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A boneca é um dos brinquedos mais antigos e mais populares em todo o mundo.

Reproduz as formas humanas, predominantemente a feminina e a infantil, e muitas vezes


é considerada como um brinquedo que prepara para a maternidade e paternidade. As
bonecas podem ser confeccionadas com diferentes materiais.
Em muitas culturas, ela é um brinquedo associado às meninas, no entanto, existem
versões de bonecos direcionados aos meninos, guardando ambos, como elemento
essencial para a sua caracterização, as formas que lembram a humana, ou humanizada.
As bonecas, e suas variantes masculinas, diferenciam-se de outros tipos de bonecos que
representam outras formas de vida, como animais do mundo real, do mundo da fantasia,
da literatura, do cinema ou do imaginário popular.
História

Boneca francesa datada de cerca de 1870


Embora não sejam conhecidas bonecas datadas da Pré-História, provavelmente porque
seriam feitas em madeira ou em couro, materiais perecíveis, na civilização
babilônica conhece-se uma boneca com braços articulados feita em alabastro e também
em túmulos de crianças do Antigo Egito, datáveis do período situado entre 3 000 e 2 000
a.C., onde foram encontradas bonecas de madeira com uma forma que se assemelha a
uma espátula, possuindo uma cabeleira farta, sendo os cabelos feitos de fios de cabelo,
provavelmente banhados na argila. Também se conhecem bonecas mais sofisticadas, com
braços e pernas articuladas e com roupas.
Os estudiosos dividem-se quanto a que sentido atribuir à presença destes objetos
nos túmulos; para alguns serviriam para que a criança brincasse com eles no mundo do
Além, enquanto que outros autores argumentam que estes objetos teriam um carácter
mágico, tendo sido ali colocados para trabalharem para o defunto na outra vida (uma
função semelhante à das estátuas uchebti dos adultos). Na localidade de Kahun foi
encontrado aquilo que se julga ser um atelier de criação de bonecas.
A prática de colocar bonecas nos túmulos das crianças também existiu
na Grécia e Roma antigas. Na Grécia, fazia parte dos rituais que antecediam
o casamento a entrega por parte da noiva à deusa Ártemis das suas bonecas e de outros
brinquedos, simbolizando o fim da infância. Prática semelhante existia em Roma.
A criação de bonecas com objetivos comerciais estruturou-se na Alemanha do século XV,
nas localidades de Nuremberga, Augsburgo e Sonneberg, onde nasceram
os Dochenmacher (fabricadores de bonecas). Foi também na Alemanha que se criaram as
casas de bonecas.[1]
O batismo da boneca; quadro de Eliseu Visconti (1933)
Paris, na mesma época que na Alemanha, também se começou a afirmar como centro de
fabricação de bonecas. Nesta época, elas reproduziam o aspecto das mulheres locais e os
materiais empregues eram a terracota, a madeira e o alabastro.
No século XVII, apareceram na Holanda bonecas com olhos de vidro e bonecas com
perucas feitas de cabelo humano.
A época de maior esplendor na fabricação de bonecas aconteceu do século XIX até o
início do século XX. Naquele tempo, as bonecas eram feitas principalmente para os
adultos, pois reproduziam fielmente as figuras da corte e da sociedade. As peças eram
geralmente feitas de madeira, com rosto de porcelana, e vestidas com trajes de época.
Como eram um produto voltado às classes mais abastadas, não tardaram a surgir
roupinhas feitas por grandes costureiros e pessoas interessadas na fabricação artesanal.[2]
Em finais do século XIX, Thomas Edison criou a ideia de uma boneca falante, que seria
aproveitada por vários fabricantes para criar bonecas que recitavam orações ou cantavam.
Com o advento do cinema e desenvolvimento do desenho animado, bem como com a
popularização da televisão, no século XX, pessoas e personagens passaram quase que
obrigatoriamente a ter seus equivalentes em forma de boneca.
As bonecas em outras culturas
Japão

Boneca Haniwa, num museu em Berlim


No Japão, as bonecas são chamadas de Ningyoo, não sendo apenas brinquedos infantis;
elas são um símbolo da história dos costumes do país. Em datas específicas, elas são
tema da ornamentação nas residências japonesas. No dia 3 de março se comemora o Dia
das Meninas, e as bonecas são expostas na sala de visita, em um altar de cinco andares
onde as figuras do casal imperial estão no topo do altar. O dia 5 de maio é o Dia dos
Meninos, cujos bonecos guerreiros simbolizam força e bravura.
Os primeiros bonecos japoneses foram os Haniwa, estatuetas de barro encontradas em
tumbas pré-históricas. Inicialmente elas eram muito simples, moldadas em palha ou papel.
Posteriormente passaram a ser feitas de madeira, cerâmica, mármore e argila.
No período Heian (794–1185) as bonecas eram usados para afastar demônios. No período
Nara (710–794) as bonecas sofreram a influência chinesa e passaram a ter roupas
de seda, usar dourado e tinham o penteado sokei, que se caracteriza pelo excesso de
adereços. No período Kamakura (1192–1333), o xogunato que prevalecia no país por
causa das constantes guerras fez com que as mulheres substituíssem os
pesados quimonos por trajes mais simples, e isso se refletiu também nas bonecas.
No período Edo (1603–1868), surgiram as karakuri, bonecas que tocavam instrumentos e
dançavam através de um sistema simples de cordas retorcidas, roldanas e fios.
As bonecas começaram a ser usadas no teatro Noh em 45 d.C., para homenagear os
atores e personagens de maior destaque. O mesmo ocorreu com o teatro Kabuki, quando
as bonecas foram criadas com os mínimos detalhes de vestimenta e maquiagem.

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