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PONTO 02
Organização da SBA,
Cooperativismo e SUS
Nádia Maria da Conceição Duarte
Presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia – gestão 2011;
Instrutora Corresponsável pelo CET-SBA do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
Mestre em cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
Professora da disciplina de anestesiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
INTRODUÇÃO
Em 16 de outubro de 1846, no Hospital Geral de Massachussets, na Harvard Medical School, o dentista
William Thomas Green Morton administrou éter como agente anestésico a um paciente, permitindo-lhe ser
submetido a um procedimento cirúrgico sem sofrer as agruras do ato operatório. Apesar de não ter sido o
pioneiro na utilização do fármaco para esse fim, foi o primeiro que o fez com sucesso e deu publicidade ao
fato – demonstração pública. Por isso, apesar das controvérsias, é dado a Morton o crédito pela introdução
da anestesia. Nasceu assim a bem-sucedida história da anestesiologia mundial1.
No Brasil, sete meses após esse fato, em 25 de maio de 1847, o Dr. Roberto Haddock Lobo, no Rio de
Janeiro, reproduziu esse feito e, também com éter, anestesiou um estudante de medicina que se volun-
tariou para essa experiência.
Em 1848, na Inglaterra, surgiram as primeiras anestesias com o uso de clorofórmio. Mais uma vez,
apenas quatro meses depois, aqui no Brasil, a prática foi replicada pelo Dr. Manoel Feliciano Pereira de
Carvalho, que realizou uma amputação de membro com o uso desse novo agente.
No século XX, proliferaram novos fármacos, equipamentos e técnicas anestésicas. Os bloqueios regionais
ganharam adeptos. A anestesia local e a raquianestesia foram aplicadas com proficiência. Porém, pela falta
de profissionais habilitados disponíveis, os procedimentos eram, muitas vezes, realizados por cirurgiões, e es-
tes, como se ocupavam, em seguida, do procedimento cirúrgico, abandonavam seus pacientes a cuidados de
terceiros, em geral uma irmã de caridade sem a capacitação devida ou mesmo dedicação exclusiva a quem
estava sendo operado. Essa prática resultava, não infrequentemente, em complicações e desfechos infelizes.
Com o número crescente de médicos e estudantes interessados em anestesia, as clínicas e os hospitais
foram, paulatinamente, organizando os serviços de anestesia.
Política da Qualidade
Comprometimento contínuo com práticas de gestão e melhorias organizacionais, visando à geração de
ganhos para os anestesiologistas associados e demais partes interessadas.
Missão
Promover o desenvolvimento, o bem-estar e o aprimoramento científico dos anestesiologistas e ga-
rantir a qualidade e a segurança da medicina perioperatória para a sociedade em geral.
Valores
Qualidade
Programas de ensino, atualização científica e segurança profissional, para atender e superar as expec-
tativas de seus associados e clientes.
História e Tradição
• Armazenamento, organização e divulgação da história da SBA, para gerar reconhecimento e iden-
tificação de suas tradições.
Empreendedorismo
• Busca continuada de melhorias dos processos, com a implementação de novas práticas e projetos,
visando a ganhos para seus associados e clientes.
Imagem
• Percepção positiva da SBA pelas demais entidades médicas e a sociedade em geral.
Competência
Para dar cumprimento à sua Missão Institucional, a SBA executa os seguintes serviços:
• Promove o desenvolvimento das ciências da saúde nas áreas de educação, pesquisa e apoio técnico,
com a formação e capacitação de recursos humanos na área de anestesiologia, buscando a me-
lhoria contínua da qualidade dos serviços anestesiológicos oferecidos à população, sem nenhuma
forma de discriminação de raça, sexo, cor, religião ou classe social.
• Reúne os médicos interessados em fomentar o progresso, o aperfeiçoamento e a difusão da anes-
tesiologia, da terapia intensiva, do tratamento da dor, dos cuidados paliativos e da reanimação.
• Estabelece normas para treinamento na especialidade.
• Faz cumprir o Código de Ética Médica e o Código Profissional e Econômico da SBA.
• Defende os interesses profissionais de seus membros.
• Patrocina congressos da especialidade, de âmbito nacional e internacional.
• Confere o Título Superior em Anestesiologia (TSA).
• Confere o Título de Especialista em Anestesiologia (TEA).
• Confere o Certificado de Área de Atuação em Dor.
• Confere o Certificado de Área de Atuação em Cuidados Paliativos.
• Publica a Revista Brasileira de Anestesiologia e a Anestesia em Revista.
• Confere prêmios, conforme regulamentos próprios.
• Realiza convênios de intercâmbio cultural e científico com entidades internacionais, visando ao
aprimoramento técnico-científico de profissionais anestesiologistas.
O número possível de membros associados da SBA é ilimitado, e suas categorias são:
I. Fundadores.
II. Honorários.
III. Beneméritos.
IV. Estrangeiros.
V. Ativos.
VI. Aspirantes.
VII. Adjuntos.
VIII. Aspirantes adjuntos.
IX. Remidos.
X. Especiais.
Em seu organograma, a SBA é composta pelos seguintes órgãos:
I. Assembleia Geral (AG).
II. Assembleia de Representantes (AR).
Assembleia Geral
A Assembleia Geral é o órgão máximo da sociedade. Ocorre pela reunião de seus membros ativos com
os seguintes objetivos:
I. Liquidação da SBA.
II. Eleger a Diretoria e o Conselho Fiscal.
III. Destituir a Diretoria e/ou o Conselho Fiscal.
IV. Aprovar as contas.
V. Alterar o estatuto.
VI. Deliberar sobre assuntos de especial importância para a SBA.
Assembleia de Representantes
A Assembleia de Representantes (AR) é o órgão legislativo, deliberativo e soberano da Sociedade Bra-
sileira de Anestesiologia, exceto nos casos previstos no capítulo V do estatuto. É constituída por represen-
tantes das regionais, pelo presidente do Conselho Superior e pela Diretoria da SBA.
Compete à AR:
I. Examinar e dar aprovação final aos assuntos administrativos da sociedade, exceto os casos pre-
vistos no capítulo V do estatuto.
II. Tomar conhecimento dos relatórios apresentados.
III. Eleger os membros das comissões permanentes, o editor-chefe e coeditor da Revista Brasileira de
Anestesiologia, o secretário do Conselho de Defesa Profissional, os comitês e criar comissões de
estudo com prazo inferior a um ano.
IV. Eleger a região que vai sediar o Congresso Brasileiro de Anestesiologia (CBA) com, no máximo,
cinco anos de antecedência, de acordo com o relatório da Diretoria da SBA, baseado nas “condi-
ções mínimas para sediar um CBA”.
V. Examinar qualquer assunto de relevância solicitado por, pelo menos, cinco membros ativos e
apresentados por meio da Diretoria ou do Conselho Superior.
VI. Fixar as anuidades, as taxas de readmissão e aprovar a proposta orçamentária para o exercí-
cio seguinte.
VII. Examinar os recursos da Diretoria encaminhados pelo Conselho Superior.
VIII. Discutir e votar os pareceres dos grupos de trabalho sobre as propostas das comissões permanen-
tes, da Diretoria e do Conselho Superior.
IX. Discutir e votar as alterações dos regulamentos e regimentos propostas no relatório da CERR.
X. Votar as resoluções do Conselho Superior.
XI. Votar as resoluções do Conselho de Defesa Profissional encaminhadas pela Diretoria da SBA ou
pelo plenário desse conselho.
XII. Eleger a Comissão de Aprovação da Ata, composta por três representantes.
XIII. Dar encaminhamento às propostas de alteração do estatuto, de regulamentos ou regimentos en-
viadas pelos representantes.
46 | Bases do Ensino da Anestesiologia
Conselho Superior
O Conselho Superior é constituído pelos três últimos presidentes da SBA e pelos presidentes das regio-
nais. São suas atribuições:
I. Eleger seu presidente, que tomará parte nas reuniões de Diretoria, sem direito a voto.
II. Participar das Assembleias de Representantes, por meio de seu presidente.
III. Examinar as contas da SBA e recomendá-las à aprovação, ou não, pela Assembleia Geral, após
conhecer o relatório do Conselho Fiscal.
IV. Indicar, por solicitação da Diretoria, substitutos para cargos vagos nos períodos entre as eleições.
V. Recomendar à Assembleia de Representantes nomes para a eleição aos cargos eletivos, exceto da
Diretoria e do Conselho Fiscal.
VI. Opinar, em qualquer época, sobre determinado assunto, por solicitação da Diretoria.
VII. Apreciar as denúncias em grau de recurso.
Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal é composto por três membros efetivos e três membros suplentes – todos membros
ativos da SBA, eleitos pela Assembleia Geral – e tem como função conferir, verificar e comprovar, trimes-
tralmente, a administração financeira da SBA, opinando sobre ela e enviando relatórios ao Conselho Su-
perior para apreciação.
Diretoria
A Diretoria é o órgão executivo da SBA, composta por um presidente, um vice-presidente, um secretá-
rio-geral, um tesoureiro, um diretor do Departamento Administrativo, um diretor do Departamento Cien-
tífico e um diretor do Departamento de Defesa Profissional, todos eleitos por meio da Assembleia Geral,
sendo deles exigida a qualificação de TSA. Compete à Diretoria, coletivamente:
I. Executar e fazer executar as resoluções das assembleias.
II. Cumprir e fazer cumprir o estatuto.
III. Designar comissões, com mandato máximo de três meses.
IV. Apresentar à Assembleia de Representantes um relatório completo de suas atividades.
V. Contratar o pessoal necessário para o funcionamento da SBA.
VI. Reunir-se, pelo menos uma vez por ano, com os presidentes das comissões permanentes e o edi-
tor-chefe da Revista Brasileira de Anestesiologia.
VII. Aprovar e recomendar à Assembleia de Representantes as cidades que têm condições de sediar
o Congresso Brasileiro de Anestesiologia.
VIII. Deliberar sobre o credenciamento e descredenciamento dos Centros de Ensino e Treinamento,
com base nos relatórios da Comissão de Ensino e Treinamento.
IX. Deliberar sobre o credenciamento e descredenciamento dos Centros de Treinamento e Terapêu-
tica da Dor (CTTDor), com base nos relatórios da Comissão de Treinamento e Terapêutica da Dor.
X. Deliberar sobre o credenciamento e descredenciamento dos Centros de Treinamento em Medici-
na Paliativa (CTMP), com base nos relatórios da Comissão de Treinamento em Medicina Paliativa.
XI. Deliberar sobre os casos omissos no estatuto da SBA.
Departamento Administrativo
É de responsabilidade do diretor do Departamento Administrativo e é integrado por:
• Comissão de Estatuto, Regulamentos e Regimentos.
• Equipe de planejamento dos CBA (EPCBA).
• Biblioteca, videoteca e museu.
Departamento Científico
É de responsabilidade do diretor do Departamento Científico e é integrado por comissões permanentes
e comitês e pela Revista Brasileira de Anestesiologia.
A Revista Brasileira de Anestesiologia é editada, no mínimo, trimestralmente e se destina, primordial-
mente, a publicações científicas sob a responsabilidade do editor-chefe e do coeditor, ambos portadores
do Título Superior em Anestesiologia, eleitos pela AR, com mandato de três anos. Os editores são auxilia-
dos por um corpo editorial associado de três membros e por um corpo de conselheiros, selecionados entre
membros ativos, portadores do Título Superior em Anestesiologia, com referendo da Diretoria da SBA.
2.2. COOPERATIVISMO
A política nacional de cooperativismo foi definida no Brasil por meio da Lei no 5.764, de 16 de dezembro
de 19717. Em seu art. 1°, a lei afirma que “Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo a ati-
vidade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, originárias de setor público ou privado,
isoladas ou coordenadas entre si, desde que reconhecido seu interesse público”.
Em 19 de julho de 2012, a Presidência da República do Brasil sancionou nova lei – Lei nº 12.690 –, com
novas disposições sobre a organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho8.
As cooperativas de trabalho podem ser de dois tipos:
• De produção – quando constituída por sócios que contribuem com o trabalho para a produção em
comum de bens e a cooperativa detém, a qualquer título, os meios de produção. Exemplo: coope-
rativas de reciclagem, de costura, de artesanato.
Descentralização
Está estabelecido em Da Saúde, artigo 198, que “as ações e serviços públicos de saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo [...]”. Por isso,
o Sistema Único de Saúde está presente em todos os níveis federativos – União, estados, Distrito Fede-
ral e municípios –, de forma que o que é da alçada de abrangência nacional será de responsabilidade
do Governo Federal; o que está relacionado com a competência de um estado deve estar sob respon-
sabilidade do governo estadual e a mesma definição ocorre com um município. Dessa forma, busca-se
maior diálogo com a sociedade civil local, que está mais perto do gestor, para cobrá-lo sobre as políticas
públicas devidas.
Participação social
Também está prevista no mesmo artigo 198, inciso III, a “participação da comunidade” nas ações
e nos serviços públicos de saúde, atuando na formulação e no controle da execução destes. O con-
trole social, como também é chamado esse princípio, foi mais bem regulado pela já citada Lei nº
52 | Bases do Ensino da Anestesiologia
8.142/9012. Os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências da Saúde, que ocorrem
a cada quatro anos em todos os níveis federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios. Nos
Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade: enquanto os usuários têm metade das vagas, o go-
verno tem um quarto e os trabalhadores, outro quarto. Busca-se, portanto, estimular a participação
popular na discussão das políticas públicas da saúde, conferindo maior legitimidade ao sistema e às
ações implantadas.
Não obstante, observa-se que o Poder Constituinte Originário de 1988 não buscou apenas implantar o
sistema público de saúde universal e gratuito no país em contraposição ao que existia no período militar,
que favorecia apenas aos trabalhadores com carteira assinada, foi além e estabeleceu também princípios
que iriam nortear a interpretação que o mundo jurídico e as esferas de governo fariam sobre o citado sis-
tema. E a partir da leitura desses princípios, nota-se a preocupação da Constituinte em reforçar a defesa
do cidadão ante o Estado, garantindo meios não só para a existência do sistema, mas também para que o
indivíduo tenha voz para lutar por sua melhoria e maior efetividade.
Médicos no SUS
Inquérito realizado numa parceria entre CFM/CREMEMESP/USP14 revelou que 21,6% dos médicos traba-
lham apenas no setor público, enquanto 26,9% estão exclusivamente no setor privado. Como há sobreposi-
ção – 51,5% dos médicos atuam concomitantemente nas esferas pública e a privada –, pode-se afirmar que
78,4% dos médicos têm vínculo com o setor privado e 73,1%, com o setor público.
É imensa a desigualdade de concentração dos médicos a favor do setor privado, se consideradas as
populações cobertas pelo Sistema Único de Saúde (75% da população utiliza exclusivamente o SUS) e
pela assistência médica suplementar (25% da população, além do direito ao SUS, têm plano ou seguro
de saúde).
REFERÊNCIAS
1. Viana TJ. Anestesiologia: aspectos históricos. In: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GM et al. Tratado de aneste-
siologia SAESP. 7a ed. São Paulo: Atheneu, 2011; p. 3-13.
2. Bagatini A, Silva MS, Azevedo MMGM. Sociedade Brasileira de Anestesiologia: 65 anos de história. Rio de Janeiro:
Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2013.
3. Lima OS, Machado WS, Martins CAS. SBA: 50 Anos de história. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Aneste-
siologia, 1999.
4. Sociedade Brasileira de Anestesiologia [acesso em 10 fev 2016]. Disponível em: http://www.sba.com.br.
5. Salman FC, Diego LAS, Silva JH et al. Qualidade e segurança em anestesiologia. Rio de Janeiro: Sociedade Bra-
sileira de Anestesiologia, 2012.
6. Duarte NMC, Martins MP, Pires OC. Suporte avançado de vida em anestesia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Anestesiologia, 2011.
7. Brasil. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências [acesso em 8 fev 2016]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.htm.
8. Brasil. Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012. Dispõe sobre a organização e o funcionamento das cooperativas
de trabalho; institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho – PRONACOOP – e revoga o