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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MOLECULAR E BIOTECNOLOGIA

PRIMEIRO QUESTIONÁRIO

Nome do aluno: Assinatura:


1. Quais são as diferenças básicas entre uma célula eucariótica e uma célula
procariótica?
a. As células eucarióticas possuem organelas intracelulares, onde a
organela mais proeminente é o núcleo, que controla as ações da
célula. Além disso, um sistema de endomembranas forma as
chamadas organelas membranosas (retículo endoplasmático,
complexo de Golgi, núcleo e vesículas). As células eucarióticas
possuem citoesqueleto interno, que dá a forma para as células e
permite a geração de movimento. As células procarióticas, por sua
vez, não possuem organelas membranosas, como o núcleo e não
possuem citoesqueleto. As células procarióticas são estruturas
pequenas, que possuem membrana citoplasmática e que apresentam
uma parede externa, composta por peptidioglicano. O material
genético das células procarióticas encontra-se em uma região
específica da célula chamada de nucleóide, que não é delimitado por
membranas.
2. Defina quais são os tipos de ácidos nucléicos, suas diferenças e seus
elementos constituintes principais.
a. Os dois principais tipos de ácidos nucléicos são o DNA (ácido
desoxirribonucléico) e o RNA (ácido ribonucléico). Ambas as
moléculas são polímeros formados por nucleotídeos (monômero
formado por um açúcar, uma base nitrogenada e grupos fosfato), os
quais são polimerizados por meio da ligação do grupo fosfato
presente no carbono 5’ do açúcar de um nucleotídeo com a hidroxila
situada no carbono 3’ do açúcar do próximo nucleotídeo. A molécula
de DNA é em dupla fita, enquanto a de RNA é em fita simples (em
sua maioria).
3. Quais são as bases nitrogenadas que compõe os ácidos nucléicos e como são
agrupadas? Apresente as fórmulas químicas das diferentes bases
nitrogenadas.
a. As bases nitrogenadas que compõe ácidos nucléicos são as purinas
(adenina e guanina) e pirimidinas [citosina, timina (para DNA) e
uracila (para RNA)]. As fórmulas químicas são:
4. Quais são as forças físico-químicas que mantém a estrutura do DNA?
a. As principais forças moleculares fracas que mantém a estrutura do
DNA são: (i) pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas
(adenina com timina e guanina com citosina); (ii) empilhamento de
bases (forças do tipo van der Waals entre as bases da mesma fita);
(iii) forças iônicas (ocasionadas pela interação dos grupos fosfato).
5. O que é um gene? Como estão organizados os genes em uma célula
eucariótica e em uma célula procariótica?
a. Um gene é um segmento de DNA, presente nos genomas dos
organismos procarióticos e eucarióticos e que codifica para um ou
vários tipos diferentes de RNAs. Os genes são formados por três
partes distintas: (i) promotor, onde se liga a DNA polimerase; (ii)
quadro aberto de leitura ou ORF (do inglês open reading frame), que
serve de molde para a síntese de uma molécula de RNA pela RNA
polimerase e (iii) terminador, que serve de ponto de terminação do
processo de transcrição. Em uma célula eucariótica, os genes
apresentam apenas um quadro aberto de leitura e, por isso, são
chamados de monocistrônicos (um cistron = um quadro aberto de
leitura). Em procariotos, encontramos vários quadros abertos de
leitura organizados em um gene, o qual passa a ser chamado de
policistrônico. Estes genes policistronicos apresentam uma terceira
região controladora, além do promotor e terminador, chamado de
operador. Por isso, os genes procarióticos são também chamados de
operons.
6. O que é a indução e a repressão gênica nos microrganismos?
a. A indução gênica em microrganismos, especificamente procariotos,
ocorre quando um operon ou gene tem a sua expressão gênica ativada
devido a presença de algum nutriente ou metabólito no meio
extracelular onde, na repressão gênica, proteínas específicas ligam-se
a região operadora do operon e bloqueiam a entrada da RNA
polimerase. Com isto, a RNA polimerase não tem acesso às ORFs do
operon e o RNA não é gerado.
7. Defina o que é o operon bacteriano. Exemplifique utilizando como modelos
o operon lac e o operon do triptofano
a. Um operon bacteriano é uma sequência de DNA presente no genoma
de bactérias que possui várias ORFs e são transcritos com uma única
fita de RNA. Cada uma das ORFs codifica para uma proteína
diferente mas, geralmente, todas as proteínas geradas a partir de um
operon atuam em uma mesma via metabólica. Dois exemplos
clássicos de operons são o lac, envolvido no metabolismo da lactose
e o operon trp, envolvido no metabolismo do triptofano. O operon lac
é formado por três ORFs (lacZ, lacY e lacA), cada qual codificando
para enzimas que degradam a lactose quando a mesma está presente
no meio de cultura. Em condições onde não há lactose, o operon lac
permanece reprimido devido a ligação de uma proteína repressora no
operador. Quando a lactose está presente, uma molécula deste
carboidrato liga-se ao repressor promovendo a sua saída do operador
e ativando a transcrição do operon. As três enzimas geradas a partir
da transcrição e da tradução do mRNA do operon lac promovem a
quebra da lactose, um dissacarídeo formado por glicose mais
galactose, em seus monossacarídeos constituintes. O operon trp, por
sua vez, permanece reprimido quando o aminoácido triptofano,
essencial para a síntese de proteínas e outros processos metabólicos,
está presente no meio de cultura. Neste caso, o triptofano liga-se ao
repressor que, por sua vez, permanece ligado ao operador do operon
trp, inibindo a sua transcrição. Nas condições onde não há triptofano
e a célula precisa deste aminoácido, o repressor sem o triptofano
desliga-se do operador e induz a expressão do operon trp. Uma vez
formado o mRNA, as cinco ORFs presentes no mRNA geram cinco
enzimas diferentes que participam de cada etapa da síntese de
triptofano.
8. Quais são as principais formas de troca de informação genética entre
microrganismos e quais são as suas características gerais?
a. As principais formas de troca de informação genética entre
microrganismos são pela conjugação, transdução e transformação.
Ambas necessitam de uma célula doadora (que doa o material
genético) e uma célula receptora ou recipiente (que recebe o material
genético). A transmissão se dá de forma unilateral, sempre do doador
para o receptor.
9. O que são bacteriófagos e quais são os principais tipos? Quais são os eventos
que levam a lisogenia de bacteriófagos em hospedeiros bacterianos?
a. Os bacteriófagos ou fagos são vírus específicos de bactérias e podem
ser classificados em dois tipos: os bacteriófagos líticos (que lisam a
célula hospedeira) ou virulentos e os bacteriófagos temperados ou
lisogênicos (que se integram ao genoma do hospedeiro,
permanecendo silenciados enquanto a célula estiver saudável).
Ambos são formados por uma estrutura protéica externa chamada de
capsídeo, que protege o genoma do bacteriófago e que permite a sua
ligação na superfície da célula hospedeira. Além disso, o capsídeo
possui estruturas que levam a injeção do genoma do fago no
citoplasma do hospedeiro. Por outro lado, o genoma do fago pode ser
de DNA ou RNA (nunca os dois ao mesmo tempo). Para que a
lisogenia ou ciclo lisogênico ocorra é necessário que o fago injete o
seu genoma em um hospedeiro saudável. Neste caso, o genoma do
fago é circularizado e integrado ao genoma do hospedeiro por meio
de enzimas de recombinação codificadas por genes presentes no
genoma do bacteriófago. Além destas enzimas, também são geradas
outras proteínas que mantém o genoma do fago silenciado enquanto a
célula hospedeira estiver saudável. Uma vez que a célula torna-se
debilitada por alguma condição ambiental (falta de nutrientes, ação
de substâncias químicas lesivas, entre outras), as proteínas que
estavam silenciando o genoma do fago são degradadas, levando a
saída do genoma do fago do genoma do hospedeiro e a ativação do
ciclo lítico.
10. Defina o que é a transdução e quais são os seus mecanismos.
a. A transdução é o mecanismo pela qual há troca de material genético
entre uma célula doadora e uma receptora por meio de bacteriófagos.
Neste caso, após a infecção de uma célula doadora por um
bacteriófago virulento, o mesmo inicia a replicação do seu genoma e,
ao mesmo tempo, promove a quebra do genoma do hospedeiro para
gerar nucleotídeos necessários para a síntese de DNA e RNA virais.
No momento em que há a formação do capsídeo viral, alguns
fragmentos do genoma hospedeiro podem ser empacotados. Após a
lise da célula, os bacteriófagos, contendo os fragmentos do genoma
da célula hospedeiro, ligam-se a uma célula receptora injetando este
fragmento de DNA do doador. Este fragmento de DNA recombina-se
com o genoma do hospedeiro, permanecendo ligado a este.
11. Defina o que é a transformação e quais são os seus mecanismos.
a. A transformação é o processo pela qual uma célula hospedeira,
contendo estruturas de DNA circulares e pequenas, com propriedade
de replicação autônoma (independente do genoma da célula doadora)
chamadas de plasmídeos morrem, liberando estes plasmídeos no
meio externo. Uma vez no meio externo, as células receptoras podem
captar estes plasmídeos por meio de poros presentes na membrana
citoplasmática. Além disso, fatores protéicos chamados de fatores de
competência auxiliam na entrada do plasmídeo na célula receptora.
Uma vez na célula hospedeira, os plasmídeos podem permanecer
como elementos autônomos de replicação ou serem integrados no
genoma da célula receptora por meio da recombinação genética.
12. Defina o que é a conjugação e quais são os seus mecanismos.
a. A conjugação é o mecanismo pela qual uma célula doadora transfere
o seu material genético para uma célula receptora por meio de
contato célula-célula. Este contato pode ocorrer por meio de
estruturas chamadas de pili sexual, presente em bactérias gram-
negativas ou por meio do contato entre as paredes. Em ambos os
casos, a célula doadora apresenta um plasmídeo conhecido como
plasmídeo F’, que possui genes codificantes para as estruturas que
possibilitam a troca de material genético. Por possuir este plasmídeo,
a célula doadora é chamada de F+, enquanto que a receptora é
chamada de F-. Uma vez que ambas as células estão em contato, o
pili sexual é formado e o plasmídeo F’ inicia a sua replicação,
formando uma nova cópia. Esta cópia é passada para a célula F- que,
uma vez completado o processo, esta célula transforma-se uma
doadora ou F+. O plasmídeo pode integra-se no genoma da célula
receptora em algumas situações. Nesta situação, a célula pode
transmitir para uma célula F-, além do plasmídeo F’, fragmentos do
genoma da célula F+. A célula F+ passa a ser chamada então de HFR
(célula de alta freqüência de recombinação ou, do inglês, high
frequency of recombination). A célula F- que recebe o material de
uma célula HFR é chamada de célula F- recombinante.
13. O que são plasmídeos e quais são as suas funções para a célula microbiana?
a. Plasmídeos são estruturas circulares de DNA, de tamanho que varia
de 1.000 pares de bases (ou 1 quilobase; 1 kb) até 250 kb e que são
capazes de replicar de forma autônoma do genoma da célula
hospedeira. Os plasmídeos podem conter genes que codificam para
proteínas que atuam na resistência contra antibióticos ou metais
pesado (chamados de fatores de resistência ou fatores R) e no
metabolismo de substâncias orgânicas complexas. Os plasmídeos
também podem conter genes que codificam para toxinas.
14. Defina o que é a transferência horizontal e a transferência vertical de
informação genética entre microrganismos.
a. A transmissão horizontal é o processo pela qual a transmissão de
informação genética ocorre entre células de uma mesma geração, da
mesma espécie ou de diferentes espécies. A transmissão vertical
ocorre quando a informação genética é passada de uma célula-mãe
para as células-filhas.

AS RESPOSTAS, IMPRESSAS OU ESCRITAS COM CANETA AZUL, DEVERÃO SER


ENTREGUES EM FOLHA SEPARADA JUNTO COM A FOLHA DE PERGUNTAS.

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