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Economia Industrial

(KUPFER E HASENCLEVER. 2013, Cap. 3


 3. Economias de escala e escopo

 3.1 Introdução

 3.2 Componentes Básicos dos Custos

 3.2.1 Os Custos de Curto Prazo

 3.2.2 Análise dos Custos de Longo Prazo

 3.3 Economia de Escala

 3.3.1 Tipos de Economia de Escala

 3.3.2 Fontes de Economia de Escala

 3.3.3 Medida para Economia de Escala

 3.3.4 Economias Estáticas x Economias Dinâmicas


 3.4.3 ECONOMIAS DE ESCOPO
 Uma possível razão para a produção conjunta, isto e, produção de
mais de um produto numa mesma planta, e a existência de
economias de escopo, que podem ser formalmente definidas como:

 O custo de produzir os produtos qa e qb conjuntamente e menor do


que o custo de produzi-los separadamente.

 Ou seja, algumas empresas conseguem reduzir seus custos médios


com a diversificação de produtos.
 O aumento da variedade de produtos no portfolio provoca uma redução em seu custo
medio.

 E interessante observar que esta definição de economias de escopo decorre do


conceito de subaditividade de custos, o que nos permite concluir que a existência de
economias de escopo depende em grande medida das economias de escala.

 Na pratica, e possível identificar três fontes de economias de escopo, conforme descrito


a seguir.

 1. Existência de fatores comuns

 A primeira fonte de economia de escopo e verificada quando, para a produção de um


bem, e necessária a aquisição de um fator de produção comum, isto e, que se adquire
uma única vez. Uma vez que tal fator tenha sido comprado, sua posterior utilização na
produção de outro bem e praticamente gratuita.
 Como exemplo, podemos citar a compra, por uma empresa, de um gerador de eletricidade
para permitir que os picos de demanda por energia para a produção de um determinado
bem sejam atendidos. Nesse caso, a produção de mais de um bem não demandara um
novo gerador. De fato, a diversificação da produção implicara a redução do custo medio de
cada produto, dado que a capacidade de geração de energia já foi instalada.

 2. Existencia de reserva de capacidade

 A segunda fonte de economia de escopo ocorre quando um insumo (ou alguns insumos)
pode(m) ser compartilhado(s) para produzir vários produtos em função de seu processo
produtivo.

 Se existe capacidade ociosa na planta instalada para a produção da principal linha de


produto, a empresa tem um incentivo para procurar outros produtos que possam utilizar a
reserva de capacidade.
 Esse tipo de economia de escopo se diferencia da anterior, já que a capacidade utilizada para a
produção de um determinado bem não pode ser compartilhada para a produção de um outro,
diferentemente do bem comum adquirido, como visto anteriormente.

 Somente a capacidade ociosa pode ser usada na produção de um bem que tenha um processo
produtivo relativamente similar ao principal produto da empresa.

 Assim, esse tipo de economia de escopo estaria associado a uma das fontes de economias de
escala reais, seja qual for a propriedade de indivisibilidade técnica anteriormente descrita.

 Vale ressaltar ainda que o entendimento da existência de capacidade ociosa como um tipo de
economia de escopo requer o exame das condições de mercado bem como dos custos de
produção.
 3. Complementaridades tecnológicas e comerciais

 A terceira fonte de economias de escopo surge de complementaridades tecnológicas e


comerciais na produção de alguns bens, constituindo-se na fonte mais importante em
termos de desdobramentos económicos.

 Esse tipo de economia de escopo pode gerar sinergias na produção de alguns bens e ocorre
quando os produtos apresentam similaridades em termos de base técnica e/ou de
mercado.

 A utilização de insumos comuns e a propaganda com os produtos são importantes fontes


desse tipo de economias de escopo.

 Esta ultima ocorre porque, na medida em que uma empresa realiza custos com propaganda
de um determinado produto e este passa a ser reconhecido no mercado por sua qualidade,
a empresa poderá incorrer em menores custos com propagandas de outros produtos.
3.4.4 Economias no nível da multiplanta
 Quais seriam então as razões para a existência de operações multiplantas?

 É possível identificar quatro fatores principais que poderiam responder a essa


questão, todos eles relacionados com o custo das empresas.

 3.4.4.1 Economias da duplicação

 A primeira fonte de economias no nível das multiplantas decorre da


possibilidade de adição de nova capacidade produtiva ao longo do tempo.
 Considerando um mercado que cresce a uma taxa incremental ao longo do tempo, a empresa
deve então planejar seus investimentos para se ajustar à demanda.

 Cada planta uma vez construída tem uma dada escala e custos associados.

 Supondo que a propriedade das economias geométricas implica que o custo de capital específico
à planta cresce menos que proporcionalmente com o tamanho, então a empresa deve lidar com
diferentes custo.
 Se a empresa tem que acompanhar o crescimento da demanda, ela pode
escolher entre duas opções:
 Realizar frequentes adições de capacidade em pequena escala;

 ou adições menos frequentes numa escala maior.

 A primeira opção reduz o grau de excesso de capacidade que pode vir a se


verificar na empresa, o que, entretanto, e compensado pelo maior custo unitário
do capital.

 Por outro lado, adições menos frequentes implicariam maior capacidade ociosa.
 3.4.4.2 Custo de transporte

 A segunda fonte de economias de escala no nível multiplanta decorre


dos custos de reunião dos insumos e dos custos de distribuição dos
produtos.
 A existência de mercados geográficos dispersos e de centros
fornecedores de insumos longínquos acaba acarretando significativos
custos de transporte.
 Desse modo, a operação multiplanta seria uma forma de minimizar os
elevados custos de transporte associados a operação nesses
mercados.
 3.4.4.3 Alcance de especialização no nível das multiplanta
 Outra razão para a operação no nível das multiplantas é a possibilidade de alcançar especialização da
produção em diferentes plantas.

 Por exemplo: se a empresa multiplantas opera em mercados cujos padrões de comportamento da


demanda são inversamente correlacionados, ou não correlacionados, a estratégia de especialização
produtiva em direção às várias plantas daria à empresa uma maior segurança, reduzindo, assim, a
variância do comportamento das suas receitas, diminuindo, portanto, o risco de operação em mercados
diferentes.

 Além disso, ao alcançar a especialização no nível das várias plantas produtivas, a empresa pode reduzir
os custos de reinício, já descritos anteriormente, uma vez que existe a possibilidade de que cada planta
opere mais tempo com a mesma regulagem em suas máquinas.
 3.4.4.4 Flexibilização da operação

 Empresas que operam no nível multiplanta possuem maior flexibilidade na


operação, o que pode contribuir para a redução dos custos quando
comparados com os custos referentes a uma única planta.
 Isso poderia ser explicado pela possibilidade de compensação produtiva (fluxo
produtivo) entre as múltiplas plantas de uma mesma empresa no caso de
ocorrência de flutuações produtivas entre elas, ou no caso de redução de
demanda.
 Nesse ultimo caso, haveria então a possibilidade de a empresa fechara planta
produtiva com maior custo e operar somente com a(s) outra(s) planta(s),
utilizando a capacidade instalada de modo mais eficiente.
 3.4.5 Deseconomias de escala

 Como visto anteriormente, e claro o fato de que as


economias de escala existem e que o CMeLP cai com o
aumento do volume produzido, do tamanho da planta (e/ou
equipamentos), das operações multiplanta e multiprodutos
das empresas.

 Em geral, existem dois fatores principais que podem gerar


 1. Custos de transporte

 O custo de entrega do produto (ou o custo de levar os consumidores


ate o local onde o serviço/produto será oferecido) pode limitar as
economias de escala no nível de uma única planta produtiva (ou no
nível de um complexo de plantas), na medida em que quanto maior o
nível de produto, maior devera ser a venda e, portanto, maior a
necessidade de alcançar consumidores.
 Isso leva ao crescimento dos custos de transporte por unidade
vendida, e a magnitude desse crescimento depende da influência de
alguns fatores adicionais.
 Dentre eles, destacamos três:

 O primeiro diz respeito ao tamanho da planta produtiva em relação


ao tamanho do mercado.
 No caso de a oferta da planta representar apenas uma pequena parcela da

demanda, será possível que esta planta aumente suas vendas sem
necessariamente expandir seus custos de transporte.
 O segundo dos fatores tem a ver com a natureza do sistema de preços.
 Os custos de transporte absorvidos por uma empresa aumentam com o nível de
produto quando os preços são uniformes em todos os mercados onde ela
opera, ou então quando o preço num mercado mais distante é estabelecido por
um concorrente local que possua melhores condições competitivas.

 O terceiro fator diz respeito a possibilidade de a empresa transferir os


custos de transporte para os consumidores.
 Se isso ocorre, os custos de transporte crescem lentamente com o nível de produto.

 A combinação desses fatores resulta, em geral, em custos médios de transporte (CMeT)


crescentes.
 2. Deseconomias gerenciais

 Como havíamos visto no início do capítulo, a teoria tradicional da empresa


fornece argumentos de que as deseconomias gerenciais constituiriam o
fator responsável pela elevação dos CMeLP logo após a exaustão das
economias de escala, o que explicaria a curva em formato de U.

 De acordo com a teoria tradicional da empresa, isso se explicaria porque


após um determinado ponto um aumento na equipe de gerência
acarretaria aumento menos que proporcional na produção, o que causaria,
então, o crescimento dos custos por unidade produzida no longo prazo.
 Esse decréscimo na eficiência gerencial poderia ser explicado
primeiramente pelo fato de que após a empresa ter
ultrapassado um tamanho ótimo, a equipe de gerência
perderia o controle sobre o processo de decisão.

 Em segundo lugar, a queda na eficiência gerencial seria


decorrente da maior incerteza inerente ao comportamento
da demanda e do processo de competição enfrentado pela
empresa de grande porte.

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