Um beijo (do latim basium) é o toque dos lábios em outra pessoa ou objeto.
Na cultura ocidental é considerado um gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado
como cumprimento ou despedida. O beijo nos lábios de outra pessoa é um símbolo de afeição romântica ou de desejo sexual - neste último caso, o beijo pode ser também noutras partes do corpo. Ainda há o chamado beijo de língua, em que as pessoas que se beijam mantêm a boca aberta enquanto trocam carícias com as línguas. História
"O Beijo", pintura rupestre da cena de um suposto beijo
no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, datado entre 48000 e 6000 a.C. [1]
Os antropólogos discordam sobre se beijar é um comportamento instintivo ou aprendido.
Aqueles que acreditam que beijar é um comportamento instintivo, citam comportamentos semelhantes em outros animais, como bonobos, que são conhecidos por beijar depois de brigar - possivelmente para restaurar a paz.[2] Outros acreditam que é um comportamento aprendido, tendo evoluído de atividades como a amamentação ou pré-mastigação nas primeiras culturas humanas transmitidas aos humanos modernos. Outra teoria postula que a prática se originou nos machos durante a era paleolítica, provando a saliva das fêmeas para testar sua saúde, a fim de determinar se seriam uma boa parceira para a procriação. O fato de que nem todas as culturas humanas beijam é usado como argumento contra o beijo ser um comportamento instintivo em humanos; acredita-se que cerca de 90% da população humana pratique o beijo.[3][4] As primeiras evidências escritas do beijo datam de 4500 anos, conforme documentos da Antiga Mesopotâmia e Egito Antigo, segundo Sophie Lund Rasmussen e Troels Pank Arbøll.[5] Em seguida vem a referência nos Vedas, escrituras sânscritas que informaram o hinduísmo,[6] budismo e jainismo, há cerca de 3500 anos, de acordo com Vaughn Bryant, antropólogo da Texas A&M University especializado na história do beijo.[7] Diz-se que na Suméria, antiga Mesopotâmia, as pessoas costumavam enviar beijos aos deuses. Ambos beijos de língua e de lábios são mencionados na poesia suméria.[8][9] O beijo é descrito na poesia de amor egípcia antiga sobrevivente do Império Novo, encontrada em papiros escavados em Deir el-Medina:[10][11] Um afresco de Pompeia mostrando o beijo de um casal romano. Na Antiguidade também era comum, para gregos e romanos, o beijo entre guerreiros no retorno dos combates. Era uma espécie de prova de reconhecimento. Aliás, os gregos adoravam beijar. Na Ciropédia (370 a.C.), Xenofonte escreveu sobre o costume persa de beijar os lábios na partida enquanto narrava a partida de Ciro, o Grande (c. 600 a.C.) como um menino de seus parentes medos.[12] De acordo com Heródoto (século V a.C.), quando dois persas se encontravam, a fórmula de saudação expressa seu status igual ou desigual. Eles não falavam; antes, os iguais se beijavam na boca e, no caso em que um era um pouco inferior ao outro, o beijo seria dado na bochecha.[13][14] Durante o período clássico posterior, o beijo afetuoso boca a boca foi descrito pela primeira vez no épico hindu Mahabharata. O antropólogo Vaughn Bryant argumenta que o beijo se espalhou da Índia para a Europa depois que Alexandre, o Grande conquistou partes do Punjab no norte da Índia em 326 a.C.[15] Os romanos difundiram a prática. Estes eram apaixonados por beijos e falavam sobre vários tipos de beijos. Beijar a mão ou bochecha era chamado de osculum. Beijar nos lábios com a boca fechada era chamado de basium, que foi usado entre parentes. Um beijo de paixão era chamado de suavium.[16] Os imperadores permitiam que os nobres mais influentes beijassem seus lábios, e os menos importantes as mãos. Os súditos podiam beijar apenas os pés. Na Escócia, era costume o padre beijar os lábios da noiva ao final da cerimônia. Acreditava-se que a felicidade conjugal dependia dessa bênção. Já na festa, a noiva deveria beijar todos os homens na boca, em troca de dinheiro. Na Rússia, uma das mais altas formas de reconhecimento oficial era o beijo do czar. Romeu e Julieta numa obra de Sir Frank Dicksee No século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher. Na Itália, entretanto, se um homem beijasse uma donzela em público, era obrigado a casar imediatamente. No latim, beijo significa toque dos lábios. Na cultura ocidental, ele é considerado gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como cumprimento ou despedida; entre amantes e apaixonados, como prova da paixão. Mas é também um sinal de reverência, ao se beijar, por exemplo, o anel do Papa ou de membros da alta hierarquia da Igreja. No Brasil, D. João VI introduziu a cerimônia do beija-mão: em determinados dias o acesso ao Paço Imperial era liberado a todos que desejassem apresentar alguma reivindicação ao monarca. Em sinal de respeito, tanto os nobres, como as pessoas mais simples, até mesmo os escravos, beijavam-lhe a mão direita antes de fazer seu pedido. Esse hábito foi mantido por D. Pedro I e por D. Pedro II. O estudo do beijo começou em algum momento do século XIX e é chamado de filematologia, que foi estudado por pessoas como Cesare Lombroso, Ernest Crawley, Charles Darwin, Edward Burnett Tylor e estudiosos modernos como Elaine Hatfield.[17][18] Tipos Kristoffer Nyrop identificou uma série de tipos de beijos, como beijos de amor, carinho, paz, respeito e amizade. Ele observa, porém, que as categorias são um tanto artificiais e sobrepostas e que algumas culturas têm outros tipos de gestos desse tipo.[19] Expressão de carinho e amor
Um beijo romântico entre um homem e uma mulher
Dois homens se beijam; os beijos homossexuais não
possuem aspectos que os diferenciem dos beijos heterossexuais. Beijar os lábios de outra pessoa tornou-se uma expressão comum de afeto em muitas culturas ao redor do mundo. No entanto, em certas sociedades, o beijo só foi introduzido através da colonização europeia, sendo que antes não era uma ocorrência rotineira. Tais culturas incluem certos povos nativos da Austrália, os taitianos e muitas tribos na África.[20] Beijar na boca é uma expressão física de afeição, amor ou desejo sexual entre duas pessoas em que as sensações de tato, paladar e olfato estão envolvidas.[21] De acordo com o psicólogo Menachem Brayer, embora muitos "mamíferos, pássaros e insetos troquem carícias", parece que os beijos de afeto não são beijos no sentido humano. O psicólogo William Cane observa que beijar na sociedade ocidental é mais frequentemente visto como um ato romântico e descreve alguns de seus atributos: