminam em uma transferência é instalado para o sistema de
conexão em “T”, próxima a fixação dianteira do extinção de fogo esquerdo e direito. Cada
motor. interruptor de transferência tem duas posições:
A forma do tubo de descarga pode variar “TRANS”e “NORMAL”.
com o tipo e o tamanho das instalações do motor. Se ocorrer uma condição de fogo no motor
Na figura 8-27, um tubo de descarga número 4, a luz de aviso no interruptor de fogo
semicircular com uma terminação em “Y” número 4 acenderá com o interruptor na posição
envolve a área dianteira superior, tanto do “NORMAL”; o interruptor de fogo número 4 é
compartimento dianteiro como do traseiro do puxado, e o interruptor de descarga número 4,
motor. localizado diretamente sob o punho de fogo,
ficará acessível.
Ativando o interruptor de descarga o agente
extintor será enviado da garrafa para a área do
motor número 4.
Se for necessário mais do que uma descarga
de agente extintor, o interruptor de transferência
deverá ser colocado na posição “TRANS” para
que a segunda garrafa possa ser descarregada
naquele mesmo motor.
Um controle de alarme sonoro permite que
qualquer um dos circuitos de detecção de fogo
dos motores, energize o alarme sonoro comum.
Após o alarme ter soado, ele poderá ser silenciado
Figura 8-27 Tubos de descarga do agente extintor pelo acionamento do interruptor de corte do
alarme figura 8-28.
Orifícios de dispersão do agente extintor O alarme sonoro pode também reagir a um
estão espaçados ao longo do tubo de descarga. sinal de fogo, vindo de qualquer um dos outros
Este, é incorporado na entrada da linha, para circuitos.
descarregar o agente extintor dentro da área do A maior parte dos sistemas de proteção
suporte da nacele suspensa. contra fogo para as aeronaves com motor a
Um outro de instalação de descarga do turbina, inclui também um interruptor de teste e
agente extintor de fogo é mostrado na figura 8-27. um circuito, que permite que o sistema de
A linha de descarga termina em um bico injetor detecção seja testado inteiramente, a qualquer
em “T” próximo ao suporte dianteiro do motor. tempo.
A conexão “T” contém oríficios difusores, O interruptor de teste está localizado no
que permitem que o agente extintor seja lançado centro do painel, mostrado na figura 8-28

8-23
Corte do
alarme

Figura 8-28 Interruptores do sistema de detecção e extinção de fogo

PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO 3. Peças de arame de freno, ou outras


DOS SISTEMAS DE DETECÇÃO DE FOGO partículas de metal, que possam formar
um curto-circuito nos terminais do
Os elementos sensores de deteção de fogo detector.
estão localizados em muitas áreas de grande 4. Condições das juntas de borracha nas
atividade em torno dos motores das aeronaves. braçadeiras de montagem, que podem
Sua localização, junto com sua pequena ter sofrido amolecimento pela exposição
dimensão, aumentam a chance de danos aos a óleo, ou endurecimento pelo calor
elementos sensores durante a manutenção. excessivo.
A instalação dos elementos sensores, dentro
dos painéis das naceles nas aeronaves, 5. Mossas ou dobras nas seções dos
proporciona algumas medidas de proteção não elementos sensores. Os limites do
fornecidas aos elementos fixados diretamente no diâmetro dos elementos, as mossas e as
motor. Por outro lado, a remoção e a instalação dobras aceitáveis e o grau de suavidade
dos painéis das naceles podem facilmente causar dos contornos dos tubos são
atritos ou defeitos estruturais aos elementos especificados pelo fabricante. Nenhum
sensores. esforço deve ser feito para endireitar
Um programa de inspeção e manutenção, qualquer mossa ou dobra aceitável,
para todos os tipos de sistemas de sensores porque, o esforço poderá causar uma
contínuos, deverá incluir os seguintes cheques falha na tubulação (veja na figura 8-30
visuais. Estes procedimentos são apenas um exemplo de falha na tubulação).
exemplos, e não deverão ser usados em
substituição às aplicáveis instruções do fabricante.
Os elementos sensores de um sistema
contínuo deverão ser inspecionados nos seguintes
itens:
1. Seções rachadas ou quebradas, causadas
por choque ou aperto entre janelas de
inspeção, painéis das naceles ou
componentes do motor.
2. Desgaste causado pelo atrito do
elemento com o revestimento,
acessórios ou membros estruturais. Figura 8-28 Defeitos do elemento sensor

8-24
6. As porcas nos terminais dos elementos 4 a 6 polegadas da conexão de junção.
sensores (figura 8-30) deverão ser Na maioria dos casos, uma reta de 1
inspecionadas quanto ao aperto e polegada é mantida antes e após um
frenagem. As porcas frouxas deverão conector, para então ser feita uma curva.
ser apertadas para o valor de torque Um raio de curva de 3 polegadas,
especificado pelas instruções do normalmente é usado também.
fabricante. Alguns tipos de juntas de
conexão de elementos sensores
requerem o uso de juntas de atrito de
cobre. Essas juntas deverão ser
substituídas todas as vezes que a
conexão for desfeita.

Figura 8-30 Junta conectora fixada à estrutura Figura 8-31 Interferência por atrito

7. Se forem usados cabos flexíveis 9. A interferência entre o elemento sensor


blindados, eles deverão ser e um tirante da nacele pode causar atrito
inspecionados quanto ao desgate da (figura 8-31). Esta interferência pode
malha externa. A blindagem é feita de causar desgaste e curto-circuito no
uma malha de finos fios de metal elemento sensor.
traçados dentro de uma cobertura, que
envolve um fio isolado.
Contínuas dobras do cabo ou um
tratamento grosseiro poderão partir esses
fios finos, especialmente, aqueles
próximos das conexões.
8. A rota dos elementos sensores e a
fixação devem ser inspecionadas
cuidadosamente ( figura 8-30). Seções
muito longas entre suportes podem
permitir excessiva vibração e causar a
quebra.
A distância entre as braçadeiras de
fixação nos espaços retos, deve ser
normalmente de 8 a 10 polegadas,
conforme a especificação de cada
fabricante.
O primeiro suporte de fixação após uma Figura 8-32 Braçadeira típica de fixação do
conexão, normalmente é colocado entre elemento sensor

8-25
10. Os anéis isolantes deverão estar áreas que tenham a possibilidade de
instalados no elemento sensor, centra- entrar em contato com as partes quentes
lizados com a braçadeira de fixação.O do motor. Se nenhuma destas áreas for
final cortado do isolante deverá estar encontrada, a seção em curto pode ser
voltado para a parte curva da localizada isolando as conexões dos
braçadeira. As braçadeira e os anéis elementos, consecutivamente, até o final
isolantes deverão fixar o elemento sem do sensor contínuo.
danificá-lo (ver a figura 8-32). 3. Torções ou dobras acentuadas no
elemento sensor podem causar um
PESQUISA DE PANES DO SISTEMA DE curto-circuito intermitente entre o fio
DETECÇÃO DE FOGO interno e a tubulação externa. A falha
Os seguintes procedimentos de pesquisa de pode ser localizada checando o
panes, representam a maior parte das dificuldades elemento sensor com um ohmímetro,
comuns encontradas nos sistemas de detecção de enquanto aplicar leves batidas nas áreas
fogo do motor: suspeitas do elemento sensor para
produzir o curto.
1. Alarmes intermitentes são, na maioria
das vezes, causados por um curto- 4. Umidade no sistema de detecção
circuito intermitente na fiação do raramente causa um falso alarme de
sistema detector. Tais curtos podem ser fogo. Se, no entanto a umidade causar
causados por um fio solto ou frouxo um alarme, o aviso persistirá até que a
que, ocasionalmente, toca em um contaminação seja removida ou
terminal; um fio desgastado atritando desapareça com o calor, e a resistência
em um membro da estrutura; ou ainda o do sensor retorne ao seu valor normal.
elemento sensor atritando na estrutura o 5. Falha em obter um sinal de alarme,
suficiente para desgastar o isolante. As quando o interruptor de teste é atuado,
falhas intermitentes muitas vezes podem pode ser causada por um defeito no
ser localizadas pelo movimento dos fios interruptor de teste ou na unidade de
para recriar o curto-circuito. controle, deficiência de energia elétrica,
2. Alarmes de fogo e luzes de aviso acesas lâmpada indicadora inoperante, uma
podem ocorrer mesmo quando não interrupção no elemento sensor ou na
houver fogo no motor ou condição de conexão da fiação. Quando o interruptor
superaquecimento. Estes falsos alarmes de teste falha em proporcionar uma
podem ser mais facilmente localizados condição de alarme, a atuação de um
pela desconexão do sensor contínuo do sensor contínuo de dupla fiação pode ser
motor na unidade de controle. Se o determinada pela abertura do sensor e
falso alarme cessar quando o sensor for medição da resistência. Em um sensor
desconectado, a falha é no sensor contínuo de fiação simples, o condutor
contínuo que deverá examinado nas central deverá ser ligado à massa.

8-26
Mecânico de Manutenção
Aeronáutica

AVIÔNICOS II
ELETRÔNICA

1ª Edição
23 de Outubro de 2003

INSTITUTO DE AVIAÇÃO CIVIL


DIVISÃO DE INSTRUÇÃO PROFISSIONAL
PREFÁCIO

Este volume, Eletrônica, contendo as matérias necessárias ao


desenvolvimento da instrução referente a uma parte da habilitação Aviônicos,
tem por finalidade padronizar a instrução em todos os cursos de formação de
mecânicos de manutenção aeronáutica.
Este volume tem como complemento obrigatório, o conteúdo dos
volumes Instrumentos e Sistemas Elétricos e Matérias Básicas.
Os assuntos técnicos estão aqui apresentados sob um ponto de vista
generalizado e, de maneira nenhuma, devem substituir as informações e
regulamentos oficiais fornecidos pelos fabricantes das aeronaves e autoridades
aeronáuticas.
É proibida a reprodução total ou parcial deste volume sem a autorização
do IAC (DIP).
É de nosso interesse receber críticas e sugestões às deficiências
encontradas para as devidas alterações em uma próxima revisão.
A correspondência relativa a esse livro deverá ser endereçada a:
Instituto de Aviação Civil
Divisão de Instrução Profissional
Avenida Almirante Silvio de Noronha, 369, edifício anexo,
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
CEP 20021-010
Ou enviada ao e-mail: dacg302@uninet.com.br
AVIÔNICOS II - ELETRÔNICA

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - CIRCUITOS REATIVOS

Circuito Reativo em série .................................................................................. 1-1


Circuito RC em série ........................................................................................... 1-5
Circuito RCL em série ......................................................................................... 1-8
Ressonância em série ........................................................................................ 1-10
Circuito RL em paralelo ..................................................................................... 1-16
Circuito RC em paralelo.................................................................................... 1-18
Circuito RCL em paralelo.................................................................................. 1-20
Ressonância em paralelo e circuito tanque ideal ..................................... 1-23
Circuito tanque real e circuito tanque com resistor em derivação ....... 1-26
Filtros de freqüência........................................................................................... 1-29

CAPÍTULO 2 - OSCILOSCÓPIO

Introdução ............................................................................................................ 2-1


Tubos de raios catódicos .................................................................................. 2-1
Circuito gerador de base de tempo ............................................................. 2-4
Funções básicas dos controles........................................................................ 2-5

CAPÍTULO 3 - REQUISITOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS

Introdução............................................................................................................ 3-1
Fontes ou geradores de tensão constante .................................................. 3-1
Fontes ou geradores de corrente constante............................................... 3-2
Elementos de circuitos....................................................................................... 3-4
Teorema das estruturas elétricas..................................................................... 3-5
Divisor de tensão e divisor de corrente ......................................................... 3-9
Teorema da superposição ............................................................................... 3-10
Teorema de Thévenin........................................................................................ 3-11
Teorema de Norton............................................................................................ 3-16
Conversão do equivalente de Norton para o equivalente de
Thévenin e vice-versa........................................................................................ 3-20
Teorema da máxima transferência de energia .......................................... 3-22

CAPÍTULO 4 - DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES

Introdução............................................................................................................ 4-1
Estrutura da matéria........................................................................................... 4-1
Ligação atômica ................................................................................................ 4-2
Materiais semicondutores ................................................................................. 4-2
Junção PN - Formação ..................................................................................... 4-4
Polarização de uma junção PN ...................................................................... 4-7
Diodo semicondutor........................................................................................... 4-7
Diodo retificador ................................................................................................. 4-8
Ruptura da junção PN ....................................................................................... 4-9
Aplicação do diodo retificador....................................................................... 4-9
I
Diodo em tensão alternada............................................................................ 4-10

CAPÍTULO 5 - FONTES DE FORÇA ELETRÔNICA

Tipos de fontes de força ................................................................................... 5-1


Circuitos retificadores ........................................................................................ 5-2
Filtros ...................................................................................................................... 5-5
Tipos de proteção contra sobrecarga.......................................................... 5-9

CAPÍTULO 6 - TRANSISTOR DE JUNÇÃO

Introdução ........................................................................................................... 6-1


Formação das junções PNP e NPN ................................................................ 6-1
Ganhos e amplificação no transistor ............................................................ 6-3
Amplificador em configuração emissor comum ........................................ 6-4
Curvas características do amplificador em emissor comum................... 6-6
Ganhos do transistor em emissor comum..................................................... 6-8
Características estáticas e dinâmicas em um amplificador em
emissor comum ............................................................................................ 6-9
Ganhos dinâmicos do circuito emissor comum .......................................... 6-11
Amplificador em configuração coletor comum ........................................ 6-12
Linha de carga no circuito coletor comum................................................. 6-14

CAPÍTULO 7 - ESTABILIZAÇÃO DA POLARIZAÇÃO DO TRANSISTOR

Introdução ........................................................................................................... 7-1


Limitações dos transistores bipolares ............................................................. 7-1
Curva de máxima dissipação de potência ................................................. 7-3
Instabilidade térmica dos transistores............................................................ 7-5
Valores típicos de tensões de junção para transistores ............................ 7-8
Métodos de polarização para estabilização da Ic ................................. 7-9
Estabilização da polarização de estágios de potência ........................... 7-11
Resumo ................................................................................................................. 7-13

CAPÍTULO 8 - AMPLIFICADORES TRANSISTORIZADOS

Classificação geral dos amplificadores........................................................ 8-1


Freqüências de operação ............................................................................... 8-1
Classes de operação. ....................................................................................... 8-1
Sistemas de acoplamento. .............................................................................. 8-3
Amplificadores de áudio básico..................................................................... 8-6
Amplificadores de áudio transistorizados...................................................... 8-6

CAPÍTULO 9 - OSCILADORES TRANSISTORIZADOS

Introdução ........................................................................................................... 9-1


Princípios de oscilação ..................................................................................... 9-1
Requisitos do circuito oscilador ....................................................................... 9-2
Circuitos osciladores básicos ........................................................................... 9-3
Multivibrador astável ......................................................................................... 9-7

II
CAPÍTULO 10 - TRANSISTORES ESPECIAIS

Introdução............................................................................................................ 10-1
Transistor de efeito de campo......................................................................... 10-1
Transistor de unijunção ...................................................................................... 10-4

CAPÍTULO 11 - CIRCUITOS INTEGRADOS

Introdução............................................................................................................ 11-1
Microeletrônica ................................................................................................... 11-1
Técnica de fabricação de circuitos integrados monolíticos.................... 11-1
Tipos de encapsulamento e contagem de pinos ...................................... 11-2

CAPÍTULO 12 - SENSORES

Sensor de umidade ............................................................................................ 12-1


Termistores. ........................................................................................................... 12-1
Dispositivos fotossensíveis .................................................................................. 12-2

CAPÍTULO 13 - REGULADORES DE TENSÃO

O diodo Zener como regulador de tensão.................................................. 13-1


Características do diodo Zener....................................................................... 13-1
Especificações da tensão Zener..................................................................... 13-2
Impedância dinânica........................................................................................ 13-3
Limitações do diodo Zener............................................................................... 13-4
Aplicações do diodo Zener.............................................................................. 13-4
Diodos Zener comerciais................................................................................... 13-5
Regulador eletrônico de tensão..................................................................... 13-7
Sumário.................................................................................................................. 13-8

CAPÍTULO 14 - DIODOS ESPECIAIS

Thyristores (RCR) ........................................................................................... 14-1


Curva característica de um Thyristor......................................................... 14-3
O Triac ................................................................................................................... 14-7
Diac........................................................................................................................ 14-8
Fotothyristores .............................................................................................. 14-9
Thyristor bloqueável ........................................................................................... 14-10
Q14-10uadrac.............................................................................................. 14-10
Diodo Shockley ............................................................................................ 14-10
Diodo Túnel .......................................................................................................... 14-10
Diodos emissores de luz (Led)........................................................................... 14-11
Sumário.................................................................................................................. 14-13

CAPÍTULO 15 - DECIBÉIS

Introdução............................................................................................................ 15-1
Relações de tensão e corrente ...................................................................... 15-2
Níveis de referência ........................................................................................... 15-2
Medida de potência ......................................................................................... 15-2

III
Medidores de potência .................................................................................... 15-4
Sumário ................................................................................................................. 15-4

CAPÍTULO 16 - AMPLIADORES OPERACIONAIS

Introdução ........................................................................................................... 16-1


Características elétricas.................................................................................... 16-1
Alimentação........................................................................................................ 16-1
Pinagem ............................................................................................................... 16-1
Ampliador operacional como amplificador................................................ 16-2
Aplicações dos ampliadores operacionais.................................................. 16-2

CAPÍTULO 17 - TÉCNICAS DIGITAIS

Sistema de numeração .................................................................................... 17-1


Operações binárias............................................................................................ 17-5
Álgebra de Boole ............................................................................................... 17-7
Circuitos de comutação................................................................................... 17-10
Famílias de circuitos lógicos............................................................................. 17-12
Circuitos combinacionais ................................................................................. 17-15
Circuitos seqüenciais ......................................................................................... 17-19
Memórias .............................................................................................................. 17-22
Conversão de sinais........................................................................................... 17-24

CAPÍTULO 18 - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO


Princípios da comunicação............................................................................. 18-1
Principais sistemas de radiocomunicações.................................................. 18-12
Propagação das ondas eletromagnéticas e antenas ............................. 18-18
Finalidade de uma antena.............................................................................. 18-21
Antenas básicas.................................................................................................. 18-23
Sistemas de intercomunicação ...................................................................... 18-28
Sistema de alarme ............................................................................................. 18-42
Sistema gravador de voz.................................................................................. 18-49
Sistemas de radiocomunicação..................................................................... 18-52
Transmissor Localizador de Emergência ( ELT ) ............................................ 18-62
Sistema de Chamada Seletiva (SELCAL) ...................................................... 18-64

CAPÍTULO 19 - SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO

Sistema anemométrico............................................................................ ........ 19-1


Instrumentos de navegação.................................................................. ........ 19-7
Sistema automático de direção ............................................................ ........ 19-16
Sistema VOR/LOC – GS - MB ................................................................... ........ 19-20
Equipamento Medidor de Distância (DME)......................................... ........ 19-29
Sistema TRANSPONDER............................................................................. ........ 19-36
Rádio altímetro .......................................................................................... ........ 19-39
Radar meteorológico............................................................................... ........ 19-42
Piloto automático............................................................................................... 19-49
Sistema de Referência de Atitude e Proa .................................................... 19-61
Sistema de Instrumentação de Vôo – FIS ..................................................... 19-71

IV
CAPÍTULO 20 - INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES

Histórico ................................................................................................................. 20-1


Aplicações............................................................................................................ 20-1
Termos e convenções ....................................................................................... 20-2
Memória................................................................................................................ 20-3
Entrada e saída................................................................................................... 20-3
Palavras do computador.................................................................................. 20-4
Princípios de funcionamento ........................................................................... 20-4
Unidade Central de Processamento (CPU) ................................................. 20-6
Conceitos de fluxograma................................................................................. 20-8
Linguagem do computador ............................................................................ 20-9

V
CAPÍTULO 1

CIRCUITOS REATIVOS

CIRCUITO REATIVO EM SÉRIE Desse modo, pode-se ver que a presença


do indutor no circuito, resulta uma defasagem
Para que os equipamentos eletrônicos de 90º entre as tensões.
(rádio, radar etc.) possam desempenhar suas A tensão resultante de qualquer circuito
funções, os circuitos resistivos, indutivos e RL pode ser determinada por meio de vetores.
capacitivos são combinados em associações RL, Assim sendo, por intermédio do gráfico da
RC e RLC. Em virtude de tais associações figura 1-3, podemos achar a tensão resultante,
conterem reatâncias, as mesmas são chamadas que vem a ser a própria tensão aplicada.
de circuitos reativos. Todo circuito constituído
por resistores e que não contenham quantidades
apreciáveis de indutância ou capacitância, são
considerados como circuitos resistivos.
Quando uma corrente alternada (CA) é
aplicada a um circuito resistivo, a corrente e a
tensão do circuito estarão em fase, conforme
figura 1-1

Figura 1-3
A tensão no resistor é tomada sobre o
vetor horizontal e a tensão no indutor, sobre o
vetor vertical: como as tensões estão defasadas
de 90º, o ângulo entre elas será reto.
Traçando um paralelogramo baseado
nestes dois vetores, teremos um vetor resultante
(Ea) que é a hipotenusa de um triângulo
retângulo. Segundo o teorema de Pitágoras o
quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos; logo:
Figura 1-1
2
Ao se ligar um indutor em série com um E 2 = E + E 2 ou
a R L
resistor, a queda de tensão no resistor (ER)
estará em fase com a corrente (IR); porém, a 2 2
tensão no indutor (EL) está adiantada de 90º. E = E + E
a R L
A figura 1-2A nos mostra um circuito RL
em série e a figura 1-2B, a relação de fase entre Impedância
a corrente e a tensão no indutor e resistor.
Quando um resistor e um indutor estão
ligados em série, a oposição total à passagem da
corrente não é uma simples soma aritmética,
mas sim uma soma vetorial, em virtude da
defasagem de 90º existente entre as tensões no
circuito.
Suponha-se, por exemplo, que um resistor
de 400 ohms esteja ligado em série com um
indutor, cuja reatância indutiva seja de 300
A ohms.
A oposição total à passagem da corrente
Figura 1-2 não será de 700 ohms mas sim de 500 ohms.

1-1
Cálculo da Impedância Assim, podemos traçar o diagrama
vetorial, conforme figura 1-4, uma vez que ZT
Por intermédio da lei de Ohm, a queda de 2
corresponde à hipotenusa e R + XL , à soma
2

tensão num resistor (ER) é o produto da


dos quadrados dos catetos.
resistência (R) pela corrente (IT), ou seja:
Ângulo de Fase
E = R x I
R T
Denomina-se ângulo de fase (θ), ao
Como XL representa a oposição ao fluxo ângulo formado pelo vetor da tensão aplicada ao
da corrente, a tensão no indutor (EL) será: circuito (Ea), com o vetor da tensão (ER),
conforme a figura 1-5.
EL = X L × I T Tomando-se por base o valor da corrente,
o ângulo de fase θ será positivo, contando no
Já que, a tensão aplicada (Ea) no circuito é sentido inverso dos ponteiros do relógio, a partir
o produto da corrente (IT) pela oposição total dessa referência. Uma vez conhecido o ângulo θ
(ZT), logo: podemos, também determinar se o circuito é
resistivo, indutivo ou capacitivo, da seguinte
E
a
= Z
T
× I
T
forma: o circuito será resistivo quando θ, for
igual a zero, indutivo quando θ for positivo e
Uma vez que: capacitivo quando θ for negativo.

2 2
Ea = ER + EL

Logo teremos:

2 2
E = (R × I ) + ( X × I )
a T L T
Figura 1-5
2 2 2
Z T × IT = IT (R + XL ) O ângulo de fase θ poderá ser
determinado por meio das funções trigono-
métricas dos diagramas das figuras 1-6 e 1-7
2 2
Z T × IT = IT R + XL

2 2
ZT = R + XL

Desse modo, a impedância de um circuito


RL em série, é igual a raiz quadrada da soma dos
quadrados da resistência e da reatância indutiva. Figura 1-6
E L
E
R
Logo: tg θ = cos θ =
ER E
a

Figura 1-4 Figura 1-7

1-2
XL R resistor, a qual será o produto da tensão no
Logo: tg θ = cos θ =
R Z resistor (E R ) pela corrente (IT ) , ou seja:
T
P = E .I
R R T
Potência Elétrica
E
No estudo dos circuitos resistivos, a Uma vez que: cos θ = R
potência dissipada por um resistor, foi E
a
determinada pelo produto de tensão (E a ) pela
corrente (IT ) , ou seja: P T = E a . IT isto, porém Logo: E =E . cos θ
R a
não acontece num circuito de CA que contenha
resistência e indutância. Portanto: P =E .I . cos θ
R a T
A corrente no circuito fluirá, sendo
limitada pela impedância, mas a energia
Fator de Potência:
utilizada para produzir o campo magnético será
desenvolvida à fonte no desenvolvimento do
O fator de potência de um circuito, é
mesmo.
muito importante, porque ele nos permite
Portanto, num circuito de CA que
converter a potência aparente, em potência real
contenha resistência, parte da potência é
ou efetiva.
dissipada no resistor sob a forma de calor e
Define-se como fator de potência ( fp ) , a
parte é devolvida à fonte.
Assim sendo, o produto, PT = E a . IT não relação entre a potência real (Pr ) e a potência
só dá a potência que realmente está sendo aparente (Pa ) de um circuito.
consumida pelo circuito, mas sim uma potência P
que aparenta estar sendo absorvida. f = R
p P
Este produto é chamado de potência A
aparente (PA ) , sendo expresso volt/ampère
Como:
(VA), e não em watts, para diferenciar da
potência real. P =E .I . cos θ e P = E . I
A potência aparente (PA ) , poderá ser R a T A a T
calculada por qualquer uma das equações
abaixo: E I . cos θ
Logo: f = a T
p
P =E . I E I
A a T a T
f = cos θ
p
2
P =I .Z R
A T T Porém, como: cos θ =
Z
T
2 R
E Logo: fp =
P = Z
A Z T
T
Em conseqüência, o fator de potência
poderá ser calculado por qualquer um das três
Sempre que a corrente circula num
equações apresentadas.
circuito que contenha resistência e reatância,
O fator de potência é usualmente expresso
haverá sempre por parte do resistor, uma
em fração decimal ou percentagem.
dissipação de potência, que é chamada potência
real (PR ) , verdadeira ou efetiva do circuito, Exercício resolvido:
sendo expressa em watts. Calcular o fator de potência de um
Portanto, para se achar a potência real de circuito, sabendo-se que a potência aparente é
um circuito que contenha resistência e reatância, de 400 VA (Volt/Ampère) e a potência real é de
basta calcular apenas a potência dissipada pelo 200 Watts.

1-3
P = 400 VA P = 200 W 100
a R Logo: I = I = 1A
T 100 T
P
Como: f = R
p P Freqüência de Corte
A
200 Qualquer circuito que contenha reatância,
Logo: f =
p 400 não responderá igualmente a todas as
freqüências.
f = 0,5 ou 50 % Ao analisarmos um circuito RL, vimos
p
que seu comportamento foi diferente nas altas
Lei de Ohm freqüências em relação às baixas. No processo
de análise, somente uma simples freqüência de
A lei de ohm para circuitos de CA, diz cada vez foi aplicada ao circuito.
que, a corrente (IT ) é diretamente proporcional Contudo, se um sinal contendo uma faixa
à tensão (E ) e inversamente proporcional à de freqüências é aplicado ao circuito série RL, a
a
reação do circuito será diferente para cada
impedância ( Z T ) . Logo, teremos:
freqüência individual contida neste sinal.
E Por exemplo, conforme a freqüência
I = a diminui, a corrente total aumenta. Haverá mais
T Z
T corrente circulando para as baixas freqüências
do que para as altas freqüências.
Exercício resolvido
O valor da resistência de um circuito,
Calcule a corrente total do circuito da todavia não é afetada por uma variação de
figura 1-8. freqüência, mas XL é uma função direta da
Dados: freqüência. Portanto, num circuito de CC, a
oposição da bobina é desprezível e o circuito é
R = 60 ohms considerado resistivo; o ângulo de fase é zero e
a potência real estará no seu máximo valor.
E
a = 100 V
X L = 80 ohms Exemplo:
Considere o circuito série consistindo de
um resistor de 80 ohms e uma bobina de 12,73
mH, com uma tensão aplicada de 100 vcc.
Desde que o ângulo de fase é zero, a
impedância do circuito será igual a 80 ohms. A
corrente será:
Ea
Figura 1-8 IT = 100 IT = 1, 25 A
I =
ZT T 80

Uma vez que: Z = R2 + X2 A potência real do circuito terá como


T L valor:

Logo: P
R = E a x IT x cos θ

Z = 60
2
+ 80
2
Z = 100ohms
P
R = 100 x 1,25 x 1
T T P
R = 125 W

E A fonte de CC é substituída por uma fonte


Como: I = a de CA de freqüência variável, com 100v RMS
T Z
de saída. Ao se aumentar a freqüência de saída
T
da fonte, a reatância indutiva ( XL) aumentará,

1-4
enquanto o valor do resistor permanecerá em 80 O termo freqüência de corte é usado
ohms. porque, para freqüências abaixo do ponto de
Quando a freqüência atingir a corte, a resposta do circuito é considerada (em
500Hz, XL terá aumentando para 40 ohms. muitos casos) abaixo de um valor utilizável.
Na freqüência de corte, a tensão de corte
Calculando os valores teremos: (E co ) assim como a corrente de corte (Ico ) ,
serão respectivamente:
Z
T = 89,4 ohms
E co = E a x 0,707
I
T = 1,1 A
cos θ = 0,89 Ico = IM x 0,707

Usando os valores acima observaremos Uma fórmula pode ser deduzida para
que a potência real do circuito diminui com o determinar a freqüência de corte ( fco ) da
aumento da freqüência: seguinte maneira:

PR = Ea x I T x cosθ Na freqüência de corte:


R = XL
P = 100 x 1,1 x 0,89
R
Como:
P
R = 97,9 W XL = 2 π x f x L
Conforme a freqüência é aumentada ainda Então: R=2πxf xL
mais, a corrente continuará a diminuir e XL
continuará a aumentar. Teremos: R = 2 π x fco x L
Eventualmente atingiremos uma
R
freqüência na qual XL será igual a resistência. fco =
2π xL
Por exemplo em 1 KHz:
Onde:
XL = 2 π x f x L
fco = freqüência de corte (Hertz)
3 −3
XL = 6,28 x 10 x 12,73 x 10 R = Resistência (Ohms)
L = indutância em (Henry)
XL = 79,94 ohms

Portanto em 1 K H , XL = R. O ângulo de
z CIRCUITO RC EM SÉRIE
fase do circuito é de 45º e a impedância total é
de 113 ohms.
Desde que XL = R, as tensões As considerações básicas feitas para o
circuito RL em série continuam a ter valor para
EL e ER também são iguais.
o circuito RC em série que agora vamos estudar
A potência real do circuito é: e no qual temos um resistor e um capacitor
associados, como mostra a figura 1-9.
PR = E a x IT cos θ
PR = 100 x 0,884 x 0,707
PR = 62,5 W
Nota-se que a potência real foi diminuída
para a metade de seu valor máximo de 125W. A
freqüência em que XL = R EL = ER e a
potência real foi diminuída para à metade de seu
valor máximo, é denominada de freqüência de
corte, ponte de meia potência, ou ponto 0,707. Figura 1-9

1-5
Num circuito série contendo resistor e De acordo com o gráfico da figura 1-12, a
capacitor, a queda de tensão no resistor (ER ) impedância ou oposição total ao fluxo da
está em fase com a corrente; porém, a queda de corrente no circuito, será expressa pela equação:
tensão no capacitor (E C ) está atrasada de 90º,
ZT = R 2 + X C2
em relação a ER , conforme nos mostra a figura
1-10.

Figura 1-12

Ângulo de Fase
O ângulo de fase θ , como já vimos, é o
Figura 1-10 ângulo formado pelo vetor da tensão aplicada
(E ) com o vetor da tensão (E ) , conforme
Assim, por intermédio do gráfico da a T
figura 1-11, podemos achar a tensão resultante nos mostra a figura 1-13. É fácil de se verificar
(E a ) que vem a ser a própria tensão aplicada, que o ângulo de fase é negativo.
através da composição vetorial entre ER e E C .

Figura 1-13
Figura 1-11
O ângulo de fase θ poderá ser
Do gráfico, tiramos a seguinte equação
determinado por meio das funções
para o cálculo da tensão aplicada (E a ) ao
trigonométricas dos diagramas das figuras 1-14
circuito: e 1-15.
2 2 Como:
E = E +E
a R C

Ainda, podemos concluir que a tensão


resultante (E a ) está atrasada em relação a ER
de um ângulo 0 negativo.

Impedância

Num circuito contendo resistor e Figura 1-14


capacitor, a oposição à passagem da corrente E E
não é uma soma aritmética, mas sim uma soma Logo: t θ = C cos θ = R
vetorial semelhante ao circuito RL em série. g E E
R a

1-6
Como: de um circuito. O fator de potência ( f ) poderá
p
ser calculado por qualquer uma das equações
seguintes:
P R
f = R f = cos θ f =
p P p p Z
A T

Freqüência de Corte
Figura 1-15 Um circuito série RC apresentará uma
X discriminação de freqüência similar, em muitos
Logo: t θ = C cos θ = R aspectos, àquela encontrada em um circuito
g R Z
T série RL.
Os termos freqüência de corte, ponto de
Potência Elétrica meia potência e freqüência crítica têm o mesmo
significado, conforme previamente definidos.
Todo circuito que contenha resistência e Nos circuitos séries, a tensão desenvolvida nos
reatância, parte de potência é dissipada no componentes reativos, depende da reatância do
resistor sob a forma de calor e parte é devolvida componente a qual, por sua vez, depende da
à fonte. Portanto, o produto P = E x I , não freqüência.
T a T
Como X é uma função inversa da
nos dá a potência que está sendo consumida C
pelo circuito. freqüência, logo, à medida que a freqüência for
Este produto é chamado de potência aumentada, a reatância do capacitor diminuirá e
aparente (P ) . a tensão será dividida entre o resistor e o
A
capacitor.
A potência aparente poderá ser calculada
A freqüência de corte será atingida
por qualquer umas das equações abaixo:
quando a tensão estiver dividida igualmente
P = E x I entre R e C.
A a T
A freqüência de corte de um circuito série
2 RC pode ser determinada da seguinte maneira:
P = I xZ
A T T
Desde que a freqüência de corte ( f )
2 co
E
PA = a ocorre quando: R = X
ZT C

Sempre que a corrente circule num Substituindo a equação para X , teremos:


C
circuito que contenha resistência e reatância,
1
haverá sempre por parte do resistor, uma R =
dissipação de potência, que é chamada de 2 πxf x C
potência real, verdadeira ou efetiva do circuito. Substituindo f por f , teremos:
Podemos calcular a potência real de um co
circuito, por intermédio das equações abaixo: 1
R=
P = E x I
R R T
e 2 π x f CO x C

P = E x I x cos θ 1
R a T Logo: fco =
2πxRxC
Fator de Potência Onde:FCO = frequência de corte (Hertz)

Fator de potência é a relação entre a R = resistência (ohms)


potência real (P ) e a potência aparente (P ) C = capacitância (Farad )
R A

1-7
CIRCUITO RCL EM SÉRIE A soma vetorial das tensões
E , E e E e igual à tensão aplicada (E )
Quando se aplica uma CA em um circuito R L C a
série contendo resistor, capacitor e indutor, ao circuito. Como a tensão no capacitor E ea
C
conforme figura 1-16, é necessário levar em tensão no indutor E estão defasadas 180º,
consideração o fato de que os ângulos de fase L
entre a corrente e a tensão diferem em todos os logo, a tensão resultante da composição vetorial
três elementos. entre E e E é a diferença, já que são vetores
L C
diretamente opostos entre si. Esta tensão
resultante será somada vetorialmente com a
queda de tensão no resistor (E ) , para a
R
determinação da tensão aplicada (E ) ao
a
circuito. Isto é expresso pelo gráfico da figura 1-
18.
Figura 1-16 Pelo teorema de Pitágoras, teremos:
Tomando-se a corrente de um circuito
série como referência, temos: No resistor, a 2 2
E = E + (E − E ) )
tensão (E ) está em fase; no indutor, a tensão a R L C
R
(EL) está adiantada de 90º e no capacitor, a
tensão (E ) está atrasada de 90º. Como em
C
qualquer circuito série, a corrente é a mesma,
através de todos seus componentes, podemos
concluir que E está adiantada de 90º de E e
L R
E , atrasada de 90º de E , conforme nos
C R
mostra a figura 1-17A.
Logo, podemos compor o diagrama vetorial,
conforme figura 1-17B:

Figura 1-18

Impedância
A
O raciocínio para o cálculo da impedância
de um circuito RCL em série de CA é
semelhante ao que foi visto para o cálculo da
Assim tensão aplicada., a primeira
operação será a diferença entre X e X , em
L C
virtude de serem vetores diretamente opostos
entre si, conforme nos mostra a figura 1-19.
Este resultado será composto
vetorialmente com o valor da impedância.
B
Pelo teorema de Pitágoras, teremos:

2 2
Z = R + (X − X )
Figura 1-17 T L C

1-8
R
cos θ =
Z
T
Classificação dos Circuitos RCL em Série:
a) Quando X for maior que X ou E
L C L
maior que E temos: θ positivo,
C
circuito RL;
b) Quando X for maior que X ou
Figura 1-19 C L
E maior que E temos: θ negativo,
Ângulo de Fase C L
circuito RC;
O ângulo de fase θ , como já vimos, é o c) Quando X for igual a X ou
ângulo formado pelo vetor da tensão aplicada L C
(E ) , com o vetor da tensão (E ) e poderá ser E igual a E temos: θ igual a zero,
a R L C
determinado por meio das funções circuito resistivo.
trigonométricas dos diagramas das figuras 1-20
e 1-21. Potência aparente, real e fator de potência
Como:
Empregam-se as mesmas equações já
vistas nos circuitos RL ou RC, ou seja:

P =E xI P =I 2 x Z
A a T A T T

E 2
P = a
A Z
T

Figura 1-20 P =E x I P = E x I x cos θ


R R T R a T

Logo: P
f = R f p = cos θ
E − EC p P
tg θ = L A
ER
R
E f =
R p Z
cos θ = T
E
a
Exercício resolvido:
Como:
Determine no circuito da figura 1-22, a
impedância, o fator de potência, a intensidade
da corrente, a potência aparente, real e a tensão
em cada um dos elementos.
Dados:
X = 900 ohms
L

X = 500 0hms
Figura 1-21 C
R = 300 ohms
X −X
Logo: tg θ = L C
E = 125 V
R a

1-9
E = 75 V
R
300 Ω 500 Ω 900 Ω
Cálculo da tensão no indutor:
E = X x I E = 900 x 0,25
125 V L L T L

E = 225 V
L
Figura 1-22
Cálculo da tensão no capacitor:
Cálculo da impedância
E =X x I E = 500 x 0,25
2 2 C C T C
Z = R + (X −X )
T L C E = 125 V
C
2 2
Z = 300 + (900 − 500 )
T
RESSONÂNCIA EM SÉRIE
Z = 500 Ω
T

Cálculo do fator de potência: Os fenômenos de um circuito ressonante


constituem uma característica muito
R 300
cos θ = cos θ = significativa dos circuitos eletrônicos. São
Z 500 encontrados em rádio, radar, televisão,
T
aplicações em projéteis teleguiados, etc. A
cos θ = 0,6 forma que um aparelho de rádio pode sintonizar
Como: f = cos θ uma estação desejada, encontra sua resposta no
p estudo dos circuitos ressonantes.
Quando é estabelecida a igualdade entre a
Logo: f = 0,6 ou 60% reatância indutiva e a reatância capacitiva
p
( X = X ) , a qual determina a igualdade entre
Cálculo da intensidade da corrente: L C
as tensões E = E , dizemos que o circuito
E 125 L C
IT = a I = está em ressonância.
ZT T 500
Esta condição é desejável em vários
I = 0,25 A ou 250 mA circuitos usados em eletrônica, mas pode trazer
T conseqüências desagradáveis, com danos para
Cálculo da potência aparente: os elementos de um circuito, quando não é
prevista.
P = E x I P = 125 x 0,25 Sabemos que a reatância indutiva é
A a T A
diretamente proporcional à freqüência e que a
P = 31,25 VA reatância capacitiva é inversamente
A proporcional à mesma.
Cálculo da potência real: Assim, quando aplicamos uma CA a um
circuito RCL em série e fazemos a freqüência
PR = E a x I T x cos θ variar desde um valor praticamente nulo a um
P = 125 x 0,25 x 0,6 valor alto, podemos observar o crescimento da
R reatância indutiva e a queda da reatância
capacitiva.
P = 18,75 W
R Numa determinada freqüência as duas
grandezas tornam-se iguais, veja a figura 1-23, e
Cálculo da tensão no resistor: o circuito apresenta características que
E = Rx I E = 300 x 0,25 correspondem à condição denominada
R T R ressonância.

1-10
Na figura 1-24, temos circuito RCL em
série, em que podemos calcular a tensão, a
corrente e a impedância.
A freqüência do gerador pode ser variada
de 100 a 600 K HZ , permitindo dessa maneira
que se observe a conduta do circuito ao entrar e
ao sair de ressonância.
A corrente do circuito é calculada para as
diversas freqüências do gerador. Empregando-se
Figura 1-23 as equações já conhecidas, para 100 K HZ , tem-
Impedância se:

Quando o circuito RCL em série entra em X =2πf xL


L
ressonância, a reatância total do circuito é zero,
2
uma vez que X L e XC se anulam mutuamente X = 6,28 x 2 x 10
L
porque estão 180° defasadas. É claro, portanto,
5 −3
que quando XL = XC a impedância ( Z ) do X = 6,28 x 10 x 2 x 10
T L
circuito será a própria resistência (R), uma vez
X = 1256 ohms
que: L
2 2
Z = R + (X −X ) 1
T L C
Como: X C =
2πf x C
Como: X = X 1
L C X =
C 5 −11
Logo: Z = R 6,28 x 10 x 8 x 10
T
X = 19890 ohms
C
Do exposto, é evidente, que quando um
circuito RCL em série entra em ressonância, a
corrente do circuito é máxima, uma vez que a A reatância efetiva ou total do circuito (X)
impedância é mínima, pois a única oposição que pode então ser calculada:
o circuito oferece deve-se somente à sua
resistência. Portanto, a corrente de um circuito X= X − X
C L
RCL em série atinge seu maior valor no ponto
de ressonância. X = 19890 − 1256

Análise do Circuito Ressonante X = 18634

O estudo feito até agora registra as


A impedância do circuito será:
condições de um circuito sintonizado no ponto
de ressonância; contudo, para que se possa 2 2
Z = R + X
entender melhor o comportamento do circuito, é T
necessário analisar as condições que nele
existem, em ambos os lados da ressonância.
Como X é 200 vezes maior que R, a
impedância pode ser considerada, na prática,
igual à própria reatância.

R = 100 Ω Então, ter-se-á: Z = 18634


T
A corrente I , calcula-se pela Lei de
T
E
a
Ohm, logo teremos: IT =
Z
Figura 1-24 T

1-11
3000 No circuito da figura 27, temos o circuito
IT = I = 16 mA
RCL em ressonância, onde os medidores nos
18634 T
Em uma análise do comportamento do mostram as leituras das tensões e correntes.
circuito, podem-se calcular os valores acima
determinados entre os limites de trabalho do
equipamento (100 a 600KHz).
A tabela abaixo (figura 1-25) relaciona os
valores das reatâncias, a diferença entre elas, a
impedância e a corrente no circuito, para cada
freqüência de operação.

FREQ. x x x R Z E I
l c
KHz OHM OHM xi-xc OHM OHM VOLT AMPERE

100 1256 19890 18634 100 18634 300 0,016 Figura 1-27
200 2512 9945 7433 100 7433 300 0,04
398 5000 5000 ZERO 100 100 300 3 E =I x X = 3 x 5000 = 15000 v
L T L
500 6280 3978 2302 100 2302 300 0,13
600 7536 3315 4221 100 4221 300 0,071
E = I x X = 3 x 5000 = 15000 v
C T C
Figura 1-25
A tensão em L ou C é igual a 50 vezes a
A figura 1-26 apresenta o gráfico da tensão aplicada. A tensão reativa depende da
variação da corrente em função da freqüência. O corrente que percorre o circuito a qual, por sua
conjunto gráfico e tabela mostra claramente que, vez, depende da resistência ôhmica.
na freqüência de ressonância (398), a Desta forma, um circuito ressonante de
impedância é mínima (igual a R), a corrente é resistência pequena é capaz de gerar tensões
máxima e as reatâncias são iguais. elevadas através das reatâncias.
Portanto, um circuito série ressonante Isto se aplica a circuitos que necessitam
RCL atua como se fora um circuito simples, de um ganho de tensão, embora lhes seja
unicamente resistivo. O fluxo da corrente é aplicada uma baixa tensão.
limitado exclusivamente pela resistência.
Freqüência de Ressonância
A freqüência em que um circuito RCL em
série entra em ressonância pode ser determinada
da seguinte maneira:
Como: X =X
L C

Logo teremos:
1
2π f x L =
2πf x c

2 2
4π xf x C xL =1
Figura 1-26 2 1
f =
Todavia, as tensões nos elementos 2
4π xLxC
reativos, embora iguais e opostas, podem atingir
valores bastante elevados. Essas tensões são 1
determinadas pela corrente que percorre o f =
r 2π LxC
circuito multiplicado pela reatância do elemento
(Lei de Ohm). Onde:

1-12
f = freqüência de ressonância (Hertz )
r
L = indutância (Henry)

C = Capacitância (Farad)
Um exame da equação em apreço faz-nos
concluir que a resistência do circuito não influi
na sua freqüência de ressonância e que esta só I
depende do produto LC. Isto significa que
circuitos com valores diferentes para L e para C
podem entrar em ressonância na mesma
freqüência, desde que os produtos LC sejam f = freqüência ressonante
r
iguais.
Por isto, podem-se fazer num circuito, Figura 1-28
várias combinações de L e C, obtendo-se o
mesmo produto. Sendo constante o produto, Assim, o circuito perde a vantagem de
constante será também a freqüência de seletividade de freqüência.
ressonância. Exemplo: uma indutância de 0,5
mH e uma capacitância de 32 µµ F irão ressonar
O “Q” e a seletividade
na mesma freqüência (398HZ que uma bobina de
2 mH e uma capacitância de 80µµ F.
A fim de que os receptores de rádio
Curvas de Ressonância possam desempenhar suas funções, é necessário
que este selecione uma estreita faixa de
Como já foi visto, a freqüência de freqüência, rejeitando as demais.
ressonância independe do valor da resistência Só assim se conseguirá separar emissoras
do circuito. Um circuito que tenha uma que se acham muito próximas no dial do rádio.
resistência de 100 ohms terá a mesma Quanto mais estreita for a faixa de
freqüência de ressonância que um circuito com freqüência, maior será sua seletividade.
1 ohm de resistência, desde que o produto LC Portanto, seletividade é a aptidão que tem um
seja constante, em ambos os casos. Entretanto, a receptor de selecionar um sinal, entre muitos
intensidade da corrente no circuito cresce à outros de freqüências próximas.
medida que a resistência diminui. A seletividade de um aparelho é
Se fosse possível montar um circuito com determinada pelos seus circuitos sintonizados.
resistência nula, a corrente na ressonância seria Quanto menor possamos fazer a
infinitamente grande. resistência de uma bobina, com respeito à sua
Na prática, a resistência nunca é nula, mas reatância, maior será a seletividade.
pode ser elevada e dentro dos limites finitos. Na A seletividade de uma bobina é medida
figura 1-28, temos algumas curvas típicas de pela relação “Q” que é igual à sua reatância
ressonância para um circuito que tenha os dividida pela sua resistência.
mesmos valores L de e C, mas valores Como a resistência de um capacitor é
diferentes para a resistência. mais baixa do que a resistência de uma bobina,
A diferença entre os valores de pico de esta constitui o elo mais fraco do circuito
cada um das curvas deve-se ao fato das sintonizado.
resistências possuírem valores diferentes. O “Q” do circuito sintonizado é o “Q” da
Observe-se também que à medida que a bobina.
resistência R aumenta, as curvas de respostas
tornam-se mais achatadas e mais largas nas X
L
Q=
proximidades da freqüência de ressonância. R
Se a resistência de um circuito ressonante
for muito grande, o circuito perde sua utilidade Como:
como seletor de freqüência, por ser diminuta a E E
L a
discriminação do fluxo de corrente entre as X = e R=
L I I
freqüências que são e as que não o são. T T

1-13
E
L
Largura de Faixa
I E I
Logo: Q = T
Q= L
x T Largura de faixa (Band Width) ou faixa de
E I E passagem de um circuito é uma faixa de
a T a
I T freqüência na qual a variação da tensão
aplicada, produz resposta que não difere muito
E da obtida na freqüência de ressonância.
L
Q =
E Os limites mínimos da resposta em geral,
a
são tomadas na curva de ressonância a 0,707 do
Portanto, o “Q” de um circuito série
valor máximo da corrente ou tensão, conforme o
ressonante vem a ser também a relação que
que se esteja calculando.
existe entre a tensão no indutor ou no capacitor
Na figura 1-29, a área sombreada
(E = E ) e a tensão aplicada (E ) ao circuito.
L C a representa a faixa de freqüência para a qual a
A expressão anterior indica que o “Q” corrente é maior que 0,707 do valor de pico.
varia inversamente com a resistência do Observe-se que a metade desta faixa fica acima
circuito; quanto mais baixa a resistência, maior da freqüência de ressonância ( f até f ) e a
r 2
será o “Q”.
outra metade abaixo ( f até f ) .
As curvas de ressonância indicam que, r 1
quanto mais baixa for a resistência do circuito, As duas freqüências, uma acima e outra
maior será sua discriminação de freqüência. Por abaixo da ressonância, nas quais são obtidas
isto, o “Q” indica a capacidade de um circuito respostas mínimas, formam os limites da largura
ressonante para selecionar ou rejeitar uma da faixa aceita do circuito.
determinada faixa de freqüência, sendo por isso, Os pontos f e f são chamados pontos
1 2
conhecido como fator de qualidade ou mérito de de meia potência, em virtude desses pontos
um circuito. corresponderem a 50% da potência máxima.
Quanto maior for o “Q” de um circuito
ressonante em série, maior será seu valor como A largura da faixa de passagem, também
seletor de freqüência. conhecida como passa banda (ban pass), pode
ser determinada pela seguinte equação:
Influência do “Q” no Ganho de Tensão Bw = f − f
2 1

No circuito da figura 1-27, as tensões nas Em que:


reatâncias por ocasião da ressonância são de
15000 volts, ao passo que a tensão aplicada (que Bw = faixa de passagem (Hertz )
é a mesma da resistência) é de 300 volts.
Esta alta tensão depende diretamente da f = freqüência mais alta que passa pelo
2
corrente que percorre o circuito, a qual, por sua circuito (Hertz)
vez, depende da tensão aplicada e da resistência.
Comparando-se a tensão em uma das f = freqüência mais baixa que passa pelo
1
reatâncias com a tensão aplicada, tem-se uma
idéia exata da qualidade do circuito ressonante. circuito (Hertz)
O circuito ressonante em série amplifica a Todavia, como o “Q” do circuito
tensão aplicada na freqüência de ressonância. Se determina a largura total da curva de
as perdas do circuito são baixas, o “Q” do ressonância, a faixa de passagem também pode
circuito será alto e a amplificação de tensão será ser calculada baseando-se na freqüência de
relativamente grande. A amplificação de tensão ressonância ( f ) e no “Q” do circuito, ou seja:
r
do circuito da figura 1-27, será de:

E fr
Q= L Bw =
E Q
a
Em que:
15000
Q= Q = 50
300 B = faixa de passagem (Hertz)
w

1-14
f = freqüência de ressonância (Hertz)
r

Q = qualidade ou ganho

Nesta fórmula, permite ver-se que quanto XC = 400 Ω


maior for o “Q”, menor será a faixa de
passagem e, inversamente, quanto menor for o
“Q”, maior será a faixa de passagem.
A freqüência mais baixa que passa pelo
circuito ( f ) assim como a mais alta ( f ) podem
1 2
Figura 1-30
ser calculadas da seguinte maneira:
Cálculo da corrente:
E 50
I = I = I = 10 A
R 5
Cálculo do “Q”:
400
Q = X Q = Q = 80
L 5

Cálculo da Faixa de Passagem:


Faixa de passagem:

f
r = 160000 = 2000 Hz
Q 80

Para a Curva de Ressonância, teremos:


Figura 1-29
Como:
Bw Bw
f − f = e f − f =
r 1 2 2 r 2

Logo:

Bw Bw
f = f − f = f +
1 r 2 2 r 2

Exercício resolvido:
Figura 1-31
Calcule a faixa de passagem do circuito da
figura 1-30, sabendo-se que sua freqüência de
ressonância é de 160HZ e monte sua curva de No rádio, da mesma forma que nos outros
ressonância. equipamentos eletrônicos, é muito freqüente o
uso e a aplicação dos circuitos reativos em
Dados: X = 400 ohms paralelo.
L
A importância dos circuitos reativos em
X = 400 ohms f = 160000 Hz paralelo deve-se ao fato de que eles aparecem
C r
no estudo dos amplificadores eletrônicos e,
R = 5 ohms E = 50v devido a isso, é essencial a compreensão das
a
relações existentes entre tensões, intensidade de
corrente, impedância e potência nesses circuitos.

1-15
CIRCUITO RL EM PARALELO

Vimos que, no circuito reativo em série,


por ser a corrente um elemento constante em
todos os pontos do circuito, tomávamos seu
vetor como referência, para representação
gráfica e cálculos.
No circuito reativo em paralelo, porém, o
elemento constante é a tensão, ou seja, a tensão
aplicada é a mesma em todos os ramos do
circuito. Além de terem o mesmo valor estão em
fase.
Daí a razão porque a tomaremos como
vetor referência. Figura 1-33

Intensidade de corrente No gráfico da figura 1-34, a corrente no


resistor I é representada pelo vetor horizontal e
R
Ao se ligar um indutor em paralelo com a corrente no indutor I , pelo vetor vertical. O
L
um resistor, a tensão no indutor (E ) e no
L vetor I é orientado no sentido negativo porque
L
resistor (E ) é idêntica à tensão aplicada e
R está atrasado em relação a I .
R
estão em fase entre si.
Todavia, a corrente através do indutor está
2 2
atrasada de 90º em relação à tensão aplicada, e a I I +I
T = R L
corrente através do resistor está em fase com a
tensão aplicada. Logo, podemos concluir que a
corrente no indutor (I ) está atrasada de 90º em
L
relação a corrente no resistor (I ) .
R
A figura 1-32, nos mostra um circuito RL
em paralelo e a figura 1-33, sua relação de fase.
A corrente total de qualquer circuito RL
em paralelo não pode ser determinada pela soma
aritmética das correntes nos vários ramais, por
causa da diferença de fase.
Figura 1-34

O módulo do vetor da corrente de linha I


T
é sempre maior do que I ou I , porque ele é a
R L
hipotenusa de um triângulo retângulo.
Para se calcular a corrente no resistor e no
indutor, emprega-se a Lei de Ohm:
E E
IR = R IL = L
R XL
Como: E =E = E
a R L

Logo:
Figura 1-32 E
a Ea
I
R
= IL =
R XL

1-16
Em que: I
L
Logo: tg θ =
E = tensão aplicada (volts) I
a R

E tensão no resistor (volts) E E


R = a a
Como: IL = e I
R
=
X R
L
E = tensão no indutor (volts)
L

Cálculo da Impedância
A impedância de um circuito RL em
paralelo pode ser determinada pela Lei de Ohm,
ou seja:
E
a
Z =
T I
T
Figura 1-36
Todavia, nos circuitos CC, vimos que,
para efetuar o cálculo da resistência equivalente E
a
entre dois resistores no circuito, empregávamos X
L
a seguinte fórmula: Logo: tg θ =
E
a
R x R R
1 2
R =
T R + R E
1 2 a R R
Analogamente, nos circuitos reativos em tg θ = x tg θ =
X E X
paralelo, podemos calcular a impedância por L a L
intermédio de uma fórmula semelhante a esta. Em função do diagrama da figura 1-36
Donde, por analogia, teremos: I
R
temos que, o cos θ =
R x X I
L
Z = T
T 2 2
R x X E E
L a a
Como: I = e I =
R R T Z
Ângulo de Fase T

Denomina-se ângulo de fase (θ) , ao


ângulo que a corrente de linha (I ) forma com a Ea
T
tensão aplicada (E ) . Veja a figura 1-35.
a Logo: cos θ = R
Ea
ZT

E Z Z
a T T
cos θ = x cos θ =
R E R
a

Potência Elétrica
Todo circuito que contenha resistência e
reatância, parte da potência é dissipada no
Figura 1-35
resistor sob a forma de calor e parte é devolvida
O ângulo de fase (θ) poderá ser à fonte. O produto PT = Ea x I T , é chamado de
determinado por meio das funções potência aparente, (P ) sendo sua unidade o
a
trigonométricas do diagrama vetorial da figura
1-36. Volt Ampère (VA).

1-17
A potência aparente poderá ser calculada O fator de potência é usualmente expresso
por qualquer uma das equações abaixo: em fração decimal ou percentagem.
P = E x I
A a T
CIRCUITO RC EM PARALELO
2
P = I x Z
a T T As considerações básicas, feitas para o
circuito RL em paralelo, continuam a ter valor
E 2 para o circuito RC em paralelo que agora vamos
a
P =
a Z estudar e no qual temos um resistor e um
T
capacitor associados, como mostra a figura 1-
A potência dissipada pelo resistor é 37.
chamada de potência real, verdadeira ou efetiva Tratando-se de um circuito em paralelo, a
do circuito, sendo sua unidade o Watt. tensão é a mesma em qualquer ponto do circuito
e estão em fase entre si.
Podemos calcular a potência real ( PR ) de
Contudo, a corrente que atravessa o
um circuito por intermédio da seguinte equação:
capacitor está adiantada de 90º em relação ã
P = E x I tensão aplicada e a corrente que percorre o
R a R
resistor está em fase com a mesma tensão,
Como: conforme nos mostra a figura 1-38.
Isto quer dizer que a corrente capacitiva se
I
cos θ = R apresenta defasada de 90º, em avanço sobre a
I corrente resistiva.
T

Logo::
P = E x I x cos θ
R a T

Fator de Potência
Defini-se como fator de potência ( f ) , a
p
relação entre a potência real (P ) e a potência
R
aparente (P ) de um circuito.
A
Figura 1-37
P
R
f =
p P
A

Como:
P = E x I e P = E x I
R a R A a T

E x I I
a R
Logo: fp = f = R
E x I p I
a T T

I
R
Porém, como cos θ =
I
T

Logo: f = cos θ Figura 1-38


p
No gráfico da figura 1-39, a corrente I é
Em conseqüência, o fator de potência R
poderá ser calculado por qualquer uma das representada pelo vetor horizontal e a corrente
equações apresentadas.
no indutor I pelo vetor vertical. O vetor I é
C C

1-18
orientado no sentido positivo porque está
adiantado em relação a I .
R

Figura 1-40
O ângulo de fase θ poderá ser
Figura 1-39 determinado por meio das funções
trigonométricas do diagrama vetorial da figura
A corrente resultante (I ) ou de linha é a 1-41.
T
soma vetorial destas duas correntes, ou seja: Como:

IT = I R2 + I C2

O módulo do vetor da corrente de linha


(IT) é sempre maior do que I ou I , porque ele
R C
é a hipotenusa de um triângulo retângulo.
Para se calcular a corrente no resistor e no
capacitor, emprega-se a Lei de Ohm:

E Ea
I = a IC =
R Figura 1-41
R XC
I
Logo: tg θ = C
Cálculo da Impedância I
R

A impedância de um circuito RC em E E
Porém, como: IC = a e IR = a
paralelo pode ser determinada pela lei de Ohm, X R
ou seja: C

E
a
E X E
ZT = a Logo: tg θ = C
tg θ = a
x
R
IT E X E
a C a
Ou através da seguinte equação: R
R x X R
Z = C tg θ =
2 2 X
C
R + X
C
Em função do diagrama da figura 1-41,
Ângulo de Fase I
temos que, o cos θ = R
IT

O ângulo de fase θ , como já vimos, é o E


a
E
a
ângulo formado pelo vetor da corrente de linha Como: IR = e IT =
R Z
(I ) com o vetor da tensão aplicada (E ) . T
T a

1-19
Logo: corrente (I ) está atrasada de 90º e no capacitor,
L
E a corrente (I ) está adiantada de 90º.
a C
E Z
cos θ = R cos θ = a
x T
E R E
a a
Z
T

Z
T
cos θ =
R

Potência aparente e real Figura 1-42

Para se calcular a potência aparente (P ) e Como em qualquer circuito em paralelo, a


a tensão é a mesma em qualquer ponto do circuito
a potência real (P ) , empregam-se as mesmas e estão em fase entre si, podemos concluir que
R
equações já vistas no circuito RL em paralelo, I está atrasada de 90º de I e I adiantada de
L R C
ou seja: 90º de I , conforme nos mostra a figura 1-43.
R
2 Logo, podemos compor o diagrama vetorial,
P =E x I P = I x Z
a a T a T T
conforme figura 1-44.
E 2
a
P = P = E x I
a Z R a R
T

P = E x I x cos θ
R a T

Fator de Potência

Para o cálculo do fator de potência


empregam-se as mesmas equações vistas no
circuito RL em paralelo, em que:
P Figura 1-43
R
f =
p P
a

I
f = R
p I
T

f = cos θ
p

CIRCUITO RCL EM PARALELO


Figura 1-44
Quando se aplica uma CA em um circuito
paralelo contendo resistor, capacitor e indutor,
A soma vetorial das correntes
conforme mostra a figura 1-42, é necessário
I , I e I é igual a corrente total ou de linha
levar em consideração o fato de que os ângulos R L C
de fase entre a corrente e a tensão diferem nos do circuito. Como a corrente no capacitor I ea
C
três elementos.
corrente no indutor I estão defasadas de 180º,
Tomando-se a tensão de um circuito L
paralelo como referência, temos: no resistor, a logo, a corrente resultante da composição
corrente (I ) está em fase: no indutor, a vetorial entre I e I é a diferença, já que são
R C L

1-20
vetores diretamente apostos entre si. Esta E
a
corrente resultante será somada vetorialmente, I =
C X
com a corrente do resistor I , para a C
R
determinação da corrente total ou de linha do E
a
circuito. Isto é expresso pelo gráfico da figura 1- I =
L X
45. L

Cálculo da Impedância

A impedância de um circuito RCL em


paralelo pode ser determinada pela Lei de Ohm,
em que:
E
a
Z =
T I
T
Figura 1-45
ou através da seguinte equação:
Pelo teorema de Pitágoras, teremos:
R x Z1
ZT =
R 2 + Z12
2
IT = I R + ( IC − I L ) 2

Onde:
Neste tipo de circuito existe uma corrente X L x XC
circulatória que vem a ser a menor entre as duas ZT =
XC − X L
correntes I e I . Esta corrente circula apenas
L C
no circuito formado por L e C. Depois da carga
inicial do capacitor, ele descarrega através da Ângulo de Fase
bobina.
O fluxo da corrente através da bobina
produz um campo magnético que se mantém, O ângulo de fase θ poderá ser
enquanto a corrente estiver fluindo. determinado por meio das funções
Quando a corrente se reduz a zero, o trigonométricas do diagrama da figura 1-47.
campo magnético se desvanece, induzindo uma Como:
corrente que carrega o capacitor, mas com
polaridade oposta à original. Aí o capacitor se
descarrega em sentido oposto.

Figura 1-46
Os ciclos se repetem e o capacitor volta a
se carregar ao seu estado original. Esses ciclos Figura 1-47
se repetem periodicamente e a sua ação dá
origem a corrente circulatória, veja a figura 1-
46.Para se calcular a corrente no resistor, Logo:
capacitor e indutor, emprega-se a Lei de Ohm.
I − I I Z
E
a
tg θ = C L
cos θ = R
ou T
I = I
R
I
T
R
R R

1-21
Classificação dos circuitos RCL em paralelo: E 100 V
a
I = I = I = 5A
a) Quando X for menor que X ou C X C 20 Ω C
L C C
I maior que I , temos: θ negativo, E
L C 100 V
a
circuito R . I = I = I = 8A
L L X L 12,5 Ω L
L
b) Quando X for menor que X ou
C L
I maior que I temos: θ positivo, A corrente total ou de linha:
C L
circuito R . 2 2
C
I = I + (I − I )
c) Quando X for igual a X ou I igual T R L C
L C L
a I , temos: θ igual a zero, circuito 2 2
C I = 4 + (8 − 5 )
RESISTIVO. T

I = 16 + 9 I = 5A
Potência aparente, real e fator de potência T T

Para o cálculo, empregam-se as mesmas A impedância total do circuito:


equações já vistas nos circuitos R ou RC em E
L 100 V
a
paralelo, ou seja: Z = Z =
T I T 5A
T
2
P = E x I P = I x Z Z = 20 Ω
A a T A T T T

E 2 O fator de potência:
a
P =
A Z I
T R 4A
f = f =
p I p 5A
P = E x I T
R a R
f = 0,8 ou 80%
P = E x I x cos θ p
R a T

P
A potência real:
R
f = f = cos θ P = E x I x cos θ
p P p R a T
A

I Z P = 100 x 5 x 0,8
R
f = R f = T
p I p R
T P = 400 W
R
Dado o circuito da figura 1-48, A potência aparente:
determinar:
P = E x I
A a T

P = 100 x 5
A

P = 500 VA
A

Figura 1-48 A corrente circulante no tanque:

As intensidades de corrente I , I e I :
A corrente circulatória é a menor entre as
R C L duas correntes I ou I .
L C
E 100
I = a
I = I = 4A Como I é a menor corrente, logo, a
C
R R R 25 Ω R
corrente circulatória será de 5A..

1-22
RESSONÂNCIA EM PARALELO E Para uma determinada freqüência a
CIRCUITO TANQUE IDEAL reatância indutiva será igual à reatância
capacitiva ( X L = X C ) , logo, o circuito entra
Ressonância em paralelo em ressonância.
O circuito sintonizado em paralelo é um A figura 1-51 mostra o gráfico da variação
dos mais importantes da eletrônica, sendo da reatância indutiva e capacitiva em função da
amplamente empregado em transmissores, freqüência.
radio, radar, etc.
O fenômeno da ressonância em série,
também se presta a uma análise nos circuitos em
paralelo, entretanto, sua aplicação revela
condições diferentes de operação.
Um circuito em paralelo encontra-se em
ressonância quando é estabelecida a igualdade
entre a reatância indutiva e a reatância
capacitiva ( X = X ) a qual determina a
L C
igualdade entre as correntes I = I .
L C Figura 1-50
Circuito Tanque Ideal
Chama-se comumente tanque a qualquer
associação LC, particularmente quando as
reatâncias são ligadas, conforme a figura 1-49.

Figura 1-51
Figura 1-49

A designação tanque resulta da Uma vez estando o circuito em


capacidade que têm os circuitos LC de ressonância, a corrente através do indutor e do
armazenar energia. Embora o circuito tanque capacitor são iguais (I = I ) , porém
L C
ideal não seja exeqüível na prática, uma análise
defasadas de 180º. Assim sendo, a corrente total
de seu comportamento é instrutiva.
ou de linha que é a soma vetorial de I e I , é
A figura 1-50 representa o esquema de um L C
circuito tanque ideal (R = 0) em que um igual a zero. Este fato é mostrado por
indutor e um capacitor estão associados em intermédio do diagrama vetorial da figura 1-52.
paralelo e ligados a uma fonte de CA de Assim, nesse circuito ressonante em paralelo
freqüência variável. hipotético, a impedância do circuito será infinita
Há, portanto, dois caminhos por onde a e não haverá corrente de linha.
corrente pode circular; um pelo indutor e outro Todavia, haverá uma corrente circulatória
pelo capacitor. no tanque apesar de nenhuma corrente ser
Se a fonte de CA operar em baixa fornecida pela fonte.
freqüência, a maior parte da corrente circulará Depois da carga inicial do capacitor, ele
pelo indutor do que pelo capacitor, porque X é descarrega sobre o indutor, isto é, a energia
L
armazenada no capacitor fornece a corrente que
menor que X . Se, porém, a fonte de CA
C percorre o indutor.
operar em alta freqüência, a maior parte da O campo magnético resultante em torno
corrente circulará pelo capacitor porque X é do indutor age como fonte de energia para
C
menor que X . recarregar o capacitor.
L

1-23
Essa transferência de energia entre os dois
elementos continua na freqüência de
ressonância sem qualquer perda.
O sistema está em estado oscilatório e
pode ser comparado com um pêndulo em que,
não havendo atrito, oscila continuamente, desde
que tenha recebido um deslocamento inicial
devido a uma fonte de energia.

IL = I C e XL = XC

Figura 1-53

Figura 1-52

Mas, da mesma maneira que o pêndulo Figura 1-54


real nunca é totalmente desprovido de atrito e
dissipa alguma energia durante a oscilação, os A ressonância nos circuitos paralelos é
circuitos ressonantes em paralelo, na prática, chamada de anti-ressonante, por serem seus
incluem alguma resistência que absorve energia efeitos exatamente opostos aos observados nos
da fonte original. circuitos em série.
Conseqüentemente apesar da impedância
do circuito ser máxima na ressonância, tem Freqüência Anti-ressonante
valor finito, e não infinito e a corrente de linha,
apesar de ser mínima e estar em fase com a Aplica-se a expressão de freqüência anti-
tensão aplicada, não é igual a zero. ressonante ao circuito em paralelo e freqüência
Na figura 1-53, temos o gráfico de ressonância ao circuito em série. Em
representativo da impedância e corrente em qualquer caso, uma combinação LC tem uma
relação à variação de freqüência. freqüência ressonante, qualquer que seja o nome
A corrente circulatória no tanque tem o que esta receba.
mesmo sentido e é máxima quando o circuito A freqüência anti-ressonante de um
encontra-se em ressonância. circuito paralelo é determinada da mesma
Veja a figura 1-54. maneira que num circuito em série, ou seja:
A corrente circulatória, é considerada 1
como sendo a corrente do capacitor I ou do fr =
C 2π L x C
indutor I , uma vez que I = I e pode ser
L L C
facilmente determinada pela Lei de Ohm: Impedância no circuito tanque ideal

No circuito ressonante em paralelo a


E E tensão é a mesma e as correntes em cada ramo e
a a
I = e I =
C X L X na linha são determinadas pela impedância total
C L
da linha. Assim, a corrente no ramo indutivo ou
capacitivo em qualquer instante é:

1-24
E E versátil. Pode ser usado para
a a
I = I = substituir um capacitor ou um indutor.
L X C X
L C
Exercício resolvido
A corrente total I na linha, pela Lei de
T A figura 1-55 mostra o esquema de um
Ohm, é: circuito RC em paralelo. O gerador de
E freqüência variável entrega 300V.
a A freqüência anti-ressonante será:
I =
T Z
T

Além disso, como já foi visto, a corrente


total é igual à soma vetorial das correntes nos
ramos. Como essas correntes estão defasadas de
180º e X é convencionalmente negativo, tem-
C
se:
I = I − I
T L C

Donde:
Figura 1-55
E E
a a 1
I − I = Z =
L C Z T I − I fr =
T L C 2π L x C
E 1
a
Z = f =
T E E r −3 −11
a a
− 6,28 4 x 10 x 4 x 10
X X
L C
f r = 398000 Hz
X x X
L C
Z =
T X − X A corrente em qualquer um dos ramos é
C L
determinada pela reatância nesse ramo. Como
I é igual a I , qualquer reatância pode ser
A impedância de um circuito em paralelo L C
difere de um circuito em série. Uma reatância usada.
indutiva grande em um circuito em série faz
com que este haja indutivamente, porém, uma X L = 2π x f x L
grande reatância indutiva num circuito em 3 −3
paralelo faz este agir capacitivamente, pois X = 6,28 x 398 x 10 x 4 x 10
L
passa mais corrente pelo ramo capacitivo.
Um circuito tanque ideal apresenta as Logo:
seguintes características: E
a 300
I = I =
a) Na ressonância, a impedância é L X L 10000
L
infinita;
X = 10000 ohms I = 0,03 A
L L
b) À medida que a freqüência se afasta
da freqüência de ressonância, a Assim, a corrente circulatória no tanque é
impedância se aproxima de zero; de 0,03A, mas a corrente na linha é
praticamente nula; como já sabemos, a
c) O circuito se aproxima indutivamente freqüência de ressonância oferece o máximo de
para as freqüências inferiores à de impedância à linha.
ressonância e, capacitivamente, para Se a freqüência do gerador for mudada
as freqüências maiores que a de para 200 KHz a corrente nos ramos diferirá:
ressonância. Os pontos precedentes
indicam que o circuito tanque é muito XL = 2 π x f x L

1-25
3 −3 I = 0,059 − 0,015 T = 0,044A
X = 6,28 398 x 10 x 4 x 10 T T
L
Assim, a corrente na linha é de 44 mA,
E
Logo: I = a atrasada de 90º em relação à tensão aplicada. A
L X figura 1-56, mostra o diagrama vetorial deste
L
circuito na freqüência de 200 KHz.
300
I =
L 10000
X = 10000ohms
L

I = 0,03 A
L

Assim, a corrente circulatória no tanque é


de 0,03A, mas a corrente na linha é
praticamente nula; como já sabemos, a Figura 1-56
freqüência de ressonância oferece o máximo de
impedância à linha. Empregando-se a fórmula da impedância,
tem-se:
Se a freqüência do gerador for mudada
para 200 KHz a corrente nos ramos diferirá: X x X
L C
Z =
T X − X
X L = 2π x f x L C L

X L = 6,28 x 2 x 105 x 4 x 10−3 5024 x 19900


Z =
T 19900 − 5024
X = 5024 ohms
L
Z = 6720 ohms
T
Logo:
E 300
a
I = I = CIRCUITO TANQUE REAL E CIRCUITO
L X L 5024
L TANQUE COM RESISTOR EM
DERIVAÇÃO
I = 0,059 A
L
Circuito Tanque Real
1
Como: XC =
2π x f x c As conclusões obtidas no estudo do
circuito tanque ideal e os resultados da análise
1
X = do circuito anterior foram baseados na hipótese
C 5 −11
6,28 x 2 10 x 4 x 10 da resistência nos ramos em paralelo ser nula ou
desprezível.
106 A figura 1-57 apresenta um diagrama
XC = X = 19900 ohms
50,24 C esquemático equivalente a um circuito real. O
ramo capacitivo contém uma resistência
Logo: desprezível, enquanto que o ramo indutivo
E inclui toda a resistência do circuito.
a 300
I = I = A presença da resistência no circuito em
C X C 19900
C paralelo significa que as correntes dos
respectivos ramos não estão exatamente
I = 0,015 A
C defasadas de 180º na ressonância. A resistência
altera o ângulo de fase de cada ramo, como é
Como a corrente indutiva é maior que a
visto na figura 1-58.
capacitiva, o circuito se conduz indutivamente.
Assim as correntes dos ramos não se
A corrente de linha é:
anulam completamente e resulta disso uma
I = I − I corrente de linha.
T L C

1-26
Dessa forma, o valor da corrente de linha Como a corrente ressonante do tanque é
na ressonância é, pois um indicativo da igual à corrente de menor valor, I ou I e em
C L
quantidade de resistência presente no circuito.
virtude de I ser menor que I teremos:
À medida que a resistência diminui, a L C
corrente de linha tende para uma amplitude
I I
mínima e a entrar em fase com a tensão Q =
tan que
Q= L
aplicada. I I
T

E
a
X Z
L T
Q = Q =
E X
a L
Z
T

Como: X = X
L C

Z
T
Figura 1-57 Logo: Q =
X
C

Obs.: esta equação, somente deve ser


empregada quando o valor de R for
muito baixo em relação a XL.
Assim, o Q de um circuito ressonante em
paralelo também é considerado como sendo a
relação entre a impedância e a reatância indutiva
ou capacitiva.
Os circuitos de Q elevados são, como já
vimos, muito úteis nos circuitos eletrônicos
seletivos. Quanto maior for o Q, maior será a
seletividade do circuito.

Curvas de Ressonância
Figura 1-58
Nos circuitos ressonantes em paralelo, a
curva de impedância é a curva característica de
Fator de Qualidade
ressonância (figura 1-59).
O fator de qualidade ou “Q” de um Como já foi visto, a freqüência de
circuito ressonante em paralelo é igual ao de um ressonância independe do valor da resistência
circuito ressonante em série, em que: do circuito.
X
L
Q=
R
Porém, no circuito ressonante em série, a
qualidade ou Q do circuito também é
determinada pela relação entre a tensão em cada
reatância e a tensão aplicada. Como a tensão é a
mesma no circuito ressonante em paralelo, o Q
do circuito também é determinado pela relação
entre a corrente no tanque e a corrente na linha,
ou seja:
I
tan que
Q =
I Figura 1-59
linha

1-27
A agudeza da curva depende do Q do figura 1-61. O resistor R é chamado de “resistor
circuito e pode ser aumentada ou diminuída, de amortecimento” e aumenta efetivamente a
respectivamente com o acréscimo ou largura de faixa de um circuito, porque ele será
decréscimo do valor da resistência. Se a responsável por uma parte da corrente de linha
resistência do circuito ressonante for muito que a ressonância não pode cancelar. O
grande, o circuito perde sua utilidade como amortecimento de derivação faz diminuir o Q do
seletor de freqüência. circuito e portanto o circuito fica menos
seletivo.
Largura de Faixa
A largura de faixa do circuito ressonante
em paralelo, segue as especificações para a
largura de faixa do circuito ressonante em série.
Portanto, os limites efetivos da faixa de
passagem são tomados nos pontos da curva de
ressonância a 0,707 do valor de pico. Assim, as
duas freqüências, uma acima e outra abaixo da
ressonância (pontos de meia potência), formam
os limites da largura de faixa. Veja a figura 1- Figura 1-61
60.
Exercício resolvido
Estando o circuito da figura 1-62 em
f ressonância, calcular:
Bw = r
Q
Q = Z = I =
T

I = P =
tan que R

Figura 1-60

A largura de faixa de um circuito


sintonizado pode ser determinada por meio da Figura 1-62
fórmula: Cálculo do Q:
f
Bw = r X 10000
L
Q Q = Q =
R 200
Onde: Q = 50
Bw = largura de faixa (hertz) Cálculo da impedância:
Fr = freqüência anti-ressonante (hertz) Z = Q x X Z = 50 x 10000
L
Q = Qualidade
Z = 500 KΩ
Circuito Tanque com resistor em derivação Cálculo da corrente de linha:
Outro caso que deve ser mencionado é o E 300
a
que acontece quando um resistor está ligado em I = I =
T Z T 500000
paralelo com o circuito tanque, conforme a T

1-28
I = 0,6 mA O filtro “corta-faixa” barra as freqüências
T
que ficam dentro de uma faixa, deixando passar
Cálculo da corrente no tanque: todas as demais.
O ponto de corte em um circuito de filtro
Itanque = Q x IT
pode ser facilmente determinado pelas equações
Itanque = 50 x 0,0006 Itanque = 30 mA abaixo:
Cálculo da largura de faixa: P = E x 0,707 ou
co a
f
r P = I x 0,707
Bw = Q
co T

100000 Em que:
Bw =
50 P = ponto de corte
co
Bw = 2 KHz E = tensão aplicada
2 a
P = I x R I = corrente total
R R
T
2
P = 0,03 x 200
R
Desde que, idealmente, um filtro deve
P = 0,18 W deixar passar freqüências escolhidas sem
R
atenuação, as perdas de energia devem ser
baixas.
FILTROS DE FREQÜÊNCIA Em conseqüência, os componentes de um
circuito de filtro consistem comumente em
Comumente, a corrente em um circuito de elementos reativos.
rádio contém vários componentes de freqüência. Pela disposição conveniente de indutores
A função de um circuito de filtro é efetuar uma e capacitores, os filtros podem ser construídos
determinada separação destes componentes. de maneira a permitir qualquer característica de
Assim, um filtro pode ser usado para separar os seleção de freqüência.
componentes de corrente contínua dos de
corrente alternada ou para separar grupos de
componentes de corrente alternada por faixas de Filtro Passa-Baixa
freqüência.
Para conseguir esta finalidade, o filtro
A figura 1-63 ilustra um filtro passa-
deve apresentar baixa atenuação (oposição) para
baixa. Na entrada, as altas freqüências
componentes de freqüência dentro de uma faixa
encontram uma reatância indutiva relativamente
particular, a faixa de passagem, e alta atenuação
elevada em L e uma baixa reatância capacitiva
em freqüências dentro de outras faixas
em C.
atenuadas.
Assim, as altas freqüências são detidas por
L e postas em curto circuito, por C. As
Características dos circuitos de filtros
freqüências baixas encontram fraca oposição em
L e alta oposição em C.
Os filtros são comumente classificados de
Por conseguinte, as baixas freqüências
acordo com as suas características de
passam da entrada para a saída.
seletividade: o filtro “passa-baixa” transmite
Portanto, um filtro pass-baixa destina-se a
todas as freqüências abaixo de uma freqüência
conduzir todas as freqüências abaixo de uma
limite, chamada freqüência de corte ( f ) , e
co freqüência crítica pré-determinada ou
barra as freqüências mais altas que a freqüência freqüência de corte e a reduzir ou atenuar
de corte e o filtro “passa-alta” faz exatamente o consideravelmente as correntes de todas as
contrário. freqüências acima desta freqüência.
O filtro “passa-faixa” deixa passar as Nesse filtro passará também a freqüência
freqüências contidas numa faixa entre duas que se encontra no ponto de corte.
freqüências de corte e elimina as freqüências Na figura 1-64 vemos o gráfico
que ficarem acima e abaixo dos limites da faixa. característico de seu ponto de corte.

1-29
Figura 1-66
Figura 1-63
As figuras 1-67 e 1-68 mostram
respectivamente filtros passa-baixa e passa-alta
e do tipo “π”, assim designados por causa de
sua semelhança com a letra pi.
Os elementos mais perto da entrada
caracterizam o filtro. Assim, as figuras 1-69 e 1-
70, mostram respectivamente, filtros passa-
baixa com entrada a indutor e passa-alta com
entrada a capacitor. Todavia, para que estes
filtros possam desempenhar satisfatoriamente
suas funções, os componentes reativos, devem
ser iguais, ou seja: C = C eL = L
1 2 1 2
Figura 1-64
Filtro Passa-alta
Na figura 1-65 , temos um filtro passa-
alta. As baixas freqüências deparam com uma
reatância capacitiva relativamente alta em C e
uma reatância indutiva baixa em L. As altas
freqüências encontram diminuta oposição em C
e alta oposição em L. Por conseguinte, as altas
freqüências passam da entrada para a saída. Figura 1-67
Portanto, um filtro desse tipo destina-se a deixar
passar correntes de todas as freqüências acima
do ponto de corte e atenuar todas as freqüências
abaixo desse ponto. Neste filtro passará também
a freqüência que se encontra no ponto de corte.
Na figura 1-66, vemos o gráfico característico
de seu ponto de corte. Para melhor a ação
seletiva dos filtros passa-alta e passa-baixa, eles
são projetados com duas ou mais secções. Figura 1-68

Figura 1-65 Figura 1-69

1-30
Figura 1-72
Figura 1-70 Os circuitos sintonizados em série
oferecem dentro dessa faixa, uma pequena
Filtros de circuitos sintonizados impedância às correntes dessas freqüências e
fora dela uma alta impedância. Assim, as
Os circuitos ressonantes (sintonizados) correntes dessas freqüências desejadas dentro da
possuem características que os tornam ideais faixa circularão pelo circuito sem serem
para filtros, quando se deseja, grande afetadas, mas as correntes de freqüências
seletividade. indesejadas, isto é, fora da faixa, encontrarão
O circuito ressonante em série oferece grande impedância e não poderão passar.
baixa impedância à corrente de freqüência em Na figura 1-73, temos um circuito
que está sintonizado e uma impedância ressonante em paralelo como filtro passa-faixa.
relativamente grande às correntes das demais
freqüências.
O circuito ressonante em paralelo oferece
uma impedância muito grande à corrente de sua
freqüência ressonante e uma impedância
relativamente baixa às outras.

Filtro passa-faixa

Os filtros passa-faixa ou passa-banda Figura 1-73


destina-se a deixar passar correntes dentro dos Os circuitos sintonizados em paralelo
limites de uma faixa contínua, limitada por uma oferecem, dentro dessa faixa, uma alta
alta e por uma baixa freqüência de corte e para impedância às correntes dessas freqüências e
reduzir ou atenuar todas as freqüências acima e fora dela uma baixa impedância.
abaixo desta faixa. De modo que as correntes das freqüências
Na figura 1-71, utiliza-se um circuito fora da faixa serão desviadas pelo tanque, ao
ressonante em série como filtro passa-faixa. passo que as correntes das freqüências dentro da
Na figura 1-72 vemos o gráfico que ilustra faixa circularão pelo circuito sem serem
a faixa de freqüência desejada. afetadas pelo tanque.
Filtro corta-faixa

Os filtros corta-faixa são destinados a


suprimir as correntes de todas as freqüências
dentro de uma faixa contínua limitada por duas
freqüências de corte, um mais alta e outra mais
baixa, e a deixar passar todas as freqüências
acima e abaixo dessa faixa.
Na figura 1-74, temos um circuito
ressonante em paralelo com filtro corta-faixa e,
na figura 1-75, temos o seu gráfico
Figura 1-71 característico.

1-31
O circuito ressonante em paralelo é
sintonizado na freqüência do sinal que não se
deseja. Logo, o filtro apresenta alta impedância
às correntes dessa freqüência e permite a
passagem de todas as outras freqüências.
A figura 1-76 ilustra um circuito
ressonante em série como filtro corta-faixa.

Figura 1-74

Figura 1-76

O circuito ressonante em série é


sintonizado também, na freqüência do sinal
indesejado, e estas correntes indesejadas serão
eficazmente desviadas, geralmente, para a terra;
porém, as demais freqüências não serão
Figura 1-75 afetadas.

1-32
CAPÍTULO 2

OSCILOSCÓPIO

INTRODUÇÃO filamento e permitir que o feixe de elétrons seja


bem definido.
O osciloscópio é considerado um
instrumento básico de teste em oficinas e na Canhão Eletrônico
indústria, assim como em laboratórios de
pesquisas e desenvolvimento de projetos A parte mais importante do TRC é o
eletrônicos. canhão eletrônico, que está situado em um de
O osciloscópio permite ao técnico ou seus extremos e que tem por finalidade projetar
engenheiro observar tanto o valor como a forma um feixe de elétrons de um extremo a outro do
do sinal em qualquer ponto de um circuito tubo. Constituem o que denominamos “raio
eletrônico. Suas principais aplicações são: catódico”.O canhão eletrônico consiste de um
– Medições de valores de: potência, filamento, um cátodo, uma grade de controle,
tensão, ângulo de fase etc. um ânodo focalizador (1º ânodo) e um ânodo
– Comparação entre uma freqüência acelerador (2º ânodo). Esses elementos são
desconhecida e uma freqüência padrão, mostrados na figura 2-2.
determinando assim o valor
desconhecido.
O osciloscópio é um instrumento que
consiste basicamente de um tubo de raios
catódicos e de circuitos ampliadores auxiliares.

TUBO DE RAIOS CATÓDICOS

O tubo de raios catódicos (TRC) é um


tubo de vidro projetado especialmente para
medir fenômenos elétricos que não podem ser
medidos por outros meios. Figura 2-2 Canhão eletrônico
O tubo de raios catódicos não é só a parte
principal do osciloscópio como também é As conexões com os diversos elementos
amplamente usado nos equipamentos de radar são efetuadas por meio de pinos que estão na
para observação visual das informações obtidas base do tubo. Em muitos casos, o cátodo está
pelo receptor deste. ligado internamente o filamento.
Atualmente o TRC é largamente Os filamentos são aquecidos geralmente
difundido podendo ser encontrado em por CA, aplicada por um transformador de
equipamentos de eletromedicina, terminais de filamento, separado.
vídeo de microcomputadores etc. O cátodo é um cilindro de níquel cujo
extremo está coberto com óxido de bário e
estrôncio, de maneira que quando aquecido
emite elétrons livremente na direção desejada. O
ânodo acelerador também é um cilindro. Em seu
interior há um diafragma que tem uma abertura
em seu centro. Como o ânodo acelerador é
altamente positivo, atrairá os elétrons emitidos
pelo cátodo.
As tensões aplicadas ao ânodo acelerador
Figura 2-1 Tubo de raios catódicos variam desde 250V até 10.000 V. Esta alta
tensão faz com que o feixe de elétrons (raio
Os elementos de operação do tubo de catódico) adquira uma alta velocidade. Embora
raios catódicos estão encerrados em seu interior a maioria dos elétrons seja atraída e capturada
que contém um alto vácuo a fim de preservar o pelo ânodo de aceleração, muitos podem passar

2-1
através da abertura que existe no diagrama do O ânodo de focalização tem um potencial
tubo. de 1200V e o ânodo de aceleração tem 2.000V.
A tela do TRC tem por finalidade Por causa dessa diferença de 800V, existe um
transformar a energia cinética do elétron em campo eletrostático muito forte na região entre
energia luminosa. A tela é composta de uma os dois ânodos. A intensidade desse campo
substância semitransparente, conhecida como pode ser variada, mudando-se as tensões do
fósforo, e está situada na parte interior do tubo. ânodo focalizador.
Quando o feixe de elétrons atinge a tela, esta
emite a luz cuja cor depende da composição do
fósforo.
O revestimento mais comumente usado é
o silicato de zinco que emite luz verde. Uma
consideração importante é a persistência que
indica a quantidade de tempo em que a tela
continuará incandescente, depois de ser atingida
pelo feixe. Figura 2-3 Processo de focalização
Pode-se notar que se deve proporcionar
algum meio de eliminar os elétrons da tela; do O campo eletrostático é representado
contrário, a carga negativa na tela aumentaria a pelas linhas curvas.
tal que ponto que não chegariam mais elétrons Os elétrons que passarem por este campo
até ela. sofrerão a ação de uma força que tentará fazê-
O método usado para eliminar tais los seguir as linhas de força.
elétrons, é colocar um revestimento de condutor Um elétron que entra na lente tem sobre si
de AQUADAG, ao longo de toda parte interior duas forças atuantes: uma força que é motivada
do tubo, com exceção da tela, e conectá-la ao pela aceleração dada pela atração do ânodo
cátodo. A emissão de elétrons secundários pode acelerador e outra motivada pelo campo
assumir efeitos graves e, portanto, é coletada eletrostático que existe entre os ânodos. A
pelo revestimento de AQUADAG e devolvido tendência do elétron é desviar-se, e em lugar de
ao cátodo. se deslocar em linha reta, desloca-se em um
O cátodo é circundando pela grade de direção tangencial à das linhas de força.
controle, a qual é mantida a um potencial mais Esta curvatura por sua vez depende da
negativo que este e serve para controlar o fluxo diferença de potencial que existe entre os dois
de elétrons que saem do cátodo. ânodos. Todos os elétrons que passam pela lente
A intensidade do brilho na tela é regulada tendem a unir-se em um ponto chamado ponto
pelo valor da tensão negativa de polarização focal.
aplicada à grade de controle, quanto mais Variando-se o potencial aplicado ao ânodo
negativa for a tensão de polarização, menos focalizador, pode-se conseguir uma focalização
intenso será o brilho. correta na tela.
Se a grade se tornar suficientemente
negativa, não haverá mais fluxo de elétrons para Deflexão vertical e horizontal
a tela e conseqüentemente, deixará de haver
brilho. O ajuste do potencial é feito pelo Se o TRC não possuísse outros elementos
controle de intensidade. além do canhão eletrônico e a tela, o feixe de
Se não houver um meio para proporcionar elétrons atingiria o centro desta e produziria um
o foco, os elétrons serão emitidos, mas devido a ponto luminoso.
repulsão mútua se difundirão e golpearão a tela Para movimentar o feixe e colocar o ponto
como uma massa dispersa que terá aspecto luminoso em várias partes da tela, utiliza-se
embaçado. sistemas de deflexão ou de desvio vertical e
Os ânodos de focalização e aceleração horizontal.
agem como uma espécie de lente que concentra Existem dois tipos de deflexão ou desvio:
o feixe e torna nítida a imagem na tela. o eletrostático e o eletromagnético.

2-2
Desvio Eletrostático para a direita da tela. Estas três situações são
mostradas na figura 2-4D, E e F.
Em qualquer caso, a distância em que o
ponto é afastado do centro da tela é diretamente
proporcional à tensão às placas defletoras.
Se forem aplicadas tensões positivas e
iguais, simultaneamente às placas V1 e H1, o
feixe será atraído para cima e para a esquerda,
por forças idênticas.
Figura 2-4 Placas de desvio eletrostático O resultado é um desvio do ponto
luminoso para uma posição de 45º do centro da
tela. Outras combinações de tensões aplicadas
às placas defletoras farão com que o ponto se
desloque para posições diferentes da tela do
TRC.
Até agora só estudamos os efeitos de
tensões contínuas (CC) aplicadas nas placas
defletoras verticais e horizontais.
A corrente alternada, ao contrário da
corrente contínua, está variando constantemente
de polaridade e valor.
Assim ao ser aplicada uma CA às placas
Figura 2-5 Disposição das placas defletoras, o ponto luminoso se moverá
rapidamente para várias posições na tela, à
O desvio eletrostático utiliza dois pares de proporção que a tensão varia de polaridade e
placas de desvio, colocadas em ângulo reto valor. Isto ocorre da seguinte maneira:
entre si e o feixe de elétrons passa entre elas, Se uma CA é aplicada às duas placas de
como mostrado na figura 2-4. deflexão vertical (V1 e V2), o ponto luminoso
A figura 2-5 mostra a vista de topo do se movimentará para cima e para baixo. Se a
TRC mostrando a disposição das placas freqüência da tensão aplicada for baixa, talvez
defletoras ao feixe eletrônico, que é visto como seja possível ver o ponto subir e descer.
um ponto no centro. Dois fatores, porém não permitem que
Se não for aplicada uma tensão externa a isso ocorra. A inércia do olho humano e também
nenhum par de placas, o feixe permanecerá no a reação da camada do fósforo que reveste o
centro da tela produzindo um ponto luminoso. interior da tela do TRC.
Se a placa vertical V1 se torna positiva, Ambos os fatores fazem com que se tenha
em relação a V2, o feixe será atraído em direção a sensação de persistência luminosa na tela, em
a V1 e o ponto luminoso consequentemente forma de um traço luminoso.
também subirá. Se a placa V1 for polarizada positiva em
Se a placa vertical V1 é negativa com relação a V2, durante o primeiro semiciclo
respeito a V2, o ponto se desloca para baixo. positivo, o ponto luminoso se movimentará para
Estas três situações são ilustradas na figura 2-4 cima e novamente para baixo, até retornar ao
A, B e C. As três ilustrações pressupõem que centro. O semiciclo negativo movimentará o
não exista tensão alguma nas placas defletoras ponto luminoso par baixo e novamente para
horizontais (H1 e H2). cima, até retornar ao centro.
Se as placas verticais estiverem a zero A distância que o ponto se afasta do
volts e a placa horizontal H1 foi tornada centro para cima e do centro para baixo,
positiva em relação a H2, o feixe será atraído depende do valor da tensão de pico.
em direção a H1e o ponto se moverá para a Em virtude da velocidade com que se
esquerda da tela. Finalmente se a placa H2 é move o ponto luminoso, associado aos fatores
positiva em relação a H1, o ponto será desviado de inércia do olho humano e persistência

2-3
luminosa da tela do TRC, fazem com que aquele
ponto surja como um traço reto.
Quando uma CA é aplicada às placas
horizontais H1 e H2, teremos, pelas mesmas
razões já explicadas, um traço horizontal. Este
processo é ilustrado na figura 2-6 A e B.

Figura 2-8 Conjunto de bobinas

CIRCUITO GERADOR DE BASE DE


Figura 2-6 Aplicação de CA TEMPO
Se forem aplicadas tensões alternadas
Para reproduzir as formas de onda que
iguais, de maneira que V1 e H1 tenham a
surgem na tela de um osciloscópio é necessário
mesma polaridade, assim como V2 e H2,
que este tenha, além do TRC, um circuito
teremos um traço na tela em uma posição de 45°
gerador de base de tempo, também conhecido
entre a vertical e a horizontal.
como gerador dente de serra.
Porém se V1 e H2 forem polarizados
Sua finalidade é fazer com que o feixe
igualmente, assim como V2 e H1, o traço ficará
eletrônico se mova da esquerda para a direita da
também a 45° mas em direção invertida. Este
tela a uma velocidade uniforme e logo regresse
processo descrito está ilustrado na figura 2-7.
rapidamente ao lado esquerdo. Este movimento
é chamado de varredura linear.
Para se dar a varredura no feixe
eletrônico, o gerador produz uma tensão que
cresce uniformemente de zero até um certo
ponto e decai rapidamente ao nível zero, como
mostra a figura 2-9.
Figura 2-7 Aplicação de tensões alternadas
iguais

Desvio Eletromagnético

O desvio eletromagnético é usado onde


não é possível obter uma tensão adequada para
o desvio eletrostático.
O desvio eletromagnético deve-se ao
campo magnético estabelecido dentro do tubo Figura 2-9 Tensão dente de serra
de raios catódicos pelo conjunto de bobinas que
estão colocadas ao redor do tubo. O desvio Este perfil é denominado dente de serra ou
eletromagnético é mais sensível do que o triangular. Esta tensão é aplicada às placas de
eletrostático. deflexão horizontal.
As bobinas estão colocados proporcio- O aumento gradual de tensão faz com que
nalmente à corrente, como é mostrado na figura a placa H1 se torne cada vez mais negativa e H2
2-8. cada vez mais positiva.
O deslocamento do feixe de elétrons é Assim, o feixe eletrônico vai se
afastado pelo campo magnético da mesma deslocando da esquerda para a direita com
forma que é afetado pelo campo eletrostático. velocidade uniforme. A queda rápida da tensão

2-4
faz com que o feixe regresse em muito pouco FUNÇÕES BÁSICAS DOS CONTROLES
tempo, e esse tempo é denominado tempo de
retorno. a) Intensidade: varia a quantidade de
Dependendo da freqüência da tensão de elétrons que chega à tela.
varredura teremos na tela um traço horizontal.
Se bem que uma tensão alternada aplicada b) Focalização: os ânodos ajustam a
às placas horizontais produza também um traço focalização do feixe na tela por
horizontal, esta não é adequada com base de meio deste comando.
tempo linear porque não possui as c) Posição vertical e horizontal:
características desejáveis de uma tensão que se desloca o feixe para cima, para
eleva de zero ao máximo de modo linear e volta baixo, para esquerda ou para
a zero quase instantaneamente. direita respectivamente.
Para se examinar qualquer forma de onda
por intermédio do osciloscópio, é necessário que d) Entrada vertical: nessa entrada
apliquemos a tensão que se deseja analisar em aplicam-se os sinais a serem
suas placas de deflexão vertical e mantenhamos medidos pelo aparelho.
a tensão que se deseja analisar em suas placas
de deflexão vertical e mantenhamos a tensão de e) Entrada horizontal: normalmente
dente de serra em suas placas horizontais. Isto às placas horizontais está aplicado
fará com que o feixe eletrônico se desloque para um sinal periódico gerado interna-
cima ou para baixo e ao mesmo tempo para mente no osciloscópio, o sinal
frente. dente da serra, que tem uma
Quando a freqüência da tensão de velocidade de varredura constante
varredura for igual à freqüência da tensão na tela e faz com que o feixe vá de
aplicada nas suas placas verticais, surge um um lado à outro e o regresso não
ciclo na tela do TRC. seja observado.
Diz-se que a relação da freqüência entre a Injetando-se nessa entrada um
tensão de varredura e o sinal é de 1:1 (um para sinal estaremos modificando a
um). varredura; este procedimento é
Quando a freqüência da tensão de empregado em alguns casos, como
varredura é metade da freqüência do sinal na medida de fase entre dois sinais.
aplicado, teremos dois ciclos na tela do TRC,
f) Atenuador vertical:
conforme mostra a figura 2-10.
O sinal aplicado à entrada vertical
antes de ser levado às placas
defletoras, poderá ter sua
amplitude reduzida de múltiplos de
10.
g) Ganho vertical: permite variar de
maneira contínua a amplitude do
sinal, antes que ele seja levado às
Figura 2-10 placas defletoras.

Portanto, para se calcular o número de h) Ganho horizontal: permite variar a


ciclos que aparecem na tela de um osciloscópio amplitude ao longo do eixo X.
devemos empregar a seguinte equação:
i) Seletor de varredura: permite a
Freq. aplicada variação discreta na freqüência da
Número de ciclos: varredura interna.
Freq. de var redura

2-5
j) Varredura externa: usada quando sincronismo permite o ajuste
pretende-se atuar externamente nas desejado.
placas horizontais.
k) Seletor de sincronismo: o sinal
estará sincronizado quando
tivermos uma configuração estável
do mesmo na tela, o que
corresponde a um sincronismo de
varredura com o sinal aplicado às
placas de deflexão vertical. O
seletor deverá ser colocado na
posição LINHA para o
sincronismo com a rede; Figura 2-11 Exemplo de leitura com o
INTERNO para a varredura interna osciloscópio
e EXTERNO para a varredura
externa de um sinal colocado na Onde:
entrada horizontal.
Vp = valor de pico de tensão
l) Chave de sincronismo: uma vez Vpp = Valor pico a pico da tensão
escolhida a referência de
sincronismo, a chave de T = Período do sinal.

2-6
CAPÍTULO 3

REQUISITOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS

INTRODUÇÃO

O estudo referente à análise de circuitos


sob um ponto de vista completo, normalmente
envolve cálculos complicados e são muitos os
livros que podem ser encontrados tratando desse
assunto.
Aqui, abordaremos a análise de alguns
circuitos que empregam somente corrente
contínua, onde as impedâncias são Figura 3-2 Gerador de tensão real
essencialmente resistências lineares e as tensões
são constantes. Nota-se, em ambos os circuitos, uma seta
Para o estudo de circuitos elétricos, dois colocada ao lado da f. e m. A posição da seta é
objetivos principais são importantes: um, é para indicar que, caso a fonte atuasse sozinha,
determinar a impedância (ou resistência, para provocaria o movimento de cargas positivas no
circuitos de CC) de um dado circuito, entre dois sentido mostrado, indicando desta forma, o
pontos quaisquer; outro é determinar a corrente sentido da f. e. m. do gerador.
ou tensão através de um elemento qualquer do São vários os tipos de geradores de tensão
circuito, quando uma tensão é aplicada a uma e poderíamos citar, como exemplos típicos
outra parte do referido circuito. desses geradores encontrados na prática, as
fontes de C C reguladas, uma bateria ou
FONTES OU GERADORES DE TENSÃO circuitos seguidores de emissor etc.
CONSTANTE Os geradores de tensão constante têm
grandes aplicações em circuitos onde desejamos
Uma fonte de tensão é, na verdade, um que a tensão de saída seja estável ou constante.
gerador de tensão que possui uma resistência É o caso, por exemplo, dos reguladores de
interna muito baixa, entregando em sua saída tensão eletrônicos, cuja finalidade é manter uma
um valor de tensão constante, para uma extensa tensão constante nos seus terminais de saída,
gama de valores de carga a ele conectado. embora varie a tensão de entrada, ou o valor da
Existe o gerador de tensão ideal e o carga.
gerador de tensão real. No primeiro caso, a Ocorre, entretanto, que geradores de
diferença de potencial é mantida constante, tensão constante, a exemplo dos reguladores de
qualquer que seja a caga à qual esteja ligado. tensão eletrônicos, são constituídos de
Um gerador de tensão ideal, na prática, não dispositivos semicondutores, tais como: diodos
existe, pois todo gerador possui uma resistência comuns, diodos zener e transistores, isto sem
interna fazendo, com que a tensão nos seus falar de vários dispositivos totalmente
terminais dependa da carga, atuando, portanto, integrados, os chamados CI (circuitos
com um gerador de tensão real. Nas figuras 3-1 integrados). Portanto, uma análise, agora, destes
e 3-2 ilustramos esquematicamente os dois tipos circuitos, certamente estaria fora dos nossos
de geradores de tensão acima mencionados. objetivos iniciais. Circuitos dessa natureza
poderão ser abordados, quando tivermos alguns
conhecimentos básicos de dispositivos
semicondutores, numa fase mais adiantada do
nosso curso de eletrônica.
No nosso estudo referente à análise de
circuitos, faremos utilização de um dispositivo
gerador de tensão constante, chamado
“Equivalente de Thévenin”, muito empregado
na resolução de circuitos considerados
Figura 3-1 Gerador de tensão ideal complexos.

3-1
Este dispositivo eletrônico representa o
circuito equivalente de qualquer circuito
eletrônico, que tenha características de manter
uma tensão constante de saída.

FONTES OU GERADORES DE
CORRENTE CONSTANTE

Podemos definir fontes de corrente


constante como sendo dispositivos capazes de Figura 3-5 Representação simbólica de
fornecer uma corrente de valor constante a um gerador de corrente real
qualquer carga, desde um circuito aberto (carga
infinita) até um curto-circuito (resistência de Um gerador de corrente constante prático
carga zero). é, portanto, aquele capaz de estabilizar a
Um gerador de corrente constante ideal, corrente em uma carga que varia dentro de uma
na prática, não existe. O que existe é o gerador grande faixa de valores.
de corrente real, possuindo certas limitações, e Queremos chamar a atenção dos nossos
sendo capaz de manter constante a corrente nos leitores, para o seguinte: embora o assunto em
terminais da carga, dentro de uma faixa de pauta não se trate propriamente de geradores de
variações desta referida carga. corrente constante e geradores de tensão
As figuras 3-3 e 3-4 ilustram os dois tipos constante, achamos por bem, dar alguns
de geradores, que acabamos de mencionar. conceitos básicos, os quais julgamos de grande
Naturalmente, trata-se de uma representação utilidade para que, juntando aos demais assuntos
simbólica. que se seguirão, nos dêem uma melhor idéia
daquilo que pretendemos expor.
Na prática, os geradores de corrente
podem assumir diversas configurações. O que
vemos aqui, entretanto, serão alguns circuitos de
caráter puramente didáticos. Ocorre que, como
no caso dos geradores de tensão, os geradores
de corrente constante, na prática, envolvem
dispositivos semicondutores, tais como:
transistores, diodos, zener, etc. Uma análise,
agora, destes circuitos, estaria fora de nossas
Figura 3-3 Gerador de corrente ideal cogitações iniciais. O leitor poderá ter uma
noção bem melhor de fontes de corrente
constante (fontes práticas), no assunto referente
a dispositivos semicondutores.
Conhecemos pelo circuito da figura 3-6

Figura 3-4 Gerador de corrente real


Figura 3-6 Circuito básico de um gerador
O gerador de corrente ideal teria uma de corrente constante
altíssima resistência interna (idealmente
infinita). Um gerador de corrente real compõe- O circuito da figura 3-6 é constituído de
se de um gerador ideal em paralelo com sua um gerador de tensão, que tem conectado um
resistência interna. resistor em série. Este dispositivo se aproxima
Outro símbolo muito empregado para as relativamente bem de um gerador de corrente
fontes de corrente constante é o da figura 3-5. constante.

3-2
A bateria apresenta uma resistência Aumentemos, novamente nossa
interna muito baixa. Nós levamos em conta o resistência de carga, agora de 10 de vezes (RL =
valor dessa resistência interna. 9V
Mas é necessário levarmos em conta a 900 : ). Aplicando a fórmula i
90 K:  900:
resistência interna do conjunto, ou seja, do
teremos i 0,099mA, que, também, é um valor
nosso gerador. Essa resistência consideraremos,
a título de exemplo, como sendo igual a 90 K : bem próximo de 0,1mA.
(Ri = 90K : ). Se quisermos calcular o erro quando
Agora, vamos supor que uma carga foi utilizarmos a RL de 90 : a de 900 : , em
ligada ao nosso gerador. Esta carga é relação à corrente obtida para a condição de
representada por RL, que neste exemplo assume curto-circuito, é só utilizarmos a seguinte
um valor inicial de 0 (zero) : , conforme nos fórmula:
mostra o circuito da figura 3-7. I curto  I c arg a
% Erro x 100
I curto

Para fixarmos melhor esta nossa


seqüência de raciocínio observemos a tabela da
figura 3-9.

RI RL I CARGA ERRO
90K : Curto 0,1 mA 0%
90K : 90 : 0,0999 mA 0,1%
Figura 3-7 Circuito simplificado de um gerador
90K : 900 : 0,099 mA 1,0%
de corrente constante, com a saída
em curto-circuito. 90K : 9000 : 0,0909 mA 9,1%

Conforme vemos na figura 3-7, o valor da Figura 3-9 Percentagem de erro da corrente de
corrente que circula na carga, pode, facilmente carga, em função de RL e em
9V relação a corrente de curto-circuito.
ser obtido pela lei de OHM: i 0,1mA.
90K: Se usarmos a fórmula, seguindo os dados
Agora, substituamos RL (0 : ), por que uma RL da tabela da figura 3-9, vamos notar que, no
de 90 : . Aplicando a lei de OHM, teremos: caso do 90 : , o erro é de 0,1% enquanto que
90 v com RL igual a 900 : temos 1% de erro.
i .
90K:  90: Entretanto, se aumentarmos a carga para 9k : , a
corrente será 0,0909 mA, que corresponde a um
Observemos o circuito da figura 3-8. erro de 9,1%.
É importante observarmos que com uma
RL de até 900 : , seu valor é bem pequeno
quando comparado ao valor de Ri (90 k : ).
Neste caso, a variação de corrente entregue pelo
gerador se situa em 1%.
Carga igual a Com isso, podemos facilmente deduzir
um curto- que um bom critério para se obter uma fonte de
circuito corrente constante, é fazer com que sua
resistência interna seja, no mínimo, 100 vezes o
Figura 3-8 Gerador de corrente constante RL= valor da maior carga a ser utilizada. Isto nos
90 : assegura um erro máximo de 1%.
É importante observarmos, aqui, que não é
Calculando, então, a corrente, temos i =
o valor absoluto da resistência interna do
0,0999 mA. Este valor mudou pouco, em
gerador, que irá qualifica-lo como um “bom”
relação ao anterior (0,1mA).
gerador de corrente, e sim sua resistência
Para fins práticos, dizemos que a corrente
interna (Ri) comparada à resistência de carga
praticamente se manteve constante.
RL.

3-3
Ainda, com referência aos dados da Terminologia usual
tabela, podemos observar que, se quiséssemos
Como propósito de facilitar a análise de
utilizar uma RL = 9K : , teríamos que dispor de
circuitos elétricos, existem certos termos com os
uma Ri = 900 K : m no mínimo. Entretanto,
quais devemos nos familiarizar.
para que a corrente fosse mantida em 0,1 mA,
necessitaríamos de uma fonte de 90 V, o que a) Rede ou Circuito
nos levaria a uma solução não muito prática.
Dá-se o nome de rede a um conjunto de
Queremos lembrar, aqui aos nossos
condutores, geradores e receptores ligados de
leitores, que qualquer circuito capaz de manter
uma maneira qualquer, ou seja, em série em
uma corrente constante, independente do valor
triângulo, em paralelo, etc.
da carga ( dentro de certos limites) estará sendo
A figura 3-10 nos mostra um exemplo
representado por um circuito chamado
de uma rede ou circuito.
“Equivalente de Norton”.
Este será, portanto, nosso gerador de b) Nó de Intensidade ou Nó (ou ainda
corrente constante. A exemplo do “Equivalente NODO)
de Thévenin”, o “Equivalente de Norton”
Nó pode ser definido como a junção de
encontra muita aplicação na resolução de
três ou mais elementos componentes de uma
circuitos considerados complexos, conforme
rede. Se observarmos o circuito da figura 3-10,
veremos mais tarde nesse assunto referente a
vamos notar que existem pontos comuns a
análise de circuitos.
diversos condutores, ou geradores, ou
receptores. A exemplo temos os pontos a, c, e e
ELEMENTOS DE CIRCUITOS
f. Portanto, o Nó é o ponto de concorrência de
Denomina-se elemento de um circuito o três ou mais braços.
menor componente individual, que é
c) Braço ou Ramo
considerado na resolução de um problema. Tal
elemento pode ser uma simples resistência, uma Qualquer porção de uma estrutura (de
f. e. m., ou ainda um valor equivalente à um circuito), ligando diretamente dois nós, sem
associação de diversas resistências ou tensões. passar através de um terceiro, chama-se braço
Na figura 3-10 temos uma representação ou ramo. Na figura 3-10, podemos observar que
esquemática para ilustrar os elementos de um os elementos E1 e R1, por exemplo, constituem
circuito. um ramo que une os nós a e c; da mesma forma,
o elemento R2 forma o ramo que une os nós c e
f. Em um braço ou ramo, todos os elementos
que nele figuram estão em série. Neste circuito
temos seis braços.
d) Laço de Circuito
Observando a figura 3-10, notamos um
circuito fechado a, b, c, f, a, incluindo E1, R1,
R2 e R6. Isto constitui exemplo do laço ou
“loop”. Desta forma podemos dizer que o laço é
a combinação de todos os elementos formadores
Figura 3-10 Diagrama para ilustrar os elementos de um circuito fechado. Outros exemplos de
de um circuito laço: abcdefa, fcdef, etc.
Na figura 3-10, E1, E2, E3, R1, R2, R3 e e) Malha
R4 são elementos do circuito. É importante Podemos dizer que a malha é o menor
ressaltarmos que E1, E2 e E3 podem representar laço. A malha nada mais é do que um laço, que
uma simples pilha, um gerador, ou mesmo uma não pode ser subdividido em outros. São
fonte eletrônica (um retificador, por exemplo). exemplos de malhas: abcfa, fcdef e afegha.
Da mesma forma, R!, por exemplo, tanto Portanto, a malha é todo circuito
pode ser um simples resistor, quanto a fechado que possa ser considerado dentro da
resistência à CC de um indutor, etc. rede, que não pode ser dividido.

3-4
TEOREMAS DAS ESTRUTURAS Em outras palavras: “a soma
ELÉTRICAS algébrica de todas as quedas de potencial e a
f.e.m. devem ser iguais a zero”. R x I – E = 0
Os teoremas a serem abordados aqui,
serão enumerados sem qualquer comprovação. 2. Aplicação das Leis de Kirchoff
Existem quatro teoremas largamente
Para aplicarmos as leis de Kirchoff aos
empregados na análise de circuitos, e que
circuitos elétricos, levamos em conta o sentido
constituem a base para muitos outros teoremas
do fluxo de elétrons através desses circuitos. Em
existentes, São eles: Leis de Kirchoff, Teorema
conseqüência usamos normalmente sentidos
de Thévenin, Teorema de Norton e Teorema de
arbitrários de circulação, desde que não sejam
Superposição.
evidentes os sentidos reais.
1. Leis de Kirchoff
Devemos empregar, por exemplo, a lei das
Fundamentalmente existem duas Leis de correntes ou lei dos nós, a fim de reduzirmos o
Kirchoff para o estudo das estruturas: número das correntes desconhecidas. Em
seguida escrevemos uma equação de Kirchoff
a) Primeira Lei de Kirchoff ou Lei dos relativa á segunda lei, ou lei das malhas, para
Nós cada circuito fechado do conjunto; e assim
prosseguimos, escrevendo equações de modo
“A soma das correntes que entram que cada elemento do conjunto seja usado pelo
em um nó, é igual à soma das correntes que menos uma vez em uma das equações. Deste
saem do nó”. É o que nos ilustra a figura 3-11. modo, resolveremos as equações resultantes,
determinando, em seguida, o valor de cada
corrente.
De um modo geral, é possível prescrever
várias regras que nos levem a escrever equações
de tensão, ou mesmo de corrente, para qualquer
circuito, todas conduzindo-nos a um resultado
correto. Entretanto, para atender nossos
objetivos, iremos nos limitar às seguintes regras:
a) uma rede contendo b ramos, necessita
Figura 3-11 Ilustração da primeira Lei de de b equações para a solução do
Kirchoff problema, já que, para cada ramo há
Da mesma forma, é válido enunciar uma corrente.
que: “a soma algébrica das correntes que entram b) começamos sempre aplicando
e saem de um nó é nula”. Então podemos inicialmente a lei dos nós.
escrever inicialmente, que:
i i  i i  i c) se houver n nós aplicamos a primeira
1 2 3 4 5
lei n-1 vezes, conseguindo n-1
ou então: equações independentes entre si.
i1  i2  i3  i4  i5 0 d) em virtude de serem necessárias b
equações e a primeira lei ser utilizada
b) Segunda Lei de Kirchoff ou Lei das n-1 vezes, podemos aplicar a segunda
Malhas lei, b-(n-1) vezes, ou seja, igual ao
número de malhas.
Esta lei é relativa às tensões,
podendo ser enunciada da seguinte maneira: e) devemos atribuir, arbitrariamente, um
sentido para a corrente em cada braço
“Em qualquer circuito elétrico
ou ramo do circuito.
fechado, a soma algébrica das quedas de
potencial deve ser igual à soma algébrica das f) é necessário atribuirmos, também, um
elevações de potencial”. sentido de percurso para cada malha.
R . I (Queda de potencial) = E (Ele- g) a força eletromotriz terá sinal
vação de potencial) positivo, desde que não se oponha ao

3-5
sentido de percurso adotado; isto é , os produtos iR e iR são todos antecedidos de
2 1
terá sinal positivo quando o sentido
um sinal positivo.
do percurso bater no pólo positivo da
Assim, podemos afirmar, para o circuito
bateria.
da figura 3-12, que:  E  iR1  iR2  iR3 .
h) quando um resistor for percorrido Isto está de acordo com a 2ª Lei de
por uma corrente que tenha o mesmo Kirchoff, que diz: “Em qualquer circuito
sentido que aquele arbitrado para o fechado, a soma algébrica das quedas de
percurso, o produto I x R será potencial deve ser igual à soma algébrica das
positivo. Em caso contrário, esse elevações de potencial”.
produto será negativo. Conforme já dissemos anteriormente, as
i) se obtivermos um resultado negativo “elevações de potencial” são as fontes E. No
de corrente, isto significará que o nosso exemplo, em questão, só existe uma
sentido arbitrado inicialmente é fonte, embora pudesse haver mais de uma, como
oposto ao verdadeiro; entretanto, o teremos oportunidade de ver em exemplos
valor numérico não se alterará. subseqüentes.

(1) Exercícios de fixação (b) Seja, agora, o circuito da


figura 3-13.
(a) Seja o circuito da figura 3-12
no qual queremos aplicar as leis de Kirchoff.
Sentido do
percurso
adotado
Sentido do
percurso
adotado

Figura 3-13 – Circuito para análise das leis de


Kirchoff

Figura 3-12 Circuito para análise das Leis de O circuito da figura 3-13 ainda é
Kirchoff relativamente simples, contendo dois geradores:
E e E . Observemos o sentido de percurso
Observando o circuito da figura 3-12, 1 2
vemos que se trata de um circuito bastante adotado. É o sentido ABCDA. Partindo do
simples. Trata-se de um circuito série contendo ponto A, seguindo a direção ABCDA, notamos
um único gerador. que a ponta da seta indicadora do percurso
Agora, precisamos atribuir um sentido aponta para o positivo da fonte E . Esta seta
1
arbitrário para a corrente, dentro da malha, não vai de encontro ao negativo de E . Assim
conforme ilustração na figura 3-12. É necessário 1
que atribuamos, também, um sentido de sendo, encontramos, a partir do ponto A, a
percurso, para o nosso circuito. primeira tensão E , que é positiva, e vai ser o
1
Suponhamos, então que o nosso percurso primeiro termo da nossa equação. Continuando
seja este: ABCDA. Deste modo, partindo do nosso movimento de acordo com a orientação
ponto A, e movendo-se na direção ABCDA, indicada, vamos encontrar o segundo termo do
encontramos, inicialmente, a tensão E, que é primeiro membro de nossa equação. Trata-se da
positiva no ponto A. Daí, dizemos que a fonte E fonte E .Só que tem um detalhe: a ponta da seta
2
tem sinal positivo, porque ela não se opõe ao
sentido arbitrado para o percurso. Portanto, o vai de encontro ao negativo da fonte.
primeiro termo de nossa equação é +E. Então, nós dizemos que a f.e.m. está se
Vejamos, em seguida, as quedas do opondo ao sentido de percurso adotado. Por este
potencial (i.R): ora, no nosso exemplo, a motivo o 2º termo de nossa equação é negativo
corrente que passa pelos resistores tem o mesmo (  E ) . Quanto aos produtos iR, todos serão
2
sentido que o arbitrado para o percurso. Logo, positivos, pois a corrente i, que passe pelos

3-6
resistores, tem sentido igual ao arbitrado para o Uma vez achada a corrente, as quedas de
percurso. potencial podem ser facilmente encontradas.
Portanto, de acordo com a 2ª Lei de É importante observarmos que, se o
Kirchoff, podemos dizer que: sentido da corrente fosse arbitrado ao contrário,
certamente teríamos um resultado positivo para
E E iR  iR
1 2 1 2 a corrente, indicando, desta forma, que o sentido
arbitrado anteriormente para “i”, estaria errado.
Invertendo as posições dos membros da
Em ambos os casos, o resultado da corrente, em
equação e colocando o fator i em evidência,
módulo é o mesmo.
temos:
iR  iR
1 2
E E
1 2
(d) O circuito que analisaremos,
agora, já não é tão simples quanto os três
i (R  R ) E E primeiros.
1 2 1 2

Agora, tirando o valor de i, vem:


E  E
1 2 Sentido do
i
R  R percurso
1 2
nas malhas
(c) Vejamos na figura 3-14 um I e II
circuito idêntico ao anterior, sendo que seus Figura 3-15 Circuito para cálculo das leis
elementos têm valores numéricos. de Kirchoff

Cabem aqui, algumas considerações


Sentido importantes, a saber:
de per-
curso
1. Como existem dois nós, D e C,
adotado temos uma equação para a
primeira lei, ou Lei dos Nós.
Observando o circuito notamos
que a corrente I1 se subdivide em
I2 e I3 ; portanto: I1 = I2 + I3
Figura 3-14 Circuito para comprovação das (primeira equação).
Leis de Kirchoff
2. No circuito temos 2 malhas,
Adotando o sentido ABCDA para o portanto a segunda lei será escrita
percurso, bem como o sentido adotado para a duas vezes.
corrente, e aplicando a segunda lei de Kirchoff,
3. Como no circuito há três ramos,
teremos:
teremos 3 equações: uma para a
corrente e duas para as tensões.
+E1 – E2 = iR1 + iR2 + iR3
4. Aplicando a segunda lei na malha
Colocando “i” em evidência e tirando o I, adotando o percurso ABDCA,
seu valor na equação, teremos: obtemos:
-E1 = -I1R1 – I3R3 ?
E1  E2
i -10V = -20I1 – 10I3 (segunda equa-
R1  R2  R3 ção)

Substituindo o numerador e o 5 Aplicando a segunda lei na malha


denominador por seus respectivos valores, vem: II, adotando o percurso CDFEC,
obtemos:
4V  8V +E2 = +I1R1 + I2R2 ?
i i  0,25 A
2: 10:  4: +10V = 20I1 + 10I2 (terceira
equação)

3-7
6 Temos então três equações com
incógnitas. Para resolvermos
devemos fazer uso de um método
simples conforme se segue.
(a) Substituímos a primeira
equação (corrente) em uma das
equações de tensão, obtendo uma Figura 3-16 Circuito para análise das leis de
quarta equação de tensão. Kirchoff
Substituímos o valor de I3 na Para encontrarmos os valores de I1, I2
segunda equação teremos: e I3, seguiremos os sete passos
I 3 = I 1 – I2 seguintes.
+10 = + 20I1 + 10(I1 – I2) ? 1 Pela primeira Lei de Kirchoff, ou
Lei dos Nós, obtemos a seguinte
+10 + 30I1 – 10I2 (quarta
equação: I3 = I1 + I2 (equação I)
equação). Esta quarta equação
possui as mesmas incógnitas que a 2 Na malha I, pela segunda Lei de
terceira equação, assim podemos Kirchoff, obtemos:
compara-las, arranja-las e soma- -E2 = I1R1 – I2R2
las, obtendo: -5V = 5I1 – 5I2 (equação II)
20 = 50I1 ? 2 = 5I1 ? 3 Na malha II, pela segunda Lei de
I1 = 2/5 A = 0,4 A Kirchoff, obtemos:
(b) Substituímos I1 na segunda E1 + E2 = I2R2 + I3R3
equação e obtemos: 10V = 5I2 + 5I3 (equação III)
10 = 20 x 0,4 + 10I3 ? 4 Substituímos a equação I na
10  8 equação III:
10 = 8 + 10I3 ? I 3 10V = 5I2 + 5(I1 + I2)
10
10V = 5I2 + 5I1 + 5I2
I3=0,2A
10V = 5I1 + 10I2 (equação IV)
(c) Como I1 = I2 + I3 Comparamos a equação IV com
a equação de tensão que ainda
I2 = I1 – I3 = 0,4 – 0,2 = 0,2A não foi usada, que é a II, que
possui as mesmas incógnitas que
ou substituindo I1 na terceira a equação IV. Se multiplicarmos
equação obtemos: a equação II por –1 podemos
cancelar I1 e encontrar o valor de
+10 = 20I1 + 10I2 ? I2 .
Somando II com IV, obtemos:
+10 = 20 x 0,4 + 10I2 ?
5V = - 5I1 + 5I2
I2 = 0,2A 10V = +5I1 + 10I2
15V = 15I2
7 Verificando a primeira equação ? I2 = 1A
I1 = I2 + I3 então 0,4 =
5 Aplicando o valor de I2 na
0,2A+0,2A. Esta equação está
equação II obtemos o valor de I1:
correta com o resultado que
obtemos. Podemos também -5V = 5I1 – 5I2
verificar a igualdade de todas as -5V = 5I1 – 5
equações e chegamos à conclusão
5I1 = 0 ? I1 = 0
que estão corretas.
6 Aplicando o valor de I2 na
e) Analisemos, agora, o circuito da equação III obtemos o valor de I3
figura 3-16. 10V = 5I2 + 5I3

3-8
10V = 5V + 5I3 DIVISOR DE TENSÃO E DIVISOR DE
CORRENTE
5I3 = 10V – 5v
Afim de melhor compreender como surgirão
5I3 = 5V ? I3 = 1A as fórmulas de tensão e corrente nos teoremas de
7 Fazendo a verificação de cada Thévenin e Norton analisaremos os divisores de
equação teremos: tensão e corrente, conforme demonstrado a seguir.
a. I3 = I2 + I1 ? 1A = 1A + 0 Divisor de tensão
b. -5V = 5I1 – 5I2
-5V = 5 x 0 – 5 x 1A
-5V = -5V
c. 10V = 5I2 + 5I3
10V = 5 x 1A + 5 x 1A
10V = 5V + 5V
10V = 10V Figura 3-17 Divisor de tensão
d. 10V = 5I1 + 10I2
10V = 5 x 0 + 10 x 1A No circuito da figura 3-17 temos:
10V = 10V ET = E1 + E2 e IT = I1 = I2
Todas as equações formam uma ET E E2
IT ; I1 1 ; I 2
igualdade e chegamos à R1  R2 R1 R2
conclusão que estão corretas.
ET E1 E2
Método para resolver Kirchoff com duas
malhas: R1  R2 R1 R2

1- Tirar uma equação para as correntes; a) Cálculo de E1 :


ET E1 ET x R1
2- Tirar duas equações para a tensão, ? E1
uma equação para cada malha; R1  R2 R1 R1  R2

3- Substituir a equação das correntes em b) Cálculo de E2 :


uma das equações de tensão obtendo ET E2 ET x R2
uma quarta equação; ? E2
R1  R2 R2 R1  R2
4- Esta quarta equação possui as mesmas
incógnitas que a equação de tensão
que não foi usada; c) A finalidade do divisor de tensão é nos
proporcionar o cálculo de queda de
5- Preparamos esta quarta equação e tensão nos resistores sem o uso da
somamos com a equação ainda não corrente do circuito.
usada eliminando uma das incógnitas e
encontrando o valor de uma das
correntes; Divisor de corrente

6- Por substituição obtemos os outros


valores de corrente do circuito;
7- Fazemos a verificação de todas as
equações da resolução do problema e
se todas formarem uma igualdade os
resultados estarão corretos;
8- Observação: Em todas as substituições
considere o módulo e o sinal
encontrados. Figura 3-18

3-9
No circuito da figura 3-18 temos: desejamos encontrar o valor e o sentido das
IT = I1 + I2 e ET = E1 = E2 correntes em R1, R2 e R3.
R1 x R2
ET IT x ; E1 I1 R1 ; E2 I 2 R2 ?
R1  R2
R1 x R2
IT x I1 R1 I 2 R2
R1  R2
a) Cálculo de I1
R xR Figura 3-19
IT x 1 2 I1 R1
R1  R2
R1 x R2 Primeiramente usaremos E1 e
x IT substituiremos E2 por um curto (consideramos
R1  R2 R1 x R2 x IT 1 E2 com Ri = 0).
I1 x
R1 R1  R2 R1
1
IT x R2
I1
R1  R2
b) Cálculo de I2
R 1 x R2
IT x I 2 x R2 Figura 3-20
R1  R2
R1 x R2 R2 x R3
IT x RT = R1 + 63 9:
R1  R2 R1 x R2 x IT 1 R2  R3
I2 x
R2 R1  R2 R2
ET = R1 = 4V
1
IT x R1 4V
I2 I T I R1 0,444 A
R1  R2 9:
c) A finalidade do divisor de corrente é As correntes no circuito ficam como
nos proporcionar o cálculo da corrente distribuídas a seguir:
que passa por um braço do circuito
sem o uso da tensão do circuito.

TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO

Enunciado

O teorema da superposição estabelece que Figura 3-21


“em qualquer rede contendo uma ou mais fontes
de tensão (e/ou corrente), a corrente em Em seguida usaremos E2 e substituiremos
qualquer elemento do circuito é a soma E1 por um curto (também consideramos R1 de
algébrica das correntes que seriam causadas por E1 = 0).
cada fonte individualmente, estando as demais
substituídas por suas respectivas resistências
internas”.

Aplicação

Para ilustrar a aplicação do teorema


vamos analisar o circuito da figura 3-19, onde Figura 3-22

3-10
R1 x R2 TEOREMA DE THÉVENIN
RT R3  63 9:
R1  R2
Nem sempre as leis de Ohm e de Kirchoff
ET = E2 = 6 V constituem a ferramenta necessária para a
resolução de circuitos mais complexos.
6V
IT I R 3 0,666 A O teorema de Thévenin faz parte de um
9 grupo de teoremas sobre estruturas elétricas
As correntes no circuito ficam como complexas, possibilitando-nos meios mais
distribuídas na figura 3-23: eficazes para a análise simplificada de circuitos
dessa natureza.
A técnica utilizada possibilita a redução
de um circuito complexo a um circuito
equivalente simples, que passa a atuar como a
rede original.
O teorema de Thévenin pode ser
enunciado da seguinte maneira: “qualquer rede
de dois terminais pode ser substituída por um
circuito equivalente simples, constituído por um
gerador, chamado gerador de Thévenin, cuja
Figura 3-23 tensão ETH, atuando em série com sua
resistência interna RTH, obriga a corrente a fluir
Como último passo fazemos a através de uma carga” (Ver a figura 325 b).
superposição das correntes causadas por E1 e
por E2.
Em R1 a corrente real será a soma
algébrica de 0,444A e 0,333A no mesmo a
sentido, de F para A, de onde IR1 = 0,777 A.
Em R2 obtemos 0,333A de E para B, e
0,222A de B para E;. O resultado final é de
0,111A no sentido de E para B.
Em R3 obtemos 0,222A e 0,666A no
mesmo sentido, de C para D, de onde IR3 =
0,888A. b
O resultado final está mostrado a seguir na
figura 3-24.
Verificação:
IR3 = IR1 + IR2 Figura 3-25
0,888A = 0,777A + 0,111A. Os circuitos a seguir nos mostram uma
De acordo com a primeira Lei de Kirchoff sequência de operações, que visam a determinar
está correto. os dois elementos fundamentais constituintes do
teorema de Thévenin, ou seja, ETH e RTH.

Figura 3-24 (a)

3-11
terminais de carga aberta, quando olhamos para
a rede original, estando as fontes de tensão do
circuito substituídas por suas resistências
internas.
A figura 3-26c, ilustra o que acabamos de
mencionar. Neste caso, a fonte foi curto-
circuitada e o circuito passou a ter: R1 em série
(b)
com R2; e as duas em paralelo com R3. Deste
modo, a resistência equivalente entre os pontos
A e B é 100:, que é a resistência de Thévenin.
3 – Agora, resta-nos fazer o equivalente
de Thévenin, para o circuito da figura 3-26 a. É
o que nos mostra a figura 3-26d.
Aí temos uma fonte de tensão de 50V, que
(c) é o gerador de Thévenin; em série com esta
fonte temos uma resistência, que é a de
Thévenin (100:).
Este circuito, portanto, é capaz de fazer
fluir uma corrente (iL) através de uma carga
(RL), substituindo o circuito da figura 20a.
Para calcularmos a corrente iL no circuito
(d) da figura 3-26d é só empregar a Lei de Ohm:

200 (195  5) ETH 50V


RTH 100: iL # 0,111A
200  195 5 RTH  RL 100:  350:
Figura 3-26
Bem, agora, perguntamo-nos: que
Vejamos agora, algumas regras usadas na vantagem seria empregarmos tal método na
determinação de ETH e RTH: resolução dos circuitos, uma vez que,
1 – Entendemos por tensão de Thévenin aparentemente as coisas se tornaram mais
(ETH) aquela tensão vista nos terminais de complicadas, pois se trata de um circuito muito
carga, no circuito original, estando a resistência simples, podendo ser resolvido pela aplicação
de carga removida, isto é, tensão em circuito das leis de Ohm e de Kirchoff ?
aberto. É o que nos ilustra a figura 3-26 b. Realmente, para o circuito que acabamos
Conforme observamos na figura 3-26 b, de analisar, isto constitui uma verdade.
para calcularmos a tensão de Thévenin (ETH), Entretanto a veracidade do teorema de Thévenin
removemos a carga RL. Neste caso a tensão de torna-se evidente se modificarmos o circuito.
Thévenin é a tensão vista nos terminais em Para isto, vamos supor que quiséssemos
circuito aberto A-B. Isto significa que a tensão achar o valor da corrente IL quando RL
de Thévenin é a própria queda de tensão em R3. assumisse diversos valores, como por exemplo:
Assim, basta calcularmos a corrente total do
circuito e multiplicamos por R3: RL1 = 20:
RL2 = 50:
E RL3 = 100:
VR3 it x R3 x R3
R1  R2  R3 RL4 = 1200:
100V
x 200 : 50V Se fôssemos aplicar as leis de Ohm e de
5 : 195 :  200 :
Kirchoff, por exemplo para calcular a IL em
Portanto, temos que: VR3 = VAB = cada RL diferente, não resta dúvida que seria
um trabalho bem laborioso. Entretanto,
ETH = 50 V calculando o equivalente de Thévenin,
2 – Quanto à resistência de Thévenin facilmente determinamos os valores de corrente
(RTH), trata-se da resistência vista dos para cada valor diferente de RL, uma vez que

3-12
ETH e RTH, são grandezas independentes do
valor de RL.
Vejamos mais um exemplo bem simples,
de aplicação do teorema de Thévenin, para em
seguida entrarmos na análise de circuitos mais
complexos.

Figura 3-29 Ilustração do teorema de Thévenin

Precisamos encontrar o equivalente de


Thévenin para o circuito da figura 3-29. Vamos
abrir o circuito nos pontos A e B, pois R2
Figura 3-27 representa nossa RL. O circuito passa a ser
como o da figura 3-30.
Para calcularmos a tensão de Thévenin
(ETH), basta acharmos a tensão entre os pontos
A e B. Portanto, ao retirarmos RL do circuito, a
E
tensão VAB =ETH = x R2
R1  R2
E x R2 E x R2
= x ETH sendo igual a Figura 3-30 R2 removida do circuito
R1  R2 R1  R2
As fontes E1 e E2 estão em oposição. Logo
equivale à f.e.m. do gerador equivalente de a corrente total será:
Thévenin.
Agora, com a fonte “E” em curto-circuito, 20V 10V 10V
It 0,5 A
passemos ao cálculo de RTH, que por natureza 15:  5: 20:
R1 x R2 Esta corrente, passando em R3 produzirá
do circuito, será: RAB RTH
R1  R2 uma queda de tensão de 2,5,V; e passando em
R1 produzirá uma queda de tensão de 7,5 V.
Finalmente, teremos o circuito equivalente Assim, já podemos achar a tensão VAB que será
de Thévenin, seguido dos seus elementos 12,5 V, conforme ilustrado na figura 3-31.
fundamentais, (RTH e ETH), conforma a figura
3-28 a seguir.

Figura 3-31 Potencial entre os pontos A e B,


igual a 12,5 V

Pelo exposto no circuito da figura 3-31,


Figura 3-28 observamos que a fonte E1 é que determina o
fluxo de corrente, pois esta fonte tem valor
R1 x R2 E x R2 maior que E2. Assim sendo, de acordo com o
RTH ETH sentido de corrente estabelecido, temos que,
R1  R2 R1  R2 pelo lado de E2, a tensão VAB = E2 + VR3, pois
estas duas tensões estão em série e se somam,
Vamos supor que quiséssemos calcular a dando VAB = 12,5 V.
potência dissipada no resistor R2 do circuito da Pelo lado de E1, a tensão VAB = E1 - VR1,
figura 3-29, aplicando o teorema de Thévenin. pois estas duas tensões estão se opondo.

3-13
Logo: VAB = 20V – 7,5V; ou VAB =
12,5V. Portanto, sendo VAB = 12,5V,
concluímos que a tensão de Thévenin é 12,5V.
Agora vamos calcular a resistência de
Thévenin. E só abrir o circuito da figura 3-29
nos terminais A e B e curto-circuitar as fontes
E1 e E2.
O circuito ficará como o da figura 3-32a e
3-32b. Figura 3-34 a

(b)
b

Figura 3-32

Assim, podemos fazer o equivalente de


(c)
Thévenin para o circuito da figura 3-29, usando
o circuito da figura 3-33.

(d)

Figura 3-33 Equivalente de Thévenin

Deste modo, ficou fácil calcularmos a


potência de R2 É só achar a corrente total,
elevar ao quadrado e multiplicar por R2. Isto
pode ser feito da seguinte maneira: (e)

ETH
It ; (It)2 x R2 = P2. Ou seja:
RTH  R2
12,5V 2
P2 ( ) x 10: 8,28W .
13,75 :
Outros exemplos

Exemplo 1 (f)
Vamos encontrar o equivalente de
Thévenin do circuito da figura 3-34 a. Figura 3-34 Ilustração do teorema de Thévenin

3-14
Solução:
Primeiro removemos a carga. Então,
determinamos a Resistência de Thévenin
(RTH), substituindo o gerador pela sua
resistência interna, conforme nos mostra a parte
“b”. A rede fica então simplificada (parte c).
A tensão em circuito aberto, ETH, é
determinada deixando-se a carga desconectada Figura 3-35 e
(circuito aberto em A-B). Nestas condições
temos 3V em A-B (parte d).
Esta tensão de circuito aberto é
representada como um gerador de tensão
constante (parte e). Finalmente, temos os
circuitos das partes “c” e “e”, que são
combinados para produzir o Equivalente de
Thévenin, conforme a parte “f”. Figura 3-35f

Figura 3-35 Ilustração do Teorema de


Exemplo 2 Thévenin
Vamos encontrar o Equivalente de
Thévenin do circuito da figura 3-35 a. Solução ;
Vamos remover a carga. Em seguida,
olhando para dentro dos terminais A e B,
determinemos a resistência de Thévenin (b).
Deste modo, o gerador de corrente de 10A foi
substituído por uma resistência infinita (circuito
aberto). Utilizando a fórmula a seguir,
(R  R ) R
RTH R4  1 2 3 , podemos encontrar a
Figura 3-35 a ( R1  R2 )  R3
resistência equivalente, que é a resistência de
Thévenin. Pela parte “b” podemos observar que
R1 e R2 estão em série, e ambas estão em
paralelo com R3.. A resultante deste conjunto
está em série com R4. Então, substituindo na
fórmula os valores das resistências, teremos (na
parte ”c”):

Figura 3-35 b (100  500) 200


RTH 1K  =
(100  500)  200
600 x 200
= 1000  1000 150 ? RTH = 1150:
800
Na parte “d” observamos que uma porção
da corrente do gerador produz uma queda de
Figura 3-35 c voltagem em R3. Aliás, não flui corrente em R4,
pois o circuito está aberto neste ponto. Em
consequência, a corrente de R2 é a mesma de R3.
Assim, a queda de tensão em R3 é a tensão de
Thévenin, pois é a tensão em circuito aberto.
Observando, portanto, a parte “d”, notamos que
10A entram no circuito pelo gerador. Temos
dois ramos de corrente, I1 e I2, uma vez que A-B
Figura 3-35d está aberto, conforme já mencionamos.

3-15
O ramo de I2 possui uma resistência de
700: e o outro 100:. O ramo de R3 é o que nos
interessa, uma vez que precisamos conhecer a
queda de tensão em R3. Sabemos que correntes
em ramos paralelos se dividem inversamente
proporcionais às resistências. Portanto, podemos
afirmar que em R1 passa uma corrente sete
vezes maior que a do ramo de R2 com R3, pois
R1 = 100:, e R2 + R3 = 700:. Isto nos leva a
escrever o seguinte:
I1 + I2 = It = 10A Figura 3-36
I1 = 7 I2
10 Pela figura 3-36b observamos que a
7 I2 + I2 = 10A; 8 I2 = 10A ? I 2 1,25 A corrente de Norton (In) é distribuída entre a
8
resistência de Norton (Rn) e a resistência de
Mas, I2 = I3 = 1,25A. Então, VR3 = I3 x R3 = carga (RL). Podemos observar pelo circuito da
= 1,25 x 200 = 250V. Assim, VR3 = VAB = figura 3-36b, que: ERL = ERn. Ora, ERL = IL x
= ETH = 250V. RL; ERn = I1 x Rn e In = I1 + IL. Assim sendo
, podemos estabelecer a seguinte proporção:
Na parte “f” temos o equivalente de
Rn IL
Thévenin, constituído por um gerador de tensão .
constante e sua resistência interna. RL I1
Aplicando uma das propriedades das
TEOREMA DE NORTON proporções, teremos:

Até aqui observamos o uso do teorema de Rn  RL IL  I1


ou, então, IL(Rn + RL) =
Thévenin na simplificação da análise dos Rn IL
circuitos de malhas complexas, pela substituição
do circuito original por um circuito equivalente Rn ( IL  I1) Rn x In
= Rn(IL + I1) ? IL = .
envolvendo uma fonte de tensão constante, e o Rn  RL Rn  RL
gerador de Thévenin (ETH), atuando em série
com uma resistência interna (RTH). Portanto, para calcularmos a corrente em
O gerador de Thévenin fornece corrente à RL, basta usarmos a fórmula:
resistência de carga RL. In x Rn
Estudaremos agora, o teorema de Norton, IL
que emprega uma técnica bem semelhante à Rn  RL
empregada pelo teorema de Thévenin, e que
pode ser enunciado do seguinte modo: “Dois Seja agora, o circuito da figura 3-37
terminais de uma rede podem ser substituídos
por um circuito equivalente, que consiste de um
gerador de corrente constante In, em paralelo
com sua resistência interna Rn”.
Na figura 3-36 vemos uma malha original
atuando como um bloco bem como seu circuito
equivalente.
Figura 3-37a

Figura 3-37b

3-16
Figura 3-37c

Figura 3-38

Inicialmente, estabelecendo um curto-


circuito em RL, forçosamente R3 ficará em
curto, o que nos permite empregar a seguinte
Figura 3-37d fórmula:

Vamos determinar o equivalente de E 100V 100V


Norton para o circuito da figura 3-37. IN 500m A
R1  R2 5:  195: 200:
Para isto, inicialmente, coloquemos A e B
em curto-circuito, ou seja, daremos um curto em
RL.
Deste modo, a corrente externa será:
E
I AB I N . Em seguida achemos a
R1
R1 x R2
resistência de Norton: RAB , estando a
R1  R2 Figura 3-39
fonte em curto-circuito (3-37c).
Assim, podemos escrever duas regras O circuito da figura 3-39 ilustra o que
simples, para determinação da corrente e da acabamos de mencionar. A corrente IN é a
resistência de Norton: corrente que flui no curto-circuito (RL = 0).
a) A corrente de Norton IN é uma Em seguida, calculamos a resistência de
corrente constante que flui num Norton. Para tal, podemos utilizar o circuito da
curto-circuito entre os terminais figura 3-40.
da resistência de carga, quando
esta é substituída por um curto-
circuito (figura 3-37b).
b) A resistência de Norton RN é
aquela resistência vista dos
terminais da carga aberta,
olhando-se para a malha, quando
sua fonte de tensão é substituída
por sua resistência interna (RN é Figura 3-40
definida da mesma maneira que a
resistência de Thévenin – RTH), Desta forma, teremos:
conforme a figura 3-37c. Na
figura 3-37d temos o equivalente 200(5 195)
de Norton: um gerador de RN = RAB = 100 Ohm
200  (5 195)
corrente constante IN com sua
resistência interna, em paralelo
Finalmente, observando o circuito da
RN.
figura 3-41, temos o circuito equivalente,
Consideremos o circuito da figura 3-38, contendo a corrente de Norton, a resistência de
no qual desejamos calcular a IN, RN e IL. Norton e a corrente IL.

3-17
A corrente de Norton, na realidade, é a
corrente que passa em R4, estando RL em curto.
Sendo It = 1,8 A, IN será: It – IR3. Ou então,

ER 3 12V
IN 0, 6 A.
R4 20 :

Passemos agora ao cálculo de RN, que é a


Figura 3-41
resistência vista dos terminais da carga aberta:
Pelo que já conhecemos, IL facilmente
( R1  R2 ) x R3
pode ser calculada da seguinte maneira: RN R4 
R2  R1  R3
I N x RN 500 x 10 3 x 100 10 x 10
IL 111mA 20  25 Ohms
RN  RL 100  350 20
E, agora, de acordo com a figura 3-42b,
Vejamos mais um exemplo simples de passemos ao cálculo de It. Portanto, IL =
aplicação do Teorema de Norton, ilustrado na
figura 3-42. 0, 6 x 25
0,12 A
25  100

Outros exemplos:
Vamos achar o equivalente de Norton da
figura 3-43a.

Solução: Inicialmente vamos encontrar a


resistência de Norton que, conforme já
Figura 3-42a mencionamos anteriormente, é definida da
mesma maneira que a resistência de Thévenin
(RTH). Portanto, abrindo o circuito da parte”a”
nos pontos A e B, temos dois resistores de 6:
em paralelo, conforme nos mostra a figura 3-
43b. Na figura 3-43c temos a resistência
equivalente (RN).

Figura 3-42b

Primeiramente daremos um curto-circuito


em RL, no circuito da figura 3-42a, para
calcularmos a IN. Deste modo, teremos R3 em
paralelo com R4 e a resultante das duas, em
série com R1 e R2.
Assim, teremos uma Rt = Figura 3-43a

R3 x R4 10 x 20
R1  R2  1 9 
R3  R4 10  20
10  6,67 16,67 Ohms. ? Rt 16,67 Ohms,

Ea 30
Portanto, I t = 1, 8 A
It 16, 67 Figura 3-43b

3-18
Figura 3-43c
Figura 3-44b

Figura 3-43d
Figura 3-44c

Figura 3-43e Figura 3-44d

Figura 3-44e
Figura 3-43f
Figura 3-43 Ilustração do Teorema de Norton
Para calcularmos a corrente de Norton (IN)
basta colocarmos um curto entre os pontos A e
B da figura 3-43d. A corrente no curto-circuito é
a corrente de Norton. Neste caso, IN é igual à
corrente total, podendo ser calculada assim: Figura 3-44f
6V
IN 1 A. Então, na parte”c” temos a Figura 3-44 Ilustração do Teorema de Norton
6
corrente equivalente de Norton (IN). Juntando a
Solução: Na figura 3-44b a carga foi
resistência equivalente (parte “c”) à corrente
removida. Aí, temos R1 em série com R2. Estes
equivalente (parte “e”), formamos o equivalente
dois resistores estão em paralelo com R3. Este
de Norton (figura 3-43 f).
conjunto está em série com R4. Portanto, o
Vamos encontrar o equivalente de Norton cálculo da resistência equivalente de Norton
da figura 3-44a. (RN) pode ser feito do seguinte modo:
( R  R2 ) x R3
RN R4  1
( R1  R2 )  R3
600 x 200
1K  1K  150: 1150:
800
A parte”c” nos mostra o que acabamos de
Figura 3-44a demonstrar.

3-19
Ao colocarmos a fonte de corrente no Recordemos, agora, as fórmulas já vistas
circuito (10A), e substituirmos RL por um anteriormente para o cálculo de IL, em ambos os
curto-circuito(figura 3-44d), vamos procurar a circuitos da figura 3-41.
corrente de Norton (IN). A corrente de Norton é
a mesma que flui nos terminais da carga em
curto.
Fazendo uma observação da figura 3-44d
vemos que a corrente total “It” se distribui do
seguinte modo: It = I1 + I2. E que I2 = I3 + I4.
Ocorre que I4 = IN, ou seja, I4 é igual à
corrente de curto-circuito equivalente.
Resolvendo, inicialmente, o circuito da figura 3-
44d por I2, temos: a

R1
I2 It
R3 x R4
R1  ( R2  )
R3  R4
100
10 ?
200 x 1 K
100  500 
1200
b
100
I2 10 1, 305 A
100  500  166, 67
Agora, resolvendo por I4, teremos: Figura 3-45 Conversão Norton para Thévenin e
vice-versa
R3 200 Na figura 3-45, por exemplo, temos na
I4 I2 1, 305 0, 217 A E
R3  R4 200  1 K parte “a” IL = ,
RTH  RL
Logo, I4 = IN = 0, 217 A I N x RN
e na parte “b” temos: I L
RN  RL
O gerador equivalente de Norton é
mostrado na figura 3-44 f. Uma vez que nos propomos a estabelecer
uma equivalência entre “a” e “b” da figura 3-45,
CONVERSÃO DO EQUIVALENTE DE teremos:
NORTON PARA O DE THÉVENIN E E I N x RN
.
VICE-VERSA RTH  RL RN  RL

Às vezes, por questões de conveniência, Fazendo RTH = RN = r , teremos:


torna-se mais fácil solucionar certos problemas
de análise de circuitos empregando um método E IN x r
de equivalência entre geradores de corrente e de r  RL r  RL
tensão.
Para isto, é recomendável adotarmos uma
Agora, eliminando o denominador da
equivalência entre uma fonte de tensão e uma
equação, vem:
fonte de corrente.
Considerando os circuitos da figura 3-45,
(IN x r) (r + RL) = E (r+RL).
vamos observar que em “a” temos um gerador
de tensão e em “b”, um gerador de corrente.
Tirando o valor de IN , temos:
Nestes dois circuitos, há uma carga RL que
é alimentada, portanto, por um gerador de E (r  RL )
IN .
tensão e por um gerador de corrente. r (r  RL

3-20
Simplificando o numerador e o
E
denominador, temos: I N . Esta fórmula
r
nos dá o valor da corrente de Norton, em função
da tensão de Thévenin, não esquecendo que,
para tal, consideraremos as resistências internas
b
iguais, isto é: RTH = RN = r.
E
Portanto, da fórmula I N , podemos
r Figura 3-47 Convertendo o equivalente de
também tirar o valor de “E”, ou seja: E = IN x r, Thévenin para o de Norton
que é a fórmula que nos dará o valor da tensão
de Thévenin, em função da corrente de Norton. Resolvendo para IN o circuito da figura 3-
47A, temos:
Exercícios de aplicação E 3V
IN 1A .
r 3:
Suponhamos, um gerador de tensão, cuja Agora, é só colocarmos a resistência do
“E” (ETH), seja igual a 20V sabendo-se que equivalente de Thévenin (RTH = r) em paralelo
RTH(r) é igual a 10:. Queremos saber o valor do com o gerador de corrente constante (IN = 1 A),
equivalente de Norton. e teremos a solução, que é o circuito da figura 3-
47b.
Solução: neste caso, a fonte ou o gerador Vamos converter o equivalente de Norton
de corrente equivalente será: da figura 3-48a para o de Thévenin.

E 20V
IN 2A
r 10:

Seja o circuito da figura 3-48 que


queremos converter num equivalente de Norton.

(a)

(b)
Figura 3-46 Equivalente de Thévenin

Solução: vamos colocar um curto-circuito


nos terminais A e B do circuito da figura 3-47
obtendo, assim, o circuito da figura 3-47a.

(c)

Figura 3-48 Convertendo Norton para Thévenin

Solução: vamos computar a queda de


a tensão através de RN (figura 3-48b). Esta queda
IN x RN, nos dará RTH, que é aproximadamente
250 V. Agora, colocamos a resistência

3-21
equivalente (RN = r = RTH) em série com o d)Pelos cálculos executados fica demons-
gerador de tensão constante (ETH). trado que a maior potência sobre RL foi
Assim, obtemos o equivalente de obtida quando RL foi igual a RTH.
Thévenin, conforme a figura 3-48c.
A compreensão deste teorema é muito
TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFE- importante para a futura aplicação deste
RÊNCIA DE ENERGIA conceito em circuitos amplificadores, quando se
falar em casamento de impedâncias.
Este teorema estabelece que “a máxima
potência transferida por uma fonte a uma
determinada carga ocorre quando a impedância APÊNDICE
da carga for igual a impedância da fonte”.
Uma vez que qualquer circuito ou fonte Sumário
pode ser representado por um circuito
equivalente de Thévenin, utilizaremos este -Uma fonte de tensão constante deve ter
como base para os cálculos demonstrativos uma resistência interna muito baixa.
deste teorema. Ver a figura 3-49. -Não existe, na prática, um gerador de
tensão ideal; o que existe é o gerador de tensão
real.
-Existem vários tipos de geradores de
tensão. Entre eles, temos uma bateria, uma fonte
de CC regulada ou um seguidor de emissor.
-O equivalente de Thévenin é um
dispositivo que atua como um gerador de tensão
constante.
Figura 3-49 -O equivalente de Thévenin é muito
empregado na resolução de circuitos
ETH considerados complexos.
IL PRL I R2 x RL
RTH  RL -Um gerador de tensão constante tem
como finalidade manter constante a tensão de
saída, independente do valor da carga.
Pelas fórmulas apresentadas podemos -O gerador de corrente constante é capaz
fazer as seguintes verificações: de fornecer uma corrente de valor constante a
qualquer carga.
a) Se RL = RTH = 10:, -Um gerador de corrente ideal, na prática,
não existe.
10V -Um gerador de corrente ideal teria
então, IL = 0,5 A resistência interna idealmente infinita.
10  10
-O circuito equivalente de Norton, é um
e PRL = (10 x 0,5 x 0,5) w = 2,5w gerador de corrente constante, muito empregado
na simplificação de circuitos complexos.
b) Se RL = 2 x RTH = 20:, -Um gerador de corrente constante é
considerado “bom” quando o valor da sua
10V resistência interna for no mínimo 100 vezes
então, IL = 0,333 A
10  20 maior que o valor de RL.
e PRL = (20 x 0,333 x 0,333) w # 2,20w -Existem diversos métodos que visam
solucionar redes de correntes contínuas, cujas
RTH impedâncias são essencialmente resistências
c) Se RL = 5: , lineares e as tensões são constantes.
2
-Quatro teoremas largamente empregados
10V
então, IL = 0,666 A na análise de circuitos são: Leis de Kirchoff,
10  5 teorema de Thévenin, teorema de Norton e
e PRL = (5 x 0,666 x 0,666) w # 2,21w teorema de Superposição.

3-22
-No fornecimento de energia aos circuitos, -O teorema de Thévenin pode ser assim
temos a considerar as fontes de tensão e as enunciado: “Qualquer rede de dois terminais
fontes de corrente. pode ser substituída por um circuito equivalente
-Os geradores de tensão têm por simples, constituído por um gerador, chamado
finalidade manter constante a diferença de de gerador de Thévenin, cuja tensão ETH,
potencial entre dois pontos aos quais estejam atuando em série com sua resistência interna
ligados. RTH, obriga a corrente a fluir através da carga”.
-Um gerador de corrente é aquele que -Outro teorema que emprega uma técnica
mantém constante a corrente em seus terminais. semelhante à do teorema de Thévenin, é o
-É importante na análise de circuitos, a teorema de Norton.
familiarização com os seguintes termos: Rede, -Este teorema dez que:”Uma malha de
Nó, Braço ou Ramo, Laço e Malha. dois terminais, pode ser substituída por um
-As leis de Kirchoff empregadas na circuito equivalente, que consiste de um gerador
solução de redes complexas são duas: 1ª Lei ou de corrente constante IN, em paralelo com sua
“Lei dos Nós” e 2ª Lei ou “Lei das Malhas”. resistência interna RN.
-A 1ª Lei de Kirchoff diz o seguinte: “A -É possível fazermos uma equivalência
soma das correntes que entram em um nó, é entre geradores de corrente e de tensão.
igual à soma das correntes que saem do nó”. -Para isto tomamos as duas fórmulas de
-A 2ª Lei de Kirchoff, no seu enunciado IL, para cada gerador (de tensão e de corrente),
diz: “Em qualquer circuito elétrico fechado, a igualamos estas fórmulas e consideramos iguais
soma algébrica das quedas de potencial deve ser as resistências internas (RTH = RN = r).
igual à soma algébrica das elevações de -O Teorema da Superposição facilita os
potencial”. cálculos de circuitos com duas ou mais fontes.
-Quando as leis de Ohm e Kirchoff já não -Os estudos de divisores de tensão e de
dispõem dos recursos necessários para a corrente podem facilitar em muito a resolução
resolução de circuitos mais complexos, dos cálculos nos teoremas de Thévenin e de
lançamos mão de outras ferramentas. Norton.
-O teorema de Thévenin é uma das formas
utilizadas na resolução de malhas complexas.

3-23
CAPÍTULO 4

DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES

INTRODUÇÃO como sendo a menor porção que um material


pode ser dividido. Se da molécula partirmos a
Os materiais semicondutores são uma nova divisão, chegaremos ao átomo, que
elementos cuja resistência situa-se entre a dos por sua vez não conservará mais as propriedades
condutores e a dos isolantes. do material subdividido.
Dependendo de sua estrutura qualquer Muitos modelos de átomos foram
elemento pode ser classificado como isolante, apresentados, mas coube a Rutherford e Neil
semicondutor ou condutor. Atualmente os Bohr o modelo do átomo atual.
principais componentes dos equipamentos Segundo este modelo o átomo é
eletrônicos são dispositivos semicondutores tais constituído de um núcleo que contém partículas
como: diodos, transistores e circuitos denominadas prótons e nêutrons.
integrados. Seu emprego deve-se à habilidade Em torno do núcleo giram, em órbitas
de controlar o fluxo de corrente, executando as distintas, outras partículas denominadas
mesmas funções das válvulas eletrônicas, porém elétrons. Este modelo está representado na
com grandes vantagens como tamanho, peso e figura 4-1.
durabilidade.
Por estas razões o emprego dos
dispositivos semicondutores trouxe um grande Núcleo
desenvolvimento à eletrônica. Os primeiros
conceitos de dispositivos semicondutores datam
do início do século. Elétron
Em 1906 descobriu-se que determinados
cristais, em contato com uma ponta metálica,
tinham a propriedade de conduzir corrente Órbita de
elétrica somente numa direção criava-se então, o elétrons
diodo sólido. Com o desenvolvimento da teoria
atômica, os cientistas aperfeiçoaram o diodo Figura 4-1 Desenho representativo de um átomo
sólido até que durante a Segunda Grande
Guerra, em 1948 os cientistas W. Shockley, J. Pela tabela periódica dos elementos
Bardeen e W. H Brattain apresentaram um pode-se ver que existem 105 tipos de átomos. A
pequeno dispositivo construído com cristal de quantidade de partículas que contém um átomo
germânio, que tinha a capacidade de controlar e varia de espécie para espécie. Eletricamente, os
amplificar a corrente elétrica. Este dispositivo prótons e os elétrons têm a mesma carga, porém
que foi chamado de transistor, foi aperfeiçoado de sinais contrários, sendo que a carga do próton
e seu desenvolvimento deu origem ao é positiva e a do elétron é negativa. Diz-se que o
aparecimento de muitos outros dispositivos que átomo está eletricamente em equilíbrio, quando
hoje formam a grande família dos o número de elétrons for igual ao número de
semicondutores. prótons. Caso contrário, o átomo é chamado de
Devido ao funcionamento dos íon.
semicondutores estar ligado às características da Um íon pode ser de dois tipos: íon
estrutura dos materiais, faremos um estudo positivo quando o átomo perdeu um ou mais
destas estruturas. elétrons e íon negativo quando o átomo ganhou
um ou mais elétrons. Como citado
ESTRUTURA DA MATÉRIA anteriormente, no átomo, os prótons e nêutrons
estão concentrados formando o núcleo, porém
Como se sabe, podemos dividir um os elétrons agrupam-se ao redor do núcleo, em
material em porções cada vez menores, até que forma de camadas. Estas camadas têm um
chegamos a menor das porções, que recebe o número máximo de 7, e são designadas pelas
nome de molécula. Podemos definir a molécula letras K, L, M, N, O, P, Q. Cada camada pode

4-1
ter um número máximo de elétrons e esses são Um exemplo simples de ligação
mostrados na figura 4-2. covalente é a combinação de dois átomos de
hidrogênio, como mostrado na figura 4-3.
Nº da Nº máximo
Designação
camada de elétrons
1 K 2
2 L 8
3 M 18
4 N 32
5 O 32
6 P 18
7 Q 8

Figura 4-2 Camadas atômicas

Devido ao fato do átomo ter a forma


esférica, muitas vezes ele é representado em Figura 4-3 Ligação covalente
forma circular para facilitar o raciocínio.
Os átomos de silício e de germânio, que
Definição de Número Atômico: Como já foi são os mais importantes no estudo de semicon-
dito, átomos diferentes possuem diferentes dutores, também se ligam covalentemente e
números de partículas. Por exemplo, o átomo de embora tenham números atômicos diferentes
oxigênio possui 8 prótons e 8 elétrons, já o possuem valências iguais.
átomo de alumínio possui 13 prótons e 13 Esses átomos podem combinar-se cova-
elétrons. Para podermos identificar e classificar lentemente formando uma estrutura cristalina
os vários átomos existentes foi criado um que pode ser representada num plano conforme
número que indica quantos prótons existem em a figura 4-4. Cada átomo compartilha seus
cada átomo. elétrons de valência com outros quatro, obtendo
Esse número é chamado de“número uma estrutura eletricamente estável.
atômico”.
Elétrons de
Ligação valência
LIGAÇÃO ATÔMICA Covalente
Vimos que com exceção da camada K
que se completa com dois elétrons, a camada
mais externa dos átomos pode conter oito
elétrons, no máximo.
Os átomos que não possuem este
número de elétrons tendem a se completarem
doando ou recebendo a fim de terem oito
elétrons na última camada.
A capacidade de combinação dos átomos
é chamada de valência. Os elétrons da última
camada dos átomos são chamados de elétrons de
valência, pois é através deles que a ligação
química se processa. Figura 4-4 Ligação covalente, estrutura crista-
De acordo com a valência os elementos lina
podem ser: monovalentes, divalentes, trivalentes
etc. MATERIAIS SEMICONDUTORES
Uma ligação covalente é uma
combinação química em que os elétrons são Como já foi dito, semicondutores são
compartilhados entre os átomos. materiais cuja resistência se situa entre a dos

4-2
condutores e a dos isolantes. Cabe ressaltar Exemplos de materiais isolantes: borracha,
agora o conceito de condutores e a dos isolantes. porcelana, vidro etc.
Um material condutor é caracterizado Dos materiais semicondutores existentes
por apresentar os elétrons de valência de seus o germânio e o silício são atualmente os mais
átomos fracamente ligados ao núcleo e, devido a empregados.
essa ligação não ser muito forte, esses elétrons Esses átomos ao se unirem entre si
podem ser considerados livres. formam uma estrutura do tipo cristalina. Uma
Sendo assim, se aplicarmos uma estrutura é dita “cristalina” quando sua forma é
diferença de potencial à esse material ele bem definida (sempre em forma de cristais). São
conduzirá facilmente uma corrente elétrica. exemplos de materiais com estrutura tipo
Exemplos de materiais condutores: cobre, ouro, cristalina: cobre, diamante, silício, germânio etc.
prata, ferro etc. Quando a forma da estrutura formada
Quando os elétrons de valência do pela união dos átomos não é bem definida esta é
átomo estão fortemente ligados ao núcleo, de tal dita “amorfa”. São exemplos de materiais com
modo que não podem ser considerados elétrons estrutura tipo amorfa: plásticos, gases, borracha
livres no material, este é dito “isolante”. Os etc.
materiais isolantes apresentam então uma forte A figura 4-5 mostra a estrutura cristalina
oposição a passagem da corrente elétrica. do germânio e do silício.

Figura 4-5 Rede cristalina plana do Germânio (Ge) e do Silício (Si)

Nas duas estruturas, os átomos se serem rígidas, quando o cristal é submetido a


combinam covalentemente. qualquer tipo de energia algumas delas chegam
Cada átomo combina-se com mais a se romper.
quatro, tomando e fornecendo seus elétrons de O rompimento entre as uniões ocorre
valência. Observando as duas estruturas vemos quando o elétron de valência que pertence aos
que cada elétron de valência no material está dois átomos adquire energia suficiente para se
preso a dois átomos, nessa condição não deverá liberar.
haver elétrons livres no material, logo as suas Ligações covalentes são interrompidas
características elétricas são de isolante. Na quando um dos cristais é submetido a certos
realidade, isto só acontece se estes materiais campos de energia como: calor, luz, raios X,
estiverem a uma temperatura de 0o absoluto. raios cósmicos etc.
O número de rompimentos é diretamente
Processo de formação de portadores na rede proporcional à intensidade do campo de energia
cristalina. aplicado ao cristal.
Cada rompimento gera um portador de
Apesar das ligações covalentes entre os carga elétrica negativa e uma carga elétrica
átomos de cristais puros de silício e de germânio positiva.

4-3
Pela figura 4-6 podemos observar que Fluxo de lacunas
com o rompimento da ligação covalente ocorre
a liberação do elétron, ficando no lugar deste Quando uma ligação perde um elétron
um buraco ou lacuna. de tal forma que exista uma lacuna, esta é fácil
Esta lacuna tem característica positiva, de ser preenchida por um elétron de valência
porque qualquer elétron próximo poderá ser que deixa uma ligação covalente de um átomo
atraído por ela. vizinho; este elétron ao sair da ligação
Elétron livre covalente, deixa outra lacuna. Assim,
efetivamente, a lacuna se move na direção
oposta à direção do elétron. Esta lacuna, nesta
nova posição, pode ser agora preenchida por um
outro elétron proveniente de outra ligação
covalente. Temos assim um mecanismo para a
Lacuna condução de eletricidade.
Um modo conveniente de ilustrar esse
movimento é mostrado na figura 4-7, em forma
de esferas.

Figura 4-6 Geração de lacuna

Como já foi dito, vários fatores podem


contribuir para a geração de portadores em
cristais de germânio e de silício, porém, a
variação de temperatura é o fator que mais os
afeta.
A 0o absoluto, o germânio e o silício têm
condições de serem isolantes, porém, na
temperatura ambiente, aproximadamente 25o C, Figura 4-7 Fluxo de lacunas
ambos cristais apresentam em suas estruturas
milhares de rompimentos entre as ligações, JUNÇÃO PN – FORMAÇÃO
criando milhares de portadores positivos e
negativos, lacunas e elétrons respectivamente. Até agora estudamos os cristais de silício
Nesta situação tanto o germânio quanto e de germânio em suas formas puras. Porém,
o silício tem características de semicondutores partindo-se de um cristal puro, através de
intrínsecos, isto é possuem características técnicas específicas, consegue-se introduzir
próprias. neste cristal, átomos de um outro metal, de tal
Na temperatura ambiente de 250 C, um modo a se conseguir o comportamento elétrico
cristal puro de silício apresenta aproxi- desejado.
madamente 1010 lacunas e 1010 elétrons por cm3 Esta operação é denominada “dopagem”
e uma resistividade de 2,4 x 104 ohms/ cm3. e o metal a ser introduzido no cristal é chamado
Para a mesma temperatura, um cristal de impureza. Os metais usados como impureza
puro de germânio apresenta, aproximadamente, podem ter átomos trivalentes ou pentavalentes,
1013 lacunas e 1013 elétrons por cm3 e uma isto é, com três ou cinco elétrons na última
resistividade de 47 ohms/cm3. camada.
Pelos valores de resistividade vemos que Se na dopagem usarmos impurezas
na mesma temperatura a estrutura do silício tem trivalentes (ou aceitadoras), cria-se no cristal
ligações covalentes mais estáveis que as do portadores de carga positiva ou lacunas, pois,
germânio, ou seja, são mais difíceis de serem para participar da ligação covalente o átomo da
rompidas. impureza necessita de um elétron para

4-4
completar sua última camada com quatro Facilmente, entendemos que a dopagem
elétrons. Este cristal é chamado de positivo ou criará, no cristal, tantos elétrons livres ou
P.. lacunas quantos forem os átomos de impurezas
Porém, se na dopagem usarmos doadoras ou aceitadoras introduzidos.
impurezas pentavalentes ou doadoras, cria-se no
cristal elétrons livres, pois para participar da Polarização do elemento N
ligação covalente o átomo da impureza doa um
elétron que estava em excesso. Este elétron Ao polarizarmos um elemento N,
pode então ser considerado livre. Este cristal é conforme a figura 4-10, teremos o aparecimento
chamado de negativo ou N. de uma corrente elétrica, cujos portadores são
Para a criação de um cristal tipo N as elétrons e cujo sentido é o indicado na figura. A
impurezas geralmente utilizadas são: fósforo, intensidade desta corrente é limitada pela
arsênio, bismuto e antimônio. resistividade do elemento N, que depende da
A figura 4-8 mostra um bloco repre- quantidade de portadores, que, por sua vez
sentativo do elemento N. depende da quantidade de átomos da impureza.

Figura 4-8 Cristal tipo N (representação)

Os círculos pequenos representam os Figura 4-10 Polarização do elemento N


átomos pentavalentes, o sinal negativo é o
quinto elétron do átomo pentavalente, que não Por serem portadores de carga negativa,
entrou na combinação. os elétrons livres no elemento são atraídos pelo
Para a criação de um cristal tipo P as potencial positivo da fonte de tensão, dando à
impurezas normalmente utilizadas são: bário, corrente o sentido indicado na figura 4-10.
alumínio, gálio e índio.
A figura 4-9 mostra um bloco Polarização do elemento P
representativo do elemento P.
A figura 4-11 mostra a polarização de
um elemento P. Ao polarizarmos um elemento P
conforme indicado na figura 4-11, haverá uma
corrente de lacunas no cristal no sentido
mostrado.

Figura 4-9 Cristal do tipo P (representação)

Os pequenos círculos representam os


átomos trivalentes e os sinais positivos fora dos
círculos são as lacunas criadas por eles. Figura 4-11 Polarização do elemento P

4-5
As lacunas, que são positivas, são Quando se une um elemento P a um
repelidas pelo seu positivo da fonte de tensão e elemento N, há uma combinação natural de
atraídas pelo pólo negativo da mesma. portadores ou seja, elétrons do elemento N e
Um elétron entra no cristal no lado lacunas do elemento P, em toda a estrutura das
negativo da fonte e se combina com uma lacuna, superfícies unidas.
completando a união, estes já não existem mais Porém, nem todos os elétrons e lacunas
como portadores elétricos. Em seguida a bateria se recombinam porque as primeiras
que perdeu um elétron no lado negativo da recombinações criam íons, que fazem uma
fonte, tira um elétron do cristal no lado positivo barreira ao processo de recombinação. Isto pode
da fonte, gerando assim, uma lacuna que é ser visto na figura 4-13.
imediatamente repelida pelo pólo positivo da
fonte e atraído pelo pólo negativo. Temos assim
uma corrente elétrica constante que é limitada
pela resistividade do elemento, que por sua vez,
depende do número de portadores criados na
dopagem do mesmo.

Portadores Majoritários e Minoritários nos Figura 4-13 Formação de íons na junção PN


elementos
No elemento P os átomos que se ionizam
Como vimos anteriormente, se são os das impurezas aceitadoras e no elemento
adicionarmos impurezas pentavalentes à um N os das impurezas doadoras. Esta região
cristal surgem nesse cristal tantos elétrons livres ionizada entre os elementos P e N é dotada de
quantos forem os átomos de impurezas um campo eletrostático negativo, no lado P e
adicionados. positivo no lado N.
Sabemos que na temperatura ambiente o Esse campo é considerado como se fosse
cristal puro apresenta portadores positivos e um campo de força, cujo potencial negativo, da
negativos em números iguais. Porém, com a região P, repele os portadores de elétrons, do
dopagem essa igualdade é alterada e o material lado N e cujo potencial positivo, da região N,
que possuía igual quantidade de portadores, repele as lacunas do lado P.
possui agora, maior número de elétrons do que Por isso, embora os portadores de
de lacunas. Dizemos então que os elétrons são elétrons e lacunas estejam em movimento, à
portadores majoritários e as lacunas portadores temperatura ambiente, eles não se difundem por
minoritários no elemento N. toda estrutura cristalina.
A figura 4-14 mostra uma junção PN
com os portadores de carga e as forças de
Elemento N repulsão.

Elemento P

Figura 4-12 Concentração de portadores nos Figura 4-14 Campo eletrostático e forças de
elementos P e N repulsão na junção PN

4-6
Devido a falta de portadores de carga Assim uma corrente elétrica é estabelecida
nessa região a mesma recebe o nome de região numa junção PN.
de “depleção”. Esta corrente é denominada corrente
direta.
POLARIZAÇÃO DE UMA JUNÇÃO PN
Junção PN inversamente polarizada
De acordo com a polaridade dos
elementos P e N da junção tem-se um Diz-se que a junção PN está inver-
comportamento diferente da mesma. samente polarizada quando tem-se o positivo da
A junção PN pode ser polarizada de duas fonte de tensão no lado N e o negativo no lado
maneiras: direta ou inversa. P, como mostra a figura 4-16.

Junção PN diretamente polarizada

Diz-se que a junção PN está diretamente


polarizada quando tem-se o positivo da fonte de
tensão ligado ao elemento P e o negativo ao
elemento N, como mostra a figura 4-15.

Figura 4-16 Junção PN inversamente polarizada

Podemos observar que o potencial


positivo, no lado N, é uma força de atração para
os elétrons e que o potencial negativo, no lado P
é uma força de atração para as lacunas.
A ação dessa força faz com que os
Figura 4-15 Junção PN diretamente polarizada portadores se desloquem, temos então um
aumento na barreira de potencial, como é
Na polarização direta da junção PN, mostrado na figura 4-16.
temos uma diminuição da barreira de potencial Este aumento é diretamente proporcional
pois as lacunas, do lado P, são repelidas pelo ao aumento da tensão aplicada à junção PN.
potencial positivo e os elétrons do lado N são Nesta situação não deve circular corrente
repelidos pelo potencial negativo da fonte de normal no circuito, porém, devido às caracte-
tensão. rísticas do cristal, haverá uma pequena corrente
A região agora apresenta uma baixa que é denominada corrente de fuga.
resistência, cerca de dezenas de ohms.
Os átomos pertencentes ao lado N DIODO SEMICONDUTOR
tornam-se íons positivos, porque seus elétrons
foram deslocados em direção da junção, tendo Vimos anteriormente que podemos
agora condições de receberem elétrons da fonte polarizar uma junção PN de duas maneiras
de tensão. distintas, direta e inversamente.
Por sua vez os átomos do lado P, Na primeira condição temos uma
tornam-se íons negativos, porque suas lacunas corrente circulando pela junção e na segunda
foram deslocadas para a junção, tendo esta corrente pode ser considerada desprezível.
condições de fornecer elétrons para o lado vemos então que esse dispositivo possui
positivo da fonte de tensão. características de condução elétrica unidire-
Vemos que com essa polarização, temos cional. Tal elemento pelas características acima
elétrons entrando no lado N e saindo no lado P. descritas será amplamente empregado na
Na região da junção, há um processo Eletrônica, principalmente na retificação de
constante de recombinação de elétrons e sinais recebendo para tanto o nome de diodo de
lacunas. junção ou diodo semicondutor.

4-7
DIODO RETIFICADOR

Existem muitos tipos de diodos, tais


como o diodo Zener, o SCR, o fotodiodo etc.
Porém, entre os vários tipos de diodos
existentes um dos mais usados na eletrônica é o
diodo retificador cujo símbolo é mostrado na
figura 4-17.

Figura 4-19 Curva da polarização direta do


diodo

Polarização inversa do diodo


Figura 4-17 Símbolo e polarização dos diodos
A figura 4-20 mostra o circuito de um
diodo polarizado inversamente.
Polarização direta do diodo

Como já foi visto, na polarização direta


da junção PN o lado N está ligado ao pólo
negativo da fonte de tensão e o lado P no pólo
positivo da mesma.

Figura 4-20 Diodo polarizado inversamente

Na polarização inversa da junção PN, o


lado N está ligado no pólo positivo da fonte de
tensão e o lado P no pólo negativo da mesma.
Figura 4-18 Circuito do diodo semicondutor
polarizado diretamente I

Pelo circuito da figura 4-18 podemos Tensão de ruptura Região


observar que, através do potenciômetro R, (Break down) direta
conseguimos variar, a partir de zero volt, a
tensão aplicada ao diodo.
Como a variação de corrente é
diretamente proporcional à variação de tensão V
veremos que ao aumentarmos a tensão sobre o
diodo a corrente também aumentará propor-
Região Vd- Tensão direta
cionalmente.
reversa Id- Corrente direta
Até um determinado valor de tensão este
comportamento é válido, a partir de tal ponto a Vr- Tensão reversa
corrente cresce bruscamente e a tensão no diodo Ir- Corrente reversa
tende a ficar constante.
Afigura 4-19 mostra a curva de Figura 4-21 Curva de polarização inversa do
polarização direta de um diodo. diodo

4-8
Pelo circuito vemos que, através do maior que a da capacidade de dissipação da
potenciômetro R, fazemos com que a tensão junção.
negativa no elemento P aumente lentamente. Para uma tensão inversa constante, a
Nesta situação a corrente que flui no circuito é corrente inversa pode ser aumentada pelo efeito
desprezível, porém, se aumentarmos ainda mais térmico, o que aumenta a potência da junção.
o valor da tensão sobre o diodo atingiremos um Com o aumento dessa potência haverá também
valor em que há um aumento brusco da corrente um aumento de temperatura o que resulta num
reversa, comprometendo até mesmo a novo aumento da corrente inversa, esse aumento
integridade da junção PN. Este valor de tensão é de corrente tende a aumentar ainda mais a
denominado tensão de ruptura. potência e essa por sua vez a temperatura. E
A curva de polarização reversa do diodo assim sucessivamente até a ruptura.
semicondutor é mostrada na figura 4-21.
APLICAÇÃO DO DIODO RETIFICADOR
RUPTURA DA JUNÇÃO PN
Pelo que foi visto até aqui notamos que o
A ruptura da junção ocorre quando a diodo pode ser considerado como sendo uma
corrente reversa atinge um nível suficiente para chave eletrônica. Quando em polarização direta,
romper as ligações entre os átomos do cristal, a corrente sobre ele fica limitada somente pelos
danificando a mesma. elementos do circuito externo. Porém, quando
O valor da tensão de ruptura é de suma está polarizado inversamente, a corrente do
importância no projeto de circuitos utilizando circuito fica limitada por ele mesmo, tendo
diodos polarizados inversamente. Os diodos assim, o comportamento de um circuito aberto.
construídos com cristais de silício suportam A figura 4-22 mostra dois circuitos com diodos
maiores tensões inversas do que os diodos de polarizados direta e inversamente.
germânio.
A ruptura da junção de um diodo pode
ser causada por vários fatores como tensão
inversa (ou avalanche) e por efeito térmico.

Ruptura por tensão inversa (efeito


Avalanche)

Quando a tensão inversa atinge um valor


alto o suficiente para provocar o rompimento
das ligações entre os átomos do cristal diz-se
que a ruptura se dá por tensão inversa ou por
efeito avalanche, porque esses rompimentos
geram portadores, que por sua vez vão romper,
por choque, outras ligações e assim por diante
como numa avalanche.
Este processo de quebra e geração de
Figura 4-22 Diodos polarizados inversa e direta
portadores diminui rapidamente a resistência da
mente
junção aumentando bruscamente a corrente por
ela, podendo inclusive danifica-la.
No circuito com a polarização direta a
corrente que flui pelo circuito é uma junção da
Ruptura por efeito térmico tensão de 60 V e da tensão sobre o diodo, que é
muito pequena, pois em polarização direta o
Como visto anteriormente, existe na diodo é praticamente um curto-circuito. Tem-se
junção PN a geração de portadores minoritários então quase toda tensão (59,3 V) sobre a
devido à temperatura. resistência de 1,5 K:, restando apenas uma
A ruptura por efeito térmico se dá pequena tensão (0,7 V) sobre o diodo. No
quando os portadores minoritários provocam circuito com a polarização inversa não há
uma corrente inversa que resulte numa potência praticamente corrente fluindo, portanto não

4-9
haverá queda de tensão sobre R. Tem-se então semiciclo em que está polarizado diretamente,
toda a tensão da fonte sobre o diodo o qual pode ou seja, durante o semiciclo em que a tensão de
ser considerado um circuito aberto. anodo for maior que a de catodo, permanecendo
cortado no outro semiciclo.
DIODO EM TENSÃO ALTERNADA A figura 4-23 apresenta um circuito com
um diodo operando em tensão alternada e
Quando polarizado com tensão alternada também as formas de onda de entrada e de
o diodo retificador conduz somente durante o saída.

Figura 4-23 Circuito retificador com tensão senoidal

Durante o semiciclo positivo de Vi (de ponto B, polarizando o diodo inversamente.


t0 a t1), o ponto A fica positivo em relação ao Nestas condições, o diodo pode ser
ponto B, polarizando o diodo diretamente. considerado um circuito aberto.
Nesta condição, o diodo é praticamente A ação descrita acima é chamada
um curto-circuito e a corrente no circuito retificação, e é onde o diodo tem a sua mais
determina em R uma queda de tensão importante aplicação.
proporcional à tensão entre os tempos t 0 e t 1 Como outras aplicações do diodo
da tensão de entrada. retificador podemos citar: em detectores de
Durante o semiciclo negativo de Vi (de pico, circuitos limitadores, circuitos de proteção
t1 a t2),, o ponto A fica negativo em relação ao etc.

4-10
CAPÍTULO 5

FONTES DE FORÇA ELETRÔNICA

TIPOS DE FONTES DE FORÇA Este transformador pode ser projetado para


elevar a tensão CA aplicada quando uma alta
Os circuitos que usam transistores, tensão CC de saída for necessária, ou pode ser
diodos ou circuitos integrados geralmente projetado para reduzir a tensão CA quando uma
precisam de uma fonte de força CC para sua baixa tensão de saída é requerida.
operação. Existem basicamente três tipos de Após efetuado o ajuste da amplitude da
fonte de força CC: tensão CA, a mesma é convertida em tensão
CC. Este processo é chamado de retificação.
- Pilhas e baterias A retificação é efetuada por diodos
- Geradores CC retificadores que, como já sabemos, são
- Fontes de força eletrônica dispositivos que oferecem alta resistência ao
fluxo de corrente em uma direção(de catodo
As pilhas e baterias produzem tensão CC para anodo) e baixa resistência no sentido
através da ação química. Os geradores CC usam oposto (de anodo para catodo).
movimento mecânico para girar um condutor A tensão de saída no retificador pode ser
em seu campo magnético e assim produzir uma chamada de tensão CA retificada ou tensão CC
tensão CC pulsante. pulsante. Como na saída da fonte necessitamos
Pilhas e baterias são atualmente muito de uma tensão CC sem variações, um circuito
utilizadas, pois os modernos circuitos em estado de filtro é empregado logo após o estágio
sólido requerem potências muito baixas retificador. Este circuito eliminará as pulsações
comparadas com as necessárias aos antigos existentes na saída do retificador. O filtro
equipamentos à válvula. Pilhas e baterias são normalmente consiste de um capacitor, uma
essenciais aos equipamentos portáteis e aos combinação de capacitores e indutores ou uma
equipamentos instalados em locais distantes da combinação de capacitores e resistores.
energia CC. A tensão obtida na saída do filtro pode
Porém um equipamento mais potente, ser aplicada diretamente à carga. Porém essa
nos quais o uso de pilhas ou baterias seria tensão poderá variar devido a variações da
impraticável, a energia CC é fornecida por uma tensão CA de entrada e da carga. Essas
fonte de força eletrônica. variações poderiam prejudicar o desempenho do
Uma fonte de força eletrônica é um circuito em operação.
circuito que fornece uma tensão CC para a Para obtermos uma tensão de saída
operação de outros circuitos eletrônicos. constante um circuito regulador é colocado
Existem as fontes eletrônicas que convertem entre o estágio de filtragem e a carga. O
tensão CA em CC e as que convertem tensão regulador efetua as compensações necessárias
CC em CA, sendo a primeira a mais utilizada. causadas pelas variações da tensão CA de
A energia primária para a maioria das entrada e as variações de carga, mantendo a
fontes de força eletrônica é a tensão CA de 60 tensão de saída constante.
Hz que encontramos nas tomadas. A fonte O regulador é normalmente um circuito
converte esta tensão em tensão CC, à ser de controle por realimentação, composto por
utilizada pelos circuitos eletrônicos, de acordo transistores e outros semicondutores.
com as seguintes etapas: Ao utilizarmos uma pilha ou bateria
como fonte de energia a tensão fornecida pode
- Ajuste da amplitude da tensão CA não ser adequada ao circuito a ser alimentado.
- Retificação Neste caso é necessária uma fonte que
- Filtragem converta a tensão disponível na utilizável.
- Regulagem Essas fontes são chamadas de
conversores CC–CC. Essa conversão da tensão
A amplitude da tensão CA é ajustada CC de uma dada bateria em um valor mais alto,
usando-se um transformador de núcleo de ferro. implica na conversão da tensão CC da bateria

5-1
em tensão CA, através de um dispositivo de baterias e pilhas como fonte de energia, ou seja,
chaveamento eletrônico. só de energia CC. Como no caso de conversor
Esta tensão é elevada ao valor desejado CC-CC a energia CC é transformada em CA,
por meio de um transformador. por meio de chaveamento eletrônico, em
A tensão alternada do secundário do seguida é elevada ao valor desejado, retificada e
transformador é então retificada para a tensão filtrada.
CC pulsante, filtrada e aplicada à carga através Os inversores são muito empregados em
de um regulador. Por último, existe o tipo de aeronaves, onde existem equipamentos que são
fonte de força que converte energia CC em CA, alimentados com energia CA.
este é chamado de conversor. A figura a seguir mostra o diagrama
Este dispositivo é necessário quando se básico em blocos de uma fonte de força
necessita de energia CA e só se dispõe de eletrônica.

Figura 5-1 Diagrama básico de uma fonte de força eletrônica

CIRCUITOS RETIFICADORES

O retificador é aquela parte da fonte de


força que, através de diodos retificadores
converte a tensão CA do transformador em CC
pulsante.
No retificador os diodos
semicondutores, atuam como chaves
unidirecionais, sensíveis à polaridade e que Figura 5-2 Circuito retificador de meia onda
permitem o fluxo de corrente através da carga
em apenas uma direção. Quando a polaridade da tensão no secun-
Existem vários tipos de circuitos dário polariza diretamente o diodo D, ocorre um
retificadores como veremos a seguir. fluxo de corrente através de RL. Quando a
polaridade se inverte no ciclo seguinte, o diodo
Retificador de meia onda é polarizado inversamente e não há fluxo de
corrente na carga como mostra a figura 5-3.
No circuito retificador de meia onda Pelas formas de onda da figura 5-3
apenas um diodo é usado no processo de podemos observar que durante o período de t1 a
retificação. t2, em que o diodo está conduzindo, parte da
A figura 5-2 mostra o circuito retificador de tensão aparece através do retificador e da
meia onda. resistência do secundário do transformador,

5-2
porém sua maior parte aparece sobre a diodo apresenta uma queda de tensão igual a
resistência de carga RL. O diodo e o secundário zero quando está diretamente polarizado e se
do transformador apresentam uma resistência comporta como um circuito aberto, quando está
pequena quando estão conduzindo. A queda de inversamente polarizado e o transformador tem
tensão sobre o diodo é de aproximadamente 0,7 uma resistência de enrolamento igual a zero.
V, quando este está conduzindo para diodos de Durante os períodos t1, a t2 e t3 a t4,
silício e 0,2 V para os diodos de germânio. toda a tensão do secundário do transformador
seria aplicada sobre a carga RL com estas
condições ideais e durante os períodos t2 a t3 e
t4 a t5, nenhuma tensão apareceria sobre RL.
O valor médio da forma de onda da
corrente ou tensão na saída do retificador de
meia onda é igual a 0,318 vezes o valor da
corrente ou tensão de pico. Esta seria a tensão
ou corrente indicada por um típico medidor CC
de D’Arsonval conectado à RL, se todos os
componentes fossem ideais. No entanto, na
prática esse valor é um pouco menor devido às
perdas no diodo e na resistência do enrolamento
secundário do transformador.

Retificador de onda completa

Figura 5-3 Formas de onda em um retificador de Como visto anteriormente o circuito


meia onda retificador de meia onda produz uma série de
pulsos a partir da tensão CA de entrada. Mesmo
No período de t2 a t3 o diodo está com o uso de filtros, é difícil de se obter uma
cortado pois, o ponto A no secundário do tensão CC sem flutuações na saída do mesmo.
transformador (figura 5-2) é negativo em Um circuito retificador de onda completa utiliza
relação ao ponto B, o que polariza o diodo os dois semiciclos da tensão CA de entrada, de
inversamente. Nesta situação nenhuma corrente tal modo a obter uma tensão de saída mais
fluirá através da carga, não havendo também estável.
queda de tensão sobre a mesma, e toda a tensão Este circuito utiliza um transformador
do secundário do transformador cairá sobre o com center-tape, dois diodos retificadores e um
diodo. resistor de carga, como mostra a figura 5-4.
No período seguinte, de t3 a t4, o diodo
conduzirá novamente e a operação será a
mesma verificada no período de t1 a t2,
analogamente, a operação de t4 a t5 será a
mesma verificada de t2 a t3. Com isso, teremos
sobre RL uma tensão que consistirá de uma
série de meias ondas senoidais de mesma
polaridade. A corrente através da carga RL será
uma série de pulsos que ocorrem na mesma
frequência da tensão CA da rede. Figura 5-4 Circuito retificador de onda completa
No circuito da figura 5-2 vemos que a
polaridade da tensão de saída através da carga é Quando o ponto A, no secundário do
positiva em relação à terra, porém, se o diodo transformador é positivo em relação ao ponto C,
fosse invertido a saída seria negativa em relação o ponto B será negativo em relação ao mesmo.
à terra, pois a corrente fluirá em direção oposta Esta condição ocorre de t1 a t2 na figura 5-5.
à da análise anterior. Durante este período o diodo D1 conduzirá e o
Se considerarmos o diodo e o diodo D2 não. A corrente será como indicado
transformador como elementos ideais, ou seja, o pelas setas cheias da figura 5-4.

5-3
Note que a corrente flui somente na unidirecionais, porém há o dobro de pulsos que
metade do enrolamento do secundário do havia no retificador de meia onda.
transformador.. Portanto, os pulsos de saída ocorrem em
Durante o período de t2 a t3, o diodo D2 uma frequência que é o dobro da de entrada.
conduz e D1 não. A corrente é indicada pelas Com isso temos que a tensão média
setas tracejadas na figura 5-4. através do resistor de carga será o dobro da
A figura 5-5 mostra as formas de onda tensão que era produzida no circuito retificador
das tensões nos pontos A, B e C. de meia onda, ou seja, será 0,636 vezes o valor
de pico.
Um ponto importante a ser
observado no circuito é que apenas um diodo
conduz de cada vez, um no semiciclo positivo e
outro no semiciclo negativo da tensão de
entrada. O diodo que não conduz sofre uma
polarização reversa de todo enrolamento,
portanto, ambos os diodos devem ser capazes de
suportar esta tensão para garantir o bom
funcionamento do circuito.

Retificado em ponte

Um retificador em ponte é um circuito


formado por quatro diodos conectados de tal
Figura 5-5 Formas de onda em um retificador de forma que é desnecessário o uso de um
onda completa transformador com center-tape. Com essa
configuração obtem-se a retificação de onda
Vemos na figura 5-5 que a tensão completa com um enrolamento simples de
CC através da carga é uma série de pulsos secundário. A figura 5-6 mostra o circuito
retificador em ponte.

Figura 5-6 Circuito retificador em ponte

No instante em que temos Ep positivo,


ou seja o ponto 1 positivo em relação ao ponto
2, os diodos D2 e D4 conduzem (ficam em
série) pois, as tensões que aparecem sobre eles
propiciam um efeito como é mostrado na figura Figura 5-7 Polarização de D2 e D4 no semiciclo
5-7. positivo da tensão de entrada
Estes diodos conduzindo farão com que
circule uma corrente no circuito, no sentido Quando Ep inverte a polarização, o
indicado pelas setas cheias na figura 5-6. ponto 1 será negativo em relação ao ponto 2,

5-4
devido a estes potenciais os diodos D1 e D3 diodos D2 e D4 será a mesma tensão que
conduzem (ficam em série) como mostra a aparece no secundário do transformador, e a
figura 5-8. mesma na carga.

Figura 5-8 Polarização de D1 e D3 no semiciclo


negativo da tensão de entrada

Uma vez conduzindo, os diodos D1 e D3 Figura 5-10 Esquema equivalente do circuito


propiciarão a circulação de uma corrente cujo em ponte no semiciclo positivo da
sentido é o indicado pelas setas tracejadas na tensão de entrada
figura 5-6.
É fácil verificar que mesmo Vs mudando Logo, pode-se concluir que a tensão de
de polaridade a corrente na carga circula sempre pico reversa sobre os diodos terá o mesmo valor
no mesmo sentido, isto quer dizer que a corrente da tensão máxima fornecida pelo secundário do
I1 possue somente uma polaridade, ou seja, esta transformador.
corrente é contínua pulsante e conseqüente-
mente a tensão sobre a carga também o será. FILTROS
A figura 5-9 mostra as formas de onda
no retificador em ponte. Como vimos, a saída de qualquer
circuito retificador a diodos é uma corrente CC
pulsante. Este tipo de corrente é inadequado
para alimentar a maioria dos circuitos
eletrônicos, os quais geralmente requerem uma
tensão CC constante para funcionar.
Numa fonte de força eletrônica, é usado
um circuito de filtro para converter a onda CC
pulsante em uma onda CC pura. A seguir
veremos a definição de Ripple e os filtros mais
comumente usados bem como o seu
dimensionamento.

Fator de Ripple

Figura 5-9 Formas de onda da tensão de saída A saída CC pulsante produzida pelos
no retificador em ponte circuitos retificadores é uma forma de onda
complexa que pode ser dividida em
Quando os diodos D2 e D4 conduzem, componentes CA e CC.
os diodos D1, D3, o secundário do A finalidade do filtro é remover a
transformador e a carga R1 estão em paralelo. componente CA que é chamada de ondulação
Desta maneira o circuito comporta-se como ou ripple.
mostra o esquema da figura 5-10.
Da maneira que os diodos D1 e D3 se
encontram na figura 5-10, eles estão polarizados
inversamente e a tensão máxima que ficará
sobre eles é a tensão máxima fornecida pelo
secundário do transformador.
A tensão na carga também será igual à
tensão Vs. Analogamente, quando a tensão Vs Figura 5-11 Forma de onda de saída de um
muda de polaridade, a tensão reversa sobre os retificador de meia onda

5-5
A figura 5-11 mostra a forma de onda
CC pulsante da saída do retificador de meia
onda.
A tensão CC média é 0,318 vezes o
valor de pico da tensão de entrada CA. O ripple
ou correspondente CA, é indicado pelas áreas
sombreadas abaixo e acima da média CC.
Podemos considerar o ripple como
sendo uma forma de onda não senoidal
sobreposta ao nível médio CC. Note que se a
Figura 5-13 Filtro a capacitor
fonte de força opera com uma tensão de linha
cuja frequência é 60 Hz, a frequência de
As formas de onda de um circuito
oscilação do retificador de meia onda é 60 Hz.
retificador com filtro são mostradas na figura 5-
Portanto, o período de oscilação é igual
14.
1
a 0,01667 segundos ou 16,67 milisegundos
60
A forma de onda da tensão de saída em
um retificador de onda completa é mostrada na
figura 5-12.

Figura 5-14 Forma de onda de tensão num


Figura 5-12 Forma de onda de saída de um reti- circuito retificador com filtro
ficador de onda completa
Na figura 5-14 vemos a tensão do
Pela figura podemos observar que no secundário do transformador bem como a tensão
retificador de onda completa a média CC de de saída da fonte de força EL. Inicialmente o
saída é o dobro da de um retificador de meia capacitor C está descarregado, porém quando
onda ou seja, 0,636 Ep. Isso se deve ao fato de nele é aplicada a energia, se carrega
termos mais um pulso CC de saída por ciclo de rapidamente com o valor da tensão de pico do
entrada. secundário durante o período de condução do
Novamente podemos considerar a diodo. Sempre que a tensão do secundário
ondulação como sendo um sinal não senoidal excede a tensão de carga do capacitor o diodo
sobreposto ao nível CC médio. conduz.
O valor pico-a-pico da ondulação é igual Quando a tensão do secundário cai
a Ep, entretanto, a frequência de ondulação é de abaixo do valor da carga do capacitor, o diodo
120 Hz, quando a frequência da tensão da linha fica polarizado inversamente e não conduz, com
é de 60 Hz. isso o capacitor se descarrega através da
O período de oscilação é, portanto igual resistência RL. Se a constante de tempo RC do
1 capacitor for suficientemente grande, a
a 0,00833 ou 8,33 ms. O filtro reduzirá a
120 quantidade de energia que o capacitor
amplitude pico-a-pico da ondulação e descarregará durante os picos da tensão CA será
aumentará a tensão média CC de saída. pequena.
O filtro mais simples e também mais Como resultado teremos uma tensão CC
comumente empregado é o filtro a capacitor, na saída aproximadamente constante. O
que consiste de um capacitor ligado diretamente capacitor reduz bastante a ondulação bem como
à carga RL tanto no retificador de meia onda aumenta a tensão média nos terminais de saída.
como no de onda completa. A tensão CC de saída se aproxima do valor de
A figura 5-13 mostra o filtro a capacitor. pico do secundário. A redução na ondulação é

5-6
proporcional ao tamanho do capacitor. Quanto
maior a capacitância, menor será a descarga do
capacitor durante o tempo em que o diodo não
conduzir. O processo de filtragem da tensão de
saída do retificador de onda completa é idêntico
ao usado no retificador de meia onda, entretanto
no retificador de onda completa o capacitor de
filtro tem um tempo de descarga menor, antes Figura 5-15 Saída do retificador de onda
de ser carregado novamente, visto que neste completa com filtro
circuito cada semiciclo da entrada CA produz
um pulso através da carga. Teoria de funcionamento do filtro a
No circuito de meia onda, o tempo de capacitor
descarga é aproximadamente igual a um período
completo da onda senoidal de entrada, ou seja, Um método de analisar o funcionamento
aproximadamente 16 ms, para uma entrada CA do filtro é considerar as variações de corrente e
de 60 Hz. tensão em relação ao tempo.
Com isso temos que no circuito A figura 5-16 mostra um circuito
retificador de onda completa, para a mesma equivalente simplificado de um retificador de
carga, o mesmo capacitor de filtro e tensão de meia onda com filtro capacitivo.
entrada, a ondulação será muito menor e a Neste esquema simplificado, a fonte CA
tensão média CC de saída maior do que no é representada por um gerador e sua resistência
retificador de meia onda. A figura 5-15 mostra a interna RS, o diodo é representado por uma
saída do retificador de onda completa com chave S que é sensível à polaridade e o
filtro. capacitor C é o filtro através da carga RL.

Figura 5-16 Circuito equivalente de um retificador de meia onda

Quando a polaridade do sinal CA for a seguinte, quando o diodo não conduz, o


apresentada na figura 5-16a, o diodo conduzirá capacitor se descarrega através da carga.
e atuará como uma chave fechada. Tem-se então Como a resistência de carga RL é muito
corrente circulando que fará com que o maior que Rs, na descarga a constante de tempo
capacitor se carregue com a polaridade é maior. Para melhor filtragem e mínima
indicada. Durante o semiciclo seguinte, a ondulação, a constante de tempo de descarga
polaridade se inverte e o diodo fica polarizado deve ser grande. Este grande tempo de descarga
inversamente, podendo ser considerado como pode ser conseguido com um alto valor de
uma chave aberta, como mostrado na figura 5- capacitância e resistência, portanto o capacitor
16b. Nesse período o capacitor se descarrega deve ser o maior possível.
através da carga RL. No circuito de carga, o Com isso a constante de tempo RC será
capacitor se carrega de Rs para o pico da tensão grande o bastante para tornar mínima a descarga
aplicada. Como Rs é muito pequena, o capacitor do capacitor, durante os períodos em que o
se carrega rapidamente. Durante o semiciclo diodo não conduzir.

5-7
Cálculo do capacitor de filtro Na prática deve-se usar um capacitor de
valor um pouco superior a esse.
Embora filtros mais complexos possam Um outro fator importante a ser
ser construídos, para a maioria das aplicações, o considerado na utilização do capacitor de filtro
simples capacitor de filtro é mais adequado para é a tensão de operação do mesmo. Os
atender a filtragem requerida. capacitores em sua maioria são projetados para
As relações entre corrente de carga, operarem com tensão abaixo de um limite
tensão de ondulação, valor do capacitor e tempo máximo.
de descarga, podem ser formulados através de Quando escolhermos a especificação da
uma simples equação, que é apresentada a tensão máxima do capacitor, devemos ter
seguir: certeza que ela é maior que a tensão de saída da
fonte de força. Geralmente é aconselhável
Ixt deixarmos uma faixa de segurança de 20 %.
C O tipo de capacitor mais comumente
ER
usado em filtros é o eletrolítico de alumínio.
onde:
Porém para aplicações em pequenas correntes,
C = Valor do capacitor de filtro em Farads algumas vezes são usados capacitores de
I = Corrente CC, na carga, em ampères tântalum.
t= Período da tensão de ondulação CA, em Tanto os capacitores eletrolíticos como
segundos os de tântalum, são capacitores polarizados e
devem ser conectados no circuito com a
ER= Máxima tensão de ondulação pico-a- polaridade correta, para que funcionem
pico permitida, em volts. adequadamente.
Para determinarmos I, devemos Filtros LC e RC
conhecer o valor da resistência de carga e a
tensão CC de saída desejada. O tempo t é o Embora o filtro a capacitor seja o mais
período de descarga do capacitor de filtro e é simples, pode-se melhorar a filtragem usando-se
igual ao período de ondulação CA. indutores (Choques) e resistores em combinação
Nos circuitos retificadores de meia onda, com ele.
a frequência de oscilação é de 60 Hz, tornando t Um choque pode reduzir muito a
= 0,01667 s. amplitude de ondulação, visto que ele se opõe
Nos circuitos retificadores de onda às variações de corrente através dele.
completa, a frequência de oscilação é de 120 A figura 5-17 mostra um filtro típico
Hz tornando t = 0,00833 s. com choque de entrada.
Exemplo: Considere uma fonte de força com
retificador de onda completa, que tenha
uma tensão CC de saída igual a 5 V,
sendo a máxima ondulação pico-a-pico
permitida de 1 %. A corrente de carga é
200 mA. Qual o valor mínimo do
capacitor a ser usado?

I = 0,2 A
Figura 5-17 Filtro típico com choque de entrada
t = 0,00833 s
ER= 0,01 x 5 = 0,05 V Para a mesma carga e mesmo retificador,
este circuito proporciona maior tensão de saída
It 0,2 x 0,00833 e ondulação (ripple) mais baixa.
C= 0,0333 Farads
ER 0,05 Os choques de filtro consistem de um
enrolamento feito sobre um núcleo de ferro
C = 33,33 MF laminado. Em conseqüência, os choques são
grandes, pesados e caros, o que os tornam

5-8
geralmente incompatíveis com os circuitos de Porém, se a sobrecarga é muito maior
estado sólido, que são pequenos e leves. que o valor especificado para o fusível, seu
Pode-se também melhorar a qualidade aquecimento e queima serão rápidos. Quanto à
da filtragem usando-se resistores associados a velocidade os fusíveis são disponíveis em três
capacitores. faixas: ação retardada, retardo médio e alta
Usando-se resistores no lugar do choque velocidade.
no circuito(figura 5-17), a tensão de ondulação Os fusíveis de ação retardada são
de saída pode ser reduzida a um valor menor dimensionados para circuitos que algumas vezes
que aquele obtido com apenas um capacitor. devem suportar sobrecargas de 200 a 400%
Quanto maior o valor do resistor, menor acima da corrente nominal. Se essa sobrecarga
a tensão de ondulação, porém, uma certa durar menos de 10 segundos, esse tipo de
quantidade da tensão produzida pela fonte cai fusível a suportará sem abrir.
sobre esses resistores, o que reduz a tensão Os fusíveis de ação retardada têm sua
disponível na saída. maior aplicação em circuitos que são
submetidos a sobrecargas temporárias, tais
TIPOS DE PROTEÇÃO CONTRA como: circuito de partida de motores e circuitos
SOBRECARGA de carga de capacitores.
Os fusíveis de retardo médio são
A sobrecarga é uma das condições geralmente usados em circuitos que podem
anormais mais comuns de ocorrer no emprego suportar uma sobrecarga superior a 200% do
de fontes de força. Ela pode ser resultado de um valor especificado, por cerca de um segundo.
curto-circuito nos terminais da fonte ou mesmo Esses fusíveis são usados em aplicações onde os
devido ao mau funcionamento de algum componentes a serem protegidos poderão ser,
componente do circuito. O método mais usado ocasionalmente, submetidos a uma corrente
para proteger as fontes de força contra ligeiramente superior ao valor máximo de
sobrecarga é o emprego de fusíveis, que é um operação, sem se danificarem.
elemento sensível à corrente, ou seja, ele se abre Os fusíveis de retardo médio se abrirão
quando a corrente que o atravessa excede um em poucos segundos mediante sobrecargas de
valor específico. 100 a 200% do valor nominal. Os fusíveis de
ação rápida são projetados para abrir muito
Fusíveis rapidamente, mesmo com sobrecargas bem
pequenas. São geralmente empregados na
Como vimos, o fusível é um elemento proteção de circuitos delicados ou críticos.
dimensionado para proteger o circuito contra Numa fonte de força a principal
uma corrente exclusiva. Ele consiste de um aplicação do fusível é na proteção do
dispositivo condutor conectado em série com o transformador de força e dos diodos
circuito ao qual deverá proteger. Caso a corrente semicondutores. Os fusíveis para a proteção do
no circuito exceda a um valor pré-determinado transformador de força são conectados no
para o fusível, o mesmo se romperá, circuito do enrolamento primário. Usa-se
interrompendo o fluxo de corrente. Durante o normalmente o de retardo médio. Qualquer
funcionamento normal, enquanto a corrente sobrecarga no secundário será refletida como
estiver abaixo da especificação do fusível, o um aumento de corrente no primário e se não
mesmo simplesmente atuará como um resistor forem removidas poderão danificar o
de valor muito baixo. transformador.
Um ponto a ser considerado é que os Se a corrente de carga for excessiva, ou
fusíveis não se abrem, ou se queimam se o capacitor de filtro entrar em curto, por
exatamente no instante em que a corrente exemplo, pode-se usar um fusível para efetuar a
excede o valor especificado. Esse tempo de proteção apenas dos diodos retificadores.
rompimento dependerá da magnitude e da Esse fusível é de ação rápida e é
duração da sobrecarga. Se a corrente através do conectado em série com a saída do circuito
fusível exceder a sua especificação apenas retificador.
ligeiramente, ele levará muito tempo até se A figura 5-18 mostra a fonte de força
aquecer, fundir e se romper. com os dois diodos de proteção.

5-9
Figura 5-18 Fonte de força com diodos de proteção

No cálculo do fusível a ser utilizado, Os disjuntores podem ser acionados


podemos adotar uma das fórmulas abaixo e (desarmados) por magnetismo ou por efeito
adquirir o valor padrão imediatamente superior térmico. Normalmente é por efeito térmico.
do encontrado. Os disjuntores ou circuit breakers têm
Para o fusível de retardo médio: grande aplicação na aeronáutica. Na linha de
alimentação elétrica das aeronaves geralmente
Máxima corrente permitida cada equipamento possui seu circuit breaker
0,75 correspondente.
Quando houver o desarme de um
Para o fusível de ação retardada: disjuntor, o mecânico ou o piloto poderá
verificar se existe alguma anormalidade no
Máxima corrente permitida circuito e, se nada for constatado, o dispositivo
0,85 poderá ser rearmado. No caso de novo desarme,
a existência de defeito está comprovada,
Disjuntores (Circuit Breakers) exigindo assim uma pesquisa mais detalhada no
circuito.
A figura 5-19 mostra os símbolos usados
Disjuntores são dispositivos usados para
na representação dos disjuntores.
proteção de circuitos. Quando há uma
sobrecarga no circuito o disjuntor se abre
interrompendo o mesmo. A diferença entre o
disjuntor e o fusível é que o primeiro pode ser
rearmado mecanicamente, isto é o disjuntor não
se queima, ele se desarma. Figura 5-19 Simbologia dos disjuntores

5-10
CAPÍTULO 6

TRANSISTOR DE JUNÇÃO

INTRODUÇÃO Os átomos ionizados com cargas


diferentes (negativos na região P, porque
Com a compreensão da constituição e recebem elétrons, e positivos na região N,
comportamento dos elementos semicondutores, porque doavam elétrons), formam um campo
os cientistas a partir de 1948, conseguiram eletrostático que paralisa o processo de difusão.
construir um dispositivo que podia executar a A difusão é o movimento de portadores
função de uma válvula eletrônica, como numa área, onde estão mais concentrados, para
amplificador de corrente. Este dispositivo foi uma região onde sua concentração é menor.
determinado transistor.
Dos primeiros transistores cujas
características eram bastante limitadas, até os
atuais circuitos integrados, que englobam
dezenas ou centenas de diferentes dispositivos
num minúsculo sólido, o avanço tecnológico foi
muito grande.
Figura 6-2 Barreiras de potencial num transistor
FORMAÇÃO DAS JUNÇÕES PNP E NPN PNP

Um transistor de junção consiste em um A figura 6-3 mostra a simbologia usada


cristal de silício ou de germânio no qual existe na representação dos transistores PNP e NPN.
uma camada de silício do tipo N entre duas
camadas de silício do tipo P, ou uma camada P
entre duas camadas N. No primeiro caso
teremos um transistor chamado PNP e, no
segundo, um transistor NPN, como mostra a
figura 6-1.
Figura 6-3 Símbolos dos transistores

Na representação simbólica do transistor,


a seta identifica o emissor, que é o elemento que
emite portadores. O elemento oposto ao emissor
é chamado coletor,pois recebe os portadores
enviados pelo emissor. O elemento
intermediário é denominado base.
A base controla o fluxo de portadores
Figura 6-1 Transistores PNP e NPN entre o emissor e o coletor. A seta sempre
aponta para o elemento negativo. Assim, se a
Com a formação das três regiões, seta apontar para o emissor, neste caso negativo,
aparecem automaticamente duas outras teremos um transistor NPN. Se a seta apontar
pequenas regiões internas, já conhecidas como para a base, o coletor e o emissor serão do tipo
barreira de potencial ou região de depleção. P, teremos então um transistor tipo PNP.
As barreiras de potencial são campos
eletrostáticos formados nas linhas de junção, da Polarização do transistor NPN
seguinte maneira: na figura 6-2, os elementos P
possuem grande quantidade de portadores O transistor só irá funcionar correta-
positivos e o elemento N grande quantidade de mente se tiver uma polarização adequada.
portadores negativos. A difusão de elétrons da Quando ligamos uma bateria na junção
região N e lacunas das regiões P resultam em base-emissor, como mostra a figura 6-4,
recombinações nas linhas das junções, observamos que corresponde a uma polarização
ionizando os átomos das impurezas. direta.

6-1
divide em dois ramais uma que vai para o
terminal da base (IB) e outra que vai para o
coletor (IC), temos que: IE = IB + IC.
Apesar da polarização inversa entre base
e coletor, o valor da corrente do coletor é muito
superior ao da corrente que fluía quando o
transistor era polarizado isoladamente. Nesta
situação IC é aproximadamente 98% de IE , com
isso podemos concluir que a quantidade de
Figura 6-4 Transistor NPN em polarização corrente IC depende da polarização direta entre
direta base e emissor. Este fenômeno pode ser
entendido analisando-se a figura 6-7.
Dessa maneira fluirá então uma corrente
através da baixa resistência da junção emissor-
base.
Se aplicarmos tensão através da segunda
junção, como mostrado na figura 6-5, fluirá uma
corrente muito pequena através da resistência da
junção base-coletor, pois a polarização é
inversa.

Figura 6-7 Portadores em movimento no


transistor NPN

Os elétrons na região do emissor são


repelidos pelo potencial negativo da fonte em
direção à base, passando com facilidade pela
junção base-emissor, pois a mesma está
polarizada diretamente apresentando assim uma
Figura 6-5 Transistor NPN em polarização
baixa resistência.
inversa
Alguns elétrons se recombinam com as
lacunas existentes na base, formando a corrente
Esta pequena corrente, que é causada
de base.
pelos portadores minoritários, é chamada de
Como o número de lacunas na base é
corrente de fuga.
inferior ao número de elétrons que nela
Consideramos até agora as duas junções
penetram, e também devido ao fato da base ter
polarizadas separadamente. A seguir veremos o
dimensões muito reduzidas, a maioria dos
comportamento do transistor quando nele
elétrons atinge a junção base-coletor.
aplicamos as duas tensões ao mesmo tempo.
Esses elétrons que estão sendo atraídos
pelo potencial positivo do coletor ultrapassam a
junção base-coletor, chegando ao terminal
positivo da fonte.
Este movimento de elétrons nos
elementos do transistor constituem as correntes
elétricas através do mesmo.

Polarização de um transistor PNP

Figura 6-6 Transistor NPN polarizado A análise da polarização do transistor


PNP é análoga ao do NPN, entretanto, para que
Analisando a figura 6-6, podemos ver a junção emissor-base seja polarizada
que a corrente que passa pelo emissor (IE) se diretamente e a junção base-coletor inversa-

6-2
mente, é necessário mudar as polaridades das GANHOS E AMPLIFICAÇÃO DO
fontes, com relação às usadas no transistor TRANSISTOR
NPN.
Estas polaridades estão apresentadas na figura Cada uma das junções de um transistor
6-8. apresenta uma queda de tensão, que é
denominada conforme a junção. Temos então:

VBE ou VEB = tensão entre base e emissor


VBC ou VCB = tensão entre base e coletor
VCE ou VEC = tensão entre coletor e emissor

A maioria deles é VCE. Podemos dizer


que VCE é a soma das outras duas, ou seja: VCE
= VBE + VBC. Podemos também medir a tensão
Figura 6-8 Portadores no transistor PNP de um elemento qualquer do transistor em
relação à terra. Neste caso temos então:
As lacunas da região do emissor, que são
repelidas pelo potencial positivo da fonte em VB = tensão entre base e terra
direção à base, ultrapassam a junção emissor- VE = tensão entre emissor e terra
base com facilidade, pois a mesma está
polarizada diretamente e sua resistência é baixa. VC = tensão entre coletor e terra
Novamente algumas destas lacunas se Estes termos são aplicados à qualquer
recombinam com os elétrons existentes na base, tipo de transistor em qualquer configuração.
constituindo a corrente da base IB.
Devido ao baixo número de elétrons Tipos de configuração
existentes na base, a maioria das lacunas que
nela penetram alcançam a junção base-coletor. O transistor pode ser ligado em um
Estas lacunas que estão sendo atraídas pelo circuito de três formas distintas: base comum,
potencial negativo do coletor ultrapassam a emissor comum ou coletor comum. O nome da
junção base-coletor, chegando ao terminal configuração é referenciado ao elemento do
negativo da fonte. transistor que é comum aos circuitos de entrada
Portanto enquanto o potencial positivo e de saída. A figura 6-9 mostra um transistor
retira elétrons do emissor, o potencial negativo NPN nas três configurações, respectivamente:
fornece elétrons ao coletor. base comum, emissor comum e coletor comum.

Vin Vin

Figura 6-9 Transistores nas configurações BC, EC e CC

Cada configuração apresente vantagens e tensão ou corrente de saída deve ser maior que a
desvantagens que irão determinar a sua tensão ou corrente de entrada.
aplicação. Normalmente o maior interesse é saber
os ganhos referentes à corrente alternada, mas
Ganhos do transistor
iniciaremos com exemplos do ganho com
Como a principal função do transistor é corrente contínua.
amplificar sinais o mesmo deve apresentar um Consideremos o transistor na
“ganho” de tensão e de corrente, ou seja, a configuração mostrada na figura 6-10.

6-3
Com os dados obtidos no exemplo
anterior podemos calcular o ganho de potência
Gp:
Po Vo x Ic 98 x 9,8 mA
Gp =
Pi Vi x I E 0,3 x 10 mA

Figura 6-10 Transistor na configuração base 960,4


comum = 320,2
3
Como podemos ver, apesar de não
Com os valores atribuídos para IE e IC termos obtido ganho de corrente, os ganhos de
temos: tensão e de potência foram altos.
Esses ganhos são provocados pela
Corrente de saída passagem de corrente de uma junção de baixa
Ganho de corrente =
Corrente de entrada resistência (base-emissor) para outra de alta
IC resistência (base-coletor).
= Concluímos também que se soubermos
IE os valores de dois ganhos de um determinado
9,8 transistor, o outro ganho pode ser calculado de
Ganho de corrente = Gi = 0,98
10 forma simples e direta.
Neste caso, o circuito não apresenta Uma vez que Gp = Gv x Gi como
ganho de corrente, ou seja há perda de corrente consequência teremos:
no circuito porque a corrente de saída é menor
que a corrente de entrada. Gp Gp
O ganho de tensão é a relação entre a Gi = e Gv
Gv Gi
tensão de saída Vo e a tensão de entrada Vi ou
seja: Como os ganhos podem ser estáticos (re-
Vo ferentes a corrente contínua) e dinâmicos (refe-
Gv =
Vi rentes a corrente alternada), usa-se a letra
Vo é o produto da corrente de saída (Ic) maiúscula para diferencia-los.
e a resistência de saída (Ro). Os ganhos estáticos são identificados
A Ro, que é a junção base-coletor pela letra “G” e os dinâmicos pela letra “A”.
polarizada inversamente, é de valor elevado. Os ganhos de corrente também podem
A Vi é o produto da corrente de entrada ser representados por uma letra grega que
(IE) e a resistência de entrada (Ri). também serve para identificar a configuração do
A Ri que é a junção base-emissor transdutor. A letra “D” (alfa) é usada na
polarizada diretamente é de valor baixo. configuração base comum, a letra “E” (beta) é
Para o mesmo circuito de figura 6-10 usada em emissor comum e a letra “J” (gama) é
suponhamos Ro = 10 K e Ri = 30 :. Temos usada em coletor comum.
então que:

Vi = IE x Ri = 10 mA x 30 : = 0,3 V AMPLIFICADOR EM CONFIGURAÇÃO


EMISSOR COMUM
Vo = Ic x Ro = 9,8 mA x 10 K = 98 V
No circuito do amplificador na
Vo 98 configuração emissor comum o sinal de entrada
Gv = # 327 é aplicado entre o emissor e a base e o sinal de
Vi 0,3
saída é retirado entre o coletor e o emissor, ou
O ganho de potência Gp é a relação entre seja o emissor é o elemento comum à entrada e
a potência de saída (Po) e a potência de entrada à saída do circuito.
(Pi). A Po é o produto da tensão Vo e a corrente A figura 6-11 mostra o amplificador na
Ic. A Pi é o produto da tensão Vi e a corrente IE. configuração emissor comum.

6-4
O valor da corrente direta base-emissor
(IB), depende dos valores de RB e da própria
tensão da fonte VBB.
O valor da corrente IC depende
praticamente do valor da corrente IB.
Geralmente o circuito é polarizado para
termos uma corrente média de base, em
consequência a corrente do coletor também será
média.
Essas correntes médias se estabelecem
no circuito tensões VBE e VCE constantes como
mostrado na figura 6-13.
Figura 6-11 Ampliador em configuração
emissor comum

Analisando o circuito, vemos que


a junção base-emissor está polarizada
diretamente e a junção base-coletor, inversa-
mente.
Devido a esta polarização, o circuito de
entrada apresenta uma baixa resistência e o
circuito de saída uma alta resistência. A
resistência de base RB tem por finalidade limitar
a corrente no circuito de base-emissor no valor
desejado.
O resistor no circuito do coletor serve
para obter variações de VCE com as variações de
Ic, desenvolvendo no circuito de saída uma
variação de VCE dependente da variação da
tensão do sinal de entrada.

Descrição do funcionamento

O circuito da figura 6-12 refere-se a um


ampliador em emissor comum, com transistor
PNP.
O coletor é alimentado pela tensão Vcc,
através de RL e, através de RB, VBB polariza Figura 6-13 Tensões VBE e VCE no transistor
diretamente a junção base-emissor. PNP em configuração EC

Se a corrente de base aumentar ou


diminuir a corrente do coletor, as tensões VRL e
VCE também sofrerão variações proporcionais à
estas.
Estas variações nas correntes e tensões
do circuito podem ser causadas por um sinal
senoidal aplicado à entrada do mesmo.
Faremos a seguir um estudo do compor-
tamento do circuito emissor comum, com um
sinal senoidal aplicado entre a base e o emissor.
A figura 6-14 mostra um ampliador
emissor comum com transistor PNP e os
Figura 6-12 Transistor PNP, em configuração respectivos gráficos dos sinais de entrada e de
emissor comum saída.

6-5
Figura 6-14 Amplificador emissor comum com sinais de entrada e de saída

Admitamos que no instante inicial o variando do máximo até zero. A tensão VCE
sinal senoidal aplicado ao circuito de base tende a aumentar negativamente, devido a
aumente de zero a um máximo positivo, como diminuição de VBE, que por sua vez tende a
aparece na figura 6-14, no período de t0 a t1. diminuir a IB e a IC. Com isso a queda da tensão
Como o circuito utiliza um transistor em RL também diminui.
PNP, o sinal positivo crescente, aplicado na Observando os gráficos de entrada e de
base, diminui a polarização direta base-emissor saída na figura 6-14, na configuração emissor
(VBE), diminuindo a corrente de base (IB). A comum vemos que entre eles existe uma
diminuição de IB provoca a diminuição de IC e defasagem de 180o. O funcionamento desse
da queda de tensão em RL. Com a diminuição da ampliador, tal como o de base comum, é
tensão em RL, há um aumento da tensão caracterizado pela variação da corrente no
negativa entre o coletor e o emissor (VCE) como circuito de base-emissor que produz uma
mostra o gráfico de saída na figura 6-14. variação de corrente e tensão no circuito coletor.
Quando a tensão de entrada do circuito Estas variações, plotadas em gráficos,
diminuir do máximo positivo para zero, isto é, representam as curvas características de entrada
entre os tempos t1 e t2, a polarização direta e de saída de um transistor. Normalmente estas
aumenta proporcionalmente, aumentando IB e e também outras curvas características são
consequentemente IC. Com o aumento de IC, a fornecidas pelo fabricante do componente.
queda de tensão em RL também aumenta. Com o
aumento da tensão em RL, a VCE diminui como CURVAS CARACTERÍSTICAS DO
mostrado no gráfico da tensão de saída na figura AMPLIFICADOR EM EMISSOR COMUM
6-14 entre os tempos t1 e t2.
A variação da tensão de entrada entre os Curva característica de entrada
tempos t2 e t3 continuará a aumentar a
polarização direta, diminuindo mais a VCE, Como vimos, a curva característica de
como também pode ser visto no gráfico da entrada de um transistor em configuração
tensão de saída na figura 6-14. emissor comum é traçada em função das
Entre os tempos t3 e t4, no gráfico do variações da VBE e IB, com determinada VCE de
sinal de entrada, a tensão é negativa e está valor constante.

Figura 6-15 Circuito e curva característica de entrada do emissor comum

6-6
Observando o circuito da figura 6-15 No amplificador em configuração
vemos que as variações de IB e VBE podem ser emissor comum o valor da Ri é geralmente
conseguidas através da atuação de um
baixo, porém maior que o valor da Ri do
potenciômetro conectado à base do transistor.
Com a variação do cursor do circuito em base comum.
potenciômetro P1, haverá variação da VBE e de O resistor de base RB no circuito da
IB. Variando-se a IB a partir de 0 µA, passo-a- figura 6-15 tem a função de limitar a
passo, observam-se as variações de VBE corrente de base em um determinado valor.
correspondentes. O cálculo de RB pode ser feito da seguinte
Com os dados obtidos, plota-se um
forma:
gráfico semelhante ao da figura 6-15. Através
dos gráficos das curvas de entrada do
amplificador, podemos obter dados para o VBB  VBE
RB =
cálculo da polarização de base, da resistência de IB
base etc. Curva característica de saída
A resistência de entrada pode ser obtida
em função de uma dada variação de IB e de sua
correspondente variação de VBE da seguinte As características de saída do
maneira: amplificador em emissor comum, com
relação a tensões e correntes são obtidas
' VBE com um circuito semelhante ao da figura 6-
Ri =
'IB 16.

Figura 6-16 Circuito para levantamento da curva característica de saída do amplificador em emissor
comum

Com o valor de IB ajustado e mantido pontos marcados, teremos uma curva


constante, varia-se a tensão VCE passo-a-passo, semelhante à da figura 6-17.
anotando-se as variações de IC.
Com os dados obtidos das variações de
IC para cada variação da VCE, pode-se traçar a
curva de saída para a IB usada.
Por exemplo, podemos apresentar uma
curva com IB igual a zero e em seguida com IB =
20 µA.
Com a IB ajustada para zero, aumenta-se
a VCE de zero até 10 V, anotando-se as 00 µA
µA
variações de IC em cada lance de variação da
VCE, que pode ser de 1 em 1 Volt.
Plotando-se em um gráfico as variações Figura 6-17 Variações de VCE e IC com IB
de VCE e IC com IB igual a zero e interligando os igual a zero

6-7
Em seguida, ajustando-se a IB para 20 GANHOS DO TRANSISTOR EM
µA, varia-se novamente a tensão VCE de zero a EMISSOR COMUM
10 V anotando-se as correspondentes variações
de IC. Ganho de corrente
Com os dados obtidos plota-se no
gráfico a curva característica correspondente às O ganho de corrente de um amplificador
variações de IC e VCE com IB igual a 20 µA. Essa é a relação entre a corrente de entrada e a
curva é mostrada na figura 6-18. corrente de saída, ou seja, entre IB e IC. Como a
corrente IC é bem maior que a corrente IB, o
transistor terá um alto ganho de corrente na
configuração emissor comum. Para designar o
ganho de corrente usa-se a letra grega “beta”ȕ”e
o mesmo é determinado pela fórmula:

20 µA ' IC
0 µA ȕ= , com VCE constante.
' IB

Os valores de IB e IC podem ser


Figura 6-18 Variações de VCE e IC com IB igual encontrados no gráfico de curvas características
a 20 µA do transistor, como mostra a figura 6-19.

Figura 6-19 Curvas características de ganho de corrente do transistor

Para encontrarmos os dados em curvas Ganho de tensão


para o cálculo de corrente, traça-se primeiro
uma perpendicular ao eixo VCE, por exemplo, 10 Um transistor na configuração emissor
V, como na figura 6-19. A seguir verifica-se a comum apresenta um alto grau de tensão. O
variação de IC para uma determinada variação ganho de tensão, analogamente ao ganho de
de IB. corrente, é a relação entre a tensão de saída e a
Na figura 6-19, vemos que uma variação tensão de entrada, ou seja:
de 20 a 25 µA na IB irá produzir na IC uma
variação de 12,5 mA. Neste caso, o ganho de Vo
corrente será: Gv =
Vi

' IC 15 12,5 mA Para calcular o ganho de tensão


ȕ= 500
' IB 25  20 PA podemos usar ainda a seguinte expressão:

6-8
Ro
Gv = E x
Ri
Ro
Onde é chamado de ganho de resistência,
Ri
pois consiste da relação entre a resistência de
saída e a resistência de entrada.

Ganho de potência

Geralmente, o ganho de potência nos


circuitos em configuração emissor comum é
muito alto.
O ganho de potência é o produto do
ganho de corrente (ȕ) pelo ganho de tensão (Gv)

GP = ȕ x Gv

CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS E
DINÂMICAS DE UM AMPLIFICADOR
EM EMISSOR COMUM Figura 6-20 Curva característica com reta de
carga para o amplificador na
O ponto de operação de um transmissor configuração emissor comum
é também denominado por ponto de trabalho ou
ponto quiescente. Temos então a reta de carga traçada
Quando em operação sobre o transistor entre esses dois extremos. Se o IC máximo é de
são aplicadas tensões e correntes de modo a se 12 mA e a VCC é 6 V, o valor da resistência de
estabelecer uma polarização e fixarmos para o carga RL pode ser calculado pela lei de Ohm:
mesmo um ponto de operação.
O ponto quiescente é designado pela VCC 6V
letra “Q”. RL = 500 :
IC máxima 12 mA
Reta de carga
Ainda observando o gráfico da figura 6-
A linha ou reta de carga é a reta que 20, partindo do cruzamento das curvas de IB
interliga, no gráfico de curva de saída, o ponto com a reta de carga, vemos que com 20 µA de
de máxima IC ao de máxima VCE, para um IB, a IC será aproximadamente 1,8 mA e a VCE
determinado circuito ampliador. de 5,5 V.
O ponto de máxima IC está relacionado Como a corrente de saída de um
com a condição de saturação do transistor, que é amplificador depende da corrente de entrada,
quando as junções coletor e emissor estão devemos escolher qual corrente desejável para o
diretamente polarizadas e o transistor é circuito de base.
considerado um circuito aberto. No caso escolheremos uma IB de 40 µA.
Em resumo, a reta de carga traçada no Marcaremos no gráfico de saída, como ponto Q
gráfico de curvas de saída nos mostra as o cruzamento da reta de carga com a curva de
condições de funcionamento dinâmico do 40 µA de IB. Escolhida a IB podemos encontrar
circuito, entre os limites máximos e mínimos de o valor da VBE no gráfico da curva de entrada
IC e VCE. que é aproximadamente 0,16 V.
A figura 6-20 mostra a curva Com esses dados o valor da resistência
característica de saída com a reta de carga para de base (RB) pode ser encontrado pela fórmula
o circuito em emissor comum. dada a seguir:
Considerando o gráfico da figura 6-20,
adotaremos para VCC o valor de 6 V e para a VBB  VBE 1  0,16V
RB = 21 K:
máxima IC o valor de 12 mA. IB 4 PA

6-9
Análise do circuito emissor comum IB determinará uma IC de aproximadamente 3,5
polarizado mA, como poderá ser visto no gráfico da figura
6-20, pela projeção do ponto “Q”,
O circuito da figura 6-21 mostra um perpendicularmente ao eixo de IC.
transistor PNP, tipo 2N408. Como polarização o Sendo IC § 3,5 mA, passando através de
fabricante sugere os seguintes valores: RL, a qual podemos considerar 500 ȍ,
RB = 21 Kȍ determinará uma queda de tensão que pode ser
calculada pela fórmula abaixo:
VBB = 1 V
VCC = 6 V
Quando o circuito for ligado, o resistor ERL = RL x IC = 500 x 0,0035 = 1,8 V
RB limitará a corrente de base em 40 µA. Essa

Figura 6-21 Amplificador em emissor comum com transistor PNP

Se a queda de tensão em RL é de 1,71, a tende a alterar as condições de IC e VCE, no


tensão VCE será igual a: circuito de saída.
Aplicando-se um sinal senoidal de 0,04
VCE = VCC – RL = 6 - 1,8 = 4,2 V VPQ na entrada desse circuito, todas as correntes
e tensões estáticas do circuito tendem a variar
Um circuito polarizado com esses na mesma relação senoidal.
valores encontrados tende a permanecer Estas variações podem ser traçadas no
estaticamente nesta situação. Qualquer gráfico de curvas de entrada e no de saída
desequilíbrio de corrente no circuito de base conforme mostra a figura 6-22.

Figura 6-22 Curvas de entrada e de saída em emissor comum

6-10
A figura 6-22 mostra o gráfico das A potência de saída conforme os dados
variações de IB em função das variações da VBB, obtidos nos gráficos de saída do amplificador
produzidas pelo sinal de 0,04 pp aplicado à base em função do sinal de 0,04 Vpp, será:
do transistor.
Através dessas curvas podemos obter Pout = ' VCE x ' IC = 1,8 x 0,0033 =
dados para calcular os ganhos dinâmicos que se
referem a uma condição de funcionamento do =0,0059 W = 59 x 10-4 W
circuito.
O ganho dinâmico de um amplificador Com isso o ganho de potência do
depende das características do mesmo. Existem circuito será:
amplificadores para ganho de tensão e outros
para ganho de corrente. P out 59 x104 W
Ap = 3687
GANHOS DINÂMICOS DO CIRCUITO P in 1,6 x10 6 W
EMISSOR COMUM
O amplificador em configuração emissor
Ganho de corrente comum, como verificamos, oferece ampliação
alta em relação ao de base comum.
No gráfico da figura 6-22 vemos que Esta ampliação varia conforme o valor
uma variação de IB de 20 µA a 60 µA sobre a da RL.
linha de carga produz uma variação de IC de 1,7 Com RL de valor alto o ganho de
a 5 mA. O ganho de corrente do amplificador corrente é baixo e o de tensão é alto. Com RL de
será aproximadamente igual a 82. valor baixo o ganho de corrente é alto e o de
tensão é baixo.
' IC 5 1,7 0,0033 A figura 6-23 mostra os gráficos de
Ai = # 82 ganhos de corrente e tensão, em função do valor
' IB 60  20 0,00004
de RL.
Ganho de tensão

Para o circuito em estudo o ganho de


tensão pode ser encontrado através dos gráficos
de entrada e de saída do circuito.
No gráfico da figura 6-22 vemos que
uma variação de VBE de 0,14 a 0,18 V(ou seja
0,04 V) produzirá uma variação de IB de 40 a 60
µA. Esta variação de IB produz na VCE uma
variação de 3,5 a 5,3 V.
O ganho de tensão será, portanto:

' VCE 5,3  3,5 1,8


AV = 45
' VBE 0,18  0,14 0,04

Ganho de potência

A potência de entrada para o circuito da


figura 6-21 é dada por:

Pin = ' VBE x ' IB

Como ' VBE = 0,04 V


Figura 6-23 Ganhos de corrente e tensão em
Pin = 0,04 x 0,00004 = 1,6 x 10-6 W função da resistência de carga

6-11
AMPLIFICADOR EM CONFIGURAÇÃO entre o emissor e o coletor. O coletor é comum
COLETOR COMUM aos circuitos de entrada e de saída.
Na figura 6-24 A vemos um circuito
No amplificador em configuração coletor comum com um transistor PNP e na
coletor comum, o circuito de entrada de sinal é figura 6-24 B o mesmo circuito com transistor
entre a base e o coletor, e o circuito de saída é NPN.

Figura 6-24 Configuração coletor comum

O transistor em configuração coletor Funcionamento do amplificador em coletor


comum é polarizado, como as outras comum
configurações, diretamente entre base e emissor
e inversamente entre base e coletor. Na figura 6-25 está esquematizado um
Nos circuitos da figura 6-24 a circuito amplificador em emissor comum, com
polarização direta de base para emissor é feita transistor PNP, no qual vemos que a fonte de
por VBB, enquanto que VCC polariza tensão VCC alimenta o coletor e o emissor
inversamente o circuito base-coletor. através de RE e, VBB alimenta a junção base-
RB limita a IB ao valor desejado e RE, no emissor através de RB.
circuito de emissor, é a resistência de carga. A Supondo que o circuito esteja polarizado
finalidade desta resistência é permitir que se para uma corrente de base média, a corrente de
desenvolva, na saída, uma variação de tensão emissor também será média.
que depende da variação de tensão que depende Estas correntes médias estabelecem, no
do sinal de entrada. Como neste tipo de circuito circuito, tensões de base e de emissor
a tensão de saída é retirada do emissor, ele é constantes, conforme pode ser visto nos gráficos
também denominado seguidor de emissor. A e B da figura 6-25.

Figura 6-25 Amplificador em configuração coletor comum

6-12
Se VB variar em função de uma tensão como mostra o gráfico “B” da figura 6-26 entre
senoidal, a IB sofrerá variação, variando também os tempos t0 e t1. Com a diminuição da tensão
a IE que provocará a variação da tensão em RE. do máximo positivo para zero, como aparece no
A tensão em RE pode ser denominada de VE gráfico “A” entre os tempos t1 e t2, a
(tensão de emissor). polarização direta na base aumente
Através do circuito da figura 6-26, proporcionalmente, aumentando a IB. Com o
estudaremos o comportamento do amplificador aumento da IB há também um aumento da IE e
em coletor comum, com sinal senoidal aplicado da queda de tensão em RE, com um conseqüente
à base. O gráfico “A” representa a tensão do aumento relativo de VE, como pode ser visto no
sinal de entrada, dividida em tempos, e o gráfico gráfico “B” da figura 6-26, entre os tempos t1 e
“B” representa o sinal de saída também dividido t2.
em tempos. A variação da tensão de entrada, entre
Suponhamos inicialmente que o sinal os tempos t2 e t3, continuará a aumentar a
aplicado à base aumente de zero ao máximo polarização direta (VBE), aumentando mais a IC,
positivo, como de t0 a t1, no gráfico “A” da com conseqüente aumento de VE.
figura 6-26. Sendo o transistor PNP este sinal Entre os tempos t3 e t4 da tensão de
positivo crescente diminui a polarização direta entrada, a polarização direta diminui,
(VBE), diminuindo a IB. A diminuição da IB diminuindo a IB, a IC e a VE, como mostrado no
produz a diminuição da IE e da tensão em RE, gráfico “B” entre os tempos t3 e t4.

Figura 6-26 Amplificador em configuração coletor comum com sinal aplicado à entrada

Através dos gráficos A e B, Ganho de tensão


verificamos que neste tipo de circuito os sinais
de entrada e de saída estão em fase.
Como vimos, o funcionamento do O ganho de tensão do amplificador em
amplificador em configuração coletor comum, configuração coletor comum é definido como
está ligado às variações de tensão e corrente do sendo a relação entre as variações de tensão de
emissor, produzidas pelas variações de corrente saída, que aparece em RE, e a de entrada
na base. Estas variações de tensões e correntes (aplicada na base).
são plotadas em gráficos como nas outras Neste tipo de configuração, o valor
configurações. Estes gráficos representam as numérico do ganho de tensão depende do valor
características do transistor nesta configuração. de RE e nunca é maior que a unidade.
Isto acontece porque, conforme vemos
Características do amplificador em coletor no circuito da figura 6-26, o sinal é aplicado na
comum base em série com RE.
As variações de tensão em RE
Estudaremos neste tipo de montagem produzem uma forte realimentação negativa que
do transistor, os ganhos relativos à tensão, tende a diminuir a polarização direta base-
corrente, potência e resistência. emissor.

6-13
Ganho de corrente

Nas curvas características de saída do


circuito em configuração coletor comum, que
aparece na figura 6-28, vemos que a corrente de
saída é a IE e a de entrada é a IB. Sabendo-se que
o ganho de corrente é a relação entre as
correntes de saída e de entrada, concluímos que,
neste circuito, há um alto ganho de corrente, o
qual poderá ser calculado pela fórmula:

' IE
Ai
' IB

Ganho de potência

Embora o ganho de tensão desta


configuração seja muito baixo, o elevado ganho
de corrente determina um ganho de potência
considerado alto. O ganho de potência pode ser Figura 6-27 Ganhos de tensão e corrente em
determinado, multiplicando-se o ganho de função da resistência de carga
corrente pelo ganho de tensão.
LINHA DE CARGA NO CIRCUITO
Ganho de resistência COLETOR COMUM

Sendo o ganho de resistência a relação O gráfico apresentado na figura 6-28


entre a resistência de saída e a de entrada, faz-se representa a característica de saída do transistor
necessário conhecer estes dois valores para a 2N408 em coletor comum. Vemos nele que a
determinação do ganho de resistência. corrente de saída é a IE e a tensão de saída é a
VCE. No circuito, vemos que o valor da tensão
1) Resistência de entrada: a resistência VCC é de 6 V e RL é de 500 ȍ.
de entrada do circuito em coletor comum A linha de carga liga os pontos de
é normalmente muito alta, por causa da máxima VCE, neste caso 6 V, e máxima IE, que
realimentação negativa do circuito. neste exemplo é de 12 mA. Devemos lembrar
Também devemos considerar o circuito que a máxima IE é a condição do circuito com o
de entrada base-coletor, que é polarizado transistor saturado ou em curto e a máxima VCE
inversamente. é a condição do circuito com o transistor
2) Resistência de saída: a resistência de considerado em circuito aberto.
saída deste tipo de circuito é Para o estudo das características deste
normalmente pequena e depende quase circuito, ele foi polarizado estaticamente
que exclusivamente do valor de RE. conforme aparece no gráfico da figura 6-28.
Podemos concluir que este tipo de Neste gráfico vemos que a IB estática é
configuração também não apresenta de 40 µA. Considerando o valor da tensão VBE
ganho de resistência. em 0,2 V com 40 µA de IB, o valor de RB poderá
ser calculado.
As características principais do circuito Observamos no gráfico que, com IB de
em coletor comum são: ganho de tensão menor 40 µA, a IE é, aproximadamente 2,9 mA. Esta
que a unidade, alto ganho de corrente, alto corrente passando por RL, cujo valor é de 500 Ƿ
ganho de potência, alta resistência de entrada e determinará uma queda de tensão de 1,45 V
baixa resistência de saída. (500 Ƿ x 2,9 mA = 1,45 V).
Na figura 6-27 vemos dois gráficos que Conforme vemos no circuito, o sentido
mostram os ganhos de tensão e corrente, da corrente no resistor RE faz com que o emissor
conforme o valor de RE. fique com uma tensão negativa de 1,45 V.

6-14
Como o valor de VBE é de 0,2 V, para que a
junção base-emissor fique polarizada direta-
mente, a tensão de base deverá ser de –1,65 V,
visto que o emissor está com uma tensão
negativa de 1,45 V.
Se a tensão de base deve ser de –1,65 V,
podemos retirar esta tensão de VCC, intercalando
um resistor (RB) em série, como limitador da
tensão restante, ou seja, 4,35 V.
Sabendo-se que a corrente que deverá
circular por RB é a IB de 40 µA, o seu valor (RB)
pode ser calculado da seguinte forma:

VCC  VB 6  1,65 4,35


RB= # 109 K:
IB 40 4 x10 5

O comportamento dinâmico deste


circuito com transistor PNP pode ser agora
analisado. Notamos que a sua condição estática
com relação a correntes e tensões é vista nas
curvas características, ou medidas, se o circuito
fosse montado experimentalmente, conforme os
valores de tensão VCC, RE e RB, que o
constituem.
Nas curvas, vemos que com IB de 40 µA
a IE será de 2,9 mA e a VCE de 4,55 V. Nesta
situação, a VE será igual a –1,45 V (VCC – VCE =
VE).
Se um sinal com tensão senoidal for
aplicado no circuito de base, a IB variará,
variando a IE. A variação da IE produzirá Figura 6-28 Circuito e curva característica de
variação na VE. Estas variações de IB, IE e VCE saída da configuração coletor
podem ser vistas no gráfico da figura 6-28. comum

6-15
CAPÍTULO 7

ESTABILIZAÇÃO DA POLARIZAÇÃO DE TRANSISTORES

INTRODUÇÃO de destruir os fios de conexão dos dispositivos,


embora a corrente necessária para tal, seja bem
Ao lançar um transistor no comércio, o maior que a especificada como corrente máxima
fabricante fornece todas as informações sobre absoluta.
ele e as inclui em seus manuais para facilitar o Embora o ȕ dependa do transistor, ele
trabalho dos técnicos e projetistas de circuitos. pode sofrer variações de acordo com o valor de
Uma das principais informações IC. Assim, para valores muito elevados de
fornecidas é a família de curvas características corrente, o ȕ diminui. A figura 7-1 nos mostra
de saída do transistor. De posse dela, entre três curvas para alguns tipos de transistores.
outras coisas, podemos traçar a linha de carga e
a curva de máxima dissipação de potência. A
primeira nos possibilita a escolha do ponto “Q”
(ponto quiescente) ou POE (ponto de operação
estática) e a segunda nos assegura se o transistor
está trabalhando dentro de seus limites.
Aparentemente, para que um transistor
não se danifique durante seu funcionamento,
baste que ele trabalhe dentro dos limites de
dissipação de potência. Entretanto, existem
outros aspectos a serem considerados, tais
como: corrente, tensão e temperatura.
Portanto, antes de entrarmos no traçado
da curva de máxima dissipação de potência,
faremos considerações sobre essas limitações. Figura 7-1 Ganho em função da IC para vários
transistores
LIMITAÇÕES DOS TRANSISTORES
BIPOLARES Na figura 7-2, são apresentadas as curvas
características de saída e é delimitada a faixa
Como qualquer componente eletrônico, possível de operação, em termos de corrente do
o transistor em funcionamento normal, não deve coletor. Nesta figura estamos considerando
ultrapassar os valores limites de tensão, apenas a limitação de corrente do coletor.
corrente, potência, temperatura e frequência, Ainda com relação às especificações de
fornecidos pelo fabricante, sob pena de correntes, o fabricante fornece, às vezes, os
desempenho não satisfatório, diminuição do valores limites das correntes de base e de
tempo de vida ou mesmo destruição do emissor.
componente.
Limitações de tensões
Limitações de correntes
Como limitação de tensão, geralmente o
O fabricante especifica a corrente de fabricante fornece os valores máximos das
coletor (máxima absoluta) que pode fluir no tensões entre os três terminais, ou seja, os
transistor, embora esta definição não seja muito valores máximos de VBE, VBC e VCE, quando as
clara, uma vez que na realidade, desde que a junções são polarizadas inversamente.
potência dissipada não ultrapasse o valor Sabemos que, no funcionamento normal
também especificado por ele, a corrente do do transistor, a junção base-emissor é polarizada
coletor pode ser aumentada até um ponto que diretamente, mas o fabricante costuma dar a
não destrua o material do transistor. Entretanto, tensão máxima inversa, caso ela venha a ser
mesmo sem exceder a potência especificada, a polarizada inversamente, fato que ocorre,
corrente pode ser suficientemente alta a ponto quando o transistor é usado como chave.

7-1
Quanto à junção base-coletor, ela A figura 7-3 mostra a ocorrência do fato
normalmente é polarizada no sentido inverso, com diversos valores de corrente de emissor.
havendo portanto, necessidade de fornecer os Esta figura mostra também que o fabricante
valores máximos inversos de VBC e VCE. fornece a BVBCO , que é a tensão de ruptura
entre o coletor e a base. A letra “B” significa
ruptura (Breakdown em inglês) e a letra “O”
significa que o emissor está aberto (Open).
Geralmente, o fabricante especifica
também a tensão máxima permissível entre o
coletor e o emissor, com a base aberta. Esta
especificação é dada em termos de BVCEO,
tensão inversa de ruptura entre o coletor e o
emissor. O conjunto de curvas representativas
deste fenômeno é ilustrado na figura 7-4.
Figura 7-2 Delimitação da região de funcio-
namento de um transistor em
função da máxima IC

Lembramos que VCE = VBC + VBE.


Portanto, dados os valores de VBE e VCE, VBC
estará praticamente definida, pois basta verificar
a diferença entre os valores dados para se obter
VBC.
Por exemplo, se um transistor de silício
está funcionando em um circuito com VBE =
0,6V e VCE = 10V, forçosamente a tensão
inversa presente na junção base-coletor será: Figura 7-4 Curvas características de saída da
configuração emissor comum, desta-
VBC = VCE – VBE = 10 – 0,6 = 9,4V cando a tensão de ruptura da junção
emissor-coletor
Os limites dessas tensões são fixados,
por causa do efeito de ruptura que ocorre Limitações de potência
quando se aumenta a tensão inversa de uma
junção. Além das limitações de corrente e tensão
Por exemplo, se a tensão inversa entre a limitação de potência é das mais importantes
base e coletor for aumentando, com IE = 0, será para os transistores, bem como para todos os
atingida a tensão de ruptura (tensão Zener) e dispositivos semicondutores e até mesmo para
haverá um brusco aumento na corrente de todos os componentes elétricos.
coletor. Isto acontece também quando a corrente No funcionamento do transistor, o calor
de emissor é diferente de zero. é gerado na junção base-coletor, onde quase
toda a tensão externa é aplicada.
Por exemplo, num circuito em emissor
comum, a potência gerada no transistor é dada
aproximadamente por IC x VCE .
Essa limitação de potência, ou seja, a
máxima potência que o transistor pode dissipar
com segurança, depende da temperatura
máxima permissível para a junção base-emissor
(especificada pelo fabricante), da máxima
Figura 7-3 Curvas características de saída da temperatura ambiente de operação do circuito
configuração base comum, desta- (avaliada pelo projetista) e dos meios utilizados
cando a tensão de ruptura da junção para dissipar o calor produzido na junção base-
base-coletor. emissor.

7-2
O fabricante especifica a potência De posse do valor de Pmáx podemos
máxima para o transistor, considerando o seu atribuir valores a VCE, encontrar os valores
funcionamento à temperatura de 25o C. correspondentes de IC e determinar os vários
pontos da curva, que possibilitarão o seu
CURVA DE MÁXIMA DISSIPAÇÃO DE traçado.
POTÊNCIA Por exemplo, se um transistor pode
dissipar no máximo 1W a 25o C, podemos
O traçado dessa curva é feito sobre as determinar que ele opere com uma VCE de 4 V,
curvas características de saída do transistor. e assim determinarmos a sua IC.
Para facilitar a compreensão, serão omitidos os
Pmáx 1W
valores da corrente de entrada. IC 0,25 A
Sendo a potência dissipada no transistor VCE 4V
igual ao produto de IC pela VCE, temos: Com o valor suposto de VCE e o valor de
P = IC x VCE IC encontrado, determinamos o ponto “X”, que
será um dos pontos da curva, ilustrada na figura
Se fixarmos a potência máxima que o 7-5. Se montarmos uma tabela e atribuirmos
transistor pode dissipar, em uma determinada valores a VCE, encontraremos os valores
temperatura, e considerarmos IC e VCE como correspondentes de IC que, combinados com os
variáveis, teremos: valores de tensão, determinarão os pontos A, B,
Pmáx = IC x VCE C, D, E, F e G, no gráfico da figura 7-5.

P em W 1 1 1 1 1 1 1
VCE em V 1 2 3 5 6 8 10
IC em mA 1000 500 333 200 166 125 100

Tabela para determinar IC em função de VCE com “P” constante

Figura 7-5 Curva de máxima dissipação

A curva é obtida, interligando-se os Quanto mais alta for a temperatura de


pontos encontrados na tabela. Esta curva é trabalho do transistor, menor será a sua região
também chamada de curva de potência de operação. A figura 7-6 mostra como a
constante. variação de temperatura afeta a região de

7-3
operação do transistor. Em alguns casos, em que Pelo que já vimos até aqui, fica evidente
o transistor precisa operar com altas correntes que a reta de carga é determinada por dois
(da ordem de Ampères), são usados sistemas de valores: tensão de alimentação e valor de RL .
refrigeração para reduzir a temperatura e
ampliar a região de operação.

Figura 7-7 Traçado da reta de carga

Na escolha da tensão de alimentação e


do valor de RL, devemos observar a máxima
dissipação de potência especificada. Para maior
Figura 7-6 Efeito da variação de temperatura segurança, não devemos permitir que a reta
sobre a região de operação do toque a curva de máxima dissipação, pois se o
transistor circuito de polarização não contar com uma boa
estabilidade, qualquer aumento na temperatura
Linha de carga ambiente poderá fazer com que a potência,
dissipada pelo transistor utilizado, ultrapasse a
A linha de carga (ou reta de carga) é a especificada pelo fabricante, levando o
linha que cruza a família de curvas de saída. transistor à sua danificação permanente.
Essa linha possibilita aos técnicos e projetistas, Na figura 7-8 temos a curva de saída
a escolha do ponto “Q”, que determina os com três linhas de carga, referentes a um
valores de tensão e corrente que polarizam o amplificador na configuração emissor comum,
transistor. onde podemos selecionar diferentes valores de
Em qualquer das três configurações ela é RL e de VCC.
traçada, levando-se em conta a curva de máxima Quando queremos que o circuito opere
dissipação de potência. como amplificador de potência, escolhemos
Duas situações de funcionamento do valores que determinem uma reta de carga mais
transistor determinam as extremidades da linha inclinada, como a de RL1 , aproveitando toda a
de carga de um amplificador: corte e saturação. potência que o transistor pode oferecer. Nesse
Para encontrar o extremo inferior da reta (ponto caso o circuito deve contar com uma ótima
“A” no gráfico da figura 7-6), supomos o estabilização de polarização que, geralmente,
transistor em corte (IC = 0). exige o emprego de diodos termistores.
Nesse caso VCE é igual à tensão da fonte É bom observar que na especificação da
de alimentação. potência máxima de um transistor, feita pelo
O extremo superior (ponto’B”) é fabricante, é deixada uma pequena margem de
encontrado, supondo-se o transistor em segurança com a qual o técnico e o projetista
saturação. não devem contar.
Nessa situação ele apresenta resistência Observando ainda a figura 7-8, é fácil
nula em sua junção coletor-emissor, concluir que com a mesma VCC (6 V) podemos
determinando uma VCE igual a zero volt, determinar a reta de carga que mais interessar,
ficando a corrente de coletor limitada apenas variando apenas a RL, a exemplo das retas
pelo resistor de carga (RL). correspondentes à RL2 e RL3.

7-4
Figura 7-8 Traçado da reta de carga em função de RL e VCC

INSTABILIDADE TÉRMICA DOS direta de coletor). Isto pode ser provado através
TRANSISTORES da seguinte equação:
IC = ȕ x IB + ICO
Já é de nosso conhecimento que os
transistores são instáveis à variação de Substituindo ICO pela sua equação
temperatura. Esse fenômeno é devido às correspondente, teremos:
características intrínsecas do material básico, IC = ȕ x IB + (ȕ + 1) ICBO
usado na sua confecção.
Por causa dessas características, quando
polarizado, o transistor apresenta uma pequena
corrente indesejável, chamada de corrente
inversa, corrente de fuga ou ainda ICBO. Esta
ICBO é a corrente que flui entre o coletor e a
base, estando o emissor em circuito aberto,
conforme aparece na figura 7-9.
Quando o transistor é polarizado como
na figura 7-10, ao atingir o circuito de base a
ICBO sofre uma amplificação, conforme o fator
beta do transistor. Esta amplificação da ICBO dá Figura 7-9 Corrente entre base e coletor, com
origem à ICO, que é definida como sendo a emissor aberto
corrente inversa do transistor, no circuito
coletor. O valor de ICO pode ser calculado
através da seguinte fórmula:

ICO = (ȕ + 1) ICBO

Se o valor de ICBO se mantiver a um


nível pequeno, como o normal previsto para
uma determinada temperatura, os problemas
apresentados não serão prejudiciais ao circuito.
Porém, se a ICBO sofrer um aumento,
principalmente ocasionado pelo efeito térmico, Figura 7-10 Correntes inversas no transistor
o resultado será um aumento de IC (corrente polarizado

7-5
No caso da IC aumentar em função do são os sistemas de polarização automática. É
aumento da ICBO , o ponto “Q” do circuito importante frisar que a ICO flui no coletor,
sofrerá um deslocamento ao longo da reta de independente da corrente de base. Isto pode ser
carga. verificado na curva característica de saída do
A mudança do ponto “Q” pode ser transistor, ilustrada na figura 7-11.
cumulativa e pode destruir o transistor. As Nesta curva vemos que com IB igual a
medidas utilizadas para contornar esta situação zero flui uma pequena IC.

Figura 7-11 Curva característica de saída de um transistor em configuração emissor comum.

A ICO é normalmente especificada pelo polarização se não forem empregados circuitos


fabricante e consta nas características do de compensação.
transistor. Seu valor é fornecido para A figura 7-12 mostra a variação da ICBO
determinadas temperaturas, geralmente 25o C. em função da variação de temperatura da junção
O aumento de temperatura nas junções base-coletor. O valor da corrente de fuga é de
de um transistor começa, normalmente, por um 1 mA a 125o C. Em temperaturas abaixo de 10o
aumento na temperatura ambiente ou mesmo C a corrente não causa problema.
devido ao funcionamento normal do circuito,
ainda que instantâneo. Neste caso, por causa do
transiente que leva o transistor a dissipar maior
potência.
Em qualquer situação, o circuito deve
estar em condições de manter-se em bom
funcionamento e, para isto, depende de como
ele está polarizado e estabilizado.
Já é de nosso conhecimento que a
polarização é estabelecida para um transistor
pela especificação dos valores quiescentes da
tensão entre coletor e emissor e da corrente de
coletor. Uma operação confiável do transistor
dentro de um grande intervalo de temperatura,
requer que a tensão e a corrente de polarização
permaneçam estáveis. Todavia, variações da Figura 7-12 Variação de ICBO em função da
corrente inversa em função da variação de temperatura da junção base-
temperatura, prejudicam a estabilidade da coletor

7-6
Análise da polarização de um transistor constante. Tomemos como exemplo o transistor
2N408, cujas características de saída aparecem
no gráfico da figura 7-13.
A polarização de um transistor, em
princípio, seria bastante simples. Bastaria Através deste gráfico verificamos as
aplicar tensões contínuas aos elementos do condições de trabalho do transistor. A linha de
transistor, de modo que as correntes carga foi traçada entre os limites de 6V, para
permanecessem estáticas, em um nível médio e máxima VCE, e 60 mA, para máxima IC .

Figura 7-13 Curva característica de saída de um transistor em configuração emissor comum, com reta
de carga e ponto “Q”

Na figura 7-14, o transistor utilizado é de Pela análise do circuito e das curvas


germânio e a IB escolhida foi de 0,3 mA. O valor características de saída, podemos verificar os
de RB foi determinado da seguinte forma: valores de tensão e corrente CC, estáticos, para
o circuito. Com a projeção de perpendiculares,
do ponto de cruzamento de IB com a linha de
VCC  VBE 6V  0,2V 5,8V carga, para os eixos de IC e VCE, verificamos
RB= 19,3 K:
IB 0,3mA 0,3 mA que a IC e a VCE serão, respectivamente, 26 mA
e 3,4V.
Nesta situação podemos dizer que, com
IB de 0,3 mA, a IC será de 26 mA e a VCE será
de 3,4 V, no circuito da figura 7-14.
A IC, para uma IB de 0,3 mA, pode ainda
ser calculada através do fator beta do transistor,
que neste caso será em torno de 86.

' IC
E ? IC E x IB 86 x 0,3 m A # 26 mA
' IB

Já vimos que IC, considerando-se ICO,


pode ser formulada da seguinte forma:

Figura 7-14 Transistor PNP polarizado IC = ȕ x IB - ICO

7-7
Se a ICO aumentar, com o acréscimo da Na equação apresentada, “S” é o fator de
temperatura, a IC também aumentará. estabilidade de corrente e seu valor ideal é a
Observe, no circuito da figura 7-10, que unidade.
IC e ICO têm o mesmo sentido.
Logo, se a ICO aumentar, por qualquer VALORES TÍPICOS DE TENSÕES DE
motivo, a Ic aumentará, mudando o ponto “Q” JUNÇÃO PARA TRANSISTORES
do circuito.
A figura 7-15 mostra as características
Fator de estabilidade da IC, como função da VBE, para transistores de
germânio e de silício tipo NPN, e indica as
Para a análise da estabilidade da polari- várias regiões para um transistor na configu-
zação estática de um circuito amplificador, é ração emissor comum. Os valores numéricos
usada a seguinte equação: indicados são obtidos experimentalmente ou a
partir de equações teóricas. A região de corte é
' IC definida como sendo a região onde a IE = 0 e IC
S= = ICO, quando a polarização da junção base-
' I CO
emissor não existe (VBE d 0V).

Figura 7-15 Curvas de IC em função de VBE para transistores de germânio e de silício

7-8
Quando a junção base-emissor é VCE  VBE 3,4  0,2
polarizada inversamente, a IB é muito pequena, RB 10667 ohms
IB 300 x 10 6
sendo da ordem de nanoampères ou microampè-
res para os transistores de silício e de germânio,
Em situações normais, o resistor RB
respectivamente.
limitará o valor de IB em 300 µA. Esta IB produz
Nenhuma IB apreciável flui até que a
uma IC de 26 mA, que determina em RC uma
junção base-emissor seja polarizada direta-
queda de tensão de 2,6 V. Portanto, a tensão
mente, de modo que: VBE > V W , onde V W é
VCE será igual a VCC – VCR = 3,4 V, que é o
chamada de tensão de limiar. mesmo valor observado no gráfico da figura 7-
Como a IC é nominalmente proporcional 13.
à IB, nenhuma corrente apreciável fluirá pelo RB, cujo valor é de 10667 ohms, limita a
circuito de coletor, até que exista uma corrente IB em 300 µA, desde que a VCE permaneça em
apreciável no circuito de base. 3,4 V. Suponhamos agora um aumento de ICO,
Podemos estimar a V W , supondo que que por sua vez tende a aumentar a IC. Se a IC
VBE = V W quando a IC alcançar aproxima- aumentasse, aumentaria também a VRC, o que
damente 1% da corrente de saturação, no diminuiria a VCE. Com a diminuição da VCE, a
circuito em emissor comum. Valores típicos de corrente através de RB também seria menor.
V W são 0,1 V para os transistores de germânio e Com menor IB, menor seria a IC. Observamos
0,5 V para os de silício. então que qualquer tentativa de aumento de IC
O transistor estará na região ativa produz uma diminuição de IB e a IC tende a
sempre que houver uma polarização direta entre diminuir. O resultado é que a IC tende a manter-
base e emissor, suficientemente grande. A se no ponto de operação escolhido, que no caso
região ativa é atingida efetivamente quando é de 26 mA.
tivermos VBE > V W .
Os fabricantes especificam os valores de
saturação das tensões de entrada e de saída de
vários modos. Por exemplo, podem fornecer
curvas de VCE e VBE de saturação, como funções
de IB e IC.
As tensões de saturação dependem não
somente do ponto de operação, mas também do
material semicondutor e das características de
fabricação do transistor.

MÉTODOS DE POLARIZAÇÃO PARA


ESTABILIZAÇÃO DA IC

Existem vários meios de se conseguir


uma estabilização térmica da IC. Todos os
sistemas têm vantagens e desvantagens. Figura 7-16 Polarização automática com RB
ligado ao coletor
Polarização automática com RB ligado ao
coletor O sistema de estabilização por
realimentação de CC tirada do coletor é bom,
Na figura 7-16 podemos ver um circuito mas tem o inconveniente da realimentação de
de estabilização com RB ligado ao coletor. Os CA. Neste caso, referimo-nos às variações da
valores de RB e RC devem estar de acordo com VCE em trabalhos dinâmicos.
as características que se desejam para o circuito. Para atenuar a realimentação de CA, os
Mas considerando-se o gráfico da figura 7-13, projetistas que usam esse sistema, costumam
cuja reta de carga é para uma RC de 100 Ohms, desmembrar RB em dois resistores.
verificamos que com uma IB de 300 µA, a VCE O uso de um capacitor, como aparece na
será de 3,4 V. O cálculo de RB neste caso é dado figura 7-17, também ajuda na redução dessa
pela seguinte equação: realimentação.

7-9
muito pequeno não entrará em cogitação. A VE
é a queda em RE e pode ser encontrada pela Lei
de Ohm.

VE = RE x IE = 26 mA x 10 ohms = 0,26 V

Sendo a VE de –0,26 V, para que a VBE


seja de 0,2 V, a VB debe ser igual a –0,46 V.
Se a VCC é de –6 V, RB deverá limita-la.
Neste caso o valor de RB é encontrado pela
equação:

VCC  VB 6  0,46
RB 18460 ohms
IB 0,0003
Figura 7-17 Polarização automática com atenu-
ação da realimentação CA Observando o circuito da figura 7-18,
concluímos que ao ser ligado, a IB será limitada
Estabilização por realimentação de CC com em 300 µA, determinando uma VB de –0,46V.
RE A IB de 300 µA produz uma IC de 26 mA
que fluindo em RE causa, sobre este, uma VRE
Os resistores RC e RE constituem a RL do de –0,26V. Vemos então que sendo a VE igual a
circuito e a soma de seus valores deve ser –0,26V e a VB de –0,46V, a VBE será de –0,2V,
equivalente ao valor do resistor usado na linha o que constitui uma polarização direta.
de carga. Através da fórmula IC = ȕ x IB + ICO ,
Para esse caso, consideraremos o gráfico sabemos que se a ICO aumentar por qualquer
da figura 7-13, cuja linha de carga foi traçada razão, a IC também aumentará, saindo o circuito
para um resistor de 100 ohms. do ponto de operação escolhido.
Como o valor de RE não deve ser muito No circuito da figura 7-18, se a IC
alto, porque afeta o ganho do circuito, aumentar, a VE aumenta e a VBE diminui. Com
consideraremos como sendo de 10 ohms e RC VBE menor, a IB também será menor. A
será de 90 ohms, conforme pode ser visto na diminuição da IB resulta em diminuição da IC.
figura 7-18. Concluímos então, que neste circuito, se a IC
tende a aumentar, RE provoca uma
realimentação negativa, que tende a diminuí-la e
assim, o circuito tende a estabilizar-se
automaticamente.
Uma das desvantagens de se usar o RE é
que, em circuitos de potência, ele tende a
diminuir a potência útil do circuito. Além da
estabilização, o uso de RE tem como vantagem,
aumentar a Ri.

Polarização por divisor de tensão

Em um circuito polarizado, a VB deve


Figura 7-18 Estabilização por realimentação de manter-se constante para que o circuito se
CC, com RE mantenha estável. Um dos sistemas usados para
manter constante a VB, partindo de uma fonte
No gráfico, vemos que com uma IB de de tensão de valor muito maior que VB, emprega
300 µA, a IC é igual a 26 mA. um divisor de tensão, conforme é visto na figura
No resistor RE fluirá esta corrente de 26 7-19.
mA mais a IB de 300 µA, que por ser de valor Conforme as características do divisor de
tensão, a VRB será mais estável, se a corrente

7-10
que fluir por ela for muito maior que a da base. por divisor de tensão, mostrado na figura 7-19.
O ideal seria uma IRB várias dezenas de vezes RE realimenta negativamente a corrente
maior que a IB. Há, porém, vários inconve- contínua de base, pelo efeito térmico. RB tende a
nientes. Uma IB muito alta resulta em um valor manter a VB em seu nível estável.
de RB muito baixo, o que diminui a impedância
de entrada do circuito, acarretando sérios ESTABILIZAÇÃO DA POLARIZAÇÃO DE
problemas para os sistemas de acoplamento ESTÁGIOS DE POTÊNCIA
entre estágios. Também deve ser considerada a
energia que será consumida pelo divisor de Os projetos de amplificadores de
tensão. potência requerem uma atenção especial com
Em um equipamento existem dezenas de relação à polarização. Primeiro, porque neste
estágios com dezenas de resistores em sistemas caso o transistor irá trabalhar aquecido, o que
de divisores de tensão, consumindo energia poderá desencadear a instabilidade do mesmo.
inutilmente, já que a potência consumida por Segundo, porque o uso de uma RE pode
eles é só para tentar manter pequenas tensões diminuir a capacidade útil de potência do
constantes. estágio. Dois dispositivos são usados
Na prática, usa-se elaborar um divisor de comumente em estágios de potência, para sua
tensão para polarização da base, com IRB igual a estabilização térmica. Tais dispositivos são o
IB ou várias vezes maior que esta. diodo retificador e os termistores ou resistores
NTC.

Circuitos de estabilização com termistores

Já sabemos que a corrente de polarização


do transistor é sensível à temperatura. Especifi-
camente, a IC aumenta com o aumento da
temperatura. A estabilização da IC pode ser feita
utilizando-se circuitos externos, com elementos
eletricamente sensíveis à temperatura. Um
desses elementos é o termistor.
O termistor usado, neste caso, tem uma
resistência com coeficiente negativo de
temperatura, isto é, o valor de sua resistência
Figura 7-19 Polarização por divisor de tensão
diminui com o aumento da temperatura. Este
tipo de termistor é chamado de resistor NTC
Calculemos os valores de RF e RB, do
(Coeficiente de Temperatura Negativo).
divisor de tensão da figura 7-19, utilizando os
O circuito da figura 7-20 tem sua
valores de VB de –0,46V e IB de 300 µA.
estabilização de polarização controlada por um
Observe que estes valores já foram vistos em
termistor.
circuitos anteriores; logo, os detalhes sobre eles
podem ser recordados.
O valor de RB, supondo que a IRB seja
igual a duas vezes a IB, é facilmente encontrado
pela Lei de Ohm.

VB 0,46V 0,46V
RB 760 ohms
I RB 600 PA 6 x10 4 PA
O valor de RF é calculado pela equação:
VCC VB 6V  0,46V
RF 6150 ohms
I RB  I B 300 PA  600 PA
O sistema de polarização mais usado, Figura 7-20 Polarização de base controlada por
por apresentar melhor estabilização térmica, é o NTC

7-11
Os valores de RB e do NTC dependem evitado pela redução da polarização direta. Isto
das características do circuito, mas o seu é feito pela ação do divisor de tensão
funcionamento é simples. A VBE no circuito é constituído por R2 e pelo termistor RT1. Devido
0,2V e a IB é 300 µA. Com o aumento da ao aumento da temperatura, a resistência de RT1
temperatura ambiente, a IC tende a aumentar é diminuída, provocando maior fluxo de
devido ao aumento da ICO. Porém, este aumento corrente através do divisor de tensão. O
da temperatura afeta também o NTC, aumento de corrente aumenta o potencial
diminuindo a sua resistência, com o negativo da conexão do resistor R2 ao emissor.
conseqüente aumento da corrente através dele. Esta ação aumenta a polarização inversa
Essa maior corrente solicitada, aumenta aplicada ao emissor e diminui a polarização
a VRF, diminuindo a VBE e menor serão a IB e a direta base-emissor. O resultado é que a IC é
IC. Como vemos, o efeito térmico que tende a reduzida. Analogamente, a diminuição da
aumentar a IC no circuito, diminui a resistência temperatura ocasiona ações inversas e evita o
do NTC, que provoca uma diminuição da IB, decréscimo da IC.
que por sua vez diminui a IC. O resultado é que C1 bloqueia a tensão CC do estágio
este simples dispositivo tende a manter o anterior e acopla o sinal CA ao circuito base-
circuito no seu ponto de operação. emissor. C2 mantém constante a VE R3 é o
resistor de carga do coletor e onde se
Controle da tensão de emissor desenvolve o sinal de saída. C3 bloqueia a
tensão CC do coletor e acopla o sinal CA ao
estágio seguinte.

Controle da tensão de base

Figura 7-21 Polarização de emissor controlada


por termistor

O circuito apresentado na figura 7-21,


emprega um termistor para variar a VE com a
temperatura, a fim de minimizar as variações da Figura 7-22 Amplificador com controle de
IE. Este circuito contém dois divisores de polarização de base
tensão: o primeiro é constituído por R1 e R4, e o
segundo por R2 e o termistor RT1. O circuito apresentado na figura 7-22
O primeiro divisor permite a aplicação emprega um termistor para variar a VB com a
de uma parte da VCC entre o terminal de base e temperatura, minimizando as variações da IE.
terra. A VB é desenvolvida em R1e determina Este circuito contém um divisor de tensão
uma tensão negativa na base de Q1. constituído por R1 e RT1.
O segundo divisor de tensão aplica uma O divisor de tensão aplica uma parte da
parte da VCC no terminal de emissor. A VE é VCC no circuito base-emissor. O fluxo de
desenvolvida em R2 e determina uma tensão corrente dos elétrons através do divisor está na
negativa no emissor de Q1. A tensão direta direção da seta. Esta corrente produz uma
aplicada ao terminal de base é maior que a tensão de polaridade indicada em RT1. Este
inversa aplicada ao terminal emissor, de tal circuito produz polarização direta no transistor.
modo que a polarização base-emissor resultante Se a temperatura do transistor aumentar,
é direta. a IE tende a aumentar. Todavia, a resistência de
Com um aumento de temperatura a IC RT1 diminui com o aumento da temperatura,
aumentaria normalmente, se o transistor não provocando maior fluxo de corrente através do
estivesse estabilizado. O aumento da IC pode ser divisor de tensão. Este aumento de corrente

7-12
ocasiona um aumento na VR1. A tensão de Os diodos, quando empregados adequa-
polarização direta é reduzida e assim a IE damente na estabilização de um circuito,
também é reduzida. funcionam mais ou menos como os NTC. A
T1 acopla o sinal CA ao circuito de base- instabilidade térmica que afeta o transistor afeta
emissor. C1 mantém constante a tensão em RT1. também a eles. No circuito da figura 7-24
O primário de T2 atua como carga do coletor e é aparece um diodo com função de estabilização
onde se desenvolve o sinal de saída que é térmica.
acoplado ao secundário.

Circuitos de estabilização com diodos

O diodo pode ser usado em circuitos de


estabilização. A principal vantagem do seu uso
como elemento sensível à temperatura é por ele
poder ser feito do mesmo material que o
transistor.
Os coeficientes de temperatura das
resistências do diodo e do transistor de mesmo
material, são os mesmos. Esta condição permite
uma IC mais constante em um grande intervalo
de temperatura, porque as variações no diodo
acompanham as variações no transistor. Os
diodos de junção têm uma resistência com Figura 7-24 Circuito com estabilização térmica
coeficiente de temperatura negativo. feita por diodo

Estabilização com um diodo D1 tem sua junção semelhante à junção


base-emissor de Q1. Logo, os diodos serão
O circuito apresentado na figura 7-23 afetados igualmente pela variação de tempera-
emprega um diodo de junção, diretamente tura.
polarizado, como elemento sensível à Analisando o comportamento do
temperatura, para compensar as variações da circuito, vemos que se a IC tender a aumentar
resistência da junção base-emissor. pelo efeito térmico, a corrente através do diodo
Considere o divisor de tensão constituído também aumentará.
por R1 e D1, com a polaridade indicada. Esta Com maior corrente através do diodo,
tensão é uma polarização direta. Com o maior será a VRF, resultando em uma menor VBE
aumento da temperatura, a IC tenderia a e assim, a IB também será menor e, logicamente
aumentar. Todavia, a resistência de D1 diminui. a IC. Como resultado, D1 tende a manter a IC
Como resultado, a VR1 aumenta. Há uma queda estabilizada, mantendo o circuito no ponto de
de tensão em D1, que provoca redução na operação escolhido.
polarização direta e, consequentemente, na IC.
RESUMO

1 – A corrente ICO ou de fuga existe nos


transistores, devido aos portadores minoritários
existentes em suas estruturas.

2 – A principal corrente de fuga de um


transistor, é a de coletor para base, cuja
denominação é ICBO.

3 – A corrente ICO, em um circuito amplificador,


Figura 7-23 Estabilização com um diodo direta- tende a ser amplificada em uma razão (ȕ + 1)
mente polarizado ICBO.

7-13
4 – A corrente IC, considerando-se a ICO, é temperatura negativo, desde que a tensão de
equacionada como sendo: IC = ȕ x IB + ICO . polarização inversa não iguale ou exceda à
tensão de ruptura.
5 – Em temperatura constante e normal,
conforme a especificada pelo fabricante, a ICO 15 – Diodos com a mesma característica da
não constitui problema num amplificador. junção base-emissor de um transistor, podem ser
usados em circuitos estabilizadores de
6 – Com o aumento da temperatura, a IC tende a polarização.
aumentar de acordo com a fórmula: Neste caso, quando instalado
IC = ȕ x IB + (ȕ + 1)x ICO , tirando o adequadamente, poderá estabilizar a VBE. Isto
circuito de seu ponto de operação. porque o efeito térmico que agir sobre o
transistor, agirá também sobre o diodo.
7 – Vários sistemas são usados para manter a IC
constante mesmo com o aumento da ICO. 16 – As correntes e tensões desenvolvidas num
amplificador transistorizado estabilizado em
8 – Os sistemas que tendem a manter a IC temperatura, podem ser utilizadas para estabili-
constante, consistem em polarizar o transistor de zar em temperatura outros amplificadores
tal maneira que haja uma pequena transistorizados.
realimentação CC, ou ainda por estabilização da
VBE. 17 – Os resistores NTC, têm a resistência
diminuída com o aumento da temperatura.
9 – Um dos métodos de estabilização por reali- Logo, se colocados no circuito de base, eles
mentação CC é polarizar a base com a tensão poderão diminuir a VBE que provoca a
VCE. Neste caso, se a IC aumentar estati- diminuição da IB e da IC. Isto acontece porque o
camente, a VCE diminui, reduzindo a IB. efeito térmico que agirá sobre o transistor,
também agirá sobre ele.
10 – O método mais usado para manter
constante a IC, é a realimentação CC por 18 – A reta de carga é a linha que possibilita a
resistência de emissor. Neste caso, se a IC escolha do ponto de operação do transistor.
aumentar, haverá também um aumento da VE,
que diminui a VBE, diminuindo a IB, que por sua 19 – A curva de máxima dissipação de potência
vez diminui a IC. é a curva que possibilita a limitação da região de
operação do transistor.
11 – Através de um circuito divisor de tensão
pode-se manter a VBE dentro dos limites de 20 – Todo componente elétrico possui uma
estabilização. Neste caso, o divisor deve ser potência de trabalho especificada pelo
projetado levando-se em conta as suas fabricante.
desvantagens, como por exemplo, o alto Em se tratando de transistores, existem
consumo de energia e a diminuição da mais razões para se obedecer a essa
impedância de entrada. especificação.

12 – O sistema de polarização mais adequado 21 – Para cada temperatura de trabalho do


para uma boa estabilização em circuitos transistor, há uma curva de máxima dissipação
amplificadores de baixa potência, é constituído de potência.
por um RE e por um divisor de tensão. Este
sistema é o mais usado. 22 – Um aumento de temperatura reduz a região
de operação do transistor.
13 – Em circuitos de potência, a estabilização
térmica da IC é conseguida através de 23 – A fórmula para se calcular a potência de
transistores, diodos e resistores NTC. dissipação do transistor, é: P = VCE x IC.

14 – Um diodo de junção polarizado inversa- 24 – A região de operação de um transistor é a


mente tem uma resistência com coeficiente de parte onde pode ser traçada a linha de carga.

7-14
25 – Na curva de máxima dissipação, a potência 29 – A reta de carga do amplificador de
é a mesma em todos os pontos. potência é mais inclinada que a do amplificador
de tensão.
26 – Os limites de tensões são especificados
para transistores, por causa do efeito de ruptura 30 – O sistema de estabilização da polarização
que ocorre quando há um aumento da tensão dos amplificadores de potência deve ser de boa
inversa da junção. eficiência. Geralmente são empregados diodos,
termistores e transistores.
27 – A fim de deixar o transistor operar à
temperatura ambiente, são colocados 31 – Com a mesma tensão de alimentação
dissipadores de calor em contato com seu corpo. podemos traçar várias linhas de carga diferentes,
variando apenas o valor de RL.
28 – No traçado da reta de carga faz-se duas
suposições extremas do funcionamento do
transistor: corte e saturação.

7-15
CAPÍTULO 8

AMPLIFICADORES TRANSISTORIZADOS

CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS AMPLIFI- Amplificadores de radiofreqüência


CADORES
Diferenciam-se dos outros dois tipos
Os amplificadores podem ser classifica- porque ampliam uma estreita faixa de
dos de acordo com: frequência dentro do espectro de
radiofreqüência, que vai de 30 kHz até vários
A frequência de operação: GHz. São usados em vários equipamentos.
Amplificadores de áudiofrequência(AF) Quando sintonizamos uma emissora de rádio
Amplificadores de videofreqüência estamos deslocando a estreita faixa de
Amplificadores de radiofreqüência(RF) ampliação do circuito, dentro do espectro de
frequência.
A classe de operação:
Classe A CLASSES DE OPERAÇÃO
Classe B
Classe C De acordo com a polarização empregada
Classes intermediárias(A2, B2, AB1, para o transistor, podemos atribuir as classes de
AB2) operação.
A classe de operação é determinada pelo
O sistema de acoplamento: circuito de polarização de entrada. Na maioria
Acoplamento RC dos circuitos amplificadores a polarização e a
Acoplamento a transformador reta de carga têm valores fixos, definidos pelos
Acoplamento por impedância valores de seus componentes.
Acoplamento direto Consideraremos, em nossas análises,
somente os efeitos do circuito de polarização de
O uso: entrada.
Amplificadores de potência ou corrente
Amplificadores de tensão Amplificador classe “A”

FREQUÊNCIAS DE OPERAÇÃO Os amplificadores da classe “A” operam


durante os dois semiciclos do sinal de entrada,
As faixas de frequência de operação (360°). São polarizados para trabalhar na região
determinam o tipo de amplificador a ser usado. ativa da curva de saída.
Geralmente operam na parte linear das
Amplificadores de áudiofrequência curvas características, a fim de obter na saída
uma resposta fiel (não distorcida) do sinal de
Estes amplificadores atuam numa faixa entrada.
de frequência que vai de 20 Hz a 20 kHz, faixa O primeiro passo para a determinação da
esta, sensível ao ouvido humano e por esta razão classificação do amplificador é a construção da
recebe o nome de áudiofrequência. Estes reta de carga como mostrado na figura 8-1 Em
amplificadores são encontrados em receptores seguida, deve-se selecionar um ponto quiescente
de rádio, intercomunicadores e outros. de modo a permitir que um sinal de entrada
varie através da parte linear da curva
Amplificadores de videofreqüência característica. Neste exemplo foi escolhida uma
IB estática de 500 µA e a VCC é selecionada em
Estes amplificadores abrangem uma seguida para um valor de 9 Volts para o circuito
ampla faixa de frequência que vai de 30 kHz a 6 em classe “A”.
MHz. Eles são empregados em circuitos que Veja na figura 8-1 o circuito de entrada e
ampliam sinais que devem ser vistos em telas de as formas de onda para um ponto “Q” de 500
radares, televisores etc. µA, em classe A.

8-1
Assim, uma tensão de saída de 3,2 Vpp e
uma variação na corrente de saída de 10,4 mA
são obtidas.
Podemos notar que quando a IB aumenta
negativamente, a IC fica mais negativa e a VCE
menos negativa. Por outro lado, quando a IB
diminui negativamente, a IC fica menos negativa
e a VCE mais negativa. Isto indica que as
correntes de entrada e de saída estão em fase
enquanto que as tensões de entrada e de saída
estão fora de fase. Portanto, há uma inversão de
180° na configuração de emissor comum.

Amplificador classe “B”


Figura 8-1 Circuito de entrada e formas de onda
em classe “A” Os amplificadores classe “B” operam na
região ativa das curvas, durante um semiciclo
Em seguida determinaremos o valor de do sinal de entrada, e permanecem em corte
RB e, para calcular esse valor é necessário que durante o outro (180°).
se leve em consideração o valor da VBE do Visto que somente metade do sinal de
transistor. Assim, a equação correta para o entrada é amplificada, os amplificadores classe
cálculo de RB é a seguinte: “B” são normalmente montados na configuração
(VCC − VBE ) “Push-pull”, que são amplificadores de potência
RB = formados por dois transistores que conduzem
IB
alternadamente, mas que na saída, produzem um
Na prática, porém, podemos desprezar o sinal que é idêntico ao sinal de entrada.
valor de VBE, e desta forma teremos: O ponto quiescente (POE) é estabelecido
VCC no cruzamento da reta de carga com a curva de
RB = IB igual à zero como se vê na figura 8-2.
IB
Substituindo a VCC e IB pelos
valores de 9V e 500 µA respectivamente
teremos:

9V
RB = = 18 kΩ
500 µA

O circuito de polarização de entrada está


completamente mostrado na parte superior
direita da figura 8-1.
Quando o sinal de entrada é zero (ver a
figura 8-1), a IB é –500 µA, a IC é –17 mA e a
Figura 8-2 Circuito de entrada e formas de onda
VCE é –3,9 V (valores do ponto quiescente).
em classe “B”
Uma variação da corrente de entrada
para o seu valor máximo negativo de 250 µA,
Uma fonte de polarização de entrada não
elevará a IB para –750 µA, logo a IC aumentará
é requerida, já que a corrente quiescente da base
para –22,2 mA, enquanto que a VCE diminuirá
é zero.
para –2,3 V.
Quando a IB diminui para –250 µA, a IC Uma RB relativamente grande (18 kΩ) é
diminui para –11,8 mA enquanto que a VCE usada para limitar a dissipação do sinal de
aumenta para –5,5 V. entrada do circuito de polarização. Assim, o
circuito de polarização de entrada contém

8-2
somente um resistor de polarização, como se vê Na prática, um sinal de entrada muito
na figura 8-2. maior será usado para obter amplificação em
No ponto quiescente, IB e IC são iguais a classe “C”.
zero e VCE é igual a –9V. Quando o sinal de Na figura 8-4 vemos as formas de onda
entrada se torna negativo, polariza diretamente a de saída, com relação às de entrada para cada
junção emissor-base. classe de operação. Os sinais não foram
Na alternância positiva a junção emissor- mostrados com amplificação, nem com inversão
base está polarizada inversamente. O transistor de fase, pois nosso interesse está somente no
fica cortado e parte da corrente de entrada passa período de condução.
através de RB, durante esta alternância.

Amplificador classe “C”

A operação em classe “C” é conseguida


pela polarização inversa da junção de entrada do
transistor. Com polarização inversa aplicada ao
transistor, a corrente de base permanece em zero
até que a corrente de entrada produza uma
queda de tensão através da resistência de
entrada. Esta queda de tensão deve estar com
polaridade oposta à fonte de polarização do
circuito de entrada e deve superar a tensão da
fonte.

Figura 8-3 Circuito de entrada e formas de Figura 8-4 Formas de onda de saída com relação
ondas em classe “C” às de entrada para cada classe de
operação.
Na figura 8-3, IB permanece em zero até SISTEMAS DE ACOPLAMENTO
que a corrente de entrada se torne igual a –
100µA. Quando isto ocorre, a VBE é igual a zero. Um simples estágio amplificador,
VBE = EBB + (Iin x RB) = normalmente não é suficiente nas aplicações em
aparelhos receptores, transmissores e outros
= 1,5V + (-100µA x 15k) =
equipamentos eletrônicos.
= 1,5V + (-1,5V) = 0 Um ganho mais elevado é obtido pelo
acoplamento de vários estágios amplificadores.
Desta equação podemos deduzir que a
junção emissor-base estará polarizada Casamento de impedâncias
diretamente, quando a corrente de entrada for
maior que –100µA. Um sinal de saída é obtido Para que haja a máxima transferência de
para a porção de corrente de entrada que é maior sinal, o estágio de entrada deve ter a impedância
que –100µA equilibrada com a da fonte de sinal (microfone,

8-3
antena etc); e o estágio final deve ter a Acoplamento RC
impedância equilibrada com a da carga( fone, A figura 8-5A apresenta um ampli-
alto-falante, linha de transmissão etc) ficador de dois estágios acoplados mediante
Da mesma forma, a impedância de saída uma rede RC.
de um estágio deve estar “casada” com a
impedância de entrada do estágio seguinte. O capacitor de acoplamento C1 tem
Além do equilíbrio de impedância, é de como primeira função isolar a tensão de CC
vital importância isolar a passagem de corrente presente no coletor do primeiro estágio, para
contínua, de uma etapa para outra. que ela não apareça na base do transistor do
estágio seguinte e, como segunda função
Tipos de acoplamento transferir o sinal de um estágio para o outro.
O capacitor de acoplamento deve ter,
A) Redes RC também, uma reatância reduzida para as tensões
de sinal e, portanto, seu valor de capacitância
B) Transformadores deve ser relativamente alto.
Os valores típicos de capacitância vão de
C) Acoplamento por impedância
1 a 30µF. É necessário que o valor do capacitor
D) Acoplamento direto seja alto, por causa da baixa impedância de
entrada do estágio seguinte.

Figura 8-5 Amplificador com acoplamento RC

O sinal que sai do primeiro estágio, Resposta de freqüência


desenvolve-se no resistor RB. O capacitor C1 e o
resistor R1 constituem a rede RC de As freqüências muito baixas são
acoplamento entre os dois estágios. atenuadas pelo capacitor de acoplamento,
A eficiência do amplificador acoplado porque a sua XC torna-se alta, com a diminuição
mediante uma rede RC é baixa, por causa da da frequência. A resposta em altas freqüências,
dissipação de potência de CC no resistor de para o transistor está limitada pelo efeito
carga. “Shunt” da capacitância emissor-coletor do

8-4
primeiro estágio, e da capacitância base- ponto de operação de CC. Com um resistor na
emissor do segundo estágio. entrada do emissor, o fator de estabilidade de
corrente é quase ideal.
Como não há resistor de carga de coletor
para dissipar potência, a eficiência do
amplificador acoplado a transformador se reduz,
teoricamente, para 50%. Por este motivo, o
processo de acoplamento a transformador é
muito usado em equipamentos portáteis e
operados com baterias.

Figura 8-6 Capacitância entre os elementos do


transistor

Observe na figura 8-6 que CC e RB estão


em série e em baixas freqüências e, que a XC é
consideravelmente alta, provocando assim o
máximo de queda de sinal em CC e o mínimo
em RB. No entanto, para as altas freqüências, Figura 8-7 Acoplamento a transformador
aparece uma XC mínima, em paralelo com RC,
resultando numa resistência total mínima Vantagens e desvantagens do acoplamento a
possibilitando o desvio de grande parte ou até transformador
mesmo de todo o sinal para a terra.
Os transformadores facilitam o equilí-
Vantagens e desvantagens do acoplamento brio da carga de saída do transistor e o
por rede RC equilíbrio da fonte, à entrada do transistor, para
se obter o máximo de ganho de potência, para
O acoplamento RC é bastante usado em um determinado estágio.
circuitos transistorizados, por oferecer uma boa A resposta de frequência de um estágio
resposta de frequência, sendo de simples acoplado por intermédio de transformador não é
confecção e preço relativamente baixo. tão boa quanto a do estágio acoplado por rede
Porém, embora esse acoplamento RC.
ofereça uma boa resposta em frequência, não é o A resistência “Shunt” do enrolamento
tipo de maior eficiência, em face das primário, nas baixas freqüências, causa a queda
dificuldades em casar as impedâncias entre de resposta nestas freqüências. Nas altas
estágios. freqüências, a resposta é reduzida pela
Outra desvantagem desse tipo de capacitância de coletor e pela reatância de saída,
acoplamento está no fato de apresentar grandes entre os enrolamentos do transformador.
perdas quando usado em freqüências muito Além da resposta de frequência ser
baixas. pobre, os transformadores são mais caros, mais
pesados, e ocupam maior área que os resistores
Acoplamento a transformador e capacitores empregados no acoplamento RC.
Portanto, o uso do acoplamento a
No acoplamento a transformador o transformador é limitado, normalmente, àquelas
enrolamento do primário do transformador (T1) aplicações que requerem alta eficiência de
é a impedância de carga do coletor do primeiro potência de saída.
estágio.
O enrolamento secundário de T1 Acoplamento por impedância
desenvolve o sinal de CA, para a base do
transistor do segundo estágio e também age O acoplamento por impedância é similar
como caminho de retorno de CC, da base. ao acoplamento por rede RC, com exceção de
A resistência muito baixa, no circuito de que o resistor de carga é substituído por um
base, auxilia a estabilização da polarização no indutor (L1), como apresentado na figura 8-8

8-5
fluxo de corrente é indicada pelas setas. Se a
corrente do coletor do primeiro estágio for
maior que a corrente de base do estágio
seguinte, devemos ligar o resistor RC (carga do
coletor), como está indicado pela linha
tracejada.
Como o número de componentes neces-
sários no amplificador acoplado diretamente é
Figura 8-8 Acoplamento por impedância mínimo, teremos o máximo de economia e
também a máxima fidelidade de sinal.
A resistência de carga é somente a Entretanto, o número de estágios que podem ser
resistência do fio do enrolamento, o qual acoplador diretamente é limitado.
proporciona uma queda mínima de tensão de
CC. Grandes valores de indutância devem ser AMPLIFICADORES DE ÁUDIO BÁSICO
usados, para que seja oferecida uma alta
reatância, nas baixas freqüências. Antes de iniciarmos os estudos destes
O ganho do estágio acoplado por amplificadores, é interessante lembrar, que a
impedância cresce com o aumento da finalidade de um amplificador é a de aumentar a
frequência, já que a reatância indutiva é tensão, a corrente, ou o nível de potência de um
diretamente proporcional à frequência. sinal, a um valor necessário, a fim de operar um
Na faixa de altas freqüências, a reatância dispositivo de saída.
diminui, por causa da capacitância distribuída Esse dispositivo pode necessitar de
no circuito, que desvia o sinal. considerável energia ou pode exigir uma alta
Os campos magnéticos que cercam a tensão, com baixa potência, para sua operação.
impedância de carga podem causar, também, Os amplificadores de tensão (baixo
um acoplamento indesejável a outros circuitos. nível) são estágios de amplificação projetados
Por isso, esses campos devem ser controlados, para produzir um grande valor de tensão,
através de indutâncias apropriadas. através da carga do circuito de coletor. Para
produzir uma alta tensão, utilizável através de
Acoplamento direto um circuito de carga, é necessário que a
oposição à variação de IC seja a máxima
Quando o transistor de um estágio possível, qualquer que seja a carga (resistor,
amplificador é ligado diretamente ao transistor reatância ou impedância).
do estágio seguinte dizemos que o acoplamento Os amplificadores de potência (alto
é direto, como mostrado na figura 8-9. nível) são estágios amplificadores, construídos
para fornecer grandes quantidades de potência
para a carga no circuito coletor.
Num amplificador de potência, deve
haver uma grande corrente no circuito do
coletor, uma vez que a potência é o produto da
resistência, pelo quadrado da corrente.
Os pré-amplificadores são etapas de
baixo nível, que se destinam à amplificação de
sinais originários de dispositivos, tais como
Figura 8-9 Acoplamento direto microfones, detectores, cápsulas magnéticas etc.

Este tipo de acoplamento é usado para a AMPLIFICADORES DE ÁUDIO TRANSIS-


amplificação de sinais chamados de “corrente TORIZADOS
contínua”, em virtude da frequência ser muito
baixa. Os circuitos amplificadores de áudio são
Observando o circuito da figura 8-9, projetados especificamente para ampliar sinais
vemos que um transistor PNP está ligado da faixa de áudio frequência, isto é, sinais
diretamente a um transistor NPN. A direção do compreendidos entre 20 Hz e 20kHz.

8-6
O circuito de entrada de um A estabilização para esse amplificador é
amplificador transistorizado deve ser estabelecida pela corrente de base-emissor. Essa
alimentado com a corrente de saída de um pré- corrente cria uma tensão que polariza
amplificador. Neste caso, cada transistor é diretamente o circuito de entrada.
considerado como um amplificador de corrente O resistor de base RB limita a corrente
ou potência, operando a um nível de corrente ou de polarização estabelecendo assim o ponto
de potência, mais elevado que o nível do estágio quiescente.
anterior e menos elevado que o do estágio Durante o semiciclo positivo do sinal de
seguinte. Uma vez que os transistores são, entrada a polarização direta diminui. Isso
essencialmente, dispositivos amplificadores de provoca uma conseqüente diminuição da
potência, seu uso nos circuitos de áudio é corrente de coletor, através de RL, e a tensão em
classificado nas categorias amplificador de RL diminui. Assim, a tensão de coletor aumenta,
áudio de baixo nível e amplificador de áudio de em direção a um valor negativo de VCC.
alto nível. Durante o semiciclo negativo do sinal de
O nível de potência de um estágio entrada, a polarização direta aumenta. Isso faz
amplificador de áudio é determinado pelos com que a corrente através de RL aumente,
requisitos do projeto. Em alguns casos, os aumentando também a queda de tensão sobre a
amplificadores de baixo nível (também mesma, tornando negativa a tensão de coletor.
chamados de amplificadores de sinal) podem O capacitor C1 acopla o sinal de entrada
operar com potências variando de “picowatts” e o capacitor C2 o sinal de saída.
até “miliwatts”, enquanto que em outras RE é o resistor de estabilização de
situações (amplificadores de potência) podem emissor e está ligado em paralelo com o
operar com vários Watts. capacitor de desacoplamento CE.
Ainda na figura 8-10 podemos ver que o
Circuito amplificador de áudio básico sinal de saída está 180 ° defasado do sinal de
entrada. Como o sinal de saída é maior que o
O circuito da figura 8-10 apresenta um sinal de entrada, há um ganho de tensão.
estágio amplificador básico de áudio.

Figura 8-10 Amplificador de áudio básico

8-7
CAPÍTULO 9

OSCILADORES TRANSISTORIZADOS

INTRODUÇÃO mecânica é o pêndulo do relógio. Ele oscila


mecanicamente de um lado para o outro com
Os osciladores são dispositivos cuja intervalos de tempo iguais, afastando-se do
função principal é transformar energia CC ponto central (ou de repouso) igualmente para
aplicada, em energia AC. os dois lados.
Para que haja essa transformação é A figura 9-1 ilustra o movimento do
necessário que parte do sinal de saída retorne à pêndulo mediante uma onda senoidal.
entrada de forma adequada, ou seja, é necessário
que haja uma realimentação positiva (regene-
ração).
Além da necessidade de uma
realimentação positiva, devem ser incorporados
ao circuito oscilador a transistor, elementos
determinantes da frequência e as necessárias
tensões CC de polarização. Figura 9-1 Movimento de um pêndulo simples
O transistor atua como uma chave e
conduz periodicamente, sempre que a energia é Por convenção dizemos que os
realimentada desde o circuito sintonizado, a fim movimentos à esquerda são positivos e à direita
de manter as oscilações do circuito tanque. negativos. Esse movimento se manterá
Para determinar a frequência de constante enquanto houver corda no relógio e se
operação do oscilador, podem ser incorporados faltar corda o pêndulo inicialmente diminuirá a
ao circuito, conjuntos indutância-capacitância, distância do ponto central até parar.
um cristal ou ainda uma rede resistiva- Como vimos na figura 9-1 o movimento
capacitiva. do pêndulo pode ser comparado com uma onda
As tensões de polarização para o senoidal. No caso da falta de corda do relógio a
oscilador são as mesmas necessárias para um onda senoidal será uma “onda amortecida”,
amplificador a transistor. como mostra a figura 9-2.
Um fator de suma importância é a
estabilização do ponto “Q” do oscilador a
transistor, pois a instabilidade da operação CC
afetará consideravelmente a amplitude do sinal
de saída, a forma de onda e ainda a estabilidade
de frequência.
Os osciladores são usados para uma
infinidade de aplicações, sendo as mais comuns
o osciloscópio, o gerador de frequência variável,
o injetor de sinais, a televisão, o rádio-
transmissor, o receptor, o radar, o sonar etc.
Antes de estudarmos os osciladores
eletrônicos, recordaremos os princípios básicos
da oscilação. Figura 9-2 Formas de onda do pêndulo

PRINCÍPIOS DE OSCILAÇÃO A onda amortecida é uma onda senoidal,


mas a amplitude dos ciclos sucessivos vai
Oscilação mecânica diminuindo gradativamente, porém, os
intervalos de tempo se mantêm constantes,
Todo equipamento que recebe ou como pode ser visto na figura 9-2.
transmite energia possui um dispositivo Se quisermos evitar o amortecimento da
oscilador. O exemplo mais clássico de oscilação onda senoidal ou a parada do movimento

9-1
devemos adicionar mais energia ao sistema. No Funcionamento
caso do relógio, dar mais corda antes que o
mesmo pare definitivamente. Para entendermos como a oscilação se
processa, consideremos o que ocorre ao se
Oscilação eletrônica carregar o capacitor da figura 9-3.
1º Passo – O capacitor C1 se carrega com o
Como foi dito anteriormente o oscilador valor de VCC, com a polaridade
eletrônico transforma a energia CC em energia indicada.
CA. Para que haja essa transformação é
necessário que parte do sinal de saída retorne à 2° Passo – O capacitor C1 se descarrega sobre o
entrada de forma adequada, ou seja, é necessário indutor L1.
que haja uma realimentação positiva. 3º Passo – A energia está agora acumulada no
O transistor funciona como uma chave e indutor, em forma de campo
conduz periodicamente sempre que a energia é magnético.
realimentada desde o circuito sintonizado, a fim 4° Passo – L1 induz uma corrente no mesmo
de manter as oscilações do circuito tanque. sentido mostrado no segundo passo.
Para obtenção da frequência de operação
5° Passo – O capacitor C1 se carrega com
do oscilador podem ser incorporados ao
polaridade contrária à do segundo
circuito, conjuntos indutância-capacitância, um
passo.
cristal ou ainda uma rede resistiva capacitiva.
As tensões de polarização para o oscilador são 6° Passo – O capacitor se descarrega sobre L1
as mesmas necessárias para um amplificador a com corrente oposta à do segundo
transistor. passo.
Um fator muito importante no projeto de 7° Passo – A energia está novamente acumulada
osciladores é a estabilização do ponto “Q” do em L1 em forma de campo magné-
circuito, pois a instabilidade de operação CC tico.
afetará a amplitude do sinal de saída bem como 8° Passo – O indutor induz uma corrente no
a sua frequência. Os circuitos osciladores são mesmo sentido do passo 6.
largamente usados em radiocomunicação e em
eletrônica industrial. 9° Passo – O capacitor C1 fica carregado nova-
mente conforme o passo 1.
Tanques ressonantes
Se o capacitor e o indutor fossem ideais
A oscilação eletrônica é feita por um (sem perdas), esse processo continuaria
circuito que consiste de uma bobina e um indefinidamente, mas na prática não é isso o que
capacitor ligados em paralelo. ocorre, pois o indutor e o capacitor apresentam
uma resistência a qual dissipa parte do sinal em
forma de calor, havendo portanto a necessidade
de ligar a chave novamente na bateria, a fim de
carregar mais uma vez o capacitor C1
compensando a referida perda de energia.

REQUISITOS DO CIRCUITO OSCILA-


DOR

Amplificador

O circuito oscilador é basicamente um


amplificador que sofre uma realimentação, ou
seja, para gerar uma energia CA, uma porção da
energia de saída do amplificador a transistor
deve ser retornada ao circuito de entrada, com
Figura 9-3 Funcionamento do circuito oscilador uma correta relação de fase, para dar uma

9-2
realimentação regenerativa com a energia de resultado seria um sinal de saída cada vez
entrada. menor. Concluindo, para manter a oscilação, o
A energia enviada à carga será a energia fator de ganho de potência do amplificador deve
de saída (Es) menos a energia de realimentação ser maior que a unidade.
(Er):

Ec = Es - Er CIRCUITOS OSCILADORES BÁSICOS


A potência de realimentação (Er) não é a Oscilador Armstrong
potência de saída, pois a rede de alimentação
age como um atenuador, causando perdas no O oscilador Armstrong é o mais simples
sinal realimentado. dos osciladores a transistor. Seu circuito é
Na figura 9-4 temos o diagrama bloco do mostrado na figura 9-5
oscilador, com as potências Ec, Es e Er e o
resistor de realimentação.

Figura 9-5 Oscilador Armstrong

Figura 9-4 Representação em bloco do oscilador Estando o circuito energizado, qualquer


pequena variação na corrente de emissor é
Como citado anteriormente o resistor ampliada por Q1 e aparece no coletor com uma
“R” simula um atenuador para o sinal variação maior.
realimentado. A variação de corrente através da bobina
Se o oscilador necessita, para seu de coletor (L2) gera um campo magnético, que é
funcionamento de um sinal de entrada (Ee) de induzido em L1. Essa tensão variável é acoplada
2 mW, sendo a perda na rede de realimentação por C2 à base de Q1, onde é ampliada.
de 1 mW, a potência do sinal de realimentação Essa tensão ampliada é novamente
deverá ser, no mínimo de 3 mW, ou seja: aplicada à bobina L2 que por sua vez a induz em
L1 e assim, sucessivamente.
Ee = Er – perdas Este ciclo continuará até que a tensão
induzida em L1 seja suficientemente grande para
Quando a potência no amplificador é tornar a base de Q1 positiva em relação ao
menor que a unidade, ocorrem oscilações emissor. Quando isso ocorre a junção base-
amortecidas que vão se tornando cada vez emissor fica polarizada inversamente e Q1 entra
menores até desaparecerem completamente. em corte. O campo magnético nas bobinas
Por exemplo, suponhamos que não haja torna-se agora estacionário e não há mais tensão
atenuação do sinal realimentado e que o ganho induzida em L1.
de potência do amplificador seja 0,9. O capacitor C2 que se carregou com a
Para um sinal de entrada de 1mW, a tensão induzida, se descarrega através de R1.
potência de saída do primeiro pulso seria de 0,9 Tão logo se tenha descarregado até um valor
mW. Se toda essa potência fosse realimentada suficientemente baixo, que permita ao transistor
para a entrada e fosse amplificada, a potência do conduzir novamente, o ciclo de operação se
segundo pulso seria de 0,81 mW. repete.
Realimentando essa potência para a R1 e C2 são selecionados para dar uma
entrada, teríamos um pulso de 0,73 mW na constante de tempo que forneça tensão de
saída, e assim sucessivamente. Como vemos, o polarização suficiente para manter Q1

9-3
inoperante durante quase todo ciclo exceto nos A partir daí C1 começa a se descarregar e
picos negativos da tensão de entrada. quando estiver totalmente descarregado,
A frequência de oscilação é determinada teremos a energia em forma de campo. Este
por L1 e C1 e L2 é a bobina de realimentação. campo por sua vez, induzirá uma corrente que
R1 fornece passagem para a corrente de irá carregar C1 novamente com polaridade
polarização e C2 acopla o sinal para o circuito oposta à anterior. Quando a tensão do tanque
de base e bloqueia a componente CC do mesmo. ultrapassar, em sentido oposto, a polarização
A frequência de oscilação do tanque base-emissor o transistor entrará em corte.
ressonante é calculada pela seguinte fórmula: C1 começará a se descarregar novamente
e o transistor Q1 sairá do corte. Nesse ponto,
com a descarga de C1, a parte superior de L1
1 0,159 estará novamente menos negativa. Teremos
Fo então a repetição do ciclo.
2 3 Lc Lc
O transistor conduz aproximadamente
120°, isto é, permanece em corte a maior parte
Oscilador Hartley
do ciclo. Ele conduz somente no momento
preciso, para repor energia, que é consumida
Neste circuito a realimentação é obtida
pelos componentes do circuito.
através de uma indutância e temos osciladores
No circuito da figura 9-6, C1 e L1
desse tipo, alimentados em série e em paralelo.
constituem o circuito tanque ressonante.
Essas alimentações se referem ao método de
R1 e R2 são os componentes que
obtenção da polarização de coletor.
fornecem a polarização para o transistor Q1.
No circuito alimentado em série a
O capacitor C2 bloqueia a CC e acopla as
corrente constante e a variável passam pelo
oscilações para Q1, que por sua vez amplifica
circuito tanque.
essas oscilações.
A figura 9-6 mostra o oscilador Hartley
C3 bloqueia a CC e acopla as variações
para L1.
O CRF é um “Choque de Radiofre-
quência” que serve para evitar que as oscilações
atinjam a fonte CC.
L1 (parte inferior) é a bobina de reali-
mentação.
A fórmula para determinação da
frequência de oscilação é a mesma usada para o
oscilador Armstrong, ou seja:

Figura 9-6 Oscilador Hartley 0,159


Fo
Lc
Ao aplicarmos energia ao circuito flui
uma corrente instantânea através de Q1 que é Isto, uma vez que o circuito tanque deste
acoplada por C3 à parte inferior de L1. Esta parte oscilador é constituído pelo conjunto LC.
de L1 gera um campo magnético e induz uma
tensão na parte superior da mesma, fazendo com Oscilador Colpitts
que a parte superior do tanque fique positiva.
Isso faz com que a polarização direta da O oscilador Colpitts assemelha-se ao
junção base-emissor aumente, fluindo então oscilador Hartley, alimentado em paralelo. A
maior corrente, até que Q1 atinja a saturação. diferença está em que o Colpitts, ao invés de ter
Neste ponto o capacitor C1 estará carregado com o conjunto de indutância dividida, para se obter
sua placa superior positiva e a parte inferior de a realimentação, usa um conjunto de capaci-
L1 deixará de induzir tensão, uma vez que não tância dividida.
haverá mais nenhuma corrente variável através O oscilador Colpitts é mostrado na
dela. figura 9-7.

9-4
Entre esses poucos cristais encontram-se
o quartzo, o sal de Rochelle e a Turmalina.
Dos três tipos citados o sal de Rochelle é
o que tem atividade piezoelétrica mais ativa, ou
seja, gera uma maior quantidade de tensão por
uma dada pressão mecânica. Estas substâncias,
porém, são mecânica e eletricamente instáveis,
o que as torna inadequadas para o controle de
freqüências em circuitos osciladores.
Normalmente, em circuitos osciladores o
cristal usado é o quartzo, devido ao seu baixo
Figura 9-7 Oscilador Colpitts custo, robustez mecânica e a pouca variação de
frequência em função da temperatura.
Os resistores R1 e R2 dão a polarização É um dos materiais mais permanentes
ao transistor Q1. O capacitor C2 bloqueia a que se conhece, sendo quimicamente inerte e
componente CC do sinal e acopla as oscilações fisicamente resistente.
do tanque à base de Q1, que por sua vez amplia De todos os materiais encontrados é o
essas oscilações. mais satisfatório, embora sua faixa de operação
C1B constitui o componente que esteja limitada entre 50 kHz e 50 MHz, ou seja,
realimenta o circuito tanque e C3, além de fora da faixa de áudio.
bloquear a componente CC, acopla as variações
do coletor Q1 ao circuito tanque que é formado Relação entre frequência, espessura e largura
por L1, C1A e C1B.
A frequência de oscilação fundamental
Oscilador a cristal de um cristal depende da largura, da espessura e
do tipo de corte do cristal. Quanto mais delgado
Quando certos cristais são comprimidos for o cristal, mais elevada será a frequência de
ou expandidos em direções específicas, os oscilação.
mesmos geram cargas elétricas em suas A frequência fundamental de oscilação é
superfícies. Este fenômeno é chamado de efeito dada pela fórmula
piezoelétrico.
Se um cristal piezoelétrico, geralmente K
quartzo, possui eletrodos localizados nas faces F
T
opostas e se um potencial é aplicado entre esses
eletrodos, serão exercidas forças que farão com
onde: F – Frequência, em MHz;
que o cristal vibre mecanicamente num
movimento de contração e expansão. K – Constante que depende do tipo
Estas vibrações é que darão origem ao de corte do cristal;
aparecimento de cargas elétricas nas superfícies T – Espessura, que é dada em milé-
desses cristais. simos de polegada.
Para oscilarem perfeitamente, os cristais
devem ainda ser submetidos a um tratamento de A fórmula anterior se refere à vibração
laboratório, onde sofrerão um determinado tipo com relação a espessura, porém podemos
de corte, que é um dos fatores determinantes da calcular a frequência de oscilação com relação a
frequência de oscilação. largura, para isso basta substituir na fórmula
dada, a espessura (T) do cristal pela largura(W)
Tipos de cristais do mesmo. De tal modo que temos:
Podemos dizer que a maioria dos cristais K
apresenta o efeito piezoelétrico, mas poucos são F
adequados para serem usados como W
equivalentes de circuitos sintonizados para fins
de frequência. onde: W é a largura em milésimos de -
polegada.

9-5
A tabela das constantes de frequência Circuitos osciladores a cristal
(K) para quatro diferentes tipos de cortes é dada
a seguir. O oscilador Armstrong a cristal funciona
de maneira semelhante ao oscilador Armstrong
CORTES (K) elementar.
X 112,6 Com a inserção do cristal na trajetória de
realimentação, consegue-se um aumento na
Y 77,2 estabilidade da frequência de operação. O cristal
é o elemento determinante da frequência de
AT 66,2 operação, de tal modo que para se obter
BT 100,7 freqüências diferentes, outros cristais deverão
ser usados.
A figura 9-11 mostra o oscilador
Figura 9-8 Tabela dos valores de “K” em função Armstrong a cristal.
do corte do cristal

Circuito equivalente do cristal

Em sua frequência de ressonância o


cristal comporta-se como um circuito
sintonizado, no que se refere aos circuitos
elétricos a ele associados. Portanto um cristal
pode ser substituído por um circuito
equivalente, o qual é mostrado na figura 9-9.

Figura 9-11 Circuito do oscilador Armstrong a


cristal

Na figura 9-11 as bobinas L1 e L2 são


Figura 9-9 Circuito equivalente de um cristal responsáveis pela realimentação.
sem placas Os resistores RB, RF e RC fornecem a
polarização ao transistor Q1.
A figura 9-9 mostra um circuito equi- O resistor RE é desacoplado pelo
valente de um cristal desprezando-se o efeito capacitor CE, para tensões CA. A impedância do
das placas que o envolverem. cristal aumenta fora da frequência de
A figura 9-10 mostra o circuito equiva- ressonância ou de operação, com isso tem-se
lente de um cristal colocado entre suas placas. uma redução na realimentação total, o que evita
Nesta figura vemos o aparecimento da que o cristal oscile em outra frequência
capacitância “C” que representa a capacitância diferente daquela de ressonância.
das placas.
Oscilador Colpitts

A figura 9-12 mostra um oscilador a


cristal na configuração base-comum com a
realimentação fornecida do coletor para o
emissor, através do capacitor C1. Os resistores
RB, RC e RF dão as condições adequadas de
polarização para o circuito. O capacitor C2
desacopla o resistor RB nas tensões CA.
Figura 9-10 Circuito equivalente de um cristal A frequência de oscilação desse circuito
entre as placas não é determinada somente pelo cristal, mas

9-6
também pela capacitância em paralelo formada conduzem alternadamente. Enquanto um dos
pelos capacitores C1 e CE. Estes capacitores são transistores é levado ao corte o outro é levado à
normalmente grandes, a fim de reduzir as saturação, pois o corte de um transistor produz
capacitâncias de entrada e de saída do transistor um pulso que satura o outro.
e assim tornas as oscilações independentes das Se todos os componentes do circuito
mudanças dos parâmetros do transistor. fossem exatamente iguais e se os transistores
conduzissem exatamente a mesma quantidade
de corrente, na prática o circuito nunca oscilaria.
O início das oscilações dá-se devido ao
fato de que na prática os elementos nunca são
exatamente iguais.

Figura 9-12 Circuito do oscilador Colpitts a


cristal

MULTIVIBRADOR ASTÁVEL
Figura 9-13 Multivibrador astável
Introdução
Funcionamento
Com o desenvolvimento dos sistemas
eletrônicos, houve a necessidade de se criar Ao conectarmos ao circuito a fonte de
circuitos que operem ou que forneçam sinais alimentação VCC, os capacitores C1 e C2 que
não senoidais. Esses sinais podem ser definidos estavam descarregados, começarão a se carregar
como variações momentâneas de tensão ou através dos resistores R1 e R2 fechando-se o
correntes. Estes sinais incluem tensões de onda circuito através das bases de T1 e T2. A figura 9-
quadrada, onda retangular ou pulsos. 13 ilustra melhor esse processo.
O multivibrador é um circuito eletrô-
nico capaz de produzir uma tensão de saída em
forma de onda quadrada ou retangular. Estes
sinais podem ser contínuos, como uma cadeia
repetitiva de ondas quadradas ou simples pulsos
produzidos em intervalos retangulares de tempo.
Existem diversos tipos de multivi-
bradores, cada um elaborado para uma aplicação
específica.
Os circuitos multivibradores são
atualmente muito usados em receptores de TV,
osciloscópios, computadores e sistemas digitais
em geral. Figura 9-14 Circuito do multivibrador

Circuito multivibrador astável Para que possamos compreender melhor


o funcionamento do circuito, vamos estabelecer
O circuito multivibrador astável é aquele as seguintes condições:
que não necessita de pulsos de excitação na a) Quando T1 ou T2 estiverem cortados,
entrada, para o seu funcionamento. Basicamente a tensão nos pontos A e B, será aproxima-
o circuito é formado por dois transistores que damente a da VCC.

9-7
b) Quando T1 ou T2 estiverem saturados, carregando-se em sentido contrário, agora
a tensão nos pontos A ou B da figura 9-13 será através de R4 elevando desta maneira o
aproximadamente 0,3 volts, recebendo a potencial do ponto E, fazendo com que T1 que
denominação de VCE de saturação. estava cortado, caminhe para a saturação.
c) Quando T1 ou T2 estiverem cortados, a T1 indo para a saturação, leva T2 para o
tensão VBE de início de condução (0,6V), corte, dessa maneira o ponto B será de
caracterizando o estado em que se encontram T1 aproximadamente 0,3V (praticamente o ponto B
e T2. estará em terra), e o capacitor C1 se descarregará
d) Quando T1 ou T2 estiverem saturados, pelo coletor de T1, carregando-se agora em
a tensão VBE de T1 ou T2 será denominada VBE sentido contrário por R3.
de saturação, e seu valor 0,7V Desta forma o potencial do ponto D irá
De posse dessas condições, ficará mais aumentar e T2 será levado à saturação fazendo
simples descrevermos o comportamento do com que T1 vá para o corte, estabelecendo-se
circuito apresentado. assim um estado oscilatório.
Como ponto de partida, vamos A figura 9-15 mostra as formas de onda
considerar o instante “t0”, admitindo que nesse de saída do multivibrador astável.
instante T1 esteja cortado e T2 saturado, logo Como principais características do
teremos no ponto B da figura 9-13 uma tensão multivibrador astável podemos citar:
igual a VCC e no ponto A igual a 0,3V. - tem sua frequência de oscilação
Consideremos agora o estado do circuito controlada pelas constantes de tempo de carga e
após decorrido um tempo “t”, ou seja: t = t0+t. descarga dos capacitores.
Ainda com relação às condições - a saída pode ser retirada de qualquer
adotadas temos que o ponto A estará um dos coletores dos dois transistores
praticamente em terra (0,3V), logo, C2 se usados.
descarregará através do coletor de T2,

Figura 9-15 Formas de onda de saída do multivibrador astável

9-8
CAPÍTULO 10

TRANSISTORES ESPECIAIS

INTRODUÇÃO da barra, é aplicada uma camada de silício do


tipo oposto ao do material do canal (tipo N ou
Os laboratórios das grandes fábricas de P). Neste material é feito contato ôhmico,
dispositivos semicondutores procuram formando a porta ou gatilho (gate).
continuamente melhorar as características e A figura 10-2 ilustra a constituição física
diminuir as limitações dos transistores utilizados dos transistores TECJ com canais tipo N e P e
e também descobrir novos tipos com os respectivos símbolos. Conforme o material
características diferentes que permitam do canal seja do tipo N ou P, a seta aponta
aplicações até então fora do campo dos respectivamente, para dentro ou para fora do
transistores e, de maneira geral, dos semi- transistor.
condutores. No TEC canal P, por exemplo, a seta é
Foram estão criados numerosos tipos de dirigida para fora do transistor. Com efeito, se o
transistores, muitos dos quais baseados no material do canal é do tipo N, o gatilho é
mesmo princípio de operação do transistor formado de material tipo P e, portanto, a seta
bipolar, mas, fabricados por meio de técnicas aponta para dentro.
novas ou modificações das técnicas já NOTA: Usaremos indistintamente as seguintes
conhecidas. Outros tipos de transistores nomenclaturas: porta ou gatilho (P de porta ou
baseiam-se em princípios diferentes do G de gatilho); fonte ou supridouro (S de source
transistor bipolar. São esses tipos que ou de supridouro).
estudaremos a seguir.

TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO

O transistor de efeito de campo,


conhecido como TEC ou FET (Field Effect
Transistor), apresenta características elétricas
bastante interessantes que permitem sua
utilização numa gama muito grande de
aplicações práticas.
A diferença fundamental entre os
transistores de efeito de campo e os de junção
convencionais é que nos primeiros, a corrente é
dada pelo fluxo de portadores de um só tipo. Por
este motivo, os transistores de efeito de campo
são conhecidos como transistores unipolares em
contraposição aos demais que são bipolares.

Construção física

O mais comum dos transistores de efeito


de campo é o tipo de junção, também chamado
de TECJ ou JFET. A figura 10-1 ilustra uma
sequência da constituição física do TEC. Ele é
formado por uma minúscula barra de silício, que
pode ser tipo “N” ou “P”, formando o que é
conhecido com o nome de canal.
Em cada extremo da barra são feitos
contatos ôhmicos que são chamados de dreno Figura 10-1 Seqüência da constituição física do
(drain) ou fonte (source). No centro, em torno TEC canal N

10-1
Podemos observar, em A da figura 10-3,
onde a polarização é somente de 2 volts, que a
corrente através do canal do transistor é grande;
ao contrário, em B, onde temos a tensão de –6V
no gatilho, a corrente é bem menor. A diferença
entre um TEC canal N e outro de canal P é a
inversão da polaridade de todas as tensões, da
mesma forma como nos transistores comuns do
tipo PNP e NPN.

Curvas características

A figura 10-4 mostra as curvas


características de um TEC típico canal N.
Observamos que a corrente de dreno é
máxima, ou seja, a corrente de saturação (8
Figura 10-2 Constituição física e símbolos dos mA), quando a polarização entre gatilho e
transistores TEC canal tipo N e supridouro é igual a zero.
canal tipo P Quando aumentamos a polarização
inversa, a corrente no dreno diminui gradati-
Funcionamento vamente até chegar a zero. Isto acontece quando
a tensão é de –6V aproximadamente. Esta
Podemos observar, na figura 10-3, a polarização inversa, necessária para suprimir
polarização normal de funcionamento do TEC totalmente a corrente através do transistor, é
canal tipo N. chamada de tensão de corte.
O gatilho, normalmente polarizado
inversamente em relação à fonte, faz com que a
entrada tenha alta impedância. A tensão
aplicada ao gatilho tem alto poder de controle
sobre a corrente fonte-dreno, por causa do
aumento da área de depleção e redução da área
efetiva de condução.

Figura 10-3 Variação da corrente em função da Figura 10-4 Curvas características de um TEC
polarização inversa canal N

10-2
Esta tensão de corte, para a maioria dos A principal vantagem do transistor de
transistores TEC está situada entre –6 e –10V. efeito de campo diz respeito à sua impedância
Podemos também verificar, através de de entrada que, na realidade, é dada pela
curvas, que a variação de tensão do dreno acima impedância de um diodo inversamente
do joelho (5 volts) tem pouca influência sobre a polarizado, podendo atingir, dependendo do tipo
corrente de dreno (ID). do TEC, valores tão altos como centenas de
Pelo espaçamento regular que se obtém megohms. Isto possibilita aplicações
com polarizações até –2 volts nota-se que o impossíveis para os transistores bipolares.
transistor pode amplificar sinais pequenos com Finalmente devemos apresentar outro
um mínimo de distorção. tipo de transistor de efeito de campo, o chamado
A resistência interna entre dreno e fonte IGFET (Insulated Gate Field Effect Transistor),
varia conforme a polarização; assim, temos com também chamado MOSFET (Metal Oxide
zero volts no gatilho (porta) uma resistência Semiconductor Field Effect Transistor).
interna por volta de 150 ohms, enquanto que O funcionamento deste transistor é
com polarização inversa acima de –6 volts diferente do anterior no sentido de que, com
obtem-se valores superiores a 1000 megohms. tensão VGS nula, não há nenhuma condução no
O TEC, da mesma forma como os dreno.
transistores comuns, também pode ser usado em Quando aplicamos uma tensão positiva,
3 configurações, sendo que a mais usada é o por exemplo, no caso da figura 10-6, surge na
supridouro ligado à massa, que corresponde ao superfície da região N um canal tipo P,
circuito emissor à massa. correspondente ao dreno e à fonte, pos-
Como podemos observar, o circuito é sibilitando, então, o deslocamento de buracos
muito semelhante ao de um amplificador usando entre a fonte e o dreno.
válvula triodo. A vantagem deste tipo de transistor é a
A autopolarização do TEC pode ser feita elevadíssima impedância de entrada, e é com
da mesma maneira como na válvula, isto é, pelo este tipo que se consegue obter os valores mais
resistor do supridouro. Por exemplo, se elevados.
escolhermos o ponto de trabalho do transistor Outra extraordinária vantagem deste
em 5 miliampéres e verificarmos, pelas curvas último tipo de FET é que ele possibilita a fácil
características, que para isso é necessária uma fabricação de complexos arranjos integrados
polarização no gatilho de –1 volt, o resistor de com aplicações sem limites no campo digital.
supridouro (R1) deve ter um valor de:
1V
R1 = 200 ohms .
0,005 A
O resistor é normalmente escolhido em
função da frequência de trabalho. O resistor R2
corresponde à resistência de carga (RL). A fase
do sinal de saída está 180 graus invertida em
relação ao sinal de entrada.

Figura 10-6 Constituição e símbolo do


Figura 10-5 Amplificador típico com TEC MOSFET canal P

10-3
TRANSISTOR DE UNIJUNÇÃO quando IB2 for igual a zero, a curva
característica relacionando IE e VE será a de um
O transistor de junção única (TJU ou diodo comum, como podemos observar na
UJT) é um dispositivo semicondutor de três “curva 1” da figura 10-8.
terminais que tem sua principal aplicação em Devemos observar que nesta figura a
circuitos osciladores não senoidais e de corrente IE está representada no eixo das
comutação. abscissas e a tensão VE no eixo das ordenadas, o
A figura 10-7 mostra a constituição que explica o aparecimento diferente da “curva
física e o símbolo do transistor de unijunção. 1” de um diodo comum.
Ele é constituído por uma pequena barra de Além disto, devemos salientar que a
silício do tipo N, na qual são feitos contatos “curva 2” foi traçada para uma dada tensão VBB,
ôhmicos nos extremos que são denominados obtendo-se curvas com aspecto semelhante para
Base 1 (B1) e Base 2 (B2) e na parte lateral é diferentes tensões de VBB.
feita uma junção PN, na qual também é feito um
contato ôhmico, o que constitui o emissor.
Eletricamente, o TJU atua como divisor
resistivo de tensão, entre B1 e B2 e um diodo no
centro.

Figura 10-8 Curvas características de um


transistor unijunção

Partindo do ponto “A”, à medida que a


tensão VE aumenta, a corrente vai aumentando
lentamente até que seja atingido o ponto
“B”(chamado de ponto de pico), a partir do qual
a tensão diminui e a corrente aumenta. Portanto,
o trecho BC é caracterizado pelo fato,
aparentemente contraditório, de uma dimi-
nuição da tensão provocar um aumento de
corrente.
Isto é explicado se considerarmos que,
Figura 10-7 Construção física, circuito no trecho BC, o dispositivo apresenta uma
equivalente e símbolo elétrico resistência negativa, característica esta que
do TJU permite a aplicação do transistor de unijunção
em osciladores (geradores dentes-de-serra, mul-
Curvas características tivibradores, etc).
A figura 10-9 mostra as curvas
Vimos que entre as bases B1 e B2, o características de saída do transistor de
dispositivo apresenta a característica de um unijunção.
resistor comum. Quando a base B2 está aberta, Podemos observar a relação entre a
isto é, quando IB2 é igual a zero, temos apenas corrente IB2 e a tensão de saída, entre as bases,
no circuito a junção E-B1, polarizada para diferentes valores da corrente no emissor
diretamente pela bateria VEE. Isto significa que, (IE).

10-4
Figura 10-9 Curvas características de um
transistor de unijunção,
relacionando IB2, VBB e IE

Aplicação

Um exemplo simples da aplicação do


TJU é o circuito da figura 10-10 que é um
oscilador de relaxação.
Quando o interruptor é ligado, a ação
divisora de tensão, da resistência da barra de
silício do TJU, da base um e da base dois, em
série produz uma queda de 12 volts,
aproximadamente, entre a base um e o lado N
da junção do emissor. Figura 10-10 Oscilador de relaxação
Neste momento, a tensão do emissor é
zero, por causa do capacitor C1. O capacitor C1 Cada vez que o emissor se polariza
começa a adquirir carga através do resistor R1. diretamente, diminui a resistência total entre as
Quando a tensão do capacitor chega a 12 volts, bases um e dois, o que permite um aumento na
a junção do emissor se polariza diretamente e corrente que passa pelo TJU.
começará a fluir uma corrente pela base um, Como resultado, na base um aparecerá
reduzindo a resistência interna. Esta ação um pulso positivo e na base dois um pulso
descarrega a energia armazenada no capacitor, negativo, no momento em que o capacitor se
através do resistor R3. Logo, o ciclo se repete e descarrega. Assim temos no emissor uma onda
o capacitor se recarrega e volta a descarregar-se. dente-de-serra.

10-5
CAPÍTULO 11

CIRCUITOS INTEGRADOS

INTRODUÇÃO estrutura, a qual não pode ser dividida sem que


se destruam suas propriedades eletrônicas.
Com a invenção do transistor os Os circuitos integrados de semicon-
projetistas puderam produzir equipamentos dutores podem ser divididos em dois grupos: os
eletrônicos menores, mais versáteis e de maior circuitos monolíticos e os circuitos híbridos.
confiabilidade. Porém o transistor foi apenas o Nos circuitos monolíticos todos os componentes
primeiro passo para um avanço tecnológico dos circuitos são fabricados por meio de uma
ainda maior, a implementação do circuito tecnologia especial dentro de uma mesma
integrado monolítico. pastilha de silício, enquanto que nos circuitos
Os circuitos integrados, com as funções híbridos, várias pastilhas são colocadas em um
próprias de um circuito completo, em um mesmo invólucro e são conectadas entre si.
espaço comparável ao que antes era ocupado
por um único transistor, estão convertendo-se TÉCNICA DE FABRICAÇÃO DE CIRCUI-
nos componentes básicos dos equipamentos TOS INTEGRADOS MONOLÍTICOS
eletrônicos.
Para a construção de um circuito Como mencionado anteriormente os
integrado efetua-se uma série de operações de circuitos integrados monolíticos são aqueles em
difusão gasosa e centenas de circuitos que todos os componentes do circuito são
integrados são produzidos simultaneamente em fabricados simultaneamente em um único cristal
uma pastilha de silício, com cerca de 3 cm de de silício com menos de 1mm2 de área.
diâmetro. O processo usado atualmente para a
fabricação de CI (circuito integrado), é baseado
MICROELETRÔNICA na técnica de difusão do silício, que foi
desenvolvida para a fabricação de transistores
Na eletrônica sempre houve uma de silício.
tendência de miniaturização dos equipamentos. Inicialmente o material é um cristal de
O aparecimento do transistor e do diodo semi- silício simples, do tipo P ou do tipo N, como
condutor depois da guerra, incentivou mais o mostrado em “A”.
desenvolvimento dessa miniaturização. As técnicas de difusão permitem a
A utilização dos elementos semicon- introdução de impurezas nas profundidades e
dutores em miniatura foi possível devido às larguras desejadas no material inicial. A
características do transistor permitir o penetração vertical das impurezas é controlada
funcionamento dos circuitos com baixa tensão e pela temperatura de difusão e pelo tempo. O
potência. controle lateral de difusão torna-se possível pela
A montagem de transistores e outros combinação das propriedades de vedação do
componentes em pequenas placas de circuitos dióxido de silício com as técnicas fotoquímicas.
impressos proporcionou uma redução signi- Quando determinadas regiões do tipo N
ficativa no tamanho e peso dos equipamentos. são difundidas em um material inicial do tipo P,
O resultado, mesmo em miniatura era, como mostrado na figura “B”, são formados
todavia, convencional no que se refere à núcleos isolados no circuito.
montagem dos diversos componentes, formando Os diodos formados pela substância P e
o que se poderia chamar de micromontagem. A os núcleos do material tipo N, fornecem o
partir daí as pesquisas se desenvolveram, isolamento elétrico entre os núcleos.
chegando atualmente à chamada microele- A difusão de regiões adicionais do tipo P
trônica. e do tipo N formam transistores, como mostrado
Um circuito integrado é um caso na figura “C”.
particular de microeletrônica, recebendo essa As fases básicas às quais é submetido o
denominação um conjunto inseparável de silício, durante o processo de fabricação do CI
componentes eletrônicos, em uma única são mostradas na figura 11-1

11-1
Figura 11-1 Fases do processo de fabricação do CI

A placa de silício é então, revestida com fabricação do transistor, e seu valor ôhmico
uma camada de óxido isolante. Essa camada é depende basicamente de sua forma geométrica.
aberta nos pontos adequados, para permitir a O valor do resistor é determinado pelo
metalização e a interconexão, como mostrado na produto de sua espessura “S” de difusão pela
figura “D”. razão entre o comprimento “L” e a largura “W”,
Quando se necessita de resistores no ou seja:
circuito, a difusão do emissor do tipo N é L
omitida e dois controles ôhmicos são R = S•
W
estabelecidos para uma região do tipo P,
formada simultaneamente com a difusão da O valor da capacitância de um capacitor
base, como mostrado na figura “E”. integrado é dado pelo produto de uma superfície
Quando se necessita de capacitores, o “A” e a razão entre a constante dielétrica “E” do
próprio óxido é usado como dielétrico, como material difundido e a espessura do óxido “d”,
mostrado na figura “F”. ou seja:
A figura “G” mostra a combinação de
E
três tipos de elementos em uma placa simples. C = A•
Devido ao fato do processo básico de d
fabricação dos circuitos integrados ser idêntico TIPOS DE ENCAPSULAMENTO E
ao usado para fabricar transistores, estes em um CONTAGEM DE PINOS
circuito integrado feito por esse processo são
similares aos convencionais. Por outro lado, os O invólucro de um circuito integrado
resistores dos circuitos integrados são desempenha quatro funções importantes:
completamente diferentes dos comuns. a) Protege a pastilha de silício contra a
Nos resistores comuns os diferentes ação do meio ambiente, que de certo modo pode
valores ôhmicos são obtidos variando-se a alterar as características do CI;
resistência do material condutor, já nos circuitos b) Protege mecanicamente a pastilha do
integrados a resistência do material não pode circuito integrado;
variar para se obter valores diferentes de c) Possibilita um meio simples de
resistores, porque a resistência do material é interligar o CI com os outros componentes do
determinada pelo valor requerido para a circuito;

11-2
d) Dissipa o calor dentro da pastilha,
durante o funcionamento do CI.
Na figura 11-2 são mostrados alguns dos
invólucros usados na prática.
Os dois primeiros CI’s possuem
invólucro do tipo “dual” em linha, sendo a
cápsula geralmente de material plástico e
moldada em torno dos terminais do suporte Figura 11-3 Contagem de pinos em CI’s
onde a pastilha de silício foi montada.
O último CI mostrado na figura possui Já para o CI com encapsulamento do
invólucro do tipo TO (metálico), tipo TO a contagem é feita do pino guia para a
extensivamente usado em muitos tipos de direita no sentido horário, quando a vista
transistores. interior de sua base estiver voltada para o
observador. Essa contagem é mostrada na figura
11-4.

Figura 11-2 Invólucros usados em CI’s

A contagem de pinos de circuitos


integrados com encapsulamento do tipo “dual” é
feita, contando-se a partir do guia de referência
no sentido anti-horário como mostrado na figura Figura 11-4 Contagem de pinos para CI com
11-3 encapsulamento do tipo TO.

11-3
CAPÍTULO 12

SENSORES

SENSOR DE UMIDADE

Existem certos materiais semicondutores


cuja resistência varia com a umidade relativa do
ar. Estes materiais têm um certo padrão
específico de carga elétrica em suas moléculas e
os níveis de energia entre elas são controlados
mediante a umidade do ar.
Este tipo de dispositivo semicondutor é
fabricado na forma de película delgada,
depositada sobre os eletrodos que estão
dispostos um ao lado do outro. A resistência
entre os eletrodos varia com a quantidade de
umidade do meio ambiente, pela qual é possível
medir a umidade relativa do ar.
A figura 12-1 mostra a curva
característica, dada pelo fabricante. Por essa
curva pode-se observar que o sensor de umidade Figura 12-2 Circuito medidor da umidade
apresenta uma resistência elevada que decresce relativa do ar
rapidamente com o aumento da umidade.
O circuito da figura 12-2 possui o
funcionamento descrito a seguir.
Havendo um aumento da umidade
relativa do ar, a resistência do sensor de
umidade diminui, ocasionando um aumento da
polarização direta base-emissor e com isso
também um aumento de IC.
Se o miliamperímetro estiver graduado
em percentagem de umidade do ar, teremos
desta forma uma indicação precisa dessa
umidade.
Porém, se a umidade do ar continuar a
aumentar, o relé K1 será ativado através do
aumento de IC, fazendo com que a lâmpada L1
acenda, indicando que a umidade está sendo
prejudicial aos componentes.

TERMISTORES

Os termistores são componentes


Figura 12-1 Curva de variação da resistência eletrônicos que têm a capacidade de alterar a
com a umidade resistência ôhmica com a variação da
temperatura.
A figura 12-2 mostra um circuito que Existem termistores com coeficiente de
pode ser usado, por exemplo, para medir a temperatura positiva (PTC) e negativo (NTC),
umidade relativa do ar de um depósito de ou seja, no primeiro caso teremos um aumento
componentes eletrônicos. de resistência quando ocorrer um aumento de
A lâmpada L1 acenderá todas as vezes temperatura e no segundo caso teremos uma
que a umidade do ar atingir níveis prejudiciais diminuição no valor ôhmico do termistor
aos componentes eletrônicos do depósito. quando ocorrer um aumento de temperatura.

12-1
Os termistores são amplamente Os termistores com coeficiente negativo
utilizados em circuitos de polarização de de temperatura (NTC) são os mais utilizados.
transistores pois neste caso, eles compensariam Um circuito com estabilização de
as variações da polarização devido ao aumento polarização através de um NTC é mostrado na
ou diminuição da temperatura. figura 12-3.
A tensão VBE do circuito é 0,2V e a IB é
300 mA. Com o aumento da temperatura
ambiente a IC tende a aumentar devido ao
aumento da ICO.
Porém, esse aumento da temperatura
afeta também o NTC, diminuindo sua
resistência, ocasionando um aumento da
corrente através dele.
Essa maior corrente solicitada aumenta a
queda de tensão em RF, diminuindo a VBE e com
isso menores serão a IB e a IC.
O resultado é que este dispositivo tende
a manter o circuito no seu ponto de operação.
A figura 12-4 a seguir mostra as curvas
Figura 12-3 Circuito com estabilização de características de um NTC e um PTC
polarização respectivamente.

Figura 12-4 Curvas características de um NTC e de um PTC

DISPOSITIVOS FOTOSSENSÍVEIS
Células fotocondutivas

Diz-se que um dispositivo é fotos- Estas células baseiam-se no fenômeno


sensível se o mesmo alterar suas características descrito a seguir, que ocorre quando um fluxo
mediante a incidência de luz. luminoso incide sobre um material
Dentro do grupo de componentes fotos- semicondutor.
sensíveis, destacam-se as células fotoelétricas Quando isso acontece, os fótons
que podem ser a gás ou a vácuo, as células (partículas que compõem a luz) podem fornecer
fotocondutivas que podem ser do tipo fotor aos elétrons energia suficiente para produzir a
resistor, fotodiodo e fototransistor e as células ruptura das ligações covalentes, um elétron
fotovoltaicas. abandona a ligação deixando uma lacuna em seu

12-2
lugar. Portanto a ação dos fótons ocasiona a
produção de pares elétron-lacuna, o que provoca
o aumento da condutividade no semicondutor.
Este fenômeno é conhecido como foto-
condutividade.
Entre os dispositivos que funcionam
baseados no fenômeno da fotocondutividade
temos os fotorresistores, fotodiodos e os foto-
transistores. Figura 12-5 Circuito de aplicação do fotor-
resistor
Fotorresistores Quando não há fluxo luminoso, a
resistência do LDR é alta e a corrente que
circula na bobina do relé não é suficiente para
Os fotorresistores são constituídos de aciona-lo. Quando um fluxo luminoso incide
material semicondutor. sobre o fotorresistor a sua resistência diminui, a
Quando um fluxo luminoso incide sobre corrente aumenta atingindo um valor suficiente
eles a sua condutividade aumenta, ou seja, a sua para acionar o relé.
resistência diminui. Consequentemente, com esse simples
Os materiais mais utilizados para a circuito é possível efetuar o controle automático
construção dos fotorresistores são o sulfato de de portas, alarmes de segurança, controles de
cádmio e o sulfeto de chumbo. iluminação de ambientes etc.
Os fotorresistores são caracterizados
pelas iniciais LDR (Light Dependent Resistor), Fotodiodo
ou seja, resistor dependente da luz.
Os fotorresistores são geralmente Os fotodiodos são constituídos de
aplicados em circuitos para a operação de relés. maneira análoga aos diodos de função já
A figura 12-5 ilustra esse processo. estudados..

Figura 12-6 Aplicação do fotodiodo

12-3
A única diferença é que a função PN é Quando a luz incide em sua função base-
influenciada pela intensidade da luz, através de emissor sua condutividade aumenta,
uma janela de material transparente adaptada na ocasionando um aumento na corrente de coletor.
parte superior de seu invólucro. Quanto mais intenso for o fluxo
Alguns fotodiodos possuem nesta janela luminoso, mais intensa será a corrente de
uma pequena lente convergente que concentra coletor.
ainda mais os feixes de luz. Devido a sua amplificação, o
O fotodiodo, em condições normais é fototransistor fornece dez vezes mais corrente
polarizado no sentido inverso e, portanto, que o fotodiodo, sob as mesmas circunstâncias.
circula através do diodo apenas a corrente de Os fototransistores possuem as mesmas
fuga. aplicações dos fotodiodos tais como a leitura
Quando um feixe luminoso incide na ótica, controle automático de brilho etc.
função, são quebradas ligações covalentes, Todavia, apresentam a vantagem de não
aumentando a concentração de portadores necessitar de ampliação adicional.
minoritários e conseqüentemente, a corrente de
fuga aumenta. Células fotovoltaicas
Esse aumento da corrente vai atuar num
circuito acoplado ao fotodiodo. Como o nome indica, essas células
O circuito da figura 12-6 tem por produzem uma tensão elétrica quando
objetivo processar a contagem de produtos que submetidas a ação de um fluxo luminoso.
estão sendo transportados por uma correia Uma das aplicações mais típicas das
O fluxo luminoso proveniente de uma células fotovoltaicas é nos chamados fotômetros
lâmpada é interrompido quando o produto se que são instrumentos usados pelos fotógrafos
interpõe entre a lâmpada e o fotodiodo. para obterem informações sobre a iluminação
Quando isso ocorre a corrente através do do ambiente.
diodo diminui, fazendo com que a tensão Quando a luz incide sobre a fotocélula,
estática aplicada na base do transistor que é normalmente de selênio, é produzida uma
amplificador aumente. Isso provoca um tensão que é aplicada a um milivoltímetro
aumento da polarização direta base-emissor, graduado em unidades de intensidade de luz.
logo, a IC aumenta, fazendo com que a tensão
coletor-terra diminua. Bateria solar
Desta forma temos na saída do circuito
um pulso que é acoplado ao contador. Estes Uma aplicação moderna de grande
pulsos serão registrados pelo contador, o qual importância das células fotovoltaicas é nas
informará a quantidade de objetos. chamadas “baterias solares”.
Células são colocadas, em grande
Fototransistores número, lado a lado e ligadas de maneira
conveniente, em série, em paralelo ou em
Esses dispositivos são constituídos por combinação série-paralelo.
duas funções PN acondicionados num Quando exposto à luz solar, o conjunto
invólucro, tendo uma pequena lente que pode fornecer energia suficiente para o
converge o fluxo luminoso sobre a função base- funcionamento dos instrumentos de um farol, de
emissor, a qual é denominada função uma estação meteorológica e principalmente de
fotossensível. um satélite artificial.

12-4
CAPÍTULO 13

REGULADORES DE TENSÃO

O DIODO ZENER COMO REGULADOR Por exemplo, um diodo comum de Ge,


DE TENSÃO com uma corrente de 1 mA, dissipa:

O diodo Zener é um dispositivo Pj = 1 mA x 0,25 V = 0,25 mW


semicondutor, de dois terminais, diferente dos
diodos comuns, tanto na sua construção física, Como o diodo Zener opera com tensões
quanto no seu funcionamento. mais elevadas (6 volts), teríamos, com a mesma
O Zener possui uma junção maior que a corrente de 1 mA, a potência:
do diodo comum, o que possibilita uma
dissipação de potência. Pj = 1 mA x 6 V 6 mW
Quanto ao seu funcionamento, foi
projetado para operar na região inversa da curva Por este motivo é que a junção do diodo
característica e assim sendo, sua polarização Zener deve ser maior que a de um diodo
normal é a polarização inversa. comum, a fim de possibilitar uma dissipação
Apesar do seu funcionamento diferir um maior.
pouco do diodo comum, o Zener pode operar do O diodo Zener pode ser usado em
mesmo modo que o diodo anteriormente substituição à válvula VR, como mostra a figura
estudado. 13-5. Isso se deve à característica do Zener que
Os diodos que operam na região inversa mantém a tensão constante, dentro de
da curva característica são chamados Zener, ou determinados limites, quando está operando na
diodo de referência, ou ainda diodo de região de Zener.
avalanche.
Funcionamento
CARACTERÍSTICAS DO DIODO ZENER
O diodo comum não deve atingir a zona
A diferença essencial, entre um diodo Zener, sob pena de possível destruição,
Zener e um diodo comum, está no grau de enquanto que o Zener é projetado e fabricado
definição do ponto (tensão) de Zener. para trabalhar nesta região.
O diodo Zener possui um joelho de alta Quando o diodo Zener é polarizado
tensão, de curvatura bastante acentuada, ao inversamente, uma corrente muito pequena
passo que outros diodos possuem uma curvatura circula através dele – é a corrente de fuga. À
mais suave, como se vê na figura 13-1. medida que a tensão inversa cresce, também
cresce o campo elétrico existente na região de
transição. Este campo pode acelerar,
suficientemente, os elétrons livres, fazendo com
que eles adquiram bastante energia, para
provocar por choque, o rompimento das
ligações covalentes.
Consideremos de início, a situação de
um elétron livre. Quando este elétron sofre a
ação de um campo elétrico, adquire uma
aceleração suficiente, para romper uma ligação
Figura 13-1 Curva na região inversa do diodo covalente. Com isso, passam a existir três
comum portadores – uma lacuna e dois elétrons. Estes
dois elétrons podem ser acelerados e provocar o
Outra característica importante do diodo rompimento de duas outras ligações, fornecendo
Zener é a maior largura física da junção. A agora, sete portadores – quatro elétrons e três
razão de ser desta característica está na potência lacunas. Em pouquíssimo tempo ocorre uma
que a junção pode dissipar. multiplicação de portadores de carga – avalan-

13-1
che – a corrente cresce, sendo limitada somente definida e que a tensão se mantenha a mais
pela resistência externa do circuito. estável possível, durante a ruptura. Por esse
A tensão sobre o diodo se mantém motivo, prefere-se fabricar diodos Zener de
aproximadamente constante, o que indica que o silício e não de germânio, pois estas
diodo possui uma resistência muito pequena características são mais definidas no Si, que no
nessa região. Esse fenômeno é chamado Ge.
“ruptura da junção por avalanche” ou mais Cada diodo Zener comercial possui sua
comumente “ruptura por avalanche”. tensão característica. Entretanto, esta tensão
Dependendo da construção da junção, da varia ligeiramente com a corrente, pois a
tensão aplicada e da corrente, pode produzir-se característica não é exatamente vertical.
a ruptura, mesmo que os elétrons livres não Vejamos a curva característica do diodo
tenham sido acelerados o suficiente para romper OAZ203, na figura 13-3. O fabricante fornece
as ligações covalentes. É o caso em que o os seguintes dados:
campo elétrico, produzido pela aplicação da Iz = corrente de Zener
tensão inversa, é suficiente para provocar, ele Vz = tensão de Zener
próprio, a quebra das ligações covalentes e,
portanto, a rápida multiplicação dos portadores Para Iz de 1mA temos Vz de 6,2V
de carga.
Este tipo de ruptura é chamado de Para Iz de 5mA temos Vz de 6,3V
“ruptura Zener”, e o ponto no qual ela se inicia é Para Iz de 20mA temos Vz de 6,4V
chamado “ponto de tensão Zener”.
Nesse caso a corrente também aumenta
bruscamente e a tensão no diodo se mantém
quase constante.
Praticamente a ruptura por avalanche
distingue-se da ruptura Zener, pelo seu
coeficiente de temperatura. Costuma-se chamar
de região de Zener ou tensão de Zener, à região
e à tensão nas quais a corrente inversa cresce
rapidamente e a tensão se mantém quase
constante, qualquer que seja o motivo real da
ruptura.

Figura 13-3 Curva característica inversa do


diodo Zener OAZ203

Falamos anteriormente em tensão média,


porque os valores da tensão Zener variam para o
mesmo tipo de diodo, de unidade para unidade,
dentro das tolerâncias de fabricação, que podem
Figura 13-2 Símbolos do diodo Zener ser de 10%, 5%, 1% ou ainda menores,
dependendo do tipo de diodo. Isto obriga o
Como o diodo Zener possui mais de um fabricante a fornecer os valores máximos e
símbolo para sua representação, vamos escolher mínimos para a tensão Zener conforme mostra a
para emprego em nosso curso o símbolo “D” da figura 13-3.
figura 13-2. Observe também na tabela a seguir, as
características do diodo OAZ203, à 25° C.
ESPECIFICAÇÕES DA TENSÃO ZENER
Tensão Zener Valores típicos
Existem diodos Zener comerciais, com Mínimo, médio, máximo
tensão variando de alguns volts até centenas de Iz = 1mA Vz = 5,8V 6,2V.....6,6V
volts. Para aplicações práticas deste dispositivo, Iz = 5mA Vz = 6,1V 6,3V 6,8V
é desejado que a região de ruptura seja bem Iz = 10mA Vz = 6,1V 6,4V 6,9V

13-2
IMPEDÂNCIA DINÂMICA Efeito da temperatura

O fato da tensão Zener não se manter Conforme já sabemos, muitas


exatamente constante, com a variação da características dos dispositivos semicondutores
corrente inversa, indica que o diodo Zener não dependem da temperatura. O efeito causador da
tem uma resistência nula, na região inversa, ruptura determina o sentido da variação. Se a
porém apresenta uma certa resistência, embora ruptura for por avalanche, a tensão Zener cresce
baixa. É a impedância dinâmica, que com a temperatura, isto é, o coeficiente de
corresponde à inclinação da curva característica. temperatura é positivo. Se a ruptura for do tipo
A impedância dinâmica também varia de Zener, a tensão Zener decresce com a
diodo para diodo, dependendo de sua tensão temperatura, o que equivale ao coeficiente
Zener e, para um mesmo diodo, varia com a negativo de temperatura.
corrente. Nas aplicações práticas, se a temperatura
Por exemplo, na figura 13-4, a curva do equipamento onde é utilizado o diodo Zener
característica do diodo OAZ201, para tensão variar, é importante saber qual será o sentido da
Zener baixa, apresenta uma Rz de 340 ohms variação da tensão Zener. Ás vezes, deve ser
para uma Iz de 1 mA. Quando a corrente cresce, procurado, um ponto onde a tensão não varie,
a curva característica se aproxima de uma linha ou pelo menos varie o mínimo possível ( ponto
vertical e a impedância dinâmica diminui. de coeficiente nulo de temperatura).
Ainda para o mesmo diodo temos: Rz de O coeficiente de temperatura varia de
40 ohms para Iz de 5 mA – Rz de 4,7 ohms para diodo para diodo, pois depende da tensão Zener
Iz de 20 mA – estes valores de Rz são os valores e, para um mesmo diodo, ele varia de acordo
médios, correspondendo às tensões médias de com a corrente de operação.
Zener. Os diodos Zener com tensões maiores
Para diodos de Vz mais elevadas, nas que 6 volts têm coeficientes positivos de
baixas correntes, Rz é mais baixa, porque o temperatura, enquanto que os de tensões
joelho da curva é quase reto: Rz de 21 ohms menores que 4,5 volts têm coeficientes
para Iz de 1 mA, para o diodo OAZ213. negativos de temperatura. Por exemplo, o diodo
Quando a corrente se eleva, a curva OAZ203, com tensão Zener de 6,3 volts, tem os
característica não é tão vertical, quanto àquela seguintes coeficientes de temperatura: para Iz de
dos diodos de baixa tensão. A impedância é 1mA, o coeficiente é de +0,5 mV/ grau centí-
maior para diodos de alta tensão (7 ohms para grado, o que significa um acréscimo de 0,5 mV,
20 mA, para o diodo OAZ213). para cada grau centígrado de aumento de
Como do ponto de vista dos circuitos temperatura. À medida que a corrente cresce, o
que utilizam o Zener, é geralmente mais coeficiente de temperatura também cresce.
interessante ter diodos, cuja impedância seja a
menor possível, o projetista deve ter cuidado na Corrente Coeficiente
hora da escolha do diodo e da corrente de 5 mA +1,7 mV/ ° C
operação, a fim de obter a mínima variação de 20 mA +2,6 mV/ ° C
tensão, quando a corrente se modifica. Para diodos de tensões mais elevadas, o
coeficiente é também mais elevado. Vejamos,
por exemplo, os coeficientes para o diodo
OAZ213, com tensão Zener média de 12,2 V.

Corrente Coeficiente
1 mA + 9,2 mV/ ° C
5 mA + 9,3 mV/ ° C
20 mA + 9,4 mV/ ° C

Para diodos, cuja tensão Zener está


compreendida entre 4,5 e 6 volts, o coeficiente
Figura 13-4 Curvas características de três de temperatura passa de negativo para positivo,
diodos Zener à medida que a corrente cresce. O diodo

13-3
OAZ201, com tensão média de 5,6 volts, tem os correspondente em equipamentos. O
coeficientes a seguir. aproveitamento da característica da região Zener
(tensão constante com corrente variável) leva,
Corrente Coeficiente com efeito, à aplicação mais importante do
1 mA - 1,6 mV/ ° C diodo Zener que é a regulação de tensão em
20 mA + 1,0 mV/ ° C fontes reguladas.
Entre outras aplicações, citamos o seu
Com estes dados que o fabricante emprego como chave, em circuitos limitadores,
fornece é possível fixar a corrente de operação, em circuitos de estabilização da polaridade de
de tal modo que o coeficiente de temperatura transistores, na proteção de circuitos e de
seja o mais próximo de zero. Por exemplo, no medidores, na supressão de faísca e na
caso do diodo OAZ201, poder-se-ia escolher regulação de tensão alternada.
uma corrente compreendida entre 5 e 20 mA,
intervalo no qual o coeficiente de temperatura,
passando do negativo para o positivo, em algum
ponto se anulará.

LIMITAÇÕES DO DIODO ZENER

As limitações do diodo Zener são: a


corrente máxima direta (caso venha a trabalhar
naquela região), a corrente máxima inversa e a
máxima dissipação. Esse último dado é muito
importante e depende da temperatura na qual o Figura 13-5 Diodo Zener em proteção de
diodo vai operar; para os diodos de potência, circuitos
depende também dos meios utilizados para
dissipar o calor produzido, conforme já Proteção de circuitos
assinalamos no caso dos diodos retificadores e
conforme será visto no apêndice. Os circuitos elétricos e eletrônicos
Quando se necessita de tensão Zener costumam ser protegidos contra sobrecarga de
elevada, é preferível, às vezes, colocar vários tensão ou corrente por fusíveis que interrompem
diodos de baixa tensão, em série, em vez de usar a corrente quando esta ultrapassar um valor
um diodo de alta tensão, pois esses últimos têm prefixado.
coeficiente de temperatura maior, impedância Em certos casos, torna-se difícil escolher
dinâmica maior e necessitariam ser de maior um fusível que interrompa o circuito no
dissipação. Os diodos de baixa tensão, em série, momento de uma sobrecarga e, ainda assim, não
podem ter dissipações mais baixas, por chagar a fundir quando operado continuamente
dividirem entre si a dissipação total. no valor máximo de corrente perto da
Notamos que existem diodos Zener de sobrecarga.
tolerância muito pequena, em relação à tensão, e Uma solução para esse problema
de grande estabilidade, em relação à consiste em escolher um fusível que esteja
temperatura, que servem como elementos de afastado do ponto de fusão, quando o circuito
referência de grande precisão. São constituídos opera no valor máximo de corrente, e colocar
geralmente de dois ou três diodos, em série, em paralelo com a carga um diodo Zener com
colocados no mesmo invólucro, sendo um ou tensão um pouco superior à tensão máxima
dois no sentido direto, a fim de conseguir uma permissível para a carga como mostrado na
compensação dos efeitos de temperatura. figura 13-5.
Havendo uma elevação da tensão, essa
tensão é ultrapassada, é atingida a tensão Zener,
APLICAÇÕES DO DIODO ZENER o diodo oferece uma resistência muito menor
que a carga, a corrente aumenta muito e funde o
Inúmeras são as aplicações do diodo fusível que abre o circuito.
Zener, substituindo nos circuitos transisto- Uma aplicação baseada no mesmo
rizados, a válvula reguladora de tensão, sua princípio exposto acima é a proteção de

13-4
medidores com diodo Zener. Para evitar que Regulação da tensão alternada
uma tensão alta demais possa ser aplicada
inadvertidamente a um medidor colocado em Quando a rede de alimentação (CA)
uma escala baixa, que poderia danificar o varia a sua tensão, o efeito pode ser prejudicial
sensível sistema de medição, coloca-se um em muitos casos, citando-se como exemplo, a
diodo Zener em paralelo com o medidor, cuja alimentação de lâmpadas fornecedoras de luz
tensão seja um pouco maior que a tensão para células fotoelétricas, porque uma ligeira
máxima aceitável. Se esta tensão for variação na tensão da rede modifica a
ultrapassada, o diodo Zener a conduzirá e toda a intensidade luminosa da lâmpada e a resposta da
corrente passará por ele, deixando o medidor célula fotoelétrica.
fora do circuito. Veja a figura 13-6. Para diminuir essas variações, usam-se
dois diodos Zener, em oposição (figura 13-8).
Na alternância positiva, o diodo de cima entra
na região Zener, quando a tensão alternada
iguala a tensão de ruptura, estando o outro diodo
sempre polarizado diretamente e funcionando
praticamente como um curto-circuito.
Na alternância negativa, o diodo de cima
funciona como um curto e o outro limita a
tensão no valor Zener. Quando a tensão de CA
altera seu valor, seja para mais ou para menos,
os diodos Zener limitam a onda de tensão
Figura 13-6 Diodo Zener como proteção de sempre nos mesmos valores, fixados pelas suas
medidores tensões Zener.
Supressão de faíscas

Quando são interrompidos circuitos em


que existem cargas indutivas (transformadores,
relés, solenóides), aparecem oscilações
transitórias, com amplitudes que podem
ultrapassar o valor normal de funcionamento e
provocar faíscas nos contatos do interruptor.
Para evitar a aplicação dessas altas
tensões ao circuito e o faiscamento dos contatos,
pode-se colocar um diodo Zener em paralelo
com a carga indutiva, com um resistor de Figura 13-8 Diodos Zener em circuito de regula-
proteção em série, para absorver a oscilação, ção de tensão alternada
tanto com alimentação CC (figura 13-7 A) ou
CA (figura 13-7 B). DIODOS ZENER COMERCIAIS

Existem diodos comerciais, com tensões


Zener variando de alguns volts até centenas de
volts, dissipações permissíveis, variando de
algumas centenas de mW até alguns W e
correntes máximas de algumas centenas de mA
até dezenas de Ampéres. A figura 13-10
apresenta um quadro comparativo de alguns
A diodos Zener comerciais da IBRAPE.

Curva característica do diodo Zener

Figura 13-7 Diodo Zener como supressor de A curva característica do diodo Zener é
faíscas bem semelhante à curva do diodo comum. As

13-5
poucas diferenças existentes são a regularidade O diodo Zener, quando trabalha na
da intensidade de corrente, até que atinja o região direta, trabalha como um diodo comum.
ponto de Zener e, a queda brusca na região Na região inversa, entretanto, há uma alta
inversa da curva (mais intensa que nos diodos resistência até que atinja o ponto de ruptura; daí
comuns). em diante a resistência é baixa.

Figura 13-9 Curva característica do diodo Zener

Características a 25º C
Tensão Zener Para Impedân Para Coeficien Para
Dissipa
corrente cia dinâ- corrente te de tem corrente
Diodo Mínima Média Máxima Zener Cão
mica R Zener peratura Zener
(V) (V) (V) (mW)
-I (mA) (:) -I (mA) (mV/ ºC) -I (mA)
BZZ10 5,3 6,0 6,6 1 27 5 + 1,0 5 280
OAZ201 5,2 5,6 6,0 5 45 5 - 0,6 5 320
OAZ202 5,6 6,0 6,3 5 24 5 + 0,6 5 320
OAZ203 6,1 6,3 6,8 5 9,5 5 +1,7 5 320
OAZ213 9,4 12,2 15,3 5 12 5 + 9,3 5 320
Min.Max.
BZZ14 5,3 5,6 6,0 20 13 20 - 0,4 +2,5
20 8W

Figura 13-10 Quadro comparativo de alguns diodos Zener da IBRAPE

13-6
REGULADOR ELETRÔNICO DE bastante para que afete o seu funcionamento
TENSÃO ideal.
Funcionamento
No estudo anterior sobre reguladores
com Zener, pudemos ver que, embora o Zener O circuito que analisaremos a seguir é
regule a tensão, razoavelmente, há necessidade um dispositivo conhecido como regulador em
de se elaborar um circuito mais complexo que série.
resulta da combinação de diodos Zener e de Observe que o transistor Q1 está ligado
transistores. diretamente ao terminal negativo da fonte de
Esta combinação apresenta como força não regulada; o terminal positivo passa
resultado uma regulação quase perfeita. diretamente para a saída do regulador. O
O regulador que vamos estudar nesta transistor Q1 é denominado “transistor de
unidade é um regulador eletrônico em série. passagem” e sua resistência depende do grau de
Uma tensão bastante constante na saída, polarização direta.
às vezes torna-se necessária, pois existem Quando sua base se faz mais negativa,
equipamentos bastante sensíveis, nos quais um com respeito ao emissor, sua resistência
mínimo de variação na sua alimentação é o diminui.

Figura 13-11 Regulador em série

A tensão de entrada está dividida entre a Quando diminui a corrente contínua de


rede sensora e o transistor em série com esta carga, a tensão contínua de saída tende a
rede. aumentar. À medida que há esse aumento, a
O resistor de passagem se comporta rede detectora varia a polarização da base de Q2
como um resistor variável. Toda variação de e isto torna a base mais positiva. Como
tensão que poderia ocorrer na saída ocorre na consequência, a resistência de Q1 aumenta, para
VCE de Q1. compensar a tendência ao aumento da tensão de
Q2 é denominado “transistor de controle” saída.
e determina a quantidade de polarização de base Quando a carga requer uma corrente
de Q1 e, portanto, a resistência em série de Q1. considerável, a tensão da rede sensora tende a
A tensão de entrada do regulador é diminuir, variando a polarização de Q2, de tal
sempre maior que a tensão requerida para a forma que a base de Q1 torna-se mais negativa;
saída. assim, a resistência de Q1 diminui, reduzindo a
Observe que o potenciômetro e o resistor queda de tensão em Q1, compensando a
em série com Q1 ligam-se diretamente aos tendência de diminuir a tensão de carga.
terminais de saída de CC. Estes resistores são O diodo Zener possui duas funções. A
conhecidos como “rede sensora” ou “detectora primeira é regular as variações na tensão
de tensão”. contínua de entrada, como já foi visto

13-7
anteriormente. A segunda e mais importante Existem dois tipos de ruptura: uma por
função é manter uma tensão constante no avalanche e outra por Zener.
emissor de Q2. Esta tensão é quase igual a Cada diodo Zener possui sua tensão
normal que se desenvolve na base de Q1, característica.
mediante a rede sensora. É desejável escolher-se diodos, cuja
Quando a tensão contínua de saída tende impedância dinâmica seja a menos possível.
a aumentar ou diminuir, a diferença entre esta Diodos Zener com tensões acima de 6 V
tensão de referência e a da rede sensora, possuem coeficientes de temperatura positivos.
controla a corrente de base de Q1; assim pois, a Diodos Zener com tensões abaixo de
resistência de Q1 varia em forma ascendente ou 4,5V possuem coeficientes de temperatura
descendente, dependendo da forma de variação negativos.
da tensão de entrada, para mais ou para menos, As limitações do Zener são corrente
com a variação da corrente de carga ou com a máxima direta, corrente máxima inversa e a
variação da tensão de linha. máxima dissipação.
Este tipo de regulador possuía vantagem O Zener é o substituto da válvula Vr.
de poder regular maiores tensões contínuas de A principal aplicação do Zener é como
saída, com mais capacidade de corrente que o regulador de tensão.
regulador que usa apenas o diodo Zener. Este O regulador eletrônico é uma
tipo de regulador permite fazer variar a tensão combinação de dispositivos semicondutores que
regulada, para alguns valores desejados. regulam com bastante precisão tensões de
corrente contínua.
No regulador da figura 13-11, o diodo
SUMÁRIO Zener possui duas funções: fornecer uma tensão
de referência para a base de Q2 e regular as
O diodo Zener é um dispositivo variações da tensão de entrada.
semicondutor de dois terminais, projetado para Os resistores na saída do regulador
funcionar na região inversa da curva constituem a rede sensora ou detectora de
característica. tensão.
Região Zener é a região onde a corrente É possível variar a tensão de saída
de Zener aumenta e a tensão permanece regulada, através do controle do potenciômetro
constante. ligado à base de Q2.

13-8
CAPÍTULO 14

DIODOS ESPECIAIS

THYRISTORES (SCR) comuns, o sentido é, repetimos, do cátodo para


o anodo.
O Thyristor é um comutador quase ideal,
é retificador e amplificador ao mesmo tempo.
Constitui-se um componente de escolha para a
eletrônica de potência. Concebido,
originalmente para substituir a válvula
“thyratron” à gás, o thyristor se impôs,
rapidamente, em diversos domínios, cujos mais
importantes são a comutação pura e simples, a
variação de velocidade dos motores e a variação
da intensidade luminosa.
O thyristor permanece normalmente
bloqueado, até o momento em que se deseja que Figura 14-1 Estrutura e símbolo do thyristor
ele se torne condutor.
O termo “thyristor” designa uma família
de elementos semicondutores, cujas Thyristor sob tensão
características, originalmente, estão próximas às
das antigas válvulas thyratrons. O nome O thyristor pode ser comparado com
thyristor é uma contração de THYRatron e dois diodos, montados em oposição, conforme
transISTOR. mostrado na figura 14-2.
Os thyristores, também conhecidos por Para simplificação da análise que se
SCR (Silicon Controlled Rectifier) são segue, vamos admitir que o cátodo está ligado à
elementos unidirecionais a três saídas (anodo, massa e o gatilho está desligado, isto é, no ar.
cátodo e gatilho).
Os TRIACS, são chamados “thyristores
triodos bidirecionais”. O nome Triac provém da
contração de “TRIode AC Switch”.
Fazem parte ainda da família dos
thyristores, os fotothyristores ou thyristores
fotossensíveis, os thyristores bloqueáveis, os
comutadores unilateral e bilateral SUS e SBS
(Silicon Unilateral Switch e Silicon Bilateral
Switch, respectivamente) e o diodo Shockley,
também conhecido por diodo thyristor ou diodo
de quatro camadas.

Estrutura e símbolo do thyristor Figura 14-2 Comparação do thyristor com


diodos
O thyristor é um semicondutor de silício
a quatro camadas alternadas. As camadas P1N2 formam o diodo em
Duas conexões principais são oposição, que assegura a não condução do
realizadas para o anodo e o cátodo. A condução, dispositivo.
no sentido direto (corrente de cátodo para Se o anodo está positivo, os diodos P2N2
anodo) é comandada por um eletrodo, chamado e P1N1 estão polarizados diretamente, porém, o
gatilho (em inglês – gate). Após a aplicação de diodo P1N2 bloqueia a condução. Se, ao
um sinal de comando no gatilho, o thyristor contrário, o anodo é negativo, os diodos P2N2 e
deixa passar por ele uma corrente unidirecional, P1N1 estão polarizados inversamente. Por causa
isto é, só num sentido. A exemplo dos diodos da tensão de avalanche de P1N1 ser baixa, a

14-1
limitação da corrente inversa de fuga é feita por Thyristor sob tensão direta
P2N2. Na prática, a tensão máxima é limitada
pela tensão de avalanche dos diodos P2N2 e O comportamento do thyristor é melhor
P1N1. Neste caso, só haverá condução se a compreendido se fizermos uma analogia com
tensão inversa alcançar a tensão de ruptura dos dois transistores PNP e NPN.
diodos, o que poderá danifica-lo. Veja a figura 14-3.

Figura 14-3 Thyristor sob tensão direta

Estes dois transistores são montados de cresce muito quando a corrente aumenta.
modo que uma realimentação positiva seja Portanto, se ICX é baixa, o denominador da
realizada. Suponhamos que a região P2 seja equação anterior está próximo de 1 (para as
positiva em relação à região N1. As junções J3 e pequenas correntes), e a corrente IA permanece
J1 ficam polarizadas diretamente e deixam um pouco superior à corrente de fuga.
passar, respectivamente, os portadores positivos A estrutura PNPN, ainda que polarizada
e negativos para as regiões N2 e P1. Estes, após diretamente, está bloqueada, e oferece uma
se espalharem pelas bases de cada um dos grande impedância à passagem da corrente.
transistores, alcançam a junção J2, onde a carga Quando, por qualquer razão, ICX
espacial cria um intenso campo. aumenta, a corrente e os ganhos aumentam
Se α2 é o ganho de corrente, que dá a também. A soma α1 + α2 tende para 1 e a
fração da corrente de buracos injetados no corrente IA tende para o infinito. Em realidade,
emissor e que atinge o coletor do PNP, e se de ela toma um valor bem elevado, que é limitado
outra parte α1 é o ganho de corrente, que dá a somente pelo circuito exterior. O thyristor está
fração de corrente de elétrons injetados no então no estado de condução, dizendo-se então
emissor e que atinge o coletor do NPN, que ele está desbloqueado.
podemos escrever que:
Observação: Este tipo de disparo do thyristor é
IC2 = IA · α2 e IC1 = IA · α1 desaconselhado na maioria dos
casos.
A corrente total de anodo é,
evidentemente, a soma de IC1 e IC2, as quais se Princípio de disparo pelo gatilho
somam à corrente de fuga residual (ICX), através
da junção central. A IA será então:
O disparo do thyristor pelo gatilho é o
IA = α1 ·IA + α2 · IA + ICX que nos dá: mais comumente utilizado. A explicação será
mais clara, se observarmos a figura 14-4.
O thyristor estando polarizado
Icx
IA = diretamente, uma impulsão positiva (IG) de
1 − (α1 + α 2 ) comando será injetada no gatilho. O transistor
Q1, recebendo a IG, como corrente de base, tem
Para a maioria dos transistores de silício, sua corrente de coletor igual a I · β1, onde β1 é o
o ganho é baixo para as baixas correntes e seu ganho de corrente (montagem emissor

14-2
comum). Esta corrente é, por sua vez, injetada provocar um crescimento abrupto da IE. Este
na base do transistor Q2, que produz uma IC2 modo de disparo é principalmente empregado
igual a IG · β1 · β2, onde β2 é o ganho de corrente com diodos de quatro camadas (diodos-thyristo-
de Q2. Esta corrente é então reaplicada à base de res).
Q1. Duas situações podem ocorrer: 2- AUMENTO DA TENSÃO –
Sabemos que toda junção PN apresenta uma
certa capacitância de junção. Se aplicarmos uma
tensão brusca entre anodo e cátodo, carrega-se
esta capacitância com uma corrente
proporcional à variação de tensão e logo que
esta tensão seja suficiente, o thyristor dispara.
3- TEMPERATURA – A corrente
inversa de fuga em transistor de silício, aumenta
com o aumento da temperatura. Quando a
corrente de fuga for suficiente, teremos o
disparo do thyristor.
4- EFEITO TRANSISTOR – É o
modo clássico de disparar um thyristor,
injetando-se portadores suplementares na base
do transistor equivalente, ou seja, no gatilho do
thyristor.
5- EFEITO FOTOELÉTRICO –
Figura 14-4 Disparo pelo gatilho
Provocando-se a criação de pares elétron-
lacuna, um foco de luz pode disparar um
Se o produto β1 · β2 for menor que 1, o
thyristor. Neste caso utiliza-se um fotothyristor;
dispositivo não será disparado.
que consiste em um tipo de thyristor, no qual
Se o produto β1 · β2 tender à unidade (1),
existe uma “janela”, ou seja, uma lente
o processo de amplificação irá se manifestar e o
transparente aos raios luminosos.
thyristor irá conduzir..
Desde que o disparo do thyristor
ocorreu, a realimentação dos transistores os faz CURVA CARACTERÍSTICA DE UM
conduzir à saturação. Eles se mantêm neste THYRISTOR
estado, mesmo que a impulsão inicial do gatilho
desapareça e que o circuito exterior mantenha a A curva típica de um thyristor, elemento
corrente IA. unidirecional, é mostrada na figura 14-5. Ela
representa a corrente IA em função da tensão
anodo-cátodo.
Como um thyristor pode ser disparado

Como já vimos, o thyristor dispõe dos


seguintes estados: bloqueado, quando polari-
zado diretamente e não tenha sido disparado;
bloqueado, quando polarizado inversamente;
condutor, se polarizado diretamente e tenha sido
disparado.
Quando o thyristor passa do estado
bloqueado para o de condutor, é porque o
transistor de silício teve um ganho de corrente, o
qual fez aumentar a corrente de emissor.
Consequentemente, todos os mecanis-
mos capazes de provocar um aumento da
corrente IE são utilizados. Os principais são:
1- TENSÃO – Quando a tensão
cátodo-anodo do thyristor aumenta, chega a um
ponto onde a corrente de fuga é suficiente para Figura 14-5 Curva característica de um thyristor

14-3
VD = Tensão direta em bloqueio uma diferença de potencial entre anodo e
VDRM = Valor máximo de tensão direta (em cátodo.
bloqueio) A figura 14-6 mostra uma característica
VDSM = Máxima tensão direta não repetitiva (em típica do - diodo gatilho cátodo, obtida com a
bloqueio) aplicação de uma tensão positiva ao primeiro
VT = Tensão sobre o thyristor desbloqueado (em elétrodo.
condução) A curva se aplica para as condições
IH = Corrente mínima de condução “ligado” e “desligado” do SCR, já que a
VRWM = Tensão máxima inversa alteração de impedância entre ambas é pequena.
A característica de impedância varia com
Quando a tensão “V” é nula, a IA a temperatura, para diferentes SCR do mesmo
também será nula. A tensão “V”, ao crescer no tipo, mas, sempre dentro dos limites
sentido direto, será denominada VF (“F” de apresentados nas publicações.
forward, em inglês). É necessário atingir um Na figura 14-6, podemos ver a
valor mínimo (VD), para disparar o thyristor. característica desse diodo em diferentes
Nesse momento, o thyristor torna-se condutor e temperaturas.
a queda de tensão entre seus bornes diminui,
enquanto que a corrente IA aumenta. Esta
corrente direta será denominada IF.
Se polarizarmos inversamente o
thyristor, com a aplicação de uma tensão VR
(“R” de reverse, em inglês), observa-se o
aparecimento de uma pequena corrente de fuga
(IR), até que uma tensão máxima inversa que se
for aplicada ao thyristor o destruirá.
O thyristor é, portanto, condutor somente
no primeiro quadrante. Note-se que o disparo
direto foi provocado pelo aumento da tensão
direta.
Se aplicarmos uma corrente de comando
no gatilho, deslocaremos o ponto VD para a
esquerda. Ver a figura 14-5. Figura 14-6 Variações da característica de impe-
dância em temperaturas diferentes
Disparo do thyristor (SCR)
Consideremos um SCR com a
O processo de disparo pode ser característica de impedância conforme a figura
considerado separadamente do mecanismo de 14-6. Se uma tensão positiva for aplicada entre
condução do anodo. o anodo e o cátodo, e a tensão do disparados for
O desempenho do circuito de controle aumentada, a corrente deste elétrodo aumentará
dependerá, porém, sob certo aspecto, do circuito segundo a curva da figura 14-6.
do anodo. Em certo ponto da curva haverá o
Um SCR nunca disparará, se o circuito disparo e este ponto é bastante independente da
do anodo limitar a sua corrente a um valor tensão do anodo, isto é, quando a IGF atingir o
menor que IH (corrente de manutenção). Com valor de disparo, o SCR disparará, qualquer que
correntes de anodo inferiores a IH, um SCR seja a tensão positiva do anodo.
comportar-se-á como um transistor; quando a Evidentemente há um valor de potencial
corrente de disparo for interrompida, a corrente mínimo de não disparo.
de anodo cessará. Os valores de corrente e tensão do
Entre os terminais de disparo e de gatilho, em que há o disparo, variarão de um a
cátodo, há uma junção PN. Esta junção outro SCR do mesmo tipo; isto se deve à
comporta-se como um diodo e suas variação da impedância do gatilho, entre os
características são pouco afetadas pela presença limites mostrados na figura 14-7 e à diferença
das outras duas camadas, mesmo quando existe de sensibilidade entre os SCR’s.

14-4
Figura 14-7 Limites da variação da impedância do gatilho

Fora da área hachurada da figura 14-7 e turas indicadas. As características discutidas até
dentro dos limites de RG, quaisquer valores de agora determinam o limite inferior do nível de
corrente e de tensão dispararão qualquer SCR disparo, sob todas as condições. O limite
desse tipo particular. Tensões e correntes que se superior é determinado por uma combinação da
localizem no interior da área hachurada potência média de disparo (pico de disparo), e
dispararão alguns, mas não todos os diodos da das máximas correntes e tensões diretas do
série. gatilho.
Os limites da área de disparo eventual
são definidos, com referência às características 4- MÉTODOS DE DISPARO DO
mostradas na figura 14-7, na sequência a seguir. SCR – Um circuito de disparo, quando bem
projetado, deve disparar o SCR sem exceder a
1- LIMITES DE TENSÃO – A qualquer dos valores máximos de tensão e
tensão limite é a requerida para disparar o SCR, corrente do componente.
que é menos sensível à tensão, na mais baixa a) Disparo por corrente contínua –
temperatura de operação. Em temperaturas mais Quando o valor da tensão entre o gatilho e o
altas, a variação da tensão requerida não é muito cátodo, isto é, VG atingir o valor de disparo, o
grande e é possível simplificar o diagrama, SCR conduzirá. Se a tensão VG for reduzida a
considerando a tensão constante e igual à zero, o SCR continuará a conduzir, por causa da
requerida na mais baixa temperatura de baixa impedância de sua estrutura interna.
operação.

2- LIMITES DE CORRENTE – A
corrente limite é a requerida para disparar o
SCR menos sensível à corrente, na mais baixa
temperatura de operação. Nas mais altas
temperaturas é requerida menor corrente e os
limites para –40, +25 e +100 graus centígrados
são mostrados na figura 14-7.

3- LIMITES DE BAIXO NÍVEL –


Estes limites indicam níveis de tensão, abaixo
dos quais nenhum SCR disparará, nas tempera-

14-5
Neste caso pode-se obter um melhor
controle da energia consumida na carga. O
circuito básico de controle de energia com SCR
é visto na figura 14-9.

Figura 14-8 Disparo por corrente contínua

O SCR será bloqueado se a tensão Figura 14-9 Disparo por corrente alternada
positiva de anodo for reduzida até que a
corrente de anodo seja menor que IH. Podemos observar que a tensão do
No circuito da figura 14-8 B, a carga a gatilho (VG) pode sofrer um deslocamento de
ser alimentada foi colocada no circuito do fase, com relação à fase da tensão no anodo.
cátodo (a carga está representada por um Este deslocamento de fase é efetuado pela rede
resistor). Neste caso, quando o SCR dispara, a R1 C1. Devido a este deslocamento de fase, a
tensão no cátodo se torna mais positiva que a corrente através do SCR pode circular durante
tensão no gatilho. O diodo D1 é, então, colocado um tempo menor do que 180° do ciclo da tensão
no circuito de porta (ou gatilho) para evitar a aplicada.
sua ruptura. Através do gráfico da figura 14-10
Se a tensão que alimenta o anodo for de podemos ver o trabalho do SCR. Vemos em EA
corrente alternada, o SCR conduzirá durante as a alternância positiva da tensão aplicada no
alternâncias positivas e bloqueará, sempre que a circuito. EG é a tensão entre gatilho e cátodo e
tensão de anodo cair abaixo da tensão de conforme o valor de R1 poderá estar atrasada de
manutenção. EA, num ângulo de 0° a 90°.
Podemos ver, ainda, como pode ser
b) Disparo por corrente alternada – variado o tempo de condução do SCR, pelo
Se o anodo de um SCR for alimentado com deslocamento da fase de EG. O controle da fase
tensão alternada, o disparo poderá ser efetuado entre EG e EA, no circuito da figura 14-9, é
também com tensão de CA. efetuado através do potenciômetro R1.

Figura 14-10 Trabalho do SCR

14-6
O TRIAC

O triac é um dispositivo semicondutor a


três eletrodos, sendo um de comando (o gatilho)
e dois de condução principal. Este dispositivo
pode passar de um estado bloqueado a um
regime de condução nos dois sentidos de
polarização e voltar ao estado bloqueado, por
inversão da tensão ou pela diminuição da
corrente, abaixo do valor da corrente de
manutenção (IH).

Figura 14-12 Estrutura de um triac

As junções N1P1 e N2P2 constituem um


Thyristor, e as junções N3P2 e N2P1 constituem
o outro. As junções N4P1 e N2P2,, formam o
thyristor de disparo.

O disparo do triac

Se nós aplicarmos a tensão V1 ao anodo


A1, V2 ao anodo A2 e a tensão VG ao gatilho, e
se tomarmos V1 como referência de massa (V1 =
0), podemos definir quatro quadrantes de
polarização. Veja na figura 14-13.

QUADRANTE V2 VG
I + +
II + -
III - -
IV - +

Figura 14-13 Quadrantes de polarização


Figura 14-11 Curvas e símbolo do triac Disparo no primeiro quadrante (+ +)
O triac é, portanto uma versão O triac dispara como um thyristor
bidirecional do thyristor. Em sua representação normal. A zona P1 é o gatilho e a junção N1P1
elétrica, podemos compara-lo com associação injeta os portadores, disparando o thyristor entre
anti-paralela de dois thyristores. P2 e N1 (Ver na figura 14-14)
A corrente de disparo IG mínima, é
Estrutura do triac função da repartição das lacunas entre N1 e P1,
ou seja, do valor da resistência “R” shunt entre
Para se realizar um triac, recorre-se a o gatilho e A1.
diversas estruturas de camadas espalhadas, Neste quadrante, o thyristor se comporta
como na figura 14-12. como um thyristor N1P1N2P2.

14-7
A junção de gatilho efetiva deste
thyristor é o diodo N3P2 e para que ocorra o
disparo é, portanto necessário, que N3P2 injete
seus portadores. Uma melhor compreensão será
possível, através da figura 14-15.

O transistor Q1 é formado das camadas


N4P1N2 e T2 das camadas P2N2P1. O resistor
“R” é a impedância entre N3 e P2. Para que o
thyristor Th2 dispare, é necessário que a
corrente de emissor de Q2 atravessando R
polarize suficientemente a junção gate-cátodo
de Th2. Temos, portanto:

IB2 = α1 · IG
Figura 14-14 Esquema de um triac
IE2 = β2 IB2 = α1 β1 IG onde:
Disparo do segundo quadrante (+ -) IE2 é a corrente de gatilho real de Th2;
A corrente de disparo circula de P1 para
IG é a corrente injetada no gatilho do triac.
N4 e dispara o thyristor N4P1N2P2 (figura 14-
14). Devido à geometria, a corrente principal de
Nota-se que o transistor Q1 tem suas
N4P1N2P2 polariza as bases P1N2 e o thyristor
junções emissor-base e coletor-base polari-
N1P1N2P2 conduz. Este último tendo uma
zadas diretamente, estando portanto saturado e
impedância mais baixa abre N4P1N2P2 (por IH),
α1 é um “alfa” forçado. Portanto, de um modo
salvo se a corrente de gatilho for mantida.
geral, α1 β2 não é muito diferente da unidade,
Assim, a corrente principal, flui como para o
se bem que os triacs têm neste quadrante,
primeiro quadrante, entre P2 e N1.
sensibilidades próximas às dos quadrantes
precedentes.
Disparo do terceiro quadrante (- -) Em conclusão: Th2 é disparado por uma
corrente IE2, criada através dos transistores Q1 e
Neste caso, a situação é um pouco mais
Q2 por IG.
complexa.Usemos como referência o esquema
da figura 14-14.
Disparo no quarto quadrante (- +)
O potencial de P1 é superior ao de N1. A
junção P1N4 está, portanto polarizada
O processo de disparo é idêntico ao do
diretamente e injeta seus portadores. O thyristor
terceiro quadrante, sendo que a camada N1 faz o
que iremos disparar é composto das camadas
que no terceiro quadrante foi feito pela camada
N3P2N2P1 (cátodo em N3 e anodo em P1).
N4. Entretanto, a zona de N3P2N2P1 susceptível
de disparar é fisicamente grande e, portanto, a
sensibilidade será reduzida.

DIAC

O Diac é um elemento simétrico, que


consequentemente não possui polaridade. Sua
etmologia é a contração de “Diode Alternative
Current”. Sua estrutura é muito simples, sendo
bastante similar a de um transistor bipolar. A
diferença é que a concentração de impurezas é
Figura 14-15 Disparo do terceiro quadrante aproximadamente a mesma em ambas as

14-8
junções e que não existe nenhum contato na negativa, ou seja, a corrente aumenta considera-
camada que no transistor constitui a base. velmente enquanto a tensão diminui.
As concentrações iguais de impurezas Os Diacs são muito usados em
resultam em características de bloqueio- dispositivos de disparo para controle de fase de
condução, segundo a figura 14-16. Triacs (em controles graduais de luminosidade),
controle de velocidade de motores universais,
controle de calefação, e diversas outras
aplicações similares.

FOTOTHYRISTORES

Para disparar um thyristor, injeta-se uma


corrente na base de um dos transistores que o
constitui, o que leva à saturação. Pode-se ainda
dispará-lo, criando-se através da luz, uma
corrente em sua base. Para isto, criamos pares
Figura 14-16 Curvas características e símbolo de elétrons-lacunas que serão separados por um
do Diac campo elétrico ao nível da junção, e que são
injetados na base do transistor considerado, sob
A tensão de retorno é geralmente a forma de portadores majoritários, criando
próxima de 30 volts. Tensões mais baixas são assim a corrente de base.
difíceis de se obter, com uma resistência Quanto maior for o número de elétrons-
negativa suficiente, enquanto que valores mais lacunas criados, maior será esta corrente. Isto é
elevados reduziriam as possibilidades de conseguido escolhendo-se um comprimento de
controle. onda ótimo, próximo de 1 µm, e tendo-se uma
Quando se aplica uma tensão positiva ou superfície de junção, a maior possível com
negativa sobre os terminais de um Diac, se polarização inversa e exposta aos raios
produz um fluxo muito pequeno de corrente de luminosos.
fuga I(BO), até que a tensão chega no ponto de O fotothyristor é o único elemento capaz
ruptura V(BO). Neste momento, a junção de comutar sob a influência da luz, que possui
polarizada inversamente sofre uma ruptura por dois estados estáveis, Na figura 14-17, vemos a
avalanche e acima deste ponto, a característica estrutura, o símbolo e o aspecto de um
“tensão x corrente” equivale a uma resistência fotothyristor.

Figura 14-17 Estrutura, símbolo e aspecto de um fotothyristor

14-9
THYRISTOR BLOQUEÁVEL

O thyristor bloqueável pode ser


disparado quando lhe aplicamos uma tensão
positiva ao seu elétrodo de comando e será
rebloqueado se aplicarmos uma impulsão
negativa a este mesmo elétrodo.

QUADRAC

A partir dos thyristores, triacs e diodos,


os fabricantes idealizaram dispositivos
compostos, visando simplificar os esquemas de
aplicações e o uso prático dos elementos.
Normalmente utiliza-se um diac para
disparar um triac. Pode-se muito bem conceber
um elemento composto, compreendendo estes Figura 14-19 Estrutura, curva e símbolo de um
dois componentes. Este é o quadrac, cujo diodo Shockley
esquema é apresentado na figura 14-18.
Quando a tensão VS é atingida, chega-
mos na segunda zona, na qual o diodo apresenta
uma região negativa. Este é um estado instável.
A resistência do diodo vai decrescendo
rapidamente e a partir do ponto IH ela não tem
mais do que alguns ohms. O diodo está
plenamente condutor e assim permanece
enquanto existir a corrente de manutenção, cujo
valor mínimo é IH. Esta é a terceira zona cujo
funcionamento é estável. A queda de tensão
introduzida pelo dispositivo é da ordem de 1V
para os diodos de germânio e 1,3V a 1,7V para
os de silício.
O rebloqueio efetua-se reduzindo-se a
corrente, abaixo do valor de IH ou a tensão,
Figura 14-18 Esquema de um quadrac abaixo de VH .
As tensões VS são da ordem de 20 a
DIODO SHOCKLEY 100V, enquanto que IH é da ordem de 1 a 50
mA.
O diodo Shockley, também conhecido
como diodo thyristor ou diodo de quatro DIODO TÚNEL
camadas, é um dispositivo bipolar PNPN
comparável em todos os sentidos à um thyristor, Um diodo túnel é um pequeno
porém, estando disponíveis somente os bornes dispositivo formado por uma junção PN, que
de anodo e cátodo. tem uma elevada concentração de impurezas
Quando aplicarmos em seus bornes nos materiais semicondutores P e N. Esta alta
(entre cátodo e anodo), uma tensão crescente, densidade de impurezas faz tão estreita a região
mas inferior a um certo nível VS , sua resistência de depleção da junção (ou região de carga
será elevada e somente uma pequena corrente o espacial), que as cargas elétricas podem se
atravessará. transferir através dela, mediante um efeito
Esta corrente é da ordem de alguns mecânico-quântico denominado “efeito túnel”.
microampéres. Este é o seu primeiro estado Este efeito túnel produz uma zona de resistência
estável, pois o diodo está bloqueado. negativa, sobre a curva característica do diodo

14-10
de referência, que o habilita para desempenhar A linha de carga de CC, mostrada em
as funções de amplificação, geração de pulsos e linha cheia na figura 14-21 deve ter uma
geração de energia de RF. inclinação tal, que intercepte a região de
resistência negativa somente em um ponto.
Características A linha de carga de CA pode ser bem
inclinada, com uma só interseção (B) como no
Na figura 14-20 temos a característica caso de um amplificador, ou um pouco
típica de uma curva tensão-corrente de um inclinada, com três interseções (C, D, E)como
diodo túnel e seu símbolo. ocorre em um oscilador.

Figura 14-20 Curva característica de um diodo


túnel e seu símbolo

Os diodos normais, quando polarizados


inversamente, são percorridos por uma pequena Figura 14-21 Linhas de carga
corrente até que se atinja a tensão de ruptura.
Com polarização direta, a condução DIODOS EMISSORES DE LUZ (LED)
começa aproximadamente com 300 mV. Nos
diodos túnel, ao contrário, uma pequena Num diodo com polarização direta, os
polarização inversa faz com que os elétrons de elétrons livres atravessam a junção e combinam-
valência dos átomos do material semicondutor se com as lacunas. À medida que esses elétrons
próximo à junção, atravessem a mesma por caem de um nível mais alto de energia para um
efeito túnel. Assim, o diodo túnel é altamente mais baixo, eles irradiam energia. Nos diodos
condutor para todas as polarizações inversas. Do comuns essa energia é dissipada na forma de
mesmo modo, com pequenas polarizações calor. Mas no diodo emissor de luz (LED), a
diretas, os elétrons da região N passam por energia é irradiada na forma de luz.
“efeito túnel” através da junção à região do tipo Os LEDs substituíram as lâmpadas de
P, e a corrente do diodo cresce rapidamente até incandescência em várias aplicações devido a
um valor de pico (IP). sua baixa tensão, vida longa, e rápido
Com valores intermediários de polari- chaveamento liga-desliga.
zação o diodo túnel apresenta uma característica Os diodos comuns são feitos de silício,
de resistência negativa, e a corrente cai a um um material opaco que bloqueia a passagem da
valor mínimo, denominado IV (corrente de vale). luz. Os LEDs são diferentes. Usando-se
Com valores crescentes de polarização, o elementos como o gálio, o arsênio e o fósforo,
diodo túnel apresenta uma característica um fabricante pode produzir LEDs que irradiam
diódica. Devido à redução da corrente com o no vermelho, verde, amarelo, azul, laranja ou
aumento da polarização na região de resistência infravermelho (invisível).
negativa, o diodo túnel tem a capacidade de Os LEDs que produzem radiação visível
amplificar, oscilar e comutar. são úteis em instrumentos, calculadoras etc. Os
LEDs infravermelhos encontram aplicação em
Ponto de funcionamento sistemas de alarme contra roubo e outras áreas
que exijam radiação invisível.
Quando se usa um diodo túnel em
circuitos tais como amplificadores e osciladores, Tensão e corrente do LED
deve-se estabelecer um ponto de funcionamento
na região de resistência negativa. Os LEDs têm uma queda de tensão típica
de 1,5 a 2,5 V para correntes entre 10 e 50 mA.

14-11
A queda de tensão exata depende da 10V − 2V
corrente, da cor, da tolerância do LED. A menos I= = 11,8 m
680 Ω
que seja feita alguma recomendação em
Tipicamente, a corrente do LED está
contrário, use uma queda nominal de 2 V
entre 10 e 50 mA porque essa faixa produz luz
quando estiver verificando defeitos ou
suficiente para a maioria das aplicações.
analisando circuitos com LEDs. Se tiver que
O brilho de um LED depende da
fazer algum projeto, consulte a folha de dados,
corrente. Idealmente, a melhor forma de se
porque as tensões do LED têm uma grande
controlar o brilho é vincular o LED a uma fonte
tolerância.
de corrente. A melhor coisa para se obter uma
A figura 14-22(a) mostra o símbolo
fonte de corrente é uma grande tensão de
esquemático de um LED, as setas para fora
alimentação seguida de uma grande resistência
simbolizam a luz irradiada. Admitindo uma
em série. Neste caso, a corrente do LED é dada
queda no LED de 2 V, pode-se calcular a
por:
corrente do LED, do seguinte modo:
V − VLED
I = S
RS

Figura 14-22 (a) Um circuito com LED.


(b) Indicador de sete-segmentos.
(c) Diagrama esquemático

de 120 Ω. A corrente variará então cerca de 16,7


a 26,7 mA; isto causará uma variação sensível
no brilho. Portanto, para se obter um brilho
aproximadamente constante com LEDs,
devemos utilizar tanto uma fonte de tensão
como uma resistência em série o maior possível.

Figura 14-23 Fotodiodo Indicador de sete-segmentos

Quanto maior a tensão da fonte, menor o A figura 14-22(b) mostra um indicador


efeito que VLED produz. Em outras palavras, um de sete-segmentos que contém sete LEDs
alto valor de VS encobre a variação na tensão retangulares (de A a G). Cada LED é chamado
do LED. de um segmento porque ele faz parte do dígito
Por exemplo, um TIL222 é um LED que está sendo exibido. A figura 14-22(c) é o
verde com uma queda mínima de 1,8V e uma diagrama esquemático de um indicador de sete-
queda máxima de 3V para uma corrente de segmentos; são incluídos resistores externos em
aproximadamente 25 mA. série para limitar as correntes a níveis seguros.
Se ligarmos um TIL222 a uma fonte de Aterrando-se um ou mais resistores,
20 V e a um resistor de 750 Ω, a corrente podemos formar qualquer dígito de 0 a 9. Por
variará de 22,7 a 24,3 mA. Isto implica um exemplo, aterrando A, B e C, obtemos o 7.
brilho que é essencialmente o mesmo para todos Aterrando A, B, C, D e G produzimos um 3.
os TIL222. Por outro lado, suponhamos que no Um indicador de sete-segmentos
circuito se utilize uma fonte de 5V e um resistor também pode exibir as letras maiúsculas A, C, E

14-12
e F, mais as letras minúsculas b e d. Os 12 – O triac é um dispositivo semicondutor de
instrutores de microprocessadores três terminais, sendo um de comando e dois de
freqüentemente usam uma exibição de sete- condução principal.
segmentos para mostrar todos os dígitos de 0 a 13 – Este dispositivo, pode passar de um estado
9, mais A, b, C, d, E e F. bloqueado a um regime de condução nos dois
sentidos de polarização.
SUMÁRIO 14 – O triac poderá conduzir nos dois sentidos,
desde que comandado, mas o seu bloqueio só se
1 – O thyristor (SCR), é um comutador quase efetuará pela inserção da tensão de anodo ou
ideal. Uma de suas várias funções é controlar a pela diminuição da corrente, abaixo do valor da
energia consumida em vários tipos de máquinas. corrente de manutenção.
2 – O termo thyristor, designa uma família de 15 – O triac pode ser disparado por uma
elementos semicondutores, cujas características corrente negativa ou positiva no gatilho.
estão próximas às das antigas válvulas
thyratron. 16 – O diac é um dispositivo semicondutor de
dois terminais, que não possui polaridade. A sua
3 – O nome thyristor é uma contração de condução é bidirecional.
THYRatron e transISTOR.
17 – A condução de um diac é por ruptura das
4 – O thyristor básico é denominado SCR junções que o constituem.
(retificador controlado de silício).
18 – Quando conduz, o diac apresenta uma
5 – Dos vários tipos de thyristores, os que se região de resistência negativa.
destacam atualmente são os SCR, triac,
fotothyristor, diac, diodo Shockley, etc. 19 – Os diacs são muito usados em sistemas de
disparo para controle de fase de triacs em
6 – O SCR é um diodo semicondutor de silício, controles de energia.
a quatro camadas alternadas PNPN, com três
terminais de saída, que são denominados anodo, 20 – Os fotothyristores, são SCR, cujo disparo é
cátodo e gatilho. efetuado por um foco luminoso.
7 – Quando o anodo de um SCR é positivo em 21 – O quadrac é um dispositivo semicondutor
relação ao cátodo, duas junções internas ficam cuja estrutura é constituída de triacs e diacs.
polarizadas diretamente, e uma junção fica 22 – O diodo Shockley é aparentemente um
polarizada inversamente. Neste caso, o diodo thyristor SCR com apenas dois terminais.
poderá conduzir, desde que o potencial de 23 – O diodo Shockley, tem três estados: o
anodo seja suficiente para romper a junção com primeiro é o de não condução; o segundo é o de
polarização inversa. disparar quando apresentar um estado de
8 – O SCR poderá conduzir facilmente se resistência negativa e o terceiro é quando a sua
estiver polarizado diretamente e se um potencial condução é normal e igual a um diodo
positivo for aplicado ao gatilho. convencional.
9 – Um SCR poderá disparar (conduzir) quando 24 – O bloqueio de um diodo Shockley é através
um sinal de comando é aplicado ao terminal da redução de IH.
gatilho, mas o seu bloqueio, só poderá ocorrer, 25 – O diodo túnel é um pequeno dispositivo
diminuindo-se a corrente de anodo a um formado por uma junção PN, com alta
determinado nível. concentração de impurezas.
10 – A tensão de disparo de um SCR depende 26 – O diodo túnel, altamente dopado, quando
da tensão VG, mas o seu bloqueio não depende polarizado diretamente, apresenta inicialmente
desta tensão. uma região de resistência negativa.
11 – Um SCR pode controlar a energia 27 – A região de resistência negativa é devido a
dissipada em uma carga, através de um sistema diminuição da corrente com o aumento da
que defasa a tensão VG com relação a tensão de tensão direta.
anodo.
28 – Devido a esta característica, o diodo túnel
pode ser usado como amplificador ou oscilador.

14-13
CAPÍTULO 15

DECIBÉIS

INTRODUÇÃO generalizou-se pela simplificação que ele traz,


passando a ser aplicado em antenas,
É muito comum ouvirmos, em amplificadores, linhas de transmissão, etc.
eletrônica, frases como: “O atenuador reduz de Vejamos alguns exemplos de aplicação
5 dB”; “Resposta plana de frequência dentro de do dB:
3 dB”; “Amplificador com ganho de 10 dB”; a) Um amplificador requer 2 W de
“Antena com ganho de 9 dB”, etc. Mas quantos potência para excitá-lo na entrada.
são os que realmente têm uma exata noção do Sabendo-se que a potência de saída do
valor destes números? Pouquíssimos são os que amplificador é de 8 W, qual será o ganho do
estão familiarizados com o termo dB amplificador em dB?
(abreviatura de decibel). Solução:
O decibel, que é a décima parte do Bel, é
a unidade usada para se fazer a comparação P0 = 2 W P1 = 8 W G(dB) = ?
entre quantidades de energia, seja na forma de
potência ou de som. Para nós, quando nos P1
referirmos a decibel, entenderemos como sendo G(dB) = 10 log
P0
dez vezes o logaritmo decimal da relação entre
8
dois níveis de potência expressos em Watt. G(dB) = 10 log = 10 log 4
2
Nº dB = 10 x log (P2 : P1 )
G(dB) = 10 (0,602) = 6,02
Antes de prosseguirmos neste assunto,
torna-se mister tecermos algumas considerações b) Um transmissor entrega uma potência
sobre a forma com que o ouvido humano de 500 W, mas na antena chegam apenas 455
responde (reage) aos diferentes estímulos W. Qual é o ganho de potência em dB?
sonoros. Solução:
Imaginemos um aparelho fornecendo-
nos uma potência de 10 Watts e observemos a P0 = 500 W P1 = 455 W G(dB) = ?
sensação auditiva. Aumentemos a potência
sonora, até o nosso ouvido sentir o dobro do 455
G(dB) = 10 log
nível sonoro anterior. Se neste exato momento 500
medirmos a potência, verificaremos que se trata
de 100 W e não 20 W, como era de se supor. G(dB) = 10 log 0,91
Se aumentarmos ainda mais a potência
até que dobre novamente, mediremos 1000 W, G(dB) = -10(0,041) = -0,41
e, assim, sucessivamente.
Isso mostra que o ouvido humano reage Façamos algumas considerações sobre
ao som, não de maneira linear, mas muito os dois resultados obtidos nos exercícios
aproximadamente, de acordo com uma curva anteriores.
logarítmica, razão pela qual os engenheiros, ao O primeiro resultado significa que a
estabelecerem uma fórmula para a comparação potência de saída do amplificador está 6,02 dB
de duas intensidades sonoras, tiveram que fazer acima do nível de potência de entrada.
com que ela obedecesse à mesma curva No segundo resultado, observamos o
matemática que os logaritmos. aparecimento do sinal - (menos). Este sinal
indica que não se trata de ganho de potência,
Aplicações mas sim uma atenuação (perda de potência) e o
resultado em si, significa que a potência que
Inicialmente a aplicação do decibel chega à antena está 0,41 dB abaixo do nível de
restringia-se somente ao áudio. Mais tarde potência entregue pelo transmissor.

15-1
RELAÇÕES DE TENSÃO E CORRENTE Solução:
P0 = 1mW
A partir da definição de ganho em
potência e do conhecimento de que: P = E x I = P1 = 5 mW
= I2 x R = E2 : R, podemos deduzir o ganho de G (dBm) = ?
tensão e ganho de corrente, sobre impedâncias
iguais. G(dBm) = 10 log (5 : 1) = 10 log 5
G(dB) = 10 log P1 : P0 G(dBm) = 10 x 0,6990
Supondo R1 = R0 e substituindo os G (dBm) = 6,99 = ± 7
valores de P0 e de P1 pelos valores
correspondentes em tensão e resistência, Então, o nível de potência de saída do
teremos: amplificador, está a 7 dB acima do nível de
10 log ( E12 x R0 ) referência de 0,001 W.
G(dB) =
( E02 x R1 )
b) Sabendo-se que um amplificador tem
uma potência de saída de 6 Watts, calcular o seu
G(dB) = 10 log ( E12 : E02 ) que pode ser ganho em dB.
escrito como:
Solução:
G(dB) = 20 log (E1 : E0 ). Da mesma P1 = 6 · 10-3 W
forma podemos deduzir para o ganho de
P0 = 6 W
corrente:
G (dB) = ?
G(dB) = 20 log (I1 : I0 )
G (dB) = 10 log (6 : 6 · 10-3) = 10 log 103
NÍVEIS DE REFERÊNCIA G (dB) = 30 log 10
G (dB) = 30
O decibel, sendo essencialmente uma
relação, ou mais exatamente, dez vezes o Este resultado indica que a potência de
logaritmo decimal da relação entre duas saída do amplificador está a 30 dB acima do
potências, exige que se explicite ou subentenda- nível de potência de referência de 0,006 W.
se uma referência, de acordo com convenções
existentes. Por exemplo, quando se diz que o
ganho de um amplificador é de tantos dB, isto MEDIDA DE POTÊNCIA
equivale a expressar em dB o sinal de saída,
tomando-se como referência o sinal de entrada. O dBm é usado para descrever níveis de
Existem também alguns níveis de tensão potência em decibéis, com referência a potência
ou de potência padronizados, escolhidos como de 1mW sobre 600 ohms. Um miliwatt é
referência, e freqüentemente os níveis de tensão representado como zero dBm, 10 miliwatts
ou de potência são expressos em relação a tais como 10 dBm, e 100 miliwatts como 20 dBm.
referências. As figuras 15-1 e 15-2 são úteis na
Os níveis mais comuns são 1 miliwatt e conversão direta de Volts rms em dBm (15-1)
6 miliwatt. O nível de 0,006 W corresponde a ou mW para dBm (15-2). A diagonal de cada
zero dB, enquanto que o nível 0,001 W gráfico marca os valores de tensão (15-1) ou a
corresponde ao nível zero dBm. Em outras junção de dBm e miliwatts (15-2)
palavras: dBm significa, dB relativo a 1 a) Para converter 10 volts rms em dBm,
miliwatt. localize 10 volts na escala inferior da figura 15-
Alguns exemplos a seguir elucidarão o 1, movendo para cima (verticalmente) até
emprego do dB e do dBm no cálculo do ganho encontrar a linha diagonal. Deste ponto mova
ou atenuação de um circuito ou equipamento: horizontalmente para a esquerda, até encontrar
a) Sabendo-se que a potência de saída de +22 dBm.
um amplificador é 5 miliwatt, calcular o nível b) Para converter 1000 mW em dBm,
de potência de saída do amplificador, em dB. localize 1000 na parte inferior da figura 15-2.

15-2
Siga a linha de 1000 mW até encontrar a linha ohms para o atual valor de carga, deve ser
diagonal. Deste ponto, mova horizontalmente somado ou subtraído dos valores encontrados
até +30 dBm na margem esquerda do gráfico. para 600 ohms, com o auxílio do gráfico
c) Para converter +15 dBm em mW, apropriado. A fórmula para encontrar o fator de
localize +15 dBm na margem esquerda do correção é:
gráfico (figura 15-2), movendo horizontalmente F.C. = 10 log (600 : R1), onde R1 é a
até encontrar a linha diagonal. Deste ponto, atual resistência de carga.
mova verticalmente para baixo, até encontrar a
linha inferior que corresponde ao ponto 33,3 Como exemplo do uso do fator de
mW da escala. correção, consideremos um amplificador com
d) Para cargas diferentes de 600 ohms, uma carga de 8 ohms que dissipa 1000 mW
um fator de correção, baseado na razão de 600 (1W).

Figura 15-1 Conversão de volts rms em dBm

Figura 15-2 Conversão de mW em dBm

15-3
A figura 15-2 nos mostra que MEDIDORES DE POTÊNCIA
corresponde a +30 dBm numa carga de 600
ohms. Para determinarmos o verdadeiro valor Um medidor de dB, mede, na realidade,
em dBm sobre a resistência de 8 ohms, devemos tensão de CA e inclui-se uma escala de decibéis
calcular primeiramente o fator de correção. no mostrador do medidor, de modo que a leitura
F.C. = 10 log (600 : 8) = 10 log 75 = possa fazer-se em decibéis, em lugar de volts de
CA.
= 10 (1,875) = 18,75 A figura 15-3 ilustra um volt ohmímetro
Como a nossa impedância é inferior a eletrônico com a escala inferior graduada em
600 ohms, teríamos que, do valor encontrado no dB.
gráfico, subtrair o fator de correção.

Figura 15-3 Mostrador de um volt ohmímetro eletrônico

SUMÁRIO los em logaritmos preparados a fim de facilitar o


cálculo.
a) Logaritmo de um número, real e e) O decibel é muito usado em
positivo N, em uma base a positiva e diferente eletrônica, para comparação de níveis de tensão
da unidade, é o expoente real x que se deve e de potência, sempre relacionados com um
elevar essa base a para obter o número N. padrão de referência.
b) Somente números positivos têm f) Quando medirmos a potência
logaritmos. dissipada sobre uma impedância diferente de
c) A mantissa do logaritmo de um 600 ohms, devemos calcular o fator de correção,
número é fornecida em tábuas logarítmicas. que deve ser somado ou subtraído dos valores
d) Todas as vezes que nos defrontarmos em dBm, encontrados nos gráficos “dBm x
com logaritmos negativos, devemos transformá- volts rms” e “dBm x mW”.

15-4
CAPÍTULO 16

AMPLIADORES OPERACIONAIS

INTRODUÇÃO A alimentação pode ser obtida das


seguintes maneiras:
O nome Ampliador Operacional (A.O.) -Duas fontes iguais, perfeitamente
deve-se ao fato do dispositivo ser empregado sincronizadas;
para realizar operações matemáticas, como -Circuito divisor de tensão, com resistores
multiplicação, integração, diferenciação e exatamente iguais;
também para uma infinidade de funções. -Uma fonte simétrica, com valores típicos entre
Com esse dispositivo podem ser ± 10 V e ± 20 V.
conseguidos amplificadores capazes de operar
com sinais que vão desde corrente contínua até PINAGEM
vários megahertz.
O ampliador operacional mais difundido
Simbologia é o 741 (TBA221B). É um circuito integrado
monolítico construído numa única base de
Na figura 16-1 é mostrado o símbolo do silício.
ampliador operacional. Caracteriza-se por apresentar um alto
ganho e uma elevada impedância de entrada.
Esse ampliador operacional é encontrado com
diversas denominações: µA 741, LM 741, CA
741, MC 741 e TBA 221B.

Figura 16-1 Símbolo do ampliador operacional

A entrada diferencial amplia a diferença


dos sinais aplicados às entradas.
Figura 16-2 Pinagem do ampliador operacional
CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS 741
O ampliador operacional ideal apresenta Pinos:
as seguintes características:
- Impedância de entrada infinita. 1 – Ajuste de offset.
- Impedância de saída nula. 2 – Entrada inversora.
- Ganho de tensão infinito. 3 – Entrada não inversora.
- Atraso nulo. 4 – Alimentação (- V).
- Tensão de saída nula de V2 = V1. 5 – Ajuste de offset.
- Resposta em frequência infinita.
6 – Saída (Vb).
ALIMENTAÇÃO 7 – Alimentação (+ V)
8 – Sem uso.
Na maioria das aplicações usa-se uma
fonte simétrica ( ± V ), porém há casos em que a O ajuste de offset compensa a diferença
fonte simples pode ser usada. entre os dois sinais de entrada.
2

16-1
AMPLIADOR OPERACIONAL COMO O sinal negativo na fórmula deve-se ao fato
AMPLIFICADOR do extremo de Z2 estar aplicado no terminal
inversor do ampliador operacional (ponto A).
O ampliador operacional como ampli- Com essa demonstração chegamos a
ficador é mostrado na figura 16-3. algumas conclusões importantes:
1) Podemos determinar o ganho em
malha aberta (sem realimentação, ou seja Z1 e
 Vo
Z2): A=
Vi
2) O ganho do ampliador em malha
fechada será A= - (Z2/Z1) = - VO/Vi
3) A tensão de saída será negativa ou
não, dependendo da aplicação do
sinal de entrada : VO = -A • Vi,
ampliador inversor de ganho –A
4) Se Z1 = Z2, o circuito comporta-se
como um simples inversor: VO = -VS
5) Se Z1 < Z2, o circuito amplifica e
Figura 16-3 Ampliador operacional típico inverte
6) Se Z1 > Z2, o circuito atenua e
O sinal de saída VO é proporcional a inverte.
VBA; (VB – VA).
Como sabemos o ªº apresenta uma APLICAÇÕES DOS AMPLIADORES
impedância de par entrada infinita, logo a OPERACIONAIS
corrente I passará de Z1 a Z2, de onde podemos
tirar a seguinte relação: Aplicações lineares
VS Vi VO  Vi São circuitos que exercem funções
ou seja:
Z1 Z2 analógicas. Circuitos analógicos ou lineares são
os que processam ou manipulam sinais cujas
 Z2 VO  Vi amplitudes variam continuamente dentro de um
= (1) certo período. Nessa categoria encontram-se os
Z1 VS  Vi
osciladores, os ampliadores, os filtros ativos, os
circuitos somadores e outros.
Como o ampliador operacional apresenta
ganho 00 temos: Ampliador com inversão
VO = A • Vi O circuito da figura 16-4 mostra um
ampliador com inversão.
VO
Vi =
A

Portanto se o ganho “A” tende a “00”, a


diferença de sinal ‘Vi’ tende a zero.
Com isso a expressão (1) pode ser escrita
como:

VO Z2 V
, como “A” = O temos que: Figura 16-4 Ampliador com inversão
VS Z1 VS
Suponhamos que os componentes do
 Z2 circuito da figura 16-4 assumam os seguintes
A =
Z1 valores: R1 = 20K, R2 = 100K e R3 = 0. Com
isso tem-se que o ganho (A) será:

16-2
 R2
A= 5
R1

Caso usemos R3, o seu valor será:

R1 x R2
R3 =
R1  R2

Portanto, se o sinal de entrada aplicado


ao circuito for de 1V, a saída será de –5V. Esse
circuito então executa também a função de
multiplicador. Figura 16-6 Ampliador com ganho unitário

Ampliador sem inversão VO


No circuito, A =
VS
como VO = VS temos A = 1

O ampliador nessa configuração é


empregado como isolador ou “buffer”. O
circuito isolador permite que possamos medir
tensões em circuitos de alta impedância
utilizando um voltímetro de baixa impedância.

Circuito somador

Figura 16-5 Ampliador sem inversão Como o nome indica o circuito somador
tem por objetivo fornecer na saída uma tensão
Pelo circuito da figura 16-5 vemos que cujo valor é igual a soma das tensões aplicadas à
V entrada.
I = S , teremos, nesse circuito que:
R1 Tal circuito é mostrado na figura 16-7.
VO = VR2 + VS.
V
Porém, como VR2 = S temos que:
R1
R R
VS x 2  VS VO ? VO VS (1 2 )
R1 R1

VO R1  R2
Por outro lado:
VS R1

R1  R2
Ou seja: A
R1 Figura 16-7 Circuito somador

Ampliador com ganho unitário Observando o circuito podemos escrever


a equação da tensão de saída:
O ampliador com ganho unitário VO = - I x R = -( I1 + I2 + I3 ) x R
apresenta uma elevada impedância de entrada Ou ainda:
(cerca de 400 Mȍ), devido a alta realimentação V1 V2 V3
e baixa impedância de saída (inferior a 1). VO = - (   )xR
R1 R2 R3
O ampliador com ganho unitário é
mostrado na figura 16-6. Se considerarmos R1 = R2 = R3 = R teremos:
VO = - (V1 + V2 + V3 )

16-3
Circuito subtrator Aplicações não lineares

É o circuito projetado para fornecer na Circuitos não lineares são aqueles que ao
saída um valor de tensão igual a diferença entre contrário dos analógicos, sempre nos
as tensões de entrada. fornecerem saídas totalmente diferentes da
Para que o circuito funcione como forma de onda de entrada.
subtrator é necessário que a seguinte relação
seja obedecida: Circuitos comparadores – São circuitos cuja
função principal é comparar o sinal de entrada
R2 R4 V1 com um sinal de referência VR.
R1 R3 A figura 16-9 mostra um circuito
comparador.
O circuito subtrator é mostrado na figura
16-8

Figura 16-9 Circuito comparador

Comparador com tensão de referência nula –


Um circuito comparador com tensão de
referência nula é mostrado na figura 16-10.
Figura 16-8 Circuito subtrator

Consideremos inicialmente todos os


resistores iguais a “R”.
VR1 VR2
Temos então que: I ,
R1 R2
Mas como VR1 = V1 – VX e VR2 = VX – VO

V1  VX VX  VO
A corrente “I” será: I =
R R Figura 16-10 Circuito comparador com tensão
Logo: V1 - VX = VX - VO de referência nula

e VO = 2 VX – V1 No circuito temos que quando a tensão


V2 for positiva em relação à tensão V1 de
V2 V referência, a saída VO será negativa.
Se Vy = e VO 2 ( 2 )  V1
2 2 E quando V2 for negativa em relação à
Finalmente tem-se que: VO = V2 - V1 mesma tensão Vi , teremos uma VO positiva.

16-4
CAPÍTULO 17

TÉCNICAS DIGITAIS

SISTEMAS DE NUMERAÇÃO 1 x 103 + 5 x 102 + 9 x 101 + 2 x 100 = 1592


1000 + 500 + 90 + 2 = 1592
Os sistemas de numeração foram
desenvolvidos na história da humanidade Exemplo 3:
atendendo às crescentes necessidades. (583,142)10
Inicialmente o homem, por conveniência Notamos que no exemplo 3 temos um
utilizou-se dos dedos como forma de contagem, número com uma parte fracionária. Vejamos
criando o sistema decimal. então sua decomposição em potência de dez:
Com o advento do computador, outros
sistemas vieram a ser criados, visando maior 5 x 102 + 8 x 101 + 3 x 100 + 1 x 10-1 + 4 x 10-2
facilidade de representação interna codificada. + 2 x 10-3 ou
Dentre os mais comuns podemos citar os
sistemas Binário, Octal e Hexadecimal, que 500 + 80 + 3 + 1 / 10 + 4 / 100
adequam-se às necessidades ou funções internas + 2 / 1000 ou ainda
de diversos equipamentos.
O sistema decimal, porém, nunca foi 500 + 80 + 3 + 0,1 + 0,04 + 0,002 =
deixado de lado como forma de representação = 583,142
numérica, convencionada para nós, humanos.
Sistema binário de numeração
Sistema decimal de numeração
No sistema binário a base é 2 (b = 2) e
O sistema decimal é um sistema de base existem apenas dois algarismos para representar
10, no qual existem dez algarismos para uma determinada quantidade: o algarismo 0
representação de uma quantidade: 0, 1, 2, 3, 4, (zero) e o algarismo 1 (um).
5, ........., 9. Para representar a quantidade zero,
O menor algarismo de uma determinada utilizamos o algarismo 0, para representar a
base é zero (0) e o maior é igual a base menos 1 quantidade um, utilizamos o algarismo 1.
(10 – 1 = 9). No sistema decimal, nós não possuímos
No exemplo 1 a seguir temos um número o algarismo dez e representamos a quantidade
na base 10. de uma dezena utilizando o algarismo 1 (um)
(583)10 seguido do algarismo 0 (zero). Nesse caso, o
Podemos decompor este número em algarismo 1 (um) significa que temos um grupo
potência de dez, já que sua base é 10 e fazendo de uma dezena e o algarismo 0 (zero) nenhuma
isso teremos: unidade, o que significa dez.
No sistema binário agimos da mesma
(5 x 100) + (8 x 10) + (3 x 1) = 583 forma, para representar a quantidade dois,
utilizamos o algarismo 1 (um) seguido do
Neste exemplo podemos notar que o algarismo 0 (zero). O algarismo 1 (um)
algarismo menos significativo (no caso o três) significará que temos um grupo de dois
multiplica-se a unidade (1 ou 100), o segundo elementos e o 0 (zero) um grupo de nenhuma
algarismo (o oito) multiplica-se a dezena (10 ou unidade, representando assim o número dois.
101) e o mais significativo (no caso o cinco) Exemplo:
multiplica-se a centena (100 ou 102). A soma Seja o número (1011)2 e façamos a sua
desses resultados irá representar o número. decomposição em potência só que desta vez a
base será dois:
Exemplo 2: 1 x 23 + 0 x 22 + 1 x 21 + 1 x 20
(1592)10
Decompondo o mesmo teremos: 1000 + 000 + 10 + 1 = (1011)2

17-1
Sistema octal de numeração Hex Dec
A 10
No sistema octal a base é oito e temos B 11
oito algarismos para representar qualquer C 12
quantidade. Esses algarismos são: 0, 1, 2, 3, ...7. D 13
Para a formação de um número,
E 14
utilizam-se esses algarismos e toda vez que
F 15
tivermos uma quantidade igual ao valor da base,
soma-se um (1) ao algarismo de valor posicional
imediatamente superior como fazemos no Exemplo:
sistema decimal. Tomemos o número (2C0A)16 e
Notamos também que, em qualquer base façamos sua decomposição.
o maior algarismo é igual ao valor da base
menos um (1) e o número de algarismos é 2 x 163 + C x 162 + 0 x 161 + A x 160 ou
sempre igual ao da base.
Exemplo: 2 x 4096 + 12 x 256 + 0 x 16 + 10 x 1 =
Decompondo o número (361)8 em
potência de base oito temos: = 8192 + 3072 + 0 + 10 =

3 x 82 + 6 x 81 + 1 x 80 = (11274)10

3 x 100 + 6 x 10 + 1 x 1 =(361)8 Complemento de um número

Podemos escrever que a base elevada a O complemento de um número é o que


uma determinada potência é igual a um (1 falta a este número para atingir o valor da base.
seguido de tantos zeros quantos forem os
valores das potências, assim temos: Exemplo:
Complemento de (7)10 10 – 7 = 3
23 = 1000 22 = 100 21 = 10 No sistema binário para chegar-se ao
complemento, obtem-se primeiramente o falso
103 = 1000 102 = 100 101 = 10
complemento.
83 = 1000 82 = 100 81 = 10
(1011)2
0100 Complemento falso
No sistema decimal, o número 100
aparece após o número 99 na ordem crescente. Complemento verdadeiro consiste em
No sistema binário, o número 100 somar-se 1 (um) ao complemento falso.
aparece após o número 11 na ordem crescente.
No sistema octal, o número 100 aparece 0100
após o número 77 na ordem crescente. +1
0101
Sistema hexadecimal de numeração
Conversão de bases
No sistema hexadecimal de numeração,
a base é dezesseis e dispomos de dezesseis Conversão para base decimal – Para
algarismos para representação de uma convertermos um número representado em
determinada quantidade de coisas. Como qualquer sistema numérico, para o sistema
existem apenas dez algarismos numéricos decimal usamos a notação posicional e
utilizamos também algarismos alfanuméricos. resolvemos a expressão como na base decimal.
Portanto temos os seguintes algarismos:
Seja o número 1101 no sistema binário.
0, 1, 2, 3,......9, A, B, C, D, E e F. A notação posicional seria:

17-2
1 x 23 + 1 x 22 + 0 x 21 + 1 x 20 = Portanto (12 )10 = (1100)2
1x8 + 1x4+0x2+1x1 =
Contagem nas diversas bases
8 + 4 + 0 + 1 = (13)10
Portanto (1101)2 = (13)10 Na tabela de contagem nos sistemas
de base decimal, binária, octal e
Como segundo exemplo o número 107 hexadecimal observa-se que um número
do sistema octal. A notação posicional seria: expresso num sistema de base menor exige
1 x 82 + 0 x 81 + 7 x 80 = maior quantidade de algarismos do que
1 x 64 + 0 x 8 + 7 x 1 = outro, de base maior, para representar a
mesma quantidade.
64 + 0 + 7 = (71)10
Portanto (107)8 = (71)10 DECI-
BINARIA OCTAL
HEXA-
MAL DEC.
Conversão do sistema decimal para outras bases 0 0 0 0
– Para conversão da base 10 para outras bases, o 1 1 1 1
método consiste em divisões sucessivas pela 2 10 = 21 2 2
base desejada, até que o quociente seja nulo. Os 3 11 3 3
restos das divisões indicarão o resultado da
4 100 = 22 4 4
conversão, sendo o primeiro resto equivalente
ao dígito menos significativo e o último ao mais 5 101 5 5
significativo. 6 110 6 6
7 111 7 7
Exemplo 1 8 1000 = 23 10 = 81
8
Façamos a conversão do número (934)10 9 1001 11 9
para base hexadecimal. 10 1010 12 A
(10 A) 11 1011 13 B
934 16 12 1100 14 C
1º resto 6 58 16 13 1101 15 D
2º resto 10 3 16 14 1110 16 E
3º resto 3 0
15 1111 17 F
Portanto (934)10 = (3A6 )16 16 10000=24 20 10=161
Exemplo 2 - - - -
Conversão do número (76)10 para a 31 11111 37 1F
base 8. 32 100000=25 40 20
76 8 - - - -
4 9 8 63 111111 77 3F
1 1 8 64 1000000=26 100=8 2
40
1 0 - - - -
99 1100011 143 63
Portanto (76010 = (114 )8 100 1100100 144 64
Exemplo 3 - - - -
Conversão do número (12 )10 para a
127 1111111 177 7F
base 2.
128 10000000=27 200 80
- - - -
12 2
255 11111111 377 FF
0 6 2
0 3 2 256 100000000=28 400 100=162
1 1 2 - - - -
3 -
1 0 - - 1000=8

17-3
Códigos 6 1 0 0 1
7 1 0 1 0
Ao códigos são formas de 8 1 0 1 1
representação de caracteres alfanuméricos. 9 1 1 0 0
São vários os códigos existentes
havendo porém vantagens de um ou outro, O código Excesso 3 é utilizado em
de acordo com a aplicação ou funções circuitos aritméticos.
internas do equipamento.
Código Johnson – Baseia-se no deslocamento
de “bits” e é utilizado na construção do
Código BCD 8421 – A sigla BCD repre-
Contador Johnsos.
senta as iniciais de “Bynary Coded
Decimal”, que significa uma codificação no
DECIMAL JOHNSON
sistema decimal em binário. Os termos
0 0 0 0 0 0
seguintes (8421) significam os pesos de
1 0 0 0 0 1
cada coluna, isto é, 8 = 23, 4 = 22, 2 = 21 e
2 0 0 0 1 1
1 = 20. O valor corresponderá à soma dos pesos
3 0 0 1 1 1
onde na coluna houver o “bit” um (1).
4 0 1 1 1 1
5 1 1 1 1 1
DECIMAL BCD 8 4 2 1 6 1 1 1 1 0
0 0 0 0 0 7 1 1 1 0 0
1 0 0 0 1 8 1 1 0 0 0
2 0 0 1 0 9 1 0 0 0 0
3 0 0 1 1
4 0 1 0 0 Código Gray ou sistema de numeração refletido
5 0 1 0 1 – Sua principal característica é que, em conta-
6 0 1 1 0 gens sucessivas, apenas um “bit” varia.
7 0 1 1 1 A codificação Gray é mostrada na tabela
8 1 0 0 0 a seguir, onde os campos em destaque
9 1 0 0 1 representam um “espelho” a ser refletido para a
contagem seguinte, acrescentando-se um “bit” 1
O número de “bits” de um código é o (um) imediatamente à esquerda.
número de dígitos binários que este possui.
O código BCD 8421 é um código de 4 DECIM. BINÁRIO GRAY
“bits”. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Código excesso 3 – Consiste na transformação
2 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1
do número decimal, no binário correspondente,
3 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0
somando-se a ele três unidades.
4 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0
5 0 0 1 0 1 0 0 1 1 1
Exemplo:
6 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1
(0)10 = (0000)2 7 0 0 1 1 1 0 0 1 0 0
Somando-se três unidades, teremos 0011 8 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0
9 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1
DECIMAL EXCESSO 3 10 0 1 0 1 0 0 1 1 1 1
0 0 0 1 1 11 0 1 0 1 1 0 1 1 1 0
1 0 1 0 0 12 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0
2 0 1 0 1 13 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1
3 0 1 1 0 14 0 1 1 1 0 0 1 0 0 1
4 0 1 1 1 15 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0
5 1 0 0 0 16 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0

17-4
Este tipo de codificação garante que, OPERAÇÕES BINÁRIAS
com a variação de apenas um “bit” de uma
contagem para outra, reduzam-se as A eletrônica em seus primórdios, tinha
conseqüências negativas geradas pela mudança sus cálculos baseados em álgebra convencional,
de estado simultânea de registradores. através de sistemas analógicos ou lineares.
Com o advento de máquinas mais
Código ASCII – O código ASCII é um tipo de sofisticadas, processadores eletrônicos, sistemas
codificação BCD, largamente utilizado em de comunicação e controle digitais, os
computadores digitais e em equipamentos de problemas vieram a ser resolvidos baseados em
comunicação de dados. A sigla ASCII é álgebra especial, não linear, mas binária, isto é,
formada pelas iniciais de American Standard baseada em dois valores. É a álgebra Booleana.
Code for Information Interchange (Código
Padrão Americano para Intercâmbio de Aritmética binária
Informações).
Consiste de um código binário de sete As regras utilizadas em operações
“bits” para transferir informações entre binárias no sistema decimal, são também
computadores e seus periféricos e em seguidas nas mesmas operações em outros
comunicação de dados a distância. sistema de numeração. Neste capitulo
Com um total de sete “bits”, podemos trataremos de algumas técnicas que tornam mais
representar 27 = 128 estados diferentes ou simples a efetuação destas operações.
caracteres, que são usados para representar os
números decimais de 0 a 9, letras do alfabeto e Adição no sistema binário – Para efetuarmos a
alguns caracteres especiais de controle. adição no sistema binário, devemos agir como
É formado por dois grupos de “bits”, uma adição no sistema decimal, lembrando que
sendo um de 4 “bits” e outro de 3 “bits”. no sistema binário temos apenas dois
algarismos.
Grupo de 4 “bits”
1 0 0 1 a
7 6 5 4 3 2 1 +
1 0 1 0 b
Grupo de 3 “bits” 1 0 0 1 1 soma
vai um
Formato do caráter no Código ASCII 1 0 0 0 transporte ou
ASCII carreamento
CARACTER
7 6 5 4 3 2 1
0 0 1 1 0 0 0 0 A tabela mostra a operação soma e o
1 0 1 1 0 0 0 1 transporte em separado. O símbolo + é o
2 0 1 1 0 0 1 0 operador soma.
Como 1 + 1 = 10 no sistema binário, o
-
resultado é 0 (zero) e o transporte para a coluna
9 0 1 1 1 0 0 1
imediatamente à esquerda é 1 (um). Esse
-
transporte é idêntico ao do sistema decimal, pois
A 1 0 0 0 0 0 1
quando tivermos uma soma igual ou maior que
B 1 0 0 0 0 1 0 a base, haverá um “vai um” que será somado ao
- dígito de valor posicional imediatamente
Z 1 0 1 1 0 1 0 superior.
- Exemplo 1:
a 1 1 0 0 0 0 1 1 vai um
b 1 1 0 0 0 1 0 a + b 1 1 a
- (11)2 + (10)2 = (101)2 +
z 1 1 1 1 0 1 0 3 + 2 = 5 1 1 b
1 0 1 soma
Exemplos de representações no código ASCII

17-5
Exemplo 2: Neste exemplo, seguindo-se as regras
anteriores, observa-se que houve um
1 1 vai um empréstimo que ficou devedor. Nesta situação
a + b 1 1 0 a efetua-se a operação “ complemento” , que
(110)2 + (111)2 = (1101)2 + consiste em inverter-se os bits “0” por “1” e
6 + 7 = 13 1 1 1 b vice-versa, somando-se “1” em seguida.
1 1 0 1soma
1 1 1 0 1 resultado parcial

Exemplo 3 0 0 0 1 0 resultado invertido


1 1 + 1 (complemento)
a + b 1 1 0 0 1 a 0 0 0 1 1
11001 + 1011 = 100100 + 0 0 0 1 1 resultado final
25 + 11 = 36 1 0 1 1 b
soma 1 0 0 1 0 0 Multiplicação no sistema binário- Procede-se
como em multiplicações no sistema decimal,
tendo-se como regra básica:
Subtração no sistema binário- O método de
resolução é análogo a uma subtração no sistema 0 x 0 = 0
decimal: 0 x 1 = 0
0 0 0 1 empréstimo 1 x 0 = 0
1 x 1 = 1
0 1 1 0 a
- 0 1 0 1 b Exemplo 1
0 0 0 1 diferença
a x b 1 0 0 0 a
1000 x 1 = 1000 x 1 b
Exemplo 1 8 x 1 = 8 1 0 0 0 produto

a - b 1 1 1 a Exemplo 2
111 - 100 = 011 -1 0 0 b 1 0 1 0 1 a
7 - 4 = 3 0 1 1 diferença a x b x 1 0 b
10101 x 10 = 101010 0 0 0 0 0
Exemplo 2 21 x 2 = 42 1 0 1 0 1 ____
produto 1 0 1 0 1 0
1 empréstimo
a - b 1 0 0 0 a Divisão no sistema binário- Procede-se como
1000 - 111 = 1 1 1 1 b em divisões no sistema decimal.
8 - 7 = 1 0 0 0 1 diferença
Exemplo:
Nos exemplos acima foram utilizados
números tais que a > b. Consideremos agora a : b
um caso com a < b. 111100 : 1100 = 101
60 : 12 = 5
a - b
10110 - 11001 = -00011 1 1 1 1 0 0 1 1 0 0
22 - 25 = -3 - 1 1 0 1 1 0 1
0 0 1 1 0
1 0 1 1 0 a - 0 0 0 0
-1 -1 -1 empréstimo 0 1 1 0 0
1 1 0 0 1 b - 1 1 0 0
1 1 1 0 1 resultado parcial 0 0 0 0 resto

17-6
ÁLGEBRA DE BOOLE
Concluímos que a lâmpada só acenderá
Em meados do século passado G. Boole quando a Ch 1 e a Ch 2 estiverem fechada,
desenvolveu um sistema matemático de análise correspondendo a equação A . B = S
lógica. Esse sistema é conhecido como Álgebra
de Boole. Tabela Verdade da função E ou AND – É um
A álgebra booleana é baseada em apenas mapa onde colocamos todas as situações
dois estados. Estes estados poderiam, por possíveis, com os respectivos resultados.
exemplo, ser representados por tensão alta e
tensão baixa ou tensão positiva e tensão A B S=A.B
negativa. 0 0 0
Assim como na álgebra linear, 0 1 0
encontramos vários tipos de funções, como 1 0 0
veremos a seguir. 1 1 1
Simplificação de funções

Função “E” ou “AND” – É aquela cujo


resultado equivale à multiplicação de duas ou
mais variáveis.
S = A . B (onde se lê A e B)

Para melhor entendimento veja a figura


17-1.

Figura 17-2 Simbologia da função E ou AND

O número de situações possíveis


constante na tabela verdade é igual a 2N, onde N
é o número de variáveis de entrada.
Uma porta “E” com duas entradas tem
2 = 22 = 4 situações possíveis.
N

Figura 17-1 Circuito da função E ou AND Podemos encontrar portas lógicas com
três ou mais entradas como mostrado na figura
Convenções: 17-3.
Chave aberta = 0
Chave fechada = 1
Lâmpada apagada = 0
Lâmpada acesa = 1

Situações possíveis:
Ch 1 aberta e Ch 2 aberta =lâmpada apagada
0 * 0 = 0
Ch 1 aberta e Ch 2 fechada =lâmpada apagada
0 * 1 = 0
Ch 1 fechada e Ch 2 aberta =lâmpada apagada
1 * 0 = 0
Ch 1 fechada e Ch 2 fechada=lâmpada acesa Figura 17-3 Portas E ou AND de três e de cinco
1 * 1 = 1 entradas.

17-7
Função OU ou OR – É aquela que assume o Tabela Verdade da função OU ou OR
valor um (1) na saída, quando uma ou mais
variáveis na entrada forem iguais a um (1), e A B S=A+B
assume o valor zero (0) se, e somente se, todas 0 0 0
as entradas forem iguais a zero (0). 0 1 1
S = A + B (S igual a A ou B) 1 0 1
1 1 1
Para melhor compreensão veja a figura
17-4
Portas OR também podem ser
encontradas com 3 ou mais entradas.

Figura 17-4 Circuito da função OU ou OR

Convenções:
Chave aberta = 0
Chave fechada = 1 Figura 17-6 Exemplos de portas OR
Lâmpada apagada = 0
Lâmpada acesa = 1 Função NOT ou NÃO – A função NÃO,
complemento ou inversão, é aquela que inverte
Situações possíveis: o estado da variável, isto é, “0” inverte para”1”
e “1” inverte para “0”. Veja a figura 17-7.
Ch 1 aberta e Ch 2 aberta =lâmpada apagada
0 + 0 = 0
Ch 1 aberta e Ch 2 fechada =lâmpada acesa
0 + 1 = 1
Ch 1 fechada e Ch 2 aberta =lâmpada acesa
1 + 0 = 1
Ch 1 fechada e Ch 2 fechada =lâmpada acesa
1 + 1 = 1

Concluímos que a lâmpada acenderá Figura 17-7 Circuito da função NOT ou NÃO
quando pelo menos uma das chaves estiver
ligada, correspondendo à equação A + B = S. Convenções:
Chave aberta = 0
Chave fechada = 1
Lâmpada apagada = 0
Lâmpada acesa = 1

Situações possíveis:
Chave 1 aberta = lâmpada acesa
0 = 1
Chave 1 fechada = Lâmpada apagada
Figura 17-5 Simbologia da função OU ou OR 1 = 0

17-8
Funções XOR ou XNOR – As portas NAND e
Tabela verdade da função NOT ou NÃO NOR são ditas portas universais, porque vários
circuitos podem ser derivados, utilizando apenas
A A estes tipos de portas.
0 1 Podemos criar diversas funções combi-
1 0 nando os vários tipos de portas lógicas, dentre
elas as denominadas XOR e XNOR.
Onde A representa o inverso de A
Tabela Verdade e simbologia
Função NÃO E ou NAND – É uma combinação a) XOR ou “OU EXCLUSIVO” – Nesta
das funções “E” e “NÃO”, que é representada função teremos “1” na saída, quando as entradas
da seguinte forma: forem desiguais.

S = A * B ( S igual a A e B barrados, ou A e B A B S=A+B


“not”).
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0

Figura 17-8 Simbologia NAND

Tabela Verdade da função NAND

A B A*B (S) Figura 17-10 Simbologia XOR


0 0 1
0 1 1 b) XNOR ou “NOR EXCLUSIVO”-
1 0 1 Nesta função teremos “1” na saída, quando as
1 1 0 entradas forem iguais.
A B S=A+B
Função “NÃO OU” ou NOR – É a combinação
0 0 1
das funções OU e NÃO, que é representada da
0 1 0
seguinte forma:
1 0 0
S = A + B (S igual a A ou B barrado, ou A ou 1 1 1
B “not”).

Tabela Verdade NÃO OU ou NOR

A B S=A+B
0 0 1 Figura 17-11 Simbologia XNOR
0 1 0
1 0 0 As portas XOR e XNOR são
1 1 0 denominadas portas COMPARADORAS.
A porta XOR é denominada compara-
dora de desigualdade e a porta XNOR compara-
dora de igualdade.

Formas canônicas

Figura 17-9 Simbologia NOR As tabelas verdade de circuitos padrão


nem sempre conseguem representar todas as

17-9
funções lógicas. Há circuitos cujas funções Dentre as características dos circuitos de
diferem do padrão. Estes circuitos poderão ser comutação, podemos citar o nível lógico, o
representados através de FORMAS CANÔ- tempo de propagação, a potência dissipada, a
NICAS. imunidade à ruídos e o “fan-out”.

Forma canônica disjuntiva–´E a forma canônica Níveis lógicos


mais utilizada. Para cada uma das entradas,
atribui-se o valor “0” ou “1”, estabelecendo-se Os níveis lógicos são as tensões
uma expressão representativa da função f = 1. designadas como estado “1” e estado “0”
binários, para um certo tipo de circuito digital.
ENTRADAS SAÍDA Os valores nominais para os dois níveis
A B C f são bem determinados mas, na prática, os
0 1 0 1 A*B*C valores obtidos podem variar, devido à
0 1 1 1 A*B*C tolerância dos componentes internos do circuito
1 0 0 1 A*B*C integrado, variações da fonte de alimentação,
1 1 0 1 A*B*C temperatura e outros fatores. Geralmente os
fabricantes fornecem os valores máximos e
mínimos admitidos para cada um dos níveis
f=ABC+ABC+ABC+ABC Forma Canônica lógicos.
É muito importante conhecer os níveis
Circuitos geradores de produtos canônicos- São lógicos de um determinado tipo de integrado
circuitos que geram as formas canônicas pois, deste modo, ao trabalhar com
básicas, onde são estabelecidas e combinadas as equipamentos digitais, será fácil identificar os
entradas para todas as variações. estados lógicos das entradas e saídas.
Se quisermos gerar os produtos
canônicos possíveis com “n” variáveis,
Tempo de propagação
necessitaremos de 2n portas de “n” entradas.
O tempo de propagação (Propagation
Delay) é a medida do tempo de operação de um
circuito lógico. A velocidade de operação é uma
das características mais importantes e, para a
maior parte das aplicações digitais, uma alta
velocidade de operação, ou seja, um baixo
tempo de propagação é benéfico.
O tempo de propagação exprime o
espaço de tempo necessário para que a saída de
um circuito digital responda a uma mudança de
nível de entrada; é composto pelo acúmulo de
tempos de transição e retardo associados a
qualquer circuito lógico.
Quando a tensão de entrada de um
circuito digital muda de “0” para “1”, ou vice-
versa, a saída deste circuito responderá após
Figura 17-12 Exemplos com duas variáveis certo período de tempo finito.
A figura 17-13 dá um exemplo de tempo
de propagação; temos aí representada a entrada
CIRCUITOS DE COMUTAÇÃO de um circuito digital e, logo abaixo, a saída
correspondente.
Os circuitos lógicos de um equipamento Veja que a transição de “0” para “1” na
precisam ser compatíveis às necessidades do entrada ocasiona uma transição de “1” para “0”
projeto. Na execução de funções lógicas, as na saída e que a transição de saída ocorre um
entradas e saídas são variáveis, requisitando certo tempo após a transição de entrada. Isto é
padrões de comutação. que chamamos de tempo de propagação.

17-10
Figura 17-13 Tempo de propagação

O tempo de propagação (tp) é medido dos tempos de propagação de cada um dos


geralmente entre os pontos de 50% de níveis.
amplitude, da transição inicial da entrada para a Potência dissipada
transição inicial da saída ou da transição final da
entrada para a transição final da saída. É a potência consumida por um circuito
Observe ainda que existem dois tipos de lógico operando em um ciclo de carga de 50%,
tempo de propagação: um deles ocorre quando a isto é, tempos iguais nos estados “0” e “1”.
entrada passa do nível baixo para o nível alto A potência total dissipada por um
(tpBA), e o outro quando a entrada passa de alto circuito é uma consideração importante no
para baixo (tpAB). Os dois tipos de tempos de projeto de um equipamento digital, pois uma
propagação são geralmente diferentes, devido às elevada dissipação em potência, significa um
características dos circuitos lógicos. grande consumo de energia elétrica.
Os tempos de subida e descida dos Além disso, a potência total dissipada irá
pulsos de entrada e saída também são determinar o tamanho e o custo da fonte de
importantes. Define-se tempo de subida (ts), alimentação.
como o período de tempo tomado pelo pulso O calor liberado pelos circuitos, também
para subir de 10% a 90% de sua amplitude relacionado à potência dissipada pelos mesmos,
máxima. O tempo de descida (td), é o necessário às vezes torna necessário o seu resfriamento ou
para o pulso descer de 90% a 10% dessa mesma o uso de aparelhos de ar condicionado, para
amplitude. garantir o bom funcionamento do equipamento.
Para a maioria dos circuitos integrados A potência dissipada por uma porta pode
digitais, os tempos de subida e descida são variar da ordem de alguns microwatts até 100
bastante reduzidos. Podem ser conseguidos miliwatts.
tempos de transição de 1 nanosegundo. Alguns
tipos de circuitos digitais modernos apresentam Compromisso velocidade-potência
tempos de propagação que chegam a apenas
algumas dezenas de nanosegundos. Os tempos As duas características descritas,
de transição são normalmente menores que os velocidade potência dissipada, são diretamente
tempos de propagação. interdependentes em todos os tipos de circuitos
Os tempos de propagação podem variar lógicos digitais. A relação entre elas é tal que a
consideravelmente devido a tolerâncias de velocidade se apresenta proporcional à potência
fabricação, fiação, etc. e são cumulativos. dissipada, ou seja, tanto mais rápida a
Quando portas e outros circuitos lógicos comutação de um circuito lógico, maior será a
combinacionais são ligados uns aos outros, os potência dissipada.
tempos de propagação se somam. Os circuitos lógicos de alta velocidade
Se existe mais de um nível de lógica, isto empregam transistores bipolares não saturados
é, mais de uma estrutura, o tempo de que, associados a resistências internas de baixos
propagação total, de entrada e saída, é a soma

17-11
valores, produzem um alto consumo de Uma porta lógica pode, por exemplo,
potência. apresentar um “Fan-out” igual a 10, o que indica
Os circuitos integrados do tipo MOS que até dez entradas de portas poderiam ser
(Metal-Oxide-Semiconductor), consomem um ligadas à saída deste circuito lógico, sem afetar
mínimo de potência devido as altas impedâncias a sua operação.
inerentes a esses componentes. No entanto,
refletem em velocidades de comutação muito FAMÍLIAS DE CIRCUITOS LÓGICOS
baixas, limitando sua operação a freqüências
baixas. Pelo seu consumo bastante reduzido, Como podem ser notados, os circuitos
adequam-se perfeitamente aos equipamentos lógicos possuem características que deverão ser
portáteis operados a bateria, onde a alta observadas durante o projeto, para que o mesmo
velocidade não for necessária. utilize os componentes adequados à aplicação
do equipamento. De acordo com estas
Imunidade a ruídos características, os circuitos lógicos são
agrupados em famílias.
A imunidade a ruídos é uma medida da Entende-se por famílias de circuitos
característica de baixa ou não interferência de lógicos, os tipos de estruturas internas que
sinais externos indesejáveis. Considera-se ruído permitem a confecção dos blocos lógicos em
qualquer sinal estranho, gerado externamente ou circuitos integrados.
pelo próprio equipamento, e que é acrescentado
ou superposto aos sinais padrão do sistema. Dentre as famílias podemos destacar:
Esse ruído pode ser um nível de tensão - RTL (Resistor-Transistor Logic).
variando lentamente, picos de tensão, ou sinais - DTL (Diode-Transistor Logic).
de alta frequência e pequena duração. O ruído - HTL (High Threshold Logic).
pode provocar uma comutação no circuito - TTL (Transistor-Transistor Logic).
lógico, para um estado indesejável num - ECL (Emitter-Coupled Logic).
momento impróprio. - C-MOS (Complementary MOS).
A imunidade da maioria dos circuitos
lógicos é de aproximadamente 10% a 50% do Tecnologia MOS
valor da tensão de alimentação. Isto significa
que um pico será rejeitado, caso sua amplitude A família MOS (Metal Oxide
seja inferior a 10% ou 50% da tensão de Semiconductor) compõe-se de circuitos
alimentação. formados por MOSFETS, que são transistores
A imunidade a ruídos é uma de efeito de campo construídos a partir da
consideração de grande importância, porque a tecnologia MOS, apresentando como
maioria dos sistemas digitais gera uma características o baixo consumo e uma alta
quantidade considerável de ruído em capacidade de integração, isto é, a colocação de
comutações de alta velocidade. Além disso, uma grande quantidade de componentes lógicos
muitos equipamentos digitais são utilizados em num mesmo encapsulamento.
ambientes industriais de ruído intenso, onde
transientes provenientes das linhas de força e de Comparação entre famílias
outros equipamentos elétricos podem causar
falsas comutações nos circuitos lógicos. Família RTL (Resistor-Transistor Logic)

“Fan-out” Utiliza transistores e resistores, sendo


das primeiras famílias utilizadas, formando
“Fan-out” é uma característica que portas NOR como principal bloco lógico.
indica o quanto de carga pode ser ligado à saída Suas principais características são:
de um circuito digital. É geralmente expresso - Possui boa imunidade a ruídos
em termos de número de cargas padrão que a - Tempo de propagação da ordem de 12 ns
saída de uma porta lógica aceita, sem afetar o - Potência dissipada por bloco lógico, da ordem
nível lógico nominal, velocidade, temperatura de 10 mw.
ou outras características. - Alimentação 3V ± 10%

17-12
Família DTL (Diode-Transistor Logic) Família C-MOS (Complementary MOS)

Utiliza diodos e transistores, sendo um É uma variação da família MOS,


desenvolvimento da lógica de diodos, consistindo basicamente de pares de canais
permitindo a formação de blocos “E”, “OU”, MOS complementares. Esta técnica tem como
“NAND” e “NOR”. vantagem em relação ao MOS convencional,
Suas principais características são: uma maior velocidade de comutação, da ordem
- Imunidade a ruídos da ordem de 0,8V. de 80 ns, contra 300 ns.
- Tempo de propagação da ordem de 30ns. Suas principais características são:
- Potência dissipada da ordem de 10 mw por - Baixa dissipação de potência, da ordem de
bloco lógico. 10µw.
- Alimentação 5V ± 10%. - Alto índice de integração.
- Alta imunidade a ruídos
Família HTL (High Threshold Logic) - Ainda elevado tempo de propagação, da ordem
de 60 a 70 ns.
Utiliza diodos e transistores como a
DTL, acrescentando um diodo Zener, para - Larga faixa de alimentação de 3 a 18 V.
aumento do nível de entrada, estabelecendo alta
imunidade à ruídos. Métodos de fabricação
Suas principais características são:
- Alta imunidade a ruidos. Existem três formas básicas de se
- Alto tempo de propagação. fabricar circuitos integrados. O método mais
- Alta potência dissipada, da ordem de 60 mw. difundido é o chamado monolítico; os outros
são o de película fina, o de película espessa e o
Família TTL (Transistor-Transistor Logic) híbrido.

É oriunda da família DTL, porém Método Monolítico – O circuito integrado


utilizando transistores multiemissores, que monolítico é construído inteiramente de um
permitem a eliminação dos diodos e resistores único pedaço de silício semicondutor, chamado
de entrada, trazendo maior velocidade e menor pastilha ou “chip”. Materiais semicondutores
custo, tornando-a das mais difundidas. são difundidos sobre esta base, dando origem a
Suas principais características são: diodos, transistores e resistores. Como
- Boa imunidade a ruídos resultado, o circuito inteiro, com todos os
- Tempo de propagação da ordem de 10 ns. componentes e interligações, forma-se sobre
- Potência dissipada da ordem de 20 mw por uma base única, dando origem ao termo
bloco lógico. “monolítico”.
- Identificação Comercial – série 74 – Faixa de Os circuitos integrados monolíticos
temperatura de 0° a 75° C. digitais se subdividem em dois tipos básicos: os
Bipolares e os do tipo MOS, diferindo
Família ECL (Emitter Coupled Logic) fundamentalmente no tipo de transistor
utilizado.
Utiliza nos circuitos, acoplamento pelo Os circuitos MOS, são mais fáceis de
emissor dos transistores, o que os faz operar em obter e ocupam menos espaço, desta forma é
regime de não saturação, permitindo a mais alta possível incluir muito mais circuitos num “chip”
velocidade de comutação dentre as famílias. apresentando uma maior densidade de
Suas principais características são: componentes e custo menor.
- Boa imunidade a ruídos.
- Muito baixo tempo de propagação, da ordem Método de película fina ou espessa – Neste
de 3 ns. método, os circuitos são obtidos depositando-se
- Potência dissipada da ordem de 25 mw por os materiais sobre uma base não condutora,
bloco. como a cerâmica, formando resistores,
- Alimentação -5,2 V ± 20%. capacitores e indutores. Normalmente os

17-13
dispositivos semicondutores não são obtidos por seu grande poder de dissipação de calor, e por
este processo. esta razão encontra maior aplicação nos
Método Híbrido – O circuito integrado híbrido é circuitos lineares.
formado pela combinação de circuitos
monolíticos e circuitos de película. Os híbridos
oferecem uma grande variedade de combinações
entre circuitos integrados e componentes,
resultando em várias funções que não poderiam
ser obtidas com circuitos integrados específicos. Figura 17-14 Encapsulamento tipo caneca(TO5)

Classificação dos circuitos integrados digitais Encapsulamento chato (Flat Pack) – Apresenta
o menor tamanho entre todos eles, sendo assim
Os circuitos integrados digitais podem empregado onde se deseja uma elevada
ser classificados basicamente em três grupos: densidade de componentes na placa. Os
SSI – Small Scale Integration (Integração em invólucros têm um formato achatado e são
Pequena Escala); apropriados para soldagem sobre circuitos
MSI – Médium Scale Integration (Integração impressos, podendo ficar muito próximos um
em Média Escala); dos outros.
LSI – Large Scale Integration (Integração em Encontram aplicações onde o espaço é
Grande Escala). crítico, como por exemplo, em aviação, sistemas
militares de alta confiabilidade e equipamentos
Os circuitos SSI representam a forma industriais especiais.
mais básica e simples dos circuitos integrados:
são amplificadores ou portas, que realizam uma
função elementar, devendo ser interligados
externamente, caso queiramos formar circuitos
funcionais completos..
Os circuitos MSI são mais complexos, Figura 17-15 Encapsulamento “ chato” (Flat
formados por várias portas interligadas, Pack)
compondo circuitos funcionais completos, a
maioria contendo doze ou mais circuitos, Encapsulamento DIP (Dual In-Line Package) –
desempenhando funções como um O DIP ou encapsulamento em linha dupla, é
decodificador, um contador, um multiplexador. assim chamado porque exibe duas fileiras
Os circuitos LSI contêm 100 ou mais paralelas de terminais, tendo sido projetado para
portas ou dispositivos equivalentes, formando adaptar-se às máquinas de inserção automática
grandes circuitos funcionais, equivalentes a de componentes em placas de circuitos
vários circuitos MSI. Seu maior campo de impressos.
aplicação é o das memórias e micro processado-
res.

Encapsulamento de integrados

Atualmente há três tipos de encapsula-


mento para acomodar “chips”:
TO5 ou “caneca”.
FLAT PACK ou invólucro chato.
DIP (Dual In-line Pack) ou em linha
dupla.

Encapsulamento TO5 – Esta foi a primeira


versão de encapsulamento usada em circuitos
integrados, a partir de um invólucro padrão para Figura 17-16 Encapsulamento em linha dupla
transistores. Sua principal vantagem reside em (DIP)

17-14
Pode ser encontrado desde o MINI-DIP Circuitos Lógicos Universais – Dentre todas as
de oito pinos, ao gigante de quarenta pinos. A portas lógicas, as portas NAND e NOR, são as
maioria dos SSI apresenta-se em encapsu- mais utilizadas, pois qualquer tipo de circuito
lamentos de 8, 14 ou 16 pinos, enquanto o MSI lógico pode ser obtido através delas.
com 14, 16 ou 24 pinos. Finalmente os LSI são
encontrados mais freqüentemente com 24, 28 ou
40 pinos.

CIRCUITOS COMBINACIONAIS

Conceitos

Circuito lógico combinacional, ou


simplesmente circuito combinacional, é aquele
cujo estado de saída é uma função exclusiva das
combinações possíveis das variáveis de entrada. Figura 17-18 Portas NAND e NOR
Os circuitos lógicos combinacionais que
iremos estudar, são divididos em três categorias: Circuitos Comparadores – As portas XOR e
XNOR são consideradas circuitos comparadores
a – Circuitos Lógicos Básicos e encontram vasta aplicação onde for necessário
- Porta AND (E). comparar expressões ou tomar uma decisão.
- Porta OR (OU).
- Porta NOT (NÃO).

b – Circuitos Lógicos Universais


- Porta NAND (NÃO E).
- Porta NOR (NÃO OU).

C – Circuitos Comparadores
- Porta XOR (OU EXCLUSIVO).
- Porta XNOR (NÃO OU EXCLUSIVO)
Figura 17-19 Portas XOR e XNOR
Circuitos Lógicos Básicos – As portas E, OU e
INVERSORA, são ditas básicas porque, através
Codificadores e decodificadores
delas, todas as funções lógicas podem ser
obtidas.
Um Codificador tem a função de
“tradutor” de um código (linguagem) conhecido
ou comum, para um código desconhecido ou
incomum.
Um Decodificador tem a função de
“tradutor” de um código (linguagem)
desconhecido ou incomum, para um código
conhecido ou comum.
Da relação dos “bits” 0 e 1 do sistema
binário, com os estados lógicos 0 e 1, surgiu a
aplicação de circuitos lógicos em calculadoras,
com operações realizadas no sistema binário.
Cabe aqui uma pergunta. Por que não
empregar nas calculadoras eletrônicas circuitos
que realizem operações diretamente no sistema
decimal?
Figura 17-17 Portas básicas A resposta é simples: os circuitos teriam
que discernir 1 entre 10 níveis diferentes, contra

17-15
1 entre 2, o que os tornaria complicados, caros e Estes codificadores e decodificadores,
volumosos. são na verdade circuitos lógicos combinacionais
Para facilitar a operação da máquina, a cujas saídas dependem dos estados lógicos das
entrada dos dados a serem calculados e o entradas.
resultado das operações, devem estar na forma Um número decimal pode ser codificado
decimal, que é o código comum aos humanos. de tal maneira que a operação digital possa ser
Vê-se, então, a necessidade de desempenhada utilizando-se números binários.
componentes lógicos conversores, dotados de A conversão de um sistema para o outro é
circuitos codificadores e decodificadores que realizada por circuitos codificadores. O circuito
realizem as conversões decimal-binário ou que tem a função inversa é denominado
binário-decimal. decodificador.

Figura 17-20 Diagrama bloco básico de uma calculadora

Circuito Codificador – Na figura 17-21 a seguir, temos um


Um codificador consiste de portas circuito codificando um grupo de chaves que
lógicas que convertem um número decimal para representam números decimais, para
outro código de representação. fornecimento de um código binário de 4 ”bits”.

Figura 17-21 Circuito codificador

Quando todas as chaves estiverem Acionando a chave ”6”, as portas B e C


abertas, teremos nível “1” (alto) na entrada de terão saída alta, ocasionando a indicação binária
todas as portas NAND, ocasionando todas as “0110”.
saídas em nível “0” (baixo), gerando o
binário”0000”. “Display” de segmentos – A apresentação do
Ao pressionarmos a chave “1”, um nível resultado anteriormente descrita, não é
baixo na entrada da porta “A”, ocasionará um satisfatória, pois nem todos os humanos
alto em sua saída, indicando o binário “0001”. compreendem a representação binária. São
Pressionando a chave “2”, teremos um necessários então, componentes que nos
nível alto da saída da porta “B”, acendendo o proporcionem uma forma simples de
Led correspondente, indicando o binário”0010”. representação.

17-16
Os “displays” de sete segmentos são
componentes mais comuns para representação
numérica. Estes “displays” possibilitam
representarmos números de cimais e alguns
outros símbolos. São compostos por segmentos
Figura 17 24 Representação do quatro (4)
que podem ser ativados individualmente,
permitindo combinações.
Circuito Decodificador – Como o código
interno normalmente utilizado é o binário,
torna-se necessário um decodificador que
permita a ativação individual dos segmentos.
Este decodificador possui a seguinte tabela
verdade:

BCD 8421 CÓDIGO DE 7


Figura 17-22 “Display” de sete segmentos DECIMAL A B C D SEGMENTOS
8 4 2 1 a b c d e f g
Para formação do algarismo zero (0), 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0
necessitamos ativar os segmentos “a”, “b”, “c”, 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0
“d”, “e” e “f”, desativando o segmento “g”. 2 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1
3 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1
4 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 1
5 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1
6 0 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1
7 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
Figura 17 23 Representação do zero (0) 8 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1
9 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 1
A representação do algarismo quatro (4)
requer a ativação dos segmentos “b”, “c”, “f” e As funções da tabela poderão ser obtidas
“g”. através do circuito da figura 17-25.

Figura 17-25 Decodificador para “Display” de sete segmentos

17-17
Somadores e subtratores O somador que executa a soma dos
dígitos mais significativos e que possui uma
Somador – Se quisermos somar dois dígitos terceira entrada para o transporte, é denominado
binários, teremos duas entradas para o circuito Somador Completo (Full Adder), sendo
de soma, havendo quatro combinações para formado por dois “Half Adders” (HÁ) e uma
estas entradas: (0 + 0), (0 + 1), (1 + 0) e (1 + 1). porta OR.
Na aritmética binária, “1” mais “1” Um somador será composto de vários
(1+1) é igual a 0 (zero) e um dígito 1 é “Full Adder” (HÁ), para a coluna menos
transportado para a coluna da esquerda. significativa.

A + B = S T
0 + 0 = 0 0
0 + 1 = 1 0
1 + 0 = 1 0
1 + 1 = 0 1

De acordo com a tabela verdade, a


função soma (S) pode ser executada por uma
Figura 17-28 Somador para dois dígitos de três
porta XOR (OU EXCLUSIVA)), e a função
“bits”
transporte (T) por uma porta AND.
Subtrator – Na aritmética binária, “0” menos
“1” (0 – 1) é igual a “1” e um dígito 1 é tomado
emprestado da coluna da esquerda.

A - B = S E
0 - 0 = 0 0
0 - 1 = 1 1
1 - 0 = 1 0
Figura 17-26 Meio Somador (Half Adder)
1 - 1 = 0 0
Para somar as colunas menos Toma 1
significativas, será suficiente o circuito acima, emprestado
com duas entradas, que é denominado Meio
Somador (Half Adder), porém ao somarmos as Analogamente ao somador, para
demais colunas teremos que considerar uma subtrairmos dígitos na coluna menos
terceira entrada, o transporte da coluna anterior. significativa, fazemos uso de um Meio Subtrator
(Half Subtractor) e, para as demais colunas,
utilizamos o Subtrator Completo (Full
Subtractor).

Figura 17-29 Meio Subtrator (Half Subtractor)

Um subtrator será composto de vários


“Full Subtractors” (FS), para as colunas mais
significativas e um “Half Subtractor” (HS), para
Figura 17-27 Somador Completo (Full Adder) a coluna menos significativa.

17-18
chave. No multiplexador, a seleção é feita de
acordo como valor digital das entradas de
seleção (S0), (S1) e (S2), com pesos binários 1,
2 e 4, respectivamente. As entradas de “A” a
“H”, corresponderão a valores decimais de 0 a
7. Na saída, teremos o nível da entrada, cujo
valor decimal corresponde ao valor binário das
entradas seletoras.
Figura 17-30 Subtrator Completo (Full Os Demultiplexadores são componentes
Subtractor) que distribuem o nível de uma única entrada,
para uma, dentre as várias saídas, de acordo
com o valor binário das entradas seletoras.

Figura 17-31 Subtrator para dois dígitos de três


“Bits”

Multiplexadores e Demultiplexadores Figura 17-34 Demultiplexador

Os Multiplexadores são componentes


que permitem selecionar um dado, dentre
diversas fontes, como uma chave seletora de
várias posições.

Figura 17-35 Circuito equivalente

Figura 17-32 Multiplexador


CIRCUITOS SEQUENCIAIS

Os circuitos combinacionais vistos


anteriormente apresentam as saídas dependentes
de variáveis de entrada.
Os circuitos seqüenciais têm as saídas
dependentes de variáveis de entrada e de seus
estados anteriores que foram armazenados.
Circuitos seqüenciais são normalmente
sistemas pulsados, isto é, operam sob o
comando de pulsos denominados “Clock”.
Figura 17-33 Circuito equivalente Dentre os componentes utilizados em
circuitos seqüenciais, o “Flip-Flop” é um
Através do circuito equivalente dispositivo fundamental, que permite, por suas
verificamos que a saída poderá estar ligada a características, o armazenamento de estados
qualquer das entradas, bastando posicionar a lógicos anteriores.

17-19
Flip-Flop

Flip-Flop é um dispositivo que possui


dois estados estáveis. Um pulso em suas
entradas poderá ser armazenado, e transformado
em nível lógico estável.
Há vários tipos de Flip-Flop, que podem
ser representados basicamente conforme a
figura 17-36. Figura 17-38 Flip-Flop “RS” comandado por
CLOCK

Flip-Flop JK – Os Flip-Flop “RS” possuem um


estado não permitido, quando as entradas “R” e
“S” são iguais a “1” acarretando uma saída
Figura 17-36 Flip-Flop indeterminada. O Flip-Flop “JK” resolve este
problema, utilizando um “RS” realimentado.
Um pulso na entrada “S”, será
armazenado, tornando “Q” verdadeiro e “Q”
falso. Um pulso na entrada “ R” , será
armazenado, tornando “Q” falso e “Q”
verdadeiro.

Flip-Flop tipo “RS” (Latch)


Figura 17-39 Flip-Flop “JK”
S R S1 R1 Q, Q
A 1 0 0 1 1 0 De acordo com o circuito, o FF JK, com
as entradas J e K no estado “1”, terá seu estado
B 0 0 1 1 1 0
complementado a cada “clock”, isto é, se estiver
C 0 1 1 0 0 1
“setado” (saída Q = 1), complementará (Q - >0
D 0 0 1 1 0 1
e Q - > 1), se estiver “ressetado” (saída Q = 0),
E 1 1 ilegal complementará (Q - > 1 e Q - > 0).

Flip-Flop “JK” Mestre-Escravo – No FF JK, no


momento em que o Clock for igual a “1”, o
circuito funcionará como um combinacional,
passando o estado das entradas J e K
diretamente para a saída.
Para evitar este inconveniente, criou-se o
Flip-Flop JK Mestre-Escravo (Master-Slave),
que consiste basicamente de dois FF JK,
permitindo a comutação do FF, apenas na
Figura 17-37 Flip-Flop tipo “RS” transição positiva ou negativa do Clock.
Flip-Flop “RS” comandado por Clock –
Substituem-se os inversores na entrada do RS
básico, por portas NAND.

S R CLK S1 R1 Q Q
A 1 0 0 1 1 0 0
B 1 0 1 0 1 1 0
C 0 0 0 1 1 1 0
D 1 1 1 ilegal Figura 17-40 Flip-Flop JK Mestre-Escravo

17-20
Flip-Flop tipo “T” – Consiste de um FF JK com
as entradas J e K interligadas. Sua característica
é de complementar-se toda vez que a entrada
estiver igual a “1”, mantendo-se no último
estado quando a entrada for igual a “0”.

Figura 17-42 Flip-Flop tipo “D”

Contadores

São circuitos digitais compostos de Flip-


Flops, que variam seus estados, sob comando de
Figura 17-41 Flip-Flop tipo “T” um Clock, de acordo com uma sequência pré-
determinada.
Flip-Flop tipo “D” – Consiste de um FF JK com O que determinará a capacidade de um
as entradas interligadas através de um inversor, contador, será o número de Flip-Flop utilizados.
permitindo que seja “setado” (colocado no
estado “1”) quando, no momento do Clock a Contador de pulsos – Consiste de um grupo de
entrada estiver igual a “1”, e que seja FF Master-Slave de comutação na transição
“ressetado” (colocado no estado “0”), quando, negativa do Clock, configurados em série, de tal
no momento do Clock a entrada estiver igual a modo que a saída de cada estágio terá a metade
“0”. da frequência do estágio anterior.

Figura 17-43 Contador de pulsos

Contadores decrescentes saídas ”Q” dos FFs. A tabela verdade de um


O circuito que efetua a contagem contador crescente corresponderá ao
crescente é o mesmo para contagem complemento da tabela de um contador
decrescente, com a diferença de utilizar as decrescente.

Figura 17-44 Contador decrescente

17-21
Registradores (Shift Registers) de um componente denominado Registrador de
Deslocamento (Shift Register), que compõe-se
O flip-Flop tem a característica de de um certo número de Flip-Flops, de forma que
armazenar o valor de um “bit”, mesmo que sua as saídas de um alimentem as entradas do FF
entrada não esteja mais presente. Se seguinte. Cada estágio do registrador
necessitarmos guardar informações com uma armazenará o sinal de entrada no momento do
quantidade de “bits” maior que um (1), o Flip- Clock. Serão necessários tantos “Clocks”,
Flop será insuficiente. Para isso utilizamo-nos quantos forem os “bits” a serem armazenados.

Figura 17-45 Registrador de Deslocamento (Shift Register)

Este tipo de registrador é bastante No acesso Seqüencial, o endereçamento


utilizado nas conversões de sistemas seriais para será feito em sequência, isto é, para uma dada
sistemas paralelos, onde a entrada recebe os posição de memória todos os endereços
sinais serialmente, recebendo ao final a precisam ser acessados desde o primeiro
informação completa paralela. endereço. Em virtude disto, o tempo de acesso
dependerá do lugar onde a informação estiver
MEMÓRIAS armazenada.
Como exemplo comparativo, podemos
Memórias são dispositivos que citar a fita cassete. Para acessarmos uma música
armazenam informações. Essas informações que esteja no meio da fita, precisaremos
poderão ser números, letras, ou caracteres percorre-la desde o princípio.
quaisquer No acesso Aleatório, o endereçamento é
feito diretamente na palavra desejada, sem
Tipos de memórias necessidade de passar-se pelas posições
intermediárias. Estas memórias são conhecidas
Podemos classifica-las quanto a: por RAM (Random Access Memory). Como
a) Acesso. principal vantagem têm o tempo de acesso, que
b) Volatilidade. é reduzido e idêntico para qualquer endereço.
c) Possibilidade de regravação. Como exemplo comparativo, podemos
d) Retenção. citar um disco. Para acessarmos qualquer
música, bastará posicionar o braço do toca-
Acesso – As memórias armazenam as discos na mesma.
informações em áreas internas chamadas
“endereços”. Volatilidade – Podem ser voláteis e não
Dependendo da codificação utilizada, voláteis. As memórias voláteis são aquelas que
cada endereço conterá um conjunto de “bits”, ao perdem a informação armazenada quando da
qual chamamos “palavra”.Cada endereço interrupção da sua alimentação.
conterá uma palavra de memória. As memórias não voláteis são aquelas
Podemos acessar palavras de memória que mantém armazenadas as informações,
de duas maneiras: mesmo na ausência de alimentação.

-Acesso Seqüencial. Possibilidade de regravação – As memórias de


-Acesso Aleatório. Escrita / Leitura permitem o acesso a qualquer

17-22
endereço, para consulta da informação (Leitura) É conveniente lembrar que, embora as
(Leitura) ou para alteração da informação EEPROM´s permitam regravações, a sua
(Gravação). aplicação é diferente das RAM´s. As
São utilizadas em processos onde é EEPROM´s, assim como as EPROM´s,
necessária a constante alteração das PROM´s e ROM´s, são utilizadas para
informações. São normalmente identificadas armazenamento de informações que durante um
como RAM (Random Access Memory). processo são apenas consultadas, como as
As memórias apenas de Leitura (Read instruções para sequência de um programa. A
Only Memory ou ROM) são aquelas cuja característica de regravação em alguns tipos de
informação somente estará disponível para ROM, tem por finalidade permitir alterações
Leitura. nestas instruções, sem a necessidade de
São utilizadas em processos onde a substituição de componentes.
informação é necessária para consulta ou
inicialização de uma rotina. Possuem Retenção – Classificam-se em Estáticas e
capacidade de armazenamento, isto é, Dinâmicas.
quantidade de endereços, inferior às RAM´s. As memórias de armazenamento
Estático, retém os dados inseridos enquanto a
Quanto a esta classificação podemos citar: alimentação estiver presente.
As memórias Dinâmicas, por outro lado,
a) PROM (Programable Read Only possuem um efeito capacitivo, isto é, perdem as
Memory) - São memórias apenas para informações carregadas, após um determinado
leitura, que permitem que a sua tempo, necessitando de ciclos periódicos de
programação, isto é, a gravação inicial “recarga” (Refresh Cycle). As memórias
seja feita pelo usuário. Esta gravação é Estáticas são mais caras e de menor capacidade.
permanente, não permitindo alterações,
passando ela a operar como uma ROM. Endereçamento
b) EPROM (Eraseble / Programable Read
Only Memory) – São memórias que Como já foi visto anteriormente, cada
funcionam como PROM´s, que posição de memória, é acessada através de um
permitem, porém o seu apagamento e endereço, logo teremos tantos endereços
posterior regravação. O processo de quantas forem as posições de memória. A
apagamento é possível por meio de um capacidade de memória corresponderá à
“banho” ultravioleta, através de janelas quantidade de endereços possíveis.
no seu encapsulamento. Com dois “bits” como variáveis,
c) EEPROM – São EPROM´s que obtemos quatro combinações, que nos permitem
permitem sua regravação por meios acessar quatro endereços: posições 00, 01, 10 e
elétricos, sem necessidade de banhos 11. Com “n” bits variáveis podemos obter 2n
Ultravioleta. endereços.

Figura 17-46 Memória RAM de quatro “bits”

17-23
Palavra de memória – Cada endereço de Os conversores têm por finalidade
memória corresponderá a quantidade mínima de transformar sinais digitais em analógicos e vice-
informações que poderá ser acessada. Esta versa.
informação poderá compor-se de um ou mais
“bits”. Sistemas Analógicos e Digitais
Esta quantidade de “bits” por endereço,
chamada de “palavra de memória”, dependerá Entende-se por ANALÓGICA, toda
dos circuitos associados a ela e ao código variação linear ou contínua de um sinal.
interno utilizado. Grandezas físicas como temperatura, pressão,
As palavras mais comuna compõem-se tensão, resistência, variam de forma analógica.
de 8, 16 ou mesmo 32 “bits”. A cada posição
acessada, serão lidos paralelamente 8, 16 ou 32
“bits”.

Byte – É o nome dado ao agrupamento de “bits”


que represente um tipo de informação
identificável e dependerá da filosofia do
fabricante do equipamento.
Normalmente um “byte” é composto por Figura 17-47 Gráfico de variação Analógica
8 “bits”.
Qualquer caractere significativo será Entende-se por DIGITAL, toda variação
representado na forma de um “BYTE”. Uma discreta, isto é, em degraus definidos ou “steps”.
memória com 1 kilobytes (1 kB), indica uma
capacidade de armazenamento de 1000
caracteres.

Aplicação

Memórias são aplicadas de formas


diversas, mas sempre que for necessário o
armazenamento temporário ou permanente de
informações. Figura 17-48 Gráfico de variação Digital
Uma informação poderá ser um valor a
ser processado, o resultado de uma operação, ou Os sistema digitais, como internamente
mesmo a própria sequência com as instruções da se utilizam de valores binários, somente
operação. reconhecem duas variações discretas, o zero (0)
Valores fixos ou variáveis, em e o um (1). Aos sinais utilizados por estes
processamento, são chamados “DADOS”. sistemas chamamos digitais binários.
Seqüências de instruções de operação são
chamadas de “PROGRAMAS”.
As instruções de um programa, são
normalmente armazenadas em memórias do tipo
“ROM”, pois são informações fixas. Dados são
armazenados normalmente em memórias do tipo
“RAM.
Figura 17-49 Gráfico de variação digital binária
CONVERSÃO DE SINAIS
Amplificadores operacionais– São componentes
Existem basicamente dois tipos de lineares cuja finalidade é amplificar uma
sinais: Analógicos e Digitais diferença entre dois sinais, possuindo ganho
Sistemas digitais e analógicos não são controlável. Diferenças de amplitude entre dois
compatíveis entre si, necessitando de sinais são amplificadas gerando uma saída
conversores. proporcional a entrada.

17-24
O limite de amplificação, isto é, o valor
máximo de amplitude de saída, dependerá das
alimentações do amplificador, limitando-se aos
seus valores. A partir daí, o amplificador estará
saturado, mantendo a saída fixa até que a
diferença entre as entradas seja reduzida.

Conversor Digital-Analógico

É utilizado quando for necessária a


Figura 17-50 Amplificador operacional conversão de uma variável digital em variável
analógica.
A existência de duas entradas, sendo A variável digital é normalmente
uma inversora e a outra não inversora permite codificada em BCD 8421. A saída analógica
que, dependendo de sua utilização, o sinal de assumirá valores de grandeza correspondentes
saída seja normal ou invertido. às variações digitais da entrada.

Figura 17-51 Conversor D / A

Figura 17-52 Circuito básico

Sistemas de computação digital, não são O conversor efetua vários passos até a
capazes de gerar sinais analógicos linearmente, conversão final, utilizando-se de um contador,
mas dependendo da precisão desejada, poderão um conversor D / A, um amplificador
ser utilizados mais “bits”, que gerando mais operacional atuando como comparador e Flip-
“steps”, darão condições de geração de sinais Flops.
bastante próximos dos analógicos. O circuito é basicamente constituído por
um contador de década, gerando um código
Conversor Analógico-Digital BCD 8421, que é aplicado ao conversor D/A,
que por sua vez apresenta na saída uma tensão
É utilizado quando for necessária a de referência (VR). Esta tensão de referência é
conversão de uma variável analógica em comparada no amplificador operacional, com o
variável digital. sinal analógico de entrada (Ve).

17-25
Figura 17-53 Conversor A / D

Enquanto VR for menor que Ve, a saída contador e, simultaneamente habilitando a


do operacional habilitará o incremento do transferência do conteúdo do contador para os
contador a cada “clock”.Quando VR = Ve, o Flip-Flops, que apresentarão na saída o valor
operacional dará saída “0” desabilitando o digital correspondente à entrada analógica.

17-26
CAPÍTULO 18

SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO

PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO Ao produzir esta descarga nos eletrodos


do transmissor, outra faísca semelhante, mas de
Hertz, um jovem físico alemão, foi quem menor intensidade, era produzida,
no ano de 1888 realizou uma série de simultaneamente, no receptor que estava
experiências, que revelaram ao mundo científico colocado a uma distância de dois metros do
a existência e características que ele, na época, transmissor.
chamou de forças elétricas que se dispersam, e Hertz demonstrou com esta experiência
que correspondem às ondas eletromagnéticas, que certa classe de eletricidade podia ser
cuja existência havia sido provada conduzida através do espaço (uma vez que não
matematicamente pelo grande físico inglês existia nenhum condutor metálico entre o
Maxwell. transmissor e o receptor), de modo que assim foi
Para descobrir as ondas eletromagné- descoberto o princípio da telegrafia sem fio.
ticas, ou ondas de rádio, Hertz utilizou vários Nas experiências realizadas posterior-
aparelhos de laboratórios que consistiam, mente por Hertz, ele descobriu que essa classe
primariamente, de uma garrafa de Leyden ou de ondas se propaga em círculos concêntricos,
capacitor, utilizado como fonte de energia em todas as direções, e que são refletidas por
elétrica; a eletricidade armazenada na garrafa de metais, do mesmo modo que os raios de luz são
Leyden era conduzida por dois arcos metálicos, refletidos por um espelho. Além disso,
que terminavam em duas bolas de Cobre descobriu que esta classe de ondas é capaz de
chamadas de eletrodos. Este conjunto constituía atravessar substâncias como a madeira, o vidro,
o transmissor ou gerador das ondas magnéticas. tecidos etc.
Como receptor, Hertz utilizou um anel Na parte superior da figura 18-2
de cobre que terminava em dois eletrodos ilustramos a maneira como as ondas se
similares aos do transmissor. dispersam, ou seja, de maneira circular, tendo
A figura 18-1 ilustra os dois aparelhos como centro os eletrodos.
utilizados por Hertz em sua experiência original.

Figura 18-1 Experiência de Hertz Figura 18-2 Propagação das ondas eletroma-
gnéticas
Quando a eletricidade armazenada na
garrafa de Leyden alcançava sua intensidade A figura 18-3 ilustra graficamente que as
máxima, uma descarga elétrica ocorria entre os ondas que atravessam substâncias tais como a
eletrodos ou bolas de cobre, produzindo uma madeira, são refletidas pelas superfícies
faísca elétrica. metálicas, como folhas de zinco do teto da casa.

18-1
de maneira semelhante ao código Morse, usado
então na telegrafia com fio.
A primeira comunicação por rádio – Assim é
que, no ano de 1895, Guilherme Marconi, um
jovem cientista italiano, utilizando as idéias
originais de Hertz e Branly, intercalou uma
chave telegráfica no circuito do transmissor,
para obter uma aplicação prática dos citados
aparelhos. Além disso, Marconi acrescentou
uma antena ao transmissor, e outra ao receptor,
e, utilizando uma bobina de indução, que é um
dispositivo capaz de proporcionar uma corrente
Figura 18-3 Propagação das ondas através dos eletrônica de maior intensidade que a garrafa de
corpos Leyden, conseguiu aumentar a potência das
ondas irradiadas pelo transmissor.
Hertz também mediu a velocidade destas Mediante o emprego de tais dispositivos,
ondas, descobrindo que era a mesma das ondas Marconi, em 1898, conseguiu fazer uma
de luz, isto é, aproximadamente 300.000.000 de comunicação sem fios (radiotelegráfica) a uma
metros por segundo (300.000 quilômetros por distância de dois quilômetros, sendo que, nesta
segundo). data, lhe foi concedida na Inglaterra a primeira
Hertz não deu nenhuma aplicação prática patente sobre aparelhos de telegrafia sem fio.
às suas experiências, uma vez que ele era apenas A partir dessa data Marconi fez rápidos
um cientista. Entretanto, a posteridade honrou progressos, conseguindo, em 1898, estabelecer
seu nome, batizando esta classe de ondas como uma comunicação sem fios entre dois navios de
“Ondas Hertzianas” (ou Artesianas), expressão guerra separados por uma distância de 40
esta comumente usada para identificar as ondas quilômetros. Nessa altura, Marconi já havia
de rádio. instalado e era proprietário da primeira estação
Como resultado das explicações dadas telegráfica comercial, situada na Ilha de Wight,
anteriormente, deduzimos que o transmissor na Inglaterra. Nos primeiros meses de 1901,
utilizado originalmente por Hertz era um Marconi alcançou seu maior êxito ao receber a
gerador de faíscas ou descarga elétrica. Em letra “S” através do Atlântico; a transmissão foi
realidade, cada vez que se produz uma faísca feita de Gales, na Inglaterra, e recebida em St.
elétrica geram-se ondas de rádio. John Newfoundland, no Canadá.
O aluno, provavelmente, terá notado isso
ao escutar o ruído que produz um receptor de A válvula Audion – Durante o processo de
rádio, quando ligamos ou desligamos um aperfeiçoamento da lâmpada incandescente, o
aparelho da linha de força, quando apagamos seu inventor, Thomas Alva Edison, observou
uma lâmpada ou quando é produzida uma que, ao colocar uma placa metálica no interior
descarga elétrica entre a terra e as nuvens (raio). do bulbo de vidro de sua lâmpada
Isto se deve a que, em todos esses casos, são incandescente, conforme mostrado na figura 18-
reproduzidas faíscas elétricas que dão origem às 4, os elétrons fluíam do filamento para a placa,
ondas de rádio, as quais são captadas pelo embora não houvesse uma ligação física entre
receptor, interferindo com os programas que aqueles dois eletrodos (em lições futuras
estamos escutando. mostraremos com mais detalhes tal fenômeno).
Mais tarde o cientista francês Branly Edison registrou também em seus
aperfeiçoou o aparelho inventado por Hertz, apontamentos, que a corrente eletrônica
conseguindo maior sensibilidade. somente circulava do filamento para a placa;
No ano de 1891, a maior parte dos porém, como ele estava apenas interessado em
cientistas da época compreendeu a grande aperfeiçoar sua lâmpada incandescente, ele não
aplicação prática que se podia dar às ondas deu muita importância a esse fenômeno. Não
hertzianas, como um meio para manter obstante, o físico inglês Sir Ambrose Fleming
comunicações sem fio, mediante uma interessou-se vivamente por essa descoberta e
combinação de sinais de longa e curta duração, lhe deu uma aplicação prática, utilizando esse

18-2
princípio como um meio para fazer com que a intensidade no audífono; daí o nome AUDION
corrente eletrônica fluísse em uma só direção. sugerido por De Forest para sua válvula
eletrônica.
Apesar da enorme importância desta
descoberta, usada então somente para receber
sinais provenientes de transmissores de faíscas,
muito tempo se passou até que o mundo
compreendesse seu verdadeiro valor.

Ondas ou vibrações produzidas ao se agitar a


água – Você, certamente já terá observado o
fenômeno ou efeito interessante que ocorre na
água ao arremessarmos uma pedra na superfície
tranqüila de um lago.
Recordar-se-á que uma série de
ondulações se estendem em círculos
concêntricos, a partir do lugar onde cair a pedra.
Figura 18-4 Experiência de Thomas Edison

Somente mais tarde é que a grande


importância de tal descoberta foi posta em
prática, graças aos trabalhos do Dr. Lee De
Forest, outro grande cientista, cujas descobertas
abriram as portas para o desenvolvimento da
radiotécnica.
A figura 18-5 mostra o novo conjunto
onde De Forest conseguiu fazer com que os
sinais escutados no audífono fossem mais fortes.
Figura 18-6 Propagação de ondas na água

A figura 18-7 mostra um corte


transversal da superfície do lago. Como vemos,
a linha horizontal que atravessa a figura
representa o ponto de repouso, ou seja, a
superfície que marcaria o nível da água se ela
estivesse absolutamente tranqüila.

Figura 18-5 Válvula de De Forest Figura 18-7 Forma da onda

Com esta descoberta realizada em 1906, Usando esta linha como ponto de
era possível agora não somente detectar as referência, observa-se que uma parte da
ondas de rádio como também amplifica-las, ondulação é formada por uma crista, ou ponto,
produzindo-se, desta forma, sons de suficiente onde a superfície da água alcança sua maior

18-3
altura. A outra parte da ondulação está Assim fica demonstrado que a água é
constituída por um fundo, ou ponto, onde a água somente o meio propagador das vibrações, ou
alcança seu nível mínimo. ondas, originadas ao se chocar a pedra com a
Se colocarmos um pedaço de madeira ou água, pois nem o pedaço de madeira, ou cortiça,
cortiça, sobre a superfície da água, no local e nem a água se movimentam para a margem do
onde caiu a pedra, observaremos que a madeira, lago, como sucede com as ondas.
ou cortiça, não se movimenta em direção à Na figura 18-8 eliminamos a água, de
margem do lago, como sucede com as modo que somente fica a representação gráfica
ondulações, porém sobe e desce marcando as das ondas, produzidas como resultado do
cristas e os fundos das ondas que se propagam choque da pedra na água.
na superfície da água. Conforme ilustra a figura 18-9, a
distância compreendida entre a linha que marca
o nível normal (nível zero) e uma crista, ou um
fundo, chama-se amplitude da onda.
Desta característica depende a
intensidade ou potência da onda, pois quanto
maior for a intensidade da onda, tanto maior
Figura 18-8 Representação gráfica das ondas será sua amplitude.

Figura 18-9 Amplitude de onda

Por exemplo, no caso das ondas oposição causada pela separação de ar entre os
produzidas na água, quanto maior for a distância dois eletrodos, antes que se forme o arco
entre as cristas e os fundos, tanto maior será a voltaico produzido pela faísca.
intensidade das mesmas. Assim que o arco voltaico é produzido,
as ondas geradas alcançam sua máxima
amplitude, caindo de intensidade logo em
Ondas de rádio amortecidas e contínuas seguida, devido à queda de potencial na fonte de
energia que produziu a faísca.
Na figura 18-10A, ilustramos a forma Esta representa uma grande desvantagem
das ondas irradiadas por um transmissor de pois, como podemos observar, o ponto de maior
faíscas. intensidade das ondas é de muito pouca
Pelas explicações dadas anteriormente, duração, de modo que grande parte da energia
deduzimos que esta forma de onda se inicia com do transmissor é perdida na formação de ondas
uma amplitude ou intensidade mínima e que vai de pouca intensidade.
aumentando progressivamente até alcançar sua Como essas ondas vão gradualmente
intensidade máxima, passando novamente a cair perdendo sua intensidade, elas são conhecidas
de intensidade até se extinguir completamente. pelo nome de ondas amortecidas.
Isto se explica pelo fato da energia Na figura 18-10B temos um outro tipo
eletrônica entre os eletrodos do transmissor de de onda no qual a amplitude se mantém
faísca ter que vencer nos primeiros instantes a constante desde o momento em que se inicia a

18-4
transmissão até o momento em que se suspende Hertz (Hz) - em lugar de ciclos por segundo
a mesma. (C/s)
Essas são as ondas que podem ser Quilohertz (KHz) - em lugar de quilociclos por
produzidas por meio da válvula inventada por segundo (KC/s)
De Forest e que proporciona uma maior Megahertz (mHz) – em lugar de megaciclos por
eficiência. segundo (mC/s)

O termo frequência indica o número de


ciclos (ondas completas) produzidos num
determinado período de tempo.
Por exemplo: a figura 18-12 ilustra uma
frequência de quatro ciclos por segundo, ou
seja, quatro ondas são produzidas no espaço de
um segundo. A frequência das ondas é expressa
em Hertz. Portanto, a representação gráfica da
figura 18-12 corresponde a uma onda, cuja
frequência é de 4 Hz.

Figura 18-10 Ondas amortecidas e contínuas

O ciclo - Uma onda completa constitui um ciclo.


Cada metade de uma onda, ou meio ciclo,
apresenta uma alternância da onda ou semiciclo.
Cada onda, ou ciclo apresenta duas
alternâncias: a alternância situada acima do
nível normal é considerada positiva e a situada
abaixo do nível normal é considerada negativa.
A figura 18-11 ilustra claramente o que
acabamos de explicar. Figura 18-12 Onda com frequência de 4 Hz

Prefixo Valor Símbolo


Terá 1012 T
Giga 109 G
Mega 106 M
Kilo 103 K
Hecto 102 h
Deca 10 da
Deci 10-1 d
Centi 10-2 c
Mili 10-3 m
Micro 10-6 µ
Nano 10-9 n
Pico 10-12 p
Fento 10-15 f
Atto 10-18 a
Figura 18-11 Alternâncias da onda ou ciclo Tabela de prefixos

Frequência – Antes de abordarmos os assuntos Relação entre frequência e comprimento de


relativos a frequência, gostaríamos de esclarecer onda – Para maior simplicidade, considere um
que, em homenagem a Rudolf Hertz, foi alternador fornecendo energia elétrica com a
adotado o termo Hertz em lugar de ciclo por frequência de 60 Hz por meio de uma linha de
segundo. Assim sendo, teremos: transmissão ligando São Paulo a Manaus,

18-5
passando por Recife. Admita que a velocidade correspondente a um ciclo. O símbolo para
de propagação a CA seja igual à velocidade de comprimento de onda é a letra grega lambda (λ).
irradiação eletromagnética no espaço livre, que Do mesmo modo, o comprimento de
é constante e de 300.000 km por segundo, onda de qualquer onda irradiada pode ser
independentemente da frequência. determinado multiplicando-se a velocidade
Se o gerador iniciar sua ação geradora no constante pela duração de um ciclo. Como a
ponto de tensão zero da senóide, depois de duração de um ciclo é igual a um (1) dividido
decorrido meio ciclo (1 / 120 de segundo), o pela freqüência (1 / f), o comprimento de onda é
ponto de tensão zero terá percorrido uma igual à velocidade constante dividida pela
distância que pode ser determinada pelo produto freqüência ( λ = V/F) ou a velocidade é igual à
da velocidade da onda pela duração de meio freqüência multiplicada pelo comprimento de
ciclo. Esta distância corresponderá a cerca de onde (V = f.λ). Como V é constante, quanto
2.500 km (300.000 x 1/120), que é maior a freqüência, menor o comprimento de
aproximadamente a distância entre São Paulo e onda a vice-versa.
Recife.
Propriedades das ondas sonoras

Até agora, ao falarmos das ondas em


geral, somente mencionamos aquelas
produzidas na água como resultado das
vibrações causadas pelo choque da pedra contra
a água. Não obstante, as características das
ondas de rádio e das ondas sonoras são
semelhantes as que observamos no lago.
Embora as características de propagação
tanto das ondas de sonoras como das ondas de
rádio ou eletromagnéticas sejam idênticas, elas
são de natureza diferente, pois as ondas sonoras
são vibrações mecânicas, ao passo que as ondas
Figura 18-13 eletromagnéticas são vibrações eletrônicas.
No caso das ondas geradas na superfície
Decorrido o outro meio ciclo (1/60 de do lago, o meio condutor é a água, ao passo que
segundo) o ponto terá percorrido uma distância no caso das ondas sonoras, o meio condutor ou
de 5.000 km (300.000 x 1/60), que é a distância de propagação é geralmente o ar. Quanto às
aproximada de São Paulo a Manaus. ondas eletromagnéticas, o seu meio de
propagação continua a ser motivo de
controvérsia entre os cientistas, de modo que
apenas diremos que elas se propagam em todos
os meios.

Representação gráfica das ondas sonoras – A


figura 18-15 ilustra graficamente um som ou
ruído produzido por uma campainha que vibra
numa velocidade de quatro vezes por segundo.
Observe que, na parte superior da figura estão
ilustradas as compressões do ar por meio de
uma concentração dos pontos que representam
as partículas de ar. Na parte inferior aparece a
Figura 18-14 forma das ondas produzidas por essa vibração.
Neste caso, como em exemplos semelhantes, a
Esta distância de 5.000 km é o amplitude mínima das ondas corresponde ao
comprimento de onda da CA de 60 Hz, que é a grau mínimo de compressão das partículas de
distância percorrida pela onda durante o tempo ar, ou seja, à rarefação do ar. Na figura 18-15 a

18-6
linha horizontal que atravessa as ondas único som, mas sim como ruídos separados. Isto
corresponde à condição normal ou estado das é, o ouvido somente percebe como um único
partículas de ar, quando não há compressão ou som às vibrações acima de 16 Hz; as vibrações
rarefação. abaixo de 16 Hz são ouvidas a intervalos e são
classificadas como ruídos, geralmente
desagradáveis ao ouvido.
Os sons acima de 20.000 Hz não são
percebidos pelo ouvido humano. O vôo do
mosquito, que corresponde mais ou menos a
esta freqüência, é o som com maior número de
vibrações que podemos perceber. Os sons de
freqüência mais alta não podem ser escutados,
mesmo que sejam de alta intensidade, porque as
membranas auditivas são incapazes de
responder a uma vibração superior a 20.000 Hz,
Figura 18-15 Representação gráfica das ondas embora animais como cães possam perceber
sonoras sons mais altos. Esta é a razão porque pastores
usam apitos especiais para chamar cães que
Todos os termos referentes às cuidam de suas ovelhas.
características das ondas já estudadas são Como os sons cujas freqüências estão
aplicáveis à descrição de sua forma. Por isso, compreendidas entre 16 e 20.000 Hz são os que
quanto maior a amplitude das ondas sonoras, o ouvido humano pode perceber, essas são
tanto maior será a intensidade do som percebido conhecidas pelo nome de áudiofrequência ou
pelo ouvido. frequência audíveis. Embora o ouvido humano
Na campainha elétrica, quanto mais forte possa perceber essa gama ou escala de
for o golpe do martelo na campânula, tanto freqüências, as estações radiodifusoras de AM e
maior será a amplitude da onda produzida. A os receptores utilizados para receber os
forma das ondas sonoras pode ser vista num programas das mesmas somente reproduzem
instrumento especial denominado osciloscòpio. sons compreendidos entre 50 e 5.000 Hz. Não
Nas ondas sonoras, a freqüência ou obstante, no sistema de transmissão e recepção
número de vibrações por segundo é o fator que de frequência modulada, é possível reproduzir
determina o que comumente se conhece como toda classe de sons cujas freqüências estejam
tom. O tom de uma nota ou som musical é compreendidas entre 30 e 15.000 Hz.
classificado de acordo com a freqüência do som.
Os sons de tom baixo ou grave são as notas
musicais cuja freqüência é baixa, ao passo que Meios em que se propagam as ondas sonoras –
os sons de tom alto ou agudo são aqueles cuja Segundo mencionamos ao iniciar as explicações
freqüência ou número de vibrações por segundo sobre as ondas sonoras, estas são o resultado das
é alto. vibrações mecânicas de um objeto no meio
Por exemplo: o violoncelo produz notas condutor. Esse meio deve ser matéria, esteja ele
graves ou baixas, porque sua freqüência está no estado sólido, líquido ou gasoso.
compreendida entre 60 a 213 Hertz. Algumas substâncias, como a água por
Por outro lado, o violino produz notas exemplo,pode se apresentar em qualquer dos
agudas ou altas, porque a freqüência dos sons três estados. O estado sólido é o gelo; o líquido,
emitidos por esse instrumento está a água; e o gasoso, o vapor da água.
compreendida entre 230 e 3.072 Hertz. O meio condutor utilizado com mais
frequência para a propagação do som é o ar
Freqüências que o ouvido humano pode (estado gasoso), porém o som pode ser
perceber – As freqüências dos sons que o propagado tanto nos líquidos como nos sólidos.
ouvido humano pode perceber estão O som, entretanto, não se propaga no vácuo
compreendidas entre 16 Hz como limite mínimo porque, neste caso, não há um meio condutor
e 20.000 Hz como limite máximo. que faça chegar as vibrações até o ouvido,
As ondas sonoras mais baixas, ou seja, conforme demonstra a experiência ilustrada na
inferiores a 16 Hz, não são escutadas como um figura 18-16.

18-7
Praticamente, podemos definir o decibel
como a mudança mínima de intensidade do som
que o ouvido humano pode perceber. Por
exemplo, para escutar uma variação na
intensidade do som de uma nota musical, cuja
intensidade é de um decibel, a intensidade do
mesmo som tem que subir a 2 decibéis antes que
o ouvido possa perceber a diferença.
O ruído excessivo não prejudica apenas os
ouvidos, mas atinge também o sistema nervoso.
Pode provocar o aumento da pressão sanguínea,
problemas de audição e cardíacos. Muitas vezes
é por causa do barulho que perdemos o sono,
Figura 18-16 Experiência de propagação do som ficamos irritados e cansados, sem explicação
no vácuo aparente. Estamos cercados de barulho por
todos os lados.
Observe a campainha elétrica instalada A relação a seguir lhe dará uma idéia dos
no interior de uma campânula de vidro, da qual ruídos que nos perturbam.
é possível se extrair o ar por meio de uma
bomba pneumática que rarefaz totalmente o ar Tique-taque de relógio 20 db
no interior da campânula. Conversação normal 50 db
A experiência em questão é iniciada com Liquidificador 80 db
a campainha funcionando. Á medida que o ar é Limite permitido por lei no RJ 85 db
extraído do interior da campânula, os sons vão Apitos e sirenes 90 db
gradualmente se extinguindo, até desaparecer Buzina estridente de automóvel 100 db
por completo, quando todo o ar for bombeado Serra circular ou trem 110 db
para fora. Conjunto de guitarras 120 db
Motor a jato Perigo 130 db
Velocidade de propagação do som – A Gol do Flamengo no Maracanã 130 db
velocidade de propagação do som depende da Fogos de estampido 130 db
matéria que é utilizada como meio condutor. Liminar de audibilidade humana 140 db
Entretanto, podemos dizer que o som se propaga Foguete espacial 180 db
com maior velocidade e eficiência nos líquidos
e nos sólidos que no ar. Somente sons e ruídos na faixa de 10 a
Na tabela a seguir podemos comparar a 140 decibéis são captados pelo ouvido humano.
velocidade de propagação do som em diversas Os de menos de 10 são inaudíveis e os
substâncias. superiores a 140 provocam ruptura dos
tímpanos.
Velocidade em metros
Substância Velocidade e frequência das ondas de rádio –
por segundo
Ar 331 Como mencionamos no princípio desta lição, a
Ferro ou aço 5.100 velocidade de propagação das ondas de rádio é
Água 1.400 igual à velocidade de propagação da luz ou
Cobre 3.292 ondas luminosas. Isto se deve ao fato das ondas
Vidro 5.500 de rádio, as ondas luminosas e as ondas
caloríficas apresentarem as mesmas
características, ou seja, todas elas pertencerem
Intensidade do som – A unidade empregada ao tipo de ondas de freqüências muito altas,
para descrever a intensidade do som (amplitude conhecidas como ondas eletromagnéticas ou
de onda) é o decibel, que corresponde a um irradiações eletromagnéticas.
décimo da unidade utilizada originalmente, a Deduzimos, então, que as ondas de rádio
qual recebeu o nome de “BEL” em honra a são apenas uma variedade ou gama diferente das
Alexandre Graham Bell, inventor do telefone. ondas eletromagnéticas, distinguindo-se das

18-8
outras por sua frequência e comprimento de Observe que as ondas de rádio correspondem às
onda. ondas eletromagnéticas de frequência mais
A figura 18-17 ilustra a classificação ou baixa, vindo em seguida as ondas caloríficas, as
escala das ondas eletromagnéticas, de acordo ondas luminosas, os raios ultravioletas, etc.
com sua frequência e comprimento de onda.

Figura 18-17 Classificação das ondas eletromagnéticas

Ondas de rádio correspondem a comprimentos de onda


inferiores a 0,03 cm (0,3 mm). A partir dessas
As ondas de rádio, ou seja, as usadas nos ondas, como a freqüência é excessivamente
sistemas de radiocomunicação, estão elevada e o comprimento da onda é tão
compreendidas entre 100 quilohertz e 1.000.000 pequeno, adotou-se uma unidade especial que
megahertz. Essas ondas, expressas segundo seu permite indicar mais facilmente o comprimento
comprimento de onda, correspondem as de onda. Esta unidade se chama “Unidade
compreendidas entre 3.000 metros e 0,03 centí- Angstrom” (A), e equivale a décima
metros (0,3 mm). Essas são as ondas milionésima parte de um milímetro (0,0000001
descobertas por Hertz, por meio do transmissor mm). É evidente que é infinitamente pequena
de faísca. Uma das características das ondas de para se poder ter um conceito prático de sua
rádio é que não são perceptíveis aos sentidos, dimensão.
exceto por seus efeitos quando são aplicados ao Em unidades Angstrom as ondas de
corpo humano com grande intensidade, por calor estão compreendidas entre três milhões de
meio de eletrodos especiais, como nos aparelhos “A” (0,3 mm) e 8.000 A.
médicos de diatermia. Tais ondas são emitidas pelos aquecedores de
água ( vapor d’água), ferros elétricos de
Ondas infravermelhas ou ondas caloríficas – As engomar, etc. É interessante observar que uma
ondas infravermelhas são de freqüências grande parte dessas ondas são irradiadas pelo
superiores a 1.000.000 de megahertz e Sol, como ondas luminosas e raios ultravioletas.

18-9
Figura 18-18 Espectro de radiação eletromagnética

Ondas luminosas (a luz) – Estas ondas se alcança uma temperatura muito elevada, ele
caracterizam por pertencerem à única classe de começa a emitir raios luminosos.
ondas eletromagnéticas que a vista humana Além disso, a luz pode ser convertida em
pode perceber, sem necessidade de um calor, quando os raios luminosos são
dispositivo especial. concentrados por meio de uma lente.
Apresentam características muito A luz está compreendida entre 8.000 e
parecidas às ondas caloríficas, e alguns 4.000 unidades Angstrom. Os raios solares
cientistas as consideram como o fim do abrangem toda esta gama do espectro das ondas
espectro. A prova disso é que, quando um corpo eletromagnéticas.

18-10
Raios ultravioletas – A luz ou raios ultravioletas Estas explicações servirão,
estão compreendidos entre 4.000 a 120 unidades indubitavelmente, para dar ao aluno um
Angstrom. Parte desses raios são produzidos conceito mais definido da classificação e
pelo Sol. Artificialmente, eles podem ser características das ondas eletromagnéticas, a
produzidos por meio de lâmpadas elétricas cuja família pertencem as ondas de rádio que,
especiais, as quais são usadas freqüentemente no momento, nos interessam. Não obstante, ao
no tratamento de certas enfermidades. estudarmos a televisão, teremos a oportunidade
de utilizar os conhecimentos adquiridos sobre as
Raios X – Os raios X estão compreendidos entre outras classes de ondas eletromagnéticas.
os comprimentos de onda correspondentes a 120 Apesar das ondas de rádio, as ondas
unidades Angstrom e 0,06 da mesma unidade (6 caloríficas e as ondas luminosas pertencerem à
centésimos de 1 Angstrom). A característica mesma família, seria errôneo crer que são
principal dessas ondas eletromagnéticas é que parecidas em todos os aspectos, pois a diferença
são capazes de atravessar toda sorte de tecidos, em frequência e comprimento de onda entre elas
couros, telas, madeiras e uma grande parte dos é enorme. Entretanto, devemos ter presente que
metais. todas as classes de ondas eletromagnéticas são
Os raios X são usados, principalmente, manifestações de energia em diversas formas e,
para tirar fotografias do interior do corpo em muitos casos, é possível transforma-las em
humano, sendo, também, usados na indústria movimentos mecânicos, como sucede com o
para fotografar a estrutura de peças metálicas de calor utilizado para impulsionar máquinas ou
alumínio, aço, etc. locomotivas.

Raios Gama e Raios Cósmicos – As ondas Classificação detalhada das ondas de rádio – As
eletromagnéticas de maior frequência e menos ondas eletromagnéticas, que correspondem às
comprimento de onda que se tem ondas de rádio utilizadas hoje em dia, são
conhecimentos definidos são os raios gama, que classificadas em várias faixas, de acordo com o
são o produto das emissões ou irradiações de comprimento de onda e com os serviços a que
elementos radioativos, como o Rádio e o se destinam nos sistemas de radiocomunicações.
Urânio. Como se observa na parte inferior da
Os raios são produzidos nesses figura 18-19, as ondas de rádio normalmente
elementos pela desintegração atômica utilizadas podem ser divididas em seis blocos
espontânea dos mesmos. Não obstante, grande principais, que englobam as diversas faixas de
parte desses raios pode ser produzida freqüências.
artificialmente por meio de possantes aparelhos No primeiro bloco temos as freqüências
de Raios X ou, pela desintegração artificial, compreendidas entre 100 kHz e 550 kHz,
como no caso da bomba atômica. freqüências estas que correspondem à faixa de
Na medicina, esses raios de baixa ondas longas. Essa faixa compreende diversos
intensidade são usados para destruir tumores tipos de comunicações, inclusive os radiofaróis
cancerosos, empregando-se neste caso, o Rádio. (para orientação da navegação aérea). Além
Os sais radioativos são usados também na disso, na Europa, existe também radiodifusão
indústria, pois têm a propriedade de emitir raios (emissoras comerciais) nessa faixa.
de baixa proporção e, como são visíveis na No segundo bloco temos as freqüências
obscuridade (fosforescentes) encontram compreendidas entre 550 kHz e 1600 kHz, que
aplicações na fabricação de mostradores de correspondem à faixa de ondas médias. Nesta
relógios e ponteiros. faixa, estão localizadas, exclusivamente,
Embora os Raios Gama sejam os últimos emissoras comerciais de radiodifusão
a respeito dos quais se tenham noções claras, (Broadcasting).
sabe-se que existem outros raios de menor No terceiro bloco temos as freqüências
comprimento de onda que a ciência chama de compreendidas entre 1600 kHz e 30 MHz, que
raios cósmicos secundários, por se acreditar que correspondem à faixa de ondas curtas. Nessa
sejam encontrados nos espaços interplanetários. importante parte das ondas de rádio estão
Isso é tudo que se sabe a respeito dos mesmos localizadas as radiodifusoras internacionais (nas
até hoje. faixas de 49, 31, 25, 16 e 13 metros), bem como

18-11
as radiodifusoras das chamadas “faixas No quinto bloco temos as freqüências
tropicais” (90 e 60 metros). Também na faixa de compreendidas entre 300 e 3.000 MHz, que
ondas curtas estão localizadas diversas faixas correspondem à faixa de freqüências ultra-
destinadas às comunicações entre radio- elevadas (UHF).
amadores (160, 80, 40, 20, 15, 11 e 10 metros). Esta faixa compreende radio-
Além disso, localizam-se também nessa faixa comunicações em geral, radioamadores,
inúmeros outros serviços de radiocomunicações, estações repetidoras, emissoras de TV em UHF,
tanto governamentais como de empresas radares, radioastronomia, etc.
privadas, operando em fonia, telegrafia e No sexto e último bloco estão as
teletipo. freqüências compreendidas entre 3.000 e
No quarto bloco estão as freqüências 300.000 MHz, que abrangem freqüências super-
compreendidas entre 30 MHz e 300 MHz, que elevadas (SHF de 3.000 a 300.000 MHz) e
correspondem à faixa de freqüências muito freqüências extremamente elevadas (EHF de
elevadas (VHF). Nesta faixa temos as emissoras 30.000 a 300.000 MHz), que correspondem à
de TV em VHF, radiodifusão em FM, além de faixa de microondas.
diversos sistemas de radiocomunicação ( radio- Estas faixas compreendem sistemas de
amadores, aeronáutica, polícia, serviços rastreamento de satélites artificiais, telemetria,
públicos, etc.). sistemas de radioenlaces, etc.

FAIXA DE DESIGNAÇÃO DESIGNAÇÃO EXEMPLOS DE


FREQUÊNCIA TÉCNICA LEIGA UTILIZAÇÃO
300 Hz a Ondas Extremamente
E. L. F.
3000 Hz Longas Comunicação para submarinos, para
3 KHz a escavação de minas e etc.
V. L. F. Ondas Muito Longas
30 KHz
30 KHz a
L. F. Ondas Longas
300 KHz Auxílio à navegação aérea, serviços
300 KHz a marítimos, radiodifusão local.
M. F. Ondas Médias
3000 KHz
3 MHz a Ondas Tropicais Radiodifusão local e distante, serviços
H. F.
30 MHz Ondas Curtas marítimos (Estações Costeiras).
30 MHz a Transmissão de TV, sistemas comerciais e
V. H. F.
300 MHz particulares de comunicação, serviços de
300 MHz a segurança pública (poli-cia, bombeiros, etc).
U. H. F.
3000 MHz
3 GHz a Comunicação pública à longa distância:
S. H. F. sistemas interurbanos e internacionais em
30 GHz
30 GHz a radiovisibilidade, tropodifusão e satélite.
E. H. F.
300 GHz
E.L.F. - Extremely Low Frequency V.H.F. - Very High Frequency
V.L.F. - Very Low Frequency U.H.F. - Ultra High Frequency
L.F. - Low Frequency S.H.F. - Super High Frequency
M.F. - Medium Frequency E.H.F. - Extremely High Frequency
H.F. - High Frequency

Figura 18-19 Classificação de sistemas rádio

Principais sistemas de radiocomunicações emitido pela antena de um radiotransmissor é


usualmente, chamado de “Onda Portadora”.
Num transmissor de onda contínua o Convém salientar que a onda portadora
sinal de saída possui sua amplitude uniforme em não é a mensagem propriamente dita, mas sim o
todos os ciclos. “veículo” que leva tal mensagem para um ponto
Um sinal de RF desse tipo, por si só, não distante.
contém nenhuma informação útil. Entretanto é Nas últimas décadas foram
possível introduzir-lhe certas “modificações”, desenvolvidas inúmeras técnicas para
tornando-o capaz de “transportar” uma “modificar” uma onda portadora, a fim de que
mensagem; por este motivo, o sinal de RF ela possa transportar uma informação útil. Cada

18-12
uma dessas técnicas caracteriza os diversos Devido às suas excelentes caracte-
sistemas de radiocomunicações atualmente em rísticas, ele é usado em larga escala pelas
uso, entre os quais iremos estudar os seguintes estações de radioamadores, estações de grupos
sistemas: comerciais, pelos serviços de utilidade pública,
etc.
Radiotelegrafia ( ou CW)
Modulação em Amplitude (ou AM) Transmissão de uma onda contínua manipulada
Modulação em Frequência (ou FM)
Banda Lateral Única (ou SSB)

No Sistema de Radiotelegrafia, a
mensagem é transmitida sob a forma de um
código pré-estabelecido.
Este tipo de transmissão (talvez o mais
eficiente e seguro) é utilizado nas comunicações
entre estações de radioamadores, nas
comunicações entre estações de grupos Figura 18-20 Transmissão por onda contínua
comerciais (bancos, empresas de transporte
aéreo e marítimo), pelos correios, etc. No sistema de radiotelegrafia existem
No Sistema de Modulação em vários métodos para se transmitir uma
Amplitude ou Sistema de Amplitude Modulada mensagem sob a forma de código.
(AM), a técnica empregada consiste em fazer O mais usado na prática consiste em
com que a amplitude da onda portadora (sinal interromper-se a portadora de RF (onda
de RF) varie no mesmo ritmo da amplitude do contínua) durante intervalos de tempo regulares,
sinal correspondente à informação (ou seguindo um código convencional.
mensagem)que se quer transmitir. Aqui, a Esse método é denominado
frequência da portadora não varia. Este tipo de “Manipulação da portadora”, e neste tipo de
transmissão é largamente adotado pelas transmissão utiliza-se o “Código Telegráfico
emissoras de radiodifusão (Broadcasting), nas Internacional”, também conhecido por “Código
faixas de ondas médias e ondas curtas, sendo Morse”, em homenagem ao cientista que o
também utilizado nas comunicações entre idealizou, o físico norte-americano Samuel
estações de radioamadores, estações comerciais, Morse.
etc. No código Morse, cada letra do alfabeto
No Sistema de Modulação em (A, B, C,...X, Y, Z), cada algarismo arábico (0,
Frequência ou Sistema de Frequência Modulada 1, 2,...7, 8, 9) e cada símbolo de pontuação
(FM), a técnica utilizada consiste em fazer com (vírgula, ponto de interrogação, ponto de
que a frequência da onda portadora sofra exclamação, etc.) são representados por uma
deslocamentos num e noutro sentido, num ritmo combinação adequada de Traços e Pontos.
igual à frequência do sinal correspondente à A título de ilustração, mencionamos que
informação que se quer transmitir. Aqui, a a letra “C” é representada por um traço, um
amplitude da portadora não varia. ponto, um traço e um ponto, nessa sequência, ou
Este tipo de transmissão é adotado pelas seja: _ . _ .
estações de radiodifusão que transmitem música Para se transmitir uma mensagem em
em alta fidelidade (transmissões monofônicas e código Morse, os traços e os pontos são
estereofônicas). emitidos sob a forma de grupos de ciclos (ou
Ele também é utilizado nas “trens de ondas”) com diferentes durações.
comunicações de grandes responsabilidades Os pontos correspondem a um grupo de
como nos serviços de utilidade pública (corpo ciclos com pequena duração, enquanto que os
de bombeiros, ambulâncias, radiopatrulhas, etc.) traços correspondem a um grupo de ciclos com
entre aviões e a torre de controle dos aeroportos, longa duração (três vezes maior que a dos
etc. pontos). Deste modo, combinando-se grupos de
O Sistema de Banda Lateral Única pequena duração e de longa duração, é possível
(SSB) é uma variante do AM. transmitir-se letras, algarismos e símbolos de

18-13
pontuação, de modo a se formar palavras, Transmissor básico de CW – Na figura 18-21
frases, etc. temos o diagrama em blocos, simplificado de
um transmissor de CW.

Figura 18-21 Diagrama de um transmissor de CW

Para se produzir os grupos de ciclos com do sinal RF irradiado pela antena do


longa ou curta duração, utiliza-se um interruptor transmissor.
especial chamado “Manipulador ou Chave
Telegráfica”. Modulação de Amplitude (AM) – Uma onda de
Quando o braço do manipulador é RF (onda contínua), cujas amplitude e
pressionado para baixo, os seus contatos se frequência não variam nos ciclos sucessivos,
fecham e o transmissor irradia a portadora de chama-se “Onda portadora não modulada”.
RF. Dosando-se os intervalos de tempo durante Para se transmitir uma mensagem útil,
os quais os contatos do manipulador vimos que é preciso “modificar” essa onda
permanecem abertos ou fechados, é possível portadora.
transmitir-se uma mensagem em código Morse. Por exemplo, podemos interrompe-la
Na figura 18-21 também são mostradas a durante intervalos de tempo regulares, tal como
forma de onda do sinal produzido pelo oscilador se faz nas transmissões em código Morse (ou
de RF (onda contínua pura) e a forma de onda CW); a figura 18-22 ilustra este processo.

Figura 18-22 Transmissão de AM

18-14
Se quisermos transmitir, pelo rádio, os humana ou pelos instrumentos musicais estão na
sons da voz humana ou da música, deveremos faixa das “Freqüências Audíveis” ou
“modular” a onda portadora de RF. Há várias “Áudiofrequências (AF)”. Essa faixa
técnicas usadas na “modulação” de uma onda compreende as freqüências que vão desde 16 Hz
portadora. Primeiramente estudaremos o até 20 kHz (ou 20.000 Hz).
processo da “Modulação em Amplitude”, ou Vamos imaginar que queremos
simplesmente AM (do inglês Amplitude transmitir uma nota musical de 2 kHz,
Modulation). produzida por um piano. Para isso, em primeiro
A técnica utilizada no AM consiste em lugar deveremos transformar as vibrações
fazer com que a amplitude da onda portadora sonoras, produzidas pelo piano, num sinal
varie na mesma cadência da amplitude do sinal elétrico de mesma frequência (2 kHz, nesse
que se quer transmitir. Por outro lado, a exemplo), o que será feito utilizando-se um
frequência da onda portadora não se altera microfone.
durante a modulação. Como sabemos, os sons O processo da modulação em amplitude
(vibrações mecânicas) produzidos pela voz está ilustrado na figura 18-23.

Figura 18-23 Processo da modulação em amplitude

Em “A” temos a forma de onda do sinal AF” ou “envolventes de modulação” e sua


de AF (2 kHz), fornecido pelo microfone. Em forma de onda é a mesma do sinal modulador
“B” temos a forma de onda da portadora não (sinal de AF).
modulada; este sinal é produzido por um Em resumo, o processo da modulação
oscilador de RF. Como o sinal de AF “modula” em amplitude consiste em “misturar” ou
o sinal de RF, ele é denominado de “sinal “combinar” o sinal de RF com o sinal de “AF”,
modulador”. Em “C” temos a forma de onda da num dispositivo eletrônico de características não
portadora de RF (700 kHz) modulada em lineares, ao qual damos o nome de “Modulador
amplitude pelo sinal de AF (sinal modulador). de AM”.
Observe que a amplitude da portadora Mais uma vez convém salientar que, no
modulada (figura “C”) varia de ciclo para ciclo, AM, a frequência da portadora modulada
sendo que esta variação é comandada pelo sinal permanece constante (não varia) durante a
modulador de AF. modulação. Como essa frequência é bastante
Na figura “C”, as linhas interrompidas elevada (700 kHz, no exemplo dado), o sinal de
(ou tracejadas) denominam-se “envoltórias de RF modulado em amplitude, irá propagar-se

18-15
facilmente através do espaço, podendo ser Em outras palavras, quando um sinal de
captado pela antena de um receptor situado a RF é modulado em amplitude por um sinal de
milhares de quilômetros do transmissor. AF, além da portadora de 700 kHz, em nosso
As envoltórias do sinal de RF, exemplo (figura 18-24 C), pela antena do
modulado, terão a mesma forma de onda do transmissor também são irradiados outro a dois
sinal modulador. sinais de RF: um deles terá frequência igual à
Na figura 18-24 A, reproduzimos soma das freqüências dos sinais dos sinais de
novamente a forma de onda de um sinal de RF RF e AF, isto é, 700 kHz + 2 kHz = 702 kHz,
(700 kHz), modulado em amplitude por um que é chamada “Frequência Lateral Superior”
sinal de AF (2 kHz). (por ser maior que a frequência da portadora); o
Se fizermos uma análise mais profunda outro sinal terá frequência igual à diferença
desse sinal de RF modulado, iremos verificar entre as freqüências dos sinais de RF e AF, isto
que ele corresponde à soma de três outros sinais é 700 kHz – 2 kHz = 698 kHz, que é chamada
de RF, os quais possuem amplitudes constantes “Frequência Lateral Inferior”(por ser menor que
e freqüências iguais a: 700 kHz (frequência a frequência da portadora). Esses dois sinais
central), 702 kHz (frequência soma), e 698 kHz estão representados na figura 18-24 B e D,
(frequência diferença). respectivamente.

Figura 18-24 Forma de onda de um sinal RF

Uma outra maneira de representar o 4 kHz, as freqüências laterais (inferior e


fenômeno da modulação em amplitude, descrito superior) seriam 696 kHz e 704 kHz,
anteriormente, consiste no chamado “Espectro respectivamente.
de freqüências” tal como ilustra a figura 18-25.
Num eixo horizontal são marcadas as
freqüências dos sinais de RF;
perpendicularmente a esse eixo e através de
pequenos segmentos de reta são indicadas as
amplitudes relativas dos sinais de RF.
Observando o espectro de freqüências da
figura 18-25, é fácil notar que quanto maior a Figura 18-25 Espectro de freqüências
frequência do sinal modulador tanto maior será Modulação em SSB – Conforme estudado
o afastamento das freqüências laterais em previamente, os componentes de um sinal de
relação à frequência central. Por exemplo, se a amplitude modulada padrão, são a portadora e
frequência do sinal modulador fosse igual a duas freqüências laterais, espaçadas acima e

18-16
abaixo da portadora numa quantidade igual a -Largura da faixa.
frequência do sinal de modulação. -Potência de sinal modulante.
Os sinais de amplitude modulada -Sigilo nas comunicações.
utilizados em “Broadcasting” padrão requerem -“Fading” seletivo.
uma faixa de passagem de 10 kHz, ou seja, Como desvantagens podemos citar:
admite uma frequência de áudio para modulação -Usa filtros especiais tornando mais caro
de no máximo 5 kHz, enquanto que os sinais de o equipamento.
comunicação tanto militares como comerciais -Utiliza modulador e demodulador
possuem uma faixa de passagem de 6 kHz. especiais.
As freqüências laterais que são -Necessita de oscilador com alta
produzidas pelo processo de modulação em estabilidade
amplitude, são na realidade imagens refletidas
de si mesmas, e qualquer das duas pode ser
modulada para obter a informação transmitida.
Admitindo-se uma frequência portadora
de 100 kHz e a informação modulante (voz) de
300 a 3.000 Hz, a largura de faixa total do
sistema que opera com as duas faixas laterais
será de 6.000 Hz, ou seja, duas vezes a maior
frequência de modulação.
Com os mesmos sinais de portadora e
modulação, a largura da faixa do sistema SSB é
de apenas 3.000Hz, pois neste levando-se em
conta que as bandas laterais possuem as mesmas
informações e que a portadora não transporta
mensagem alguma, transmite-se apenas uma das
bandas laterais.
Com a diminuição da largura de faixa
total em SSB para a metade da largura de faixa
do AM convencional, é possível aumentar para
o dobro o número de canais utilizados dentro de Figura 18-26 Comparação entre os espectros de
uma mesma faixa de frequência. A figura 18-26 freqüência do AM e do SSB
mostra a comparação entre os espectros de
frequência do AM convencional e do SSB. Modulação de freqüência (FM) – No sistema de
Das vantagens que um sistema SSB AM, vimos que a amplitude da onda portadora
oferece em relação a um sistema AM modulada variava de acordo com a amplitude do
destacamos: sinal modulador.
-Economia de potência.

Figura 18-27 Transmissão de FM

18-17
Quanto maior (dentro de certos limites) a sistema, a amplitude da portadora de RF
amplitude do sinal modulador, tanto maior era a permanece constante durante a modulação,
amplitude da onda portadora modulada. Por enquanto que a sua frequência sobre
outro lado, durante a modulação, a freqüência deslocamentos (para mais e para menos)
daquela portadora permanecia constante (não proporcionalmente à amplitude do sinal
variava). modulador.
Já no sistema de modulação em Para entendermos melhor o processo de
frequência (FM), podemos dizer que as coisas modulação em frequência, vamos analisar a
acontecem exatamente ao contrário. Neste figura 18-28.

Figura 18-28 Modulação em freqüência

Em “A” temos a forma de onda da Se a frequência do sinal modulador for


portadora não modulada (sinal de RF); em “B” de 1 kHz (ou 1000Hz), então a frequência da
temos a forma de onda do sinal modulador(sinal portadora de RF modulada irá aumentar e
de AF) e, finalmente, em “C” podemos observar diminuir do sinal modulador de AF, na razão de
a forma de onda da portadora modulada em 1.000 vezes por segundo.
frequência. Esses “desvios” de frequência, como
Observe que o aumento e a redução da vemos, ocorrem sempre em relação a frequência
frequência da portadora de RF depende da da portadora não modulada.
amplitude do sinal modulador.
Durante os semiciclos positivos do sinal PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ELETRO-
modulador ocorre um aumento na frequência da MAGNÉTICAS E ANTENAS
portadora de RF, enquanto que, durante os
semiciclos negativos do sinal modulador ocorre A função de uma antena é a irradiação
uma diminuição na frequência da portadora de de energia eletromagnética no espaço. Após sua
RF (Figura 18-28 C). irradiação pela antena, a energia se propaga
Por outro lado, a amplitude da portadora através do espaço até ser captada por uma
de RF não varia. antena receptora ou ser refletida por um objeto,
A “velocidade” com que a frequência da como acontece com o radar.
portadora de RF varia (para mais ou para É importante conhecer o que acontece a
menos) depende da frequência do sinal uma onda irradiada (sua trajetória, se é
modulador: quanto maior a frequência do sinal absorvida pelo solo, se é refletida pela
modulador de AF, tanto mais rapidamente irá atmosfera, etc.) para saber a distância que a
variar a frequência da portadora de RF onda é capaz de percorrer antes de ser captada.
modulada. O estudo do que acontece a uma onda

18-18
eletromagnética, após deixar a antena, é que deixam a antena em um ângulo maior do
chamado “propagação das ondas”. que o formado pela antena e o horizonte são as
Quando uma onda irradiada deixa a “ondas celestes” ou “ionosféricas”.
antena, parte da energia se propaga pelo solo, A onda terrestre, as ondas
acompanhando a curvatura da terra e é chamada espaciais e as ondas ionosféricas contêm a
“onda terrestre”. O resto da energia é irradiado informação transmitida. Entretanto, em certas
pelo espaço em todas as direções. As ondas que freqüências uma dessas ondas será muito mais
atingem o solo entre o transmissor e o horizonte eficiente na transmissão da informação do que
recebem o nome de “ondas espaciais”. As ondas as outras.

Figura 18-29 Componentes de uma onda irradiada

Na transmissão de freqüências Contudo, abaixo de certa frequência


relativamente baixas, a maior parte da energia crítica a onda ionosférica não se propaga em
irradiada está na onda terrestre. Como o solo é linha reta, e sim se dobra nas camadas
um mau condutor, a onda terrestre é atenuada superiores da atmosfera, voltando à terra. Esta
rapidamente e, portanto, não é eficaz para onda não é propriamente refletida, como
transmissão a grandes distâncias a não ser que acontece, à luz quando incide em um espelho.
se utilize muita potência. As estações de rádio Ela é dobrada gradualmente, descrevendo uma
locais são exemplos de transmissão por meio de curva, e é, portanto, chamada “onda refratada”.
ondas terrestres. Nas freqüências em apreço, a Esta onda assim que volta à terra, é refletida
irradiação efetiva está limitada a um raio de outra vez para o espaço, onde, novamente, é
cerca de 200 quilômetros do transmissor. Em refratada e retorna à terra. Este processo de
consequência, transmissores em cidades refração da atmosfera e reflexão da terra
separadas por mais de 200 quilômetros de continua até que a atenuação completa da onda,
distância podem transmitir na mesma pois a energia de uma onda irradiada diminui à
frequência, sem interferência mútua. medida que aumenta a distância percorrida
desde a antena transmissora.
Ondas ionosféricas, espaciais e terrestres Uma antena receptora poderá captar o
sinal em qualquer local que incidam as ondas
À primeira vista, poderia parecer que as refratadas. Se as ondas ionosféricas fossem
ondas ionosféricas não têm utilidade, irradiadas para as altas camadas da atmosfera
propagando-se em linha reta e perdendo-se no em um único ângulo, não haveria sinal entre os
espaço. Isto realmente pode acontecer com pontos de incidência da onda refratada com a
freqüências muito altas e, portanto, neste caso a terra. Contudo, as ondas ionosféricas são
onda ionosférica se perderá. irradiadas em todos os ângulos e, assim, a
superfície terrestre (além de uma certa distância

18-19
mínima da antena) é totalmente coberta por máxima distância de irradiação efetiva da onda
sinais de rádio. terrestre e o ponto em que a primeira onda
Com o crescimento do ângulo de ionosférica volta à terra é uma área sem sinais
irradiação, chega-se a um ângulo em que a onda de rádio chamada “Zona de Silêncio”.
deixa de ser refratada e continua a se propagar A freqüência crítica, isto é, a freqüência
pelo espaço. Em consequência, há uma zona em acima da qual não há retorno das ondas
torno da antena que não é alcançada por ondas ionosféricas, depende de numerosos fatores, tais
refratadas. como a hora do dia, a época do ano, as
A onda terrestre só é eficiente para condições meteorológicas, etc.
pequenas distâncias. Portanto, a zona entre a

Figura 18-30 Ondas ionosféricas, espaciais e terrestres

Como resultado, algumas vezes são freqüências elevadas, a onda terrestre é atenuada
estabelecidas comunicações a grandes rapidamente e a onda ionosférica não sofre
distâncias, por meio de freqüências que refração e não volta à terra.
normalmente não apresentam ondas de retorno. Como resultado, a única onda irradiada
que pode ser usada para transmissão nessas
Ondas diretas e desvanecimento (“*Fading”) freqüências é a que se propaga em linha reta da
antena transmissora para a receptora. Este tipo
Em freqüências superiores à frequência de transmissão é chamado “Transmissão de
crítica, a onda terrestre e a onda ionosférica não horizonte ótico”, e a onda irradiada é uma “onda
podem ser usadas para transmissão. Nessas direta”.

Figura 18-31 Transmissão de horizonte ótico

18-20
Este sistema de transmissão é usado em mesma antena transmissora e que percorreram
radar para a detecção de aviões e na caminhos diferentes, por exemplo: um sinal
comunicação entre navio e avião. pode ser recebido diretamente da antena
As freqüências usadas são geralmente transmissora e o outro ser refletido por um
superiores a 30 MHz. Às vezes, uma antena objeto, digamos um avião.
receptora capta dois sinais provenientes da

Figura 18-32 Desvanecimento

peculiar de se propagar através do espaço sem o


Como o comprimento relativo dos caminhos auxílio de fios.
está variando constantemente, os dois sinais ora Todas as antenas funcionam segundo o
estarão em fase, ora defasados, e haverá a mesmo princípio – a corrente na antena cria um
tendência de um anular ou reforçar o outro. O campo eletromagnético que deixa a antena e se
resultado é uma variação na intensidade do sinal propaga sob a forma de uma onda
que chega ao receptor, denominada eletromagnética..
desvanecimento (“Fading”). Estudaremos agora as antenas projetadas
para transmissão.
FINALIDADE DE UMA ANTENA As antenas transmissoras trabalham em
freqüências muito mais elevadas do que as da
A finalidade de uma antena transmissora rede de distribuição industrial, e atuam com
é converter a energia entregue à linha de muito maior eficiência (quanto à irradiação).
transmissão em uma onda chamada “onda Contudo, é sempre a corrente na antena
eletromagnética”. Esta onda tem a propriedade que produz o campo eletromagnético a ser
irradiado.

Figura 18-33 Antena transmissora

18-21
Você pode observar um exemplo O que realmente acontece é que o seu
interessante da ação de uma antena, tocando corpo capta ondas eletromagnéticas de 60 Hz
com o dedo o terminal de entrada vertical de um que são irradiadas pelas redes que conduzem
osciloscópio. correntes de 60 Hz.
Você verá na tela do aparelho uma forma Estas linhas agem como antenas
de onda de 60 Hz, que, evidentemente, provém transmissoras, embora não sejam projetadas
do seu corpo. para a finalidade em apreço.

Figura 18-34 Teste de captação de energia pelo próprio corpo

Funcionamento da antena comprimento de onda do extremo aberto, forma-


se uma antena simples conhecida como “Dipolo
Quando os fios de uma linha de de meia onda” (“doublet”) ou “Antena Hertz”.
transmissão aberta são dobrados em ângulo reto A distribuição de tensão e corrente na
com a linha, em um ponto distante um quarto de antena é igual à da linha de transmissão original.

Figura 18-35 Antena dipolo de meia onda

Embora os potenciais de dois pontos potenciais têm amplitudes iguais e polaridade


quaisquer dos fios da antena (e também da linha opostas. O mesmo é válido para a corrente.
de transmissão), eqüidistantes dos extremos Portanto, para indicar a polaridade e a amplitude
tenham amplitudes iguais, suas polaridades são nos fios que compõem a linha de transmissão e
opostas, tal como acontece com os extremos de a antena, as formas de onda são desenhadas
um enrolamento de transformador, cujos conforme a figura 18-36.

18-22
Figura 18-36 Formas de onda mostrando a polaridade e a amplitude

Observe que as ondas estacionárias de perpendicular à direção da corrente e, portanto,


tensão e de corrente indicam que os extremos da à antena.
antena são pontos de tensão máxima e de
corrente mínima, enquanto que no centro da
antena a corrente é máxima e a tensão é mínima.
Sempre que há uma diferença de
potencial entre dois pontos, estabelece-se um
campo elétrico entre eles. Você aprendeu em
Eletricidade básica que, quando um capacitor se
carrega, uma placa fica positiva e a outra
negativa. Em consequência, estabelece-se um
campo elétrico entre as placas do capacitor, no
sentido da placa carregada positivamente, de
acordo com a figura 18-37. Da mesma forma, a
diferença de potencial entre os dois fios de uma Figura 18-38 Campo magnético em torno de
antena também gera um campo elétrico com a uma antena
forma e o sentido mostrados abaixo.
Os campos elétrico e magnético são, assim,
perpendiculares.
O campo elétrico e o magnético se
alternam em torno da antena, crescendo,
atingindo o valor máximo, entrando em colapso
e crescendo novamente em sentido oposto, na
mesma frequência da corrente da antena.
Neste processo de crescimento e de
extinção, estes campos dão origem às ondas
eletromagnéticas que se propagam através do
espaço, conduzindo a informação transmitida
aos receptores distantes.

ANTENAS BÁSICAS

O dipolo de meia onda ou antena Hertz é


um tipo de antena básica de ampla aplicação em
Figura 18-37 Campo elétrico em torno de uma muitos tipos de equipamentos transmissores e
antena receptores.
Outra antena básica é a vertical de um
Além deste campo elétrico, há também quarto de onda com extremo ligado à terra
um campo magnético gerado pela corrente na (massa), também conhecida como “Antena
antena. O plano deste campo magnético é Marconi”. Se um dos elementos de uma antena

18-23
Hertz for removido e o fio que estava preso a quarto de onda restante formam efetivamente
ele for ligado à terra, o resultado será uma um dipolo de meia onda.
antena Marconi. Realmente a antena toma o A figura 18-39 mostra os pontos de
lugar de um dos elementos de um quarto de corrente máxima e tensão mínima na base da
onda, de modo que a terra e o elemento de um antena.

Figura 18-39 Antenas básicas

Quando se usa uma antena Marconi, o Resistência de irradiação


solo diretamente sob a antena deve ser um bom
condutor elétrico. Algumas vezes são enterrados Em uma antena dipolo de meia onda, a
tubos de cobre na base da antena para melhorar tensão no centro é mínima (praticamente nula),
a condutividade do solo. enquanto que a corrente é máxima.
Nos navios, uma antena vertical de um Você deve lembrar que a tensão no
quarto de onda pode ficar um pouco acima do circuito em série de ressonância é mínima
convés. Pode-se simular uma terra com quando a corrente através dele é máxima. Em
vergalhões metálicos ligados à massa, pelo seu centro, um dipolo de meia onda equivale a
menos com um comprimento de um quarto de um circuito ressonante em série, quando opera
onda, colocados na base da antena. Esta terra na frequência correta.
simulada é chamada “Plano de terra” Um gerador que fornece energia a um
(antigamente chamava-se “contrapeso”). circuito ressonante em série trabalha com
Como uma antena dipolo de um quarto resistência pura, pois XL e XC se anulam – a
de onda tem fisicamente a metade do resistência é, praticamente a oferecida pelo fio
comprimento de uma antena de meia onda da bobina.
ligada à terra, é quase sempre preferida nas Da mesma forma, quando um dipolo de
baixas freqüências (grandes comprimentos de meia onda é ligado a uma linha de transmissão,
onda), especialmente quando há limitações de ela trabalha com resistência pura. Esta
espaço para a montagem da antena. resistência compreende a resistência do fio e a
Nas altas freqüências, o dipolo de meio chamada “resistência de irradiação”.
comprimento de onda é amplamente usado A resistência do fio é desprezível, e,
porque, embora seja maior do que a antena de assim, só se considera a resistência de
um quarto de onda, seu comprimento total será irradiação.
pequeno, e ele pode ser feito de tubos metálicos Entretanto, a resistência de irradiação
auto-sustentáveis. não é uma resistência real.

18-24
Quando a frequência do transmissor se
eleva, a antena torna-se maior do que meio
comprimento de onda. O circuito em série está,
então, operando em uma frequência superior à
sua frequência de ressonância. Nesta frequência
Figura 18-40 Resistência de irradiação aplicada, a reatância indutiva é maior do que a
reatância capacitiva e a antena é “vista” pelo
É, antes, uma resistência equivalente transmissor como uma carga “indutiva”.
que, se fosse ligada em lugar da antena,
dissiparia a mesma quantidade de energia que a
antena irradia pelo espaço.
O valor da resistência de irradiação pode
ser determinado com a fórmula de potência R =
P/I2, onde “P” é a energia irradiada pela antena Figura 18-43 Dipolo Maior, visto como Indutivo
e “I” é igual à intensidade da corrente no centro
da antena. Quando a frequência do transmissor é
Para um dipolo de meia onda, a reduzida, a antena torna-se ligeiramente menor
resistência de irradiação é de aproximadamente do que meio comprimento de onda. O circuito
73 Ohms, medida no centro da antena. em série está, então, operando em uma
Este valor é praticamente constante para frequência inferior à sua frequência de
dipolos de meia onda trabalhando em qualquer ressonância.
freqüência. A reatância capacitiva é maior do que a
reatância indutiva e a antena é “vista” pelo
transmissor como uma carga “capacitiva”.

Figura 18-41 Resistência de irradiação

Impedância da antena Figura 18-44 Dipolo Menor, visto como


Capacitivo
Como um dipolo de meia onda atua
como um circuito ressonante em série, ele pode Sintonia da antena
apresentar propriedades indutivas ou
capacitivas, à medida que varia a frequência da Você aprendeu que quando a frequência
R.F. aplicada à antena. do transmissor varia, também variam o
Quando a frequência da R.F. é a correta, comprimento elétrico da antena e a impedância
o dipolo tem exatamente meio comprimento de em sua entrada.
onda e é ressonante em série: sua impedância é Você também sabe que é desejável que a
puramente resistiva e igual à resistência de impedância da antena seja resistiva para todas as
irradiação. freqüências do transmissor (para o máximo de
Em transmissão, sempre é desejável que energia irradiada), e, para tanto, a antena pode
a antena ofereça uma carga resistiva à linha de ser posta em ressonância pela adição de
transmissão, de modo que o máximo de energia indutores ou capacitores para efetivamente
seja absorvido e irradiado pela antena. aumentar ou diminuir o seu comprimento
elétrico.
Por exemplo, se uma antena vertical de
quarto de onda, com extremo à terra, for mais
curta do que um quarto de comprimento de
onda, a impedância de entrada em sua base será
resistiva e capacitiva.
O comprimento da antena pode ser
Figura 18-42 Irradiação máxima de energia aumentado eletricamente (para torna-la

18-25
ressonante) pela adição de um indutor com o O indutor deve ser ligado em série com a
valor correto para anular o efeito da antena, em sua base, de acordo com a figura 18-
capacitância, tornando a antena resistiva. 45.

Figura 18-45 Sintonizando uma antena Marconi

Se uma antena vertical de quarto de comprimento elétrico da antena pode ser


onda, com extremo à terra, tiver comprimento diminuído com um capacitor de valor adequado,
maior do que um quarto de onda, a impedância para anular o efeito da indutância, tornando a
de entrada na base será resistiva e indutiva. O antena resistiva.

Figura 18-46 Anulando o efeito da indutância

Os transceptores usados nas comuni- A antena é considerada direcional ao


cações podem fazer uso de acopladores longo da linha de irradiação mais intensa, que é
automáticos de antena que fornecem o perpendicular à parte de corrente máxima na
casamento automático de impedância da antena antena. Se estas leituras forem usadas para fazer
com a saída do transmissor. um gráfico em três dimensões, as curvas obtidas
constituirão o diagrama de irradiação da antena.
Diagrama de irradiação O diagrama de irradiação de um dipolo de meia
onda disposta horizontalmente tem o formato
Quando uma antena irradia ondas mostrado na figura 18-47.
eletromagnéticas, a irradiação é mais forte em Observe que a parte mais espessa do
algumas direções do que em outras. diagrama está em um plano perpendicular ao
centro da antena. Neste plano ocorre o máximo

18-26
de irradiação. A parte mais delgada do diagrama Girando-se a antena 90 graus, em um
está ao longo do seu eixo que corresponde à plano vertical, a irradiação máxima tem lugar
linha de irradiação máxima. em um plano horizontal.

Figura 18-47 Diagrama de irradiação do dipolo de meia onda

A figura 18-47 ilustra o caso em que a


antena está isolada no espaço, afastada da terra.
Na prática, a antena fica próxima do solo, de
modo que o padrão de irradiação se altera
apreciavelmente.

Diagramas polares

A variação da intensidade de um sinal ao


redor da antena pode ser representada
graficamente por meio dos diagramas polares
como na figura 18-48.
A distância zero se supõe encontrar no
centro do gráfico que indica o centro da antena e
as circunferências dos círculos tangentes se
expressam em graus.
Os valores calculados ou medidos de
intensidade de campo podem ser representados
radialmente numa forma que mostra tanto a
magnitude como a direção para determinada
distância a partir da antena.
As intensidades de campo no plano Figura 18-48 Diagramas polares
vertical se representam sobre diagramas polares
semicirculares (não indicados na figura) e são A figura 18-49 apresenta alguns tipos de
conhecidos como “diagramas polares verticais”. antenas usadas em aeronaves.

18-27
Figura 18-49 Tipos de antenas de aeronaves

SISTEMAS DE INTERCOMUNICAÇÃO 3 – Dois interruptores PTT / HOT MIC,


instalados nos manches.
4 – Fones e “Jack” de fones, instalados nos
Sistema integrado de áudio consoles laterais e dois alto-falantes, instalados
no teto da cabine de comando.
O sistema integrado de áudio tem as
seguintes finalidades: selecionar, amplificar e Painel de controle de áudio (ACP) – Os painéis
distribuir os sinais de áudio, dos receptores, aos de controle de áudio, um localizado no lado
fones e alto-falantes; comunicação entre a esquerdo do painel de instrumentos (piloto) e o
cabine de comando e equipes de manutenção, outro localizado no lado direito (co-piloto),
através do interfone de rampa; comunicação proporcionam, independentemente, as seguintes
entre os tripulantes, através do interfone de finalidades:
cabine, comunicação entre tripulantes e
passageiros, controle do nível dos sinais de a) Teclas seletoras de microfone.
áudio, interconexão do microfone com os b) Botões de áudio dos receptores.
transmissores, apresentação simultânea de c) Botão seletor de sensibilidade do Marker
alarmes sonoros com o sistema geral de alarmes Beacon.
e fornecimento de sinais de áudio para o d) Botão de filtro.
gravador de voz da cabine. e) Botão seletor de microfone e controle de
volume principal.
Descrição e localização dos componentes: f) Botões seletores dos receptores de
1 – Dois painéis de controle de áudio (CP) Marker Beacon.
instalados no painel principal e mais um g) Botão de seleção do modo automático.
opcional. h) Botão do modo emergência.
2 – Uma unidade eletrônica remota (VER), i) Botão dos alto-falantes.
instalada no compartimento eletrônico. j) Botão de chamada da atendente.

18-28
Figura 18-50 Sistema integrado de áudio

18-29
Figura 18-51 Localização dos componentes do sistema integrado de áudio

18-30
a)Teclas Seletoras de Microfone O botão externo é do tipo rotativo, para
Localizadas ao longo da parte superior do seleção do microfone da máscara de oxigênio ou
painel, são teclas do tipo INTERLOCK e microfone labial.
permitem a seleção das seguintes funções: O botão interno é um potenciômetro para
VHF1, VHF2, VHF3, HF, CABIN, CKPT o controle principal de volume.
RAMP e PAX ADDRS.
Quando pressionada, cada tecla atua do f) Botões Seletores dos Receptores do Marker
seguinte modo: Beacon
- VHF1: O microfone é conectado ao VHF1. Localizados na parte inferior do painel
- VHF2: O microfone é conectado ao VHF2. de controle, estes botões são do tipo PUSH-ON
- VHF3: O microfone é conectado ao VHF3. / PUSH-OFF e selecionam o áudio dos
- HF: O microfone é conectado ao HF. receptores Marker 1 e Marker 2.
- CAB: Possibilita a comunicação com a
atendente. g) Botão do Modo Automático (AUTO-SEL)
- CKP RAMP: Possibilita a comunicação com Localizado no lado direito inferior do
o operador de solo. painel de controle, este botão é do tipo PUSH-
- PAX ADDRS: Possibilita a comunicação com ON / PUSH-OFF e, quando pressionado,
a cabine. possibilita a seleção automática do receptor
correspondente ao transmissor selecionado.
b) Botões seletores de Áudio dos receptores Neste caso, somente é possível, o
Localizados na parte central do painel de controle individual de volume, dos receptores.
controle, estes botões são do tipo PULL-ON /
PUSH-OFF (combinado com um supressor de h) Botão do Modo Emergência (EMERG)
ruído) que ligam ou desligam os seguintes Localizado na parte inferior direita do
receptores e controlam seus respectivos sinais painel de controle, este botão do tipo PUSH-ON
de áudio: VHF1, VHF2, DME1, DME2, ADF1, / PUSH-OFF, quando pressionado, em caso de
NAV1, NAV2. Os botões VHF3, HF e ADF2 falha de um canal de áudio, proporciona uma
são opcionais. conexão em paralelo com o outro canal, para os
fones e conexão do microfone para o VHF
c) Botão de sensibilidade do Marker Beacon (VHF1 para o piloto e VHF2 para o lado do co-
Localizado na parte central inferior do piloto).
painel de controle, este botão é do tipo de ação As atuações do botão de emergência em
momentânea e, quando pressionado, permite a ambos os lados (canais) ou a perda de energia
mudança de sensibilidade do receptor de Marker em ambos, proporciona a conexão do microfone
Beacon selecionado. e fones do piloto para o VHF1 e ADF1 e o do
co-piloto para o VHF2 e NAV1.
d) Botão Filtro (FILT)
Localizado na parte central inferior do i) Botão do Alto-falante (SPKR)
apinel de controle, entre os botões seletores de Localizado na parte inferior esquerda do
áudio dos receptores NAV1 e ADF2, este botão painel de controle, este botão, do tipo PUSH-
é do tipo PUSH-ON / PUSH-OFF e, quando ON / PUSH-OFF, quando pressionado, permite
atuado, o sinal de identificação de 1020 Hz, a escuta simultânea dos sinais de áudio, nos
associado aos sinais de NAV e ADF é filtrado, fones e alto-falantes da cabine de comando.
deixando passar somente os sinais de voz.
j) Botão de chamada da Atendente (ATDT
e) Botão Seletor de Microfone e Controle CALL)
Principal de Volume Localizado na parte inferior esquerda do
Localizado na parte central do painel de painel de controle, este botão é de ação
controle, este botão é a combinação de dois momentânea e, quando pressionado, envia um
botões. tom de áudio para a chamada da atendente, à
cabine de comando.

18-31
Figura 18-52 Painel de controle de áudio

Unidade Eletrônica Remota (REU) – A unidade f) - VHF2 ST – Ajusta o nível de SIDETONE


eletrônica remota é a unidade central do sistema do microfone, para o amplificador do fone,
de áudio e possui dis canais idênticos e durante a operação do VHF2.
independentes, um para o piloto e outro para o
co-piloto. Um terceiro canal é agora instalado g) – SPKR ST – Ajusta o nível do SIDETONE,
para o sistema de áudio do observador. do alto-falante da cabine de comando, durante a
Esta unidade possui todos os circuitos, transmissão.
de comutação, necessários para o
funcionamento do sistema.
Todos os ajustes de SIDETONE são
acessíveis pela parte frontal da unidade.
Os controles e ajustes de SIDETONE,
identificados na parte frontal da unidade, são:

a) – PAST – Ajusta o nível de SIDETONE dos


alto-falantes dos passageiros, em função do
áudio do microfone.

b) – INPH ST – Ajusta o nível do SIDETONE


para os fones, durante a operação do interfone.

c) – HS ST – Opcional (Ver ajustes VHF1 /


VHF2).
Figura 18-53 Unidade central do áudio
d) – VHF3 ST – Opcional (Ver ajustes VHF1 /
VHF2). Interruptor PTT / HOT MIC – Os dois
interruptores PTT / HOT MIC, instalados no
e) – VHF1 ST – Ajusta o nível de SIDETONE manche de ambos os postos de pilotagem, são
do microfone, para o amplificador do fone usados para transmissão e intercomunicação
durante a operação do VHF1. entre os pilotos.

18-32
Este interruptor é do tipo deslizante e
possui três posições a saber:
a) – Posição central – o interruptor está
desligado.

b) – Posição PTT – é uma posição momentânea


e possibilita a transmissão em VHF ou HF e a
comunicação entre pilotos.

c) – Posição HOT – é uma posição fixa e


possibilita de maneira contínua acomunicação
entre pilotos.

Figura 18-55 Localização dos alto-falantes da


cabine de comando

Cada painel de controle transmite as


seguintes informações para a unidade eletrônica:
seleção de todos os transmissores, seleção de
todos os interfones, seleção de mensagens aos
passageiros, o controle de volume de todos os
receptores e posições dos interruptores
ON/OFF, seleção do microfone de mão ou da
máscara de oxigênio, controle principal de nível
de volume, seleção da posição filtro, seleção do
Figura 18-54 Interruptor PTT / HOT MIC
MKR1 e MKR2, sensibilidade do Marker
Beacon, seleção de alto-falante e controle da
Fone, Microfone e Alto-falantes – Ambos os
função emergência.
postos de pilotagem possuem um par de fones,
Há outra linha, para cada painel de
um microfone de mão e um microfone instalado
controle de áudio, conectada diretamente à
na máscara de oxigênio.
unidade central de áudio, que permite a ativação
Os “Jacks” estão instalados nos consoles
do gerador de tons a fim de efetuar a função de
laterais. Dois alto-falantes são instalados no teto
chamada da atendente.
da cabine de comando, um em cada posto de
pilotagem, permitindo a recepção de áudio,
Interfone
sempre que desejada.
Dois outros alto-falantes, exclusivos dos
O avião está equipado com um sistema
sistemas de alarme, também são instalados no
de interfone o qual é constituído por quatro
teto da cabine de comando, um em cada posto
modos de operação: Interfone da cabine de
de pilotagem.
comando / rampa, interfone de cabine, interfone
do observador, interfone de cabine de comando.
Operação do sistema – Cada painel de controle
de áudio possui uma linha, conectada à unidade
1) Interfone Cabine de Comando / Rampa -
eletrônica remota, cuja linha envia todas as
É usado para comunicação entre o
informações, sobre as posições dos controles,
operador de solo e a cabine de comando.
para esta unidade (REU).

18-33
2) Interfone de Cabine – É usado para 4) Interfone de Cabine de Comando – É
comunicação entre a cabine de comando parte do sistema integrado de áudio (já
e a atendente e vice-versa. descrito).
3) Interfone do Observador – É usado para
comunicação entre pilotos e observador.

Figura 18-56 Interfone de Cabine de Comando / Rampa

É composto de um painel que contém Neste modo é possível que o piloto ou o


um “Jack” de interfone e um botão de ação co-piloto mantenha uma conversação
momentânea, COCKPIT-CALL, para a simultânea ou não, com o operador de terra,
chamada da cabine de comando. através do HOT-MIC.
Um painel de interfone de rampa,
instalado no lado esquerdo do nariz do avião. Operação do sistema – Quando o interruptor
O interfone cabine de comando / rampa é COCKPIT-CALL é pressionado, no painel de
ativado pela seleção da tecla CKP / RAMP, no controle do interfone de rampa, um tom de
painel de controle de áudio ou através do botão 600Hz, gerado pela unidade eletrônica remota,
COCKPIT-CALL, instalado no painel de será ouvido nos fones e alto falantes da cabine.
interfone de rampa.

18-34
Em seguida o piloto(e ou co- áudio) e posiciona o interruptor PTT / HOT
piloto)pressiona o botão CKPT / RAMP, cuja MIC para HOT MIC, então ele poderá falar com
luminosidade aumenta (no painel de controle de o operador de solo.

Figura 18-57 Painel de interfone de rampa

18-35
Figura 18-58 Sistema de Interfone de Cabine de Comando / Rampa

18-36
Interfone de Cabine – apresentado pelo sistema de endereçamento aos
Este modo possibilita, ao piloto ou co- passageiros.
piloto, falar simultaneamente ou não, com a O interfone de cabine é constituído de:
atendente, através do HOT-MIKE. -Uma unidade central de áudio, instalada no
Quando o modo interfone de cabine é compartimento eletrônico.
ativado a indicação através do anunciador CAB -Um conjunto de interfone da atendente,
é visível simultaneamente em ambos os painéis instalado no lado esquerdo da cabine, atrás do
de controle de áudio e seu sinal sonoro HI-LO é assento do piloto.

Figura 18-59 Localização dos componentes do interfone da cabine de passageiros

A unidade central de áudio recebe sinais comando e para os fones dos pilotos e
do microfone da cabine de comando e da atendente.
estação da atendente e controla os sinais de PTT A unidade possui internamente um
da cabine de comando e da atendente e envia gerador de tons.
sinais para os alto-falantes da cabine de Os tipos de tons gerados e apresentados,
passageiros, SIDETONE de endereçamento aos com o propósito de chamada e endereçamento,
passageiros, sinais sonoros para a cabine de são:

18-37
a) Chamada da atendente, pela cabine de PAX, MUS e botão com a função de PTT,
comando – TOM-HI-LO. localizado no interfone.
b) Chamada da cabine de comando, pela a) Botão CAB – Este botão é responsável pela
atendente – TOM HI-LO. chamada da cabine de comando, através de
c) Chamada para endereçamento aos pas- um sinal HI-LO. Quando pressionado, ele
sageiros – TOM-HI. cicla até que o piloto e/ou co-piloto
d) Aviso – APERTE O CINTO – TOM-LO. selecione o anunciador correspondente.
e) Aviso – NÃO FUME – TOM-LO. b) Botão PAX – Quando pressionado, esse
f) Chamada da atendente, pelos passageiros – botão iluminar-se-á possibilitando a
TOM-HI. comunicação entre a atendente e os
passageiros..
O suporte da estação da atendente possui c) Botão MUS – Quando pressionado, ativa o
três botões para a seleção das funções CAB, sistema de entretenimento aos passageiros.

DET. A

Figura 18-60 Instalação do painel de controle de áudio

Operação – A comunicação entre pilotos e O botão CAB fica ciclando até que seja
atendente e vice-versa, é efetuada pressionando- pressionado.
se o botão CAB num dos painéis de controle de Quando a atendente remove o fone de
áudio ou na unidade de controle da atendente. seu braço o interruptor ON/HOOK/OFF HOOK
Na unidade central de áudio um sinal de conecta o microfone ao sistema.
áudio HI-LO (DIM / DOM) é gerado e Quando termina a comunicação, a
distribuído aos alto-falantes para chamar a ligação é desativada automaticamente, quando a
atenção. atendente coloca o seu fone no gancho (berço).

18-38
Figura 18-61 Operação do modo interfone cabine dos pilotos

Modo interfone do observador – O modo modo intercomunicação. Não existem meios


interfone do observador possibilita comunicação de controlar o áudio dos receptores. O modo
entre pilotos e observador. interfone do observador consiste de:
Há duas versões para o modo de
interfone do observador. a) Um painel de controle de áudio,
a) Versão Certificado FAA – Esta versão tem instalado á direita do painel de forração
meios de controlar o áudio dos receptores e da linha do duto do ar condicionado.
selecionar o modo de intercomunicação da b) Um painel de interconexão de fone e
tripulação. Ela é normalmente instalada em microfone, instalado abaixo do painel de
aeronaves com certificado FAA. controle de áudio do observador.
b) Versão Certificado CTA – Esta versão c) Um microfone labial, instalado acima da
somente controla o volume e o PTT do cadeira do co-piloto.

18-39
Figura 18-62 Painel de áudio do observador

Na versão Certificado FAA, o painel de DME 1, DME 2, ADF 1, ADF 2, NAV 1 e NAV
áudio do observador é composto dos controles 2. Se dois botões forem selecionados os seus
abaixo discriminados. sinais serão superpostos.
Botões dos Receptores – Ligam, Botões de seleção de Microfone e
desligam e controlam o volume para seleção das Volume Principal – O seletor externo, seleciona
seguintes funções: VHF 1, VHF 2, VHF 3, HF, microfone labial ou microfone de máscara. O

18-40
interno é o controle principal de volume, O microfone labial do observador é
atuando sobre os sinais que estão sendo constituído de um fone e um microfone, cujos
enviados para os fones ou auto-falantes da “jacks” deverão ser conectados ao painel de
cabine de comando. controle de áudio, do observador.
Através do interruptor PTT (HOT), do
- Botão Marker Beacon 1 (MKR1) - Possibilita painel de controle de áudio do observador, este
a seleção de áudio do Marker Beacon nº 1. se comunica com os pilotos.
- Botão Marker Beacon 2 (MKR2) - Possibilita A comunicação, entre o piloto ou o co-
a seleção de áudio do Marker Beacon nº 2. piloto e o observador, é efetuada por meio do
- Botão Intercomunicação (IC) - Possibilita interruptor PTT / HOT MIC (nos manches) ou
comunicação contínua entre o observado e os por meio do botão CKP / RAMP (no painel de
pilotos. controle de áudio do piloto ou do co-piloto).
- Botão filtro (FILTER) - Quando pressionado
possibilita a audição do sinal de identificação de Sistemas de Endereçamento aos passageiros
1020 Hz do VHF, NAV e ADF.
Os sistemas de endereçamento aos
O painel de interconexão de fone / passageiros e entretenimento, possibilitam um
microfone do observador possui os seguintes aviso de voz e música para os passageiros.
“Jacks” e interruptores: Possibilita também a transmissão de um aviso
a) “Jack” de Microfone – Conecta o para os passageiros através dos pilotos e
microfone de máscara ou o microfone atendente, assim como, sinais de tom.
labial. O avião é opcionalmente provido de
b) “Jack” de fone – Conecta o fone do música de bordo para entretenimento dos
observador. passageiros.
c) Interruptor PTT / HOT – PTT é uma
posição momentânea que permite Descrição e localização dos componentes – O
comunicação entre observador e pilotos. sistema de endereçamento aos passageiros,
d) “HOT” é uma posição fixa. possibilita um aviso de voz, comunicação entre
pilotos e atendente e chamada da atendente
Na versão Certificado CTA, o painel de pelos passageiros, assim como geração de tons
áudio do observador possui os controles para a sinalização de áudio.
discriminados a seguir:
- Interruptor Seletor Piloto/Co-piloto – Possi- O endereçamento aos passageiros é
bilita ao observador selecionar o áudio do piloto efetuado através de:
ou co-piloto. a) Alto-falantes instalados na cabine dos
- Interruptor PTT / HOT – Possibilita interco- passageiros e no teto do toalete.
municação com os pilotos. Este interruptor b) Dois interruptores de avisos aos
possui três posições passageiros – “Não fume” e “Aperte os
a) Posição central – o interruptor está cintos” – instalados no painel superior
desligado. afim de ativas sinais de áudio aos
b) Posição PTT – é uma posição passageiros.
momentânea e possibilita a comunicação c) Avisos – “Não fume” e “Aperte os
com os pilotos. cintos” – instalados nas unidades de
c) Posição HOT – é uma posição fixa e serviço dos passageiros e na parte
também permite a comunicação com os superior direita do armário da atendente.
pilotos. d) Aviso “Retorne ao seu lugar” –
Instalado no toalete e conectado ao
- Controle de volume – É um potenciômetro aviso - “Aperte o cinto”.
usado para controlar o volume de áudio, no fone e) Botões de chamada da Atendente,
do observador. instalados na unidade de serviço dos
- HDPH-MIC – “Jack” de fone e microfone. passageiros e toalete.

18-41
Figura 18-63 Localização dos componentes do sistema de avisos aos passageiros

Operação – Os avisos aos passageiros, pelo -Dois pares de luzes de alarme geral, instaladas
piloto/co-piloto, são selecionados no painel de nos lados esquerdo e direito do PMA.
controle de áudio (PCA). Os avisos de -Dois botões de cancelamento, instalados ao
mensagens aos passageiros (PAX ADRS) têm o lado de cada par das luzes de alarme geral.
brilho aumentado em ambos os painéis (PCA) e, -Um controlador das luzes de alarme, instalado
simultaneamente, o anunciador PAX iluminar- no console lateral direito.
se-á na unidade da atendente. -Um interruptor BAT/DIM/TEST, instalado no
O tom da cabine é ativado em HI (DIM). painel superior.
O piloto e/ou co-piloto pressiona o PTT -Várias luzes discretas de indicação de alarme,
do manche ou o PTT do microfone e fala. distribuídas em diversos painéis da cabine de
Terminada a comunicação, a função é comando.
automaticamente desativada, quando o piloto ou -Uma unidade de alarme sonoro, instalada no
o co-piloto seleciona outra função relacionada compartimento eletrônico e dois alto-falantes,
ao microfone. instalados no teto da cabine de comando.

Sistema de alarme Painel Múltiplo de Alarmes (PMA) – Este


painel consiste de um mostrador de falhas, com
O sistema de alarme alerta os membros capacidade de apresentar até 40 legendas
da tripulação, por meios visuais e sonoros, coloridas e iluminadas.
quando da ocorrência de qualquer situação Estas legendas são agrupadas em
anormal de vôo. módulos de atenção (WARNING) e alerta
Descrição e localização dos componentes: (CAUTION), os quais identificam
-Um painel múltiplo de alarmes (PMA), imediatamente o sistema ou equipamento em
instalado no painel principal. falha.

18-42
Figura 18-64 Painel Múltiplo de Alarmes

As legendas em vermelho (WARNING), O PMA tem um circuito que continuamente


quando acesas, indicam a necessidade de uma monitora o suprimento de energia. Caso uma
ação corretiva imediata e as legendas em âmbar das entradas de alimentação seja cortada, o
(CAUTION), quando não se requer módulo POWER OFF ficará piscando. Uma vez
necessariamente uma ação corretiva e imediata. rearmado, o módulo iluminar-se-á num nível
As legendas dos módulos são ilegíveis estável, até que a energia seja restabelecida ou a
quando não estão iluminadas. segunda entrada também seja cortada.
Quando uma falha ocorre, o módulo Existem dois tipos de legendas:
correspondente é iluminado de modo
intermitente, a uma frequência de 4 Hz. Assim a) Legendas específicas – São as que permitem
que o piloto percebe o alarme, ele pode, através aos pilotos a identificação do sistema em falha,
do botão ALARM CANCEL, cancelar a sem a necessidade de maiores informações de
alternância da luz, que permanecerá qualquer outro painel.
continuamente acesa enquanto a falha persistir.
Se o sinal de falha for removido antes ou depois b) Legendas de sistema – São as que indicam
da operação de cancelamento, o módulo aos pilotos somente o sistema que apresenta-se
indicador apagar-se-á imediatamente, indicando em falha. O piloto precisa olhar para o painel
que a falha não mais existe. correspondente ao sistema em falha e observar
Sempre que o módulo âmbar é ativado qual a lâmpada de indicação ou alarme que está
(acende-se) são gerados dois sinais: um sinal de acesa, a fim de identificar a falha.
massa (4 Hz negativo) para comandar as luzes Exemplo:
de alarme geral (âmbar) de advertência - Porta de entrada dianteira destravada.
(CAUTION) e um outro sinal típico, para - Legenda DOOR, no painel múltiplo de
disparar o sistema de alarme sonoro. alarmes.
Existem também, avisos sonoros - Luz discreta de indicação e alarme
associados às lâmpadas vermelhas. Os sinais de FORWARD, no painel de portas,
comandos para estes avisos são gerados no piscando, indicando a porta dianteira
PMA. destravada.

18-43
Figura 18-65 Diagrama bloco de legenda específica

Figura 18-66 Sistema tipo Legenda Cativa

18-44
Unidades de Alarme Sonoro – O sistema de As mensagens faladas são precedidas por três
alarme sonoro pertence ao sistema de alarme e alarmes de apito que chamam a atenção para a
funciona em conjunto com o sistema de alarme mensagem que virá logo a seguir.
visual. As mensagens faladas e os alarmes de
A unidade de alarme sonoro está apito são apresentados, na cabine de comando,
instalada no compartimento eletrônico. Algumas por dois alto-falantes e também pelo sistema de
condições de alerta, em alguns sistemas áudio.
essenciais, são anunciadas em ambos os A unidade de alarme sonoro pode ser
sistemas, visual e sonoro. cancelada, inibindo as mensagens faladas e os
O sistema de alarme sonoro apresenta apitos de alarme, por intermédio dos botões de
dois tipos de alarmes: mensagens faladas e/ou cancelamento, ALARM CANCEL, das luzes de
sons. alarme geral.

Figura 18-67 Unidade de alarme sonoro

A unidade de alarme sonoro constitui-se especificadas da unidade, automaticamente,


de dois canais idênticos, para maior segurança. efetua a troca entre os dois canais.
Durante a operação normal, somente um deles é Em caso de falha do segundo canal, a luz
ativado. do sistema de alarme sonoro, no painel múltiplo
Um circuito de falha, interno, detecta de alarmes, será ativada e a unidade de alarme
qualquer falha em qualquer das partes sonoro deverá ser desativada.

18-45
Figura 18-68 Diagrama de bloco da unidade de alarme sonoro

Quando a unidade do alarme sonoro é Em qualquer situação os amplificadores


ligada, pela primeira vez, ambos os canais de áudio continuarão em funcionamento.
executam um teste funcional, com entradas e Durante a operação normal, alguns testes
saídas de sinais inibidas, a fim de evitar dos multiplexadores RAM, ROM, sintetizador
informações errôneas. de voz, são efetuados, semelhantes ao auto teste
Se não for detectada nenhuma falha no feito quando a unidade é ligada pela primeira
auto teste, a unidade de alarme sonoro anuncia vez. Sempre que for pressentido algum
AURAL UNIT OK e o canal B será desativado, problema interno, a unidade de alarme sonoro
permanecendo na reserva. agirá como se estivesse sendo ligada pela
Se um dos dois canais, A ou B, falhar no primeira vez, efetuando um teste completo.
auto teste, ele será comandado para desligar-se, A unidade de alarme sonoro possui dois
pelo detector de falha (monitor) e o canal conjuntos de entrada de alimentação elétrica,
remanescente anunciará: AURAL UNIT ONE internamente intercruzados com diodos, para
CHANNEL (Unidade sonora com um canal). prevenir um novo ciclo de partida, se um dos
Uma falha nos dois canais desconecta (do conjuntos entrar em falha.
sistema) a unidade de alarme sonoro e uma luz Em caso de interrupção na alimentação,
de alerta acender-se-á no painel múltiplo de a unidade não reiniciará o funcionamento, antes
alarmes. de decorridos dez segundos

18-46
Figura 18-69 Diagrama de bloco da alimentação de energia elétrica na unidade de alarme sonoro

Operação do sistema – As luzes discretas de Pressionando-se qualquer um dos dois


indicação de alarme, as luzes do painel múltiplo botões do cancelamento de alarme, ao lado das
de alarmes e as luzes de alarme geral, LAGs, ambas as LAGs apagam-se, a legenda,
permanecem apagadas durante o vôo normal. no PMA, fica com a luz acesa constante e os
Tão logo ocorra uma falha, a luz de sinais sonoros são cortados.
alarme geral WARNING ou a CAUTION O sistema de alarme sonoro gera, além
começará a piscar. Antes de cancelar estas das mensagens faladas, seis diferentes tipos de
luzes, o piloto deverá olhar no PMA e observar sons discretos.
qual a legenda que também está piscando. Três deles são usados em falhas específicas
As luzes de alarme geral (LAG) e a cor e são definidos de acordo com padrões
na legenda, no painel múltiplo de alarmes, largamente utilizados em aviação, de maneira
fornecem ao piloto uma classificação da que a tripulação possa associá-las mais
seriedade da falha. facilmente às falhas.
No caso de um alarme vermelho, o
sistema de alarme sonoro gerará um triplo sinal a) Estalido (clacker): Onda quadrada 1600
de campainha, seguido de uma mensagem Hz modulada por um sinal de 20 Hz,
falada. dois segundos ligado e dois segundos
No caso de um alarme âmbar, o sistema desligado, que é ativado quando a
de alarme sonoro gerará somente um sinal de aeronave aproxima-se da condição de
campainha. STALL
.

18-47
Figura 18-70 Operação do sistema de alarme

b) Campainha: Um toque de onda quadrada


de 700 Hz modulada por um sinal de 20 a) Beep : sinal de 1000 Hz com duração de
Hz, usado para alarme de fogo. 0,06s.
c) Som para ALTITUDE ALERTER: Três b) ATENÇÃO Nível 3 (3 chamadas): Onda
tons de 2900 Hz, espaçados, 0,4 quadrada modulada por um sinal de 4 Hz
segundos ligado e 0,4 segundos gerada sempre que uma falha de
desligado. emergência for sentida.
Existe também, um som de bip e dois tipos c) ATENÇÃO nível 2 (1 chamada): Similar
de som mestre, para chamar a atenção ao ATENÇÃO nível 3, mas com
(ATENÇÃO). somente uma chamada, repetida a cada 5

18-48
segundos. O som WHOOP-WHOOP e piloto, co-piloto, sistema de endereçamento aos
as mensagens faladas PULL UP e passageiros e área da cabine de comando.
GLIDE SLOPE, são gerados Os sinais são gravados numa fita
externamente por um equipamento magnética, protegida contra quaisquer acidentes
opcional que é o Sistema de Alarme de da aeronave.
Aproximação do Solo (GPWS).
Descrição e localização dos componentes: - O
SISTEMA GRAVADOR DE VOZ sistema de gravação de voz é composto de:
1) Uma unidade de controle, instalada
O sistema gravador de voz registra toda no painel dianteiro do pedestal.
conversação e comunicação entre a tripulação 2) Uma unidade gravadora, instalada no
de vôo, com o propósito de auxiliar as cone de cauda.
investigações, em caso de acidente da aeronave. 3) Um balizador acústico submarino,
O sistema prevê uma gravação contínua, instalado no mesmo conjunto da
nos últimos 30 minutos de vôo e oferece quatro unidade gravadora.
pistas separadas para gravação de sinais 4) Um interruptor de impacto, instalado
transmitidos e recebidos pelas estações do no cone de cauda.

Figura 18-71 Localização dos componentes do sistema Gravador de voz

18-49
Unidade de controle – A unidade de controle CANAL 2 – Sistema de áudio do co-piloto.
provê meios, à tripulação de, remotamente, CANAL 3 – Sistema de áudio do piloto.
controlar e testar a unidade gravadora de voz e CANAL 4 – Microfone de área.
também apaga a gravação, se algumas
condições porem satisfeitas. O sistema inicia a gravação destes sinais,
A unidade de controle contém um sempre que as barras CC são energizadas.
microfone de área, um indicador de nível de Portanto não existe nenhum interruptor
sinal, um “Jack” para fones e interruptores de (ON/OFF) no sistema de alimentação. Há um
teste e apagamento da fita. disjuntor para proteção dos circuitos internos,
O microfone de área detecte qualquer assim como um interruptor de impacto, o qual é
ruído da cabine de comando e envia este sinal instalado em série com a alimentação de 28
para a unidade gravadora de voz a fim de ser VCC de entrada, para prevenir o apagamento da
gravado em uma das quatro pistas. fita, após o impacto.
O medidor indica o nível dos sinais A unidade gravadora de voz suporta um
sendo gravados. impacto de até 100 Gs e uma temperatura de
Um “Jack” de fone é instalado, a fim de 1100º C. A unidade não é afetada por água doce
monitorar o sinal de áudio do teste, que é gerado ou salgada.
através da unidade gravadora de voz, quando o
interruptor TEST é pressionado. Balizador acústico submarino – O balizador
O interruptor de apagamento tem a acústico submarino está instalado na unidade
finalidade de apagar a gravação da fita, depois gravadora de voz, a fim de auxiliar a equipe de
do vôo, quando desejado. busca e salvamento, na localização da unidade
gravadora, em caso da aeronave acidentar-se no
mar.
Ele consiste de uma bateria de mercúrio,
um módulo eletrônico e um transdutor.
A bateria fornece energia para o módulo
eletrônico, por um período de 12 a 30 dias
(dependendo do tipo instalado), assim que a
unidade entra em contato com a água. O módulo
Figura 18-72 Unidade de controle eletrônico, que nada mais é que um oscilador
aciona o transdutor que, por sua vez, produz
Unidade gravadora de voz – A unidade é uma uma onda acústica de 37 KHz, que pode ser
caixa de cor laranja (internacional), para fácil detectada por um sonar, num raio de
localização do gravador de voz, em caso de aproximadamente, até 2 milhas náuticas.
acidente da aeronave.
Esta unidade contém uma fita magnética
para gravação simultânea, nas quatro pistas, dos
últimos 30 minutos de comunicação da
aeronave.
A fita é do tipo sem fim (LOOP) e
sempre inicia uma regravação após decorridos
os 30 minutos iniciais.
As quatro pistas disponíveis, recebem
sinais da estação do piloto, co-piloto, microfone
de área e sistema de endereçamento aos
passageiros. As pistas estão distribuídas como
abaixo indicadas.

CANAL 1 – Sistema de endereçamento aos pas-


Figura 18-73 Balizador acústico submarino
sageiros (ou observador).

18-50
Figura 18-74 Sistema Gravador de voz

18-51
SISTEMAS DE RADIOCOMUNICAÇÃO - Um transceptor instalado no
compartimento eletrônico.
Sistema de comunicação em VHF - Um painel de controle de VHF, instalado
no painel principal.
Normalmente as aeronaves são - Uma antena de VHF, instalada na
equipadas com dois sistemas distintos de fuselagem.
comunicação em VHF. O sistema VHF opera na
faixa de frequência de 118.00 MHz a 135.975
MHz, perfazendo um total de 720 canais, com
espaçamento de 25 KHz entre eles.

Descrição e localização dos componentes –

Cada sistema é composto por:


Figura 18-75 Comunicação em VHF

Figura 18-76 Localização dos componentes do sistema VHF

18-52
Painel de controle de VHF – O painel de - TEST – O circuito do abafador
controle estabelece e apresenta as condições de (Squelch) é removido, permitindo a recepção de
operação para todas as funções do transceptor qualquer ruído de fundo no áudio.
de VHF.
Dependendo da posição, o seletor de - Controle de volume – Permite ajustar o nível
função ativa, desativa, ou testa a operação do de saída de áudio do receptor.
transceptor.
Cada painel possui os seguintes - Chaves seletoras de frequência – A chave da
controles: esquerda, concêntrica ao seletor (OFF-PWR-
- Seletor – Com as posições OFF – PWR – TEST), seleciona as freqüências de VHF em
TEST intervalos de 1MHz. A chave da direita,
concêntrica ao controle de volume, seleciona as
- OFF – Desliga o sistema VHF. freqüências de VHF em intervalos de 0.025
- PWR – O sistema é alimentado, MHz. As freqüências selecionadas são
permitindo transmissão e recepção. mostradas na janela indicadora.

Figura 18-77 Painel de controle de VHF

Transceptor de VHF Antena de VHF


O transceptor de VHF é uma unidade A antena de VHF é do tipo “Blade”. A
totalmente transistorizada, dispondo de 720 antena do VHF 1 está instalada na parte superior
canais para comunicação em voz. da fuselagem e a do VHF 2 na parte inferior.

18-53
Figura 18-78 Transceptor de VHF

18-54
Especificações técnicas:

Energia requerida
Recepção 27,5 VCC 1A max.
Transmissão 27,5 VCC 7A Max.
Frequência
Faixa 118.00 a 135.95 MHz
Canais 720
Incrementos 25 KHz
F.I. 20 MHz
Modulação 90% AM
Potência de saída Figura 18-79 Sistema de comunicação HF
R.F. nominal 25 Watts
R.F. mínimo 20 Watts Descrição e localização dos componentes
Áudio 10 mW com 30% de
modulação - O sistema é composto por:
Peso do transceptor 4,99 Kg
Temperatura -54 a +55ºC - Um painel de controle de HF, instalado
Umidade 95% no painel principal.
Altitude 55000 pés - Um transceptor de HF, instalado no
Tempo compartimento eletrônico.
Troca de canal 40 ms max. - Um amplificador de potência instalado
Intervalo Rx / Tx 40 ms max. no compartimento eletrônico.
Impedância - Um acoplador automático de antena,
Saída de antena 52 Ohms instalado no armário elétrico.
- Uma antena, instalada na parte superior
Saída de áudio 600 Ohms
da aeronave.
Entrada de áudio 150 (carvão ou dinâ-
mico transistorizado
Painel de controle do HF: Esse painel é uma
Antena 37R-2
unidade fundamentada em um microprocessador
Polarização vertical 52 Ohms que eletricamente varre os interruptores do
Resposta de áudio 300 a 2500 Hz painel frontal para as informações de modo e
frequência / canal, as quais são apresentadas no
Sistema de comunicação HF-230 “display” e provê dados seriados para o
transceptor.
É um equipamento de bordo que permite O microprocessador, também aplica um
comunicação a longa distância através de sinais pulso para o acoplador sempre que a frequência
modulados por voz em AM ou em SSB, abrange é trocada ou quando o interruptor FREQ/CHAN
a faixa de frequência de 2 a 29.999 MHz é trocado de posição.
perfazendo um total de 280.000 canais O painel de controle CTL-230, possui na
espaçados em 100Hz. sua parte frontal os seguintes controles e
O sistema provê operação simplex, semi- indicações:
duplex ou somente recepção. - Botão CLARIFIER – Este controle permite
As freqüências discretas em USB e AM que o sinal recebido possa ser variado a ± 100
são para operação SIMPLEX somente, ou seja, Hz, quando o sistema estiver operando nas
transmissão e recepção na mesma frequência. modalidades SSB. O ajuste é feito para o ponto
Na posição CHAN qualquer um dos 40 canais de máxima inteligibilidade do sinal recebido. A
programados pelo usuário ou um dos 176 canais função desempenhada por este controle não
ITU (International Telecommunication Union) afeta a recepção em AM e é desativada, durante
programados, pode ser selecionado. a transmissão.
A sintonia do conjunto HF 230 é - Botão OFF / VOL – Permite ligar e desligar o
totalmente automática, tem uma potência de RF sistema e controlar o nível de áudio.
de 100W p.e.p.(potência de envelope de pico).

18-55
Figura 18-80 Localização dos componentes do sistema HF

- Botão SQUELCH / TEST – Com o botão na - Na posição FREQ, qualquer um dos


posição TEST o circuito abafador de ruído é 280.000 canais podem ser selecionados
eliminado do circuito áudio do receptor; nesta com incrementos de 100 Hz.
posição será ouvido o máximo ruído de fundo - Na posição CHAN qualquer dos 40
(dependendo da posição do botão VOL). canais programados pelo usuário ou um
Girando-se no sentido horário obtem-se dos 176 canais ITU programados pode
o limiar requerido para recepção em todas as ser selecionado.
modalidades do sistema.
- Botão CHAN / FREQ – Este interruptor Todos os 176 canais ITU são semiduplex ou
seleciona dois modos de operação: CHAN e seja, transmitem numa frequência e recebe em
FREQ. outra.

18-56
Figura 18-81 Instalação da antena de HF

- Botão de programação (PGM) – É usado para FREQ e os dígitos de centésimo e milésimo


programar os 40 canais, selecionados pelo quando em CHAN, que correspondem os 2
usuário. dígitos indicadores de faixa dos canais ITU, no
- 1 MHz CONTROL – Montado concêntrica- display CHAN.
mente com o controle PULL MODE / 100 kHz, - PULL MODE / 100 kHz – Quando pres-
seleciona os dígitos de 1 MHz quando no modo sionado, este controle seleciona os dígitos de

18-57
100 kHz no display de frequência, com o FREQ. Quando estiver em CHAN, seleciona os
controle CHAN / FREQ na posição FREQ. dígitos das unidades e das dezenas, que
Quando puxado seleciona os modos de corresponde ao número do canal selecionado no
operação AM, USB e LSB, quando o controle display CHAN.
CHANEL / FREQUENCY estiver na posição - CHAN DISPLAY – Mostra o canal de ITU ou
FREQ; se estiver na posição CHANEL com um os canais programados pelo usuário, quando o
canal ITU selecionado, selecionará as sistema estiver posicionado para CHAN.
modalidades TEL. Quando em FREQ aparecerão traços no display.
Se estiver, com um dos 40 canais - MODE DISPLAY – Mostra o modo de
selecionados pelo operador, poder-se-á operação do sistema (USB – AM – LSB – TEL
selecionar um dos cinco modos de operação. SUP CAR ou TEL PLT CAR).
- 10 kHz CONTROL – Este controle montado - FREQ kHz DISPLAY – Mostra a frequência
concentricamente com o controle de 100 Hz / 1 de operação e os indicadores de recepção (R) ou
kHZ, seleciona os dígitos de 10 kHz, quando o transmissão (T).
controle CHAN / FREQ estiver na posição

Figura 18-82 Painel de controle do HF

- Transceptor de HF- Faz parte do sistema de impedância e/ou capacitância, capaz de


comunicação, o qual opera na faixa de sintonizar o acoplador automático de antena,
frequência de 2 a 29.999 MHz, perfazendo um para o perfeito casamento (de 50 Ohms, com o
total de 280.000 canais com espaçamento de amplificador de potência).
100 Hz.
- Amplificador de potência – A finalidade do Operação do Sistema HF
amplificador de potência é fornecer
amplificação de HF capaz de produzir uma Ajuste inicial do sistema – Assegure-as de que
potência de 100W PEP na saída, a qual os interruptores estejam em ON e os disjuntores
corresponde a 25W médio. pressionados. Gire o interruptor ON-OFF para a
- Acoplador Automático de Antena – Este direita e espere 15 minutos (tempo para
acoplador, fornece o casamento automático de estabilização de frequência).
impedância, de várias antenas, de modo a OBS: Sempre que um novo canal é
apresentar uma carga resistiva de 50 Ohms ao selecionado, o acoplador de antena estará
amplificador de potência. desalinhado. Isto faz com que a antena fique
Esse efeito é conseguido pela detecção fora de sintonia para o novo canal selecionado,
de uma amostra do sinal de RF a fim de reduzindo a sensibilidade do receptor. Para
determinar sua carga. Então, os controles evitar a perda de recepção de sinais de menor
lógicos internos comutam uma quantidade de intensidade, recomenda-se que o PTT seja

18-58
pressionado momentaneamente para que o As freqüências de transmissão e
acoplador de antena inicie um ciclo de sintonia recepção do sistema são fornecidas pelo
para o novo canal. O tempo necessário de sintetizador do transceptor.
sintonia é de 5 a 15 segundos, durante os quais No modo de sintonia direta o
um sinal contínuo de 1000 Hz será ouvido nos programador do painel de controle envia dados
fones ou alto-falantes. Um segundo após ter da freqüência selecionada sob a forma seriada
completado o ciclo de sintonia, o sinal cessa, para o sintetizador.
indicando que o equipamento está pronto para No modo de sintonia por canal o painel
uso. Caso não haja a sintonia do acoplador em de controle usa informações armazenadas na
±30 segundos o tom de 1000 Hz inicia um BIP memória para enviar ao programador.
indicando uma falha do equipamento ou a Se o sintetizador não estiver locado ao
necessidade da tentativa de um novo ciclo de oscilador padrão, um BIP é levado ao sistema de
sintonia. áudio e o transmissor é inibido.

Comunicação em voz – A transmissão ou - Programação – Os 40 canais programados pelo


recepção do sinal de áudio pode ser efetuada na usuário podem ser conseguidos (programados)
mesma frequência ou em freqüências diferentes, facilmente tanto em terra como em vôo. Todas
dependendo do modo de operação selecionado as informações de programação são
no painel de HF. armazenadas numa memória não volátil e
NOTA: Se o sintetizador não sintonizar, podem ser facilmente requisitados,
na frequência selecionada, um tom BIP, será selecionando-se o número do canal desejado.
injetado no sistema de áudio e o transmissor
será inibido. Há três tipos de programação:
Para recepção, o controle individual de - Semiduplex – Duas freqüências diferentes
volume, do sistema de HF, no painel de controle são programadas: uma para recepção e uma
de áudio, deve ser puxado e girado de modo a para transmissão. Um dos modos
obter-se um nível de áudio confortável. Gire disponíveis.(LSB, USB, AM, TEL SUP
lentamente para a direita, o controle “S”, até que CAR ou TEL PLT CAR) também é
o ruído desapareça. atribuído ao canal selecionado. A semi-
ATENÇÃO: Não gire o controle muito duplex é uma modalidade também utilizada
rapidamente, o circuito”Squelch” tem uma pelas estações de radiotelefonia marítima.
constante de tempo relativamente larga e se o - Simplex – A mesma freqüência é
controle for muito além do ponto correto, programada para recepção e para
poderá resultar no emudecimento dos sinais transmissão. Um dos modos de operação
fracos. disponíveis (LSB, USB, AM, TEL SUP
Seleção de freqüência – A seleção de freqüência CAR ou TEL PLT CAR) é também
envolve a chave CHAN / FREQ e o controle de atribuído ao canal selecionado.
freqüência/canal do painel de controle, assim - Somente recepção – O usuário programa
como da programação utilizada e do uma freqüência para recepção e a ela atribui
multiplicador/divisor de freqüência do um dos modos de operação disponível, mas
transceptor. não programa a freqüência de transmissão.
A sintonia direta do painel de controle Os canais somente para a recepção são
permite a seleção de qualquer freqüência dentro usados para escuta de freqüência padrão
da faixa operacional de 2.0 a 29.999 kHz, com (tempo, horário, informações sobre estações
espaçamento de 100 Hz. As linhas Freq/Data do OMEGA, estações de BROADCASTS, para
painel de controle enviam os dados da alerta a geofísica).
freqüência selecionada em forma seriada ao
programador. Procedimentos de programação
A sintonia por canal, no painel de
controle, permite a operação de qualquer um Modo Simplex
dos 40 canais programados pelo operador ou a) Com o sistema energizado, certifique-se
qualquer um dos 176 canais pré-programados que o seletor CHAN / FREQ esteja
pelo fabricante. posicionado em CHAN.

18-59
b) Gire o seletor externo, da esquerda, até Somente para Recepção – Quando programado
que um dos canais (1 a 40) apareça no um canal somente para recepção, só a
lado direito do display de CHAN. Em frequência de recepção é introduzida e
seguida, opere o seletor externo da armazenada. Esta programação é semelhante ao
direita a fim de selecionar o número do do canal simplex, exceto que o botão PGM é
canal desejado. pressionado somente uma vez após a entrada da
c) Pressione o botão PGM uma vez a fim frequência de recepção e do modo de operação.
de dar início à seqüência de A programação é encerrada sem entrar
programação. Todo display FREQ kHz, sem entrara com a frequência de transmissão.
começa a piscar lentamente. Este encerramento pode ser efetuado de
um dos seguintes modos:
Selecione a freqüência de operação através a) Esperando 20 segundos;
dos quatro seletores de freqüência. Este b) Ativando o microfone momentânea-
procedimento é idêntico ao descrito mente; ou
anteriormente para sintonia se sua freqüência c) Posicionando-se para FREQ o controle
discreta. CHAN/FREQ e, em seguida de volta a
A frequência selecionada aparecerá no CHAN.
display. Em seguida selecione o modo de
operação desejado, puxando o botão PULL Quando somente a recepção for
MODE e girando-o até que o modo de operação selecionada, os amplificadores de potência e o
desejado apareça no display. transmissor ficam automaticamente desativados.
Com a frequência e modo desejado sendo Neste caso, mesmo que o microfone seja
mostrados, pressione o botão PGM uma vez acionado, nenhum sinal será transmitido. Se o
mais, a fim de armazenar os dados. O display do indicador “R” (recepção) piscar no CTL 230,
CTL ficará apagado por um curto espaço de significa que a frequência de recepção da CTL
tempo, confirmando o armazenamento dos não bate com a do TCR 230, havendo alguma
dados. discrepância no equipamento.
Quando o display retornar a sua condição
normal, estará piscando mais rapidamente, Semi Duplex – Esta operação é possível
mostrando a frequência de transmissão (a somente quando o sistema é operado no modo
mesma programada para recepção). A partir CHAN.
deste ponto, há 20 segundos disponíveis para Para programar os canais em “semi-
completar a programação. duplex” obedecerá os seguintes passos:
Se nenhuma modificação for efetuada a a) Com energia aplicada ao sistema,
frequência de transmissão torna-se inválida e a certifique-se de que o controle
programação terá sido somente para a CHAN/FREQ seja posicionado em
frequência de recepção. Contudo se o PGM for CHAN;
pressionado uma vez mais, a frequência será b) Gire o botão seletor de canais, externo à
armazenada e o display ficará apagado, por um esquerda, para que apareça um número
curto espaço de tempo, como confirmação do do canal (de 1 a 40), no display de
armazenamento. CHAN à direita.
Em seguida o display volta a sua condição Em seguida use o botão seletor de
normal, mostrando o número do canal, o modo canais, externo da direita, para conseguir o
de operação e a frequência. número do canal desejado a ser programado.
Na operação simplex as freqüências de Pressione o botão PGM uma vez a fim
transmissão e recepção são iguais. A frequência de iniciar a sequência de programação. Neste
de recepção aparece no display, indicada com a ponto todo o display (FREQ kHz) começa a
letra “R” à direita, até que o microfone seja piscar lentamente.
acionado quando, então, a letra “T” aparecerá a Ajuste a frequência desejada para
fim de indicar a frequência de transmissão. Se recepção, usando os quatro botões de seleção de
as letras aparecem piscando, é sinal de alguma frequência e, em seguida, o modo desejado para
falha no equipamento. operação puxando o botão PULL MODE e
girando-o até que o modo correto apareça no

18-60
display. Com a freqüência de recepção e o modo a frequência de transmissão desejada. Se após
desejado sendo mostrado pressione o botão decorridos 20 segundos, não for programada
PGM novamente para armazenar os dados. O uma frequência para transmissão, aquela que
display ficará apagado por um curto espaço de está piscando torna-se inoperante e o
tempo confirmando o armazenamento. equipamento terá sido programado somente para
Quando o display retornar ao normal, recepção.
estará piscando mais rapidamente, com a Se, ainda não decorridos os 20 segundos,
frequência de transmissão sendo mostrada (no ajuste a frequência de transmissão, usando os
início é a mesma frequência que foi programada quatro botões de seleção de frequência. Este
para a recepção). A partir deste momento, há 20 procedimento é igual ao descrito acima, para a
segundos disponíveis para que seja programada frequência de recepção.

Figura 18-83 Diagrama de bloco do sistema HF

Agora, com a freqüência desejada para Como no procedimento anterior, o


transmissão mostrada no display, pressione display ficará apagado por um curto espaço de
novamente o botão PGM a fim de armazenar os tempo, confirmando o armazenamento. Em
dados. seguida voltará a sua condição normal, com os

18-61
dados do novo canal (número, modo e c) Um interruptor ARM/ON-REARM,
freqüência de recepção). instalado no painel principal.
Na operação semi-duplex, o modo
selecionado controlará, tanto a freqüência de Transmissor de emergência – O transmissor
transmissão, como a de recepção. localizador de emergência foi projetado a fim de
A freqüência de recepção é mostrada no transmitir sinais de freqüências de 121.5 e 243.0
display e identificada pela letra “R”, até que o MHz, automaticamente, em condições de
microfone seja acionado, ocasião em que a emergência ou manualmente como pedido de
freqüência de transmissão passa a ser mostrada socorro em caso de acidente do avião.
e identificada com a letra “T”. O transmissor de emergência é equipado
Se a letra “T” ou a “R” (conforme o caso) com um interruptor de três posições (ON –
piscar, indica que a freqüência do TCR é a AUTO – OFF), uma bateria e um interruptor de
mesma selecionada na CTL, logo há uma impacto.
discrepância no equipamento. O interruptor seletor controla o modo de
operação do transmissor. Na posição ON, opera
TRANSMISSOR LOCALIZADOR DE manualmente o equipamento. Em AUTO, a
EMERGÊNCIA (ELT) operação será automática, quando o interruptor
de impacto sentir uma desaceleração de 5 a 7 G,
O Transmissor Localizador de no sentido da linha de vôo. Com o interruptor na
Emergência destina-se em casos de emergência, posição OFF o sistema estará desativado.
a fornecer uma orientação para busca e Quando ativado, esta unidade pode transmitir
salvamento. por 48 horas contínuas.
O sistema irradia omnidirecionalmente
uma portadora de RF modulada em amplitude Antena – Uma antena flexível é conectada ao
por um tom cíclico variável e decrescente de transmissor através de um cabo coaxial de RF, a
1600 a 300 Hz, nas freqüências simultâneas de fim de irradiar o sinal transmissor.
121.5 e 243.0 MHz. Interruptor ARM/ON/REARM – Ele é um
interruptor protegido por uma guarda de
segurança, montado em um painel, o qual
possibilita à tripulação, ligar manualmente o
transmissor.
Este interruptor é normalmente
conservado na posição ARM, a qual
corresponde à posição AUTO do interruptor
seletor do transmissor. Se comandado para a
posição ON/REARM, ele sobrepuja a posição
AUTO do interruptor do transmissor e a
transmissão é ativada.

Operação do sistema – O transmissor é


comandado manual ou automaticamente. No
caso de comando manual, aciona-se para a
posição LIGA O INTERRUPTOR localizado no
painel principal. O comando automático é feito
por um acelerômetro, localizado no próprio
transmissor, quando a aeronave for submetida a
Figura 18-84 Localização do ELT uma força de desaceleração de 5 (+2, -0) G, no
sentido de seu eixo longitudinal.
Descrição e localização dos componentes – O A operação do transmissor de
sistema é composto por: emergência é restrita a condições específicas.
a) Um transmissor, instalado no cone de Fora destas condições, o transmissor somente
cauda.; poderá ser operado, obedecendo à autorização
b) Uma antena, instalada no cone de cauda; do DAC.

18-62
Figura 18-85 Componentes do sistema ELT

Figura 18-86 Transmissor de emergência

18-63
Figura 18-87 Sistema Transmissor de Emergência

SISTEMA DE CHAMADA SELETIVA


(SELCAL)

Introdução

O Sistema de Chamada Seletiva


(SELCAL) possibilita, a uma estação de terra,
chamar um avião particular, através do sistema
rádiocomunicação VHF ou HF, sem a
necessidade do piloto monitorar constantemente Figura 18-88 Comunicação pelo sistema
as freqüências de comunicação. SECAL
As estações de terra, com equipamentos Localização e descrição dos componentes
de transmissão codificados, podem chamar um
avião, individualmente, através da transmissão Um sistema SELCAL, é constituída de:
de 4 tons de áudio, modulando uma frequência 1 – Um decodificador SELCAL, instalado no
de VHF ou HF, os quais ativarão uma unidade compartimento eletrônico.
única decodificadora, que será ajustada a fim de 2 – Um painel anunciador, instalado no painel
receber esta combinação, em particular. principal.

18-64
Figura 18-89 Localização dos componentes do sistema SELCAL.

Decodificador SELCAL – A unidade selecionada. A cada letra é atribuída uma


decodificadora contém dois canais idênticos e frequência de áudio (veja tabela abaixo). Deste
independentes. A seleção de código é efetuada modo a combinação das letras, em cada canal,
por oito seletores rotativos, sendo quatro por fornece o código selecionado para uma
canal, instalados na parte frontal da unidade. aeronave, em particular, para a qual o
Acima de cada seletor há uma janela, decodificador responderá sempre que
onde aparece a letra indicativa da frequência interrogado.

18-65
Letras Freqüências em Hz sincronizado para a frequência de transmissão
A 312.6 da estação de terra, amplifica, detecta e envia o
B 346.7 sinal recebido, ao decodificador.
C 348.6 Estes códigos são interpretados e se
D 426.6 combinam com as freqüências dos códigos da
E 473.2 unidade decodificadora. Uma luz, no painel
F 524.8 anunciador, relacionada ao receptor ativo, cicla
e a palavra SELCAL é anunciada na cabine,
G 582.1
através da unidade de alarme sonoro.
H 645.7
J 716.1
K 794.3
L 881.0
M 977.2

Tabela de Frequência x Código

Painel anunciador – O painel anunciador


compreende dois botões PUSH BUTTON com Figura 18-90 Painel anunciador
inscrições HF e VHF 1 (poderia ser VHF 2 ou
VHF 3), que ciclam sempre que o codificador é O piloto reconhecerá o transmissor,
ativado, por um canal de HF ou VHF, de uma através do qual ele está sendo chamado.
estação de terra. Pressionando o botão PUSH – BOTTON ele
rearma o canal e seleciona o microfone, no
Operação do sistema painel de áudio, para iniciar a comunicação
entre a aeronave e a estação de terra.
Quando um codificador SELCAL, de
terra, enviar 4 tons correspondentes ao código NOTA: Se o piloto pressionar o PTT, antes do
do avião que se deseja chamar, o receptor de botão PUSH-BOTTON, do painel anunciador, o
bordo (HF ou VHF), que deve estar ligado e mesmo também será cancelado.

Figura 18-91 Diagrama em bloco do sistema SELCAL.

18-66
CAPÍTULO 19

SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO

SISTEMA ANEMOMÉTRICO pequena garrafa de plástico transparente, com a


finalidade de recolher toda água que penetre na
Geral linha correspondente.

O sistema anemométrico consiste de Sistema Estático


duas linhas Pitot e de duas linhas estáticas O avião utiliza dois sistemas estáticos
independentes. A finalidade do sistema é o independentes: um para os instrumentos
suprimento de pressão estática e dinâmica para anemométricos do painel do co-piloto
os instrumentos e sistemas que operam baseados (altímetro, velocímetro e indicador de razão de
na pressão atmosférica ou na de impacto de ar. subida), outro para os instrumentos
Os instrumentos e componentes que anemométricos do painel do piloto e também
utilizam o sistema anemométrico são os para o controlador de altitude do sistema diretor
seguintes: de vôo. Cada sistema estático possui duas
Dois velocímetros; tomadas instaladas uma em cada lado do avião
Dois altímetros; no início do cone de cauda, logo após a caverna
Dois indicadores de razão de subida; de pressão. As tomadas dos dois sistemas ficam
Um indicador duplo de altitude da juntas, sendo que a superior direita é ligada à
cabine e pressão diferencial; inferior esquerda e vice-versa.
Um sensor de velocidade de piloto As tomadas estáticas possuem
automático; resistências elétricas incorporadas para impedir
Um controlador de altitude do diretor de a formação de gelo.
vôo. Esses elementos aquecedores são
controlados pelos pilotos por meio de
Descrição interruptores situados no painel superior e são
comuns também aos tubos Pitot.
Sistema Pitot A linha estática esquerda possui três
O sistema Pitot consiste de duas linhas pontos para drenagem, enquanto que a linha
de Pitot, um dreno e respectivas tubulações. A direita possui dois pontos, sendo todos idênticos
linha de pitot esquerda fornece pressão aos existentes nas linhas de Pitot.
dinâmica para o velocímetro do painel do piloto As linhas estáticas possuem uma câmara
e para o sensor de velocidade do piloto de amortecimento em cada linha, com a
automático. A linha de Pitot direita fornece finalidade de diminuir o tempo de resposta do
pressão dinâmica somente para o velocímetro sistema, evitando oscilações indesejáveis nas
do painel do co-piloto. indicações dos instrumentos.
Cada linha tem seu tubo de Pitot
instalado no lado correspondente na parte Operação
superior do nariz do avião; os tubos possuem
resistências elétricas incorporadas para impedir Os dois tubos de Pitot fornecem ar sob
a formação de gelo. Esses elementos pressão proporcional à velocidade do avião, aos
aquecedores são controlados pelos pilotos por respectivos velocímetros e também ao sensor de
meio de interruptores situados no painel velocidade do piloto automático (somente o
superior e são comuns também às tomadas esquerdo).
estáticas. Os dois sistemas estáticos fornecem
Cada linha tem seu dreno instalado no pressão ambiente para os velocímetros,
lado correspondente, na parte inferior do nariz altímetros e indicadores de razão de subida. O
do avião, podendo ser inspecionado e removido esquerdo fornece também pressão ambiente para
através de uma janela de inspeção identificada o controlador de altitude do sistema diretor de
com a inscrição “Dreno Pitot”. Consiste de uma vôo.

19-1
Figura 19-1 Sistemas Pitot e Estático

Sistema Pitot / Estático nariz do avião. Quatro tomadas estáticas


instaladas duas em cada lado da fuselagem.
O sistema Pitot Estático tem por
finalidade sentir e distribuir as pressões estática
e dinâmica, do ar para os instrumentos que Pressão Dinâmica – Com o avião parado a
dependam de dados do ar para uma operação pressão do pitot é igual à pressão estática. Com
precisa. o deslocamento do avião, para frente, a pressão
do pitot é igual à pressão estática mais a pressão
Descrição e localização dos componentes - Dois de impacto, que é proporcional à velocidade do
tubos de pitot, instalados um em cada lado do avião.

19-2
Figura 19-2 Localização do tubo de Pitot
.
O sistema pitot consta de dois tubos, Sistema de instrumentação de dados do ar
instalados um em cada lado do nariz do avião.
Um dos tubos é ligado ao velocímetro do painel A instrumentação de dados do ar, tem a
do piloto e o outro ao velocímetro do painel do finalidade de indicar a velocidade do avião e sua
co-piloto. altitude baseando-se em dados atmosféricos.
Ambas as ligações possuem, derivações
para a drenagem da linha. Descrição e localização dos componentes – O
Cada tubo de pitot possui, internamente, sistema é composto por:
uma resistência elétrica destinada ao - dois velocímetros:
aquecimento para evitar a possibilidade de
formação de gelo no tubo. - dois indicadores de velocidade vertical;
Os tubos de pitot enviam também - um altímetro servo codificador;
informações para o sensor de dados do ar.
- um altímetro sensitivo;
Pressão Estática – A pressão atmosférica, que - altitude alerta.
circunda o avião, diminui a medida que a
altitude aumenta. A fim de medir essa pressão, Todos os instrumentos estão instalados no
quatro tomadas, são utilizadas. painel principal.
As duas tomadas inferiores são ligadas
aos instrumentos do painel do piloto e as Velocímetro – A diferença entre as pressões das
superiores, ao painel do co-piloto e também ao linhas estática e dinâmica, fornece a indicação
sensor de dados do ar, instalado no da velocidade do ar.
compartimento eletrônico. O indicador possui uma cápsula que
As tomadas estáticas são dotadas de transforma essa diferença de pressão em
resistência elétrica para aquecimento, destinado movimento de seu ponteiro, em torno de uma
a impedir a formação de gelo. escala.

19-3
Figura 19-3 Pressão estática

Figura 19-3A Painel principal

Possui também, um dispositivo elétrico aerodinâmico) em 84 Kt; e outra para


que aciona internamente uma bandeira com a velocidade máxima de operação em 230
inscrição UC (Undercarriage), quando a Kt;
velocidade da aeronave atinge um valor abaixo - uma radial azul em 115 Kt para melhor
de 120 nós, com o trem de pouso não travado razão de subida monomotor;
em baixo. - uma semicircular branca de 72 a 148 Kt
As mascas de operação no velocímetro para operação com flape;
são as seguintes: - uma semicircular verde de 91 a 230 Kt
- duas radiais vermelhas, uma para Vmca para operação normal.
(Velocidade mínima de controle

19-4
Altímetro – Os altímetros apresentam a altitude
barométrica corrigida, indicando as relações
entre pressões estáticas e altitudes. Esses
altímetros são do tipo indicação por ponteiro.
Eles incorporam um botão o qual seleciona a
pressão barométrica, indicada em polegadas de
mercúrio e em milibares.
Dois altímetros são instalados: servo
codificador e sensitivo.

Alerta de altitude – O sistema de alerta de


altitude fornece sinais audíveis e visuais a fim
de alertar ao piloto quanto à aproximação ou
afastamento de uma altitude pré-selecionada.
O sistema constitui-se de um painel
alerta de altitude, instalado no painel de alarmes
(painel pala).
Figura 19-4 Velocímetro O sistema de alerta de altitude possui os
seguintes controles e fornece as seguintes
Indicador de velocidade vertical – Dois indicações:
indicadores de velocidade vertical são instalados - Botão seletor – Permite a pré-seleção de
no painel de instrumentos e recebem pressão das altitude, na faixa de 0 a 43.000 pés, em
lindas estáticas. incrementos de 100 pés.
Estes instrumentos indicam a variação de - Contador digital – Indica a altitude pré-
subida ou descida do avião em pés por minuto. selecionada de vôo, através de 5 dígitos,
Um só ponteiro indica a razão de subida de 0 sendo que os três primeiros indicam
(zero) a 6.000 pés por minuto quando gira no milhares e centenas de pés e os zeros são
sentido horário e indica a razão de descida de 0 caracteres fixos.
(zero) a 6.000 pés por minuto quando gira no - Luz de alerta – Traz a inscrição ‘ALT” e,
sentido anti-horário. Como os outros quando iluminada, indica que o avião
instrumentos de vôo, estes também, são em aproxima-se ou afasta-se da altitude de
número de dois e cada um está ligado a uma das vôo pré-selecionada.
linhas de pressão estática.
- Bandeira de alarme – Traz a inscrição
O ponteiro deste instrumento deve
“OFF” e, quando visível, indica a perda da
permanecer em zero quando o avião está parado
alimentação elétrica ou informação de
ou quando em vôo nivelado.
altitude sem validade.
Por razões diversas, sem constituir pane,
o ponteiro desloca-se esporadicamente para fora
do zero. Para ajustar novamente em zero, há, no
canto esquerdo do indicador, um parafuso de
ajuste.

Figura 19-5 Indicador de velocidade vertical Figura 19-6 Painel de alerta de altitude

19-5
Operação atinge um limite de 400 pés, antes da altitude
pré-selecionada.
O pré-seletor de altitude e o servo As luzes permanecerão acesas até que o
altímetro alertam, ao piloto, quando o avião limite de 200 pés seja atingido (momento em
aproxima-se ou afasta-se de uma altitude de vôo que se apagam).
pré-selecionada. Ele é energizado desde que as Se o avião não mudar de altitude,
barras de distribuição da aeronave estejam passará pela altitude pré-selecionada, quando a
energizadas e o disjuntor correspondente, diferença será zero e continuará aumentando (a
pressionado. diferença) num outro sentido.
O alerta de altitude recebe informação de Quando atingir 200 pés, afastando-se da
altitude do servo altímetro e a compara com a altitude pré-selecionada, as luzes acender-se-ão
altitude pré-selecionada, a fim de ativar a luz de e a buzina será ativada.
alerta, e uma buzina instalada acima da janela As luzes permanecerão acesas até que o
do piloto. avião retorne para o limite de 200 pés ou seja
O sistema de alerta de altitude fornece selecionada uma nova altitude.
um alarme visual (luz âmbar com a inscrição O alerta de altitude também fornece um
“ALT”, no painel de alerta de altitude e no sinal de erro de altitude para o computador do
servo altímetro) e auditivo, quando o avião piloto automático.

Figura 19-7 Sequência de operação

Altímetro Servo codificador – Esse altímetro Esta função é automática e não requer nenhuma
fornece uma saída codificada de altitude para o ação do piloto. Quando a bandeira desaparecer a
“Transponder” e uma saída síncrono para o unidade estará confiável.
sistema alerta de altitude.
O potenciômetro de ajuste é acessível Altímetro sensitivo – É um instrumento que tem
pela frente do instrumento. Um ajuste é dois ponteiros e um arco branco. Os ponteiros se
necessário quando da instalação inicial ou deslocam sobre o mostrador com as escala
sempre que a indicação da pressão barométrica graduadas em pés.
não coincidir com a elevação do campo. O ponteiro maior indica centenas de pés
O altímetro servo codificador possui por divisão e completa uma volta a cada 1.000
uma bandeira de cor laranja e não se pode fazer pés.
leitura de altitude quando esta bandeira estiver O ponteiro menor indica milhares de pés
visível. por divisão e completa uma volta a cada 10.000
A presença da bandeira indica perda de pés.
energia elétrica ou que o indicador não alcançou Um botão na parte inferior do
uma leitura correspondente a pressão estática. instrumento permite que ele seja ajustado à
Enquanto a bandeira estiver visível, a ligação pressão barométrica, cujo valor aparecerá em
comum do digitador estará interrompida, uma janela na parte inferior do mostrador do
evitando informações errôneas de altitude. instrumento.

19-6
Figura 19-8 Servo altímetro

- Linha do Horizonte – É uma linha branca


que indica a relação entre o horizonte e a
atitude de “Pitch” do avião.
- Ponteiro de “Roll” – É um ponteiro que
indica a atitude de rolamento.
- Índice de rolamento – Através de um
ponteiro, fornece a indicação do ângulo de
rolamento, do avião. O instrumento
permite movimento total de rolamento em
360º, em uma escala graduada tanto para a
direita como para a esquerda, em
Figura 19-9 Altímetro sensitivo intervalos de 10º, até 30° e, em intervalos
de 30º, até 90º.
INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO - Tambor – O tambor possibilita a leitura de
“Roll” ou “Pitch”. A área preta indica
Indicador de atitude, de reserva descida e a azul, subida.
- Avião miniatura – Indica atitude de “Roll”
Este instrumento fornece uma indicação
e “Pitch”, com relação ao horizonte.
visual das atitudes de ‘ROLL” e “PITCH” do
avião. É um sistema substituto para caso de - Botão “Caging” – Botão para ereção do
falha do sistema principal e está instalado no giro.
painel principal do avião. Este indicador é um - Bandeira de alarme de Energia Elétrica –
giro atuado eletricamente, cuja atitude vertical é É uma bandeira vermelha que, quando à
mantida por um dispositivo mecânico de ereção vista, indica falta de alimentação e giro
e fornece ao piloto as indicações a seguir. abaixo da rotação nominal de operação.

19-7
Figura 19-10 Indicador de atitude, de reserva

Operação do sistema - ARM – O sistema fica armado para


alimentar os computadores do AHRS e o
O indicador de atitude, de reserva, é indicador de atitude, de reserva, no caso
alimentado pela barra de emergência, mas é de tensão da barra de emergência cair
também conectado a uma bateria de emergência, abaixo dos valores normais.
a qual assegura operação confiável, pelo menos, - .DESL – O sistema da bateria de
por 30 minutos após falha total do sistema de emergência é desativado. Após o corte dos
geração de CC da aeronave. motores, o interruptor deve ser deixado
O sistema de ereção mecânica e a nesta posição para impedir a descarga da
velocidade do rotor capacitam ao indicador bateria.
fornecer informações confiáveis por, no - TESTE – A bateria de emergência
mínimo, 9 minutos após total interrupção de alimenta os computadores do AHRS e o
energia. indicador de atitude, de reserva, com ou
Com o indicador de atitude, de reserva, sem energia na barra de emergência. Para
energizado, a bandeira de alarme fica visível e o testar a integridade do sistema, a barra de
giro parado numa posição aleatória. emergência deve estar desenergizada.
Quando o giro é alimentado, o
mecanismo de pressão faz com que o tambor
oscile.
O botão de travamento é utilizado para
apressar a ereção, estabilizar e travar o giro.
A posição do avião miniatura é ajustada
girando-se o botão de travamento em qualquer
dos dois sentidos.
A bandeira de alarme estará visível
quando o giro estiver travado ou em caso de
interrupção de energia.
O sistema é comandado através do
painel “BATERIA EMERG”, localizado na
parte superior do painel de instrumentos.
O painel possui uma luz indicadora, que
acende quando a bateria de emergência está
alimentando o indicador de atitude, de reserva, e Figura 19-11 Funções do indicador de atitude
um interruptor com as seguintes posições: de reserva

19-8
Bússola magnética O flange de fixação possui duas fendas
que permitem a rotação de dez graus para cada
A bússola magnética indica a proa do lado.
avião com respeito ao norte magnético. É Estas fendas destinam-se a permitir a
utilizada pelos pilotos para uma rápida ajustagem de posição do eixo da linha de fé da
referência direcional, como auxílio à navegação bússola com o eixo longitudinal do avião.
e está instalada na parte central, superior do Um diafragma interno permite a
pára-brisas. dilatação do líquido, devida às variações de
Sempre que for feita a compensação do pressão.
sistema AHRS, deverá ser feita a verificação de As discrepâncias entre os rumos
compensação da bússola magnética, ou vice- magnéticos e as indicações obtidas, devem ser
versa, e se necessário compensá-la. marcadas no cartão de correção de 30 em 30°.

Figura 19-12 Bússola magnética

Figura 19-13 Mecanismo da bússola magnética

19-9
Indicador Radiomagnético (RMI) - Bandeira de falha de Proa Magnética – É
visível em caso de falha do sincronismo
É um instrumento que fornece indicação entre o RMI e o computador AHRS, falha
de proa magnética, num cartão compasso de indicação magnética ou falha de
calibrado cuja leitura é efetuada com referência energia elétrica no instrumento.
à linha de fé. Ele recebe dados de VOR e ADF, - Ponteiros Simples e Duplo – Ambos
bem como entrada dos AHRS numa podem indicar orientação de ADF ou
configuração cruzada. VOR. Eles indicarão a posição 3 horas nos
Dois indicadores radiomagnéticos estão seguintes casos:
instalados no painel principal de instrumentos. • Falha de ADF.
O RMI apresenta um cartão compasso, • Falha ou falta de alimentação no
uma linha de fé, uma bandeira de falha de proa sistema VOR.
magnética, dois ponteiros (um simples e um • Seleção de uma frequência de ILS.
duplo) e dois botões de controle dos ponteiros. - Botão do Ponteiro de barra Simples –
- Cartão compasso/Linha de fé – O cartão Seleciona o modo de operação (ADF 1 ou
compasso mostra a proa magnética do VOR 1), associado ao ponteiro de barra
avião, lida contra uma linha de fé fixa. A simples.
informação de proa magnética, de cada - Botão do Ponteiro de barra Dupla –
RMI, é fornecida cruzada com o Seleciona o modo de operação (ADF 2 ou
computador do AHRS do lado oposto VOR 2), associado ao ponteiro de barra
(AHRS 1 com o RMI 2 e AHRS 2 com o dupla.
RMI 1).

Figura 19-14 Instalação do indicador radio-magnético

19-10
Figura 19-15 Indicador radiomagnético RMI-36

Operação típica como VOR - Pressione o interruptor VOR / ADF, do


RMI, a fim de selecionar ADF, no
- Energiza os receptores de navegação. indicador.
- Selecione um canal de VOR. - O ponteiro do RMI indicará a proa relativa
- Pressione o botão VOR/ADF a fim de para a estação de ADF selecionada. Se o
selecionar VOR, no indicador. O ponteiro sinal recebido pelo ADF não for
selecionado indicará a proa relativa do satisfatório, o ponteiro do RMI indicará a
avião para a estação VOR selecionada. posição 3 horas.
- Se o sinal do VOR não for satisfatório o
ponteiro do RMI indicará a posição de 3
horas.

Figura 19-17 Comando de operação ADF

Bússola magnética C-14


Figura 19-16 Comando de operação VOR
Os sistemas de bússola giromagnética
Operação típica como ADF destinam-se a fornecer aos pilotos uma
indicação de rumo magnético estabilizadas por
- Sintonize a unidade de controle do ADF meio de giroscópio, possuindo também recursos
para a frequência desejada. para funcionar com rumo não magnético
- Gire o seletor de função, na unidade de estabilizado pelo giroscópio e selecionado pelos
controle do ADF, para a posição ADF. pilotos.

19-11
Possui dois sistemas independentes e não será o rumo magnético, podendo ser
idênticos de bússola giromagnética.. Cada selecionado por meio do interruptor
sistema envia sinais de rumo magnético para um momentâneo existente no painel de
indicador de curso. Estes sinais são repetidos controle.
nos indicadores RMI. O indicador RMI do co- -
piloto repete os sinais de rumo magnético do
indicador de curso do piloto e vice-versa.
Em algumas versões, os sinais, antes de
irem para os Indicadores de Curso e RMIs,
passam por um sistema de transferência de
Bússola Giromagnética que faz o cruzamento
dos mesmos.
O sistema que envia sinais para o
indicador de curso do piloto é o que faz parte
dos componentes do diretor de vôo.
Os componentes exclusivos de cada
sistema de bússola giromagnética (Figuras 19-
18 e 19) são os seguintes:
- Um detector de fluxo situado na ponta da
asa.
- Um conjunto de giroscópio e sincroni-
zadpr situado no compartimento de Figura 19-18 Componentes da bússola Giroma-
bagagem do nariz. gnética C-14.
- Um compensador remoto DRC-1 comum
aos dois sistemas. Descrição dos componentes
- Um painel de controle.
- Detector de fluxo – Capta o componente
Operação horizontal do campo magnético da terra e
converte a informação em sinal elétrico de
Cada sistema de bússola giromagnética referência para o sistema.
C-14 possui um painel de controle (figura 19-
19) por meio do qual o piloto pode desacoplar o - Conjunto de Giroscópio e Sincronizador –
giroscópio do detector de fluxo e selecionar um Consiste realmente de dois conjuntos
rumo não magnético. separados; o do giroscópio e o do sincroni-
zador. O conjunto do giroscópio possui
Com o giroscópio acoplado um amplificador, cuja função é mantê-lo
acoplado ao rumo magnético captado pela
- Energizando o sistema, após três minutos válvula de fluxo. Os circuitos normal e
o indicador de curso e o RMI rápido de acoplamento, bem como os de
correspondente deverão estar indicando o monitoramento são contidos no conjunto
rumo magnético captado pelo detector de sincronizador, que serve também de
fluxo. suporte para o conjunto de giroscópio.
- O tempo inicial de sincronização é de 45 - Compensador remoto – Sua função é
segundos no máximo. A sincronização compensar os desvios causados no campo
rápida processa-se na razão de 50 graus magnético sentido pelo detector de fluxo,
por minuto, podendo ser verificada devido às peças ferromagnéticas existentes
desacoplando momentaneamente o nas proximidades do detector. Isto é feito,
giroscópio, mudando o rumo e acoplando aplicando quantidades controladas de
novamente. corrente nas bobinas do detector de fluxo.
Esta corrente é controlada por
Com o giroscópio desacoplado potenciômetros de precisão. Cada
- Com o giroscópio desacoplado, o rumo compensador tem provisões para
dado pelo indicador de curso e pelo RMI compensar dois sistemas independentes.

19-12
Chave na posição
CRUZADO

Compensação do Sistema de Bússola


Giromagnética C-14
- Depois da remoção, reinstalação ou
Figura 19-19 Painel de controle da Bússola substituição de um detector de fluxo, ou
Giromagnética. periodicamente, o sistema deve ser
compensado novamente.
Sistema de Transferência da Bússola Magnética - Para uma compensação rigorosa deste
- Os sinais da bússola giromagnética sistema, proceda de acordo com os
passam por uma caixa de transferência seguintes passos:
antes de alimentarem os indicadores de NOTA – Antes de executar os ajustes a
curso, indicadores radiomagnéticos (RMI) seguir, todos os componentes e instru-
e Piloto Automático. mentos do Sistema Diretor de Vôo devem
- O sistema é comandado através da chave estar instalados e os potenciômetros de
“Seletor Bússola Giromagnética” de duas compensação, no compensador remoto,
posições, localizada no painel do piloto colocados em suas posições centrais
abaixo do Indicador de Curso, conforme (metade do curso).
descritas a seguir. - A válvula de fluxo deve ser
- Posição “Normal” - Nesta posição, o substituída, caso não funcione
Giro Direcional 1 alimenta o Indicador satisfatoriamente ao ser verificada
de Curso do piloto, o RMI do co-piloto quanto a desvio magnético, erro de
e o Piloto Automático; o Giro índice ou compensação adequada.
Direcional 2 alimenta o Indicador de
Curso do co-piloto e o RMI do piloto.
- Posição “Cruzado” – Nesta posição as
funções dos Giros são invertidas,
passando o Giro 1 a alimentar o
Indicador de Curso do co-piloto e o
RMI do piloto; e o Giro 2 a alimentar
o Indicador de Curso do piloto, o RMI
do co-piloto e o Piloto Automático.
- Cada piloto tem em seu painel um Figura 19-20 Chave de transferência da Bússola
indicador magnético (figura 19-20), sendo Giromagnética e os indicadores
que o do piloto está junto com a chave magnéticos.
“Seletor Bússola Giromagnética”. Os
indicadores informam aos pilotos, através ADVERTÊNCIA – Para fazer o teste de
das inscrições “GC1” ou “GC2”, qual continuidade na válvula de fluxo, use o
sistema de bússola está alimentando seu verificador de continuidade T321188 ou
Indicador de Curso, como é explicado a similar, isto evitará possíveis danos nas
seguir. espiras e magnetização do núcleo.
Não permita que passe uma corrente maior
Avião desenergizado: que 1 miliampére através do elemento
Chave em qualquer sensor da válvula de fluxo, pois esta irá
posição permanentemente magnetizar o elemento e
torna-lo inútil. Na escala “R x 100” o
Avião energizado: multímetro conduzirá uma corrente de 1
Chave na posição miliampére. Mesmo que se vá fazer uma
NORMAL leitura de baixa resistência, não use uma
escala menor que “R x 100” no medidor.

19-13
Verifique a saída de outros multímetros externos, devem ser anulados usando-
antes de usá-los como miliamperímetros. se o Compensador Magnético Remoto.

NOTA:Os motores não precisam estar ligados - Ajustes do Compensador Remoto


durante este ajuste.
NOTA – Antes de iniciar os ajustes a seguir,
Neste caso, a aeronave é alimentada por no compensador remoto, faça a instalação da
uma fonte externa. A viragem no solo válvula de fluxo e o ajuste do erro de índice
poderá ser mais rápida e conveniente- descrito no item anterior.
mente executada com o uso do conjunto a Remova a tampa do compensador
calibrador de bússolas MC-1 ou MC-2. remoto.
b Certifique-se de que os potenciômetros
- Coloque a aeronave numa Rosa dos de compensação estejam em suas
Ventos e dirija a proa para cada um posições centrais (metade do curso
dos quatro pontos cardeais. total).
- Registre as diferenças de leituras entre c Com o avião na Rosa dos Ventos, dirija
o mostrador do indicador de curso e a o nariz do avião para o ponto cardeal
Rosa dos Ventos, tanto positivas NORTE e deixe que o cartão de bússola
quanto negativas, dependendo se as do Indicador de Curso se estabilize.
leituras no mostrador são maiores ou d Compense qualquer diferença entre a
menores que as da Rosa dos Ventos. A proa atual e a indicada no Indicador de
cada mudança de direção da proa para Curso, soltando a porca-freno e ajus-
os pontos cardeais, espere até que o tando o potenciômetro N-S no compen-
mostrador se estabilize, antes de fazer sador. Aperte a porca-freno.
as novas leituras. e Repita o item “c”, colocando o nariz do
- Adicione os erros algebricamente e avião para o ponto cardeal LESTE.
divida por quatro. O resultado é o erro f Repita o item “d”, ajustando o
de índice. potenciômetro E-W.
- Solte os parafusos que fixam o flange g Repita o item “c”, para o ponto cardeal
da válvula de fluxo à sua superfície de SUL.
montagem e gire o flange da unidade h Repita o item “d”, ajustando o
para cancelar o erro de índice. potenciômetro N-S de modo a
Se o erro for positivo, o flange deve compensar apenas a metade do erro.
ser girado no sentido anti-horário i Repita o item “c” para o ponto cardeal
(dando assim, uma leitura “menos” no OESTE.
flange), como visto por cima da j Repita o item “h” ajustando o
unidade. potenciômetro E-W
Se o erro for negativo, gire o flange no k Como teste, gire a aeronave em
sentido horário (dando uma leitura incrementos de 30 graus e anote as
“mais” no flange). O giro da válvula leituras do mostrador da bússola. Todas
de fluxo deve ser igual ao erro de as leituras devem estar, no máximo, a
índice. um grau da proa real. Se os erros forem
- Aperte os parafusos de fixação e maiores que um grau, repita o ajuste do
verifique novamente as leituras nos erro de índice descrito no item anterior,
quatro pontos cardeais. Recalcule o e os ajustes acima, para uma maior
erro de índice para se certificar de que precisão.
este é zero. Caso não seja zero,
reajuste o flange da válvula de fluxo NOTA – O conjunto Calibrador de Bússola
até que o erro seja cancelado. MC-1 ou MC-2 pode ser usado para
Quaisquer erros que ainda ajustar o erro de índice e o Compensador
permaneçam maiores do que ± 1 grau, Remoto em substituição aos
causados por campos magnéticos procedimentos descritos acima.

19-14
Figura 19-21 Indicador de Curso RD-44.

Figura 19-22 Indicador do Diretor de Vôo GH-14.

19-15
SISTEMA AUTOMÁTICO DE DIREÇÃO avião, a leitura do ponteiro indicador, contra o
cartão compasso, fornece a direção magnética
O sistema ADF é projetado para fornecer para a estação.
informações de proa relativa, ou seja, com A aeronave emprega dois receptores
relação a uma estação de terra sintonizada e a ADF em sistemas independentes, cujas
recepção de áudio, para sinais de AM de baixa e indicações são apresentadas nos indicadores
média frequência, na faixa de 190 a 1750 kHz. RMI e EHSI.
A informação de proa relativa (da Os ADFs são usados nas seguintes funções:
estação) é apresentada nos indicadores - Como radiogoniômetro automático, para
radiomagnéticos (RMI) e nos indicadores de fornecer indicações contínuas de
situação horizontal (EHSI). marcações magnéticas das estações
O conceito de navegação ADF é baseado sintonizadas.
na habilidade que tem o sistema de bordo, de - Como receptores convencionais para
fornecer indicação de proa, relativa à direção de permitir a recepção auditiva de sinais
uma estação de rádio selecionada. Quando o modulados em amplitude na faixa de
cartão compasso de um RMI indica a proa do frequência abrangida.

Figura 19-23 Sistema de navegação ADF

Descrição e localização dos componentes para seleção de freqüências; e a antena, a fim de


Cada sistema é composto por: receber informações de RF.
- Um receptor ADF COLLINS 51Y-7, As saídas do receptor são conectadas ao
instalado no compartimento eletrônico. EHSI, RMI e sistema de áudio, do avião a fim
- Um painel de controle COLLINS 614L-13 de fornecer indicação de proa e identificação em
instalado no painel principal. áudio, respectivamente.
- Uma antena LOOP TECNASA ADF-500, Painel de controle – Os sistemas ADF1 e ADF2
instalada na parte inferior da aeronave. são comandados por meio de um painel de
- Uma antena SENSE, instalada na controle duplo, localizado no painel principal,
barbatana dorsal da aeronave. que possui os seguintes comandos e indicações:
- Dois indicadores radiomagnéticos
COLLINS-RMI 36 - Seletores de função.
- Um corretor quadrantal. - Controles de ganho(GAIN)
Receptor de ADF – O receptor de ADF é do - Seletores de frequência.
tipo sintonia digital conectado ao painel de - Janelas indicadoras de freqüência.
controle, através de barras de dados digitais, - Interruptor TONE.

19-16
Figura 19-24 Localização dos componentes do sistema ADF.

Figura 19-25 Painel de controle do ADF

19-17
Descrição e Localização dos componentes indicada pelos dois últimos algarismos da janela
indicadora.
Seletores de função
Janelas indicadoras de frequência
Os seletores de função estão localizados
exatamente no centro do painel. São dois Existem duas janelas: a da esquerda
interruptores rotativos idênticos, cada um com indica a frequência do ADF1 e a da direita a
quatro posições. O interruptor superior controla frequência do ADF2.
o ADF1 e o inferior controla o ADF2.
As posições com as respectivas funções Interruptor TONE
são:
- OFF – Desliga o sistema. Este interruptor é usado para a recepção
- ANT – Liga o receptor à antena SENSE de sinais de CW (não modulados). Na posição 1
(não direcional). Nesta posição, o sistema um oscilador de 1020 Hz do ADF1 é ligado para
funciona como radioreceptor convencional modular os sinais de CW recebidos. Na posição
e é usado também para recepção de sinais 2, é ligado o oscilador de 1020 Hz do ADF2.
auditivos das estações de radiofaixa. Dessa maneira, a recepção audível de
- ADF – Liga o receptor à antena SENSE e sinais CW, só é possível através de um ADF por
à antena LOOP (direcional). Nesta vez. Durante a recepção CW, um tom de 1020
posição, o sistema funciona como Hz será ouvido através dos fones ou auto-
radiogoniômetro automático. falantes.
- TEST – Nesta posição é acionado o
circuito-teste do receptor, o ponteiro dos Antena LOOP
indicadores RMI deverá colocar-se em 45º
e um tom de 1020 Hz deverá ser ouvido. As antenas LOOP (direcionais) são do
tipo TECNASA ADF-500 e estão instaladas na
Controle de ganho (GAIN) parte inferior da fuselagem.

Estes controles permitem ajustar o nível Antenas SENSE


de saída de áudio. Existem dois controles, um
para o ADF1 e o outro para o ADF2. Estes As antenas SENSE (não direcionais) são
controles são botões concêntricos aos seletores montadas na barbatana dorsal do avião,
de função. O botão superior é o controle de formando um único conjunto.
ganho do ADF1 e o botão inferior é o controle
de ganho do ADF2. Indicadores Radiomagnéticos

Seletores de freqüência O avião está equipado com dois RMIs


(COLLINS RMI-36), localizados no painel de
São dois conjuntos, cada um formado instrumentos do piloto e do co-piloto. Cada
por três botões concêntricos e estão localizados RMI possui dois ponteiros. O ponteiro de haste
na parte inferior do painel. O conjunto da simples indica a estação sintonizada pelo ADF1
esquerda seleciona a frequência do ADF1 e o ou pelo VOR1 e o ponteiro de haste dupla
conjunto e o conjunto da direita seleciona a indica a estação sintonizada pelo ADF2 ou
frequência do ADF2. VOR2. Para os indicadores radiomagnéticos que
Em cada conjunto, o botão externo não possuem teclas próprias, a seleção de ADF
seleciona a frequência em intervalos de 100 kHz ou VOR é feita através de duas chaves BRG1 e
a qual é indicada pelos dois primeiros BRG2, instaladas nos painéis de instrumentos,
algarismos da janela indicadora. abaixo de cada RMI.
O botão intermediário seleciona a
frequência em intervalos de 10 kHz, a qual é Corretor Quadrantal
indicada pelo terceiro algarismo da janela
indicadora; o botão interno seleciona a O Corretor Quadrantal QCA 7301 está
frequência em intervalos de 0,5 kHz, a qual é instalado entre o receptor ADF1 e a antena

19-18
LOOP do adf1 para corrigir as informações da O sistema envia as seguintes informações:
antena ao receptor, devido ao comprimento do - Saída de sinal SEM / COS para o RMI.
cabo coaxial.
- Saída de sinal SEM / COS para o sistema
EHSI.
Operação do sistema
- Saída de áudio, para o sistema de áudio do
Os sinais da estação de terra são avião.
recebidos através das antenas SENSE e LOOP e
são enviados ao receptor. O receptor fornece O painel de controle proporciona a seleção
informações de proa relativa à estação de frequência e de modo de operação e transfere
sintonizada, nos indicadores. dados para o receptor.

Figura 19-26 Diagrama bloco do sistema ADF.

19-19
Figura 19-27 Indicador EHSI

SISTEMA VOR / LOC – GS – MB Os sinais de referência são variáveis. São


voltagens derivadas da variação (modulação) de
VOR / LOC a função básica do VOR 30 Hz, sobre uma RF portadora.
(VHF – OMNIDIRECTIONAL RANGE) é A diferença de fase é indicada no EHSI
fornecer meios para que seja determinada a ou RMI.
posição do avião, com referência a uma estação ILS – Este sistema proporciona, durante
de terra e, também seguir uma rota em direção à a fase de pouso, de um vôo, informações para
estação ou no afastamento da mesma. Isto é que o avião seja dirigido diretamente para a
efetuado pela indicação do posicionamento do pista e como descer em um ângulo correto. Para
avião, na radial da estação de VOR selecionada tanto foram projetados um sistema de VHF
ou determinando-se a radial na qual a aeronave (orientação horizontal) e um de UHF
se encontra. (orientação vertical).
A diferença de fase entre os dois sinais O LOCALIZER é uma estação que
que são gerados pelo VOR (estação de terra) é transmite a orientação horizontal para a pista e
avaliada de acordo com a direção do avião em opera em VHF, na faixa de frequência de 108 a
relação à estação (de terra), de modo que uma 111.95 MHz, sempre que o decimal for ímpar.
determinada radial é representada por uma Uma portadora modulada em 90 Hz e
diferença de fase. 150 Hz é transmitida, pela antena, de modo que
É gerado um sinal de referência, não toda a energia é concentrada em uma faixa
direcional, cuja fase é a mesma a qualquer estreita, perpendicular à pista.
momento e em todas as direções. Um avião voando à direita dessa faixa
O outro sinal apresenta variações de vertical recebe um sinal predominante de 150
fase a cada instante e em cada direção. Os dois Hz e, à esquerda, recebe o sinal de 90 Hz.
sinais terão a mesma fase somente a zero graus, Quando o avião estiver perfeitamente alinhado
ou radial norte. em direção à pista, os sinais serão nulos.

19-20
Figura 19-28 Determinação de uma radial.

Esta posição relativa, depois de recebida e concentrada numa faixa estreita, que determina
decodificada, é mostrada na instrumentação de a rampa de descida para o avião. Se o avião
vôo com as informações de desvio. estiver acima da rampa, recebe a modulação de
O GLIDESLOPE transmite uma 90 Hz e, estando abaixo, a de 150 Hz.
orientação vertical da pista e opera na faixa de Se o avião estiver na rampa correta, os
frequência de 329.15 a 335.00 MHz irradiando sinais se anulam. Esta posição relativa, após
dois sinais modulados; um em 90 Hz e o outro recebida, é mostrada na instrumentação de vôo
em 150 Hz. Neste caso a energia transmitida é com as informações de desvio.

Figura 19-29 Rampa de descida do ILS.

19-21
MARKER BEACON – É um sistema meio de um tom específico, para cada
constituído de três transmissores alinhados com modulação.
o eixo da pista. Os três marcadores conhecidos
como externo, intermediário e interno, operam A correspondência de cores e tons é
numa frequência de 75 MHz, sendo cada apresentada a seguir, para cada marcador.
portadora modulada por um tom diferente de
áudio: 3.000 Hz para o interno; 1300 Hz para o - EXTERNO – Cor azul e tom de 400 Hz,
audível em baixo tom e identificado em
intermediário; e 400 Hz para o externo.
A energia é concentrada segundo um código Morse, pela emissão contínua de
dois traços por segundo.
feixe cônico de pequena abertura e, por este
motivo, o receptor de bordo só acusa a presença - INTERMEDIÁRIO – Cor âmbar e tom de
de sinal quando a aeronave estiver bloqueando o 1.300 Hz, audível em tom médio e emite
respectivo marcador. um código Morse, alternando pontos e
Como as distâncias entre os marcadores traços, na razão de 95 unidades (pontos e
e a cabeceira de aproximação são padronizadas traços) por minuto.
intencionalmente, os marcadores indicam, ao
piloto, o progresso da aeronave ao longo da - INTERNO – Cor branca e tom de 3.000
perna final. O equipamento de bordo propicia Hz, audível em tom bem agudo e pontos
indicações visuais através de lâmpadas contínuos em código Morse, na razão de 6
indicadoras de cores distintas, e auditivas, por pontos por segundo.

Figura 19-30 Marcadores do sistema Marker Beacon

Localização dos componentes - Antena de MB, instalada na parte inferior


da fuselagem (A)
Cada sistema compõe-se de: - Antena VOR / LOC (B)
- Um painel de controle de VHF / NAV,
- Um indicador ADI-84 (H)
instalado no painel principal (L)
- Um receptor VOR / ILS / MB, instalado - Um indicador EFD-74 (G)
no compartimento eletrônico (C) - Um indicador RMI (J)
- Antena GS instalada sob o radome (D) - Um anunciador de MB (K)

19-22
Figura 19-31 Localização dos componentes do sistema VOR / ILS / MB

19-23
Figura 19-32 Localização dos componentes do sistema VOR / ILS / MB

Painel de controle - Chave Seletora de Função – Essa chave


– Cada sistema é controlado por um painel possui cinco posições:
Collins Modelo 313N-2D. - OFF – Os sistema VOR/ILS/MB e
Somente a parte “NAV” do referido MDE permanecem desligados
painel é usada para o controle do sistema de - NAV – Energiza o receptor VOR/LOC
navegação. - STBY – O sistema de navegação
O setor “NAV” do painel de controle continua em operação e o sistema
possui os seguintes controles e indicações: DME entra em STBY (aquecimento)

19-24
- DME – Permite operação normal do a fim de receber sinais modulados, transmitidos
receptor DME pelo MB.
- OVRD – INOPERANTE
Indicador ADI-84 – Consultar a seção
- Chaves Seletoras de Frequência – São referente ao sistema de instrumentos de vôo.
usadas duas chaves, uma à esquerda,
concêntrica com a chave seletora de Indicador EFD-74 - Consultar a seção
função, que ajusta a frequência em referente ao sistema de instrumentos de vôo.Ver
intervalos de 1 MHz. A outra chave, à a Figura 19-22, deste Capítulo.
direita, concêntrica com o comando de
volume, ajusta a frequência em intervalos Indicador Radiomagnético – Ver a Figura 19-
de 0,05 MHz. A frequência selecionada 15, deste Capítulo.
aparece na janela indicadora.
Anunciador de MARKER BEACON
- Comando de volume (VOL) – Controla o
volume de áudio do sistema. Está A indicação de Marker Beacon é
localizado na extremidade inferior direita apresentada no Anunciador de modos do piloto
do painel de controle e é concêntrica com automático MAP-65.
a chave seletora de frequência de 0,05
MHz.

- Chave NAV / TEST – Permite testar os


sistemas VOR / ILS, DME e MB.

Figura 19-34 Luzes do MB (Painel anunciador


de modos MAP-65)

Operação e teste de VOR / ILS


- Adicione o seletor NAV, no painel de
áudio.
- Posicione o seletor de função em NAV,
para energizar o sistema.
Figura 19-33 Painel de controle do sistema - Coloque em VOR as teclas seletoras
VOR/ILS/MB VOR-ADF do RMI correspondente.
- Botão VOL na metade do seu curso.
Receptor VOR / ILS / MB – O receptor NAV, - Sintonize a frequência desejada,
é uma unidade integrada que contém observando os algarismos correspon-
separadamente, três receptores de navegação dentes, na medida em que eles aparecem
para receber e processar sinais de VOR/LOC, na janela do mostrador.
GLIDESLOPE e MARKER BEACON. - Identifique a estação sintonizada através
do código Morse.
Antena VOR/LOC – É uma antena instalada - Proceda o teste do sistema do seguinte
no estabilizador vertical e consiste de duas modo:
partes interligadas através de um acoplador de
- Posicione manualmente a seta
fase.
indicadora de rumo em 5º e coloque
o seletor NAV/TEST em VOR.
Antena GLIDESLOPE – É uma antena dupla,
instalada no nariz do avião e opera com cada - A bandeira NAV deverá desaparecer.
receptor de GS independentemente. - A barra de desvio lateral deverá ficar
aproximadamente centrada.
Antena de MARKER BEACON – É uma - Os ponteiros do RMI e do EFD-74
antena instalada na parte inferior da fuselagem, deverão indicar aproximadamente 5º.

19-25
Figura 19-35 Diagrama de bloco do sistema VOR/ILS/MB VIR-31A

19-26
- As luzes de Marker Beacon deverão Especificações do equipamento
ficar acesas e cintilando, no MAP-65.
Alimentação: 27 VCC 800ma / 26 VCA 400Hz
- Um tom de 3.000 Hz deverá ser
2,5 ma
ouvido.
Faixa de Frequência (VOR/LOC): 108 a 117.95
- Sintonize uma estação de Localizer e MHz com espaçamento de 50 kHz.
coloque o seletor NAV/TEST em Controle de frequência: 2 em 5 – ARINC.
VOR. Canais: VOR – 160 e LOC – 40
- A barra de desvio lateral deverá se Sensibilidade da bandeira –3.0 µV
deslocar para a direita e a bandeira Sensibilidade do VOR (desvio) – 150 mV para
NAV e GS deverão desaparecer. 10º.
- O ponteiro de Glideslope deverá se Sensibilidade do LOC (desvio) – 90 mV.
deslocar aproximadamente um ponto Saída de áudio – 100mW, 600 Ohm
para baixo (Há 5 pontos no indicador). Faixa de frequência (GS) – 329.15 a 335.00
- As luzes de Marker Beacon deverão MHz com espaçamento de 150 kHz.
piscar no MAM-65. Canais - GS – 40.
Controle de frequência – 2 em 5 – ARINC.
- Um tom de 3.000 Hz deverá ser
Sensibilidade da bandeira – 5.0 µV.
ouvido. A bandeira NAV deverá
Sensibilidade GS (desvio) – 78 mV.
aparecer 1 segundo após terminado
Frequência – MB – 78 mV – 75MHz.
cada um dos testes (VOR e LOC). Ao
Sensibilidade – MB – Alta: 200 µV.
ser sintonizada qualquer estação de
Baixa: 1500µV.
VOR ou LOC, a bandeira deverá
Capacidade de Carga – Duplo conjunto de 3
desaparecer. A bandeira do Glideslope
lâmpadas (6.3 V, bulbo 200 mA)
deverá aparecer 0,5 segundo após
Saída de áudio – 100 mW, 600 Ohm.
terminado o teste de Localizer. Ao ser
Todas as indicações do sistema são
sintonizada qualquer estação, a mesma
apresentadas no sistema de instrumentos de vôo
deverá desaparecer.
e RMI..

Figura 19-36 Indicadores de Atitude

19-27
Figura 19-37 Unidades principais do sistema VOR/ILS/MB

Figura 19-38 Indicador RMI

19-28
EQUIPAMENTO MEDIDOR DE pelo sinal, para atingir a repetidora e retornar, é
DISTÂNCIA – DME proporcional à distância entre o transmissor e a
repetidora. O sinal a ser transmitido sofre um
O princípio de fundamento do DME está processo de caracterização que o torna
baseado na transmissão de um sinal de RF para inconfundível entre todos os sinais transmitidos
uma estação repetidora no solo. O tempo gasto para a estação no solo.

Figura 19-39 Teoria de operação do sistema DME.

19-29
Este processo consiste em transmitir os para eliminar a possibilidade de operação
sinais em intervalos irregulares por um método descoordenada quando a aeronave e a estação de
aleatório. terra estiverem muito próximas.
A figura 19-39 exemplifica três situações Após decorrido o tempo de 50µs a
de funcionamento do sistema DME. estação de terra transmite pares de pulsos de
No primeiro exemplo, não há nenhuma volta para a aeronave numa frequência desviada
aeronave no perímetro de alcance da estação do em 63 MHz do sinal de interrogação.
solo e o transceptor a bordo do avião não A gama de frequência do receptor de
consegue receber uma quantidade mínima de DME, cobre a faixa de 962 a 1213 MHz.. Da
pulsos, desta maneira não efetuando nenhuma informação recebida o DME computa a
transmissão. distância segundo a fórmula apresentada a
No segundo exemplo existe uma seguir:
aeronave no perímetro de alcance e seu receptor
consegue captar a quantidade mínima de pulsos T − 50µ s
e passa a transmitir sinais de interrogação. D=
12359
A estação do solo ao receber os sinais,
acrescenta-os aos seus próprios sinais na Onde:
transmissão deste modo permitindo estabelecer
a distância. D = Distância em milhas náuticas entre a
aeronave e a estação DME
O terceiro exemplo mostra como T = Tempo em microssegundos entre a
é possível trabalhar com diversas transmissão dos pares de pulsos e a
aeronaves dentro do perímetro de recepção dos pares de pulsos de retorno.
alcance da estação 50µs = Tempo que a estação DME de terra
retarda entre a recepção da interrogação
Descrição e a transmissão da resposta.
A operação do sistema DME é baseada 12359 = Tempo que a energia de RF demora
na transmissão de pares de pulsos em intervalos para se propagar num espaço de 1 milha
específicos emitidos pela aeronave, que são náutica (ida e volta).
recebidos e retransmitidos por uma estação de Em adição às respostas das interrogações
terra. a estação DME de terra gera o “Squitter” e o
A retransmissão pela estação de terra código de identificação da estação para uso no
consiste de pares de pulsos sendo que a sistema do equipamento da aeronave.
frequência da retransmissão é diferente da Quando operado nos canais “X” tanto o
recepção. equipamento de bordo quanto a estação de terra,
O tempo decorrido entre a ida e a volta usam pares de pulsos transmitidos e recebidos
desse sinal é medido pelo equipamento da em 12 µs.
aeronave e transformado em distância, em Nos canais “Y” os pares de pulsos
milhas náuticas, a partir da aeronave até a transmitidos pela aeronave são espaçados de 36
estação de terra. µs e a estação de terra retransmite estes mesmos
O ciclo de operação do sistema inicia-se pares em espaçamentos de 30µs.
quando o transceptor de bordo transmite pares Existem 200 canais (DME/VHF–NAV)
de pulsos na frequência de recepção da estação na faixa de 108 a 117.90 MHz, e mais 52 canais
de terra em um dos 252 canais na gama de 1025 entre as freqüências de 133.30 a 135.95 MHz
a 1159 MHz. que são usadas normalmente pelo sistema
Após a recepção da interrogação, a TACAN.
estação de terra, decodifica o sinal recebido e A frequência matriz (frequência do
responde a interrogação após um tempo de painel de controle VHF-NAV) é usada para
50µs. Este tempo de 50µs é pré-estabelecido determinar o canal DME.

19-30
Figura 19-40 Operação do DME.

Descrição e localização dos componentes


– O sistema é composto por:
- Um transceptor Collins DME-42
- Um indicador Collins IND-41A, instalado no painel principal.
- Dois indicadores Collins EFD-74 instala- dos em cada um dos painéis de instrumentação de vôo.
- Uma antena Collins 2372-1, instalada sob a fuselagem.
- Um controle de volume instalado no painel principal.

A tabela a seguir mostra o inter-relacionamento entre as freqüências de VOR/ILS e DME.

19-31
Figura 19-41 Tabela de inter-relacionamento de freqüências.

Transceptor
- Interruptor TEST – Permite o teste inicial
O transceptor DME possui uma potência do receptor-transmissor DME-42 para
de saída de 300W operando na faixa de calibração adequada da distância. Está
frequência de 960 a 1215 MHz, perfazendo um localizado no lado esquerdo do painel do
total de 252 canais DME. indicador.
O transceptor fornece uma saída, no - Botão DIM – Permite variar a intensidade
formato ARINC 568 para indicação no sistema luminosa do mostrador.
de RFIS. - Teclas seletoras NM-MIN-KTS-TIMER –
Selecionam a informação que aparece no
Indicador IND-41A mostrador. Quando a tecla NM é
pressionada, aparecem no mostrador as
A unidade indicadora IND-41A é do tipo informações da distância para a estação
leitura digital e indica a distância entre o avião e (distância oblíqua), em milhas náuticas.
a estação de terra em milhas náuticas, a
velocidade verdadeira de aproximação em nós A informação é mostrada em cada EFD-
ou o tempo para atingir a estação (TTG), em 74, na forma de três dígitos, situados no canto
minutos, dependendo da seleção das teclas no superior esquerdo, abaixo das letras DME.
indicador. O indicador possui na sua parte A faixa de operação é de 0 a 300 milhas
frontal os seguintes controles e indicação: náuticas (556 km).

19-32
Figura 19-42 Localização dos componentes do sistema DME-42.

Quando a tecla MIN é pressionada, abaixo das letras TTG. A faixa de operação é de
aparece no mostrador a informação do tempo 0 a 120 minutos.
para atingir a estação em minutos. A informação Quando a tecla KTS é pressionada,
é mostrada em cada EFD-74, na forma de três aparece no mostrador a informação da
dígitos, situados no canto inferior esquerdo, velocidade verdadeira de aproximação em nós.

19-33
A informação é mostrada em cada EFD- Antena
74, na forma de três dígitos, situados no canto
inferior esquerdo, abaixo das letras SPD. A É do tipo banda “L”, conectada
faixa de operação é de 0 a 999 nós. diretamente ao transceptor, através de um cabo
Quando a tecla TIMER é pressionada, coaxial. A antena está instalada na parte inferior
aparece no mostrador do IND-41A a informação da fuselagem e é intercambiável com a antena
do tempo decorrido em minutos e segundos. do Transponder.
A indicação de que a função TIMER
selecionada são DOIS PONTOS que aparecem Controle de Volume
no mostrador.
Cada vez que a tecla TIMER for O sinal de áudio, identificando a estação
pressionada, um dos três modos de operação de DME, é controlado pelo botão de controle de
seguintes é selecionado: volume localizado no painel principal do lado
- Modo zero – O indicador é fixado em direito da unidade indicadora IND-41A.
00:00.
- Modo movimento – Inicia a contagem até
59-59. Se a tecla TIMER não for
pressionada novamente, a contagem
prossegue incrementando os dígitos dos
segundos.
- Modo parada – A contagem é inter-
rompida e o valor aparece fixo no
mostrador. A seleção das teclas NM, MIN
Figura 19-44 Botão de controle do volume dos
ou KTS não altera o modo estabelecido
sinais de DME.
para a tecla TIMER.
Indicador COLLINS EFD-74
Botão seletor de modo (NAV1-HOLD-
NAV2)-
Os indicadores Collins EFD-74 estão
Permite selecionar as informações
localizados em cada um dos painéis móveis dos
enviadas pelos painéis de controle NAV 313-
pilotos e cada um deles recebe as mesmas
2D, assim como a função HOLD.
informações enviadas à unidade indicadora
As informações enviadas pelo painel
IND-41A, exceto a função TIMER.
NAV 1, selecionadas através da posição “1”,
aparecem nos dois mostradores EFD-74 na cor
Operação do sistema
verde e, para a posição “2”, informações do
painel NAV 2, na cor âmbar.
O sinal de DME pode ser distinguido
pela tonalidade diferente. O mesmo é modulado
por 1350 Hz, enquanto que os sinais de VOR
são modulados por 1020 Hz.
Quando um canal de DME é sintonizado,
o sistema envia pares de pulsos codificados, na
frequência da estação de terra, que os recebe e
os envia de volta ao sistema de bordo. Baseado
no tempo transcorrido entre a transmissão e o
retorno dos pulsos, o sistema fornece a distância
entre o avião e a estação de terra.
Imediatamente após o sistema ter
sintonizado uma estação de DME, há um
período de busca de, aproximadamente, 1
segundo, durante o qual o indicador digital e o
indicador EFD-74 apresentam traços em suas
Figura 19-43 Unidade Indicadora IND 41A. telas, até que seja encontrada a distância correta.

19-34
Figura 19-45 Indicador Collins EFD-74.

Assim que isso acontecer, os traços - Pressionar o interruptor “Test” na unidade


desaparecerão e uma indicação contínua de indicadora e observar:
distância será obtida. - A programação interna deste acende a
O DME entra, então, no modo de luz “NM” (Nautical Mile).
operação chamado “Rastreio”. Os traços - “O.O” deverá aparecer na tela do
aparecerão, também, durante o tempo de EFD-74 e “AOK” é ouvido em código
aquecimento do sistema, que é de Morse nos fones.
aproximadamente 60 segundos.
- “O.O” deverá aparecer na tela do
A função “Hold” do DME é selecionada
EFD-74 quando apenas a tecla “NM”
pelo botão seletor de modo, localizado no painel
for selecionada.
IND-41A, na posição “H”. Esta função é
mostrada nos indicadores EFD-74, através da - Soltando o interruptor “TEST”, a
letra “H”, no lado esquerdo dos mostradores. legenda e o ponto decimal previamente
A função “Hold” permite operar o selecionado iluminar-se-ão no IND-
sistema na estação previamente sintonizada e 41A e os números “8888” deverão
operar de modo independente do sistema VOR aparecer por um período de 8 a 12
(ou ILS). segundos.
- Traços aparecerão no indicador até que
Teste do Sistema o DME-42 receba um sinal válido de
uma estação de terra.
- Ligar ao avião uma fonte externa de - Posicionar o interruptor “Conversor 1”
energia de 28 VCC. no painel superior, em “DESL.
- Posicionar o interruptor “Seletor Bateria” Observar se o indicador magnético
do painel superior, em “Fonte externa”. desalinha.
Observar se o indicador magnético se - Posicionar o interruptor “Seletor
alinha com as marcas do painel. Bateria”, no painel superior, em
- Posicionar o interruptor ”Conversor 1” no “DESL”. Observar se o indicador
painel superior, na posição “Liga”. magnético desalinha.
Observar se o indicador magnético se - Retirar do avião a fonte externa de
alinha com as marcas do painel. energia elétrica de 28 VCC.

19-35
SISTEMA TRANSPONDER O radar primário é usado para localizar e
determinar o curso das aeronaves na área de
O sistema Transponder responde as controle.
interrogações válidas do sistema radar ATC O radar secundário, sincronizado com o
com um sinal resposta codificado. primário, é utilizado para identificar as
O Transponder transmite na frequência aeronaves equipadas com Transponder, pela
de 1090 MHz e recebe na frequência de 1030 transmissão de sinais de interrogação e de
MHz. respostas codificadas.

Figura 19-46 Esquema de operação do Transponder


.
O TDR-90 é interrogado através de um Neste caso, a resposta do Transponder inclui a
método de três pulsos. informação de altitude da aeronave. O modo
O espaço de tempo entre o primeiro e o “D”, atualmente não está em uso.
terceiro pulso determina o modo de operação. O sinal de interrogação recebido é
Existem quatro modos de operação, analisado pelo TDR-90 para determinar sua
denominados A, B, C e D. No modo “A”, o validade e o modo de operação. Para este sinal
sistema transmite somente sua identificação. O ser válido, ele deve ser do lóbulo principal do
modo “B”, em alguns paises, ocasionalmente SSR e ser do modo “A” ou do modo “C”.
substitui o modo “A”. O modo “C” é usado Quando um sinal de interrogação é válido, o
quando a aeronave possui altímetro codificador. sinal resposta é transmitido.

19-36
Figura 19-47 Pulsos de interrogação do sistema Transponder
.
O sinal resposta codificado é composto Um pulso de identificação é também
de um trem de pulsos. transmitido 4,35 microssegundos após o último
O TDR-90 é capaz de produzir de 2 a 16 pulso de enquadramento.
pulsos de resposta codificada. O número de O pulso de identificação está presente
pulsos gerados num sinal resposta é somente quando o interruptor “IDENT” da
determinado pelo código selecionado na caixa caixa de controle 613L-3 for liberado e por
de controle 613L-3 ou gerado pelo altímetro aproximadamente 20 segundos após sua
codificador. liberação.

Figura 19-48 Posição dos pulsos do sinal resposta

Descrição e localização dos componentes


- Um transceptor instalado sob o piso.
O sistema é composto por: - Uma antena, instalada na parte superior da
- Um painel de controle instalado, no painel fuselagem.
principal.

19-37
Figura 19-49 Componentes do sistema Transponder.

Painel de controle Chave seletora de função – É uma chave


rotativa de três posições: STBY, ON e LO.
O painel de controle, instalado na parte Quando o interruptor “Seletor Bateria”,
inferior do painel rádio, possui na sua parte no painel superior, é posicionado para “BAT”
frontal os seguintes controles e indicações: ou “FONTE EXTERNA”, a alimentação é
automaticamente aplicada ao Transponder. A
chave seletora de função deve permanecer na
posição “STBY” durante 5 minutos para
aquecimento do equipamento.
Quando a chave seletora de função é
posicionada para “ON”, o sistema passa a
operar normalmente.
Na posição “LO”, a intensidade do sinal
transmitido pelo Transponder diminui. Este tipo
de operação é usado quando a intensidade do
Figura 19-50 Painel de controle sinal de vídeo na tela do radar é muito forte.

19-38
Durante o Vôo a chave seletora de Operação do sistema
função só deverá ser colocada nas posições
“STBY” e “LO”, quando os pilotos recebem Quando a aeronave atinge a área de
instruções neste sentido pela estação de terra. controle de determinada estação de terra, o
Em caso contrário, deverá permanecer sempre piloto é instruído para selecionar no
na posição “ON”. equipamento o código informado pela
respectiva estação.
Chaves Seletoras de Código - São usadas para A mudança de código é feita através de
selecionar o código de operação. As duas controles próprios existentes na unidade de
chaves concêntricas da esquerda selecionam os controle.
algarismos dos milhares e das centenas. As duas O sistema Transponder TDR-90 opera
chaves concêntricas da nos modos “A” e “C” e é alimentado pela barra
direita selecionam os algarismos das dezenas e de emergência de 28 VCC..
das unidades. O sistema Transponder transmite um
sinal codificado, em resposta aos sinais de
Janela Indicadora de Código - Apresenta o interrogação do radar de terra. A estação de
código selecionado através de seus quatro terra usa o sinal de resposta, para localizar e
dígitos. identificar a aeronave equipada com o sistema
Transponder.
Controle ALT / OFF – É um interruptor de duas O sistema de radar de terra inicialmente
posições. Na posição ALT o Transponder inclui detecta a presença da aeronave, como um radar
informação de altitude da aeronave, quando comum. Em seguida envia um sinal de
interrogado no modo”C”. interrogação que é captado pela antena do
Quando a aeronave não possuir altímetro Transponder. O próprio sinal de interrogação
codificador o interruptor deverá permanecer na dispara o transmissor do TDR-90 que por sua
posição “OFF” (desligado). Neste caso, o vez emite um sinal de resposta.
Transponder responderá somente as
interrogações do modo “A”. RÁDIO ALTÍMETRO

Lâmpada RPLY – A lâmpada RPLY opera Introdução


normalmente, com a chave MON/TEST na
posição “MON”. Cada vez que o TDR-90 O sistema de rádio altímetro fornece
transmite uma resposta, a lâmpada RPLY indicações acuradas e confiáveis, da altura do
acende e permanece acesa por 1 segundo. avião com relação ao solo, durante as fases
críticas de aproximação. O sistema proporciona
Chave MON / TEST – A posição TEST desta continuamente sinais de saída para o sistema de
chave possibilita a operação do TDR-90, e piloto automático e ao diretor de vôo.
fornece uma indicação confiável das condições
de operação do sistema.
Quando a chave MON / TEST é
colocada na posição TEST, uma interrogação
simulada, do módulo “A”, é gerado no TDR-90.
O teste pode ser feito para o modo”C”, desde
que a chave ALT / OFF esteja na posição
“ALT”. A resposta gerada no TDR-90 e, se o
mesmo estiver operando normalmente, a
lâmpada RPLY acende.

Controle IDENT – Quando o controle IDENT é


pressionado, um pulso adicional é incluído nos
pulsos de resposta. O controle IDENT,
normalmente, só é acionado quando solicitado Figura 19-51 Sinais do sistema de rádio
pela estação de terra. altímetro

19-39
Descrição e localização dos componentes - Um indicador, instalado no painel
principal.
O sistema Collins ALT-50 é composto por: - Duas antenas, uma para transmissão e
- Um transceptor Collins, instalado sob o outra para recepção, localizadas na parte
piso. inferior da fuselagem.

Figura 19-52 Localização dos componentes do sistema de rádio altímetro.

19-40
Figura 19-53 Indicador do sistema rádio altímetro
.
Transceptor – O transceptor de rádio altímetro, O ajuste da altura de decisão é feito
recebe e processa sinais de ondas curtas posicionando-se, através do seletor, o índice
moduladas em freqüência, para produzir um triangular “DH” sobre o valor desejado no
sinal de modulação em freqüência, cuja razão é mostrador do instrumento; durante a descida da
proporcional a altitude do avião, em relação ao aeronave, ao ser atingido o valor em questão, o
solo. piloto tem uma indicação visual através da luz
O transceptor proporciona continua- “DH” localizada na extremidade superior
mente saída para o piloto automático e diretor esquerda do instrumento.
de vôo. Um botão de teste localizado na
extremidade inferior esquerda do instrumento
Indicador – O indicador de rádio altímetro, possibilita, quando pressionado, o teste
fornece a indicação em pés da altitude do avião funcional do sistema. Uma bandeira de alarme,
em relação ao solo, dentro da faixa de 0 a 2.000 quando visível sobre o dial do instrumento
pés. O indicador possui em seu canto inferior indica o mau funcionamento do sistema ou
direito, um seletor de altura de decisão (DH). perda de alimentação elétrica.
Este seletor permite ao piloto a seleção manual
de uma altura mínima que, ao ser atingida, Operação
acionará um sistema de aviso. Este sistema pode
ser usado durante os vôos de patrulha para O sistema de rádio altímetro Collins
alertar o piloto quando for atingido um limite ALT-50 provê ao piloto indicações precisas da
inferior que não deve ser ultrapassado, ou altitude do avião em relação ao solo na faixa de
durante uma aproximação de precisão, de 0 a 2.000 pés, durante as fases de aproximação.
acordo com a altura de decisão do procedimento O transceptor que é alimentado por 28
de descida. VCC, produz um sinal de saída de frequência

19-41
variável entre 4250 MHz e 4350 MHz, que é RADAR METEOROLÓGICO
enviado ao solo através da antena de
transmissão. Introdução
O tempo transcorrido entre a transmissão
e a recepção do sinal, é convertido, no O sistema de radar meteorológico é
transceptor, em uma tensão CC proporcional a projetado para detectar e mostrar as condições
altitude do avião em relação ao solo. Esta tensão meteorológicas na rota do avião.
CC é enviada ao indicador que, por sua vez, a Energia de radiofreqüência ou ondas de
converte em uma indicação visual de altura, em rádio eletromagnéticas são comumente
pés. chamadas de energia de radar. Ao atingirem
uma superfície refletora essas ondas (ou
energia) produzem um eco, ou seja, parte da
energia é refletida.
A energia de radar é transmitida em
pulsos de curta duração.
O intervalo entre os pulsos é destinado à
recepção do eco. Essa energia percorre o espaço
em linha reta e a uma velocidade aproximada de
186.000 milhas por segundo (300.000 Km /
seg); durante um microssegundo um pulso
percorre 984 pés.
De posse desses dados a distância, de um
objeto ou de um avião, pode ser determinada
com precisão.
Na terminologia do radar uma milha
náutica de radar – 12,34 microssegundos- é o
tempo que um pulso gasta para percorrer uma
milha até o objeto e retornar.
O sistema radar meteorológico Bendix
RDS-82 tem como propósito detectar e
apresentar em quatro cores, de rápida
interpretação as condições meteorológicas.
O sistema pode ser usado como auxílio à
Figura 19-54 Diagrama bloco do sistema rádio navegação no modo mapeamento de solo ou
altímetro. mesmo como radar meteorológico.

Figura 19-55 Apresentação de uma precipitação pelo radar meteorológico.

19-42
Descrição e localização dos componentes - Um sensor de radar Bendix RS-181A,
instalado sob o radome.
O sistema RDS-82 é constituído por: - Uma unidade indicadora Bendix IN-182A,
instalada no painel principal.

Figura 19-56 Localização dos componentes do sistema de radar RDS-82


.
Sensor de Radar RS-181A O transmissor de radar emite pulsos de
RF na frequência de 9345 ± 25 MHz (banda X),
O sensor de radar RS-181A, compõe-se com uma potência de pico de saída de 1 KW.
de um receptor de radar, um transmissor de A frequência de repetição do pulso
radar e uma antena, formando uma única depende do alcance selecionado. Pulsos
unidade. refletidos pelos alvos são recebidos pelo sensor

19-43
de radar, através da antena, para serem radar está transmitindo. O modo de
mostrados na tela do indicador. operação “Wx” e o alcance de 80 milhas
A antena dirigida é fixada em um são automaticamente selecionados
conjunto de microonda do sensor de radar e os quando na posição “ON”.
dois se movem juntos na varredura do radar. - LOG – Esta função é inoperante, quando
A antena possui um ângulo de inclinação não há equipamento “NAV” conectado
de 15º acima e abaixo do eixo horizontal, ao sistema. Quando esta função é
comandável através do botão de controle de selecionada a palavra “NO LOG”
TILT no painel do indicador. aparecerá na tela.
O indicador de atitude do piloto envia ao
sistema informações de rolamento e arfagem da - Botão “Wx” – Quando pressionado
aeronave. Essas informações são processadas e seleciona o modo de mapeamento
usadas para estabilizar a antena. O máximo meteorológico. “Wx” é mostrado no canto
ângulo possível de correção é de ±25º. inferior esquerdo da tela.

Unidade indicadora IN-182A - Botão “WxA” – Quando pressionado


seleciona o modo de alerta meteorológico.
O indicador de radar abriga internamente A área na cor magenta cintila e “WxA” é
os dispositivos eletrônicos de controle e sua face mostrado no canto inferior esquerdo da
dianteira incorpora todos os controles, tela.
indicadores e a tela de imagens.
O painel indicador inclui os controles - Botão “MAP” – Quando pressionado,
necessários para alimentação do sistema, seleciona o modo de mapeamento de solo.
seleção de alcance e do TILT da antena, ”MAP” é mostrado no canto inferior
controle do ganho do receptor (no modo de esquerdo da tela.
mapeamento do solo), funções de varredura e
teste. As marcas de alcance geradas - Botão “NAV” – É inoperante quando um
internamente aparecem como círculos equipamento opcional “NAV” não é
concêntricos espaçados regularmente na tela, conectado ao sistema radar. As palavras
para auxiliar na determinação do alcance dos “NO NAV” serão mostradas no canto
alvos. inferior esquerdo da tela.
O indicador mostra as condições
meteorológicas em quatro cores: verde, amarelo, - Botões de rastreamento – TRACK” –
vermelho e magenta e os alvos no modo de Quando um dos dois botões é mantido
mapeamento de solo em três cores: verde pressionado, uma linha amarela do cursor
amarelo e vermelho. de rastreamento aparece e se movimenta
O indicador de radar possui os seguintes para a esquerda ou para a direita(passos de
controles: um grau), de acordo com o botão
- Chave de funções – É uma chave selecionado. Ao se liberar o botão, o
rotatória com cinco posições, cada uma cursor de rastreamento pára e permanece
com as funções a seguir. cerca de 10 a 15 segundos, desaparecendo
- OFF – Desliga o sistema. em seguida, a não ser que o botão seja
- STBY – Coloca o sistema na condição pressionado novamente. A proa diferencial
de STANDBY, durante o período de será indicada em algarismos amarelos no
aquecimento e quando o sistema não canto superior esquerdo do vídeo e
está em uso. A palavra STBY é desaparecer
mostrada no canto inferior esquerdo da
tela. - Botão de aumento de alcance-RANGE –
- TST – Seleciona a função de teste para Apaga a imagem e avança o indicador até
verificar a operacionalidade do sistema. o alcance imediatamente superior, cada
Nesta condição não há transmissão. vez que o botão for pressionado até o
- ON – Seleciona a condição para máximo de 240 milhas. O alcance
operação normal. Na posição “ON”, o selecionado é mostrado no canto superior

19-44
direito da tela, na última marca de alcance. mover o feixe de radar até um máximo de
A distância para cada um dos demais 15º para cima ou para baixo do eixo
círculos de marca de alcance é apresentada horizontal. A posição horizontal é indicada
ao longo da margem direita dos círculos como zero grau, no controle. O ângulo de
(arcos). “TILT” selecionado é mostrado no canto
direito da tela. Se o sistema está em uma
- Botão de decréscimo de alcance- instalação não estabilizada, as palavras
RANGE – Apaga a imagem e avança o “NO STB” aparecerão no canto superior
indicador até o alcance imediatamente esquerdo da tela.
inferior, cada vez que o botão for
pressionado, até que seja obtido o alcance - Controle de ganho – “GAIN” – Varia o
mínimo. ganho do receptor do radar, quando no
modo “MAP”. As posições “GAIN” e
- Botão de controle de “TILT” – Quando “STC” são pré-ajustadas na função “TST”
este botão é puxado, desestabiliza a antena e nos modos “Wx” e “WxA”.
e as palavras “STAB OFF” piscarão no
canto superior esquerdo da tela. Quando o - Controle de brilho – “BRT” – Controla o
botão é empurrado a estabilização da brilho da tela de acordo com as diversas
antena é rearmazenada. Quando o botão é condições da iluminação da cabine.
girado, ajusta eletricamente a antena para

Figura 19-57 Indicador de radar IN-182A


.
Operação captados pela antena e introduzidos no
transceptor.
O sistema é alimentado eletricamente Após serem amplificados os pulsos são
pela barra de 28 VCC e pela barra de 115 VCA apresentados na tela do indicador de radar
400 HZ. dando indicação da existência de obstáculos. O
O transceptor do sensor de radar indicador de radar fornece indicação
transmite pulsos de radiofreqüência através da meteorológica em quatro cores e indicação de
antena. Esses pulsos são refletidos por alvos no solo em três cores, dentro da área
obstáculos dentro do alcance do sistema, são varrida pelo radar.

19-45
O indicador de radar pode ser expandido, apresentando os alvos detectados numa
com equipamentos adicionais, para um representação plana, como se vistos de cima.
indicador de multifunção, fornecendo Através de uma análise de imagem mostrada na
informações de navegação (NAV) e de tela, o piloto toma conhecimento da existência
radionavegação (RNAV), informações de de tempestade ou de outro alvo, obtém a
relatório de vôo e páginas de informações de distância entre o avião e o alvo, bem como a
“check-list”. A tela do indicador de radar é do direção desta em relação ao eixo longitudinal do
tipo “PPI” (Indicador de Posição Plana), avião.

Figura 19-58 Configuração do sistema de radar meteorológico

19-46
Verificação Operacional e Teste do Sistema ondulação ou pequeno movimento, ao
do Radar longo da faixa verde externa.
12 Posicione a Chave de funções em
Durante a operação do radar no solo, “SBY”. Observe que a antena
deverão ser tomadas as seguintes precauções de movimenta-se para baixo para a posição
segurança: de -25º.
• Apontar o nariz do avião para uma direção 13 Volte a Chave de funções para a
que não atinja grandes massas metálicas, tais posição”TST”.
como hangares, caminhões, outros aviões etc 14 Gire o controle de “TILT”, no sentido
que estejam num raio de 100 metros, a fim de horário, para “UP”. Verifique se a
evitar o retorno de fortes quantidades de antena se inclina para cima, suavemente
energia refletidas ao sistema. e sem interferência.
• Não operar o radar durante qualquer 15 Gire o controle de “TILT”, no sentido
operação de reabastecimento num raio de anti-horário, para “DN”. Verifique se a
100 metros. antena se inclina para baixo, suavemente
• Não operar o radar a menos de 10 metros de e sem interferência.
distância de locais que contenham material 16 Volte o controle de “TILT” para zero.
explosivo ou inflamável. 17 Posicione a Chave de funções para
• Não operar o radar com pessoas à frente da “ON”.
antena, a menos de 10 metros de distância. 18 O indicador deverá automaticamente
estar no modo “Wx”, e o alcance em 80
1 Ligue ao avião uma fonte externa de milhas. Certifique-se de que a antena
energia de 28 VCC. está estabilizada.
2 Posicione o interruptor “Seletor de 19 Ajuste o controle de “TILT”, no sentido
Bateria” em “Fonte externa”. Observe se horário, em pequenos incrementos, até
o indicador magnético se alinha com as que uma imagem nítida apareça na tela,
marcas do painel. sob qualquer condição meteorológica
3 Posicione o interruptor “Conversor 1” local.
em “Liga”. Observe se o indicador a) Os alvos próximos ao solo deverão
magnético se alinha com as marcas do aparecer na tela.
painel. b) Quando a antena atingir +15º, todos
4 Posicione a Chave de funções, do os alvos próximos ao solo deverão
indicador de radar em “TST”. desaparecer.
5 Posicione o controle de brilho, “BRT” a 20 Repita o passo “16” para verificação de
meio curso. todas as faixas restantes.
6 Posicione o controle “TILT”, para 21 Posicione a Chave de funções, em
qualquer posição, com a antena “OFF”.
estabilizada (STAB ON). 22 Posicione o interruptor “Conversor 1”,no
7 Após sete a oito segundos o padrão de painel superior, em “DESL”. Verifique
teste deve aparecer na tela do indicador. se o indicador magnético desalinha.
8 Ajuste o controle de brilho como 23 Retorne o interruptor “Seletor Bateria”
desejar. no painel superior, para “DESL”.
9 O padrão de teste mostrará na tela quatro Observe se o indicador magnético
faixas coloridas de mesma largura. desalinha.
Partindo da faixa externa para a interna, 24 Retire do avião a fonte externa de
as faixas serão: verde, amarela, vermelha energia de 28 VCC.
e magenta.
10 O alcance será automaticamente Estabilização da antena
posicionado para 80 milhas. Todas as
marcas de alcance estarão visíveis e
mostradas em letras de cor azul. Teste de “TILT”
11 A ação de atualização da imagem deve 1 Posicione a Chave de funções em “TST”.
ser observada como uma pequena 2 Puxe o controle de “TILT” (“STAB OFF”).

19-47
3 Pressione os botões “Wx” e “WxA” simul- 10 Gire o controle de “TILT” no sentido
taneamente. Verifique se o “HIDDEN horário para + 10º, conforme indicado em
PAGE” é mostrado na tela do indicador. “TILT SETTING: 10.00 U na tela do
4 Pressione o botão de aumento de alcance indicador.
(“Range”) para selecionar “R/T Calibration 11 Verifique se na tela do indicador os ângulos
Data”, no painel indicador. de”Antenna Elevation” são: “L” = 0.00 ± 1º,
5 Verifique se a página “R/T Calibration “C” = 10.0 U ± 1º e “R” = 0.00 ± 1º.
Data” é mostrada na tela. 12 Gire o controle de “TILT” no sentido anti-
6 Mantenha o indicador de atitude nivelado. horário para -10º, conforme indicado em
7 Verifique se na tela do indicador é mostrado “TILT SETTING”: 10.00 “D” na tela do
“Pitch Angle” e “Roll Angle” iguais a 0.00 indicador.
± 1º. 13 Verifique se na tela do indicador os ângulos
8 Gire o controle de “TILT”, no indicador, de “Antenna Elevation” são: “L” = 0.00± 1º,
para 0º. “C” = 10.0 “D” ± 1º e “R” = 0.00 ± 1º.
9 Verifique se na tela do indicador os ângulos 14 Gire o controle de “TILT” para 0º.
de “Antenna Elevation” são: “L” = 0.00 ± 15 Pressione o botão “Wx”. Verifique se na tela
1º; “C” = 0.00 ± 1º; e “R” = 0.00 ± 1º. do indicador é mostrado o modo teste
(imagem padrão).

Figura 19-59 Formato de “Hidden Page” para os dados de calibração da R/T.

Teste de calibração de “PITCH” 6 Posicione o indicador de atitude para 10º de


O teste de “TILT” deve ser executado arfagem e 0º de rolamento.
antes do teste e calibragem de “PITCH”. 7 Verifique se na tela do indicador o “Pitch
1 Posicione a Chave de funções em “TST”. Angle” é indicado 10.00 U ± 1º e os ângulos
2 Pressione o botão de controle de “TILT” de “Antenna Elevation” são: L = 7.07 D ±
(STAB ON). 1º, C = 10.0 D ± 1º e R = 7.07 D ± 1º.
3 Pressione os botões “Wx” e “WxA” simul- 8 SE OS ÂNGULOS DE “Antenna Elevation”
taneamente. Verifique se na tela do não são corretos, ajuste o controle de ângulo
indicador é mostrado o menu “Hidden de Pitch, na base da antena, para uma
Page”. indicação correta na tela do indicador.
4 Pressione o botão de aumento de alcance 9 Puxe o botão de controle de “TILT” (Stab
(Range) para selecionar “R/T Calibration OFF).
Data, no painel do indicador. 10 Verifique se na tela do indicador os ângulos
5 Verifique se a página “R/T Calibration de “Antenna Elevation” são: L = C+R+0.00
Data” é mostrada na tela. ± 1º.

19-48
11 Empurre o botão de controle de “TILT (Stab 8 Ajuste o potenciômetro de compensação de
ON) “ROLL” no indicador de radar, para zero
12 Pressione o botão “Wx”. Verifique se na tela grau, como indicado na tela.
do indicador é mostrado o modo teste 9 Posicione o indicador de atitude para 0º de
(Imagem padrão). arfagem e 30º de rolamento à direita.
10 Verifique se na tela do indicador é mostrado
“Pitch Angle” e “TILT Setting” iguais a
Teste de calibração de ”ROLL” 0.00 ± 2º, e os ângulos de “Antenna
O teste de “TILT”, e teste e calibração de Elevation” são: L = 21.0 D ± 2º, C = 0.00 ±
“PITCH”, devem ser executados antes do teste e 2º e R = 21.0 U ± 2º.
calibragem de “ROLL”. 11 Posicione o indicador de atitude para 0º de
1 Posicione a Chave de funções em “TST”. arfagem e 30º de rolamento à esquerda.
2 Pressione o botão de controle de “TILT” 12 Verifique se na tela do indicador é mostrado
(Stab ON). “Pitch Angle” e “TILT Setting” iguais a:
3 Gire o controle de “TILT” para 0º conforme 0.00 ± 2º, e os ângulos de Antenna
indicado em “TILT Setting” na tela. Elevation” são: L = 21.0 U ± 2º, C = 0.00 ±
4 Pressione os botões “Wx” e “WxA” simul- 2º e R = 21.0 ± 2º.
taneamente. Verifique se na tela do 13 Ajuste o controle de ângulos de “ROLL” na
indicador é mostrado o menu “Hidden Page” base da antena, se não foram encontrados os
5 Pressione o botão de aumento de alcance ângulos de “Antenna Elevation”, nos passos
(Range) para selecionar “R/T Calibration 10 e 12. Então, repita os passos de 9 a 12.
Data”, no painel do indicador. 14 Pressione o botão “W”. Verifique se na tela
6 Verifique se a página”R/T Calibration Data” do indicador é mostrado o modo teste.
é mostrada na tela.
7 Mantenha o indicador de atitude alinhado. PILOTO AUTOMÁTICO

Figura 19-60 Diagrama de bloco do sistema Piloto Automático.

19-49
PILOTO AUTOMÁTICO diretor de vôo para arfagem e rolagem, sistema
de alarmes e anunciadores de modos.
Introdução Descrição e localização dos componentes
O sistema de piloto automático / diretor de O sistema é composto por:
vôo, através do computador APC65B, fornece 1 Um computador APC65.
controle automático para os sistemas de 2 Um painel do piloto automático APP65A.
comando dos ailerons, profundor e leme, de 3 Um painel de controle de vôo FCP65.
acordo com os modos de vôo selecionados e um 4 Um painel anunciador de modos MAP65.
controle automático do compensador do 5 Um sensor de dados do ar ADS65C
profundor. Fornece, também, comandos do 6 Chaves e botões externos.

Figura 19-61 Localização dos componentes do Piloto Automático(cabine).

19-50
Figura 19 62 Localização dos componentes do Piloto Automático(fuselagem).

Computador APC65B A interligação entre o computador e o


seletor anunciador de modos FCP65 é feita
– O computador do piloto automático é o centro através de uma barra de dados seriados.
de controle do sistema. Ele processa todos os Faz parte deste sistema a compensação
sinais recebidos e os envia ao canal elétrica manual do compensador do profundor
correspondente. (Trim), cujo módulo de controle está embutido

19-51
no computador do piloto automático APC65A, O computador de comando do diretor de
sendo comandado através dos interruptores vôo processa os sinais dos circuitos periféricos e
COMP / PROF, localizados nos manches. apresenta os resultados através dos “FIS”
Os dados requeridos para operação do (Sistema de Instrumentos de Vôo).
computador são basicamente os seguintes: Ao sinais de arfagem e os de rolagem são
enviados para os computadores dos servos de
• Dados de arfagem, rolamento, razão de arfagem e rolagem (microprocessadores). Este
guinada, aceleração lateral, aceleração cartões de servos combinam-se na computação
vertical, fornecidos pelo sistema de de atitude básica com o sinal de direção
Referência de Atitude de Proa (AHRS). apropriada do diretor de vôo. O sinal assim
• Altitude e velocidade do sistema de dados obtido é utilizado para atuar os respectivos
do ar (ADS). servos (arfagem e rolamento).
• Curso e erro de proa do EHSI. Os sinais de guinada como “ERRO DE
• Sinais de radionavegação. PROA (Heading Course) e DADOS DE
• Sinais discretos dos painéis de controle, CURSO (Course Datum) são provenientes do
monitores, bandeiras de alarme e outros. Computador de Dados de Proa (HPU) e os
sinais de RAZÃO DE CURVA (Turn Rate) e
Os sinais de saída fornecidos pelo ACELERAÇÃO LATERAL (Lateral
computador são: Acceleration) são provenientes do AHRS e
processados através de microprocessadores para
• Comandos de direção de arfagem e o funcionamento correto do AMORTECEDOR
rolamento. DE GUINADA (Yaw Damper) e coordenação
de curva.
• Comandos de direção do motor para cada
A operação do compensador é feita através
servo.
do servo compensador do profundor. A
• 28 VCC e um sinal de terra controlado,
excitação para o servo é fornecida pelas chaves
gerado para cada canal de comando, o qual
do compensador do profundor, o qual permite o
permite o controle do campo magnético de
ajuste manual através do sistema do
cada servo.
compensador elétrico ou através do APC65B
• Aviso de falhas de AP, TRIM e SERVO. para a atuação automática do compensador do
profundor com o piloto automático engajado.
Os sinais de radionavegação ligados ao
piloto automático / diretor de vôo são: Painel do Piloto Automático – É um painel
montado através de “DZUS”, ao pedestal de
• VOR / LOC (V / L). manetes, provido de controles do piloto
• GLIDESLOPE (GS). automático e de anunciadores.
• MARKER BEACON (MB). O painel do piloto automático (APP65A) é
• Rádio Altímetro. interligado, no sistema do piloto automático
(APS65), ao computador do sistema (APC65B)
Os componentes do computador do piloto e ao painel de controle de vôo (FCP65).
automático mostrado na figura 19-63, são O painel possui as teclas AP ENG, YAW
divididos em duas partes: ENG, SR e 1/2 0 , os controles de inclinação
lateral (TURN) e vertical (DN / UP).
• Um computador de comando do diretor de Possui também, na parte superior, o
vôo, composto basicamente de um micro- anunciador Queridos pais, fornece indicações
processador 6802. contínuas da operação do sistema.
• Quatro cartões independentes nos
computadores dos servos, um para cada A função de cada tecla e controle do painel do
canal(arfagem, rolamento, guinada e piloto automático são descritos a seguir.
compensador elétrico), baseados em micro-
processadores 6502. Tecla YAW ENG – Engaja e desengaja o servo
do leme.

19-52
Figura 19-63 Diagrama bloco do computador do Piloto Automático.

Tecla AP ENG – Engaja todos os servos do desengajado quando a tecla YAW ENG ou os
piloto automático, incluindo o do leme e o servo interruptores do desengajamento do sistema,
do compensador do profundor (TRIM) e localizado no manche, forem acionados.
desengaja todos os servos do piloto automático Tecla SR – Ativa o modo SOFT-RIDE no
exceto o do leme. O servo do leme será computador do piloto automático para fornecer

19-53
incrementos que suavizem o comando do avião, O anunciador DIS piscará por 5 segundos e
melhorando o conforto dos passageiros durante apagar-se-á. O anunciador também iluminará
condições de turbulência. quando o amortecedor de guinada estiver
Tecla 1/2 Ø – Ativa o modo HALF-BANK, engajado e o botão SYNC for pressionado.
limitando o comando do ângulo de inclinação AP (verde) – Indica que o piloto automático
num limite de metade do valor normal. Pode ser está engajado.
selecionado em conjunto com os modos HDG e DIS (AP) (âmbar) – Indica que o piloto
rolamento básico. automático está desengajado. O anunciador DIS
Controle vertical DN/UP – Proporciona o piscará por 5 segundos e apagar-se-á. O
controle manual do eixo de arfagem quando o anunciador também iluminará quando o piloto
piloto automático está engajado. É um controle automático estiver engajado e o botão PILOT
balanceado através das molas com duas AUTOM SYN for pressionado.
posições de contatos momentâneos (DN e UP), T (âmbar) – Indica falha do servo do
e é atuado quando mantido em uma das compensador do profundor (TRIM).
posições por mais de um segundo. AP (vermelho) – Indica falha do piloto
Controle L/R (TURN) – Controla o ângulo de automático.
inclinação lateral, sendo esse ângulo A (âmbar) – Indica falha do servo do aileron.
proporcional ao deslocamento do botão de R (âmbar) – Indica falha do servo do leme.
rolamento. E (âmbar) – Indica falha do profundor.
1/2 Ø (verde) – Indica que o modo HALF-
Os anunciadores do painel do piloto BANK foi selecionado.
automático são codificados através de cores SR (verde) – Indica que o modo SOFT-RIDE
para melhor reconhecimento do estado do modo foi selecionado.
selecionado: TRIM (vermelho) – Indica falha do sistema do
YAW (verde) – Indica que o amortecedor de compensador do profundor.
guinada está engajado. TRIM (branco) – Indica que o sistema do
DIS (YAW) (âmbar) – Indica que o compensador está em operação.
amortecedor de guinada está desengajado.

Figura 19-64 Painel do Piloto Automático


.
Painel de Controle de Vôo – O painel de teclas do tipo “pressiona-liga / pressiona-
controle de vôo FCP 65 é instalado com “dzus”, desliga”, com indicação da função selecionada,
usado para selecionar e mostrar os modos de apresentada pelo anunciador de modos na parte
operação do diretor de vôo ou sistema do piloto superior do próprio painel e pelos repetidores
automático. O painel de controle FCP 65 anunciadores de modo MAP 65, localizados no
provê a seleção de modo de operação através de painel de instrumentos.

19-54
A seleção de modos através do painel de B/C – Seleciona o modo aproximação pelo
controle é interligada ao computador do piloto curso reverso.
automático AP 65B, para assegurar que somente ALT SEL – Seleciona o modo altitude pré-
modos compatíveis são selecionados ao mesmo selecionada.
tempo. IAS – Seleciona o modo velocidade do ar,
O painel de controle de vôo também envia indicada.
os comandos do piloto automático para o VS – Seleciona o modo velocidade vertical.
computador do piloto automático e a lógica do CLIMB – Seleciona o modo subida.
modo de controle de vôo para outros DSD – Seleciona o modo descida.
equipamentos no sistema. TEST – Ativa o procedimento de autoteste e
seleciona o modo diagnóstico, constituído de
A função de cada botão no painel de uma lâmpada-teste e outras rotinas, que podem
controle de vôo FCP 65 é descrita a seguir: ser executadas em solo como ajuda na
HDG – Seleciona o modo proa(HEADING). manutenção. O modo teste pode ser usado
NAV – Seleciona o modo navegação. quando em vôo, porém o botão TEST deve ser
APPR – Seleciona o modo aproximação. pressionado e mantido até a leitura do
ALT – Seleciona o modo altitude. diagnóstico, e então liberado.

Figura 19-65 Painel de controle de vôo.


Painel anunciador de modos – O painel MAP 65 possuem codificação através de cores para
provê uma completa apresentação de todas as melhor reconhecimento do estado do modo.
funções do piloto automático, através de As cores são:
anunciadores de modo e anunciadores que VERDE – Para condição ativa;
indicam a passagem pelos sinais dos marcadores BRANCO – Para condição armada;
interno, intermediário e externo. Os anúncios VERMELHO – Para condição de falha..

Figura 19-66 Anunciador de modos.

19-55
COR
ANUNCIADOR CONDIÇÃO PARA ATIVAR COR ATIVA COR ARM
ALARME
HDG Mostra a proa selecionada. Iluminará
automaticamente se NAV, APPR ou B/C
Verde
forem selecionados, mas não ocorrerá
captura.
NAV Seleção do modo NAV. Verde
APPR Seleção do modo APPR. Verde
GS Indica captura GLIDESLOPE. Verde
AP Indica PA engajado. Verde
ALT Seleção do modo ALT HOLD ou após
Verde
captura de ALT SEL.
IAS Seleção do modo velocidade do ar (IAS). Verde
VS Seleção do modo velocidade vertical. Verde
DSC Seleção do modo descida Verde
GA Indica que o sistema está no modo
Verde
arremetida.
CLM Seleção do modo CLIMB Verde
YAM Indica que o canal guinada está engajado. Verde
DR Indica computação mantida no cone de
Verde
silêncio sobre o VOR.
ARM Indica condições de modo armado para Branco
captura.
B/C Indica condição do modo reverso. Verde
DIS Anuncia que YAM e AP foram desengajados.
Piscará por aproximadamente 5 segundos.
Durante o tempo em que a chave SYNC
Âmbar
estiver pressionada o DIS estará aceso.
Quando a chave SYNC for liberada, o
anunciador apagará.
ALT ARM Mostra que a altitude pré-selecionada está Branco
armada para a captura automática. Verde(ALT) (ARM)
AP Indica falha entre funções duplas de seguran-
ça. Piloto automático desengaja automática- Vermelho
mente.
TRIM Indica falha do servo do compensador no
piloto automático ou operação elétrica Vermelho
manual.
TRIM Indica movimento do servo do profundor
Branco
para operação do piloto automático.
1/2Ø Indica seleção de modo HALF BLANK. Verde
S/R Indica seleção de modo SOFT-RIDE Verde
OM Indica passagem sobre o marcador externo
Âmbar
(MAP) somente.
MM Indica passagem sobre o marcador intermedi-
Âmbar
ário (MAP somente).
IN Indica passagem sobre o marcador externo
Branco
(MAP somente).

Esta tabela mostra a relação dos anunciadores do MAP 65 e do FCP 65.

19-56
Sensor de dados do ar A informação de velocidade vertical é
derivada da razão de variação do sinal de
– É um sensor utilizado para converter as altitude barométrica.
variações de pressão estática e dinâmica em
sinais analógicos usados pelo sistema de piloto Chaves e botões externos:
automático ou diretor de vôo. Botão PILOTO AUTOM SYNC – Localizado
O sensor de dados do ar fornece no manche, permite manobras da aeronave para
informações de velocidade do ar, altitude nova altitude, sem desengajar o piloto
barométrica, velocidade vertical, altitude automático.
indicada, e erro de velocidade vertical indicada Botão ARREM – Localizado na manete de
usadas no computador do piloto automático ou potência, permite selecionar o modo arremetida.
no computador do diretor de vôo. Botão PILOTO AUTOM DESC – Localizado
O sensor de dados do ar possui capacidade no manche, permite desengajar o piloto
de sincronização interna e contém circuitos automático rapidamente.
internos de autoteste para auxiliar na pesquisa Botão COMP / PROF – Localizados no
de panes. manche, comandam o motor do servo do
As saídas do sensor de pressão fornecem compensador do profundor.
sinais analógicos para o controlador diretor de Interruptor SEL NAV / HDG PA – Seleciona a
vôo ou computador do piloto automático, com fonte de navegação (HPU1 ou HPU2) a qual o
informações de velocidade do ar (proveniente piloto automático irá acoplar. O circuito possui
do sensor de pressão diferencial) e altitude um circuito de proteção que impede a mudança
barométrica (proveniente do sensor de pressão de fonte pelo interruptor, enquanto o piloto
absoluta). automático estiver acoplado.

Figura 19-67 Comandos externos do piloto automático.

19-57
Operação portanto 0º de inclinação, fazendo com que o
sistema mantenha as asas niveladas.
Engajamento - As teclas de ação momentânea Os modos laterais para operação com o
(pressiona-liga/pressiona-desliga) do painel do sistema de Piloto automático/Diretor de vôo são
piloto automático são utilizadas para engajar os os seguintes:
três eixos do piloto automático e o comando Nota – Quando um dos modos laterais é
automático do servo do compensador do selecionado, as barras de comando
profundor. aparecem no ADI.
Nota - Caso ocorra uma condição insatisfatória, HDG (proa) – Quando o modo HDG é
a bandeira do computador aparecerá no selecionado com o sistema do piloto automático
ADI. engajado, este comandará o vôo da aeronave, e
manterá fixada no índice de proa, no indicador
As seguintes funções são monitoradas pelo de situação horizontal eletrônico (EHSI). Para
computador: operação correta o índice de proa não deve ser
• Monitoramento da informação de atitude. indicado, mais que 135º da proa do avião,
• Validade do receptor de navegação. quando o modo HDG é selecionado.
• Validade do receptor de GLIDESLOPE. NAV (navegação) – Quando o modo NAV é
• Fluxo do programador do microcomputador. selecionado com o modo HDG pré-selecionado,
• Corrente do servomotor e razão do compara- os anunciadores HDG verde, NAV verde e
dor. ARM branco, se iluminarão; e o ponteiro de
• Monitoramento do ADS. curso, no EHSI deve estar posicionado para o
O engajamento não ocorrerá se a atitude curso desejado. Nesta condição, o sistema
do avião exceder 30º em arfagem e 45º de intercepta e captura o curso de VOR ou LOC, e
rolamento. Se o piloto automático já estiver o modo HDG então se desacoplará; os
engajado, nestas condições ele será desengajado anunciadores HDG e ARM apagar-se-ão e a
automaticamente. Se o piloto automático estiver aeronave girará para o curso central do feixe
engajado e for usado o modo SYNC, para (VOR ou LOC). Vento cruzado de até 45 graus
pilotar a aeronave, além de seus limites de é automaticamente computado após a captura do
arfagem e rolamento, a aeronave retornará ao curso.
limite máximo quando o botão PILOTO APPR (aproximação) – O modo APPR pode
AUTOM SYNC for solto. ser usado quando uma aproximação ILS é
Nota: O limite de comando de atitude para desejada.
inclinação é de ± 30º no modo básico de Aproximação VOR – Quando o receptor NAV
arfagem / inclinação (PITCH / BANK) e 25º nos é sintonizado para uma frequência de VOR e o
modos laterais (exceto após a captura do feixe modo APPR é selecionado, o sistema entra por
de GS, o qual prevê 15º de comando de si só no submodo NAV-ARM, para um dos
inclinação), sendo que o limite de comando de ângulos de captura, similar ao modo NAV.
arfagem é de +20° e –10°. Nesta condição, o computador seleciona o
ganho interno e provê o comando de direção
Modos laterais para os submodos de captura e curso.
– Quando os modos laterais não são No espaço de tempo sobre a estação, o
selecionados no painel de controle de vôo FCP sistema é provido com o mínimo de sinal
65, o engajamento do piloto automático será no requerido para o piloto fazer alguma mudança
modo básico. O modo básico lateral do piloto necessária de curso, para uma aproximação
automático é acionado através do botão de VOR de vento a favor.
controle TURN (L / R), que comanda Neste submodo a operação GLIDESLOPE
suavemente o ângulo de inclinação do avião, é desativada e o sistema anunciará o APPR,
proporcional ao deslocamento do botão. ARM e DR (zona de silêncio), a cada estágio
Quando o botão está na posição central apropriado de aproximação.
(DETENT), a tensão enviada pelo Aproximação ILS – O sistema de direção de
potenciômetro (acoplado ao controle TURN) do vôo configura uma total aproximação ILS
computador do piloto automático é de 0 VCC e quando o receptor NAV é sintonizado a uma

19-58
frequência LOC com o modo APPR AUTOM SYNC, um sinal de sincronismo é
selecionado. aplicado ao computador, que interrompe o
A operação LOC é similar à descrita para engajamento da embreagem dos servos.
o modo NAV, exceto que os canais apropriados Soltando o botão PILOTO AUTOM SYNC, é
são providos no computador (curso e captura), liberado o reengajamento dos servos através do
permitindo operação adaptada para o feixe computador que volta a comandar a atividade do
geométrico do LOC. Quando o sistema está modo lateral e sincronismo do ângulo de
preparado para rastreamento, o anunciador GS arfagem para a presente condição. O retorno da
ARM no painel de controle iluminará, indicando atividade do modo lateral é reforçado pelo
que o sistema está em captura do feixe do comando do circuito de suavização.
Glideslope.
Quando no modo Glideslope, qualquer Os seguintes modos verticais podem ser
outro modo vertical selecionado será selecionados para o sistema de Piloto
automaticamente desativado. automático/Diretor de vôo:

Aproximação BACK-COURSE (Reverso) – ALT – Quando o modo ALT (altitude) é


Este modo é similar ao modo aproximação ILS, selecionado, o piloto automático, em conjunto
exceto que com o modo B / C selecionado, o com o sensor de dados do ar, provê comandos
anunciador B / C iluminará e a operação ao sistema para manter a altitude selecionada pR
Glideslope é bloqueada. Os anunciadores B / C, o avião, no momento da seleção do modo.
APPR e ARM são ativados neste modo, em Os desvios de altitude, no instante em que
estágios apropriados de aproximação. o modo foi selecionado, são apresentados no
Modos verticais – Quando um modo lateral é ADI como comando de arfagem.
selecionado no diretos de vôo e o piloto Durante uma apresentação com altitude
automático é engajado sem que um modo pré-selecionada, a velocidade vertical será
vertical esteja selecionado, comandos são reduzida para 500 pés/minuto ou menos, até a
fornecidos pelo computador para manter a altitude requerida ser alcançada. Nestas
presente condição de arfagem no instante da condições, o anunciador ALT (verde) iluminar-
seleção do modo. se-á. O modo ALT pode ser cancelado se os
Se o modo lateral é cancelado e o piloto modos IAS ou VS forem selecionados, ou se o
automático permanece engajado, ou quando o botão ALT for pressionado novamente.
piloto automático é engajado sem que os modos Nota – O piloto automático mantém a aeronave
laterais estejam selecionados, o sistema mantém na altitude selecionada pela mudança de
o avião fixo na presente condição de arfagem. arfagem da mesma. O piloto deve
Através do controle vertical DN / UP, manter suficiente potência ajustada para
localizado no painel do piloto automático APP garantir uma velocidade de segurança.
65, é possível fornecer incrementos à atitude
vertical, de maneira a provocar uma primeira PITCH –
mudança de arfagem ou uma razão constante de O computador APC 65 permanece
arfagem se o controle for mantido acionado por automaticamente no modo PITCH HOLD,
mais de um segundo. Os incrementos fornecidos quando o modo vertical não é selecionado. O
são: dado de arfagem presente é verificado e
armazenado pelo computador para gerar
• Modo Básico – 0,5 grau por passo ou 1 grau comandos de direção de arfagem para manter a
por segundo, continuamente pressionando a aeronave no novo ângulo de arfagem
chave. referenciado.
• IAS – 1 nó por passo. A referência do ângulo de arfagem pode
• ALT – 25 pés por passo. ser modificada pelo botão PILOTO AUTOM
• V / S – 200 pés / min por passo. SYNC no manche. Este botão quando
O sistema de sincronização permite ao pressionado, interrompe a entrada do
piloto sobrepujar os controles através do botão computador e desengaja o piloto automático
PILOTO AUTOM SYNC localizado no momentaneamente, para permitir ao piloto o
manche. Quando pressionado o botão PILOTO controle da aeronave manualmente.

19-59
As barras de comando do ADI então como se tal modo tivesse sido selecionado no
provêem comando para manter a nova painel. Os anunciadores ALT (verde) e ARM
referência de atitude de arfagem. (branco) se iluminarão.
Com um modo vertical selecionado (ALT, GA – Arremetida (Go Around)
IAS ou VS), a operação do botão SYNC cancela Nota – O modo Arremetida (GA) pode ser
o modo vertical e sincroniza o sistema com a selecionado a qualquer tempo, bem
presente atitude de arfagem. como interromper a aproximação. O
O botão PILOTO AUTOM SYNC quando sistema do piloto automático permite
pressionado, não cancela o modo vertical aos pilotos escolher uma arremetida
durante o rastreamento do Glideslope. (GA) desacoplada usando somente o
Quando o botão PILOTO AUTOM SYNC Diretor de Vôo.
é liberado, o piloto automático reengaja e o O modo Arremetida (GA) é um modo de
computador auto-sincroniza o presente (novo) cabrar fixado em sete graus de arfagem, o qual é
ângulo de arfagem. Os comandos de atitude de selecionado pressionando-se o botão ARREM,
arfagem são referenciados para o novo ângulo localizado na manete de potência. O modo
de arfagem. arremetida (GA), com o PA desacoplado, pode
IAS – O modo IAS (Velocidade do ar indicada) ser selecionado em qualquer modo lateral,
provê comandos para manter a aeronave a uma quando usando diretor de vôo e é cancelado pela
velocidade de referência, como a presente no seleção de um modo lateral. O modo
tempo da seleção do modo. O sistema provê Arremetida (GA), com PA engajado, poderá ser
comando para o piloto automático, o qual acoplado somente no modo aproximação
mantém a velocidade de referência da aeronave (APPR) e desacoplado como no caso do diretor
no momento da mudança de atitude de arfagem. de vôo. O sistema é internamente sincronizado
Estes comandos são apresentados pelas barras para a atitude de arfagem da aeronave, no
de comando do ADI. Neste modo, o anunciador período de arremetida e manterá o comando do
IAS (verde) ilumina-se no painel de controle de ângulo de arfagem após ter sido selecionado um
vôo. O modo IAS pode ser cancelado pela modo lateral.
seleção dos modos ALT ou VS, ou – A operação do botão PILOTO AUTOM
pressionando-se o botão IAS outra vez, ou ainda SYNC cancelará o modo GA e sincronizará o
pelo uso do botão SYNC no manche. comando vertical à altitude da aeronave.
O modo IAS pode ser selecionado durante O reengajamento do piloto automático
todos os modos de operação, exceto após a durante a condição de arremetida (GA), cancela
captura do Glideslope no modo APPR. este modo e sincroniza os comandos do piloto
VS – O modo Velocidade Vertical provê automático para o ângulo de arfagem da
comandos para manter a aeronave na velocidade aeronave no instante do engajamento e mantém
vertical presente no momento da seleção do a asa nivelada.
modo. Neste modo o anunciador VS (verde) CLIMB (subida) – Antes de selecionar o modo
ilumina-se no painel de controle de vôo. O CLIMB, a altitude desejada deve ser
modo VS pode ser cancelado selecionando-se os selecionada no pré-seletor de altitude. Quando o
modos ALT ou IAS, ou pressionando-se o botão modo CLIMB é selecionado, o piloto
VS outra vez ou ainda pressionando-se o botão automático começa uma subida gradual,
SYNC no manche. O modo VS pode ser estabilizando-se em uma velocidade indicada,
selecionado durante todos os modos de definida pelo perfil de subida. Este perfil é uma
operação, exceto após a captura de Glidespote constante de 155 KIAS até 20.000 pés e
no modo APPR. decresce com uma razão de aproximadamente
ALT SEL – O modo Altitude Pré-selecionada 2 kts / 1000 pés para 140 KIAS até 27.500 pés.
trabalha em conjunto com o sistema Altitude Quando a altitude é capturada, o sistema
Alerta. Quando o ALT SEL é selecionado, o engaja automaticamente o modo de altitude
sistema é armado para prover comando, o qual HOLD (ALT) e o modo CLIMB é cancelado.
dirige a aeronave para a altitude pré- Os anunciadores CLM e ALT ARM acendem
selecionada. Ao alcançar a altitude pré- quando o modo é selecionado.
selecionada, o sistema automaticamente comuta Nota – Se o modo CLIMB for selecionado a
para o modo ALT HOLD, e então funciona uma velocidade abaixo da padrão do

19-60
perfil de subida, o piloto automático UP). Os anunciadores DSC e ALT ARM
diminuirá a razão de subida para 50 acendem quando este modo é selecionado.
pés por minuto de modo a aumentar a
velocidade aerodinâmica do perfil de Teste do sistema
subida. O piloto tem a
responsabilidade de manter a potência Teste no solo – Ao pressionar-se o botão TEST,
adequada para garantir um perfil no painel de controle de vôo FCP65, todos os
padrão de velocidade de subida. anunciadores de modo iluminam-se e apagam
dentro de alguns segundos, ficando aceso
DSC (descida) apenas o anunciador GA, indicando não uma
– Antes de selecionar o modo DSC, a altitude falha, mas uma condição perfeita de teste no
desejada deve ser selecionada no pré-seletor de solo. Ao pressionar o botão TEST novamente, o
altitude. anunciador GA apaga-se.
Quando o modo de descida (DSC) é Teste em vôo – É realizado pressionando-se
selecionado, o piloto automático começa a continuamente o botão TEST. Todos os
descida gradual, estabilizando em uma razão anunciadores se acendem, e se apagam em
média de 2000 pés por minuto. seguida , exceto em caso de falha. Liberando-se
O piloto pode variar a razão de descida o botão TEST, os anunciadores voltam à
operando a chave do controle vertical (DN / condição normal de vôo.

BANDEIRAS DO MONITOR DO DIRETOR DE VÔO


Luz anunciadora Indicação Cor
AP Falha do Servo de Arfagem Verde
DIS(AP) Falha do Servo de Rolagem Âmbar
YAW Falha do Servo do Compensador Verde
DIS (YAW) Falha do Servo de Guinada Âmbar
HDG Falha do Cartão Compasso Verde
NAV Falha do Giro Verde
ARM (NAV) Falha do Monitor do Giro Cosseno Branca
DR Falha dos Sensores de Dados Ambientais Verde
B/C Falha do Temporizador do Computador Verde
ALT Falha de Energia Elétrica no Computador Verde
ALT / ARM Falha da Barra Serial de Dados do Computador Verde
GS Falha da Memória do Computador ou Controle Seqüencial de Espera Verde
ARM (GS) Falha do Comando Integrado de Arfagem e Rolamento Branca
IAS Falha da Razão do Teste do IAS Verde
GA Indicador de Teste de Solo (não indica falha) Verde
TRIM Falha do Pré-engajamento Branca

SISTEMA DE REFERÊNCIA DE ATITUDE aeronave possui dois sistemas idênticos e


E PROA independentes.

O Sistema de Referência de Atitude e Proa Descrição e localização dos componentes


COLLINS AHRS-85, sente a velocidade
angular e a aceleração linear sobre os três eixos Cada AHRS consiste de:
do avião e processa esses dados, juntamente • Um computador AHC-85, instalado no
com a informação de compensação do diretor de compartimento eletrônico.
fluxo, a fim de fornecer a indicação de atitude e • Uma unidade detectora de fluxo FDU-70,
proa do avião. instalada na ponta da asa.
O sistema envia sinais para o piloto • Uma unidade de controle de compensação
automático, diretor de vôo, radar e RMI. A CCU-65, instalada no painel principal.

19-61
Figura 19-68 Localização do Computador AHC-85

Figura 19-69 Localização do Detector de Fluxo FDU-70

19-62
Figura 10-70 Localização da Unidade de Controle e Compensação CCU-65

Computador de Atitude e Proa – O AHC-85 medem a velocidade angular e dois elementos


fornece a orientação do avião, gerando uma sensores de aceleração, montados ao longo do
velocidade angular e uma aceleração linear, eixo giratório do conjunto sensor, medem a
através de seus elementos sensores. aceleração linear.
O AHC compreende dois sensores Um sensor mede a razão de inclinação e
inerciais, computação e circuito I/O, necessários guinada, PITCH e YAW e o outro mede o
para gerar saídas analógicas e digitais. rolamento e guinada, ROLL e YAW.
Os dois sensores inerciais recebem energia Deste modo, o único risco de perder a
e excitação do motor, independentemente. A informação de proa é a falha de ambos os
operação dos sensores é baseada no uso de sensores.
acelerômetros piezoelétricos. Cada sensor O AHC-85 recebe sinal do detector de
contém quatro elementos piezoelétricos os fluxo - FDU e do sensor de dados do ar – ADS.
quais, montados em uma estrutura giratória de Cada computador recebe um sinal
velocidade constante, fornecem sinais de indicador de condição de vôo ou de solo, de um
velocidade e aceleração. sensor, instalado no amortecedor do trem de
Dois elementos sensores de velocidade, pouso (esquerdo e direito), para determinar o
montados ortogonalmente em um eixo giratório, tempo de inicialização do sistema.

19-63
Cada computador envia os seguintes • Sinal para a respectiva lâmpada de teste, de
sinais: modo a indicar aos pilotos que o computador
• Sinal discreto de validade de atitude (ATT- está realizando seu teste interno.
VALID) para o computador do piloto
automático. Somente o AHC 1 envia sinais de arfagem
• Sinal discreto de validade de proa (HDG- e rolamento para estabilização da antena de
VALID) para o computador do piloto radar RDS 82.
automático, unidade de processamento HPU- A alimentação do AHC 1 é feita pela barra
74 e RMI-36. de emergência, enquanto que, o AHC 2 é
• Sinal síncrono de proa para o RMI-36. alimentado pela barra principal. No caso da
• Sinais de rolamento e arfagem, razão de tensão em qualquer das barras cair abaixo dos
rolamento, razão de arfagem, razão de curva, valores normais, a bateria de emergência
aceleração normal, aceleração lateral para o assume a alimentação do AHC, até que a tensão
computador do piloto automático. primária volte ao valor normal.
• Sinais de excitação para o detector de fluxo A alimentação de 28 V/400 Hz do AHC 1
FDU-70 e unidade de controle e é feita pela barra de emergência enquanto que o
compensação CCU-65. AHC 2 é alimentado pela barra principal.

Figura 19-71 Computador de proa e atitude AHC-85

19-64
Unidade detectora de fluxo – O detector de O computador envia um sinal de excitação
fluxo FDU-70, é um sensor que consiste de duas às bobinas do detector de fluxo e processa a
bobinas montadas ortogonalmente, suspensas, saída do detector, a fim de obter informação de
no plano horizontal. Este sensor percebe e proa magnética.
converte a componente horizontal do campo As detectoras de fluxo estão instaladas
magnético da terra, em sinais elétricos, como uma em cada ponta de asa, alinhada com o eixo
componentes de seno e cosseno. longitudinal do avião.

Figura 19-72 Detector de fluxo

Unidade de Controle e Compensação – É uma A CCU-65 possui ajustes do SLAVE, um


unidade usada para controle e compensação do botão (Push-button) do modo de operação DG,
sistema. Estas unidades estão instaladas no um INDICADOR SLAVE e dois PUSH-
painel principal, uma para cada piloto. BUTTONS SLEW.

19-65
a) Ajustes de SLAVE – São três esquerda ou para a direita, indicando a
potenciômetros usados para direção do erro ocorrido.
compensação do sistema compasso. A d) Botão SLEW – São usados para
unidade possui seis pontos de testes que correções periódicas do desvio do giro e
auxiliam na compensação. serão operados somente quando o modo
b) Botão do modo DG (Giro Direcional) – DG for selecionado.
Seleciona, no AHC-85, dois modos de e)
operação do giro, o DG ou modo
SLAVE. Quando selecionado o modo
DG, o PUSH-BUTTON iluminar-se-á, e
a informação do detector de fluxo não é
utilizada. No modo SLAVE, o giro é
acoplado ao detector de fluxo.
c) Indicador de SLAVE – Fornece uma
indicação visual do estado de
escravização do giro dentro do AHC-85,
com respeito ao campo magnético
sentido pelo detector de fluxo FDU-70.
Após o modo SLAVE ter sido
selecionado, A agulha do indicador de
SLAVE oscila em torno da posição
central. Após o modo DG ter sido Figura 19-73 Unidade de controle e compen-
selecionado, a agulha move-se para a sação CCU-65

Figura 19-74 Controle de compensação e pontos de testes –CCU-65

19-66
Operação do sistema sinal é enviado para o computador, o
qual utiliza informação do detector de
Os sistemas de atitude e proa são fluxo. A indicação de giro escravizado é
energizados desde que as barras de 28 VCC mostrada através da agulha do medidor,
(principal e emergência) e as barras de 26 VCA a qual oscila em torno da posição
(emergência e principal) estejam energizadas e central.
os respectivos disjuntores pressionados. b) Operação Giro não Escravizado –
Em aproximadamente 70 segundos as Quando o PUSH-BUTTON DG é
bandeiras vermelhas de proa (HDG) e atitude pressionado ele ilumina-se e um sinal é
(ATT-FAIL) desaparecem e as informações de enviado ao computador, o qual não
validade de atitude e proa são fornecidas no utiliza o sinal do detector de fluxo.
EADI e EHSI. Quando o giro não é escravizado,
O sistema opera não escravizado pelo apresenta erros que exigem correções
detector de fluxo. Ambos os modos de operação periódicas. Esses erros são manualmente
são selecionados através do PUSH-BUTTON corrigidos através dos botões SLEW de
DG, na unidade de controle e compensação ação momentânea. O botão SLEW da
CCU-65. esquerda deve ser pressionado caso a
a) Operação com Giro Escravizado (GIRO agulha, no medidor, apresente um erro à
SLAVE) – Em condição normal, o direita. O botão SLEW da direita deve
sistema permanece acoplado ao detector ser pressionado quando a agulha, do
de fluxo. No modo SLAVE, o PUSH- medidor, apresentar um erro para a
BUTTON DG, não é iluminado; um esquerda.

Figura 19-75 Diagrama de bloco do sistema de proa e atitude AHS-85

19-67
Verificação Operacional do Sistema - Esta • Libere a chave e verifique se a
verificação é feita para confirmar se os indicação do item 5 ocorre no EFD e no
componentes do sistema estão operando dentro ADI do sistema sob teste.
das faixas de tolerância prescritas. O teste 7 – Se após o período de inicialização, passo 5,
verifica se as indicações direcionais somente a bandeira ATT permanece
correspondem às posições reais do avião, se visível, a instalação do AHC está
estão dentro das tolerâncias e se os tempos de incorreta, ocasionando erro de orientação.
recuperação estão dentro dos padrões. Esta Verifique se a lâmpada de aviso COMP
verificação deve ser feita nos dois sistemas ATTITUDE está acesa.
AHRS e, numa área livre de interferências 8 – Remova o painel que dá acesso ao painel de
magnéticas externas como hangares, ductos de teste do AHRS, localizado no console
ferro, rede elétrica, etc. lateral direito. Execute o passo 9 e então
repita os procedimentos do passo 5.
Nota: Para a verificação operacional do sistema, Nota: Quando o AHC-85 está em modo teste, o
é necessário utilizar a fonte estabilizada anunciador âmbar TESTE AHRS 1 ou
28VCC. TESTE AHRS 2, no painel de cada piloto
acenderá a inscrição vermelha STIM,
1 – Conecte ao avião uma fonte externa de 28 seguida do número de vezes que o botão
VCC. AHR TESTE é pressionado, aparece no
2 – Verifique se a chave BATERIA EMERG. respectivo EFD-74. Se a chave AHRS 1
no painel de instrumentos, está em DESL. TESTE ou AHRS 2 TESTE for mantida
3 – Posicione a chave SELETOR BATERIA, no na posição TEST em qualquer dos passos
painel superior, para FONTE EXTERNA seguintes, por mais de 32 segundos, o teste
e verifique se a luz situada logo acima da será repetido e as bandeiras GYRO e HDG
chave acende, indicando que a fonte reaparecem.
externa alimenta a barra principal. 9 – (1ª pressionada) Posicione e mantenha
4 – Arme os seguintes disjuntores, no painel pressionada a chave AHRS 1 TESTE para
esquerdo de disjuntores: HPU 1 e HPU 2, a posição TESTE e verifique as seguintes
EFD 1 e EFD 2, ADI 1 e ADI 2, AHRS 1 indicações:
e AHRS 2 (CC e CA). • No EFD-74 aparece a bandeira
5 – Verifique após 70 segundos (período de vermelha HDG por 3 segundos, além
inicialização) as seguintes indicações: do ponteiro de curso indicar
• No EFD 1 e EFD 2, o cartão seguidamente os valores de 15º, 30º e
compasso gira no sentido horário de 90º (para a esquerda) e –15º, -30º, -90º
360º e a bandeira vermelha HDG (para a direita).
desaparece. • No ADI-84 aparece a bandeira
• No ADI 1 e ADI 2 a bandeira vermelha GIRO por 3 segundos, além
vermelha ATT desaparece, dando das escalas de PITCH indicarem
lugar às escalas de PITCH e ROLL. seguidamente os valores de 02º, 04º e
Nota: Se a tecla DG na CCU-65 estiver 12º (para cima) e –02º, -04 e –12º
pressionada, o período de (para baixo) e de ROLL 05º, 10º e 30º
inicialização será de 10 minutos. (para a esquerda) e –05º, -10º e –30º
6 - Se após o período de inicialização, passo 5, (para a direita).
as bandeiras ATT e HDG permanecem 10 – Se as indicações de PITCH ou ROLL
visíveis, execute os procedimentos a forem superiores a 6º, a lâmpada de aviso
seguir: amarela COMP ATTITUDE, acende no
• Desarme os disjuntores CC e CA do painel de instrumentos e, para apaga-la,
sistema AHRS sob teste. basta posicionar e manter a chave COMP
• Posicione e mantenha pressionada a ATTITUDE, situada logo abaixo da
chave AHRS TESTE 1 ou 2, no console lâmpada, para RESET, e solte-a após
lateral direito, para TESTE por 10 soltar a chave AHRS 1 TESTE.
segundos e, simultaneamente, rearme 11 – (2a pressionada) Novamente, posicione e
os disjuntores. mantenha pressionada a chave AHRS 1

19-68
TESTE para a posição TESTE e verifique
as seguintes indicações:
• No EFD-74 aparece a bandeira
vermelha HDG por 3 segundos, além
do cartão compasso do piloto girar 90º
no sentido anti-horário e o do co-piloto
girar 90º no sentido horário.
• No ADI-84 aparece a bandeira
vermelha GYRO além da escala de
ROLL indicar seguidamente os valores
do item 8.
12 – Repita o passo 9.
13 – (3a pressionada) Novamente, posicione e
mantenha pressionada a chave AHRS 1
Figura 19-76 Painel AHRS de teste
TESTE para TESTE e verifique as
seguintes indicações:
Todos os controles de vôo devem estar
• No EFD-74 aparece a bandeira
travados. Todos os objetos magnéticos, do
vermelha GYRO por 3 segundos.
pessoal envolvido na compensação, devem ser
• No ADI-84 aparece a bandeira removidos.
vermelha GYRO por 3 segundos, além Os ventos devem ter velocidade inferior
da escala de PITCH indicar os valores a 28 km / h (15 kt), quando da realização da
do item 8. compensação.
14 – Repita o passo 9. A “rosa-dos-ventos” deve estar aferida,
15 – (4a pressionada) Novamente, posicione e sendo que o período de aferição da mesma é de
mantenha pressionada a chave AHRS 1 6 meses.
TESTE para a posição TESTE e, verifique
as seguintes indicações; 1 – Posicione a aeronave na ”rosa-dos-ventos”
• No EFD-74 aparece a bandeira com a proa direcionada para o norte.
vermelha HDG por 3 segundos, além Nota: Na ausência da “rosa-dos-ventos”, utilize
do ponteiro de curso indicar uma bússola-padrão, em uma área livre de
seguidamente os valores do item 8. interferência magnética, para compensar o
16 – Repita o passo 9. sistema.
17 – (5a pressionada) Novamente, pressione a 2 – Remova o painel do CCU-65
chave AHRS 1 TESTE e libere-a. Nota: Os procedimentos descritos a seguir
Verifique se as bandeiras vermelhas HDG devem ser feitos, simultaneamente, nos
no EFD-74 e GYRO no ADI-84 dois CCU-65. As leituras de prova devem
desaparecem, além do anunciador AHRS ser feitas nos correspondentes EFD-74.
TESTE 1 se apagar, indicando o fim do 3 – Pressione a chave de modo SET UP e anote,
teste. na correspondente coluna da tabela de
compensação, a proa indicada no EFD-74.
Nota: Se a chave for pressionada novamente, Nota: Para fazer esta leitura, o cartão do EFD-
recomeçará a sequência de teste, que 74 deve estar estabilizado. Caso isto não
deverá ser realizado até o fim para que o ocorra, pressione e solte a tecla DG no
computador saia do modo de teste. CCU-65 e aguarde até que o cartão se
estabilize.
Compensação do AHRS-85 – O sistema deve 4 – Solte a chave SET UP MODE, após ter feito
ser compensado periodicamente ou sempre que a leitura.
o detector de fluxo ou a unidade de controle e 5 – Meça a tensão VCC entre os pontos
compensação forem substituídos ou instalados. VOLTAGE ANALÓGICA SEN (terminal
Todos os equipamentos, proteções de painéis e amarelo) e o MASSA (terminal preto) e
outros dispositivos, próximos ao detector de registre o valor encontrado na
fluxo, devem estar fixos em suas posições correspondente coluna SEN da tabela de
normais de vôo. compensação.

19-69
PROA INDICADA TENSÃO VCC CONTROLE COMPENSAÇÃO COS até
(Graus) 1P 2P obter os valores registrados na linha
Rosa-dos- EFD EFD
SEN COS SEN COS
COMPEN da tabela de Dados para
Ventos 1P 2P Compensação CCU-65 (1P) e (2P).
Norte 13 – Pressione a chave SET UP MODE e ajuste,
000 caso necessário, o potenciômetro
TESTE
CONTROLE COMPENSAÇÃO ÍNDICE
090
SUL até obter a indicação exata de 270º no
180 EFD-74 correspondente.
OESTE 14 – Solte a chave SET UP MODE após ter
270 feito este ajuste.
Média 15 – Meça a tensão VCC entre os pontos
COMPEN SINAL COMPENSAÇÃO ÍNDICE
ÍNDICE (terminal laranja) e o MASSA (terminal
preto) para cada CCU-65 (1P) e (2P) e
Tabela de Dados para Compensação anote os valores obtidos na linha ÍNDICE
da tabela de Dados para Compensação.
6 – Meça a tensão VCC entre os pontos 16 - Pressione a chave SET UP MODE.
VOLTAGE ANALÓGICA COS(terminal
vermelho) e o MASSA (terminal preto) e
registre o valor encontrado na PROA INDICADA DESVIO DE PROA
correspondente coluna COS da tabela de NA ROSA-DOS- EFD EFD RMI RMI
compensação. VENTOS (Graus)
(1P) (2P) (1P) (2P)
7 – Repita os procedimentos descritos nos
270
passos 3, 4, 5 e 6 para as proas Leste, Sul e
315
Oeste, registrando os valores encontrados
000
nas correspondentes colunas da tabela de
045
compensação.
090
8 – Calcule o valor médio entre os valores
registrados na coluna SEN (1P) e o valor 135
médio para a coluna SEN (2P) e registre 180
os resultados na linha MÉDIA 225
correspondente.
9 – Multiplique por 8 os resultados encontrados Tabela de Verificação da Compensação
no passo8 e registre os valores na linha
COMPEN correspondente.
10 – Proceda analogamente aos passos 8 e 9 17 - Verifique os desvios residuais de proa entre
para os valores registrados nas colunas as leituras efetuadas no EFD (1P) e (2P),
COS (1P) e (2P) e registre os valores RMI (1P) e (2P) e as correspondentes
obtidos nas linhas MÉDIA e COMPEN proas indicadas na rosa-dos-ventos e
correspondentes registre os valores obtidos nas
11 – Meça a tensão VCC entre os pontos de correspondentes colunas da tabela de
teste SINAL COMPENSAÇÃO SEN Verificação da Compensação. Os desvios
(terminal branco) e o massa (terminal não devem ser maiores que ±2º
preto) e ajuste o potenciômetro
CONTROLE COMPENSAÇÃO SEN até Nota: Para fazer estas leituras, o cartão do EFD-
obter os valores registrados na linha 74 deve estar estabilizado. Caso isto não
COMPEN da tabela de compensação, para ocorra, pressione e solte a tecla DG do
cada CCU-65 (1P) e (2P). CCU-65 e aguarde até que o cartão se
12 – Meça a tensão VCC entre os pontos de estabilize. Observar que a posição final
teste SINAL COMPENSAÇÃO COS não seja no modo DG.
(terminal verde) e o MASSA (terminal
preto) e ajuste o potenciômetro

19-70
SISTEMA DE INSTRUMENTAÇÃO DE • Dois indicadores diretores de vôo
VÔO – FIS ADI-84
Introdução • Um computador comparador
O sistema de Instrumentação de Vôo – CWC-85
FIS mostra aos pilotos as indicações essenciais • Dois indicadores eletrônicos de
do sistema de Atitude e Proa AHRS-85 e de vôo EFD-74
Navegação VOR / ILS.
• Dois painéis de controle HCP-74
Descrição e localização dos componentes
• Duas unidades processadoras
O Sistema FIS consiste de: HPU-74.

Figura 19-77 Localização do indicador Diretor de Vôo - ADI-84

19-71
Figura 19-78 Localização do Computador Comparador de Alarme CWC-85

19-72
Figura 19-79 Localização do Indicador Eletrônico de Vôo EFD-74

19-73
Figura 19-80 Localização do Painel de Controle de Proa HCP-74

19-74
Figura 19-81 Localização da Unidade de Processamento HPU-74

Indicador Diretor de Vôo – ADI-84 enviados pelo computador AHRS-85. Também


são fornecidas pelo indicador, informações
Este é um instrumento eletromecânico referentes ao controle manual da aeronave por
alimentado por 26CA. parte dos pilotos, baseadas nos sinais enviados
O indicador Diretor de Vôo é um pelo computador APC-65B do sistema de piloto
instrumento de múltipla função, que fornece automático.
informações de atitude e trajetória de vôo da
aeronave sob a forma de indicações simbólicas e O indicador fornece informações do
visão direta. O indicador fornece informações sistema VOR / ILS a partir dos sinais enviados
de arfagem e de rolamento a partir dos dados pelo sistema VIR-31A.

19-75
Figura 19-82 Sistema diretor de vôo

O indicador DIRETOR DE Vôo ADI-84 desvio da aeronave com relação ao feixe


possui as seguintes funções: eletrônico do LOCALIZER.
Inclinômetro – Fornece informação adicional
Indicador de atitude – A atitude do avião é do movimento de inclinação, derrapagem ou
mostrada como uma relação entre o símbolo do vôo coordenado.
avião representado por um triângulo laranja e As bandeiras de aviso do ADI-84 são as
uma fita flexível, que é movimentada em seguintes:
rolamento e arfagem. A fita é colorida acima e Bandeira GS – A bandeira vermelha de aviso
abaixo da linha do horizonte para representar o de GLIDESLOPE aparece para indicar que o
céu e a terra, e é marcada para mostrar ângulos sinal de GLIDESKOPE não é confiável. A
de arfagem em 5, 10, 15, 20, 30, 50, 70 e 90 escala e o ponteiro ficam obscurecidos
graus para cima ou para baixo. O rolamento é parcialmente pelas letras GS.
indicado por um ponteiro móvel contra uma Bandeira COMPUTER – A bandeira vermelha
escala graduada em 0, 10, 20, 30 e 60 graus, de aviso aparece para alertar ao piloto que as
fixa. indicações da barra de comando não são
Barras de comando – Mostra os comandos confiáveis. As barras de comando desaparecem.
direcionais integrados (arfagem e rolamento) Bandeira GYRO – A bandeira vermelha de
provenientes dos computadores de vôo APC- aviso indica falta de alimentação de atitude ou
65B. São duas barras amarelas formando a letra que os circuitos internos apresentam falha ou
“V” invertida e estão à frente do avião- ainda que o sinal de monitor não está presente.
miniatura. As barras podem desaparecer de vista Todas as indicações e o ponteiro de rolamento
no indicador, quando estão fora de uso. estarão fornecendo informações não confiáveis.
Ponteiro do desvio de GLIDESLOPE – O Obturador do Ponteiro de LOCALIZER – O
ponteiro verde mostra, numa escala branca, o obturador, de cor preta, aparece na frente do
grau de afastamento do avião em relação ao ponteiro de LOCALIZER para alertar ao piloto
feixe eletrônico de GLIDESLOPE. que o sinal de LOCALIZER está perdido ou o
Ponteiro do desvio de LOCALIZER – O sinal é tão fraco que a sua indicação não é
ponteiro verde mostra, numa escala branca, o confiável.

19-76
Figura 19-83 Indicados do Diretor de Vôo ADI-84

19-77
Computador Comparador CWC-85 arfagem. Quando um destes comparadores
sentir uma diferença de 6 graus, a saída é
O computador comparador para alarme ativada, informando aos pilotos uma possível
CWC-5 recebe sinais de CA que representam o falha dos ADIs.
seno e o cosseno da diferença do ângulo entre os O sistema pode ser testado através de um
dois indicadores diretor de vôo ADI-84. interruptor, logo abaixo da lâmpada de aviso e
O CWC-85 está instalado no que possui duas posições. A posição TESTA
compartimento eletrônico. A saída do CWC-85 simula um erro de arfagem ou de rolamento no
é utilizada para alimentar a luz de cor âmbar sistema, assegurando que o sistema funciona
COMP ATTITUDE. corretamente. A posição RESETA apaga a luz
A saída é um sinal ativo baixo (terra), de aviso, todavia se o sistema estiver com
composto dos comparadores de rolamento e defeito, a luz de aviso permanecerá acesa.

Figura 19-84 Computador Comparador para alarme CWC-85

Indicador Eletrônico de Vôo EFD-74 painel HCP-74 e, mostra uma rosa-dos-ventos


completa acrescida de dados fornecidos pelo
É uma unidade que possui como bloco DME, rumo para a estação selecionada, pontos
principal o tubo de raios catódicos (CRT) de referência e as fontes selecionadas.
multicoloridos e de alta resolução, existindo O modo HSI apresenta as seguintes
ainda blocos que auxiliam na formação das indicações:
imagens que são os amplificadores de áudio e • Cartão Compasso – É um cartão
vídeo e a fonte de alimentação de alta voltagem. monitorado pelo sistema de referência de
Existem dois indicadores EFD-74, um atitude e proa AHRS-85 que consiste de um
para cada piloto, localizados em cada um dos limbo de 360º com as letras designativas dos
painéis móveis entre o indicador de vôo ADI-84 pontos cardeais, marcas de 30º e marcações
e o painel de controle de proa HCP-74. O de 45º ao redor da periferia do cartão No
indicador eletrônico de vôo recebe os sinais da mostrador pode-se ver ainda marcas de
unidade processadora HPU-74 para gerar as referência, a linha de fé e a aeronave
imagens que são controladas pelo painel de simbólica.
controle de indicação eletrônico de proa HCP- • Mostrador de Curso Selecionado – O
74. O indicador pode gerar três formatos de curso é selecionado no painel HCP-74 e,
imagens distintas: mostra a relação do ponteiro de curso com o
Modo HSI – Este modo é selecionado cartão compasso e esta informação é repetida
pressionando-se a tecla DISPLAY HSI no digitalmente no canto superior direito com a

19-78
legenda CRS. Esta legenda muda apresenta a fonte de navegação selecionada
automaticamente para B/C quando é (V – VOR, A – ADF, W – ponto de
sintonizada uma frequência de LOCALIZER referência). Toda informação primária
e o ponteiro de curso está mais de 105º da aparece sempre na cor verde e, toda
linha de referência. informação secundária aparece sempre na cor
• Anunciador da Fonte de Navegação – A magenta.
fonte de navegação é mostrada ao lado do • Desvio de GLIDESLOPE – Esta indicação
cartão compasso, no canto inferior direito. é feita por um ponteiro triangular e uma
• Barra de Desvio de Curso – O desvio do escala, situados do lado esquerdo do cartão
curso selecionado é indicado pelo compasso. A escala é formada por quatro
deslocamento lateral da porção central do pontos, separados dois a dois por uma linha
ponteiro de curso em relação à aeronave central. O ponteiro e a escala desaparecem da
simbólica e aos quatro pontos de desvio. O tela quando a aeronave realiza a operação
desvio pode ser angular (cada ponto vale 5º) curso reverso.
ou linear (cada ponto vale 5 milhas náuticas), • Anunciador de Distância – Mostra a
porém, somente o desvio angular é aplicado à distância à estação selecionada de DME ou a
fonte de navegação VOR. ponto de referência abaixo das letras DME
• Indicador TO–FROM – Indica se o curso ou WPT no canto superior esquerdo do EFD-
de VOR selecionado está indo para ou vindo 74. Quando a função DME HOLD é
de uma estação. A indicação TO-FROM é selecionada na unidade indicadora IND 41A,
representada na tela do EFD-74 por um a letra “H” aparece do lado direito da
triângulo, o qual desaparece quando uma inscrição DME. Quando a função DME está
frequência de LOCALIZER é selecionada. em “modo teste” a letra “T” aparece do lado
• Indicador de Proa Selecionada – A proa esquerdo dos dígitos.
selecionada é indicada por dois retângulos • Anunciador de Dados – O anunciador de
adjacentes em relação ao cartão compasso. dados indica o tempo para a estação (TTG)
• Ponteiro de Rumo – É selecionado no ou velocidade relativa ao solo (SPD) no
painel de controle HCP-74. A fonte de canto inferior esquerdo, abaixo das letras
navegação primária selecionada aparece no TTG ou SPD.
EFD-74 através de um ponteiro simples e, a
fonte secundária aparece no EFD-74 através
de um ponteiro duplo. A letra que aparece na
porção inferior do ponteiro de rumo

Figura 19-85 Modo HSI do Indicador de Vôo

19-79
Modo ARC – Este modo é selecionado da proa selecionada e é indicada
pressionando-se a tecla DISPLAY ARC no digitalmente no final do setor de bússola.
painel de controle HCP-74. Um formato de • Ponteiro de Rumo – O rumo é mostrado
setor de bússola expandida consiste em um através do ponteiro e digitalmente à
segmento de bússola de 80º no topo do esquerda do centro do setor de bússola com
mostrador, com o símbolo da aeronave na parte a informação da fonte de navegação
inferior. O curso da aeronave é mostrado pelo mostrada acima do anunciador de dados.
movimento do ponteiro de curso no cartão de • Anunciador de Tempo para a Estação
bússola com a barra e escala de desvio perto do (TTG) e Velocidade Relativa ao SOLO
símbolo da aeronave. (SPD) – Opera da mesma forma que o
As informações que o Modo ARC formato HSI, com a capacidade adicional de
apresenta, são as seguintes: mostrar ambos os dados com as respectivas
• Anunciador TO-FROM – O anunciador letras TTG e SPD, à direita do centro do
TO-FROM consiste das letras TO ou FR setor de bússola. Quando se deseja só uma
acima da indicação digital da fonte de informação na tela, basta pressionar a tecla
navegação no canto inferior direito. HSI e, para a troca da informação deve-se
• Índice de proa – Quando o índice de proa mudar o formato. Quando as informações
estiver fora da escala uma linha de proa não forem confiáveis, aparecerão traços no
aparece e é rotacionada em torno do símbolo lugar dos dígitos.
da aeronave para indicar a posição relativa

Figura 19-86 Modo ARC do indicador de vôo

19-80
Modo MAP – Este modo utiliza o mesmo setor selecionada. O final da faixa, não mostrado,
de bússola do modo ARC, todavia provê está localizado abaixo das marcas do cartão
indicação de rumo e de distância para a estação da bússola.
VOR ou ponto de referência selecionado. • Barra de Desvio Lateral – Só aparece no
O modo selecionado no HCP 74, através EFDD-74 quando uma frequência de ILS é
da tecla DISPLAY MAP. As informações que o sintonizada.
modo MAP apresenta são as seguintes: • Anunciador de Dados – A seleção da
• Linha de Curso Selecionado – O curso informação de tempo para a estação (TTG)
selecionado é mostrado por uma linha ou de velocidade relativa ao solo (SPD), não
girando ao redor da estação selecionada ou pode ser trocada no modo MAP. Porém, esta
do ponto de referência. O curso TO é informação permanece a mesma como era,
representado por uma linha verde sólida e o quando o modo MAP foi selecionado.
curso FROM por uma linha verde tracejada. • Símbolo da Estação – O símbolo aparece
Se a distância da estação estiver abaixo do no cruzamento da linha de curso selecionada
símbolo do avião, a indicação do tipo “mapa” e a escala média de distância. A estação VOR
é substituída por um ponteiro de rumo. / DME é representada com um octógono e o
• Arco de Meia Escala – É o arco que é Ponto de Referência é representado por uma
interceptado pela linha de curso selecionado estrela de quatro pontas.
e suas graduações são selecionadas através
da tecla DISPLAY MAP, no HCP-74. O
fundo de escala mostrado é a metade da faixa

Figura 19-87 Modo MAP do Indicador de Vôo

Bandeiras no EFD-74 – Aparecem quatro HPU-74 que é iluminada quando existe falha no
bandeiras de aviso de falha e as informações EFD-74, o que acarreta o apagamento da tela.
inválidas de tempo (TTG), velocidade (SPD) e As bandeiras de aviso que aparecem na
de distância (DME) são substituídas por traços. tela do EFD-74 são as seguintes:
Existe, ainda, uma lâmpada de aviso • Bandeira de Aviso HDG – Representa
EFD FLAG relacionada ao indicador que está falha no sistema de referência de proa e de
situada na parte frontal da unidade processadora atitude AHRS-85. A linha de fé é substituída

19-81
por um retângulo vermelho contendo as por dez segundos e, após esse tempo
letras HDG também em vermelho. As letras permanecem acesas na tela.
piscam por dez segundos e, após esse tempo • Bandeira de Advertência FAIL –
permanecem acesas na tela. Representa falha no sistema HPU-74. As
• Bandeira de Aviso NAV – Representa falha letras amarelas FAIL, contidas num
no sistema de navegação. Os pontos de retângulo amarelo aparecem no canto inferior
desvio desaparecem e as letras vermelhas direito. Simultaneamente, a lâmpada de aviso
NAV, contidas num retângulo vermelho, HPU FLAG relacionada à unidade
aparecem logo acima do símbolo do avião. processadora, situada na parte frontal da
As letras piscam por dez segundos e, após HPU-74, acende para sinalizar a mesma
esse tempo permanecem acesas na tela. falha. Todas as bandeiras de aviso nos
• Bandeira de Aviso GLS – Representa falha formatos HSI e ARC são as mesmas e o
no sistema ILS. A escala e a indicação ILS formato MAP não mostra nenhuma bandeira
são removidas e as letras vermelhas GLS de aviso.
aparecem no lugar da escala e ficam piscando

Figura 19-88 Bandeiras de aviso e advertência no EFD-74

Painel de controle O botão HDG SYNC, quando


pressionado, alinha o índice de proa com a linha
O painel de controle de proa está de fé. O botão CRS monitora as informações de
localizado na parte inferior de cada um dos curso. O botão, quando rotacionado, seleciona
painéis móveis, provê controles e comandos as informações de direção e de distância para
para o EFD-74. mover o ponteiro de curso no EFD-74.
O botão HDG monitora as informações O botão CRS DIRECT, quando
de proa. Quando este botão é rotacionado, pressionado rotaciona o ponteiro de curso até a
seleciona as informações de direção e distância fonte de navegação selecionada, resultando num
para mover o índice de proa no EFD-74. desvio de rota zero.

19-82
O formato que o indicador EFD-74 pode As teclas BRG, NV1, ADF e NV2
assumir é selecionado pelas teclas DISPLAY. selecionam qual indicador de curso está
São elas: mostrado no EFD-74. A remoção na tela de um
HSI – Seleciona o formato de 360 graus. indicador é feita pressionando-se a tecla
Também controla a seleção TTG ou SPD. correspondente novamente, ou selecionando
ARC – Seleciona o formato expandido outra fonte de navegação.
de 80 graus. Ao pressionar a tecla NV1 uma primeira
MAP – Acrescenta ao formato ARC os vez, o EFD-74 mostra a fonte de navegação
pontos de rumo e distância da estação primária e, pressionando-se uma segunda vez, é
selecionada. removida a informação sendo esta sequência
válida para as teclas NV2 e ADF e para todos os
A tecla DISPLAY HSI também é usada três formatos.
para selecionar a informação de velocidade ao O controle de intensidade luminosa do
solo (SPD) ou tempo para a estação (TTG) no EFD-74 é feito girando-se o botão INT, sendo
indicador EFD-74, independentemente do que no sentido horário a intensidade luminosa é
formato em uso. aumentada.

Figura 19-89 Painel de controle de proa HCP-47

Unidade Processadora como também para os sinais de vídeo e deflexão


enviados ao EFD-74.
A unidade de processamento HPU-74 é As informações da unidade de
parte integrante do sistema FIS e tem as processamento HPU-74, seja do piloto ou do co-
seguintes atribuições: piloto, podem ser transferidas para o
• Gera sinais de deflexão e vídeo requeridos computador do piloto automático APC–65B,
na tela do EFD-74. através da chave de transferência PA SEL NAV,
• Executa a interface entrada / saída com os localizada no pedestal de manetes.
demais sistemas da aeronave. A indicação de falha no HPU é
sinalizada por uma luz vermelha, com a
São utilizadas duas unidades de inscrição HPU FLAG, na parte frontal do HPU-
processamento HPU-74, localizadas no piso 74 e pela inscrição FAIL na tela do EFD-74. Se
superior do compartimento eletrônico, uma de ocorrer falha nos sinais de vídeo e deflexão do
cada lado. EFD-74, este envia um sinal para o HPU-74,
A unidade processadora recebe sinais do que irá acender a luz vermelha com a inscrição
painel de controle HCP-47 através do EFD FLAG localizada na parte frontal do HPU-
processador de entrada / saída e seleciona os 74.
dados necessários a serem enviados a um
gerador de caracteres, que irá enviar e monitorar Operação
as imagens reproduzidas na tela do EFD-74.
A fonte de alimentação provê toda a O sistema de instrumentos de vôo FIS
voltagem necessária não só para o HPU-74, mostra aos pilotos as indicações essenciais do

19-83
sistema de atitude e proa AHRSS-85 e de O sistema FIS é alimentado por 26
navegação VOR / ILS. VCA, 400 Hz e por 28 VCC. Os ADI-84 estão
O computador comparador para alarme conectados à barra de emergência 26 VCA, a
CWC-85 monitora a diferença entre os sinais de HPU-74 do piloto está conectada à barra de
atitude provenientes de cada um dos indicadores emergência 28 VCC e a HPU-74 do co-piloto à
ADI-84 (Diretor de Vôo) e avisa aos pilotos de barra principal 28 VCC. A iluminação dos
uma possível falha dos ADI, quando a diferença painéis HCP-74 é através de 5 VCC.
entre os indicadores exceder a um valor pré-
determinado.

Figura 19-90 Unidade de processamento HPU-74

19-84
Figura 19-91 Sistema FIS

19-85
CAPÍTULO 20

INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES

HISTÓRICO controle e processamento de sistemas em geral.


Isto representa um passo decisivo em direção a
Um microprocessador é um circuito uma disseminação extensiva do processamento
eletrônico muito complexo. Consiste em de dados nos aspectos mais triviais da vida
milhares de transistores microscópicos moderna.
compactados em uma minúscula pastilha de
silício (Chip), que na maioria das vezes não APLICAÇÕES
ocupa mais que um oitavo de polegada
quadrada. A pastilha é colocada num invólucro Computador de escritório
contendo aproximadamente 40 pinos (ou
pernas). O baixo custo de um microcomputador
Os milhares de transistores que permite a sua utilização em escritórios
compõem o microprocessador são arranjados comerciais de pequeno porte. O sistema básico
para formar muitos circuitos diferentes dentro compreende, geralmente, um console de vídeo-
da pastilha. Do ponto de vista de aprendizagem teclado, uma unidade de disco magnético e
de como o micro processador opera, os circuitos impressora. Aumentando-se o número destes
mais importantes são os registradores, periféricos, pode-se acompanhar o crescimento
contadores e decodificadores. das exigências da automação.
Um “µp” é uma parte de um A finalidade deste equipamento é
computador, apenas a porção responsável pelo controlara folhas de pagamento, fazer controle
controle e processamento dentro de um sistema. de estoque, manipular informações de
Para um computador, é necessário acrescentar contabilidade, fazer processamento de texto,
memória para o programa de controle e circuitos tudo isto aliado à possibilidade de se disseminar
de I/O para a comunicação com equipamento a informação simultaneamente através de
periférico. diversos terminais.
Mais especificamente é o tipo de
processador que pode ser implementado em um Computador pessoal
único “chip” LSI (Integração em Larga Escala).
Desde a construção dos primeiros Atualmente em fase de rápida expansão
computadores a válvula, como o UNIVAC I no Brasil esta aplicação possibilita trazer a
(1950) o desenvolvimento de sistemas de revolução da informática para o lar. Além de
processamento de dados tem sofrido uma usar o microcomputador, para jogos eletrônicos,
evolução acelerada. Enquanto esses pode-se fazer o controle dos gastos domésticos,
computadores primitivos só podiam ser sistemas de alarme contra roubos etc. Através
justificados como objeto de pesquisa (sem da ligação telefônica, o computador pessoal
questionar a validade econômica), os modernos pode ter acesso a informações tais como cotação
sistemas revolucionaram praticamente todos os de ações na Bolsa, jornais ou bancos de dados.
campos de atividade do homem moderno. Isto Num prazo maior, poderemos fazer encomendas
se deveu, unicamente, à evolução da tecnologia num supermercado pelo microcomputador,
eletrônica do estado-sólido, que reduziu o consultando os preços dos artigos em estoque e
tamanho e o custo dos sistemas de computação, até mesmo trabalhar em casa, enviando e
entre inúmeros equipamentos. recebendo informações do computador da
Em 1960, o baixo preço dos empresa.
computadores justificava o aparecimento dos
computadores de propósito geral, para Computador de bordo
processamento de dados.
Atualmente, o advento de microproces- Microcomputadores são empregados em
sadores permite a aplicação de métodos sistemas de computação para automóveis,
computacionais de custo extremamente baixo ao barcos e aeronaves.

20-1
Além de fornecerem informações sobre Quando se levam em conta as técnicas
navegação, consumo, condições do veículo etc, militares modernas, que exigem a colocação de
poderão receber dados de outros computadores. ogivas com limite de erro de 20 a 30 metros
Isto permitirá que um piloto receba instruções após um vôo transcontinental, é enorme a
de controle para pouso ou decolagem através de capacidade de processamento de dados
um monitor de vídeo situado no painel, necessária para os cálculos.
agilizando e aumentando a capacidade do As primeiras experiências militares
controle de tráfego aéreo. mostraram que o problema fundamental da
tecnologia de mísseis estava no fato de que
Equipamentos automáticos de teste eram impossíveis correções no seu trajeto após
ter sido feito o lançamento. A primeira grande
Para o controle de qualidade, é possível conquista deu-se com o desenvolvimento de
elaborar sistemas capazes de fazer o teste de sistemas de orientação capazes de calcular a
equipamentos, numa rapidez e precisão posição do foguete em relação a um ponto na
impossível para o ser humano, a um custo superfície (local de lançamento) pela dedução
reduzido. da distância percorrida e de sua direção. Mas até
mesmo os equipamentos modernos de alta
Máquinas com “inteligência” qualidade estão sujeitos a erros graves.
Outro método mais preciso utiliza
O uso de processadores em equipa- satélite em órbita geoestacionária como ponto
mentos de uso geral permite sofisticá-los com de referência. A principal desvantagem desses
funções até então inviáveis economicamente. sistemas é que a linha de vôo do míssil – e
Balanças e Caixas Eletrônicas, por exemplo, são provavelmente seu alvo – pode ser calculada
aplicações recentes de microprocessadores. pelo inimigo imediatamente após o lançamento,
Deve-se lembrar também que a manutenção dada a capacidade dos modernos radares de
desses equipamentos é simplificada por longo alcance. Para eliminar essa
programas de diagnóstico e até de calibração vulnerabilidade, projetou-se um míssil capaz de
automática. voar a baixa altura, provido de radar de
0varredura horizontal, que avalia dados para o
Robôs cálculo do percurso até o alvo. Assim nasceu o
míssil “Cruise”.
Recentemente, a indústria japonesa
desenvolveu uma variedade de máquinas TERMOS E CONVENÇÕES
capazes de executar tarefas repetitivas, como
robôs industriais. Este é um dos campos mais Um microprocessador é um dispositivo
promissores e polêmicos de aplicação de micro- lógico que é usado em sistemas eletrônicos
processadores. digitais. Também é usado como passatempo,
como computador de uso geral de baixo custo,
Armamento – Míssil auto dirigido para técnicos e grupos de pesquisa com baixo
nível orçamentário. Mas, uma distinção deverá
O primeiro passo de Neil Armstrong na ser feita entre o microprocessador e o micro-
superfície da Lua foi possível, em grande parte, computador.
em decorrência dos sistemas de orientação Um microcomputador contém um micro-
computadorizados. processador, mas também contém outros
Evidentemente, a engenharia de foguetes circuitos como um dispositivo de memória para
interplanetários apóia-se em uma tecnologia armazenar informação e adaptadores de
muito precisa, mas, sem o “hardware” e o interface para conecta-lo com o mundo externo.
“software” de computadores, jamais seria A figura 20-1 mostra um microcom-
possível executar cálculos de posição com putador típico no qual esses circuitos adicionais
rapidez e exatidão suficientes para permitir o são acrescentados. As setas representam
acoplamento de dois objetos a uma grande condutores nos quais seguem as informações
distância – mesmo que um desses objetos tenha binárias. As setas largas representam vários
o tamanho da Lua. condutores conectados em paralelo. Um grupo

20-2
de condutores paralelos, que transportam MEMÓRIA
informação, é chamado barramento (bus).
O computador possui dois barramentos O conjunto de dados e de instruções
principais: o “ADDRESS BUS” (ADD BUS)e o necessários à operação de um computador fica
“DATA BUS”. O ADD BUS é unidirecional, localizado numa unidade chamada memória.
isto é, possui um único sentido para o fluxo. O Podemos imaginar a memória como
DATA BUS é bidirecional permitindo, por sendo um conjunto de escaninhos, cada qual
exemplo o fluxo de dados da CPU para a com um endereço e contendo uma unidade de
unidade de entrada e saída (I/O) ou desta para a informações (palavras).
memória. Existem diversos tipos de memória,
classificados segundo suas características. De
um modo geral, temos memórias voláteis ou não
voláteis. A memória volátil é aquela cuja
informação se perde quando a alimentação é
interrompida. As memórias RAM são um
exemplo deste tipo. Memórias não-voláteis, por
outro lado, retêm a informação mesmo após
interrupção da alimentação. Um exemplo deste
tipo é a memória ROM.

-ROM (“Read Only Memory”) – Como


o nome indica, este tipo de memória não
Figura 20-1 Computador básico permite realizar operações de escrita, apenas de
leitura. Também chamada de memória morta, é
O programa do computador é um gravada durante a fabricação, retendo sempre
conjunto ordenado de instruções que são esta informação.
executadas uma a uma, seqüencialmente, na
ordem estipulada. Instrução é uma palavra -RAM (“Random Access Memory”) –
chave (ordem) que diz ao computador qual a Esta memória se caracteriza por permitir tanto a
tarefa específica que deve executar. leitura como a escrita, sendo, entretanto volátil.
O microcomputador é composto por tudo
o que está dentro da linha pontilhada na figura Memórias magnéticas
20-1. Tudo o que está fora da linha pontilhada
refere-se ao mundo externo e todos os micro- Devido às suas propriedades este tipo de
computadores precisam ter alguns meios de memória é sempre não-volátil. Além disso,
comunicação com ele. geralmente são capazes de armazenar grandes
A informação recebida do mundo quantidades de dados, embora a velocidade de
externo pelo microcomputador é chamada de leitura/escrita seja baixa. Por isso são mais
entrada de dados. A informação que transmita usadas como memória de massa, isto é, uma
do microcomputador para o mundo externo é espécie de armazém de programas e de dados,
chamada de saída de dados. de onde a CPU os retira para processamento em
O computador pode ser definido como RAM.
um sistema complexo capaz de receber Os tipos mais comuns são discos
informações, processá-las e fornecer resultados. magnéticos e fitas magnéticas.
A entrada de informações poderá ser gerada de
dispositivos como memória de massa (disco ou ENTRADA E SAÍDA
fita magnética), relés ou até mesmo outros
computadores. São unidades que permitem ao
A saída de informações poderá ser microcomputador comunicar-se com o mundo
enviada aos terminais de vídeo, memórias externo. É através de operações de entrada e
impressoras etc. O ponto no qual o dispositivo saída que um operador utiliza um terminal de
de I/O conecta-se ao microcomputador é vídeo-teclado para “conversar” com um
chamado de “pórtico”. computador.

20-3
O elemento que serve de ligação entre o PRINCIPIOS DE FUNCIONAMENTO
microcomputador e o periférico é chamado
“interface”. Código de máquina
A transferência pode ser feita de vários
modos, segundo as necessidades ou limitações O código de máquina é a linguagem
do sistema. Transmissões por via telefônica, por entendida pelo microprocessador (a CPU), que
exemplo, são feitas no modo serial, isto é, um constitui o cerne do computador e pode apenas
“bit” por vez. executar funções muito simples (adiciona dois
Por outro lado, entre um teclado e a dígitos a um número, por exemplo, mas não os
CPU, a transmissão pode ser em paralelo, com 7 multiplica). Faz isso, no entanto, a velocidades
ou 8 “bits” transmitidos de uma só vez. muito altas. Cada operação do microprocessador
é especificada de acordo com o número de
“ciclos de relógio” empregados. Se a CPU em
PALAVRAS DO COMPUTADOR seu computador funcionar a 1 MHz, o “ciclo de
relógio” será de 1 microssegundo, e uma
Na terminologia de computação, a operação que requer quatro “ciclos de relógio”
palavra é um conjunto de dígitos binários que será realizada em 4 milionésimos de segundo,
pode ocupar um local de armazenamento. pois a F = 1 / T.
Embora a palavra seja constituída de vários Como conseqüência, um programa
dígitos binários, o computador manipula cada desenvolvido em código de máquina vai
palavra como se ela fosse uma simples unidade. requerer grande quantidade de instruções e
Portanto, a palavra é a unidade fundamental de qualquer função deverá ser elaborada “à mão”, a
informação usada no computador. partir de operações simples. Toda a
Uma palavra pode ser um número programação consistirá na manipulação de
binário que está sendo manipulado como um “bits” ou “bytes” isolados de memória,
dado. Ou, a palavra pode ser uma instrução que empregando-se funções lógicas simples como
diz ao computador que operação deve executar. AND, OR e NOT, além de aritmética elementar.
A palavra poderá representar, também, um Esse é um dos motivos por que o
endereço. desenvolvimento de programas nessa linguagem
se torna uma tarefa lenta; o outro reside no fato
Tamanho da palavra de o programador ser obrigado a saber a
localização de tudo que está armazenado na
Nos últimos anos, uma ampla variedade memória.
de microcomputadores tem sido desenvolvida. Ao iniciar a programação em código de
Seu custo e su capacidade variam grandemente. máquina, você descobre que tem de especificar
Uma das mais importantes características de um um endereço (uma posição de memória) para
microprocessador é o tamanho da palavra que cada conjunto de dados a armazenar. E cabe
ele pode manipular, que se refere ao tamanho também a você garantir que não haja
em “bits” da maior unidade fundamental de superposição acidental com outros conjuntos de
informação. dados.
O tamanho da palavra mais comum para Examinemos em que consiste o código
o microprocessador é 8 “bits”. Números, de máquina. Todos os exemplos a seguir serão
endereços, instruções e dados são representados relacionados a CPUs de 8 “bits” de capacidade,
por números binários de 8 “bits”. como a do Z80 e do 6502. O microprocessador
O menor número binário de 8 “bits” é conecta-se à memória do computador por meio
0000 00002 ou 0016. O maior é 1111 11112 ou de dois “buses” (vias): o “bus” de endereços e o
1116. de dados. Há também um elemento denominado
Em decimal, o alcance é de 0 a 25510. “bus” de controle que fornece apenas sinais de
Então, um número binário de 8 “bits” pode ter cronometragem à CPU e não é utilizado pelo
algum dos 25510 possíveis valores. programador.
Uma palavra de 8 “bits” pode especificar O “bus” de endereços tem capacidade de
números positivos ou negativos. 16 “bits” e a atribuição de um padrão de “bits” a
esse “bus” possibilita à CPU selecionar

20-4
qualquer dos 65.536 “bytes” em seu “mapa de Execução do programa mnemônico
memória”. Em microcomputadores comuns,
algumas dessas posições estarão na RAM, É a forma de representação de tal modo
outras na ROM, algumas nos “chips” especiais que haja facilidade de retenção na memória, isto
de entrada-saída e ainda existirão as que não é, que haja memória.
serão utilizadas. Como exemplos de mnemônicos no
Se a CPU quiser ler determinada posição nosso cotidiano, podemos considerar os termos:
de memória (uma das linhas no “bus” de “SAMPA”, “BELZONTE”, etc.
controle indica se deve haver leitura ou Em se tratando de computação e
registro), o “byte” selecionado coloca seus programação em linguagem de máquina, os
conteúdos no “bus” de dados, na forma de um mnemônicos mais usados são:
padrão de 8 “bits”. De modo semelhante, a CPU LDA (LOAD ACCUMULATOR) –
pode registrar um padrão de 8 “bit” em qualquer Carregar Acumulador;
posição escolhida. A CPU não sabe quais as STA (STORAGE ACCUMULATOR) –
partes da memória em que estão a ROM e a Armazenar acumulador;
RAM; desse modo, determinar o endereço ADC (ADD WITH CARRY) – Somar
correto é outra responsabilidade importante do com transporte.
programador.
No interior do microprocessador, há Consideremos que o programa já tenha
talvez meia dúzia de “registros”, semelhantes a sido adequadamente escrito no computador pelo
posições individuais de memória, utilizados processo tradicional: o programador lê o
para o armazenamento de resultados programa, no papel e introduz, via teclado, no
temporários e execução de funções aritméticas, computador.
lógicas e binárias. A maior parte desses O programa é armazenado, em língua-
registros corresponde a 1 “byte” de memória, gem de máquina, numa área de memória,
embora algumas tenham 02 “bytes” de embora os dados que ele opera possam estar em
capacidade. alguma outra posição.
Outro registro muito importante (mas, Observe que os operandos, por exemplo,
agora, com apenas 8 “bits” de extensão) é o $3F80 estão armazenados em dois “bytes”, com
“acumulador”. Como o nome indica, esse o “byte” menor ($80) situado antes do maior
registro acumula totais, isto é, “bytes” que ($3F).
podem se somar ou subtrair. Na verdade, esse é, O símbolo Dólar ($), usado na frente de
em geral, o único registro que pode executar uma seqüência, indica que a representação está
qualquer tipo de procedimento aritmético. no sistema de base hexadecimal.
O motivo comum para o emprego do Todos os programas em código de
código de máquina é a velocidade: ao endereçar máquina são constituídos por operações simples
diretamente o processador, o programa não que transportam “bytes” de memória para os
precisa ser traduzido ou interpretado. Com a registros internos da CPU, realizam seu
eliminação desse estágio intermediário, reduz-se processamento e, a seguir, os remetem de novo
bastante o tempo de execução do programa. No a uma posição de memória.
entanto, o processo de codificação, teste, A figura 20-2 apresenta o programa
depuração, modificação e manutenção de um necessário para somar os conteúdos de duas
código de máquina exigirá, com certeza, duas posições de memória e armazenar o resultado de
vezes mais tempo do que levaria num programa uma terceira.
em linguagem de alto nível (BASIC, por O contador do programa (PC) é um
exemplo). registro no interior da CPU que indica a
A falta de interação com o programador instrução que está sendo executada.
e a dificuldade de se lidar com o código de A primeira instrução fornece os
máquina foi o principal estímulo para a criação conteúdos da posição $3F80, isto é, o valor “5”
das linguagens de alto nível, como COBOL e ao acumulador.
BASIC. Vimos que o conjunto de instruções em O terceiro armazena o conteúdo do
código de máquina equivale ao conjunto de acumulador, agora o “08”, na posição de
operações do processador. memória $0493.

20-5
Nota: Como o próprio nome indica, o Registra-
dor acumulador “acumula” resultados das
operações lógicas ou aritméticas. Em
conseqüência o resultado das operações
será enviado para esse registrador.

Como a operação anterior já foi


completada, o PC é devidamente incrementado
(PC + 1, PC + 2 e PC + 3), e os conteúdos
das posições subseqüentes serão enviados à
CPU e devidamente interpretados como:
armazenar o conteúdo do acumulador na
posição de memória $0493.

ACC $0493 ACC = 08

Nota: O efeito real desta transferência é de


cópia onde o conteúdo origem não é
apagado. Daí conclui-se que o conteúdo
final do registrador acumulador será o
Figura 20-2 Execução de um programa último obtido.
Funcionamento com o programa Com isso chega-se ao objetivo final do
programa proposto que foi: somar os conteúdos
O conteúdo das posições de memória de duas posições de memória e colocar o
$00, $01 e $02 (LDA, $3F80), é colocado na resultado em uma terceira.
CPU. Pelo exposto, também podemos
M CPU escrever:

M CPU; M ACC; M CPU; ACC +


A CPU decodifica essa instrução e a M ACC; ACC M
interpreta como: carregar o acumulador com o
conteúdo da posição de memória $3F80. UNIDADE CENTRAL DE PROCES-
SAMENTO (CPU)
M ACC ASS = 03
Em termos simples, a CPU (“Central
Após a execução dessa operação, o Processing Unit”, ou Unidade Central de
contador de programa (PC) será incrementado Processamento) do computador não passa de um
(PC + 1, PC + 2 e PC + 3) acessando os interruptor que controla o fluxo de corrente num
conteúdos das próximas posições de memória sistema de computação. Compõe esse sistema a
(endereços): $03, $04 e $05. Esses conteúdos ALU (“Arithmetic and Logic Unit”, ou Unidade
são enviados para a unidade central de Aritmética e Lógica), o PC (Contador de
processamento. Programa), ACC (Acumulador) e outros
M CPU registradores.
Ao acionar uma tecla, você introduz
alguma informação na máquina por meio de
Em seguida a CPU interpreta os códigos uma configuração de voltagem gerada na
e conclui que deverá “somar” o conteúdo atual unidade de teclado. A CPU transfere essa
do Acumulador com o conteúdo da posição de configuração de voltagem para uma posição da
memória $3F81. memória. Em seguida, transfere uma
configuração correspondente, proveniente de
ACC + $0F81 ACC ACC = 08 algum outro lugar da memória, para a tela, de

20-6
modo a gerar um determinado padrão de subseqüente adição com o outro. Por exemplo,
caracteres. 7 + 5 = 12 significa:
Esse processo é semelhante ao + 7 somado a + 5 é igual a + 12;
funcionamento de uma máquina de escrever, enquanto 7 - 5 = 2 equivale a:
mas com a diferença de que nesta há uma + 7 somado a – 5 é igual a + 2.
conexão mecânica entre o acionamento de uma
tecla e a impressão do caractere, enquanto num A multiplicação e a divisão são
computador essa ligação ocorre porque a CPU consideradas adições ou subtrações repetidas, de
transfere configurações corretas de voltagem de modo que também é possível programar a CPU
um lugar para outro. para simular essas operações. Se a CPU
consegue realizar as quatro operações
aritméticas, então pode efetuar qualquer outro
cálculo matemático. No entanto, lembre-se de
que todo o seu potencial matemático depende
simplesmente da capacidade de somar dois
números.
As operações lógicas efetuam a
comparação de dois números não apenas em
termos de quantidades relativas, mas também
em termos da configuração de seus dígitos. É
fácil ver que sete é maior que cinco porque
extraímos cinco de sete e obtemos um resultado
positivo. Além de fazer esse tipo de
comparação, a CPU também verifica que, por
exemplo, 189 e 102 têm o mesmo dígito na
coluna das centenas.
As operações de memória envolvem
tanto a cópia de informações de uma posição
qualquer da memória externa para sua própria
memória (registro), como de seu registro para
Figura 20-3 O Centro do Sistema
uma outra posição da RAM.
Executando essas operações em
Nem sempre o acionamento de uma tecla
seqüência, a CPU transfere informações de uma
faz aparecer um caractere no vídeo: pode
parte qualquer da memória para outra. Para que
também destruir um asteróide, gravar um
a memória do computador tenha alguma
programa, apagar um arquivo em disco, ou
utilidade, é absolutamente necessário que a CPU
imprimir uma carta. O resultado da operação
seja capaz de realizar essas duas operações. Só
depende do modo e da finalidade com que a
assim torna-se possível um controle completo
CPU transfere a corrente elétrica.
da memória.
As operações de controle consistem, na
Modo de funcionamento da CPU
verdade, em decisões quanto à seqüência pela
qual a CPU executa as outras operações
Os procedimentos executados pela CPU
descritas. Por enquanto, tudo o que precisamos
classificam-se, para nossos objetivos, nas
saber sobre as operações de controle é que a
operações: aritméticas, lógicas, de memória e de
CPU pode tomar determinadas decisões a
controle. Todas resultam de transferência de
respeito de sua própria atividade.
informações através de diferentes trajetos, no
Portanto, a CPU executa operações
sistema e na CPU, ou seja, para esta todas as
aritméticas, compara números, desloca
operações se assemelham.
informações na memória e decide sobre sua
Operações aritméticas, como adição e
própria seqüência de operações. Essa lista de
subtração constituem a característica mais
procedimentos é suficiente para definir uma
importante da máquina. Ela subtrai por meio da
máquina de computação ideal.
representação negativa de um dos números e sua

20-7
CONCEITOS DE FLUXOGRAMA Cartão Perfurado: Entrada ou saída
através de cartão perfurado.
O fluxograma é uma representação
gráfica das tarefas de um programa, por meio de Teclado: Entrada de informação
símbolos que fornecem uma visualização através do teclado.
imediata do significado da tarefa.
Impressora: Saída de informações
Definição dos elementos de fluxograma através da impressão em papel.
Abaixo seguem-se os símbolos mais
usados nas representações gráficas. Exemplos do uso de fluxograma

Terminal: Início, término ou Equação Quadrática – Vamos examinar alguns


interrupção de um programa. exemplos simples, para termos uma
visualização de fluxograma.
Processamento: Uma ação que deve O passo inicial é examinar um
ser tomada. fluxograma genérico que represente os passos
do programa para calcular as raízes da equação
Decisão: Desvio para diversos quadrática: ax2 + bx + c = 0
pontos do programa de acordo com Também podemos escrever que:
uma situação testada.
1 2  b r b 2  4ac b r '
Entrada / Saída: Qualquer função x ,x
relacionada com dispositivos de 2a 2a
entrada ou saída em geral.
A solução deste problema pode ser re-
Visor: Terminal de vídeo ou Display. presentada como no fluxograma da figura 20-5.

Ler a Não é
INICIO a=0 Equação
equação
quadrátic
=
Calcular
Delta

Delta Não é
=0 ? Campo
real
=
b '
x1 b
2a x1 , x 2
b ' 2a
x2
2

x1 FIM
x2

Figura 20-5 Fluxograma de Equação Quadrática

20-8
Impressão de números Na figura temos que I = I + 1, o que seria
um absurdo, matematicamente falando. Lembre-
O fluxograma da figura 20-6 é um se que esta operação refere-se à variável
programa para imprimir cinco números pares controladora “I” que é incrementada ou
em uma impressora. atualizada.

INÍCIO

I = 0

Ler o
cartão = d
=
Resto Número I5 FIM
y 2 par I=I+1
= 0 ?
t

Figura 20-6 Fluxograma dos números pares

Cotidiano Consideremos um problema do de seguir determinado caminho em função de


nosso cotidiano: “Levantar-se pela manhã”. um resultado pré-estabelecido.
Neste programa o computador toma a decisão

INÍCIO Fazer
1
café
S

N
Despertar e Vai
Cochilar Vestir-se
ver horas tomar FIM
café? e sair

1
N S
É
hora ? Levantar

Figura 20-7 Fluxograma do “Cotidiano”

LINGUAGEM DO COMPUTADOR Como se pode notar, tanto o computador


como a máquina utiliza-se apenas de níveis de
Desde o princípio da era do computador, tensão, chamados níveis lógicos.
a principal preocupação foi de como poderia ser A grande preocupação do homem é
feita a comunicação entre o homem e a utilizar o computador em todas as áreas e, para
máquina. isso, necessita de uma comunicação de fácil

20-9
acesso com o meio externo. Isto, em outras Com o aparecimento de outras
palavras, significa transformar níveis de tensão linguagens, houve uma divisão entre as
em informações, com o tipo de linguagem linguagens de baixo nível e as de alto nível. As
empregada pela maioria dos homens. de alto nível surgiram especificamente para
Uma das primeiras comunicações com o cada área, como “Fortran” para a área científica,
computador foi a linguagem de máquina ou “Cobol” para a área comercial e outras
objeto. Esta linguagem é muito cansativa por linguagens para cada finalidade como “Basic”,
lidar diretamente com códigos binários, isto é, “Pascal”, “PL/1”, etc.
níveis lógicos “zero” e “um”. As linguagens de alto nível deram
Em função da dificuldade apresentada margem ao surgimento dos programas
por esta linguagem, surgiu a linguagem tradutores. Como o próprio nome está dizendo,
“Assembly”, que transforma códigos binários o computador necessita de um programa que
em mnemônicos, isto é, nomeia cada código traduza tais linguagens para que tenha
para que este possa ser utilizado mais condições de executar as instruções a ele
facilmente. designadas.
Com o surgimento desta linguagem, A linguagem de máquina pode ser
houve a necessidade de transformas os escrita em octal, hexadecimal ou binário. O
mnemônicos em códigos binários. Esta programa fonte recebe a denominação de
transformação é chamada de “Compilador linguagem de programação; e o programa
Assembler”. resultante da conversão em linguagem de
Mesmo com o surgimento da linguagem máquina recebe a denominação de programa
Assembly, o operador continuava encontrando objeto.
muitas dificuldades para manusear este grupo de Programa de processamento é aquele que
instruções. Mediante estas dificuldades, outras traduz a linguagem de programação para
linguagens foram sendo desenvolvidas. linguagem de máquina.

Figura 20-8 Representação em blocos do fluxo das linguagens.

Programa Fonte Processamento Observações


Este programa é escrito na linguagem
Máquina Não há necessidade
binária
Maqui-
Hexadecimal Hexadecimal loader É usado o carregador hexadecimal
na
É a linguagem de programação escrita
Assembly Assembler
em Mnemônicos
Alto nível Tradutor- Converte linha a linha e a tradução é feita
Proces- (Compliler) Interpretador/Compilador de uma só vez
samen O operador faz a tradução do Assembly
-to Hand Assembly Hexadecimal Loader para o Hexa, isto é, age como programa
de processamento

Figura 20-9 Quadro geral de linguagens.

20-10

Você também pode gostar