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História

O “espaço vital”: o expansionismo


alemão e a 2a Guerra Mundial

2o bimestre – Aula 1
Ensino Médio
● A Segunda Guerra Mundial: ● Compreender as implicações
expansionismo alemão da política de apaziguamento
dos países europeus para o
expansionismo alemão que
levou à 2ª Guerra Mundial;
● Analisar a retórica do “espaço
vital” (Lebensraum),
relacionando-o às ações do
expansionismo territorial da
Alemanha nazista.
Todos falam!

Notadamente, a figura gigante no centro


da imagem é uma caricatura de Hitler
debruçado sobre o mapa da Europa.
● O que é possível inferir sobre a
representação? Qual é a crítica
apresentada? Gulliver em Lilliput….
● Quem são as figuras em seu Dizeres: “Eh! Moço! O senhor está me pisando no
calo!!” (Arthur Neville Chamberlain - Primeiro
entorno? Ministro Britânico). Charge de Belmonte (Benedito
● Que hipótese você levantaria acerca Bastos Barreto), publicada na Folha da Noite, 21-
03-1939
do “incômodo” britânico? Discutam!
3 MINUTOS
A caminho da Segunda Guerra Mundial

CONDIÇÕES O Tratado de Versalhes, por exemplo, assinado após a


DOS Primeira Guerra Mundial, provocou, para os vencidos,
TRATADOS entre outras consequências, perdas territoriais, perda de
DE PAZ colônias e obrigatoriedade do pagamento de indenização
(finalizada em 2010), além de ter gerado um forte
sentimento de humilhação nacional. Ao mesmo tempo,
não trouxe solução para os problemas relacionados ao
direito de autodeterminação dos povos.

Continua…
GRANDE A crise intensificou o nacionalismo econômico e
DEPRESSÃO também favoreceu a implementação de regimes
totalitários na Europa, ao abalar a crença na eficácia
do regime democrático e liberal, particularmente na
Alemanha, onde os nazistas chegaram ao poder em
janeiro de 1933. Nesse país, uma das “soluções” para
os efeitos da Grande Depressão foi o rearmamento,
ao qual se seguiu uma política expansionista e
militarista agressiva.

Continua…
POLÍTICA DE Entendida como uma atitude de aceitação, por parte
APAZIGUAMENTO das potências democrático-liberais, como a França e
a Grã-Bretanha, da política expansionista
empreendida por Alemanha, Itália e Japão. Essa
política foi particularmente expressiva em relação às
seguidas violações alemãs, não apenas das
fronteiras de outros países, mas também das várias
cláusulas do Tratado. Alguns historiadores afirmam
que o “apaziguamento” teve o objetivo de fortalecer
a Alemanha nazista na expectativa de que esta, ao
Neville Chamberlain avançar sobre territórios da Europa Oriental,
cumprimentando Adolf
Hitler, em 1938, na
acabasse se envolvendo numa guerra com a União
ocasião da Conferência Soviética.
de Munique.
Virem e conversem!

Observe a caricatura austríaca (fonte de inspiração da


charge brasileira de Belmonte), leia os fragmentos de
textos nos slides a seguir e elabore hipóteses sobre os
questionamentos abaixo:

● Na imagem, alguns dirigentes europeus discutem diante de um imenso


Hitler deitado no meio da Europa: governantes franceses “brincam” de
revezamento no cargo, assim como o primeiro-ministro britânico discute
com o secretário das relações exteriores Halifax sobre a postura de
Hitler. Qual impressão é dada pela caricatura acerca da política externa
nazista? Ela é reiterada pelo texto I?
● Qual é o ponto de vista sobre a política imperialista dos países
europeus, trazido pelo texto II? Explique.
Imagem 1. Caricatura satírica de Derso e Kelen, 1938
Conferência de Munique:
Hitler brincando com os
demais estadistas – 1938
(At the Munich conference, Hitler
playing with all the statesmen –
1938).
A Nova Lilliput. Lorde Halifax
para Chamberlain: “não
tenha medo, eu o conheço
pessoalmente… ele é
vegetariano!”
(The new Lilliput. Lord Halifax to
Chamberlain: “don’t be afraid, I
know him personally… he is Caricatura satírica de Derso e Kelen, 1938. Alemanha, Kelen
vegetarian!).” Collection/ Universal Images Group.
TEXTO I. O início da guerra: o “apaziguamento”
“Um passo claramente belicoso tomado pela Alemanha foi a declaração da política do
rearmamento. [...] O Tratado de Versalhes era claro quanto à proibição do
rearmamento da Alemanha. No entanto, nada se fez para impedir tal iniciativa. [...] Em
março de 1938, a Alemanha realizava a tão sonhada anexação da Áustria. Sem
disparar um tiro, os soldados alemães foram recebidos por uma significativa parcela da
população austríaca como restauradores da união dos povos germânicos. Mais uma
vez, França e Grã-Bretanha nada fizeram. Na verdade nutria-se a ideia de que o
perigo real era representado pela União Soviética, e não pela Alemanha nazista. A
Grã-Bretanha começou a aplicar a política que ficou conhecida por apaziguamento,
idealizada pelo primeiro-ministro conservador Neville Chamberlain. Tal política
consistia em fazer concessões territoriais à Alemanha, em especial a leste. Dessa
forma os nazistas consolidavam seu acalentado sonho de um ‘espaço vital’ –
Lebensraum” (TOTA, 2008).
TEXTO II. A direção do espaço vital nazista
“A política de apaziguamento do nazifascismo foi analisada e explicada como
manifestação de ‘cegueira’ dos ‘governos democráticos’ acerca das verdadeiras
intenções do Terceiro Reich. Sua raiz, porém, estava na própria natureza do
conflito mundial. O fato novo era que na sua tentativa de revisão da Paz de
Versalhes, a Alemanha de Hitler se beneficiava indiretamente da existência da
União Soviética; os governos imperialistas ocidentais consideraram sempre
seriamente a possibilidade de desviar em direção à União Soviética o
expansionismo alemão, em benefício de todos eles, o que explica uma política
aparentemente incompreensível. [...] As velhas potências imperialistas ainda
especulavam sobre o preço que estariam dispostas a pagar para desviar o
expansionismo alemão na direção ‘conveniente’”. (COGGIOLA, 2015)
Correção
O tratado de Versalhes determinou a “paz definitiva” no continente
europeu e fez com que a Alemanha arcasse com todos os prejuízos
causados pela Primeira Guerra Mundial, principalmente perdas
financeiras e territoriais. Os alemães não tiveram possibilidade de
negociação nas condições de paz, o que levou a um sentimento de
derrota e de humilhação, além da crise econômica que se intensificou
após 1929, com o protecionismo estadunidense. A imagem explora,
diante das cláusulas de não militarização e expansão territorial, como
os dirigentes europeus não levaram a cabo as determinações dos
acordos de paz. A caricatura ridiculariza principalmente a postura dos
governos da França e Grã-Bretanha, que permitiram a anexação das
regiões dos Sudetos (Acordo de Munique). Continua…
Correção
Assim sendo, a crítica revela como a denominada “política de
apaziguamento”, foi permissiva e teria levado a política externa
nazista cada vez mais a posturas agressivas (concretizadas pelas
expansões e anexações territoriais), que se constituíram na causa
imediata do início da Segunda Guerra Mundial. No entanto, é
importante observar que o texto II aprofunda a questão, já que
revela que justamente essa política de “concessões territoriais” à
Alemanha não eram bem uma “cegueira” dos países ocidentais e
imperialistas, mas uma estratégia de desviar o foco do território
almejado pelo nazismo da Europa Ocidental, levando-a a enfrentar
um possível inimigo em comum, a União Soviética.
A militarização e expansionismo alemão
“Em março de 1938, Hitler realiza um antigo projeto anexando a Áustria à
Alemanha – Anschluss. Em seguida, voltou-se para os Sudetos, região da
Tchecoslováquia onde viviam cerca de 3 milhões de pessoas de língua
alemã. Diante do protesto da França e do Reino Unido, realizou-se, em
setembro, um encontro internacional em Munique.

A teoria nazista do espaço vital (Lebensraum) “justificava” essa pretensão de


Hitler, como também a anexação da Áustria. Além disso, nos Sudetos estavam
importantes indústrias de base tchecas.

Continua…
“Representantes dos dois países, Neville
Chamberlain (Grã-Bretanha), Édouard Daladier
(França), procurando evitar a eclosão de uma
nova guerra, em um Acordo, combinaram a
anexação dos Sudetos pelos alemães.
No entanto, essa política de apaziguamento
das democracias liberais foi vista como sinal de
fraqueza pelos ditadores. Hitler anexou então
quase toda a Tchecoslováquia. Assinatura do Acordo de Munique
(recorte da fotografia): Neville
Os governos da Hungria e da Polônia tomaram Chamberlain (Grã-Bretanha),
territórios tchecos ocupados por minorias Édouard Daladier (França), Hitler e
Mussolini.
húngaras ou polonesas. Mussolini anexou a
Albânia. Continua…
O expansionismo alemão seguia na direção leste, dando a impressão de
que Hitler atacaria a União Soviética. Contudo, em agosto de 1939, os dois
países assinaram um pacto de não agressão e de cooperação
econômica. O pacto previa a divisão da Polônia entre a Alemanha e a
União Soviética, além de outras medidas” (RODRIGUES, 2009).

Continua…

Stalin e Ribbentrop em Moscou. Assinatura do


Pacto Molotov-Ribbentrop. (Tratado de não
agressão Germano-Soviético, 23 de agosto de
1939). Mapa do apêndice secreto do Pacto
Molotov-Ribbentrop mostrando a nova fronteira
germano-soviética. Observe a assinatura de
Stalin na correção da fronteira a leste de
Rzeszow e ao sul de Zamosc.
“Em 1o de setembro de 1939, após um
incidente arranjado pelos alemães na
fronteira polonesa, Hitler ordenou a
invasão da Polônia. A França e o Reino
Unido exigiram a retirada alemã e, diante
da negativa, declararam guerra à
Alemanha em 3 de setembro. Começava a
Segunda Guerra Mundial.

A invasão à Polônia inaugurou as denominadas guerras-relâmpago (Blitzkrieg), que


concentravam enormes forças militares em um só ponto. Imagem de bombardeio de
Varsóvia em setembro de 1939. Mapa: THE TIMES. Atlas of World History. London:
Times Books Ltd., 1993. Apud: CATELLI JR., 2020.
Dias mais tarde, o exército soviético ocupou a parte A ocupação nazista da França
oriental da Polônia. Dividido entre alemães e
soviéticos, o país desapareceu do mapa e sua
população sofreu um terrível massacre. Em meados de
1940, a URSS invadiu e anexou a Finlândia, a Estônia,
a Letônia e a Lituânia. Enquanto isso, no lado
ocidental, a Alemanha ocupava a Dinamarca, a
Noruega, a Holanda, Luxemburgo e a Bélgica, violando
a neutralidade desses países. O passo seguinte foi
atingir a França. Após derrotar as tropas francesas e
inglesas em Dunquerque, o exército de Hitler entrou
vitorioso em Paris (junho de 1940).
No Sul da França, foi formado um governo fantoche dos alemães, com a capital em Vichy. Continua…
A França assinou a rendição e foi ocupada
pelos nazistas. O Reino Unido ficou sozinho
para combater a Alemanha” (RODRIGUES,
2009).

Prisioneiros de guerra franceses são levados sob guarda


alemã; Philippe Pétain encontrando Hitler em outubro de
1940; Adolf Hitler após a ocupação, em frente à Torre Eiffel,
em Paris, 23 de junho de 1940 (da esquerda para a direita).
Puxe mais!

Leia o excerto de texto no slide a seguir e


considere os seguintes questionamentos para sua
reflexão:
● De que maneira o discurso do nazismo, conforme descrito no texto,
utilizava elementos como nacionalismo, antissemitismo e
revanchismo para justificar as aspirações territoriais e políticas do
regime?
TEXTO I. O discurso nazista
“O discurso nazista era simples: 1) O povo alemão, ariano, trabalhador
e generoso, mas que fora ‘traído’ durante a guerra; 2) Pelo judeu,
inspirador das ideologias marxistas, democráticas, e das relações
universais, que apodreceram o Estado desde dentro; 3) É necessário
restaurar a Alemanha eterna, seu Lebensraum (espaço vital),
regenerar seu povo para torná-lo ‘senhor’ do mundo; 4) Insistência nos
temas da ‘comunidade nacional’, do ‘sangue puro’, da ‘pureza de raça’,
da ‘ordem’, das virtudes guerreiras, do esmagamento dos inimigos, da
extensão territorial às custas da URSS bolchevique e da decadente
França.” (COGGIOLA, 2015)
Correção
A partir de 1938, Hitler deu início efetivo à concretização do
Lebensraum, que, na concepção nazista, era a conquista do espaço
vital necessário para que o povo alemão (a raça pura que deveria
prevalecer à degenerada, representada pelo judeu universalista),
dispusesse dos “recursos naturais necessários à sua
sobrevivência” e pudesse cumprir o papel histórico glorioso ao
qual estava predestinado (expansionismo, nacionalismo e
revanchismo), fortalecendo o Estado e aniquilando os inimigos.
Mostre-me!

Observe os cartazes de propaganda nazista criados após a ocupação da França e


registre sua interpretação sobre cada uma das imagens, levando em
consideração os “princípios” que pretendiam conquistar apoio popular e legitimar as
políticas expansionistas durante a ocupação e o governo “marionete” de Pétain em
Vichy! “Cartazes de propaganda nazista
fixados na França: à esquerda,
‘Povo abandonado, confie no
soldado alemão!’; no centro, ‘Eles
dão o seu sangue. Dê o seu
trabalho para salvar a Europa do
bolchevismo’; à direita, ‘O complô
judeu contra a Europa’ em alusão
à suposta conspiração entre
judeus e comunistas para
dominar a Europa.” (ENSINAR
HISTÓRIA, [s.d.])
● Compreendemos as implicações da
política de apaziguamento dos países
europeus para o expansionismo alemão
que levou à Segunda Guerra Mundial;
● Analisamos a retórica do “espaço vital”
(Lebensraum), relacionando-o às ações
do expansionismo territorial da Alemanha
nazista.
COGGIOLA, O. A Segunda Guerra Mundial: causas, estruturas, consequências. São Paulo: Livraria da
Física; 2015, p. 22. Disponível em: https://cutt.ly/uwX5Uh74. Acesso em: 5 fev. 2024.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre:
Penso, 2023.
RODRIGUES, J. E. D. História em documento: imagem e texto. São Paulo: FTD, 2009.
TOTA, A. P. A Segunda Guerra Mundial. In: MAGNOLI, D. (org.). História das Guerras. São Paulo:
Contexto, 2008.
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Charge de Belmonte (Benedito Bastos Barreto), publicada na Folha da Noite, 21-03-1939.
Disponível em:https://cutt.ly/fwZDZ9Q3. Acesso em: 30 jan. 2024.
Slide 6 – Neville Chamberlain cumprimentando Adolf Hitler, em 1938, na ocasião da Conferência de
Munique. Disponível em: https://cutt.ly/MwCgVOrv. Acesso em: 7 fev. 2024.
Slide 8 – Satirical cartoon by Derso et Kelen. At the Munich conference, Hitler playing with all the
statesmen -1938). Alemanha, Kelen Collection/ Universal Images Group. Disponível em:
https://cutt.ly/bwZ7t7so. Acesso em: 1o fev. 2024.
Slide 14 – Assinatura do Acordo de Munique (recorte): Chamberlain (Grã-Bretanha), Daladier (França),
Hitler e Mussolini. Disponível em: https://cutt.ly/jwZCQZHK. Acesso em: 30 jan. 2024.
Slide 15 – Assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop. (Tratado de não agressão Germano-Soviético, 23 de
agosto de 1939). Disponível em: https://cutt.ly/UwX5O44y. Acesso em: 31 jan. 2024; Mapa do apêndice
secreto do Pacto Molotov-Ribbentrop mostrando a nova fronteira germano-soviética. Observe a assinatura
de Stalin na correção da fronteira a leste de Rzeszow e ao sul de Zamosc. Disponível em:
https://cutt.ly/owX5PicJ. Acesso em: 31 jan. 2024.
Slide 16 – Bombardeio de Varsóvia em setembro de 1939. Disponível em: https://cutt.ly/4wZCQvI8.
Acesso em: 31 jan. 2024.
Lista de imagens e vídeos
Slide 17 – DUBY, Georges. Grand Atlas historique: l’histoire du monde en 520 cartes. Paris: Larousse,
2011. p. 99. In: BOULOS JR, Alfredo. História sociedade & cidadania. Ensino Médio. São Paulo: FTD,
2018.
Slide 18 – Prisioneiros de guerra franceses são levados sob guarda alemã, 1940. Disponível em:
https://cutt.ly/JwX5Izkr. Acesso em: 31 jan. 2024; Philippe Pétain encontrando Hitler em outubro de 1940.
Disponível em: https://cutt.ly/MwX5InaU. Acesso em: 31 jan. 2024; Adolf Hitler passeando em frente à
Torre Eiffel, em Paris, 23 de junho de 1940. Disponível em: https://cutt.ly/5wX5IGCt. Acesso em: 31 jan.
2024.
Slide 22 – Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Cartazes de propaganda nazista fixados na França:
à esquerda, “Povo abandonado, confie no soldado alemão!”; no centro, “Eles dão o seu sangue. Dê o seu
trabalho para salvar a Europa do bolchevismo”; à direita, “O complô judeu contra a Europa” em alusão à
suposta conspiração entre judeus e comunistas para dominar a Europa. Disponível em:
https://cutt.ly/KwX5A8fc. Acesso em: 6 fev. 2024.
Gifs e imagens ilustrativas elaboradas especialmente para este material a partir do Canva. Disponível
em: https://www.canva.com/pt_br/. Acesso em: 6 fev. 2024.

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