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2a Edição - 2022

O Brasil é um dos líderes na produção


e exportação de alimentos, fibra e
energia, com potencial de expansão
ATLAS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO no setor. Tudo isso mantendo a
maior parte de seus biomas intactos

UMA JORNADA
e seus compromissos com acordos
internacionais para a preservação
do meio ambiente. Com pioneirismo
e inovação em tecnologias tropicais,
não faltarão oportunidades para um

SUSTENTÁVEL
país cada vez mais empreendedor, com
capacidade crítica e tecnológica para
se posicionar como a maior potência
de produção agrícola sustentável do
mundo.

O Atlas do Agronegócio Brasileiro:


Uma jornada sustentável não pretende
esgotar o debate sobre agropecuária e
o meio ambiente do Brasil. Sua ambição
é apresentar dados e fatos, destacando
como a inovação e uma abordagem
integrada no campo vêm contribuído
para a sustentabilidade.
Introdução
Em 2021, a CropLife Brasil iniciou um movimento.
Com a publicação do Atlas do Agronegócio Esta nova edição é um convite para brasileiros e
Brasileiro: Uma Jornada Sustentável, pavimentamos estrangeiros descobrirem o agronegócio porque
o caminho para mostrar que o agronegócio todos fazem parte dele. E também porque será
brasileiro atual é resultado de um processo de necessário um esforço conjunto para ajudar a
melhoria contínua iniciado há mais de 50 anos. agricultura a superar uma confluência de desafios
Longe de querer esgotar a discussão sobre o sem precedentes até 2050. Segundo a Organização
assunto, a ideia foi estimular o diálogo e levá-lo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
a um patamar além das falácias retóricas e das (FAO – ONU) essas ameaças são o aumento de 30%
soluções fáceis, que dificilmente são eficientes. na população do planeta, o aumento da pressão de
A CropLife acredita que a sustentabilidade é uma pragas e doenças, a intensificação da competição
meta desafiadora, um conceito sofisticado e uma por terras aráveis, a escassez de recursos hídricos e
jornada de transformação. energéticos e, finalmente, as mudanças climáticas.

A versão revisada e atualizada de 2022 do Atlas Atualmente, o agronegócio brasileiro colhe frutos
pretende trazer ainda mais pessoas para essa de sua dedicação e semeia soluções futuras. É
conversa. Isso porque o agronegócio, especialmente onde a evolução constante inspira revoluções. É o
o agronegócio brasileiro, como um dos motores lugar onde a inovação encontra a vontade de fazer
mais importantes da sociedade, não tem seus continuamente mais e melhor. É por isso que o
limites onde estão as cercas das fazendas. Ao agronegócio está em toda parte, tocando a todos,
CHRISTIAN LOHBAUER produzir rações e alimentos, gerar emprego e renda em todos os momentos.
Presidente executivo e proteger o meio ambiente, é um motor essencial
Croplife Brasil do desenvolvimento e, como tal, ultrapassa as
fronteiras do campo. O setor é peça fundamental
de um quebra-cabeça global, pois se nutre de forma
Conectados pelo campo.
sustentável, é responsável e consciente do futuro.
Juntos pelo <futuro>

CropLife Brasil
A CropLife Brasil (CLB) é uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável:
germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos. Com base em
dados e informações científicas, a CLB trabalha pelo crescimento do agronegócio brasileiro, contribuindo
para o aumento da oferta de alimentos, fibras e energia limpa. Gerando novas e melhores tecnologias,
nosso setor auxilia os agricultores a enfrentarem os desafios da produção de alimentos, em quantidade e
com qualidade.
2a Edição

ATLAS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO:


UMA JORNADA SUSTENTÁVEL

capítulo 1 capítulo 3

BRASIL: NÚMEROS, HISTÓRIA E INSTITUIÇÕES AGRICULTURA:


- O Brasil no mundo 04 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
- Diversidade de biomas 05
- 66% do território brasileiro é ocupado por vegetação nativa 42
- Uma pequena parte de uma longa história 07
- Uso da terra europeu é muito distinto do brasileiro 44
- Legislação ambiental 09
- Desmatamento ilegal não é a regra no Brasil 45
- 49% da Amazônia brasileira é preservada por lei 46
- 52,5% do bioma Cerrado é coberto com vegetação nativa 48
capítulo 2 - Produtores agrícolas brasileiros seguem exigências ambientais rigorosas 50
- Quase 98% dos imóveis cadastrados no CAR não apresentaram desmatamento 52
PRODUÇÃO AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL nos últimos 3 anos
- Reconhecimento a quem conserva já é uma realidade no Brasil 53
- A produção agrícola cresceu nos últimos 40 anos 13 - Agricultura de baixa emissão de carbono é programa oficial 54
- Um país de produção diversificada 15 - Agronegócio brasileiro vem contribuindo com a mitigação das mudanças climáticas 59
- O Brasil é líder global no uso de energias renováveis 16 - Mercado de carbono 61
- Uso de etanol no Brasil reduz emissões de CO² 17 - Brasil possui o maior programa de destinação segura de embalagens de defensivos 62
- Florestas plantadas são a principal fonte de diversos produtos no Brasil 18 agrícolas no mundo
- A tecnologia aumentou a produção agrícola e economizou área 20 - O agronegócio brasileiro engaja muita gente 64
- Brasil: terra da multicultura 21 - ESG no agronegócio brasileiro 66
- Fertilizantes: aumento do rendimento da produção e economia de área 22
- 80% da área plantada de soja no Brasil utiliza microrganismos para fixar o nitrogênio 23
- Sistemas de irrigação aumentam a produtividade e otimzam o uso da água 24
- O melhoramento genético foi essencial para adaptar as culturas ao clima tropical 25
capítulo 4
- Melhoramento genético: uma prática da agricultura ancestral 26
- A biotecnologia revolucionou a agricultura
- Brasil é o segundo país que mais cultiva transgênicos no mundo
27
28
SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL
- Mais de 20 anos de transgênicos no campo, confirmam os benefícios esperados para o 29 - A fome é um desafio a ser superado no mundo 68
Brasil 30 - Segurança alimentar no Brasil 72
- Adoção de biotecnologia no mundo reúne benefícios sociambientais e econômicos - A contribuição da agricultura para combater a fome 73
- Alimentos transgênicos estão entre os produtos mais analisados e seguros que existem 31 - Brasil, país protagonista no combate à fome no mundo 74
- História da proteção vegetal 32 - As projeções para a produção agrícola do Brasil são bastante otimistas 77
- A falta de proteção contra pragas e doenças reduz de 20 a 40% a produção de alimentos 33
- Sistema regulatório brasileiro garante alimentos seguros à saúde e ao meio ambiente 34
- O Brasil é o 25º consumidor de defensivos do mundo 36
- Com rígido controle de resíduos, o Brasil exporta alimentos para mais de 160 países 37
- Número de defensivos biológicos registrados nos últimos 20 anos no Brasil é maior do 38
que o de defensivos químicos
- A tecnologia da informação aumenta produtividade e sustentabilidade das fazendas 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80

brasileiras 40
- Startups brasileiras entregam soluções inovadoras por segmento
BRASIL
NÚMEROS, HISTÓRIA, INSTITUIÇÕES
O Brasil no mundo 04 | Uma Jornada Sustentável

O Brasil é um país continental. Com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, tem a quinta Na América do Sul, onde está situado, o Brasil ocupa
maior extensão territorial do mundo. É ultrapassado apenas pela Rússia, Canadá, China e 47% do território. 47%
Estados Unidos.
Dos outros doze países do subcontinente o Brasil
apenas não faz fronteiras com dois: Chile e Equador.

PAÍSES MAIS EXTENSOS DO MUNDO

CANADÁ
9.976.139 km² RÚSSIA
17.075.400 km²
EUA 2 CHINA
9.363.520 km² 1 9.596.961 km²

4 3
BRASIL
8.514.876 km²

fonte: IBGE (2018)

PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO PIB DAS MAIORES ECONOMIAS DO MUNDO


(em milhões de habitantes) (em trilhões de dólares)

1.425,8
1.402,8
Com 214 milhões de habitantes, o O Brasil tem uma grande economia. Em 2021, seu PIB (Produto
Brasil reúne a sexta maior população Interno Bruto) ocupou a décima terceira posição entre os maiores do
do planeta, conforme as projeções da mundo. No entanto, a grandeza da sua economia não pode dar lugar
Organização das Nações Unidas (ONU). à ideia de que o povo brasileiro seja economicamente privilegiado. O
22,68 PIB per capta do país em 2021 ocupou o 86º lugar do mundo. Posição
intermediária, pouco inferior à média global e pouco superior a da
América Latina.
16,64

336.4
272.8
229.2 213.8
5,38
4,32
3,13 3,05 2,94 2,11 1,88 1,81 1,71 1,62 1,49
CHINA ÍNDIA EUA INDONÉSIA PAQUISTÃO BRASIL

EUA CHINA JAPÃO ALEMANHA REINO ÍNDIA FRANÇA ITÁLIA CANADÁ COREIA RÚSSIA AUSTRÁLIA BRASIL
UNIDO DO SUL
fonte: ONU, Perspectivas da População Mundial (2022)
fonte: FMI (2021)
Diversidade de Biomas 05 | Uma Jornada Sustentável

O território brasileiro é ocupado por seis biomas, cada um com seu


clima, vegetação e fauna típicos. São eles: a Amazônia, o Cerrado, a
Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal.

49,30% 2,10%
AMAZÔNIA

Bioma mais extenso e também o mais É a maior planície inundável do planeta.


conhecido internacionalmente. Com clima Abriga representantes de quase toda a
quente e úmido, é considerado a maior fauna brasileira.
reserva biológica do mundo.

Área: 4.198.273 (km²) Área: 151.581 (km²)

24,04% 1,78% 13,04% 9,74%


MATA
ATLÂNTICA

Vegetação tipo savana com ocorrência de Localizado no extremo sul do Brasil, tem Está situada na região mais densamente po- Bioma da região semiárida do Brasil.
florestas. É a principal área de expansão vegetação típica de estepe com poucas voada do Brasil. Explorada economicamente Vegetação tipo savana com espécies que
da atividade agropecuária do Brasil nas florestas. O clima é marcado pela frequência há cinco séculos, é a que tem a natureza resistem a longas estiagens.
últimas décadas. de frentes polares e temperaturas abaixo de mais descaracterizada.
zero no inverno.

Área 2.047.190 (km²) Área: 178.831 (km²) Área: 1.110.456 (km²) Área: 829.436 (km²)
06 | Uma Jornada Sustentável

A AMAZÔNIA A CAATINGA
É o bioma mais extenso e também o É o bioma da região semiárida do
mais conhecido internacionalmente. Brasil. Sua vegetação característica
É caracterizado pelo clima quente é um tipo de savana com espécies
e úmido e por sua floresta densa, a capazes de resistir a longas
floresta tropical pluvial. Pela variedade estiagens, entremeadas por períodos
de espécies vegetais e animais que chuvosos curtos e irregulares. O
abriga, é considerada a maior reserva clima é quente e suas florestas
biológica do mundo. são escassas.

O CERRADO O PAMPA
Tem um clima tropical quente com Está situado no extremo sul do Brasil.
apenas duas estações bem marcadas, Tem vegetação típica de estepe
a chuvosa e a seca. Sua vegetação com poucas florestas. As chuvas
é do tipo savana, com ocorrência são regulares e o clima é marcado
de florestas. O Cerrado tem sido pela frequência de frentes polares
a principal área de expansão da e temperaturas abaixo de zero
atividade agropecuária do Brasil nas no inverno.
últimas décadas.

A MATA O PANTANAL
ATLÂNTICA É a grande planície inundável do
Está situada na região mais centro-oeste do Brasil. Durante
densamente povoada do Brasil. vários meses por ano fica coberto
Explorada economicamente há cinco pelas águas da bacia do rio Paraguai.
séculos, é a que tem a natureza mais Sua vegetação típica é a savana
descaracterizada. Sua vegetação típica com algumas ocorrências de
é a floresta pluvial, que pode ser densa florestas. O Pantanal também abriga
ou aberta e dependente de chuvas representantes de quase toda a
regulares, sem períodos de seca fauna brasileira.
muito marcados.
Uma pequena parte de uma longa história 07 | Uma Jornada Sustentável

1700
Expansão das O país se tornou uma
lavouras de café. República Federativa com
1500 Atividades de regime presidencialista
1516 mineração de ouro
e pedras preciosas. Independência do Brasil e
Chegada dos portugueses adoção da monarquia como
ao Brasil. Introdução da forma de governo.
1889
As populações que ali
viviam já praticavam
1503 cana-de-açúcar
no Nordeste.
1822
agricultura, plantando
milho e mandioca.
Extração de madeiras,
principalmente
"pau-brasil".

HOJE 1970
Após o período ditatorial Modernização da
1930
O Brasil é uma federação com 26
1988 (1964-1985) foi promulgada
a Constituição de 1988.
agropecuária brasileira
transformando o país em um Crescimento da
estados e mais o Distrito Federal. dos principais produtores de industrialização e
grãos e carnes do mundo. diversificação da
A Constituição de 1988 tem garantido eleições
Cada estado é dividido em municípios. economia brasileira.
livres e periódicas para Presidente da República e
O país possui 5.770 municípios.
para Congressistas nos três níveis de governo:
federal, estadual e municipal.

A história do Brasil começa com a chegada dos A primeira atividade econômica dos portugueses Por essa época, já se expandiam as lavouras produto da agricultura, mas sua importância
portugueses à sua costa em 1500. nas novas terras foi extrativista. Exploravam de café. Planta introduzida no país na primeira para o conjunto da economia se relativizou.
as madeiras, principalmente o pau-brasil, que metade do século XVIII, que viria a ser o principal
As populações que ali viviam já praticavam a fornece um corante vermelho. O pau-brasil motor da economia brasileira de 1830 a 1930. A agropecuária brasileira entrou em um
agricultura, principalmente com lavouras de teve tanto prestígio nos primeiros tempos forte ciclo de modernização nos anos 1970
milho e mandioca, produtos até hoje importantes da Colônia que acabou dando seu nome O processo, ainda vivo, fez com que o Brasil se
na produção agrícola brasileira. A concentração ao território. A partir da crise dos anos 1930 tornasse uma potência do setor, um dos maiores
de árvores em determinadas áreas das florestas e da Segunda Guerra Mundial, produtores mundiais de grãos e carnes, em um
nativas e a ocorrência frequente de plantas fora O cultivo intensivo da terra iniciou-se em a industrialização teve grande período inferior a 50 anos, sem abandonar os
dos seus ecossistemas originais sugerem que os 1516 com a introdução da cana-de-açúcar no impulso e a economia brasileira avanços em culturas tradicionais, como cana-
antigos habitantes do território brasileiro Nordeste e persiste até hoje como um dos de-açúcar e café.
t a m b é m p r at i c ava m a l g u m t i p o d e principais produtos da agricultura brasileira.
se diversificou.
manejo florestal. No século XVIII, a agropecuária deu lugar à Depois do regime autoritário, que se estendeu
mineração – ouro e pedras preciosas – como O Brasil abandonou o sistema monárquico de de 1964 a 1985, foi promulgada a Constituição
O cultivo intensivo da terra principal atividade econômica do Brasil. Esse governo em 1889 e se tornou uma República de 1988.
iniciou-se em 1516 com a introdução período durou apenas um século. Federativa com regime presidencialista.
da cana-de-açúcar no Nordeste
Em 1822, o Brasil ficou independente de A partir da crise dos anos 1930 e da Segunda
e persiste até hoje como um dos
Portugal. Tornou-se um Império, adotando Guerra Mundial, a industrialização teve
principais produtos da agricultura como forma de governo conhecida como grande impulso e a economia brasileira se
brasileira. monarquia constitucional. diversificou. O café continuou sendo o principal
08 | Uma Jornada Sustentável

O Brasil é uma federação com 26 estados e mais o Distrito Federal, a unidade federada
onde está situada a capital, Brasília. Cada estado é dividido em municípios com população e
tamanho muito diversos. Ao todo, o Brasil possui 5.770 municípios. No nível federal, o Brasil
é constituído por três poderes:

Legislativo,
exercido pelo Congresso Nacional,
constituído pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado;

Executivo,
exercido pelo Presidente da República
auxiliado pelos seus Ministros;

Judiciário,
um sistema complexo de tribunais,
encabeçado pelo Supremo Tribunal
Federal.
Legislação ambiental 09 | Uma Jornada Sustentável

Desde o fim do Desde os primeiros tempos, após a Desde o fim do século XVIII, surgiram
século XVIII, chegada dos portugueses, o Brasil teve leis iniciativas privadas e públicas
destinadas a proteger a natureza. Ainda para recuperar florestas em áreas
surgiram no século XVI, o poder colonial zoneou devastadas. O caso mais emblemático
iniciativas florestas estabelecendo nelas áreas é o da Floresta da Tijuca, no Rio
privadas e protegidas. Embora sua motivação fosse de Janeiro.
públicas para apenas o controle de espécies florestais
de valor econômico, como o pau-brasil, A iniciativa foi do imperador
recuperar
tiveram como efeito limitar a extração de Dom Pedro II. Em 1862, determinou
florestas algumas florestas. q u e fo s s e m p l a n t a d a s e s p é c i e s
em áreas nativas da Mata Atlântica no local,
devastadas. A expressão “madeira de lei”, usada no antes ocupado por lavouras de café.
Brasil para se referir à madeira de boa Foi só no século XX, entretanto, que
qualidade, tem a origem na Carta de Lei se deram os primeiros passos para a
de 1827, que atribuiu aos juízes o poder elaboração das leis ambientais que
de estabelecer regras de proteção para vigoram no Brasil.
espécies florestais de valor econômico.

1503 1827 1862 1930 1934

Primeiras leis Plantio de espécies Instituição do Código


destinadas a proteger nativas da Mata Atlântica Florestal, estabelecendo
a natureza, visando na Floresta da Tijuca, no Primeiros passos para as florestas que
limitar a extração do Origem da expressão Rio de Janeiro, como deveriam ser totalmente
a elaboração das leis
pau-brasil. “madeira de lei”, usada iniciativa do imperador D. protegidas e as que
ambientais atualmente
no Brasil para se referir a Pedro II, para recuperar poderiam ser exploradas.
em vigor no Brasil.
madeira de boa qualidade, f l o re s t a s e m á re a s
de valor econômico. devastadas.
10 | Uma Jornada Sustentável

O ano de 1934 foi marcado pela instituição A primeira área de proteção ambiental do – além de reservas legais, uma parcela equilibrado, bem de uso comum do povo
do Código de Caça e Pesca, que trazia país, o Parque Nacional do Itatiaia, foi criada de cada terreno onde a vegetação nativa e essencial à sadia qualidade de vida,
as primeiras medidas de proteção à em 1937. A área fica na Serra da Mantiqueira e seria preservada. impondo-se ao Poder Público e à
fauna silvestre; do Código Florestal, que abrange regiões dos estados do Rio de Janeiro coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
classificava as florestas em quatro tipos, e de Minas Gerais. Em 1973, foi criada a Secretaria Especial do lo para as presentes e futuras gerações”
estabelecendo as que deveriam ser Meio Ambiente, primeiro órgão federal (art. 225).
totalmente protegidas e as que poderiam O Novo Código Florestal de 1965 atualizou destinado a atuar exclusivamente
ser exploradas; e pelo Código das Águas, a regulamentação de 1934 e previa que na preservação da natureza. A Lei de Crimes Ambientais foi aprovada
que determinou as regras para seu uso as propriedades rurais tivessem áreas em 1998, prevendo punições para
comum, particular e para a produção de preservação permanente – para A Constituição de 1988 dedicou um capítulo atos e atividades que prejudiquem o
de energia. proteger mananciais, cursos d’água, ao meio ambiente e definiu: “Todos têm meio ambiente.
topos de morro e encostas, por exemplo direito ao meio ambiente ecologicamente

1937 1965 1973 1988 1998

Criação da Secretaria
Especial do Meio
Atualização do código de Ambiente, primeiro
órgão federal destinado A Lei de Crimes
1934 passando a prever
a atuar exclusivamente Ambientais foi aprovada
que as propriedades
n a p re s e r v a ç ã o d a e m 19 9 8 , p reve n d o
rurais tivessem
natureza. punições para atos
áreas de preservação
Criação da primeira área A Constituição de 1988 e atividades que
permanente, além de
de proteção ambiental do dedicou um capítulo prejudiquem o meio
reservas legais.
País, o Parque Nacional ao meio ambiente: ambiente.
do Itatiaia, na Serra da “ To d o s t ê m d i re i t o
Mantiqueira, que abrange ao meio ambiente
áreas dos estados do ecologicamente
Rio de Janeiro e de equilibrado, bem de
Minas Gerais. uso comum do povo
e essencial à sadia
qualidade de vida...”
(art. 225).
11 | Uma Jornada Sustentável

CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO (2012)


1999 2012

80%

Preservação de área em
propriedades rurais em função
da localização do bioma: 35%
C r i a ç ã o d a Po l í t i c a 20%
Nacional de Educação O atual Código Florestal
Amazônia Legal:
Ambiental, introduzindo foi promulgado em 2012 e
a educação ambiental em substitui o Código de 1965 80% da propriedade localizada em área florestal;
todos os níveis do ensino estabelecendo normas 35% da propriedade localizada em área de Cerrado;
no Brasil. gerais para a proteção
da vegetação, áreas de 20% do imóvel localizado na área de campos gerais.
20%
preservação permanente e
de Reserva Legal. Outras regiões do país: 20%

O Código Florestal de 2012 estabelece que todas as


Em 1999, é criada por lei a Política Nacional de Educação propriedades tenham uma área mínima de reserva de
Ambiental. Ela introduziu a educação ambiental em todos vegetação nativa. É a chamada Reserva Legal (RL) que,
os níveis do ensino no Brasil, objetivando sensibilizar a dependendo do tipo de vegetação e do bioma, deve ocupar
população para as questões de defesa do meio ambiente. de 20% a 80% da área da propriedade. No bioma Amazônia,
por exemplo, a área destinada à Reserva Legal deve ser
80% da propriedade localizada em área florestal; 35% da
O Código Florestal de 2012 estabelece que todas propriedade localizada em área de Cerrado; 20% do imóvel
as propriedades tenham uma área mínima de localizado na área de campos gerais.
reserva de vegetação nativa.
No nível federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e o Ministério do Meio Ambiente
O atual Código Florestal ou Código Ambiental brasileiro foi (MMA) são os principais responsáveis pelas ações
promulgado em 2012 (Lei 12.651/2012), depois de 13 anos governamentais nas duas áreas.
de debates no Congresso Nacional. Substitui o Código
de 1965 e estabelece normas gerais para a proteção da Todos os estados e grande parte dos municípios têm
vegetação, áreas de preservação permanente e de Reserva também órgãos específicos para atuar na produção
Legal. Também determina as regras para a exploração das agropecuária e no meio ambiente.
florestas e o controle e prevenção dos incêndios florestais.

Seu artigo 2º dá o tom do que a natureza representa


hoje para a sociedade brasileira: “As florestas existentes
no território nacional e as demais formas de vegetação
nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem,
são bens de interesse comum a todos os habitantes
do país...”
PRODUÇÃO AGRÍCOLA

SUSTENTÁVEL
A produção agrícola cresceu nos últimos 40 anos 13 | Uma Jornada Sustentável

O principal motor da expansão foi a O principal motor da expansão foi a produção de grãos. 160
SOJA
crescimento

8x
produção de grãos. Em 1981, o país Em 1981, o país produziu 52,2 milhões de toneladas 137,3
140
de grãos. Em 2021, foram quase 252,8 milhões. Um
produziu 52,2 milhões de toneladas de crescimento de, praticamente, 5 vezes a produção. 120
grãos. Em 2021, foram quase 252,8 milhões. 100
(milhões de ton)
Um crescimento de, praticamente, Mesmo culturas tradicionais do Brasil, que não tiveram
80 75,3
5 vezes a produção. um crescimento tão regular, mudaram de patamar de
produção nesse período. É o caso da cana-de-açúcar, 60

que em 2021 produziu quase quatro vezes mais do que 40


38,43
O Brasil é uma das maiores potências agrícolas do em 1981. 15,5 15,4
planeta. Um fato inimaginável há apenas quatro décadas. 20

0
1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21

fonte: CONAB (dezembro, 2021)

100,0
MILHO

4x
crescimento
90,0 87,0
80,0

70,0

GRÃOS CANA-DE-AÇÚCAR 60,0 (milhões de ton) 57,4


300
crescimento 800
crescimento 734,0 50,0
42,3

4x 3x
252,8 700 40,0
250
600 568,4
30,0
21,3 24,1
20,0
200
(milhões de ton) 500 (milhões de ton)
162,8 10,0

400 0
150
344,3
1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21
100,3 300 260,9
100

52,2 57,9 200 155,9 fonte: CONAB (dezembro, 2021)

50
100

0 0
1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21 1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21

fonte: CONAB (dezembro, 2021) fonte: IBGE e CONAB (dezembro, 2021) ALGODÃO
7,0
crescimento

3x
5,8
6,0
5,2
5,0
(milhões de ton)
4,0

3,0 2,5
2,1
2,0
1,7

1,0

0
1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21

fonte: CONAB (dezembro, 2021)


14 | Uma Jornada Sustentável

5,0 SUÍNOS 4,9


Além do crescimento expressivo no volume de crescimento
grãos, a produção de proteína animal também teve
um incremento extraordinário nos últimos vinte
anos. Mais de três vezes para a carne de porco,
4,0

3,0
3x
(milhões de ton)
3,4

quase duas vezes para a carne bovina e quase três


vezes para a de frango. 2,0
1,6

1,0

0
2001 2011 2021

8,0
BOVINOS
7,4

2x
crescimento
7,0 6,8

6,0

5,0
(milhões de ton)
4,3
4,0

3,0

2,0

1,0

0
2001 2011 2021

16,0
FRANGOS
crescimento 14,6

3x
14,0

12,0 11,5
(milhões de ton)
10,0

8,0

6,0 5,6

4,0

2,0

0
2001 2011 2021

fonte: IBGE – Pesquisa Trimestral do Abate de Animais (2021)


Um país de produção diversificada 15 | Uma Jornada Sustentável

Apesar de ter seus carros-chefes, a agropecuária brasileira é muito diversificada. Tal fato
fica bem evidente ao se fazer uma breve análise considerando apenas os produtos da PRODUÇÃO SUPERIOR A
agropecuária brasileira com produção superior a um milhão de toneladas anuais e como
eles se distribuem nas regiões produtoras. 1 MILHÃO DE TONELADAS ANUAIS

NORTE
Açaí
Abacaxi
Dendê NORDESTE
Mandioca Abacaxi
Banana
Coco
Feijão
Manga
Mamão
Melancia

CENTRO-OESTE
Algodão
Carne bovina
Feijão
Milho
Soja
Sorgo
SUDESTE
Banana
Batata-inglesa
Café
SUL Cana-de-açúcar
Feijão
Arroz
Leite
Carne de frango
Laranja
Cebola
Limão
Carne suína
Ovos de galinha
Feijão
Tomate
Leite
Maçã fonte: IBGE: LSPA (setembro de 2020) / PAM (2019) / Pesquisa
Trimestral do Abate de Animais (2º Trimestre de 2020) / PPM (2019)
Trigo
Uva
O Brasil é líder global no uso de 16 | Uma Jornada Sustentável

energias renováveis
Além de produzir alimentos, a agricultura Atualmente, a gasolina usada no país
brasileira ainda contempla a produção é, obrigatoriamente, misturada com
de fontes para a geração de energia.
27% de etanol e o diesel com 10% de
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
A d i ve r s i f i c a ç ã o é u m d o s p i l a re s
centrais da política energética do Brasil.
biodiesel. 1,4%
Nuclear
5,3%
Carvão mineral 1,0%
As fontes renováveis – incluindo No mundo, as fontes de energia renovável
Outras fontes não renováveis
água, vento, sol e bioenergia - são representam apenas 13% da matriz energética. 7,0%
responsáveis por 46,2% da energia Desde os anos 1970, o Brasil desenvolveu um dos Outras fontes
programas de bioenergia mais bem-sucedidos do renováveis
consumida no Brasil.
mundo. No início, sua base era o etanol extraído da
cana-de-açúcar. Atualmente, a gasolina usada no 8,8% 34,3%
O país também assumiu compromissos país é, obrigatoriamente, misturada com 27% de Lenha e carvão Petróleo e
vegetal derivados
internacionais de expansão do uso de fontes etanol e o diesel com 10% de biodiesel.
de energia sustentáveis. As fontes renováveis 12,2%
– incluindo água, vento, sol e bioenergia - são A principal matéria-prima do etanol continua sendo, Gás natural
responsáveis por 46,2% da energia consumida de longe, a cana-de-açúcar, mas o milho e outros 18,0%
no Brasil. A maior parte dessas fontes conta com produtos como aveia, cevada, trigo e sorgo também 12,4% Derivados da
a agricultura, o que torna a matriz energética já começaram a ser usados. Para o biodiesel, a Hidráulica cana-de-açúcar

brasileira bastante diferenciada em relação a de diversidade de matérias-primas é maior, mas a soja


outros países. se destaca.
fonte: EPE/BEN (2019/2020) e ANP (2021)
No mundo, as fontes de energia
renovável representam apenas 13%
da matriz energética.

Desde os anos 1970, o Brasil desenvolveu


um dos maiores programas de bioenergia do
MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL mundo, promovendo a produção e adoção
de etanol.

Carvão Petróleo e Atualmente, a gasolina usada no país é obrigatoriamente misturada


mineral derivados com 27% de etanol e o diesel com 10% de biodiesel.

Outros

Biomassa

Gás natural GASOLINA ETANOL DIESEL BIODIESEL


Hidráulica

Nuclear
fonte: EPE (2021)
Uso de etanol no Brasil reduz emissões de CO² 17 | Uma Jornada Sustentável

PRODUÇÃO DE ETANOL PRODUÇÃO DE BIODIESEL


(milhões de m³) (milhões de m³)
40,00 7,00
35,32 6,43
35,00 33,02 32,80 6,00 5,90
5,34
30,00 28,60
5,00
25,00 4,29
4,00
20,00
3,00
15,00
2,00
10,00

1,00
5,00

0 0
2017 2018 2019 2020 2017 2018 2019 2020
fonte: ANP (2021) fonte: ANP (2021)

O consumo de etanol (anidro e De acordo com a entidade, o estudo foi Além disso, o biocombustível de cana-de- oriundos das florestas plantadas. Essas
hidratado) evitou a emissão de baseado em dados da Agência Nacional de açúcar praticamente zera a dispersão de matérias-primas correspondem a um
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis partículas agressivas à saúde, que conseguem percentual de 8,8% das fontes de energia
mais de 556 milhões de toneladas (ANP). Esse volume é equivalente às emissões penetrar nas partes mais profundas do pulmão do país.
de CO² no país. anuais somadas da Argentina, Venezuela, (-98% em relação a gasolina e diesel), bem
Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai. como a de hidrocarbonetos tóxicos (-99% na As expectativas em relação às plantações
No último ano, a União da Indústria de emissão de benzeno, presente na gasolina, e na florestais com finalidades energéticas e uso
Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Quando avaliadas as emissõ es dos emissão de hidrocarbonetos poliaromáticos, da madeira em novos negócios (biorrefinarias
divulgou que entre março de 2003 g a s e s de e fe i t o e s t u fa (G E E ) n o gerados na queima do diesel). de biomassa), são bastante elevadas.
(data de lançamento da tecnologia flex nos ciclo de vida dos combustí veis, o
veículos automotivos brasileiros) e abril de etanol proporciona uma reduç ã o de Apesar da maior parte das fontes de energia
2021, o consumo de etanol (anidro e hidratado) até 90% na emissã o de GEE em relaç ã o renováveis do Brasil ser proveniente da
evitou a emissão de mais de 556 milhões de à gasolina. cana-de-açúcar, não se pode desconsiderar
toneladas de CO no país. a participação da lenha e do carvão vegetal,
²

MATÉRIAS-PRIMAS USADAS NA PRODUÇÃO DE BIODISEL


MATÉRIAS-PRIMAS USADAS NA PRODUÇÃO DE ETANOL
ÓLEO DE SOJA 68% ÓLEO DE FRITURA 1,57%

CANA-DE-AÇÚCAR MILHO OUTROS GORDURA BOVINA 11,46% ÓLEO DE ALGODÃO 1,03%

99,65% 0,12% 0,23% GORDURA DE


PALMA /DENDÊ 2,02%
GORDURA DE FRANGO 0,56%
fonte: ANP (2020) ÓLEO DE COLZA/CANOLA 0,04%
GORDURA DE PORCO 1,95% OUTROS MATERIAIS 11,43%
(mamona, babaçu, girassol,
ÓLEO DE MILHO 1,94% amendoim, pinhão-manso)

fonte: ANP (2020)


Florestas plantadas são a principal fonte de 18 | Uma Jornada Sustentável

diversos produtos no Brasil

Os primeiros Embora as florestas plantadas forneçam área total de florestas plantadas no país PRINCIPAIS PRODUTOS DA SILVICULTURA
plantios de parte significativa das matérias-primas no ano de 2020, o que representa 70,9 (% no valor da produção)
para a bioenergia no Brasil, como carvão mil hectares de uma cobertura total de
florestas comerciais vegetal e lenha, elas também produzem 9,6 milhões de hectares. Com exceção
foram feitos no madeira para celulose e outras finalidades. da Região Sudeste que cresceu 1,3%,
início do século XX, as demais regiões reduziram suas áreas
quando começou Os primeiros plantios de florestas plantadas. A Região Sudeste representa
comerciais foram feitos no início do século 37,2 % das áreas de florestas plantadas
a faltar madeira
XX, quando começou a faltar madeira no país, com destaque para eucalipto, que
nativa para as nativa para as ferrovias do estado de São predomina em 91% da área.
ferrovias do estado Paulo. Um grande crescimento ocorreu a
de São Paulo. partir dos anos 1960. De acordo com a PEVS, em 2020,
quase todos os grupos de madeireiros
Desde 2000, o valor da produção da pesquisados indicaram predomínio da
silvicultura superou o da extração vegetal. produção à base de madeira de eucalipto
no Território Nacional, com exceção da 30,6%
Os resultados da pesquisa sobre Produção utilização de toras de pinus para outras

26,0%
MADEIRA PARA
da Extração Vegetal e da Silvicultura finalidades, que atingiu 50,1% do total PAPEL E CELULOSE
(PEVS) mostrou uma redução de 0,7% na contra 45,3% do eucalipto.
MADEIRA
PARA OUTRAS
FINALIDADES

ÁREA PLANTADA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS 28,8%


(em milhões de hectares)
12,2% CARVÃO VEGETAL
LENHA
OUTRAS
ESPÉCIES
PINUS 3,7%

19 % 0,35

ÁREA TOTAL 1,8 2,4%


9,6 = 100% 7,4
OUTROS

77,3% EUCALIPTO

fonte: PEVS (2020)


fonte: IBGE/PEVS (2020)
19 | Uma Jornada Sustentável

PRODUTOS DAS FLORESTAS NATIVAS

O fato de ter diminuído a produção desses itens nas últimas décadas não significa que as florestas 120,00
108,6
nativas deixarão de produzir totalmente um dia. Assim como acontece em várias partes do mundo, a
exploração sustentável da floresta nativa – sem devastação – é permitida no Brasil dentro de regras 97,5 100,00
bem determinadas.
80,00
Para garantir que o produto florestal proceda de manejo sustentável, há vários sistemas de
certificação no País. Os dois mais importantes são o Cerflor (Programa Brasileiro de Certificação
60,00
Florestal), que integra um sistema internacional – o PEFC (Programa para o Reconhecimento da
Certificação Florestal, em português), e o FSC (Conselho de Manejo Florestal, em Português),
uma organização internacional. 40,00

19,1
20,00
12,0
2,8 0,4
0,00
LENHA MADEIRA CARVÃO LENHA MADEIRA CARVÃO
EM TORA VEGETAL EM TORA VEGETAL
(milhões de m³) (milhões de m³) (milhões de ton) (milhões de m³) (milhões de m³) (milhões de ton)

1990 2019
fonte: IBGE/PEVS (2019)
A tecnologia aumentou a produção agrícola e economizou área 20 | Uma Jornada Sustentável

O elemento central na contribuição dos ganhos expressivos de O desenvolvimento de variedades mais bem adaptadas e precoces,
produtividade, e consequente economia de recursos naturais, foi o decorrentes do melhoramento genético, além de permitir a redução de
emprego de tecnologias adaptadas às condições tropicais e à realidade riscos, tornou viável a segunda safra em muitas regiões do Brasil.
brasileira.

O desempenho apresentado pela agropecuária brasileira, em geral está associado a fatores O desenvolvimento de variedades mais bem adaptadas e precoces, decorrentes do melhoramento
como disponibilidade de recursos naturais, estímulo à adoção de tecnologias adaptadas genético, além de permitir a redução de riscos, tornou viável a segunda safra em muitas regiões
a condições tropicais, políticas públicas, capacidade empreendedora dos produtores do Brasil. Por fim, a adoção de fertilizantes, o acesso a máquinas e equipamentos com avançada
e organização de cadeias de valor que, juntos, explicam o notável crescimento das tecnologia embarcada na agricultura, como GPS e sensores, vêm permitindo uso mais racional de
últimas décadas. insumos, diminuindo os custos de produção e favorecendo o meio ambiente.

O elemento central na contribuição dos ganhos expressivos de produtividade, e consequente Além disso, merecem destaque, a adoção de práticas conservacionistas como plantio direto,
economia de recursos naturais, foi o emprego de tecnologias adaptadas às condições tropicais e à rotação de culturas, sistemas de produção integrando agricultura, pecuária e floresta e, técnicas
realidade brasileira. mais sustentáveis de proteção de cultivos, como manejo integrado de pragas, uso mais eficiente de
defensivos e plantas melhoradas geneticamente resistentes a doenças e pragas.
Brasil: terra da multicultura 21 | Uma Jornada Sustentável

Uma abordagem padrão no Uma delas é plantada no primeiro período o algodão e o sorgo. Além da soja, o
Brasil consiste em aproveitar do ano agrícola, primavera-verão, e a outra milho também pode fazer rodízio com
no segundo, outono-inverno, exatamente outras culturas, inclusive pastagens de
a mesma área para plantar no mesmo lugar. uso temporário. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS E ÁREA DE PLANTIO
duas culturas temporárias no
mesmo ano. Esse tipo de rodízio, que era restrito Além do melhor aproveitamento da
300
a algumas áreas do Brasil antes do área, com duas safras em um mesmo 252,8
A intensificação das boas práticas impulsionamento, oriundo das políticas ano, as culturas também se tornaram 250
agrícolas contribuiu para que o
crescimento da produção da agricultura
de incentivo à agricultura e adoção de
tecnologia no campo, é amplamente
mais produtivas.
200
384%
162,8 PRODUÇÃO
brasileira não resultasse em diminuição adotado na atualidade. Enquanto, o Como consequência, entre 1981 e 2021, (em milhões de ton)
150
equivalente da vegetação nativa. Uma modelo multissafra é empregado enquanto a produção de grãos crescia
100,03
abordagem padrão no Brasil consiste em em quase todas as regiões 384%, a área de plantio não aumentava 100
aproveitar a mesma área para plantar produtoras de grãos do Brasil é, mais do que 71%. 57,9 69,02

71%
52,2
duas culturas temporárias no mesmo impraticável em lugares com invernos 50
ano. Assim, quando se fala que, em um muito rigorosos. Enquanto, o modelo 40,38 37,89
49,87 ÁREA
37,85 (em milhões de ha)
mesmo ciclo anual, a soja ocupou uma área 0
multissafra é empregado em
x e o milho uma área y, não significa que O rodízio mais comum é o da soja 1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21
a área de plantio das duas culturas tenha com o milho. Mas, dependendo da
quase todas as regiões
sido igual a x + y. De fato, grande parte da região, é conduzido empregando produtoras de grãos do Brasil é, fonte: CONAB (dezembro, 2021)

área de ambas as culturas é fisicamente várias outras culturas, como o trigo, impraticável em lugares com
a mesma. invernos muito rigorosos.

SOJA - PRODUÇÃO X ÁREA CORN - PRODUCTION X AREA ALGODÃO - PRODUÇÃO X ÁREA CAFÉ - PRODUÇÃO X ÁREA

160 100 4,5


137,3 87,0 5,8 4,1
90 6,0
140 5,2 4,0 3,6
80
120 PRODUÇÃO PRODUÇÃO
5,0
4,1
3,5 3,0
70
57,4 PRODUÇÃO 3,0 2,7 2,9 PRODUÇÃO
(milhões de ton) 60
(milhões de ton) 4,0 (milhões de ton) (milhões de ton)
100
75,3 2,5
2,5
2,7
80
50 42,3 3,0
2,1 2,0
2,6
40 2,3 2,1
24,1 2,0
60
38,4 30 21,3
1,5 1,8
1,9 1,0
40 20 1,0 1,7 1,4 1,4
15,5 15,4 38,9 ÁREA 10 19,9 ÁREA 0,9 ÁREA 0,5 ÁREA
20
24,2 (milhões de ha) 0 12,2 13,5 13,0 13,8 (milhões de ha)
0,0
(milhões de ha) (milhões de ha)
0
0 8,7 9,7 13,7
1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21 1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21 1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21 1980/81 1990/91 2000/01 2010/11 2020/21

fonte: CONAB (dezembro, 2021) fonte: CONAB (dezembro, 2021) fonte: CONAB (dezembro, 2021) fonte: IBGE, PAM, LSPA e CONAB (2021)

Examinados individualmente, os principais Entre 1981 e 2021, o aumento da área de Esse efeito é ainda mais pronunciado no algodão Ainda, ao se mencionar o ganho de produtividade, cabe
produtos da agricultura brasileira soja foi de 347% enquanto a produção que, entre 1981 e 2021, aumentou a produção destacar que em algumas culturas se observou aumento
apresentaram aumento de produtividade crescia 786%. No caso do milho, a em 241% e teve a área reduzida em 66%. de produção acompanhada de redução de área de plantio
nas últimas décadas. Fato explicado diferença é proporcionalmente maior: nas últimas décadas. Foi o caso do café que, em 2020
pelo incremento de produção sem a o crescimento da produção foi de 308% e o apresentou produção 24% superior do que em 1990, em
mesma equivalência no crescimento da área de 63%. uma área 34% menor. Já no ano de 2021, a área foi 31%
de área. inferior ao ano de 1981 com redução de 29% também da
produção.

Essa diferença é caracterizada pela condição de


bienalidade da cultura, com oscilação da produção em
anos consecutivos. Em função da bienalidade a cultura do
café produz uma elevada carga em um ano, e no próximo
ano a produção da lavoura é muito baixa.
Fertilizantes: aumento do rendimento da produção e 22 | Uma Jornada Sustentável

economia de área

Uma vez que, a cada ciclo, as culturas extraem Afinal, sem nutrientes, a planta não cresce normalmente e não Se atualmente o Brasil estivesse produzindo no
nutrientes do solo, é esperado que exista uma completa seu ciclo de vida; ou seja, não se desenvolve e não mesmo padrão de produtividade de 1990, haveria
se reproduz. Os produtos voltados à nutrição vegetal, como
diminuição natural de estoques de nutrientes. necessidade de se expandir ou desmatar uma
fertilizantes e corretivos contribuem de forma decisiva para
um maior nível de produtividade agrícola, evitando que novas área de, aproximadamente, 105 milhões
Para garantir a produção agrícola, é necessário que os áreas sejam desmatadas para serem incorporadas a atividades de hectares.
nutrientes sejam disponibilizados em quantidades adequadas agropecuárias.
às plantas. Uma vez que, a cada ciclo, as culturas extraem
Até a safra 2021 foram produzidas 252,8 milhões de toneladas de
nutrientes do solo, é esperado que exista uma diminuição A natureza dos solos no Brasil é grãos em 69,02 milhões de hectares. Nesse contexto, em 1989
natural de estoques de nutrientes. Com isso, é preciso, adicionar acentuadamente ácida, dificultando a absorção dos eram colhidas 1,50 toneladas por hectare e em 2021 esse valor
fertilizantes repondo perdas e equilibrando composições nutrientes pelas plantas. Na prática, antes da aplicação passou para 3,7 toneladas para cada hectare.
desfavoráveis do solo. Sem esses ajustes, o esgotamento dos fertilizantes, é necessário realizar a neutralização do
das reservas do solo inviabilizaria o desenvolvimento solo, o que pode ser feito por adição de corretivos, como o Esses números revelam o quanto a agricultura brasileira se
das plantas. calcário moído. tornou mais eficiente após 30 anos de produção. Se atualmente
o Brasil estivesse produzindo no mesmo padrão de produtividade
Os produtos voltados à nutrição vegetal, como A utilização de fertilizantes e corretivos é um dos maiores de 1990, haveria necessidade de se expandir ou desmatar uma
fertilizantes e corretivos contribuem de forma contribuintes para o incremento da produtividade agrícola área de, aproximadamente, 105 milhões de hectares. Com isso,
decisiva para um maior nível de produtividade no mundo. São responsáveis por cerca de 40 a 50% da os fertilizantes representam uma ferramenta tecnológica crucial
produção agrícola mundial. No Brasil esse valor não é ao aumento da produtividade das culturas, pois a sua adoção
agrícola, evitando que novas áreas sejam
diferente. Na safra de 1989/90, o país produzia 58,28 acompanhou de maneira muito próxima o crescimento da
desmatadas para serem incorporadas a atividades milhões de toneladas de grãos em uma área de 38,94 milhões produção agrícola.
agropecuárias. de hectares.

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS


E CONSUMO DE FERTILIZANTES
300
Produção (milhões de ton) e Área Plantada (milhões de ha)

Área plantada - Grãos (milhões ha) - Equivalente tecnologia 1990

Área plantada - Grãos (milhões ha)


250
Produção de Grãos (milhões ton)
Consumo de Fertilizantes (milhões de ton)

Consumo de fertilizantes (milhões ton)


200

150

100

50

0
1989/90
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1995/95
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
2014/15
2015/16
2016/17
2017/18
2018/19
2019/20
2020/21
2021/22

fonte: ANDA, CONAB (2021)


80% da área plantada de soja no Brasil utiliza 23 | Uma Jornada Sustentável

microrganismos para fixar o nitrogênio


CONTRIBUIÇÃO DOS ESTADOS BRASILEIROS
NA PRODUÇÃO NACIONAL DE SOJA
A guerra na Ucrânia deixou evidente a forte A soja brasileira possui 80% de sua área
dependência que temos pela importação de plantada fazendo uso de biofertilizantes à
fertilizantes químicos. No caso dos nitrogenados, base de Bradyrhizobium, bactérias fixadoras
essenciais para o crescimento das plantas, 77% são de nitrogênio. Esse cenário mostra o impacto
provenientes de outros países. A única cultura que ambiental e econômico da substituição de adubo
não depende dessa importação é a soja. E isso se dá químico por esses microrganismos.
justamente por conta do uso de microrganismos
fixadores biológicos de nitrogênio (N2), o que gera Considerando que o Brasil é o maior produtor
uma economia de aproximadamente 10 bilhões de e exportador de soja do mundo, o impacto da
dólares em fertilizante nitrogenado, de acordo utilização dessa tecnologia é particularmente
com um estudo publicado recentemente na importante. As plantas precisam principalmente
Frontiers in Microbiology. de três tipos de fertilizantes para se desenvolver:
o nitrogênio, o fósforo e o potássio. No caso
Segundo a pesquisa, a substituição de fertilizantes da soja, como o nitrogênio é fornecido como
químicos por microrganismos fixadores de N 2 biofertilizante na maioria das vezes, apenas os
contribui substancialmente para a redução outros dois nutrientes são necessários na forma
30%
das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). de adubo químico.
Assumindo que cada quilograma de fertilizante 15%
nitrogenado corresponde a cerca de 10 kg de O Brasil desenvolve biofertilizantes de nitrogênio
emissões de CO2eq, um dos GEE, aproximadamente desde 1960, quando se iniciou a expansão do 0.1%
430 milhões de toneladas de CO 2 eq seriam cultivo da soja no país. A ideia era desenvolver < 0.1%
liberados anualmente se nenhum fixador biológico e aperfeiçoar bactérias e produtos à base de
de N 2 fosse utilizado em plantações de soja bactéria, para substituir o nitrogênio químico. fonte: Adaptado de Olmo et al. (2022)

no Brasil. No entanto, houve um maior crescimento na


utilização desses produtos nos últimos dez anos em
A estratégia de fixação biológica de nitrogênio decorrência das ferramentas de sequenciamento
c o n s i s t e e m u t i l i z a r m i c ro rg a n i s m o s , genético terem se tornado mais acessíveis.
principalmente bactérias, para prover esse
ADOÇÃO DE INOCULANTES
nutriente, que é necessário às plantas. Isso BRADYRHIZOBIUM NO BRASIL POR ESTADO
garante maior produtividade nas lavouras, além
de ganhos econômicos e ambientais.

Com 80% da sua área de


soja plantada fazendo uso
de biofertilizantes à base
São três grandes setores que permitiram a substituição de nitrogênio
de Bradyrhizobium, o Brasil
químico por microrganismos fixadores desse nutriente nas lavouras de soja.
economiza 10 bilhões de
Primeiro, a pesquisa, por meio da Embrapa e das universidades, que trouxe a
dólares em fertilizantes
tecnologia necessária para o desenvolvimento; o legislativo, que permitiu
nitrogenados e 430 milhões
a regulamentação desses produtos; e a indústria, responsável pela adoção
de toneladas de CO 2 eq
e comercialização.
deixam de ser liberados
anualmente na atmosfera.

100%

80%

60%
Não
avaliado

fonte: Adaptado de Olmo et al. (2022)


Sistemas de irrigação aumentam a 24 | Uma Jornada Sustentável

produtividade e otimizam o uso da água


Muitos produtores dependem exclusivamente da chuva Sendo assim, todos os sistemas de irrigação no Brasil, devem
para molhar seus cultivos. Porém, outros agricultores ser autorizados pelo governo e devem estar de acordo com
contam com poços e cursos d’água próximos às o uso racional da água, exigências legais e instrumentos RENDIMENTO EM CONDIÇÃO PREDOMINANTEMENTE
propriedades, podendo obter esse recurso natural de gestão. Devem também priorizar a sustentabilidade da IRRIGADA E NÃO IRRIGADA – BRASIL
diretamente de aquíferos e rios, por meio da prática atividade, o aumento da eficiência e a consequente redução
Rendimento (kg/ha)
de irrigação. do desperdício.

A expansão da agricultura no Brasil só foi possível graças A modernização da agricultura fez da captação e utilização
ao emprego da irrigação, principalmente naquelas regiões de recursos hídricos, elementos chave para a expansão
7.240 Não irrigada Irrigada
afetadas pela escassez contínua do recurso hídrico, como sustentável da lavoura e aumento de produtividade. Nos
no semiárido brasileiro, que necessita do uso constante últimos anos foi tema central de discussões e parcerias
dessa tecnologia. No entanto, em regiões afetadas pela entre governos, universidades e indústrias que resultaram
falta de água em períodos específicos do ano, como em melhorias eficientes de legislação e tecnologias para 4.930
na região central do país, são necessárias práticas de o melhor uso da água.
irrigação suplementares nos meses de seca. 2.530
A agricultura irrigada, além de proporcionar estabilidade 1.970 2.550
Segundo os dados da Agência Nacional de Águas e na produção, tem a capacidade de aumentá-la, como é o 1.290
Saneamento Básico (ANA) e do Censo Agropecuário, o caso da soja em que a diferença de produtividade pode
Brasil tem cerca de 8,2 milhões de hectares irrigados, chegar a 37% em lavouras irrigadas. Essa diferença no
mas com potencial de expandir ainda mais nos próximos rendimento também pode ser observada em culturas
anos. As projeções indicam a incorporação de 4,2 milhões como arroz, feijão e trigo, quando comparadas com ARROZ FEIJÃO TRIGO
de hectares irrigados até 2040 – média da ordem de 200 essas mesmas culturas em sequeiro. Sem o uso da
mil hectares ao ano –, aproximando o país da área total irrigação, seria necessário um aumento considerável
3,7 2 1,9
de 12,4 milhões de hectares irrigados. na área plantada para produzir a mesma quantidade de vezes vezes vezes
alimentos que é produzida hoje. Com isso, fica evidente maior maior maior
Há muitos anos tem-se investido em tecnologias e a importância ambiental desse recurso nos sistemas
infraestruturas hídricas capazes de atender demandas de produção.
das culturas agrícolas sem que haja desperdício
fonte: a partir de informações da PAM (IBGE, 2020) e da Embrapa Arroz e Feijão (2020)
desse recurso, que é altamente suscetível às
variações climáticas.
O melhoramento genético foi essencial para 25 | Uma Jornada Sustentável

adaptar as culturas ao clima tropical


Algumas das plantas mais cultivadas culturas passaram a ser estudadas, como
no Brasil foram introduzidas logo após o eucalipto, as olerícolas e a soja.
o seu descobrimento, como o trigo e a
cana-de-açúcar. O processo de cultivo e A criação das universidades e empresas Atualmente, instituições públicas e Além disso, sob as condições
adaptação desses vegetais em um novo de melhoramento de plantas foram privadas oferecem diferentes cultivares diversificadas e de clima tropical,
ambiente já fez parte do melhoramento desenvolvendo e ampliando os estudos para as principais culturas do Brasil. o melhoramento genético é ainda
genético em plantas. A seleção daquelas das culturas. Na década de 1970, a Sempre levando em conta os novos mais desejável.
que melhor se adaptavam e mais produziam Embrapa também auxiliou e acelerou desafios que surgem para serem driblados
representa o início de estratégia que se esse desenvolvimento. pela pesquisa. Dentre as características para a adaptação
desenvolveria e se estabeleceria no país a essas condições, está a resistência a
séculos depois. As técnicas de melhoramento de plantas doenças e insetos, tolerância ao calor,
As técnicas de melhoramento são extremamente bem-sucedidas e têm salinidade do solo ou geada; tamanho,
As primeiras pesquisas de melhoramento de plantas são extremamente sido amplamente utilizadas na agricultura formato e tempo de maturação apropriados.
em plantas no Brasil ocorreram no nstituto brasileira para aumentar o rendimento Além de características que contribuem para
Agronômico de Campinas (IAC) e na Escola
bem-sucedidas e têm sido
de várias plantas agrícolas nas últimas uma melhor adaptação ao meio ambiente,
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – amplamente utilizadas na cinco décadas. também são consideradas: facilidade de
ESALQ/USP, no início da década de 1920. agricultura brasileira para cultivo e manuseio, maior rendimento e
No IAC, as pesquisas começaram com o aumentar o rendimento de melhor qualidade.
algodão. Já na ESALQ, com a mandioca,
várias plantas agrícolas nas
o arroz e o milho. Depois disso, outras
últimas cinco décadas.
Melhoramento genético: 26 | Uma Jornada Sustentável

uma prática da agricultura ancestral 10.000 a.C


Início da
agricultura 1866
Leis de Mendel
À medida que o homem são decorrentes das escolhas realizadas pelos (herança genética)
agricultores ancestrais, que com o passar
pré-histórico passou a colher
de milhares de anos foram desenvolvendo
e semear grãos, sempre na suas habilidades para o cultivo. Ainda na pré-
mesma época do calendário, foi história o homem passou a ter consciência de 1900
eliminando algumas características que ao cruzar apenas indivíduos de teosinto Melhoramento
dessas plantas como dormência, (ancestral do milho) com uma maior quantidade genético convencional
desenvolvimento lento, sementes
O que os povos ancestrais não
pequenas e caules frágeis.
sabiam é que ao cultivarem esses dec. de 1930
Há aproximadamente 12.000 anos, os solos foram cereais para sua alimentação, já Melhoramento
transformados pelo progressivo aparecimento de estavam modificando o meio ambiente por mutação
savanas ricas em cereais (cevada, milho e trigo)
à sua volta e consequentemente,
que, naquela época, eram bastante heterogêneos.
À medida que o homem pré-histórico passou selecionando genes e alterando o
a colher e semear grãos, sempre na mesma genoma dessas plantas. 1953
época do calendário, foi eliminando algumas Descoberta a
características dessas plantas como dormência, de grãos por espiga, resultaria na produção de estrutura do DNA
desenvolvimento lento, sementes pequenas e “filhos” do teosinto com um número ainda maior 1972
caules frágeis. As sementes que carregavam essas de grãos. O que os povos ancestrais não sabiam é que Tecnologia do DNA
características não tinham tempo hábil ao cultivarem esses cereais para sua alimentação,
para se desenvolver ou eram perdidas.
recombinante
já estavam modificando o meio ambiente à sua
Com isso, se iniciou o melhoramento volta e consequentemente, selecionando genes
vegetal de forma totalmente empírica e
ao acaso.
e alterando o genoma dessas plantas. Hoje 1975
em dia, o melhoramento genético incorpora
diversos conhecimentos das ciências biológicas Técnica para
Não é novidade afirmar que o milho, como o e é amplamente utilizado em plantas e animais sequenciamento
conhecemos, é muito diferente daquele de de criação. do DNA
12 mil anos atrás. As diferenças observadas

dec. de 1980
Melhoramento
por marcadores
Teosinte Milho Moderno moleculares dec. de 1990
Ancestral do milho, era
Melhoramento por
Milhares de anos de seleção
muito parecido com uma resultaram no milho que
edição genética
gramínea. Apresentava conhecemos hoje, com
pouquíssimos grãos grãos maiores e em maior
agrupados em hastes que quantidade.
não passavam de 5 cm.
2013
Primeiros vegetais
in vitro a partir da
técnica CRISPR/Cas9
A biotecnologia revolucionou a agricultura 27 | Uma Jornada Sustentável

Ao longo do tempo, a ciência foi incorporando novas ferramentas


ao melhoramento genético. O avanço nos conhecimentos sobre
genética, microbiologia, química, fisiologia, biologia molecular,
entre outras, foram decisivos para desenvolvermos do que se
conhece como biotecnologia moderna.

Na área vegetal, as primeiras plantas transgênicas


foram adotadas no campo em 1995 nos Estados
Unidos. No Brasil, as primeiras sementes passaram a
ser cultivadas em 1998.

As descobertas moleculares resultaram numa revolução


biotecnológica. A partir da tecnologia do DNA recombinante, foi
possível manipular, pela primeira vez, o DNA. Com essa técnica,
o isolamento e manipulação de genes se tornou uma realidade na
área da saúde com a produção da insulina humana em 1982. Na
área vegetal, as primeiras plantas transgênicas foram adotadas
no campo em 1995 nos Estados Unidos. No Brasil, as primeiras
sementes passaram a ser cultivadas em 1998.

Presentes nas lavouras do mundo há mais de


25 anos, as plantas geneticamente modificadas
aumentaram a produção, facilitaram o manejo,
promoveram benefícios econômicos, ambientais,
otimizaram o uso de defensivos agrícolas e
permitiram o desenvolvimento de tecnologias
disruptivas para o setor.

Presentes nas lavouras do mundo há mais de 25 anos, as plantas


geneticamente modificadas aumentaram a produção, facilitaram
o manejo, promoveram benefícios econômicos, ambientais,
otimizaram o uso de defensivos agrícolas e permitiram o
desenvolvimento de tecnologias disruptivas para o setor.
Brasil é o segundo país que mais cultiva transgênicos no mundo 28 | Uma Jornada Sustentável

O desenvolvimento Desde 1998 o Brasil adota área de cultivo de transgênicos no


da biotecnologia transgênicos na agricultura. Soja, mundo. Corresponde da 30,6% da
na agricultura
milho, algodão e cana-de-açúcar área total cultivada com organismos CULTURAS TRANSGÊNICAS MAIS ADOTADAS NO MUNDO
são as culturas transgênicas geneticamente modificados (OGM)
destaca-se como plantadas no país. no mundo. Ficando atrás apenas
importante fator dos Estados Unidos e é seguido por
O desenvolvimento da biotecnologia Argentina, Canadá, Índia e China.
ÁREA PLANTADA (%)
associado ao ganho
na agricultura destaca-se como
de eficiência da TRANSGÊNICA CONVENCIONAL
importante fator associado ao Em 2020, 74% das lavouras de soja
produção agrícola ganho de eficiência da produção no mundo eram transgênicas, o 120
brasileira nas agrícola brasileira nas últimas mesmo acontecendo com 79% das
últimas duas duas décadas. lavouras de algodão, com 31% de 100

décadas. milho e 27% de canola. 26 21


Com 56 milhões de hectares em 80
2021, o Brasil tem a segunda maior 69 73
60

40 74 79

20
31 27
0
SOJA MILHO ALGODÃO CANOLA
ÁREA PLANTADA DE CULTURAS TRANSGÊNICAS
fonte: PG Economics, UK (junho 2020)
(em milhões de hectares)

100

91,9 PAÍSES COM AS MAIORES ÁREAS DE


80
ADOÇÃO DE TRANSGÊNICOS NO MUNDO
60 (em milhões de hectares)
60,9

40 EUA 71,5

20 BRASIL 56
25,7
10,1
0 ARGENTINA 24
SOJA MILHO ALGODÃO CANOLA
CANADÁ 12,5
fonte: ISAAA (2019)

ÍNDIA 11,9
O emprego de sementes de maior qualidade e o desenvolvimento da biotecnologia na agricultura destacam-se
entre os fatores preponderantes que explicam o ganho de eficiência da produção agrícola brasileira nas últimas 0 20 40 60 80
duas décadas. fonte: ISAAA (2019), CLB (2022)
Mais de 20 anos de transgênicos no campo, confirmam os benefícios 29 | Uma Jornada Sustentável

esperados para o Brasil

ÁREA TOTAL DE TRANSGÊNICOS CULTIVADOS NO BRASIL

A soja, com 37,4 milhões de hectares, foi em 2019 a cultura transgênica


com a maior área plantada no Brasil. Depois vieram o milho, com 17,4
SOJA* milhões; o algodão, com 1,2 milhão; e a cana-de-açúcar, que estreou
37,4 em 2018 com 400 hectares teve uma área de 37 mil hectares em 2021.
Apenas contemplando características de tolerância a herbicidas e
MILHO* CANA-DE-
TOTAL* AÇÚCAR
resistência a insetos, os transgênicos desenvolvidos com o intuito

17,4
56
primordial de facilitar o manejo das lavouras e diminuir custos, já se
37
mil hectares
mostraram mais produtivos e favoráveis ao meio ambiente, segundo
análises da Consultoria inglesa PG Economics.
ALGODÃO*
Posteriormente, novas características foram sendo introduzidas por

* milhões de hectares
1,2 técnicas de biologia molecular, resultando em culturas tolerantes à
seca, com benefícios nutricionais e resistência a doenças.

fonte: ISAAA (2019), CLB (2022)

IMPACTOS DA ADOÇÃO DE TRANSGÊNICOS NO BRASIL ACUMULADOS EM 20 ANOS

AMBIENTAIS ECONÔMICOS

Aumento na produção de grãos


Redução no uso de defensivos
(mil toneladas) -839 (milhões de toneladas) 55,4
Economia de combustível
(milhões de litros) -377 Aumento na receita total
(bilhões de reais) 25,1
Economia de área plantada Aumento no lucro total
(milhões de hectares) -9,9 (bilhões de reais) 35,8
Redução no uso de defensivos
(mil toneladas de ingrediente ativo) -362,7 Geração de riqueza
(bilhões de reais) 45,3
Redução de emissões totais
-26,5 Contribuição adicional para o PIB
(bilhões de reais) 2,8
(milhões de toneladas de CO²)

fonte: 20 anos de transgênicos no Brasil: impactos ambientais, econômicos e sociais, Agroconsult (2018) fonte: 20 anos de transgênicos no Brasil: impactos ambientais, econômicos e sociais, Agroconsult (2018)
Adoção de biotecnologia no mundo reúne benefícios 30 | Uma Jornada Sustentável

socioambientais e econômicos
Os fatores que explicam de modo mais evidente o sucesso A análise de impacto da adoção dos transgênicos nas período de 1996 a 2018, foi de 225 bilhões de dólares, um
da biotecnologia e sua alta taxa de adoção no mundo e no lavouras no mundo no período de 1996 a 2018 revelou incremento médio de 96,7 dólares por hectare cultivado.
Brasil são aqueles observados diretamente na propriedade benefícios socioambientais e econômicos significativos que Só em 2018, esse valor foi de 18,95 bilhões de dólares, o
rural. Dentre eles, podem ser citados os benefícios justificam sua ampla adoção. que equivale a um aumento médio na renda de 103 dólares
decorrentes da eficiência do controle de pragas em por hectare.
lavouras transgênicas. 23 milhões de toneladas de dióxido de carbono – CO ² –
deixaram de ser emitidas só em 2018, volume equivalente Também em 2018, o agricultor teve um retorno financeiro
A esses fatores somam-se a simplificação e a maior ao produzido por 15,5 milhões de carros. 776 mil toneladas maior para cada dólar extra investido em sementes
flexibilidade do manejo das culturas, a redução do risco de ingredientes ativos de defensivos químicos não foram transgênicas, em comparação com os cultivos convencionais.
produtivo – aqui entendido como uma maior segurança usadas no campo, incluindo inseticidas e herbicidas – uma Nos países em desenvolvimento, esse retorno foi em média
ao agricultor ao longo do ciclo da cultura em relação redução global de 8,6% para o período entre 1996 e 2018. de 4,41 dólares e, nos desenvolvidos, de 3,24 dólares.
a danos econômicos provocados por pragas – e o Isso é igual a mais de 1,6 vezes o uso total de defensivos
menor uso defensivos. A combinação desses elementos agrícolas usados na China a cada ano. O estudo da PG Economics conclui que, sem os transgênicos,
pode, ainda, proporcionar vantagens em termos de seria necessário o plantio adicional de 23,5 milhões de
produtividade e de margem para o produtor, com Os transgênicos viabilizaram uma produção adicional de hectares de soja, milho e algodão, para manter os níveis
potencial de impactar positivamente os demais setores 278 milhões de toneladas de soja, 498 milhões de milho, de produção dessas culturas em 2018. A maior parte – 12,3
da economia. 32,6 milhões de algodão e 14 milhões de canola. O benefício milhões de hectares - seria para a soja.
líquido de renda para a agricultura mundial, acumulada no

BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS A BIOTECNOLOGIA RENDEU UMA PRODUÇÃO ADICIONAL DE:


DAS CULTURAS TRANSGÊNICAS

Para cada US$ 1 investido em


278 498 32,6
Benefícios obtidos com US$ US$
a produção global de biotecnologia agrícola, produtores recebem:
transgênicos entre 1996 225 18,95 milhões de milhões de milhões de
e 2018: bilhões bilhões toneladas de toneladas de toneladas de
somente em 2018
SOJA MILHO ALGODÃO US$ 4,41 US$ 3,24
nos países em nos países
desenvolvimento desenvolvidos
A biotecnologia agrícola permite o uso de técnicas
sustentáveis, que em 2018, resultou na redução das emissões
de dióxido de carbono na atmosfera em:

23 7 76 de ingredientes ativos de defensivos químicos NÃO foram usadas no campo, incluindo


milhões de inseticidas e herbicidas. Redução global de 8,6% entre 1996 e 2018.
toneladas mil toneladas

o equivalente à remoção de 15,5 milhões de carros em um ano.


Alimentos transgênicos estão entre os produtos mais analisados 31 | Uma Jornada Sustentável

e seguros que existem


Todos os produtos transgênicos precisam e de assessoramento ao governo federal De acordo com a regulamentação, cada A primeira autorização para cultivo de
ser analisados quanto à biossegurança em questões relacionadas aos OGMs OGM deve passar por uma avaliação transgênicos no Brasil ocorreu com a soja
antes de serem aprovadas para uso. No e derivados. de risco antes de ser comercializado, o transgênica tolerante ao glifosato, em
Brasil, a Comissão Técnica Nacional de que consiste no estudo do impacto da outubro de 1998. Desde então, centenas de
Biossegurança (CTNBio) é o órgão responsável A legislação também prevê a necessidade de alteração genética sobre a planta, meio plantas geneticamente modificadas foram
por realizar a análise, caso a caso, dos OGM, autorização prévia, registro de instalações e ambiente e saúde humana e animal. Essas aprovadas e liberadas para plantio em escala
seguindo os procedimentos estabelecidos de profissionais habilitados para as atividades avaliações são submetidas à CTNBio que comercial. Entre os produtos aprovados,
pela Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05). de pesquisa. Nenhuma instituição pode conduz a análise técnica de cada produto existem eventos (que é o genótipo que possui
trabalhar com biotecnologia no Brasil sem o em desenvolvimento. genes modificados por técnicas de biologia
A Comissão, reúne 54 cientistas, doutores Certificado de Qualidade em Biossegurança molecular) de soja, milho, algodão, feijão,
em diversas áreas do conhecimento, com o (CQB), que também é emitido pela CTNBio. eucalipto e cana-de-açúcar, que apresentam
objetivo de prestar apoio técnico consultivo características como:

OGMs APROVADOS PELA CTNBIO


Resistência a vírus;
11% 11%
Vacinas Microrganismos
Tolerância ou resistência a diferentes insetos;
1%
Medicamentos
total: 238 Tolerância ou resistência a diferentes herbicidas;
35 aprovações 1%
26% Insetos e animais
30 Plantas Tolerância a seca;
2
8 2
8 1
25
3
11 Aumento na produção de celulose;
20 10
2
3
22
10 Qualidade de óleo melhorada.
15 2 7
1 2
14 4 3
10 3 13
3 1
1 10 5 8 1
9 3 9
3 8 1 2 1 1 Ainda que as plantas sejam os principais ilustram a diversidade das análises de
5 6 6
5 1 3 5
1 1 1 3
2 produtos desenvolvidos pela biotecnologia biossegurança conduzidas no Brasil.
1 3 1 2
0 submetidos à avaliação da CTNBio, diversos
1998 1999 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
2004
outros têm sido analisados e aprovados Os alimentos provenientes de cultivos
por ela. Vacinas para uso animal e humano, transgênicos, atualmente no mercado,
Plantas Vacinas Microrganismos Medicamentos Insetos e animais medicamento contra o câncer, mosquito são tão seguros para a saúde humana
para o controle da dengue e diversos quanto os seus correspondentes vindos de
fonte: CTNBio (julho, 2022) microrganismos com aplicação na indústria, cultivos convencionais.
representam apenas alguns exemplos que
História da proteção vegetal 32 | Uma Jornada Sustentável

1865 1882 1888


O Verde Paris, uma Descoberta do primeiro In í c i o d o c o nt ro l e
mistura de arsênio e fungicida conhecido como biológico com o emprego
cobre, foi descoberto no Calda Bordalesa, uma mistura do inseto Ro d o l i a
HÁ MAIS DE IDADE MÉDIA SÉCULO XVII Colorado (EUA) para uso de sulfato de cobre e cal, para cardinalis nos EUA
4.000 ANOS O tabaco foi utilizado para no controle do besouro o controle de uma doença
Produtos como arsênio,
combater as pragas e, até da batata. denominada míldio da videira,
Povos da Suméria chumbo e mercúrio eram
hoje, uma infusão de fumo de na França.
adicionavam enxofre nas utilizados para controlar
plantações para eliminar pragas. corda é usada no combate de
as pragas. doenças em plantas.

1890
Produto químico em pó,
começou a ser utilizado para
tratamento de sementes.
1950 1945
50 novos produtos (herbicidas, DDT é disponibilizado aos
inseticidas e fungicidas) à agricultores, um composto
disposição dos produtos rurais. desenvolvido em 1874 e muito 1940 1938
utilizado na Segunda Guerra Primeiros pesticidas sintéticos Primeiros defensivos formulados
Mundial para matar mosquitos utilizados, em grande escala nas empregando microrganismo Bacillus
transmissores de malária. lavouras. thurigiensis (Bt) como princípio ativo
na França.

1970 1980
Introdução aos princípios de Manejo Início das pesquisas com
1960 1961 Integrado de Pragas (MIP), colocando plantas transgênicas.
Desenvolvimento de produtos O microrganismo Bacillus atenção no monitoramento de
químicos mais eficientes e com thurigiensis (Bt) é registrado infestações e momento ideal de
menor risco à saúde humana e como inseticida nos EUA. aplicação de defensivos.
ao meio ambiente.

1996
Primeiro milho Bt (resistente a
2014 2010 2006 2005 insetos) é comercializado nos EUA.
Intensificação na utilização de produtos biológicos Aumento do investimento Criação do Programa Primeiro planta Bt (resistente
à base de Bt e de vírus, como Nucleopolyhedrovirus e avaliações associadas IAC de Qualidade a insetos) aprovado no Brasil
(HearNPV), para controle da lagarta Helicoverpa ao desenvolvimento e de Equipamentos de é um algodão.
armigera que chegou no Brasil em 2013. aprovações de defensivos Proteção Individual na
químicos. Agricultura.
A falta de proteção contra pragas e doenças reduz de 33 | Uma Jornada Sustentável

20 a 40% a produção de alimentos


A proteção vegetal, O s d a do s d a O rg a n i z a ç ã o d a s utilizariam fungicidas. Sem o controle
empregando tecnologias Nações Unidas para a Alimentação dessa doença, a compensação da
e a Agricultura (FAO) ressaltam essa queda de produtividade pelo aumento
que incluem os defensivos afirmação ao revelarem que o mundo da área cultivada implicaria numa
agrícolas (químicos e perde de 20 a 40% de todo o alimento que elevação de 22,9% de custo da soja no
biológicos), o melhoramento produz por conta do ataque de pragas mercado interno.
genético e a biotecnologia e doenças.
Diante disso, o resultado econômico
desempenham papel crucial
O Centro de Estudos Avançados em com o plantio de soja passaria de um
no sucesso da atividade Economia Aplicada da Universidade lucro de R$ 8,32 bilhões para um prejuízo
agrícola brasileira. de São Paulo (CEPEA/Esalq/USP) de R$ 3,37 bilhões para o segmento
avaliou o impacto que o controle de produtivo nacional. Logo, os produtores
A proteção vegetal, empregando pragas e doenças da soja e do milho incorreriam em uma perda de R$ 11,7
tecnologias que incluem os defensivos exerce sobre os preços ao consumidor. bilhões.
agrícolas (químicos e biológicos), o A falta de controle pode gerar perdas de
melhoramento genético e a biotecnologia produtividade de 6,6% a 40% nas duas No caso do milho, o não controle
desempenham papel crucial no sucesso culturas, afetando os preços de toda a da lagarta Spodoptera reduziria a
da atividade agrícola brasileira. cadeia até o produto final, que vai para a produção nacional em 40% no primeiro
mesa do consumidor. ano de infestação com a praga e,
A proteção vegetal contribui para que consequentemente, a menor oferta
as características desejáveis contidas Com relação à ferrugem da soja, aumentaria os preços do cereal em 13,6%
na genética das plantas e reforçada por especificamente, para avaliar o benefício na média nacional. Para o produtor, seu
outros insumos se traduza, ao final do ciclo econômico do controle da doença, os resultado econômico com o plantio
da planta, em produção na quantidade e pesquisadores do CEPEA simularam da cultura levaria a um prejuízo de
qualidade esperadas. uma condição em que os produtores não R$ 20,5 bilhões.

EFEITO DA FALTA DE TRATAMENTO PARA CONTROLE


DE PRAGAS E DOENÇAS NA SOJA E NO MILHO

Aumento do preço
no mercado interno

13,6% (Spodoptera)
MILHO Perda em
bilhões de reais

22,9% SOJA
(Ferrugem) 20,5
MILHO
(Spodoptera)

11,7 SOJA
(Ferrugem)

fonte: Cepea (2019)


Sistema regulatório brasileiro garante alimentos seguros à saúde 34 | Uma Jornada Sustentável

e ao meio ambiente

Os defensivos agrícolas percorrem um agronômica e recomendações de uso no anos 2010, com o acumulado das últimas Nos últimos anos a regulamentação desses
longo caminho antes de chegarem às campo. Somente após essas análises, que décadas, eles já eram mais de 600, resultado produtos foi intensificada e ganhou maior
lavouras. A legislação brasileira é das mais seguem metodologias internacionais, é que do avanço da ciência e dos investimentos complexidade, passando-se a exigir grandes
exigentes do mundo, com a necessidade de o registro para um produto ser utilizado no em pesquisa e desenvolvimento. quantidades de estudos para demonstrar
aprovação em três instâncias diferentes Brasil é concedido. o perfil de perigo e avaliação de risco de
para obtenção do registro: Anvisa (Agência Na década de 1960, o foco do ingredientes ativos e produtos formulados.
Nacional de Vigilância Sanitária), IBAMA Após esta liberação, os produtos ainda desenvolvimento de produtos de químicos Normalmente, mais de 150 estudos são
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente passam pela análise de cada estado para era maximizar o rendimento das colheitas, realizados para registrar um novo ingrediente
e dos Recursos Naturais Renováveis) e que, finalmente, possam ser utilizados pelos alcançando o melhor controle possível de ativo, e as bases de dados da maioria das
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária agricultores brasileiros. plantas daninhas, pragas e doenças. Desde substâncias ativas mais antigas foram
e Abastecimento). então, requisitos legais para registrar os substancialmente atualizadas com novos
A substância que confere eficácia ao produto defensivos foram desenvolvidos de forma estudos, particularmente para atender
Cada um desses órgãos analisa um aspecto final formulado é chamada de ingrediente que a eficácia agronômica é apenas um dos aos requisitos da União Europeia, EUA e
específico dos produtos: a Anvisa avalia ativo. No mundo, nos anos 1950, foram muitos fatores considerados. Muito maior outros países membros da Organização
questões associadas à saúde humana; o disponibilizados 45 novos ingredientes atenção tem sido dada à gestão dos riscos para a Cooperação e Desenvolvimento
IBAMA os aspectos relacionados ao meio ativos para uso na agricultura, como à saúde humana e aos impactos ambientais Econômico (OCDE).
ambiente; e o MAPA analisa a eficácia herbicidas, inseticidas e fungicidas. Nos desses produtos.

Anvisa NÚMERO DE NOVOS INGREDIENTES ATIVOS


avaliação
toxicológica INTRODUZIDOS POR DÉCADA NO MUNDO

SUBMISSÃO REGISTRO
PARA REGISTRO CONCEDIDO
150
123 128
MAPA 103 101 103
avaliação 100
agronômica
58
45
50

0
IBAMA 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
avaliação
ambiental fonte: Phillips MacDougall (2018)
35 | Uma Jornada Sustentável

Na área de Na área de proteção vegetal, existe O desenvolvimento até a aprovação de Nos anos 1950, a taxa média Nos anos 1950, a taxa média de aplicação
proteção vegetal, busca contínua de produtos cada vez um novo produto ou molécula pode levar de aplicação de fungicidas, de fungicidas, inseticidas e herbicidas,
menos tóxicos – tanto ao ser humano até 18 anos no Brasil e necessita de um em todo o mundo, era respectivamente
existe busca quanto ao meio ambiente. Pesquisadores investimento de aproximadamente 286
inseticidas e herbicidas, de 1.200, 1.700 e 2.300 gramas do
contínua de trabalham com adaptação dos produtos milhões de dólares. em todo o mundo, era ingrediente ativo por hectare. Em 2010,
produtos cada existentes e no desenvolvimento de respectivamente de 1.200, esses números tinham caído para 100,
vez menos tóxicos novas moléculas, produtos cada vez mais A melhoria da qualidade dos produtos 1.700 e 2.300 gramas do 40 e 75 gramas.
específicos para determinadas pragas e usados para a proteção vegetal
– tanto ao ser ingrediente ativo por hectare.
para atender uma diversidade maior de tem feito com que eles estejam
humano quanto ao culturas agrícolas. sendo usados em quantidades Em 2010, esses números
meio ambiente. proporcionalmente menores. caíram para 100, 40
Para se chegar a uma nova molécula com e 75 gramas.
todas as qualidades necessárias, cerca
de 160 mil substâncias são pesquisadas.

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DOS DEFENSIVOS QUÍMICOS CONSUMO DE DEFENSIVOS QUÍMICOS POR HECTARE

FUNGICIDA INSETICIDA HERBICIDA


Pesquisa (2 anos) Desenvolvimento (8 years) Registro e avaliação (8 anos)
US$ 107 milhões US$ 146 milhões US$ 146 milhões
2.300
160 mil 200 a 300 avaliação MAPA,
moléculas investigadas moléculas identificadas Anvisa e IBAMA

1.700 Com o passar dos anos, os defensivos se


tornaram menos tóxicos, menos persistentes
Testes de eficácia 5 moléculas são submetidas Permissão de no meio ambiente e são utilizados em
biológica e segurança a testes de formulação, registro ou não 1.200 quantidade cada vez menores, devido ao
estudos toxicológicos e de aumento de sua eficiência.
segurança ambiental

fonte: Phillips McDougall (2018)

100
UMA MOLÉCULA 40 75

É SELECIONADA
1950 2010
(gramas/hectare) (gramas/hectare)

DO INÍCIO DAS PESQUISAS ATÉ A COMERCIALIZAÇÃO fonte: Phillips MacDougall (2018)


O Brasil é o 25º consumidor de defensivos do mundo 36 | Uma Jornada Sustentável

CONSUMO DE DEFENSIVOS QUÍMICOS POR HECTARE


O consumo brasileiro de defensivos está C o n s i de ra n do o vo l u m e t ot a l de
diretamente associado à dimensão da defensivos, o Brasil ocupou o terceiro
agropecuária e condições climáticas. lugar como consumidor de defensivos 300
103 12
em 2018, ficando atrás da China e dos 1.964
O Brasil é um dos maiores Estados Unidos. 250
5% 267
95%
10
produtores do mundo. Além disso, total:
No entanto, ao se examinar o consumo de 2.067 213
não possui um inverno rigoroso, 200 4
defensivos por hectare, o Brasil cai para 186
o que permite mais de uma safra o 25º lugar.
9
150 157
na mesma área, mas impede a 19
135
quebra do ciclo de reprodução Entre os países que consomem mais que 4 5
o Brasil ou estão no mesmo patamar 100 106 6
das pragas em função do frio. 103
1
de consumo, há seis da União Europeia, 83
1 1 76
9
7 6 1
região reconhecidamente rigorosa na 50
56
4 58 59 3 57 59
52 48 47
O Brasil é um dos maiores produtores regulamentação do uso de defensivos: 37
39 42 42
29 1
do mundo. Além disso, não possui um inverno Chipre, Holanda, Malta, Bélgica, Itália 0 13
rigoroso, o que permite mais de uma safra na e Irlanda. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 *
mesma área, mas impede a quebra do ciclo
fonte: MAPA; Croplife (2022) *abril, 2022
de reprodução das pragas em função do frio.

Produtos formulados (PF): Produto Formulado Novo (PFN):


Desenvolvido a partir de ingredientes ativos e Desenvolvido a partir do produto técnico novo cuja
componentes que irão constituir a formulação que formulação é inédita à base de molécula inovadora.
já haviam sido registrados anteriormente no Brasil.
CONSUMO DE DEFENSIVOS QUÍMICOS POR HECTARE Aqui também estão incluídos os produtos genéricos
(produtos desenvolvidos a partir de ingredientes
(kg / hectares)
ativos que perderam patente).
27,95
25,80 24,91
21,99 21,17 21,00
19,60

13,07 12,61 12,26


11,84 11,73 11,60 11,34
10,02
9,11 8,82 8,79 8,57 8,16 7,59 7,25 7,04 6,23 5,94 5,91 5,86 5,81
COSTA RICA

SANTA LUCIA

CHINA

COREIA

GUATEMALA

NOVA ZELÂNDIA

HOLANDA

MALTA

BÉLGICA

PALESTINA

ITÁLIA

IRLANDA
ISRAEL

BRASIL
MAURÍCIO

EQUADOR

TRINDADE E
TOBAGO

BAHAMAS

BARBADOS

SEICHELES

JAPÃO

SURINAME

BELIZE

CHIPRE

URUGUAI

LÍBANO

MONTE NEGRO

CHILE
fonte: FAO (2018)
Com rígido controle de resíduos, o Brasil exporta alimentos 37 | Uma Jornada Sustentável

para mais de 160 países


Para garantir o livre comércio de alimentos de alimentos frescos coletadas nos pontos
seguros tanto para quem produz, quanto de venda. Estes programas, aliados aos
para quem consome, é necessário que os implantados pelos estados, conseguem
países adotem boas práticas agrícolas. identificar quem não respeita as regras. O
agricultor infrator pode ser identificado,
O conhecimento científico no controle de orientado e até punido.
doenças e pragas nas lavouras avançou
expressivamente nos últimos 20 anos, o No biênio 2017-2018, o PARA analisou
que impulsionou a revisão de critérios e 4.616 amostras e identificou que 99% das
exigências no âmbito da avaliação toxicológica, amostras estavam em conformidade, ou
ambiental e de eficácia agronômica dos seja, não apresentavam níveis de resíduos de
defensivos agrícolas. defensivos que representassem risco
à saúde.
No Brasil, a responsabilidade de fiscalizar
o uso de agrotóxicos é dividida entre Especialmente pelo protagonismo e
a União e os Estados. O MAPA possui capacidade competitiva como exportador
um programa de análise de resíduos de de alimentos para mais de 160 países,
agrotóxicos (Plano Nacional de Controle o Brasil vem buscando acompanhar
de Resíduos e Contaminantes em Produtos os avanços científicos e evolução dos
de Origem Vegetal – PNCRC) que coleta as marcos regulatórios de países que
amostras de alimentos diretamente nas já possuem leis adequadas às necessidades
propriedades rurais. da agricultura moderna e expectativas
do consumidor. Como é o caso dos
O Programa de Análise de Resíduos de Estados Unidos, Canadá, Austrália e
Agrotóxicos em Alimentos – PARA – União Europeia.
coordenado pela Anvisa, analisa amostras

MONITORAMENTO BRASILEIRO DE RESÍDUOS DE DEFENSIVOS


NOS ALIMENTOS É MAIS AMPLO QUE O EUROPEU

Brasil Países na UE**

Amostras 4616 389

Alimentos 14 10

Ingredientes ativos 270 169

Não conformidade 41 4
amostras (0,89%) amostras (0,90%)

*Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA (Anvisa) resultados 2019 (amostras coletadas 2017/2018)
**Programa Europeu de Controle – 2019 (amostras coletadas 2017/2018)
Número de defensivos biológicos registrados nos últimos 20 anos no 38 | Uma Jornada Sustentável

Brasil é maior do que o de defensivos químicos

Diante do manejo integrado de pragas (MIP), a O programa não é dirigido à agricultura


maior diversidade de defensivos de proteção orgânica, mas a todos os agricultores do país
Nos últimos tempos, houve um expressivo crescimento no interesse pelo desenvolvimento vegetal é essencial. Fato que contribui nos mais diversos modelos de produção.
de produtos biológicos destinados à proteção vegetal. O entusiasmo não é limitado às expressivamente com a intensificação
grandes empresas de defensivos, mas também é observado nas pequenas empresas de desenvolvimento de produtos de Para um produto biológico ser registrado no
e startups. controle biológicos. Brasil, tem que percorrer o mesmo caminho
que os produtos químicos: a avaliação é feita
Entre os anos 1960 e 1980, eram pouquíssimos por três órgãos independentes – a Anvisa, para
os lançamentos de novos defensivos biológicos. os riscos à saúde; o IBAMA, para os riscos
A situação começou a mudar nos anos 1990. ao meio ambiente; e o MAPA, para a eficácia
Nos últimos 20 anos, o número de novos agronômica. O produto só é registrado se
CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS DE CONTROLE produtos biológicos registrados ultrapassou o obtiver aprovação dos três órgãos.
montante de registros de defensivos químicos
no período. Em 2020, foram registrados 96 novos produtos
biológicos no Brasil, um recorde anual. Um
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS NATURAIS Um estímulo adicional à adoção de produtos quadro consolidado em março de 2022,
biológicos no campo veio com o lançamento representava um total de 484 registros feitos
SEMIOQUÍMICOS BIOQUÍMICOS do Programa Nacional de Bioinsumos em 2020. desde 2000.
(compostos que induzem respostas (compostos de origem natural que O Programa tem como objetivo o estímulo
comportamentais nos organismos-alvo) controlem pragas e doenças) à pesquisa, produção e adoção de produtos
biológicos, como fertilizantes e defensivos.

PRODUTOS BIOLÓGICOS APROVADOS NO BRASIL DESDE 2000


FEROMÔNIOS HORMÔNIOS REGULADORES
ALELOQUÍMICOS DE CRESCIMENTO 100
11% - 55 95
91
Bioquímicos 64% - 308
80
8% - 38 Microrganismos
Total:
AGENTES BIOLÓGICOS DE CONTROLE Semioquímicos 484
(ORGANISMOS VIVOS QUE CONTROLAM POPULAÇÃO DE PRAGAS E DOENÇAS) 60
48
17% - 83 42
40
38 38
MICROBIOLÓGICOS MACROBIOLÓGICOS Macro-organismos
30

20 14 16
10 10 8
5 5 7 7
2 4 4 4 2 2 2
0 *
VÍRUS

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022
INSETOS
BACTÉRIAS
ÁCAROS
PROTOZOÁRIOS *abril, 2022
NEMATÓIDES
FUNGOS Microrganismos Macro-organismos Semioquímicos Bioquímicos

fonte: MAPA e Croplife Brasil (2020) fonte: MAPA (2022)


A tecnologia da informação aumenta produtividade e 39 | Uma Jornada Sustentável

sustentabilidade das fazendas brasileiras

DISTRIBUIÇÃO DAS AGTECHS POR REGIÃO E UNIDADE FEDERATIVA


O agronegócio brasileiro entrou de vez no Quase tudo pode ser feito em tempo real e
universo digital. A Agricultura 4.0, que ganhou acompanhado de aplicativos instalados em
força em 2010, abriu uma nova fronteira celulares e computadores.
de possibilidades para tornar as fazendas e
agroindústrias ainda mais produtivas, eficientes As informações geradas por esses novos
e sustentáveis. sistemas são essenciais para que o agricultor
RR AP
tome as melhores decisões no momento certo.
Técnicas e ferramentas como drones, robôs, Com isso, pode otimizar o uso de equipamentos,
sensores para coleta e transmissão de dados insumos, mão de obra e recursos naturais. O que,
e softwares, entre outras inovações, permitem é claro, resulta em aumento de produtividade e
monitorar as condições do clima e do solo, lucratividade.
localizar focos de doenças ou até mesmo a MA
CE RN
necessidade de água e nutrientes nas lavouras. O crescimento da Agricultura 4.0 no Brasil é AM PA

Sempre com extrema precisão. E ainda conta evidenciado pelo aumento exponencial do número PB
PI
com máquinas autônomas, que dispensam a de empresas que atuam no desenvolvimento de PE
presença de operadores. tecnologias e soluções digitais no país. O relatório
AL
Radar Agtech Brasil, para o biênio 2020/21, AC
SE
Na pecuária, as novas tecnologias permitem identificou 1.574 startups (agtechs) voltadas RO TO
monitorar o ganho de peso dos animais, a para o setor agroalimentar nacional. Quase 90%
BA
conversão alimentar e até mesmo detectar o se concentraram nas regiões Sudeste (62,5%) e
MT
estro nas porcas. Sul (25,2%) do país. A unidade federativa com
maior número de agtechs é São Paulo, com 48,1%
DF
do total do país.
GO

MG ES

SUDESTE (983) NORDESTE (72) 62% SUDESTE MS


RJ
SP 757 BA 25 SP
MG 143 PE 11 25% SUL
RJ 63 CE 13
PR
ES 20 PB 7 6% CENTRO-OESTE
RN 9
SC
AL 2
5% NORDESTE
SUL (397) PI 4
RS
SE 2
PR 151 2% NORTE
RS 124
fonte: Radar Agtech Brasil 2020/2021
SC 122
NORTE (26)
PA 15
TO 8
CENTRO-OESTE (96)
AM 4
GO 30
MT 30
MS 17
DF 17
Startups brasileiras entregam soluções inovadoras por segmento 40 | Uma Jornada Sustentável

A produção agrícola é comumente associada à produção dentro da fazenda, mas o que vem antes
e depois da fazenda é igualmente relevante para a agricultura. O estudo Radar Agtech 2020/2021
identificou 200 agtechs trabalhando antes da fazenda, 657 dentro da fazenda e 717 agtechs depois
da fazenda.

ANTES DA FAZENDA
46 43 33 24 19 18 17

Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição de Plantas Nutrição e saúde animal

Crédito, câmbio, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária Genômica e reprodução animal

Análise laboratorial Marketplace de insumos para o agronegócio

Sementes, mudas e genômica vegetal

DENTRO DA FAZENDA
154 111 79 70 58 39 37 34 32 20 15 6 2

Telemetria e automação
Sistema de gestão da propriedade rural
Meteorologia e irrigação e gestão de água
Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados
Controle biológico e manejo integrado de pragas
Drones, máquinas e equipamentos
Gestão de resíduos agrícolas
Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagem
Economia compartilhada
Conteúdo, educação, mídias sociais
Conectividade e telecomunicação
Internet das coisas para o agro:
Apicultura a polinização
detecção de pragas, solo, clima e irrigação

DEPOIS DA FAZENDA
293 100 56 45 39 38 35 26 26 22 22 12 3

Alimentos inovadores e novas tendências alimentares

Marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agrícolas

Armazenamento, infraestrutura e logística

Mercearia online

Restaurantes online e Kit de refeições

Sistema autônomo de gerenciamento de lojas e serviços de alimentação

Biodiversidade e sustentabilidade

Indústria e processamento de alimentos 4.0

Sistema de embalagem, meio ambiente e reciclagem

Bioenergia e energia renovável

Plantio urbano: fábrica de plantas e novas formas de plantio

Segurança e rastreabilidade de alimentos

Cozinha na nuvem e cozinha fantasma fonte: Radar Agtech Brasil 2020/2021


AGRICULTURA:
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
66% do território brasileiro é ocupado por vegetação nativa 42 | Uma Jornada Sustentável

USO DA TERRA NO BRASIL

A agricultura, O Brasil tem utilizado o que há de mais Na soma final, a área dedicada a todas
apesar de toda a moderno em tecnologias aliadas a as atividades agropecuárias fica com
práticas conservacionistas e técnicas 30,2% do território brasileiro e a área de
66,3% expansão dos últimos de diversificação como sistemas de preservação da vegetação nativa com
VEGETAÇÃO NATIVA 50 anos, não vai integração que envolvem lavoura, pecuária 66,3%. Diante dessa distribuição e das
9,4% além de 7,8% do e floresta, resultando em alta capacidade observações sobre a existência de grandes
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO
INTEGRAL território brasileiro. de se elevar a produção sem abrir novas extensões de pastagens degradadas,
áreas de vegetação nativa. especialistas afirmam que a incorporação
33,2% As pastagens se
13,8% de novas áreas para a produção de grãos
ÁREAS DESTINADAS
À PRESERVAÇÃO DA
TERRAS INDÍGENAS estendem por 21,2% e De acordo com a Embrapa, 66,3% da nos próximos anos poderá ocorrer
VEGETAÇÃO NO MUNDO
RURAL NO CAR as florestas plantadas área total do país se mantém nativa. A sobre áreas degradadas, com o uso de
9,9% ocupam 1,2%. agricultura, apesar de toda a expansão tecnologias e práticas conservacionistas,
VEGETAÇÃO NATIVA EM
ÁREAS MILITARES E
dos últimos 50 anos, não vai além de 7,8% evitando, a incorporação de áreas nativas.
TERRAS DEVOLUTAS do território brasileiro. As pastagens
1,2%
21,2% FLORESTAS
se estendem por 21,2% e as florestas
PASTAGENS PLANTADAS
plantadas ocupam 1,2%.
7,8%
LAVOURAS
30,2% 3,5
%
INFRAESTRUTURA E OUTROS
USO AGROPECUÁRIO

USO DA TERRA NOS EUA USO DA TERRA NA UNIÃO EUROPEIA


fonte: MMA, FUNAI, Embrapa (2018); IBGE (2019); SFB/SICAR (2021)

74,3% 64,7%
USO AGROPECUÁRIO USO AGROPECUÁRIO

23,0%
29,0% 9,4%
ÁREAS MISTAS
FLORESTAS
PLANTADAS
PASTAGENS
E EXPLORADAS
4,6%
1,2%
8,9% 7,3% OUTRAS FLORESTAS FLORESTAS INTOCADAS
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO 19,9% PASTAGENS
PROTEGIDAS

27,9% 2,3 TERRAS


% INDÍGENAS
VEGETAÇÃO NATIVA
10,4%
FLORESTAS
PLANTADAS 8,7%
VEGETAÇÃO
NATIVA BAIXA
19,8%
E EXPLORADAS VEGETAÇÃO NATIVA
EM TERRAS NÃO
AGRICULTÁVEIS
25,0% 3,6%
VEGETAÇÃO NATIVA
LAVOURAS CAMPOS

17,4% NATIVOS

LAVOURAS
8%
5,
9,5
%
INFRAESTRUTURA E OUTROS NATURALMENTE SEM VEGETAÇÃO
6,0%
INFRAESTRUTURA E OUTROS

fonte: USDA, Serviço de Pesquisa Econômica usando dados do Uso Principal fonte: EEA – Agência Ambiental Europeia/Copernicus-Corine e EP -
do Solo; EMBRAPA (2018) Parlamento Europeu (2018)
43 | Uma Jornada Sustentável

Área
Enquanto o Brasil A extensão da área de vegetação nativa Em ambos os casos, os percentuais Uso do solo no Brasil (km2) % da Área

dedica 30,2% preservada no Brasil corresponde à de 48 são superiores ao dobro do percentual


Áreas preservadas no mundo rural 2.828.588 33,2
países e territórios da Europa. Também brasileiro.
da sua área é expressiva a área de vegetação nativa Unidades de conservação integral 799.973.0 9,4
à exploração protegida pelos agricultores em suas No sentido inverso, enquanto o Brasil Terras indígenas 1.174.428 13,8
agropecuária propriedades. Sua extensão corresponde dedica 66,3% do território para a proteção Vegetação nativa em áreas militares e terras devolutas 839.370.0 9,9
e florestal, os à área de 16 países da Europa. da natureza, esse índice cai para 19,9% no
Florestas plantadas 102.124.0 1,2
caso dos Estados Unidos e 17,9% no da
Estados Unidos Lavouras 663.807.0 7,8
Enquanto o Brasil dedica 30,2% da União Europeia.
usam 74,3% e a sua área à exploração agropecuária e Pastagens 1.804.193 21,2
União Europeia florestal, os Estados Unidos usam 74,3% Infraestruturas e outros 297.863.0 3,5
64,7%. e a União Europeia 64,7%. ÁREA TOTAL DO BRASIL 100,0
8.510.346

fonte: Embrapa (2021)

A extensão da área de vegetação A extensão da área de vegetação nativa


nativa preservada no Brasil protegida pelos agricultores em suas
corresponde à propriedades corresponde à

48 PAÍSES 16 PAÍSES DA
E TERRITÓRIOS DA EUROPA
EUROPA
Uso da terra europeu é muito distinto do brasileiro 44 | Uma Jornada Sustentável

Duas estimativas, A União Europeia, por se situar em um E, quando fala de área florestal, também
utilizadas pelo Parlamento território intensamente explorado há não distingue florestas plantadas de
mais tempo do que as Américas e devido florestas nativas. Duas estimativas,
Europeu no debate de à sua maior densidade demográfica, tem utilizadas pelo Parlamento Europeu no
políticas públicas, lançam características de uso da terra que as debate de políticas públicas, lançam um
um pouco mais de luz sobre distinguem muito do Brasil e dos Estados pouco mais de luz sobre a situação da
a situação da vegetação Unidos. O nível de interferência humana vegetação nativa no bloco. Uma é que
é tal que a própria agência ambiental do apenas 4% das florestas permanecem
nativa no bloco. Uma é que
bloco, ao apresentar os dados do seu intocadas. A outra estimativa é que 80%
apenas 4% das florestas Serviço de Monitoramento – Cornelius das florestas da União Europeia são
permanecem intocadas. -, não divulga números precisos sobre exploradas comercialmente.
A outra estimativa é que a preservação da vegetação nativa.
Sempre que se refere a florestas,
80% das florestas da União
campos nativos e áreas cobertas por
Europeia são exploradas arbustos, observa que a vegetação ali
comercialmente. pode ser de origem natural ou plantada.

Entretanto, os dados não indicam o último relatório da Natura 2000, constituída, além das florestas, por
que a vegetação nativa esteja rede de preservação da flora e da campos nativos e áreas de transição
sendo devastada. Pelo contrário, fauna na União Europeia, o bloco tem que, apesar da intervenção humana,
as florestas estão em expansão na 27.852 áreas de proteção terrestres ainda contam com boa parte de sua
União Europeia atualmente e o uso e marinhas. De tamanhos bastante cobertura original. Outro ponto
de técnicas de manejo sustentável, distintos, a menor área terrestre tem importante é que há áreas de proteção,
em sua exploração, tem garantido a apenas 100 m² e fica na Alemanha. A em pequenos fragmentos nativos, até
sua sobrevivência. maior está na Suécia, com 5.547 km². em regiões que são classificadas como
A Natura 2000 protege 20% da área destinadas à exploração agropecuária.
O fato de ter pouca vegetação nativa florestal da União Europeia, cinco
intocada não diminui o empenho dos vezes mais do que é coberto pelas
europeus para proteger o máximo florestas intocadas. A maior parte da
possível do que lhes resta. Segundo área protegida pela rede – 60% - é
Desmatamento ilegal não é a regra 45 | Uma Jornada Sustentável

no Brasil
BIOMA AMAZÔNIA
QUEIMADA X DESMATAMENTO
O desmatamento é considerado ilegal quando que muitos focos de calor vêm de queimadas
ocorre em áreas que não possuem autorização tradicionais, feitas em áreas de cultivo ou FOCOS DE CALOR (número) DESMATAMENTO (km²)
do órgão ambiental para supressão da pastagens, fica claro que eles não têm relação
vegetação nativa. com desmatamento. Ocorrem em regiões 25000
que já foram desmatadas, possivelmente
Quando o desmatamento é autorizado pelo há séculos. Por outro lado, a exploração
20000
órgão ambiental, com base em estudos não sustentável e criminosa da madeira de
que comprovem sua conformidade com a espécies nativas, que é um problema sério na
legislação florestal, ele não é considerado Amazônia, devasta a floresta sem usar fogo, 15000
ilegal. Além disso, são observados vários ao menos em um primeiro momento. Quando
critérios importantes para transparência nos vem o incêndio, se é que ele vem, a área já
10000
processos de supressão da vegetação nativa, está desmatada.
tais como: identificação dos requerentes,
formato, data de emissão, validade e área. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas 5000
Espaciais (INPE) mostram como foi diferente
Comumente, os termos desmatamentos e a evolução dos incêndios e do desmatamento
incêndios no campo ganham associações na Amazônia entre 1998 e 2021. A linha dos 0

equivocadas. Embora incêndios e incêndios é visivelmente mais instável do que

1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
desmatamento sejam fenômenos próximos, a do desmatamento.
não podem ser confundidos. Cada um tem sua fonte: INPE (2022)
dinâmica própria. Quando se leva em conta
Quando se trata de desmatamento, dois biomas exigem uma atenção especial no Brasil: o
Cerrado, onde se deu a maior parte do crescimento da agropecuária nas últimas décadas;
e a Amazônia, pela importância da sua floresta para o equilíbrio do meio ambiente global.
49% da Amazônia brasileira é preservada por lei 46 | Uma Jornada Sustentável

BIOMA AMAZÔNIA
GUIANA A vegetação nativa cobre 84%
SURINAME do território da Amazônia

VENEZUELA GUIANA
brasileira, o que corresponde a
3,52 milhões de km² e equivale
84%
FRANCESA à soma de 15 países da Europa.

COLÔMBIA
EQUADOR

BRASIL
PERU
fonte: EMBRAPA (2018)

BOLÍVIA
Antes de abordar o desmatamento
da Amazônia, é preciso destacar que
a Amazônia faz parte um bioma que
Quase metade (49%) da área da Amazônia brasileira coberta por vegetação nativa
não é exclusivamente brasileiro. O
corresponde a unidades de preservação ambiental e reservas indígenas. Trata-se
bioma é compartilhado por nove
de um território protegido por lei. Proprietários particulares detêm 26% da área e
países, sendo que um deles é um país
os restantes 25% são terras devolutas.
europeu, a França, do qual faz parte a
Guiana Francesa.

25%
A Amazônia brasileira tem Terras devolutas
4,2 milhões km², o que corresponde
a 60% do total do bioma e a 49% do
território do Brasil.
49% Preservação ambiental
e reservas indígenas

fonte: EMBRAPA (2018) Áreas particulares 26% fonte: EMBRAPA (2018)


47 | Uma Jornada Sustentável

Mesmo sem ter Desde 2005, o Brasil estabelece metas para a Mesmo sem ter atingido a meta de 2018 para cá, é O balanço da safra de 2018/2019
redução progressiva do desmatamento na Amazônia preciso reconhecer o efeito positivo do PPCDAm.
atingido a meta de mostrou que apenas 1,8% da soja,
e no Cerrado. O Plano de Ação para Prevenção e Basta comparar a taxa média anual de desmatamento
2018 para cá, é preciso Controle do Desmatamento na Amazônia Legal da Amazônia nos últimos 20 anos, que foi de 10.129 plantada na Amazônia, se encontrava
reconhecer o efeito (PPCDAm), que foi lançado em 2004 e elaborado km², com a dos últimos 10 anos: que é de 6.947 km². em áreas desmatadas depois da
positivo do PPCDAm. no âmbito do Grupo Permanente de Trabalho declaração da moratória.
Interministerial (GPTI), e se encontra hoje em sua A redução do desmatamento na Amazônia recebeu
Basta comparar a
quarta fase, estabeleceu como meta, para 2020, que uma contribuição de valor inestimável de duas
taxa média anual de a área de desmatamento fosse no máximo igual a organizações empresariais do agronegócio brasileiro: Os bons resultados da iniciativa são evidentes. O
desmatamento da 20% da média do período de 1996 a 2005. Como ela a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de balanço da safra de 2018/2019 mostrou que apenas
Amazônia nos últimos foi de 19.625 km² anuais, a meta de desmatamento Óleos Vegetais) e a ANEC (Associação Nacional dos 1,8% da soja, plantada na Amazônia, se encontrava
20 anos, que foi de da Amazônia em 2020 corresponderia a 3.925 km² Exportadores de Cereais). em áreas desmatadas depois da declaração
no máximo. da moratória. São 88.234 hectares. Os outros
10.129 km², com a dos Em 2006, as duas entidades declararam uma 98,2% foram cultivados em áreas que tinham sido
últimos 10 anos: que é Não se pode dizer que o plano tenha obtido êxito moratória da soja no bioma Amazônia. Trata-se de um desmatadas anteriormente, principalmente para a
de 6.947 km². total, porque há sinais de que os números do compromisso das empresas a elas associadas de não abertura de pastagens.
desmatamento da Amazônia em 2020, tenham sido adquirirem soja proveniente de novos desmatamentos
maiores do que os desejados. Mas até 2017, o padrão no bioma.
de comportamento foi mais favorável, quando a meta
era um desmatamento anual de 7.073 km², superior à O controle do cumprimento da moratória
taxa da devastação real da floresta que foi de 6.947 é feito sistematicamente, via satélite, no
km². O problema apareceu em 2018, quando a meta conjunto de municípios amazônicos que
era um desmatamento de 6.027 km² e ele foi de concentram a maior área de produção.
7.563 km². E a situação piorou em 2019, quando a A lista é sempre atualizada. Na safra 2018/2019,
meta de 4.981 km² não chegou à metade do que os municípios monitorados concentraram
aconteceu na realidade: um desmatamento efetivo 98% da área de soja cultivada no bioma.
de 10.129 km². Os 2% não monitorados se espalhavam por
77 municípios.

DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA (km²) DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA (km²)


30.000
DESMATAMENTO REAL META DESMATAMENTO
25.000
30000

25000 20.000
média: 10.129 (últimos 20 anos)

20000 meta: 19.625


15.000

15000
10.000
média: 6.947
10000
(últimos 10 anos)
5.000
5000

0
0
1996

1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021
fonte: MMA com dados do sistema PRODES; INPE (2022) fonte: INPE (2022)
52,5% do bioma Cerrado é coberto com vegetação nativa 48 | Uma Jornada Sustentável

A meta estabelecida pelo Plano de a 2019 com um desmatamento de expandir sem provocar desmatamento.
Ação para Prevenção e Controle do 6.484 km², índice 31% abaixo da meta Atualmente, a leguminosa ocupa apenas
Desmatamento e das Queimadas no do ano. 8,9% do Cerrado e poderia tecnicamente
Cerrado (PPCerrado) adotou como explorar mais 21,9% em áreas já
ponto de partida a estimativa de que o Tal como acontece na Amazônia, desmatadas, o que corresponde a 43,9
desmatamento médio do bioma, entre também no Cerrado a indústria de milhões de hectares.
1999 e 2008, seria de 15.700 km². De óleos vegetais tem trabalhado pela
fato, ele foi maior, de acordo com os preservação do meio ambiente. Um Existem ainda 25,39 milhões de hectares
dados INPE. estudo da Abiove e Agrosatélite, cobertos com vegetação nativa, que são
mostrou que a vegetação nativa cobre aptos para o cultivo da soja e que podem
De qualquer forma, foi com base nessa 52,5% do bioma, apesar da expansão ser desmatados sem que o produtor viole
estimava média de 15.700 km² que, da agricultura brasileira na região, nas a legislação ambiental brasileira. Essa
em 2009, foi estabelecido pelo Plano últimas décadas. área corresponde a 12,4% do Cerrado.
que, em 2020, o desmatamento não
deveria ultrapassar a 9.421 km². Ou Além disso, o estudo aponta caminhos
seja, deveria cair 40%. O plano chegou para que a cultura da soja possa se

PLANO DE REDUÇÃO DO DESMATAMENTO


DO CERRADO (km²)

DESMATAMENTO REAL META DESMATAMENTO

3 5 000

30000

25000

20000 média: 15.700

1 5000

10000

5000

0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

fonte: MMA com dados do sistema PRODES; INPE (2022)


49 | Uma Jornada Sustentável

Para incentivar a preservação da vegetação nativa


nessa área agronômica e legalmente adequada
para ser explorada para o cultivo da soja, a
Abiove, em parceria com a Agrosatélite, criou um
mecanismo para facilitar ao produtor a entrada
no mercado de serviços ambientais.

A prática do pagamento por serviços ambientais,


que começou a ser adotada no mundo nos anos
1990, ganhou um incentivo maior em 2008, quando
a FAO (Organização da Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação) declarou ser esse o
método mais eficaz para garantir a preservação da
vegetação nativa.
Produtores agrícolas brasileiros seguem exigências ambientais rigorosas 50 | Uma Jornada Sustentável

O Código Florestal de 2012 O Código Florestal de 2012 estabelece Para viabilizar seu cumprimento, o
estabelece que todas as que todas as propriedades tenham uma Código Florestal estabeleceu dois
área mínima de reserva de vegetação instrumentos. O primeiro deles é o
propriedades tenham uma nativa. É a chamada Reserva Legal (RL) Cadastro Ambiental Rural (CAR), no qual
área mínima de reserva que, dependendo do tipo de vegetação o produtor registra sua propriedade no
de vegetação nativa. É a e do bioma, deve ocupar de 20% a 80% Ministério da Agricultura.
chamada Reserva Legal (RL) da área da propriedade.
Se a propriedade não estiver de acordo
que, dependendo do tipo de
com a legislação ambiental, o produtor
vegetação e do bioma, deve
ocupar de 20% a 80% da área
No bioma Amazônia a área destinada
à Reserva Legal deve ser de 80%
deve lançar mão do segundo instrumento
criado pelo Código Florestal, que é o
80%
da propriedade. do total, no Cerrado é de 35% e nos Programa de Regularização Ambiental
demais biomas é de 20% da área (PRA). Além do PRA do governo federal,
Além dos efeitos ambientais positivos total. Além da Reserva Legal, os há programas equivalentes em 18 20%
decorrentes da incorporação das produtores devem proteger as áreas nas estados. Aderindo a um deles, o produtor 20%
margens dos cursos d’água, grandes e deverá recuperar sua propriedade a
diversas tecnologias associadas à
produção, como uso racional de insumos, pequenos, e das lagoas e lagos. para deixá-la de acordo com a 35%
economia de água, de defensivos e Adicionalmente, devem conservar legislação ambiental.
menores emissões decorrentes da outras áreas como as que cercam as
nascentes, as encostas com aclive
adoção da biotecnologia, o atendimento
pronunciado e os topos de morro.
20%
dos produtores ao Código Florestal é AMAZÔNIA
São as chamadas Áreas de Preservação
essencial na pauta da sustentabilidade.
Permanente (APP). MATA ATLÂNTICA
20%
CAATINGA
CERRADO
PAMPA
20%
PANTANAL

Código Florestal

Reserva Legal (RL): área de reserva da vegetação nativa que, dependendo do tipo de vegetação
e do bioma, deve ocupar de 20% a 80% da área da propriedade.

Áreas de Preservação Permanente (APP): proteção de margens dos cursos d’água, além de áreas
que cercam as nascentes, as encostas com aclive pronunciado e os topos de morro.

Cadastro Ambiental Rural (CAR): registro da propriedade no Ministério da


Agricultura, descrevendo sua realidade atual quanto ao aproveitamento econômico e à
preservação ambiental.

Programa de Regularização Ambiental (PRA): recuperação da propriedade para


deixá-la de acordo com a legislação ambiental. Propriedades que não estão em conformidade
devem aderir ao programa afim de evitar eventuais punições.
51 | Uma Jornada Sustentável

Até abril de 2022, já tinham sido feitos mais de 6,5 legislação. Para contornar essa questão,
milhões de cadastros, representando uma área o Código Florestal prevê um mecanismo
total de 613 milhões de hectares. O número de fundamental para assegurar seu cumprimento:
pedidos de adesão ao PRA naquele momento já a criação de incentivos econômicos que premia
eram aproximadamente 3,4 milhões. Com base quem conserva, por meio do Pagamento
nesses dados, se pode perceber o quanto os por Serviços Ambientais (PSA). Esse
agricultores estão focados na preservação. O mecanismo, relativamente novo, pois entrou
custo de adequar as áreas em não conformidade em vigor em 2021, envolve uma alternativa
e a impossibilidade de auferir renda em áreas mais eficaz que as políticas ambientais de
que precisam constituir Reserva Legal ou APPs controle, recompensando os provedores de
são grandes limitações para os produtores serviços ambientais.
rurais cumprirem as exigências contidas na

CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR)


DADOS DECLARADOS ATÉ 11/ABRIL DE 2022

DADOS GERAIS

6.576.890 612.567.861 52
Cadastros (No.) Área cadastrada (ha) Solicitações de
adesão ao PRA (%)

1.494.856 225.693.652
Cadastros que passaram por Área de cadastros que passaram
algum tipo de análise (No.) por algum tipo de análise (ha)

28.631 12.237.917
Cadastros com análise de regularidade Área dos cadastros com análise de
ambiental concluída (No.) regularidade ambiental concluída (ha)

DADOS POR TIPO DE IMÓVEL


IMÓVEIS RURAIS

6.557.255 518.200.823 6.458.147


Cadastros (No.) Área cadastrada (ha) CPF/CNPJ (No.)

TERRITÓRIOS TRADICIONAIS DE POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

3.174 39.409.543 215.433


Cadastros (No.) Área cadastrada (ha) CPF/CNPJ (No.)

ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA

16.461 54.960.495 735.859


Cadastros (No.) Área cadastrada (ha) CPF/CNPJ (No.)

fonte: Serviço Florestal Brasileiro


Quase 98% dos imóveis cadastrados no 52 | Uma Jornada Sustentável

CAR não apresentaram desmatamento


nos últimos 3 anos

Afim de contribuir para o entendimento da dinâmica do uso do solo no Brasil


e em outros países tropicais, nasceu o Projeto de Mapeamento Anual do Uso
e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) em março de 2015. A ideia da
inciativa foi desenvolver e implementar uma metodologia rápida, confiável
e de baixo custo para gerar mapas anuais de cobertura e uso do solo do
Brasil a partir de 1985 até os dias atuais (e posterior atualização anual).

Em 15 de julho de 2022, o MapBiomas lançou seu último relatório, apontando


um aumento de 20% de desmatamento no país no último ano. Considerando
o período de 2019 a 2021 o número de imóveis com pelo menos um evento
de desmatamento detectado foi de 134.318, representando 2,1% dos imóveis
rurais brasileiros.

Ou seja, não foi detectado desmatamento nos últimos 3 anos em quase


98% dos imóveis rurais. O projeto também identificou os principais vetores
de pressão do desmatamento, sendo agropecuária, garimpo, mineração,
expansão urbana e outros, como pressão por construção de usinas eólicas
e solares.
Reconhecimento a quem conserva já é uma realidade no Brasil 53 | Uma Jornada Sustentável

O intenso uso dos recursos naturais gera externalidades com


potencial de impacto à sociedade e futuras gerações. A premissa
básica para o pagamento por serviços ambientais é compensar
aqueles que manejam o meio ambiente de forma a beneficiar toda
a sociedade.

Contudo, mesmo antes da definição do arcabouço legal, várias


iniciativas vinham sendo desenvolvidas para implantação de PSA
pelo Brasil.

PROGRAMAS DE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA)

FUNDO AMAZÔNIA PROGRAMA FLORESTA +


Foi instituído pelo Decreto n° 6.527 de 1° de Foi lançado em julho de 2020, pelo Ministério
Agosto de 2009, destinado ao financiamento do Meio Ambiente com o objetivo de pagar por
de ações que contribuem na prevenção, serviços ambientais, por diversas atividades
monitoramento e combate ao desmatamento voltadas para a proteção da vegetação nativa.
da floresta, além de promover a conservação Elas incluem o monitoramento, a vigilância e
e o uso sustentável das florestas no o combate a incêndios, o plantio de árvores, o
bioma amazônico. inventário ambiental, a instalação de sistemas
agroflorestais e a pesquisa.
O objetivo da iniciativa é reduzir as emissões
de gases de efeito estufa para a atmosfera, O Programa se destina a todos os produtores
decorrentes das áreas desmatadas e queimadas rurais e proprietários fundiários de todos
na Amazônia brasileira. os biomas. Na fase inicial, um projeto piloto
será testado na Amazônia, com uma verba
de 500 milhões de reais (cerca de 90 milhões
de dólares).
Agricultura de baixa emissão de carbono é programa oficial 54 | Uma Jornada Sustentável

As boas práticas na agricultura foram incluídas como


parte dos esforços do Brasil visando compromissos
voluntários de redução de emissões de gases de efeito
estufa, assumidos na 15ª Conferência das Partes (COP15),
realizada em 2009 em Copenhague. Em 2011, o governo
brasileiro lançou o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às
Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de
Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), tendo como
objetivo incentivar a adoção de técnicas mais resilientes, com
maiores ganhos produtivos e de baixa emissão de carbono pelos
produtores rurais.

As metas estabelecidas pelo Plano ABC foram fixadas


para o ano de 2020 e até 2018 várias metas já haviam
sido superadas. São seis as tecnologias incentivadas pelo
Plano ABC:

1.RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS 2. INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA- 3. SISTEMA PLANTIO DIRETO (SPD):


DEGRADADAS (RPD): FLORESTA (ILPF):

As pastagens degradadas são decorrentes de investimentos É uma estratégia de produção sustentável que integra agricultura, É a prática que consiste em reduzir a mobilização do solo, na hora
insuficientes e manejo inadequado. Estima-se que o país possua criação de animais e florestas plantadas em combinações que podem do plantio, limitando-a à linha ou cova de semeadura. Com ela,
em torno de 168 milhões de hectares de pastagens e que 26,7% variar bastante. As pesquisas conduzidas em diversas regiões do a cobertura do solo é mantida e o intervalo entre a colheita e o
dessa área esteja em forte estado de degradação, 38,7% esteja Brasil indicam que os sistemas de integração contribuem para a novo plantio é reduzido ou até suprimido. O sistema contribui na
moderadamente degradada e 41,1% esteja em bom estado. preservação da qualidade do solo, conservação da água, melhor conservação do solo e, por evitar a erosão, favorece também a
rendimento animal ao elevar o conforto térmico, mitigação dos preservação da água.
A recuperação de áreas degradadas tem o potencial de elevar a efeitos de gases de efeito estufa e ganho de sinergia entre as espécies
produtividade, por meio da maior lotação de animais e melhoria vegetais e a criação de animais. O sistema melhora a eficiência da adubação, o conteúdo de matéria
da forragem e mitigação da emissão de carbono na atividade. A orgânica do solo, reduz o consumo de energia fóssil ao reduzir
meta estabelecida no Plano ABC foi a recuperação de 15 milhões Apesar dos potenciais benefícios, a área ocupada por sistemas número de operações com máquinas, mitigando a emissão dos gases
de hectares de pastagens até 2020. Até 2018, estimava-se que 70% de ILPF no Brasil ainda é reduzida: 11,5 milhões de hectares, ou de efeito estufa.
do total teria sido alcançado, estimativas que variam em função da 5% da área ocupada com agricultura e pecuária. Entre os fatores
metodologia adotada. que explicam essa baixa adoção dos sistemas de ILPF destacam- Trata-se de uma prática que vem sendo crescentemente adotada
se aspectos culturais, necessidade de investimento inicial, no Brasil e foi uma das principais responsáveis pelo crescimento da
escassez de mão de obra qualificada, falta de informação e de agricultura brasileira nas últimas décadas. O Plano traçado até 2020
assistência técnica. tinha como meta incorporar 8 milhões de hectares à essa prática,
mas até 2018 a área já havia atingido 159% do objetivo inicial.
No entanto, o objetivo do Plano ABC era adotar técnicas de Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta em 4 milhões de hectares até 2020 e até
2018 a meta já havia atingido 146% desse valor.
55 | Uma Jornada Sustentável

4. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN): 5. FLORESTAS PLANTADAS (FP):

Uma das limitações dos solos tropicais e subtropicais para a produção As florestas plantadas, além de reduzirem a pressão sobre as florestas
agrícola vem da sua pobreza em nitrogênio, elemento indispensável para a nativas, capturam CO2 da atmosfera, ajudando a mitigar os efeitos
nutrição das plantas. A tecnologia de fixação biológica de nitrogênio lança do aquecimento global.
mão de microrganismos capazes de converter o nitrogênio da atmosfera
para torná-lo assimilável pelas plantas. O objetivo do Plano era plantar 3 milhões de hectares de florestas e,
neste caso, apenas 21% da meta havia sido atingida até 2018.
Além de baixar os custos da lavoura, protege o meio ambiente, porque
aumenta a matéria orgânica do solo e diminui a emissão de gases de efeito
estufa. No Brasil, a contribuição mais significativa da FBN foi observada
na cultura da soja, onde o uso de inoculante, a partir da década de 1960,
garantiu a competitividade do país quando comparada com outros países
6. TRATAMENTO DE DEJETOS ANIMAIS (TDA):
produtores, refletindo diretamente nos resultados da balança comercial.
Os dejetos animais são emissores de gás metano, um dos principais
No país, as outras culturas que podem se beneficiar da FBN, são a causadores do efeito estufa. Dar a eles uma destinação correta
cana-de-açúcar, milho, feijoeiro comum, feijão-caupi, arroz e trigo. representa uma contribuição direta para o esforço de contenção do
Ainda em relação aos benefícios ambientais, a FBN é uma tecnologia aquecimento global.
que pode ser empregada nos esforços de recuperação de áreas
degradadas, especialmente onde o uso pouco sustentável do Com esse fim, o Plano ABC incentiva a adoção pelos criadores
solo resultou na perda de matéria orgânica do solo e na perda de tecnologias de compostagem e biodigestão na produção de
de produtividade. fertilizante e biogás. O plano pretendia estimular o tratamento de
4,4 milhões de metros cúbicos de dejetos animais e estima-se que até
A meta do Plano ABC era levar a Fixação Biológica Nitrogênio a mais 5,5 2018 tenha sido alcançado 39% da meta.
milhões de hectares e estima-se que até 2018 cerca de 193% dessa meta já
havia sido atingida.
56 | Uma Jornada Sustentável

TECNOLOGIAS INCENTIVADAS PELO PLANO ABC


RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS (RPD) FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN)

COMPROMISSO ALCANÇADO COMPROMISSO ALCANÇADO


(até 2020): (de 2010 a 2018): (até 2020): (de 2010 a 2016):

Estimular recuperação de 15,0 milhões de Foram recuperadas 10,45 milhões de hectares Estimular adoção de 5,5 milhões de hectares Foram plantadas 10,64 milhões de hectares
hectares de pastagens degradadas para de pastagens degradadas correspondendo à de FBN para mitigação de 10 milhões de Mg utilizando FBN, correspondendo a 193% de
mitigação de 83 a 104 milhões de Mg CO²eq. 70% de alcance da meta, contribuindo com CO²eq. alcance da meta, contribuindo com a mitigação
quantidade entre 39,57 e 57,52 milhões de de 18,03 a 19,74 milhões de Mg CO ²eq e
Mg CO ²eq e um alcance entre 42 e 62% da alcance da meta estabelecida entre 180 e 197%.
meta estabelecida.

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF) FLORESTAS PLANTADAS (FP)

COMPROMISSO ALCANÇADO COMPROMISSO ALCANÇADO


(até 2020): (de 2010 a 2016): (até 2020): (de 2010 a 2016):
Estimular plantio de 3,0 milhões de hectares Foram plantadas 0,63 milhões de hectares de
Estimular adoção de 4,0 milhões de hectares Foram convertidos 5,83 milhões de hectares em
de FP para mitigação de 8 a 10 milhões de Mg florestas para fins comerciais, correspondendo
de ILPF para mitigação de 18 a 22 milhões de área de ILPF, correspondendo a 146% de alcance
CO²eq. a 21% de alcance da meta, contribuindo com
Mg CO²eq. da meta, contribuindo com a mitigação de 22,11
a mitigação de 25,37 milhões de Mg CO ²eq,
milhões de Mg CO²eq e um alcance de 111% da
considerando o sequestro de carbono na
meta estabelecida.
biomassa.

SISTEMA PLANTIO DIRETO (SPD) TRATAMENTO DE DEJETOS ANIMAIS (TDA)

COMPROMISSO ALCANÇADO COMPROMISSO ALCANÇADO


(até 2020): (de 2010 a 2016): (até 2020): (de 2010 a 2016):

Estimular adoção de 8,0 milhões de hectares Foram plantadas 12,72 milhões de hectares Estimular tratamento de 4,40 milhões de m³ Foram tratados entre 1,71 e 4,51 milhões de m³
de SPD para mitigação de 16 a 20 milhões de utilizando SPD, correspondendo a 159% de de dejetos animais para mitigação de 6,9 de dejetos de suinocultura, correspondendo a
Mg CO²eq. alcance da meta, contribuindo com a mitigação milhões de Mg CO²eq. um alcance de 39 a 103% da meta de volume de
de 23,28 milhões Mg CO²eq e 129% de alcance tratamento, contribuindo com a mitigação de
da meta estabelecida. 2,67 a 7,04 milhões de Mg CO²eq e um alcance
de 39 a 103% da meta estabelecida para TDA.
57 | Uma Jornada Sustentável

Para o conjunto de tecnologias previstas no (2010-2020), com foco no estímulo à adoção


Plano ABC, em sua primeira fase (2010 a 2020), de Sistemas, Práticas, Produtos e Processos BASES CONCEITUAIS DO PLANO ABC+
constatou-se a adoção em 52 milhões de de Produção Sustentáveis (SPSABC), sempre
hectares. Tal resultado permitiu mitigar cerca fundamentados sobre bases técnico- O ABC+ destaca como uma das bases Entende-se que essa abordagem
de 170 milhões de toneladas de CO2eq, o que científicas. conceituais a Abordagem Integrada da multifuncional potencializa a efetiva
representou o alcance de 115% da meta Paisagem (AIP), através da qual a gestão conservação dos recursos naturais, sem
estabelecida para o período. No novo ciclo (2020-2030), deverão ser do território agropecuário deve levar em prejuízos à produtividade e à renda do
fortalecidos a governança institucional e conta os diversos elementos da paisagem produtor, além de fomentar a valoração
A nova fase do Plano Setorial de Mitigação os sistemas de monitoramento e avaliação rural, refletindo seu aspecto diversificado, econômica dos serviços ecossistêmicos
e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a gestão integrada de dados. Também sistêmico e dinâmico. gerados durante a produção dos alimentos
para a Consolidação de uma Economia de serão fomentados incentivos econômicos e equacionar conflitos no ambiente rural,
Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, e instrumentos de mercado aptos a O incentivo à adoção e manutenção de majoritariamente ligados ao ordenamento
rebatizado de ABC+ (Plano Setorial para remunerar sistemas sustentáveis de Sistemas, Práticas, Produtos e Processos do território.
Adaptação à Mudança do Clima e Baixa produção, o que aumenta a necessidade de Produção Sustentáveis (SPSABC), ocorre
Emissão de Carbono na Agropecuária com de focar em desenvolver mecanismos de enfatizando o uso eficiente de áreas com As metas apontadas no Plano ABC+ envolvem
vistas ao Desenvolvimento Sustentável), a Monitoramento, Reporte e Verificação aptidão para produção agropecuária, com a mitigação de pouco mais de 1 bilhão de
ser executado de 2020 a 2030 teve suas (MRV), alinhados a critérios científicos forte estímulo à regularização ambiental, toneladas de CO 2 eq até 2030, além da
bases lançadas em documento elaborado aceitos internacionalmente. à valoração da paisagem, à recuperação e incorporação de quase 73 milhões de hectares,
pelo Ministério da Agricultura em 2021. conservação da qualidade do solo, da água 208 milhões de metros cúbicos de resíduos e
Entende-se, desse documento, que o As mudanças atendem à necessidade de e da biodiversidade, e à valorização das 5 milhões de animais à praticas ou sistemas
ABC+ continuará sendo um instrumento facilitar a valorização e comunicação das especificidades locais e culturas regionais. de produção sustentáveis.
promotor de uma agropecuária sustentável, contribuições da agropecuária brasileira à
incorporando uma abordagem integrada da sustentabilidade com a desejável melhoria
paisagem e a mitigação de gases de efeito da imagem do país em âmbito nacional e
estufa. Foram reforçadas as estratégias internacional.
COMPROMISSOS DE AMPLIAÇÃO DOS SPSABC,
adotadas e consolidadas no primeiro ciclo ATÉ 2030, CONSIDERANDO 2020 COMO ANO BASE

Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Ampliação da adoção Potencial de mitigação de emissões


Produção Sustentáveis - SPSABC (milhões de hectares) de GEE (milhões de Mg CO2eq)

TECNOLOGIAS ABC
Práticas para Recuperação de Pastagens Degradadas 30 113,7

Metas voluntárias • Adoção das tecnologias em 35,5 milhões de hectares (~ Alemanha) Sistema Plantio Direto de Grãos 12,5 12,11
(até 2020) • Mitigação de 133 a 163 milhões de Mg CO2eq.
Sistema Plantio Direto Hortaliças 0,08 0,88

Integração Lavoura Pecuária Floresta 10 37,9


Recuperação de Pastagens Degradadas - 15 milhões hectares
Sistemas Agroflorestais 0,1 0,38
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – 4 milhões hectares
Florestas Plantadas 4 510
Sistema Plantio Direto – 8 milhões hectares
Bioinsumos 13 23,4
Florestas Plantadas – 3 milhões hectares
Sistemas Irrigados 3 50
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) – 5,5 milhões hectares
Manejo de Resíduos da Produção Animal 208,4 million m3 277,80
Tratamento de Dejetos Animais – 4 milhões m3
Terminação Intensiva 5 million animals 16,24

72,68 milhões há
1.042,41 milhões
Resultados Adoção em 52 milhões de hectares (~ 1,5 Alemanha) TOTAL SPSABC 208,40 milhões m3
de Mg CO2eq
(de 2010 a 2020) Mitigação 170 milhões de Mg CO2eq. 5 milhões de animais

Alcance 115% da meta fonte: Mapa/DEPROS, 2021


58 | Uma Jornada Sustentável

No ABC+ estão combinadas estratégias de Em linhas gerais, as estratégias de adaptação


mitigação e adaptação. As primeiras, que tem como foco: (I) adoção e manutenção de
limitam as emissões atuais e futuras e/ práticas conservacionistas; (II) adoção e
ou incentivam sumidouros para GEEs, são manutenção de sistemas em integração; e
reconhecidamente eficazes na atenuação dos (III) melhoramento genético e aumento da
efeitos das mudanças do clima. Contudo, com diversidade biológica.
o aumento de frequência de eventos extremos
no país e urgência no fortalecimento das ações Merecem destaque também as estratégias
voltadas à diminuição da vulnerabilidade dos que fortalecem a resiliência dos sistemas de
sistemas de produção agropecuários e ao produção e garantem a eficiência produtiva e
aumento da resiliência do setor nacional, as a rentabilidade em cenários climaticamente
ações de adaptação crescem em importância mais desafiadores, tais como (I) sistemas
e merecem destaque. de gestão integrada do risco, de previsão
climática e zoneamento territorial e de
alerta prévio; (II) sistemas de análise do
desempenho socioeconômico e ambiental;
e (III) assistência técnica.

Entre as estratégias do ABC+, destacam-se:

Manter o estímulo à adoção e manutenção de sistemas agropecuários conservacionistas e


1. sustentáveis de produção, com aumento da produtividade e renda, da resiliência e do controle
das emissões de gases de efeito estufa;

2. Fortalecer as ações de transferência e difusão de tecnologias, capacitação e assistência técnica;

Estimular e apoiar a pesquisa aplicada ao desenvolvimento ou aprimoramento de Sistemas,


3. Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis com foco no aumento da resiliência,
da produtividade e renda, e no controle das emissões de gases de efeito estufa;

Criar e fortalecer mecanismos que possibilitem o reconhecimento e valorização dos produtores


4. que adotam Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis;

Fomentar, ampliar e diversificar fontes e instrumentos econômicos, financeiros e fiscais


5. atrelados aos Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis;

Aprimorar o sistema de gestão das informações do ABC+, para efetivação do Monitoramento,


6. Reporte e Verificação (MRV) e do Monitoramento & Avaliação de seu portfólio de ações e
resultados;

Fomentar a agropecuária integrada à paisagem, de forma a incentivar a regularização ambiental


7. das propriedades rurais e a produção sustentável em áreas de uso agrícola.

Nas estratégias 5 e 6 encontram-se iniciativas importantes para valorar os esforços de redução de


emissões, entre elas a precificação do carbono através do estabelecimento de um mercado de carbono.
Um passo dado nessa direção foi a publicação do decreto n° 11.075, em maio, sobre o qual trataremos
a seguir.
Agronegócio brasileiro vem contribuindo com a mitigação 59 | Uma Jornada Sustentável

das mudanças climáticas


A autorização para os Em dezembro de 2020, o Brasil países continuarem a contabilizar para A nova contribuição, de 2020, reafirma e o Desenvolvimento Sustentável, a
países continuarem compartilhou com a ONU (Convenção- si reduções de emissão ocorridas fora a meta de 2025 e transforma em Eco-92, no Rio de Janeiro, que aprovou
Quadro das Nações Unidas sobre a do seu território, incentiva o mercado de oficial a meta de 2030, que era apenas a Convenção da Biodiversidade. Aderiu a
a contabilizar para si Mudança do Clima – UNFCCC, em inglês) a créditos de carbono. indicativa. Uma nova meta indicativa, todos os principais tratados ambientais
reduções de emissão atualização dos seus objetivos de redução agora para 2060, é atingir a neutralidade multilaterais, aprovou leis e desenvolveu
ocorridas fora do seu da emissão de gases de efeito estufa, em Quando o Brasil ratificou o Acordo, em climática, ou seja, sequestrar tanto políticas públicas para promover o
território, incentiva o consonância com o Acordo de Paris. 20 de setembro de 2016, passaram a ser c a r b o n o d a at m o s fe ra q u a nt o desenvolvimento sustentável.
consideradas as primeiras Contribuições porventura emitir.
mercado de créditos
Assinado em 2015, o ponto central Nacionalmente Determinadas
de carbono. Nesse do Acordo foi de estabelecer como Pretendidas (INDC, em inglês)do país Ao atualizar seus compromissos
mercado, quem meta que a temperatura média para a obtenção da meta global de internacionais pela proteção do meio
consegue reduzir global não chegasse a 2°C acima dos redução das emissões de gases de efeito ambiente, o Brasil mostrou coerência com
níveis pré-industriais. Para isso, cada estufa. As metas brasileiras incluem ainda uma tradição sólida. Desde que o mundo
emissões obtém
país deverá dar a sua contribuição, o setor industrial e de transportes. se conscientizou que as riquezas naturais
créditos que podem adotando políticas que conduzam são finitas, o país esteve presente em todos
ser negociados com à redução de emissões de gases de A contribuição brasileira de 2015 os grandes encontros internacionais
quem não consegue. efeito estufa. estabeleceu, para 2025, a meta de para debater e buscar soluções para o
reduzir as emissões de gases de efeito problema. Participou da 1ª Conferência
Um ponto também importante foi a decisão estufa para 37% abaixo dos níveis de das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
de criar fluxos financeiros com o fim de 2005. Além disso, apresentou como meta Humano, a Conferência de Estocolmo,
promover os esforços necessários à indicativa, para 2030, uma redução para em 1972. Foi anfitrião da Conferência das
meta do Acordo. A autorização para os 43% abaixo, também, dos níveis de 2005. Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
60 | Uma Jornada Sustentável

CONTRIBUIÇÕES NACIONALMENTE
DETERMINADAS PRETENDIDAS (INDC)

SETOR PROPOSTAS INDC SETOR PROPOSTAS INDC

• Fortalecer o cumprimento do Código Florestal, em âmbito • Aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz
federal, estadual e municipal; energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030,
expandindo o consumo de biocombustíveis avançados (segunda
• Fortalecer políticas e medidas com vistas a alcançar, na geração), e aumentando a parcela de biodiesel na mistura do
Amazônia brasileira, o desmatamento ilegal zero até 2030 e diesel;
a compensação das emissões de gases de efeito de estufa
provenientes da supressão legal da vegetação até 2030; • Alcançar uma participação estimada de 45% de energias
FLORESTAL ENERGIA renováveis na composição da matriz energética em 2030,
• Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas incluindo:
até 2030, para múltiplos usos;
- Expandir o uso de fontes renováveis, além da energia hídrica,
• Ampliar a escala de sistemas de manejo sustentável de na matriz energética total para uma participação de 28% a 33%
florestas nativas, por meio de sistemas de georeferenciamento até 2030;
e rastreabilidade aplicáveis ao manejo de florestas nativas, com
vistas a desestimular práticas ilegais e insustentáveis. - Expandir o uso doméstico de fontes de energia não fóssil,
aumentando a parcela de energias renováveis (além da energia
hídrica) no fornecimento de energia elétrica para ao menos 23%
até 2030, inclusive pelo aumento da participação de energia
eólica, biomassa e solar.

• Alcançar 20% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.

SETOR PROPOSTAS INDC

• Promover medidas de eficiência, melhorias na infraestrutura


de transportes e no transporte público em áreas urbanas.
SETOR PROPOSTAS INDC
TRANSPORTE

• Fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono


(Plano ABC) como a principal estratégia para o desenvolvimento
SETOR PROPOSTAS INDC sustentável na agricultura, inclusive por meio da restauração
adicional de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas
até 2030 e pelo incremento de 5 milhões de hectares de sistemas
AGRICULTURA de integração lavoura-pecuária-florestas (ILPF) até 2030.

• Promover novos padrões de tecnologias limpas e ampliar


medidas de eficiência energética e de infraestrutura de baixo fonte: MMA (2015)
carbono.

INDÚSTRIA
Mercado de carbono 61 | Uma Jornada Sustentável

A trajetória sustentável da agropecuária brasileira resulta de GEE para países desenvolvidos e a possibilidade de países em other land use), em que se destacam os projetos denominados
estímulos diversos relacionados à busca de eficiência, disponibilidade desenvolvimento venderem créditos de carbono para que países REDD+ (Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes
de tecnologias, políticas públicas e imagem das empresas. desenvolvidos cumpram as metas de redução de emissões. do Desmatamento e da Degradação florestal).
Especificamente em relação às práticas que levam à redução de
emissões de GEE, os estímulos também podem estar relacionados Com o tempo, além de projetos concebidos no âmbito do Protocolo O setor de Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra (Agriculture,
às iniciativas de precificação do carbono. Em outras palavras, de Quioto, no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, foram Forests and other land use - AFOLU) engloba as atividades agrícolas
o reconhecimento de práticas que envolvam menor emissão de desenvolvidas iniciativas no denominado mercado voluntário, fora que emitem GEE (CH4, N2O e CO2) e as emissões e remoções (CO2)
carbono agrega valor aos produtos e cria novas oportunidades de do âmbito das Nações Unidas, devido ao crescimento do número derivadas de mudança de uso da terra e/ou manejo que alteram os
mercado. de empresas que buscam neutralizar suas emissões. estoques de carbono da biomassa e dos solos.

De forma simplificada, o mercado de carbono é um instrumento de Um mercado de carbono brasileiro vinha sendo estudado no Brasil, Há, portanto, um grande potencial para geração de créditos pela
precificação usado para incentivar a redução das emissões de gases através do Projeto PMR Brasil, no âmbito do Partnership for Market agropecuária e setor de florestas no Brasil, devido à extensão
de efeito estufa. As companhias recebem limites de quantidade de Readiness (PMR), programa do Banco Mundial que fornece suporte das áreas existentes no país e a disseminação de diversas
carbono que podem emitir (cotas), seja por imposição do governo ou para preparar e implementar políticas de mitigação das mudanças práticas que podem resultar em mitigação ou remoção de GEE da
por compromissos voluntários assumidos por setores ou empresas, climáticas, incluindo instrumentos de precificação de carbono, a atmosfera, conforme explorado no capítulo que trata do Plano
e para emitir GEE acima da cota, é preciso comprar licenças, que fim de aumentar a escala da mitigação de GEE. ABC. O desenvolvimento de um mercado de carbono no Brasil
são vendidas pelas organizações que conseguiram cortar suas pode contribuir para acelerar o desenvolvimento de projetos de
emissões, portanto, gerar créditos de carbono. De acordo com o relatório Mercado de Carbono Voluntário descarbonização no país.
no Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), o volume de
A negociação entre quem tem créditos e quem precisa obter créditos gerados no mercado voluntário de carbono em projetos Nesse sentido, em maio de 2022, foi assinado o DECRETO Nº 11.075,
permissão (licenças) ocorre em um mercado similar a uma Bolsa desenvolvidos no Brasil em 2021 apresentou expressivo aumento, de que estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos
de Valores e o valor das licenças pode ser definido pelo órgão 236%, em relação ao volume gerado em 2020 e de 779% em relação Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema
regulador ou pela lei da oferta e procura. Ao limitar o volume de ao volume gerado em 2019. Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa – Sinare,
gases de efeito estufa e autorizar que as empresas comercializem que deve funcionar como uma central para registros de emissões,
licenças entre si, o governo cria um sistema de incentivo para que Seguindo a tendência do mercado internacional, o aumento reduções, compensações e transações de créditos.
setores econômicos adotem tecnologias mais limpas. expressivo da quantidade de créditos gerados foi liderado pelos
setores de produção e conservação de energia e pelos projetos
O Protocolo de Quioto foi um passo importante para incentivar que envolvem Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra –
projetos sustentáveis, ao estabelecer limites de emissão de também conhecidos pela sigla AFOLU (Agriculture, Forests and

O texto do decreto trata também da governança dos sistemas —dividida entre Ministério da Economia
e Ministério do Meio Ambiente— e apresenta a definição de ativos como crédito de carbono e crédito de
metano. De acordo com o texto, os setores poderão apresentar propostas para as curvas de redução de
emissões num prazo de 180 dias —prorrogável por mais 180 dias.

O decreto é ato normativo que ainda depende de diversas regulamentações. O texto não prevê, por
exemplo, a criação de um mercado de carbono regulado, pois não envolve nenhuma obrigação
de redução de emissões. Apesar da relativa insegurança em relação a várias definições, a
iniciativa de publicar o decreto pode ser vista como uma forma de colocar o tema no centro do
debate nacional sobre descarbonização e uma oportunidade para o Brasil se posicionar como
potência agroambiental.
Brasil possui o maior programa de destinação segura de 62 | Uma Jornada Sustentável

embalagens de defensivos agrícolas no mundo


Ainda no tema da sustentabilidade do O Sistema parte do princípio, já definido afastadas das unidades fixas. De lá, Desde 2002, o Sistema Campo Limpo já
setor agropecuário é preciso destacar que em lei no Brasil, de que as empresas de são levados para 9 recicladoras e 4 recolheu mais de 670 mil toneladas de
o Brasil possui um dos mais importantes defensivos, os canais de distribuição, os incineradores. Das embalagens recolhidas, embalagens usadas de defensivos. Em 2021,
programas de destinação de resíduos sólidos agricultores e o poder público, são solidários 93% são recicladas e reutilizadas e 7% foram 53,5 mil toneladas . Estima-se que isso
de defensivos agrícolas do mundo. na responsabilidade de evitar que eles são incineradas. represente cerca de 94% das embalagens
contaminem o meio ambiente. vendidas no ano.
O Sistema Campo Limpo é uma iniciativa
desenvolvida pela indústria de defensivos Por isso, cada setor tem seu papel no esforço Desde 2002, o Sistema Campo
para garantir uma destinação correta de impedir que as embalagens se tornem Limpo já recolheu mais de 670 mil
das embalagens vazias. O Sistema Campo uma ameaça para a natureza.
Limpo é gerido pelo Instituto Nacional
toneladas de embalagens usadas
de Processamento de Embalagens Vazias Organizado em todas as regiões do país, o de defensivos. Em 2021, foram
(inpEV), que tem como sócios cerca de 100 Sistema Campo Limpo reúne 411 unidades 53,5 mil toneladas . Estima-se que
empresas e organizações ligadas à indústria de fixas de recebimento e 4.100 receitas isso represente cerca de 94% das
defesa vegetal. itinerantes, facilitando o acesso de
embalagens vendidas no ano.
agricultores localizados em áreas mais

1 2

6 (b) Produto pronto


para comercialização
Comercialização 3
b) Reciclagem Utilização e
tríplice lavagem

FLUXO DO CAMPO
SISTEMA LIMPO
6 (a)
6 5 4
a) Incineração

Destinação
ambientalmente Processamento Devolução
correta das embalagens
63 | Uma Jornada Sustentável

RESULTADOS DO SISTEMA CAMPO LIMPO


destinação do material (%)

7% O volume de encomendas recebidas e enviadas pelo Sistema Campo Limpo cresce ano a ano.
Embalagens
incineradas Em 2021, foram 53.573 toneladas, superando a meta inicialmente projetada para o período
(53 mil toneladas). O resultado foi 7% superior ao registrado em 2020.

93%
Embalagens
recicladas e
reutilizadas Emissões
fonte: INPEV (2022)
899 mil toneladas de CO2eq Destinação de 650 mil toneladas de
evitadas (2002-2021), o que equivale a embalagens vazias.
16 mil viagens de caminhão ao redor da Terra.
Das embalagens recolhidas, 93% são recicladas
e reutilizadas, e 7% são incineradas. 75.589 toneladas de dióxido de carbono Peso equivalente a 570
equivalente evitadas apenas em 2021. estátuas do Cristo Redentor
(Rio de Janeiro-RJ)

mais de
Energia
670 36 bilhões de megajoules de energia não foram
toneladas consumidos, o suficiente para abastecer Emissão evitada de 899
desde 2002 5,2 milhões de residências por um ano. mil toneladas de CO2eq
Carbono capturado por 6,5
4 bilhões de megajoules de energia milhões de árvores.
economizados apenas em 2021.
mais de

53,5
toneladas Água Evitou o consumo de 36
em 2021 225 milhões de litros de água não foram milhões de gigajoules de
consumidos desde 2019, o que equivale ao energia, o suficiente para
consumo diário de 1,1 milhão de pessoas. abastecer 5,2 milhões de
residências por um ano.
94% 89,8 milhões de litros de água economizados
embalagens somente em 2021.
vendidas no ano
O agronegócio brasileiro engaja muita gente 64 | Uma Jornada Sustentável

Em 2021, o PIB (Produto Interno Bruto) 4 milhões e 6 milhões de pessoas, Um dado importante, para avaliar o efeito A consultoria Kleffmann analisou o IDH
do agronegócio brasileiro representou enquanto 234 mil pessoas estavam do avanço agropecuário do Brasil na vida em municípios produtores de soja, milho,
27,4% do total do país. O setor foi ocupadas no segmento de insumos. das pessoas, é a evolução do índice de algodão e cana-de-açúcar no Cerrado
responsável por mais de 19 milhões de No campo, estavam empregadas 8,6 desenvolvimento humano (IDH) nas brasileiro, principal área de expansão
empregos, sendo que a agroindústria e os milhões de pessoas. áreas agrícolas. O IDH é uma medida de agropecuária nas últimas décadas e
serviços empregaram, respectivamente, avaliação do desenvolvimento que leva em concluiu que o índice cresceu mais
conta três dimensões básicas: renda per fortemente nesses municípios do que
capita, saúde e educação. Quanto mais nos não agrícolas. Nos municípios que
próximo ele está do número 1, maior o concentram a produção de soja o IDH
desenvolvimento humano da região. cresceu 64%, nos municípios produtores
de cana-de-açúcar o crescimento foi
Entre 1991 e 2010, o índice calculado em de 65%, nos de milho foi de 73% e nos
EMPREGO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO nível municipal, totalizado para o Brasil municípios que concentram a produção
passou de 0,493 a 0,727, um avanço de algodão o aumento do indicador foi
4,25% de 47%. de 131%.
0,26% Agroindústria
Insumos
6,54%
IDH de municípios crescimento
Agroserviços
produtores 1991 2010 percentual
9,11%
Primário NÃO AGRÍCOLA 0,493 0,727 47%
SOJA 0,4457 0,7292 64%
CANA-DE-AÇÚCAR 0,4426 0,729 65%
82,32% Agronegócio é responsável por ALGODÃO 0,306 0,7071 131%
Outros setores 20,15% dos empregos no Brasil
MILHO 0,4102 0,7099 73%

fonte: Kleffmann (2014)

Entre os maiores avanços apresentados no índice de desenvolvimento humano no período


destacaram-se municípios produtores de soja no Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia além do
Mato Grosso, que mais que dobraram os valores de IDH no início dos anos 90.

Área Evolução
Setor Emprego % Rank Município Mesorregião UF plantada
IDHM IDHM IDHM
IDH
(em milhões) 1991 2000 2010
2010 (ha) (1991-2010)

1° Campos Lindos Oriental do Tocantins TO 48.000 0,14 0,34 0,54 294%


Insumos 0,24 0,26 2° Gaúcha do Norte Norte Mato-Grossense MT 72.000 0,18 0,51 0,62 236%
Agroindústria 3,95 4,25 3°
Baixa Grande
Sudoeste Piauiense PI 73.761 0,20 0,35 0,56 179%
do Ribeiro
Agroserviços 6,08 6,54 4° Jaborandi Extremo Oeste Baiano BA 50.000 0,24 0,37 0,61 161%

Primário 8,47 9,11 5° Ipiranga do Norte Norte Mato-Grossense MT 171.850 0,28 0,60 0,73 160%
Santa Rita
Agronegócio/total 18,74 20,15 6° do Trivelato Norte Mato-Grossense MT 135.000 0,32 0,60 0,74 133%

Brasil/outros setores 76,54 82,32 7° Tasso Fragoso Sul Maranhense MA 104.759 0,26 0,45 0,60 130%

8° Riachão das Neves Extremo Oeste Baiano BA 64.194 0,27 0,39 0,58 116%
Brasil/total 95,28 100
9° Correntina Extremo Oeste Baiano BA 101.000 0,28 0,44 0,60 116%
fonte: Cepea (2021) 10° Sapezal Norte Mato-Grossense MT 378.167 0,34 0,60 0,73 115%

fonte: Kleffmann (2014)


65 | Uma Jornada Sustentável

Um outro recorte interessante relacionado se observa em Correntina e São Desidério, Comparando com os demais componentes dimensão educação teve elevação de 98%
ao IDH diz respeito à dimensão educação. enquanto a Bahia apresentava valores em do IDH, no Estado da Bahia, enquanto as entre 1991 e 2010.
No período de 1991 a 2010, o componente torno de 0,182 e o Brasil 0,279. Em 2010, os dimensões longevidade e renda, cresceram,
do índice relacionado à educação mostrou mesmos municípios já revelavam valores respectivamente, 35% e 22% entre 1991 e A evolução do índice relacionado à
evolução mais acentuada que as demais, acima de 0,449. No Mato Grosso, enquanto 2010, o incremento relativo à educação educação em ritmo maior que os demais,
em que pese o baixíssimo nível geral em 1991 os valores de IDH na dimensão foi de 205%. No Mato Grosso, longevidade pela sua importância para a redução da
em que se encontravam os indicadores educação estavam entre 0,07 e 0,309 em e renda tiveram aumentos de 26% e 17%, pobreza extrema, tem um potencial de
educacionais brasileiros. Nos municípios importantes municípios produtores, tais face a 187% do componente educação no reduzir as profundas desigualdades inter-
baianos dedicados ao algodão, por exemplo, regiões passaram a apresentar valores período considerado. Finalmente, a título regionais que marcam os indicadores
os IDHs associados à educação estavam acima de 0,62 em 2010. de comparação, em São Paulo, longevidade sociais no país.
em níveis abaixo de 0,08, em 1991, como e renda evoluíram 16% e 8%, enquanto a

IDH EDUCAÇÃO EM 1991 E 2010 DOS PRINCIPAIS DIMENSÃO DOS ÍNDICES E INDICADORES
MUNICÍPIOS DAS REGIÕES PRODUTORAS DE IDH DO BRASIL DE 1991 A 2010

1991 2010 1991 2000 2010 VAR 2010/1991


0,279 IDH 0,386 0,512 0,660 71%
BRASIL
0,637
Longevidade 0,582 0,680 0,783 35%
0,182 BAHIA Educação 0,182 0,332 0,555 205%
BAHIA
0,555
Renda 0,543 0,594 0,663 22%
CORRENTINA 0,08
(BA) 0,481 IDH 0,449 0,601 0,725 61%

SÃO DESIDÉRIO 0,077 MATO Longevidade 0,654 0,740 0,821 26%


(BA) GROSSO
0,449 Educação 0,221 0,426 0,635 187%
0,221 Renda 0,627 0,689 0,732 17%
MATO GROSSO
0,635
CAMPO NOVO 0,254 IDH 0,578 0,702 0,783 35%
DO PARECIS(MT)
0,649 SÃO Longevidade 0,730 0,786 0,845 16%
PAULO
CAMPOS DE 0,226 Educação 0,363 0,581 0,719 98%
JÚLIO(MT) 0,625 Renda 0,729 0,756 0,789 8%
LUCAS DO RIO 0,319
VERDE (MT) 0,71 fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Pnud Brasil, Ipea e FJP (2020)

NOVA 0,18
MUTUM (MT) 0,673
PRIMAVERA 0,271
DO LESTE (MT) Em resumo, o sucesso da agricultura, em sociais, contribuindo para a redução da
0,653
um primeiro momento medido diretamente enorme distância que separa, em relação
pela geração de renda local, representa a condições de vida e oportunidades, os
SAPEZAL 0,077
(MT) 0,62 uma possibilidade real de expansão de brasileiros das várias regiões do Brasil.
seus efeitos para a melhoria de indicadores
SINOP 0,232
(MT) 0,682

SORRISO 0,286
(MT) 0,635
fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Pnud Brasil, Ipea e FJP (2020)
ESG no agronegócio brasileiro 66 | Uma Jornada Sustentável

O crescimento da visibilidade de ações que


levam em conta meio ambiente, aspectos
sociais e governança, representados
pela sigla ESG Environmental, Social
and Governance (Ambiental, Social e
Governança, na tradução), e sua valoração
crescente se traduzirá na crescente
importância desses aspectos nos critérios
de financiamento, impulsionando as
iniciativas que priorizam o uso racional dos
recursos naturais e práticas que mitigam os
impactos da produção.

É evidente que o Brasil tem empreendido


um conjunto de esforços tanto na legislação
como nas atividades empresariais
no sentido de valorizar as iniciativas
que mitigam a ação do homem sobre
o meio ambiente, especialmente nas
atividades agropecuárias.
SEGURANÇA
ALIMENTAR MUNDIAL
A fome é um desafio a ser superado no mundo 68 | Uma Jornada Sustentável

Mas, enquanto A população mundial atual é de 7,8 aumento previsto é de 25,9%. Depois Entre elas, ganhou expressiva a meta de “acabar com a fome,
o crescimento bilhões de habitantes. A grande vem a Oceania, com taxa um pouco repercussão a meta de conquistar a segurança alimentar,
maioria vive nas regiões menos abaixo da metade do crescimento uma nutrição melhorada, e promover a
nas regiões mais desenvolvidas do planeta: 6,3 bilhões africano. Em seguida, Américas e Ásia
“acabar com a fome, agricultura sustentável”.
desenvolvidas de pessoas. A perspectiva para os crescerão em proporções próximas. conquistar a segurança
ficará em 1,5%, próximos 10 anos é que a população Por fim, na Europa, a população alimentar, uma nutrição A subnutrição, que vinha diminuindo
nas menos do globo cresça 9,6% e chegue a 8,6 diminuirá nos próximos 10 anos. melhorada, e promover desde o início do século, chegou a seu
bilhões de habitantes. Mas, enquanto ponto mais baixo em 2014, quando
desenvolvidas a agricultura sustentável”.
o crescimento nas regiões mais Com isso, o crescimento esperado atingiu 628,9 milhões de pessoas, ou
será de 11,2%, desenvolvidas ficará em 1,5%, nas da população mundial será 8,6% da população mundial. Em 2019,
da humanidade, o tema tem sido
chegando a um menos desenvolvidas será de 11,2%, mais acentuado em regiões que depois de cinco anos de crescimento,
pautado nos mais diversos fóruns
total de 7,26 chegando a um total de 7,26 bilhões apresentam um quadro mais o problema já atingia 687,8 milhões de
do mundo. Em 2015, a Assembleia
de pessoas. desafiador relacionado à fome ou pessoas ou 8,9% da humanidade.
bilhões de pessoas. Geral da ONU aprovou uma
má nutrição.
Agenda para o Desenvolvimento
Segundo a Organização das Nações
Sustentável, com 17 metas a serem
Unidas (ONU), a população da África Uma vez que a fome e a subnutrição
atingidas até 2030. Entre elas,
é a que mais vai crescer até 2030. O representam os grandes desafios
ganhou expressiva repercussão

POPULAÇÃO MUNDIAL POR CONTINENTE


(em bilhões de habitantes)

2020 2030

AMÉRICA MUNDO ÁSIA


POPULAÇÃO MUNDIAL DO NORTE
7,80 / 8,55 4,62 / 4,95
0,37 / 0,40 TAXA: 9,6%
TAXA: 6,9%
9.00 8,55 TAXA: 7,1%
8.00 7,8 2020 2030
7,26
7.00 6,53
6.00

5.00

4.00 EUROPA
3.00 0,74 / 0,74
TAXA: -0,5% OCEANIA
2.00
1,27 1,29
1.00 0,04 / 0,05
AMÉRICA LATINA TAXA: 12,5%
0.0
MUNDO REGIÕES MAIS REGIÕES MENOS E CARIBE
DESENVOLVIDAS DESENVOLVIDAS
0,66 / 0,72 ÁFRICA
TAXA: 8,1%
fonte: United Nations (2019) 1,35 / 1,70
TAXA: 25,9%

Nota: A taxa corresponde ao percentual de crescimento da população. fonte: ONU (2019)


69 | Uma Jornada Sustentável
Segundo o último relatório da FAO sobre a Além do acesso a quantidades insuficientes
situação da segurança alimentar e da nutrição há também situações em que as variedades de
no mundo, de 2022, as projeções são de que alimentos a que se tem acesso resultam em uma
cerca de 670 milhões de pessoas ainda terão combinação inadequada de nutrientes, levando OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)
fome em 2030 – 8% da população mundial, à má nutrição por dietas desbalanceadas.
que é o mesmo que em 2015, quando a Agenda Inclusive, podendo desencadear um outro
2030 foi liberada. problema de saúde pública, a obesidade.

Muitos fatores são associados ao problema. Em A falta de acesso aos alimentos em quantidade 1 ERRADICAÇÃO
DA POBREZA 2 FOME ZERO E
AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL
geral situações de guerra e desastres naturais e qualidade adequadas se acentuam com a
promovem situações pontuais de interrupção desigualdade. Pelos dados atuais, a América
ou insuficiente acesso aos alimentos. Mas o do Norte e a Europa, que têm um índice de
caso mais comum refere-se à insuficiência subnutrição abaixo de 2,5% da população,
de renda para aquisição de alimentos que não mudarão de patamar, enquanto na África,
levam a um problema crônico e não limitado América Latina, e Oceania, o cenário deve

3 4 5
geograficamente. Fato agravado no mundo pela piorar até 2030. SAÚDE E EDUCAÇÃO IGUALDADE
IGUALDADE
pandemia do Covid-19. BEM-ESTAR DE QUALIDADE DE GÊNERO
DE GÊNERO

SUBNUTRIÇÃO MUNDIAL
SUBNUTRIÇÃO
chegou a seu ponto mais baixo em 2014, quando
6 7 8
ÁGUA POTÁVEL ENERGIA TRABALHO
E SANEAMENTO ACESSÍVEL DECENTE E
atingiu 628,9 milhões de pessoas, ou 8,6% da E LIMPA CRESCIMENTO
população mundial; ECONÔMICO

EM 2019, PREVISÃO DE 2030,


depois de cinco anos de fome afetará cerca de 670
crescimento, ela já atingia milhões de pessoas, ou 8%
9
CIDADES E
687,8 milhões de pessoas ou da população mundial” INDÚSTRIA
INOVAÇÃO E 10 REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES 11 COMUNIDADES
8,9% da humanidade; INFRAESTRUTURA
SUSTENTÁVEIS

fonte: FAO (2022)

12
CONSUMO E
PRODUÇÃO 13 MUDANÇA GLOBAL
AÇÃO CONTRA A
14 VIDA NA ÁGUA
RESPONSÁVEIS DO CLIMA

PARCERIAS
PAZ E JUSTIÇA
15 VIDA
TERRESTRE 16 E INSTITUIÇÕES
EFICAZES
17 E MEIOS DE
IMPLEMENTAÇÃO
70 | Uma Jornada Sustentável

PREVALÊNCIA DA SUBNUTRIÇÃO MUNDIAL


PROJEÇÕES 2030 (%)

AMÉRICA
DO NORTE

< 2,5 < 2,5


< 2,5
EUROPA
ÁSIA
CENTRAL < 2,5
7,4 13,1
ÁSIA
ÁSIA ORIENTAL
RUMO CERTO 12,4
NORTE DA
OCIDENTAL
ÁFRICA SUL DA
AMÉRICA 14,4 ÁSIA
CENTRAL 33,6 SUDESTE
ALGUM PROGRESSO CARIBE ÁFRICA
OCIDENTAL ÁFRICA 9,5 DA ÁSIA
ORIENTAL 8,7 OCEANIA
SEM PROGRESSO 7,0
23,0 38,0
OU AGRAVANDO
7,7 ÁFRICA
CENTRAL
AMÉRICA
DO SUL
ÁFRICA
Nota: Valores percentuais da prevalência da subnutrição DO SUL
projetados até 2030, estimados com base nos percentuais obtidos
nos anos 2005, 2010, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. As projeções
14,6
não refletem o impacto potencial da pandemia Covid-19.
fonte: FAO (2020)

O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional Mundial de Alimentos da ONU (PMA) e pela Organização Subsaariana e no Sul da Ásia, 57% da população estaria nessas
no Mundo”, produzido em conjunto pela Organização das Nações Mundial da Saúde (OMS), apresenta evidências de que uma condições, embora nenhuma região, incluindo a América do
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pelo Fundo dieta saudável custa muito mais que US$ 1,90 por dia, o limiar Norte e a Europa, esteja completamente livre dessa situação.
Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Fundo de pobreza internacional.
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo Programa Segundo o relatório, em 2019, entre um quarto e um terço
Produtos como laticínios ricos em nutrientes, frutas, vegetais das crianças com menos de cinco anos, algo em torno de 191
e alimentos ricos em proteínas (de origem vegetal e animal) milhões de indivíduos, sofrem de marasmo (atrofia progressiva
Produtos como laticínios ricos em nutrientes, estão nos grupos mais caros de alimentos. dos órgãos) ou atraso no crescimento. Outros 38 milhões de
frutas, vegetais e alimentos ricos em proteínas (de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso. Entre os
origem vegetal e animal) estão nos grupos mais As estimativas mais recentes são de que três bilhões de pessoas adultos, a obesidade se tornou altamente disseminada.
ou mais não podem pagar por uma dieta saudável. Na África
caros de alimentos.
71 | Uma Jornada Sustentável

Políticas restritivas É essencial destacar que disponibilizar maior A produção brasileira é variada e gera
ao comércio variedade de produtos de alto valor proteico, Destaca-se também um alerta quanto às barreiras excedentes exportáveis.
que aumente as possibilidades de compor dietas comerciais: governos devem avaliar cuidadosamente
tendem a elevar o mais adequadas, também configura importante os impactos do número crescente de barreiras
contribuir para redução de custos da alimentação
custo do alimento, contribuição à redução da insegurança alimentar. impostas ao comércio internacional sobre a
e facilitar a aquisição desses bens pelas populações
o que pode ser capacidade de compra de alimentos nutritivos
mais vulneráveis.
particularmente Ao relacionar os preços dos alimentos com a renda (inclusive medidas não tarifárias reduzidas com o
das populações, observa-se que mais de 3 bilhões intuito de garantir a segurança alimentar). Políticas
prejudicial para Além de quantidade, é muito importante que sejam
de pessoas no mundo estão economicamente restritivas ao comércio tendem a elevar o custo do
os países que são disponibilizadas opções de alimentos que permitam
impossibilitadas de ter uma dieta sadia. Isso alimento, o que pode ser particularmente prejudicial
compor uma dieta mais rica. As contribuições
importadores corresponde a 38,3% da população mundial. A dieta para os países que são importadores líquidos
brasileiras nos dois aspectos são positivas.
líquidos de adequada em nutrientes está fora do alcance de 1,5 de alimentos.
A produção brasileira é variada e gera
bilhão de pessoas; e a dieta apenas suficiente em
alimentos. excedentes exportáveis.
energia é inatingível para 185 milhões. Os desafios relacionados à fome ou à alimentação
inadequada no mundo conferem um papel especial aos
Uma série de políticas tem sido recomendadas para países que produzem excedentes de alimentos, como
a mitigação do problema, como investimentos e o Brasil. Aumentar a oferta de produtos agrícolas,
programas sociais para melhorar as condições das ainda que não garanta o acesso de toda a população
populações desnutridas ou mal alimentadas. às quantidades e qualidades necessárias, pode

O custo dos alimentos, segundo o relatório da FAO, é um fator importante para conter os índices de fome no mundo
e a piora na qualidade da alimentação. Em seu relatório, a FAO apresenta o resultado de uma pesquisa conduzida
com dados de 2017, que analisa três tipos diferentes de dieta: NÍVEIS DE QUALIDADE DA DIETA

1
3 Dieta saudável:
apresenta
Dieta suficiente em energia: é a que fornece balanceamento
a quantidade de calorias necessárias para o Dieta saudável: difere da dieta adequada pela mais rigoroso
trabalho diário. Contém apenas alimentos ricos Dieta adequada com maior
maior variedade de alimentos que a compõe, em nutrientes:
em amido, que podem ser, dependendo de cada além de possuir um balanceamento mais rigoroso. variedade de
país, o milho, o trigo ou o arroz. fornece níveis alimentos.
Embora varie segundo a idade e as necessidades suficientes
de cada pessoa, a dieta saudável deve ter menos de todos os
de 30% de energia proveniente de gorduras, dar Dieta suficiente
nutrientes
2 preferência às gorduras não saturadas sobre as
saturadas e não deve conter gorduras trans. Deve
em energia:
fornece a
essenciais.

ainda ter pouco consumo de açúcar, pelo menos quantidade


Dieta adequada em nutrientes: além das calorias 400 gramas de frutas e vegetais por dia, e no de calorias
citadas anteriormente contém carboidratos, máximo 5 gramas de sal. necessárias para
proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. o trabalho diário. fonte: FAO (2020)
Segurança alimentar no Brasil 72 | Uma Jornada Sustentável

No Brasil, como no resto do mundo, necessidades de seus moradores, ou seja, a


A pandemia que devastou o mundo desde têm maior dificuldades em recuperar os
assistimos a uma deterioração considerável insegurança alimentar (IA) foi identificada
o início de 2020 e que culminou em uma rendimentos aos níveis pré-pandemia.
dos indicadores de segurança alimentar nas modalidades moderada ou grave. Os
grande crise econômica e social agravou Esses produtores sofreram com aumentos
nos últimos anos. O último levantamento casos mais graves, identificados como IA
problemas que já haviam sido impostos ao nos custos dos insumos e dificuldades no
da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania grave, foram identificados em 15,5% dos
país, como a dificuldade de recomposição escoamento da produção, o que contribuiu
e Segurança Alimentar – PENSSAN, domicílios.
da renda do trabalho no emprego formal para resultados de insegurança alimentar
denominado Pesquisa Nacional de Segurança
ou informal. Além disso, a situação foi ainda mais negativos do que os observados
Alimentar, realizado entre o final de 2021 e o Evidentemente, a renda familiar influencia
agravada pelo conflito na Ucrânia, que nas áreas urbanas. Áreas de agricultura
início de 2022, revela que 28% dos domicílios diretamente na situação de segurança
afetou a oferta de grãos, insumos agrícolas familiar há muito excluídas da agricultura
pesquisados manifestam preocupação com alimentar. Nos domicílios onde a renda
e preços de combustíveis, contribuindo comercial viram as dificuldades históricas
a incapacidade de compra de alimentos, média por morador é inferior a ¼ do salário
para o aumento dos preços dos alimentos. de acesso aos mercados se aprofundarem
situação definida como insegurança mínimo (até ¼ do SMPC –Salário Mínimo Per
Como consequência, a desigualdade e também enfrentaram a redução
alimentar leve. Capita), apenas 9% têm acesso adequado
histórica no Brasil se acentuou ainda mais. dos recursos destinados às compras
à alimentação e a insegurança alimentar
governamentais.
A pesquisa avaliou situações de insegurança grave chega a 43%. Para rendas entre ¼ e
Agricultores familiares/produtores rurais,
nos níveis leve, moderado e grave. O nível ½ SMPC, observa-se que 24% declararam
não integrados em cadeias produtivas Apesar das medidas emergenciais
grave revela que o domicílio passou fome acesso adequado aos alimentos e a forma
organizadas ou vinculados à exportação, adotadas com a pandemia, o agravamento
nos últimos três meses anteriores à análise. grave de insegurança alimentar cai para 21%.
que conseguiram mitigar parcialmente exige medidas ainda mais amplas e ousadas
Em ⅓ dos domicílios (30,7%), já havia relato Acima de 1 SMPC, a insegurança alimentar
as perdas decorrentes do aumento dos para o enfrentamento do problema.
de alimentação insuficiente para suprir as grave cai para 3%.
preços dos produtos e do dólar no Brasil,

SEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL


DE ACORDO COM A RENDA FAMILIAR PER CAPITA
Porcentagem (%)

80

70 67

60

50
43 43
40
32 33
30 28
24 24 24
20 21
20
14
10 9 10
6
3
0
Até ¼ de Mais de ¼ até Mais de ½ até Mais de
SMPC ½ de SMPC 1 de SMPC 1 SMPC

Segurança IA Leve IA Moderada IA Grave


Alimentar

fonte: PENSSAN, 2022


A contribuição da agricultura para combater a fome 73 | Uma Jornada Sustentável

A fome é basicamente um problema de acesso tem sido altamente eficaz nas últimas décadas,
aos alimentos. Isso depende da existência permitindo que o país passe de importador
de produtos, ou seja, da oferta adequada de líquido para exportador líquido de vários
alimentos e das condições de aquisição desses produtos. Esse desempenho contribuiu para
bens, ou seja, da disponibilidade de renda das que, durante quarenta anos, de 1975 a 2005, PREÇO REAL DOS ALIMENTOS
famílias. Na ausência de renda suficiente para o custo real da cesta básica fosse reduzido
a compra de alimentos pelas famílias, resta a em média 5% ao ano. Por diversos motivos,
160.00
implementação de políticas públicas. apesar da oferta interna de produtos agrícolas
apresentar tendência de alta para a maioria 137,4 +86%
140.00
+48%
Em termos de oferta, a contribuição do setor dos produtos, o custo real da cesta começou a
118,8
agropecuário brasileiro para o mercado interno se recuperar. 120.00

100.00

CUSTO RELATIVO DA CESTA BÁSICA 80.00 66,9


(Índice* dez/75=100)
120.00 60.00

40.00
100.00

20.00

80.00
0

2022
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2006
60.00
fonte: FAO (2022)

40.00

5% por ano
20.00
40 anos
0 A renda insuficiente tem afetado as condições de acesso aos alimentos em grandes
1991

2011
1977

1981
1975

1979

1997

2017

2022
1976

1992

2012
1987
1978

1982

1993

2013
1995

2015
1983

1999

2019
1985

1994

1996

2014

2016
1989
1984

1986

1998

2018
1988

2001
1990

2010
1980

2007
2002

2020
2003

2005

2009
2004

2006

2021
2008
2000

populações em todo o mundo. No Brasil, a precarização do emprego, a maior informalidade


e a perda de efetividade de algumas políticas sociais contribuem para a situação de
fonte: Cálculos realizados com dados sobre o custo relativo da cesta básica do DIEESE, 2022 insegurança alimentar. Sem dúvida, estamos diante de um grande desafio: precisaremos
reconstruir o poder aquisitivo da população brasileira e calibrar políticas públicas para
combater a insegurança alimentar que voltou a crescer no país.
Infelizmente, o aumento da oferta não foi climáticas e, mais recentemente, a desordem
suficiente para possibilitar novas quedas reais de oferta causada pela pandemia e pela guerra De qualquer ângulo, os esforços para aumentar a produção agrícola, com menor
dos preços ao consumidor, mas certamente explicam as flutuações de oferta e demanda impacto ambiental, continuarão a representar a maior contribuição da agricultura
contribuiu para conter os aumentos de preços que elevaram os preços agrícolas. Em termos para enfrentar o enorme desafio global da fome.
que dificultariam ainda mais o acesso a esses globais, os preços dos alimentos também
bens. Questões macroeconômicas, oferta apresentam tendência de alta, conforme
e demanda internacionais, crises, questões mostram os dados da FAO.
Brasil, país protagonista no combate à fome 74 | Uma Jornada Sustentável

no mundo
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA
PRINCIPAIS PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO
O país exporta O Brasil tem condições de se manter 2018 o país teve uma participação de
cerca de 40 relevante na produção na próxima década. 5,2% nas exportações agrícolas mundiais,
Atualmente o país se posiciona como atrás apenas da União Europeia e dos
produtos o maior exportador mundial de carne Estados Unidos. Quase todos os países Exportações Variação
agropecuários. bovina, frango, soja, café, suco de laranja do mundo são seus clientes. (US$ bilhões) (2019 - 2020)
Produto
e açúcar, e segundo maior exportador
2020 2021 Valor
de milho. A expansão das vendas de produtos
agrícolas do Brasil para o mundo foi
O país exporta cerca de 40 produtos de 19,7% em 2021, comparado ao ano Soja em grãos 28,6 38,6 36,3%
agropecuários. Segundo dados da OMC anterior.
(Organização Mundial do Comércio), em Carne bovina 7,5 8,0 7,0%
in natura

Açúcar 8,7 9,2 5,0%

Celulose 6,0 6,7 12,4%

Farelo de soja 5,9 7,4 24,7%


EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO
Milho 5.9 4.1 -28.5%
Exportação (US$ bilhões) Crescimento em relação ao ano anterior (%)
Carne de frango
140,00 5,7 7,5 25,0%
in natura
19,7%
120,00 Café verde 5,0 5,8 16,7%
120,6
4,4% 5,4% 4,1%
100,00 0,9% -3,3% 13,0% -4,3% Algodão
99,9 -8,8% -3,7% 101,2 100,8 (não cardado 3,2 3,4 5,6%
95,7 96,7 96,0 96,9 nem penteado)
80,00 88,2 84,9
Carne suína
2,1 2,5 16,7%
in natura
60,00

Papel 0,7 0,9 24,5%


40,00
Fumo
1,6 1,5 -10,6%
e seus produtos
20,00

Sucos 1,6 1,9 16,3%


0,00
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Álcool 1,2 1,1 -10,9%

fonte: MDIC/ COMEX STAT (2021)


Outros 17,1 22,0 3,9%

Total 100,8 120,6 19,7%


Agronegócio

fonte: MDIC/COMEX STAT (2022)


75 | Uma Jornada Sustentável

PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO EM 2021

UNIÃO
EUROPEIA
14,9%
COREIA
TURQUIA DO SUL
EUA 1,8% 1,9%
7,5% CHINA JAPÃO
34% 2,1%
IRÃ
1,6%
TAILÂNDIA VIETNÃ
2,1% 2,1%

INDONÉSIA
1,6%

fonte: Comex Stat (2022)

Mais da Em termos de distribuição geográfica das A China é a maior compradora de cinco dos
metade das exportações brasileiras do agronegócio em 2021, produtos agropecuários que estão entre os
mais da metade foram destinadas aos países principais da pauta brasileira de exportações,
exportações da região da Ásia e Oceania, sendo a China o como a soja, açúcares e melaços, carne bovina,
do agronegócio principal destino, com 34% de participação. carne de aves e celulose.
brasileiro foram A União Europeia foi a segunda maior região,
destinadas para com 14,9%.
Em 2021, cerca de 76% do total de
países da Ásia produtos do agronegócio exportados
A América do Norte figurou como terceiro
e Oceania, destino das exportações do agronegócio, sendo para a China concentrou-se em dois
em 2021. o mercado de destaque os Estados Unidos, produtos: soja (66%) e carne bovina
com 7,5%. in natura (10%).
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA - PRINCIPAIS DESTINOS
76 | Uma Jornada Sustentável

AÇÚCARES E MELAÇOS 30,0


SOJA
1,60
2021 (bilhões de US$) 27,21 2021 (bilhões de US$)
1,41
1,40 25,0

1,20
20,0
1,00

0,80
0,78 15,0

0,60 0,58
0,60 10,0
0,44 0,43 0,43 0,40
0,40 0,35 0,32
5,0
0,20 1,67 1,29 1,20 1,02 0,70 0,56 0,55 0,55 0,53
0
0

CHINA ESPANHA TAILÂNDIA PAÍSES TURQUIA PAQUISTÃO IRÃ VIETNÃ MÉXICO TAIWAN
ARÁBIA
CHINA ARGÉLIA NIGÉRIA BANGLADESH CANADÁ MALÁSIA MARROCOS INDONÉSIA EGITO CHINA ESPANHA TAILÂNDIA BAIXOS
HOLANDA TURQUIA PAQUISTÃO IRÃ VIETNÃ MÉXICO TAIWAN
CHINA ARGÉLIA NIGÉRIA BANGLADESH CANADÁ SAUDITA
ARÁBIA
MALÁSIA MARROCOS INDONÉSIA EGITO
SAUDITA
fonte: Comex Stat (2022) fonte: Comex Stat (2022)

4,50
CARNE BOVINA*
4,00
3,90
2021 (bilhões de US$) 0,80
MILHO*
Os demais produtos 0,73 2021 (bilhões de US$)
3,50 agropecuários, 0,70 0,66
3,00
entre os 10 que
0,60
lideram a pauta
2,50
de exportações 0,50

2,00 brasileiras, tiveram 0,40


0,40
como maiores 0,32
1,50 0,30
0,59 compradores a 0,23 0,23
0,56 0,47 0,19
1,00
0,27 0,21 0,19 0,19 0,18 0,18 Tailândia, o Japão 0,20
0,14 0,14 0,13
0 e a Alemanha. 0,10

0,00
ESTADOS EMIRADOS ARÁBIA
CHINA
CHINA HONG KONG
HONGKONG CHILE
CHILE
ESTADOS EGITO
EGITO
EMIRADOS ITÁLIA
ITÁLIA FILIPINAS
FILIPINAS ISRAEL
ISRAEL
ARÁBIA
UNIDOS
UNIDOS ÁRABES
ÁRABES UNIDOS SAUDITA
SAUDITA
UNIDOS
COREIA
COREIA REPÚBLICA
REPÚPLICA COLÔMBIA
(*) Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada fonte: Comex Stat (2022) IRÃ
IRÃ EGITO
EGITO ESPANHA
ESPANHA JAPÃO
JAPÃO TAIWAN
TAIWAN VIETNÃ
VIETNÃ COLÔMBIA ARGÉLIA
ARGÉLIA
DO SUL
DO SUL DOMINICANA
DOMINICANA

(*) NCM 10059010 fonte: Comex Stat (2022)

1,40 1,30 CARNE DE AVES* CAFÉ EM GRÃOS*


1,20
2021 (bilhões de US$) 1,12 2021 (bilhões de US$)
1,20
1,06
1,00
1,00
0,83 0,80
0,80
0,69 0,65
0,60
0,60
0,49 0,48
0,40
0,40 0,40
0,22 0,20 0,20 0,19 0,18
0,20 0,17 0,16
0,20 0,14 0,13 0,13 0,12
0
0,00

EMIRADOS ARÁBIA ÁFRICA COREIA


CHINA
CHINA JAPÃO
JAPÃO
EMIRADOS ARÁBIA ÁFRICA COREIA SINGAPURA
CINGAPURA CHILE
CHILE HONG KONG IÊMEN
HONGKONG REINO
ÁRABES
ÁRABES UNIDOS SAUDITA
SAUDITA DO
DO SUL
SUL DO
DO SUL
SUL IÊMEN ESTADOS
ESTADOS ALEMANHA
ALEMANHA BÉLGICA
BÉLGICA ITÁLIA
ITÁLIA JAPÃO
JAPÃO TURQUIA
TURQUIA ESPANHA
ESPANHA RÚSSIA
RÚSSIA COLÔMBIA
COLÔMBIA REINO
UNIDOS UNIDOS
UNIDOS UNIDO
UNIDO

(*) Carnes de aves e suas miudezas comestíveis,


fonte: Comex Stat (2022) (*)NCM 9011110 fonte: Comex Stat (2022)
frescas, refrigeradas ou congeladas
As projeções para a produção agrícola do Brasil são 77 | Uma Jornada Sustentável

bastante otimistas

No caso dos grãos, O crescimento projetado para a agropecuária nos próximos 10 anos,
a área deverá confere ao Brasil a continuidade do protagonismo na oferta de alimentos.

crescer 17,6% Tal projeção foi divulgada no estudo do Ministério da Agricultura,


em relação à Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 2021. Segundo a análise, espera-se
safra 2020/2021, a continuidade do crescimento da adoção de tecnologia e crescimento
enquanto a da produtividade.
produção deverá
crescer 27,1%.

No caso dos grãos, a área deverá crescer 17,6% em relação à safra 2020/2021,
enquanto a produção deverá crescer 27,1%.

DESAFIOS PARA 2030 E O PAPEL DO BRASIL

GRÃOS (PROJEÇÕES PARA 2031)


350 333,09
319,29
291,56 305,46
300 277,38
262,13
250

200

150

76,40 78,60 80,80


100 68,69 71,84 74,19

50

0
2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31

Produção (milhões ton) Área (milhões ha)

fonte: MAPA (2021)


78 | Uma Jornada Sustentável

SOJA (PROJEÇÕES PARA 2031) CANA-DE-AÇÚCAR (PROJEÇÕES PARA 2031)

200
175,42 900
180 167,25 764,08
159,07 800 733,97
160 150,.90 703,85
135,41 142,78 654,52 643,24 673,74
700
140
600
120
100 500
80 400
O crescimento de produção 48,85 O aumento da produtividade
60 40,79 42,84 44,85 46,85 300
da soja no período está 38,05 não ficará restrito aos grãos.
40 200
previsto em 29,5%, com 20 A cana-de-açúcar, cultura 100
8,46 8,76 9,05 9,34 9,63
um aumento de 26,9% na 0 que inaugurou a agricultura 0
8,62
área plantada. 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31
comercial no Brasil, há 500 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31
anos, continua melhorando
Produção (milhões ton) Área (milhões ha) a produtividade. Até 2031, Produção (milhões ton) Área (milhões ha)
sua produção deve crescer
fonte: MAPA (2021) 16,7% com um aumento da fonte: MAPA (2021)
área plantada de 11,8%.

MILHO (PROJEÇÕES PARA 2031) LARANJA (PROJEÇÕES PARA 2031)

140 14,86 14,83


124,06 16 14,59 14,64 14,35 14,78
119,05
120 114,04
104,02 109,03 14
100 96,39
12

80 10

8
Na mesma linha da soja, a 60 Há ainda produtos que
produção de milho deverá deverão reduzir a área 6
40
crescer 28,7% até 2031, com 19,84 20,26 20,68 21,11 21,53 21,90 plantada e ainda assim terão 4
20
um aumento de área de 10,6%. aumento de produção. É o 2 0,59 0,56 0,54 0,52 0,49 0,47
0
caso da laranja, para a qual 0
2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31
se prevê um crescimento de 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31

1,6% na produção com queda


Produção (milhões ton) Área (milhões ha)
de 19,8% da área plantada. Produção (milhões ton) Área (milhões ha)

fonte: MAPA (2021) fonte: MAPA (2021)

O caso mais expressivo de aumento de produtividade


deverá ser a batata-inglesa. A previsão para ela é de uma
diminuição de área plantada de 19,9% com um crescimento
de produção de 11,7%.
79 | Uma Jornada Sustentável

CAFÉ (PROJEÇÕES PARA 2031) CARNES (PROJEÇÕES PARA 2031)

20 18,84
80 18,00
69 18 17,16
66 16,33
70 63 15,52
57 60 16 14,76
60 14
49
50 12
40 9,26 9,48 9,73
10 8,85 8,98
8,31
30 8
5,03 5,25 5,48
20 6 4,35 4,56 4,79
10 4
1,83 1,74 1,74 1,68 1,67 1,63
0 2
2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31 0
2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 2026/27 2027/28 2028/29 2029/30 2030/31

Produção (milhões ton) Área (milhões ha)


Frango (milhões ton) Bovina (milhões ton) Suína (milhões ton)

fonte: MAPA (2021) fonte: MAPA (2021)

O café deverá manter a tendência, já observada nas últimas décadas, de diminuir a área
plantada sem deixar de aumentar a produção. Trata-se de uma cultura que tem uma
peculiaridade: seu ciclo é bianual. Uma safra maior, a chamada safra cheia, é sempre No caso das carnes, a perspectiva também é de crescimento até 2031. O estudo projeta
sucedida por uma safra menor, e vice-versa. Projeta-se, até 2031, ano que também crescimento de 27,7% para a carne de frango. A carne suína deverá ficar um pouco atrás,
será de safra cheia, uma diminuição de área de 10,6% com um aumento de produção com aumento de 25,8%. O crescimento da produção de carne bovina não deverá ser tão
de 40,8%. grande, 17%.

Mesmo não sendo suficiente para a solução do problema da subnutrição, a


expansão da oferta de alimentos é um caminho indispensável para superar a
dificuldade de acesso de populações de todo o mundo a uma dieta adequada.
Sendo assim, há expectativa crescente de que a capacidade de oferta mundial
de alimentos seja garantida, bem como a geração de excedentes exportáveis,
que torne possível o acesso aos alimentos, sejam oleaginosas, carboidratos
e proteínas animais, a um contingente cada vez maior de pessoas.

O Brasil é um dos poucos países que pode atender a essa demanda. E as


projeções oficiais revelam que o país está pronto para o desafio.
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