Você está na página 1de 2

O Afeganistão (em persa e em pastó: ‫ ;افغانستان‬romaniz.

:Afġānistān), oficialmente Emirado


Islâmico do Afeganistão (em pastó: ‫ ;د افغانستان اسالمي امارت‬Da Afġānistān Islāmī Imārāt; em
persa: ‫ ;امارت اسالمی افغانستان‬Imârat-i Islâmī-yi Afġânistân), é um país sem litoral, montanhoso,
localizado no centro da Ásia, estando na encruzilhada entre o Sul da Ásia, a Ásia Central e
a Ásia Ocidental. Faz fronteira com o Paquistão ao sul e ao leste, com o Irã ao oeste, com
o Turcomenistão, Uzbequistão e Tajiquistão ao norte e com China no nordeste. Ocupando
652 230 km², sendo o 41.º maior do mundo em área, o Afeganistão é predominantemente
montanhoso, com planícies no norte e sudoeste. Cabul é a capital e a maior cidade, com
uma população estimada em 4,6 milhões, sendo o 37.º país mais populoso do mundo,
[11]
composta principalmente de etnias pastós, tajiques, hazaras e usbeques.
O território do Afeganistão foi um ponto essencial para a rota da seda e para a migração
humana. Arqueólogos encontraram evidências de presença humana remontantes
ao Paleolítico Médio (c. 50 000 a.C.).[12] A civilização urbana pode ter começado entre
3 000 e 2 000 a.C.[13] O país fica em uma localização geoestratégica importante que liga
o Oriente Médio à Ásia Central e ao subcontinente indiano,[14] tendo sido a casa de vários
povos através dos tempos.[15] A terra tem testemunhado muitas campanhas militares,
desde a Antiguidade: as mais notáveis feitas por Alexandre o Grande, Chandragupta
Máuria, Gêngis Cã, pela União Soviética e, mais recentemente, pelos Estados
Unidos e OTAN.[12][13] Também foi local de origem de várias dinastias locais como os Greco-
bactrianos, Cuchanas, Safáridas, Gasnévidas, Gúridas, Timúridas, Mogóis e muitos outros
que criaram seus próprios impérios.[carece de fontes]
A história política moderna do Afeganistão começa em 1709, com a ascensão dos pastós,
quando a dinastia Hotaki foi criada em Candaar, seguida por Ahmad Shah Durrani,
subindo ao poder em 1747.[16][17][18] A capital do Afeganistão foi transferida em 1776
de Candaar para Cabul e parte do Império Afegão foi cedida aos impérios vizinhos em
1893. No final do século XIX, o Afeganistão tornou-se um Estado-tampão, no Grande
Jogo entre os impérios britânico e russo.[19] Essa circunstância histórica, combinada com o
terreno montanhoso do país, impediu o domínio de potências imperialistas sobre o país,
mas também resultou em baixo desenvolvimento econômico.[20] Depois da Terceira Guerra
Anglo-Afegã e a assinatura do Tratado de Rawalpindi em 1919, o país recuperou o
controle de sua política externa com os britânicos.[21] Após a revolução marxista de 1978 e
a invasão soviética em 1979, teve início uma guerra entre as forças governamentais
apoiadas por tropas soviéticas e os rebeldes mujahidin, apoiados pelos Estados
Unidos, Paquistão, Arábia Saudita e outros países muçulmanos.[22] Nesse conflito, mais de
um milhão de afegãos perderam a vida, muitos deles vítimas de minas terrestres.[23][24] Após
a vitória dos rebeldes, em 1992, teve início uma guerra civil, entre diversos grupos
rebeldes, que foi vencida pelos talibãs. Depois dos atentados terroristas de 11 de
setembro de 2001, teve início um novo conflito, decorrente da intervenção de forças norte-
americanas no país.[25] Em dezembro de 2001 o Conselho de Segurança das Nações
Unidas autorizou a criação da Força Internacional de Assistência para Segurança para
ajudar a manter a segurança no Afeganistão e ajudar a administração do presidente Hamid
Karzai.[26]
Enquanto a comunidade internacional está reconstruindo o Afeganistão dilacerado pela
guerra, grupos terroristas como a rede Haqqani e Hezbi Islami estão ativamente
envolvidos na insurgência talibã por todo o país,[27] que inclui centenas de assassinatos e
ataques suicidas.[28] De acordo com a Organização das Nações Unidas, os insurgentes
foram responsáveis por 75% das mortes de civis em 2010 e 80% em 2011.[29][30]
A guerra de vinte anos entre o governo e o talebã atingiu o clímax com a ofensiva talebã
em 2021, a consequente queda de Cabul, e o restabelecimento do Emirado Islâmico do
Afeganistão.
As décadas de guerra fizeram do Afeganistão o país mais perigoso do mundo,[31] incluindo
o título de maior produtor de refugiados e requerentes de asilo.[29][32]
Etimologia
O nome Afeganistão (em persa: ‫افغانستان‬, [avɣɒnestɒn])[33] significa "Terra dos Afegãos",
[34]
que se origina a partir do etnônimo "afegão". Historicamente, o nome "afegão" designa
as pessoas pastós, o maior grupo étnico do Afeganistão.[35] Este nome é mencionado na
forma de Abgan, no século III, pelo Império Sassânida,[36] como Avagana (afghana),
no século VI, pelo astrônomo indiano Varahimira.[35] Um povo chamado afegão é
mencionado várias vezes no século X, no livro de geografia Hudud al-'alam, principalmente
quando se faz referência a uma vila: "Saul, uma agradável vila nas montanhas. Onde
vivem os afegãos".[37]
Albiruni faz referência no século XI a várias tribos nas montanhas da fronteira ocidental
do rio Indo, conhecidas como montanhas Sulaiman.[38] ibne Batuta, um famoso estudioso
marroquino que visitou a região em 1333, escreve: "Nós viajámos para Cabul, antigamente
uma grande cidade, o lugar agora é habitado por uma tribo de persas chamados afegãos.
Eles vivem nas montanhas e desfiladeiros e possuem considerável força, e são muitas
vezes salteadores. Sua principal montanha é chamada de Kuh Sulaiman".[39] Um importante
estudioso persa do século XVI explica extensamente sobre os afegãos. Por exemplo, ele
escreve:
Os homens de Cabul e Khilji voltaram para casa; e quando eles foram questionados sobre
os Muçulmanos do Coistão (as montanhas) e como estavam as coisas por lá, eles
disseram, "Não chame de Coistão, mas Afeganistão, pois não há nada lá além dos
afegãos e os distúrbios." Assim, é evidente que, o povo do país chamam a sua casa no
seu próprio idioma como Afeganistão, e se nomeavam Afegãos.[40]
— Firishta 1560-1620 d.C.

É amplamente aceito que os termos pastó e afegão são sinônimos. Nos escritos do século
XVII o poeta pastó Khushal Khan Khattak é mencionado:
Puxe sua espada e mate qualquer um, que diz que pastó e afegão não são um! Os Árabes
sabem e assim fazem os Romanos: afegãos são pastós, pastós são afegãos![41]

A última parte do nome, -istão é um sufixo persa para "lugar", proeminente em muitas
línguas da região. O nome "Afeganistão" é descrito no século XVI pelo imperador
mogol Babur em suas memórias e também pelo estudioso persa Firishta e os
descendentes de Babur, referindo-se a tradicional étnica afegã (pastó) territórios entre as
montanhas de Indocuche e o Rio Indo.[42] No início do século XIX, Políticos
afegãos decidiram por adotar o nome Afeganistão para todo o Império Afegão após sua
tradução para o inglês já havia aparecido em diversos tratados com o Império Qajar e
a Índia Britânica.[43] Em 1857, na análise de John William Kaye The Afghan Warm Friedrich
Engels descreve o "Afeganistão" como:
[…] um extenso país da Ásia […] entre a Pérsia e as Índias, e na outra direção entre
Indocuche e o Oceano Índico. Ele anteriormente incluía as províncias persas
de Coração e Coistão juntamente com Herate, Baluchistão, Caxemira, Sinde e uma
considerável parte da região do Punjabe […] suas principais cidades são Cabul, a
capital, Gásni, Pexauar e Candaar.[44]

O Reino do Afeganistão foi, por vezes referido como Reino de Cabul, como mencionado
pelo estadista e historiador britânico Mountstuart Elphinstone.[45] O Afeganistão foi
oficialmente reconhecido como um estado soberano pela comunidade internacional após a
assinatura do Tratado de Rawalpindi em 1919.[46][47]

Você também pode gostar