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CAPÍTULO III :

Conflitos e Desenvolvimento Económico


* Conceitos
*Custos Económicos e Sociais dos Conflitos.
Introdução
Os conflitos armados que, ao longo de décadas, constituem fenómenos integrantes do
quotidiano de vários países africanos em desenvolvimento, são potenciados e perpetuados pelas
situações de pobreza e de declínio económico que os caracteriza. O nexo de causalidade circular entre
as guerras civis e o subdesenvolvimento traduz um ciclo vicioso que mantém os países mais pobres
reféns da “armadilha do conflito” que os condiciona e dificulta a implementação de medidas de
promoção do desenvolvimento. Numa relação de causa-efeito frequentemente estabelecida entre o
fraccionamento étnico-linguístico e a ocorrência de conflitos violentos, são os factores de
ordem económica a sobre-dependência relativamente à exportação de recursos naturais de
grande valor) os principais elementos indutores da conflitualidade armada em África
Desenvolvimento Económico
O desenvolvimento vs crescimento econômico é visto como um fenômeno
histórico – como resultado da revolução capitalista, e, consequentemente, da revolução
comercial, da industrial e, no meio delas, da revolução nacional. Está intrinsecamente
relacionado com o surgimento das nações e dos Estados-nação. No capitalismo
global, no qual a competição econômica entre os países é central, implica estar no lado
vencedor. É um processo de acumulação de capital e incorporação de progresso
técnico ao trabalho, capital e tecnologia, que leva ao aumento da produtividade e
dos salários, e dos padrões de consumo de uma determinada sociedade
Desenvolvimento Económico

Iniciado o processo de desenvolvimento econômico tende a ser relativamente automático


ou auto-sustentado na medida em que no sistema capitalista os mecanismos de mercado
envolvem incentivos para o continuado aumento do estoque de capital e de conhecimentos
tecnicológicos. Isto não significa, porém, que as taxas de desenvolvimento serão iguais para
todos: pelo contrário, variarão substancialmente dependendo da capacidade das nações de
utilizarem seus respectivos Estados para formular estratégias nacionais de
desenvolvimento que lhes permitam serem bem sucedidas na competição global
Causas dos conflitos económicos
Entre os diversos de factores que contribuem para que um país seja mais propenso às
guerras, são os factores de ordem económica os principais potenciadores das situações
de conflito. Importa, por isso, fazer uma pequena incursão analítica sobre esses
mesmos factores, que alguns autores salientam que:
a) A pobreza conduz à violência e salienta situações em que a escassez conduz aos
movimentos migratórios os quais, por sua vez, resultam em intensas disputas entre
grupos identitários pelo controlo dos recursos.
b) As desigualdades económicas (calculadas através da aplicação do Coeficiente de
Gini) que caracterizam os países mais pobres.
Causas dos conflitos económicos

Ainda assim, segundo Humphreys (2002), são as desigualdades horizontais que


podem, de algum modo, influenciar o risco de deflagração de um conflito, e o
próprio o Relatório do Desenvolvimento Humano revela que as desigualdades
horizontais entre grupos e regiões geram ameaças de vária ordem, uma vez que
podem conduzir à percepção que nem sempre justificada que o poder do estado
está a ser utilizado em benefício de determinados grupos relativamente a outros.
Causas dos conflitos económicos

Por último, e talvez o mais relevante entre todos os factores de risco que se
encontram potencialmente na origem de conflitos violentos, é a sobre
dependência de alguns países relativamente à exportação de recursos naturais de
grande valor (por ex: petróleo, ouro, diamantes).
Custos Económicos e Sociais dos Conflitos

Um conflito provoca inevitavelmente consequências negativas para a economia nacional,


primeiramente devido à perda de recursos humanos (por morte ou doença) e de recursos
materiais ou desvio no seu uso (do sector civil para o militar).

Alguns autores chegam a afirmar que o desvio de recursos públicos para fins militares faz com
que estes deixem de estar disponíveis para o investimento no desenvolvimento económico e
social.
Custos Económicos e Sociais dos Conflitos

Esse tipo de consequências é normalmente medido pela contabilidade das


despesas militares ocorridas durante a guerra. Segundo COLLIER et al. (2003:14),
Cita que os países com um PIBpc inferior a 3.000 USD tendem a gastar 2.8% do PIB em
despesas militares em tempo de paz. Quando se inicia uma guerra, esse valor aumenta
para 5%, fazendo descer as despesas públicas afectas a sectores como a saúde e as
infra-estruturas e agravando o rendimento e os níveis dos indicadores sociais.
Custos Económicos e Sociais dos Conflitos

O afastamento dos recursos produtivos é As consequências económicas da guerra são


acompanhado pela redução da mão de obra também medidas pelos danos provocados nos
recursos e pelo se afastamento das actividades
produtiva devido ao êxodo da população, e por
produtivas, que parte da estratégia dos rebeldes,
uma perturbação da circulação comercial devido à
como afirmam COLLIER et al. (2003:14). Exemplo
falta de segurança e à existência de minas disso é a destruição de infra-estruturas como
antipessoais no país em guerra. pontes, aeroportos, portos, telecomunicações,
escolas, unidades de saúde.
Recursos Naturais e Guerras Civis

A abundância de recursos naturais constitui um forte motivo para a sucessiva


eclosão e perpetuação de conflitos nos países africanos. Ora, a lógica diz-nos que
um país no qual abundam recursos naturais de elevado valor possui as condições
necessárias para a implementação de medidas para a prossecução do
desenvolvimento, face à grande disponibilidade de recursos financeiros provenientes
da exploração dessas matérias primas.
Custos Económicos e Sociais dos Conflitos em
Angola
A ajuda humanitária não deve ser dissociada da reabilitação e da ajuda ao
desenvolvimento, assistindo-se pouco a pouco ao esbatimento desta linha rígida.
No caso específico de Angola, essa análise “permite identificar uma emergência
inconsequente durante a guerra misturada com tentativas de reconstrução e
estabilização da economia sem qualquer preocupação de coerência, e prenhe de
optimismo
Custos Económicos e Sociais dos Conflitos em
Angola
LOPES (2002:57). O autor considera que “de facto, a emergência não teve qualquer
preocupação em criar sustentabilidade económica”, esclarecendo que este tipo de ajuda se
baseia na distribuição de alimentos e na atribuição de meios precários de habitabilidade, sem
atender, sublinha, a questões como a utilização dos recursos internos e ao reforço do capital humano
e das condições de trabalho. Em suma, afirma, “a reconstrução consistiu em projectos sem atender a
um programa integrado visando o desenvolvimento”. Enquanto isso, acrescenta LOPES (2002:57), “o
esforço governamental do Governo esteve concentrado na guerra, com dupla função de manutenção
de poder político e constituição de poder económico”. A dada altura, o autor questiona-se: “em que
perspectiva alinhará a c

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