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NORMAS DO TRABALHO

Grupos de até três integrantes, no máximo.

PROPOSTA: Localizar a fala de um(a) único(a) locutor(a) de um


vídeo no YouTube, falando alguma variante da língua portuguesa,
distinta da usada na cidade de São Paulo. Pode ser um brasileiro ou
um estrangeiro, lusófono ou não. Transcrever a sua fala seguindo os
critérios abaixo e analisá-lo.
• SOBRE OS INTEGRANTES: Nome completo e número USP na capa do trabalho

• SOBRE A GRAVAÇÃO: informar no trabalho o endereço URL na internet de onde o


vídeo foi retirado e o tempo em que se inicia a transcrição na capa do trabalho.

• SOBRE A TRANSCRIÇÃO: Transcrever foneticamente uma página cheia da fala do


informante (transcrição ampla, com iodes e vaus, sem pontuação nem maiúsculas), no
momento em que o grupo julgar que o informante estiver mais fluente. Em outra página,
deve vir a transcrição ortográfica correspondente a essa transcrição fonética (a qual
deverá ocupar, normalmente, mais de uma página), seja em forma de entrevista, seja no
padrão NURC. Deve haver, portanto, uma transcrição fonética e uma ortográfica (mas
não uma fonológica!). Se houver mais de uma pessoa falando no vídeo, apenas uma
deverá ser transcrita foneticamente, mas todas deverão ser transcritas ortograficamente.

Atenção: em IPA, o espaço em branco não significa nada, no entanto, não é desejável
que se emende tudo na transcrição fonética para simular a fluidez da fala. Use espaços
em branco apenas para separar os blocos fônicos, ou seja, convenciona-se numa
transcrição fonética que os elementos polissílabos ou o elemento principal do sintagma
devam ter sua sílaba tônica representada graficamente pelo icto [] antes da sílaba tônica,
mas não clíticos e outros monossílabos átonos. Exemplo:

Ele me deu os livros antigos pessoalmente


[ʃ̃ʃ

Portanto, deve apenas haver um só icto por bloco fônico:

Não usar [ ] ou / / em volta da transcrição fonética, apenas na análise. Os caracteres IPA


se encontram, no WORD, em Inserir >> Símbolo >> Mais símbolos – Fonte: [texto
normal] subconjunto [Extensões IPA]. É possível programar teclas de atalho em
Arquivo >> opções >> revisão de texto >> opções de autocorreção.

O tamanho dos caracteres deve ser 12 e o espaço interlinear 1½.

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IMPORTANTE:

A transcrição ortográfica, como o próprio nome diz, deve seguir rigorosamente a


ortografia da língua portuguesa. Transcrições intermediárias ou parciais do tipo “u qui
é que cê qué fazê?” trarão prejuízos à nota do grupo. Deve-se, portanto, escrever
“terminou” e não “terminô”, “feira” e não “fêra”, “espera” e não “ispera”, “homem” e
não “ome”, “comer” e não “comê”, “menino” e não “mininu”, “mesmo” e não “memo”,
“também” e não “tamém”, “que” e não “ki” etc.

Contudo, não se deve, em hipótese alguma, fazer correções normativas de ordem lexical,
morfológica ou sintática na transcrição ortográfica. Deve-se, portanto, escrever “pera aí”
ou “peraí” e não “espere aí”, “dum” e não “de um”, “pra” e não “para”, “tá” e não “está”,
“as casa” e não “as casas”, “me dá” e não “dá-me”, “as crianças foi” e não “as crianças
foram”, “alevanta” e não “levanta”, “ele veve” e não “ele vive”.

Em suma, se o fenômeno é de ordem fonética no nível dos segmentos, deve-se respeitar


a ortografia normativa do português, mas outras correções normativas (de ordem
lexical, morfológica ou sintática) não devem ser feitas.

A razão disso é que se entende haver na tradição de grafia semi-ortográfica grandes doses
de preconceito, ainda que inconscientes. A entrevista, ao ser lida na sua transcrição
ortográfica, não deve aliciar o leitor para a crença de que o informante seja pouco
inteligente e que ignora a ortografia do português (por não ter escolaridade, por
exemplo), simplesmente por expressar-se oralmente numa variante não reputada como
“normal” ou “culta”.

Exemplo de transcrição fonética e ortográfica:






“Da outra vez que eles... os três né? me viram, eu fiquei nervoso porque pensei assim
que eu fosse apanhar né... por causa de que...já falei né? Eles tinham jurado me pegar se
me vissem... aí eu pensei... ai, meu Deus do céu, será que é hoje? E fui andando, mas
eles fizeram que não ligaram e despois que eu passei corri que nem doido (risos).”

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SOBRE A ANÁLISE:
A análise deve basear-se em toda a gravação e não apenas na transcrição.

a) Serão analisadas as palavras com átonas pretônicas graficamente representadas por <o>
e <e> e sua realização. Não devem ser levadas em conta vogais de prefixos como es-,
des-, ex-, em-, en-, exceto se sua realização não for [i]. Átonas postônicas não são
analisadas, a menos que sua realização não seja uma vogal fechada. Fiquem atentos à
possibilidade de não-realização de vogais átonas.
b) Será analisado o comportamento dos fonemas /t/ e /d/ antes de /i/ e /j/: verificar a
consistência das [t] ou [t], [d] ou [d] e, no caso, de inconsistência, apresentar as
exceções.
c) comportamento dos fonemas // e /r/ nos vários contextos fônicos (inicial, intervocálico,
segunda posição do ataque silábico, posição de coda).

É muito comum que a realização do falante seja assistemática do ponto de vista fonológico.
Explique por que isso acontece. No caso de não acontecer, proponha uma hipótese.

São bem-vindas análises a partir de regras fonológicas, explicações de cunho geolinguístico


e contrastivo, assim como explicações de cunho histórico, tanto para as realizações regulares,
quanto para as exceções, aparentemente assistemáticas. Apresente alguma peculiaridade do
falante que chame a atenção. Importante: alguns fenômenos fonéticos são extremamente
comuns do Português Brasileiro, portanto, não são muito interessantes justamente porque
ocorrem em todo o território nacional. São eles: o gerúndio –ando [nu], -endo [enu], -indo
[inu], o alçamento das vogais postônicas -e [i], -o [u], a monotongação de ou [o] e de ei [e]
antes de [], [], [], a vocalização da consoante -l em posição de coda [w], a apócope do -r
do infinitivo e do -s da primeira pessoa do plural, síncope de para [pa], também [tamẽj],
mesmo [memu]; aféreses de você [se], está [ta], estou [to], estamos [tmu], estive [tʃivi],
esteve [tevi], estiver [tʃiv]. Apenas realizações diferentes dessas são interessantes de ser
comentadas.

Outras observações:
▪ Representar os ditongos nasais com diacrítico apenas na vogal e não na semivogal:
[ɐ̃w], [õj], [ẽj], [ũj]
▪ Em ditongos e em tritongos, os símbolos para semivogais em português são [j] e [w].
Não usar [i], [e], [ɪ], [ι] ou [y] no lugar de [j]. Não usar [u], [o], [ʊ], [ω] ou [ɯ] no
lugar de [w]. É um erro de transcrição usar qualquer semivogal sem uma vogal
imediatamente à direita ou à esquerda.
▪ Como se trata de uma transcrição ampla (broad transcription), não usar nunca [ɪ] ou
[ʊ], os quais devem ser substituídos, respectivamente, por [i] e [u].
▪ Cuidado na representação correta do grafema <c>: deve ser ou [k] ou [s], mas não
[c]. Também o grafema <qu> deve ser representado por [k] e não por [c] ou por [q].
Descuidos desse tipo serão descontados da nota.
▪ O dígrafo <nh> equivale a [ɲ] no IPA e não à consoante velar [ŋ] ou à retroflexa [ɳ];
▪ O dígrafo <lh> equivale a [ʎ], que é um <y> invertido e não ao grafema grego <λ>.

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▪ Não utilizar transcrições inexistentes nas versões mais atuais do IPA, como [ñ], [š],
[ž] e, em hipótese alguma, letras superscritas que não indiquem coarticulações;
▪ Não existe pontuação nem letras maiúsculas numa transcrição fonética.

SOBRE AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (NÃO DEVE FALTAR):

Embasar as afirmações presentes no trabalho com bibliografia especializada, teórica ou


dialetológica (em ordem alfabética):

Livros devem ser indicados da seguinte forma (respeitar formatação e pontuação!):

SOBRENOME(S) DO(S) AUTOR(ES), Prenomes do(s) autor(es). Título. Cidade: Editora,


ano.

Não coloque o nome “editora” (apenas Cortez e não Ed. Cortez, por ex.). Não é preciso
indicar a edição. Nome do tradutor depois do título da seguinte forma: Trad. de prenome
sobrenome.

Capítulos de coletâneas devem ser indicados da seguinte forma:

SOBRENOME(S) DO(S) AUTOR(ES), Prenomes do(s) autor(es). “Título do capítulo”. In:


SOBRENOME(S) DO(S) ORGANIZADOR(ES), Prenomes do(s) organizador(es) (org.)
Título do livro. Cidade: Editora, ano.

Artigos:

SOBRENOME(S) DO(S) AUTOR(ES), Prenomes do(s) autor(es). Título do artigo. Título


da revista. Cidade: Editora. número (fascículo): pagina inicial-página final, ano.

Páginas de internet devem ser indicadas por seu endereço URL (http://www.xxx.yyy.zz).

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