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Deputado Simão Pedro

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Ofício nº SP 02/2023

Senhor Presidente

Nos estritos termos regimentais, e em cumprimento à

resolução nº 870, de 08 de abril de 2011, que disciplina o rito de criação das frentes

parlamentares no âmbito da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, venho

requerer a criação da FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DO CICLO

ALIMENTAR SUSTENTÁVEL, FOMENTO À RECICLAGEM DE RESÍDUOS,

COMPOSTAGEM, AGROECOLOGIA, CIRCUITOS CURTOS DE PRODUÇÃO,

AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA, ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL,

COOPERATIVISMO, COMÉRCIO JUSTO, AGROINDÚSTRIA E COMBATE AO

AGROTÓXICO, requerendo o seu regular processamento na forma legal, juntando

os termos de adesão devidamente assinados

São Paulo, 24 de março de 2023.

SIMÃO PEDRO
Deputado Simão Pedro
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

O Ciclo Alimentar Sustentável possui várias etapas e muitas dimensões, as quais

devem ser tratadas em conjunto - desde produção, processamento, consumo, descarte e

reaproveitando os resíduos na cadeia.

Os resíduos não costumam estar nesses estudos, o que é um equívoco, pois é

nessário pensa-los “do berço ao berço” (cradle to cradle) e não “do berço ao túmulo”

(cradle to grave), visão bastante ultrapassada.

De fato, se pensarmos apenas na cidade de São Paulo, são recolhidos por dia 10

mil toneladas só de resíduos domiciliares, sendo metade deste peso em resíduos

orgânicos. E essa é a matéria prima da viragem agroecológica, através do processo de

compostagem de resíduos orgânicos previamente separados, juntados ao resíduo de

poda e roçagem. De fato, a compostagem produz não só um ciclo virtuoso, mas sim

inúmeras espirais virtuosas.

O resíduo orgânico misturado aos demais é verdadeiro crime ambiental, pois no

aterro sanitário sofre fermentação anaeróbica, produzindo gás metano, 200 vezes mais

produtor de efeito estufa que o gás carbônico (problema gravíssimo produtor da mudança

climática). Ademais, a fermentação anaeróbica também produz chorume, que

perpassando a massa de lixo torna-se tóxica, necessitando de muitos- e caros – cuidados

ambientais.
Deputado Simão Pedro
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Já previamente separado e tomando o caminho da compostagem (processo

aeróbico e termofílico), temos como resultado um produto melhorador de todas as

características físicas, químicas e biológicas do solo, e seu uso abundante permite fazer a

virada da agricultura dita convencional para a agroecológica em muito pouco tempo, além

de no processo produzir apenas gás carbônico e água.

Toda cidade gasta uma parte considerável de seu orçamento em limpeza pública,

apenas trabalhando na linha do “berço ao túmulo”, com honrosas exceções para

confirmar a regra. Mesmo a reciclagem dos inorgânicos para reverter à indústria ainda é

tímida, e devemos como a Lei Nacional de Resíduos Sólidos reza, mandar apenas os

rejeitos aos aterros (hoje cerca de 15% dos resíduos produzidos). Ressalta-se que o que

hoje é rejeito, com o devido estudo, pode se tornar um reciclável, e o que se espera como

meta é o Lixo Zero (Zero Waste)

A cadeia da compostagem além de favorecer a agroecologia e outras formas

regenerativas de produção (agricultura regenerativa, permacultura, sintrópica, orgânica),

afasta o uso de pesticidas e agrotóxicos, grandes vilões da saúde do campo e da cidade,

sendo hoje o Brasil detentor da triste marca de maior consumidor de agrotóxicos do

mundo – inclusive daqueles já banidos nos mais diversos países.

Além do mais, favorece-se pela produção abundante de composto nas cidades os

circuitos curtos de produção e consumo, além de grande estimulador da agricultura

urbana e perurbana, gerando fontes de renda e combatendo a fome, além de uma

alimentação fresca e saudável.


Deputado Simão Pedro
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Através das formas de associação criativas e do cooperativismo, tanto de

produção como consumo, promove-se o comércio justo, e se pode avançar na cadeia de

produção através de agroindústrias, favorecendo os pequenos agricultores a avançarem

na cadeia de consumo, por ter agora um produto “de prateleira” (não perecível),

minimamente processado ou processado de alta qualidade.

Por fim, todo consumo produz os resíduos tratados nos parágrafos iniciais, e o

ciclo virtuoso se repete.

Diante de todo exposto, justifica-se a criação da presente Frente Parlamentar.

Ato de Constituição da Frente

ATO DO PRESIDENTE Nº 139, DE 02 DE MAIO DE 2023

Frente Parlamentar em Defesa do Ciclo Alimentar Sustentável, Fomento à Reciclagem de Resíduos,


Compostagem, Agroecologia, Circuitos Curtos de Produção, Agricultura Urbana e Periurbana, Alimentação
Saudável, Cooperativismo, Comércio justo, Agroindústria e Combate ao Agrotóxico

O Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições


regimentais e observado a inicial do Processo Alesp Sem Papel Nº 9641, Frente Parlamentar Nº 113,
entregue à Mesa em 26/04/2023, do Deputado Simão Pedro, bem como os Termos de Adesão, nomeia as
Deputadas e os Deputados relacionados abaixo para compor a Frente Parlamentar em Defesa do Ciclo
Alimentar Sustentável, Fomento à Reciclagem de Resíduos, Compostagem, Agroecologia, Circuitos Curtos
de Produção, Agricultura Urbana e Periurbana, Alimentação Saudável, Cooperativismo, Comércio justo,
Agroindústria e Combate ao Agrotóxico.
A inclusão de novos membros e a exclusão por eventuais desligamentos, observados os respectivos ofícios
do Coordenador da Frente, dirigidos ao Presidente da Casa, serão providenciadas pela Secretaria Geral
Parlamentar - Departamento de Comissões, mediante atualização e publicação do Anexo, parte integrante
deste Ato.

A
Deputado Simão Pedro
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

ANEXO - Ato do Presidente nº 139, de 2023

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