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NOTA FINAL

CURSO DE MEDICINA - AFYA


Aluno:
Componente Curricular: Habilidades e Atitudes Médicas III

Professor (es):
Período: 202302 Turma: Data:

N1 ESPECÍFICA_HAM 3_29SET2023.2

RELATÓRIO DE DEVOLUTIVA DE PROVA


PROVA 09365 - CADERNO 001

1ª QUESTÃO
Enunciado:

Paciente do sexo masculino, 40 anos, em tratamento de câncer gástrico há 3 meses, foi


admitido no Pronto Socorro do seu município apresentando quadro iniciado há 6 horas, de
dispnéia aos mínimos esforços e tosse, associada a dor torácica ventilatório-dependente à
direita. Relata dor em membros inferiores há 5 dias. No exame físico, observou-se frequência
cardíaca (FC) de 140 bpm, frequência respiratória (FR) de 38 irpm, pressão arterial (PA) de
110×70 mmHg, saturação periférica de oxigênio (SpO2) de 87% e temperatura de 35°C. Na
ausculta pulmonar, murmúrio vesicular diminuído difusamente e macicez em base direita. No
exame de membros inferiores, observou-se membro inferior esquerdo com varizes,
edemaciado (2+/4+), mole e indolor durante a dorsi-flexão.

Assinale a alternativa que indica achados do caso que auxiliam no diagnóstico clinico da hipótese
diagnóstica mais provável, baseado nos critérios do escore de Wells.

Alternativas:
(alternativa A) (CORRETA)
História de câncer; FC de 140 bpm; sinais de trombose venosa profunda.

(alternativa B)
Idade de 40 anos; sexo masculino; história de câncer.

(alternativa C)
FC de 140 bpm; PA de 110 x 70 mmHg; SpO2 de 87%.

(alternativa D)
Idade de 40 anos; sexo masculino; sinais de trombose venosa profunda.

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Resposta comentada:

Embolia pulmonar aguda é a oclusão brusca, total ou parcial da artéria pulmonar e/ou de seus
ramos. Recebe o nome de tromboembolia pulmonar (TEP) quando a oclusão é causada por um
coágulo sanguíneo (trombo que se desprende de uma veia ou do coração). A TEP aguda
interfere tanto na hemodinâmica quanto nas trocas gasosas. A causa principal de óbito é a
insuficiência cardíaca direita aguda. Induz vasoconstrição por meio da liberação de mediadores,
que, associada a obstrução anatômica, pode levar ao aumento da resistência vascular
pulmonar e da pressão na artéria pulmonar, dependendo na extensão da oclusão.

A suspeita clínica de TEP depende da presença de um quadro clínico compatível, com fatores de
risco. A manifestação clínica relaciona-se com a carga embólica e com a condição
cardiorrespiratória prévia do paciente. Vários escores já foram propostos para avaliação da
probabilidade clínica da doença, e entre os mais usados está o escore de Wells que inclui sete
variáveis: suspeita de Tromboembolismo Venoso, Diagnóstico alternativo menos provável que
TEP; Imobilização ou cirurgia nas últimas 4 semanas; Frequência cardíaca > 100 bpm; histórico
anterior de tromboembolismo venoso ou pulmonar; Hemoptise; e história de câncer.

REFERÊNCIAS:

Porto, Celmo Celeno. Semiologia médica / Celmo Celeno Porto; coeditor Arnaldo Lemos Porto. -
8. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2019.

Bickley, Lynn S. Bates propedêutica médica / Lynn S. Bickley, Peter G. Szilagyi, Richard M.
Hoffman ; editor convidado Rainier P. Soriano ; revisão técnica Maria de Fátima Azevedo ;
tradução Camila Meira, Eliseanne Nopper. - 13. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2022.

2ª QUESTÃO
Enunciado:

Você está no ambulatório de cardiologia pediátrica e atende um lactente de 4 meses,


masculino, encaminhado da Unidade Básica de Saúde (UBS) com história de episódios de
cianose enquanto suga o seio. Mãe relata que percebeu esse achado desde o nascimento do
filho. Ao exame físico apresenta leve taquipneia, impulsão em região de apêndice xifoide,
ausência de frêmito, presença de ritmo cardíaco regular em 2 tempos, B2 hiperfonética, sopro
sistólico III/VI+ em foco pulmonar. Abdome com fígado palpável a 4 cm do rebordo costal direito.
O médico relatou para a mãe que trata-se de uma alteração congênita no coração.

De acordo com os achados na ausculta do paciente, trata-se de um quadro compatível com


cardiopatia congênita cianótica, que apresenta entre suas alterações fisiopatológicas uma:

Alternativas:
(alternativa A) (CORRETA)
estenose pulmonar.

(alternativa B)
insuficiência tricúspide.

(alternativa C)
estenose tricúspide.

(alternativa D)
insuficiência pulmonar.

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Resposta comentada:

O quadro de B2 hiperfonética e sopro sistólico em foco pulmonar é compatível com estenose


pulmonar, sendo que esse achado associado a cianose, hepatomegalia indica uma possível
alteração cardíaca direita, sendo a tetralogia de Fallot a mais comum.

A tetralogia de Fallot é uma moléstia cardíaca congênita composta por quatro defeitos
anatômicos, sendo eles a estenose da valva pulmonar, a hipertrofia ventricular direita,
comunicação interventricular (CIV) e a dextroposição da aorta. Todos os componentes da
anomalia podem ser explicados por desvio anterior da porção infundibular do septo ventricular,
que resulta em estreitamento da via de saída do ventrículo direito. Ao mesmo tempo, esse
desvio ocasiona desalinhamento entre os componentes do septo ventricular e, portanto, CIV e
dextroposição da aorta. Hipertrofia do ventrículo direito aparece secundariamente à sobrecarga
de pressão a que essa câmara fica submetida. O grau de estenose subpulmonar é variável, e
denomina-se Fallot extremo quando há atresia do infundíbulo e da valva pulmonar.

Referências:

Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia


congênita. Departamento Científico de Cardiologia e Neonatologia (2019-2021) • Sociedade
Brasileira de Pediatria

Avaliação da criança com sopro cardíaco. Departamento Científico de Cardiologia • Sociedade


Brasileira de Pediatria

3ª QUESTÃO
Enunciado:

Uma boa anamnese, com as devidas peculiaridades das diferentes faixas etárias na criança, é
fundamental para realizar a correta avaliação de aspectos biopsicossociais, prevenção de
doenças, e resultar em um adulto mais saudável e com melhor qualidade de vida.

Dentro desse contexto, assinale a afirmativa correta.

Alternativas:
(alternativa A)
A periodicidade da consulta da criança deve ser de intervalos anuais a partir dos 6 meses de
idade até o início da adolescência.

(alternativa B) (CORRETA)
Os marcos de desenvolvimento neuropsicomotor devem ser feitos no lactente seguindo uma
escala de padrão de desenvolvimento.

(alternativa C)
Devemos estabelecer um diálogo com a criança na anamnese após os 7 anos de idade, quando
teremos informações confiáveis.

(alternativa D)
A aferição da pressão arterial deve ser realizada no período neonatal, e se for normal, não se
torna mais necessária em outras faixas etárias.

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Resposta comentada:

A periodicidade das consultas varia de acordo com a faixa etária, devendo ser mensal no
primeiro ano de vida, e se tornando mais espaçada com o crescimento.

A aferição da pressão arterial deve ser realizada em todas as faixas etárias das crianças.

A partir de 3 a 4 anos, já devemos estebelecer um diálogo com a criança durante a consulta.

Os marcos de desenvolvimento neuropsicomotor da criança devem ser avaliados seguindo uma


escala de padrão de desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

Porto, Celmo Celeno. Exame clínico / Celmo Celeno Porto, Arnaldo Lemos Porto. - 8. ed. - Rio de
Janeiro : Guanabara Koogan, 2021.

4ª QUESTÃO
Enunciado:

Você está no estágio de Atenção Primária à Saúde e vai acompanhar uma visita domiciliar.

O paciente tem 73 anos de idade e encontra-se em investigação para neoplasia de próstata. O


resultado da biópsia demonstrou adenocarcinoma próstata e o estadiamento evidenciou
metástases ósseas.

Vocês irão informar o diagnóstico e o prognóstico para o paciente.

Leia as sentenças a seguir:

I – Definir estratégias de manejo e resumir o encontro.

II – Obter o convite do paciente.

III – Abordar as emoções de forma empática.

IV – Planejar a entrevista.

V – Avaliar a percepção do paciente sobre seu quadro.

VI – Informar o paciente em linguagem clara.

E, de acordo com o protocolo de comunicação de más noticas (SPIKES), assinale a alternativa


com a ordem correta preconizada pelo memso.

Alternativas:
(alternativa A)
IV – III – V – II – VI – I

(alternativa B) (CORRETA)
IV – V – II – VI – III – I

(alternativa C)
IV – VI – II – III – V – I

(alternativa D)
IV – II – VI – V – III – I

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Resposta comentada:

O protocolo SPIKES é uma forma de sistematizar a comunicação de más noticias. Baseias em 6


etapas:

Etapa 1: Planejando a entrevista (S – setting up the interview):

O ensaio mental é uma maneira útil. O médico planeja como contar a má notícia ao paciente e
como responder às reações emocionais dele. O local da entrevista também precisa ser
planejado. Deve-se buscar privacidade e evitar interrupções, como ligações telefônicas. Muitos
pacientes preferem ter a conversa na presença de algum familiar.

Etapa 2: Avaliando a percepção do paciente (P – perception):

Através de perguntas, o médico tenta perceber o quanto o paciente compreende seu estado
atual. A partir das respostas dadas, pode-se corrigir desinformações e moldar a má notícia para
o entendimento do paciente, além notar a possível existência de negação da doença ou
expectativas não realistas do tratamento.

Etapa 3: Obtendo o convite do paciente (I – invitation):

Enquanto muitos pacientes mostram desejo de obter informações detalhadas sobre sua
doença, seu tratamento e sua evolução, alguns preferem esquivar-se, um mecanismo
psicológico válido e mais comum em indivíduos com doença progressivamente mais grave. Se o
paciente, num primeiro momento, optar por não saber detalhes, o médico deve se colocar à
disposição para esclarecer dúvidas futuras ou para conversar com um familiar, se for a vontade
do paciente.

Etapa 4: Dando conhecimento e informação ao paciente (K – knowledge):

É importante o uso de linguajar de fácil compreensão por parte de leigos, evitando-se


expressões duras e frias. Pacientes candidatos a cuidados paliativos não devem ouvir frases
como “Não há mais nada que possamos fazer por você”. Tais indivíduos frequentemente têm
outros objetivos terapêuticos que podem ser alcançados, como controle de dor ou outros
sintomas. A informação deve ser passada aos poucos, certificando-se periodicamente de que o
paciente está entendendo o que está sendo dito.

Etapa 5: Abordar as emoções dos pacientes com respostas afetivas (E – emotions):

Os pacientes podem reagir de diferentes formas, como silêncio, choro e raiva, e saber lidar com
tais reações é uma das etapas mais difíceis na transmissão da má notícia. O médico deve
oferecer apoio e solidariedade através de um gesto ou uma frase de afetividade. Até que a
emoção passe e o paciente se recomponha, é complicado prosseguir para a discussão de
outras questões. É fundamental dar ao indivíduo o tempo necessário para ele se acalmar. Isso
reduz o isolamento do paciente, expressa solidariedade e valida os sentimentos ou
pensamentos do paciente como normais e esperados.

Etapa 6: Estratégia e resumo (S – strategy and summary):

Antes de discutir os planos terapêuticos (curativos ou paliativos), recomenda-se perguntar ao


paciente se ele está pronto para prosseguir a discussão e se aquele é o momento. Quando as
medidas são paliativas, é de fundamental importância o entendimento do paciente, para evitar
que ele não compreenda o propósito do manejo e superestime sua eficácia.

Referência: Cruz, CO; Riera, R. Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES. Diagn
Tratamento. 2016;21(3):106-8.

5ª QUESTÃO

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Enunciado:

Criança do sexo masculino, 2 anos de idade, é levada pela mãe à Estratégia de Saúde da
Família do seu bairro para consulta de Puericultura. A mãe está preocupada, pois seu filho tem
histórico de prematuridade e desde os 6 meses de idade não passa por consulta médica. Na
consulta, são recebidos pelo médico da Unidade acompanhado de um acadêmico de Medicina.
Em determinado momento da consulta o médico questiona ao aluno se o mesmo conhece as
recomendações para adequada aferição da pressão arterial (PA) de crianças. O aluno diz que
sim e faz as seguintes afirmações:

I. As crianças com menos de 3 anos de idade devem ter a PA mensurada em algumas


situações clinicas, como histórico de prematuridade e muito baixo peso ao nascer, entre outras.

II. Crianças de até 3 anos de idade devem ter sua PA mensurada na posição deitada.

III. A classificação da PA na criança é estabelecida considerando a idade, o sexo, o percentil de


altura e o percentil de peso da criança avaliada.

IV. A escolha do manguito não faz parte das recomendações para mensuração da PA em
crianças.

Considerando as recomendações para adequada aferição da PA de crianças, segundo a Diretriz


Brasileira de Hipertensão de 2020, assinale a alternativa que indica as afirmações corretas.

Alternativas:
(alternativa A)
III e IV, apenas.

(alternativa B) (CORRETA)
I e II, apenas.

(alternativa C)
II e III, apenas.

(alternativa D)
I e IV, apenas.

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Resposta comentada:

Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão de 2020:

A medida da PA em crianças é recomendada em toda avaliação clínica. Convém ser


medida anualmente em crianças e adolescentes ≥ 3 anos de idade, devendo-se
respeitar as padronizações de medida estabelecidas. As crianças < 3 anos deverão ter
a PA medida em situações específicas. As seguintes condições clínicas de risco
determinam a necessidade de medida rotineira de PA em crianças < 3 anos de idade:
prematuridade, muito baixo peso ao nascer, entre outras.
A execução correta da técnica de medida de PA, segundo padronização previamente
estabelecida, mostra-se condição obrigatória para a obtenção de valor fidedigno de
medida e categorização correta da PA pediátrica. Deve ser medida preferencialmente
no braço direito, com o paciente deitado até os 3 anos de idade e, nas crianças
maiores, em posição sentada com o braço apoiado ao nível do coração, utilizando o
manguito correto. O comprimento da bolsa inflável deve ser de 80% a 100% da
circunferência do braço (CB) e a largura de, pelo menos, 40% da CB.
A definição atualizada de PA normal, PA elevada, estágios 1 e 2 de Hipertensão Arterial
na criança e no adolescente, ocorre de acordo com idade, sexo e percentil de altura.

REFERÊNCIA

Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al.
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(3):516-658

6ª QUESTÃO
Enunciado:

Lactente de 3 meses de idade, sexo feminino, levada pela mãe ao Pronto Socorro por quadro
de tosse e dificuldade para respirar há 3 dias. Mãe referiu quadro gripal há uma semana, com
queixa de obstrução nasal, tosse produtiva e hiporexia, evoluindo com dispneia e gemência. Ao
exame físico a criança apresentava-se ativa, reativa, palidez cutânea, com taquidispneia
importante (tiragem subcostal, retração intercostal e batimento de asa de nariz), febril (37,8 -
38 o C), com ausculta pulmonar com estertores creptantes e roncos difusos. Ausculta cardíaca
evidenciando um sopro holossistólico 3+/6+. Pulsos palpáveis e simétricos. Fígado palpável a 3
cm do rebordo costal direito. Peso: 3,750g (peso ao nascimento 3,200g). A mãe referiu
gestação sem intercorrências, pré-natal irregular, com somente 3 consultas. Nascida de parto
vaginal a termo, 39 semanas. História de taquipneia ao nascer e dificuldade de ganho de peso,
ficando internada por 10 dias.

Diante desse quadro e da ausculta cardíaca, qual hipótese diagnóstica mais provável?

Alternativas:
(alternativa A) (CORRETA)
Insuficiência de valva mitral.

(alternativa B)
Insuficiência de valva pulmonar.

(alternativa C)
Estenose de valva tricúspide.

(alternativa D)
Estenose de valva aórtica.

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Resposta comentada:

Os achados de sopros podem estar relacionados às valvopatias e são divididos em sopros


sistólicos (insuficiência mitral e tricúspide e estenose aórtica e pulmonar) e em sopros
diastólicos (estenose mitral e tricúspide e insuficiência aórtica e pulmonar). O sopro
holossistólico está comumente relacionado ao quadro de regurgitação do coração esquerdo,
podendo ser insuficiência mitral ou tricúspide. O sopro da estenose aórtica também é um sopro
sistólico; porém, tem intensidade crescente e decrescente, chamado sopro em diamante. Já os
sopros da insuficiência da valva pulmonar e da estenose da valva tricúspide são sopros
diastólicos e, portanto, não se enquadram no caso descrito. A única alternativa possível é a do
quadro de insuficiência mitral com sopro holossitólico.

Referências:

GUYTON, A.C. e Hall J.E.Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 8.ed.


Porto Alegre: Artmed, 2012.

BRAUNWALD. Tratado de doenças cardiovasculares, 9ª ed, Elsevier, 2013.

7ª QUESTÃO
Enunciado:

Menina, 16 anos de idade, comparece para consulta, pois se encontra acima do peso. Relata
estar muito ansiosa, com dificuldades de relacionamento e tristeza. Quando questionada,
menciona não ter horário para as refeições, que se baseiam em carboidrato, gordura e
açúcares. Histórico familiar de obesidade, hipertensão e infarto. Ao exame físico, o índice de
massa corporal (IMC) foi de 30,4 e obesidade central. Glicemia de jejum e colesterol acima da
normalidade. Médico diagnostica a obesidade e percebe o seu impacto na autoestima da
paciente, deixando interrogado possível depressão. Solicita outros exames complementares,
além de propor dieta, com apoio nutricional, caminhada e retorno para acompanhamento. Ao
final da consulta, afirma que juntos conseguirão alcançar a meta estipulada e se despede da
paciente, que sorri pela primeira vez.

Considerando o caso acima e o método SOAP de abordagem de paciente, marque a alternativa


que apresenta a correlação adequada.

Alternativas:
(alternativa A) (CORRETA)
Avaliação (A) inclui os fatores de risco detectados, o diagnóstico da obesidade e o impacto na
autoestima da paciente, incluindo a possível depressão.

(alternativa B)
Plano (P) inclui análise da glicemia e colesterol e as propostas realizadas pelo médico, desde
solicitar novos exames laboratoriais até agendar o retorno.

(alternativa C)
Objetivo (O) inclui o resultado da glicemia e colesterol trazidos pela paciente e a solicitação de
novos exames pelo médico.

(alternativa D)
Subjetivo (S) inclui todo o relato da paciente, além da medida do IMC e da circunferência
abdominal.

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Resposta comentada:

O S apresenta os dados relatados pela paciente e sua mãe acerca do problema apresentado e
seu histórico familiar, sendo os dados do exame físico, como a avaliação abdominal e do IMC
incluídos no O, que também considera os exames trazidos pela paciente (glicemia e colesterol).
A Avaliação inclui o levantamento e análise dos problemas que afetam a paciente, por exemplo,
presença de dislipidemia, possibilidade de diabetes, fator de risco familiar para problema
cardíaco, diagnóstico de obesidade e impacto na autoestima com possível depressão. O Plano
inclui todas as propostas realizadas à paciente, bem como as metas estabelecidas entre eles e
o retorno e acompanhamento.

Na letra S (Subjetivo), registramos informações baseadas na experiência da pessoa que está


sendo atendida, queixas e sentimentos.

Na letra O (Objetivo), anotamos informações aferidas do ponto de vista médico, como dados do
exame físico e/ou resultados dos exames complementares.

Na letra A (Avaliação), ficam as hipóteses diagnósticas e/ou os problemas evidenciados

A letra P (Plano) corresponde ao Plano, onde são anotadas as propostas terapêuticas,


medicações prescritas, solicitações de exames complementares, orientações realizadas,
encaminhamentos e pendências para o próximo atendimento.

Referência:

PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8a ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019. SWARTZ, M.H.
Tratado de Semiologia Médica. História e Exame Clínico. 7a ed.

8ª QUESTÃO
Enunciado:

Paciente do sexo masculino, 58 anos, hipertenso, obeso, tabagista, procurou atendimento


devido quadro de dor localizada em região retroesternal, em aperto, com irradiação para o
membro superior esquerdo, de forte intensidade, desencadeada em repouso, iniciada há cerca
de 3 horas, com piora progressiva, associada à dispneia e náuseas. Informa que fez uso de
nitrato sublingual há cerca de 10 minutos com melhora parcial da dor. Ao exame físico:
mucosas coradas e hidratadas, escleras anictéricas, boa perfusão periférica, pulsos radiais e
femorais com boa amplitude e simétricos, ictus cordis localizado no 5⁰ espaço intercostal
esquerdo na linha hemiclavicular, ritmo cardíaco regular em 3 tempos com presença de B4,
sem sopros, murmúrio vesicular fisiológico, sem ruídos adventícios, ruídos hidroaéreos
presentes, abdome normotenso, sem massas ou visceromegalias.

Considerando o caso clínico acima, podemos afirmar que:

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Alternativas:
(alternativa A)
o diagnóstico definitivo de síndrome coronariana aguda só será confirmado após realização do
eletrocardiograma.

(alternativa B)
a ausência de supradesnivelamento do segmento ST no eletrocardiograma afastará em
definitivo a hipótese de síndrome coronariana aguda.

(alternativa C)
a hipótese de síndrome coronariana aguda é pouco provável, tendo em vista as características
da dor torácica do paciente.

(alternativa D) (CORRETA)
os fatores de risco do paciente acima para doenças cardiovasculares contribuem para a
formulação da hipótese de síndrome coronariana aguda.

Resposta comentada:

O diagnóstico da síndrome coronariana aguda é clínico, baseado essencialmente nas


características da dor torácica do paciente. No enunciado, encontramos um paciente com
sintomas que possibilitam o diagnóstico de uma angina típica (dor precordial tipo A -
definitivamente anginosa). O eletrocardiograma dentro da síndrome coronariana serve para
classificar a síndrome em com ou sem supradesnivelamento do segmento ST e não para
realizar o seu diagnóstico, tendo em vista que o mesmo pode inclusive ser normal dentro desta
síndrome.

REFERÊNCIAS:

1- Arq. Bras. Cardiol. 2021; 117(1): 181-264. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia
sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST.

2- BRAUNWALD: Heart Disease: A Textbook of Cardiovascular Medicine, 2012.

9ª QUESTÃO
Enunciado:

Adolescente do sexo masculino, 12 anos de idade, foi levado pela mãe ao Pronto Atendimento.
A mesma relata que o filho teve diagnóstico recente de síndrome gripal por SARS-CoV-2,
confirmado pelo TR-Ag-SARS-CoV-2 (Teste rápido de Antígeno SARS-CoV-2). Houve melhora da
maioria dos sintomas, mas persiste com tosse. Entretanto, há um dia iniciou com dor torácica
na região precordial “em pontada”, com piora na posição deitada e nos episódios de tosse, mas
melhora na posição sentada e com o corpo inclinado para a frente. Houve retorno de febre. No
eletrocardiograma realizado no consultório do médico foram observados alguns achados
inespecíficos: taquicardia sinusal, baixa voltagem do QRS, e distúrbios de repolarização
(anormalidades do segmento ST e onda T).

Considerando a principal hipótese diagnóstica para o caso, descreva:

A) os achados esperados no exame físico do paciente. (1,0)

B) as alterações que podem ser encontradas na radiografia de tórax e no ecocardiograma.


(1,5)

Alternativas:
--

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Resposta comentada:

A) Ao exame físico, na pericardite aguda, pode-se observar bulhas cardíacas hipofonéticas


com presença de atrito pericárdico, que é um ruído de alta frequência produzido pelas
membranas pericárdicas inflamadas. O atrito pericárdico pode compreender de um a três
tempos e pode ser transitório.

B) Rx de Tórax: na pericardite aguda, a radiografia de tórax é normal na maioria das


vezes. A presença de cardiomegalia ocorre apenas quando há mais de 200 ml de fluido no
saco pericárdico. O aumento progressivo do derrame pericárdico, que ocorre, por exemplo,
no tamponamento cardíaco, resulta em formato globular da silhueta cardíaca à radiografia de
tórax (em formato de “moringa”).

Ecocardiograma: comumente, os achados ao ecocardiograma associados à pericardite aguda


envolvem espessamento pericárdico e derrame pericárdico. No entanto, podemos ter
casos de pericardite aguda sem alterações ao ecocardiograma, usualmente denominados
“pericardite aguda seca”.

Referências:

I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites. Arq Bras Cardiol: 100 (4 Supl. 1): 1-36, 2013.

Sociedade Brasileira de Pediatria /[organizadores Dennis Alexander Rabelo Burns et al.Tratado


de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria. 5ª Ed. Editora. Manole, 2022.

10ª QUESTÃO
Enunciado:

Paciente de 65 anos de idade, sexo feminino, tabagista, diagnóstico de miocardiopatia


hipertensiva, procura Unidade de Saúde da Família com queixa de edema em membros
inferiores há um ano. Refere quadro de dispneia aos mínimos esforços, com evolução para
repouso, dispneia paroxística noturna e ortopneia há 3 meses, fazendo com que durma com
dois ou mais travesseiros, ou sentada em uma cadeira. Apresenta também tosse seca noturna.

Exame Cardiovascular: Presença de turgência de jugular patológica. Frequência Cardíaca 120


bpm. Ictus cordis visível e palpável em 7º espaço intercostal esquerdo, medindo
aproximadamente 3 polpas digitais, bulhas rítmicas em 3 tempos, com presença de B3,
presença de sopro sistólico em foco mitral 2+/6+, Refluxo hepatojugular presente.

Traz exames complementares:

- Eletrocardiograma de 12 derivações em repouso: Ritmo Sinusal Eixo -15º. Frequência Cardíaca


85 bpm. Sobrecarga de câmaras esquerdas.

- Radiografia de Tórax abaixo:

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Fonte: MedicinaNET

Sobre o quadro clínico e exames diagnósticos referentes à patologia descrita no caso:

a. (1,0) Cite 5 critérios maiores de Framingham presentes no caso apresentado.


b. (0,5) Como deve ser realizado o cálculo do índice cardiotorácico na radiografia de
tórax?
c. (1,0) Classifique adequadamente a Insuficiência Cardíaca segundo a New York Heart
Association - NYHA para este caso.

Alternativas:
--
Resposta comentada:

a. Dispneia paroxística noturna; turgência jugular patológica; refluxo hepatojugular;


cardiomegalia; terceira bulha (B3).
b. Várias tabelas e fórmulas foram propostas, permanecendo em uso apenas o índice
cardiotorácico (ICT), o qual é determinado dividindo-se o diâmetro transverso do
coração (DTC) pelo maior diâmetro transverso do tórax (DTT), na radiografia em PA:
ICT = DTC/DTT. O valor normal situa-se em torno de 0,45.
c. NYHA IV – Incapacidade para realizar qualquer atividade sem apresentar desconforto.
Sintomas em repouso.

REFERÊNCIAS:

1. PORTO, Celmo C. Semiologia Médica, 8ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo


GEN, 2019. E-book. ISBN 9788527734998. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734998/. Acesso em: 23
mar. 2023.
2. Rohde LEP, Montera MW, Bocchi EA, Clausell NO, Albuquerque DC, Rassi S, Colafranceschi AS,
et al. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq. Bras.
Cardiol. 2018;111(3):436-59.

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