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Plano de Gestão Ambiental do Parque Municipal Prof.

Maurício de Oliveira

Apresentação
É uma breve apresentação do conteúdo do Plano, do contexto em que foi
elaborado e deve conter a visão do poder público local sobre o planejamento e
a gestão dos recursos naturais.

Introdução
É a parte inicial do texto que tem o objetivo de esclarecer o “porquê” da
realização do Plano, ou seja, justifica a sua importância no contexto da gestão
ambiental do município. Em geral é o elemento que contribui, mais diretamente,
na aceitação do Plano de Gestão Ambiental pelo público-alvo.

A justificativa consiste em uma exposição resumida, porém completa, das


razões de ordem técnica e prática que tornam relevante a elaboração e
implementação do Plano. É importante destacar na justificativa a importância
socioambiental do Plano e as contribuições que o mesmo pode trazer, no
sentido de apresentar alternativas para os problemas ambientais identificados
no âmbito do Diagnóstico Ambiental Simplificado e as estratégias para o
alcance do desenvolvimento sustentável do local para o global.

Amparos legais de salvaguarda dos limites do Parque = É recomendável


que na introdução seja feita um resgate das relações existentes entre o Plano
Municipal de Gestão Ambiental e outros instrumentos legais de planejamento e
gestão como: legislação ambiental e urbanística do município, Plano Diretor,
Código de Meio Ambiente, Plano Municipal de Saneamento Básico, além da
legislação estadual e federal correlata.

1. Situação Geográfica E Histórica


1.1. Localização e limites

O “Parque Municipal Prof. Maurício de Oliveira”, está situado na zona


central da sede urbana do município de Mossoró, na Região Oeste Potiguar,
(ver Fig. XX), entre as coordenadas: ver coordenadas nas plantas de
localização
LATITUDE:

LONGITUDE:

Possui uma área de 7,8 ha (inclusas a área ocupada pelas instituições


federais e estadual) e está compreendido dentro do seguinte perímetro:

começa no vértice 0 (zero) na Rua Dr. Almir de Almeida Castro, no limite


fronteiriço com a propriedade da COSERN...(inserir coordenadas geográficas
de referencia e

1.2. Histórico do Parque

A área que abriga o Parque Municipal Prof. Maurício de Oliveira,


preteritamente, foi uma propriedade ocupada com atividade agropecuária,
assim como todas as propriedades situadas às margens do Rio Mossoró no
território municipal. O município sempre foi reconhecido como cidade polo da
região oeste potiguar e sua posição geográfica estratégica, inclusive por ser
traspassada pelo Rio homônimo, onde existia um importante porto – Porto
Santo Antônio, de escoamento de charqueados, sal, algodão, óleo de oiticica e
cera de carnaúba em tempos primórdios da formação urbana do município,
desempenhando papel relevante na dinâmica econômica do Estado.

O Parque Municipal Professor Maurício de Oliveira é um bem imóvel da


União, sob tutela do poder público municipal por meio de Termo de Cessão de
uso gratuito, celebrado entre o Instituto Brasileiro de do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – Ibama e o município de Mossoró/RN. É
administrado pelo órgão ambiental executor da política municipal de meio
ambiente e a área destina-se ao uso comum do povo, sendo submetido à
condição de inalienabilidade e indisponibilidade, no seu todo ou em parte,
ficando vedado qualquer empreendimento público ou privado, bem como
atividade, que venha a alterar ou comprometer os objetivos de sua instituição.

O Parque Municipal Professor Maurício de Oliveira teve sua criação


proposta por meio do Projeto de Lei Complementar nº 3.319/2016, apresentado
à Câmara Municipal de Mossoró e apreciado pelo Conselho Municipal de
Defesa do Meio Ambiente – CONDEMA, e pelo órgão ambiental do município,
com base em estudos que endossam os atributos naturais relevantes que
habilitam o uso da área para fins de proteção, conservação, preservação e
educação ambiental no município. Neste sentido, a área apresenta os
seguintes atributos a serem considerados:

1. possui ecossistemas naturais, nos quais as espécies vegetais e animais,


aspectos geomorfológicos, hidrológicos e de habitat que são de interesse
especial do ponto de vista científico, cultural e de lazer, uma vez que apresenta
paisagens naturais de apelo cênico;

2. ser objeto de medidas protetoras por parte do município, para manter a


integridade dos ecossistemas naturais determinantes para a criação do Parque
Municipal, contempladas pelo Plano Diretor de Mossoró, Art. 26, Incisos I e II,
onde foi classificada como Área de Proteção Ambiental nas categorias Reserva
de Patrimônio Ecológico e Área Especial de Proteção Ambiental. A área
também absorve proteção da Lei 12.651/2012 – Lei Florestal Brasileira, onde
recebe enquadramento como Área de Preservação Permanente (APP) 1, nos
termos dos artigos 3º e 4º do referido disposto legal;

3. condicionar a visitação pública as restrições específicas, mesmo para


propósitos científicos, culturais, educativos e de lazer, mediante autorização do
órgão ambiental municipal, por meio de protocolos administrativos, do
Regimento de uso e seus condicionantes.

Atualmente o Parque municipal conta com uma infraestrutura inicial,


composta por guarita para controle de visitantes, prédio da administração e
Núcleo de Educação Ambiental/Sala Verde, pista pavimentada para
caminhada e corrida, com aproximadamente 2 km (Figura 2 atualizar imagem),
conjuntos de mesas com bancos e lixeiras, dispostos por toda área de acesso
aos visitantes, placas informativas, academia da terceira idade, playground
convencional e trilhas guiadas por estagiários dos Núcleos de Educação
Ambiental da Prefeitura de Mossoró e o ICMBio2.

1
Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas
(MACHADO, 2013).
Para efeito de entendimento considera-se Parque as áreas definidas por ato
do Poder Público, dotadas de atributos relevantes da natureza, com finalidade
de proteção da flora, da fauna, do solo, da água, de outros recursos e belezas
cênicas, conciliando sua utilização com objetivos científicos, culturais,
educacionais, paisagísticos e de lazer.

2. Aspectos Socioambiental do Município

2.1. Aspectos Físicos

Localização

O município de Mossoró situa-se na Mesorregião do Oeste Potiguar e na


microrregião homônima. É o maior município do estado do Rio Grande do
Norte em extensão territorial, ocupando uma área de 2.099,333 Km², segundo
o IBGE. Encontra-se a 5°11’ de latitude Sul, 37° 20’ de longitude Oeste e uma
altitude de 18m, estando localizada numa região privilegiada, entre duas
capitais nordestinas: Natal/RN e Fortaleza/CE. Seus municípios limítrofes são
Aracati (CE), Tibau e Grossos ao Norte; Governador Dix-Sept Rosado e
Upanema ao Sul; Areia Branca, Assú e Serra do Mel a leste; e Baraúna a
oeste, como pode ser observado na Figura 1:

2
Parceria firmada entre os entes público municipal e Autarquia federal, por meio de Termo de
Cooperação Técnica nº XXXXX
Figura 1. Mapa de localização do município de Mossoró.
Fonte: Google, 2019.

O acesso ao município pode ocorrer através das seguintes rodovias


federais: BR-405, que começa em Mossoró e passa por vários municípios da
região Oeste Potiguar, estendendo-se até o sertão da Paraíba; a BR-304, que
interliga Natal e Fortaleza e passa por Mossoró; a BR-110, que tem início no
município limítrofe de Areia Branca, passando pela sede municipal, segue em
direção ao município de Upanema e se estende até Catu, Bahia.

Geologia e Geomorfologia

De acordo com o CPRM – Serviço Geológico do Brasil (2005), o município


de Mossoró está situado, geologicamente, na Província Borborema. Na região,
são encontradas as seguintes formações geológicas: Formação Jandaíra (K2j),
Formação Barreiras (ENb), depósitos Colúvios-eluviais (NQc), Flúvio-lagunares
(Qfl) e depósitos Aluvionares (Q2a), como pode ser observado na Figura 2:
Figura 2. Mapa de Geologia do município de Mossoró.
Fonte: CPRM, 2005.

Quanto à geomorfologia prevalecem três classes geomorfológicas:


Superfícies Pediplanadas - formas tabulares, Planície Fluvial e Planície Flúvio-
marinha (RADAM BRASIL, 1981). O relevo do município é caracterizado pelas
seguintes formas:

• Chapada do Apodi: terras planas ligeiramente elevadas, formadas


por terrenos sedimentares, cortados pelos rios Apodi-Mossoró e
Piranhas-Açu;
• Planícies Fluviais: terrenos baixos e planos situados nas margens
dos rios, também denominados de Vales;
• Depressão sublitorânea: terrenos rebaixados, localizados entre
duas formas de relevo de maior altitude. Ocorre entre os Tabuleiros
Costeiros e o Planalto da Borborema;
• Depressão Sertaneja: terrenos baixos situados entre as partes
altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi.

Solos

Com relação às classes de solos, Rocha et al. (2009) destaca que, tomando
como referência o mapa de solo Folha do Jaguaribe/Natal Radam (1981) e
Embrapa (2006), predominam os seguintes tipos de solos na região que
compreende a bacia Apodi-Mossoró: Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico,
Cambissolo Eutrófico, Bruno Não Cálcico, Solos Litólicos Eutróficos, Rendzina,
Latossolo Vermelho-Amarelo Eutrófico, Latossolo Amarelo Distrófico,
Vertissolo, Solos Aluviais Eutróficos, dentre outros. Ou seja, os solos da Região
são de origem sedimentar, com dominação dos cambissolos de fertilidade
natural alta. No mapa de solos, representado na Figura 3, podem ser
identificados os principais tipos de solos existentes no município de Mossoró.

Figura 3. Mapa de Solos do município de Mossoró.


Fonte: Embrapa Solos, UEP Recife, 2006.
Clima

O clima de Mossoró é seco e muito quente, segundo a classificação


Köppen, que se baseia no regime térmico e pluviométrico (CARMO FILHO;
ESPÍNOLA SOBRINHO; MAIA NETO, 1991 apud OLIVEIRA DA SILVA; et. al.,
2011.). Pedrini (2006) complementa ao identificar em seu estudo que,
utilizando da classificação climática de W.C. Thornthwaite (série de índices
térmicos baseados no Balanço Hídrico de uma região), o clima de Mossoró é
do tipo DdA’a’, ou seja, semiárido, com pequeno ou nenhum excesso de água
durante o ano, e megatérmico3.

O tempo médio de insolação é de aproximadamente 2.830 horas anuais,


com umidade relativa do ar em torno de 68%, podendo ficar abaixo dos 30%,
especialmente no período seco, durante a tarde, bem abaixo do ideal
estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 60%. O menor
índice de umidade relativa do ar registrado em Mossoró foi de 21%, em 5 de
setembro de 1996.

Recursos Hídricos

Os recursos hídricos do município de Mossoró se caracterizam por dois


tipos bastante diferenciados: recursos hídricos de superfície constituídos pela
grande bacia hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró e seus afluentes, sendo o
principal, dentre estes, o Rio do Carmo, e os recursos hídricos subterrâneos,
que constituem os mananciais de água dos aquíferos do calcário Jandaíra, do
arenito Açu, e da cobertura arenosa do Grupo Barreiras, além das águas dos
corpos de aluvião (JALES, 2009).

De acordo com o CPRM (2005), o município de Mossoró encontra-se


totalmente inserido nos domínios da bacia hidrográfica Apodi-Mossoró, sendo
banhado pelo rio Mossoró, que corta a cidade de Mossoró no sentido sudoeste-
nordeste, tendo como principais tributários o córrego Gangorra ao Norte; o Rio
do Carmo, os riachos Bonsucesso, Nogueira, Grande, Inferno, Fundo e Olho d’
Água, e o córrego do Bastião ao Sul; os riachos Suçuarana, Poço dos Bois,

3
Climas com altas temperaturas todos os meses do ano.
Xique-xique, Passagem Velha, São Raimundo, Pai Antônio e o Córrego
Jerimum ao Leste; e, os riachos Campo do Junco, Grande, Cabelo Negro e
córrego do Virgílio ao Oeste. Sob o domínio hidrogeológico, o município está
inserido no Domínio Hidrogeológico Intersticial e no Domínio Hidrogeológico
Karstico-fissural.

Ainda segundo o órgão, os principais corpos de acumulação no município


são os açudes públicos: Barragem Passagem de Pedras, Barragem de Baixo
(250.000m3), Barragem do Saco, Barragem Lagoa de Paus, Barragem
Mossoró (100.000m3); e os açudes comunitários: Barragem Santana
(100.000m3), Dos Pintos (100.000m3) e Favela (500.000m3). O padrão de
drenagem é do tipo dendrítico e os cursos d’água tem regime intermitente.

A bacia hidrográfica Apodi/Mossoró encontra-se localizada na microrregião


do Oeste Potiguar, ocupando uma área de 14.276 km2, o que corresponde a
26,8% do território do Rio Grande do Norte. Representa a maior bacia
hidrográfica genuinamente potiguar, na qual são cadastrados 618 açudes,
totalizando um volume de 469.714.600 km3 de água, equivalentes a 27,4% do
total de açudes e 10,7% dos volumes de água acumulados no Estado, segundo
dados da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN,
2010 apud SOUZA, SILVA & DIAS, 2012).

2.2. Aspectos Socioeconômicos

População

Mossoró é o segundo município mais populoso do Rio Grande do Norte,


ficando atrás apenas da capital Natal. No último Censo, realizado em 2010,
Mossoró apresentou uma população de 259.815 habitantes, correspondente a
8% da população do estado, sendo 91,3% residentes da zona urbana e 8,7%
da zona rural. Para 2015, a estimativa de acordo com o IBGE é que o
município tenha uma população de 288.162 habitantes. Em 2019 o IBGE
apresentou uma estimativa populacional de 297.378 habitantes no município.
Entre 2000 e 2010, a população de Mossoró cresceu a uma taxa média
anual de 1,97%, enquanto no Brasil foi de 1,17%, no mesmo período. Nesta
década, a taxa de urbanização do município passou de 93,10% para 91,31%
(ATLAS BRASIL, 2013). Ao total, em quase 20 anos a população de Mossoró
cresceu, aproximadamente, 26%, como pode ser visto na tabela abaixo.

 Densidade demográfica
A densidade demográfica é uma importante variável a ser considerada no
planejamento urbano, pois este é o indicador que retrata a concentração
espacial da população no município. A densidade demográfica do município de
Mossoró, medida e expressa pela relação entre a população e a superfície do
território, é de 123,76 hab./km², demonstrando a alta concentração
populacional na localidade.

 Indicadores educacionais
De acordo com o IBGE (2012), Mossoró possui o seguinte número de
escolas que atendem aos níveis pré-escolar, fundamental e médio, na rede
pública e privada:

Tabela 2. Número de escolas por nível da rede pública e privada


Com relação ao número de matrículas, o número apontado pelo IBGE
(2012) mostra que 30% dos alunos estão inseridos na rede privada; 40% na
rede pública estadual; 29% na rede pública municipal, aproximadamente; e 1%
na rede pública federal. O estudo também aponta que há mais matriculados no
Ensino Fundamental, representando 65% do corpo discente da rede de ensino
mossoroense.

Um importante instrumento de diagnóstico da realidade escolar é o Índice


de Desenvolvimento do Ensino Básico (IDEB). Mossoró tem superado as
metas, e o ensino de rede pública municipal tem se destacado. Em 2013, por
exemplo, a meta projetada era que a rede municipal alcançasse o índice de
4,3, mas ultrapassou, atingindo 5,1. Enquanto a rede estadual, no mesmo ano,
tinha a meta de 4,2, e alcançou 4,3. As escolas de Mossoró ficaram entre as
mais bem classificadas, à frente até da capital Natal. Os estudantes da rede
privada não participam dessa mensuração.

Além da educação básica, Mossoró também conta com ensino superior de


qualidade, tendo instaladas em seu território instituições de ensino superior,
como o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a Universidade Federal Rural do
Semiárido (UFERSA), a Faculdade de Enfermagem Nova Esperança
(FACENE), a Faculdade Mather Christi, a Universidade Potiguar (UNP), entre
outras.

De acordo com o IBGE, em 2010 o município apresentava uma Taxa de


escolarização de 97,7% na faixa de 6 a 14 anos de idade. Em 2017 os índices
de educação mantiveram a tendência de elevação, onde o IDEB, nos anos
iniciais do ensino fundamental da rede pública foi de 5,3 e nos anos finais do
ensino fundamental da rede pública foi de 3,7. Em 2018, o número de
matrículas no ensino fundamental foi de 36.650 matrículas, no ensino médio
9.908 matrículas.

 Indicadores de saúde
Os dados mais recentes, fornecidos pelo CNES4 (2016), informam que
Mossoró possui 339 estabelecimentos de saúde cadastrados no município,
entre pessoas física (profissionais de odontologia, nutrição, fisioterapia, etc.) e
jurídicas (clínicas, hospitais, laboratórios, etc.). Entre os estabelecimentos de
maior atendimento, tem-se 42 Unidades de Saúde Básica – UBS e 07
hospitais.

Segundo os dados do DATASUS, por meio do Caderno de Informações de


Saúde (2010), referentes à Mossoró, o município tem uma taxa de natalidade
bruta de 16,5. Já a taxa de mortalidade geral, indicador que expressa a
intensidade da ocorrência anual de mortes em determinada população, teve
uma média 5,19/ mil habitantes, entre os anos de 2000 a 2009, de acordo com
o Informe Epidemiológico Oficial da Prefeitura Municipal de Mossoró (2010).
Esse coeficiente é obtido pelo número de óbitos de determinada localidade e
ano, divididos pela população desta mesma localidade e ano, sendo expresso
por mil habitantes.

De acordo com o Atlas Brasil (2013), a mortalidade infantil (mortalidade de


crianças com menos de um ano de idade) em Mossoró passou de 34,6 por mil
nascidos vivos, em 2000, para 17,9 por mil nascidos vivos, em 2010.

A tabela a seguir traz dados a respeito das taxas de longevidade,


mortalidade e fecundidade do município:

Tabela 3. Longevidade, Mortalidade e Fecundidade – Mossoró/RN

Fonte: Atlas do Brasil, 2013; a partir de PNUD, Ipea e FJP, 1991-2010.

4
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – Ministério da Saúde.
2.3. Aspectos Ambientais do Município

Segundo os dados do IBGE (2017), o município apresenta 64.6% de


domicílios com esgotamento sanitário adequado, 75.5% de domicílios urbanos
em vias públicas com arborização e 4.5% de domicílios urbanos em vias
públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada,
pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do
estado, fica na posição 18 de 167, 98 de 167 e 50 de 167, respectivamente. Já
quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é 1624 de 5570,
2736 de 5570 e 3588 de 5570, respectivamente.

2.4. Aspectos Culturais

Como significativa parcela das cidades sertanejas, Mossoró tem origem


com a atividade pecuária (FELIPE, 1982, 2001; LINS e ANDRADE, 2001;
PINHEIRO, 2008), quando um bem sucedido proprietário de terras, de nome
Antonio de Souza Machado, adquire uma propriedade na ribeira do rio Apodi-
Mossoró, cuja referência no presente é dada pela localização em que está a
catedral de santa Luzia, padroeira local. Muito embora o município esteja
situado em região com reconhecidas limitações climáticas para atividades
produtivas que envolvessem relações diretas com a terra, o sertão não deixou
de participar do movimento histórico de produção econômica da região e do
país, que foi condição importante para atrair o interesse colonial português,
influenciando na sua afirmação territorial. Dessa forma a formação histórica de
Mossoró converge para este entendimento, quando se percebe que, a partir de
determinado estágio histórico, passa a reunir condições para a formação de um
lugar, centralizando e articulando relações que contribuem na produção de
subsídios econômicos em que estes refletem na sua organização espacial
(OLIVEIRA, 2017).
3. Avaliação Ambiental do Parque

3.1. Fatores Biofísicos

O Parque Municipal Prof. Maurício de Oliveira está localizado na zona


urbana central do município, em uma área de 7,8 Ha, às margens do rio Apodi-
Mossoró, e criado com a finalidade de proteger esse fragmento de os recursos
naturais em área de forte adensamento urbano (Figura 4). Persiste uma
carência em se criar parques em regiões semiáridas que abriguem vegetação
do bioma Caatinga, sendo um privilégio a criação do Parque em Mossoró, e
pode ser considerado pioneiro no quesito parques urbanos com vegetação
semiárida do Rio Grande do Norte (SANTOS et al, 2017).

Figura 4. Localização espacial do Parque Municipal Prof. Maurício de Oliveira -


Mossoró/RN. Disponível em www.gloogle.earth.com Consulta realizada em
abril/2019.
Fonte: Embrapa Solos, UEP Recife, 2006.

A primeira etapa do Parque foi inaugurada no dia 01 de julho de 2016 com a


instalação de guarita para controle de entrada, pistas pavimentadas para
caminhada, equipamentos de ginásticas para idosos e playground infantil, além
de iniciadas as obras de apoio administrativo. Em 2019 foram entregues a
segunda etapa de estruturação do Parque com a conclusão das obras do
centro de apoio administrativo e de Educação Ambiental e a instalação de Sala
Verde, banheiros de uso coletivo, copa e área coberta para pequenas
exposições. Nessa segunda etapa foi contemplada a instalação de conjuntos
de mesas e bancos, caramanchões distribuídos por toda área de uso público
do Parque e ampliação das trilhas naturais, como ferramenta de apoio didático
e funciona de terça a domingo das 5h30 às 18h. As segundas-feiras o Parque é
fechado para ações de manutenção e planejamento administrativo.

Inserir texto com identificação das


imagens e créditos.
Ao longo dos cinco anos de operação, o Parque Municipal tornou-se um
equipamento de lazer público importante, pois oportuniza o contato com
atributos da natureza para o lazer contemplativo, a prática de atividades físicas,
aliados à proteção da fauna e flora locais. São os espaços verdes como o
Parque Maurício de Oliveira que proporcionam melhoria nas condições
ambientais das zonas urbanas e tem como caixa de ressonância a qualidade
de vida das pessoas.

Em avaliação ambiental do Parque municipal pós ocupação realizada com o


intuito de definir o perfil dos visitantes, sua percepção quanto ao ambiente e
infraestrutura local, alcançou como pontos negativos relevantes a existência de
solo exposto, a reduzida largura das trilhas pavimentadas que são utilizadas de
forma compartilhada para corrida, caminhada, uso de bicicleta, patins e skates,
ausência de sinalização, ausência de estacionamento para usuários/visitantes.
Os pontos positivos apontados pelos usuários foram a possibilidade de
correções e ampliação das estruturas físicas e a boa frequência da
comunidade, com destaque ao reconhecimento de que o Parque é um
importante espaço de lazer para a população de Mossoró. A boa aceitação da
população gera uma oportunidade para que o parque se torne um local de
realizações de ações de educação ambiental e valoração do bioma Caatinga
(SANTOS et al, 2017).

Nesse sentido, enquanto espaço verde urbano, a área do Parque Municipal


cumpre a função ecológica quando se torna área de refúgio e abrigo da vida
silvestre, cumpre a função estética quando promove a harmonia entre os
elementos naturais e elementos construídos e cumprem a função social
quando revela o uso democrático do equipamento público.

3.1.1. Geologia e geomorfologia


A Geologia e a Geomorfologia locais são resumidamente relatadas a partir
de observações das incursões exploratórias das instituições de ensino que tem
utilizado a área do Parque como ferramenta didática durante as aulas de
campo.

A área que abriga o apresenta características que reúnem o sistema


hidrológico do Rio Mossoró e o sistema de interação com a gênese dos solos.
A existência de uma pequena faixa de Área de Preservação Permanente –
APP, incorporada a área do Parque, é diretamente influenciada pelos ciclos de
inundação e secagem do Rio Mossoró. As cheias do Rio contribuem para a
formação dos solos observados e identificados em dois pontos distintos na
área do Parque. O primeiro ponto situado na APP, próximo da margem do Rio
onde encontram-se solos classificados como Neossolos Flúvicos, derivados de
sedimentos aluviais que renovam o relevo local pela adição de sedimentos na
planície de inundação do Rio. São solos que apresentam fertilidade natural
alta, e de manejo fácil quando em condições de plano. Entretanto, pode
apresentar problema com salinidade, risco de inundação. A principal aptidão de
usos dos Neossolos Flúvicos remete a proteção dos recursos hídricos, com a
preservação da cobertura florística, podendo ser utilizado para silvicultura.

O segundo ponto situado próximo ao acesso do Parque – Rua Dr. Almir de


Almeida Castro, encontram-se os Vertissolos Ebânicos que são solos de
coloração escura e tons de cinza, pouco profundos, sendo possível observar
fendas provocadas pela contração e expansão da argila que compõe o solo.
São solos com baixa capacidade de drenagem e de difícil manejo durante os
períodos chuvosos. As fendas dos Vertissolos limitam a engenharia
agronômica, pelo rompimento de parte das raízes das plantas, dificultando a
irrigação, reduzindo o efeito da adubação; e a engenharia civil, pelo movimento
do solo em função do teor de umidade.

O relevo na área do Parque é plano e levemente ondulado.


Figura 5 (esq.). Trincheira didática na APP – Neossolo Flúvico. Figura 6 (dir.).
Trincheira de observação, próximo ao acesso principal do Parque - Vertissolo Ebânico.
Fonte: Acervo do Programa de Manejo de Solo e Água da UFERSA, Mossoró/RN, 2019.

3.1.2. Tipos Vegetais

A partir do censo florístico realizado no Parque municipal foi possível


afirmar que a cobertura vegetal da área se apresenta antropicamente alterada,
com números desproporcionais entre espécies exóticas e nativas (SANTOS et
al, 2017). O predomínio de espécies exóticas na área pode estar relacionado
ao manejo pretérito quando era utilizada para atividade agropecuária, fato
constatado a partir das ruídas de estábulos e edículas que lembram uma casa
de ração e uma casa de bombas, além do casario preservado e atualmente
ocupado pelas sedes operacionais do Ibama, ICMBio e CIPAM.

A vegetação que se observa no Parque é constituída por espécies exóticas


que apresentam comportamento de espécie invasora da mata ciliar, em razão
do predomínio que exerce sobre as demais espécies. Há também exemplares
de espécies arbóreas nativas remanescente da Caatinga. Na área central do
Parque há um mini bosque artificial de Craibeiras (Tabebuia aurea).

O levantamento dos indivíduos arbóreos no Parque municipal, registrou a


ocorrência de 24 espécies distribuídas em 12 famílias diferentes (Tabela 2). As
espécies de maior ocorrência quanto ao número de indivíduos foram a
Algaroba (Prosopis juliflora, Sw. DC.) e a Carnauba (Copernicia prunifera, Mill.
H.E.), com 3.514 e 212 indivíduos, respectivamente.

As plantas exóticas predominantes na cobertura vegetal do Parque, tanto


em número de espécies (13) quanto em número de indivíduos (3577), este
representando 54% do total amostrados.

Tabela XX -

Inserir dados e tabelas- Relatório sobre fauna e flora


3.1.3. Fauna

Há ainda uma carência quando ao levantamento da fauna que possui abrigo


na área do Parque. As informações colhidas sobre a fauna local são
resultantes das observações cotidianas e resumem-se a identificação empírica
de algumas espécies. ...

3.2. Aspectos da Ocupação do solo


3.3. Valores culturais e científicos

4. Manejo e Desenvolvimento
4.1. Objetivos

A partir dos pontos abordados pelos estudos de análises dos atributos e


usos do Parque municipal, buscamos elaborar os objetivos passíveis de serem
alcançados para superação das fragilidades elencadas, quais sejam:

4.1.1. Geral

Restaurar, conservar e melhorar as condições naturais do fragmento de


vegetação existente na área, protegendo seus componentes biológicos e
integrando a comunidade nas ações de Educação Ambiental.

4.1.2. Específicos

Oferecer ações de Educação Ambiental, especialmente, às escolas e


estabelecimento de ensino em todos os níveis de formação e a comunidade
local;
Promover pesquisas, estudos e trabalhos visando o conhecimento dos
recursos naturais e culturais do Parque;
Recuperar as áreas alteradas pelo homem, restaurando o equilíbrio natural;
Monitorar o desenvolvimento e evolução dos recursos naturais existentes e dos
ecossistemas das áreas alteradas.

4.2. Zoneamento

O zoneamento ambiental de um Parque Municipal justifica-se por atuar na


identificação das características ambientais que revelam as potencialidades,
limites e fragilidades, atributos estes essenciais na definição do manejo da
área, bem como o ordenamento dos usos, sempre visando a redução dos
impactos gerados na área.

A proposta de zoneamento ambiental do Parque Municipal Prof. Maurício de


Oliveira, foi realizada utilizando a metodologia do IBAMA (2002). O propósito
da análise e aspectos de usos estão amparados pelas características físicas,
naturais e antrópicas da área. A ferramenta de gerenciamento de dados
utilizada foi o software Quantum Gis (QGIS)5.

A sistematização dos dados coletados no Parque Municipal resultou em um


zoneamento ambiental onde foram delimitadas quatro zonas (Figura 6),
denominadas como: Zona de Uso Extensivo (ZUEX), Zona de Uso Intensivo
(ZUI), Zona de Recuperação (ZR), Zona de Uso Especial (ZUE).

Figura 6: Zonas do Parque Municipal de Mossoró Maurício de Oliveira

Fonte: Autores (2019) – FERREIRA FILHO, Joilson M., et al. PROPOSTA DE


ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA O PARQUE MUNICIPAL MAURÍCIO DE
OLIVEIRA EM MOSSORÓ/RN.

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Softwear de manipulação e transformação de dados geográficos, executando as funções
relacionadas à criação, consulta ao banco de dados, funções de entrada de dados,
processamento digital de imagens, modelagem numérica de terreno e análise geográfica de
dados, permitindo a apresentação na forma de um documento cartográfico, o que possibilita
editar textos, símbolos, legendas, linhas, quadros e grades em coordenadas planas ou
geográficas.
Assim, as zonas propostas pelo autor e utilizadas são:
1) Zona de Uso Extensivo (ZUEX): constituída em sua maioria por áreas
naturais, sendo que o objetivo do manejo é a manutenção do ambiente natural
com o mínimo de intervenção humana, mas com acesso público para fins
educativos e contemplativos;
2) Zona de Uso Intensivo (ZUI): visa manter o ambiente o mais natural
possível, mas permite a construção de infraestrutura de visitação e serviços;
3) Zona de Recuperação (ZR): é uma zona provisória, onde só é permitido
o uso público para a educação. São áreas visivelmente alteradas pela ação do
homem, que têm por objetivo conter essa degradação dos recursos ou
restaurar a área. Quando restauradas, passarão a integrar outra zona
permanente;
4) Zona de Uso Especial (ZUE): contém áreas necessárias à
administração, manutenção e serviços do parque.

Levando em consideração que o zoneamento ambiental é realizado sobre as


questões e delimitações ambientais e não apenas as urbanísticas. Então,
busca-se subsídios para o planejamento urbano, de modo a preservar os bens
coletivos, e assim promover o bem-estar da população, logo seria um subsídio
para o planejamento urbano (BATISTELA, 2007). Kirzner (2003) relata o
zoneamento como uma ferramenta que visa impedir danos e prejuízos sociais,
econômicos e ambientais inerentes do mau uso do solo.

4.3. Capacidade de Carga

Este conceito subjetivo refere-se à capacidade de carga recreacional de uma


determinada área, sendo definido como “a quantidade de uso que pode ser
mantida em um tempo específico, em área desenvolvida a um certo nível, sem
causar prejuízo nem ao ambiente, nem a experiência dos visitantes” (Lime e
Stankey, 1971).
Como não se dispõe de informações detalhadas sobre o impacto causado
pelas atividades de uso público no ecossistema do Parque, não foi possível se
determinar um limite preciso quanto ao uso das diferentes zonas.
5. Programas de Manejo
5.1. Programa de manejo ambiental – RAD/Solo/fauna
5.2. Programa de uso público
5.2.1. Subprograma de Interpretação Ambiental – trilhas guiadas EA
5.2.2. Subprograma de saúde/lazer – envolvimento da comunidade/ controle social
5.2.3. Subprograma de Ciência – saberes da ciência

5.3. Programa Administrativo


5.3.1. Subprograma de Relações Públicas - RH

6. Programa de Desenvolvimento Integrado

6.1. Programa da Guarita/Recepção/Informação (formação/capacitação dos


servidores)
6.2. Programa de Educação Ambiental – Projeto trilhas; Projeto
compostagem e integração com Parque Furna Feia e outros
6.3. Programa de Resíduos Sólidos – gerenciamento (PGRS)
6.4. Programa de Reflorestamento/Enriquecimento Florístico - RAD
6.5. Programa Ciência para Todos – Solos; ornitologia; paisagismo;
observatório florestal; botânica; Museu;

7. Implementação
8. Referências
9. Anexos

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