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Seu Verdadeiro Alfa

Livro 3

Série Doze Setores

por Isoellen
Staff

Envio: Power Traduções – Área 51

Tradução: SRM

Revisão: Louvaen Duenda

Formatação: Sariah Stonewiser


É S E MP R E BOM L E M B RA R QUE…
Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e apenas com o
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e divirta-se!
Sinopse

Phee era uma Ômega adequada.

Ela fez tudo o que a sociedade esperava dela – obedeceu a seus pais, se

casou com uma escolha apropriada de Alfa, tolerou sua infidelidade. E

qual foi o seu reembolso? Ser expulsa pelo marido em favor de sua amante

grávida.

Com o contrato de casamento cancelado e sua reputação em

frangalhos, o futuro de Phee parece sem esperança. Então, o pretendente

mais inesperado aparece... Bem quando seu cio há muito ausente começa.

~*~ Seu Verdadeiro Alfa é uma novela paralela ambientada no mundo

dos Doze Setores, apresentando os personagens secundários Phee e Alreck,

e apresenta um Felizes Para Sempre para os personagens envolvidos.


Nota da Revisão

O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras

Ortográficas, entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a

revisão pode sofrer alterações e apresentar linguagem informal em vários

momentos, especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem da nossa

comunicação comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que

não estão em conformidade com a Gramática Normativa.

Boa Leitura!
Capítulo Um

Eles fizeram Phee sentar-se sozinha na sala da clínica enquanto ela se

“recolhia” depois que lhe deram a notícia.

Era um pequeno cubículo com uma pia em um canto, um quadrado de

varredura no chão onde os pacientes tinham que ficar nus em todas as

consultas e uma cama médica. Paredes de cimento cinza e um piso de

ladrilho branco com um ralo central davam à sala uma sensação utilitária.

Esta clínica ficava em um prédio mais antigo, na rua, no caminho e na

esquina da Administração do Setor. Com floreiras embaixo das janelas e

sem sinalização, poderia ser qualquer coisa. Construído há séculos atrás,

era um sobrevivente do conflito entre humanos inalterados e raça. Phee

geralmente evitava estruturas construídas por drones. Ela não gostava da

arquitetura desajeitada, mas essa era apenas uma razão entre muitas.

Essas velhas estruturas de tijolo e argamassa mantinham o cheiro de

sangue e terror com uma determinação implacável, como se o sofrimento

dos outros entrasse em sua construção. E pareciam absorver a energia

emocional que saía da raça e do drone, retendo-a como uma esponja. As

emoções femininas eram tão transmissíveis quanto uma doença. E, claro,

nunca era feliz ou energia positiva armazenada em salas como esta.


Se apenas uma coisa triste acontecesse nesta sala, a próxima mulher a

passar pela porta e se sentar na cama médica poderia sentir a história. Phee

sabia que isso acontecia. As mulheres reprodutoras Ômega sentiam as

coisas em um nível diferente das outras.

No entanto, a Flower Fertility Clinic tinha uma reputação maravilhosa

entre seus amigos. As mulheres que vieram aqui em busca de ajuda

encontravam esperança e discrição.

Ou, como Phee, podiam ouvir as notícias mais horríveis e

devastadoras – más notícias, transmitidas de novo e de novo, nesta

pequena sala triste.

O fantasma de cada diagnóstico pairava no espaço como uma nuvem

de dor pesada e dolorosa. Phee sentia a dor dessas mulheres juntando-se à

sua, empurrando-a. Muito triste.

Onde outras ômegas desmoronariam sob o peso de seu diagnóstico,

Phee estava muito desiludida para ficar com raiva, e a tristeza daquelas

que vieram antes dela amplificava essa raiva. Apertando os punhos no

colo, tentou ignorar os ecos dos ômegas uivantes enquanto suas

identidades e autovalor se esvaíam.

Elas se perderam nesta sala.


Quantas mulheres se sentaram onde ela se sentou? Quantas outras

passaram por três meses de pós, chás, pílulas, cremes, exames pélvicos e

exames de sangue para reviver seus ciclos estral? Quantos tinham visto

esta clínica como um último esforço para manter seu status social? Para

manter seus casamentos por contrato juntos? Para cumprir seu chamado

natural?

Phee tinha certeza de que pelo menos uma outra mulher esteve aqui

antes dela. Ela quase podia sentir o calor do corpo da garota enquanto

compartilhavam o espaço, separados apenas pelo tempo. O sal das

lágrimas da outra mulher picou as bochechas de Phee. Era como sentar em

uma névoa de dor.

Phee não era a primeira criadora de ômega estéril no Setor 5, e não

seria a última. Mas ela não sentiu nenhum conforto em saber disso.

Os médicos e enfermeiros não poderiam fazer nada sobre os ecos

emocionais nesta clínica? Ou faziam isso de propósito – separar todas as

mulheres com um prognóstico sombrio e colocá-las aqui para reprimir sua

dor até que ela se infiltrasse nas paredes?

Eles sabiam mesmo?


Os obedientes funcionários da clínica beta eram altos, esguios e

bajuladores. Nenhum deles entendia o instinto. Eles tinham a sensibilidade

das rochas quando se tratava de feromônios, os aromas das emoções dos

outros e energias psíquicas. Como ela, os betas eram de raça — com genes

extras que faltavam a um drone trabalhador de curta duração —, mas eram

pateticamente burros.

Burros o suficiente para que alguém, em algum momento, certamente

tenha explicado a percepção única de um ômega como Phee.

Eles deveriam saber. Deveriam entender o que ela era e todas as suas

capacidades. Esta era uma clínica que atendia a sua espécie; eles saberiam

sobre sua posição na sociedade.

Alguém estava com ciúmes. Phee não estava imaginando. Alfa

salvavam ômegas de betas ressentidos e inferiores. Todos eles odiavam seu

nascimento comum. A amargura da comunidade beta estava se tornando

um problema nos 12 Setores, e Phee iria relatar esse incidente assim que

saísse daqui. Não ficaria. O que eles fizeram com ela, e com aquelas que

vieram antes dela, fizeram por despeito.

Bem, Phee viu, e ela não deixaria passar. O chefe desta pequena clínica

ia encontrar a si mesmo e suas enfermeiras beta no tribunal, enfrentando

um julgamento e um juiz.
Eles eram da equipe médica — eles sabiam o que a perda das

habilidades reprodutivas fazia com uma ômega, com qualquer mulher.

Este era um tipo mesquinho e perigoso de intolerância. As enfermeiras

estavam rindo dela. Acharam a situação de Phee engraçada, que ela estava

recebendo uma pequena punição.

Para Phee, o estresse sempre se transformava em raiva. Ela lutou com

seu mau humor a maior parte de sua vida. E nunca experimentou um

estresse mais profundo ou doloroso do que saber que ela não era quem

pensava que era. Ela era uma ômega, mas não uma criadora. Seu mundo

estava implodindo, e não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso.

E as enfermeiras desta clínica deveriam estar deleitadas em saber que

uma sociedade influente ômega não poderia realizar a simples tarefa de

realizar uma gravidez a termo. Deveriam estar amando isso. O parto era

fácil para eles, mas não para ela. Phee sabia como esses betas funcionavam.

Eles podiam servi-la com sorrisos e raios de sol, mas sua inveja se

manifestava de maneira insidiosa.

—Bem, minha querida... — A enfermeira que lhe deu a notícia voltou,

falando baixinho enquanto entrava e fechava a porta. Ela usava um

uniforme cinza-pomba que combinava com as paredes da sala de exames.

Era a terceira que Phee tinha visto nesta clínica. Mesmo que todos os betas
parecessem iguais para ela, com seus cabelos desbotados e tons de pele,

esta tinha um sinal sob o olho esquerdo tão distinta quanto sua voz infantil

e bajuladora.

Olhando para o chão, os olhos de Phee pousaram nos pés da mulher.

Ela usava botas estranhas e acolchoadas tão cinzentas quanto seu uniforme,

transformando cada passo em um zunido abafado. Pareciam bobas, como

ursinhos de pelúcia sem as orelhas, esvaziados de seu recheio e

transformados em sapatos.

A enfermeira começou a falar de novo, mas distraída pelas ridículas

coberturas para os pés, Phee falou sobre ela. — Por que você está usando

isso?

— Usando o que, querida?

Phee cerrou os dentes com o tom condescendente da enfermeira. Sua

primeira enfermeira de três meses atrás a tratou com a devida deferência.

Era: “O que posso fazer por você, senhorita?” isso e, “Você gostaria de um

chá e bolo enquanto espera?” naquela. Mas assim como a clínica havia

rebaixado Phee por quarto – colocando-a nesta cela dura – eles também a

rebaixaram a enfermeira.
A clínica inteira deveria conhecer a vergonha de Phee. Essa enfermeira

sabia a verdade, segurando-a em uma grande garrafa esmeralda – um

tônico para dormir para ajudar Phee a descansar. Esse foi o último

remédio; algo para insônia.

Phee endireitou os ombros e encontrou os olhos da beta. Ela sabia o

que era necessário para a condescendência adequada. Essa trabalhadora de

serviço beta magra esqueceu de si mesma. Ignorando o frasco de remédio

verde ofensivo na mão da mulher, Phee apontou para os pés da enfermeira.

— Por que você está usando esse calçado absurdo?

— Ah, esses? — Ela levantou um pé como se fosse examiná-lo.

Phee sibilou, imbuindo o som com sentimento. — Sim. Por que você

está usando isso? —

A mulher estremeceu com a sensação de desagrado de Phee. Phee

poderia ser facilmente dominada por sua ômega empática interior, mas não

era uma garota para ser superada por uma mulher beta. Ela conhecia o tipo

e sabia como fazer com que suas costas se curvassem em respeito.

A beta quase gritou quando o impacto de Phee a atingiu em cheio. Sua

boca caiu aberta, e compelida a responder, ela gaguejou, — E-Es-Estes são


para que o ss-som de nossa caminhada não ofenda as ss-sensibilidades das

criadores ômega.

Que absurdo. Phee não podia acreditar. Ela estava em uma clínica de

fertilidade ou em uma enfermaria para criadoras quebradas com mentes

destroçadas?

Esta enfermeira beta era inferior. Ela nunca produziria filhos alfa ou

ômega - ela nunca teria uma chance. Ela não podia se relacionar com um

alfa, não podia curá-lo com sua bênção; betas não tinham bênção para dar.

O máximo que podiam oferecer a qualquer alfa era sexo abaixo da média.

A enfermeira era da raça, certamente, mas na base da hierarquia.

Phee tinha um legado, caramba. Seu status ainda significava algo.

Filha de um dos escribas de mais alto escalão dos 12 Setores, ela não era

apenas mais uma mulher na rua. Ela aprendeu a tomar e manter seu lugar

como uma ômega antes de completar treze anos.

A enfermeira respondeu à pergunta de Phee como se ela tivesse

ensaiado na frente de um espelho, um truque beta bem conhecido de criar

uma verdade falsa para contornar a compulsão de uma raça mais forte.

Como a enfermeira com a pinta trabalhava em uma clínica de

fertilidade ômega, a maioria de seus clientes não seria ingênua. Eles


reconheceriam um insulto quando ouvissem um, exigindo assim que a

mulher praticasse suas respostas.

Phee rosnou, pulando da mesa de exame, pegando a garrafa de vidro e

quebrando-a contra a parede. Preenchido com um fluido nocivo, explodiu

em um respingo de lodo e cacos verdes.

A beta gritou de surpresa quando a raiva de Phee encheu a sala em

uma inundação sufocante.

— Eu conheço sua espécie, e você será denunciada. Sua insolência não

será tolerada.

Antes que a enfermeira pudesse responder, a porta se abriu. Outra

mulher beta apareceu, esta mais velha. — Tem alguma coisa errada aqui?

— Não. — Phee disse a ela friamente.

— Querida, você quer que eu ligue para sua mãe? Eu sei que este é um

dia difícil para você. Não é sua culpa, e não é culpa desta enfermeira. Essas

coisas acontecem.

— Ligar para minha mãe? Eu sou uma criança travessa agora? Quanto

tempo fiquei esperando sozinha nesta sala depois que o médico saiu? Vinte
minutos? Trinta? Você voltou esperando que eu estivesse sangrando

perfeitamente no ralo do chão? É assim que esta clínica funciona?

— Senhora, você está chateada. Eu sei que este é um momento

bastante problemático para você. — Disse a enfermeira mais velha. A

enfermeira mais jovem se encolheu, mas sua supervisor maduro tinha mais

experiência com ômegas. A tensão cobriu sua boca em pequenas linhas de

teia de aranha, mas por outro lado, ela permaneceu imóvel.

Sua falta de resposta alimentou a raiva de Phee. Ela olhou para a

enfermeira mais velha. — Não. Merda. — Finalmente, a mulher se

encolheu. — Sim, estou chateada, e este é um momento 'problemático'. Mas

eu não sou uma tola. Quantas ômegas foram colocados nesta sala e ditos

que são estéreis?

— Senhorita, eu não tenho ideia do que você está falando.

Phee levantou a voz e concentrou sua vontade. Ela não iria deixá-los

escapar com este jogo cruel. Quanto mais ela olhava para as duas mulheres

beta, mais certa ficava de que orquestraram todo o encontro para humilhá-

la. — Quantas ômegas estéreis estiveram nesta sala que você conhece?

Conte-me. Diga-me agora.

A enfermeira mais velha empalideceu e parecia doente.


Phee atravessou a sala até ela e a olhou nos olhos. — Quantas ômegas

estéreis estiveram nesta sala, enfermeira?

A enfermeira forçou as palavras entre os dentes cerrados. — Vinte e

quatro. —

— Vinte e quatro. Vocês vadias. Você sabia. Você me fez esperar de

propósito. Você bebeu uma xícara de chá enquanto esperava que eu me

dissolvesse em soluços incontroláveis e devastados? Você pegou um

pedaço de bolo, rindo, esperando que eu quebrasse?

A enfermeira mais jovem começou a chorar.

Dando as costas para as duas, Phee pegou seu lenço de cabeça, casaco

e bolsa externa. — Meu compromisso acabou. O serviço aqui é péssimo.

Não pense por um momento que você não terá notícias de meu pai e meu

marido-companheiro. Vocês serão acusados de violar as leis dos criadores.

— Senhorita... — A enfermeira mais velha tentou interromper.

Phee se virou para ela. — Oh, eu sei que você pode deixar escapar para

o mundo que eu sou estéril ômega. Todo mundo vai saber. Mas é isso que

você quer – me humilhar. Para me prejudicar. Trazer-me para baixo do seu

nível. Você fez. Você ganhou. Eu machuquei. E quem se importa? O que

me resta agora?
— Você acha que vou esconder isso – o que você fez? Meu pai a verá

no tribunal, mas isso é apenas o começo. Talvez você não saiba que minha

irmã mais nova acasalou recentemente com um irmão do rei? Você sabe,

Constantine Kane, que promulgou as leis de proteção as criadoras de

ômegas, e que se esforça para garantir que nenhum dano aconteça a

qualquer ômega em qualquer lugar? O rei que cortou os braços do médico

alfa que tentou fazer um exame inadequado em sua ômega? O rei que

persegue qualquer um que participe do abuso de um ômega? Esse rei?

—Perder...-

—Você já ouviu falar de seu companheiro de vínculo? Ela tem a fama

de ser uma ômega de habilidades incríveis. Ela entrará nesta sala e saberá

em um instante que tudo que eu relato é verdade.

A enfermeira mais nova chorou mais alto. Ao lado dela, a outra

mulher fez uma careta de compreensão. Outra enfermeira apareceu e,

finalmente, o perplexo médico alfa.

Phee decidiu não ficar por perto para que ninguém tentasse acalmá-la

ou fazê-la mudar de ideia. Não, ela iria relatar isso.


Ela abanou sua fúria, deixando tudo livre enquanto saía da clínica

horrível e inútil. A porta se fechou atrás dela sem bater, mas ainda viu

cabeças virarem com o canto do olho, olhando-a.

Todos eles sabiam o que ela era agora – que não apenas falhou no

tratamento, mas na vida. Tanto para a confidencialidade. E todas as

mulheres no saguão, algumas delas brilhantes e grávidas, as enfermeiras e

a equipe — elas sabiam o que significava o rosto pálido e os olhos

brilhantes de Phee. Afinal, já tinham visto isso antes; vinte e quatro ômegas

estiveram sentadas naquela sala, cada uma delas disse que entrou em uma

menopausa precoce e que seus órgãos reprodutivos estavam se fechando.

Tão triste para você, minha querida, mas não há muito a ser feito. Vinte e quatro

delas saíram do prédio, mal segurando os pedaços quebrados de suas

esperanças e sonhos.

Ela não deixaria esses espectadores olhando uma única lágrima cair.

Três meses atrás, Phee procurou uma clínica não regulamentada, onde

nunca chegaria a nenhum de seus amigos e familiares que ela estava tendo

problemas. Ela esperava corrigir as coisas. Duas de suas amigas saíram

daqui com resultados surpreendentes. Elas disseram que o médico alfa era

gentil. Depois de tentar alguns medicamentos, eventualmente, ele

encontrou a coisa certa para iniciar seus ciclos de calor falhos.


Phee não podia acreditar que o dela tinha acabado.

Durante toda a sua vida, ela cumpriu seu papel, atuando alegremente

para seus pais como sua garota favorita. Devidamente casada aos dezenove

anos, esposa de um alfa rico em seu auge, Phee tinha feito todas as coisas

certas. Ela liderou a Liga da Reforma Feminina e ocupou um lugar

importante na Orphan Solution Society. Ela decidiu seu destino e escolheu

sua vida perfeita.

Com os saltos batendo na calçada, ela caminhou até o prédio da

Administração para registrar sua queixa. Era um assunto sério. Se as

autoridades encontrassem evidências suficientes, todos os trabalhadores

daquela clínica poderiam se encontrar em uma cela, esperando uma

punição brutal da qual talvez nunca mais voltassem.

Ela receberia restituição por cada uma das ômegas de luto levados

àquele quartinho malvado diante dela. Phee pediria que os registros

fossem checados. A Administração iria procurar as partes danificadas para

descobrir seu estado mental atual e o quanto as visitas à clínica as afetaram.

Phee só esperava que elas fossem encontrados vivos e soubessem que a

justiça poderia ser feita.

Elas não seriam esquecidas.


Capítulo Dois

Mamãe soube da visita de Phee à clínica antes mesmo de ela chegar.

Phee disse a seus drones para não atender o interfone. Se sua mãe

ligasse, ela os interrogaria com perguntas, que eles responderiam

impotentes. Nem todos as ômegas podiam influenciar um beta a falar -

alguns não tinham estômago para olhar outra pessoa nos olhos e forçar a

obediência à sua vontade -, mas todas as raças poderiam influenciar os

drones se tentassem, coitados. Era por isso que os drones serviam.

Era a ordem natural das coisas. Phee trabalhou muito duro para

estabelecer sua casa para permitir que sua mãe invadisse. O que significava

que quando Phee verificou o interfone, sua mãe havia deixado várias

mensagens cada vez mais frustradas.

Depois da clínica e da provação de ter que relatar todos os detalhes,

Phee só queria se sentar. Raiva expelida, ela não tinha mais nada. A última

coisa ela queria fazer era contar os acontecimentos para a mãe. Phee

manteve a mulher no escuro sobre as consultas médicas por um bom

motivo mas tudo estaria fora agora. Olhando para as mensagens, ela

contemplou uma refeição e um banho.


O interfone tocou. O som irritou tanto que Phee apertou o botão para

atender antes de pensar nas consequências. Antes que ela pudesse encerrar

a ligação, a mãe disse: — Alô? Olá? Phee, é você?

—Olá, mãe.

A governanta, Menollie, espiou Phee da cozinha. Ela era um pouco

jovem para ocupar o cargo, mas Phee pagara o custo do aluguel da garota,

pensando que, se eles conseguissem, poderia ser um cargo de longo prazo.

Menollie era eficiente, mas era um pouco esperta demais para o gosto de

Phee. Ela nunca seria igual à governanta favorita de Phee, que descanse sua

alma, que veio para a família antes de seu nascimento. Uma figura familiar

e reconfortante, todos gostavam dela. Sua morte natural um mês antes da

cerimônia de união de Phee levou todos os seus irmãos e sua irmã às

lágrimas. Era uma pena que os drones vivessem vidas tão curtas.

A garota se adiantou, sua mão estendida para pegar as coisas

ambulantes de Phee.

A mãe começou a fazer perguntas antes que Phee tirasse o casaco. —

Por que você estava na Clínica de Fertilidade de Flores? Há quanto tempo

você vai lá? Você tem andado de transporte público? Eu sei que o rei se

certificou de que tudo foi atualizado e que é seguro para todos, mas ainda

acho que você não deve sair de casa sozinha. Você tem ido sozinha? Ou
Swift foi com você? Está tudo bem entre vocês dois? Seu médico me ligou

para ver se você estava bem. Ele disse que eu era seu contato de

emergência. Como eu poderia ser seu contato de emergência se você nem

me disse que estava lá?

Phee tirou o cachecol por último e o entregou a Menollie. — Você sabe

que o médico sempre quer um contato. Eu tive que dar-lhes um. Quem

mais eu nomearia? Naya está muito longe.

A voz do outro lado escureceu. Naya era um assunto muito delicado

para sua mãe. — Isso não é engraçado. Claro que deve me nomear. Mas

você deveria me dizer o que está acontecendo. Eu sou sua mãe, Phee. Eu

me preocupo com você. O médico que ligou parecia muito preocupado.

Ele estava? Phee precisava saber o que sua mãe tinha dito. — O que ele

disse para você?

— Ele disse que você saiu da clínica muito chateada. Ele estava

preocupado com você e queria garantias de que chegou em casa em

segurança. Mas quando ele ligou, ninguém respondeu. Então, ele me ligou.

Eu disse que ninguém atende seu interfone. Sinto muito, Phee, mas seus

drones estão terrivelmente treinados. Você precisa de uma nova agência.


— Meus drones estão bem. — Disse Phee, observando Menollie

pendurar o casaco no armário. Sua casa inicial com Swift era pequena. Dois

armários não eram suficientes. Menollie lutou para encaixar o casaco de

Phee com as outras roupas da moda. O ajuste era tão apertado que o casaco

adicionado não precisava do cabide.

Depois de seus primeiros quatro meses de gravidez, eles poderiam se

candidatar a uma casa e sair deste minúsculo complexo de dormitórios

para casais sem filhos. Mas Phee sofreu dois abortos precoces - e depois

nenhum ciclo estral.

— Phee, o que está acontecendo? Vai contar para sua mãe o que está

acontecendo? Você está bem, querida? Você tem agido estranha por um

tempo e não pense que eu não notei. Você perdeu duas reuniões da Liga

Feminina da Reforma e um almoço para a Sociedade de Soluções. Isso não

é como você. Você abortou de novo?

Phee se arrependeu de ter contado à mãe sobre isso, mas ela continuou

perguntando sobre um bebê. Ela queria saber se Phee escolheu a clínica

certa, continuou oferecendo uma lista de médicos adequados e exigiu que

Phee lhe dissesse qual agência ela usaria para entrevistar enfermeiras. Toda

vez que Phee via a mãe, esta se lançava em intermináveis rodadas de


perguntas sobre um bebê que não existia. Sobre uma futura família que

nunca nasceria.

Então Phee contou a ela sobre os abortos.

E sua mãe respondeu com um desapontado: — Ah. Isso acontece.

Bem, você terá um ciclo inicial então. Melhor ficar perto de casa. Pode vir a

qualquer momento. E seu contrato não vai impedir um alfa ridículo e de

baixo nível de pensar que pode fazer você desejá-lo. Você tem todas as joias

apropriadas, e cheira como o querido Swift, com certeza, mas não será

suficiente. São animais, todos eles.

A mãe estava errada, no entanto. Demorou mais do que deveria para o

ciclo de Phee voltar.

Tirando os sapatos, ela deixou sua mãe falar. Menollie se aproximou e

os pegou. A garota deu uma olhada silenciosa em Phee e murmurou

lentamente: — Vou preparar um banho quente para você. Há canja de

galinha, se você quiser.

Phee assentiu, agradecida.

—Nós vamos? Responda-me. — Disse a mãe, impaciente.


Phee não tinha ideia de qual era a última pergunta. — Estou bem, mãe.

Não se preocupe comigo.

— Mas eu me preocupo com você, querida. Você está indo tão bem.

Estou muito orgulhosa de ti. Eu realmente estou. Na semana passada,

Ninah me elogiou pela bela jovem que você é. Eu sei que ela está com

inveja. Ela gostaria que suas filhas fossem mais parecidas com você.

— Alta Dryer – você se lembra dela? Ela estava dizendo a mesma coisa

para mim não há duas semanas. Pobre Alta. Ela só tinha uma garota, sabe,

e fugiu com um guarda do Setor 6. Isso incomodou muito Alta. Ela estava

chorando. Conversei com ela por horas. O guarda serviu bem, eu acho, mas

ele está a quarenta anos de seus dias no Exército do Rei e ainda não é nada

mais do que um guarda da cidade. Você sabe como o campo é competitivo

entre esse tipo de macho — brutos, todos eles. Comum como pedra de rio.

— E, Phee, querida, você não vai acreditar, mas eles se uniram. Eu

avisei Alta sobre isso. Eu disse que ela deveria encontrar os pretendentes

adequados cedo. É tão espalhafatoso. Você pode imaginar? A pobre Alta

chorou por horas no meu ombro.

— Ela fez?
— Ah, horas. Ela está tão preocupada com sua filha agora. Esse macho

terá a corrida dela. Ele vai fazer exigências. Alta não vê sua filhinha há

meses. Ela pensou que criou sua filha para saber melhor.

A mãe continuou por mais dez minutos, como se tivesse esquecido

que a irmã mais nova de Phee também acasalou com um bruto do pior

setor. Sequestrada de seu quarto na véspera de sua cerimônia de união,

Naya foi levada para o Setor 2. Quando Naya entrou no cio, mesmo tendo

um contrato com outro homem, seus desejos superaram todo o seu bom

senso. Como resultado, ela escolheu o maior e pior alfa disponível, para

grande horror de sua mãe. Phee não sabia se a mãe estava mais chateada

que Naya lhe deu sua mordida e sua bênção, ou pelo sequestro e trauma

que Naya sofreu.

Phee seguiu o caminho mais civilizado e concordou com um contrato

de casamento com Grayson Swift. Ele estava entendendo de seu primeiro

aborto e ansioso por uma segunda chance. Em seguida, decepcionado com

o fracasso subsequente. Ela não sabia se ele havia escolhido sua primeira

amante beta antes ou depois disso.

— Mãe, me desculpe, estou muito cansada. Não posso falar mais um

minuto. Vou tomar banho e descansar.


— Phee, querida, você não me contou como foi a visita à clínica. Fiquei

toda tagarela, eu sei.

— Vamos conversar em breve, tenho certeza.

-*-*-*-*-*-*-*-

A mãe tocou novamente cerca de duas horas depois – apenas dez

minutos depois que Phee viu seu marido sair pela porta da frente.

Com o cabelo ainda molhado, vestindo um roupão, Phee foi até o

interfone na sala principal e apertou o botão de atender. — Olá, mãe.

— Phee, querida. Você não fez. Como você pôde fazer isso consigo

mesmo? — A voz da mãe era aguada e alta.

— Fazer o que?

—Está em todos os noticiários. Três enfermeiras foram presas, a

enfermeira sênior executada no local. Executada, Phee! Vai haver um

julgamento. Seu nome está em toda parte. É horrível.


Phee se sentou em uma das cadeiras confortáveis da sala principal. Ela

estava certa – aquelas enfermeiras beta estavam aterrorizando ômegas, e se

safando disso em sua pequena clínica tranquila. Se alguém já havia sido

executado, isso significava que um investigador alfa estava envolvido.

Ninguém podia mentir para um dominante; dizia-se que sua vontade

poderia soprar sobre a alma mais resistente. Os investigadores alfa

trabalhavam para o próprio rei. Eles eram detectores de verdade testados e

comprovados, e carregavam espadas nas costas para distribuir justiça

eficiente.

— O médico fez parte disso?

— O médico que me ligou? Não, eles não têm provas disso, mas era a

clínica dele. Você sabe o que vai acontecer. É simplesmente terrível. Houve

vídeo. Vídeo horrível.

— Vídeo de quê?

— Da prisão. Seu pai disse que eles mostraram a execução também.

— E as ômegas? O que eles descobriram? — A dor naquele quarto se

instalou no coração de Phee enquanto ela estava sentada no banho. No

momento em que seu marido e companheiro voltou para casa do trabalho,

tendo também ouvido falar sobre o ataque à Clínica de Fertilidade das


Flores e quem o colocou em movimento, o humor sombrio de Phee se

tornou uma dor arrepiante e profunda.

— Eles descobriram que havia ômegas estéreis. Como você, Phee.

Todo o setor sabe agora. O que eu vou fazer? Você sabe o que isso faz

comigo – uma filha sequestrada da minha casa, a outra estéril? Eu falhei.

Completamente falha.

— Seu pai diz que estou sendo dramática. Você acha que estou sendo

dramática? Você estava pensando em mim quando entrou em um prédio

administrativo para reclamar? Como você pode fazer aquilo? Sabe quantas

vezes meu interfone tocou? Esta é a primeira chance que tive de ligar para

você.

— Você é meu primeiro zumbido da noite. Já é muito tarde, mãe.

Sua mãe engasgou e soluçou. Phee ouviu o som de vidro batendo na

madeira e se perguntou quanto vinho sua mãe tinha bebido. — Exatamente

certo. Muito tarde. Porque tenho ouvido falar da minha filha estéril e sem

filhos. Menopausa precoce, dizem. O que é aquilo? Uma doença de drone?

Você é uma velha drone? Também ouvi falar de outras mulheres que foram

à clínica. Uma delas é a filha de Pinnah Cassey. Ela cometeu suicídio no

início do ano passado. Apenas desistiu. Não posso acreditar, Phee. Fala-se
de uma filha da minha querida, querida amiga por causa do que minha

filha fez. Pinnah nunca mais vai falar comigo. Nunca.

— Sinto muito, mãe. — Phee disse, e quis dizer isso. Havia uma boa

chance de toda a família perder prestígio entre as outras matronas e filhas

do Setor 5. Uma mulher ganhava popularidade fazendo tudo certo e

vivendo acima de seu eu animal; conhecendo seu lugar no mundo e se

divertindo com isso.

— Como isso pôde acontecer? — Sua mãe continuou. — O que eu fiz

para merecer isso? Eu te ensinei tudo o que sei, te dei tudo que eu tinha.

Como você pode ter menopausa precoce? Não entendo!

— Eu não sei. — Phee disse.

— Tive quatro abortos. E todos aqueles garotos também. E duas

meninas. Meu ciclo foi implacável na minha juventude, mas mesmo eu,

mesmo eu…

A voz sumiu. Phee disse isso por ela. — Você ainda está tendo seu

ciclo estral, mãe?

A mãe chorava do jeito que Phee achava que ela mesma deveria estar

chorando. — O que aconteceu, querida? Perdemos uma consulta médica?


Não tomamos as vitaminas? Não tomou a vacina certa? Este é apenas um

útero de teia de aranha, não é?

— Nada, mãe. Não é. O que dizem as notícias sobre essa menopausa

precoce? É uma nova doença que afeta a população ômega? — Ela não

tinha ouvido nada antes de sua visita à clínica, mas vinte e quatro ômegas

abusadas por aquelas enfermeiras beta — seu diagnóstico teria que ser

recente, sugerindo que a doença era relativamente nova.

— Sim, novo algo-ou-outro. Você não é a única. Haverá mais

investigações. Eles ainda estão falando de você no meu bloco de dados. Seu

nome está nas manchetes. Minha filha será famosa nos 12 Setores por uma

doença de drones!

Sua mãe não sabia do que ela estava falando. A menopausa em drones

não era uma doença, e a biologia de Phee era diferente da deles, de

qualquer maneira. Ela conhecia a causa mais comum de infertilidade, útero

de teia de aranha, mulheres infectadas em todo o mundo. Começou em

drones antes das Grandes Guerras e se tornou o catalisador para toda a

população da raça quando cientistas envolvidos na codificação de DNA

tentaram salvar a humanidade da extinção. Como resultado, a raça, uma

raça de super-humanos nasceu.


Eventualmente, eles encontraram uma cura para a doença

esterilizante. Todas as meninas nascidas nos 12 Setores, mesmo as

descendentes de super-humanos, tinham que ser vacinadas, ou

enfrentariam nunca ter filhos.

Não, isso era algo novo. E isso só afetava as criadoras de ômega.

A raça iria morrer? Sempre haveria betas e drones, mas alfas e ômegas

eram diferentes em sua fisiologia. Sem criadores de ômega, o mundo

mudaria. Não haveria alfas, nem líderes, nem guerreiros. Alguns podem

argumentar que não foi uma coisa ruim.

— Só não sei o que vou fazer agora. — Mamãe gemeu.

— Eu estarei aí amanhã, eu acho. — Phee interrompeu.

— Oh, eu não posso, Phee. Sinto muito, mas eu simplesmente não

posso. Vou dormir uma semana. Venha depois. Vamos tomar chá juntos e

conversar sobre isso.

Como se uma boa conversa fosse mudar alguma coisa. — Sem mais,

mãe. Eu estarei mais amanhã. Swift rescindiu nosso contrato. Ele vai

protocolar a disputa no escritório da Administração pela manhã. O que

significa que não posso morar em casas de casais.


— Ah, Phee, não! O que aquele homem está pensando? Nenhum de

vocês pode morar em casas de casais se não forem um casal.

— Ele vai ficar com sua amante. Ele conseguiu um lugar para ela cinco

meses atrás. Ela está grávida.

— Não. Não não!

— Sim.

— Eles não serão alfas ou ômegas. Serão apenas mais betas. Ele não

pode dar a ela seu nó. Eles terão um contrato? O que ele pode estar

pensando? Farei com que seu pai fale com Swift. Ele vai explicar o que

fazer. Um alfa não vive com uma dessas mulheres. Ele não! Que insulto

isso é. Não vai ficar. Não vai! — Como uma mulher cujo marido-

companheiro também ocasionalmente entretinha amantes beta, sua mãe

ficou devidamente ofendida.

— Estarei em casa amanhã, mãe. Limpe meu quarto, por favor.

Phee estava cansada. Mesmo depois de um banho quente o suficiente

para deixar sua pele vermelha, ela ainda sentia suas entranhas congelando.

Precisava dormir. Ela apertou o botão para encerrar a chamada.


— Eu disse que ele era um bastardo certo e verdadeiro. — Menollie

disse atrás dela.

Cansada demais para corrigi-la por falar fora de hora, Phee não disse

nada.

Menollie entregou-lhe uma taça de vinho. — Você não comeu muita

sopa. Cook colocou muito sal de novo?

— Não. Estava bom.

— Você é de qualidade, senhorita. Bem como a porcelana velha na loja

de antiguidades. Ele nunca fez isso por você, e você sabe disso. — A mãe

de Menollie trabalhava na casa de uma ômega totalmente ligado. Para um

drone, a garota tinha todos os tipos de ideias sobre como a raça deveria ou

não se comportar.

— O que eu sei, drone? — Phee tomou um grande gole do vinho tinto,

engolindo meio copo. Isso e uma empregada doméstica era tudo o que ela

precisava para dormir.

— Você sabe que nunca sentiu uma conexão com ele. Ele nunca te deu

prazer. Você é melhor do que ele, e isso é tudo que vou dizer. Vou acordar

Cook e Mary, e vamos começar a fazer as malas. Eu também vi a notícia.

Foi uma coisa corajosa e incrível que fez hoje, denunciando aquela clínica.
Todas as outras mulheres estavam muito envergonhadas, muito divididas

com sua situação para perceber o que as horríveis enfermeiras estavam

fazendo. O rei deu uma declaração. Ele vai mandar fazer inspeções em

todas as clínicas dos 12 Setores. E todos os edifícios administrativos

também estão sendo revisados. Ele não vai gostar do que descobrir, temo.

Nem um pouco.

— Ele não vai?

Menollie balançou a cabeça. — Ah não. E tudo porque você fez uma

coisa boa.

Phee engoliu o resto do vinho e entregou a Menollie. Ela se sentiu

como a boca aberta e vazia de um túmulo. Só que, em vez de deitar na

maldita coisa e descansar, as pessoas continuavam empurrando outras

coisas, sufocando-a com seus próprios problemas.

Ela não sentia que tinha feito nada de bom. O que um servo sabia?
Capítulo Três

O transporte que o Rei dos 12 Setores enviou para Alpha Nothonal

Darre atraiu os olhos como um ímã. Era uma visão ultrajante contra o pano

de fundo do Setor 2. Alreck não conseguia acreditar no que estava vendo.

Era um transporte para dois ou um ônibus para um exército? Parecia haver

espaço para dez pessoas sob a cúpula arredondada e protuberante da

cabine.

Seus homens o estavam vigiando desde o amanhecer e enviaram uma

mensagem da fronteira no momento em que o avistaram. Alreck esperava

que algo mais discreto levasse Darre e sua companheira, Naya, ao Setor 5.

O que eles conseguiram foi um pedaço de maquinaria ronronante com as

curvas de uma mulher preparada para a guerra. Banhando seus contornos

elegantes, a pintura azul-preta chamou mais atenção. Merda, isso brilhava?

A última experiência de transporte de Alreck ocorrera anos atrás em

um ônibus público que cheirava a odor corporal. Antes disso, ele passou

algum tempo espremido ombro a ombro na parte de trás de um transporte

do exército com os alfas do exército de outro rei. Ele não sabia dirigir —

não conhecia ninguém que tivesse um transporte que não fosse rebocado

pelo gado. Este veículo era bom demais para um lugar como este. Quando
parou no meio-fio, inalou os aromas de óleo fresco e poder, e eles fizeram

seu pênis duro.

Ele sabia que não era o único homem ficando excitado. Em uma fila

atrás dele, sua equipe esperava por ordens. Como se o transporte fosse um

pedaço de bife colocado na frente deles, eles estavam tensos com o desejo

de possuir.

Bastardos gananciosos. Nada mais do que animais.

— Calma aí. — Alreck ordenou.

Um dos homens rosnou. Pegando seu bastão na mão, Alreck se virou e

o empurrou, duro e maldoso, sob a mandíbula do cara. — Quebrar fileiras?

Você não entende minhas regras? Nada dessa merda.

Desde que a arma de Alreck ameaçou perfurar o espaço na frente de

seu pomo de Adão balançando, a melhor resposta do cara foi um piscar de

olhos. Alreck reconheceu aquele piscar e sacudiu o pulso, puxando para

trás e batendo no braço do cara com o bastão, o golpe balançando-o. A

contusão pode ser desagradável o suficiente para ele se lembrar de como

Alreck gostava de fazer as coisas.


Alreck examinou sua equipe, verificando se mais alguém queria agir.

Um ou dois dos diabos que ele escolheu para sua equipe poderiam igualá-

lo em força ou velocidade, mas Alreck poderia lutar contra todos eles.

Colocando a arma de volta no cinto, ele encontrou seus olhares até que

eles baixaram os olhos em submissão. — Não se esqueça de quem você é só

porque vê algo brilhante.

O calor e o cheiro da máquina encheram o ar. Alreck ergueu a mão

direita em um aceno para os recém-chegados. Ele não conseguia imaginar o

que ele e seu grupo pareciam para eles. Sua equipe treinada carregava uma

mistura eclética de armas e armaduras adquiridas ou recuperadas – nada

de novo e compatível para eles.

Dois homens vestidos de preto saíram do veículo. Totalmente

equipados, usavam couraças tão bem conservadas que Alreck podia ver

seu rosto neles. Ele sentia falta de uma armadura assim; a última vez que

ele o usou foi uma vida inteira atrás.

O passageiro ficou perto do veículo enquanto o motorista se

aproximava de Alreck com uma mistura de confiança e cautela que sugeria

que ele estava pronto para qualquer coisa.


Ainda bem - uma multidão estava assistindo do outro lado da rua,

apenas esperando por um sinal de fraqueza.

Alreck sabia que Constantine Kane não era tolo. Seus homens não

seriam simples. Rei dos 12 Setores por direito de primogenitura, ele

manteve sua posição em virtude do poder. Décadas como Alfa dos Alfas o

prepararam para assumir o papel de seu pai como líder nos 12 Setores. Ele

teve que lutar por isso e não tinha vergonha de derramar sangue para

mantê-lo.

Para Kane, a honra e a lei tinham prioridade sobre a família. O durão

havia emitido embargos contra este setor quando seu irmão mais novo se

recusou a seguir a linha e fazer cumprir as leis da Administração. Havia

sangue ruim entre irmãos e seu pai que Alreck sabia que envolvia traições

e promessas quebradas, mas Alreck não estava a par de detalhes.

Kane manteve recursos como médicos, suprimentos médicos e

eletricidade. Ele sabia que tipo de pessoas viviam no Setor 2 e não enviaria

idiotas para proteger sua propriedade.

Alreck se apresentou, então acenou com a cabeça para o veículo. —

Isso é um trabalho.

— Tem uma ereção para o transporte? — Perguntou o motorista.


— Pode ser. Tem mais curvas do que qualquer beta que já vi. —

Admitiu Alreck.

— Isso é porque é uma maldita ômega. O próprio rei o projetou, em

homenagem à sua companheira.

— Isso explica, então. — Alreck só tinha visto uma companheira

reprodutora ômega, mas ele tinha ouvido falar que comparadas com

mulheres beta e fêmeas zangão, elas eram todas doces e cheias de curvas,

com uma boceta celestial feita para o nó de um alfa. O transporte do rei

tinha uma aparência que lembrava muito a Alreck os arcos arredondados

dos quadris e coxas de uma mulher.

Não que ele precisasse de ajuda para se lembrar. Ultimamente seus

pensamentos perseguiam imagens femininas durante todo o dia. A curva

do quadril de Rachel, a curva de sua barriga e o cheiro dela em seus lençóis

o assombravam. Ela era um fantasma além da redenção; sabia desde o

início o que ele realmente queria, e ela o odiava por isso.

Mas não tanto quanto ela se odiava.

— Você pode estacionar nos fundos. — Ele disse ao motorista. —

Provavelmente tem ordens para guardá-lo, mas se não se importar,

gostaria de adicionar alguns dos meus caras.


— Nós podemos fazer isso. Sinto como se estivéssemos no fundo de

uma armadilha de atirador aqui. Você não terá nenhum argumento meu.

— Você já esteve aqui antes? — Perguntou Alreck.

— Não. — O motorista olhou ao redor, avaliando onde estavam.

Um dos poucos edifícios com quatro paredes e telhado nesta rua, a

área em frente à torre tinha um vazio como seu pátio. Mas não parecia

bom. Os pedaços da calçada estavam dispostos como ladrilhos calafetados

de terra na frente de degraus remendados. Caixas de jardim de cimento

continham entulho em vez de plantas. Mas era bem aberto, sem bordas

para tropeçar e sem barreiras ou espaços cegos para se esconder atrás.

Outrora uma área movimentada da cidade, o resto desta rua era um

cemitério de prédios antigos e outros refugos misturados com silvas

espinhosas e grama selvagem.

— Alguns dos meus homens também estão na lateral do prédio,

esperando por você. Tudo bem se dois desses lotes andarem dentro ou na

parte de trás? Como você faz isso quando está em território inimigo?

— Há uma plataforma de dois homens na parte de trás.

Na parte de trás do veículo, o motorista inseriu uma chave, abrindo

um porta-malas que se levantou e deslizou para o lado para criar espaço


para dois homens ficarem acima do para-choque. Alreck viu apoios para as

mãos também. Presos aos lados estavam armas com cabos de madeira e

conjuntos de sirenes vermelhas e fumantes brancos.

Esses trouxeram boas lembranças. Ele adoraria colocar as mãos em

alguns vermelhos, os dispositivos de dissuasão alfa de curto alcance

usados pelo exército do rei. Havia um jogo que os tops seniores tinham

jogado contra seus inferiores durante as manobras de treinamento – nada

mais satisfatório do que lançar uma sonda vermelha em um jovem idiota.

A bola batia, ativava, e o time descia, caindo como paus com o barulho. Já

que aquele som de matar os nervos sempre atingia com mais força aqueles

com maior poder, os maiores idiotas acabariam cagando nas calças. Com os

tampões de ouvido no lugar, Alreck riu e riu.

O segundo do alfa, Nixon, sabia como fazer fumantes brancos com

garrafas ou latas, mas os vermelhos exigiam materiais que eles não tinham.

Esta viagem poderia oferecer uma alternativa melhor, no entanto. Se eles

não pudessem obter armas melhores diretamente do rei, Nixon lhe contou

sobre um mercado de drones no Setor 10 que tinha todo tipo de merda

disponível. Darre podia odiar os barulhentos, mas havia uma ômega e seus

futuros filhos para proteger agora.


Separando sua equipe, Alreck escolheu dois homens para montar no

veículo e enviou metade do restante para correr na frente para garantir que

ninguém encenasse uma emboscada mal concebida. Alreck era

excessivamente cauteloso, ele sabia, mas os tempos justificavam a

necessidade de escudos de carne extras. Ele designou o resto para vigiar a

área ao redor da torre. As coisas estavam inquietas neste setor desde que

Darre tomou uma companheira. Ele e Nixon concordaram que manter os

homens do lado de fora e em patrulha era uma boa ideia.

— Basta ir para o beco. O caminho é curto e tenho homens até a

garagem. Estacione lá e carregaremos amanhã. O segundo do alfa, Nixon,

está esperando por você.

Como um, os homens voltaram no transporte para levá-lo de volta.

Amanhã, Alreck estaria no táxi com Alpha Darre e sua companheira,

dirigindo para o Setor 5 para ficar com sua família, visitar um médico e

fazer uma reunião com os parentes poderosos do alfa. Era a última coisa no

mundo que Alreck queria fazer. Passar horas em um espaço fechado com

Naya foi o mais próximo que ele chegou de visitar a câmara de tortura. Ou

Darre o mataria, ou ele se mataria apenas para obter algum alívio. De um

jeito ou de outro, seria sua própria fatia especial do inferno.


Alreck desejou poder voltar ao primeiro momento em que inalou

avidamente o cheiro de uma criadora de ômega. Maravilhoso. Doce.

Perfeição. Sua fragrância entrou em sua cabeça e sangue, foi para seu pênis

e se alojou lá. A companheira do alfa o afetou desde o início. Ela começou

todos os tipos de desejos insistentes nele. Alreck não queria Naya,

especificamente, mas ela mostrou a ele como poderia ser ter um vínculo

ômega. Ele queria isso agora ao ponto da obsessão; até mesmo a porra do

cheiro de acasalamento dela marcava seu cérebro, e ele não conseguia tirá-

lo.

Ele tinha feito bem seu caminho sem uma mulher antes de conhecê-la.

Havia muita paz em não saber o que estava perdendo. Com as fêmeas

escassas no Setor 2 e banidas da torre, Alreck assumiu que iria para o

túmulo sem uma das suas.

Tentando saciar seu desejo com uma linda e machucada pequena

fêmea beta que precisava ser salva, ele pediu ao alfa um contrato de

casamento com Rachel, filha de Corre. Doce de rosto, mas de mente

distorcida, a garota viveu uma vida de abuso. Manipulada por seu pai para

participar de um plano para assumir o Setor 2, Rachel tentou matar Darre e

sua companheira. Sua melhor esperança de sobrevivência tinha sido um

contrato com Alreck.


Ele tinha feito tudo que podia pensar para ajudá-la. Nixon tinha uma

esposa beta. Se aquele homem teimoso podia manter uma esposa e

encontrar alguma felicidade, então Alreck sabia que ele também podia.

Sim, ele perderia a bênção do criador, a conexão psíquica, profunda da

alma de uma companheiro ligada, e ter seu nó apertado. Mas não estaria

sozinho.

No final do dia, haveria uma mulher esperando por ele, fazendo-lhe o

jantar e apresentando-se de boa vontade em sua cama. Eles ririam e

brincariam. Ele não estaria tão fodidamente solitário todas as manhãs. Ele

tinha planos para Rachel e sua vida juntos.

Mas ela não queria sua ajuda. Não entendendo a extensão de sua

mente despedaçada, ele a deixou com drones enquanto foi para a torre,

subestimando sua determinação de escapar dele, de escapar da vida. Ela o

deixou, deixou a vida, levando seu filho por nascer com ela, da maneira

mais permanente possível.

Ela não era ômega. Mas ele sentia falta. Sentia falta do calor de seu

corpo, da curva de sua bochecha e do sorriso tímido quando ele a elogiava.

Ele lamentou todas as possibilidades do que poderia ter todo. Disposto a

fazer o que fosse preciso para ter uma mulher em sua vida, Rachel

aproveitou sua última oportunidade com ela para o túmulo. Todas as


mulheres, mesmo betas, eram raras neste setor. Ele não sabia quando teria

outra chance.

Alreck tinha pedido para ficar para trás deste passeio no Setor 5,

sabendo que a proximidade de outra mulher logo após a perda seria difícil,

mas Darre riu dele. — Naya quer que você vá.

Então Alreck estava indo.

Enquanto ele voltava para dentro da torre, a sombra pessoal de Alreck,

Blade Jordan – um alfa maluco que tinha afiado e prateado seus caninos –

lhe entregou sua máscara de respiração. Atualmente, Alreck era apenas um

dos poucos homens que usava um.

Não havia vergonha nisso; Alreck não iria brincar com o insulto de

uma ereção com vazamento por causa do cheiro de Naya.

— O que você acha que Alpha vai dizer sobre o transporte? — Jordan

perguntou.

— Você sabe que ele vai odiar. Não é apenas um alvo, mas vem de seu

irmão. Mas acho que a ômega vai gostar. — Se o interior fosse tão bonito

quanto o exterior, Naya adoraria. Embora ela não reclamasse, a ômega não

era tímida sobre sua apreciação por coisas boas.


Jordan bufou. Embora não tão afetado pelo cheiro de criadora de

ômega como Alreck, ele sabia que Jordan a admirava. Como um dos

guardas de Darre que assinou depois do acasalamento do casal, Jordan

tinha visto Naya defender seu companheiro muito mais alto e maior de

qualquer insulto ou ameaça. Tão feroz quanto um wolverine da ONU, ela

passava de autossuficiente em um momento para dentes e garras no

próximo. Ninguém desrespeitava seu alfa pelas costas se sua companheira

estivesse por perto. A mulher sempre foi por sangue.

— Eu quero dirigir aquela máquina. Acha que posso convencer os

brutos do rei a fazê-lo? Talvez um jogo de dados resolvesse.

Na última contagem, Jordan tinha dez pares de dados ponderados.

Sua trapaça óbvia era uma piada notória na torre.

— Não mexa com eles. Você não está dirigindo o transporte do rei.

— Não, acho que não. Mas foda-se, essa coisa parece sexo sobre rodas.

— Jordan reclamou.

— Desde quando você faz sexo com qualquer coisa além da sua mão?

Está ficando desesperado, velho? Talvez devesse gastar um pouco desse

excesso de energia.

— Você não vai...-


Mas Alreck o fez, desafiando Jordan a subir os doze lances de escada

até o andar da família. Ainda trabalhando para recuperar sua força total

depois de sofrer um ferimento, Jordan perdeu. Limpando uma linha de

suor em sua testa, ele bufou, olhando de lado para Alreck.

Escalar doze andares em marcha não foi fácil, mas Alreck não se

importou. — Você não pode dirigir o transporte, mas se quiser ter a chance

de andar na parte de trás dele, precisa fazer melhor. Corra aquelas escadas

de novo.

— Porra.

— Faça isso. — Alreck ordenou, deixando Jordan para trás.

O décimo segundo andar dava para um saguão vazio. Não havia

cadeiras convidativas para os convidados se sentarem. Uma parede com

uma porta cortava o design original da sala pela metade. Atrás dessa porta

ficava o escritório público do alfa, e além dele ficavam as salas da família.

Havia outras saídas dentro e fora do andar agora, mas apenas algumas

pessoas sabiam onde estavam as três e como alcançá-las da melhor

maneira. Os guardas de Alreck ficaram alertas sem tocar as paredes atrás

deles. Ele os ignorou enquanto passava.


Nothonal Darre era um homem besta. Até sua ligação, ele estava

propenso a ataques de raiva, dando total controle à sua natureza violenta e

primitiva. Alreck não conhecia nenhum outro homem como Darre. Alguns

traumas do passado haviam bagunçado o alfa quando ele era mais jovem,

transformando-o em um monstro imbatível de macho.

Aquelas garras, menos três em uma mão, faziam dele uma força

mortal. Armas não eram permitidas no poço. Até mesmo Alreck teve que

desistir de seu bastão arrogante e apenas usar seus punhos, mas as garras

afiadas de Darre eram parte dele.

Depois de sua ligação, Darre ainda tinha uma natureza perigosa e

imprevisível, mas o monstro dentro brilhava com menos frequência em

seus olhos. Todos que moravam na torre e o viram mudar sentiram que ele

estava mais lúcido depois de receber a bênção da criadora.

A ligação de Darre o deixou feliz.

E foda-se, Alreck queria isso. Ele queria o riso, a conexão que encheria

os lugares em sua cabeça que pareciam quentes e crus. Não só isso, ele

queria saber como era ter uma boceta apertando seu nó.

Ele fechou as mãos em punhos, reprimindo a raiva crescente de seu

desejo. A necessidade sempre rastejava para a superfície quando ele estava


neste andar; o espaço estava abarrotado de restos dos feromônios de Naya

e Darre durante seu calor, e pequenos lembretes dela em cada canto

anteriormente frio e estéril.

Batendo na porta, ele respirou o ar limpo, ouvindo a coisa se erguer e

expelir através das camadas de máscara. Ele embalou sua máscara pessoal

com uma mistura de ervas mentoladas para ajudar a cobrir qualquer cheiro

persistente que pudesse chegar ao seu sistema olfativo. Tinha funcionado

por um tempo, mas ele estava cada vez mais sensível.

Um macho drone mais velho abriu a porta com uma cesta na mão. Era

James, que ajudava na cozinha no andar de baixo. Após melhorias no

encanamento e uma instalação de cozinha neste andar, Alreck tinha visto

menos o homem. A cesta vazia significava que ele trouxe algo fresco do

mercado.

— Frutas para a ômega? — Perguntou Alreck.

— Tanto quanto qualquer um pode encontrar. — Respondeu o velho

drone.

— Talvez façamos algo sobre isso no Setor 5.

Olhos no chão, James disse: — Eles teriam melhor lá.


Alreck sabia que ele deixava o drone desconfortável. James era

impotente afetado pelos feromônios da raça e compelido a obedecer, mas a

reação não alterava a mente ou completamente a vontade de matar. Ele

imaginou que deveria deixar os drones miseráveis.

— Entre, Alreck. O transporte está aqui? — A voz de Darre ecoou das

profundezas da sala.

Alreck deixou James escapar, contornando o drone e entrando na toca

do Monstro.

Mesmo usando um respirador, Alreck tinha uma noção da ômega. Ele

quase podia sentir o calor suave e acolhedor de sua presença correndo

sobre ele. Ele ficava mais suscetível a ela a cada dia.

— Está aqui. E acho que todos no setor viram isso.

— Tão ruim? — Darre perguntou atrás de sua mesa.

— Sem ter como esconder isso.

— Porra. Claro, Kane precisaria se exibir. Maldito seja esse negócio.

Partimos amanhã ao amanhecer. Naya não está dormindo bem e estará

acordada de qualquer maneira. Quantos homens a coisa vai caber?


— É enorme. Dois homens vieram com ele. Talvez mais um na frente?

Dois do lado de fora. Mas você pode conseguir seis ou oito na área de

assentos, aposto.

— Eu não quero ninguém na área do assento. — Monstro sorriu. —

Você e mais dois, então. Eu posso cuidar da minha própria ômega, mas

olhos extras são uma coisa boa.

— Feito.

Alreck sentiu o peso do olhar avaliador de Darre. — Você pode andar

de táxi conosco. Naya pode ter perguntas para você.

— Senhor, Jordan seria...—

— Não tente sair dessa porra. Eu disse que você vai, então você vai.

Naya quer você. E eu sei que você a quer.

Darre parou Alreck antes que ele pudesse falar: — E você não pode

usar o respirador. Ela diz que vai nos destacar, parecer fracos, como jovens

– ou pior, como homens selvagens do Setor 2.

Alreck teve que absorver essa informação por um momento e imaginar

os possíveis cenários em sua cabeça. Seu alfa queria que ele se sentasse em
um espaço fechado com uma mulher que cheirasse a sexo e céu para um

passeio que levaria mais de quatro horas. Uma sentença de morte.

— Você vai fazer isso. Ela se sente desconfortável em ir para casa.

Quer, mas tem medo. Sente-se obrigada, mas nunca quer voltar. Então,

vamos fazer essa merda. Vou falar com o filho da puta que mandou o

carro, lidar com outras porcarias enquanto estivermos lá, e todo o resto. E

você? Vai mantê-lo junto.

A ameaça foi silenciosa. Alreck entendeu tudo do mesmo jeito. — Sim

senhor.

— Não será como aqui. Nada como aqui. Haverá ômegas – mulheres

de todos os tipos – em todos os lugares. Acasalada e não acasalada, velha e

jovem. Você me entendeu? Você e os outros garotos vão ser um ótimo

entretenimento. Mas você vai mantê-lo junto. Eu não sei o que Kane está

fazendo lá, mas uma emboscada é sempre possível. Você será meus olhos e

ouvidos. Assista bem. Você pode ver coisas que eu não vejo.

Darre relaxou em sua cadeira, como uma criatura grande e furtiva da

ONU selvagem. Ele se movia com uma graça que não deveria ser possível

para um homem do seu tamanho – membros soltos, em harmonia com seu

corpo e o espaço ao seu redor.


— Compreendo.

— Bom. Fico feliz em ouvi-lo. Os pais inúteis de Naya estarão lá. Ela

tem três irmãos mais novos, dois mais velhos e uma irmã. Espero que a

maioria deles esteja lá para cumprimentá-la, junto com uma família de seis

drones. Se ficarmos para uma visita completa, há uma tia e outro irmão que

podem aparecer. Kane virá com sua secretária escrevendo todas as suas

palavras preciosas, mas deixará sua ômega e show-boy em casa. Talvez

Ebbon apareça. Eu pedi a ele, mas eu não sei. Não deveria haver mais

ninguém, e isso é mais gente do que eu quero ver de qualquer maneira.

— E o rei aposentado? E se sua mãe vier?

— Eu a veria. Eu poderia matá-lo. Mas sim, eles são uma

possibilidade. Uma reunião de família e uma grande festa. Yay.

Alreck viu o Monstro nos olhos de Darre quando eles escureceram. Ele

não se dava bem com o pai. Muita história aí.

— O layout daquela casa será um problema.

— Um com o qual você vai lidar, não vai?

— E se a família da sua companheira convidar mais pessoas?


—Eu disse a eles o que eu esperava – apenas família. Se forem longe

demais, alguém vai sentir isso.

— Como você diz. — Alreck viu uma onda de calor no rosto de Darre.

Alreck não precisou olhar para a outra porta da sala para saber que a

ômega estava lá fora. Ele observou seu alfa com frequência suficiente para

reconhecer e adivinhar suas mudanças de humor aparentemente

imperceptíveis.

— Vá então. Amanhã é cedo o suficiente para você. — Disse Darre.

Amanhã era cedo o suficiente para Alreck ter que sofrer o tormento de

ver e não ter — de cheirar e não tocar — de querer e não conseguir. Darre

sabia o que Alreck estava sentindo, pensando. As narinas do alfa se

dilataram enquanto ele inalava, observando cada movimento de Alreck.

Músculos se contraindo e torcendo entre suas omoplatas, Alreck

manteve sua expressão plácida sob sua máscara. Ele não conseguia

controlar suas falas involuntárias, e Alfa Darre leu cada uma delas com

precisão. A rotina de Alreck tinha cheiro? Seu suor mudou ao pensar na

ômega? Ela era o símbolo de tudo que Alreck queria, precisava e mataria

para conseguir.
Sob o perigoso escrutínio do Monstro Louco do Setor 2, Alreck se

virou e saiu da sala.


Capítulo Quatro

A mãe bateu na porta do quarto de Phee. Apenas usando as pontas

dos dedos, como se ela não quisesse que ninguém soubesse que estava

verificando a ômega estéril escondida lá dentro.

Quando Phee não atendeu, a porta se abriu. Phee realmente precisava

de novas fechaduras. A mãe tinha uma chave para tudo.

Na cama, de frente para a parede, Phee contou os passos de duas

pessoas – sua mãe e o drone Oncca, pelo som manso de seus passos.

Alguém acendeu uma lâmpada. Oncca levantou a bandeja intocada de

comida daquela manhã e a substituiu por uma para a noite. Pratos bateram

durante a troca. O barulho machucou os ouvidos de Phee e a fez desejar

Menollie, que sempre fazia as coisas em silêncio. A mãe se recusou a deixar

a menina mais nova no andar da família, dizendo que ela deveria proteger

sua família - não se pode ter muito cuidado com drones estranhos.

Oncca, a sombra da mãe, era um assunto diferente. Ela era nova na

casa e estranha para Phee, contratada depois que Phee se mudou. Seu rosto

vazio deixava Phee com uma sensação desconfortável, como se estivesse

olhando para uma tela vazia. Tendo ganho uma promoção após o

desaparecimento de Naya, Oncca ajudou a mãe quando o estresse dessa


provação resultou em palpitações no coração. Antecipando todas as

necessidades da sua patroa, Oncca estava sempre ao lado da mãe, pronta

para servir o chá ou entregar-lhe a cor certa para o bordado.

A mulher espreitava, um espectro pálido de olhos cinzentos, nos

cantos. Como um espião. Embora Phee nunca a tivesse ouvido falar, ela

sabia que Onnca agia como um segundo par de olhos e ouvidos para

mamãe de uma maneira que não a tornava querida pelo resto da casa.

Todos os outros servos eram cautelosos ao redor dela.

Phee não gostava dela. Ela cheirava mal.

Mas agora todos eles cheiravam mal. Todas as mulheres da casa, todas

as mulheres cujo corpo se abriu para receber a semente e dar à luz uma

criança – elas enchiam a cabeça de Phee com o cheiro acobreado de sangue

e fecundidade úmida – o cheiro do que ela nunca teria. Talvez fosse sua

imaginação, mas o cheiro metálico a impedia de comer mais do que

bocados, queimava as suas passagens nasais e enchia a sua cabeça. Ela não

aguentou.

A bandeja entregue, Phee prendeu a respiração, esperando para ver o

que aconteceria a seguir. A mãe sempre sentia o momento exato em que

Phee acordava. Mas como Phee estava apenas fingindo estar dormindo, a

ômega mais velha esperava um reconhecimento.


Phee queria ficar sozinha. Ela não tinha nada a dizer. Nem uma coisa.

Tudo tinha sido dito.

Depois de um momento de crescente impaciência, a mãe começou a

andar de um lado para o outro ao longo da cama de Phee. Ela fez pequenos

ruídos no fundo da garganta antes de finalmente decidir o que diria. —

Phee, querida, há um novo tônico para beber hoje. Mais gostoso que esse

último. Você deveria pelo menos tentar. Está começando a parecer bastante

pálida. Já chega dessa bobagem, não acha? Nós somos melhores que isso.

Phee não tinha mais certeza sobre isso.

A mãe pigarreou com a dignidade exagerada de uma mulher prestes a

dizer algo importante. — Phee, eu tenho algumas novidades.

Ela fez uma pausa, dando espaço para Phee fazer perguntas.

Phee não disse nada.

A mãe falou mesmo assim. — Há um médico no Setor 10 que acha que

há uma nova doença sendo transmitida por mulheres beta para alfas com

quem têm contato sexual. Quando transmitido às ômegas por seus alfas,

pode enfraquecer sua capacidade de produzir filhos. Já que Swift pensou

em encerrar seu contrato, não podemos ter certeza, mas você mesma me

disse o namorador que ele era.


— Você me disse que eles eram todos namoradores, mãe. Você disse

que papai tinha uma beta, e que era um alívio. Você disse que todos os

amigos de seus amigos tinham mulheres beta escondidas nos cantos.

— Sim, bem. Essa é uma verdade universal. Mas seu namorador lhe

deu algo, e talvez haja uma cura. Isso não é uma boa notícia? — A mãe não

podia deixar de lado o diagnóstico de Phee. Ela tinha certeza de que havia

uma cura.

Phee não tinha nada a dizer sobre isso. Ela sabia a verdade.

— E eu tenho outras notícias de Naya. Ela e seu alfa virão ao nosso

setor para uma visita.

O ritmo parou. O calor da sombra de sua mãe se inclinou sobre ela. —

Phee, você está ouvindo? Naya está grávida e está vindo para uma visita

com seu alfa. Vai haver uma reunião. Na minha casa, Phee. Eu não posso

nem imaginar quantas pessoas vão estar aqui.

Ela fez uma pausa, como se esperasse que Phee dissesse alguma coisa.

O que ela deveria dizer?

O alfa de Naya tinha uma relação direta com o rei interino e um

Administrador totalmente vestido. Apesar de uma má reputação, o macho


ainda tinha poder e influência. A mãe estava fora de si com

estremecimentos.

— E o próprio rei, Constantine Kane, virá aqui para conhecer Naya e

seu marido-companheiro – em nossa casa, Phee. Bem aqui para me

encontrar. Talvez o rei aposentado também. Na minha casa. Duas gerações,

e minha Naya carregando uma terceira! — Sua mãe não conseguiu conter

sua excitação urgente e conflitante.

Esta era uma honra óbvia que destacou o sequestro de Naya e a

situação de Phee. Todo mundo que mamãe conhecia, e todo mundo que ela

não conhecia, ouviria que um rei alfa muito popular havia ido à casa de

Ratmhir Zell e sua esposa ômega e se sentado à mesa dela. Seria uma

conquista suprema com a qual nenhum criadora ômega no Setor 5 poderia

competir.

Talvez isso valesse sua redenção social entre seus antigos amigos.

Com quase nenhuma energia para nada além de dormir, Phee ainda

estava seguindo as informações postadas sobre o rei em seu bloco de

dados. As leis de proteção aos criadores infames e impiedosas de

Constantine Kane podem descobrir mais do que algumas enfermeiras beta

malvadas para punir. Ela não sabia se havia uma conexão de corrupção

envolvendo várias clínicas - se alguém instruiu a crueldade das mulheres


nos bastidores como um mestre de marionetes - mas sabia que este rei

mantinha sua palavra sobre proteger ômegas e seguia suas ações. Se

houvesse mais lotes por aí para atormentar as criadores ômega, o rei

descobriria e puniria os responsáveis.

A mente da mãe estava em outro caminho. Uma visita do rei era uma

chance de redimir sua família. Ela não tinha ideia de como falar sobre

Naya, apenas que algo de bom sairia da próxima visita.

— Você terá que beber seu tônico. Levante-se. Não mais disto. Você

perdeu muito peso. Eu sei que não tem nada para vestir, então mandei

Oncca fazer compras para você. A querida mulher me trouxe dois vestidos

novos. Oh, você deveria ver os novos tecidos nesta temporada, Phee. As

misturas de algodão e linho melhoram a cada ano. Alguém desenvolveu

uma nova máquina de bordar com pedal que faz o trabalho mais incrível.

Eu fiz o seu em branco, como o meu. A máquina não drena recursos como

o tipo antigo e proibido. É uma maravilha. O trabalho é como alguns dos

tecidos das histórias – e não me refiro àquelas coisas produzidas em massa.

A mãe parecia animada.

— A casa vai estar cheia de alfas, Phee. Acho que vou convidar

Crispin. O querido menino tem sido tão prestativo e compreensivo, e este é

um grande evento. Ele merece estar aqui.


Phee se lembrou de conhecer Crispin aqui na casa. Jovem para um

companheiro, ele era o macho mais bonito que ela já tinha visto. Ela não

sabia se eram seus cílios, ou seus dedos longos e elegantes. Ele tinha uma

maneira agradável e suave de falar. A experiência limitada de Phee com

alfas lhe dava pouco espaço para opiniões informadas. A única opinião que

tinha era que se Crispin viesse, haveria alguns momentos divertidos e

embaraçosos para aproveitar, já que ele era o pretendido de Naya antes de

ela estar ligada a outro.

— Phee, eu não posso te trancar em um quarto escuro quando o rei

chegar. O que ele vai pensar de mim? Esse mau humor é sua escolha, e um

ridículo esforço de emoção, devo dizer. Teremos que abrir a casa inteira. As

cozinhas devem ser desmontadas e o salão precisa de novos azulejos. Eles

vão ficar aqui. Aqui, Phee.

Enquanto ela andava em círculos ao redor da sala, Phee podia sentir as

ideias de mamãe ficando cada vez maiores. — Preciso consertar o jardim

dos fundos. Ficou para a semente e ruína sem você, querida. Você era tão

bom com o jardim, tão bom em dizer aos drones o que fazer, e ele precisa

da sua mão. Enviei os drones para fazer algo com isso, mas eles são inúteis.

Simplesmente não sabem como mantê-lo arrumado. Devo dizer, parece

terrível. Você é tão boa no jardim, Phee. Você tem um dom para isso, eu

sempre disse.
— Não. — Disse Phee.

— O que?

— Não, não foi isso que você disse. Você disse que eu deveria deixar a

sujeira para os drones e ficar fora do jardim. Você disse que as flores

atraem muitas pragas, como abelhas e borboletas flutuando, todas elas

incômodas. Você disse que eu deveria parar de sujar seu jardim e comprar

o meu. Foi isso que você disse.

— Oh, Phee, não me lembro de você ser tão dramática. O que eu sei é

que preciso que você vá consertar o jardim. Você não está ocupada agora.

— A mãe não disse mais nada. Ela estalou os dedos, o som familiar alto no

quarto de Phee. Então saiu na frente, como se ela e Oncca estivessem indo

para algum lugar importante em vez da cozinha.

A mãe agiu como se Phee tivesse concordado em consertar o jardim.

Que horas eram, afinal? Que dia? O corpo de Phee doía por não fazer

nada. Aquela mulher realmente esperava que ela saísse e, com um estalar

de dedos, restaurasse anos de crescimento excessivo? Embora os drones da

casa usassem o jardim e ocasionalmente arrancassem uma erva daninha,

ninguém aqui se importava com a beleza do espaço. A lavanda e a menta

se descontrolaram com o manjericão. O arbusto de alecrim precisava ser


recuperado. Toda vez que ela visitava esta casa, tinha que evitar aquele

jardim por puro desgosto por sua desordem.

Ela poderia torná-lo melhor, se quisesse. Desenterrar o manjericão

seria um começo.

O cheiro de comida subiu da bandeja, uma sopa de legumes rala que

ela sabia que cheirava melhor do que o gosto. A ausência de Naya na casa

era perceptível. Embora a mãe tenha incomodado Naya sobre sua

necessidade de brincar com pratos e utensílios, a mão de Naya na

preparação das refeições os melhorou. Agora que ela se foi, a comida

sofreu.

Sua irmã também tinha gostado bastante do jardim, mas não tinha o

dom de nutrir as plantas do jeito que Phee tinha.

Importava tanto se ela saísse desta sala? Ninguém realmente se

importava. A mãe estaria em sua sala de estar com seus bordados e Oncca.

Os irmãos de Phee estavam em sua escola diurna. O pai estaria em seus

próprios aposentos. A mãe enviou Oncca com bandejas, mas ninguém mais

agiu como se soubesse que Phee estava na casa. Se Phee saísse, ninguém

veria isso também. Eles a deixavam em paz, com medo de serem

ordenador a pegar uma espátula e começarem a trabalhar.


A mãe queria normal. Ela queria algo e alguém para mostrar a seus

amigos. Mas isso seria Naya grávida agora e não Phee.

Ela esfregou as mãos sobre a barriga vazia. Ela era um vazio sem

propósito. Não havia criança — não haveria criança. Ela se tornou sua xará,

tia Phee. Uma inexplicável ômega sem companheiro ou filhos, ninguém

falava disso. Agora idosa, eles a chamavam de donzela, embora ela não

fosse. Flutuando de calma e racional para selvagem e intensa, a mulher se

equilibrava à beira da loucura. Ela tinha sido uma diversão sem fim

quando eles eram crianças, quando Phee ainda achava que suas mudanças

de humor e travessuras eram jogos feitos sob medida para fazê-la rir.

Agora Phee reconhecia uma mulher constantemente à beira da

fragmentação emocional.

Phee seria como sua tia? Cantando canções de ninar, construindo

ninhos tortuosos e levando os filhos de suas irmãs para eles para cochilos e

carinhos no meio da tarde?

Ela nunca abaixaria a cabeça para cheirar os cachos macios de seu

próprio filho.

Phee se levantou.
Afinal, ela iria cuidar do jardim. O cheiro de lavanda em suas mãos

ajudaria a apagar os aromas fantasmas em sua cabeça de coisas que ela

nunca saberia.
Capítulo Cinco

Do lado de fora, respirando fundo, ignorando as outras casas no beco,

Phee começou a limpar as ervas daninhas. Curvada sobre suas mãos e

joelhos, ela caiu na rotina irracional de esfaquear a lâmina pontiaguda de

sua pá na base de uma planta indesejada e arrancar a coisa. Estava fazendo

uma bagunça, mas o ritual a satisfez. A espátula cortou raízes e arranhou

rochas com um ruído de arranhar, saciando a sede de Phee de machucar e

mutilar. Seu rosto estava quente, suor acumulado entre seus seios e sujeira

com crostas pretas sob suas unhas. No meio de um dos canteiros do jardim,

ela perdeu a noção do tempo. Encontrou ritmo no trabalho sujo, um que

ecoou seu círculo de pensamentos e sentimentos.

Menollie apareceu no canto da visão de Phee. Ela usava um dos

uniformes da casa da mãe, uma bata incolor com calças claras. A onda

suave e natural contra o tijolo vermelho do pátio chamou a atenção de

Phee. Ela pensou que a mãe tinha enviado Oncca para espionar, mas seus

sapatos estavam errados. Eram de couro marrom com solas grossas

costuradas à mão — bem feitas, mas velhas. O dedo do pé de um ostentava

uma ridícula margarida pintada.


— Menollie. — Phee disse, sentando-se de costas.

— Desculpe. — Ela colocou a cesta redonda de alça trançada que

carregava ao lado do canteiro de flores.

Phee de repente sentiu frio. O gelo começou na parte de trás de seu

pescoço e se arrastou ao redor de seu peito, subindo pela garganta até as

bochechas. Sem verificar, Phee sabia o que estava na cesta.

A notícia já tinha saído há semanas. Ela deveria ter esperado isso.

Comida, chás de ervas, cremes, sementes de flores — esses eram os

mais insultantes, embrulhados em fitas e saquinhos de veludo. Itens

pensados para aumentar a fertilidade. Velas e óleos para o romance.

O mundo inteiro sabia que Phee era estéril e sem um alfa.

A mãe certa vez enviou uma cesta de presente solícita para um rival

anos atrás, embora essa cesta tivesse o tema —remoção de manchas—.

Aquela garota tinha ido a uma festa e derramou vinho no vestido branco.

Talvez alguém a tivesse esbarrado, ajudando-a a fazer isso. Phee podia

facilmente imaginar isso, já que ela já tinha visto isso acontecer antes.

Havia tanta justiça no corte educado, mas decisivo, do envio de cestas.

Phee tinha enviado cestas também. Todos eles tinham. Rindo enquanto
amarrava as fitas ao redor dos presentes, foi bom saber que o insulto seria

tão profundo que ela nunca teria que falar com aquele rival novamente.

Fazer cestas era um insulto de bom gosto em que Phee se destacava.

— Sua mãe me disse para trazer isso para você. — Disse Menollie. Ela

fez um esforço desleixado para ficar de prontidão, as mãos atrás das costas

do jeito que mamãe preferia.

— Obrigada. — Disse Phee. Ela não queria saber quem a enviou. Ela

não se importou. Parecia caro. Quanto melhor a cesta, maior o insulto.

— Eu queria dizer ao entregador para enfiar na bunda dele, mas você

sabe como a porta da frente é exatamente onde sua mãe gosta de ficar

sentada o dia todo com seu bordado. Por que ele veio pela frente de

qualquer maneira? As entregas são na parte de trás. Mas era um beta, em

um terno chique com um colete.

Phee piscou para o drone. Sua maneira de trabalhar juntos na casa de

Phee era simples. Phee deu as três listas de servos – às vezes detalhadas, às

vezes vagas. Ela esperava que eles estivessem limpos, mas como eles só

moravam no apartamento de um casal, Phee não se preocupou com seus

uniformes, cabelo ou apresentação. A casa era pequena demais para

receber. Ela sempre conheceu outras pessoas enquanto estava fora.


Mesmo sua mãe nunca tinha visitado seu apartamento.

—Você não deveria dizer isso. — Phee corrigiu.

— Mas eu devo falar a verdade. — Menollie respondeu, uma risada

insolente se escondendo em suas palavras.

— De que cor era o colete?

— Que o beta usava? Vermelho.

— Oh. Eu deveria estar honrada, então. — Phee olhou para a cesta

novamente. Havia vinho? Se havia vinho naquela cesta, ela iria beber. Bella

Crimson não economizaria em seus insultos. As duas juntas serviram na

Liga dos Órfãos e nunca concordaram em como fazer as coisas.

— Eu não ia trazê-lo para fora – o que você deveria fazer com isso

aqui? Mas sua mãe... — Menollie apontou para a cesta. À luz do dia, com o

sol nas bochechas, ela quase parecia uma ômega adolescente. A garota não

era muito alta, mas tinha olhos enormes e todo aquele cabelo. Uma

promessa rosada se escondia em suas bochechas e, para um drone, ela

tinha muito brilho.


— Minha mãe mesmo. Se você não prestar atenção a si mesmo, se

encontrará na borda plana de sua colher de disciplina. Acho que te contei

as expectativas que ela tem de seus drones, não disse?

— Cook diz que tenho sorte por ela não ter usado desde que sua irmã

foi embora, senão eu teria machucado os dedos.

— De fato. — Phee disse.

— Você vai precisar de um banho. E o que você fez com suas mãos? —

Menollie estalou, inclinando-se para perto.

— Não é nada.

— Nenhum alfa vale nada disso.

Não era sobre Grayson Swift, mas ela perguntou: O que você sabe

sobre alfas?

O rosto de Menollie escureceu, sua sobrancelha caiu sobre os olhos.

Esfregando a tatuagem em sua mão, ela olhou para a rua. — Mais do que

eu quero.

— Quantos anos você tem, Menollie? Não me lembro o que sua

papelada dizia.
—Tenho vinte e três.

Três anos e um mundo mais jovem que Phee.

Menollie disse: — Se você não quer ajuda, não tenho um bom motivo

para demorar. Eu deveria estar descascando batatas.

Phee assentiu. Ela não queria perguntar mais. Ela não tinha energia.

Ultimamente, a vontade de se mexer ia e vinha em surtos de frenesi nos

momentos mais estranhos. Ela não podia dizer se era físico ou tudo em sua

cabeça. Ela observou Menollie desaparecer na casa, deixando a cesta para

trás.

A onda de solidão veio do nada, a emoção batendo nela como um

chicote e estridente. Encontrou-a no minuto em que a porta se fechou,

como se estivesse esperando o momento oportuno.

Parecia que um drone que ela tratava como um acessório doméstico

era o único amigo que Phee tinha. O que Menollie diria se Phee lhe dissesse

que parecia que sua razão de viver não existia mais? Ela se importaria? Ela

ficaria e se ofereceria para compartilhar o vinho, esperançosamente,

escondido na cesta de Bella Crimson?

A maternidade nunca atraiu Phee. Ela tinha feito planos para passar

esse fardo para que nunca tivesse que ser mãe. Ela poderia apenas cumprir
seu dever, do jeito que sua mãe fizera seu dever, e então cuidar de seus

negócios. Muitas vezes, Phee se perguntou como evitar os três meses de

amamentação recomendados pelo médico. Sua mãe disse que quando Phee

nasceu, a Administração exigiu um ano inteiro.

Menollie era do tipo que gostava de crianças. A garota era muito

bonita e magra para ser uma babá de verdade, mas teria sido gentil com os

filhos de Phee. Phee imaginou que Menollie poderia brincar com eles, tocá-

los e abraçá-los, do jeito que Naya fazia com seus irmãos.

Phee passou um tempo excessivo planejando escapar da sentença de

prisão de ter um filho no peito ou no quadril. Ela nunca quis isso.

Mas a escolha da maternidade não existia mais para ela. Rejeitada por

seu companheiro e traída por seu corpo, ela estava vazia. E todos sabiam

disso.

Menollie deixou a maldita cesta do lado de fora quando se retirou para

a casa. Não havia vinho nele de qualquer maneira.


Capítulo Seis

Phee estava sentada na sala da frente em frente às grandes janelas,

observando o mundo lá fora. Não havia muito para ver. As vidraças davam

para uma rua que poucas pessoas ousavam perturbar pisando em suas

calçadas bem cuidadas. Ela não sabia quando começou o costume de ter

uma fachada de casa perfeitamente conservada, mas a preocupação era tão

grande que as mulheres dessa rua organizaram um comitê de bairro para

cuidar de sua manutenção. Mamãe perdeu a primeira cadeira como

diretora desse comitê durante uma ligação que recebeu logo após Phee

voltar para casa.

Em frente a Phee em sua cadeira favorita, mamãe trabalhava com seu

bordado. Ela esvoaçava sobre ele, murmurando para si mesma, um pássaro

preso em uma rede. Phee a viu começar a dizer algo, então parou.

Mamãe não era de se mexer, mas eles receberam a notícia de que Naya

chegaria hoje com seu marido-companheiro Administrador, e mamãe

estava fora de si. A agência favorita de mamãe havia enviado quatro

drones para ajudar com as necessidades extras dos hóspedes. Depois de

uma inspeção, a mãe mandou dois de volta e pediu outros três. A casa

havia sido virada de cabeça para baixo com esfregões e espanadores, e


depois remontada, depois do que a mãe enviou os drones para a cozinha

para fazer comida suficiente para um cerco.

Ao lado de onde ela estava sentada, a mãe tinha uma lista que ficava

checando para ter certeza de que tudo estava em ordem. Envolta em suas

preocupações, ela não tinha nada a dizer a ninguém além de Oncca.

Sua posição na sociedade era tênue. A alegria da mãe vinha do

respeito cheio de inveja dos outros. Sem isso, ela se viu sem chão sólido.

Sua ansiedade sobre isso a consumia constantemente.

Sem sua capacidade de agir como a rainha de todas as mulheres da

rua, uma verdadeira ômega entre as ômegas, mamãe não tinha nada. Ela

não tinha relacionamentos duradouros, nenhum talento especial para atrair

atenção e adoração, e nenhum charme ou personalidade natural. A vida da

mãe consistia em cumprir seu dever com moderação e desprezar os outros

que não conseguiam se comportar de acordo com seu padrão.

Os objetivos de vida da mãe giravam em torno de exibições superiores

de boas maneiras e decoro, que incluíam nunca se rebaixar publicamente a

demonstrações de paixão ou emoção. Ela não tinha conexão com seus

filhos; meninos eram responsabilidade de um alfa. Phee sabia que a mãe

não tinha o dom de cuidar, então outros criaram seus filhos, aceitaram seus

abraços e aliviaram suas mágoas. Sua natureza competitiva e gananciosa


tornava impossíveis amizades mais profundas. E, tendo observado as

interações de seus pais, Phee sabia que mamãe sentia apenas uma conexão

mínima com seu marido-companheiro, um homem com quem ela

compartilhava uma vida há mais de cinquenta anos.

A serviço de seu objetivo de viver a vida perfeita, a mãe ensinou tanto

Phee quanto Naya a escolher um alfa tão fraco quanto pudessem encontrar

- um homem como o dela, que não admitia querer os emaranhados

confusos de um vínculo.

— É melhor ele dormir com uma mulher beta do que deixar sua marca

em você e controlar todos os aspectos de seus sentimentos. — A mãe havia

instruído anos atrás.

E sem um vínculo, os alfas se perderiam. Swift falou da boca para fora,

concordando que eles não precisavam complicar suas vidas com as paixões

animais de um vínculo. Talvez ele tenha pensado que poderia ir sem um

vínculo e não sentir nada, apenas para perceber mais tarde que seu

contrato de casamento não satisfez suas necessidades carnais. Talvez ele

tenha mentido para si mesmo sobre suas necessidades, ou apenas mentido

para Phee. Seja qual for o seu pensamento, em retrospecto, Grayson Swift

não ficou feliz depois do primeiro acasalamento. Ela viu decepção em seu

rosto, mas ignorou isso como nada.


Ambos rejeitaram muitas coisas como se fossem nada.

Eles concordaram, no contrato, que ela não iria mordê-lo. Mas nos

espasmos de seu primeiro cio, ele pediu sua mordida.

Durante o segundo ciclo de Phee, ele caiu em prantos e implorou por

isso enquanto seu corpo os amarrava. Phee ficou horrorizada. Depois de

seu ciclo, ela não conseguia encontrar seus olhos.

Duas semanas depois, ele voltou para casa com o cheiro de outra

mulher nele. O cheiro era familiar; O pai de Phee às vezes cheirava assim,

como vinagre e pés. Como betas. Depois de seu encontro com aquelas

enfermeiras horríveis, o gosto de Phee pelos betas não melhorou.

Mas algo havia ocorrido a Phee. Enquanto trabalhava no jardim, ela

teve tempo para pensar em como voltou a viver em casa, mas nada era o

mesmo.

Isso era culpa da mãe.

Phee fez a conexão de que papai cheirava como outras mulheres, e

mamãe tinha ajudado, apontando isso em todas as oportunidades. Em

retrospecto, Phee percebeu que sua mãe cheirava, sempre, como alfa. Alfas

que não eram seu pai, nem seus irmãos, nem parentes. Isso só poderia
acontecer se ela estivesse com outro alfa, absorvendo seu cheiro. Sua

ejaculação.

— Você dormiu com ele. — Phee soltou a acusação amarga e agitada

no ar.

A mãe pulou como se Phee a tivesse golpeado no rosto, sangue

escorrendo de todos os lugares, menos de seus lábios. Pintados, seus lábios

eram de uma cor de baga machucada que combinava com seu cabelo

prateado. O bordado branco sobre branco caiu de suas mãos para o colo, e

ela virou a cabeça.

— Você dormiu com Corre, o pai de Crispin, não foi? — Phee sabia

disso; a reação de sua mãe provou isso antes mesmo que ela especificasse

de quem falava. O cheiro de sua culpa encheu o ar como um ácido mental

quando a feia percepção explodiu entre eles.

Uma criatura apanhada na mira da verdade, mamãe não se moveu.

Palavras inundaram a boca de Phee espontaneamente. — Ele não foi o

único, foi? Esta era a sua vida feliz? Era assim que você administrava seu

casamento, dormindo com os maridos de outras ômegas? Com que

frequência? Cada ciclo? Entre os ciclos? Você esperava que eu faria isso

também?
— Eu não sei do que você está falando, Phee. Honestamente, você não

me diz nada por dias e dias, e agora está me acusando de coisas das quais

não sabe nada.

— Eu não sei de nada, você está certa. Eu não sei quem você é ou

quem eu deveria ser. Eu não sei ser uma pessoa.

— Phee, você está falando bobagem. O que há de errado com você?

— Com quantos homens você dormiu que pertencem a outras

ômegas?

— Não vou dignificar essa pergunta com uma resposta. Você não sabe

que sua irmã estará aqui a qualquer momento? O que vou dizer a ela? O

que você vai dizer? Naya está acima de nós dois agora. Você entende?

— Acima de nós agora? Por causa de quem ela se ligou? Porque ela

está grávida? Porque eu nunca estarei? E isso importa? Não estou

preocupada com Naya. Você não a conhece, mas ela realmente não se

importa com isso. Nunca fez. Ela estava apenas fazendo o que você queria

porque não havia outras opções. Eu só estava fazendo o que você queria

porque era assim que eu achava que deveria ser. — Phee acenou com os

braços ao redor da sala pálida e monótona.

— Eu não tenho ideia do que você está falando.


— Você nos instruiu a escolher maridos que não queríamos! — Phee

gritou.

— Nunca fiz tal coisa. Eu deixei você fazer suas próprias escolhas.

Como você se atreve a dizer que eu te forcei como uma espécie de

provinciana? — O rosto da mãe corou de indignação.

— Você fez. Você nos desfilou em banquetes e reuniões, e escolheu

qual alfa se aproximava de nós. Você fez isso. Você me apresentou a Swift e

vários outros. Você me disse quais homens eram muito rudes e fez questão

de que eu os evitasse. Você fez isso. Você me disse que eu queria um

companheiro com um jeito quieto e pouco exigente sobre ele. Nem todos os

alfas são iguais, você disse.

— Eu tive que protegê-la do tipo errado de homem. Você poderia ter

acabado como esposa de um guarda!

— Você disse que um calor era sujo. Que me roubaria toda a

dignidade se eu não lutasse contra isso. Que uma dama lutaria contra o

comportamento grosseiro. Uma ômega adequada resistiria a seus

hormônios e suas paixões. Que uma boa ômega não sucumbia às suas

paixões animais de origem inferior. Você disse que era melhor que isso e

que suas filhas também deveriam ser. E eu te escutei. Eu não queria ficar

suja. Não queria perder o respeito de ninguém.


— Você era uma garota tão boa. Não sei o que aconteceu conosco,

Phee. O que aconteceu? O que há de errado com você? O que eu fiz errado?

— A pergunta da mãe era um apelo.

— Você dormiu com todo mundo, menos com meu companheiro! Eu

poderia ter acabado ligada e feliz com um companheiro que não se

desgarrou.

— Você não sabe disso.

—Acho que sim, mãe. Você tem tanta certeza que todos eles aceitam

uma mulher beta. Você me disse e eu tinha certeza, mas Swift nem olhou

para outra até que eu disse a ele que nunca lhe daria minha mordida. Eu

acho que você sabia que ele tomaria uma amante, e que você esperava que

eu me vingasse e dormisse com outros alfas. Você e seus amigos negociam?

Programam noites?

Sua mãe ofegou em indignação com a pergunta, mas suas bochechas

estavam manchadas de um rosa revelador.

— Todos os meus irmãos são meus irmãos? O padre sabe? Como você

pode ser tão ridiculamente fértil, mas meu útero ser seco dentro do meu

corpo? Por quê? Por que você fez isso? Não crie laços, você nos disse,
porque é confuso. Isso não é confuso? Esta família não é uma bagunça e

nenhum de nós sabia disso?

— Você precisa se acalmar, Phee. — A mãe olhou para além dela, para

o corredor, como se estivesse preocupada que eles pudessem ser ouvidos.

Phee não se importava mais. Ela ia dizer tudo. Tirar tudo.

— Swift queria meu vínculo. — Phee continuou. — Mas eu escolhi um

alfa fraco. Ele poderia ter um beta e um drone para segui-lo, mas ele nunca

subiria muito alto, e eu não conseguia me unir a ele, confiar nele. Sem meu

ciclo, eu não acho que teria sido capaz de suportar seu toque. Mas ele não é

ruim, só simplesmente não é meu. E você o escolheu. Você dormiu com o

pai dele também?

A mãe engasgou. — Cala a sua boca.

— Que tal eu dizer a Naya que você dormiu com o sequestrador dela?

Era um plano? Você estava nisso? Você o deixou entrar aqui e o ajudou a

sequestrá-la?

A mãe se levantou, o trabalho ocupado em suas mãos caindo no chão.

— Não. Não, eu não fiz. É da minha filha que você está falando, Phee.

Porque eu faria isso?

— Então o que foi?


— Corre era um homem atraente. Isso é tudo.

— Isso é tudo. — Phee repetiu as palavras. Não era tudo. Não era. A

vida de Phee tinha imitado a desta mulher. Phee nunca havia considerado

trair seu contrato, mas isso não significava que ela não o faria. As coisas

com Swift estavam tão ruins que ela estava sozinha por companheirismo.

Ela tinha feito tudo certo, mas algo estava faltando o tempo todo.

A mãe jogou os ombros para trás. —Isso é tudo o que era. E isso é tudo

que eu vou dizer.

— É só isso? — Phee pressionou. — E isso será tudo o que você dirá

quando eu contar a Naya? Quando eu disser ao companheiro dela? Você

sabe que ele é um animal sanguinário, o irmão do rei. O rei que mata

homens por infringir as leis das criadoras. O rei que caçou todas as pessoas

que ele achava que poderiam ter desonrado sua esposa. Devo continuar? E

o que os outros irmãos fizeram? E o próprio Rhineholth? Essa não é uma

família que tolera desculpas.

— Você não vai dizer nada. — A mãe sussurrou.

Mas a mãe não sabia. Ela não tinha certeza. No canto de seu olho,

rompendo sua máscara calma, um músculo se contraiu.


Phee disse: — Não tenho nada a perder, mãe. E eu quero saber o que

você fez. Você conspirou com Corre para balançar Crispin na frente dela?

— Crispin é um jovem doce. Ele foi de grande ajuda para encontrar

Naya no Setor 2. Ele se importa com ela.

— Com tanta paixão como um irmão. Eles eram quase gêmeos,

sentados aqui. Eles poderiam ter sido…

A mãe assobiou. — Você é nojenta. Não, eu não conhecia Corre então.

E, claro, então sua esposa-companheira morreu. Ela estava sempre doente.

Do jeito que a mãe disse que arrepiou o cabelo na nuca de Phee. —

Você a conhecia.

— Os 12 Setores são grandes, mas as ômegas são poucas. Claro que eu

a conhecia.

— E quantas ômegas você traiu dormindo com seus companheiros? —

Phee pressionou.

— Marido-companheiros. Vinculados por contrato. Você é tão

inocente. Tão jovem e muito tola. Você faz parecer como se eu fosse a única

mulher que já se desviou do pedaço de papel. Garanto-lhe que não sou.

O estômago de Phee se revirou. Quem era essa mulher?


A mãe tinha mais a dizer, torcendo a boca. — Parece que estou morta

para você? Insensível? Seu pai caiu em depressão. Como um bebê grande,

aquele homem ficava deprimido quando não conseguia o que queria. Ele

não podia me dar um nó. Ele não podia me satisfazer. Você não tem ideia

de como é um cio sem um nó masculino. Eu sei que é obsceno mencionar

isso, mas você perguntou, então vou te dizer.

— Meu corpo me trai em todas as oportunidades. Me deixa fraca. Eu

não vou ter isso. Não deixarei que algum homem me controle ou me

reivindique com base na biologia. Nem os drones sofrem essa indignidade.

Os drones fazem tudo o que eu digo. Eles têm muito pouca força de

vontade ou agência. E esses humanos inferiores não têm que aturar a

maldição de um vínculo, então por que eu deveria? Não permitirei que

meu corpo me escravize.

— Que cesta de merda empilhada, mãe. — Phee disse. A mãe olhou

boquiaberta para Phee, sua boca abrindo e fechando em choque como um

peixe ofegante.

Mas Phee continuou. — Você diz que não será feita uma escrava, mas

então deixa seu corpo levá-la a dormir com alfas fora de seu contrato –

alfas que pertencem a outras mulheres. O que é isso, então? Como você
chama quando precisa tanto de um nó que faz qualquer coisa com

qualquer um para obtê-lo?

Falando entre dentes, a mãe disse: — Você se atreve a dizer coisas para

sua mãe das quais não entende nada.

— Como posso entendê-los? Depois de apenas três cios, aqui estou eu

na menopausa precoce. O nó me machucou, e eu o odiei. Por que eu iria

querer isso? Por que?

Ela sabia por quê. Seu corpo, seu espírito, sua mente, todas as suas

partes eram ocas. Talvez fosse a falta de um vínculo genuíno. Talvez fosse

porque ela não tinha um único amigo com quem pudesse falar com

honestidade. Talvez não tivesse nenhum propósito nesta vida agora e não

soubesse o que fazer a seguir. Mas ela sentia falta do nó alfa que a

machucava e dos bebês que nunca poderia ter.

— Eu não criei você para falar comigo dessa maneira, Phee. Não

entendo o que aconteceu com você. Você não saiu da minha casa há muito

tempo, e a Phee de antes nunca teria falado comigo desse jeito. Aquela

Phee era uma boa ômega. Eu não entendo quem você é, ou metade do que

está dizendo.
— O que eu entendo, mãe, é que você escolheu o marido de Naya da

mesma forma que escolheu o meu. Nós confiamos em você. Eu ia seguir

seus passos, mas não sabia quanto me custaria ser como você, ou que seria

tão infeliz. Você já foi feliz?

— O que eu entendo é que você e esses outros machos—vocês

planejaram algo. Você deve ter. Você escolheu a dedo cada filho, e eu quero

saber a verdade disso. E você vai me contar tudo. Tudo. O que você

planejou com aquele homem vil, Corre? Você dormiu com o pai de Swift?

Por que você o escolheu para meu companheiro?

Ambos ouviram o zumbido distinto do interfone ao mesmo tempo. Foi

como um alarme disparando, destacando todas as perguntas feias de Phee.

Alguém respondeu.

De pé na sala da frente, Phee encarou sua mãe como uma adversária.

Ela não tinha planejado acusar a mulher de coisas tão dissimuladas. Mas a

conexão da mãe escolhendo os filhos dos Alfas com quem ela dormia como

companheiros para suas filhas era muito estranha e deliberada para não ter

segundas intenções.

Como se esperasse uma razão para se mexer, Phee olhou para sua mãe

e sua mãe olhou de volta, suspirando impaciente. Em sua cintura, suas

mãos esvoaçavam como mariposas, culpadas e incapazes de se acomodar.


— Eles estão vindo pela estrada. — O pai de Phee disse atrás deles. —

Você está pronta?

Oncca apareceu, um xale nas mãos para envolver os ombros da mãe.

Os três não disseram nada enquanto a drone ajudava a mulher mais velha.

Oncca enrolou a lã fina e rendada sobre os ombros de mamãe, então ficou

ao seu lado como se para ajudá-la a andar. O silêncio era pesado.

O pai limpou a garganta.

Sua mãe e seu pai quase nunca se tocavam, nem mesmo casualmente.

Oncca tocava a mãe mais do que Ratmhir Zel tocava sua esposa e

companheira.

Tudo havia mudado agora. Todas as coisas conhecidas com as quais

Phee viveu sua vida estavam cheias de significados novos, tendenciosos e

dolorosos. Sua própria complacência e indiferença insidiosas haviam

roubado dela algo precioso que ela não sabia que precisava.

Ouviu-se um barulho de pés nas escadas do terceiro andar. Seus três

irmãos mais novos correram, suas vozes altas, interrompendo o momento

tenso. A mãe revirou os olhos para os andares acima, feliz em aliviar a

tensão cutucando os filhos. — Esses animais selvagens nos farão parecer

pagãos, Ratmhir. Você não pode fazer nada sobre eles?


— São meninos. — O cabelo do pai estava mais branco toda vez que

Phee o via. Ele parecia cansado. Significativamente mais velho que sua

esposa criadora de ômega, ele nunca recebeu a misteriosa bênção de um

vínculo que o manteria jovem, o curaria e prolongaria sua vida. Como a

mãe, ele ainda carregava o estresse do sequestro de Naya. Os sulcos eram

profundos em seu rosto, e seus olhos caíram sob as sobrancelhas.

A mãe disse que ele tinha depressão. Corre - o ex-segundo de Ratmhir

na casa de escribas e parceiro de negócios - havia conspirado pelas costas

de Ratmhir para sequestrar Naya à beira de seu cio como uma forma de

humilhar o alfa sênior e provar que Ratmhir não era um líder digno da casa

de escribas. Corre também planejava usar Naya de outras maneiras -

aparentemente a trama envolvera uma religião falsa, destituindo o irmão

do rei como administrador e mudando as leis para transformar drones em

escravos e propriedades. Phee não sabia de todos os detalhes; seu pai

nunca havia explicado. Mas ela secretamente acreditava que também tinha

a ver com o comportamento de alguns dos betas, como as enfermeiras da

clínica.

— Eles são seus filhos. Você deveria fazer algo sobre eles. Eles vão me

humilhar com esse comportamento. — Os lábios da mãe se contraíram em

desaprovação.
Os meninos atingiram o patamar como um só, um baque alto

sacudindo a casa. O irmão mais velho de Phee, Talis, chamou do outro

quarto: — Mãe, você vem? Naya está aqui.

— Vamos então. — O pai disse. Ele esperou até que a mãe estivesse ao

lado dele, e juntos eles saíram da sala, sem se tocar, mas caminhando lado a

lado.
Capítulo Sete

O setor cinco era um mundo diferente. Nenhum lixo ou prédios

desmoronando sob o peso de batalhas anteriores. Nenhum sinal do

passado além de algumas estruturas antigas construídas por drones. Pelo

amor de Deus, havia vasos de plantas nas calçadas públicas, vitrines com

enormes janelas de vidro e vias de transporte arborizadas. Todos os

músculos dos ombros e pescoço de Alreck doíam por manter sua cabeça

imóvel e seu exterior calmo e estoico.

Muito limpo. Muitas pessoas. Muito para ver e acompanhar. Ele

queria sacudir a cabeça para frente e para trás como uma criança curiosa. E

o que eram aqueles cheiros deliciosos?

Quando ele abriu a janela do seu lado do transporte para escapar do

cheiro de Darre e sua companheira, o cheiro de mulheres ômega do lado de

fora veio com força total. O cheiro inebriante estava em toda parte.

Mulheres ômega de todas as idades, tanto acasaladas quanto solteiras,

deveriam estar espalhadas pelo fluxo leve de pessoas andando nas calçadas

e passeando pelos canteiros por onde passaram. Alreck queria perseguir

cada cheiro só para ver que maravilha poderia esperar no final. Darre tinha
avisado que aqui seria diferente, mas diferente era uma palavra muito

mansa.

De plantão, andando no transporte com seu alfa e sua companheira,

Alreck cumpriu o papel de segundo e guarda. Seus outros dois homens

saíram na parte de trás do veículo.

Alreck sentiu uma nova afinidade com os homens do rei – sua casa os

chocou. Agora os deles faziam o mesmo com ele. Ele balançou a cabeça e

respirou fundo, forçando seus instintos a se submeterem ao seu

autocontrole. Este era um mundo diferente de tudo que ele tinha

experimentado. Alreck se sentiu despreparado aqui, e ele odiava isso.

Além disso, Naya se contorcia ansiosamente com sua reunião iminente

e não conseguia se sentir confortável nos assentos por causa de sua

gravidez. Fazendo todos os esforços para esconder isso de seu alfa, sua voz

era alta e seus movimentos excessivamente deliberados. Esta era uma

marca especial de tortura que alguém deveria engarrafar e usar em alfas

não acasalados no buraco. Eles quebrariam na primeira hora. Poderia haver

algo pior do que a mistura de uma mulher tentando esconder seu

nervosismo e dor misturados com uma constante excitação de baixo grau?

Isso desencadeou todos os instintos alfa que ele tinha. Proteger, confortar,

foder.
Sem respiro para limpar o ar, Alreck sofreu tudo. O cheiro potente de

alfa e ômega juntos transformou sua refeição matinal em ácido em seu

intestino. Ele sabia que Darre tinha acordado sua companheira com sexo e

a marcado com seu sêmen. Fodendo em todos os lugares. A cabeça de

Alreck zumbiu de seu aroma combinado.

Assim que deixaram a área de divisão do setor, o muro às suas costas,

passaram por uma ponte sobre o canal e começaram a ver os subúrbios.

Cada bairro ostentava seu próprio parque e rua de comércio. Tudo se

encaixava em uma grade limpa e bem planejada. No Setor 2, as pessoas

viviam onde podiam. Não havia grades.

—Essa é a habitação de família beta. — Disse Naya enquanto

passavam por prédios onde vários grupos familiares poderiam morar. As

estruturas tinham quatro andares de altura, com telhados de jardim abertos

e toldos coloridos. — Foi apenas nos últimos anos que a Administração

decidiu permitir que betas únicos ocupassem seu próprio espaço. Os

drones também têm casas aqui, embora quase todas as ruas de comércio

tenham boas habitações para drones que ficam a uma curta distância das

lojas. Acho que o Setor 9 está configurado dessa forma. Eu sei que você não

poderia fazer nada assim em casa, mas funcionou aqui. —Disse Naya.

— Parece que funciona. — Respondeu Darre distraidamente.


Alreck olhou para onde Naya apontava, tentando imaginar um mundo

onde betas e drones não precisassem de um alfa para protegê-los de outros

alfas. Com o canto do olho, ele viu Darre levar os dedos de Naya aos lábios

e morder suavemente.

Ela riu.

O pênis de Alreck saltou. Droga, ele precisava sair deste transporte.

Os olhos de Darre passaram sobre ele com conhecimento de causa. —

Mas isso é apenas o que você vê na superfície. Você não sabe o que está

acontecendo dentro desses prédios. — Acrescentou Darre.

Darre não acreditava que a estrutura atual aqui realmente funcionasse.

Seu tom sugeria que ele achava tudo falso. Alreck via um mundo bem

ordenado e limpo. Até cheirava a paz. De que outra forma as ômegas

poderiam simplesmente andar lá fora, sem serem molestadas? No entanto,

como seu alfa, Alreck conhecia o impulso impulsivo do que significava ser

um alfa. Toda essa ordem se espalhava pela terra como um banquete,

aparentemente desprotegido. Maduro e pronto, o Setor 5 desafiava um

homem a reivindicá-lo.

Era sua natureza. Era a natureza de todo alfa.


Levou várias horas de condução para chegar à antiga casa de Naya. A

primeira coisa que Alreck notou depois de parar atrás da casa foi a

diferença nos sons. Com a janela aberta, ele podia ouvir tudo — pássaros,

crianças rindo na rua, um cachorro latindo, o vento nas árvores. Os sons

eram estranhos para ele. As pessoas aqui tinham tempo para viver e

brincar.

Este lugar era todo facilidade e privilégio. Suave. Ele não queria mais

nada para rasgar sua barriga e dar uma mordida. Mantendo-se

implacavelmente sob controle, ele acenou para Darre.

Naya sorriu para ele. Foi um pouco trêmulo. Ele não entendia sua

história aqui, mas Alreck sentiu as ondas de energia conflitante saindo

dela. Ele se permitiu sorrir de volta em encorajamento.

Saindo do transporte do rei, observou a área ao seu redor antes de

assumir seu lugar no canto do veículo enquanto seus outros dois homens

se posicionavam.

Ele esperou por Darre e Naya. Jordan e o outro guarda, Blane, criaram

um círculo solto, atentos ao inesperado ou incomum. A tensão nervosa

inundou seus músculos, todos eles abalados pelas diferenças deste mundo

comparado ao deles. A tranquilidade antinatural também os afetou. Eles

estavam nervosos como viciados em brilho. Não havia multidão esperando


para atacá-los, mas o cenário pacífico poderia esconder pior do que se

esperava.

Os machos aqui deveriam estar a meio caminho da loucura. Como

conseguiram viver assim? Era muito limpo e facilmente invadido. Levaria

menos de um dia para reunir uma multidão de homens e reivindicar tudo.

O lado treinado e tático do cérebro de Alreck planejou uma invasão de

domínio por relâmpago por hábito. Ele não perderia seu tempo enviando

batedores. Eles bateriam forte e encontrariam todos as ômegas primeiro.

Porque definitivamente havia ômegas aqui.

Alreck não conhecia nenhuma raça que pudesse suportar esse tipo de

existência amável. Parecia um eco de seu antigo passado humano, sem

conexão com a realidade de seu presente. Vê-lo em primeira mão explicava

um pouco do que Nothonal Darre odiava neste mundo. Era lindo, mas

como poderia ser real?

Naya cresceu nesta casinha perfeita e acabou como um peão em uma

batalha de poder. Seus sequestradores esperavam que ela morresse. Não,

não era tão sereno quanto parecia aqui.

O barulho da casa os fez apertar o círculo, procurando o perigo.

Trabalhando instintivamente, reagindo com o tempo que seu treinador de


armas poderia se orgulhar, Alreck e seus homens responderam, as mãos

pairando sobre as lâminas em suas costas. Como um, eles perceberam que

o barulho vinha de crianças indisciplinadas dentro da casa e, como um, eles

soltaram suas armas.

Um momento depois, a porta da casa se abriu. Brigando por uma

posição e gritando por sua irmã, três garotos se espalharam.

As crianças pararam, ainda a um metro de distância, quando Darre

olhou para elas, subjugadas por seu olhar. Ele deveria parecer muito

diferente para elas. Alreck se lembrou de seu primeiro encontro com a

sólida presença de aríete de Darre. Se o Monstro quisesse se esforçar,

aqueles garotos provavelmente cairiam de bunda e fugiriam aterrorizados.

Enfrentá-lo nas arenas de luta era enfrentar a morte. Alreck nunca

esqueceria seu próprio dia de acerto de contas. Mas ele não forçou os

meninos a se intimidarem. Alreck assumiu que era para o benefício de

Naya.

Nos braços de Darre, Naya estava sorrindo, cumprimentando os

meninos que corriam para fora da casa como uma matilha de cães

selvagens. Ele não podia imaginar como era ser criado em um lugar com

irmãos. Sua ânsia de filhote o desconcertou. Ele nunca tinha visto inocência

assim em um alfa, mesmo um jovem.


A porta da casa se abriu novamente, um drone mais velho de cabelos

grisalhos saindo para segurar a porta para um casal maduro que

compartilhava algumas das características de Naya. Alreck adivinhou que

eles eram seus pais – embora a mulher ômega cheirasse disponível.

Do outro lado do pátio, seus aromas identificadores eram levados pela

brisa leve. Eles cheiravam como se compartilhassem espaço, não corpos.

Que desperdício. Ele não podia envolver sua cabeça em torno disso.

Alreck notou que Darre mantinha Naya perto de seus braços, não

permitindo que ela saísse do abraço.

Atrás de seus pais, outro par saiu da casa, um alfa e um ômega mais

jovens. O foco de Alreck imediatamente se voltou para a jovem. Quem era

este? Amigo da família? Ou a irmã?

Sem acasalamento. Porra. Foda-se. Aquele cheiro! Ômega jovem,

disponível e sem acasalamento. Seu impulso natural era largar tudo e ir até

ela, circulá-la, ganhar sua atenção.

As duas raças mais jovens se pareciam o suficiente com Naya que

Alreck sabia que também eram da família. Tinha que ser a irmã e o irmão

mais velho.
Algo estava acontecendo com Naya, sua angústia aumentando à

medida que sua família descia o caminho bem cuidado em direção a ela.

Darre a pegou em seus braços, ronronando e chamando a atenção de todos.

Os rostos da família de Naya embranqueceram, suas bocas

escancaradas, escandalizadas com o afeto aberto demonstrado entre sua

filha e seu companheiro de união. Atrás dos irmãos mais velhos e jovens,

uma sombra passou pela expressão da única ômega antes de desaparecer.

De onde ele estava, Alreck não podia ver os olhos dela, mas ela se

mantinha sob um controle tão rígido que ele quase podia ver as rachaduras

atravessando sua fachada. Forte, bonita, necessitada. Sua atração por ela foi

instantânea. A pequena fêmea pingava em cada uma de suas caixas.

Ele teve que desviar os olhos dela para verificar e ver como seus

homens estavam indo. Jordan tinha olhos grandes e a boca de Blane estava

aberta, absorvendo os aromas em sua língua. Queimando com raiva

territorial repentina, Alreck queria bater suas cabeças e tirá-los da corrida

como competição. Eles estavam cheirando aquela linda ômega?

Ele não podia simplesmente pular entre seus próprios homens e

começar brigas agora, no entanto. Porém nunca se sentiu mais preso entre

dever e desejo, instinto e intelecto.


De alguma forma, ele faria aquela ômega sua. A decisão foi irrefutável,

tomada no momento em que o cheiro dela colidiu com o instinto dele,

anulando o pensamento racional. Ela seria dele.

Seguindo seus pais, ela chegou um pouco mais perto, apenas ao

alcance de seu nariz. Ele cerrou os dentes contra o desejo de ser um

cachorro como Jordan e abriu a boca para saborear sua essência no ar. Mas

ele não iria.

Ela era uma flor fechada, esperando para ser aberta. Ele não viu

nenhum alfa além do filhote de irmão, não que isso importasse. Qualquer

homem que não fosse da família que pudesse estar na mesma sala com ela

e não a querer era um tolo que merecia morrer.

Uma versão mais esbelta e sofisticada de Naya, essa mulher carregava

o peso de alguma provação que ele não podia imaginar. Trancada com

força, seu potencial estava escondido e intocado. Ela era gelo à beira de

derreter. Ele seria o fogo para acariciar sua pele e encontrar seu coração.

Ele ia sacudi-la e acordar a tempestade. Aquela ômega ia escolhê-lo e

dar-lhe sua mordida. Alreck não perderia sua chance. Ele empurrou para

baixo o desejo de correr em seu espaço e chamar sua atenção. Ele tinha que

ser cuidadoso. Se agisse fora do lugar e essas ações criassem um risco para

Naya, seu alfa faria mais do que teria sua cabeça. Poderia haver conflitos
com seus próprios homens também. Ele não podia ser um tolo e largar seu

controle agora, seu maldito instinto de se apressar teria que ficar em

segundo plano em alguma estratégia prática. Eles estariam aqui alguns

dias. Haveria tempo.

Com uma mudança imperceptível, o vento virou e lavou mais da

essência perfumada da ômega desvinculado sobre ele. Porra. Ela era

deliciosa – frutas silvestres no calor do final do verão e um almíscar

salgado e cremoso de canela.

Do outro lado de Darre, Jordan deu um passo à frente como se puxado

por um ímã. Ainda segurando Naya, os músculos de Darre se contraíram

como se fossem naquela direção. Alreck podia sentir a mudança de energia.

No mesmo momento, Naya se afastou de Darre em direção ao irmão.

A atração de sua companheira em uma direção diferente distraiu

Darre e salvou a vida de Jordan.

O cheiro de ômega desencadeou uma reação em cadeia de

possibilidades violentas, todos caindo na armadilha de seus instintos e

mordendo uns aos outros até vencer aquele com as maiores garras.

Com sua atenção em sua companheira, Darre colocou Naya de pé para

que ela pudesse tocar seus irmãos e cumprimentar sua família. Seus pais
pareciam perdidos, profundamente desconfortáveis. O que eles viram

quando olharam para Naya? Todos eles tinham passado por algumas

mudanças desde que estiveram juntos pela última vez.

Apenas Naya falou. O que quer que a tenha incomodado antes, sua

ansiedade havia desaparecido. Ela tocou as mãos de seus pais, apresentou

seu companheiro e gentilmente sugeriu que entrassem na casa.


Capítulo Oito

Phee correu de volta para a segurança da casa assim que se atreveu. A

mãe a chamou para entrar na sala de jantar, onde uma refeição do meio-dia

esperava por seus convidados. Havia comida e vinho suficientes para

cinquenta pessoas.

Mas Phee não conseguiu.

O alfa de Naya era um monstro de aparência selvagem do sexo

masculino. Evidentemente masculino e dominador, ele fez com que o

cabelo da nuca de Phee se arrepiasse quando seus olhos varreram sua

família. Ele lhe deu a impressão de que era um homem que poderia matá-

los todos em suas camas, rir disso e sentar-se para tomar o café da manhã

uma hora depois sem pensar duas vezes.

Esse era o tipo de homem rude sobre o qual mamãe havia alertado

suas filhas, dizendo que as comeria vivas, machucaria seus corpos e tiraria

todas as suas escolhas. No entanto, quando o sorriso de Naya esmaeceu ao

ver seus pais – mamãe sempre tinha um jeito de passar por cima dela – a

fera varreu sua companheira em seus braços e ronronou sua infelicidade

como se fossem as únicas duas pessoas vivas.


Phee não sabia o que pensar da imagem estranha e incongruente. Era a

coisa mais romântica e doce que ela já tinha visto, mas ia contra tudo o que

já tinha dito.

Agora que Phee sabia que tudo que a mãe dizia e fazia era uma

mentira em benefício próprio, Phee tinha que aceitar que ela tinha

acreditado e vivido essas mesmas mentiras. Ninguém a coagiu. Ninguém

forçou Phee a caçar o prêmio de se tornar uma ômega importante e

respeitada. A maneira de minha mãe fazer as coisas era fácil e segura.

Phee pensou que entendia tudo sobre o vínculo alfa e ômega, mas

agora que ela viu Naya com seu companheiro, se perguntou se ela entendia

alguma coisa da vida.

E os homens que chegavam com Naya e seu companheiro eram todos

do tipo comum de machos — rufiões de sabre com roupas manchadas por

velhas batalhas. Eles eram um bando de cachorros do Setor 2 babando,

puxando suas correntes – não bons homens, e não alfas que conheciam seu

lugar. Eles estavam eriçados da cabeça aos pés com grandes e gordas

espadas e cabos de facas. Um deles até carregava um bastão na cintura que

ela presumia ser para bater nas coisas.


Aquele tinha olhado diretamente para ela, e seu coração saltou de

medo. Um pulo de surpresa, que tinha que ser medo. O que mais poderia

ser o sentimento?

Não tão grande quanto o macho de Naya ou tão velho, este ainda

intimidava com seu tamanho e força. Ela estremeceu, pensando na clava

bestial contra sua coxa grossa e bem formada.

Não. O que foi isso? O que era esse sentimento vindo dela — era

interesse? Luxúria? Que tipo de tola ela era para olhar para um alfa com

desejo quando nada poderia acontecer?

Seu irmão, Talis, parou Phee na escada dos fundos a caminho de seu

quarto no terceiro andar, com a mão em seu braço. — Você não vai dizer

olá para Naya e seu companheiro?

Phee balançou a cabeça. Faltando apenas um ano para ser dispensado

de seus trinta anos de serviço ao rei, Talis era mais velho que Phee. Ele

estava cumprindo seu dever de Rei desde antes de ela nascer. Phee sempre

pensou nele como um belo espécime alfa comparado aos irmãos de seus

amigos ômega. Ela e Talis compartilhavam a coloração avermelhada de sua

mãe, mas o cabelo dele era mais ruivo do que o de Phee. Ele usava barba,

para desgosto de mamãe, mas mantinha-a aparada e untada junto com o

cabelo. Quando a tocou, Phee notou calos, mas suas unhas estavam sempre
tão limpas que ela pensou que ele as polia. Ela sabia que ele tinha um servo

drone que compartilhava com outros dois para manter suas roupas e

equipamentos em ordem.

— Agora não. — Ela não podia entrar lá com todas aquelas pessoas.

Ele franziu a testa. Como todos os irmãos de Phee, a ômega mais

jovem da casa ganhou sua lealdade ao longo da vida. Onde sua mãe quase

não tocava em ninguém, Naya sempre cacarejava sobre seus irmãos. Ela os

acariciava, os abraçava, os provocava, pregava peças e fazia tudo o que a

mãe considerava um comportamento beta de baixo nascimento. O jeito

natural de Naya em relação a eles lhe rendeu sua adoração eterna.

Phee olhou para o chão, procurando desculpas para dar ao irmão,

porque ela não entraria na sala de jantar e ficaria ali sentada com um

sorriso colado no rosto, fingindo que estava tudo bem.

Não estava. Nada estava bem.

– Não me sinto bem, Talis. – Disse ela.

— Você não tem estado bem desde que voltou. Você não quer ver

Naya? Ela não pode ter boas lembranças de sua última vez nesta casa.

Phee deu de ombros. — Não. Ela provavelmente não.


— Você poderia ajudá-la a se sentir melhor.

— O que posso dizer? Eu acho que você pode fazer isso bem.

— Eu não sou uma ômega. Não sou irmã dela. — Disse Talis.

— A mãe está lá.

— Mãe. — Talis não sorriu com essa ideia. Phee sabia que mamãe não

tinha ideia de como seus filhos retribuíam sua própria consideração crítica.

— Eu não posso. — Ela encontrou os olhos de seu irmão, desejando

que ele entendesse. O mundo tinha virado como um guarda-roupa

superlotado, todo o conteúdo se espalhando e fazendo uma bagunça.

Havia uma centena de coisas para ver e sentir, e Phee não queria nenhuma

delas. Isso estava fazendo sua cabeça doer e sua pele quente.

Se ela entrasse naquela sala de jantar, mamãe esperaria que ela fosse

divertida. Todos olhariam para ela. Phee estremeceu ao pensar nos três

guardas alfa. Eles saberiam que ela não tinha companheiro. Ela sentiu a

atenção deles, como uma presa animal pode sentir a atenção de um

predador faminto.

Antes de hoje, o incômodo vulgar de ser escolhido como uma fatia de

carne sempre ganhava a ponta afiada da malícia fria de Phee. Quem


ousaria? Ela não toleraria esse tipo de comportamento lascivo em um

homem, e sempre os deixaria saber disso. Fosse Grayson Swift ou um dos

associados de seu pai, ninguém tinha o direito de olhá-la como se ela fosse

se inclinar alegremente e pegar seu pequeno nó alfa.

Mas hoje, dentro de sua cabeça, tudo estremeceu e a empurrou para

fora do centro. Phee não sabia o que queria. Independentemente

voluntariosa, seus próprios pensamentos queriam dançar ao redor dos três

machos desvinculados que guardavam Naya e seu companheiro. Sua

atenção voou para eles, mariposa para chamas, impotente com a

especulação.

Não. Não. Não. O que foi isso? Não havia nada para especular.

Mas como se ela fosse algum tipo de sonhadora louca e desesperada

que acreditava em possibilidades, sua mente e corpo lhe diziam que um

deles poderia ser um companheiro em potencial.

Ela estava ficando louca. Ela tinha o ventre de uma velha senhora.

Nada poderia mudar isso. Talvez cheirasse como uma ômega disponível,

mas não era.


Ainda franzindo a testa, Talis olhou por cima do ombro para os sons

de todos voltando para a casa. Naya estava falando, e os meninos. A voz da

mãe estava acima da deles, convidando todos para comer.

— Phee. — Havia censura em seu tom e desaprovação. Mas ele

guardou suas advertências para si mesmo e a deixou para se juntar aos

outros.

Phee desceu as escadas estreitas, agarrando-se ao corrimão.

Considerando tudo, ela era uma mulher jovem, mas agora se sentia velha e

desgastada. Suas próprias emoções mastigavam suas juntas e atrás de seus

olhos. Ela nunca teve que suportar uma enxaqueca até esta última

temporada, mas agora parecia que tinha mais uma chegando.

Como se ela o tivesse convocado, aquele macho com o porrete

apareceu no patamar da escadaria principal na extremidade oposta do

corredor. Ela parou abruptamente. Esperava ver Talis, voltar para

persegui-la novamente, mas era aquele macho do Setor 2.

Ele estava fora do lugar. Os convidados não pertenciam ao andar da

família. Não havia nenhuma boa razão para ele estar lá. Sua resposta

imediata foi o medo, mas isso fugiu quando ele não se moveu,

aparentemente tão surpreso em vê-la quanto ela a ele.


Ela podia cheirá-lo, senti-lo, do jeito que as fêmeas ômega sempre

sentiam um alfa. Ele transmitia uma masculinidade primitiva que nenhum

beta ou drone poderia igualar. A menopausa precoce de Phee havia

assumido o controle de sua capacidade reprodutiva, roubando-lhe a coisa

que a tornava uma mulher reprodutora, então como ela poderia estar tão

consciente dele? Como podia sentir sua ameaça sensual, sua destreza física,

seu caráter forte e orgulhoso?

Como se puxada para ele, Phee deu um passo mais perto, respirando,

perdida por um momento em seu próprio instinto. Ela já tinha cheirado um

macho assim? Mamãe chamava seu tipo de comum, mas não havia nada de

comum nesse cheiro. De todas as festas e jantares cuidadosamente

organizados que Phee comparecera, nenhum dos escribas, leigos ou

políticos da administração cheirou assim.

Um punho apertou suas entranhas em uma cãibra dolorosa – punição

para onde seus pensamentos estavam indo. Mas ela não pôde evitar. Esse

era o tipo de homem que pegava uma mulher e a empurrava contra a

parede. Ele pressionaria seu rosto em seu pescoço sem permissão e

começaria a fazer exigências. Ele diria a ela o que queria e como ele iria

conseguir.
Havia um conjunto determinado e quadrado em sua mandíbula,

insinuando que ele não era um homem que aceitava —não— como

resposta. Rufião que era, ele não pensaria em comportamento educado e

protocolos sociais adequados.

Ele veio como atendente, servindo a outro. Um guarda para o príncipe

quebrado do Setor 2. Mas sozinho aqui na escada, este era um homem que

servia primeiro a sua própria vontade, um homem que facilmente

conquistou o respeito dos outros. Ele não era um bajulador, ela podia ver

isso claramente. Ele era todo alfa.

Ela caminhou até a metade do corredor em direção a ele antes que

percebesse. O tempo todo, ele se manteve firme, observando-a, as narinas

dilatadas e os olhos ardendo, mas não fazendo mais nada. Três listras de

cicatrizes na lateral de seu rosto corado brilharam em branco.

O que ela estava fazendo? O que diabos estava pensando? Phee parou

na porta, desviou o olhar e se refugiou em seu quarto.

-*-*-*-*-*-*-*-
Ela resolveu não sair do quarto até que todos os convidados tivessem

saído. Sim, estava escondida. Mas estava com dor de cabeça. Todos

entenderiam.

Infelizmente, ninguém entendeu. Sua mãe enviou Oncca para

perguntar quando ela desceria. Phee foi para o jantar tardio, mas não

colocou seu sorriso divertido e, em vez disso, abraçou a parede, esperando

uma chance de falar com Naya sozinha.

Os guardas não comiam com o casal nem se sentavam à mesa como

convidados. Phee se viu procurando pelo homem do corredor. Ela não

pôde evitar.

Ele sempre viveu no Setor 2? Ela sabia muito pouco sobre isso além de

sua má reputação.

Alguns anos atrás, quando Rhineholth ainda era rei, ela leu que o

Conselho de Administração havia votado para negar a todo o setor os

direitos compartilhados de transporte e negócios multissetoriais. Os outros

onze Administradores concordaram em não comprar, vender ou atravessar

para o Setor 2. O que significava que Naya morava em um lugar sem

necessidades básicas.
O companheiro de Naya e todos os homens que vieram com ela eram

diferentes. Seus olhos mais atentos, seus músculos mais definidos,

pareciam viver à beira de matar um ao outro. Eles queimavam com

intensidade, com “algo a mais”.

Como Naya podia ficar cercada por homens assim o tempo todo?

Como ela poderia suportar viver sem confortos comuns como o poder de

acender uma lâmpada ou algumas de suas comidas favoritas? Ela não

estava miserável?

Com o companheiro de Naya colado ao seu lado, Phee não teve a

chance de perguntar. Desconfortável e incerta, ela se desculpou quando

pôde.

A mãe lançou um olhar feroz enquanto passava, mas Phee fingiu não

vê-la sentada em sua cadeira com Onnca logo atrás. Depois de tudo,

mamãe ainda não entendia por que Phee continuava tentando escapar da

reunião.

Focada em sua própria família, Phee não viu a separação do canto

sombreado da sala à sua direita até que passou por ele, o foco dele

levantando o cabelo da nuca dela. Ela escolheu subir as escadas dos

empregados na esperança de evitar mais pessoas, e o macho a seguiu até o

final.
Endireitando os ombros, ela se virou para dar a ele uma resposta que

sua atenção mal colocada merecia. Ela não fez nada externamente para

pedir isso – e era sua própria casa. Ele foi rude. Eles eram homens do Setor

2, rudes em todos os sentidos, e talvez não soubessem de nada. Mas isso

não iria parar Phee. — Desculpe, você precisa de alguma coisa?

— Sim. — Disse ele. Sua voz era suave, sombria, derretendo a tentação

e viajou direto por sua espinha. Phee não sabia seu nome ou qualquer coisa

sobre ele. Rosto cheio de cicatrizes, cabelo comprido demais e ombros

largos, roupas ásperas, faltava-lhe todo o refinamento dos outros homens

que ela conhecia.

Phee ignorou o formigamento nas costas, cerrando os punhos e se

firmando. Ela não era uma garota risonha. Ela não sentiu palpitações ou

zumbidos em sua barriga. — Bem, não sou eu quem você precisa falar.

Minha mãe pode resolver qualquer uma de suas preocupações.

—Oh, isso diz respeito apenas a você. Você é irmã de Naya?

Ele era muito alto. Dando um passo mais perto, Phee teve que inclinar

a cabeça para trás para encontrar seus olhos. Tentando ser afetada e

irritada, ela disse: — Eu não importo para você. Nem um pouco. Você nem

deveria estar falando comigo.


— Não falar com você? Deixar você se esconder, quer dizer? — A

pergunta era um desafio, como se ele pudesse começar a entender quem

ela era ou o que estava fazendo. Havia uma leve curva no canto de seus

lábios, puxada pelas cicatrizes.

— Quem é você? O que diabos quer? — Ela perguntou, sua voz alta. O

som a surpreendeu. A maldita vibração desajeitada em seu meio a chocou.

Este macho a perturbou, e ela não sabia o que fazer

— Deixe-me apresentar-me. Eu sou Alreck. Seu alfa.

Phee tentou ofegar em indignação com a presunção. Afinal, como ele

se atreve? Em vez disso, ela gaguejou impotente quando a curva de seus

lábios se abriu em um largo sorriso.

— Não consegue falar por estar muito sobrecarregada? Bem, isso é

bom, pequena ômega. — Ele se inclinou para frente, muito perto, apoiando

uma mão atrás dela no corrimão enquanto a olhava.

Phee deveria fazer uma centena de coisas para deixá-lo saber o quão

impróprio ele estava sendo, mas tudo o que ela conseguiu fazer era ficar lá

e olhar, cativada.

— Você vai ouvir. Eu quero que se prepare. Você precisa colocar sua

cabeça em torno dessa ideia. Porque em breve suas pernas estarão


enroladas em minha cintura, meu nome estará em seus lábios, e eu estarei

usando sua marca de vínculo no meu pescoço enquanto eu te fodo tão forte

que você não saberá nada além do meu pau empurrado no fundo dessa sua

bocetinha gostosa e meu nó fazendo você chorar. Eu vou te foder dolorido,

foder você até perder a voz, foder você até não poder andar, foder você até

que cada célula do seu doce corpo me reconheça como alfa e nunca queira

sair da minha presença.

Sua boca abriu e fechou em um suspiro. Ela não tinha resposta para ele

– nunca em sua vida alguém havia falado com Phee assim. E ela nunca

pensou que poderia gostar disso. As palavras deslizaram sobre sua pele em

terminações nervosas com uma emoção elétrica. Sua mente com visão de

futuro tentou empurrá-los para fora, mas seu corpo resistiu com uma

convicção surpreendente. Muita saliva em sua boca e um calor ultrajante e

vermelho derramou sobre suas bochechas, a parte de trás de seu pescoço e

seu peito, todo o caminho até seus mamilos pontiagudos.

Impedido de escapar, ele a prendeu no calor louco de seu desejo. O

desejo dele saiu dele como a queima em brasa de um forno, escaldando sua

postura com suas próprias respostas elementares. O que havia de errado

com ela? Ela conseguiu empurrar um estrangulado, — Como você ousa!


— Baby, eu ouso qualquer coisa. Um macho não tem chances como

esta. Gosto de você. E o tempo é limitado. Pode apostar que eu ouso. Não

importa se você está muito bem para mim. Não importa se você está muito

alto para alcançar. Você é para mim e cheira como o minha, então vou fazer

com que seja assim.

Ela queria empurrá-lo para trás, colocá-lo em seu lugar. Mas as

palavras estavam trancadas sob seu batimento cardíaco acelerado e a nova

transpiração em sua testa. Suas mãos se apertaram, com medo de tocá-lo,

tocar qualquer parte dele. Este estranho, ele precisava saber que ela não

estava disponível. Que ela era inútil. Que ela havia denunciado uma clínica

e seu nome estava espalhado por todos os noticiários como uma mulher

estéril e inútil que nunca daria um filho a um alfa. Isso o faria correr.

Uma voz atrás deles gritou baixinho: — Senhorita, eu tenho seu banho

pronto e algo para comer, se quiser, só esperando por você.

Menollie. Ousada e destemida como quiser, ela veio ao lado deles,

evitando contato visual com o alfa e gesticulando em direção a sua porta.

Algo sobre o tom em sua voz fez Phee pensar que a garota estava

prendendo a respiração para não respirar o cheiro almiscarado do macho

imponente.

Phee pegou a mão dela como uma tábua de salvação. — Sim.


— Guardei um pouco daquele queijo macio que você gosta, e os

melhores cortes, com molho. E há tortas também. Sua mãe sabe que o

cozinheiro sempre come as sobremesas extras e culpa seu irmão mais

novo?

Com um puxão suave, Menollie puxou Phee para ela. Ela era mais

forte do que parecia. Mantendo o ombro e as costas na direção do homem

chamado Alreck, que Phee viu agora com a expressão mais encantadora e

intrigada, Menollie ajudou Phee a escapar.

-*-*-*-*-*-*-*-

No dia seguinte, Menollie entregou uma nota com a informação de

que Constantine Kane chegaria e Phee deveria se apresentar.

— Quando ele vai chegar? Que horas? — Phee perguntou.

— Sua mãe quer você agora. Ela diz que precisa de você

imediatamente.

— Ela não. — Phee havia se vestido cuidadosamente naquela manhã

com cores primaveris que complementavam sua pele, planejando enfrentar


o dia e seus convidados. Mas no minuto em que entrou no corredor, ela

sentiu o cheiro daquele guarda alfa, Alreck, como se ele estivesse andando

do lado de fora de sua porta. Ele deixava um rastro perfumado de

tempestade atrás dele onde quer que fosse.

O que havia de errado com ela?

De todos os machos na casa, sua mente continuava voltando para ele e

a maneira como ele a observava. Ainda assim, esperando e perigoso, como

se ele fosse atacá-la no minuto em que ela chegasse ao seu alcance. Ela

estava deitada em sua cama, imaginando como seria, como os braços dele

se fechariam ao redor de seu corpo, uma mão atrás de sua cabeça. Ela

gritava, enquanto ele a levava para o chão, subjugando-a em um único

movimento, cobrindo-a, tomando-a, seus olhos procurando os dela por

permissão.

Sua mente estava quebrando. Ninguém havia dito a ela como seria ser

ômega, mas sim como não ser ômega. Ninguém a avisou como seus

instintos poderiam responder a um macho, mesmo quando seu útero

estéril não tinha nada a oferecer.

Ela queria gritar e chorar. Em seus sonhos, memórias de desejo

rastejaram por sua pele até que se machucou com elas. Ela sonhou com

seus seios doloridos e inchados e o núcleo de sua mulher apertando com a


necessidade de ser preenchido. Olhando-se no espelho, no entanto, sabia

que seu útero era uma caverna estéril e a perda de sua natureza a atingiu

duplamente forte.

Menollie ergueu a mão como se fosse tocar o ombro de Phee, para

confortá-la. Phee uma vez repreendeu a garota duramente uma vez por tal

ação. Observando a mão de Menollie pairar e cair ao seu lado, Phee

lamentou seu comportamento passado. Essa garota humana era a pessoa

mais gentil e compreensiva na vida de Phee.

Menollie perguntou: — São todos aqueles homens solteiros, não é?

Eles são um lote diferente. Não sei se me molho de medo ou tiro o vestido e

imploro a um deles que me use.

Em algum momento, Menollie decidiu que tinha permissão para falar

livremente. Phee deveria dizer alguma coisa, mas era uma opinião tão

refrescantemente honesta na casa contida de sua mãe que Phee não teve

coragem de impedi-la. Em vez disso, Phee admitiu: — Sou estéril, mas não

morta, ao que parece.

— Não. Não morta. E ser usado por um deles também não te mandaria

para o hospital. É uma coisa horrível, sabe. Meu corpo não é feito para

homens de raça, mas eles são os animais mais bonitos que eu já vi. Cada
parte deles é perfeita – músculos tão grandes e confiança que eu só quero

ficar de joelhos e lamber os dedos dos pés.

Menollie lambeu os lábios com um sorriso antes de seu rosto escurecer

com seriedade. — Minha irmã trabalhava em uma casa onde o alfa

'brincava' com os servos. Ela o adorava. Quando ele lhe dava drogas para

facilitar o sexo, ela as tomava. Isso não parou a hemorragia, mas pelo

menos não doeu muito para ela no final. Alfas são perigosos. Eu não sei se

ela realmente o amava, ou se ele apenas a fez pensar que sim.

Os drones não resistiram aos comandos da raça, mas a verdade de

Menollie tornou o fato real. — Mamãe fez você servir as refeições? Você

não precisa contorná-los se não quiser. Afinal, eu ainda te pago. Você ainda

trabalha para mim.

— Aquele grandalhão tem mais controle sobre seus homens do que

sua mãe tem sobre as cozinhas, e isso quer dizer alguma coisa. E, além

disso, quero conhecer o rei, mesmo que você não queira. Minha irmã pode

ter morrido mas não foi um homem como aquele rei alfa que a seduziu. Ele

é outra raça assustadora, mas é honrado. Fez algumas coisas boas para

drones em outros setores. Eu só queria que você soubesse que eu entendo o

que é querer algo que não faz sentido.


Phee olhou para a garota e sorriu. Elas desceram para cumprimentar o

rei juntos, e pensando em Menollie, Phee esperou uma chance de falar com

sua irmã sem seu companheiro por perto.

Aquele guarda estava lá. De pé ao lado do companheiro de Naya e do

rei, ele se virou para olhá-la no minuto em que ela se moveu. Sua cabeça

inclinou ligeiramente, seu cabelo escovando seus ombros, narinas

dilatadas. Ele a estava cheirando.

Seus pés queriam dar um passo em sua direção novamente, levá-la

direto para ele, para que ela pudesse se inclinar e inclinar a cabeça para o

lado.

Ela mordeu o lábio inferior, impiedosamente se forçando a não

perseguir o cheiro de feromônio dele. Nada poderia acontecer ali. Seu

corpo era estúpido, seu instinto residual equivocado. Como um drone

preso no feitiço de um alfa, nada de bom poderia vir disso. Ela faria papel

de boba. Claro, ele a rejeitaria assim como Swift quando soubesse que Phee

estava quebrada.

Phee foi até Naya, sentada com seu tricô, determinada a dizer olá e dar

os parabéns. Foi difícil, e apenas metade da conversa que Phee precisava

ter com a irmã. Mas pelo menos ela fez isso.


Era ridículo, mas as palavras pareciam afiadas e cortantes,

perigosamente capazes de cortar a compostura de Phee em pedaços. Um

deles poderia dizer qualquer verdade ou fazer uma pergunta a qualquer

momento, e ela sabia que as respostas a levariam impotente para uma

demonstração emocional.

Phee queria contar a Naya tudo o que suspeitava que a mãe estivesse

fazendo, embora tudo o que fizesse fosse causar mais dor. Não havia nada

de bom a ser dito sobre esse assunto, e Phee não tinha provas. Algum dia

falariam sobre isso, mas não enquanto Naya estivesse grávida e tentando

descobrir a transição de filha para esposa de um homem poderoso.

Pairando no fundo de sua mente, desculpas por seu comportamento

indiferente passado também surgiram. Phee queria admitir tudo, como

estava errada ao pensar que o status social era a parte mais importante da

vida. Ela julgara Naya tanto quanto sua mãe, embora de uma maneira mais

divertida. Phee queria recuperar o tempo que havia perdido com sua irmã

e apagar todos os anos vivendo uma mentira.

Recomeçar com tudo e todos parecia a única maneira plausível de

abordar a vida. O desejo tolo era tão fútil. Phee não tinha um bom lugar

para recomeçar. Ela não tinha nada agora.


Sua irmã mais nova brilhava de felicidade. Quando seu alfa, Nothonal

Darre, não tinha Naya sob sua mão ou em seu colo, então dois ou três dos

guardas sempre ficavam por perto. Como resultado, a testosterona

masculina e feromônios bestiais, juntamente com todas as decepções

gritantes de Phee, inundaram todos os espaços que Naya ocupou.

-*-*-*-*-*-*-

Ela acordou quente, seu sonho de estar em uma tempestade de fim de

verão batendo em seus ouvidos e desaparecendo enquanto ela se sentava.

Sua cama parecia rasgada, cobertores amontoados e travesseiros extras fora

do lugar. Meio acordada, sem pensar, foi até o armário pegar mais

cobertores e travesseiros. Havia um estoque escondido na parte de trás,

escondido sob vários vestidos fora de moda em cores suaves que sua mãe

havia escolhido.

Arrastando a roupa de cama extra, ela refez sua área de dormir,

rasgou-a e depois montou tudo novamente. Os cobertores frescos

cheiravam melhor, mas não estava certo. E ela não sabia como fazer isso

direito.
Cansada demais para lidar com isso, Phee se arrastou para o centro,

amontoou tudo em cima de si mesma e adormeceu novamente. Mas não foi

um sono adequado. Sua pele estava quente e apertada, suas entranhas

estavam com cãibras e seu corpo parecia desajeitado.

Parecia seu ciclo de calor, mas não podia ser. Phee tinha feito tudo que

alguém poderia pensar para estimular seu estro, e nada funcionou. Os

médicos tiraram copos de sangue de seu corpo, procurando por que seu

ciclo parou. Pernas empurradas sobre sua cabeça, cutucadas e

mergulhadas, seu médico havia investigado cada centímetro de sua

anatomia em busca de falhas. Ela suportou todas as pílulas, tônicos e

exercícios que eles podiam jogar nela. Por dois dias, manteve a cabeça sob

uma toalha e o rosto sobre uma tigela, respirando uma mistura fedorenta

de ervas quentes e fumegantes destinadas a limpar seus seios nasais.

Depois, ela espirrou, bufou e vomitou muco por mais dois dias. Ela foi

purificada, limpa e estimulada por dentro e por fora.

Nada funcionou. Portanto, este não poderia ser seu ciclo estral. Mesmo

que sentisse exatamente o mesmo.

Tendo adormecido vestindo suas roupas, Phee rasgou tudo, rosnando

para o laço de seu vestido quando ele não cedeu facilmente. Ela tirou a
roupa de base, removendo-a também porque parecia áspera e

desconfortável contra sua pele.

Phee odiava ficar nua. Com seu corpo magro e esbelto, ela aprendera a

usar roupas como armadura. Seus seios eram menores do que as ômegas

normalmente possuíam, sua cintura longa e seus quadris de menino. A

mãe sempre dizia que Phee tinha o corpo de um beta.

Preparando-se para o que veria, Phee acendeu as luzes e foi até o

espelho, procurando outros sinais. Seus seios pequenos estavam maiores, e

suas aréolas normalmente rosadas tinham escurecido para uma ameixa

obscena. Apalpar seu próprio seio causou uma dor desagradável.

Determinada a testar tudo, Phee beliscou a ponta longa de seu mamilo de

qualquer maneira, forçando-se a fazê-lo até não aguentar mais.

Normalmente isso causava um sentimento abafado, mas

desconfortável – isso a incomodava muito quando Swift insistia em mexer

com seus mamilos. Desta vez, a sensação disparou diretamente para seu

centro.

Phee gemeu. Ela tinha esquecido como isso era bom. Tão fresco e novo

era o sentimento, ela se perguntou se alguma vez tinha sido tão bom.

Naquela primeira vez, uma vida inteira atrás, seu primeiro cio, talvez.
Talvez tenha se sentido assim. Lembrou-se do desenrolar de uma fome

imprudente e exigente tão forte que a tinha assustado.

Fechando os olhos, Phee fez isso de novo, a necessidade de afundar

além de todo senso de comportamento adequado, enfiando suas garras

profundamente. Dominando-a. Ela nunca tinha se tocado ou se rebaixado a

um repugnante prazer próprio.

Ela tentou estar acima de tudo, e isso a deixou sem nada. Sonho ou

pesadelo, esta era uma segunda chance. Phee estava com muito medo

antes, mas agora, sem nada a perder, ela levantou as duas mãos e se deixou

tocar a pele.

Só pra ter certeza.

De pé nua na frente do espelho, mãos em concha em seus seios, Phee

imaginou o olhar aquecido do macho voltado para ela, com os lábios

curvados, pronto para dominá-la com seu rosnado alfa.


Capítulo Nove

Eles construíram casas aqui para que o interior fosse maior do que o

exterior parecia. Alreck não era arquiteto. Ele não sabia como conseguiram

isso. Ele tinha feito sua primeira caminhada, encontrando todas as escadas

– e onde a ômega Phee dormia – assim que ele entrou na casa.

Não havia rotas de fuga suficientes, os drones dormiam nos mesmos

andares da raça e os corredores eram um gargalo. Ele não gostou. Embora

construído para criar escala com tetos mais altos, havia uma sensação de

fechamento no lugar que o obrigou a passar pelas portas. Ele sentiu como

se fosse bater com a cabeça em algo de outra forma.

A matrona ômega da casa queria colocar ele e os outros guardas no

andar de seu marido-companheiro. Era um bom espaço para homens

solteiros. Os aposentos familiares ficavam acima, o espaço de convivência

abaixo. Mas como Darre não estaria lá, Alreck também não estaria.

Alreck queria um guarda no andar da família no corredor, o que

insultou a mãe de Naya a ponto de chorar. Seu marido-companheiro deu-

lhe um olhar irritado, mas não disse nada a nenhum dos dois. Alreck

insistiu. Ele tinha que ter guardas em ambas as escadas. E isso era apenas

os níveis da casa. Havia quatro entradas na casa, além de duas varandas


superiores de fácil acesso. Havia pessoas indo e vindo a qualquer hora,

incluindo empregados extras.

E o cheiro da ômega estava por toda parte. Embutido nas paredes.

Marcado nos tecidos e móveis. O cheiro dela. Depois de falar com ela na

base da escada, ele sabia que Phee era a causa dos feromônios com cheiro

de verão iluminando seus sentidos. Cada respiração que a fêmea tomava

era um puxão em seu pau.

Ele sentiu gosto de sangue na boca depois. E tentar limpar a bagunça

que seu pau duro deixou para trás em suas calças no banheiro muito

pequeno também não foi divertido.

Anos de vida encheram esta casa com aromas femininos que foram

direto para a parte carnal de seu cérebro. A sala de estar e a área de

escritório reivindicada pelo pai de Naya ofereciam uma pausa no cheiro, já

que as mulheres raramente ou nunca iam para aquele andar. Alreck

decidiu que cada membro da equipe faria uma pausa de pelo menos duas

horas naquele andar.

Quando chegou sua vez e Blane apareceu na frente da casa para tomar

seu lugar, Alreck não conseguiu ir. Ele tinha uma responsabilidade com

Naya e Darre. A memória de uma tentativa de assassinato contra o casal no

túnel depois de um dia de lutas de boxe ainda parecia como seu fracasso
em protegê-los. Ninguém esperava aquela emboscada. Mas os sinais da

armação se destacavam agora tão nitidamente quanto um ômega nu

andando pela rua e Alreck tinha perdido todos eles. Isso não iria acontecer

uma segunda vez.

Ele veio para este setor de cabeça para baixo, glamoroso, planejando

ser vigilante. Com uma ômega lenta e grávida, não haveria nenhum

maldito erro novamente. As diferenças deste lugar o deixavam no limite. A

presença da irmã de Naya não ajudava. Aquela ômega mexia com todos os

seus sentidos.

Ele a cheirou em cada quarto. Sentiu ela. Ele sabia onde e quando ela

ocupava cada espaço, onde gostava de sentar, em que canto se escondia,

esperando ser ignorada. Ele encontrou o corredor onde ela permaneceu, os

músculos saltando com o desejo de procurá-la e enterrar o rosto em seu

pescoço para sua próxima respiração.

Ela se encaixaria perfeitamente sob seu queixo, e suas mãos

encontrariam aquele espaço perfeito na curva de seus quadris. Quando

suas rondas o levaram ao andar dela, ele se viu do lado de fora da porta

dela, de novo e de novo. Caçando seu perfume, ouvindo seus movimentos,

qualquer coisa, do outro lado da floresta. Ele nunca se sentiu assim antes.

—Vá respirar fundo. — Disse Alreck a Jordan.


— Eu preciso. Merda. Esta cozinha – a mãe entra e sai, drones me

fodem com os olhos e aquele ômega mais novo passou por mim horas

atrás. Eu juro que ainda posso sentir o cheiro dela. Pensei que meus olhos

iriam rolar para trás na minha cabeça quando meu pau se transformou em

pedra e eu caí de joelhos. Eu nunca quis tanto o gosto de uma mulher.

— Você não está sentindo o gosto de nada. — Alreck cerrou as mãos

para mantê-las longe de seu bastão arrogante.

— Ela não é acasalada. A mãe não é acasalada. Eu não entendo. Por

que não há uma fila do lado de fora da porta? Por que elas estão assim,

desprotegidos? Parece que há machos em todos os lugares, mas todos eles

agem como bichanos estéreis.

— Eles aprenderam a viver e prosperar. Acho que o irmão do nosso

Alfa é um bom rei.

— Eu não sei. Nosso Alfa me assusta pra caralho, mas quando aquela

jovem ômega com os peitinhos apertados passa, cada célula do meu

cérebro encolhe, e as cinco do meu pau assumem o controle!

— Você vai cuidar de suas maneiras e manter seus olhos para si

mesmo. — Alreck disse em torno de seus dentes.

— O que? — Jordan não tinha a menor ideia.


Alreck pisou em Jordan, a vara de repente em sua mão e destinada a

golpear sob a mandíbula do outro macho. Mas Jordan, familiarizado com

os modos de Alreck, deu um passo para o lado defensivamente, o instinto o

dominando. — O que-...

Sua evasão chamou a mão direita de Alreck como se eles estivessem

lutando, seu punho acertando o outro homem no lado acima dos quadris e

balançando-o de volta para onde Alreck o queria.

Forçado contra a parede atrás dele, desafiado, Jordan pegou sua faca.

Com a mão esquerda, Alreck bateu no pulso de Jordan com um estalo,

uma vez, duas vezes em rápida sucessão, soltando a lâmina e acertando a

direita de Alreck. Com a ponta afiada da lâmina de Jordan cravada na pele

de seu pescoço, Jordan parou de resistir.

— Sem comentários sobre a ômega. Mantenha sua boca fechada. —

Eles eram amigos, ambos de plantão durante a tentativa de assassinato,

deixando Jordan com uma ferida ainda em processo de cicatrização. Jordan

conquistou a camaradagem de iguais. Mas não quando se tratava de Phee.

— É assim? — Jordan perguntou. Alreck grunhiu.

Era o que era. Ele reagiu sem pensar e não ia ficar lá e admitir em voz

alta que tinha perdido o controle. A resposta era óbvia.


Ele deu um passo para trás, deixou Jordan respirar fundo e colocou a

adaga de volta em sua mão. — Dê um tempo. Eu vou vigiar aquele andar.

Jordan tinha uma boca esperta na melhor das hipóteses. Ele conseguiu

não falar novamente, no entanto, e Alreck ficou grato.

Cada músculo do corpo de Alreck estava tenso. No momento em que

ele entrou no veículo com Darre e seu companheiro, um guincho começou

a girar em seu autocontrole. Cada vez mais apertado, girava com as

ômegas no cabo. Seu pênis estava tão duro que suas costas doíam. Os

músculos saltaram e se apertaram em suas coxas até sua bunda, e sua visão

coloriu tudo em um tom vermelho. Ele nunca esteve tão perto de quebrar.

Ele estava pronto para enfiar a faca no pescoço de seu amigo por esse

comentário. Por querer o que pertencia a Alreck.

Tomando posição no andar dela, ele teve que se impedir de ir direto

para a sua porta. Ele queria cheirar cada costura. Ele queria derrubar a

maldita coisa e sair da porra do seu caminho.

Quando Darre saiu de uma sala na extremidade oposta do corredor,

Alreck respirou fundo, tentando cobrir a loucura acumulada como ácido

sob sua pele. Darre deu a ele um olhar lento, da cabeça aos pés.

Porra. Ele sabia.


Darre disse: — Vá buscar água e um pouco daquele bolo que serviram

depois do jantar para a minha companheira. Então vá ver se a mulher quer

você.

Alreck congelou. Levou um segundo a mais para decifrar essa última

parte.

Darre sorriu para ele. — Alguém desencadeou seu calor,

provavelmente sua rotina desagradável. Estou cansado desse cheiro no

meu nariz. Você quer ver se ela te quer, ou vai apresentar educadamente

um contrato formal aos pais dela, amarrado em um laço doce, como eles

fazem aqui?

-*-*-*-*-*-*-

Seu calor. Sua rotina. Ela o escolheria. Ela tinha que escolhê-lo. A

delicada pequena ômega estava em sua mente e em seu sangue. Depois de

passar o dia respirando todos os traços dela, Alreck tinha a mulher

memorizada e impressa em seu ser. Mas ele não tinha percebido que o

cheiro era seu ciclo de acasalamento respondendo a sua própria

necessidade de condução.
Como ele podia? Ela era uma coisa rara e preciosa nos 12 Setores. Mas

havia apenas uma ômega em todo o seu setor – ele não tinha experiência

com eles além daquela. Alreck não ia deixar sua falta de conhecimento

atrasá-lo, no entanto. Ele sabia agora o que estava acontecendo com os dois

e que não precisava esperar mais um segundo. Phee estava tão pronta para

um nó quanto ela ia conseguir.

Uma criatura limpa, refinada e independente, ele iria fazê-la implorar,

quebrá-la, lamber seu núcleo macio e apaixonado, e dar-lhe seu nó. Ela

tinha que deixá-lo.

Do lado de fora da porta do quarto dela depois que sua tarefa para

Darre foi concluída, decidiu não bater. Esta menina tinha apenas uma

escolha esta noite. Ele não tinha mais tempo para esperar. Alguém poderia

pegá-la primeiro, cheirá-la e se adequar melhor a ela do que ele. Ele

mataria qualquer um que tentasse. Mas isso causaria uma bagunça e

perderia mais tempo. Ele estava fodidamente cansado de perder tempo.

Girando a maçaneta da porta, ele entrou, certificou-se de fechá-la atrás

dele e a trancou. O monte de tecido amontoado de seu ninho estava à sua

esquerda, mas um suspiro à sua direita o fez virar.

De pé na frente do espelho, nua, segurando seus seios, corada e

excitada, estava sua futura companheira. Ele inalou o cheiro de sua


mancha, o rico orvalho dourado e rico em feromônios escorrendo entre

suas pernas.

— O que você está fazendo? Saia! — Ela moveu os braços para se

cobrir.

Phee mantinha o cabelo mais curto que o da irmã, e caía contra o couro

cabeludo em ondas mansas. Até aquele momento, ele adorava a ideia de

cabelos compridos provocando os mamilos de uma mulher, mas o cabelo

de Phee não escondia nada. Seus seios eram redondos e altos, perfeitos

para seu corpo elegante. Ele podia ver suas costelas um pouco demais e

disse a si mesmo para não esquecer de alimentá-la mais tarde; ômegas

queimavam muitas calorias durante o cio.

— Phee. — Com a boca cheia de saliva, ele mal conseguia dizer o

nome dela. Saiu profundo, aproximando-se de um rosnado.

— Você não deveria fazer isso. Você precisa sair. — Ela gemeu as

palavras, dobrando os joelhos enquanto se curvava sobre si mesma. Ela

segurou uma mão sobre seus seios, a outra segurou a curva de seu monte.

Ela se machucou? Ela estava com medo? Ou isso era a cólica de seu

ciclo estral? Ele podia saboreá-la no ar – bagas de verão polvilhadas com

canela – e lambeu os lábios.


Comendo-a com os olhos, Alreck puxou o tecido de sua camisa. Fora.

Ele precisava disso. Era apertado e abrasivo, uma barreira entre a pele dela

e a dele. Ele deveria estar nu como ela.

Ela o atraiu, capturou-o, sem levantar um dedo. Esta mulher era seu

fim, ou o começo de tudo.

Seus lábios se separaram em um pequeno suspiro quando ela viu seu

peito. Seu cabelo era fino comparado a alguns, então suas cicatrizes se

destacavam contra o bronzeado natural de sua carne. Ele não tinha a pele

lisa dos machos em sua vida. Ela achou ele feio?

Não importava. No momento em que seu calor terminasse e ela

voltasse a seus sentidos empertigados e apropriados, seu vínculo os

manteria juntos. Ela desejaria apenas ele; todos os outros falhariam em

comparação.

Tirando o resto de sua roupa, ele caminhou em direção a ela. Seu cinto,

suas botas, suas braçadeiras, seu coldre de perna e todas as facas extras em

seu corpo caíram no chão até que ambos ficaram nus.

A criadora ômega não disse nada enquanto se despia, seus olhos

seguindo cada movimento dele com interesse. Quando ela lambeu os


lábios, seu pênis deu uma guinada dolorosa. Seus olhos caíram,

observando-o, chamando o pré-sêmen de seu pau – fazendo-o jorrar.

Ela fez um pequeno e doce som miado.

— Gosta do que você vê, Phee? Quer essa carne? Este nó? É difícil para

você, quer encontrar um lar em você. — Ele envolveu sua mão em torno de

si mesmo, mostrando a ela o que ele tinha a oferecer.

Estava bem. Porra. Sob sua mão a carne saltou, já engrossando na base.

Ficaria maior para ela, trancá-los juntos. Ela era menor e delicada em

comparação com ele, e seu pênis podia ser tão grosso quanto seu pulso,

mas ela era ômega. Seu corpo tomaria tudo que ele tivesse para dar, abriria

uma linha direta para seu útero, para que ele pudesse enchê-la pela

primeira vez com sua semente. Eles nasceram um para o outro. Alreck mal

podia esperar para envolver-se em torno de seu pequeno corpo, braços e

pernas, abraçando-a com força. Ele ia enchê-la com tanto esperma que ela

ia vazar por dias.

Ela fechou os olhos e engoliu em seco. — Eu não estou no cio. Eu sou

estéril. Você não pode me querer. Você deveria ir embora.

O inferno que ela não estava. Ele podia provar, ver, cheirar a evidência

do calor de uma ômega. Era como o de Naya, mas nada parecido. Phee era
sua própria mulher. Ele engoliu o cheiro dela como um glutão. — Não

quero te machucar, Phee. Apenas me deixe.

— Deixar você?

Ele caiu de joelhos, perseguindo-a, aproximando-se. Brilhando com o

brilho mais leve de suor febril, ela era a coisa sexista que ele já tinha visto.

Eles não se conheciam, mas ele sabia tudo sobre ela. Um pacote tão bonito

de contradições, tudo embrulhado em decepções. A dor tinha montado esta

garota com força e a deixou na chuva. Ela não sabia mais quem era. Cada

humor perfumado e pensamento dela carregava a mancha de uma dor

maior sofrida. Seu cheiro de humor ficou verde nas bordas com ele.

A qualquer momento, ela poderia correr; correr pela sala até a porta

ou o interfone – chamá-lo de diabo e exigir que ele saísse. Em vez disso, ela

tremeu e gotejou uma mancha dourada, uma ômega em necessidade. Mas

ele não queria assustá-la. Sua posição o tornava pequeno e não apresentava

nenhuma ameaça. Ele esperou. Phee era uma coisa boa e bonita, boa

demais para ele. Ele levaria isso devagar e com calma. Ganharia a benção

ômega desta garota. Faria o que fosse preciso.

Esta foi sua segunda vez de joelhos. A primeira vez que ele fez isso por

uma mulher, a única súplica que ele poderia oferecer para mostrar a ela o

quanto ele a queria. Ela era digna. Ele não tinha o vocabulário para
persuadi-la, mas não podia esperar e fazer uma bela sedução do jeito que

ela estava acostumada. Ele rastejaria devagar, então cobriria o corpo dela

com tudo que ele tinha, prendendo-a debaixo dele até que ele tivesse sua

mordida, seu compromisso e sua fodida atenção.

A essência dela estava bem ali na frente dele, ômega ambrosia que ele

precisava provar. Ele rosnou: — Deixe-me.

Phee gritou com seu rosnado. Ele viu o ruído áspero perseguir sua

pele e sentir arrepios. Estendendo a mão para a mesa atrás dela, ela se

preparou, mantendo-se de pé. Alreck observou a intensidade forçada de

seu rosnado tomar conta de seus músculos. Sua barriga ondulava e os

quadris bombeavam contra o espaço vazio.

— Oh. Não. Não. Não. — Ela tentou engolir seus sons, seus dentes

agarrando seu lábio inferior cheio. Mas seu corpo respondeu a ele

ansiosamente; não havia nada que ela pudesse fazer para impedir a

invasão de sua vontade.

Ela tinha vindo? Seu rosnado a fez gozar? Aquele espasmo em seus

quadris, a forma como seus seios balançavam com seus ombros, e seus sons

quebrados criavam a imagem de uma mulher no meio de um orgasmo,

submetida à sua fome alfa.


Eles nem se tocaram. Ele respirou fundo e rosnou novamente,

rondando mais perto.

Ela gemeu, inclinada para frente e os joelhos dobrados, perdendo a

capacidade de ficar de pé. Suas mãos agarraram os móveis atrás dela.

Alreck queria cantar em triunfo. Foi seu rosnado penetrando em seus

pensamentos confusos, afundando em seus medos e inibições para fazer

cócegas e queimar por todo seu corpo.

Ela era dele.

Incapaz de resistir à chamada, ela desmoronou sob o ataque. O creme

pálido de sua pele ficou rosado quando sua resistência quebrou.

— Você é tão bonita. Isso é muito bom, Phee. Faça isso de novo. Venha

para mim. — Alreck ordenou nas costas de outro rosnado.

E ela o fez, o som maravilhosamente doloroso. Ela jogou a cabeça para

trás, arqueando as costas, tremores subindo de seus pés dançantes até as

coxas, através de seu torso. Enquanto ela gritava com sua liberação, o som

de seu prazer correu através de sua corrente sanguínea, agarrando seus

nervos e apertando seu pênis. A visão dela acendeu uma linha de fogo

desde a base de sua espinha, passando direto por sua pélvis até suas bolas.

Ele se machucou com a necessidade de enfiar seu membro duro e vazando


dentro desse corpo enquanto ela fazia isso, fazendo esse som, jogando a

cabeça para trás – solta. Alreck reivindicaria todas as notas de crack

repetidamente. Aquele som era para ele. Para eles.

— Venha para o seu companheiro, Phee. Venha para o seu alfa.

Ela tentou dizer alguma coisa. — Quem—como—? — mas suas

palavras se transformaram em um uivo enquanto ele aumentava o volume

de seu rosnado exigente. Nenhuma ômega poderia resistir ao grunhido de

seu alfa. Seus quadris balançando e sua vulva se separando com excitação,

escorregadia escorria por suas coxas.

— Linda. — Alreck colocou as mãos nos quadris dela, tocando Phee

pela primeira vez. Ela se encaixava. Seu pênis estremeceu como um

bastardo em comemoração, seu próprio gotejamento pré-sêmen

respingando em suas coxas. A ação queimou-o até a alma.

Ela havia nascido para ele. Era assim que o vínculo e a biologia

funcionavam. Ela não sabia quem ele era, mas isso não importava. Ela o

sentiria, o conheceria, o entenderia do jeito que ele a entendia.

Quando ele parou de rosnar, ela parou de fazer barulho, prendendo

seus sons na garganta. Embora a mesa estivesse em suas costas, e suas

mãos ainda apoiadas sobre ela, Phee ainda não o empurrou. A preciosa
garota estava tremendo toda. Ela fez gemidos e grunhidos por trás de seus

dentes cerrados, mas não disse a ele para parar.

Deliciosamente quente e sedosa sob suas mãos, ele teve que sentir

mais e se aproximar. Ele tinha que fazer isso. Era obrigado. Não havia

nenhuma fodida maneira que ele pudesse se conter. Alreck baixou a cabeça

entre o vale de seus seios, mergulhando em tudo que a ômega tinha para

dar, oferecendo-se em troca.

— Estou quebrada. — Ela sussurrou com voz rouca, bem acima de seu

cabelo.

— Não. Não. — Disse ele.

— Eu sou egoísta, assim como ela. Eu... ruim. Eu sou má. — Como se

para se punir com a confissão, ela o incitou a acreditar.

Ele não sabia quem era “ela”. Mas não se importou. Não era verdade.

Phee era sua, única. Ela achava que ele iria embora? Ela achava que ele

poderia ir embora?

Ele moveu sua boca contra sua pele macia, beijando-a. Um lindo

branco pálido, nenhuma luz solar jamais tocou este espaço vulnerável e

delicioso. Era dele agora. — Não. Não.


— Nenhuma criança. Estou quebrada. Você não pode me querer.

Quando ele inclinou o rosto para cima, as lágrimas dela espirrou em

suas bochechas. — Estou quebrado também. Estaremos inteiros juntos.

Ainda segurando a mesa atrás dela, ela não se moveu, então ele beijou

seus olhos e suas bochechas. Ao mesmo tempo, acariciou as palmas das

mãos dela para cobrir a curva perfeita de seus seios.

Alreck sempre pensou que responder ao calor de uma ômega seria

implacável, um encontro de dois animais gananciosos empenhados em

acasalar. Ele só tinha um casal como exemplo - eles acasalaram em um

banho de sangue.

Mas Phee tirou dele uma paciência que ele não sabia que tinha. Ele não

sabia o que havia roubado sua confiança, mas iriam encontrar uma maneira

de consertar isso.

Quando ela se inclinou em seu próximo toque, buscando seu calor, ele

respondeu com um beijo em seus lábios. Sua boca estava ligeiramente

aberta, um convite educado. Alreck beijou seu lábio superior, depois o

inferior, então esfregou os dois em uma provocação entre os dele. Inalando

sua respiração, ele cantarolou para evitar assumir e abrir a boca para tomar

sua língua.
Ela ia ceder e pedir mais; Alreck esperaria o quanto fosse necessário,

mas sua criadora ômega o escolheria. Ele não conhecia o passado dela.

Ninguém na casa se preocupou em informá-lo ou explicar por que ela não

tinha um companheiro. Ele não se importou. Tudo o que importava era que

ela o desejasse o suficiente para abrir a boca em seu ombro e lhe dar sua

mordida.

Ela era o céu, e ele encheria sua alma com ela.

— Abra para mim, garota. É isso. Abra para mim, menina bonita. —

Ele persuadiu.

Os pequenos ruídos que ela fazia enquanto ele a beijava o deixavam

louco. Ele duvidava que ela estivesse ciente deles. Toda torcida para chegar

até ele com as mãos ancoradas para a vida, ela ficou curvada com as pernas

abertas, apresentando-se ao seu toque. Seu corpo ômega deu a ele

permissão que sua mente não tinha alcançado.

Ele estava curvado desajeitadamente também, ainda de joelhos e

curvado para trás sob sua boca, mantendo seus toques leves. Beijando

limpando todos os lugares molhados em seu rosto onde as lágrimas

caíram, uma por uma, reivindicando sua dor como sua. Aceitando-a.
— O que você quer, Phee? O que você quer? Você está machucada?

Você precisa de algo?

Ela gemeu, tentando prender sua boca em um único lugar.

Ele resistiu. As promessas dos recessos mais profundos desta mulher

eram o canto de uma sereia, mas ele usaria aquele autocontrole que sofreu

anos para aprender. Foi por isso. Não forçar. Não esmagar. Ela era mais

bonita do que qualquer nova flor, e dez vezes mais delicada.

Ele segurou e acariciou seus seios, sua pele clara contra a sua

escuridão. Porra, isso era incrível. Ele adorava o contraste de seus mamilos

escuros. Fantasticamente coloridos, desejando beliscar, com aréolas

inchadas. Mamilos que ele ia morder, chupar e brincar.

Por enquanto, ele mal tocou, esfregando para frente e para trás com a

ponta do polegar antes de deixá-los sozinhos e alisar as palmas das mãos

sobre as costelas dela. Catalogando sua forma, ele traçou músculos e

contornos, batimentos cardíacos e respiração ofegante.

Phee rosnou, um ruído gutural de fome crua que subiu à cabeça e

deixou Alreck tonto de necessidade. Ele apertou seu abraço. Como ele

queria puxá-la para o chão, virar seu rosto para baixo e sua bunda para
cima, e se jogar em casa. Ele queria fodê-la mais do que queria ar. Mas ele

queria sua mordida mais do que queria viver.

Ela estava se aproximando de se soltar e se deixar voar. Caçando seus

lábios, ela tentou mordê-lo quando ele foi beijar seu queixo e mandíbula.

Ele sorriu, trazendo as mãos de volta aos seios dela novamente. Ela pensou

que conseguiria os beijos que queria. Abrindo a boca ainda mais, ela

lambeu o lábio inferior em boas-vindas.

Alreck se esquivou. Ela estava pronta para mais. Empurrando-a de

volta para ficar de pé com uma mão enquanto seguia seus seios com a

boca, ele colocou a outra mão ao lado dela. Quando ele a empurrou contra

a mesa, encurralada, ele tomou seu primeiro gosto de sua ômega.

— Alfa! — Phee respirou fundo antes de soltar um gemido longo e

prolongado.

Afrouxando o acelerador de seu autocontrole, Alreck festejou. Ele

lambeu com o raspar áspero de sua língua, absorvendo as texturas de sua

pele e os sons de cada resposta dela.

Os seios de uma ômega era um deleite lendário com o qual ele apenas

sonhara. Agora iria saborear cada sensação e pegar o que quisesse. Não
importava se ela nunca tivesse uma criança; ele iria desfrutar de seus seios

todos os dias que pudesse - e pelo resto de sua vida.

Ele lambeu para frente e para trás - chupou duro e macio, duro e

macio. Finalmente, mordeu e puxou as pontas até que ela ficou na ponta

dos pés, dançando na umidade que estavam criando entre eles.

Seus gemidos e gritos se transformaram em súplicas quando ele usou

qualquer tipo de ritmo, seus quadris ecoando o pulso. Ela sentiu seu peito

tocar em seu clitóris? Ele esperava que sim. Ele realmente fez. Ela estava

tão rosada e inchada quanto ele, tão molhada e pronta quanto ele poderia

esperar.

— Por favor. — Uma mão finalmente deixou sua posição ancorada

para ir até sua cabeça e enfiar-se em seu cabelo. Ela o puxou e o segurou lá.

Alreck grunhiu em resposta. Mordendo-a mais uma vez, ele deixou

seu mamilo para beijar e acariciar seu seio, testando o peso e a textura

contra sua barba áspera.

Para não ser apressado em seu prazer, ele passou um tempo extra em

um seio e desenhou círculos com a mão livre ao redor do pequeno ponto

escuro ao lado do umbigo. As marcas de beleza o fascinavam.


— Por favor, alfa. — Phee apertou os dedos no cabelo dele e puxou os

fios.

Alreck se levantou, levando-a com ele. Inclinando-a sobre um ombro,

ele a carregou para seu ninho e a sentou ao lado dele.

— Me convide.

Com os alunos arregalados de excitação, a garota piscou para ele,

atordoada. Ela não falou. Parecia com os olhos turvos para a porta e de

volta para ele. Seu corpo estava escorregadio de suor e escorregadio, mas

ela era uma mulher teimosa.

— Eu vou embora, então. — Alreck ameaçou.

Ele nem sequer moveu um músculo antes que ela se colocasse na

frente dele e o empurrasse para sua cama, aquele pequeno rosnado faminto

de volta. — Venha para o meu ninho.

— Peça gentilmente.

Um gemido e um grunhido distorcidos saíram dela. — Por favor,

venha para o meu ninho.

— Por favor, venha para o meu ninho, Alfa. — Ele a corrigiu.


Ela fez tantos sons. Ele amava todos eles. Sua resistência e frustração

foram coloridas em lamentos e gemidos. Mas não as palavras que ele

queria ouvir. Ele latiu, afiado. — Pare com isso.

Ela vacilou, a reprimenda inesperada e os olhos arregalados. Seu olhar

mudou como se estivesse olhando para a porta. Com a mão em seu quadril,

Alreck a puxou para perto, seus quadris batendo em suas coxas. Ela não ia

pensar em ir a lugar nenhum agora.

Ela precisava parar de lutar contra si mesma e contra ele e ceder aos

seus instintos. E então mais uma vez ele rosnou: — Convide-me

apropriadamente, Phee.

Segurando-a, ele sentiu a forma como seu corpo respondeu, uma onda

derretida ondulando sob sua pele enquanto ele forçava sua excitação a um

orgasmo involuntário. Ela teria caído se ele não tivesse um braço em volta

dela.

As palavras eram deliciosamente esganiçadas, mas ela as administrou.

— Por favor, venha para o meu ninho, Alfa.

— Sim. Está certo. Bom.

Empurrando um cobertor para fora do caminho, ela mostrou a ele o

centro de seu ninho, arrumando as coisas para acomodar sua invasão


enquanto se arrastava para a cama. Ele não lhe deu muito tempo para se

preocupar; haveria tempo para isso mais tarde. Agora era hora de outras

coisas.

— Venha aqui agora, Phee. — Puxando-a contra ele, ele se posicionou

sobre ela. Ele adorava como suas linhas de aparência frágil pareciam contra

as suas mais escuras, longas e musculosas. Ela era elegante e feminina, mas

forte em suas camadas de caráter.

— Olhe para nós. Estamos muito juntos, eu acho. Nós vamos nos

encaixar tão bem. Você está pronta para sua porra, pequena senhorita

Phee? — Levantando sua perna no alto de seu quadril, ele a puxou para

cima até que seu centro aberto estava contra seu pênis. Totalmente

excitado, ele vazou como uma mangueira com auto lubrificante, sujo pra

caralho. Não importava. Ele ainda queria o calor ômega doce e sedoso

contra a fome furiosa em seu pau que durou meses. Precisava sentir.

Se a reprimenda dele a incomodou, isso a levou de volta ao momento

em que ela estava pedindo coisas que não conseguia nomear. Esta mulher

sob ele não era uma fêmea inexperiente. Ela sabia o que queria e o que

fazer. Sua mão desceu, abrindo corajosamente em torno de seu pênis para

colocá-lo em sua entrada. — Sim. Encaixam-se.


— Não, Phee. — Alreck resistiu e alcançou ao redor dela, agarrando

suas mãos, segurando seus pulsos e mantendo-a imóvel.

Ela rosnou.

Ele teria rido, mas esse teste constante não aguentaria. A pequena

ômega não estava no comando. Ele lhe daria o mundo, e queria fazê-la

gritar de prazer, mas sabia que perderia seu respeito se a deixasse

comandá-lo.

— Não. Pare com isso. Nada disso. — Ele rosnou e continuou o que

estava fazendo.

Seu corpo se esticou impotente em seus braços, sacudindo com

intensidade eletrificada. Apanhado no alto tom de um orgasmo que não

parou, sua mancha derramou de seu corpo para o dele.

Tudo ia desperdiçar, então Alrick virou Phee na outra direção, rolou-a

de costas e abriu as pernas sobre os ombros. Este era outro tipo de

banquete, e ele estava morrendo de fome.

Usando seu peso para mantê-la imóvel, ele começou a lamber a parte

interna de suas coxas logo acima dos joelhos. O gosto de sua essência era

dourado em sua língua, visceral e real. Ele lambeu o sal e o almíscar,

inalando o sabor e aroma únicos de Phee. Não havia comparação com


outras mulheres, nenhuma maneira de descrever o gosto do fluido dela ou

a textura dele contra seus lábios e bochechas.

Ela era ômega. Nascida para ele. E o gosto dela era seu vício.

Estimulou, zumbindo como álcool na parte de trás de seu cérebro, cada

lambida devastando suas células com a necessidade de mais. Quando Phee

se debateu debaixo dele, ele se inclinou com os ombros para imobilizá-la. A

essência dela estaria nele ou nele, de uma forma ou de outra.

Com cuidado para não perder nada, Alreck beijou e lambeu seu

caminho até o delta onde sua mancha começou. Ele abriu as pernas dela

para abrir espaço para si mesmo e pressionou o rosto na glória de sua

feminilidade ômega.
Capítulo Dez

Phee uivou até não conseguir emitir nenhum som. Ela não conseguia

pensar, não conseguia processar, não conseguia se mover. O alfa não lhe

deu escapatória de si mesma, de sua posse, de exposição total. Vagamente

Phee sabia que eles estavam em sua cama, e ele a tinha debaixo dele, seus

pés balançando acima de sua cabeça. Sua força contra a dela, ele usou todas

as suas vantagens físicas para tomar o que queria. E ele queria tudo.

Ela se deleitava com seu desejo. Este macho poderoso a queria. Dela.

Seu desejo batia contra sua pele – e em sua mente – da melhor maneira. Sua

vontade, sua presença, aquela aura de força interna fez este macho brilhar e

a rodeou em uma nuvem de persuasão. Sua cabeça estava cheia de sim. Era

tudo em que ela conseguia pensar.

Sim. Por favor. Mais. Sim.

Phee pressionou a pressão de suas mãos apenas para sentir seu toque

afundar mais profundamente em seus ossos. Ela arqueou as costas para se

aproximar. De boa vontade, abriu as pernas para convidá-lo mais forte.

Tudo o que ele fazia era bom, transformando um desejo ganancioso no

próximo.
Sua boca encontrou sua fenda e ela gemeu de alívio.

— Sim, por favor, Alfa. — Oprimida, ela rasgou a roupa de cama,

bombardeada com prazer; o alfa leu e respondeu a seus sons e sua

necessidade.

De acariciar e beijar nas dobras entre as pernas até a costura macia de

sua vulva, foi bom. Ele deixou seu clitóris sozinho completamente. Deixou

inchando em uma delicada pérola de urgência, enquanto saboreava ela em

todos os outros lugares. Agora era o centro de sua demanda,

transformando-a em uma fera e combinando com ele em desejo.

Encaixando os lábios ao redor dela, a língua pressionando para baixo em

direção a sua entrada, ele sugou. Phee gritou.

Da tentação à absolvição – da promessa ao cumprimento. Seus lábios

puxaram e pulsaram, sugando cada terminação nervosa em seu corpo em

ondas constantes. Ele deu a ela.

Ela pensou que tinha perdido isso.

Mas ele devolveu tudo. Luz, explodindo em ondas. Ele a levou à beira

de outro orgasmo e a segurou lá. O ato fez escorregar dela e ele abriu mais

a boca, lambendo a oferta. Prendendo-a em seus braços para que ela não
pudesse escapar do prazer, ele a esfaqueou em sua entrada, lambendo

profundamente. A sensação era irreal.

Phee não sabia o que fazer consigo mesma. Ele a fez encharcá-lo,

cobrindo seu rosto em seus fluidos corporais. E o alfa bebeu tudo como um

xarope que ele não conseguia o suficiente. Phee perdeu a cabeça. Perdeu-se.

Ela era ômega pura e radiante, rendendo-se à fome selvagem de seu alfa.

Ele a chupou em si mesmo, afogando-a em êxtase de novo e de novo

até que ela estava soluçando. Sua língua tocou a parte externa de sua

vagina, mas não entrou. Ele pressionou o nariz entre os lábios de sua vulva,

abriu a boca sobre ela mesmo ali, mas não a penetrou. Ela o queria dentro.

Ela podia sentir seu útero apertar e vibrar com cada onda que ele infligia a

ela. Mas ele não a encheu.

Ela precisava de pressão. Ela precisava de força.

Onde estava seu pau? Seu nó? Por que ele não dava isso a ela?

— Por favor.

Ele grunhiu algo contra sua umidade que ela não pôde ouvir sobre o

tumulto em sua cabeça.

— Por favor, alfa. — Ela tentou novamente.


Ele levantou a cabeça. Um braço deslizou apertado ao redor de sua

cintura e os reposicionou de modo que Phee de repente se viu olhando

para o fervor de seus olhos. Até aquele momento, tão perto, ela não tinha

visto as íris azuis escuras iluminadas por ouro circulando suas pupilas

dilatadas – olhos como fogo e noite. Ele tinha sobrancelhas arqueadas,

lábios carnudos, linhas sugerindo humor, suavizadas agora por seu foco

nela.

Apesar das cicatrizes em sua bochecha, ele era tão bonito - tão bonito

quanto Crispin - mas a pura presença que emanava dele superava sua

atratividade. Era difícil para ela ver além de sua força dominante.

O cheiro dele era novo, diferente de qualquer outro homem que ela já

tinha visto – uma tempestade de raios e chuva selvagem combinando com

seus olhos e espírito. Um perfume com o qual ela sonhava sem perceber.

— Por favor, alfa. — Ela disse novamente. Era hora dele entrar nela

com aquele pau grosso e pesado dele. Ele a rejeitou uma tentativa de tocar

sua masculinidade. Phee se transformaria em cinzas se ele fizesse isso de

novo.

—O que é isso, Phee?

— Eu preciso.
— Do que você precisa? — Sua expressão era curiosa, como se ele não

pudesse adivinhar o que ela poderia precisar. A diferença de altura colocou

seu pênis mais baixo do que precisava estar, muito longe para ela até

mesmo sentir o gosto da cabeça em seu núcleo.

— Você sabe o que eu preciso.

— Você não é uma criança. Diga. — Ele abaixou a cabeça, beijando sua

bochecha em sua orelha. O nariz dele bateu nela de uma forma que a fez

desejar dentes. Por que ele não lhe deu os dentes?

— Por favor, alfa, eu quero seu pau.

O corpo dele endureceu com a confissão dela, mas ele não mudou de

posição. — Sim. Bom. — Ele soprou a resposta em seu ouvido. — Isso é

bom, Phee.

Ela tentou balançar os quadris, mas ele lhe deu pouco espaço. — Por

favor, alfa. Eu preciso!

Ele rosnou baixinho, uma provocação de som fazendo com que ela

prendesse a respiração. Ela sentiu aquele rosnado dele em todos os lugares.

Passou do veludo ao aço, da sugestão ao controle em um instante, sem

esforço tomando-a e comandando seu centro.


— Ah, por favor, não. De novo não.

Ele a fez ter medo de gozar sem seu corpo preso ao dela. Ela não podia

aguentar a solidão devastadora de sua vagina vazia por mais um

momento. Ele esteva aqui. Ela precisava. Por que ele não estava dentro

dela? Isso era apenas um jogo?

— Você quer meu pau, Phee? Só isso? Isso é tudo que você quer?

Porque isso não é tudo isso.

Como ele estava falando tão claramente em um momento como este?

Como ele estava pensando? — Quero pau, quero você, quero semente,

quero tudo. Por favor.

— Você quer isso ou precisa disso?

— Sim! Necessidade. Quero. Sim! — Ela gritou com raiva frustrada.

Sua tempestade se moveu dentro dela. Phee era o caos sem um lugar

para pousar. Ele tinha que ser seu lugar para pousar, ou então se dissiparia

em uma explosão com nada além de poeira. Ele tinha que ser o único. Não

havia mais ninguém. Ele não entendia nada?

Sua inclinação para beijar seu pescoço deixou seu ombro no nível de

sua boca. Ela tinha que fazê-lo entender.


Ela o mordeu.

Apertando os braços ao redor de Phee, o alfa puxou-a mais fundo no

centro de sua tempestade com um rugido. Seu coração batia tão forte e

rápido que ela o sentiu ecoando em seu próprio corpo. O sangue encheu

sua boca. Assim como um animal, ela não se importou, tomando o rico

vermelho da força vital do alfa sobre sua língua e engolindo. Ela o bebeu.

Reclamou-o para si mesma.

Ele era dela agora. Só dela. Não haveria nenhuma porra de amante

beta, sem olhos errantes ou carícias fracas e desajeitadas que se

transformariam em rosnados dolorosos e ásperos e nada mais. Nada disso.

Ele era dela, então ele daria o que ela precisava.

Ela ainda estava engolindo a riqueza de sua conexão quando os dentes

dele encontraram sua pele e ele deu sua mordida também, afiada e

profunda. Isso machucava. Mas também a fez voar alto, cambaleando pela

beleza da tempestade que eles criaram juntos. Phee era toda asas, e ele era

o vento feroz – juntos, eles voaram.

Ele mordeu seu pescoço, seu ombro e seu seio a caminho de sentar-se

sobre as ancas.

— Sim. — Ela sussurrou em deleite.


Espalhando-a, puxando-a para baixo, ele colocou a mão em seu pênis e

disse: — Pegue o que é seu então, meu céu. Pegue o que é seu.

Phee fez. Ela enrolou os dedos ao redor da barra quente e molhada

dele e o colocou no lugar. Quando ele empurrou para frente, seu corpo o

acolheu. Ele era perfeito.

Apoiado nos cotovelos para não esmagá-la, a cabeça virada para que

pudesse vê-la, o alfa a fazia sua com cada movimento firme de seus

quadris. Ela gemeu em aceitação, cada impulso a abrindo mais, permitindo

que ela o levasse mais fundo.

Eles eram de carne e osso, um alfa acasalando com sua ômega. Ela não

sabia quem ela seria quando seu calor terminasse. Depois de perder tudo,

esta era uma restituição que Phee nunca esperava.

Seu corpo se apertou ao redor do de Alreck, encontrando cada

impulso dele com sua necessidade. Seus quadris a moveram para cima da

cama e ele a puxou de volta. Ela sentiu o calor de seu olhar derramando

sobre ela e avaliando a forma como seus seios se moviam com seus

impulsos.

Abrindo-se tanto quanto podia, curvando a pélvis para cima, ela

tentou dar mais. Parecia que estava abrindo lugares dentro de seu corpo e
mente pela primeira vez. Ela teve que abrir, levar – levá-lo ao colo do útero

onde nenhum beta ou drone poderia aceitá-lo – para que seu pré-sêmen

pudesse bater na porta de seu útero.

Seu suor e sangue da ferida que ela o deixou pingavam em Phee. Ela

virou a cabeça para pegá-lo em sua língua.

— Meu céu. Minha. Phee. Só minha. Ômega. — Cada palavra era o

ponto de exclamação de seus golpes.

— Sim, alfa.

Sentando-se, as mãos nos quadris dela, ele a empurrou para virar. —

Joelhos.

Ela rolou, puxando os joelhos para baixo de si mesma, apresentando

sua entrada para ele. — Sim, Phee, bom. — Ele elogiou. Enquanto ele

passava os dedos por suas costas, então sobre seus quadris e nádegas, ele

começou a provocar a estrela de seu ânus. Ela sentiu o dedo dele

pressionar a pele, a unha raspar e depois pressionar.

— Um. — Disse ele.


Phee adivinhou que significava um dedo. Ele a moveu para dentro e

para fora. Ela odiou isso antes. Odiou esse tipo de toque repugnante e

zombava de seu último marido por querer isso.

— Dois. — Disse Alreck.

Molhado com a sua escorregadia, ele deslizou os dois dedos dentro e

fora de sua entrada traseira e Phee gemeu.

— Três. — Ele contou.

— Alfa. — Disse Phee.

— Uma garota tão boa, uma linda ômega. Toda minha. Você é minha,

Phee. Pode levar quatro? Você vai pegar quatro dos meus dedos? Mostre-

me, garota. Mostre ao seu companheiro de vínculo como você pode pegar

quatro dedos.

Pressão, ardor, dor. Ele os bombeou para dentro e para fora,

pressionando contra todos os lados como se procurasse por algo.

Phee engasgou quando ele encontrou o que estava procurando – um

ponto dentro que causou uma sensação de coceira e selvagem que roubou

sua respiração e anulou sua mente. Incapaz de gerenciar as frases, Phee

balbuciou: — O-o quê?


— É isso. É isso. Aqui. Isso é o que te torna especial. Outro de muitos.

Drones e betas não têm isso. Quando você estiver no seu último ciclo de

gravidez, não poderei enfiar meu pau no colo do útero, então vou colocar

aqui, Phee. Todas as manhãs e todas as noites. E você vai adorar. — Ele

bombeou os dedos contra aquele lugar até que ela estava choramingando,

presa em um círculo de prazer.

— Você gosta disso, não é, Phee? Diga-me se você gostou. — Ele

diminuiu o movimento, acrescentando dois dedos esticando-a em um

puxão deliberado.

Ela não sabia. Como ela poderia responder? Doía, rasgava-a, roubava

sua mente e era incrível.

— Devo parar? Devo ir? — A cama se mexeu enquanto ele se movia.

— Não. Não!

Ele puxou os dedos e os circulou ao redor de sua entrada.

— Alfa! — Ela chorou.

— Você é tão linda. Que linda ômega. Olhe para você.


Ela não podia olhar, não podia se mover. De bruços, de baixo para

cima, ele a segurou no lugar com os dedos circulando. Seu peso mudou.

Usando a outra mão, ele circulou novamente, provocando.

— Olhe para você. — Ele respirou, sua voz se aproximando de um

rosnado.

— Por favor, alfa. Precisa do seu nó. Eu preciso de você.

— Sim. Sim, isso mesmo, Phee. E eu preciso de você. — Por fim, ele

parou, inclinando-se sobre o corpo dela.

Phee caiu do céu, sem voar. Seu peito cobria suas costas, e ela estava

grata por seu peso. Ela respirou fundo, tentando se controlar. Ele não lhe

deu tempo para descansar, apresentando a mão encharcada para ela

provar.

Phee não pensou. Sua boca se abriu quando ele pressionou os dedos

contra seus lábios. Ele espalhou sua essência compartilhada sobre sua

língua. O tempero disso dançava em sua cabeça enquanto ela chupava cada

pedaço. Alimentando-a, ele fez isso de novo e de novo.

— Bom, Phee. Boa. Meu céu. É isso. Prove-nos.


Eles eram almas nuas, despojadas de suas naturezas elementares

primitivas, imprimindo o códice de seu ser um no outro. Mais um

movimento de seus dedos, então ele puxou o molhado para cima, de volta

para sua estrela, e empurrou a ponta romba de seu polegar além do anel de

músculo ao mesmo tempo em que enfiou seu pênis em sua feminilidade.

O grito de Phee se tornou um gemido com as sensações duplas. Nesta

posição, seu pênis atingiu aquele ponto perfeito dentro, e seu polegar no

outro espaço queimou. Afundando mais fundo, seu corpo se submeteu ao

dele.

— Isso mesmo, meu céu. Sim. Foda-se sim. Você é perfeita. — A voz

dele ficou tão profunda e baixa que Phee sentiu a vibração em seu corpo.

— Tão bom. — Ela conseguiu dizer, embora sua língua estivesse tendo

problemas para formar palavras. Isso doía, mas ela precisava tanto. Ela

tinha esquecido a forma como a dor poderia rasgá-la por dentro com cada

toque pulsante. Essa dor era uma válvula de escape para suas decepções e

medos. Phee queria que seu alfa a empurrasse para o outro lado, da mesma

forma que ela precisava que seu pênis rompesse seu colo do útero.

— Sim, Phee. Tão bom. — Ele concordou.

— Não pare. Por favor, alfa, não pare.


Quadris balançando, ele respondeu com o tapa determinado de seu

corpo no dela. O contato foi barulhento, cada movimento pontuado com

estalidos grosseiros. E ela só queria mais.

Ele a quebrou. Ela sentiu seu coração quebrar. O estrondo dele ressoou

em seus ouvidos. Algo brilhante e líquido derramou dela – um arco de

fogo – e nele.

Sim. Isso estava certo. Isso deveria acontecer. Sua reivindicação e seu

coração. Ela queria que ele tivesse isso.

O frenesi misterioso de sua conexão se esmagou, transformando-os em

um. Cada aperto de sua passagem ao redor de sua masculinidade era uma

pulsação de prazer, mesmo quando a cabeça em forma de cogumelo

queimava o anel sensível na abertura de seu útero. Ela estalou com a

dualidade da sensação quando seu colo do útero floresceu e o tomou,

unindo-os.

Ele recebeu a bênção de seus criadores no vórtice de sua união, e ela

recebeu sua força, sua posse e sua paixão.

— Minha. Minha. Minha. — Ele disse isso repetidamente como um

canto.
O alfa estava totalmente sentado dentro dela agora. Suas estocadas

tinham perdido todo o controle, curtas e afiadas. A pressão construída em

seu núcleo e na base de sua conexão, onde ele bombeou para dentro e para

fora até que seu nó forçou o polegar para fora de seu outro buraco para que

ele pudesse encher todo o seu vazio. Alojado profundamente, o inchaço na

base de seu pênis cresceu e os uniu como um. Seu pênis a encheu tão

apertado que ele não podia fazer mais do que esticar seus músculos contra

ela.

Finalmente ele caiu sobre ela, seu peso apenas para o lado para que ela

pudesse respirar. Seu nó dentro dela, havia apenas o pulso entre eles e o

fluxo de sua semente, jorrando diretamente em seu útero.

Phee tinha feito o impensável. Ela escolheu um companheiro, se ligou

e adorou cada minuto disso.

-*-*-*-*-*-*-*-

O estro de Phee durou dois dias. A dor de cabeça que pairava sempre

que seu alfa não a estava tocando, o desconforto febril e a dor nas

articulações que a faziam se sentir velha – tudo isso se dissipou. A


necessidade tornou-se menos urgente, menos tenho que ter você dentro de

mim ou não consigo respirar. Mas, surpreendentemente para Phee, seu desejo

por seu nó e seu toque permaneceram.

Ele deu um nó nela pela primeira vez, e ambos fizeram tudo o que

podiam para manter o nó dentro dela, para prendê-los mais apertados e

permanecer conectados.

Quando alguém bateu na porta, ele foi atender e trouxe comida. Três

vezes, ele voltou com baldes de água e roupas de cama limpas. Ele pediu, e

alguém atendeu. Phee pensou ter ouvido a voz de Menollie.

Ele tinha usado os baldes para lavar, limpando os dois, criando uma

bagunça de roupa de cama e toalhas. Quando separou as coisas úmidas

para lavar, Phee pegou algumas de volta. Aqueles cobertores de sua

primeira noite cheiravam melhor do que todo o resto. Ela não queria

perder aquele cheiro.

Ela reconstruiu seu ninho para ambos, um lugar seguro e confortável

que abriu espaço para ele. Suas pernas eram tão longas que ela temia que

seus pés ficassem frios. Seu instinto para isso era inferior, mas ela não

conseguia parar sua necessidade de colocar todos os cobertores da maneira

certa. Nada que ela comprou no mercado parecia certo contra sua pele ou

cheirava bem em seu nariz. Seus instintos a levaram a querer um lugar


seguro e macio, mas seus pensamentos invadiam todos os tipos de

dúvidas.

Por que ela precisava de um ninho? Ela sabia que não poderia pegar

uma criança.

Eles tiveram uma conversa sobre isso – apenas uma – durante a qual

Alreck a pegou pelos ombros e a fez olhar para ele.

— É o bastante. Você não vai falar sobre isso novamente ou dizer que

tem um 'útero morto', ou se chamar de quebrada. Você não está quebrada,

Phee. Você é minh. Meu céu. Um presente. Filho ou não filho, eu tenho

você, e isso é tudo que eu quero.

Seu rosto ficou tão tempestuoso que ela não se atreveu a discutir.

Então ele a puxou em seus braços, colocou a cabeça dela contra seu peito, e

se envolveu ao redor enquanto ela chorava.

Seu ronronar foi o som mais bonito que ela já conhecera. Ele se

encaixava com ela de todas as maneiras que nunca ousara sonhar – seu

verdadeiro alfa.

Seu companheiro alfa era Sevrron Alreck. Mas em sua cabeça, ela o

chamava de alfa. Seu Alfa.


Ele era o terceiro a Nohonal Darre. Um homem chamado Nixon era o

segundo. Depois que a reunião de Darre com o rei terminasse, eles

voltariam para seu setor. Alreck disse a ela: — Estou sonhando com você

há meses. Você não tem ideia. Tenho você agora, céu. O que você acha

disso? O que você vai fazer comigo?

— Eu não sei. — Ela respondeu, e não sabia. Tudo parecia diferente

agora. Ela não sabia o que ia fazer consigo mesma. Ela não se perdera como

a mãe a avisara; em vez disso, ganhou tudo. Ela não tinha ideia do que

poderia acontecer a seguir.

Eles deitaram no ninho, próximos, amarrados novamente. O sexo

entre eles doeu mais quando seu calor se dissipou. O corpo de Phee parecia

devastado, mas ela não conseguia parar, não queria fazer uma pausa

mesmo que ele oferecesse, porque a dor significava que ela estava viva.

Deitado atrás dela, ele tinha uma mão em concha sobre seu seio. Ela

traçou a parte de trás com os dedos, contando seus ossos.

— A companheira de Darre ia levar coisas daqui de volta para a torre.

Você vai querer fazer isso também. Pegue tudo o que quiser. Eu tenho

ganhos no poço, mas roupas, confortos - esses são escassos.


Phee gostou tanto da voz de Alreck que levou um momento para

absorver o que ele estava dizendo. — Fornecimento insuficiente?

— Os recursos são escassos, Phee. Você terá o que precisa, mas me

parece que você acostumada com muita coisa.

— Não podemos ficar aqui?

— Não.

— Não neste setor, então. Há outros. Tenho certeza que você poderia

trabalhar em qualquer lugar. Você é capaz e...

Ele latiu: — Eu disse que não.

Phee não podia deixá-lo ir. Ela não queria viver no Setor 2. — Mas

alfa…

O estrondo saiu de seu peito, se infiltrou no dela e parou cada

pensamento em sua cabeça. Ele nunca rosnou antes com seu nó dentro

dela. Foi uma agonia horrível, mas maravilhosa. O som a arremessou em

um orgasmo rápido e forçado após o outro, até que ela não conseguia

respirar.

Então, ela iria morar no Setor 2 com ele.


O macho a dominou e a manipulou com prazer sexual. Essas

mudanças de vida propostas eram grandes, mas quando ele estava em

volta dela, Phee achava difícil se importar. E tudo o que podia fazer era

sorrir.

— Não será fácil, céu. Mas você não é uma beta fracote, é? — Ele

perguntou.

Phee desfrutou do êxtase de seu vínculo. Era tão fácil simplesmente se

deixar levar, cair no próximo pico em outro orgasmo. Alreck não lhe deu

tempo para pensar, duvidar ou se preocupar; ele manteve tudo isso

trancado fora do quarto dela, e ela trancada dentro.

O mundo teria que abrir caminho para a união inesperada de Alreck e

Phee, e ninguém – nem mesmo sua mãe – poderia fazer nada sobre isso.

Fim
Para quem chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.
Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!

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