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Contrato de desenvolvimento de software

O Contrato de Desenvolvimento de Software é um dos principais instrumentos na


relação entre empresas ou startups e desenvolvedores ou software houses.

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O que você encontrará nesse guia:


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Índice

1. Questões essenciais do contrato de desenvolvimento de software


2. A Request for Proposal (RFP) para desenvolvimento de software
3. Alinhamento dos objetivos para elaboração do contrato
4. Cláusula de proteção da propriedade intelectual
5. Cláusula de segurança da informação
6. Prazos e cronogramas de trabalho
7. Cláusulas de substituição de profissionais
8. Cláusulas de obrigação de confidencialidade
9. Cláusulas de especificação de manutenção e de Service Level Agreement (SLA)
10. Cláusula de proteção de dados pessoais em atenção à LGPD e GDPR
11. Melhores práticas
12. Perguntas frequentes

Questões essenciais do contrato de desenvolvimento de


software
O Contrato de Desenvolvimento de Software é um dos principais
instrumentos na relação entre empresas ou startups e desenvolvedores
ou software houses.

A digitalização é fato real nos mais diferentes mercados e alcança os mais


diferentes modelos de negócios. Mesmo assim, muitas empresas que almejam
se inserir no mundo digital não pretendem ter em sua equipe um núcleo de
desenvolvimento de software próprio.

Em função disto, a contratação de empresas terceiras, também chamadas


de “Software House“, ou profissionais para o desenvolvimento de softwares é
uma realidade para muitos negócios no Brasil.

Porém, este contrato pode ser feito de muitas formas diferentes, e é essencial
que um bom contrato disponha sobre as expectativas das partes e esclareça os
termos da relação, garantindo segurança jurídica ao processo como um todo.

A fim de evitar dor de cabeça ao longo do desenvolvimento e, também, a não


entrega do software de acordo com o prometido ou do não pagamento pelo
serviço solicitado, indica-se que as partes busquem a ajuda de um advogado
especialista para ajudar na construção e elaboração do contrato de
desenvolvimento de software.

Existe uma série de cláusulas importantes e boas práticas que ajudam na


elaboração do contrato de desenvolvimento de software e visam resguardar
os direitos e possibilitar garantias para ambas as partes da relação.

A Request for Proposal (RFP) para desenvolvimento


de software
O Request for Proposal (RFP) é um documento que introduz inicialmente as
necessidades e os objetivos do contratante.

Ele serve como ponte para que o desenvolvedor ou software house, antes
mesmo da definição do contrato, possa apresentar ao contratante suas
propostas e seus planos.

O documento não necessita ser complexo, porém deve ser completo nas suas
informações.

Tem que conter essencialmente quem é o contratante, qual o ramo em que


atua, identidade da empresa, assim como um descritivo dos objetivos gerais
do projeto, funcionalidades que precisa ter, resultados esperados, prazos,
previsões de valor que espera gastar, entre outras.

É a partir do RFP que as partes verificam se o negócio vale a pena, e com ela
o contratante e os desenvolvedores chegam na fase de montar o contrato de
desenvolvimento com expectativas minimamente alinhadas.

Alinhamento dos objetivos para elaboração do


contrato
Esclarecer os objetivos das partes em relação ao contrato e ao software a ser
desenvolvido é a primeira coisa a ser feita para um bom contrato de
desenvolvimento de software.

Com esse alinhamento, a modalidade de contratação e o escopo do trabalho a


ser entregue são questões que restam esclarecidas.

Em relação a forma de contratação, o contrato de desenvolvimento de


software poderá ser feito por hora ou em como um contrato de escopo
fechado.

A contratação por hora apresenta as características:

 Valor/hora fixo para o trabalho dos desenvolvedores.


 Maior flexibilidade em relação às necessidades do projeto, podendo
ocorrer direcionamentos quanto ao produto final ao longo do processo.
 Exige um acompanhamento de proximidade de resultados e de metas.
 Atrasos no projeto podem elevar o custo final, trazendo indisposições
para as partes

Os contratos de escopo fechado, tem como características:

 Definição do resultado final esperado já no início do projeto


 Maior segurança para o contratante, já que não abre oportunidade para
aumento de custos no caso de atrasos ou imprevistos
 Menor flexibilidade em relação às necessidades do projeto, ligando as
partes aos termos já estabelecidos.

O software como produto gera uma relação mais rápida e direta entre as
partes. É um processo simplificado que finda com a entrega do software que
condiz com as expectativas do projeto.

Já o software como serviço (SaaS) disponibiliza um serviço constante, no qual


a relação entre o contratante e os desenvolvedores se mantém após a entrega
do software. Isso é seguido de planos de desenvolvimento e melhorias
constantes no produto entregue.

A prática mencionada possibilita um produto em constante atualização e evita


que grandes investimentos necessitem ser feitos para renovar o software todo
de uma vez.

Além disso, o contrato tem que deixar claros os objetivos, estipulando prazos,
funcionalidades desejadas, com uma descrição completa do produto final que
se espera.

O texto do contrato deve apresentar considerações iniciais que permitam, por


exemplo, que o juiz compreenda a intenção das partes com o processo, para
além das cláusulas específicas que regulam os detalhes do contrato.

Cláusula de proteção da propriedade intelectual


A Lei de Software (lei n. 9.609/1998) estipula que, exceto disposição por
escrito afirmando o contrário, os direitos autorais sobre o desenvolvimento
do software são de propriedade da contratante.
Da mesma forma, é importante que o contrato elucide quem detém a
propriedade intelectual dos resultados do contrato, expondo sobre a
capacidade de licenciar, adaptar ou vender o software.

A fim de proteger o contratante no caso de, por exemplo, a contratada sair do


mercado ou deixar de prestar serviços, uma opção é a adoção de uma cláusula
de escrow.

A referida cláusula esclarece que o código-fonte e a sua documentação técnica


estarão sob a guarda de um terceiro de boa-fé. Isso possibilita que o
contratante siga usufruindo do produto independente de quaisquer fatos que
possam acontecer em relação aos desenvolvedores.

Nesta mesma linha, é positiva a inserção de cláusula obrigando que os


desenvolvedores mantenham a documentação do software atualizada.

Cláusula de segurança da informação


É fundamental que o contrato estabeleça a observação de normas de segurança
da informação, assim como códigos de conduta.

São ações que visam prevenir qualquer possível comprometimento de ativos


de informação do contratante, a exemplo da perda ou modificações de dados
não autorizados.

Da mesma forma, instituem formas de acompanhar, prevenir e auditar


quaisquer problemas que possam ocorrer.

Prazos e cronogramas de trabalho


Não importa o modelo de contratação escolhido, é fundamental a existência de
cronogramas de trabalhos claros que permitam a análise do estágio do
desenvolvimento.

Eles também antecipam o diagnóstico de eventuais atrasos e também, caso


necessário, apontam o inadimplemento contratual da parte que não está
cumprindo os prazos acordados.

Uma opção é a de incluir multas no contrato relacionadas ao descumprimento


dos prazos, estabelecendo limites máximos que, no caso de descumprimento,
justifiquem além da multa a rescisão do contrato.
Cláusulas de substituição de profissionais
Quando se contrata toda uma equipe é fundamental estabelecer cláusulas que
evitem que problemas com um determinado profissional minem o contrato
como um todo.

As hipóteses e o procedimento que são necessários para permitir a


substituição de profissional na equipe deve estar clara no contrato. Isso é
preciso a fim de evitar desgastes entre as partes caso problemas relacionados a
estas situações ocorram.

O contrato deve prever situações como atrasos decorrentes de substituição de


pessoal ou custos de retrabalho e esforço adicional.

Cláusulas de obrigação de confidencialidade


A cláusula de sigilo e confidencialidade é fundamental para amparar o
contratante, que deve oferecer constantes e extensas informações sobre seu
negócio, assim como possíveis informações a respeito de clientes aos
desenvolvedores ao longo do processo.

A referida cláusula deve até mesmo estar disposta já no RTF, uma vez que
muitas vezes este documento já traz informações confidenciais ou de grande
valor para o contratante e para terceiros.

Cláusulas de especificação de manutenção e de Service


Level Agreement (SLA)
A fim de evitar problemas oriundos de falhas de serviço, dois pontos
fundamentais que precisam estar presentes no contrato são a especificação da
manutenção contemplada pelo contrato e o Service Level Agreement (SLA).

O contrato necessita esclarecer se a manutenção do software será corretiva,


preventiva, adaptativa, evolutiva, entre outras. Também precisa abarcar os
horários de atendimento e prazos para respostas e manutenção.

O Service Level Agreement (SLA) é um instrumento de muita utilidade para


ambas as partes do contrato. Ele traz os níveis de atendimento e de
funcionamento que devem ser esperados do produto entregue, normalmente
contendo informações como:
 porcentagem máxima de tempo (mensal) esperado que o produto fique
fora do ar no caso de problemas.
 prazos para resposta e solução de problemas conforme o tipo e a
gravidade do problema.
 multas ou descontos em razão do não atingimento dos padrões
dispostos no SLA.

Cláusula de proteção de dados pessoais em atenção à


LGPD e GDPR
Ao longo do processo de desenvolvimento de software é parte fundamental do
processo o compartilhamento de informações destacadas do contratante para
os desenvolvedores.

Isso acontece para que o produto final esteja de acordo com as necessidades
deste. Dessa forma, é fundamental que tais compartilhamentos estejam em
conformidade com a LGPD e GDPR, conforme o caso.

Ter uma cláusula de compromisso das partes em observar a LGPD, assim


como outras leis vigentes no território alcançado pelo tratamento de dados do
contratante é cada vez mais importante.

É fundamental que no contrato fique bem claro quem terá o papel de


controlador dos dados pessoais e quem será o operador. Da mesma forma,
deve incluir o cumprimento das exigências legais sobre a base legal que
justifica o compartilhamento dos dados.

Também é preciso que o contrato respeite os princípios da proteção de dados


pessoais, como o princípio da finalidade e o da necessidade, que limitam o
compartilhamento dos dados ao mínimo necessário para que seja atingida a
finalidade proposta no contrato.

A assessoria jurídica de um advogado especialista em proteção de dados é


sugerida para aplicação da metodologia Privacy by Design, ou ainda,
Privacidade desde a Concepção do software, destacada, pela LGPD, como
uma boa prática a ser adotada pelas empresas.

Melhores práticas
Para conseguir um resultado ótimo tanto no papel quanto na prática, é
fundamental que o contrato esteja conforme as necessidades de ambas as
partes envolvidas.

Se o contratante estabelecer o contrato em conjunto com o desenvolvedor


ou software house, será maior o alinhamento das partes sobre suas respectivas
responsabilidades, objetivos, prazos, assim como será possível que se
adiantem e evitem problemas antes mesmo de estes ocorrerem.

Se forem mais alinhadas às expectativas e definidas as


responsabilidades, menor será o risco de surgimento de problemas ou
indisposições entre as partes, e maior a chance de qualquer problema eventual
ser solucionado amigavelmente entre contratante e desenvolvedor, conforme
as discussões tidas no momento de redigir o contrato conjuntamente.

Quais os cuidados e cláusulas no


contrato de desenvolvimento e venda
de software?
CONTRATOSDIREITO ELETRÔNICO E INTERNETDIREITO EMPRESARIALMICRO E PEQUENAS
EMPRESASPROPRIEDADE INDUSTRIAL

Quais os cuidados e cláusulas no contrato de desenvolvimento e venda de software?


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Publicado por Laura Albertacci
há 9 meses
A demanda por novas tecnologias não para de crescer e
movimenta a economia, tal cenário vem permitindo novas
soluções e com isso maior oferta de serviços.

Atualmente, o Brasil é um país que possui grande demanda por


profissionais de desenvolvimento como software, que são
contratados por empresas (internas e estrangeiras) para
prestarem um serviço pontual ou contínuo para atender as
requisições.

Para maior segurança, é importante estabelecer como será


operacionalizado a entrega dessa solução que pode ser por
meio uma contratação para a criação de software, mas qual é o
mecanismo correto, como ter um contrato que garanta
segurança para ambos os lados, é o que iremos analisar no
artigo de hoje.

Qual a finalidade de um contrato de


desenvolvimento de software?
O contrato, é o mecanismo que vai garantir a segurança para
que a negociação efetuada para o desenvolvimento do software
seja cumprida e maior proteção.

O contrato, não se limita a estabelecer o valor e forma de


pagamento, vai muito além, é por meio dele que podemos
responder às seguintes perguntas:

 Qual a linguagem de programação a ser utilizada?


 Quais os prazos dos entregáveis do desenvolvimento?
 Como irá funcionar a validação do software?
 Após a entrega do software, como irão funcionar
eventuais ajustes dos bugs?
 Qual o tempo de resposta de SLA?
 A quem pertence os direitos autorais do software
desenvolvido?
 O script do software criado, pode ser vendido para
terceiros?
Essas são algumas perguntas que devem ser respondidas, no
contrato tratamos esses e outros pontos, justamente para se
evitar conflitos e caso surjam problemas, é por meio dele que
virá a solução, buscando nele o recurso para não ser necessário
a via judicial (processo) que é caro, demorado.
Por meio do contrato que vai de encontro às particularidades
do seu caso, buscamos a segurança, aliado a liberdade
econômica que permite contratos personalizados com
estrutura para resolução prévia de conflitos e penalidades em
caso de descumprimento, com soluções céleres (rápidas) que
vão de encontro a negócios seguros, eficientes e sem
burocratização.

Precisamos nos lembrar que contratos básicos, conhecidos


como padrão, não atendem às peculiaridades de cada negócio,
aqui falamos também de atenção à Lei do Software.

Como é realizada a venda do software e o


contrato?
A comercialização de um software, é comumente realizada por
uma licença por tempo de uso e até mesmo uma
cessão, que é a transferência dos direitos sob o software.
Existe também, a possibilidade deste software ser desenvolvido
sob encomenda, o que vem se tornando cada vez mais comum,
em contato direto com desenvolvedores ou ainda empresas que
possuem tal atividade como objetivo do negócio (house
softwares).

Contudo, em cada tipo de contrato encontraremos pontos


diferentes, para entender leia Contrato de Licença de Uso de
Software: Cláusulas Essenciais e Propriedade
Intelectual e Quais os cuidados no contrato de
desenvolvimento de software?.
O desenvolvimento de software, que é realizado por meio de
uma parte que contrato um profissional ou empresa para
desenvolver (software house), para atender uma necessidade
que possui deve prever condições do desenvolvimento e
direitos das partes, levando-se em consideração os pontos
destacados no tópico anterior e o que iremos observar a seguir.

Proteção de Propriedade Intelectual no


contrato de desenvolvimento de software
O contrato de desenvolvimento de software, deve esclarecer
quem será o detentor da propriedade intelectual.

O software é uma criação que entra no rol de proteção autoral,


ramo da propriedade intelectual, sendo necessário tal
disposição ser expressa em contrato. É importante nos
atentarmos que em regra irá pertencer a empresa que está
contratando o desenvolvimento do programa, conforme
previsto na Lei do Software, mas é possível negociar.

Do desenvolvimento do Software
O desenvolvimento de um software, pode demandar a
necessidade de inúmeros testes para sua validação,
operacionalização até ser considerado concluído para entrega e
uso.
Contudo, é importante estabelecer metas e prazos que devem
ser cumpridos, para verificação da evolução e também testes
que possam ser feitos.

Por se tratar de um desenvolvimento, que pode levar a falhas e


testes, devemos ter em mente a possibilidade de extensão de
prazo, em especial quando demanda a criação de projetos mais
complexos como por exemplo uso de inteligência artificial,
banco de dados, ou ainda, quando ocorre integração com
sistemas.

Uma preocupação que é comum, quando o prazo não for


cumprido, o contrato pode ser rescindido ou ainda
como agir?
O não cumprimento do contrato, pode sim levar a finalizar o
contrato ou penalidades como multas, justamente por ser
uma medida que visa evitar que tais cenários aconteçam e que
ocorra a entrega do software pretendido.
O cronograma de desenvolvimento, auxilia na transparência e
clareza das fases que devem ser realizadas para a construção do
programa, o que pode inclusive ser atrelado ao pagamento,
como uma garantia ao desenvolvedor de que irá receber pelo
serviço prestado e também de quem contrata de não correr o
risco de pagar e ao final não ter o software em mãos.

Do sigilo e confidencialidade no contrato


A elaboração de um software, demanda que informações sejam
trocadas para operacionalizar o desenvolvimento dessa criação,
até que possa ser utilizada.

Logo, é importante que esses dados, informações sigilosas


como senhas, acessos, projeções, pesquisas de público da
empresa, entre outras informações que não devem vir a público
sejam protegidas.

O dever de manter a informação em sigilo, não se limita ao


tempo de duração do contrato, sendo possível estender por
prazo superior, claro com atenção para não ser abusiva e
sempre deve ser especificado o que é ou não sigiloso.

SLA no contrato de desenvolvimento de


software
Um software precisa de correções e ajustes que podem ser
identificados no uso do mesmo.

Dessa forma, o contrato deve prever como será realizado tais


verificações e ajustes prevendo:

 Tempo de resposta e de correção, de acordo com o


tipo de grau a ser apontado;
 Regras do SLA;
 Penalidades em caso de não cumprimento podem ser
previstas.

LGPD nos contratos de desenvolvimento de


Software

A Lei Geral de Proteção de Dados, é a lei que regulamenta o


tratamento dos dados dos indivíduos em nosso país.
Logo, as informações tratadas como nome, CPF, imagem das
pessoas, devem ser protegidas.

É fundamental que o programa a ser desenvolvido busque


soluções que visem a proteção das informações, garantindo
meios de segurança , para o uso desses dados e também
impedir acesso de terceiros não autorizados.
Aspectos jurídicos
Como você pode ver, o contrato de desenvolvimento requer
cuidados específicos, pois falamos de direitos que devem ser
observados, que são previstos em Lei de Software e atenção
e Lei de Direitos Autorais.
É importante destacar, que o software também pode ser
registrado, como meio de proteção para sua
operacionalização, é importante contar com um
advogado especializado para que o mesmo possa olhar
para seu negócio e busque soluções que lhe garantam
maior proteção.
Para mais conteúdos, confira o blog que é atualizado
semanalmente.
Quais as principais cláusulas em um Contrato de
Licenciamento de Software?
28 de março de 2024

Os contratos de licenciamento de software são essenciais para estabelecer claramente as


responsabilidades entre as partes envolvidas na utilização de um software para um
propósito específico.

Além de conceder o direito de uso do software, que pode ser temporário ou permanente,
esses contratos geralmente incluem serviços adicionais, como suporte técnico,
atualizações e manutenção, com o objetivo de garantir o bom funcionamento contínuo
da plataforma, adaptando-se às necessidades do cliente.

Neste artigo, vamos explorar as cláusulas mais importantes desse contrato buscando
esclarecer não apenas seu impacto sobre a relação entre as partes, mas também sua
função e finalidade.

 Objeto
Uma das cláusulas mais importantes em qualquer contrato é aquela que diz respeito ao
objeto. Especificamente nos contratos de licenciamento de software, essa cláusula é
crucial, pois é nela que deve ser estabelecido exatamente o software que será licenciado.

Nesse sentido, é crucial que essa cláusula seja redigida de maneira detalhada,
descrevendo com precisão o software que será licenciado, incluindo suas
funcionalidades e características principais. Além disso, é fundamental especificar a
forma de licenciamento que será aplicada, como SaaS, Open Source, entre outras, bem
como as condições associadas à forma contratada.

Ao elaborar essa cláusula, é importante garantir que todas as informações estejam claras
e compreensíveis para ambas as partes. Isso ajuda a evitar mal-entendidos e conflitos no
futuro, garantindo uma negociação transparente e eficaz.

 Propriedade Intelectual

Sem dúvida, a cláusula de propriedade intelectual é a mais importante no contrato de


licenciamento de software. Essa cláusula é indispensável nas negociações, pois regula
os direitos relacionados à propriedade do software.

Nesta cláusula, é crucial estabelecer que o licenciamento não implica em transferência


de propriedade e que todos os direitos sobre o software, incluindo propriedade
intelectual e industrial das criações ou inovações desenvolvidas durante o licenciamento
do software, são exclusivamente da licenciante.
Além disso, é possível estabelecer condições que limitem o uso do software e impeçam
sua modificação sem autorização. Da mesma forma, é viável proibir a utilização do
software para finalidades não previstas no contrato. Essas medidas visam proteger os
interesses da licenciante e assegurar que o software seja utilizado de maneira apropriada
e autorizada.

 Suporte e SLA ou SLO

O contrato de licenciamento geralmente inclui suporte para uso e resolução de


eventualidades, mesmo que seja em um pacote básico. Isso ocorre porque durante o uso
do software licenciado podem surgir erros ou dúvidas que requerem assistência da
licenciante.

Ao definir uma cláusula desse tipo, é importante especificar se os prazos serão regidos
por um Acordo de Nível de Serviço (SLA) ou um Objetivo de Nível de Serviço (SLO),
dependendo do acordo com a licenciada. Enquanto o SLA estabelece padrões de serviço
e compensações para a licenciada, o SLO é uma métrica interna para aprimoramento do
serviço. Essa distinção é crucial para garantir clareza nas expectativas e
responsabilidades entre as partes.

Quando os prazos são definidos por um SLA, é crucial incluir o nível de severidade do
incidente e o prazo de resposta para a solução. Para ilustrar esse dispositivo, vejamos
abaixo uma tabela exemplificativa:

Severidade Descrição Básica do Tempo Notas Adicionais


do Incidente de acordo com o Inicial de
Incidente Nível de Severidade Resposta

Severidade  Ocorre quando a 02 horas  O problema deverá ser


01 maioria dos submetido de forma online, mas
componentes do também deverá ser seguida de
CRÍTICA serviço estão um telefonema para a equipe
indisponíveis. técnica ou para o executivo de
contas que faz o atendimento, ao
 Crítico impacto nos qual qualificará a
negócios. indisponibilidade como
severidade 01.
 Nenhuma solução
alternativa disponível

Severidade  Os principais 04 horas  Deverá ser informado online ou


02 componentes de por telefone
desempenho ou
ALTA operação do serviço  A equipe técnica de suporte
estão gravemente trabalhará em tempo integral no
comprometidos ou incidente durante o horário
degradados. comercial local.

 Impactos
significativos nas
operações e negócios

Severidade  Funções do serviço 08 horas  Deverá ser informado online ou


03 prejudicadas, mas por telefone
operacionais.
MÉDIA
 Alguma função do
serviço não funciona
corretamente.

 Médio a baixo
impacto nos negócios.

 Solução alternativa
disponível.

Severidade  Solicitação de 01 dia  Deverá ser informado online ou


04 aprimoramento no por telefone
serviço.
BAIXA
 Pouco ou nenhum
impacto nos negócios.

 Nenhuma solução
imediata necessária.

 Pedido de
informações gerais ou
perguntas

Além disso, é importante incluir uma multa no SLA para garantir o cumprimento dos
prazos acordados. Isso assegura a responsabilidade das partes envolvidas e incentiva a
conformidade com os termos estabelecidos.

A inclusão dessa cláusula é fundamental, pois visa garantir a assistência indispensável à


licenciada durante a utilização do software, ao estabelecer responsabilidades e
obrigações claras em relação ao suporte. Isso não apenas assegura a satisfação da parte
licenciada, mas também garante a qualidade e a eficaz resolução de questões técnicas.

 Nível de Disponibilidade

A inclusão da cláusula de disponibilidade é essencial no contrato, pois garante que o


serviço fornecido estará disponível durante 99,5% do tempo. Ela prevê descontos se o
serviço ficar indisponível devido a imprevistos, como problemas na rede, manutenções
não programadas ou falta de energia elétrica.

Além disso, é importante ressaltar que as manutenções programadas não serão


contabilizadas como tempo de indisponibilidade. Esta disposição visa evitar mal-
entendidos e garantir que tanto a licenciante quanto a licenciada estejam cientes das
circunstâncias em que os descontos podem ser aplicados.

Para ilustrar como esse nível de disponibilidade funciona na prática, apresentamos


abaixo uma tabela exemplificativa:

Tempo Disponível Desconto

99,0% até 99,4% 5%

95,0% até 98.9% 10%

94,9% ou menos 20%

Na cláusula em questão, é importante deixar claro que o desconto será aplicado apenas
na próxima fatura, até o valor de uma mensalidade, e que a empresa licenciante não terá
a obrigação de pagar qualquer indenização por danos materiais ou lucros cessantes.

Essa disposição é crucial para proteger tanto o cliente quanto a empresa, pois garante
uma solução justa caso ocorram falhas no serviço, ao mesmo tempo em que evita
possíveis disputas judiciais e prejuízos financeiros para ambas as partes.

 Limitação da Responsabilidade

Nos contratos de licenciamento de software, é quase impossível prever todas as


eventualidades que podem surgir durante o uso do software. Por isso, é fundamental
incluir uma cláusula de limitação de responsabilidade, já que qualquer indenização por
falhas no software pode ter um impacto financeiro significativo na empresa licenciante.

Essa cláusula equilibra as responsabilidades contratuais, principalmente devido à


complexidade dos softwares. Identificar a causa exata dos problemas pode ser
desafiador, então é crucial limitar a responsabilidade da licenciante. É importante
observar que essa limitação se aplica apenas em casos de culpa, enquanto em situações
mais graves como dolo e culpa grave, a proteção não é aplicada, garantindo a devida
segurança na relação comercial.

A relevância da cláusula de limitação de responsabilidade foi destacada pelo STJ em


2023 (REsp 1.989.291), o que fortalece a segurança jurídica nas relações empresariais.
Essa cláusula é essencial para proteger os interesses das partes nos contratos de
licenciamento de software, oferecendo uma base sólida para resolver disputas e
gerenciar riscos de forma equilibrada.

Ainda, por se tratar de um tema tão rico, convidamos à leitura de nosso artigo a respeito
dos requisitos específicos para a cláusula de limitação de responsabilidade. Disponível
no seguinte link:https://assisemendes.com.br/clausulas-limitativas-de-responsabilidade-
nos-contratos-de-licenciamento-de-software-limites-para-sua-validade/

 Isenção De Responsabilidade em Caso de Ataque Hacker

Ataques cibernéticos, como invasões de hackers, são ameaças constantes no ambiente


digital e que podem acontecer a qualquer momento. Por essa razão, é fundamental que
haja no contrato uma cláusula de isenção de responsabilidade por para incidentes desse
tipo.

É importante que a cláusula deixe claro que essa isenção de responsabilidade não se
aplica em casos de negligência no cumprimento das obrigações de segurança
estabelecidas no contrato, exigindo que ambas as partes adotem medidas adequadas para
proteger seus dados e sistemas contra ameaças externas. Assim, mesmo que a empresa
licenciante forneça medidas de segurança como firewalls e sistemas de criptografia, é
essencial que a licenciada também assuma a responsabilidade por proteger seus dados e
sistemas.

Essa cláusula define os limites de responsabilidade em caso de ataques cibernéticos e


reforça a importância da colaboração entre as partes para garantir a segurança dos dados
e sistemas envolvidos no licenciamento, protegendo ambas as partes contra litígios
relacionados à segurança da informação.

Conclusão:

Ainda que os contratos de licenciamento de software tenham uma estrutura flexível, é


fundamental entender que cada contrato pode ter suas próprias particularidades,
dependendo das necessidades e circunstâncias das partes envolvidas. Por isso, além das
cláusulas abordadas neste artigo, é recomendável uma análise detalhada das
circunstâncias individuais de cada caso e a inclusão de cláusulas adicionais, conforme
necessário, para garantir uma proteção abrangente e adequada aos interesses das partes.
Nossa equipe está à disposição para auxiliá-lo na elaboração e revisão de contratos de
licenciamento de software, adaptando-o às suas necessidades específicas e fornecendo
orientações jurídicas personalizadas para garantir a segurança e a eficácia do
documento. Sinta-se à vontade para entrar em contato conosco para receber o suporte
necessário e garantir a segurança do seu contrato.

Para saber mais sobre este e outros temas relacionados à empresarial, a equipe do
Assis e Mendes possui especialistas prontos para atender as necessidades de sua
empresa. Entre em contato conosco pelo site www.assisemendes.com.br.

Cleonice Soares, advogada da equipe de empresarial do Assis e Mendes, pós-


graduanda em Direito Contratual Aplicado.

O que você deve incluir


em um contrato de
venda de software para
proteger sua empresa?
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Escopo do software
Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Tipo de licença
Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal
3

Condições de pagamento
Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Garantia e suporte
Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Direitos de propriedade intelectual


Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Resolução de litígios
Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Veja o que mais considerar


Seja a primeira pessoa a adicionar sua experiência pessoal

Os contratos de venda de software são documentos cruciais


que definem os termos e condições do seu relacionamento
comercial com seus clientes. Eles também podem proteger seus
interesses e direitos em caso de disputas, violações ou
responsabilidades. No entanto, elaborar um contrato de venda
de software não é uma tarefa simples. Você precisa considerar
vários aspectos, como o escopo do software, o tipo de licença,
as condições de pagamento, a garantia e o suporte, os direitos
de propriedade intelectual e o mecanismo de resolução de
disputas. Neste artigo, discutiremos o que você deve incluir em
um contrato de venda de software para proteger sua empresa e
evitar armadilhas comuns.

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1Escopo do software
A primeira coisa que você deve incluir em seu contrato de
venda de software é o escopo do software. Isso significa definir
o que o software faz, quais recursos e funções ele tem, com
quais plataformas e dispositivos ele é compatível e quais
limitações ou exclusões se aplicam. Você também deve
especificar se o software é personalizado ou pronto para uso, e
se requer algum serviço de integração ou instalação. O escopo
do software deve ser claro e detalhado, para evitar qualquer
confusão ou mal-entendido sobre o que você está entregando
e o que o cliente está esperando.

Adicione sua opinião

2Tipo de licença
A próxima coisa que você deve incluir em seu contrato de
venda de software é o tipo de licença. Isso significa definir
como o cliente pode usar o software, quantos usuários ou
dispositivos são permitidos, quanto tempo dura a licença e
quais direitos e restrições se aplicam. Você também deve
especificar se a licença é perpétua ou baseada em assinatura e
se é transferível ou intransferível. O tipo de licença deve estar
alinhado com seu modelo de negócios e estratégia de preços e
refletir o valor e a exclusividade do seu software.

Adicione sua opinião

3Condições de pagamento
A terceira coisa que você deve incluir em seu contrato de venda
de software são as condições de pagamento. Isso significa
definir quanto o cliente tem que pagar, quando e como ele tem
que pagar, e quais penalidades ou incentivos se aplicam para
pagamentos atrasados ou antecipados. Você também deve
especificar se o pagamento é único ou recorrente e se é
baseado em uma taxa fixa ou variável. As condições de
pagamento devem ser justas e razoáveis e cobrir seus custos e
lucros.

Adicione sua opinião

4Garantia e suporte
A quarta coisa que você deve incluir em seu contrato de venda
de software é a garantia e o suporte. Isso significa definir quais
garantias e soluções você oferece para a qualidade e o
desempenho do software e quais serviços e assistência você
fornece para a manutenção e solução de problemas do
software. Você também deve especificar a duração e o escopo
da garantia e do suporte, e quais obrigações e expectativas se
aplicam a ambas as partes. A garantia e o suporte devem ser
consistentes e confiáveis, e aumentar a satisfação e a fidelidade
do cliente.

Adicione sua opinião


5Direitos de propriedade intelectual
A quinta coisa que você deve incluir em seu contrato de venda
de software são os direitos de propriedade intelectual. Isso
significa definir quem possui e controla os direitos autorais,
marcas registradas, patentes e segredos comerciais do software
e quais permissões e limitações se aplicam ao seu uso,
modificação, distribuição e divulgação. Você também deve
especificar como você protege e faz cumprir seus direitos de
propriedade intelectual e quais consequências e
responsabilidades se aplicam por sua violação. Os direitos de
propriedade intelectual devem ser claros e fortes, e proteger
sua vantagem competitiva e reputação.

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6Resolução de litígios
A sexta coisa que você deve incluir em seu contrato de venda
de software é a resolução de disputas. Isso significa definir
como você e o cliente lidarão e resolverão quaisquer conflitos
ou desacordos que possam surgir do contrato de venda de
software e quais métodos e procedimentos você usará, como
negociação, mediação, arbitragem ou litígio. Você também
deve especificar a lei e a jurisdição que se aplicam ao contrato
de venda de software e quais custos e taxas estão envolvidos. A
resolução de disputas deve ser eficaz e eficiente, além de
minimizar seus riscos e perdas.

Adicione sua opinião

7Veja o que mais considerar


Este é um espaço para compartilhar exemplos, histórias ou
insights que não se encaixam em nenhuma das seções
anteriores. O que mais gostaria de acrescentar?

O que é o Contrato de Prestação de


Serviços?

Patrícia AdãoPublished 1 de Novembro, 2023

O Artigo 1154.º do Código Civil angolano estabelece que o Contrato de Prestação de


Serviços é um acordo no qual uma das partes se compromete, com ou sem retribuição, a
atingir um resultado determinado através do seu trabalho intelectual ou manual.

Este tipo de contrato tem a grande vantagem de poder inserir-se em diferentes contextos
ou sectores e assume uma grande importância no mundo empresarial e, por conseguinte,
na economia.
Essencialmente uma das partes se compromete a oferecer serviços a outra mediante uma
remuneração, e a principal função do contrato é estabelecer as balizas e normas que
nortearão a execução do serviço a ser prestado.

Seja qual for a natureza do serviço, desde que não seja ilícito, pode ser objecto de um
Contrato de Prestação de Serviço, podendo dizer respeito a um trabalho intelectual,
material ou imaterial. Os exemplos mais frequentes de utilização de um Contrato de
Prestação de Serviços são para:

o Trabalho autónomo de profissionais liberais (ex. serviços de contabilidade);


o Mandato (praticar um ou mais actos jurídicos por conta de outrem);
o Trabalho eventual;
o Terceirização de serviços (ex.: segurança, manutenção de equipamentos,
limpeza, etc.).

Este contrato tem uma forma livre, sendo somente essencial que haja a vontade das
partes e não seja contrário à Lei. Tem sempre uma natureza bilateral na medida em que
gera obrigações para ambos os contraentes, isto é, o prestador assume a obrigação de
realizar a tarefa e o contratante se compromete em efectuar o pagamento.

O segredo de um Contrato de Prestação de Serviços bem elaborado está essencialmente


nos detalhes. O mais importante é que o clausulado não pode, sob nenhuma
circunstância, dar espaço a uma interpretação dúbia ou ambígua. Por isso, apesar da sua
forma livre, convém que nele constem alguns elementos, mas sem a isto limitar:

o Partes: é determinante assegurar que a capacidade dos representantes legais para


assinar o contrato;
o Objecto: Deve descrever de forma detalhada os serviços que serão prestados;
o Definir obrigações das Partes (ex. obrigação de prestar todas as informações
necessárias, manter uma comunicação constante, prestar contas sempre que lhe
for solicitado, efectuar os pagamentos);
o Os termos do pagamento pelo serviço prestado: Para estipular os valores,
condições e prazos de pagamento.

Impõe-se destacar que, apesar de muitas empresas tentaram ludibriar a Lei,


maquilhando o Contrato de Trabalho como se fosse um Contrato de Prestação de
Serviços, estes dois instrumentos jurídicos não podem ser confundidos. No Contrato de
Trabalho, o trabalhador executa as tarefas sob autoridade e direcção da empresa, tendo
de cumprir as suas ordens e instruções, sendo ainda obrigado a cumprir horário de
trabalho, tendo o direito de auferir um salário, que inclui subsídio de férias, alimentação
e demais bonificações existentes numa empresa. Nada disto se verifica na relação com
um prestador de serviços, que da mesma forma que tem mais autonomia, não tem como
imputar a empresa que o contrata, responsabilidades laborais.

Por fim, cabe destacar que o Contrato de Prestação de Serviços faz parte quotidiano de
uma empresa, assume-se como ferramenta chave para o bom andamento dos negócios.
A sua ausência se configura como um risco jurídico elevado, potenciador de dissabores
desnecessários e conflitos numa empresa.

Lei Geral do Trabalho em Angola: resumo essencial!


Blog / Obrigações Fiscais / Lei Geral do Trabalho em Angola: resumo essencial!

Quer tenha uma empresa em Angola ou deseja iniciar uma atividade neste país,
necessita de conhecer detalhadamente os aspectos fundamentais da lei laboral de
Angola. Desde as regras de emprego geral até aos deveres dos empregadores e direitos
dos trabalhadores, este artigo é uma fonte de referência para uma compreensão mais
profunda das leis laborais em Angola.

O que é a Lei Geral do Trabalho e como funciona?


A Lei Geral do Trabalho, sob a alçada do Ministério da Administração Pública,
Trabalho e Segurança Social, é o conjunto de orientações que as empresas devem seguir
para estar de acordo com a legislação laboral em Angola.

Aplica-se a todos os empregadores e colaboradores do setor privado, tanto nacionais


como estrangeiros, que atuam no território angolano. Os funcionários públicos que
exercem atividade na Administração Pública Local ou Central, os trabalhadores com
vínculo permanente diplomático ou consular, os associados a cooperativas ou ONG’s e
o trabalho ocasional não estão sujeitos às regras impostas pela Lei Geral do Trabalho
em Angola.
De forma geral, estas são as principais regras relativas ao trabalho em Angola:

 8 horas diárias de trabalho, com a possibiilidade de acrescentar mais 1 ou 2


horas extra;
 Limite de 44 horas semanais de trabalho (ou 54 horas semanais com horas
extra);
 Obrigatoriedade de um contrato de trabalho escrito;
 Salário mínimo nacional de 32 181,15 Kz por mês em 2023;
 Férias remuneradas de 22 dias úteis;
 Licença de maternidade de 12 semanas, com início 4 semanas antes da data
prevista de parto;
 Falta remunerada de 1 dia por mês até 15 meses após o parto;
 Licença de paternidade de 1 dia;
 Trabalho entre 14 e 18 anos é possível, mas deve ter autorização dos pais,
representante legal ou instituição responsáve e está sujeito a regras
diferenciadoras;
 Direito à greve;
 Liberdade sindical e consequente direito à organização e ao exercício da
atividade sindical.

Nova Lei Geral do Trabalho em 2023


Para além das alterações efetuadas em 2015, a Lei Geral do Trabalho foi atualizada em
2023, de forma a garantir melhores condições de empregabilidade para todas as partes
envolvidas. A nova proposta de Lei, aprovada pelo Parlamento Angolano em 2 de
fevereiro de 2023, entrou em vigor em no segundo semestre de 2023.

Estas são as principais mudanças trazidas pela nova Lei Geral do Trabalho Angolana
atualizada:

 O contrato de trabalho por escrito passa a ser obrigatório e registrado no


Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social;
 Todos os contratos de trabalho passam a ser em regime indeterminado, exceto
em situações específicas como a substituição de trabalhador temporariamente
ausente (nesta situação o contrato deve explicar claramente a razão e o tempo
determinado);
 Todas as empresas devem as mesmas indenizações aos trabalhadores,
independentemente da sua dimensão;
 Passam a existir o Contrato de Teletrabalho e o Contrato de Trabalho de
Comissão de Serviço;
 Surge o conceito de mobilidade de trabalhadores no âmbito de um grupo de
empresas.

Férias, Subsídio de Férias e de Natal em Angola


A Lei Geral do Trabalho em Angola estabelece que os trabalhadores têm direito a 22
dias úteis de férias anualmente, marcadas em função do plano de férias previamente
acordado com o empregador. Se os colaboradores tiverem contratos inferiores a 1 ano,
têm direito a 2 dias úteis de férias por cada mês completo de trabalho.

As férias podem ser gozadas em dois períodos distintos, no entanto, um deles deve ter
no mínimo 15 dias úteis. O colaborador usufrui de 50% do salário base mensal
correspondente ao salário do período de férias, pago antes do início das férias.

O subsídio de Natal também corresponde a 50% do salário base mensal e deve ser pago
durante o mês de Novembro.

Regime de Faltas ao Trabalho em Angola


De acordo com o artigo 150º da Lei Geral do Trabalho, as faltas ao trabalho em Angola
podem ser justificadas ou injustificadas. Por exemplo, consideram-se faltas justificadas
quando o trabalhador casa , quando nasce um filho ou falece o conjugue, pais ou filhos.
Este é o regime de faltas existente no país:

 Casamento do trabalhador - 10 dias;


 Nascimento de filho - 1 dia;
 Falecimento do cônjuge ou falecimento de pais e de filhos - 8 dias úteis;
 Falecimento de avós, sogros, irmãos, netos, genros e noras do trabalhador - 4
dias úteis;
 Falecimento de tios e de qualquer pessoa que, comprovadamente viva em
comunhão de mesa e habitação com o trabalhador - 2 dias úteis
 Prestar assistência a membros do agregado familiar do trabalhador (cônjuge,
pais, avós,
 filhos maiores de 10 anos - 3 dias úteis por mês (máximo 12 dias úteis por ano);
 Doença ou acidente de filho, adoptado ou enteado menor de 10 anos - 24 dias
úteis por ano;
 Provas de frequência - 1 dia por cada prova;
 Provas finais escritas e orais - 2 dias para cada prova;
 Faltas por atividade sindical - 4 dias por mês (membro da direção) ou ⅘ horas
por mês (delegados sindicais).

Rescisão de Contrato em Angola


Em Angola, é possível cessar o contrato por iniciativa do empregador ou por decisão do
trabalhador. Para que o empregador possa despedir necessita de um motivo legal, a
chamada justa causa, como comportamento inadequado ou falha no cumprimento das
obrigações previstas no contrato de trabalho. Se mesmo assim pretender despedir o
trabalhador, pode fazê-lo, no entanto, o empregador está obrigado a pagar uma
indemnização que segue a seguinte fórmula:

Indemnização = (100% do salário x número de anos trabalhados) + 50% do salário

O empregador também pode rescindir o contrato em situações de corte de gastos, mas,


neste caso é preciso comprovar que o corte de pessoal é necessário e que não é possível
alocar o trabalhador a outra função. A lei contempla que mulheres grávidas não podem
ser despedidas sem justa causadurante a gravidez e até 12 meses após o nascimento do
bebé.

Se for o trabalhador a rescindir o contrato, tem de cumprir um aviso prévio de 15 ou 30


dias. Também existe rescisão por justa causa por parte do trabalhador, quando as
condições de trabalho são perigosas.

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